151001 - Estado de Minas (a Cidade e o Pedestre)

1

Click here to load reader

description

De que forma a arquitetura pode influenciar no espaço urbano como um todo? Ao caderno “Opinião” do jornal Estado de Minas, o Arquiteto Bernardo Farkasvölgyi expressa que a arquitetura atual precisa ser mais generosa com as cidades e para que isso ocorra é necessário “Repensar o espaço urbano do ponto de vista do pedestre”. Veja a matéria completa abaixo

Transcript of 151001 - Estado de Minas (a Cidade e o Pedestre)

Page 1: 151001 - Estado de Minas (a Cidade e o Pedestre)

A cidade e o pedestre

BERNARDO fllllUSVIIU.YI

011eto1 do ~or<osvo!gy1 fHquMturo

Entre os 1nurneros desafios que faze1n pane do dia a dia do fazer ar· quitetõnico, urn - em especial- tem nos instigado com grande prazer: re· pensar a cidade do ponto de vista do pedestre. O viver intenso dos dias at· uais, não é novidade.interfere direta· mente na relação cidadãos/ cidade. Se. em urn passado não muao d1s· tante. cam1nhavamos pelas ruas usu· fruindo do deleite da observação, ho· je sim ples1nente passamos por elas. sem perceber ou ser percebidos E1n um movimento auto1nát ico do direi· to de 1r e vir. Tem-se perd ido o que é próprio do conceito de cidade Por que não um resgate?

Pode parecer utópico se pensar· mos simplesmente pelo paradigma do passado. Não há con10 voltar. So· ma-se a isso a lei de n1ercado: há pou· cos terrenos nas grandes cidades e o valor de cada um deles é alto. muito alto. Para que o empreend11nento se

www.em .com.br

torne viâvêl. é necessário trabalhar o máximo da ocupação permitida pela lei. Não há brecha Emão. como pen· sar a venicalização pelo viés do pe· destre?Sin1. é possível.Cabe aoarqui· teto o desafio de hurnanizar. A mten· ção q uc temos colocado em prática em cada projeto corporat ivo desen· volvido por aqui é buscar enxergar o objeto idealizado não de forrna isola·

Repensar o espaço urbano do ponto de vista do pedestre

da. simplesmente como uma bela es­cu ltura gigante t preciso ir a lérn que a escultura esteja bem Inserida no contexto. que d ialo­gue com a cidade e que. principaln1en· te. se1a pensada e repensada do pon· to de vista do obser· vador que transita pelas ruas. Isso é trabalhar a arquice·

1ura pela escala humana e transpor o desafio de se pensar uma cidade pela ótica do pedestre. Bons exemplos são empreendimentos não murados. abertos em todas as laterais que os cirn1 nda1n. com recuos generosos e praças que permitam o deslocamen· to do público. Nessas praças. que po· den1. por exemplo. unir duas ou mais torres. ê pertinente haver áreas permeáveis (não cobenas por cin1en·

to); grandes jardins en1 terrenos na· turais. com árvores plantadas no pró­prio solo. criando sombras con1~da· tivas. Todas essas alternativas são viáveis pelos cunhas estético e mer· cadológico. Assim. além de estimular a oportunidade de convivência. evi· ta-se o excesso dos cultivas de plan· tas apenas em cima de lajes. Ponto para o bem-viver. ponto para os ci· dos da natureza. Para colocar em pr.í· tica esses espaços de boas-vindas aos transeuntes. é necessário adentrar no espaço privado - claro que de forma planejada e segura - em prol do cole· tiva. Por meio de e1npreendimentos assim elaborados ou de arenas. que parecen1 parques. vamos voltara in· tcragir com nossa cidade e convidar diariamente as pessoas para que vol· tem a enxergar nossas praças. nossos jardins. nosso entorno.

Belo Honzome. como cidade·pr· dimecom um quê de provinciana tão fan1iliara 1odos nós. é um prato cheio para essa iniciati va. Uma inspiração para te mar trazer de volla a hannonia entre a cidade viva e o cidadão. o que há de mais positivo no habitar urbano.

A proposta da nova lei de uso do solo. que temos acompanhado de peito. tem wn enfoque bastante inte· ressante no que diz respeito a esse te· 1na. Um reforço e incentivo ao nosso convite. que tem olhar no futuro ao mesmo tempo em que se inspira no passado. Que assun seja no presente.