2 osromanosnapeninsulaibérica

37

description

 

Transcript of 2 osromanosnapeninsulaibérica

Page 1: 2 osromanosnapeninsulaibérica
Page 2: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Os Romanos, habitantes da Península Itálica, chegaram no séc. III a.C. à Península Ibérica ou Hispânia, como então se chamava a estas terras, através do Mediterrâneo.

Rapidamente, ocuparam quase sem resistência a região sul, onde já anteriormente fenícios, gregos e cartagineses tinham estabelecido no litoral alguns portos comerciais.

Page 3: 2 osromanosnapeninsulaibérica

À ocupação romana da península opuseram-se, sobretudo, algumas tribos que habitavam as regiões mais montanhosas, de mais fácil defesa e de mais difícil acesso e ocupação:

a norte, os Galaicos de origem celta e na região centro, os Lusitanos, tribo de Celtiberos que teve em Viriato o seu mais célebre líder.

Page 4: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Estas tribos aproveitavam as montanhas, o conhecimento que tinham dos desfiladeiros e ravinas para montarem armadilhas e emboscadas às legiões romanas.

Outras vezes surgiam, saltando das árvores, e de surpresa, atacavam rapidamente, fugindo de seguida.

Desta forma impediram durante 200 anos o domínio completo da Península pelos Romanos.

Page 5: 2 osromanosnapeninsulaibérica
Page 6: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Se procuramos uma primordial identidade territorial e cultural ,ela encontra-se mais na Lusitânia romana e na sua civilização do que na Lusitânia celtibera.

Geograficamente compreendida entre o douro e sudoeste peninsular, a Lusitânia romana confundia-se em grande parte com o actual território português apesar de invadir também algumas regiões hoje espanholas.

Page 7: 2 osromanosnapeninsulaibérica

E apesar de todo o fervor nacionalista, em torno dos Lusitanos e da figura de Viriato, de que se alimentaram os regimes autoritários em Portugal e Espanha na época de todos os fascismos, somos muito mais devedores da herança romana e muçulmana que da herança celta.

Não só porque estes se estabeleceram no nosso actual território durante mais tempo mas sobretudo pela superioridade da sua cultura e pela influencia que sobre nós exerceram e continuam a exercer.

Page 8: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Somos, para concluir, o resultado do cruzamento de diferentes povos e civilizações. Iberos, Celtas, Romanos , Judeus e Árabes .que em diferentes alturas se estabeleceram na Península Ibérica e influenciaram , ao longo do tempo , o nosso modo de vida . Os Celtas estiveram cá mas somos sem dúvida mais Mediterrânicos .

E finalmente corre-nos ainda no sangue um pouco da Africa da Ásia e da América que colonizamos .

Falar de uma raça Lusitana ou Portuguesa é pois historicamente um disparate.

Estatueta Celta Ruínas de Conímbriga Astrolábio Árabe

Page 9: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Com o assassinato de Viriato, morto pelos seus próprios homens a soldo de Roma, de acordo com o mito, anunciava-se o domínio completo da Península Ibérica pelos Romanos ainda antes do séc. I d.C.

Novas teses, defendidas por historiadores espanhóis, dão-nos, no entanto, de Viriato e da sua morte um retrato bem diferente.

Viriato teria, nesta nova versão da História, sido morto não por traidores, mas por resistentes lusitanos que teriam descoberto que este se tinha vendido a Roma, em troca de terras no litoral já romanizado, prometendo sabotar ou afrouxar a resistência dos Lusitanos…

Page 10: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Curiosamente, será Sertório, um general romano dissidente que procurava na Península a ajuda das” tribos bárbaras” para combater Roma, que assegurará nos próximos tempos o comando da resistência Lusitana.

Encurralada nas montanhas, cercada cada vez mais de perto pelas regiões e populações romanizadas e, lentamente esgotada ou seduzida pelos novos costumes, a resistência vai - se esbatendo em toda a Península até desaparecer sem grande barulho.

Page 11: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Recorrendo a um forte e disciplinado exército, espalhando pelas regiões ocupadas uma civilização que a todos prometia maiores confortos e vantagens, em pouco tempo, os Romanos dominavam grande parte dos territórios que se estendiam à volta do Mediterrâneo.

E por isso o chamaram de Mare Nostrum,( O nosso mar).

Page 12: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Este vasto império com capital em Roma e cuja figura máxima era o imperador, assegurava aos Romanos o domínio de todo o comércio mediterrânico, o acesso à mão-de-obra escrava e às matérias-primas de que necessitavam.

Page 13: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Mesmo antes de pacificada a Península, os Romanos transportavam para os territórios ocupados não apenas as suas legiões e equipamentos, mas também a sua mentalidade e modo de vida

A este processo chamamos Romanização e foi, na maior parte dos casos, pacificamente aceite.

Viver “à romano” era para os habitantes locais uma aspiração, e não algo a recear.

Page 14: 2 osromanosnapeninsulaibérica
Page 15: 2 osromanosnapeninsulaibérica

As estradas, pontes, construções variadas, o latim, o sistema numérico, as leis, a religião, os divertimentos e a cultura, em geral, aproximavam cidades e populações de origem e costumes muito diferentes.

Os Romanos eram politeístas. Adoravam vários deuses, protectores dos vários aspectos da vida quotidiana e da natureza.

No entanto, eram tolerantes. Desde que os impostos fossem pagos e as leis romanas cumpridas, as populações ocupadas podiam praticar livremente os seus cultos em privado.

Page 16: 2 osromanosnapeninsulaibérica

A edificação das cidades romanas obedecia a um plano. Um plano divino.

Confiadas à protecção dos deuses, só se construíam depois de sacralizadas pelos augures (adivinhos) através da “leitura” das vísceras de um animal.

Assim se consagrava o sítio escolhido, que desta forma, passava a estar sobre a protecção dos Deuses. CERIMÓNIA DE AUGURES

Page 17: 2 osromanosnapeninsulaibérica

A sua área era delimitada por dois eixos que se cruzavam: O Cardus e o Decomanus. que determinavam a forma rectangular, sempre repetida das cidades romanas.Depois erguiam-se os edifícios do costume: As Basílicas, os Templos, os Pórticos que circundavam o centro - o Fórum - o lugar onde tudo acontecia…

FÓRUM ROMANO

PLANTA DA ROMA IMPERIAL

Page 18: 2 osromanosnapeninsulaibérica

No “Fórum “ , a Praça pública, os cidadãos sabiam das novidades, ouviam os discursos de místicos, políticos e filósofos, faziam compras nas lojas que os pórticos abrigavam, frequentavam os templos, ou simplesmente conviviam.

Nos teatros de forma semi - circular, representavam-se cenas da sua Mitologia e Religião. Todos os actores usavam máscaras que representavam os personagens que interpretavam:

Deuses, Heróis, Demónios e outras personagens lendárias.

Page 19: 2 osromanosnapeninsulaibérica

As termas ou balneários públicos, e a prática do desporto garantiam a higiene e saúde da população livre. No meio de tanto divertimento, o trabalho era, principalmente, assegurado por servos e escravos que não gozavam destes privilégios.

Page 20: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Nos limites das maiores cidades , em área não sacralizada, situavam-se os Coliseus e Hipódromos, edifícios destinados às práticas e diversões mais violentas que implicavam o derramamento de sangue.

Page 21: 2 osromanosnapeninsulaibérica

As cidades feitas à imagem de Roma competiam entre si na grandiosidade dos edifícios públicos. Os coliseus, os templos, as estátuas, as fontes e as termas sobressaíam das ruas ladeadas de casas de vários andares (as insulae) onde residia a população mais pobre.

Estas construções monumentais ladeavam o fórum ou praça pública, e a sua grandeza era a medida da importância da cidade.

Page 22: 2 osromanosnapeninsulaibérica

No entanto, a arte romana com toda a sua monumentalidade, dominada pela busca matemática da harmonia e da perfeição das formas, era também estruturalmente muito repetitiva, rígida e, sobretudo, sem qualquer originalidade.

De facto, a arte, a religião e a cultura romana, em geral, reproduziam quase fielmente, os princípios e os modelos sociais e culturais, em torno dos quais, séculos atrás, os Gregos construíram a mais pujante e avançada civilização do seu tempo: a Civilização Helénica.

Estas semelhanças uniram culturalmente, estas duas civilizações numa mesma designação: Civilização Greco-Romana.

Page 23: 2 osromanosnapeninsulaibérica

No campo, dividiram a propriedade em villas rústicas .

Fizeram trabalhar a terra por escravos, introduziram novos produtos agrícolas (vinho, azeite e trigo), novos materiais de construção (a telha) e exploraram novas minas.

Desenvolveram ainda algumas indústrias como a salga do peixe, a olaria e a tecelagem.

Também a construção naval e a pesca beneficiaram dos seus contributos.

Os grandes proprietários erguiam nas suas terras as suas villae com várias divisões, pátios, fontes, jardins, pórticos…à imagem da paisagem e dos edifícios romanos.

Page 24: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Em Portugal, para além das pontes, aquedutos, estradas, templos e ruínas várias, a língua, a numeração, a arquitectura, as leis, a administração e a cultura em geral são ainda devedoras da presença romana.

Page 25: 2 osromanosnapeninsulaibérica
Page 26: 2 osromanosnapeninsulaibérica
Page 27: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Antes da ocupação da Península Ibérica, os Romanos já dominavam vastas regiões do Próximo Oriente. Uma delas era a Palestina com capital em Jerusalém, terra onde se erguia o sagrado templo do rei Salomão.

Aí, Cristo nasceu, pregou e foi crucificado deixando uma marca profunda em todos os que o conheceram.

Tido pelos seus seguidores como o Messias, ensinava o amor, a liberdade e proclamava a existência de um único Deus, criador de todas as coisas.

Page 28: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Com a morte de Cristo emerge uma nova religião monoteísta – o Cristianismo. Ou melhor uma nova seita religiosa como muitas outras que pululavam a região.

Uma seita que não sendo sequer a mais popular era sem dúvida a mais perigosa para o Poder.

Nos próximos 300 anos, os seus seguidores serão perseguidos e mortos pelos Romanos nos Coliseus e Arenas como divertimento popular.

O seu principal “crime” era não reconhecerem qualquer autoridade divina ou espiritual ao Imperador Romano.

Page 29: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Depois do martírio, os Cristãos verão, finalmente, a sua religião reconhecida no início do séc. IV, com a conversão do imperador Constantino. De pequena seita, o Cristianismo tornava-se de um dia para o outro, por vontade de um homem que afirmou ter tido uma visão, na religião oficial do Estado

A “ visão de uma cruz”, que lhe terá permitido obter, quando tudo parecia correr mal, uma improvável vitória militar sobre Maxêncio, o outro candidato ao título de Imperador, na batalha de Ponte Mívia. Uma visão que vinha mesmo a calhar.

Page 30: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Numa altura em que o império se dividia e afundava lentamente, nada melhor que uma nova religião que a todos prometia arrependimento e conforto, para unir e reanimar o povo.

Muitos dizem no entanto que Constantino permaneceu secretamente Pagão até à morte.

O Cristianismo iria no entanto, por sua única vontade ,tornar-se na religião oficial de todo o Império Romano.

O “ Baptismo “ de Constantino

Page 31: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Para tal, Constantino reuniu-se com os mais importantes líderes Cristãos e, no Concílio de Niceia, em 325 d.C.. analisaram um conjunto de textos Cristãos, escolhendo uns e excluindo outros.

Aos textos seleccionados, anónimos, mas aos quais foram dados os nomes dos 12 discípulos de Cristo, chamamos o Novo Testamento.

Page 32: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Ao tornar o Cristianismo a religião do Império, abandonando definitivamente o politeísmo, Constantino pretendia pacificar, unindo em torno de uma só religião, toda a população do Império devastado por um longo período de conflitos internos (revoltas, assassinatos) e externos.

De facto, era cada vez maior a pressão das tribos bárbaras que cercavam o “ Limes “, a fronteira do Império.

À unidade, disciplina, organização e ordem que afirmaram durante séculos, sucediam agora a divisão, as revoltas e a a corrupção.

Page 33: 2 osromanosnapeninsulaibérica
Page 34: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Esta situação é aproveitada pelas tribos bárbaras que arrasam as legiões romanas, destruindo e pilhando tudo o que encontram.

Em 410, Alarico, o Godo, conquista, arrasa e, pouco tempo depois ,a troco de um resgate, abandona Roma. De pé, ficaram apenas as ruínas que ,em parte, ainda hoje perduram.

Page 35: 2 osromanosnapeninsulaibérica
Page 36: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Também a Península Ibérica será, como aliás todas as áreas romanizadas do ocidente, vítima da mesma devastação por parte das tribos bárbaras.

Primeiro pelos Suevos e, depois pelos Visigodos, que vencendo aqueles acabarão por dominar toda a Península até ao ano de 711.

No entanto, ao pouparem os monges, as igrejas e conventos, pouparam também parte da cultura mais avançada dos povos vencidos, acabando por assimilar alguns dos seus costumes, incluindo a religião dominante na Península - o Cristianismo.

Page 37: 2 osromanosnapeninsulaibérica

Os novos ocupantes - os Visigodos - introduzirão na Península uma nova forma de poder - a Monarquia Hereditária - e uma nova forma de organização social e económica - o Feudalismo que perdurará por séculos, aqui e em toda a Europa.