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  • ARTIGO Grupo de Estudos e Pesquisa Diferenas e Subjetividades em Educao

    Grupo de Leitura de Freud

    ETD Educao Temtica Digital, Campinas, v.8, n.esp., p.135-152, dez. 2006 ISSN: 1676-2592

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    O QUE ME TORNA INVISVEL? A PSICANLISE COMO FERRAMENTA PARA ENTENDER O APAGAMENTO DAS DIFERENAS NA INCLUSO ESCOLAR DE SURDOS

    Vanessa Regina de Oliveira Martins

    RESUMO Este artigo ir apontar situaes de invisibilidade - sensao de apagamento - vivenciadas por mim na sala de aula atuando como intrprete educacional de lngua de sinais no ensino superior. A proposta de fazer uma reflexo das minhas experincias empricas protagonizadas neste contexto, de sala de aula inclusiva, dialogando, de forma interesseira e interessada, com os saberes da psicanlise. O objetivo entender as causas que levam o apagamento do outro: se explcita excluso e extermnio da diferena ou se uma forma de mascarar uma situao incmoda de incluso como sendo algo aparentemente tranqilo aceito mas, ainda assim caminhando para a excluso do outro s que agora de uma forma sutil e discreta. PALAVRAS-CHAVE Intrprete de lngua de sinais; Surdez; Diferena; Excluso; Psicanlise

    WHAT IT BECOMES ME INVISIBLE? THE PSYCHOANALYSIS AS TOOL TO UNDERSTAND THE DELETION OF THE DIFFERENCES IN THE PERTAINING TO SCHOOL INCLUSION

    ABSTRACT This article will go to point situations of invisibilidade - deletion sensation - lived deeply by me in the classroom acting as educational interpreter of language of signals in higher education. The proposal is to make a reflection of my carried out empirical experiences in this context, of inclusive classroom, dialoguing, of interesseira form and interested party, with knowing them of the psychoanalysis. The objective is to understand the causes that take the deletion of the other: if for the explicit exclusion and extermnio of the difference or as one it forms to mask a situation bothers of inclusion as being something pparently calm - accepted - but, still thus walking for the exclusion it another one only that now of one it forms subtle and discrete.

    KEYWORDS Interpreter of Sign Language; Deafness; Difference; Exclusion; Psychoanalysis

    150 anos de Freud

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    INTRODUO

    Apagaram as luzes: epa! ... h um surdo aqui!

    Compartilhando uma experincia...

    Era uma aula, como outra qualquer, do curso de arquitetura e urbanismo em que

    interpretava diariamente. O tema proposto era a histria do movimento urbano, da

    disciplina de Teorias do Urbanismo. Estava ali como de costume: sentada em frente ao

    aluno surdo e de costas para o professor que ficava alocado em uma plataforma em frente

    lousa.

    O professor havia proposto em aulas anteriores que os alunos formassem grupos

    para desenvolver um estudo sobre a arquitetura clssica; e como avaliao semestral, cada

    grupo ficaria responsvel em configurar a apresentao de um seminrio. Cada aula um

    novo estudo, at que chega o dia esperado da apresentao.

    Anunciado o incio dos seminrios, os alunos, ento, apresentariam o resultado do

    estudo e a escolha que fizeram do projeto (obra e cidade) e arquiteto. Cada grupo se

    posicionou para dar incio atividade. Tudo aparentemente tranqilo!

    Toda sala me enxergava!...Isso era o que eu, na minha inocncia, acreditava. Meus

    braos j fadigados, de tanto sinalizar uma aula terica e carregada de explicaes orais dos

    grupos, quando... as luzes se apagaram! Que susto! Pensei e senti um desconforto

    imediatamente.

    No meio do seminrio uma das alunas do curso apagou a lmpada que iluminava a

    sala para continuar a sua apresentao a vergonha de falar em pblico fez com que ela

    tomasse tal atitude. O professor aceitou a situao passivamente e assim, a aula prosseguiu

    normalmente.

    Surpreendida senti-me invisvel! Na verdade ramos dois apagados: eu e o surdo

    que nessa hora no tinha sequer idia do que estava acontecendo. Fiquei paralisada!

    Percebia o movimento desconcertado e eufrico do aluno surdo em busca de explicaes

    para aquela situao na tentativa de visualizar algum movimento... meus sinais no escuro...

    no silncio que a situao lhe imps.

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    Momentos depois ao acender das lmpadas uma pergunta me veio em mente: Como

    puderam nos esquecer com tantos meses de contato? Como esqueceram que minhas mos

    precisavam das luzes para dialogar com o aluno surdo? Por que o professor aceitou

    passivamente a situao; ser que ele esqueceu que tem um surdo em sua sala?

    Desta primeira experincia de invisibilidade proponho iniciar nossa conversa com a

    psicanlise e a filosofia. Trarei para reflexo algumas situaes cotidianas, como a ilustrada

    anteriormente, em que se nota a invisibilidade do ato tradutrio em sala de aula: o apagar

    da presena fsica de um estranho no contexto educacional. As ferramentas analticas destes

    dois campos de saberes (psicanlise e filosofia) disponibilizaro recursos para o pensar das

    vrias formas de apagamento da presena do outro: a excluso inclusiva. Como

    articuladores deste estudo proponho refletir com os pensamentos e as teorias de Freud

    (Psicanlise) e Foucault (padres normativos e anormalidades). E desta perspectiva

    proponho (re) visitarmos e comemorarmos, tambm, o momento histrico dos 150 anos de

    Freud e da apropriao do conceito da psicanlise que atualmente vm sendo convocada

    como instrumento de reflexo das angstias no mbito escolar.

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    INCLUSO DE SURDOS: REFLEXES FILOSFICAS

    A incluso como medida poltica adotada por grande parte dos pases ocidentais

    instaura uma temtica discursiva no campo educacional sobre o compromisso tico de se

    haver com a diferena e com as diferentes formas de ensinar e de aprender; alm disso, nos

    interpele a re-significar a interao entre professor e aluno e a dinmica escolar. Nesta

    perspectiva o educador se agencia em uma luta poltica de recebimento e acolhimento das

    diferenas na escola, permeadas por um conjunto de discursos que oficializam essa prtica.

    Num dos possveis modelos proposto por essa via inclusiva de se fazer a escola, a

    incluso toma como pressupostos discursivos um conjunto de agenciamentos embasados

    por valores / signos que a fundamentam - a insero e exibio da diferena; no movimento

    de diviso dos espaos comuns de ensino entre educandos especiais - alunos com

    deficincias, dificuldades de aprendizagem, distrbios de aprendizagens, etc... - com os

    ditos normais.

    H implcita, nesta dinmica, a existncia de certa norma que diferencia e classifica

    essa dicotomia entre normal e especial, normal e a-normal ou ainda, normal e

    patolgico; e deixa evidncias de que esta escola baseada na/da norma - permite a

    incluso de todos. Tem, portanto, espao para qualquer um desde que assumido uma

    classificao,nomeao nosogrfica dentro da grade normativa. Foucault (2002) nos

    oferece subsdios para entender as relaes sociais permeadas pela busca do poder; as

    representaes nelas fundadas que se estabelecem nos discursos produzidos. Interpela-nos a

    suspeitar das verdades naturalizadas.

    Esse mesmo autor ajuda-nos, ainda, a entender os diversos dispositivos de poderes

    articulados politicamente nas sociedades modernas, atravs das redes de agenciamentos

    normativas, instaurada com o movimento da disciplina (docilizao/domesticao do

    corpo) regulamentao (normatizao da populao) - que viabilizam a ao de um outro

    poder social: o Biopoder e o Racismo de Estado.

    As aes destes dois dispositivos, Biopoder e Racismo de Estado, aparecem nos

    estudos de Foucault (2002), no final do sculo XVIII e no incio do XIX. H um re-

    direcionamento do objeto de interesse e de controle social, que propicia a constituio de

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    um conjunto de redes agenciadoras do bem estar social, do movimento sanitarista e da

    industrializao. Os mecanismos de poder que passam a controlar e cuidar da populao

    aparecem constitudos na biopoltica - uma poltica do biolgico - com a temtica da

    purificao social a biopoltica lida com a populao, e a populao como problema

    poltico, como problema a um s tempo (...) como problema biolgico e como problema de

    poder (FOUCAULT, 2002, p.293).

    Os mecanismos de controle social que refletem a forma de poder ganham

    propores maiores, indo alm do indivduo - do corpo individualizado, controlado e

    vigiado -, para a massa social unidade mltipla -, constituindo assim, as sociedades de

    controle emergentes que, cada vez mais, quantifica e nomeia um a um, setorizando o

    espao arquitetnico ocupado pelo indivduo na populao. Ento, nesse momento, vemos a

    ao do racismo de Estado aparecer; ao esta que reverbera na forma articulada em nvel

    de populao, de rede social, de discurso em massa.

    o racismo de Estado que contribui para o apagamento da diferena, de forma que

    soberanamente passa a controlar e escolher o que deve permanecer e o que deve

    desaparecer da sociedade sempre com o discurso da coletividade e da purificao

    social partindo, no entanto, da excluso de todo corpo no docilizado... no disciplinado...

    no normatizado... desaparece com todo corpo que queira encontrar gozo na diferena: da

    surdez, da loucura, da deficincia, da a-normalidade... O racismo age cruelmente na medida

    em que inviabiliza o surgimento de qualquer diferena mnima que seja. O Biopoder,

    agenciador do Racismo:

    Opera por meio da srie populao-processos biolgicos-mecanismos regulamentadores-Estado. Ora, se a disciplina opera no nvel do detalhe, do corporal, do individual, por intermdio das instituies, o biopoder opera num nvel mais global, atravessando as populaes por meio do Estado... ...Na analtica foucaultiana, o racismo o mecanismo pelo qual o Estado justifica seu direito de matar, numa sociedade biopoltica fundada na afirmao da vida. E o que mais interessante: o direito de matar justificado como uma afirmao da prpria vida, uma vez que a eliminao do diferente, do menos dotado, do menos capaz implica a purificao da raa, o melhoramento da populao como um todo. (GALLO & SOUZA, 2002, p. 47)

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    Nesta lgica foucaultiana fao pensar a educao mais especificamente a

    educao inclusiva de surdos - como parte e efeito desse jogo discursivo de poder e

    fazer social. O educando inserido s efeito na incluso porque passa a manter relao

    de (re) conhecimento em um subconjunto normativo, passando a ser seriado e classificado

    dentro de um grupo de representaes conceituais discursivas que lhe atribui significados as

    suas (a) normalidades. Assim, a incluso passa a ter papel fundamental para o controle e

    insero deste sujeito na sociedade, que a priori o nomeia segundo suas diferenas ou

    estranhezas. Esse um momento importante a nomeao que padroniza o que este

    outro uma nosografia do sujeito.

    Para alm desta discusso, neste artigo, fao pensar de que forma a incluso, atravs

    deste paradigma atual contribui para a excluso de sujeitos e de seus processos de

    subjetivao; e que contradiz, desta forma, a idia primeira de incluso de/para todos (pela

    no incluso real). Posterior a essa inquietao, indago se h formas outras de pensar a

    incluso para alm da que temos atualmente: a insero de diferentes corpos ou de

    corpos diferentes num espao comum de ensino. possvel pensar na incluso da

    diferena na escola? Se sim, porque sinto em minhas experincias vrios momentos de

    apagamento da diferena espelhados na atuao do intrprete de lngua de sinais em

    conjunto ao apagamento do surdo e da surdez? Podemos pensar que h nisso na incluso -

    a ao do Biopoder, expressa por Foucault (2002), e que sutilmente produz formas polticas

    de apagamento da diferena para garantir uma igualdade normativa?

    Acredito que h indcios para se pensar por este caminho na ao do biopoder e do

    apagamento das diferenas que parecem estar a servio desta poltica inclusiva embora,

    no momento, no tenha possibilidade de fechar nenhuma resposta. O que fao propor a

    desconstruo conceitual - de norma, incluso, excluso - que tomamos hoje como

    constructo de verdade. Refinar o olhar para alm dessa poltica instaurada, tomando como

    processo a reflexo nas micro-polticas e nas micro-instncias, que vo para alm do

    discurso legislativo imposto, voltando-se as aes que surgem das prticas cotidianas da

    incluso numa instancia micro educacional. Esses discursos que, pensando com Foucault

    (1996), no so neutros, ao refletirem os vrios movimentos e interesses de busca pelo

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    poder; e por isso a necessidade de questionamento das verdades criadas pelos homens e

    difundidas nas sociedades de extrema relevncia. O discurso - como a psicanlise nos mostrou no simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o desejo; , tambm aquilo que o objeto do desejo; e visto que isto a histria no cessa de nos ensinar o discurso no simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominao, mas aquilo por que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar. (FOUCAULT, 1996, p. 10)

    Como que estamos trabalhando com/para as diferenas? H possibilidade de se

    criar processos de subjetivao dos mltiplos sujeitos que a escola, nomeada para todos-

    a escola inclusiva - se prope a fazer? Estamos questionando os discursos produzidos para

    este fim?

    Como proposta inclusiva, a presena da diferena (caracterizado aqui pela surdez)

    favorece a interao e aprendizagem do educando no grupo; e muitas vezes vemos

    bandeiras aladas da incluso pela incluso que a valorizao da socializao entre

    alunos especiais e normais num contexto educacional e que se prope viabilizar atravs

    das trocas sem um olhar crtico das excluses que ela pode proporcionar.

    Como a comunicao entre ouvintes e surdos sinalizadores inviabilizada sem a

    utilizao da lngua de sinais, a insero em si, neste caso, de nada adianta sem a presena

    de um intermedirio o intrprete de lngua de sinais (ILS) ou de um professor fluente em

    Libras. E mais, no consenso geral de que esta incluso atente aos desejos destes surdos

    sinalizadores. Ento, se pensarmos que vrios surdos universitrios se mantm inseridos em

    uma universidade sem a presena de intrpretes e, portanto sem a veiculao da Libras, fica

    a seguinte pergunta: quais os saberes que esto sendo construdos na formao deste

    educando? A que est servindo esta incluso, seno para apagar a alteridade surda e sua

    diferena? Como deixar de reconhecer a necessidade de outras formas metodolgicas e

    curriculares que so convocadas pela surdez?

    Sobre isso afirmo que o real sentido da incluso, o entendimento que para incluir

    preciso mudar concepes no a de corpos, mas a de trocas efetivas de saberes culturais,

    que o objetivo maior da instituio escolar a incluso formadora ainda no parece

    estar sendo viabilizada e compreendida. E por isso mantm-se prticas que tendem a

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    transformar as diferenas em unidades iguais sistematizadas; o surdo em um quase

    ouvinte e um quase falante, que aprende da mesma forma metodolgica que os demais.

    Nisso a diferena primeira da surdez, que o constitui em sujeito visual e usurio de uma

    lngua de modalidade distinta a dos ouvintes, simplesmente esquecida.

    Como modificar esse espao de incluso apagadora que: exclui, disciplina,

    modifica e igualiza a diferena? Utilizo a pergunta do autor como gancho na reflexo:

    Si la trada modulacin-control-exclusin va desplazando del escenario al binmio disciplinamento-inclusin, la pergunta acerca de la espacialidad del otro y de la otra espacialidad asume un particular significado: Hay lugares no modulados, de no-control, de no-exclusin, que no sean lugares de disciplimamiento y de inclusin? Hay, acaso, una suerte de tercer espacio, un espacio sin nombre, un entre-lugar, es decidir, un espacio otro, un otro espacio? (SKLIAR, 2002:89-90)

    Estas so algumas formas polticas de apagar o outro e que vrias vezes preenchem

    o campo discursivo como aes politicamente corretas. H que se convocar urgentemente

    novas formas de pensar a incluso escolar sem que para isso tenhamos que normatizar o

    outro podendo sofrer alteraes na compreenso do que seja incluir, num movimento s

    avessas.

    REFLEXES COTIDIANAS: PORQUE ME APAGARAM?

    Compartilhando experincias com o auxlio da psicanlise...

    Quando j se viveu por muito tempo numa civilizao especfica e com freqncia se tentou descobrir quais foram suas origens e ao longo de que caminho ela se desenvolveu, fica-se s vezes tentado a voltar o olhar para outra direo e indagar qual o destino que a espera e quais as transformaes que est fadada a experimentar. (FREUD, 1974:15)

    Continuando nossa conversa, agora convocando a psicanlise, como ferramenta e

    chave de leitura para reflexo das experincias empricas vivenciadas na sala de aula de

    ensino superior, onde atuo diariamente como intrprete de lngua de sinais. Aproveito para

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    marcar a importante contribuio da psicanlise - como ferramenta analtica sobre o

    desejo/ prazer, a linguagem, a falta - nos processos de reflexo da prxis docente. Os

    saberes psicanalticos contribuem de forma ampla no entendimento das relaes de

    transferncia e contratransferncia no processo de ensino e aprendizagem (professor e

    aluno). E ainda, coloca-nos a pensar, o que de fato, o acontecimento do ensino/ a prtica

    docente e as formas de encaixe, entre professor e aluno, necessrias para que se

    estabelea a aula e que ocorra a aprendizagem.

    Esse movimento de olhar em rumo transformao numa nova proposta de pensar a

    ao docente, com a ajuda da psicanlise, permite ao educador mirar a aula como um

    contrato entre alunos e professores - selados pelo desejo de estar ali, seja para ensinar ou

    para aprender. Esse desejo insistente e instigante sinalizado pela falta... Falta essa para o

    sujeito - que no se esvaece, mas que alimentada pela constante busca de um encontro, de

    uma completude. A aula pode ser vista como esse encontro; um encontro na falta que cada

    um (professor e aluno) mantm e que ilusoriamente se completa na relao transferencial

    estabelecida neste contexto de ensino na fantasia do ensino - (BEHARES, 2004).

    Interessante notar que a experincia docente, com a insero do intrprete de lngua

    de sinais, quebra a lgica formulada desse pensamento psicanaltico elaborado sobre o

    ensino, pois passa a ocorrer atravs de um tringulo (professor, intrprete e aluno surdo)

    transferencial de desejos e encontros na falta. Faz-se pelo suposto saber que cada um tem e

    que falta ao outro e assim, de alguma forma, movimenta esse jogo de seduo e de ensino.

    A relao de transferncia, neste caso particular, no ocorre de forma direta entre professor

    e aluno. O elemento terceiro (intrprete de lngua de sinais - ILS) que conduzir esse jogo

    de desejos por ter nas mos o elo a lngua que interpela e que potencializa a relao de

    afetividade na interao professor e aluno. A aprendizagem, o saber que o aluno quer se

    nutrir, e que motiva sua permanncia na sala de aula, perpassa a mo/ o corpo do ILS.

    Desse contato direto h a instaurao do processo de transferncia entre ILS e aluno surdo

    o encontro do desejo que movimenta cada um a estar ali enlaado.

    H por esse via, uma relao docente marcada na atuao do intrprete educacional

    diferente da atuao e da relao entre ILS e surdos em outra situao no escolar. Ora, se

    entre o ILS e o surdo que se estabelece a relao afetiva no ensino, que outra coisa esse

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    profissional faz se no de estabelecer uma relao docente; de ser um educador? Ter ele

    (ILS) apenas o papel de tradutor, ou tambm exerce uma relao de docncia? No pode

    nisso marcar uma incluso excludente, quando ajuda a compor a segregao de dois

    estranhos (ILS e surdo) num contexto coletivo de ensino em que o professor pouco sabe das

    necessidades educativas e metodolgicas que esto ali convocadas? Ser que o professor

    sente familiar prazer em educar um aluno que no fala sua lngua? Apagar, esquecer e

    tolerar a no familiaridade melhor que enfrentar o desconhecido e o desprazer de no

    saber como mediar por si o ensino sem a Libras (Lngua Brasileira de Sinais)?

    Deixo claro que no tenho nenhum intuito de culpabilizar a ao dos professores

    como fim em si. Acredito que os educadores so efeitos de um processo social de

    apagamento das diferenas, como pensado anteriormente. H um contexto amplo, uma

    poltica agenciadora deste apagamento - o Estado que convoca o Racismo da diferena - na

    qual a educao um dos laos que compe a rede.

    Retomando a questo da atuao do ILS, quero alocar este profissional como um

    dos facilitadores da incluso dos surdos no ensino superior (mediador da comunicao).

    Fao um paralelo desta atividade como tapa buraco de uma situao de segregao

    omissa que a incluso instaura dentro da sala de aula, tornando a atuao quase que uma

    aula particular.

    O ponto no qual fixo o olhar : embora imprescindvel a presena do ILS em sala de

    aula (pensando que no momento atual, com a incluso de surdos sinalizadores, o ILS tem

    um papel importante: o de manter o aluno supostamente integrado na instituio), h uma

    aparente invisibilidade - mesmo com toda a movimentao corporal, expressiva, gestual -

    marcada na educao e expressa no relato que compartilhei acima. O primeiro contato do

    professor com o ILS de espanto, admirao e desconhecimento. Passado um tempo, o

    trabalho vai ficando solitrio entre ILS e o surdo: distante da sala... distante dos olhos dos

    professores e dos alunos... distante at da universidade que nos contrata e que, acreditando

    em nosso trabalho tico, deixa em nossas mos as aes educativas que achamos

    pertinentes aos surdos. Essa liberdade aparente, acaba durante a avaliao, pois

    descobrimos que no temos poder algum de mudana metodolgica ou estrutural. Ficamos

    limitados s normas que igualam todas as aes gerais, incluindo as de ensino.

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    A experincia, relatada no incio do artigo, representa uma situao de apagamento

    dentre tantas outras nas quais me senti invisvel ao sistema de ensino. Fao recair as

    seguintes perguntas: at que ponto o ILS possibilita a integrao do aluno surdo, ou melhor,

    a visibilidade do surdo e suas necessidades na dinmica escolar? Porque o professor - ou

    ainda podemos ampliar para a instituio - ainda no tinha incorporado o aluno surdo e suas

    especificidades de aprendizagem em sua ao docente?

    Pensando com a psicanlise, segundo Freud (1974), com a descoberta do conceito

    de inconsciente, a humanidade passa pela terceira ferida narcsica1, chamada tambm de

    golpe psicolgico. Essa descoberta revela ao homem o desconhecimento de si mesmo, e

    por isso o total descontrole das aes que outrora eram pensadas como conhecidas,

    mapeadas e controladas. Causa-nos medo da diferena e de nela encontrarmos tambm

    gozo j que o que pensvamos controlar, ns mesmo, seno uma no-verdade.

    Abre caminho para pensarmos que sempre haver em nossas atitudes falhas que nos

    escapam e que no damos conta de conhec-las. So, muitas vezes, contedos recalcados

    no inconsciente que surgem em dados momentos e nos colocam em (des) ajustes mediante

    diversas situaes e, portanto, interfere na forma de nos relacionarmos com os outros.

    No processo educativo - pensando na educao como nutrio, como completude da

    falta para alm da questo biolgica-orgnica - a psicanlise, nos convida a olhar a trama

    elaborada na relao de transferncia e contratransferncia psquica entre educador e

    educando, que perpassa por um conjunto de formulaes, fantasiosas/simblicas, neste jogo

    relacional de desejo pelo ensino, ou ainda, de prazer no ensino, no qual o inconsciente

    personagem. De certa forma comanda e determina as formas de lidar com o outro/Outro

    uma descoberta (des) prazerosa que cada envolvido (professor e aluno) estabelece e

    movido pelo desejo de aprender e de ensinar.

    Desta forma, o esquecimento do professor na experincia citada pode nos mostrar

    dados de escapes, de Des-prazer que denuncia a ausncia de colagem simblica,

    1 Na Conferncia XVII Fixao em Traumas de 1917, Freud fez referncia aos trs severos golpes sofridos pelo homem no que tange seu "amor prprio" e seu no "narcisismo universal". O primeiro ocorreu com Coprnico e seu "golpe cosmolgico", quando a terra deixou de ser vista como o centro do universo. O segundo, com Darwin e seu "golpe biolgico", quando o homem deixou de ter uma ascendncia divina sobre

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    um no encontro a no marcao de um lao fraterno, como a que ocorre, se possvel

    pensar, entre ILS e surdos. Para Lacan, a negao do estrangeiro que une os

    semelhantes; a segregao que funda a fraternidade (KOLTAI, 2000: 98).

    O esquecimento pode ser uma forma de recusa sutil desta incluso (do no-

    familiar) posta e que o professor no sabe como lidar, mas que eticamente no pode negar;

    antes deve aceitar e inserir o diferente mesmo que por tolerncia a diferena. Por no

    manter uma relao transferencial direta com o aluno surdo barrado pela diferena

    estrutural da lngua o desejo, nesta ertica de ensino, passa a no acontecer de forma

    natural acontecendo atravs da mediao do intrprete de lngua de sinais. O desejo de

    saber o que o outro tem e que lhe falta (aluno/professor) relao que ocorre na ao

    pedaggica - redirecionado na pessoa do ILS.

    Como resposta a esta nova dinmica, muitas vezes desconhecida para o professor,

    h uma inverso de papis: o professor deixa de exercer sua funo de educador ao atribuir

    valores ao ILS, como se, neste lugar, ele (intrprete) suprisse a falta que mantm a relao

    ilusria de ensino - da Ertica de Ensino (BEHARES, 2006) - e que coloca o aluno surdo

    na posio de educando ou aprendiz.

    Esquecer o surdo e em conseqncia o ILS parece ser uma forma de esquecer a sua

    ineficcia (no conhecimento da lngua de sinais), neste contexto, como educador que tem a

    responsabilidade de agenciar as trocas de saberes do aluno surdo no contexto educacional.

    Essa situao , sem dvida, um sofrimento imposto ao professor e que, de alguma forma, o

    organismo tenta minimizar - esta causa dolorosa -, podendo, assim, fazer atravs do

    recalque.

    Ento, podemos entender que, tambm, h certa felicidade do professor com a

    chegada do ILS; a medida em que vem tapar o buraco do sofrimento, minimizar a dor e

    mediar a relao professor e aluno surdo. Nesta relao se estabelece um tringulo

    transferencial de desejos. O ILS, um mediador educacional que pode ser visto como um

    mal necessrio para o surdo e para o professor. Um entre que configura a relao de

    ensino e que tambm faz o ensino.

    os animais. E o terceiro, finalmente, com Freud sobre o Inconsciente e seu "golpe psicolgico", quando deixamos de ser "senhores de nossa prpria casa". (FREUD, 1976:335)

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    Se a educao, para a psicanlise uma necessria iluso de ensino, a educao

    mediada pelo intrprete passa por um processo de iluso ainda maior. O ILS acredita que o

    surdo est entendendo o que ele traduz, o surdo acredita que o ILS tem o saber que lhe falta

    e que este se apropria das mincias da fala do professor ao traduzir e, para completar este

    ciclo, o professor acredita que o ILS e o aluno surdo esto em consonncia com as suas

    explicaes. Essa a ertica de ensino criada na incluso educacional de surdos mediada

    pelo ILS.

    Esta incluso ilusria falha, j que todo ensino tambm uma iluso necessria?

    Podemos pensar respostas possveis a partir da contribuio discursiva do autor na citao

    abaixo. Suas colocaes nos apontam explicaes sobre os problemas susceptveis em

    relao educao dos surdos, e que, neste contexto muito pode contribuir com as questes

    discutidas:

    Es conveniente sealar lo que ha venido siendo repetido en los ltimos cuarenta aos: el dficit o la carencia de los sordos no es inmediatamente el derivado de una marca en el cuerpo, sino en su relacin con el lenguaje. El Real de la sordera, lo sordo, no es el Real de la audicin (en tanto que marca fsica en el cuerpo), por lo menos en aquello que pugna por manifestarse en nuestras representaciones occidentales, sino un Real del lenguaje y de la palabra. No es extrao, entonces, que la ertica que funda la intersubjetividad educador-educando en la educacin del sordo se refiera a esta falta constitutiva. Sin lugar a dudas, hay en el campo de la educacin de los sordos una fantasa "frustrognica", particularmente regida desde el imposible absoluto de educar freudiano, que hace convivir discursivamente un no-se-puede y los forcejeos de rehabilitacin y restitucin del hablante, pero tambin, a mi entender, a las concesiones diferencialistas de matriz sociolgica que honesta pero engaadamente creen haber dado un paso adelante. No lo han hecho plenamente,2 en efecto, porque reformulan en su base un imaginario de la sordera y del sujeto sordo (y tambin de su enseanza y de su enseante oyente o sordo), pero no toman en cuenta lo ideolgico-estructural ni lo inconsciente-estructural de lo sordo ni de lo oyente. (BEHARES, 2006:240)

    Finalizo afirmando que o problema posto, nesta forma atual de fazer a incluso,

    a permanncia do olhar reducionista de incluso como simples manuteno de corpos que

    usufrui um mesmo espao de ensino, sem, no entanto, questionar as especificidades que

    constitui cada um sujeito da/na diferena. ainda, no problematizar as questes de ensino

    intrnseco na relao mediada pelo ILS e que so esquecidas por postular que a soluo da

    2 Esto no implica negar que desde un punto de vista pedaggico-poltico las posturas hacia la Educacin Bilinge sean las ms adecuadas y humanamente posibles, sino ampliar las discusiones en torno a lo que existe de todos modos ms all de ellas.

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    incluso se faz apenas com a incluso deste mediador; deixando de rever as mudanas

    necessrias no currculo e numa outra metodologia de ensino que priorize o olhar

    conceito que coloco para representar a metodologia de ensino para surdos, que so sujeitos

    constitudos por uma lngua espao-gesto-visual. E ainda, no consultar aos protagonistas

    (surdos sinalizadores), se essa forma hoje de ensino e de incluso, satisfaz seus desejos e

    permite a manuteno da sua diferena. Ser que estamos agindo em direo a uma tica de

    ensino para estes surdos?

    Enfim, tudo isso nos leva a acreditar que preciso uma nova forma de pensar a

    incluso educacional, numa proposta que viabilize a construo de saberes e conhecimentos

    por sujeitos diferentes, que aprendem de forma outra e que por isso necessitam de um

    ensino diferenciado para torn-los sujeitos de um ensino igual (no sentido do direito ao

    ensino com qualidade e que sejam apreendidos os contedos curriculares sistematizados).

    Uma incluso que pode separ-los no espao fsico, mas que certamente construir uma

    forma tica de entender e fazer o ensino da e na diferena.

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    CONSIDERAES FINAIS

    O movimento de refletir trazendo como referencial uma experincia emprica em

    que me coloco como participante - a incluso do aluno surdo, em questo, inserido no

    ensino superior, foi para mim articulador e facilitador da compreenso das partes do

    processo que busco aprofundar o estudo. Chamei ateno, neste trabalho, as formas de

    apagamento ou disciplinamento do outro; do corpo do intrprete de lngua de sinais e

    do corpo surdo que se tornam algumas vezes imperceptveis mesmo presentes em sala de

    aula.

    Tentei movimentar o leitor a uma suspenso dos pr-conhecimentos estabelecidos e

    veiculados socialmente, caminhando para um novo olhar sobre a proposta do que seja

    incluir os surdos. Uma viso para alm da insero de corpos reabilitados e integrados na

    norma vigente, mas uma proposta de incluso social a partir da construo tica da

    aceitao da diferena que ultrapassa qualquer busca de homogeneizao e tolerncia.

    Para isso tomei como pressupostos analticos os saberes da filosofia e da

    psicanlise, que permitiram entender os processos histricos construdos e as relaes de

    poderes em que se vem instrumentalizadas tticas homogeneizadoras e normatizadoras

    que classificam as diferenas buscando formas disciplinares de lidar com o outro. O

    Racismo, entendido como mecanismo de apagamento da diferena e das estranhezas do

    outro.

    No primeiro momento a tentativa era de tecer as formas polticas que a sociedade

    encontra para nomear as diferenas como a-normalidades, como algo que deve ser

    consertado ou reabilitado. Nesta perspectiva coloquei a surdez neste amontoado

    discursivo e conceitual que a contemporaneidade, ainda nomeia como deficincia, no

    sentido da falta de eficincia -, com valor menor, abaixo da linha normativa ou mesmo

    como ameaa igualdade que move entorno da busca por uma raa socialmente pura/

    melhor.

    No segundo momento o objetivo era de refletir na incluso de surdos, mais voltada

    ao ensino superior; as relaes de ensino articuladas com a presena do intrprete de lngua

    de sinais entendendo a atuao do ILS como a de um educador -; a relao triangular

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    entre professor-intrprete-surdo, e as diferentes armadilhas que apagam a diferena surda e

    transformam essa incluso - de forma perversa - em excluso, no contribuindo na

    formao de subjetividades surdas.

    Dessa forma convido a pensarmos juntos, novas formas de fazer a incluso,

    atravs de um lao fraterno, no qual o desejo surdo seja respeitado. E que nos coloquemos

    abertos a ver o que esto nos sinalizando. S questionando os moldes atuais da

    incluso que descobriremos porque ainda existem apagados, marginalizadose

    excludos do sistema social de ensino.

    preciso acender as luzes!

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    REFERNCIAS

    BEHARES, L.E. Enseanza-aprendizaje revisitados. Un anlisis de la fantasia didctica In: Didctica mnima. Los acontecimientos del saber. Montevideo: Psicolibros Waslala, 2004.

    _________, L.E. La Enseanza Em El Campo De La Sordera. Reflexes Desde la Teoria Del Acontecimiento Didctico. In: ETD (Educao Temtica Digital). Vol. 7. n 2, 228-243p., 2006.

    FOUCAULT, M. A ordem do discurso. So Paulo: Edies Loyola, 1996.

    __________, M. Microfsica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

    __________, M. Em Defesa da Sociedade. So Paulo: Martins Fontes, 2002.

    FREUD, S. (1974). O futuro de uma iluso. In: S. Freud Edio Standard brasileira das obras psicolgicas completas de Sigmund Freud, traduo J. Salomo, vol. 21, pp. 15-71). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1927)

    _________.Totem e Tabu. In: Freud, Sigmund, Edio Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. Volume XIII. Rio de Janeiro: Imago 1974.

    _________. Conferncia XVII Fixao em Traumas. In: Edio Standard Brasileira das Obras Psicolgicas Completas de Sigmund Freud. Volume XVI, Rio de Janeiro: Imago, 1976.

    _________. O Estranho. In: Edio Standard Brasileira das Obras Psicolgicas Completas de Sigmund Freud. Volume XVII. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

    GALLO, S. & SOUZA, R. M. Por que matamos o barbeiro? Reflexes preliminares sobre a paradoxal excluso do outro In: Revista Educao e Sociedade, Campinas, Sp,v.23, n. 79, 39-63p., ago.2002.

    KOLTAI, C. Poltica e Psicanlise. O estrangeiro. So Paulo: Escuta, 2000.

    SKLIAR, C. Alteridades y pedagogias. O... Y si el otro no estuviera ahi? In: Revista Educao e Sociedade, v.23, p.85-123, ago.2002.

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    VANESSA REGINA DE OLIVEIRA MARTINS Pedagoga Especialista em Educao Especial/Puccamp; cursando

    especializao em Psicopedagogia/Facinter-Unibem; mestranda em psicologia educacional pela faculdade de educao da Unicamp sob orientao da Profa. Dra. Regina Maria de Souza. Membro do GES

    (Grupo de Estudos Surdos) da Unicamp. Intrprete de lngua de sinais da UNIP no Curso de Arquitetura e Urbanismo.

    E-mail: [email protected] Telefone: 19-32870266

    Artigo recebido em: 25/09/2006

    Artigo para publicao em: 27/12/2006