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Método das Boquinhas Renata Jardini CRFa: 4028-SP - CRFa: 2025/PJ - CNPJ: 09.508.047/0001-35 1 Rua Afonso Pena, 10-52 - Bauru/SP CEP: 17060-250 - Tel.: (14) 3206.2541 - (21) 98593.0254 www.metododasboquinhas.com.br 1º SIMPÓSIO NACIONAL DE BOQUINHAS RIO DE JANEIRO Aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 12/04/14, o 1º Simpósio Nacional de Boquinhas, uma Tecnologia Educacional reconhecida pelo MEC. O local do evento foi na Faculdade Estácio de Copacabana. O objetivo desse evento, inédito e inovador foi promover a Tecnologia Boquinhas, divulgando seus resultados e apresentando trabalhos desenvolvidos para estimular, alfabetizar e reabilitar a leitura e escrita de crianças, jovens e adultos. Além disso, pretendeu-se promover reflexões sobre a alfabetização nacional, as facilidades e os entraves enfrentados por educadores e como Boquinhas vem contribuindo para melhorar essa aprendizagem, oferecendo conteúdo, segurança e autoestima a todos os envolvidos. Dentre os palestrantes constaram 15 (quinze) Multiplicadores de Boquinhas, que aplicaram o trabalho nas redes públicas e privadas de ensino, em clínicas e escolas especializadas, bem como uma professora e Psicopedagoga, não vinculada à equipe de Multiplicadores, mas que usa Boquinhas. Todos apresentaram Temas Livres. Com isso pretendeu-se fomentar a pesquisa científica, integrando e abrindo parcerias entre educadores, profissionais afins e interessados em geral. Nesse evento foi apresentado em caráter inédito o PLIN (Protocolo Lince de Investigação Linguística), desenvolvido pela autora Renata Jardini, para se triar crianças em fase de alfabetização, detectando suas facilidades e dificuldades, abrindo precedentes para uma mediação e planejamento educacionais mais consistentes e favorecendo os encaminhamentos para avaliação diagnóstica dos casos com tendências de alterações patológicas. Responsável: Dra. Renata Jardini Comissão Científica: Dra. Lydia Ruiz, Maura Albano e Andréa Vilella de Paula Comissão de Divulgação: Carla Santos, Carina Blanco e Alexandra Moteka Contato e informações: [email protected] www.metododasboquinhas.com.br

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Método das Boquinhas Renata Jardini CRFa: 4028-SP - CRFa: 2025/PJ - CNPJ: 09.508.047/0001-35

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1º SIMPÓSIO NACIONAL DE BOQUINHAS – RIO DE JANEIRO

Aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 12/04/14, o 1º Simpósio Nacional de Boquinhas, uma Tecnologia Educacional reconhecida pelo MEC. O local do evento foi na Faculdade Estácio de Copacabana.

O objetivo desse evento, inédito e inovador foi promover a Tecnologia Boquinhas, divulgando seus resultados e apresentando trabalhos desenvolvidos para estimular, alfabetizar e reabilitar a leitura e escrita de crianças, jovens e adultos.

Além disso, pretendeu-se promover reflexões sobre a alfabetização nacional, as facilidades e os entraves enfrentados por educadores e como Boquinhas vem contribuindo para melhorar essa aprendizagem, oferecendo conteúdo, segurança e autoestima a todos os envolvidos.

Dentre os palestrantes constaram 15 (quinze) Multiplicadores de Boquinhas, que aplicaram o trabalho nas redes públicas e privadas de ensino, em clínicas e escolas especializadas, bem como uma professora e Psicopedagoga, não vinculada à equipe de Multiplicadores, mas que usa Boquinhas. Todos apresentaram Temas Livres.

Com isso pretendeu-se fomentar a pesquisa científica, integrando e abrindo parcerias entre educadores, profissionais afins e interessados em geral.

Nesse evento foi apresentado em caráter inédito o PLIN (Protocolo Lince de Investigação Linguística), desenvolvido pela autora Renata Jardini, para se triar crianças em fase de alfabetização, detectando suas facilidades e dificuldades, abrindo precedentes para uma mediação e planejamento educacionais mais consistentes e favorecendo os encaminhamentos para avaliação diagnóstica dos casos com tendências de alterações patológicas.

Responsável: Dra. Renata Jardini

Comissão Científica: Dra. Lydia Ruiz, Maura Albano e Andréa Vilella de Paula

Comissão de Divulgação: Carla Santos, Carina Blanco e Alexandra Moteka

Contato e informações: [email protected]

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SUMÁRIO

1 – Psicogênese da língua escrita – da teoria à prática ............................... 3 Andréa Vilella de Paula

1

2 – Boquinhas e cinoterapia ......................................................................... 9 Eliene Pereira da Anunciação

2

3 – Boquinhas x libras e língua portuguesa .................................................. 14 Claudiane Campos

3

4 – Intervenção psicopedagógica sob enfoque fonovisuarticulatório em crianças de risco para dislexia ................................................................ 17

Isabella Lencastre Heinemann4 e Cíntia Alves Salgado Azoni

5

5 – Aprendendo com Boquinhas na Educação Infantil.................................. 20 Eliane Maia M. Moreira

6, Márcia Maia de Miranda Barros

7, Roberta C. de Oliveira

8

6 – Método das boquinhas na educação infantil: um estudo comparativo.... 25 Juliana Lemo Orfanó

9

7 – Alfabetização de crianças com síndrome de down uma experiência com o método das boquinhas ................................................................. 30

Maria das Graças Fernandes Koga10

e Adriana Manfrim11

8 – Boquinhas na EJA: uma parceria de sucesso ........................................ 34 Carina Teixeira Blanco

12

9 – EAD Boquinhas: uma proposta de formação continuada ....................... 42 Alexandra S. Moteka

13 e Carolina Luna B. P. Victoria

14

10 – Método das Boquinhas: benefícios da formação continuada e seus impactos na alfabetização de uma rede municipal de ensino .............. 49

Jeanine C. Elgersma15

11 – Implantação do Método das Boquinhas em Sapezal/MT ..................... 54 Suélia Pinheiro

16

12 – A implantação do Método das Boquinhas em uma clínica multidisciplinar: alfabetizando, reabilitando e garantindo resultados.... 59

Maura Cecília Gonçalves Albano17

13 – Dificuldades de segmentação da escrita: uma proposta de intervenção com o Método das Boquinhas .......................................... 65

Lisiane Pereira De Araújo18

14 – Alfabetização com o Método das Boquinhas em crianças autistas ..... 68 Sergia Rosana R. L. Jacó Gomes

19

15 – Boquinhas no desenvolvimento da leitura e da escrita: um modelo de intervenção com tarefas na clínica e para casa .............................. 71

Clarisse Gomes20

16 – Conhecendo a mim mesma .................................................................. 77 Maisa Gomes Bezerra Chaga

21

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PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA – DA TEORIA À PRÁTICA

Andréa Vilella de Paula1

INTRODUÇÃO

Nas etapas iniciais da alfabetização as crianças criam hipóteses sobre o que é escrever, as quais estão repletas de ocorrências que mostram o quanto ela já domina ou não o “código” ou representação da escrita. Nesta perspectiva, considera-se que o “erro” faz parte do processo de aprendizagem.

O educador precisa entender como o cérebro da criança processa a leitura e a escrita e precisa dominar a psicogênese da língua escrita, caso contrário ele tende a atrasar o processo de alfabetização sem conseguir que a criança avance nos níveis de escrita propostos pela teoria de Emília Ferreiro até estar alfabetizada.

Levando em conta que a aprendizagem da leitura e da escrita, diferentemente da fala, necessita ser ensinada, faz-se necessário adotar uma metodologia que considere estes pressupostos, como acontece com o Método das Boquinhas.

OBJETIVOS

- Estudar o nível de conhecimento dos educadores sobre a Psicogênese da escrita;

- Estudar se o educador faz uso do conhecimento da Psicogênese em sua prática pedagógica;

- Analisar a habilidade do educador para avaliar e mediar os alunos para que sejam alfabetizados eficazmente.

MATERIAL E MÉTODOS

No primeiro momento deste trabalho foram resgatadas algumas abordagens teóricas através de pesquisa bibliográfica, na qual se buscou levantar a visão de alguns autores sobre concepções de linguagem, concepções de erro, avaliação formativa e sobre a teoria da Psicogênese da Língua Escrita, temas importantes quando discutimos a alfabetização.

Em um segundo momento foi realizada uma pesquisa de campo com os educadores que atuam no ciclo de alfabetização (1º, 2º e 3º ano) de um Município do interior do estado do Rio de Janeiro. Esta pesquisa foi realizada pela própria autora por meio de entrevista com 21 (vinte e um) professores das 6 (seis) diferentes escolas do referido Município.

Por fim, confrontou-se essas abordagens teóricas com os resultados da pesquisa de campo realizada e relacionou-os com o Método das Boquinhas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste trabalho adotamos a concepção da linguagem como forma de interação, segundo a qual “mais do que possibilitar uma transmissão de informação, a linguagem é vista como lugar de interação humana, de relações sociais, onde os falantes se tornam sujeitos” (GERALDI, 2003).

1 Fonoaudióloga, Especialista em Alfabetização e Linguagem, Psicopedagoga, Tutora EAD e Multiplicadora do Método

das Boquinhas

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Estes sujeitos devem ser vistos como um todo, pois analisá-lo de forma fragmentada certamente resultará numa visão fragmentada, deturpada, distorcida, a qual influenciará negativamente as políticas (educacionais, sociais, de saúde, etc.) e ações a eles dirigidas.

Gomes (2000), ao realizar uma pesquisa durante o ano de 1993, observou que os educadores adotam mecanismos variados para separar os “bons” dos “maus” alunos. Esses critérios vão desde o processo de socialização, o respeito às normas disciplinares e fixadas pela escola, o remanejamento, até o encaminhamento para clínicas ou escolas especializadas.

Este procedimento nos mostra que o processo avaliativo traz toda uma concepção de sujeito, de linguagem, de erro, do que é aprender, uma visão tradicionalista que centra no aluno as responsabilidades pelo seu aprendizado ou pelo seu “fracasso”. Nisto se baseia um preconceito muito comum no meio escolar.

Tanto o erro quanto o insucesso podem e devem ser utilizados como fonte da aprendizagem escolar. Embora, esta afirmação seja quase um chavão na educação do nosso país, não a vemos ser aplicada na prática das avaliações de nossas escolas. Luckesi (2002) nos explica o fundamento desta afirmação. Para ele, quando a solução de uma busca é mal sucedida ela nos dá duas indicações valiosas para o processo de aprendizagem: em primeiro lugar, ainda não se chegou à solução necessária, e, em segundo lugar, é a indicação de um modo de não se resolver determinada necessidade (LUCKESI, 2002).

Ferreiro e Teberosky (1999) e seus colaboradores desenvolveram pesquisas na educação, especificamente na alfabetização, explicaram como ocorre a construção da linguagem escrita pela criança. Um dos objetivos principais foi direcionar o olhar dos educadores pelos caminhos pelos quais as crianças passam em seus processos de construção do conhecimento, a fim de que a escola respeite esse processo e proporcione grandes possibilidades de estímulo para essas construções.

A partir desses estudos foi desenvolvida a teoria da Psicogênese da Língua Escrita que destaca quatro hipóteses fundamentais para a compreensão de como as crianças adquirem a linguagem escrita, que são: hipóteses pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética.

Para que seja feito um bom acompanhamento do processo de aprendizagem dos alunos, principalmente na alfabetização, faz-se necessário um balanço periódico de suas aquisições. Tal avaliação deve ser formativa, ou seja, deve ser processual, diária e contínua, levar em consideração o ser, o pensar e o agir do aluno, além de contribuir para as estratégias de ensino/aprendizagem. O fato de ser uma avaliação processual, permite que o aluno seja acompanhado mais de perto e as atividades sejam repensadas, replanejadas. Assim, a avaliação formativa também é um instrumento para reorientar a prática e elaborar um planejamento capaz de gerar avanços na aprendizagem.

RESULTADOS

Sobre a concepção de erro, os resultados da pesquisa indicaram que 60% das respostas dos professores pesquisados expressaram que eles acreditam que os supostos erros que os alunos cometem em sua escrita são de fato erros e que as causas estariam centradas no próprio aluno. Cerca de 20% das respostas indicaram que o professor pode ser o responsável pelos erros ocorridos, ao passo que outros 20% consideram que não são erros essas ocorrências, mas sim, hipóteses que o aluno está levantando acerca do que é escrever, portanto, são “naturais”, fazem parte do processo.

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Analisando os pressupostos da psicogênese discutidos na formação dos professores, descobriu-se que todos os que participaram da pesquisa cursaram o magistério no Ensino Médio entre as décadas de 80 e 90, justamente quando estavam começando a serem divulgadas no Brasil as pesquisas de Emília Ferreiro e a teoria da psicogênese da língua escrita. Ainda, cerca de 86% deles fizeram curso superior na área da Educação entre o ano 2000 e 2005 ou estão cursando.

Entretanto, apenas 47% dos educadores afirmaram terem estudado sobre a psicogênese da língua escrita ao longo de sua formação e os demais disseram que estudaram, mas não lembram bem ou estudaram pouco (33%) e 20% afirmam não terem estudado sobre esse assunto na sua formação (Gráfico 1). Este índice pode ser considerado muito baixo, tendo em vista a importância desta teoria para a compreensão por parte dos docentes sobre como se dá o processo de aprendizagem da escrita pela criança.

Indagados sobre a avaliação diagnóstica da escrita, 77,7% dos professores destacaram sua relevância para conhecer os níveis de aprendizagem que os alunos já atingiram e 18,5% ainda ressaltaram que é fundamental a avaliação diagnóstica na elaboração das diretrizes de sua prática e/ou como subsídio para um melhor planejamento de suas aulas. Entretanto, quando indagados sobre a utilização dos conhecimentos acerca da Psicogênese da Língua Escrita nas suas práticas pedagógicas apenas 61,9% dos professores respondeu que usa e 38,1% admitiram não usá-los (Gráfico 2). Observa-se nestes dados uma contradição, pois apesar da maioria dos professores considerarem importante a avaliação da escrita dos alunos, inclusive para servir de base para seu planejamento e intervenção, na prática muitos não fazem uso desta ferramenta para avaliar a evolução de seus alunos na leitura e na escrita. Sendo assim, pode-se questionar por que será que isto acontece? Qual o conhecimento que estes professores têm de fato sobre a teoria da psicogênese da língua escrita?

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Solicitou-se, então, que citassem as quatro principais fases/hipóteses descritas pela teoria em questão, sendo que 57% dos professores apresentaram as fases pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética. Não souberam que fases seriam estas 14,29% dos professores. Outros 28,57% esqueceram alguma fase ou se confundiram ao citá-las. Supondo que a simples citação das fases poderia não retratar a realidade quanto ao conhecimento dos professores sobre a Psicogênese da Língua Escrita, foram apresentadas a eles amostras de escrita de alunos para que indicassem as hipóteses de escritas nas quais estariam seus autores. Os resultados permitiram concluir que apenas 47,62% dos professores consegue analisar e indicar corretamente a hipótese utilizada pelos autores das amostras de escrita apresentadas. Não souberam indicar as hipóteses de escrita utilizadas pelos alunos 9,52% dos professores. Outros 42,86% dos professores confundiram esses níveis de escrita nas suas análises ou as nomenclaturas (Gráfico 3).

Cada amostra de escrita foi novamente apresentada aos professores que foram solicitados a sugerir pelo menos uma intervenção pedagógica que permitisse aos alunos avançarem em suas hipóteses de escrita. Para esta análise foram consideradas apenas as respostas dos professores que souberam indicar corretamente as hipóteses de escrita dos alunos nas amostras (os 47% do gráfico 3). Os resultados foram os seguintes: na amostra de escrita pré-silábica, 61,11% dos professores sugeriram atividades adequadas para ajudar o aluno a avançar para a hipótese silábica; na amostra de escrita silábica, o percentual dos que sugeriram atividades adequadas para ajudar o aluno a avançar para a

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hipótese silábico-alfabética foi de 37,5%; na amostra de escrita silábico-alfabética este percentual caiu para 23,53% dos professores que sugeriram atividades adequadas para ajudar o aluno a avançar para a hipótese alfabética (Gráfico 4).

DISCUSSÃO

A metodologia Boquinhas respeita a Psicogênese da Língua Escrita e está estruturada de forma a "induzir" o aluno a avançar de uma hipótese para outra de forma rápida até ser alfabetizado. Por isso Boquinhas (JARDINI, 2010, 2011, 2013) se preocupou com uma sequência de atividades coerente, além de usar a boca como uma “ferramenta” que torna o processo da leitura e escrita mais concreto e real. Desta forma os educadores conseguem não só compreender, mas usar as hipóteses de escrita dos alunos na prática. Isto faz de Boquinhas uma metodologia que traz resultados efetivos.

Na prática observa-se que as metodologias mais divulgadas e comumente utilizadas na alfabetização não se propõem a discutir as hipóteses propostas pela teoria da Psicogênese da Língua Escrita. Acredita-se que a falta de conhecimento e/ou a não utilização desta teoria podem ser a causa dos resultados desses métodos serem mais demorados ou nem chegam a ocorrer, principalmente para aqueles alunos que têm mais dificuldade e não conseguem sem ajuda construir sua aprendizagem de como funciona a leitura e a escrita. Da mesma forma, o professor muitas vezes não compreende as hipóteses do aluno, pois não percebe na prática como elas acontecem.

CONCLUSÃO

Concluiu-se com este trabalho que muitos professores ainda apresentam uma concepção de aprendizagem e uma concepção de erro tradicionalista, embora seu discurso esteja baseado em pressupostos construtivistas, amplamente discutidos nas formações continuadas a eles oferecidas, seja pela Secretaria Municipal de Educação ou pelo MEC.

Ficou evidente nos resultados da pesquisa que a maioria dos professores até já “ouviu falar” da teoria da Psicogênese da Língua Escrita, mas não a usam com frequência para acompanhar a evolução da escrita de seus alunos e muito menos para planejar suas intervenções, pois não dominam esta teoria e, em consequência, não conseguem propor

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atividades adequadas para que estes alunos avancem com rapidez e segurança nas suas hipóteses de escrita.

Há que se considerar a possibilidade de implementar uma metodologia de alfabetização que respeite a capacidade dos alunos de construir suas hipóteses sobre o que é escrever e que esteja estruturada com base na Psicogênese da Língua Escrita. Vale ressaltar que o Método das Boquinhas atende a esses requisitos!

Além disso, Boquinhas é uma metodologia que considera os recentes estudos da neurociência que atestam a eficácia de estímulos multissensoriais e, principalmente, fonovisuoarticulatórios. Estímulos estes que ativam a área pré-frontal do cérebro que tem papel significativo na leitura e na escrita possibilitando que as aprendizagens sejam sedimentadas.

Acredita-se que as evidências alcançadas com o resultado da presente pesquisa não se restringem apenas ao município onde ocorreu a pesquisa, mas que esta seja a realidade da educação na maioria do país e talvez uma das grandes causas do fracasso escolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

FERREIRO, E.. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Editora Cortez, 1993.

FERREIRO, E. e TEBEROSKY, A.. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.

GERALDI, J. W. (org.). Escrita, Uso da Escrita e Avaliação. In: O texto na sala de aula. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2003.

GOMES, M. F.. Leitura e Escrita: A Produção dos Maus e Bons Alunos. In: Dificuldades de aprendizagem na alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T.. Alfabetização com Boquinhas: Aluno. 4.ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R. e GUIMARÃES, V.A.. Aprender + com boquinhas: aluno. Bauru: Boquinhas, 2013.

JARDINI, R. S. R.. Método das Boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita - Livro 1, fundamentação teórica. 3.ed. Bauru: Boquinhas, 2010.

JARDINI, R. S. R.. Boquinhas no desenvolvimento infantil: Aluno. Bauru: Boquinhas, 2011.

LUCKESI, C. C.. Avaliação da Aprendizagem Escolar – 14ª edição. São Paulo: Cortez Editora, 2002.

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BOQUINHAS E CINOTERAPIA

Eliene Pereira da Anunciação2

INTRODUÇÃO

Cinoterapia é uma terapia facilitada por cães, na qual profissionais de diversas áreas utilizam este instrumento como reforçador, estimulador e facilitador da reabilitação global do assistido.O Projeto Cinoterapia é uma das propostas de atendimento aos alunos da Associação de Pais e amigos dos excepcionais de Sabará (APAE – Sabará), pioneira nesta modalidade de intervenção no Estado de Minas Gerais, sendo realizada através da parceria entre as equipes da APAE de Sabará e o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) - este último representado pelo Canil desta Instituição.

Venturoli (2004) cita em seu artigo estudos que demonstram que os animais de estimação satisfazem várias necessidades humanas – da saúde física e emocional ao aprendizado intelectual e motor. Este mesmo autor afirma que pesquisas demonstram que crianças que têm um bichinho por companhia desenvolvem mais rapidamente suas habilidades cognitivas e sócio-emocionais, pois as mascotes incentivam a comunicação, a responsabilidade das crianças e facilitam sua convivência com os demais membros de seu grupo, além de ajudar a fazer amizades e a encarar a vida com otimismo.

Venturoli (2004) e Bergamo (2005) afirmam que a explicação encontrada por psicólogos para todo esse efeito benéfico é que a atenção dispensada a um animal de companhia nos transmite a sensação de utilidade, conforto e segurança. No relato dos profissionais da saúde, o contato com os bichos libera no corpo a endorfina e serotonina, substâncias que funcionam como analgésico, relaxante natural, reforçam as defesas do organismo e proporcionam sensação de prazer.

Amorim (2004) e Bergamo (2005) afirmam que o uso de animais como auxiliares em centros de saúde iniciou em 1792, no Retiro York, quando pacientes com doenças mentais puderam cuidar de animais da Instituição, no caso cães, e recebiam reforço positivo da equipe que os acompanhava. Esta técnica recebeu a denominação de Terapia Facilitada por cães (TFC), atualmente denominada de Cinoterapia.

O primeiro estudo científico sobre o assunto foi publicado na década de 60 e nos anos 80 já havia vários estudos que comprovaram a eficácia deste tipo de técnica para beneficiar a coordenação motora, habilidades cognitivas e sócio emocionais, diminuir a ansiedade e motivar o individuo entre outras de acordo com Bergamo (2005),

Este mesmo autor acrescenta que a Cinoterapia com crianças teve o Dr. Levinson como introdutor da técnica. Após pesquisa intensa, chegou-se à conclusão de que a terapia com cães é benéfica em atividades educacionais e terapêuticas. As crianças ficam mais dispostas, interessadas e mais à vontade nas atividades em que o cão está presente. Johnson, em 1983, discutiu os benefícios da Terapia com cães em trabalhos com crianças portadoras de necessidades especiais. A Cinoterapia foi capaz de provocar boas respostas nesta clientela.

No Projeto Cinoterapia realizado na APAE – Sabará, as pessoas, em sua maioria crianças e adolescentes, são estimuladas pela presença de cães e assim conseguem se

2 Fonoaudióloga, Especializada em Linguagem com Enfoque nos Distúrbios de Linguagem, Aprendizagem no Âmbito

Educacional, Especializanda em Psicopedagogia e Multiplicadora do Método das Boquinhas.

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desenvolver de uma forma mais rápida e eficaz. O cão motivador é conduzido nas sessões por um bombeiro militar capacitado e o paciente acompanhado por um profissional de saúde habilitado, compondo um conjunto de sucesso.

Além dos atendimentos, avaliações e capacitações periódicas são realizadas com o intuito de quantificar os resultados obtidos com cada assistido pelo Projeto, tanto na qualidade de vida de cada indivíduo como na sua família e meio social.

BOQUINHAS E CINOTERAPIA

Em 2011 a APAE Sabará adquiriu materiais (livros e jogos) da Tecnologia Educacional Boquinhas e capacitou uma pedagoga e duas professoras (curso Alfabetização e Distúrbios ministrado por Renata Jardini em Pedro Leopoldo MG).

Desde então duas turmas começaram a ser alfabetizadas pelo Método das Boquinhas, que é um Método Fonovisuoarticulatório. Este método utiliza, além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). Seu desenvolvimento foi alicerçado na Fonoaudiologia, em parceria com a Pedagogia, indicado para alfabetizar quaisquer crianças, jovens e/ou adultos e reabilitar os distúrbios da leitura e escrita (JARDINI, 1997, 2006).

Esta metodologia de aprendizagem alia inputs neuropsicológicos, como os sons/fonemas, às letras/grafemas, bem como às boquinhas/articulemas.

O grupo era composto por cinco alunos de ambos os sexos, com faixa etária entre 07 e 08 anos com diagnóstico de deficiência intelectual moderada. Foram 12 atendimentos de 40 minutos cada. Neste trabalho aplicou-se o Método das Boquinhas e ao mesmo tempo este grupo fazia parte do projeto Cinoterapia. Foram, então, criadas novas atividades associando as duas técnicas.

OBJETIVO GERAL

Oferecer modalidade terapêutica – Cinoterapia – aos portadores de necessidades especiais da APAE de Sabará, buscando o aprimoramento da reabilitação e contribuindo para melhoria da qualidade de vida, dentro de enfoque científico, numa perspectiva interdisciplinar ao seu assistido, fazendo com que este desenvolva suas capacidades físicas, cognitivas, sociais e funcionais necessárias para seu desenvolvimento global e, com isso, assumir o máximo de independência possível para sua efetiva inclusão social.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Proporcionar estimulação sensorial,

Estimular a memória,

Estimular atenção e a cognição;

Desenvolver o raciocínio,

Desenvolver a consciência fonêmica e fonoarticulatoria;

Desenvolver linguagem oral e escrita.

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DESENVOLVIMENTO

A Cinoterapia iniciou na APAE – Sabará em 2004. Esta técnica é utilizada pelos profissionais que compõem a equipe clínica do Projeto, sendo Psicólogo, Terapeuta Ocupacional, Fonoaudiólogo e Fisioterapeuta, capacitados em diferentes especialidades das áreas de saúde e educação. As sessões acontecem uma vez por semana, no dia e horário pré-estabelecidos pela Instituição e CBMMG.

1ª etapa: Avaliação

A avaliação dos possíveis assistidos pelo Projeto Cinoterapia baseia-se em uma observação inicial que consiste em detectar o quanto poderia ser positiva a inclusão do aluno neste tipo de abordagem. Para isso observa-se: dificuldade de motivação do assistido durante a terapia convencional e quanto tempo este vem sendo submetido a este tipo de abordagem; interesse do assistido pelo animal ou dificuldade apresentada de relação interpessoal e com o meio; quadro clínico apresentado e possíveis ganhos sobre este.

Após esta observação, com resultado positivo para inclusão nos atendimentos cinoterápicos, realiza-se o teste alergológico (exame médico padronizado) que, após negativo para alergias a pêlos de cães e poeira, solicita-se a autorização dos responsáveis para sua inclusão no Projeto e divulgação da imagem do menor.

Uma avaliação padronizada na área que este receberá intervenção é feita para que se possa mensurar habilidades e dificuldades a serem abordadas. Associado a esta avaliação, coleta-se o relato dos pais e do professor referência deste aluno. Com isso, traçasse os objetos individuais para a terapia.

2ª etapa: Atendimentos

Esta etapa é composta pelas atividades propriamente ditas. Utilizam-se modelos, técnicas e abordagens próprias de cada área de atuação em concomitância com a inclusão do cão nestas.

As atividades são avaliadas previamente de acordo com a necessidade de cada assistido, sendo planejadas e estruturadas visando os pontos a serem trabalhados e objetivos a serem alcançados.

Tais atividades podem ser realizadas de maneira individual ou grupal, no setting cinoterápico ou área externa a este, dentro ou fora da Instituição. Porém, serão sempre acompanhadas pelo profissional responsável.

EXEMPLOS DE ATIVIDADES

Banner individual com as vogais – Boquinhas - cada criança era estimulada a dizer que vogal estava sendo apresentada no banner e falar uma palavra com a mesma.

Assim que a criança realizasse a atividade ela poderia passear com o cão pelo pátio da escola.

Achar a carta com o articulema e grafema correspondente ao do seu nome - utilizando as cartas do jogo remata as crianças eram estimuladas a procurarem a carta com a boquinha e letra correspondente ao seu próprio nome.

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Como recompensa, poderiam dar comando verbal para o cão, tais como: deita, rola, finge de morto, etc.

O cão aponta com a pata ou fareja um banner de boquinhas e as crianças dizem que boquinhas é aquela - neste momento o cão é orientado pelo bombeiro.

Percepção visual e nomeação - usando o tabuleiro do jogo Lince de Boquinhas cada criança devera dizer o nome das figuras da uma linha ou coluna escolhida.

Escrever as vogais ditas pelo terapeuta - o terapeuta deverá fazer apenas o articulema das vogais e cada criança deverá desenhar no chão do pátio com giz a letra indicativa de cada articulema.

As crianças fazem o articulema - nesta atividade cada criança antes de passear com o cão deverá fazer o articulema de uma vogal sem a produção sonora (apenas gestos) e o terapeuta é quem diz que vogal é aquela.

Diga 03 nomes - utilizando as cartas do jogo Remata cada criança pega uma cartinha e deverá dizer 03 nomes de objetos que iniciam com aquele articulema.

Depois de cada atividade cumprida à criança ganha um passeio com o cão pelo pátio da escola.

CONCLUSÃO

Neste trabalho foi possível constatar, o que os autores já descreveram ao afirmarem que a terapia com cães é benéfica em atividades educacionais e terapêuticas. As crianças ficam mais dispostas, interessadas e mais à vontade nas atividades em que o cão está presente.

Aliar a Cinoterapia com Boquinhas permitiu que as crianças melhorassem significativamente a atenção, coordenação espaço/temporal e a associação fonema/grafema. O toque, dizem os estudiosos desta questão, aumenta a nossa autoestima, e desenvolve no ser humano, sentimentos de proximidade, segurança e confiança. A Cinoterapia propicia a oportunidade do toque e, também por isso, foi capaz de provocar boas respostas nos assistidos pelo projeto.

Os objetivos propostos neste trabalho foram aos poucos alcançados, na medida em que as crianças realizavam às atividades.

A desatenção em sala era um queixa constante dos professores, com o apoio do cão e da tecnologia educacional Método das Boquinhas o foco de atenção foi mantido por mais tempo e como consequência, houve melhora do aprendizado e a fixação dos fonemas e articulemas já vistos em sala de aula.

Foram repassadas ao professor as estratégias utilizadas, bem como as dificuldades observadas durante as atividades.

Infelizmente a parceria entre Boquinhas e Cinoterapia teve que ser interrompida, pois o cão adoeceu (câncer na pata dianteira) e veio a falecer.

No momento outro cão está sendo adestrado pelos bombeiros e o projeto foi temporariamente suspenso.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BOQUINHAS X LIBRAS E LÍNGUA PORTUGUESA

Claudiane Campos3

INTRODUÇÃO

A linguagem exerce papel preponderante na constituição dos sujeitos, visto que é através dela que nos apropriamos da cultura entorno, construímos nosso entendimento sobre o micro e macro universo, e estabelecemos nossas relações sócio-afetivas. Apesar da relevância inquestionável da sua importância para os seres humanos, a possibilidade de construção da mesma para os surdos, tem sido secularmente negada, ao privá-los da aprendizagem da Língua de Sinais desde tenra idade. Esta resistência à Libras, presente tanto no seio familiar das crianças surdas, como na maioria das instituições de ensino, deriva dos mitos e preconceitos que se autoperpetuam em relação aos surdos e a Língua de Sinais. Contudo os estudos realizados com crianças surdas filhas de pais surdos, as quais têm a possibilidade de aprenderem a Língua de Sinais como primeira língua, já nos primeiros contatos com o seu entorno, são conclusivos no sentido de mostrar a importância da mesma para que estas construam uma linguagem plena e autêntica, alcançando os mesmos patamares de desenvolvimento do que as crianças ouvintes inseridas em um ambiente linguístico de modalidade oral-auditiva.

A linguagem é indubitavelmente fundamental para os sujeitos, na medida em que é através dela que nos apropriamos da cultura do entorno, construímos nosso entendimento sobre o micro e macro universo e estabelecemos nossas relações socioafetivas. Desta forma, entendemos que a linguagem exerce papel preponderante na constituição dos sujeitos, de modo que “é nela, por ela e com ela que (...) nos tornamos ‘humanos’” (LACERDA, 1998, p. 38-39).

Verifica-se que a Língua de Sinais é utilizada muito mais como um instrumento a fim de ensinar a Língua Portuguesa, que possui prestígio e goza de reconhecimento social dentre os professores que, em sua grande maioria, não possuem fluência em Libras e, tampouco, qualificação metodológica voltada ao ensino de alunos surdos. Em decorrência deste contexto, perde-se a expectativa de excelência que deveria pautar a proposta bilíngue de ensino, também prevista em lei, para os sujeitos surdos.

(...) o diálogo impulsiona a linguagem, a mente; mas depois que esta é impulsionada, desenvolvemos um novo poder, a “fala interna”, e esta que é imprescindível para nosso desenvolvimento mais amplo, nosso pensamento. (...) escreveu Vygotsky, (...) “Nós somos nossa linguagem”, costuma-se dizer; mas nossa verdadeira linguagem, nossa verdadeira identidade, reside na fala interna, no incessante fluxo e geração de significado que constitui a mente individual. É por meio da fala interna que as crianças desenvolvem seus próprios conceitos e significados. (SACKS, 1998, p. 84- 85).

Segundo Capovilla (2000), desenvolver as habilidades naturais que o Surdo tem com a Língua de Sinais e ler e escrever a língua oral do país, mas sem a necessidade da oralização para isso. Dessa forma, a Língua de Sinais é a principal (L1) e a segunda língua escrita, no caso do Brasil a Língua Portuguesa (L2). Para Quadros (2008) essa proposta busca o direito do Surdo ser ensinado em Língua de Sinais, que será adquirida entre seus pares. A oralização é opcional, mas não está ligada a apropriação dos conteúdos acadêmicos. Esta prática pode ser trabalhada fora dos muros escolares.

3 Claudiane Campos, Fonoaudióloga, Multiplicadora do Método das Boquinhas.

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O Bilinguismo compreende que não é possível sinalizar e falar ao mesmo tempo, pois a Língua de Sinais e a língua escrita possuem estruturas completamente diferentes. Capovilla (2000) ressalta que é por meio da LIBRAS que a criança aprenderá a Língua Portuguesa.

Considerando a dificuldade apresentada pelo aluno surdo quando se refere ao registro escrito da língua portuguesa, sabendo que a LIBRAS é uma língua visuoespacial, sem considerações auditivas e orais, recorremos ao desenvolvimento da habilidade proprioceptiva e leitura orofacial, inserindo-as no currículo apresentado pela escola CEAADA – Centro Estadual de Atendimento e Apoio ao Deficiente Auditivo, situado a Av Dom Aquino, 319, bairro Dom Aquino, Cuiabá/MT. Ao desenvolvermos este trabalho, compreendemos que novas alternativas devem ser realizadas para que esta clientela tenha melhor desempenho no uso da Língua Portuguesa Escrita.

OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma alternativa de aprendizado para que o aluno surdo compreenda o registro da língua portuguesa, considerando a neuroplasticidade, as habilidades já inerentes ao indivíduo surdo, o uso de atividade lúdica, jogos estruturados para o aprendizado LPE (Língua Portuguesa Escrita), inserção ao contexto psicossocial e melhora da autoestima.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados os jogos de Boquinhas: Cartaz Individual, Memória letra, Remata, Lince de Boquinhas, Livro Alfabetização – Aluno e CD Alfabetização das Boquinhas. Iniciamos o trabalho com a turma de alfabetização, com uma amostra de 05 alunos, entre 6 a 8 anos de idades, todos com “patologia de base” a deficiência auditiva. Cabe ressaltar que neste grupo, temos um aluno diagnóstico de encefalopatia Não-progressiva, característica motora “atetóide, e um aluno com Síndrome apresentando incontinência urinária, desatenção acentuada. Não consideramos o grau e tipo de perda auditiva. As atividades foram apresentadas pela fonoaudióloga e multiplicadora de Boquinhas, em LIBRAS e Língua Portuguesa escrita. Os encontros foram realizados semanalmente, sendo 3 vezes por semana, com duração de 1 hora a cada dia, com início em Março de 2013 e término em Dezembro do mesmo ano. O trabalho foi interrompido após o retorno de férias, uma vez que a escola aderiu a greve, não havendo aula durante os meses de agosto a outubro. Retomamos as atividades após o retorno as aulas.

RESULTADOS

Observamos que a habilidade de identificar o alfabeto escrito relacionado aos “articulemas” proporcionou mais velocidade nas atividades de escrita. O que denominamos carinhosamente de “GAP de compreensão” foi reduzido ao longo das intervenções. Nas atividades de nomeação de figuras, correlacionar nome da imagem x sinal da imagem x boquinhas/articulemas, identificar as boquinhas/articulemas com os quiremas, foram as que apresentaram resultado mais satisfatório. Sabemos que o currículo da educação especial, em específico ao ensino do aluno com surdez, não acompanha o mesmo cronograma, apenas o conteúdo. Há necessidade da repetição sistemática, da adaptação do mesmo objetivo em diversas estratégias e do reforço em casa. Cabe ressaltar que tivemos um prejuízo significativo, devido a paralisação da escola ao aderir a greve.

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CONCLUSÃO

Acreditamos que o trabalho de boquinhas inserido no currículo da escola CEAADA, apresentou resultado satisfatório no aprendizado dos alunos. O uso dos jogos e da relação “desafio”, fez com que alcançássemos a participação de todos os alunos. Sugerimos que este trabalho continue no próximo ano letivo.

BIBLIOGRAFIA

CAPOVILLA, F. C. Filosofias educacionais em relação ao surdo: do oralismo à comunicação total ao bilingüismo. Revista Brasileira de educação especial, vol 6 , n° 1. 2000.

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2010. (Livro 1, fundamentação teórica).

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. (Livro 2, caderno de exercícios), São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Manual do educador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Aluno. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Boquinhas na Educação Infantil: Professor. Bauru: Jardini, 2007.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Boquinhas na Educação Infantil: Aluno. Bauru: Jardini, 2007.

JARDINI, R.S.R. Lince das Boquinhas – jogo. Bauru: Jardini, 2008. www.metododasboquinhas.com.br

JARDINI, R.S.R. e CALLARI, A. O dilema da desatenção. Bauru: Jardini, 2010.

JARDINI, R.S.R; RUIZ, L.S.R. Protocolo Lince de InvestigaçãoNeurolinguística - PLIN- Resultados Preliminares. Congresso ABENEPI – 2013.

JARDINI, R.S.R e RUIZ, L.S.R. Avaliação dos Cursos de Capacitação: “Método das Boquinhas”. - Rev Psicopedagogia 2011, 28(86): 133-43.

SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

WITKOSKI , S. A.; BAIBICH-FARIA, T.M. A importância da Língua de Sinais para as pessoas surdas na construção de uma linguagem plena e genuína Rev. Eletrônica Contrapontos 2010, Vol. 10 - n. 3 - p. 338-344.

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INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA SOB ENFOQUE FONOVISUARTICULATÓRIO EM CRIANÇAS DE RISCO PARA DISLEXIA

Isabella Lencastre Heinemann4;Cíntia Alves Salgado Azoni5

PROPOSTA E JUSTIFICATIVA

No Brasil, as queixas de dificuldades na aquisição da leitura e escrita são constantes no âmbito escolar, clínico e familiar. Estudos internacionais evidenciam a importância da identificação e intervenção precoces das dificuldades escolares em crianças que iniciam a alfabetização, com desempenho abaixo do esperado aos seus pares nos pontos considerados pré-requisitos para um bom desempenho em leitura como: conhecimento do alfabeto, nomeação rápida, repetição de pseudopalavras e habilidades de consciência fonológica. No Brasil estes estudos são escassos, porém necessários para a identificação e diagnóstico da dislexia (Harn, Linan-Thompson & Roberts, 2008). Estas crianças são denominadas na literatura internacional como crianças de risco para dislexia (Gysel, Bosmann & Verthoven, 2008; Fadini & Capellini, 2010).

OBJETIVOS

Objetivo Geral

- Verificar a eficácia da intervenção, por meio de metodologia fonovisuoarticulatória (Jardini,2008;2011), em crianças com dificuldades escolares do 1o ano do Ensino Fundamental I.

Objetivos Específicos

- Comparar os achados dos procedimentos de avaliação, pré e pós testagem, de crianças com dificuldades escolares e crianças sem dificuldades escolares do 1o ano do Ensino Fundamental I;

- Comparar os achados dos procedimentos de avaliação, pré e pós testagem, em crianças com dificuldades escolares submetidas e não submetidas ao programa de intervenção.

METODOLOGIA

Participaram do estudo 11 crianças do 1° ano do ensino público fundamental de ambos os gêneros, de 6 e 7 anos de idade. Todas as crianças pertenciam à mesma sala de aula e encaminhadas pela professora, subdivididas em três grupos: GEI- 3 crianças com dificuldades em leitura e escrita e submetidas à intervenção; GEII- 3 crianças com dificuldades em leitura e escrita e não submetidas à intervenção; GC- 5 crianças sem dificuldades na leitura e escrita, não submetidas à intervenção.

O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas/Unicamp (nº 841/2011). Todas as crianças foram submetidas aos instrumentos de avaliação (pré e pós intervenção): Prova de Consciência Fonológica (PCF – Capovilla & Capovilla, 1998), Teste de repetição de não palavras – (Kessler, 1997), Prova de ditado

4 Pedagoga e Psi copedagoga; Especialização em Neuropsicologia aplicada à Neurologia Infantil.

5 Fonoaudióloga, pós-doutora em Ciências Médicas; docente dos cursos de Neuropsicologia e Psicomotricidade.

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(Capovilla & Capovilla baseada em Pinheiro, 1994) e Teste de nomeação rápida de figuras e dígitos (Capellini e Smythe, 2008). A intervenção foi realizada com material adaptado do Método das Boquinhas (Jardini e Souza, 2008), que viabiliza o desenvolvimento da consciência fonovisuoarticulatória, pois se utiliza além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). Foram apresentados os fonemas /A/, /E/, /I/, /O/, /U/, /L/, /P/, /V/, /T/, /M/, /B/ e /F/ e trabalhadas habilidades fonológicas e cognitivas necessárias para uma boa aprendizagem da leitura e escrita. Foram realizadas 12 sessões individuais de 60 minutos, no contra período escolar.

RESULTADOS

Quanto aos resultados dos instrumentos, observou-se que na prova de consciência fonológica houve melhora no desempenho pós testagem do Sujeito1 em síntese silábica e fonêmica, rima, aliteração, segmentação silábica e manipulação silábica e fonêmica; no Sujeito2, em síntese silábica e fonêmica, aliteração, segmentação silábica e fonêmica e manipulação silábica e fonêmica; e no Sujeito3 somente em aliteração. Na prova de memória de trabalho fonológica houve melhora no desempenho pós testagem do Sujeito1 nos subtestes de repetição de não palavras de 5 sílabas; o Sujeito2 de 2, 5 e 6 sílabas; e o Sujeito3 de 3, 5 e 6 sílabas. Quanto à prova de escrita sob ditado houve mudança na fase de escrita: S1 passou da silábica alfabética sem valor sonoro para a silábica alfabética com valor sonoro e o S2 da fase pré-silábica para a silábica alfabética. No teste de nomeação automática rápida houve melhora no desempenho pós testagem dos Sujeito1, Sujeito2 e Sujeito3 nos subtestes de nomeação de figuras e dígitos parte 1 e 2. Assim, pode-se considerar que esta intervenção foi eficaz quanto aos componentes do processamento fonológico, da leitura e escrita para as crianças com dificuldades escolares que indicavam risco para dislexia.

CONCLUSÃO

A realização do programa de intervenção através de uma metodologia fonovisuoarticulatória foi eficaz para as crianças de risco para dislexia, comprovados pela melhora no processo de alfabetização em situação de pós-testagem em relação à pré-testagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPELLINI, A.S. e SMYTHE, I.. Protocolo de avaliação de habilidades cognitivo-linguisticas: livro do profissional e do professor. Marília: Fundepe Editora; 2008. CAPOVILLA, A.G.S. e CAPOVILLA, F.C.. Problemas de leitura e escrita, como identificar, prevenir e remediar uma abordagem fônica. São Paulo: Memnon; 2007. FADINI, C.C. e CAPELLINI, S.A.. Eficácia do treinamento de habilidades fonológicas em crianças de risco para dislexia. Revista CEFAC, São Paulo; 2010. GYSEL M., BOSMAN, A.T., VERTHOEVEN, L. Kindergarden risk factors, cognitive factors and teacher judgments as predictor of early reading in Dutch. Journal of Learning Disabilities 2008; v.41:115-125.

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HARN, B.A., LINA-THOMPSON, S., ROBERTS, G. Intensifying instruction: does additional instructional time make a difference for the most at-risk first graders? J. Learn Disab. 2008; 41(2):115-25. JARDINI, R.S.R. e SOUZA, P.T.. Método das Boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios de leitura e escrita (Livro 1 – fundamentação teórica); Bauru, 2011. JARDINI, R.S.R. e GOMES, P.T.S.. Alfabetização com as Boquinhas – caderno do aluno. São José dos Campos: Pulso Editorial; 2008. KESSLER MT. Estudo da memória operacional em pré-escolares [dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de Santa Maria – Universidade Federal de São Paulo; 1997. NAVAS, A.L.P.G., FERRAZ, E.C., Giangiacomo, M.C.P.B., Satake, T.K.R.. Efeito de lexicalidade e de intervalo de apresentação em uma tarefa de span de palavras e pseudopalavras. In: Anais do VIII Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. Santos; 2005.

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APRENDENDO COM BOQUINHAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Eliane Maia Miranda Moreira6 Márcia Maia de Miranda Barros7

Roberta Correa de Oliveira8

INTRODUÇÃO

A alfabetização é um dos maiores entraves em nosso País, e na realidade do Município de Mangaratiba, não é diferente. Apesar dos programas de formação oferecidos pelo MEC e a Secretaria de Educação, o trabalho ainda apresenta lacunas. Diante deste contexto, houve a necessidade de realmente entender o processo de aprendizagem e consolidar a aprendizagem dos alunos e dos profissionais envolvidos. Deste modo, iniciamos um estudo sobre os Países nos quais os problemas com alfabetização foram minimizados e descobrimos que todos utilizavam o Método Fônico.

Avaliando os alunos da turma do nível 4 educação infantil ( crianças de cinco anos) percebeu-se que 60% deles já apresentavam baixa estima, indisciplina, agressividade por não darem conta das atividades. Diante deste fato, o trabalho foi reavaliado imediatamente, sendo dada continuidade às pesquisas por um método eficaz de alfabetização.

Tendo claro que a fundamentação teórica é o alicerce para uma educação de qualidade, a equipe Pedagógica responsável pela formação continuada dos educadores buscou por autoformação com o objetivo que junto aos professores houvesse uma maior consciência da importância de um trabalho de compromisso com a Educação Infantil e que, consequentemente, resultassem em uma mudança na pratica pedagógica.

Após interesse pelo Método das Boquinhas, buscou-se capacitação da equipe até culminar na qualificação como Multiplicadoras do Método.

Iniciou-se o projeto de implantação da metodologia Boquinhas na íntegra com 12 alunos de 5 anos na última etapa da Educação Infantil chamada de nível 4 da Escola Municipal Paulo Scofano no município de Mangaratiba estado do Rio de Janeiro. Onde o resultado foi impactante.

Um dos questionamentos que mais se escuta quando se trata de alfabetização é de qual a idade ideal para se iniciar o processo de alfabetização. Acreditamos que a pergunta principal não se restrinja à idade propriamente dita, mas ao conteúdo a ser trabalhado.

Antes de submeter à criança ao conhecimento das letras é fundamental que sejam trabalhadas habilidades pré-requisitos para a alfabetização. Estes pré-requisitos devem ser apresentados às crianças na Educação Infantil, a partir de três ou quatro anos de idade favorecendo a aquisição da leitura e escrita, com o trabalho em estágios iniciais desse desenvolvimento, partindo de indivíduos com hipóteses de escritas pictóricas ou iconográficas (garatujas), oferecendo-lhes subsídios consistentes e diversificados com enfoque multissensorial (JARDINI, 1997).

6 Pedagoga, especialista em Educação Infantil, Psicopedagoga, professora do município de Mangaratiba e Multiplicadora

do Método das Boquinhas;

7 Pedagoga, especialista em Educação Infantil, Psicopedagoga, professora do município de Mangaratiba e Multiplicadora

do Método das Boquinhas;

8 Graduada em Matemática, especialista Supervisão escolar, professora do município de Mangaratiba e Multiplicadora do

Método das Boquinhas.

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OBJETIVO GERAL

Propiciar aos alunos da Educação Infantil um ensino de qualidade e a possibilidade de se alfabetizar na idade certa.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Promover subsídios eficientes para que o processo de leitura e escrita se desenvolva a contento na continuidade dos anos iniciais do ensino fundamental;

Analisar a evolução de leitura/escrita de crianças que cursam o último ano da Educação Infantil submetidas a um trabalho multissensorial com enfoque nas habilidades pré-requisitos para alfabetização;

Proporcionar desenvolvimento e aperfeiçoamento dos profissionais.

DESENVOLVIMENTO

O projeto foi uma iniciativa da equipe pedagógica da E. M. Paulo Scofano, localizada na Praia da Gamboa, Ilha de Itacuruçá em Mangaratiba. A Escola hoje tem 171 alunos e atende a Educação Infantil e Ensino Fundamental. A comunidade é carente, muitos aprendentes tem a escola como base de sua alimentação e educação. O projeto foi realizado com recursos próprios como: rifas, cantina e também PDDE, para adquirir materiais como livros para todos os alunos, jogos, banner e todos os demais materiais de Boquinhas.

O projeto foi iniciado em fevereiro de 2012 e concluído em dezembro de 2012, com a turma de educação infantil, nível quatro, composta por crianças de cinco anos, totalizando doze aprendentes com uma professora.

Todos os professores da Educação Infantil e primeiro segmento (anos iniciais) receberam formação com a direção e coordenadora pedagógica bimestralmente mais acompanhamento semanal com a coordenadora pedagógica, além de participarem de dois cursos com a autora Jardini com a carga horária de dezesseis horas cada.

A professora que aplicou a metodologia apresentou um compromisso muito grande com o trabalho e em muito pouco tempo foi possível observar seu crescimento profissional, além de se apresentar mais autônoma, com a autoestima elevada, uma linguagem pedagógica coerente e assertiva, se tornando ainda uma profissional estudiosa.

Foram realizadas reuniões com os pais, no início das aulas, a fim de esclarecer a nova metodologia adotada e as variantes do processo, como a presença de fonemas e articulemas. Foi esclarecido que o objetivo principal desse trabalho era a viabilização da leitura e escrita como um processo a ser adquirido no decorrer de todo o ano, não sendo uma meta a ser atingida, e sim, uma consequência do trabalho focado nos pré-requisitos na alfabetização.

Conforme orientação encontrada no livro do professor, a metodologia foi trabalhada uma hora por dia, devendo, no entanto ser abordado o seu conceito nas outras disciplinas dadas, em todas as ocasiões que fossem pertinentes, como ciências, matemática, português, etc. O plano das aulas seguiu a sequência dos exercícios oferecidos no livro e continuou-se a seguir o currículo da Secretaria Municipal da Educação.

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O processo de avaliação manteve os critérios anteriormente adotados pela escola, ou seja, investigação da ontogênese da escrita sob sondagem da escrita de palavras de determinado conteúdo semântico, a critério do professor. Foram classificados segundo Ferreiro em pré-silábica, silábica sem valor sonoro, silábica com valor sonoro, silábica alfabética e alfabética.

Ao total foram realizadas três sondagens de escrita das crianças, sendo a inicial e a final feita com a coordenadora e as demais com a professora.

A coordenadora estabeleceu metas como apresentação das vogais em duas semanas, onde seriam apresentadas fotos das BOQUINHAS enquanto se pronunciava (articulema/lalema), fazendo reconhecimento e conscientização frente ao espelho e o uso dos banners de boquinhas que fica exposto na sala de aula. Sempre na tríade fonema/grafema/articulema.

Utilizou-se a letra de forma maiúscula, associando-as com os articulemas correspondentes. Essa associação foi mantida durante o tempo necessário, para que a criança fizesse a correlação entre algo abstrato (som/fonema) com algo concreto (uma boca) o que propicia a real compreensão de como se dá a relação fonema/grafema não apenas a memorização.

Devido à progressão e velocidade de aquisição do grupo, os objetivos com as vogais foram atingidos em duas semanas. Então a professora iniciou o reconhecimento auditivo articulatória do uso das vogais dentro das palavras e a memorização da forma espacial, traçado na mesa, no chão, no ar, no caderno, no computador, em letras em alto relevo, etc. Ao compreenderem o uso das vogais dentro das palavras, elas adquiriram a etapa silábica com valor sonoro de leitura e escrita. Segundo Ferreiro, esta etapa configura a compreensão da consciência fonêmica.

A partir das vogais assimiladas, apresentou-se as consoante L e P em duas semanas cada; consoantes V, T e M em uma semana cada, repetindo-se a associação fonema/grafema/articulema da letra escolhida com treino multissensorial, fixação das famílias silábicas por compreensão do processo e não por decoreba. Vale ressaltar a importância do processo concreto onde o aluno deve compreender que cada sílaba pode corresponder a mais de uma letra, como no caso da sílaba LA, a qual é formada por duas letras. Com este objetivo alcançado passou-se então ao modelo de escrita silábico alfabético.

A partir de quatro famílias silábicas dominadas foi feita a associação entre elas, para a fluência leitora e logo foi formalizado o modelo de escrita alfabética. Com o uso do Método das Boquinhas este processo aconteceu em quatro meses. As demais letras foram apresentadas progressivamente e, muitas delas já tinham sido aprendidas pelo grupo, sem que necessitassem ser trabalhadas formalmente.

Os exercícios do livro contemplam as habilidades de: consciência e habilidade corporal, consciência fonológica, fonêmica e fonoarticulatória; desenvolvimento cognitivo, processamento vísuo-motor, auditivo; habilidade espaço temporal. Muitos exercícios são executáveis em sala de aula e carteira, ou seja, realizados em um papel ou no próprio livro. Outros são vivenciais, e estão apenas descritos, sendo realizados oralmente em espaços variados da escola. Foram realizadas diferentes formas de aplicação como: individualmente, em duplas, em pequenos grupos e com toda a turma.

No total foram realizadas três sondagens de escrita das crianças, sendo a inicial e a final feitas com a coordenadora e as demais com a professora. Foi montado um portfólio detalhado para cada aluno.

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A evolução foi muito significativa, conforme demostrada em gráfico a seguir.

Pode-se ainda destacar como resultados:

Maior segurança do professor diante da facilidade dos alunos na prática do método;

Favorecimento da correção de falhas na articulação de algumas crianças;

As crianças que apresentavam timidez e algumas trocas de letras na fala, expuseram-se mais, eliminado o problema ou minimizando significativamente;

Os pais mostraram-se muito interessados e colaboradores, querendo aprender o trabalho para acompanhar seus filhos em casa e surpreenderam-se com a velocidade nas aquisições;

As crianças passaram a gostar mais de vir para escola, pedindo para não faltar e apresentam muita autonomia, confiança e auto-estima elevada;

Melhorou o número de ruído descontextualizado da sala. Elas ficaram quietas para se ouvirem falando Boquinhas;

A professora sentiu-se motivada, desafiada e segura de obter sucesso.

CONCLUSÃO

A educação brasileira com a alteração para o ensino fundamental de nove anos abriu margem para a consolidação da grade curricular, de maneira a solidificar e aprofundar as aprendizagens e a educação continuada (UNESCO, 1999). Aprendeu-se ao longo deste trabalho com o Método das Boquinhas que esse avanço somente se consolidará quando a Educação Infantil oferecer aos alunos as verdadeiras bases que o desenvolvimento infantil necessita, para que se viabilizem os conteúdos alfabetizantes e construtivistas que se seguirão, podendo, finalmente, letramento e alfabetização serem solidários (SOARES, 1998; TFOUNi, 1995).

O Método proporcionou a toda a equipe acreditar na parceria entre a Fonoaudiologia e a Pedagogia que traz ganhos aos estudantes e à educação em geral com resultados rápidos e consistentes, enquanto complementação de saberes, necessários ao

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ensino/aprendizagem de áreas que envolvem tanto linguagem como educação, como é o caso da alfabetização (MOOJEN, 2009).

Podemos afirmar que o crescimento e amadurecimento da equipe da EM Paulo Scofano, junto à aplicação do Método das Boquinhas, foi muito grande. O que possibilitou não somente entender a teoria e dominar a prática do processo de alfabetização, como também desenvolver a autonomia, elevar a auto-estima e aumentar a motivação para estudar cada vez mais!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Boquinhas na Educação Infantil: Professor. Bauru: Jardini, 2007. 2ª Ed., 2009.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Boquinhas na Educação Infantil: Aluno. Bauru: Jardini, 2007. 2ª Ed., 2009.

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: passo a passo da intervenção nas dificuldades e distúrbios da leitura e escrita. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004, 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2009.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Manual do educador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Aluno. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

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MÉTODO DAS BOQUINHAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO COMPARATIVO

Juliana Lemo Orfanó9

INTRODUÇÃO

No Brasil a Educação Infantil necessita definir seus reais objetivos, pois em muitos lugares a mesma ainda é vista como uma etapa lúdica sem enfoque na aprendizagem.

A LDB de 1996 instituiu o Ensino Fundamental de 9 anos e a LDB de 2001 formalizou-o a partir dos 6 anos de idade. Com isso faz-se necessário que a Educação Infantil estabeleça uma proposta de ensino mais efetiva com resultados mais concretos.

Os RCNs que estabelecem as diretrizes da Educação Infantil são muito importantes, porém não atingem todos os objetivos necessários para preparar a criança para o ensino fundamental. Há falhas em aspectos importantes como: conciência fonológica e consciência fonêmica que são princípios básicos para o nosso sistema alfabético.

Outros fatores básicos para se garantir e efetivar a aprendizagem de crianças de até 5 anos são: o estabelecimento de regras e limites, a motivação constante ao aprender e a atenção. Tais aspectos não devem ser considerados como inerentes ao aluno visto que vários fatores podem contribuir para o seu fracasso, tais como: baixa autoestima, falta de autoridade do professor, aulas pouco motivadoras e falta de uma metodologia adequada.

Como professora da Educação Infantil há 14 anos, a busca por estratégias e metodologias mais eficazes para a aprendizagem dos alunos tem sido constante. E nessa busca, há 2 anos, houve o contato com o Método das Boquinhas por meio de um curso presencial de Boquinhas na Educação Infantil e Jogos, percebendo então como pode ser prazerosa e eficaz a aprendizagem.

O Método das Boquinhas nos mostra que é necessário e, principalmente, é possível ir além do lúdico na Educação Infantil, apresentando atividades sistematizadas, com conteúdos que a associam a objetivos bem definidos para a preparação da alfabetização nesta faixa etária.

O Livro de Boquinhas no Desenvolvimento Infantil (Jardini, 2012) é um excelente instrumento para o trabalho dos pré-requisitos necessários para a alfabetização e o Método das Boquinhas por ser multissensorial promove a aprendizagem rápida, concreta e segura das crianças.

OBJETIVO GERAL

Analisar e comparar os resultados obtidos na aprendizagem dos alunos de duas turmas da Educação Infantil pública, com e sem o uso do Método das Boquinhas como estratégia de ensino.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Comparar a evolução das fases de escrita entre as turmas A e B em um período de 6 (seis) meses;

9 Pedagoga e professora de Educação Infantil. Psicopedagoga.

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Comparar, com base no relato das professoras como se deu o respeito a regras e limites nas turmas A e B;

Comparar o interesse, a motivação e a participação dos alunos das turmas A e B.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram selecionadas duas salas de aula da Educação Infantil Pública em uma cidade no interior de São Paulo, que compõe o grupo de alunos desse trabalho. Ambas contavam com 10 alunos, matriculados regularmente no grupo 5 (todas com 5 anos completos). Na turma que será chamada de Turma A a professora aplicou o Método das Boquinhas e recebeu supervisão de uma Multiplicadora do Método, enquanto que na turma que será chamada de Turma B o Método das Boquinhas não foi utilizado.

O material utilizado para esse trabalho foi o livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil do aluno e do professor e materiais como: banner de boquinhas, jogo lince, memória letra inicial, dominó das vogais e CD de fotos e filmes (Jardini, 2011). É importante destacar que Boquinhas foi utilizado como técnica e não como método de alfabetização, sendo adaptadas as atividades de acordo com a metodologia utilizada pela escola. Ressalta-se que alguns objetivos pouco abordados no material da escola (como consciência fonológica, fonêmica e processamento auditivo), foram aperfeiçoados com o material de Boquinhas. Esse trabalho se restringiu às aprendizagens dos pré-requisitos fundamentais para o bom desenvolvimento da leitura e escrita da Língua Portuguesa. A carga horária adequou-se a jornada diária.

O trabalho teve início no mês de Fevereiro de 2013 e terminou em Agosto do mesmo ano, portanto, foram transcorridos 6 meses de trabalho. A sondagem realizada no início contava com a escrita de palavras (monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas), e uma frase do mesmo campo semântico das palavras. A mesma sondagem foi repetida a cada trimestre, totalizando 3 sondagens ao longo do semestre. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Grafico 1- Evolução das fases da Escrita com o uso do Método das Boquinhas –

turma A

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Conforme apresentado no gráfico 1, constatou-se uma evolução acentuada nas fases de escrita de todos os alunos da turma A.

Gráfico 2- Evolução das fases da escrita sem o uso do Método das Boquinhas – turma B

Na turma B observa-se a evolução das fases de escrita menos significativa, sem

obtenção da hipótese alfabética. Gráfico 3 - Comparativo das fases da escrita entre as duas salas durante 6 meses.

Em uma análise comparativa entre as duas turmas observa-se que na sondagem

inicial ambas tinham grande parte dos alunos na fase pré-silábica. Ao longo dos meses na

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sala que utilizou Boquinhas como apoio a evolução das fases de escrita foi mais rápida, sendo possível observar que no mês de maio 20% dos alunos estavam alfabéticos, enquanto nenhum aluno da outra sala estava nessa fase, nem mesmo na fase silábico-alfabética, o que demostra dificuldades em associações fonema/grafema, consciência fonológica e fonêmica para as consoantes.

Os resultados demonstraram a eficácia do trabalho realizado na Turma A com a utilização de Boquinhas como ferramenta, visto que o objetivo não era alfabetizar. A proposta de Boquinhas, através do livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil (JARDINI, 2011) é trabalhar os pré-requisitos para a alfabetização, sendo a evolução da escrita uma consequência possível, como ficou evidenciado por este trabalho. De forma lúdica e prazerosa, embora sistemática e metodológica, também foi possível observar maior interesse dos alunos para o desenvolvimento da leitura e escrita, além de melhorar a atenção, a motivação, a participação e a fala.

Já na turma B, de acordo com o relato da professora, os alunos estavam pouco motivados e apresentavam pouca atenção e muita dispersão, apresentando também desinteresse para a aquisição da leitura e escrita, baixa participação e problemas de comportamento.

CONCLUSÃO

No presente estudo foi possível concluir que: - Após 6 meses, todos os alunos da turma A evoluíram de forma significativa no que

se refere à aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita;

- A turma B não apresentou melhoras tão significativas, pois nenhum aluno atingiu as fases silábico-alfabética e alfabética;

- A turma B continuou com problemas de alunos desmotivados, desatentos, pouco participativos e com dificuldades de respeitar regras e limites causando indisciplina;

- O Livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil e os jogos de Boquinhas foram excelentes instrumentos para desenvolver os pré-requisitos necessários à alfabetização e contribuiram muito para a evolução das fases de escrita da criança;

- O Método acarretou na melhora da motivação, atenção, participação, na aprendizagem em geral e até mesmo na fala de alguns alunos que apresentavam alterações;

A neurociência afirma que se deve aproveitar os primeiros anos de vida para estimular adequadamente a criança pois existem janelas de oportunidades que devem ser estimuladas e é nessa fase que ocorre maior facilidade para a aprendizagem. Por isso se faz necessário realizar um bom trabalho na educação Infantil e Boquinhas é um excelente instrumento, como foi possível observar neste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, R.S.R. Livro do Aluno: Boquinhas no Desenvolvimento Infantil. Bauru: Boquinhas, 2012.

JARDINI, R.S.R. Livro do Professor: Boquinhas no Desenvolvimento Infantil. Bauru: Boquinhas, 2012.

KANDEL,E.R. Princípio da Neurociência. São Paulo: Ed. Manole, 2002.

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BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília: Senado Federal, 1996.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada e publicada em 5 de outubro de 1988. São Paulo: Iimprensa Oficial, 2001.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998

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ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN

UMA EXPERIÊNCIA COM O MÉTODO DAS BOQUINHAS

Maria das Graças Fernandes Koga10

Adriana Manfrim11

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados alcançados nas intervenções psicopedagógica e fonoaudiológica, com uso do Método das Boquinhas. O trabalho foi iniciado a partir de 2012 com uma paciente Síndrome de Down.

Quando uma criança inicia o processo de alfabetização, espera-se que tenha sucesso, porém, muitas delas não conseguem se alfabetizar. As causas e motivos são vários e, entre eles, podem-se destacar os problemas cognitivos, a síndrome de Down, entre outros.

Diante de tal fato, há uma preocupação em relação aos professores que estão tão empenhados na aquisição do processo da leitura e a escrita que, muitas vezes, não sabem lidar com as dificuldades de aprendizagem que as crianças apresentam e acabam rotulando-as com algum distúrbio, sendo que, na verdade, pode ter ocorrido a falta de uma adequada estimulação (JARDINI, 2010). Acredita-se que muitas das dificuldades seriam minimizadas ou evitadas se os profissionais da educação e das áreas afins tivessem um olhar mais atento para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil, antes do início da alfabetização.

Com a evolução da espécie humana, a boca que antes tinha função apenas neurovegetativa (sucção/mastigação) passou para a fala, desenvolvendo a partir daí a comunicação oral e depois a escrita.

O Método das Boquinhas (fonovisuoarticulatório) é um instrumento facilitador para transferir os sons ouvidos da fala para a escrita (fonema/grafema), desenvolvendo assim a rota fonológica de leitura, base fundamental para a alfabetização.

De acordo com Simonetti (2007), etimologicamente, o termo alfabetização significa levar à aquisição do alfabeto, ensinar as habilidades de ler e escrever, processo de aquisição do código escrito e das habilidades de leitura e escrita.

Já Soares (2003), esclarece que aprender a ler e escrever envolve relacionar sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar ou decodificar.

Sabe-se que a aprendizagem se dá no Sistema Nervoso Central (SNC) e o desenvolvimento do cérebro acontece nos primeiros anos de vida do educando. Este período fará diferença na alfabetização e, se não for bem explorado e trabalhado, respeitando cada fase da infância, poderá acarretar dificuldades de aprendizagem. Rotta esclarece:

10

Pedagoga, Psicopedagoga, Multiplicadora Método das Boquinhas, Especialista em Neuropsicologia, Educação Especial DI e DV. 11

Fonoaudióloga, Especialista em Neuropsicologia e Educação Especial.

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Não há dúvida que o ato de aprender se passa no SNC, onde ocorrem modificações funcionais e condutuais, que dependem do contingente genético de cada indivíduo, associado ao ambiente onde este ser está inserido. O ambiente é responsável pelo aporte sensitivo-sensorial, que vem pela substância reticular ativadora ascendente e é modificado pelo sistema límbico, que contribui com os aspectos afetivos emocionais da aprendizagem (ROTTA, 2006, p. 116).

Segundo Jardini (2010), em Boquinhas é adotada uma abordagem multissensorial, em que vários inputs neuropsicológicos são recrutados, em atividades elaboradas por meio de habilidades diversas tais como: percepções auditivas, visuais, consciência fonológica, análise e síntese, orientações e espaços-temporais e outras.

O Método das Boquinhas, por ser multissensorial, tem auxiliado muito diversas crianças, inclusive portadores de Síndrome de Down, visto que nas intervenções psicopedagógicas e fonoaudiológicas são exploradas as habilidades auditivas com o objetivo de facilitar a conversão fonema/grafema, sendo esta, fundamental para a sua alfabetização.

DESENVOLVIMENTO

A experiência, que será relatada está sendo desenvolvida desde 2012 por uma equipe multidisciplinar composta por psicopedagoga, fonoaudióloga, médicos e também pela professora de uma criança com Síndrome Down, que será chamada de L.M.P.C., oito (8) anos, matriculada no 1º ano do Ensino Fundamental em uma escola particular, localizada em um Município do interior do Paraná.

As atividades foram elaboradas/adaptadas a partir do Método das Boquinhas, para trabalhar com L.M.P.C., durante as sessões de intervenções psicopedagógicas e fonoaudiológicas, realizadas em clínicas particulares, tanto ppeellaa ppssiiccooppeeddaaggooggaa qquuaannttoo

ppeellaa ffoonnooaauuddiióóllooggaa..

Foram realizadas visitas à escola com objetivo de orientar a equipe pedagógica e a professora de L.M.P.C., sobre como trabalhar com a metodologia Boquinhas e a utilização do material alaborado/adaptado.

Quando o trabalho foi iniciado com a L.M.P.C., esta não escrevia, só fazia desenhos e tentativas da escrita das vogais, sem respeitar as convenções da escrita. Estava na fase pré-silábica, passando para a silábica sem valor sonoro. Após dois (2) anos, L.M.P.C., apresentou um bom desempenho, principalmente na oralidade, demonstrando reconhecer auditivamente a maioria das letras e sua articulação correta. Aprendeu a escrever várias letras, iniciando o nível silábico-alfabético (Gráfico 1), escrevendo algumas palavras com sílabas simples, com mediação dos profissionais, estimulando e associando o fonema ao seu grafema.

É importante ressaltar que a escola demonstrou uma grande parceria no decorrer do trabalho realizado com o Método das Boquinhas e o resultado tão almejado pelos profissionais foi concretizado na sala de aula, pois L.M.P.C., está conquistando a sua alfabetização.

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RESULTADOS

Pode-se afirmar que, até o momento, alcançamos uma avaliação satisfatória, pois L.M.P.C. vem demonstrando uma grande evolução na sua alfabetização. Os resultados estão sendo observados por meio das atividades adaptadas, a qual L.M.P.C., está conseguindo se alfabetizar com a Metodologia Boquinhas e acompanhar com mediação a série na qual está matriculada. As atividades e avaliações foram realizadas nas Clínicas de psicopedagogia e fonoaudiologia e na escola.

Gráfico 1 - Resultados alcançados de acordo com as fases da escrita

CONCLUSÃO

A intervenção clínica com L.M.P.C. é interdisciplinar desenvolvida por Psicopedagoga e Fonoaudióloga que fazem um acompanhamento integrado para que a aluna possa se desenvolver e acompanhar a série que está cursando. De acordo com relatos dos profissionais, as atividades auxiliaram muito na aprendizagem de L.M.P.C.

Segundo Jardini (2012), é grande a comprovação de que Boquinhas tem procedência, tanto para quem ensina como para quem aprende, pois parte de pressupostos concretos, visíveis, palpáveis, que funcionam para qualquer tipo de aprendente.

Ao trabalhar o Método das Boquinhas nos atendimentos clínicos psicopedagógicos e fonoaudiológicos com L.M.P.C., que não apresentava interesse pela aprendizagem, foi capaz de alcançar um grande avanço na alfabetização. O Método das Boquinhas fez nascer o “encantamento” do aprender em L.M.P.C., desenvolvendo as suas habilidades e potencialidades e, principalmente, a sua inclusão escolar.

O trabalho será finalizado com a organização de um livro, contendo as atividades que foram elaboradas/desenvolvidas, para serem trabalhadas com a paciente Síndrome de Down L.M.P.C., e também com os alunos com dificuldades de aprendizagem.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, R. S. R. Alfabetização e Reabilitação pelo Método das Boquinhas: fundamentação teórica. 2ª ed. São Paulo: R. Jardini, 2010.

JARDINI, R. S. R.. Boquinhas na Educação Infantil: Livro do professor; colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. S. Transtornos de aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

SIMONETTI, A. O desafio de alfabetizar e letrar. Fortaleza: Editora Flávio Martins. 2007.

SOARES, M. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. 26ª edição. Poços de Caldas: ANPED: GT Alfabetização, leitura e escrita, 2003.

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BOQUINHAS NA EJA: UMA PARCERIA DE SUCESSO

Carina Teixeira Blanco12

INTRODUÇÃO

De acordo com o IBGE o Brasil apresenta cerca de 15% de analfabetos na população acima de 15 anos de idade, sendo 90% desses, na faixa dos 25 anos ou mais.

A Constituição Federal de 1988 estendeu o direito ao ensino fundamental aos cidadãos de todas as faixas etárias, o que nos estabelece o imperativo de ampliar as oportunidades educacionais para aqueles que já ultrapassaram a idade de escolarização regular. Além da extensão, a qualificação pedagógica de programas de educação de jovens e adultos é uma exigência de justiça social, para que a ampliação das oportunidades educacionais não se reduza a uma ilusão e a escolarização tardia de milhares de cidadãos não se configure como mais uma experiência de fracasso e exclusão.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (Resolução 01/2000-CNE) ressaltam a importância de garantir um “[...] patamar igualitário de formação e restabelecer a igualdade de direitos e de oportunidades face ao direito à educação” (Brasil, 2001). Refere-se ainda, à “[...] identificação e ao reconhecimento da alteridade própria e inseparável dos jovens e dos adultos em seu processo formativo, da valorização do mérito de cada qual e do desenvolvimento de seus conhecimentos e valores” (BRASIL, 2001).

No entanto, a formação docente para esse propósito, bem como a oferta de materiais didáticos e paradidáticos não tem proporcionado que os objetivos sejam plenamente atingidos, enquanto carecem de tecnologias específicas para o público a que se destinam.

A EJA precisa se voltar aos sujeitos não apenas carentes de educação, mas a um processo de aprendizado que valorize a realidade dos mesmos. Deve-se inferir que, por mais que estejam se alfabetizando, esses indivíduos não podem ter uma metodologia infantil. Conteúdos e métodos devem visar à aprendizagem significativa, e não àquela realizada exclusivamente por memorização, de modo que os conteúdos da aprendizagem se integrem efetivamente entre as competências dos alunos e não sejam úteis apenas para o desempenho nas provas.

Antes de 2012 a proposta do Método Fonovisuoarticulatório, conhecido como Método das Boquinhas, não contemplava a alfabetização de jovens e adultos, mas a partir do desenvolvimento do livro EJA: Alfabetizando e Letrando com Boquinhas (JARDINI e GUIMARÃES, 2012), passa a contribuir de maneira plena para esse trabalho.

Trata-se de uma metodologia de alfabetização sintética, multissensorial, fônica-vísuo-articulatória, que propicia rapidez e segurança na associação do fonema ao grafema (som à letra) enquanto concreta e sinestésica, e acrescenta o diferencial do articulema (boquinha) para facilitar o processo para quaisquer aprendizes. Isto se dá porque ao produzirmos o movimento articulatório dos fonemas a área pré-frontal do cérebro é ativada, possibilitando que as aprendizagens sejam sedimentadas (DEHAENE, 2012). Esse trabalho tem ganhado adeptos por todo território nacional e em 2009/2010, foi aprovado

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Fonoaudióloga. Especialista em Audiologia Clínica. Psicopedagoga. Multiplicadora certificada do Método das Boquinhas.

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como Tecnologia Educacional pelo MEC a partir de 2009 e vem se mantendo até os dias atuais.

OBJETIVO GERAL

Analisar os resultados no desempenho da leitura e escrita dos alunos regulares de uma sala da Educação de Jovens e Adultos (EJA) com o uso do Método de alfabetização Fonovisuoarticulatório através do livro EJA: Alfabetizando e Letrando com Boquinhas (JARDINI, 2011).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Comparar a evolução no desempenho da leitura e escrita dos alunos durante 6 meses de uso do Método;

Analisar a motivação dos mesmos com o uso do livro Boquinhas;

Comparar a evasão dos alunos com anos anteriores;

Avaliar a motivação da professora.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi selecionada uma sala de aula regular EJA, de uma cidade no interior de São Paulo, que compõe o grupo de alunos dessa pesquisa. A sala contava com cerca de 9 alunos, matriculados regularmente. Participou também uma professora da sala de aula e uma Multiplicadora de Boquinhas, que assessorou a implantação da metodologia. A carga horária de assessoria da Multiplicadora à professora da sala foi de 1 hora semanal, podendo ser presencial durante as aulas, ou em outro momento.

Os alunos estão divididos em 3 grupos, segundo seu grau de escrita no início do projeto, a saber: nível 1: pré-silábicos e silábicos; nível 2: silábicos alfabéticos e nível 3: alfabéticos com trocas de letras. Os alunos participaram juntos na mesma aula e na mesma unidade e receberam adaptações de conteúdo e grau de dificuldade de acordo com o grupo ao qual estiver classificado.

O conteúdo de letramento, oral ou escrito foi trabalhado de forma uniforme, com todos os alunos juntos na sala de aula. O material utilizado para essa pesquisa foi o livro “EJA: Alfabetizando e Letrando com Boquinhas” (JARDINI e GUIMARÃES, 2012) de uma das pesquisadoras desse projeto.

A carga horária estipulada foi de 3 horas semanais, divididas em duas aulas de 1 hora e meia cada, em dias diferentes. Esse trabalho se restringiu às aprendizagens da leitura e escrita e Língua Portuguesa. No restante da carga horária regular do ensino EJA, a professora deu continuidade ao conteúdo da grade curricular EJA, normalmente, e usaram ou não Boquinhas em suas aulas. O cronograma de trabalho abordou uma unidade do livro, de 20 unidades, por semana, perfazendo um total de 20 semanas de trabalho. Houve uma tolerância de 4 semanas de atraso e/ou reforço das unidades mais difíceis, somando um tempo previsto de trabalho de 6 meses de duração.

No início das aulas, todos os alunos passaram por uma avaliação, realizada como uma sondagem na forma de ditado de 4 palavras e uma frase, para traçar-se a psicogênese da escrita de cada aluno. Essa mesma sondagem foi refeita a cada mês, ou

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seja, 6 sondagens durante o Projeto. A professora fez um relatório semi-estruturado mensal, para avaliação qualiquantitativa do desempenho dos alunos e de si própria, contendo informações de assiduidade, abstenções, atrasos, evasão, além de dados comportamentais durante as aulas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O projeto teve início no mês de abril e após duas unidades do livro trabalhadas foi possível observar que os alunos dos 3 grupos passaram a se utilizar dos fonemas para iniciar leitura, fazendo uso da pista articulatória (boca), ficando mais autônomos e atuando como autores de sua aprendizagem. Também melhorou a motivação dos alunos e da professora no decorrer do estudo, reconhecendo os resultados alcançados, conforme se verá adiante nas análises dos questionários.

Gráfico 1- Evolução das fases da escrita

Na sondagem inicial podemos classificar o s alunos quanto às fases de escrita e tivemos os resultados descritos no gráfico.

O aluno que estava na fase pré-silábica é portador de deficiência intelectual moderada e já estava no EJA há 5 anos sem apresentar evoluções na aprendizagem. Os demais alunos também já frequentavam o EJA a algum tempo (períodos que variavam de 1 a 5 anos).

Após um mês de trabalho com a aplicação da metodologia os alunos já apresentaram melhoras significativas nas fases de escrita, o que pode-se observar na sondagem realizada no mês de maio. Nenhum dos alunos encontrava-se nas fases silábica com valor sonoro e silábico-alfabética. O único aluno que não se encontrava na fase alfabética era portador de deficiência intelectual.

Na terceira sondagem observou-se que o aluno pré-silábico avançou para a fase silábica com valor sonoro e os demais que já estavam alfabéticos melhoraram a ortografia e a leitura.

Nas demais sondagens as fases da escrita se mantiveram, porém os alunos apresentaram melhoras nos erros ortográficos, troca de fonemas surdos e sonoros, fluência de leitura e uso da escrita como função social. Ressalta-se que dois alunos que

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participaram do projeto apresentavam dificuldades significativas na fala e também melhoraram muito esse aspecto.

Gráfico 2- Frequências dos alunos antes e depois do projeto

Sabemos que um dos maiores entraves na EJA é a assiduidade dos alunos, pois essa população geralmente é composta por trabalhadores que nem sempre conseguem frequentar corretamente as aulas por seus compromissos pessoais, como jornada de trabalho, doenças, desmotivação e outras causas pessoais. Muitos deles também já se encontravam por longos períodos na EJA e isso também acarreta na desmotivação para a aprendizagem.

Durante o estudo pode-se perceber aumento significativo da frequência da maioria dos alunos como podemos observar no gráfico acima. Ressalta-se que o aluno 2 e o 5 apresentaram problemas de saúde durante o período de estudo por isso precisaram faltar.

Gráfico 2.2- Média da frequência do grupo

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Se levarmos em consideração a média das frequências do grupo durante o estudo, podemos observar aumento da frequência em todos os períodos. Ressalta-se que no segundo período esse aumento foi mais significativo, coincidindo com o maior avanço nas fases de escrita, demonstrando o quanto o avanço motiva os alunos a comparecerem às aulas. O grupo já estava na fase alfabética de escrita (com exceção do aluno que é portador de déficit intelectual) quando tivemos o recesso de julho. Quando as aulas retornaram, nos surpreendemos pois houve várias festividades na cidade e segundo a professora é uma época que os alunos não frequentam. Passados os eventos a frequência volta a melhorar e se manteve mais alta que no início do estudo.

Observou-se que os alunos continuaram motivados mesmo após tornarem-se alfabéticos e mostraram-se dispostos a melhorar ainda mais a leitura e escrita, continuando a frequentar até o final do ano não tivemos evasão no grupo, o que contraria a estatística nacional dos grupos EJA e confirma o impacto positivo da metodologia. Esse é outro aspecto relevante no grupo EJA, pois na maioria das vezes quando são capazes de escrever mesmo que com erros, abandonam a escola pois não se sentem autônomos para fazerem uso do letramento de forma independente.

ANÁLISE/DISCUSSÃO DOS RELATÓRIOS

Gráfico 3- Questionário para a professora da EJA

Perguntas para o professor Coleta 1

Coleta 2

Coleta 3

Coleta 4

Quanto a sua participação social no grupo 4 4 5 5

Quanto à credibilidade de aprendizagem dos alunos 3 3 4 5

Quanto à motivação para dar aulas 3 4 5 5

Quanto à sua frequencia 4 5 5 5

Quanto à facilidade na aplicação da Metodologia Boquinhas 4 4 4 5

Quanto ao prazer na aplicação da Metodologia Boquinhas 3 5 5 5

Quanto à facilidade no uso das bocas 4 4 4 5

Quanto à facilidade no uso do livro 4 4 5 5

Quanto à adequação do letramento às unidades 4 5 5 5

Quanto à carga horária sugerida 4 4 4 4

Quanto ao tempo dado às unidades 4 4 4 4

Quanto à aprendizagem do grupo em geral 3 5 5 5

Quanto à qualidade da supervisão recebida pelo multiplicador 4 4 5 5

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A professora da turma trabalhou durante o ano de 2013 e efetuou 4 coletas de

dados dos questionários com 13 itens cada, que compunham o seu relatório. Tais coletas foram efetivadas nos meses de maio, junho, setembro e novembro.

Por meio da análise das notas atribuídas, em escala de 1 a 5, a cada item do relatório, em cada coleta, chegou-se às seguintes conclusões:

1- Em 77% dos itens avaliados, no máximo até a coleta final, foi atingida a nota 5. 2- Nos itens relativos a: a) frequência do professor, b) prazer na aplicação da metodologia

Boquinhas, c) facilidade no uso do livro, d) adequação do letramento às unidades e e) aprendizagem do grupo em geral, a nota máxima 5 foi atribuída desde a segunda coleta de dados, até a última. Tal fato comprova a eficiência e eficácia do Método das Boquinhas e seus materiais de apoio, no caso o livro Alfabetizando e Letrando com Boquinhas- EJA.

3- Nos itens relativos a: a) participação social do professor no grupo e b) quanto à motivação do professor para ministrar as aulas, a nota máxima foi obtida a partir da terceira coleta de dados. Isto indica que o professor à medida que foi adquirindo conhecimento maior da tecnologia e segurança em transmiti-lo, se sentiu mais motivado a aplicar a metodologia e se considerou pertencente ao grupo.

4- Nos itens relativos a: a) facilidade na aplicação da metodologia Boquinhas, b) credibilidade de aprendizagem dos alunos e c) qualidade da supervisão recebida pelo multiplicador, a nota máxima só foi conseguida na última coleta de dados, indicando que o professor realmente conseguiu seu objetivo, mas lutou bastante para atingi-lo, principalmente enfrentando a dificuldade de se quebrar paradigmas por aplicar uma nova metodologia.

5- Nos itens relativos a: a) facilidade no uso das bocas, b) carga horária sugerida e c) tempo dado às unidades, a nota máxima 5 não foi atingida, chegando em novembro até a nota 4. Tal fato comprova que o professor avalia que a carga horária de 1h e meia por duas vezes na semana e uma unidade desenvolvida por semana não são satisfatórias para se atingir o objetivo proposto. A professora refere que os alunos gostaram muito do livro e das Boquinhas e sentiram-se motivados a usar mais tempo e que os conteúdos do letramento são muito bons e dão margem a muitas discussões e são de interesse dessa população. Tal fato nos é muito significativo, pois poderemos mudar e aumentar o tempo despendido em cada unidade, no sentido de que a aprendizagem se efetue normalmente e mais facilmente.

Gráfico 4- Questionário dos alunos da EJA

Gráfico- Média do grupo por cada Item do questionário nas 4 coletas

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Legenda

A. Participação social no grupo B. Participação nas atividades de leitura/escrita C. Uso das Boquinhas D. Fluência da leitura (decodificação) E. Velocidade da escrita (codificação) F. Trocas de letras na escrita G. Compreensão da leitura H. Acompanhamento no tempo dado às Unidades I. Compreensão do letramento das Unidades J. Autoestima e autoexposição K. Memória imediata de aprendizagem

Nos itens relativos a: a) participação social do aluno no grupo, b) participação nas atividades

de leitura/escrita, c) compreensão da leitura, d) compreensão do letramento das Unidades, e)

autoestima e autoexposição e f) acompanhamento no tempo dado às Unidades verificamos que

88% dos alunos conseguiu atingir a nota máxima 5 e 12% dos alunos atingiu a nota 3, índices

esses muito bons e que mostram o bom desempenho dos alunos tanto na parte de aprendizagem

quanto na inserção social. Também deve-se levar em conta a inibição sofrida pelo adulto ao fazer

uso do espelho.

1- No item relativo ao uso das Boquinhas verificamos que 55% dos alunos conseguiu atingir a nota máxima 5,33% dos alunos atingiu a nota 4 e 12% atingiu a nota 3, índices esses relativamente bons e que mostram que a maioria dos alunos conseguiu fazer uso adequado das Boquinhas. No entanto, mostra que uma metodologia diferenciada e que faz uso de exposição facial, apresenta maior dificuldade para a utilização de um público adulto.

2- Nos itens relativos a: a) fluência da leitura e b) da velocidade da escrita verificamos que 66% atingiu a nota 5,22% conseguiu a nota 4 e 12% a nota 2, mostrando que na decodificação e codificação da leitura e escrita a maioria dos alunos obteve sucesso.

3- No item relativo à troca de letras na escrita verificamos que 33% atingiu a nota 5,55% conseguiu a nota 4 e 12% a nota 3, índices esses considerados normais para a população EJA, que muitas vezes apresenta falhas dessa natureza pela presença de patologias associadas, não diagnosticadas ou tratadas.

4- No item relativo à memória imediata de aprendizagem verificamos que 44% dos alunos atingiu a nota 5,44% conseguiu a nota 4 e 12% a nota 2, confirmando que a memória imediata de aprendizagem foi atingida em muitos alunos.

Pode-se notar que tivemos um único aluno que não acompanhou o desenvolvimento do grupo (12%), ou seja, não chegou a obter a nota 4 ou 5 em nenhum item. Esse aluno é o que citamos que apresenta rebaixamento intelectual, atestado em laudo médico como moderado, o que justifica sua baixa evolução. No entanto, considera-se que ele teve um grande avanço, pois há anos frequentava a escolaridade e nunca havia evoluído seu nível de escrita de pré-silábico, passando, com boquinhas, à silábico com valor sonoro.

CONCLUSÃO

No prazo de 6 meses, todos os alunos evoluíram de forma significativa no que se refere à aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita;

Ocorreu aumento da frequência dos alunos e não ocorreu evasão escolar;

O Método acarretou na melhora da fala dos alunos;

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A motivação tanto da professora, como dos alunos aumentou no decorrer do estudo, contribuindo de forma significativa para a aprendizagem;

O tempo de uso do livro e da aplicação do Método deve ser aumentado, devido a riqueza do letramento e da motivação dos alunos para utilizá-lo;

O Livro EJA: Alfabetizando e Letrando com Boquinhas (JARDINI e GUIMARÃES, 2012) é um excelente instrumento de Alfabetização de Jovens e Adultos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

BRASIL. Parecer 01/2000-CNE. Diretrizes Operacionais da EJA, 2001.

DEHAENE, S. . Os neurônios da leitura. Como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre: Penso, 2012.

JARDINI, R. S. R.; GUIMARÃES, V. Livro do Aluno: Alfabetizando e letrando: método-vísuo-articulatório. Boquinhas Aprendizagem e Assessoria. Bauru, SP: 2012.

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EAD BOQUINHAS: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Alexandra S. Moteka13

Carolina Luna B. P. Victoria14

INTRODUÇÃO

O Método das Boquinhas, desenvolvido por Jardini (1997), é um método multissensorial, fonovisuoarticulatório, que engloba estímulos fônicos (fonema), visuais (grafema) e articulatórios (articulema) favorecendo o processo de alfabetização e reabilitação dos distúrbios de leitura e escrita.

Amplamente difundido por todo o país e também em Portugal por meio de palestras e cursos presenciais, além de uma completa seleção de materiais composta de livros e jogos diversificados que estimulam diferentes habilidades neuropsicológicas. Boquinhas deu início em novembro de 2012 a um novo projeto lançando seu primeiro curso à distância, o EAD Boquinhas no Desenvolvimento Infantil: bases seguras para a alfabetização. Esse curso foi idealizado a partir de inúmeras solicitações de educadores que não podiam participar dos cursos presenciais por motivos diversos como: falta de tempo, dificuldade em se locomover até a cidade do curso, custos financeiros com a viagem, não poder ausentar-se do trabalho, etc.

A proposta do curso EAD de Boquinhas é capacitar educadores à distância com qualidade e uma metodologia de ensino diferenciada, onde cada aluno é acompanhado por um (a) tutor (a), que é multiplicador do Método das Boquinhas, portanto, devidamente preparado e habilitado para auxiliar o aluno durante o curso.

A EAD é, portanto, uma modalidade de realizar o processo educacional quando, não ocorrendo - no todo ou em parte – o encontro presencial do educador e do educando, promove-se a comunicação educativa através de meios capazes de suprir a distância que os separa fisicamente. Assim, não é verdade que a educação a distância seja uma educação distante, em que o aluno esteja isolado. Ele se mantém em interação com tutores/professores, pelo trabalho de administração de fluxos de comunicação exercido por uma organização responsável pelo curso e suporte facilitador dessa interação. (LOBO NETO, 1998, p.8)

A capacitação consiste em uma mediação fechada entre aluno/tutor. O tutor é o responsável pelo envio semanal dos textos a serem estudados e respondidos pelos alunos, pelas mediações dessas respostas e também pelo auxílio em qualquer dificuldade ou dúvida que o aluno possa ter no decorrer do curso. Todo o trabalho dos tutores é supervisionado pela autora do método, que também é quem envia semanalmente as vídeo-aulas correspondentes aos temas estudados, de acordo com a grade curricular.

Até a publicação desse trabalho cinco multiplicadores faziam parte da equipe de tutores e estavam sendo treinados mais três multiplicadores para integrarem esta equipe. Cada multiplicador é responsável por uma turma formada por no máximo 15 alunos e fornece acompanhamento individual a cada um deles. As respostas enviadas aos multiplicadores são mediadas uma a uma, por meio de comentários, sugestões, troca de informações, e reenviadas ao aluno.

13

Alexandra Soriani Moteka, psicóloga, psicopedagoga, neuropsicóloga, multiplicadora e tutora do Método das Boquinhas.

14 Carolina Luna Baptista Pinto Victoria, psicopedagoga, multiplicadora e tutora do Método das Boquinhas.

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O curso abrange a fundamentação teórica, de grande importância para a Educação Infantil, além da prática dos sons da fala (fonemas) e suas respectivas Boquinhas (articulemas). São ainda apresentadas e estudadas as habilidades do sistema funcional de linguagem, entre elas: os processos de consciência fonológica, fonêmica, processamento auditivo e visual, coordenação vísuo-motora, orientação vísuo-espacial e desenvolvimento cognitivo, bem como as bases necessárias para a estimulação e intervenção, visando o crescimento e desenvolvimento da criança e, principalmente sua preparação para a aprendizagem da leitura e da escrita.

Outra modalidade de EAD oferecida pelo Método das Boquinhas é o Institucional, que é fechado para a equipe de uma única instituição. O número de participantes no EAD Institucional também é limitado a 15 alunos, sendo os mesmos divididos em subgrupos para discutirem e realizarem as atividades. Considera-se que esta é uma forma de contribuição muito eficaz da parceria Boquinhas/Instituição para a formação continuada dos educadores. Podem ser formados também grupos de professores fora de instituições.

Roca (1998) ressalta várias vantagens específicas na modalidade de EAD, entre as quais: expansão da formação a organizações e grupos não favorecidos por outras modalidades de ensino; ótima relação custo/eficiência; necessidade do envolvimento do aluno e motivação, responsabilidade do aluno por seu próprio processo de aprendizagem.

OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é apresentar os resultados quantitativos e qualitativos alcançados pelo Método das Boquinhas com a modalidade EAD (ensino à distância) desde sua implantação no ano de 2012 até o mês de março/14, ou seja, após 14 (catorze) cursos abertos e 2 (dois) cursos fechados (Institucional).

MATERIAL E MÉTODOS

O curso EAD Boquinhas no Desenvolvimento Infantil é totalmente virtual, por e-mail, não havendo uma plataforma específica de trabalho. São 50 textos digitalizados de artigos, livros, entrevistas, com questões a serem respondidas pelos alunos e mediadas pelo multiplicador tutor.

Semanalmente o tutor envia ao grupo de alunos um e-mail com os textos, seguindo a grade curricular, além de sugestões quanto aos procedimentos para o estudo e a organização do aluno com relação aos prazos. Alguns textos são acompanhados de resenhas para facilitar e agilizar as leituras. Os textos trazem questões a serem respondidas pelo aluno a cada semana, de preferência.

São disponibilizadas aos alunos ao longo do curso 24 vídeo-aulas com a autora do Método das Boquinhas, Renata Jardini. Estas vídeo-aulas são fundamentais para a compreensão do tema da semana, bem como para ajudar os alunos com as questões propostas nos textos. O aluno recebe um link para acessá-las ficando disponíveis por duas semanas, podendo assim escolher o melhor dia e horário para assisti-las.

Além dos textos e vídeo-aulas, também são utilizados durante o curso o kit de livros Boquinhas no Desenvolvimento Infantil (2 livros – professor e aluno, + DVD + espelhinho), necessários para as atividades práticas que o aluno deverá realizar no decorrer do curso.

A duração do curso é de 120 horas, divididas em 4 (quatro) meses de trabalho. O tempo de dedicação do aluno será relativo ao seu grau de interesse, sendo considerado o

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mínimo, 1 hora e meia de estudo por dia ou 7,5 horas semanais. Cada aluno terá uma tolerância de 4 semanas ao final do curso para sua conclusão.

As avaliações são de caráter formativo, ou seja, têm a intenção de promover e consolidar a aprendizagem dos alunos, estabelecendo uma troca de experiências e conhecimentos entre aluno e tutor através das mediações das atividades realizadas.

DISCUSSÃO

Um curso EAD pode trazer uma série de vantagens para o aluno tais como: facilidade de acesso, pois, o aluno não precisa sair de casa para fazer o curso; flexibilidade de horários para estudar; interatividade entre aluno e tutor permitindo uma troca de experiências, acesso ao material didático, autonomia do aluno, entre outros.

No EAD de Boquinhas, além dessas vantagens citadas, percebe-se outras que fazem o diferencial desse curso. A ausência de uma plataforma estruturada e o uso apenas do e-mail como forma de comunicação entre aluno e tutor, facilita o processo principalmente para aqueles alunos que têm dificuldade com o mundo virtual, pois acham complicado trabalhar com uma plataforma. O aluno tem a facilidade de receber por e-mail todo o material a ser utilizado durante o curso, além das vídeo-aulas.

A mediação das respostas do aluno realizadas pelo tutor uma a uma, garante um feedback positivo para a sua aprendizagem, pois todos os comentários realizados pelo tutor só vem a contribuir para a compreensão do conteúdo estudado. Por isso, a avaliação é formativa, ou seja, não se preocupa em dispor de uma nota ao trabalho do aluno, considerando as questões certas ou erradas, e sim promover uma reflexão do aluno quanto a sua aprendizagem, levá-lo a refletir não somente quanto ao conteúdo estudado, como também sua prática enquanto profissional e o seu desenvolvimento pessoal.

Muitos alunos têm receio de expor sua opinião, medo de errar, de ser inadequado e ser punido. Justamente pelo curso permitir ao aluno se expor de forma “velada” e individual, destravam-se os medos, criam-se laços pela aprendizagem e não pelos aspectos sociais envolvidos. É nítida a transformação de muitos dos alunos ao longo de todo o curso, seja no aproveitamento dos conteúdos, na elaboração das respostas, na melhora da sua ortografia, na superação dos seus medos e inseguranças, enfim, o curso proporciona um crescimento não somente profissional como também pessoal, além de muitos recuperarem a sua autoestima, tornando-se mais confiantes e seguros da sua atuação nos diversos setores da sua vida.

RESULTADOS

Dos 71% dos alunos que concluíram o curso até o G11, 100% fizeram uma avaliação a respeito do curso ao final do mesmo. Destes, apenas 5% foram avaliações negativas e/ou críticas a respeito do curso, as demais foram avaliações positivas com sugestões de melhorias.

Abaixo alguns dos depoimentos (acessados em http://loja.metododasboquinhas.com.br/productreviews/9, em 30/03/2014) feitos por alunos sobre o curso que refletem todas essas considerações.

“EAD BOQUINHAS Acredito que aprendi muito. Muitos conhecimentos obtive, e mais do que isso o curso me trouxe algumas inquietações e vontade de saber mais, por exemplo sobre a neurociência, entre outras. Percebi também como precisamos enquanto

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educadores estar sempre aprendendo. O material trabalhado é de ótima qualidade e de fácil entendimento”. “EAD BOQUINHAS Por ser um curso em EAD, vejo que o material é consistente, nos leva a discussões interessantes, resgates importantes que vemos na graduação, antes de iniciar a nossa licenciatura e após algum tempo, o que aprendemos é bem diferente na pratica e neste curso pude expor essas ideias”. “Eu adorei o curso, achei que vocês tiveram um cuidado muito grande em oferecer o máximo de conteúdo teórico e reflexão sobre aquilo que iria ser ensinado através do método das boquinhas, não ficando preso apenas na técnica de ensinar o alfabeto quanto ao seu nome, fonema e articulema. Bem como respaldar todos os requisitos necessários para ter uma boa alfabetização. Gostei das atividades práticas. Os vídeos foram FUNDAMENTAIS para a compreensão dos textos e do método, principalmente nas explicações de como articular os fonemas. No mais parabenizo toda a equipe pela organização do curso, principalmente a autora pela brilhante ideia de inovação no processo de alfabetização através do método das boquinhas. “O conhecimento que este curso me proporcionou foi impar! Sinto por ter sido em uma época em que tenho grandes desafios e novos saberes a buscar e não pude realmente me dedicar como o curso mereceria. Compromisso com as alfabetizadoras, com seu espaço alfabetizador, com as crianças, com a comunidade escolar. Participando como coordenadora do Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa do MEC, trabalho este que também me suga horas de leitura e planejamento. Nesse curso me desafiei, me superei, me questionei, desacreditei, desanimei e minha consciência do compromisso com estes pequenos elevou-se. Gostaria hoje de poder retornar a sala de aula e poder por em prática TUDO, tudo o que ficou registrado como teoria. Estou abusando do que consegui absorver e poder modificar práticas ’nazistas” nas ações profissionais, principalmente no que se refere a rótulos, conceitos pré formados em relação as crianças pobres e sem um letramento advindo da educação infantil e familiar. APRENDI MUITO, me assustei com o quanto não sabia sobre leitura, e como este processo é penoso se não for bem trabalhado! Aprendi a relacionar atividades aos mais variados segmentos do corpo e da mente. APRENDIZAGEM, renovação, questionamentos são meus companheiros desde que iniciei o curso. Definiria como ESPETACULAR... ainda que a busca seja inesgotável! “Conheci “Boquinhas” através da diretora/amiga do Colégio que leciono. Confesso que já havia escutado falar sobre o método das Boquinhas e acompanhava o trabalho de uma colega, mas nunca havia parado para pensar como poderia me ajudar em sala de aula. Bom, me inscrevi, "conheci" minha tutora e então comecei a me envolver. Mesmo sem a conhecer e sem ouvir a sua voz, ao ler seus e-mails eu imaginava quão doce e tranquila deveria ser sua voz. Incentivando, com ótimas devolutivas, o tempo foi passando...Fim do curso! O curso foi maravilhoso, me deu muitas respostas e explicações que jamais havia percebido. As aplicações, os "testes" foram maravilhosos e eficazes. Continuo lendo muito e também buscando mudanças aplicáveis no segundo semestre dentro da sala de aula. Certamente a minha caminhada com Boquinhas vai se estender e pretendo, além de aplicar, divulgar esse método tão rico. Hoje, sou uma apaixonada por Boquinhas e agradeço à tutora por ser parte fundamental neste processo. Se não fosse o entusiasmo e a troca dela eu não teria acreditado e tentado! “

A primeira turma de EAD Desenvolvimento Infantil aberto (G1) iniciou em novembro de 2012 e até janeiro de 2014, quando foi concluída a última turma (G11), foram matriculados 153 alunos, incluídos aqui o GI1, que é um grupo institucional, e desse total, 44 não concluíram o curso. Cabe ressaltar que no grupo institucional, não houve nenhuma desistência. Portanto, 71% concluíram o curso e 29% não concluíram. Os motivos da inconclusão foram: pessoais, motivos de saúde, falta de tempo para se dedicar mais aos estudos, falta de organização e disciplina (Gráfico 1).

GRÁFICO 1

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Há novas 3 (três) turmas do EAD aberto e 1 (uma) do EAD Institucional que ainda estão em andamento (G12, G13, G14 e GI2), elevando o número de alunos matriculados no EAD Boquinhas ao longo de 17 (dezessete) meses para 205. Portanto, contabilizamos um total de 14 grupos de EAD aberto, com 172 alunos matriculados e 2 grupos de EAD Institucional, com 33 alunos matriculados, num total de 16 grupos formados.

Com relação a formação profissional dos alunos EAD Boquinhas, 55% deles são da área da educação, ou seja, que cursaram magistério (Ensino Médio), normal superior ou outras licenciaturas, Pedagogia, especialistas em Educação Especial e coordenadores, 21% da psicopedagogia, 16 % da fonoaudiologia, 7% da psicologia e 1% outra formação. (Gráfico 2).

GRÁFICO 2

No EAD Boquinhas, os alunos são de diversos estados do nosso país e até de outros países como Portugal, Japão e Paraguai. A maioria dos alunos são do estado de São Paulo, com 21%, Distrito Federal 16%, Minas Gerais 12%, Paraná 11%, Mato Groso

29

%

9%

9% 71

%

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10%, Rio de Janeiro 6%, Rio Grande do Sul 5%, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul com 4% cada, Goiás e Bahia com 3% cada, Ceará 2%, Piauí, Pará, Sergipe e Tocantins com 0,5% cada e outros países, 2%. (Gráfico 3)

GRÁFICO 3

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os objetivos do EAD Boquinhas no Desenvolvimento Infantil estão sendo alcançados, com um número cada vez maior de educadores capacitados, com fundamentação teórica adequada e conhecimento para aplicar, na prática, o Método das Boquinhas. Por meio da assessoria individual contribui-se para que melhores resultados sejam obtidos na Educação Infantil e, como consequência, na alfabetização do país.

Acredita-se que não ter uma plataforma de trabalho tem se constituído como um grande diferencial deste curso, pois a não obrigatoriedade de dia e horário estipulado para acessar o material (textos e vídeos) e responder às atividades flexibiliza e se adequa às necessidades individuais. Acrescenta-se a isso o fato da individualização da mediação favorecer a exposição e minimizar o receio de não corresponder ao solicitado, bem como não haver comparação entre as respostas dadas, como é comum nos chats de EAD. Também a ausência de plataforma específica e o uso de e-mail favorece a inclusão, respeitando os conhecimentos individuais sobre os recursos tecnológicos existentes no mercado.

Um importante fator responsável pelas avaliações positivas que o EAD Boquinhas vem recebendo, é a assessoria individual oferecida a cada aluno por meio das mediações, possibilitando-lhe uma real aprendizagem a qual, possibilita realmente capacitar o educador para que saia do curso com uma bagagem teórica e prática que lhe permita intervir eficazmente na Educação Infantil, bem como aplicar adequadamente o Método das Boquinhas. A assessoria individual proporciona muitas reflexões ao aluno, promovendo não somente um crescimento e enriquecimento profissional como pessoal.

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A possibilidade do EAD fechado para Instituição proporciona fácil acesso ao Método das Boquinhas para aquela instituição que deseja proporcionar uma formação de qualidade e credibilidade aos seus professores, visto que o EAD Institucional promove momentos de discussões em grupo, reflexões que auxiliam muito no trabalho pedagógico da instituição como um todo, bem como adequação do Projeto e grade daquela escola.

Com os resultados positivos do EAD Boquinhas no Desenvolvimento Infantil, surgiu a demanda pelo curso EAD de Alfabetização com o Método das Boquinhas, o qual será lançado em breve.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, R. S. R. Boquinhas no desenvolvimento infantil: Aluno. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R. Boquinhas no desenvolvimento infantil: Professor. Bauru: Boquinhas, 2011.

LOBO NETO, F. J. da S.. Educação a Distância: Regulamentação, Condições de Êxito e Perspectivas.

ROCA, O. A autoformação e a formação à distância: as tecnologias da educação nos processos de aprendizagem. In: SANCHO, Juana M (org) Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

http://www.intelecto.net/ead_textos/lobo1.htm. Anotações de uma palestra, em 06 abril 1998.

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MÉTODO DAS BOQUINHAS: BENEFÍCIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA E SEUS IMPACTOS NA ALFABETIZAÇÃO DE UMA REDE

MUNICIPAL

Jeanine C. Elgersma15

INTRODUÇÃO

O presente trabalho objetivou descrever a formação continuada realizada com os professores da rede de ensino do município de Sengés/PR, bem como a melhora dos percentuais do IDEB do município a partir da aplicação do Método das Boquinhas.

Serão descritas as capacitações e supervisões realizadas no município, bem como os resultados alcançados pelos docentes em sala de aula a partir destas capacitações.

Observamos que a educação brasileira tem sofrido várias mudanças ao longo dos anos e o professor como mediador da educação, tem procurado sanar suas dúvidas buscando qualificação profissional. Ressalta-se a importância de um trabalho sólido realizado por estes professores, bem como a utilização de uma sequência de trabalho, a partir de uma metodologia de alfabetização multissensorial.

O município de Sengés/PR iniciou seus contatos com o Método das Boquinhas no final do ano de 2009, quando uma fonoaudióloga que prestava serviços ao município conheceu a metodologia e queria levá-lo ao conhecimento dos professores que trabalhavam na rede municipal de ensino, A partir daí iniciou-se o trabalho de capacitações, supervisões e assessoria neste município.

METODOLOGIA DO TRABALHO

Após as negociações feitas, o primeiro curso foi realizado com 8 horas de capacitação em áreas educativas, para a semana pedagógica às professoras das séries iniciais (fevereiro de 2010). Neste primeiro contato com o Método das Boquinhas, foi apresentada aos professores do município uma noção global dos fundamentos da metodologia, como e quando aplicar.

Após este curso, atendendo ao grande interesse de um grupo significativo de professores, acreditando nos resultados positivos que Boquinhas poderia trazer para a educação do município, a Secretaria de Educação de Sengés, negociou vários outros cursos e capacitações, tal como mostra o quadro abaixo:

Quadro 01

Carga horária Data Tipo de curso

40 horas Julho a novembro de 2010

Capacitação plena – Alfabetização, Educação Infantil e Distúrbios da Leitura e Escrita, incluindo supervisão e assessoramento na implantação do Método das Boquinhas.

15

Fonoaudióloga, especialista em motricidade orofacial, especialista em educação especial, multiplicadora do Método das Boquinhas.

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08 horas Fevereiro de 2011 Capacitação no método Boquinhas, com o objetivo de analisar e acompanhar a aplicação do método e supervisão.

40 horas Agosto a outubro de 2011

Capacitação plena - Alfabetização, Educação Infantil e Distúrbios da Leitura e Escrita, incluindo supervisão e assessoria na implantação do Método das Boquinhas.

40 horas Fevereiro (24 horas) e julho (16 horas) de 2012.

Capacitação de Educação Infantil com Boquinhas (professores Educação Infantil), Alfabetização, Dificuldades na Leitura e na Escrita e Alfabetização com Boquinhas (professores de 1º e 2º ano) e produção de textos (professores de 3º, 4º e 5º ano).

08 horas Fevereiro de 2014 Supervisão aos docentes da Educação Infantil.

O primeiro curso exposto no quadro acima foi oferecido aos professores que gostariam de se aperfeiçoar na metodologia, bem como aplicá-lo no dia a dia em sua sala de aula. Este curso não foi obrigatório, porém, cerca de 40 professores se interessaram pela realização do mesmo. As aulas foram ministradas em 05 sábados, quinzenalmente. Durante este período, grande parte dos educadores já vinha aplicando a metodologia em sala de aula e muitas vezes vinham relatando seus avanços, bem como tirando suas dúvidas. Neste período, também foi feita a aquisição de um “kit” de materiais de apoio, composto por livros e materiais, para cada escola, para que o professor pudesse trabalhar de forma lúdica e com apoio do material.

O segundo curso mencionado havia sido solicitado para que os professores que fizeram a capacitação plena, em 2010, pudessem colocar seus questionamentos para agora aplicar a metodologia em uma grande parte da rede municipal.

O resultado do trabalho até julho de 2011 revelou um progresso notável no nível de aprendizagem dos alunos, tanto que no segundo semestre daquele ano, foi contratada uma capacitação plena de 40 horas. Este curso foi destinado àqueles professores que não haviam participado da primeira capacitação plena: neste momento em caráter obrigatório, pois no próximo ano letivo a metodologia seria implantada em toda rede de educação do município, inclusive na zona rural.

No ano letivo seguinte, 2012, os professores da rede municipal de ensino, tiveram outra oportunidade de capacitação de 40 horas, dividido em dois períodos. Também foi feita a aquisição do material para todos os alunos da Educação Infantil e do 1° ano do ensino fundamental. Houve um curso no mês de julho deste ano e as avaliações realizadas foram muito positivas. Na supervisão realizada no mesmo mês, obtivemos o relato de vários professores (quadro 02), com sua notável satisfação quanto aos resultados obtidos.

DISCUSSÃO

No início do ano letivo de 2012, foi aplicada uma “provinha” (da qual não obtivemos acesso aos valores numéricos), para uma simples avaliação dos alunos. Esta “provinha” foi

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elaborada sob orientações da autora do Método das Boquinhas, utilizando-se as ferramentas da articulação como sugeridas nos materiais do referido método. No final daquele ano, a mesma “provinha” seria aplicada, porém, este fato não ocorreu, pois segundo uma das coordenadoras, “todos os alunos tirariam nota 10”. As coordenadoras se reuniram e elaboraram outra “provinha”, com questões mais elaboradas, mas com os mesmos conteúdos e objetivos. Para a surpresa de todos, a média final de todos os alunos envolvidos, foi de 8,06. Na ocasião, relataram que as dificuldades de aprendizagem não se apresentaram naquele ano letivo, destacando-se somente as crianças com distúrbios de aprendizagem.

Outro fato relatado por uma das coordenadoras foi a evolução de um aluno com deficiência auditiva; com este educando já se havia trabalhado de diversas formas, porém, com resultados pouco efetivos. Foi então dado início ao trabalho com o Método das Boquinhas com esta criança e, ao final do ano, a própria coordenadora avaliou a leitura deste menino. Ela relata que “chorou” quando observou que este aluno estava lendo, não com uma grande velocidade de leitura, mas com um resultado muito além do que se havia esperado.

Na última supervisão realizada, em fevereiro de 2014, participaram somente os professores da Educação Infantil, para que pudessem rever os conteúdos. Neste ano letivo, os alunos do referido nível escolar, foram beneficiados com o material individual, adquirido através da secretaria de educação do município.

Durante o trabalho realizado com os professores, obtivemos muitos relatos de pontos positivos quanto ao uso do Método das Boquinhas; um número significativamente menor de pontos negativos e alguns pontos quanto às dificuldades apresentadas por eles, conforme descrito no quadro 2. Aqui relatamos somente os mais significativos. Todos os relatos foram repassados à autora, que atendendo às sugestões, fez as alterações nos livros. Elaborou uma nova edição do livro da Educação Infantil, um livro maior, com mais exercícios, agora com o nome Boquinhas no Desenvolvimento Infantil. Também editou um livro para dar sequência à alfabetização, intitulado Aprender +, um livro com conteúdo muito solicitado por professores.

Quadro 02

Pontos positivos Pontos negativos

O aluno identifica as letras de uma forma mais clara.

O material é adequado e bem explicado.

Entra e sai dos alunos transferidos (porque se perde a sequência do trabalho). Apesar de o método estar dando certo, ainda há insegurança do professor.

Facilita a aquisição rápida da leitura e o raciocínio. Atende a todas as crianças principalmente as que têm dificuldade. Segue uma sequência.

Material mais completo do mercado.

Dar continuidade nas séries seguintes.

Obtêm melhor consciência do fonema.

Melhora a discriminação auditiva. Aprendizagem – alfabetização mais rápida.

Falta de material para o 2° ano.

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A criança participa ativa e efetivamente da construção do conhecimento. Material adequado e variado, evitando buscas e pesquisas por material em fontes dispersas.

Dificuldade: alguns pais, apesar de conscientes do método adotado pela escola, ao ajudar os filhos com os deveres de casa, utilizam o método silábico, causando confusão e conflito na aprendizagem dos filhos.

A escola tinha dois anos para melhorar o IDEB; em um ano já alcançamos a meta. Deficiente auditivo alfabetizado.

Dificuldades: Ordem das letras.

Facilita a aprendizagem. Estimula o pensamento.

Espaço no livro para escrever frases e espaço para ligar.

RESUTADOS

Segundo dados pesquisados, em 2011 a nota do IDEB (anos iniciais) foi de 5.4; 15% acima da meta de 4.7; neste mesmo ano cresceram 6%,ou seja, 0.3 pontos percentuais. A meta de 5.4 havia sido projetada para o ano de 2017, conforme mostra o quadro abaixo:

CONCLUSÃO

Podemos concluir que, o trabalho de capacitação com o Método das Boquinhas realizado com os professores do Município de Sengés/PR foi bastante efetivo e gratificante. Se compararmos a participação dos mesmos professores do primeiro curso e da última supervisão, observa-e que há grande interesse em querer saber mais, querer desenvolver seu trabalho de forma efetiva, bem como aumentou seu vínculo com o trabalho. Foi possível ainda perceber que as supervisões oferecidas para dar suporte ao professor são essenciais, de forma que o profissional possa tirar suas dúvidas e trocar

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Método das Boquinhas Renata Jardini CRFa: 4028-SP - CRFa: 2025/PJ - CNPJ: 09.508.047/0001-35

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experiências com seus colegas, inclusive dando continuidade a um trabalho implantado. Os educadores se sentiram mais seguros, principalmente quando observaram e relataram que o IDEB melhorou além das expectativas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, Renata Savastano R.; GOMES, Patrícia Thimóteo S. Alfabetização com as Boquinhas: livro do professor. 2° edição. São José dos Campos, SP: Pulso Editorial Ltda, 2007.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T.. Boquinhas na Educação Infantil: Professor. Bauru: Jardini, 2007. 2ª Ed., 2009.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T.. Boquinhas na Educação Infantil: Aluno. Bauru: Jardini, 2007. 2ª Ed., 2009.

JARDINI, Renata Savastano R.. Boquinhas no desenvolvimento infantil: livro do professor. Bauru: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

http://www.portalideb.com.br/cidade/886-senges/ideb?etapa=5&rede=publica, acessado em 15 de março de 2014.

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IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO DAS BOQUINHAS EM SAPEZAL/MT

Suélia Pinheiro16

INTRODUÇÃO

Alfabetizar é um desafio onde professores e alunos ocupam um papel de destaque no processo de construção do conhecimento. A alfabetização é uma das etapas que contribui para a evolução intelectual do aluno, sendo assim é um processo contínuo que ocorre de maneira gradativa. Quando se alfabetiza não basta apenas codificar e decodificar.

O município de Sapezal-MT, no ano de 2012 acreditou na proposta do Método das Boquinhas (JARDINI) capacitando 72 (setenta e dois) professores, e beneficiando 962 (novecentos e sessenta e dois alunos), de 5 ( cinco) escolas municipais. Adotaram todo material específico de Boquinhas. Material esse que atende os pré-requisito de alunos na fase inicial da escrita fazendo com que os mesmos atinjam as habilidades e competências exigida pela série em que estão. Os professores passaram a receber capacitação anual (assessoria) para aplicar o Método das Boquinhas com segurança, assim como utilizar os materiais com competência e precisão para resolver os problemas de alfabetização enfrentados pelo município e ao mesmo tempo utilizar uma metodologia segura para todo e qualquer tipo de aluno.

Todo aluno precisa interpretar, compreender e assimilar o conteúdo para que ocorra o ensino aprendizagem da leitura e escrita. O propósito da alfabetização é ajudar as crianças a compreender o que leem e a desenvolver estratégias para lerem com autonomia. Da mesma forma, o propósito de escrever é comunicar, de modo que um leitor, situado remotamente no tempo e no espaço, possa interpretar o propósito e o significado do que foi escrito.

OBJETIVO GERAL

Possibilitar o aprimoramento da formação político pedagógica e cultural dos educadores, visando a melhoria na qualidade do processo ensino aprendizagem.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Capacitar os professores para utilização do Material do “Método das Boquinhas“ para fazer uso dessa ferramenta de forma segura;

Agir em benefício dos alunos que apresentam dificuldades;

Facilitar a alfabetização de alunos em processo de construção do conhecimento;

Oferecer aos estudantes um material que não apenas os ensina a codificar e decodificar e sim lhes proporciona a interpretação, a compreensão e assimilação do conteúdo para ocorrer o ensino e aprendizagem da leitura e escrita.

Alfabetizar todos os alunos até o final do primeiro ciclo do ensino fundamental usando o critério de agrupamentos produtivos (FERREIRO e TEBEROSKY, 1996).

16

Suelia Pinheiro, professora e psicopedagoga clínica e institucional, Multiplicadora do Método das Boquinhas.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Sapezal/MT é um município com apenas 18 anos de emancipação com um pouco mais de 18 mil habitantes incluindo duas etnias indígenas Paresi e Nambikwara. Recebe emigração de todo o país, sendo sua economia baseada no agronegócio, com predomínio da agricultura. É o 2º maior produtor de grãos do país (soja, milho e algodão).

Confirmando o destaque do município de Sapezal por priorizar investimentos na área da saúde e educação, em 2011 foi realizado um curso de 16 horas, com a participação de todos os professores da rede municipal, no qual tiveram a oportunidade de conhecer o Método das Boquinhas.

Em 2012 o município optou pela aplicação do Método e iniciou-se um trabalho de capacitação/assessoria de 80 horas dividido em 06 encontros anual, para 72 professores que atuam em 05 escolas municipais num total de 962 alunos da Pré-escola ao 5º ano, do ensino fundamental.

Com isso, o município entendeu que seria o novo caminho para se obter bons resultados no processo ensino e aprendizagem. Ao acolherem o Método das Boquinhas iniciaram um novo desafio que foi de elaborar novas estratégias de ensino. Com isso deram início a prática dos agrupamentos, orientados pela Multiplicadora assessora, passando a elaborar um planejamento que inclui atividades desafiadoras e muito estudo e dedicação. Os professores refletiram sobre a Psicogênese da Escrita na prática e com estudo dirigido se aprofundaram e entenderam como poderia ser feita as sondagens das hipóteses de escrita.

A partir de então, passaram a se aprofundar nos estudos sobre o valor do diagnóstico, para conhecer o nível de aprendizagem de cada turma. Constatando as dificuldades de cada criança os professores conseguem planejar a etapa seguinte, propondo atividades adequadas para levar cada educando a chegar ao final da alfabetização lendo e escrevendo. O professores passaram a realizar avaliações diagnósticas no início do ano letivo e assim sucessivamente a cada bimestre, baseando-se na sugestão de Ferreiro e Teberosky (1999) no Modulo 1 (um) do Programa de Formação de Professores alfabetizadores (PROFA), do MEC, que traz como sugestão ditar uma lista de quatro palavras (uma polissílaba, uma trissílaba, uma dissílaba e uma monossílaba) de preferência do mesmo campo semântico.

Após a escrita, era pedido para que cada um lesse o que escreveu. Essa leitura é tão ou mais importante do que a própria escrita, pois a leitura permite que o professor acompanhe o raciocínio da escrita da criança com a palavra ditada. Depois de realizado estudo dessa fundamentação teórica os professores de Sapezal após as sondagens passaram a planejar as atividades para os alunos avançarem e fazerem os agrupamentos produtivos. Sabendo que nos agrupamentos produtivos toda criança pode confrontar suas ideias com as dos colegas, oferecer e receber informações se torna essencial. Essa troca é que leva ao avanço na aprendizagem e precisa ser bem planejada. Em Sapezal, após diagnóstico, foram reunidas crianças de níveis diferentes, porém próximos em suas fases de escrita.

Os professores perceberam que o sucesso no trabalho com agrupamentos produtivos depende do tipo de tarefa: ela deve ser sempre desafiadora para que a turma use tudo o que sabe na resolução e assim possa evoluir. O Método das Boquinhas foi um dos recursos que contribuiu para o sucesso dos resultados.

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Também foi feito o acompanhamento de alunos que estavam no 4º e 5º ano do segundo ciclo do ensino fundamental e não estavam alfabetizados. Os mesmos passaram a fazer parte de agrupamentos produtivos, evoluindo notoriamente, e, consequentemente, passando a acompanhar suas turmas de origem.

Na assessoria em Sapezal os 72 professores da Pré-escola ao 5º ano do ensino fundamental são atendidos em pequenos grupos de acordo com a série que atuam, sendo elaboradas novas estratégias baseando-se nos resultados apresentados. A aplicação do Método das Boquinhas e o resultado dos agrupamentos produtivos são retomados a cada encontro para elaboração de um novo plano de trabalho para a etapa seguinte. A assessoria contempla também visitas nas salas de aula para acompanhar a aplicação do Método das Boquinhas e os resultados dos agrupamentos.

Para Sapezal/MT a escola representa o único meio de contato com o universo da escrita. Assim, cabe a escola, coordenadores e professores se empenharem para garantir uma aprendizagem eficiente que resulte na leitura e escrita para terem acesso ao mundo letrado.

RESULTADOS

Com a aplicação do Método da Boquinhas, agrupamentos produtivos, aquisição do material de Boquinhas e capacitação/assessoria para coordenadores e professores, Sapezal/MT, chegou ao final do ano letivo com resultado satisfatórios.

Em um trabalho de assessoria temos muitos entraves, muita discussão, muito trabalho e dedicação, mas temos também ótimos resultados. Após um trabalho que é levado a sério, assim como foi o ano de 2013 em Sapezal/MT, chegamos aos resultados conforme mostram os gráficos, 1 (pré II), 2 (1º ano) e 3 (2º ano) a seguir, comparativos de abril e novembro, para cada turma trabalhada. Todos os gráficos mostram o número de crianças envolvidas.

GRÁFICO 1

DADOS COMPARATIVOS DO DESEMPENHO DOS ALUNOS

2013 - 1º ANO

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GRÁFICO 2

DADOS COMPARATIVOS DO DESEMPENHO DOS ALUNOS

2013 - 1º ANO

GRÁFICO 3

DADOS COMPARATIVOS DO DESEMPENHO DOS ALUNOS

2013 - 2º ANO

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

O professor assume um papel fundamental na vida escolar de seu aluno. É dada a ele a possibilidade de acompanhar a evolução das facilidades e dificuldades que cada aluno apresenta. Gestores e professores de Sapeza/MT levaram isso em consideração quando conheceram o Método das Boquinhas e viram a possibilidade de se fazer a diferença na alfabetização do município. Acreditaram que, colocando em prática uma metodologia diferenciada, teriam sucesso levando em conta os desafios pedagógicos que iriam enfrentar, sabendo que novos caminhos representam romper com paradigmas e que seria preciso traçar estratégias adequadas para alunos e professores.

Os gráficos anteriores explanam de maneira inequívoca a evolução atingida por todos os alunos, do Pré II ao 5º ano do Ensino Fundamental, por meio das estratégias e uso da metodologia Boquinhas. Fundamental papel desempenhou a assessoria

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contratada, que pode acompanhar a evolução de cada grupo, dando suporte e segurança para cada docente.

Boquinhas na alfabetização é comprovadamente um método eficaz na alfabetização e reabilitação da aprendizagem da leitura e da escrita, trazendo benefícios tanto para quem ensina como para quem aprende. Os resultados são altamente satisfatórios porque parte de pressupostos concretos, visíveis, palpáveis e que funcionam para qualquer tipo de aprendente, visto ser um método multissensorial, fono-visuo-articulatório.

Os professores de Sapezal/MT acreditaram e puderam comprovar que, aplicando o Método das Boquinhas como nova metodologia, agregado a prática dos agrupamentos produtivos alcançariam pré-requisitos inerentes à alfabetização, tornando os alunos aptos a desfrutar de toda riqueza e abertura de consciência, que o domínio da leitura e escrita nos proporciona. Ficando assim justificados os excelentes resultados traduzidos, até mesmo além da aprendizagem da leitura e da escrita, elevando a autoestima de professores, alunos e pais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPOVILLA, F. C. (org.). Os novos caminhos da alfabetização Infantil. 2ª ed. São Paulo: Memnon, 2005. FEIL, I. T.Sausen.. Alfabetização: Um desafio novo para um novo tempo. 9ª ed. Ijuí: Vozes/Fidene, 1987. FERREIRO, E. Com todas as letras; tradução de Maria Zilda da Cunha Lopes. São Paulo: Ed. Cortez, 2000. FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Ed. Artimed, 1999.

JARDINI, R. S. R.. Método das Boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita - Livro 1, fundamentação teórica. 3.ed. Bauru: Boquinhas, 2010.

JARDINI, R. S. R.. Boquinhas no Desenvolvimento Infantil: Aluno. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T.. Alfabetização com Boquinhas: Aluno. 4.ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

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A IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO DAS BOQUINHAS EM UMA CLÍNICA MULTIDISCIPLINAR: ALFABETIZANDO, REABILITANDO E GARANTINDO

RESULTADOS

Maura Cecília Gonçalves Albano17

INTRODUÇÃO

Atualmente, com o notório fracasso dos sistemas de ensino em cumprir a sua função de ensinar, principalmente no que se refere à alfabetização e ensino da leitura e da escrita, nas clínicas especializadas tem crescido a demanda por atendimentos para crianças e adolescentes que têm apresentado dificuldades em sua aprendizagem. Desta forma, as clínicas têm se deparado com a função de oferecer suporte complementar ao trabalho desenvolvido na sala de aula e de instrumentalizar seus clientes em relação à aprendizagem com ênfase em suas potencialidades. É, portanto, para esses alunos que novas tecnologias educacionais e modelos de atendimento especializado devem ser implantados, promovendo um auxílio na busca da qualidade da aprendizagem e do ensino, evitando-se o aumento do já enorme contingente que compõem o fracasso escolar.

Trataremos aqui da estruturação de uma clínica particular localizada na região metropolitana de Belo Horizonte em Minas Gerais. Em 2005, o consultório se transformou numa clínica aumentando o seu espaço físico e o número de profissionais para atender à demanda crescente. Na ocasião a clientela crescia paralelamente à demanda educacional. Após a realização de uma avaliação clínica de duas crianças cujas hipóteses diagnósticas de Dislexia foram confirmadas por avaliações neuropediátricas, iniciou-se a busca por um tratamento com resultados efetivos para estes casos. Após a realização de pesquisas em sites de livrarias especializadas chegamos ao Método das Boquinhas. O livro Método das Boquinhas: alfabetização e reabilitação da leitura e da escrita (JARDINI, 2003) foi adquirido e iniciada a sua aplicação com estas crianças. O método foi aplicado seguindo as orientações do livro e, com os excelentes resultados obtidos, houve a procura de várias outras crianças.

A eficácia do método fez com que buscássemos um maior aprofundamento por meio de cursos com a autora. Foram 3 (três) cursos - realizados pela própria clínica - nas cidades de Pedro Leopoldo e Belo Horizonte, ambas em Minas Gerais. O primeiro contato se deu em 2009 e gerou uma parceria que se mantém até a presente data. O aumento deste conhecimento do Método das Boquinhas fez com que crescesse também a amplitude que o método tomou dentro da clínica, culminando com a criação do Projeto Aprender que visava não só a alfabetização e reabilitação da leitura e da escrita de crianças, adolescentes e adultos como a questão da responsabilidade social e acessibilidade da população de baixa renda.

OBJETIVO GERAL

Mostrar como o método das Boquinhas auxiliou no crescimento de uma clínica multidisciplinar.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

17

Psicóloga, Especialista em Psicologia da educação, Psicopedagogia e Neuropsicologia, Tutora EAD e

Multiplicadora do Método das Boquinhas

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Oferecer atendimento educacional especializado por meio de uma metodologia multissensorial de alfabetização e reabilitação que favoreça um melhor desenvolvimento dos processos de aprendizagem dos clientes;

DESENVOLVIMENTO

O trabalho se inicia por meio de uma entrevista com os pais ou responsáveis interessados nos serviços especializados da clínica, após a mesma é identificada a demanda do cliente e realizada uma avaliação diagnóstica que pode se dar pelos profissionais das diferentes áreas clínicas. A avaliação diagnóstica ocorre entre 4 e um máximo de 8 sessões de 45 minutos cada. Ao final da mesma é realizada uma devolução para os pais ou responsáveis com entrega de um relatório no qual constam os resultados dos testes realizados, as indicações terapêuticas e o encaminhamento para outros profissionais como neuropediatras, psiquiatras ou exames adicionais.

São ainda analisados e selecionados os clientes que serão encaminhados para o Projeto Aprender. Como o cliente já foi submetido a uma avaliação inicial de leitura e escrita, assim como uma avaliação das habilidades que são pré-requisitos para a alfabetização, quando é encaminhado para o projeto, o cliente então é inserido em um grupo de atendimento de acordo com o seu nível de desenvolvimento ou habilidade a ser trabalhada. O Projeto Aprender é um espaço para se aprender de verdade! Inclusive o slogan do Projeto Aprender é: “Venha Aprender com a gente!”

Toda intervenção é realizada pensando tanto indivíduo quanto no pequeno grupo de, no máximo 5 alunos, do qual ele faz parte. O serviço é estruturado segundo o nível de desenvolvimento em que cada cliente se encontra, ou seja, os grupos são organizados a partir de uma avaliação inicial aplicado pela professora logo que o aluno ingressa no serviço. Tal avaliação baseia-se na verificação das seguintes habilidades: escrita (compreensão de sentenças e produção escrita), leitura (de palavras e pseudopalavras), consciência fonológica (rima, aliteração, contagem de silabas, reconhecimento de fonemas, associações fonema-grafema).

São realizadas reuniões de equipe semanais nas quais é feita a análise das atividades realizadas por cada grupo na semana anterior e com base no desenvolvimento observado. São propostas atividades subsequentes. Para alunos que são atendidos individualmente são realizados estudos de caso e acompanhamento sistemático com o foco na sua integração no grupo.

A ação da equipe de profissionais que acompanha semanalmente a psicopedagoga ou professora especializada consiste na definição da forma de intervenção, seja individual ou em grupo, de acordo com necessidades específicas dos clientes; adaptação e produção de material, planejamento e orientação e quando necessário, tanto a professora regente da rede regular de ensino quanto à família do aluno são orientados de outro serviço oferecido pela clínica que é denominado “Plantão de pais ou professores”. O professor, por sua vez, vai intervir como mediador, desenvolvendo estratégias e atividades que favoreçam as funções cognitivas, de linguagem e psicoafetivas, indispensáveis ao êxito acadêmico dos clientes com distúrbios e/ou dificuldades de aprender.

A proposta fundamentada no Método das Boquinhas tem oportunizando resultados significativos por englobar a estimulação de uma série de percepções (tátil, visual, auditiva) que favorecem a aquisição e/ou aprimoramento do processo de leitura e escrita, associando fonema/articulema/grafema. Além disso, tal metodologia permite, de forma lúdica e prazerosa, trabalhar aspectos de consciência fonologia (de palavras, sílaba,

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fonema, aliteração e rima associação fonema-grafema) através de atividades orais e escritas. Dessa forma, o educando é capaz de avançar no processo de letramento de forma mais rápida e produtiva, tornando-se posteriormente um leitor proficiente.

Os atendimentos são realizados em grupos com duração de uma hora, duas vezes por semana. Para melhor atender as necessidades dos alunos que participam do projeto, os serviços foram divididos em 4 (quatro) grupos diferentes, a saber: alfabetização I, II, III e reeducação.

No grupo de Alfabetização I – A1, utiliza-se o livro Boquinhas no Desenvolvimento infantil (Jardini 2009). Atendendo àqueles que necessitam de um trabalho voltado aos pré-requisitos do processo de aquisição de leitura e escrita (habilidade corporal, consciência fonológica, fonêmica e fonoarticulatória, desenvolvimento cognitivo, processamento viso-motor, processamento auditivo, habilidade espaço-temporal e inicio da alfabetização propriamente dita). Os exercícios respeitam uma ordem sequencial, de menor para maior complexidade, podendo ser adaptados de acordo com as necessidades individuais ou grupais. Sua execução ocorre, ora em sala de aula, ora em ambientes externos.

Nos grupo Alfabetização II – A2 e III – A3, introduz-se o Livro Alfabetização com as Boquinhas (JARDINI, 2008) e o livro Aprender + (JARDINI e GUIMARÃES, 2013), iniciando com as vogais /a, e, i, o, u/ seguidas das consoantes /l, p, v, t, m, b, n, f, d, c, r, g, j, s, x, z/, conforme sequência indicada pelo método, acompanhando a evolução do educando.

Finalmente, no grupo de Reeducação - R, temos aqueles que apresentam algumas falhas no processo de alfabetização, ou seja, já são capazes de ler e escrever, porém, apresentam dificuldades de compreensão textual e trocas ortográficas (disortografia) significativas. Aqui as atividades são complementadas com o livro de Método das Boquinhas: alfabetização e reabilitação da leitura e da escrita (JARDINI, 2003) conhecido também como Caderno de Exercícios.

Vale ressaltar que a clínica possui praticamente todo o material do Método das Boquinhas, incluindo os livros, jogos e DVDs, que foram adquiridos ao longo dos cursos a equipe da clínica que promoveu e participou.

Todos os alunos são acompanhados sistematicamente, através de avaliações processuais que nos permitem a verificação evolutiva dos mesmos, além da eficiência e eficácia da prática adotada. No decorrer dos atendimentos, é possível também averiguar se há a necessidade de novas avaliações (psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional) que complementem ou se associem ao processo de desenvolvimento das habilidades acadêmicas dos clientes. Toda essa assistência complementar favorece o processo ensino–aprendizagem e possibilita que os nossos clientes vençam suas próprias dificuldades em leitura e escrita até obterem alta do serviço.

RESULTADOS DO PROJETO EM 2013

A avaliação do projeto foi feita semestralmente por meio de um levantamento de dados como frequência dos alunos, realização das reuniões de equipe e de ditados aplicados para mensurar os resultados do mesmo. Tivemos como meta a realização de pelo menos 80% dos atendimentos semanais (frequência), a realização das reuniões da equipe semanalmente e a avaliação do desenvolvimento da aprendizagem dos nossos clientes como a análise dos diversos tipos de trocas apresentadas na escrita e da análise do desenvolvimento da consciência fonológica.

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RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA - 1º E 2º SEMESTRE DE 2013

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

No de alunos

A1 A2 A3 R

Grupos

Acertos - Identificação de Rima

FEV . NOV.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

No de alunos

A1 A2 A3 R

Grupos

Acertos - Identificação de Fonema Inicial

FEV . NOV.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que a proposta de atendimento do Projeto Aprender com base na metodologia Boquinhas tem proporcionado não só o desenvolvimento dos clientes atendidos, bem como o crescimento e desenvolvimento dos serviços da clínica, além do aprimoramento da equipe de profissionais. O projeto tem procurado atender aos alunos em suas necessidades, impactando o processo de ensino e aprendizagem a partir de um enfoque tanto pedagógico, fonoaudiológico quanto psicológico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS, Marilyn J.. Consciência Fonológica em Crianças Pequenas – Porto Alegre: ARTMED, 2006.

AFONSO, Lúcia. Oficinas em dinâmica de grupo. Belo Horizonte, ed. Campo Social, 2000.

BALEEIRO, Maria Clarice; SERRAO, Margarida. Aprendendo a ser e a conviver. 2a edição. São Paulo: FTD, 1999.

JARDINI, Renata S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação da leitura e da escrita – São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

JARDINI, Renata S. R. Alfabetização com as boquinhas – método fono-viso-articulatório – livro do professor – São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008.

JARDINI, Renata S. R. Alfabetização com as boquinhas – método fono-viso-articulatório – livro do aluno – São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008.

JARDINI, R.S.R.; GUIMARÃES, V.A. Aprender + com Boquinhas – livro do aluno – Bauru: Boquinhas, 2013.

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DIFICULDADES DE SEGMENTAÇÃO DA ESCRITA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO COM BOQUINHAS

Lisiane Pereira de Araújo18

INTRODUÇÃO

O processo de aquisição da escrita é marcado por uma série de convenções. A criança, que desde o seu nascimento está em contato com os sons da língua, ao iniciar este processo, deve apropriar-se de tais convenções em virtude da importância social (VEÇOSSI e FERREIRA-GONÇALVES, 2011).

Durante o processo de aquisição da escrita, é comum crianças apresentarem casos de junturas e/ou segmentações das palavras, por estarem construindo suas hipóteses no que diz respeito à segmentação da escrita. Segundo Silva (1994), as junturas são chamadas de hipossegmentação e as segmentações são chamadas de hipersegmentação. Para a resolução das dúvidas que as crianças apresentam sobre o lugar em que os espaços devem estar inseridos nas frases, é necessário que o aprendiz se dê conta da complexa tarefa de compreender o que é uma palavra. É neste momento que podem surgir as segmentações não convencionais.

É comum observarmos crianças cometerem aglutinações de palavras durante o processo de alfabetização, mas que logo depois são sanadas. Porém quando observa-se a persistência dessas aglutinações, emendando duas ou três palavras, já estando a criança alfabetizada, é necessária uma intervenção. (JARDINI, 2003)

Quando se está na fase de alfabetização, a noção de palavra é instável para a criança e pode significar um fragmento do enunciado, o enunciado completo ou ainda letras isoladas. Nessa fase, é mais fácil que o aluno identifique como palavra os substantivos, adjetivos e verbos, sendo as demais classes gramaticais consideradas como não palavras. (FERREIRO e POTECORVO, 1996)

O processo de aquisição da escrita não deveria ocorrer de forma passiva, por meio de atividades mecânicas como cópia, ditados de produções que não lhe pertencem – ainda muito comuns nas escolas – e que não lhes permitem entender o real funcionamento da escrita. (SILVA, 1994)

Através da observação de textos infantis, alguns estudos mostraram que as hipossegmentações são mais comuns nas escritas infantis do que as hipersegmentações. A decorrência disso se dá, possivelmente, pelo fato de que, no início do processo da aquisição da escrita, a criança entende a palavra como uma frase fonológica. (ABAURRE, 1988 e FERREIRO, POTECORVO, 1996)

A modalidade oral influencia a grafia, não apenas no que diz respeito aos aspectos segmentais, como também nos prosódicos. Para Cagliari (1998), o aprendiz utiliza o conhecimento que possui acerca da estrutura de sua língua, e somente ao longo do processo é capaz de afastar a escrita da oralidade, tomando consciência de que a escrita não é um espelho da fala. Assim, é comum observarmos crianças cometerem erros de segmentação na escrita, utilizando como critério a fala. São exemplos: “àsvezes”, “na quele”.

18

Fonoaudióloga com Especialização em Fonoaudiologia Hospitalar com Ênfase em Neurologia e Multiplicadora do Método das Boquinhas.

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Outro aspecto pode ser considerado como etiologia para os erros de segmentações na escrita, que é o fato de escolas trabalharem com ênfase na separação silábica com alunos que já não mais se encontram no nível silábico de escrita. Segundo Jardini (2003; 2011), ao realizar esse tipo de tarefa, alguns discentes podem perder a noção da palavra na frase, enfatizando apenas na sílaba, que é algo destituído de significado.

Segundo Pereira (2011), algumas hipersegmentações podem ocorrer, devido à silabificação enfática da linguagem oral ou à percepção de como a escrita é abordada na escola através das técnicas de ditado a que a criança é exposta. Na prática do ditado escolar, o professor inventa um modo próprio de ditar, usando uma pronúncia silabada, sem falar naturalmente as palavras e frases. Lembremos também a influência dos exercícios de separação de sílabas que são feitos na escola e as "famílias silábicas", usadas em certos métodos de alfabetização.

Assim, o presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um paciente com processos de segmentação na escrita, cujos resultados demonstraram a eficácia da terapia fonoaudiológica associada com o método fonovisuoarticulatório, o qual foi escolhido para reabilitação destes distúrbios da escrita devido aos resultados alcançados, bem como por apresentar fácil aplicabilidade e rápida compreensão do processo por parte do aluno.

RELATO DE CASO

Paciente do gênero masculino, 7 anos, cursando o 2º ano de uma escola particular de grande porte na cidade de Salvador, que foi diagnosticado com dislexia e TDAH por um neuropediatra que o encaminhou para a terapia fonoaudiológica. Durante anamnese, a genitora informou sobre atraso na linguagem oral apresentado pela criança e que o pai da criança é disléxico. No processo de alfabetização, o paciente já se encontrava em terapia fonoaudiológica e apresentava grande resistência no aprendizado da leitura. Assim, foi inserido o método fonovisuoarticulatório, a fim de auxiliar nas dificuldades de leitura. Foram realizadas visitas à escola para orientação ao professor sobre como trabalhar com a terapia fonoarticulatória, buscando uma parceria que pudesse alcançar melhores resultados.

A primeira reação do paciente ao método foi de motivação (um dos critérios relevantes para o aprendizado) por considerar prazeroso a manipulação e o contato com as boquinhas. Após quatro meses de intervenção, as dificuldades iniciais (nomeava letras, mas não lia por não compreender o processo da leitura e da escrita) foram superadas, mas outra demanda na escrita foi evidenciada, necessitando de intervenção: a segmentação indevida das palavras. Ao analisar as atividades da escola, foi constatado que havia muitos exercícios de separação silábica para os alunos do segundo ano. Essas atividades podem atrapalhar alguns discentes, como aconteceu com o paciente que não tinha noção da palavra na frase. A partir de então, foi realizada nova visita à escola para orientação (verificou-se a possibilidade de interrupção das atividades de separação silábica) e foi dado início ao trabalho com as segmentações na escrita, desenvolvendo no paciente a consciência de palavras. O material utilizado foi o livro Método das Boquinhas – Alfabetização e Reabilitação dos Distúrbios da Leitura e Escrita” (JARDINI, 2003).

Inicialmente, foi mostrado que letras e sílabas são unidades destituídas de significado, desenvolvendo a consciência de palavras, através de estímulos auditivos e visuais. Exercícios foram realizados em terapia e passados também para casa. Após um mês, pôde-se observar uma melhora considerável da escrita do paciente, diminuindo consideravelmente as hipo e hiperaglutinações indevidas. Antes da intervenção, era

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observada a seguinte formação de frase produzida pelo paciente: “Nomeua niversario euvoquere un beibleidi e um coeliodapascoa di chocolate.” – No meu aniversário, eu vou querer um BeyBlaide e um Coelho da Páscoa de chocolate. Após a intervenção com Boquinhas, pôde-se observar que em uma produção espontânea de 34 palavras, apenas duas tiveram segmentações indevidas. O paciente já conseguia ter consciência de que as classes gramaticais como pronomes e preposições também são palavras, o que antes não ocorria.

CONCLUSÃO

Com os resultados rápidos que foram alcançados com o paciente, foi possível constatar o benefício que o método fonovisuoarticulatório pode trazer para pacientes com dificuldade no processo de leitura e escrita.

Constatou-se também que a ênfase no trabalho de separação silábica para crianças que não mais estão no nível silábico de escrita pode prejudicar o processo de conscientização de palavras, ocasionando assim, as indevidas segmentações na escrita.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABAURRE, M. B. M.; GALVES, C. M. C.; SCARPA, E. M. A interface fonologia- sintaxe: evidências do português brasileiro para uma hipótese top-down na aquisição da linguagem. In: SCARPA, E. M. (Org.). Estudos de prosódia. Campinas: Ed. da Unicamp, 1999. p.285-323.

CAGLIARI, L. C. Alfabetização & linguística. 10. ed. São Paulo: Scipione, 2002.192p.

CUNHA, A. P. N.; MIRANDA, A. R. M. A hipo e a hipersegmentação nos dados de aquisição da escrita: A influência da prosódia. São Paulo: Alfa, 2009 p.127-148.

FERREIRO, E.; PONTECORVO, C. Os limites entre as palavras. A segmentação em palavras gráficas. In: FERREIRO, E.; PONTECORVO, C.; MOREIRA, N. R.; HIDALGO, I. G. Chapeuzinho Vermelho aprende a escrever: estudos psicolinguísticos comparativos em três línguas. São Paulo: Ática, 1996. p.38-77.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Manual do educador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008.

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. (Livro 2, caderno de exercícios), São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

SILVA, A. Alfabetização: a escrita espontânea. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1994.

VEÇOSSI, Cristiano Egger; FERREIRA-GONÇALVES, Giovana. A hipo e a hipersegmentação em dados de escrita de alunos da 8ª série: influência exclusiva dos constituintes prosódicos? Verba Volant, v. 2, nº 1. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2011.

http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2011/05/ARTIGO-201.pdf

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ALFABETIZAÇÃO COM O MÉTODO DAS BOQUINHAS EM CRIANÇAS AUTISTAS

Fga. Sergia Rosana R. L. Jacó Gomes 19

IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

No trabalho de inclusão das crianças especiais na rede regular de ensino um dos maiores desafios é o momento de alfabetização. Para que essas crianças consigam efetivamente serem integradas nessas salas de aula, temos percebido que uma das habilidades mais importantes a serem adquiridas é a de leitura e escrita. A partir da aquisição dessa habilidade percebemos que essas crianças conseguem dentro de suas potencialidades estarem inseridas nas atividades desenvolvidas nas escolas.

O espectro do Autismo é um diagnóstico que tem sido ampliado nesses últimos anos, passando por modificações que estão incluindo cada vez mais crianças que tem desde uma dificuldade leve até grave. Atualmente as escolas têm recebido muitas crianças com esse diagnóstico e a necessidade de um instrumento que realmente funcione tem aumentado significativamente.

O Método das Boquinhas entra nesse processo como uma ferramenta para o sucesso da aquisição de leitura e escrita de crianças com necessidades educacionais especiais, a partir da necessidade de facilitar esse processo e mais especificamente no caso destes.

As crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista apresentam dificuldades nas áreas de comunicação/socialização e comportamentos. Muitas delas ainda apresentam um déficit intelectual, o que dificulta mais a inserção delas na escola regular. A partir de observação das potencialidades e dificuldades dessas crianças houve a necessidade de utilização de metodologia especifica para a alfabetização. Elas apresentam habilidades bastante específicas que justificaram a escolha do Método das Boquinhas como o método de alfabetização utilizado neste trabalho. Estas crianças precisam de ensino sistematizado, com estruturação e rotinas bem estabelecidas.

DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO

A partir de características especificas das crianças com o diagnostico do Espectro do Autismo, foi observado que elas demonstram habilidades extraordinárias de memoria visual, portanto o uso dos articulemas presentes nesse método facilita o processo de alfabetização. Elas demonstram ainda grande dificuldade com a flexibilidade mental, geralmente reproduzem o que foi aprendido de maneira literal não conseguindo lidar com erros. Nesse caso, o método auxilia essas crianças a adquirirem a alfabetização de modo gradual, sequencial, sistematizado e sem os “erros comuns” das outras crianças quando estão construindo sua própria escrita. Portanto, o Método das Boquinhas atende essas necessidades especificas.

19 Fonoaudióloga/ Psicopedagoga. Especialista em Desenvolvimento Infantil pela CCSF nos Estados Unidos.

Terapeuta Floortime com crianças autistas. Multiplicadora do Método das Boquinhas.

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Neste trabalho há a apresentação de um caso clinico, onde uma criança com o diagnostico de Transtorno do Espectro do Autismo de 09 anos passa pelo processo de alfabetação com esse método. No inicio do processo de alfabetização a criança encontrava-se no nível pré-silábico de escrita e fazia leitura pictográfica. Apresentava uma linguagem oral desenvolvida, com a presença de ecolalia. Pontos fortes dela eram a memoria visual e aprendizagem com metodologia estruturada e sequencial. O Método das Boquinhas foi apresentado a essa criança a partir dos sons das vogais e o uso de cores diferentes representando cada uma delas e articulemas para reforçar sua memorização. Posteriormente as consoantes foram apresentadas na ordem sugerida pelo Método, e as cores reforçadas também nessa etapa, juntamente com as fotos das boquinhas (articulemas). Logo que foram apresentadas as primeiras famílias silábicas a criança iniciou leitura e escrita de palavras, onde o trabalho de “escrita sem erros” foi direcionado para que a criança desde o inicio do processo aprenda a maneira correta de escrita. Essa estratégia diminui muito possíveis dificuldades da criança em memorizar estratégias erradas na alfabetização. Em conjunto com o trabalho de decodificação e codificação foi também realizado um trabalho para garantir compreensão do que era lido ou escrito. Durante todo o trabalho de alfabetização a criança foi encorajada com reforçadores significativos para ela. A utilização de reforçadores para aprendizagens de crianças dentro do Espectro do Autismo e uma das estratégias de um programa especifico comportamental chamado ABA (sigla em inglês para Analise Aplicada do Comportamento) que já vem sendo estudada e reconhecida como uma das formas mais eficazes de modificação de comportamentos e aprendizagem dessas crianças. Com a utilização desse programa e intervenções especificas com o Método das Boquinhas a criança foi alfabetizada, encontrando-se atualmente no nível alfabético de escrita.

CCOONNCCLLUUSSÃÃOO

A partir dos resultados obtidos em casos clínicos, percebeu-se que o Método das Boquinhas tem uma metodologia que favorece as habilidades dessas crianças e realmente é uma ferramenta que torna o processo de alfabetização possível para as crianças dentro do Espectro do Autismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION – DSM-V. Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais.

FEIN, Deborah A. The Neuropsychology of autism. Nova York: Oxford,2011.

GRANDIN, Temple. Thinking in Pictures. Nova York: Vintage, 1995.

H H N. (Org.). Primeiros Passos em Análise do Comportamento e Cognição. Santo André, 2003, p. 75-91.

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2010. (Livro 1, fundamentação teórica).

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JARDINI, R. S. R. Boquinhas no desenvolvimento infantil: Professor. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R.; VERGARA, F. A. Alfabetização de crianças com distúrbios de aprendizagem, por métodos multissensoriais, com ênfase fono-vísuo-articulatória: Relato de uma Experiência. Pró-Fono Rev. Atual. Cient., Carapicuíba: v. 9, n.1, p. 31-34, 1997.

LEAR, K. Ajude-nos a Aprender. (Help us Learn: A Self-Paced Training Program for ABA Part 1:Training Manual). Traduzido por Windholz, M.H.; Vatavuk, M.C.; Dias, I. S.;Garcia Filho, A.P. e Esmeraldo, A.V.Canadá, 2004.

MEYER, S. B. Análise funcional do comportamento. In: COSTA, C E; LUZIA,J C; SANT'ANNA, MOREIRA, M.B.; MEDEIROS, C.A. Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Artmed, 2007, Porto Alegre.

ORRU, Silvia E. Autismo, linguagem e educação: interação social no cotidiano escolar. 2.ed. Rio de Janeiro: WAK, 2009.

SILVA, Ana Beatriz; GAIATO, Mayra; REVELES, Leandro. Mundo singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

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BOQUINHAS NO DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E DA ESCRITA: UM MODELO DE INTERVENÇÃO COM TAREFAS NA CLÍNICA E PARA

CASA

Clarisse Gomes20

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um estudo de caso e tem por finalidade mostrar os resultados da aplicação da coleção Magia das Boquinhas, alguns jogos de Boquinhas, e algumas atividades do livro Desenvolvimento Infantil, EJA e ALFA, em uma menina de oito anos com dificuldade na leitura e escrita. A escolha deste assunto se deu por ser um tema atual e de fácil e rápida aplicação em uma criança com essa dificuldade de aprendizagem. Será apresentado um guia de aplicação em doze sessões com resultados satisfatórios desde o primeiro dia.

APRESENTAÇÃO DO CASO

A. D. J., 8 anos, segunda série, moradora de uma cidade pequena do interior do Rio Grande do Sul, compareceu ao consultório com a queixa, dita pela mãe, de não estar “sendo alfabetizada direito” (SIC). Passou por duas mudanças de escola no mesmo ano de 2012, não deixa ninguém ensinar, mas gosta de fazer os temas e não pede ajuda. A avó, que é pedagoga e especialista em alfabetização, reaplicou o método silábico que também fora ensinado pelo colégio, mas sem muitos progressos. Não tem interesse em nada, só quer ficar jogando no Tablet ou vendo televisão. A mãe relata preocupações com alguns comportamentos, tais como: não dar atenção aos detalhes, quer fazer tudo rápido, tem dificuldade em manter sua atenção nas tarefas, fala excessivamente, distrai-se facilmente, é esquecida nas atividades diárias, interrompe os outros, discute com adultos, desafia ativamente e se recusa a obedecer as solicitações ou regras de adultos e fica zangada e ressentida diariamente.

AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Durante o mês de novembro/2013 passou por avaliação psicopedagógica. A menina mostrou-se atenta a todas as questões, porém foi possível perceber baixa autoestima se recusando algumas vezes a realizar as atividades porque dizia não saber fazer sem nem ao menos tentar realizar a atividade pelo menos uma vez. Levantou da cadeira algumas vezes, mostrando ansiedade em conhecer o LINCE, mas cooperou em quase todas as atividades depois de uma pequena conversa sobre comportamento. Deu dicas de jogadas diferentes.

Em investigação informal com o Protocolo PLIN (JARDINI, no prelo) a menina apresentou algumas falhas tais como: ouvindo e dando a soletração, ela acerta, mas perde a paciência e fica muito ansiosa; necessita da ajuda do dedo indicador esquerdo ou direito para procurar coordenadas; fica ansiosa e frustrada em atividades que exijam uso de memória; memória auditiva fraca; lê certo, mas apenas por decodificação com dificuldades de compreensão; codifica com trocas surdas/sonoras, trocas fonológicas; com disgrafia e trocas ortográficas (trocas, inversões e omissões de letras); lê corretamente, mas com

20

Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pós-graduada em Educação Especial e Inclusiva e Multiplicadora do Método das Boquinhas.

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baixa velocidade para o esperado para a idade/escolaridade: apresenta hipótese alfabética.

A criança está alfabetizada, porém tem uma leitura lenta e dificuldade de escrever ocasionada pela assistematização de metodologias usadas. Foi realizada uma avaliação comportamental durante a aplicação do PLIN o qual foi possível observar que teve agitação, pressa, e ansiedade algumas em alguns momentos levantando da cadeira por diversas vezes também; na fala foi possível identificar a presença de algumas trocas fonológicas (mas ela mesma se corrige); algumas vezes agiu impulsivamente dando respostas antes de terminar de ouvir o comando ou interrompeu a fala do aplicador durante o enunciado do jogo para dizer que não sabia fazer sem ao menos ter tentado alguma vez.

Em resposta à mediação feita com Boquinhas, fez o uso do espelho com interesse para facilitar sua leitura e escrita com a mediação e também utilizou espontaneamente em todas as situações que exigiam esforço mental, mostrando maior segurança ao ler e escrever após a mediação.

Durante a aplicação de um segundo teste, chamado BACLE (PEREIRA e ROCHA, 2013) a menina teve o mesmo comportamento citado anteriormente e apresentou o seguinte resultado: falhas em alguns tópicos da maturidade perceptiva, encontra-se num estágio de desenvolvimento em que é crucial desenvolver estratégias interventivas para combater as dificuldades; possui algumas falhas de esquema corporal mas essas falhas sendo aceitáveis devido a idade, e; as área da linguagem e desenvolvimento motor encontram-se num estágio de desenvolvimento crível e consolidado, essencial à aprendizagem da leitura e da escrita.

INTERVENÇÃO

A intervenção foi feita com a coleção Magia das Boquinhas (JARDINI e GUIMARÃES, 2010) que foi aplicada em 12 sessões com duração de 50 minutos cada, cujo cronograma será apresentado a seguir. Também foram utilizados nas sessões os jogos e banners de Boquinhas, bem como o espelhinho e o CD-Room.

CRONOGRAMA DE INTERVENÇÃO

MAGIA DA BOQUINHAS TEMA DE CASA

DIAS FONEMAS

ESTUDADOS PÁGINAS JOGOS PÁGINAS COLEÇÃO

1º DIA VOGAIS 5 À 11 LOTO, MEMÓRIA LETRA 160 DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

2º DIA /L/ /P/ 12 À 19 BOCA CERTA, CAÇA-

PALAVRAS 93 E 102

DESENVOLVIMENTO INFANTIL

3º DIA /V/ /T/ 20 À 26 BOCA CERTA, REMATA 118 E 110 DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

4º DIA /M/ /B/ 27 À 40 BOCA CERTA, TROCA

BOCAS 76, 78, 82 ALFA

5º DIA /N/ /D/ 41 À 50 BOCA CERTA, LOTO

CONSOANTES 117, 118, 121,

122. EJA

6º DIA /C/ /QU/ 51 À 61 BOCA CERTA, TROCA

BOCAS 153 E 154 EJA

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7º DIA /R/ 5 À 18 BOCA CERTA, LOTO

CONSOANTES. 170 ATÉ 174 EJA

8º DIA /F/ /S/ 19 À 26 BOCA CERTA, CAÇA-

PALAVRAS 118 ATÉ 120,

283 E 284 EJA

9 º DIA /G/ /GU/ 27 À 31 BOCA CERTA, TROCA

BOCAS 189 ATÉ 197 EJA

10 º DIA /J/ 32 À 42 BOCA CERTA, CAÇA-

PALAVRAS 231 E 224 EJA

11 º DIA /Z/ 43 À 52 BOCA CERTA, LOTO

CONSOANTES 277 ATÉ 279 EJA

12 º DIA /X/ /CH/ 53 ATÉ O

FINAL BOCA CERTA, TROCA

BOCAS 256 ATÉ 259 EJA

13º DIA BRINCADEIRA: FAZER UM BOLO DE CANECA PRA COMEMORAR!

RESTANTE DOS DIAS

JOGOS E BINCADEIRAS TAIS COMO DOMINÓ DE SÍLABAS COMPLEXAS, REMATA, RIMAS, TROCA BOCAS, FUNK DAS BOQUINHAS, ATIVIDADES NO COMPUTADOR.

Para que melhores resultados fossem alcançados, foram solicitadas atividades para casa com os livros Boquinhas no Desenvolvimento infantil (2012), Alfabetização com Boquinhas (ref) e EJA (ref), de acordo com as dificuldades apresentadas pela criança na avaliação.

ORIENTAÇÕES DA TAREFA DE CASA

Em cada sessão de intervenção com Boquinhas, foi dada à criança uma pasta de estudos dirigidos com as atividades citadas no quadro acima. A cada início de sessão era retomado o tema anterior estudado e logo seguia-se com o trabalho que seria desenvolvido naquele dia, e por último, as orientações das novas tarefas a serem realizadas em casa, com ou sem o auxílio dos pais. Algumas orientações foram dadas, tais como as que seguem.

A lição de casa é importante tanto para o aluno quanto professores e pais.

Para o aluno - é fundamental porque faz com que ele enfrente desafios pedagógicos fora do contexto escolar, além de ajudá-lo a construir uma autonomia, a estabelecer uma rotina e a melhorar a capacidade de organização;

Para o professor - é uma atividade útil porque lhe permite verificar quais são as dificuldades e deficiências dos alunos e, consequentemente, tentar saná-las com atividades de reforço;

Para os pais - é uma maneira de acompanhar o que está sendo ensinado na escola do filho.

Outra orientação foi uma resposta à questão feita pela mãe de qual a melhor maneira de se trabalhar o “Tema de casa”. O segredo é ajudar sem oferecer respostas prontas. Um exemplo: quando ela não sabe a grafia de uma palavra, os pais podem orientá-la a buscar a palavra no dicionário, mas nunca dizer imediatamente o que ela significa.

Outras atitudes que podem ajudar sem comprometer o aprendizado são levá-la até uma biblioteca ou orientar uma pesquisa na internet (estudo dirigido). O mais importante é mesmo acompanhar, saber se a lição está sendo feita ou se ela está tendo problemas.

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É comum os responsáveis pela criança trazerem dúvidas em relação aos temas de casa, tais como: “qual a importância desse tema de casa?”, “ela realmente precisa disso?”, “quanto tempo ela deve ficar estudando em casa”, “como eu faço pra ajudar nas tarefas?”, “o que deve ser feito quando ela tem dificuldade para fazer os exercícios propostos pelos professores?”. Algumas considerações foram dadas no momento dos questionamentos, e outras explicações acerca do tema, foram entregue por escrito, em suma, as orientações seguem a seguir:

TEMA DE CASA, E AGORA?: Esse assunto gera algumas dúvidas que atormentam tanto os atendimentos quanto seus pais no dia a dia, da lida escolar. Lição de casa é um assunto sempre controverso, pois a escola segue procedimentos distintos. Mas se deixou claro, que o importante é que tanto a criança quanto os pais saibam que a rotina de estudos não acaba na porta da escola, após quatro ou cinco horas diárias de aula. Em casa, o estudo deve continuar, sob a forma da lição de casa - também chamado de dever de casa ou tarefa de casa e nos atendimentos também seguiria uma rotina de “Temas de casa”. “As funções da lição de casa são sistematizar o aprendizado da sala de aula, preparar para novos conteúdos e aprofundar os conhecimentos", explica Luciana Fevorini (2009).

LOCAL DE TRABALHO: o ideal é que a criança tenha um lugar próprio para fazer a lição... Se tiver uma mesa adequada, espaçosa, em um local ventilado, com um lugar para guardar todo o seu material escolar, é ainda melhor. Ela deve ter um espaço definido para realizar as tarefas e jamais ligar aparelhos eletrônicos do lado!

QUANDO SE INSTALA UMA DIFICULDADE: o primeiro passo é tentar entender por que ela tem dificuldade ou não pede ajuda ao fazer os exercícios propostos para casa. Estabelecer uma parceria com a escola/profissionais envolvidos, para identificar o problema é parte importante desse processo.

ERRO: errar, como se diz popularmente, é humano - e parte do processo de aprendizagem. É muito importante entender que a criança está em uma fase de aprendizado e é natural que cometa erros no caminho.

VISÃO: Além de ajudar o desenvolvimento do trabalho do professor/profissional, o tema de casa é uma maneira de os pais saberem o que vem sendo ensinado. Acompanhando as tarefas, é possível saber o que ela está aprendendo, em que disciplinas a criança tem mais dificuldades e se precisa ou não de aulas de reforço ou mais atendimentos.

DISCUSSÃO

A paciente está alfabetizada, porém tem uma leitura lenta e dificuldade em identificar o fonema isolado (como menor unidade). Com a intervenção do Método das Boquinhas, teve sucesso na leitura e escrita.

Entende-se que suas dificuldades estão associadas às deficiências do meio sociocultural, não se constituindo em um distúrbio. Além disso, a menina passou por uma troca de escola no meio do ano letivo, sendo este um fator que também pode ter interferido nas dificuldades escolares que apresentou.

Em contato com a escola, foi possível perceber a falta de capacitação necessária ao educador para lidar com os problemas de aprendizagem, abrindo precedentes para uma parceria entre todos os envolvidos. Agravando os problemas, cita-se a ausência de um método estruturado de alfabetização, uma concepção de educação tradicionalista, a

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rotatividade dos professores (troca de escola), o número excessivo de alunos na sala de aula, a falta de limites de ambas as partes, dentre outras coisas, também são fatores que podem ter desencadeado as dificuldades apresentadas pela criança.

Além de tudo isso, o nascimento da irmã e a vinda do padrasto para morar com a família também podem ter sido fatores que interferiram no comportamento da criança.

CONCLUSÃO

Observando seu desempenho em sala de aula os professores, por meio de avaliação pedagógica, afirmam que durante o ultimo trimestre percebeu-se que seu rendimento na leitura e escrita teve uma evolução significativa, demonstrando uma fluência maior e apresentou bom desenvolvimento nas atividades ortográficas. Ela compreende o que lê, soletra, não utiliza o dedo para guiar a leitura, está mais atenta, retém informações mais rapidamente, suas trocas, omissões e inversões de letras, bem como as trocas de surdas/sonoras e trocas fonológicas, não são mais comuns, a letra é legível, sem aglutinações e lê com velocidade esperada para idade.

Nas produções textuais e nas criações de frases e textos demonstrou maior criatividade e fazendo conexão com a realidade. Passou a expressar-se com maior clareza e seu vocabulário aumentou. Relatou experiências com sequência e objetividade. Nas atividades orais demonstrou mais desenvoltura.

Passou a participar das atividades propostas com interesse, dedicação, organização, empenho e concentração. Trabalha com autonomia, quando solicitada, expressa opiniões próprias, respeito, solidariedade e carinho com todos. Também teve uma maior aproximação da família, pois agora pede ajuda e aceita que outras pessoas ensinem o que ela tem que aprender, também adora conversar sobre o que aprendeu brincando além de inverter os papeis com a mediadora de sua aprendizagem! Ela gosta de ensinar o que aprendeu!

Foi possível perceber que através da realização das atividades e dos jogos de Boquinhas, tanto em sessão como no dever de casa, foi possível estimular o interesse o prazer e o desenvolvimento das habilidades em que estava com déficit.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BOURGOGNE, Cleuza. Interação e Transformação – 7ª série. Editora do Brasil: São Paulo, 2012. FEVORINI, Luciana. Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano. Instituto de Psicologia: São Paulo, 2009. JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T.. Alfabetização com Boquinhas: Aluno. 4.ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R.; GUIMARÃES, V. Livro do Aluno: Alfabetizando e letrando: método-vísuo-articulatório. Boquinhas Aprendizagem e Assessoria. Bauru: Boquinhas, 2012.

JARDINI, R. S. R. Livro do Aluno: Boquinhas no Desenvolvimento Infantil. Bauru: Boquinhas, 2012.

JARDINI, R.S.R. O Protocolo Lince de Investigação Neurolinguística – PLIN. (no prelo)

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PEREIRA, Rafael; ROCHA, Rita. BACLE - Bateria de Avaliação de Pré-Competências para a aprendizagem da Leitura e Escrita. Lisboa: Ester Janz, 2013. ROMANO, Eliane. Não importa o lugar. Nordica: São Paulo, 1987.

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CONHECENDO A MIM MESMA

Maisa Gomes Bezerra Chaga21

Este trabalho tem como objetivo contar a história da minha vida diante das dificuldades apresentadas por mim durante uma trajetória de 40 anos, bem como as mudanças que ocorreram em todo um contexto após aplicação do Método Boquinhas.

Fui criada em uma família de pais agitados, impacientes, onde prevalecia muito regionalismo e pouca cultura, mas com muito amor e disciplinas, onde facilitou todo meu desenvolvimento pessoal.

Ainda criança percebi algumas trocas de letras – L/R, T/D – as quais permaneceram até a fase adulta, ocasionando insegurança, angústia, já que era uma profissional da educação, ensinando crianças e apresentando essas inabilidades.

A partir de então começa a minha busca, pois eu queria entender os porquês. Fiz vários cursos, seminários, pós-graduações, mas muito conhecimento e poucos resultados. Cuiabá ficou pequeno para tanta busca, e em 2012 comecei a ir para SP uma vez ao mês fazer um curso de aperfeiçoamento na área de dislexia. Lá me deparei com profissionais que culpavam as escolas das dificuldades dos alunos, o que intrigou meu coração, sendo proprietária de uma escola.

No décimo módulo questionei a turma dizendo que já que a escola era culpada de tantos erros com os alunos, então que eles mostrassem um caminho de acerto, visto que, tudo que estavam ensinando era para consultórios. A professora falou “entre os dentes” rápido e baixo “Renata Jardini” (consegui ouvir somente Jardini).

E as buscas continuaram, entrei no site do Método das Boquinhas e descobri o mundo. Apaixonei-me por tudo. Comprei materiais e comecei o curso EAD no Desenvolvimento Infantil – Bases Seguras para a Alfabetização.

As respostas começaram a aparecer, o conhecimento foi abrindo os horizontes levando ao conhecimento do EU, saindo do conforto da mesmice e indo ao encontro do confronto das mudanças. Foi onde descobri que apresentava PAC (Processamento Auditivo Central) alterado. Fiz a intervenção e acompanhamento com uma Fonoaudióloga.

Comecei a praticar o Método das Boquinhas através dos estudos e aplicando nas crianças da alfabetização da escola de minha propriedade, uma turma de 25 alunos, acompanhando a professora. Quanto mais desenvolvia o método, maior era o resultado. Percebi que o método abordava a minha busca constante, treino de processamento auditivo, trocas de letras, trazendo uma quietude ao meu coração.

Tudo foi melhorando, entre dois a três meses a mudança era notória. Comecei a dar atendimento individualizado para crianças que apresentavam dificuldades em leitura e escrita com o método, o que me ajudou muito, pois tinha que estudar para aplicar.

Utilizei os livros de Boquinhas no Desenvolvimento Infantil, Alfabetização com Boquinhas e os jogos de Lince e Loto das Vogais facilitando o processo de aprendizagem.

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Pedagoga, psicopedagoga, neuroeducadora, multiplicadora do Método das Boquinhas e proprietária do Colégio Renascer em Cuiabá/MT.

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Os resultados alcançados com o método foram: consciência fonológica, melhora do processamento auditivo, segurança, confiança, melhora na escrita e fluência verbal, além de ouvir, esperar, pensar, quietude, determinação e coragem.

Hoje percebo meus avanços com melhoras de 80 a 90%, me sinto bastante segura para ajudar outras pessoas, sejam, adultos ou crianças que apresentarem dificuldades de aprendizagem, pois tenho um norte de trabalho, sei o que fazer. Em 13 anos de educação nunca encontrei algo que fizesse tanta diferença e trouxesse resultados rápidos e notórios.

Boquinhas fez a diferença! Minha vida se divide em duas partes, ou seja, antes de conhecer Boquinhas e depois de conhecer Boquinhas.

“Educação gera conhecimento, conhecimento gera sabedoria, e, só um povo sábio pode mudar seu destino”. (Samuel Lima)