2 CROMATOGRAFIA 2.1 Princípios Gerais da Cromatografia · 2020. 10. 26. · 1 Métodos...

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1 Métodos Instrumentais Capítulo 2 2 CROMATOGRAFIA 2.1 Princípios Gerais da Cromatografia A cromatografia é uma técnica de separação química Neste capítulo será objeto de tratamento/discussão apenas a separação cromatográfica realizada em coluna. Não serão abordados os processos cromatográficos realizados em meios de separação em forma de lâmina, tais como a cromatografia de camada fina ou de papel. 2.1.1 Perspetiva Histórica Há evidências históricas que sugerem que a separação cromatográfica em coluna é realizada desde a Idade Média. 13:44:40

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  • 1 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    2 CROMATOGRAFIA

    2.1 Princípios Gerais da Cromatografia

    A cromatografia é uma técnica de separação química

    Neste capítulo será objeto de tratamento/discussão apenas a separação

    cromatográfica realizada em coluna.

    Não serão abordados os processos cromatográficos realizados em meios de

    separação em forma de lâmina, tais como a cromatografia de camada fina ou

    de papel.

    2.1.1 Perspetiva Histórica

    Há evidências históricas que sugerem que a separação cromatográfica em

    coluna é realizada desde a Idade Média.

    13:44:40

  • 2 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    A sua explicação e desenvolvimento só surgiu no início do século XX.

    Mikhail Tswett, um botânico Russo, foi quem pela

    primeira vez usou e interpretou a técnica de separação

    que veio a dar origem às técnicas modernas de

    cromatografia em coluna.

    Tswett, em 1906, usou éter de petróleo como fase

    móvel e uma coluna de vidro empacotada com CaCO3para separar alguns pigmentos extraídos de plantas.

    À técnica de separação usada atribuiu-lhe a designação

    de cromatografia, que provém do termo Grego - chromatos – que significa cor.

    A separação dos vários pigmentos foi interpretada como consequência das

    diferentes mobilidades com que se movimentavam no interior da coluna.

    13:44:40

  • 3 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Tswett concluiu que a fase estacionária comporta-se como uma resistência à

    progressão dos pigmentos ao longo da coluna.

    A resistência foi interpretada como o resultado da adsorção dos pigmentos à

    fase estacionária, o que permitiu atribuir à fase estacionária as características

    de um agente adsorvente.

    Adsorvente é um material sólido capaz de reter espécies químicas à sua

    superfície, em consequência de interacções físico/químicas estabelecidas

    entre as espécies químicas e o adsorvente.

    Apesar da adsorção ter tendência para imobilizar os pigmentos na fase

    estacionária é, no entanto, contrariada pela passagem contínua de fase móvel,

    que remove os pigmentos que eventualmente estejam adsorvidos.

    Na figura a seguir ilustra-se a cromatografia em coluna usada por Tswett

    13:44:40

  • 4 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    q

    A + B

    B

    B

    A

    A + B

    eluente

    B

    A

    eluente

    B

    13:44:40

  • 5 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    B

    A

    eluente

    B

    A

    eluente

    A

    eluente

    13:44:40

  • 6 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    O equipamento simples usado por Tswett sofreu considerável evolução até

    aos nossos dias.

    Na figura abaixo encontra-se ilustrado o equipamento contemporâneo de

    cromatografia líquida em coluna.

    Controlo e

    aquisição

    de dados

    UV

    VIS

    DetectorBomba

    InjectorReservatório

    de eluente

    Coluna em compartimento

    termostático

    13:44:40

  • 7 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    2.1.2 Classificação dos Processos Cromatográficos

    Os processos cromatográficos são sistematizados de acordo com diversos

    critérios, o que leva ao aparecimento de várias classificações para as diferentes

    formas de cromatografia.

    Diferentes formas de cromatografia

    Critério: Tipo de suporte Modo de separação Natureza da fase móvel

    Classificação: Coluna Adsorção Cromatografia gasosa

    Planar Partição Cromatografia líquida

    Permuta iónica Cromatografia supercrítica

    Exclusão de tamanho

    Afinidade

    13:44:40

  • 8 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    a) Cromatografia de adsorção (gasosa ou líquida )

    i) É o tipo de cromatografia mais usado.

    ii) Utiliza uma fase móvel líquida ou gasosa.

    iii) A fase estacionária é sólida (sílica gel, alumina ou celulose).

    iv) A separação é garantida pelo equilíbrio de adsorção do soluto, que se

    encontra dissolvido na fase móvel e adsorvido na fase estacionária.

    v) As forças envolvidas são de natureza física. Interações eletrostáticas e

    forças de Van Der Waals

    b) Cromatografia de partição (gasosa ou líquida )

    i) Este tipo de cromatografia baseia-se na partição do soluto entre a fase

    móvel e um filme fino líquido que se encontra estabilizado à

    superfície de um sólido inerte, que serve apenas de suporte ao filme.

    ii) O filme fino líquido é a fase estacionária.

    iii) Utiliza uma fase móvel líquida ou gasosa.

    iv) A partição é garantida por forças de natureza físico/química

    13:44:40

  • 9 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    c) Cromatografia de Permuta Iónica (líquida)

    i) Usa-se uma resina permutadora de iões como fase sólida estacionária.

    ii) A separação cromatográfica é garantida pelo equilíbrio de permuta

    iónica.

    iii) Utiliza uma fase móvel líquida.

    iv) As forças envolvidas são do tipo eletrostático.

    d) Cromatografia de exclusão

    i) A separação é conseguida pela passagem da fase móvel através de um

    gel poroso, que tem por objetivo separar as espécies químicas por

    tamanho molecular, eluindo primeiro as moléculas maiores

    ii) A separação é alcançada pela exclusão diferencial ou inclusão de

    componentes dentro das partículas do enchimento e,

    além da separação de componentes discretos, a

    técnica é utilizada para caracterizar a distribuição de

    peso molecular de polímeros.

    iii) Utiliza uma fase móvel líquida.

    13:44:40

  • 10 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    e) Cromatografia de afinidade

    i) É o tipo de cromatografia com maior grau de especificidade. Ocorre uma

    ligação molecular específica e reversível entre o soluto e um ligante

    imobilizado na fase estacionária

    ii) Aproveita a existência de interações específicas entre a espécie química

    a separar e uma outra que se encontra imobilizada na fase estacionária.

    iii) As forças envolvidas na retenção são fundamentalmente de natureza

    química, pelo que haverá necessidade de se alterar a composição da fase

    móvel para extrair posteriormente a espécie química.

    iv) Utiliza uma fase móvel líquida.

    v) É usada para separar produtos biológicos: ligações enzimas e substratos,

    anticorpos e substratos e recetores de hormonas.

    f) Cromatografia gasosa

    i) Permite a separação de substâncias voláteis arrastadas por um gás

    através de uma fase estacionária.

    13:44:40

  • 11 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    ii) A fase estacionária pode ser um sólido ou um líquido que propicia a

    distribuição dos componentes da mistura entre as duas fases através de

    processos físicos e químicos (adsorção, diferenças de solubilidades,

    volatilidades).

    iii) Como fase móvel é utilizado um gás, denominado gás de arraste, que

    transporta a amostra através da coluna cromatográfica até ao detetor.

    g) Cromatografia líquida

    i) A cromatografia líquida é uma técnica adequada para a separação dos

    componentes de soluções líquidas e utiliza-se quer para fins analíticos quer

    para fins preparativos.

    ii) A amostra é injetada na coluna usando uma microseringa na

    cromatografia analítica.

    iii) A fase móvel transportando a amostra é forçada a percolar através da

    coluna por uma ação externa que pode ser a simples força da gravidade –

    cromatografia de baixa pressão – ou uma força mais intensa gerada por uma

    bomba – cromatografia de alta pressão.

    13:44:40

  • 12 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    2.1.3 Parametrização da Cromatografia

    A parametrização cromatográfica é definida por um conjunto de parâmetros

    que permitem caracterizar o processo cromatográfico.

    A posição, a forma e a resolução dos picos cromatográficos são exemplos de

    parâmetros cromatográficos de elevada relevância para a caracterização da

    cromatografia. Estes parâmetros encontram-se ilustrados na Figura abaixo.

    13:44:40

  • 13 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    a) Parâmetros Individuais de um Pico Cromatográfico

    tM

    tR1tR2

    tR3

    t’R1

    t’R2)

    13:44:40

  • 14 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    h1

    1

    W1

    W1/2h1/2

    13:44:40

  • 15 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    (1) linha de base

    (2) tempo morto (tM)

    (3) tempo de retenção (tR)

    (4) largura do pico (W)

    (5) largura do pico a meia altura (W1/2)

    (6) desvio padrão. Para picos com forma gaussiana ()

    (95% do soluto)

    Os parâmetros acima descritos são suficientes para caracterizar convenientemente

    a separação cromatográfica. A quantificação destes parâmetros permite avaliar o

    desempenho da separação cromatográfica.

    Por vezes caracteriza-se os picos cromatográficos através de outros parâmetros

    que resultam dos anteriores por simples cálculo aritmético.

    iiW 4

    13:44:40

  • 16 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    (1) tempo ajustado (corrigido) de retenção (t’R).

    (2) fator de capacidade, k

    b) Eficiência

    O êxito da separação cromatográfica depende:

    (1) largura dos picos

    (2) espaço em tempo entre dois picos consecutivos

    A separação efetiva de um par de componentes pode ser conseguida quer os seus

    picos sejam estreitos, quer sejam largos. O tempo de separação destes últimos

    será invariavelmente mais longo.

    MRiRi ttt ,

    M

    MRii

    t

    ttk

    13:44:40

  • 17 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Os picos mais

    estreitos são

    separados mais

    cedo

    Os picos mais

    largos são

    separados mais

    tarde

    tempo

    sinal

    sinal

    sinal

    13:44:40

  • 18 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Se todos os outros parâmetros forem iguais, deve-se preferir separações

    cromatográficas que apresentem picos estreitos.

    Esta preferência é quantificada através do parâmetro designado por eficiência (N).

    Esta razão compara a largura do pico com o tempo (ou volume) de retenção,

    pelo que N é uma medida do alargamento do pico por unidade do tempo.

    A eficiência é determinada por fatores relacionados com a construção da

    coluna e seu empacotamento, bem como da velocidade da fase móvel.

    222

    16

    i

    Ri

    i

    Ri

    i

    Ri

    W

    ttVN

    13:44:40

  • 19 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    C) Parâmetros Atribuídos a Pares de Picos Cromatográficos

    O grau de mistura de dois solutos quando avaliado a partir dos

    correspondentes picos é quantificado por dois parâmetros: fator de

    separação, ai,j e resolução, Rs.

    O fator de separação para dois picos adjacentes é caracterizado por:

    No cálculo do fator de separação, o numerador identifica-se sempre com o pico

    de maior tempo de retenção.

    Mas em cromatografia o grau de mistura entre dois solutos não pode ser avaliado

    apenas à custa do parâmetro de localização dos correspondentes picos.

    1

    2

    1

    22,1

    k

    k

    tt

    tt

    MR

    MR

    a

    13:44:40

  • 20 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    É necessário também atender à dispersão de cada um deles, uma vez que a largura

    dos picos vai condicionar a separação dos dois solutos.

    RESOLUÇÃO

    Rs define a condição de separação aplicada a dois picos adjacentes.

    1212

    5,0 WW

    ttR RRs

    13:44:40

  • 21 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Condição de separação:

    ou

    W1 W2

    t1

    t2sinal

    tempo

    12122

    1WWtt RR

    5,1sR

    13:44:40

  • 22 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    A resolução é determinada pela escolha da:

    (1) fase estacionária

    (2) fase móvel

    (3) temperatura

    (4) comprimento da coluna (fase estacionária)

    d) Comparação das Eficiências Cromatográficas

    A eficiência cromatográfica, N, é bastante útil quando se pretende comparar

    separações cromatográficas realizadas sob diferentes condições

    experimentais.

    A eficiência cromatográfica é também designada por número de pratos teóricos.

    13:44:40

  • 23 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Quando uma coluna cromatográfica tem um comprimento L, a altura equivalente

    de cada um dos seus pratos teóricos é definida por:

    Um processo de separação cromatográfico torna-se mais próximo do ideal à

    medida que a altura equivalente do prato teórico, H, tende para zero.

    2.1.4 Quantificação em Cromatografia

    Para as mesmas condições experimentais, isto é, mantendo constante:

    (1) a fase estacionária

    (2) a fase móvel

    (3) a velocidade da fase móvel

    (4) a temperatura da separação

    (5) o detetor

    2

    16

    Ri

    i

    t

    WL

    N

    LH

    13:44:40

  • 24 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Os parâmetros característicos dos picos individuais podem ser usados para

    identificar a presença de uma espécie química na mistura inicial.

    Como resultado, o cromatograma pode ser usado para efetuar a identificação

    (análise qualitativa) dos vários constituintes de uma mistura.

    Os cromatogramas são representações gráficas do registo de um sinal analítico

    proveniente de um detetor, colocado imediatamente a seguir à coluna, em função

    do tempo a partir do qual se fez a injeção da amostra.

    Quando o sinal analítico é linear com a concentração do soluto, isto é

    a quantidade total de soluto é proporcional à área do pico registado no

    cromatograma.

    O cálculo das áreas dos picos é feito pelos Integradores.

    Solutokalsin

    áreakq ssoluto

    13:44:40

  • 25 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    2.1.5 Separação Cromatográfica

    A interpretação da separação cromatográfica tem vindo a sofrer evolução ao

    longo dos anos.

    Dada a sua complexidade para o nível desta disciplina , abordar-se-á apenas

    3 modelos interpretativos, que se complementam mutuamente.

    a) Teoria de eluição

    É intuitivo afirmar-se que um soluto quando se encontra distribuído pela fase

    móvel desloca-se à velocidade com que a fase móvel se encontra animada.

    Deste modo, poder-se-á afirmar que:

    A velocidade média de um soluto num processo de separação cromatográfico

    depende do tempo que permanece na fase estacionária comparativamente

    com o tempo em que se move conjuntamente com a fase móvel.

    13:44:40

  • 26 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Esta lei é traduzida pela equação:

    Dado que:

    Então

    ou

    uma vez que

    móvelfmóvelfsoluto tempofracçãoVelocidadeVelocidade ..

    iaestacionárfiaestacionárf tempofracçãoVelocidade ..

    0. iaestacionárfVelocidade

    móvelfmóvelfsoluto tempofracçãoVelocidadeVelocidade ..

    móvelfsoluto tempofracçãouVelocidade .

    móvelfVelocidadeu .13:44:40

  • 27 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    A fracção de tempo que um soluto passa na fase móvel identifica-se com

    fracção da sua quantidade de substância que se distribui pela fase móvel.

    A fracção do soluto A na fase móvel é dado por:

    fasesasambasemAdemolesdetotaln

    móvelfasenaAdemolesnAfracção móvelf

    º

    º.

    SSMM

    MMmóvelf

    VCVC

    VCAfracção

    .

    MM

    SSmóvelf

    VC

    VCAfracção

    1

    1.

    13:44:40

  • 28 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Se a partição do soluto A pelas duas fases é descrita por um coeficiente de

    distribuição KDA, a expressão anterior toma a forma:

    A velocidade com que o soluto A percorre a coluna é, então, dada por:

    A relação entre o tempo de retenção e a velocidade com que o soluto se

    desloca ao longo da coluna permite conhecer o comprimento da trajectória

    percorrida pelo soluto ao longo da coluna, que não é necessariamente igual a

    L.

    M

    SDA

    móvelf

    V

    VK

    Afracção

    1

    1.

    M

    SDA

    A

    V

    VK

    uu

    1

    1

    13:44:40

  • 29 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    ou

    o que mostra que um aumento da velocidade de fluxo da fase móvel, , leva

    à diminuição do tempo de retenção, tRA.

    Simultaneamente, é possível constatar que para a mesma separação

    cromatográfica, isto é para condições em que a razão VS/VM permanece

    constante, a separação de dois ou mais solutos fica-se a dever à diferença de

    valores da constante de distribuição de cada um dos solutos.

    A equação anterior, conjuntamente com a equação de Van´t Hoff, permite

    ainda prever a influência da temperatura no tempo de retenção

    M

    SDA

    RAef

    V

    VK

    utL

    1

    1

    M

    SDA

    efRA

    V

    VK

    u

    Lt 1

    u

    13:44:40

  • 30 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Uma vez que

    Então, o fator de capacidade pode ser expresso em termos da constante de

    distribuição e da razão de volumes entre as fases móvel e estacionária.

    A equação de Van´t Hoff é expressa por:

    ou

    M

    MRAA

    t

    ttk

    M

    SDAA

    V

    VKk

    2

    ln

    RT

    H

    T

    KD

    M

    SDA

    RAef

    M

    V

    VK

    tu

    Lt

    1

    1

    R

    S

    RT

    HKD

    ln

    13:44:40

  • 31 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Admitindo que a razão de volumes VS/VM é independente da temperatura,

    então:

    pelo que

    ou

    De onde se conclui que o logaritmo do fator de capacidade (tempo de

    retenção) é inversamente proporcional à temperatura.

    T

    K

    T

    k D

    lnln

    2

    ln

    RT

    H

    T

    k

    R

    S

    RT

    Hk

    ln

    13:44:40

  • 32 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Principal desvantagem da teoria de eluição: não prevê a ocorrência de

    dispersão nos picos cromatográficos.

    tempo

    limites

    imaginários

    Fase

    estacionária

    Fase

    móvel

    CM

    CM

    C

    S

    CS

    pico 1

    pico 2sinal

    KD

    13:44:40

  • 33 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Conclusão:

    (1) A teoria de eluição baseia-se apenas nos valores de tRi para explicar a

    separação cromatográfica.

    (2) tRi é inversamente proporcional à velocidade da fase móvel.

    (3) tRi é directamente proporcional a Kdi quando Kdi é elevado

    (4) ln ki é inversamente proporcional à temperatura.

    (5) A teoria de eluição não prevê a ocorrência de dispersão (largura do pico).

    13:44:40

  • 34 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    b) Teoria de pratos

    A incapacidade da teoria de eluição prever a dispersão dos picos

    cromatográficos levou ao aparecimento de teorias mais complexas.

    A teoria de pratos foi proposta em 1941 por Martin e Synge. Foi

    desenvolvida por analogia com a destilação e a extração em contracorrente.

    Esta teoria admite que, do ponto de vista teórico, a coluna cromatográfica é

    constituída por uma sequência contínua de pequenos fragmentos, designados

    por pratos.

    pratos13:44:40

  • 34 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    A teoria de pratos prevê que o soluto se distribui por um número restrito de

    pratos ao longo do seu avanço através da coluna.

    Nestas condições, a concentração de soluto à saída da coluna é dada por uma

    distribuição gaussiana do tipo:

    Em que

    n é o nº de moles de soluto N é o nº de pratos teóricos

    V é o volume eluido de fase móvel VR é o volume de retenção

    Da expressão anterior conclui-se que:

    2

    12

    2

    RV

    VN

    R

    eN

    V

    nc

    N

    VR

    2

    2

    1

    22

    1

    x

    ey

    13:44:40

  • 35 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Quando VR é substituído por tR, toma a forma:

    A partir da expressão anterior é possível encontrar a expressão para a

    eficiência de uma coluna cromatográfica:

    ou

    dado que

    Apesar da teoria de pratos prever a dispersão dos picos, não consegue,

    contudo, explicar o desvio da dispersão ao comportamento gaussiano. Este

    desvio é explicado pela teoria cinética.

    N

    tR

    2

    RtN

    4W

    2

    16

    W

    tN R

    13:44:40

  • 36 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    c) Teoria Cinética

    A teoria cinética descreve o alargamento dos picos cromatográfico através da

    equação de Van Deemter.

    ou

    Esta equação estabelece que a altura do prato teórico, um dos parâmetros que

    caracteriza a eficiência e depende do alargamento do pico, é influenciada

    por três termos: A, B e C

    Os parâmetros A, B e C são constantes determinadas por algumas propriedades

    físicas das fases estacionária e móvel. Os seus valores são sempre positivos.

    O parâmetro C é frequentemente desdobrado em duas contribuições: uma da fase

    estacionária, CS, e outra da fase móvel, CM.

    uCu

    BAH uCC

    u

    BAH MS

    13:44:40

  • 37 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    O parâmetro A está diretamente relacionado com:

    (1) a heterogeneidade microscópica dos poros que resultam do empacotamento

    da coluna

    (2) a tortuosidade do percurso da fase móvel ao longo do seu trajeto.

    Estas duas características proporcionam atrasos e avanços na velocidade da fase

    móvel.

    Quando se considera o fluxo no interior de um poro

    13:44:40

  • 38 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    A velocidade do fluído varia desde um valor máximo atribuído à zona

    central do poro até à velocidade nula junto das paredes do poro.

    Ampliando um pouco mais a escala microscópica, de modo a reunir um conjunto

    de poros, prevê-se também que a fase móvel siga trajetórias tortuosas através

    das pequenas partículas do enchimento da coluna, o que obriga a velocidade

    da fase móvel a mudar frequentemente de direção, percorrendo, assim,

    diferentes trajetórias.

    λ é uma constante que depende do

    empacotamento da coluna

    dp é o diâmetro da partícula de empacotamento.

    pdA 2

    13:44:40

  • 39 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    O termo está diretamente relacionado com o transporte de massa por

    difusão do soluto na fase móvel devido à existência de um gradiente de

    concentração.

    Quando um soluto se encontra concentrado numa zona específica da fase móvel, o

    soluto tem tendência a espalhar-se, diluindo-se, por todo o volume que o

    rodeia por ação da sua difusão para as regiões de menor concentração.

    Como habitualmente as colunas cromatográficas são estreitas e compridas é de

    esperar que este efeito se faça sentir com maior intensidade na direção

    longitudinal.

    γ é uma constante que depende do empacotamento da coluna.

    DM é o coeficiente de difusão do soluto na fase móvel

    u/B

    MDB 2

    13:44:40

  • 40 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Como a difusão é um processo de transporte de massa lento, o seu efeito só se

    vai fazer sentir para velocidades baixas da fase móvel.

    após difusão longitudinal

    do soluto

    13:44:40

  • 41 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    O termo ou ou

    está diretamente relacionado com a cinética do processo de interação do soluto com

    a fase estacionária.

    Tal como o parâmetro anterior, também a influência do termo depende da

    velocidade com que a fase móvel se desloca.

    Fase móvel lenta

    interação rápida

    Cs e CM são descritos apenas por KD

    uC

    uC

    uCC MS

    13:44:40

  • 42 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Fase móvel rápida

    interação lenta

    Atrasa a mobilidade do soluto

    ao longo da coluna

    Cs é superior ao que seria de

    esperar atendendo apenas a KD

    DS e DM são os coeficientes de difusão do soluto nas fases estacionária e móvel, respetivamente.

    df é a espessura da fase estacionária. dp é o diâmetro da partícula de empacotamento da coluna.

    fS(k) e fM(k) são duas funções de k.

    CsCs CM

    S

    fSS

    D

    dkfC

    2

    M

    pMM

    D

    dkfC

    2

    13:44:40

  • 43 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Influência da velocidade da fase móvel na eficiência da separação cromatográfica

    13:44:40

  • 44 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    2.1.6 Otimização da Separação Cromatográfica

    Otimizar uma separação cromatográfica é otimizar a resolução dos picos

    cromatográficos e/ou diminuir o tempo despendido na realização da

    separação cromatográfica.

    Para que a otimização da separação cromatográfica aconteça é necessário atender a

    algumas expressões anteriormente referidas:

    1212

    50 WW,

    VVR RRs

    1

    2

    1

    221

    k

    k

    VV

    VV

    MR

    MR,

    a

    M

    MRii

    V

    VVk

    222

    16

    i

    Ri

    i

    Ri

    i

    Ri

    W

    ttVN

    13:44:40

  • 45 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Quando se admite que:

    As expressões anteriores permitem avaliar a dependência da resolução como a

    eficiência e os factores de capacidade e de separação

    Em que k2 é o factor de capacidade relativo ao pico com maior tempo de retenção

    dos dois usados para definir Rs.

    A equação anterior estabelece que a resolução de dois picos adjacentes pode ser

    ajustada fundamentalmente por 3 factores.

    (1) Eficiência da coluna, que é uma função de L e H.

    (2) Factor de separação. É uma medida da diferença entre KD1 e KD2.

    (3) Factor de capacidade, k2.

    2

    2

    1

    1

    4 k

    kNRs

    a

    a

    2

    2

    1

    1

    4

    1

    k

    k

    H

    LRs

    a

    a

    WWW 12

    13:44:40

  • 46 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    Para Rs = 1,5 a sobreposição dos picos adjacentes é inferior a 0,1%.

    Por vezes é necessário calcular o nº de pratos teóricos que uma coluna deveria

    possuir para se alcançar uma dada resolução.

    A expressão que permite efetuar esse cálculo é definida por:

    Por sua vez, o efeito da resolução sobre o tempo de retenção é expresso por:

    2

    2

    22

    2 1

    116

    k

    kRN s

    a

    a

    22

    32

    22

    2

    1

    1

    16

    k

    k

    u

    HRt sr

    a

    a

    13:44:40

  • 47 Métodos Instrumentais Capítulo 2

    0 3 6 9 120

    1

    2

    3

    4

    5

    N = 20 000

    a = 1,02

    a = 1,05

    a = 1,1

    a = 1,2

    a = 1,3

    Rs

    k2

    13:44:40