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Índice Exortação do Governo de Moçambique………………………….. 2 1. Introdução…………..…………………………………………….. 4 2. Breve resenha histórica do surgimento da Tocha…….........… 6 2.1. A nível internacional.......................................................... 6 2.2. A nível de Moçambique.................................................... 7 3. 1975: Primeira Chama da Unidade......................................... 8 4. 2005: Segunda Chama da Unidade.......................................12 5. 2010: Terceira Chama da Unidade.........................................17 Fontes........................................................................................ 20 Lista de Entrevistados............................................................... 20 Ficha Técnica: Título: A Chama da Unidade: Farol da Moçambicanidade Autores: Fernando Dava, Roberto Dove, João Vilanculo, Célio Tiane, Alfredo Jutasse, Belchior Canivete e Daniel Lopes Direcção: Fernando Dava Design: Cândido Nhaquila Fotografia: Jornal Notícias, Arquivo Histórico de Moçambique, Centro de Formação Fotográfica e Momade Ferhat Impressão: ACADÉMICA Tiragem: 1000 Exemplares Colecção Embondeiro: Edição Especial Maputo, 2010 livro.indd 1 4/5/10 7:09:52 AM

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Índice

Exortação do Governo de Moçambique………………………….. 2

1. Introdução…………..…………………………………………….. 4

2. Breve resenha histórica do surgimento da Tocha…….........… 6

2.1. A nível internacional.......................................................... 6

2.2. A nível de Moçambique.................................................... 7

3. 1975: Primeira Chama da Unidade......................................... 8

4. 2005: Segunda Chama da Unidade.......................................12

5. 2010: Terceira Chama da Unidade.........................................17

Fontes........................................................................................ 20

Lista de Entrevistados............................................................... 20

Ficha Técnica:

Título: A Chama da Unidade: Farol da MoçambicanidadeAutores: Fernando Dava, Roberto Dove, João Vilanculo, Célio

Tiane, Alfredo Jutasse, Belchior Canivete e Daniel LopesDirecção: Fernando DavaDesign: Cândido Nhaquila

Fotografia: Jornal Notícias, Arquivo Histórico de Moçambique, Centro de Formação Fotográfica e Momade Ferhat

Impressão: ACADÉMICA Tiragem: 1000 Exemplares

Colecção Embondeiro: Edição Especial

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Exortação das Celebrações Alusivas aos 35 Anos da Inde-pendência Nacional, feita por Armando Artur, Ministro da

Cultura, em representação do Governo Moçambicano Caros compatriotas,

No dia 25 de Junho de 2010, celebramos os 35 Anos da procla-mação da Independência Nacional. A conquista da independên-cia constituíu um marco indelével da História do povo moçambi-cano, pois, passou a ser soberano e com auto-determinação.

No âmbito das celebrações da Independência Nacional, que de-correrão sob o lema “35 Anos Unidos na Luta contra a Pobreza, Três Gerações, Um Só Povo, Uma Só Nação”, a marcha da Cha-ma da Unidade vai percorrer todo o país. Terá início no dia 7 de Abril, tendo como ponto partida, o Distrito de Nangade, Província de Cabo Delgado, desembocando na Praça da Independência, na Cidade de Maputo, no dia 25 de Junho.

Ao percorrer os diversos pontos do país, a Chama da Unidade passará, simbolicamente, das mãos da Geração do 25 de Setem-bro, às do 8 de Março e, desta, às da Geração de Viragem. Este acto visa enaltecer os feitos e a missão de cada uma delas:

A Geração do 25 de Setembro escreveu importantes páginas da nossa História, ao libertar o país do jugo colonial;

Com o apoio e liderança da Geração do 25 de Setembro, a Ge-ração do 8 de Março assegurou a continuidade da actividade social e económica, no alvor da nossa Independência, garantiu a formação de quadros e a defesa da soberania nacional, e contribuíu para o resgate da Paz;

Hoje, no nosso país está emergindo a Geração de Viragem, cuja missão histórica é lutar e vencer a pobreza. Para o seu su-cesso nesta missão, conta com o conhecimento, a sagacidade

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e a visão da Geração do 25 de Setembro e da Geração do 8 de Março.

Assim, com a passagem da Chama pelas mãos destas três Ge-rações, o Governo pretende promover a unidade, a transferência do testemunho entre as gerações e o entrosamento harmonioso entre elas. Desta forma, a Marcha da Chama da Unidade será um momento de festa, exaltação e consolidação da Unidade Nacio-nal, de reforço do espírito patriótico e, de resgate da nossa Histó-ria e da auto-estima.

Neste contexto, o Governo exorta a Nação moçambicana, a so-ciedade civil, partidos políticos, combatentes da Luta de Liber-tação Nacional, confissões religiosas, autoridades comunitárias, agentes económicos, sindicatos, estudantes, a participar activa e massivamente na Marcha da Chama da Unidade, no âmbito das Celebrações dos 35 Anos da proclamação da Independência Nacional.

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1. Introdução

Em 2010 comemora-se, em todo o território moçambicano, o 35º Aniversário da Independência Nacional. Várias correntes de opinião defendem que este evento representa um momento de exaltação do espírito patriótico e da auto-estima, premissas fun-damentais para o sucesso dos programas de desenvolvimento do país. Um dos momentos marcantes destas comemorações, é a marcha da Chama da Unidade, que volta a percorrer o país, pela terceira vez, agora sob o lema: “35 Anos Unidos na Luta Contra a Pobreza, Três Gerações, Um Só Povo, Uma Só Nação”. Refira-se que a primeira Marcha da Chama teve lugar em 1975, nas cerimónias alusivas às comemorações da Independência Na-cional. Por sua vez, a segunda, realizou-se em 2005, no âmbito dos festejos dos 30 anos da Independência do país.

Como foi referido na exortação do Governo Moçambicano, a Cha-ma da Unidade vai cruzar, simbolicamente, três gerações da His-tória recente do país. Com este gesto pretende-se uní-las para uma reflexão conjunta sobre a génese e a natureza da Luta de Libertação Nacional, focalizando o ódio à colonização e o seu ca-rácter popular; os esforços e sacrifícios consentidos logo após a Independência, por milhares de moçambicanos na edificação da Pátria. Mais do que isso, considera-se chegado o momento de a juventude usar esta plataforma estabelecida pelas duas gera-ções, para consolidar o crescimento do país em todas as dimen-sões que a este se coloca.

Neste sentido, a Marcha da Chama simboliza o sentimento de Unidade Nacional. Com efeito, quando a Tocha passa pelos dis-tritos, do Rovuma ao Maputo, chama-se a atenção para a comu-nhão de todos os moçambicanos na construção do país.

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Alguns cidadãos com a Chama da Unidade, em 1975

Populares eufóricos com a Chama da Unidade, em 2005

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2. Breve resenha histórica do surgimento da Tocha 2.1. A nível internacional Na Antiguidade, o fogo era considerado sagrado por muitos povos. A título de exemplo, na Grécia, existia uma lenda segundo a qual o fogo teria sido entregue ao ser humano por Prometeu (Deus do Homem) que o roubara a Zeus (Deus do fogo). De acordo com esta mensagem lendária, teria sido através deste processo que a sabedoria chegou ao Homem. Devido à importância mítica de que o fogo era revestido, em muitos templos as chamas eram mantidas acesas, permanentemente. Este era o caso do templo de Hestia, na cidade de Olímpia.1

Como forma de homenagem a Zeus, em 776 a.C., quando do sur-gimento dos Jogos Olímpicos, na Grécia Antiga, o fogo passou a ser mantido aceso durante a sua realização. Nessas cerimónias, que tinham lugar de quatro em quatro anos, os sacerdotes acen-diam uma Tocha e, o atleta que vencesse uma corrida, tinha o privilégio de transportá-la para acender o altar do sacrifício.2

Ao longo do tempo manteve-se essa tradição de transportar a Tocha Olímpica, com uma estafeta de atletas. No entanto, em certas ocasiões, entre elas, a existência de grandes distâncias ou mesmo perante inovações, utilizaram-se meios de transporte especiais, como avião, comboio, barco, camelo e cavalo.

A Tocha da Chama Olímpica contribuíu para que a Humanidade passasse a enaltecer, cada vez mais, novos valores, como a pu-reza da juventude olímpica, a união entre as diferentes nações, línguas, religiões e raças. Por essa via, assistia-se a um esforço tendente à aproximação e reconciliação entre os povos, aspectos que continuam a caracterizar os Jogos Olímpicos.

1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Hestia.2 Idem.

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2.2. A nível de Moçambique

À semelhança de muitos países, em Moçambique o uso do fogo tem um significado simbólico, desde os tempos imemoriais. Com efeito, em algumas comunidades da baixa Zambézia o fogo era utilizado como elemento precioso em certas cerimónias, dada a sua sacralidade. Anualmente, ou seja, em cada época de consu-mo de cajú, em várias aldeias o fogo era apagado em todos os lares. Depois, era novamente aceso em casa do chefe tradicio-nal e, a seguir, redistribuído pelas aldeias e famílias, um ritual que marcava o início de um novo ano. Estes rituais, transmitidos de geração em geração, serviam para manter a coesão, a fraternidade e a solidariedade no seio das comunidades. De facto, as tradições culturais moçambicanas, mostram essas evidências, mesmo entre os antigos Reinos e Es-tados. Constitui exemplo, o acolhimento de Nwamatibjane, Chefe dos Mphumu, pelo Estado de Gaza, aquando da Batalha de Mar-racuene, em Fevereiro de 1895. Este acontecimento contraria, em certa medida, o postulado generalista de que estes Reinos viviam isolados e sem solidariedade entre si.

No período do nacionalismo, Eduardo Chivambo Mondlane, ins-pirado nos valores tradicionais moçambicanos, aos quais asso-ciou os seus conhecimentos académicos e a experiência de alto funcionário das Nações Unidas, concentrou o seu papel no diá-logo entre os movimentos que se organizavam para a conquista da Independência Nacional. Neste contexto, foi fundada a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no dia 25 de Junho de 1962, em Dar-Es-Salaam, na Tanzania. Era o resultado da fusão da União Democrática Nacional de Moçambique (UDENA-MO), União Nacional Africana de Moçambique (MANU) e União Nacional Africana de Moçambique Independente (UNAMI), sedi-mentada pelo I Congresso da FRELIMO, realizado de 23 a 25 de Setembro, do mesmo ano.

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3. 1975: Primeira Chama da Unidade

Em Moçambique, a iniciativa de realização da Marcha da Chama da Unidade inspira-se em valores universais, como a Tocha da Chama Olímpica. No entanto, alicerça-se nas tradições culturais comunitárias, transmitidas de geração em geração, tendo como função, a consolidação da identidade moçambicana.

A primeira Tocha da Chama da Uni-dade foi acesa pelo Tenente General na Reserva, Raimundo Pachinuapa, a 9 de Junho de 1975, em Nangade, perto do rio Rovuma, na província de Cabo Delgado. Na ocasião, fazia-se acompanhar por alguns membros do Comando Provincial, entre eles, Do-mingos Fondo, José Paulo Nchumale, Bento Anajambala e Virgílio Minga. A principal mensagem transmitida foi de que a Chama devia iluminar todo o país, fazendo-se alusão à Unidade Nacional.3

A escolha de Nangade explica-se pelo seu valor histórico. Loca-lizado na zona fronteiriça, constituía um dos pontos de entrada dos combatentes para o interior de Moçambique e de sua saída para Tanzania. Por outro lado, em Nangade encontrava-se a Base Beira, uma referência no cumprimento da palavra de ordem da Direcção da FRELIMO, que preconizava que se devia “Combater, Produzir e Estudar”, como dimensões da Luta Armada, não só importantes, como também complementares.

A partir de Nangade, a Tocha acesa percorreu de mão em mão, todas as províncias do país, numa distância de cerca de 4387 quilómetros. Assim, no dia 12 do mesmo mês a Chama chegou à Pemba, no dia 13 à Nampula, no dia 16 à Lichinga e Quelimane, 3 Raimundo Pachinuapa. Entrevista de 02.04.2010, Maputo.

Raimundo Pachinuapa

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no dia 18 à Beira, no dia 19 à Chimoio, no dia 21 à Tete, no dia 22 à Inhambane e dia 23 à Xai-Xai. Após ter saído de Palmeira, pelas 2:15 horas e ter passado pela Manhiça às 4:30 horas, chegou à Marracuene, às 10:30 horas. Nesta trajectória o calor da Unida-de ficou representado, em todas as capitais provinciais, em piras acesas, especialmente construídas para o efeito.

No seu percurso, caracterizado por uma grande euforia popular, a Chama despertou os mais variados sentimentos. Com efeito, enquanto uns se sentiam satisfeitos somente por vê-la, outros pretendiam pegar e, outros ainda, queriam percorrer alguma dis-tância, segurando-a, ainda que fosse por poucos metros. Eram momentos carregados de emoção, alegria intensa, esperança, para milhares e milhares de cidadãos.

Um combatente com a Tocha da Chama da Unidade, em 1975

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A 26 de Junho de 1975, cerca das 14:00 horas, a Chama da Uni-dade chegou, finalmente, ao Estádio da Machava, na Cidade de Maputo (ex-Lourenço Marques), onde foi recebida pelo comba-tente Pedro Juma, então Governador da Província de Maputo. A sua chegada deu início ao festival da juventude, que se realizou neste Estádio, na presença de um número estimado em 120 mil cidadãos, que ocupavam o interior e o exterior deste recinto des-portivo.4

Com a Chama, Pedro Juma deu uma volta ao relvado, perante o entusiasmo da multidão que o aplaudia, enquanto a banda militar interpretava músicas revolucionárias. No fim, dirigiu-se a tribu-na de honra, situada junto à pista, onde estava Samora Moisés Machel, Presidente da República Popular de Moçambique, con-vidados e dirigentes da FRELIMO. Ali, acendeu dois fachos que se encontravam nas mãos de dois Continuadores da Revolução. Depois, os três correram para a pira em frente à tribuna, ao cimo das bancadas. Aqui, Pedro Juma acendeu-na, redobrando nesse momento o entusiasmo e a aclamação de todos os presentes.5

4 Jornal Notícias, 27 .06.1975.5 Idem.

Pedro Juma e dois continuadores, ateando a Pira Olímpica no Estádio da Machava, em 1975

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A primeira Marcha simbolizava a união de todo o povo moçambi-cano do Rovuma ao Maputo, na edificação de um novo Estado, em que nascia uma forte esperança relativamente ao desenvol-vimento do país; a auto-determinação. Este evento memorável, reforçou a consciência patriótica e a unidade nacional.

A este respeito, um jornal da época referiu que “(...) o simbolis-mo desta cerimónia, enquadrada nos festejos da celebração da Independência Nacional e, levada a efeito pelo Partido, tem como objectivo unir na liberdade e na militância revolucionária o povo inteiro de Moçambique. Simboliza, igualmente, a abertura de um novo processo de luta na via da consolidação do poder popu-lar conquistado e da nova batalha de criação de uma sociedade nova, onde todos os homens teriam os mesmos direitos e opor-tunidades, na base da prática social revolucionária, desenvolver as faculdades criativas e libertar a mentalidade passiva e apática, fomentada ao longo dos cinco séculos da dominação colonial por-tuguesa (...)”.6

6 Jornal Notícias, 3.06.1975.

O Presidente Samora Machel, no centro, recebendo a Tocha da Chama da Unidade, em 1975

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4. 2005: Segunda Chama da Unidade

A segunda Marcha da Chama da Unidade, realizada sob o lema, “Do Rovuma ao Maputo, juntos na Luta Contra a Pobreza”, esteve enquadrada nas comemorações do 30º aniversário da Indepen-dência de Moçambique. Em 2005 foi acesa, igualmente, em Nan-gade, desta vez, pelo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, a 21 de Maio, acompanhado por alguns combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional, com destaque para Mar-celino dos Santos e Alberto Joaquim Chipande.

O Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, com a Tocha, ladeado por

Marcelino dos Santos, à esquerda e Alberto Chipande, à direita

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A Marcha partiu, em seguida, para a Província de Niassa no dia 24 de Maio. Escalou, sucessivamente, as Províncias de Nampu-la, Zambézia, Tete, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo, tendo chegado a cidade de Maputo no dia 25 de Junho, onde as comemorações tiveram o seu ponto culminante.

Integrada nos esforços do Governo de Moçambique na redução da pobreza absoluta, a Marcha possuía uma dimensão social, económica, política e histórico-cultural. Com efeito, a nível social e político, traduziu-se no envolvimento e reflexão de todos os mo-çambicanos, sobre o desenvolvimento do país, o que reforçava o sentimento de pertença a uma mesma pátria.

No que se refere à dimensão histórico-cultural, é de sublinhar que a Marcha foi orientada para passar por alguns locais históricos,

um gesto de homenagem e resgate dos valores do pa-trimónio histórico e cultural, essenciais, por serem refe-rências no combate contra a pobreza. De facto, a To-cha da Chama da Unidade passou por Nwadjahane, Chilembene e Malehice, aldeias natalícias de Edu-ardo Chivambo Mondla-ne, primeiro Presidente da FRELIMO e Arquitecto da Unidade Nacional, Samo-ra Moisés Machel, primeiro Presidente da República Popular de Moçambique, e Joaquim Alberto Chissa-no, primeiro Presidente da República de Moçambique, respectivamente.

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Ainda inserido na valorização do património histórico-cultural, a Chama da Unidade passou, igualmente, pelo monumento de Chaymite, em homenagem à Ngungunyane Nqumayo, último Rei do Estado de Gaza e um dos símbolos da Resistência contra a penetração colonial. Estes actos visavam a educação das novas gerações e a valorização do legado histórico do país. Enaltecen-do a importância desta Chama, alguns dirigentes fizeram vários pronunciamentos, tais como:

Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Mo-• çambique;

- “Um dos propósitos da iniciativa é manter viva a Chama da Uni-dade Nacional, bem como a necessidade da consolidação e da reafirmação da nossa cidadania, nascida com a proclamação da Independência Nacional”.7

7 Jornal Notícias, 25.05.2005.

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Virgília Matabele, • então Minis-tra da Mulher e da Acção Social;

- “O Governo pretende, com esta manifestação, reafirmar a impor-tância histórica da Independência do país, da Unidade Nacional e, promover os valores da cidada-nia, contribuir para a educação das novas gerações em valores patrióticos, bem como insistir na

importância do envolvimento de toda a população na luta contra a pobreza”.8

Lázaro Mathe, então Gover-• nador da Província de Cabo Delgado;

- “A chama simboliza o compro-metimento dos moçambicanos no reforço da Unidade Nacional, bem como no Combate a Pobre-za Absoluta. A erradicação deste mal só será possível com a parti-cipação de todas as forças vivas da sociedade moçambicana”.9

8 Entrevista de 24.05.2005, Maputo.

9 Jornal Notícias, 25.05.2005.

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Roque Vicente Chooly, Secretário da • Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN);

- “O impacto positivo da Marcha da Cha-ma da Unidade, vê-se, de entre outras formas, pelo entusiasmo de todas as pessoas que se envolvem no percurso, o que é sinal de passagem de testemunho entre gerações”.10

A Marcha de 2005 exortava os cidadãos, não só para a importân-cia da consolidação da Unidade Nacional, como também para o maior envolvimento dos moçambicanos na luta contra a pobreza. A auto-estima é outro paradigma trazido por esta Marcha, visando resgatar os valores culturais, salientando o papel de cada moçam-bicano como actor pró-activo, que olha para a pobreza não como uma fatalidade ou predestinação, mas sim, como um obstáculo transponível.

10 Entrevista de 26.03.2010, Matola.Entrevista de 26.03.2010, Matola.

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5. 2010: Terceira Chama da Unidade

A Marcha da Chama da Unidade, a realizar-se sob o lema “35 Anos Unidos na Luta contra a Pobreza, Três Gerações, Um Só Povo, Uma Só Nação”, está enquadrada no 35º Aniversário da In-dependência Nacional. Este evento mostra uma linha de continui-dade dos ideais defendidos nas primeiras duas marchas, porém, havendo respeito às dinâmicas de cada etapa de desenvolvimen-to. Enquanto em 1975 a Marcha exaltava os moçambicanos para a Unidade Nacional e a edificação de uma Nação Próspera, em 2005, fazia ênfase ao envolvimento dos cidadãos na Luta Contra Pobreza.

Em 2010, com a Marcha propõe-se a continuidade dos postulados anteriores. No entanto, tem a particularidade de destacar o pro-tagonismo da juventude, a chamada Geração de Viragem. Com este envolvimento pretende-se, por um lado, inculcar os valores históricos da Luta Armada de Libertação Nacional, da reconstru-ção pós-independência e, por outro, os desafios que caracterizam a actualidade.

A respeito da relevância do envolvimento da juventude, Maurício Vieira, Governador da Província de Sofala, teceu os seguintes co-mentários:

- “ Na fase actual, a Chama da Unidade significa o despertar do patriotismo, para se saber que a Independência de Moçambique não veio de bandeja. Ela foi resul-tado de um grande sacrifício dos melhores filhos de Moçambique. Exalta, igualmente, a Geração do 8 de Março e a de Viragem. Constitui um momento de passa-

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gem de testemunho aos mais jovens, para abraçarem os desafios da actualidade e do futuro”.11

À semelhança de 1975 e 2005, a Tocha da Chama da Unidade partirá de Nangade, província de Cabo Delgado, percorrendo o país, até Maputo, onde chegará no dia 25 de Junho. Em 2010, a Marcha da Chama da Unidade tem o início previsto para o dia 7 de Abril, dia da Mulher moçambicana. Este acto visa glorificar o engajamento e contributo da mulher no desenvolvimento do país.

Debruçando-se sobre as expectativas em torno desta Marcha, Fi-lipe Paúnde, Secretário Geral do Partido FRELIMO, referiu:

- “Esperam-se resultados visíveis, pois, os moçambicanos, com base nas sessões de reflexão sobre as realiza-ções dos 35 anos da Independência, vão poder visualizar melhor os fei-tos da governação da FRELIMO, ao longo deste período. Para participar nas cerimónias desta Marcha, além de Partidos Nacionais, foram convi-dados Partidos irmãos, como o Cha-ma Chama Pinduzi, da Tanzania, a ZANU-FP, do Zimbabwe, o MPLA, de Angola e o ANC, da África do Sul”.12

11 Entrevista, de 26.03.2010, Matola.. 12 Entrevista de 02.04.2010, Maputo.

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Fontes

Jornal Notícias, 3/6/1975, Maputo. Jornal Notícias, 25/6/1975, MaputoJornal Notícias, 26/6/1975, Maputo.Jornal Notícias, 27/6/1975, Maputo.Jornal Notícias, 25/06/2005,Maputo.Jornal Notícias, 26/06/2005, Maputo.Jornal Notícias, 15/3/2010, Maputo.Jornal Notícias, 16/3/2010, Maputo.http://pt.wkipedia.org/wiki/Hestia

Lista de Entrevistados

Filipe Paúnde, Secretário Geral do Partido FRELIMO, 02/04/2010, Maputo.

Maurício Vieira, Governador da Província de Sofala, 26/03/2010, Matola.

Raimundo Pachinuapa, Tenente General na Reserva, 02/04/2010, Maputo.

Roque Vicente Chooly, Secretário da Associação dos Comba-tentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN), 26/03/2010, Ma-puto.

Virgília Matabele, ex-Ministra da Mulher e da Acção Social, 25/05/2005, Maputo.

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