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    Centro Regional das Beiras

    Viseu

    Terreiro do Pao

    Eixo Urbanstico De Lisboa

    Ricardo costa

    2009/2010

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    Universidade catlica Portuguesa

    Centro regional das beiras

    Viseu

    Arquitectura e mestrado entregado

    Teoria e Historia do Urbanismo

    2009/2010

    Terreiro do Pao

    Eixo Urbanstico De Lisboa

    Docente: Arq. Fernando Gonalves

    Aluno Ricardo costa

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    Introduo

    A Praa do Comrcio considerada a sala de visitas de Lisboa. Mede 4

    hectares e tem 86 arcos. Mas nem sempre foi como ns a conhecemos.

    Aquilo que hoje cho firme, h muitos anos, era uma praia com areia e

    lodo. O rio inundava as ruas da cidade com muita frequncia. Havia cais

    onde ancoravam os barcos. Era assim, em 1147, quando as tropas de

    Afonso Henriques tomaram Lisboa aos mouros.

    Na poca dos Descobrimentos, ali chegaram os carregamentos de

    especiarias e outros produtos provenientes das rotas da epopeia

    martima. A praa foi tendo cada vez maior importncia comercial. Da onome de Praa do Comrcio.

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    Lisboa e o terramoto

    A histria de Lisboa ficou marcada pelo terramoto que a 1 de Novembro

    de 1755, destruiu quase por completo a cidade.

    Este acontecimento despertou as atenes de outros reinos na Europa e

    de gravadores que

    viajaram ate Portugal e

    atravs de desenhos e

    gravuras tentaram mostrar

    a destruio e caos em

    que Lisboa cara.

    No que Lisboa fosse uma

    cidade monumental: ela

    crescera, desde os tempos

    medievais, dentro e fora de

    duas sucessivas muralhas,

    a dos mouros e a de D.

    Fernando, concentra-se na

    planura, perto do Tejo, a poente do castelo que a defendera, e espalhara-

    se pelas colinas, num constante contacto rstico. Gerada, nos seus

    bairros, em torno de igrejas paroquiais e de palcios da nobreza, em

    aglomerados populacionais que se iam encadeando, a cidade jamais

    contara com projectos ou reformas de urbanismo e a denncia da

    fbrica que falece cidade de Lisboa feita em 1571 por Francisco de

    Holanda teve sucessivas verificaes nas paginas de viajantes

    estrangeiros todos os que vem a Lisboa se admiram por no encontrar

    um edifcio que merea a menor ateno.

    As suas, ruas estreitas, sujas e incmodas, a incomodidade das casas

    e o vazio dos seus palaces definiam estruturas e hbitos do que uma

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    Com efeito, a nova Lisboa pombalina surge como uma verdadeira

    cidade das luzes, ou seja, como a melhor corporizao do esprito do

    iluminismo, algo nico entre no e impar na Europa. Era visvel na leitura

    da planta de Eugnio dos santos a mestria e a inteligncia e talento de

    quem a concebeu.

    O novo conjunto urbano

    desenvolveu-se entre

    dois grandes plos: o

    Terreiro do Pao e o

    Rossio, correspondentes

    a velhos espaos agora

    recriados. Trs ruas

    principais partem do

    Terreiro do Pao, mas s

    duas do lado poente desembocam no rossio; a terceira rua conduzia ao

    hospital real, cuja rea foi mais tarde transformada na praa da figueira.

    Outras ruas secundrias e transversais completam a malha urbana

    ortogonal.

    Eugnio dos santos pouco tempo depois viria a morrer (1760) no

    podendo assim completar a obra que iniciara, deixando-a assim a cargo

    de Carlos Mardel que lhe sucedeu e que introduziu diversas alteraes

    nos projectos em execuo.

    A reconstruo de Lisboa foi se processando ate ao final do sculo, mas

    o estilo arquitectnico, logo de inicio definido, foi chamado pombalino em

    homenagem ao Marques de Pombal. Na realidade no se trata de um

    estilo, mas de uma ambgua mistura de elementos inspirados num

    passado arquitectnico, recente ou longnquo, de Lisboa, numa

    combinao de maneirismo revivido com alguns pormenores

    empobrecidos do barroco e o rococ.

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    Praa do Comercio

    (Terreiro do Pao)

    Aobra-prima da urbanizao pombalina sem dvida, o Terreiro do

    Pao. Ocupando uma rea de 177m x 192,5m o Terreiro do Pao

    delimitada por trs alas dispostas em U, com abertura voltada ao rio, ao

    qual se acede por

    trs cais em

    pedra, com

    escadaria. Junto

    ao rio dois

    torrees,

    cpulados,

    rematam as alas

    laterais e um arco

    de triunfal marca o

    eixo de ligao ao interior da cidade. A centralidade formal e simblica da

    praa dada pela uma Esttua Equestre, remetendo para o modelo das

    Praas Reais europeias.

    Assumida como um dos pontos

    principais do projecto de renovao

    pombalino, o desenho para a nova

    praa real, que no essencial foi

    definido por Eugnio dos Santos, vai

    seguir o discurso iluminista de

    renovao da cidade, recebendo no

    entanto um tratamento tipolgico

    especial que a configura como

    herdeira do antecessor Terreiro do

    Pao, sendo criteriosa a conciliao

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    entre os novos elementos arquitectnicos com referenciais antigos, de

    modo a identificar a nova praa com o imaginrio urbano da cidade

    anterior ao terramoto.

    Funcionalmente, a recm designada Real Praa do Comrcio, vreforado o seu estatuto

    econmico e mercantil

    ao incorporar as

    estruturas renovadas do

    Arsenal e da Alfandega,

    e na renovada linguagem

    arquitectnica dada

    pelas galerias exteriores

    abobadadas, que

    remetem para as

    tradicionais arcarias onde se reuniam os comerciantes, com duas

    pilastras dos esquemas Serlianos e que as repeties destes elementos

    simples por todos os edifcios que ladeiam a praa conferem-lhe um

    ritmo dinmico, sem gerar monotonia pois esta quebrada pela

    articulao dos edifcios em bloco. Nestes destacam-se os torrees junto

    agua, coroados por trofus militares barrocos cimalha e modelados por

    paredes rasgadas de severas janelas maneiristas com excepo da

    central, de fronto barrominico. Assim a evocao do Torreo Filipino de

    filippo terzi duplamente

    reforada, oferecendo

    praa um novo equilbrio

    urbanstico e a

    centralidade vivencial

    conferida pelo

    desaparecido Chafariz de Apolo substituda pelo reforo simblico do

    poder rgio, marcado pela esttua equestre de D. Jos I.

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    A petrificao de elementos associados ao poder, tradicionalmente

    efmeros, conferida pelo Arco do Triunfo que enquadra

    cenograficamente o espao ocupado pela imagem do rei, a opo de

    revestimento em pedra dos dois torrees que reforam a imagemnobilitada do novo espao, a par com os demais elementos

    arquitectnicos de programa, transformam o antigo Terreiro do Pao na

    Praa do Comrcio seguindo o modelo formal e ideolgico no qual se

    baseou a Reconstruo Pombalina.

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    Terreiro do Pao antes do terramoto:

    Ao longo do sculo XVIII as preocupaes fundamentais dos municipais

    europeus prendiam-se com o crescimento da rea edificada e suas

    consequncias no ambiente citadino.

    Particularmente a partir da segunda metade de seiscentos, assistiu-se na

    Europa um reforo de legislao relativa as novas construes

    procurando-se promover o uso de materiais durveis, impedir a

    construo de elementos nas fachadas obstrutivas circulao do

    trnsito, velar pela manuteno das ruas estreitas e pontes das cidades e

    seus arrabaldes e criar infra-estruturas bsicas como rede de esgotos e

    equipamento de fornecimento de gua.

    Num trabalho conjunto de poder rgio e municipais tiveram com principal

    objectivo o estabelecimento de um corpo normativo, dirigido para uma

    uniformidade tipolgica e para uma regularidade da morfologia urbana foi

    neste quadro de debate terico e pratico construtivo que se processou a

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    evoluo e crescimento urbanos de Lisboa neste perodo. Cientes deste

    facto, as entidades responsveis pela gesto da cidade, a coroa e o

    senado da cmara, assim como os tcnicos de construo, arquitectos

    e engenheiros militares, souberam utilizar experincia acumulada eadaptar os instrumentos prticos disponveis (administrativos, jurdicos e

    financeiros) de forma a dar corpo a uma estratgia de ornamento urbano

    que aproximasse Lisboa da realidade das capitais europeias com maior

    expresso na poca.

    A partir do sculo XVI

    Lisboa desempenhou um

    papel afecto a poucas

    cidades europeias

    durante o perodo

    moderno tal como

    aconteceria com a cidade

    de Londres um sculo

    mais tarde, Lisboa era a

    um tempo, o centro

    poltico e econmico do reino e o seu mais importante porto.

    O terreiro do pao uma amplssima esplanada paralela s muralhas,

    com a maior dimenso em frente do rio, seguindo sempre as propores

    do plano da cidade e ter a sua frente fluvial equipada com um cais

    monumental. A fachada frontal do terreiro era constituda pelas

    construes que entretanto, se encostaram muralha medieval,

    ocupando todo o espao disponvel, entre as torres da muralha e mesmo

    sobre portas. Esta fachada era constituda por edifcios de certa escala e

    j uma notvel homogeneidade de desenho. Tratava-se de um conjunto

    arquitectnico constituindo uma larga frente urbana de cerca de 172

    metro, virada ao Tejo composta por quatro grandes conjuntos

    arquitectnicos.

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    A partir da anlise de uma carta rgia de 1498 considerou-se que no

    seu contedo global, esta carta-regimento estabelece um rigoroso

    conjunto de medidas, parmetros formais e normas construtivas, para um

    conjunto arquitectnico num dos mais prestigiados locais da cidade: aribeira de Lisboa.

    Considerou-se tambm que as obras da alfndega nova, em simetria

    com a varanda do pao real vo conformar a ribeira numa nova estrutura

    de praa, constituda por trs corpos arquitectnicos em U, morfologia

    que marcar definitivamente a imagem de toda a cidade. No entanto

    devemos notar que a orientao da igreja da misericrdia, a Norte,

    respeitava e retinha os velhos dados urbanos da cidade medieval

    nomeadamente os valores de concentricidade em relao ao cume da

    colina do castelo.

    Sublinhando a crescente deslocao da cidade de Lisboa para oriente, o

    Terreiro do Pao passou a configurar-se como autentico eixo de simetria

    da frente fluvial de Lisboa quebrando para sempre a continuidade das

    muralhas ribeirinhas, que tero sobrevivido no essencial intactas atento, com as suas portas, postigos e torres. O Terreiro do Pao

    assumia assim coerncia funcional e urbana ribeira de Lisboa,

    enquanto novo centro da cidade.

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    Bibliografia

    FRANA Jos Augusto, A reconstruo de Lisboa e a arquitectura

    pombalina, biblioteca breve, instituto de cultura e lngua portuguesa,3

    edio 1989, Lisboa

    REVISTA SEMESTRAL DE EDIFICIOS E MONUMENTOS, Baixa

    Pombalina, Monumentos setembro2004, Lisboa

    CAETANO, Carlos, A Ribeira de Lisboa, Pandora, Lisboa2004

    PEREIRA, Paulo, dicionrio de arte barroca em Portugal.Editorial

    presena, Lisboa 1ediao 1989

    VITOR, Serro, Histria da arte em Portugal - o barroco editorial

    presena, Lisboa 2003