1ª série filosofia medieval-

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Página1 Profº Jorge Marcos CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS - FILOSOFIA ENSINO FILOSOFIA MEDIEVAL – PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA M É D I O ALUNO........................................................................... 1ª SÉRIE - TURMA: .............DATA:......./......./......... ANO BASE 2013/14 1. Introdução Chamamos de filosofia Medieval a filosofia que se desenvolveu na Europa durante a Idade Média (entre os séculos V e XV). Como este período foi marcado por grande influência da Igreja Católica nas diversas áreas do conhecimento, os temas religiosos predominaram no campo filosófico. Durantes esses anos, houve diversos pensadores árabes, europeus e judeus. Uma das características deste período era o domínio da Igreja Romana sobre a Europa, organizando Cruzadas à Terra Santa, sagrando e coroando reis. Nesta fase aconteceu um sincretismo entre as crenças religiosas e o conhecimento clássico. Assim, os filósofos medievais foram influenciados pelas obras de Aristóteles, que foram conservadas e traduzidas pelos árabes Averróis e Avicena. Platão também influenciou o pensamento medieval. Porém, os filósofos da época só conheciam o neoplatônico, pela Filosofia de Plotino do século VI d.C. 2. Características e principais questões debatidas e analisadas pelos filósofos medievais: Relação entre razão e fé; Existência e natureza de Deus; Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana; Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis. 3. Principais estágios da Filosofia Medieval 3.1. Transição para o Mundo Cristão (século V e VI) filosofia Patrística O período patrístico, que durou do século I d.C. à VII d.C., ficou caracterizado pelos esforços dos apóstolos João e Paulo e dos primeiros Padres da igreja para fazer uma ligação entre a nova religião e o pensamento filosófico da época. Os padres da igreja foram os filósofos que, nesse período, tentaram conciliar a herança clássica greco-romana, com o pensamento cristão. Essa corrente filosófica é conhecida como patrística. Essa doutrina tinha também um propósito evangelizador: converter os pagãos à nova religião cristã. Ela introduziu ideias antes desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a ideia de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade una, de encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos, etc. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade e ideia de que todo homem possui uma consciência moral e um livre arbítrio, que todos temos a consciência do que é certo e errado, do mesmo jeito que temos o direito de escolha, para fazer ou não cada coisa, mesmo sabendo que acarretarão consequências. 1 Os nomes mais destacados desse período foram: Justino Mártis, Tertuliano, Clemente de Alexandria, 1 http://www.estudopratico.com.br/historia-da-filosofia- medieval-escolas-e-filosofos/#ixzz2poNkw4pU.

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Profº Jorge Marcos

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS -

FILOSOFIA

ENSINO

FILOSOFIA MEDIEVAL – PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA M É D I O

ALUNO....................................................................Nº .......

1ª SÉRIE - TURMA: .............DATA:......./......./.........

ANO BASE

2013/14

1. Introdução

Chamamos de filosofia Medieval a filosofia que

se desenvolveu na Europa durante a Idade Média (entre

os séculos V e XV). Como este período foi marcado

por grande influência da Igreja Católica nas diversas

áreas do conhecimento, os temas religiosos

predominaram no campo filosófico. Durantes esses

anos, houve diversos pensadores árabes, europeus e

judeus. Uma das características deste período era o

domínio da Igreja Romana sobre a Europa,

organizando Cruzadas à Terra Santa, sagrando e

coroando reis.

Nesta fase aconteceu um sincretismo entre as

crenças religiosas e o conhecimento clássico. Assim, os

filósofos medievais foram influenciados pelas obras de

Aristóteles, que foram conservadas e traduzidas pelos

árabes Averróis e Avicena. Platão também influenciou

o pensamento medieval. Porém, os filósofos da época

só conheciam o neoplatônico, pela Filosofia de Plotino

do século VI d.C.

2. Características e principais questões debatidas e

analisadas pelos filósofos medievais:

Relação entre razão e fé;

Existência e natureza de Deus;

Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade

humana;

Individualização das substâncias divisíveis e

indivisíveis.

3. Principais estágios da Filosofia Medieval

3.1. Transição para o Mundo Cristão (século V e VI)

– filosofia Patrística

O período patrístico, que durou do século I d.C.

à VII d.C., ficou caracterizado pelos esforços dos

apóstolos João e Paulo e dos primeiros Padres da igreja

para fazer uma ligação entre a nova religião e o

pensamento filosófico da época. Os padres da igreja

foram os filósofos que, nesse período, tentaram

conciliar a herança clássica greco-romana, com o

pensamento cristão. Essa corrente filosófica é

conhecida como patrística. Essa doutrina tinha também

um propósito evangelizador: converter os pagãos à

nova religião cristã.

Ela introduziu ideias antes desconhecidas para os

filósofos greco-romanos: a ideia de criação do mundo,

de pecado original, de Deus como trindade una, de

encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim

dos tempos e ressurreição dos mortos, etc.

Precisou também explicar como o mal pode

existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que

é pura perfeição e bondade e ideia de que todo homem

possui uma consciência moral e um livre arbítrio, que

todos temos a consciência do que é certo e errado, do

mesmo jeito que temos o direito de escolha, para fazer

ou não cada coisa, mesmo sabendo que acarretarão

consequências.1

Os nomes mais destacados desse período foram:

Justino Mártis, Tertuliano, Clemente de Alexandria,

1 http://www.estudopratico.com.br/historia-da-filosofia-

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Orígenes, Gregório de Nazianzo, Basílio de Cesaréia e

Gregorio de Nissa.

Eles não apenas eram envolvidos em com a

filosofia grega, a cultura helênica como também foram

educados no ambiente desse tipo de filosofia, e assim

sendo, queriam usar essa forma de pensamento para

ajudar na expansão do cristianismo.2

Para Santo Agostinho, o homem não teria

autonomia para alcançar a própria salvação espiritual.

Defende a ideia de subordinação do homem em relação

a Deus e da razão à fé acabou tendo grande

predominância durante vários séculos no pensamento

filosófico medieval.

Santo Agostinho de Hipona (354 – 430) buscou

a razão para justificar as crenças.

As ideias filosóficas tornam-se verdades

reveladas (reveladas por Deus, através da Bíblia e dos

santos) e inquestionáveis. Tornaram-se dogmas.

3.2. Santo Agostinho – Elementos fundamentais de sua

doutrina

Santo Agostinho converteu-se ao Cristianismo

aos 32 anos de idade. Antes de sua conversão,

Agostinho procurou a sabedoria através da

filosofia. Primeiramente com o Maniqueísmo de

Fausto (doutrina que prega a existência absoluta do

bem e do mal), e depois com o Neoplatonismo de

Plotino.

Após sua conversão, ele organizou uma espécie

de comunidade monástica, onde pretendia passar o

resto da vida em recolhimento, aprofundando a

vocação religiosa e fundamentando racionalmente a fé

que abraçara.

Entre as principais obras de Agostinho, situam-

se: Confissões (400), A Cidade de Deus (413-426) e As

Retratações (413-426).

Apesar disso, Agostinho é considerado um

grande filósofo pela penetração filosófica na análise de

alguns problemas e na sua grandiosa concepção do

mundo, do homem e de Deus.

2 http://www.estudopratico.com.br/historia-da-filosofia-

medieval-escolas-e-filosofos/#ixzz2poNSfIGQ

Em seus escritos, Agostinho sintetizou os

componentes da filosofia Patrística como fundamento

racional da fé cristã. À síntese que realizou, ele mesmo

denominou de filosofia cristã.

Para Agostinho, a fé e a razão complementam-

se na busca da felicidade. A razão se relaciona com a

fé no sentido de provar a sua correção. A fé é

precedida por certo trabalho da razão e, após obtê-la, a

razão a sedimenta.

É necessário compreender para crer, e crer para

compreender. Para Agostinho, a filosofia é apenas um

instrumento destinado a um fim que transcende seus

próprios limites: a Teologia e a Mística.

4. Escolástica (século IX ao XIV)

Entre os assuntos encontrados na Filosofia

medieval estão a hierarquia entre os seres existentes

(relação de domínio entre superiores e inferiores),

domínio de papas e bispos sobre reis e barões,

separação e diferença entre espírito e corpo, fé e razão,

Deus e homem.

Do século IX ao século XVI aconteceu o

movimento que tinha como interesse entender e

explicar a religiosidade cristã por meio das ideias dos

filósofos gregos Platão e Aristóteles. Os filósofos

queriam utilizar esse conhecimento grego e romano

para provar a existência da alma humana e de Deus,

caso conseguissem, facilitaria para que obtivessem

ainda mais adeptos a religião. Os filósofos dessa época

acreditavam piamente que a igreja tinha um papel

fundamental na salvação dos fieis, guiando-lhes ao

caminho do paraíso.3

A Escolástica foi um movimento que pretendia

usar os conhecimentos greco-romanos para entender e

explicar a revelação religiosa do cristianismo. As

ideias dos filósofos gregos Platão e Aristóteles

adquirem grande importância nesta fase. A Filosofia

escolástica apareceu com o intuito de promover a

harmonização entre os campos da fé e da razão.

Criou-se uma teologia, preocupada em provar a

existência de Deus e da alma. Os teólogos e filósofos

cristãos começam a se preocupar em provar a

existência da alma humana e de Deus. Para os filósofos

escolásticos a Igreja possuía um importante papel de

conduzir os seres humanos à salvação.

O método da escolástica é o método da disputa.

A disputa consiste na apresentação de uma tese, que

pode ser defendida ou refutada por argumentos

encontrados na Bíblia, na obra de Platão, Aristóteles; e

3 http://www.estudopratico.com.br/historia-da-filosofia-

medieval-escolas-e-filosofos/#ixzz2poPrVvAD

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demais Padres da Igreja.. Trata-se de um pensamento

subordinado a um princípio de autoridade.4

No século XII, os conhecimentos passam a ser

debatidos, armazenados e transmitidos de forma mais

eficiente com o surgimento de várias universidades na

Europa.

Entre os principais representantes dessa época

Anselmo de Cantuária, Albertus Magnus, São Tomás

de Aquino, John Duns Scotus e Guilherme de

Ockham.5

4.1. São Tomas de Aquino – dados

São Tomás de Aquino, filho do Conde de

Aquino, foi um importante teólogo, filósofo e padre

dominicano do século XIII. Foi declarado santo pelo

papa João XXII em 18 de julho de 1323. É

considerado um dos principais representantes da

escolástica (linha filosófica medieval de base cristã).

Foi o fundador da escola tomista de filosofia e

teologia. São Tomás de Aquino nasceu na cidade de

Roccasecca (Itália) em 1225 e morreu em Fossanova

(Itália) em 7 de março de 1274. Em 1244 ingressou na

ordem religiosa dos Dominicanos, abdicando de todos

os bens e títulos que possuía. Em 1273 escreveu

a Suma Teológica, sua principal obra.

Enquanto era vivo, sempre seguiu as ideias de

Aristóteles e as condimentou com a disposição

habitual para a prática do bem; pregou constantemente

a esperança e a caridade.

Ele apresentou uma proposta filosófica e

educacional denominada Escolástica – que era a

4 (http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/filosofia-

medieval-2-filosofos-cristaos-conciliaram-fe-e-razao.htm) 5 http://www.estudopratico.com.br/historia-da-

filosofia-medieval-escolas-e-

filosofos/#ixzz2poPgtv6B

concordância da fé e da razão, bem como a compilação

do conhecimento neste assunto.

Um dos seus feitos mais marcantes para o

conjunto de ideias ocidentais foi sua confiança de que

o avanço da civilização ocidental possui um

significado real e que a existência espiritual e

intelectual são assaz preciosa neste sentido.6

QUESTÕES PROPOSTAS

1) Durante a Idade Média, a questão dos universais

foi um dos grandes problemas debatidos pelos

filósofos da época. Realismo, conceitualismo e

nominalismo foram as soluções típicas do

problema. Outra preocupação da época foi o da

possibilidade ou impossibilidade de conciliar fé e

razão. Santo Agostinho, sobre a relação fé e

razão, protagonizou uma tese que se pode resumir

na frase: "Credo ut intelligam" (Creio para

entender).

A partir dos seus conhecimentos sobre a questão dos

universais e da filosofia medieval, identifique as

proposições verdadeiras:

I - O apogeu da patrística aconteceu no século XIII

com Santo Tomás de Aquino (1225-1274), que,

retomando o pensamento de Platão, fez a síntese mais

bem elaborada da filosofia com o cristianismo durante

a Idade Média.

II - O pensamento filosófico medieval, a partir do

século IX, é chamado de escolástica. A filosofia

escolástica tinha por problema fundamental levar o

homem a compreender a verdade revelada pelo

exercício da razão, contudo apoiado na Auctoritas, seja

da Bíblia, seja de um padre da Igreja.

III - Para os nominalistas, o universal é apenas um

conteúdo da nossa mente, expresso por um nome. O

que significa dizer que os universais são apenas

palavras, sem nenhuma realidade específica

correspondente.

IV - No conceitualismo de Pedro Abelardo, os

universais são conceitos, entidades mentais, que não

existem na realidade, nem são meros nomes.

V - De acordo com a teoria da iluminação de Santo

Agostinho, o ser humano recebe de Deus o

conhecimento das verdades eternas. Tal como o sol,

Deus ilumina a razão e torna possível o pensar correto.

Em verdade, Santo Agostinho não conflita a fé com a

razão, sendo esta última auxiliar e subordinada da fé.

6 http://www.infoescola.com/biografias/sao-tomas-de-

aquino/

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Assinale a alternativa que contém as afirmativas

VERDADEIRAS:

a) I, II e III

b) I, III e V

c) II e V

d) I, II e IV

e) II, III, IV e V

2) Para Santo Tomas de Aquino, um dos princípios

do conhecimento humano era o princípio da causa

eficiente. Esse princípio da causa eficiente exigia

que o ser contingente:

a) não exigisse causa alguma.

b) fosse causado pelo intelecto humano.

c) fosse causado pelo ser necessário.

d) fosse causado por acidentes casuais

e) fosse causado pelo nada.

3) Assinale a alternativa que responde

CORRETAMENTE à pergunta abaixo:

Sabemos das lutas de Santo Agostinho contra as

heresias, especialmente no que tange às suas

interpretações do sentido histórico da religião cristã.

Uma destas heresias foi o Pelagianismo. Segundo

Santo Agostinho, em que consiste o erro a que essa

heresia conduz?

a) Todos os seres humanos são hereges.

b) Se não há pecado original, então tampouco pode

haver a missão salvadora de Jesus Cristo.

c) O ser humano é mau por natureza, não por escolha.

d) Deus, ao criar o ser humano, também criou o mal.

e) Não há como superar o mal.

4) A Patrística é o primeiro momento da filosofia

cristã. Sobre esta tendência filosófica, leia as

seguintes afirmativas:

I. A Patrística é um movimento de pensadores cristãos

que procura justificar teórica e filosoficamente a

concepção de vida e de mundo depreendida da Bíblia.

II. Boécio não é considerado um pensador da

Patrística.

III. Plotino é um pensador considerado como

participante da patrística.

IV. A Patrística sempre rejeitou a filosofia Greco-

romana em seu todo.

V. Santo Agostinho é considerado o maior pensador da

Patrística latina.

VI. Um dos temas fundamentais da Patrística é a

discussão do sentido da Santíssima Trindade.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) Somente as afirmativas I,II e IV são corretas.

b) Somente as afirmativas I,II,V e VI são corretas.

c) Somente as afirmativas III, V e VI são corretas.

d) Somente as afirmativas I,V e VI são corretas.

e) Somente as afirmativas II, V e VI são corretas

5) Para Santo Tomás, filosofia e teologia são

ciências distintas porque:

a) A filosofia se funda no exercício da razão humana e

a teologia na revelação divina.

b) A filosofia é uma ciência complementar à teologia.

c) A filosofia nos traz a compreensão da verdade que

será comprovada pela teologia.

d) A revelação é critério de verdade, por isso não se

pode filosofar.

e) A teologia é a mãe de todas as ciências e a filosofia

serve apenas para explicar pontos de menor

importância.

GABARITO

1. E

2. C

3. B

4. D

5. A