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JV – Onde você entrou? Angélica – Fui aprovada para Medicina USP Ri- beirão Preto, que era a que eu mais queria. Por que preferiu prestar Fuvest para a USP Ribeirão Preto e não para a Pinheiros? Vários motivos. Eu não queria morar em São Pau- lo e Ribeirão Preto é uma cidade muito boa, tenho amigos que moram lá. Apesar de São Paulo ter o HC [Hospital das Clínicas], que é sem compara- ção, acho que a faculdade de Ribeirão é mais mo- derna e mais desenvolvida para pesquisa. Onde você fez o Ensino Médio? No Cotuca [Colégio Técnico de Campinas]. E a partir do 2º ano fiz também o técnico em Enfer- magem. Quando comecei a ir para o hospital, vi que tinha vocação para a área da saúde. A partir daí passei a focar em Medicina. Como você veio estudar aqui? Muitos amigos do Cotuca tinham feito o cur- sinho Etapa em 2010. Naquele ano fui fazer em outro lugar, mas não passei para nenhuma 2ª fase. Meus amigos falaram para ir para o Eta- pa [em Valinhos]. Vim e deu certo. No começo do ano passado você estava animada? No Cotuca não tive muitas matérias e cheguei crua no cursinho. Mas estava confiante que, se estudasse direitinho, eu ia passar. ENTREVISTA Angélica Limoli Silva 1 SERVIÇO DE VESTIBULAR Inscrições 8 CONTO De cima para baixo – Artur Azevedo 3 1441 JORNAL ETAPA – 2012 • DE 20/09 A 03/10 Jornal do Vestibulando ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA Como era sua rotina diária? Eu levantava cedo, às 5 horas, 5 e 15 da manhã. Vinha de Campinas para Valinhos de van. De- pois das aulas, chegava em casa mais ou menos à uma e meia, dava uma descansada e geral- mente às duas e meia começava a estudar. Fi- cava estudando até a noite. Eram quantas horas de estudo por dia? Umas sete. Das duas e meia até as 10 horas. Ti- rando 1 hora, 1 hora e meia, que eu parava para tomar banho, comer. No fim de semana você mantinha o ritmo de 6, 7, horas de estudo? Não. No sábado eu acordava meio cedo e es- tudava até a hora do almoço e, se tinha muita coisa, mais um pouco no fim da tarde. No do- mingo não estudava. Descansava para começar bem a semana. Você estudava a matéria do dia? Estudava. Tentava seguir certinho o roteiro para não me perder. Às vezes tentava fazer uma redação, ler um pouco os livros. Exatas era o que eu preferia estudar, por ser mais fácil com os exercícios que já estavam ali. Em Humanas precisava ler com muita aten- ção porque tinha dificuldade em me con- centrar. Em Biologia nunca tive problemas. Gostava de estudar Biologia e Química. Es- tudava rápido. Em qual matéria você tinha mais dificul- dade? Matemática. Eu tinha muita dificuldade em Exatas e chegou uma hora que falei: “Nunca vou conseguir fazer uma prova de Matemática da Fuvest 2ª fase”. Dava aquele desespero. Além de Matemática, quais matérias exi- giram mais sua dedicação? Em História eu tinha uma base muito ruim. Aprendi tudo no cursinho, praticamente. Em quais matérias você tinha mais faci- lidade? Em Biologia, Química e Português eu ia bem, gostava. Ia bem também em Geografia, mas não era a em que eu ia melhor. Na Fuvest, você foi bem em Redação? Tirei metade da nota. Uma nota até boa para Redação da Fuvest. O nível de correção deles é muito alto. Em que faixas você ficava nos simulados? Às vezes ficava no C mais, às vezes no B. Era difícil eu tirar A. Em Biologia e Português, acho que foram as únicas vezes. ENTREVISTA No ano anterior ela tinha feito 58 pontos. Este ano conseguiu Medicina – USP. Angélica Limoli Silva Em 2011 – Etapa Em 2012 – Medicina – USP Ribeirão Preto Angélica Limoli Silva fez o Extensivo em Valinhos no ano passado. Preferindo estudar Medicina na USP de Ribeirão Preto, ela fez essa opção na Fuvest e foi aprovada. Aqui ela conta como se preparou e superou as dificuldades no vestibular. Fala também sobre as características da faculdade e sobre as matérias que está estudando. ENTRE PARÊNTESIS Árvores 5 POIS É, POESIA Variações da “Canção do exílio” 7 PARA TREINAR SEU INGLÊS Mack 8 SOBRE AS PALAVRAS Beleza conceitual 5 O Etapa resolve Veja no encarte a resolução da segunda parte da prova da FUVEST 2011 – 1ª Fase ARTIGO Coleta seletiva e reciclagem do lixo 4 Músicos da USP realizam concertos com musicistas do exterior via inter- net em tempo real 6

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Page 1: 1441 Jornal do Vestibulando ENSINO, INFORMAÇÃO E … file2 ENTREVISTA Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso

JV – Onde você entrou?

Angélica – Fui aprovada para Medicina USP Ri-beirão Preto, que era a que eu mais queria.

Por que preferiu prestar Fuvest para a USP

Ribeirão Preto e não para a Pinheiros?

Vários motivos. Eu não queria morar em São Pau-lo e Ribeirão Preto é uma cidade muito boa, tenho amigos que moram lá. Apesar de São Paulo ter o HC [Hospital das Clínicas], que é sem compara-ção, acho que a faculdade de Ribeirão é mais mo-derna e mais desenvolvida para pesquisa.

Onde você fez o Ensino Médio?

No Cotuca [Colégio Técnico de Campinas]. E a partir do 2º ano fiz também o técnico em Enfer-magem. Quando comecei a ir para o hospital, vi que tinha vocação para a área da saúde. A partir daí passei a focar em Medicina.

Como você veio estudar aqui?

Muitos amigos do Cotuca tinham feito o cur-sinho Etapa em 2010. Naquele ano fui fazer em outro lugar, mas não passei para nenhuma 2ª fase. Meus amigos falaram para ir para o Eta-pa [em Valinhos]. Vim e deu certo.

No começo do ano passado você estava

animada?

No Cotuca não tive muitas matérias e cheguei crua no cursinho. Mas estava confiante que, se estudasse direitinho, eu ia passar.

ENTREVISTA

Angélica Limoli Silva 1SERVIÇO DE VESTIBULAR

Inscrições 8CONTO

De cima para baixo – Artur Azevedo 3

1441

JORNAL ETAPA – 2012 • DE 20/09 A 03/10

Jornal do VestibulandoENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

Como era sua rotina diária?

Eu levantava cedo, às 5 horas, 5 e 15 da manhã. Vinha de Campinas para Valinhos de van. De-pois das aulas, chegava em casa mais ou menos à uma e meia, dava uma descansada e geral-mente às duas e meia começava a estudar. Fi-cava estudando até a noite.

Eram quantas horas de estudo por dia?

Umas sete. Das duas e meia até as 10 horas. Ti-rando 1 hora, 1 hora e meia, que eu parava para tomar banho, comer.

No fim de semana você mantinha o ritmo

de 6, 7, horas de estudo?

Não. No sábado eu acordava meio cedo e es-tudava até a hora do almoço e, se tinha muita coisa, mais um pouco no fim da tarde. No do-mingo não estudava. Descansava para começar bem a semana.

Você estudava a matéria do dia?

Estudava. Tentava seguir certinho o roteiro para não me perder. Às vezes tentava fazer uma redação, ler um pouco os livros. Exatas era o que eu preferia estudar, por ser mais fácil com os exercícios que já estavam ali. Em Humanas precisava ler com muita aten-ção porque tinha dificuldade em me con-centrar. Em Biologia nunca tive problemas. Gostava de estudar Biologia e Química. Es-tudava rápido.

Em qual matéria você tinha mais dificul-

dade?

Matemática. Eu tinha muita dificuldade em Exatas e chegou uma hora que falei: “Nunca vou conseguir fazer uma prova de Matemática da Fuvest 2ª fase”. Dava aquele desespero.

Além de Matemática, quais matérias exi-

giram mais sua dedicação?

Em História eu tinha uma base muito ruim. Aprendi tudo no cursinho, praticamente.

Em quais matérias você tinha mais faci-

lidade?

Em Biologia, Química e Português eu ia bem, gostava. Ia bem também em Geografia, mas não era a em que eu ia melhor.

Na Fuvest, você foi bem em Redação?

Tirei metade da nota. Uma nota até boa para Redação da Fuvest. O nível de correção deles é muito alto.

Em que faixas você ficava nos simulados?

Às vezes ficava no C mais, às vezes no B. Era difícil eu tirar A. Em Biologia e Português, acho que foram as únicas vezes.

ENTREVISTA

No ano anterior ela tinha feito 58 pontos. Este

ano conseguiu Medicina – USP.

Angélica Limoli SilvaEm 2011 – EtapaEm 2012 – Medicina – USP Ribeirão Preto

Angélica Limoli Silva fez o Extensivo em Valinhos no ano

passado. Preferindo estudar Medicina na USP de Ribeirão

Preto, ela fez essa opção na Fuvest e foi aprovada. Aqui

ela conta como se preparou e superou as dificuldades

no vestibular. Fala também sobre as características da

faculdade e sobre as matérias que está estudando.

ENTRE PARÊNTESIS

Árvores 5

POIS É, POESIA

Variações da “Canção do exílio” 7

PARA TREINAR SEU INGLÊS

Mack 8SOBRE AS PALAVRAS

Beleza conceitual 5

O Etapa resolveVeja no encarte a resolução da segunda parte da prova da FUVEST 2011 – 1ª Fase

ARTIGO

Coleta seletiva e reciclagem do lixo 4

Músicos da USP realizam concertos com musicistas do exterior via inter-net em tempo real

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ENTREVISTA2

Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343Jornal do Vestibulando

Você achava que esses resultados esta-

vam bons para Medicina?

Eu tinha a impressão de que no vestibular iria melhor, estaria mais concentrada, preparada para a prova. Foi o que aconteceu. No vestibu-lar fui melhor que nos simulados.

Você leu as obras indicadas por Fuvest e

Unicamp como obrigatórias?

Não tinha lido Iracema, mas fui a todas as palestras sobre as obras. Anotei tudo e isso ajudou bastante. Com as palestras e com as aulas normais eu consegui responder inclusive as perguntas sobre Iracema.

O que fez nas férias de julho?

Eu estudei um pouco e tentei colocar em dia algumas matérias que estavam atrasadas. Não deu para pôr tudo em dia.

Qual foi sua pontuação na 1ª fase da Fu-

vest?

Em 2011 eu tinha feito 58 pontos. Em 2012, com o bônus, consegui os 73 – a nota de corte de Medicina.

Você passou na nota de corte. Como ava-

liou suas possibilidades na 2ª fase?

Fiquei meio preocupada e ao mesmo tem-po aliviada, porque sempre tive dificuldade com teste. Preferia questões dissertativas. Tinha certeza de que iria muito melhor na 2ª fase.

Da 1ª para a 2ª fase você mudou seu mé-

todo de estudo?

Dei prioridade a Biologia e Química. Estudei muito também Geografia. Li os resumos intei-ros. Isso me ajudou muito.

Na 2ª fase, quais foram suas notas?

Não me destaquei tanto, mas fui bem. No ge-ral, fiz uns 700 e poucos pontos na Fuvest.

Sua classificação no seu curso?

Fiquei em 73º lugar, de 100.

Como soube de sua aprovação na Fuvest?

Eu estava sozinha em casa, nem quis sair na-quele dia. O site estava demorado, comecei a ver no Facebook um monte de gente fa-lando que tinha passado na Fuvest. Na hora em que vi meu nome foi só alegria. Saí cor-rendo, abracei minha irmã, liguei chorando para minha mãe, ela até achou que eu não tivesse passado. Meu pai achava que a lista ia sair no dia seguinte, liguei para ele, tomou um susto. Liguei para todo mundo, umas 20 pessoas.

Quando viu seu nome, o que sentiu?

Não sei, comecei a gritar, chorar. Não sei o que senti. Uma sensação de que valeu a pena todo o sacrifício.

Você já conhecia o campus da USP em

Ribeirão Preto?

Não conhecia nem a cidade. Mas tinha uma gran-de amiga de muito tempo, que está no 6º ano de Medicina, e ela me contava como é a faculdade. Já tinha familiaridade, apesar de não conhecer.

O primeiro contato direto foi na matrí-

cula?

Foi.

Como foi esse momento?

Foi muito gostoso. Todo mundo procurava me deixar bem à vontade. Faziam questão de que eu me sentisse muito bem-vinda.

Como está sendo morar sozinha em Ri-

beirão Preto?

Para mim foi tranquilo porque tinha essa amiga e ela me disse para ficar na casa dela o tem-po que precisasse. Fiquei um mês certinho e foi bom, ela me deu várias dicas sobre o curso.

Depois, onde você foi morar?

Conheci duas meninas na minha turma e fo-mos procurar apartamento juntas. Deu certo, até hoje está dando certo.

O que você está estudando neste segun-

do semestre?

Este semestre está bem melhor do que o primei-ro. Quando fui fazer matrícula me falaram para não ficar assustada com o primeiro semestre, para não pensar em desistir. “Você vai começar a ver um monte de matérias difíceis que não têm nada a ver com Medicina”. Neste semestre co-meçou a dar uma melhorada. Estou tendo aula com professores que são médicos mesmo. O se-gundo semestre está muito mais tranquilo que o primeiro. Você vai às aulas, estuda em casa, consegue aprender bem. Os professores são atenciosos, não está dando muito trabalho, não.

Mas que matérias você tem agora?

Agora começou Morfologia do Tórax, depois vem Morfologia do Abdome e da Pelve, depois Morfo-logia do Pescoço. Dentro de Morfologia do Tórax tem Anatomia, Histologia, Embriologia. Fora isso tem Primeiros Socorros, que vai acabar mais ou menos daqui a um mês, e vai começar Estatística.

Do que já conhece na faculdade, do que

está gostando mais?

Gosto de muita coisa. Gosto muito da cidade, adorei ter mudado para lá. O pessoal da faculda-de é muito legal. Eles tentam te integrar, tentam fazer você se sentir bem. O primeiro semestre assusta, mas eu sei que daqui a um ano, dois anos, vai ser bem aquilo que eu quero. Todo mundo fala isso. O campus é muito gostoso, su-perarborizado, tem um lago enorme. É lindo.

Além das aulas, há outras atividades aber-

tas para os alunos?

Várias. Você pode pegar Iniciação Científica já, mas eu preferi deixar para o 3º ano, em que a carga horária é mais tranquila. Tem

um pessoal que vai para a Atlética, tem um pessoal que vai para o Centro Acadêmico, que cuida mais da parte cultural, atividades extracurriculares, política. Eu não estou fa-zendo parte de muita coisa, não, porque não deu tempo. Eu estava fazendo parte da ba-teria, estava fazendo atletismo, mas parei.

Hoje, qual é sua maior motivação para

continuar em Medicina?

Como já fiz estágio em hospital, eu tenho uma noção maior do que a maioria que chega sem ter passado por isso. Eu sei como é, sei que gos-to. Não tenho aquela dúvida: “Será que é isso que eu quero para minha vida?”. Eu tenho bas-tante certeza. É por isso que quero continuar.

O que você diria a quem quer Medicina,

mas está com desempenho médio ou

menor nos simulados?

Sempre tentar melhorar e ver onde está errando. Se é uma questão de não saber a matéria, correr atrás. Como você faz a prova é muito importante, por qual matéria você começa. Eu sempre começava pelas maté-rias em que ia melhor, fazia rápido. Caso fal-tasse tempo, o que era muito provável para mim, não deixaria para chutar uma coisa que eu sei direito, deixava para chutar coi-sas em que era mais provável que eu errasse. Isso me ajudou muito na 1ª fase da Fuvest. Não deu tempo de terminar a prova, tive de chutar umas oito questões. Errei as oito. O ideal é treinar o tempo, treinar ler e enten-der de primeira. Não deu, deixa para trás. Depois você volta.

Hoje você está diferente, de alguma forma,

de quando começou no cursinho?

Com certeza. Primeiro, na faculdade você muda totalmente seu ritmo. Acabou aquele sistema de ver a matéria e estudar em cima. Você vai estudar na véspera da prova, quan-do dá tempo. Você vira a noite, não dorme. O que é ruim. Eu preferia estudar todo dia um pouquinho, que é muito mais tranquilo. Mas não dá.

O que você tira de lição da experiência

que teve aqui?

É ter muita força para continuar, muita dedicação também. Eu me dediquei como nunca tinha me dedicado antes. Você tem de encarar uma coisa difícil e precisa ter força para isso.

Você quer dizer mais alguma coisa para

nossos alunos?

É bem isso mesmo. Não desistir, porque se não der num ano não tem problema, vai dar no outro. Em Medicina você vai ficar seis anos estudando na graduação, depois mais uns quatro, cinco, na Residência, e um ano a mais, um ano a menos não é nada. Pensar nisso e ficar tranquilo: se não der agora, vai dar de-pois, se você fizer tudo certinho. A chance de passar é grande, você está num dos melhores cursinhos do Brasil.