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Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 7 O Democrata nasceu para representar Governador Valadares dia 13 de fevereiro é o dia mais importante para os democratenses. A data representa o início de uma trajetória vitoriosa, que já dura 87 anos. O Democrata foi o terceiro time do distrito de Figueira, que deu origem a Governador Valadares. A história do futebol em Figueira merece ser recontada. Os primeiros times de futebol do lugarejo jogavam de branco e vermelho. São essas as referências históricas: um time branco e outro vermelho. Depois surgiu o rubro-negro, o Flamengo Football Club. De uma dissidência do Flamengo, nasceu o Ibituruna Football Club, em 1931. Esse clube teve vida curta. Em 1932, o Ibituruna foi jogar no distrito de Cachoeirinha (hoje Tumiritinga) e foi goleado por 5 x 0 pelo Palestra Itália. Na volta, de trem, o time se desfez. Isso aconteceu no dia 9 de fevereiro de 1932. Dias depois, em 13 de fevereiro do mesmo ano, os dissidentes do Ibituruna fundaram o Sport Club Democrata. A grafia era essa, híbrida, inglês-português. O A história da fundação do Democrata é curiosa. Um descampado existente ali onde hoje está a Estação Rodoviária, em 1932, era um campo de futebol de terra e grama, onde o maquinista Agenor Virgílio de Oliveira treinava um time de garotos. Cornélio Mendes, torcedor do Ibituruna, que estava bem chateado com a goleada sofrida em Cachoeirinha, procurou Agenor e sugeriu que fosse criado um novo clube em Figueira. Proposta feita, proposta acei- ta. Nasceu o Democrata. A partir daí, os domingos de futebol ficaram ainda mais quentes. O Democrata levava grande público aos campos de Figueira. Dona Inhazinha Rocha, a mais fiel e aguerrida torcedora, estava lá, em todos os jogos. Ela e sua sombrinha. Falou mal do Democrata, a sombrinha cantava no lombo de quem “cornetasse”. O Democrata, desde os seus primeiros anos, teve a vocação de defender e repre- sentar Figueira. Em 1935, grande parte dos atletas e diretores do Democrata inte- grava o Partido Emancipador de Figueira. A luta de todos era pela emancipação do distrito, que pertencia a Peçanha. Em 31 de dezembro de 1937, a primeira vitória do Democrata: a tão sonhada emancipação havia chegado. Figueira virou cidade. O primeiro time do Democrata, cuja foto está no Museu da Cidade, é um retrato da sociedade de Figueira. Era formado por intelectuais, funcionários públicos, pro- fessor, comerciantes e autônomos. Escala- ção do time da foto: Antônio Alcântara (diretor), Adhemar, Didinho, Dona Aidê Bumachar, Raymundo Simões, Cid Pitan- ga, Ulisses Amado, Milton Amado (dire- tor). Laudelino, Hércules, César Simões, Melanton, Chaim Salomão e Pedro Pinto. O mascotinho é Wilson Soares. Foto de 1932.

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Page 1: 13 de fevereiro de 2019 O Democrata nasceu para representar … · 2019. 2. 13. · pop-rock, o regravou. Na pri-meira amostra da gravação, percebe-se a maneira enérgi-ca do rock

Governador Valadares, quarta-feira,13 de fevereiro de 2019

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O Democrata nasceu pararepresentar Governador Valadares

dia 13 de fevereiro é o diamais importante para osdemocratenses. A datarepresenta o início de umatrajetória vitoriosa, que jádura 87 anos. O Democratafoi o terceiro time do distritode Figueira, que deu origema Governador Valadares. Ahistória do futebol emFigueira merece serrecontada. Os primeirostimes de futebol do lugarejojogavam de branco evermelho. São essas asreferências históricas: umtime branco e outrovermelho. Depois surgiu orubro-negro, o FlamengoFootball Club. De umadissidência do Flamengo,nasceu o Ibituruna FootballClub, em 1931. Esse clubeteve vida curta. Em 1932, oIbituruna foi jogar no distritode Cachoeirinha (hojeTumiritinga) e foi goleadopor 5 x 0 pelo Palestra Itália.Na volta, de trem, o time sedesfez. Isso aconteceu no dia9 de fevereiro de 1932. Diasdepois, em 13 de fevereiro domesmo ano, os dissidentesdo Ibituruna fundaram oSport Club Democrata. Agrafia era essa, híbrida,inglês-português.

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A história da fundação do Democrata écuriosa. Um descampado existente alionde hoje está a Estação Rodoviária, em1932, era um campo de futebol de terra egrama, onde o maquinista Agenor Virgíliode Oliveira treinava um time de garotos.Cornélio Mendes, torcedor do Ibituruna,que estava bem chateado com a goleadasofrida em Cachoeirinha, procurou Agenore sugeriu que fosse criado um novo clubeem Figueira. Proposta feita, proposta acei-ta. Nasceu o Democrata.

A partir daí, os domingos de futebolficaram ainda mais quentes. O Democrata

levava grande público aos campos deFigueira. Dona Inhazinha Rocha, a maisfiel e aguerrida torcedora, estava lá, emtodos os jogos. Ela e sua sombrinha. Faloumal do Democrata, a sombrinha cantavano lombo de quem “cornetasse”.

O Democrata, desde os seus primeirosanos, teve a vocação de defender e repre-sentar Figueira. Em 1935, grande partedos atletas e diretores do Democrata inte-grava o Partido Emancipador de Figueira.A luta de todos era pela emancipação dodistrito, que pertencia a Peçanha. Em 31de dezembro de 1937, a primeira vitória

do Democrata: a tão sonhada emancipaçãohavia chegado. Figueira virou cidade.

O primeiro time do Democrata, cujafoto está no Museu da Cidade, é um retratoda sociedade de Figueira. Era formado porintelectuais, funcionários públicos, pro-fessor, comerciantes e autônomos. Escala-ção do time da foto: Antônio Alcântara(diretor), Adhemar, Didinho, Dona AidêBumachar, Raymundo Simões, Cid Pitan-ga, Ulisses Amado, Milton Amado (dire-tor). Laudelino, Hércules, César Simões,Melanton, Chaim Salomão e Pedro Pinto. Omascotinho é Wilson Soares. Foto de 1932.

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DIÁRIO DO RIO DOCEGovernador Valadares, quarta-feira,

13 de fevereiro de 2019

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Esporte Clube DemocrataÉs uma equipe de grande tradiçãoPantera de sangue alvinegroA sua força faz tremer qualquer leão

Democrata, sinônimo de lutaForça, coragem e esplendorPantera, teu lema é a vitóriaSeus dias são de glória, de raça e amor

És o orgulho do Vale do Rio Doce

A tua camisa é a imagem do poderO teu passado reflete no presenteO futuro que haveremos de vencerSe acaso a derrota acontecer

Não vai ser nada, iremos prosseguirO que importa é a nossa união

Porque unidos a vitória há de virEsporte Clube DemocrataO teu nome exprime liberdadeÉs a esperança de tantos coraçõesAlvinegros que te amam de verdadeDemocrata é o grito de um povoUma união cujo lema é vencerVamos, Pantera, nada temos a temerNós somos brasileiros, Democrata até morrer

O escudo do Democrata tem três estrelas e osignificado de cada uma delas é desconhecido pormuitos. A primeira estrela representa o primeirotítulo do Democrata como time de futebolprofissional: Campeão da Taça Minas Gerais. Aconquista aconteceu em 28/11/1981, noMamudão, quando a Pantera venceu o Uberlândiapor 2 x 1. O técnico era Yustrich. No jogo quedecidiu o título da Taça Minas Gerais, o Democratacomeçou perdendo, mas, no “vira-vira”, ocentroavante cabeludo Antônio Carlos marcou doisgolaços e entrou para a história. O time campeãojogou com Serginho, Fausto, Fred, Darci Menezes eFerreira. Naves (Nino), Dirceu (Jairo), AntônioCarlos. Batistote, Ziquita e Faísca.

A outra estrela sobre o escudo representa otítulo de Campeão Mineiro de Juniores,conquistado em 2005. A Panterinha jogou 20 jogos,conquistou 12 vitórias, empatou 4 jogos e perdeu4. O time se manteve invicto nos jogos realizadosno Estádio José Mammoud Abbas e conquistoupontos importantes jogando fora de casa.

Em 2005, o Democrata se sagrou CampeãoMineiro do Módulo II. Esta conquista corresponde àterceira estrela. Nesse título, o Democrata venceu oRio Branco de Andradas por 2 x 1, no Estádio JoséMammoud Abbas. O jogo valeu uma vaga para adisputa do Campeonato Mineiro da primeira divisãoem 2006. O Democrata jogou com Cláudio Santos,Edson, Geovani, Fabrício Soares, Araújo, Wendel,Geraldo (Julio César), André, Alvinho (FabrícioLima), Biro Gomes e Edmundo. Técnico: José MariaPena. Gols: Giovani, aos 36 minutos, e Edmundo,aos 10 minutos da etapa final. Rincão, aos 45,descontou para o Rio Branco.

O hino que emociona a torcida

Ohino do Esporte ClubeDemocrata é umacomposição de Hou-semberg Pettersen, o

Rosinha, músico e composi-tor de Governador Valadares.Foi composto em 1981, gra-vado em um compacto sim-ples (vinil), que tem de umlado o Hino do Democrata edo outro uma marchinha quehomenageia Governador Vala-dares.

O hino foi regravado em2007, pela banda de pop-rockInstinto Coletivo, com umainterpretação diferente daprimeira e típica do rock androll. Agora, em 2019, o can-tor Christyan Lima, cuja linhamusical também é voltada aopop-rock, o regravou. Na pri-meira amostra da gravação,percebe-se a maneira enérgi-ca do rock and roll na inter-pretação. E duas novidades:o grito de guerra da TorcidaOrganizada Pantera Cor-de-Raça e a chamada feita porDarci Menezes, logo na intro-dução.

Christyan Lima disse quese emocionou ao gravar o hinodo Democrata. “Primeiro por-que a letra do Rosinha é umprimor, letra e melodia. É umapoesia forte, que fala de raçae união. Segundo porque euera criança quando meu paime levou ao Mamudão, e quan-do eu senti a arquibancadatremendo e o povão pulando,cantando e gritando, não deuoutra: decidi que o Democra-ta seria o meu time”, disse. Anova gravação estará dispo-nível para os torcedores, embreve, nas redes sociais doclube.

Letra e música / Housemberg Pettersen

As tr

ês e

stre

las n

o es

cudo

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DIÁRIO DO RIO DOCEGovernador Valadares, quarta-feira,

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Esporte Clube DemocrataÉs uma equipe de grande tradiçãoPantera de sangue alvinegroA sua força faz tremer qualquer leão

Democrata, sinônimo de lutaForça, coragem e esplendorPantera, teu lema é a vitóriaSeus dias são de glória, de raça e amor

És o orgulho do Vale do Rio Doce

A tua camisa é a imagem do poderO teu passado reflete no presenteO futuro que haveremos de vencerSe acaso a derrota acontecer

Não vai ser nada, iremos prosseguirO que importa é a nossa união

Porque unidos a vitória há de virEsporte Clube DemocrataO teu nome exprime liberdadeÉs a esperança de tantos coraçõesAlvinegros que te amam de verdadeDemocrata é o grito de um povoUma união cujo lema é vencerVamos, Pantera, nada temos a temerNós somos brasileiros, Democrata até morrer

O escudo do Democrata tem três estrelas e osignificado de cada uma delas é desconhecido pormuitos. A primeira estrela representa o primeirotítulo do Democrata como time de futebolprofissional: Campeão da Taça Minas Gerais. Aconquista aconteceu em 28/11/1981, noMamudão, quando a Pantera venceu o Uberlândiapor 2 x 1. O técnico era Yustrich. No jogo quedecidiu o título da Taça Minas Gerais, o Democratacomeçou perdendo, mas, no “vira-vira”, ocentroavante cabeludo Antônio Carlos marcou doisgolaços e entrou para a história. O time campeãojogou com Serginho, Fausto, Fred, Darci Menezes eFerreira. Naves (Nino), Dirceu (Jairo), AntônioCarlos. Batistote, Ziquita e Faísca.

A outra estrela sobre o escudo representa otítulo de Campeão Mineiro de Juniores,conquistado em 2005. A Panterinha jogou 20 jogos,conquistou 12 vitórias, empatou 4 jogos e perdeu4. O time se manteve invicto nos jogos realizadosno Estádio José Mammoud Abbas e conquistoupontos importantes jogando fora de casa.

Em 2005, o Democrata se sagrou CampeãoMineiro do Módulo II. Esta conquista corresponde àterceira estrela. Nesse título, o Democrata venceu oRio Branco de Andradas por 2 x 1, no Estádio JoséMammoud Abbas. O jogo valeu uma vaga para adisputa do Campeonato Mineiro da primeira divisãoem 2006. O Democrata jogou com Cláudio Santos,Edson, Geovani, Fabrício Soares, Araújo, Wendel,Geraldo (Julio César), André, Alvinho (FabrícioLima), Biro Gomes e Edmundo. Técnico: José MariaPena. Gols: Giovani, aos 36 minutos, e Edmundo,aos 10 minutos da etapa final. Rincão, aos 45,descontou para o Rio Branco.

O hino que emociona a torcida

Ohino do Esporte ClubeDemocrata é umacomposição de Hou-semberg Pettersen, o

Rosinha, músico e composi-tor de Governador Valadares.Foi composto em 1981, gra-vado em um compacto sim-ples (vinil), que tem de umlado o Hino do Democrata edo outro uma marchinha quehomenageia Governador Vala-dares.

O hino foi regravado em2007, pela banda de pop-rockInstinto Coletivo, com umainterpretação diferente daprimeira e típica do rock androll. Agora, em 2019, o can-tor Christyan Lima, cuja linhamusical também é voltada aopop-rock, o regravou. Na pri-meira amostra da gravação,percebe-se a maneira enérgi-ca do rock and roll na inter-pretação. E duas novidades:o grito de guerra da TorcidaOrganizada Pantera Cor-de-Raça e a chamada feita porDarci Menezes, logo na intro-dução.

Christyan Lima disse quese emocionou ao gravar o hinodo Democrata. “Primeiro por-que a letra do Rosinha é umprimor, letra e melodia. É umapoesia forte, que fala de raçae união. Segundo porque euera criança quando meu paime levou ao Mamudão, e quan-do eu senti a arquibancadatremendo e o povão pulando,cantando e gritando, não deuoutra: decidi que o Democra-ta seria o meu time”, disse. Anova gravação estará dispo-nível para os torcedores, embreve, nas redes sociais doclube.

Letra e música / Housemberg Pettersen

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DIÁRIO DO RIO DOCEGovernador Valadares, quarta-feira,

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O Estádio José Mammoud Abbas, o Mamudão, é o grande patri-mônio do Democrata. A história dos campos (estádios) começouem 1932. O primeiro campo de futebol do Democrata foi em umafaixa de terra próximo ao prédio da atual Estação Rodoviária, em1932. Na medida em que o distrito de Figueira crescia, os espaçosurbanos eram tomados por construções. E com a emancipação deFigueira e o surgimento de Governador Valadares, o velho campofoi ocupado. O Democrata teve de se mudar para um campo ondehoje está a Estação Ferroviária. Lá, o clube fez grandes jogos, comoo amistoso que parou a cidade, em 1942, contra o América Mineiro.

Mas a cidade crescia de forma espantosa, e a Estação Ferroviá-ria, que se localizava onde hoje é o Fórum, tinha de ter um lugarmelhor, ou seja, estar junto aos trilhos da Estrada de Ferro Vitóriaa Minas, que foram retirados da área central da cidade. Mais umavez o Democrata teve de ceder o seu campo em benefício do pro-gresso da cidade, desta vez para a Cia. Vale do Rio Doce, que usouo terreno para construir a atual Estação.

Em 19 de fevereiro de 1949, o prefeito Dilermando Rodrigues deMelo assinou este decreto: “Artigo 1º - Fica o prefeito municipalautorizado a fazer doação ao Esporte Clube Democrata, associaçãoesportiva desta cidade, para instalação de sua praça de esportes,um terreno constituído pelos quarteirões 59 e 147 da planta primiti-va da cidade, com área de 22 mil metros quadrados, parcialmentecircundado por muro e conhecido pela denominação CemitérioNovo, abrangendo 47 lotes e mais 4 que resultaram do fechamentoda rua 394”. Esse terreno é onde hoje está o Mamudão, que naquelaépoca era chamado informalmente de “Estádio dos Eucaliptos”.

As obras de construção do estádio foram iniciadas em 1962.Quem lembra de tudo como se fosse hoje é Dionízio Gonçalves daSilva, 82 anos, conhecido por todos no Mamudão como “Parceiri-nho”, porque ele trata a todos como “parceiros”. “Sabe, parceiro,nós começamos a construir isso aqui em 1962. Furamos dois palmose deu na areia, um areião vermelho. Aí furamos mais dez palmos e

fizemos umas sapatas grandes, com muito ferro e concreto”, lem-bra. Parceirinho conta que o trabalho era duro, tudo supervisionadopelo “Seo Zé Abbas”, que era o presidente do Democrata à época.

Feitas as fundações em 1962, no decorrer do ano de 1963foram construídas as estruturas de concreto armado para as arqui-bancadas e o setor de cadeiras da rua Osvaldo Cruz. Como aconte-ce em todas as obras em que o construtor não tem dinheiro paradar um andamento satisfatório ao ritmo de construção, a diretoriado Democrata enfrentou sérias dificuldades para concluir o lancede arquibancadas. Inaugurado, o estádio recebeu o nome de Joséde Magalhães Pinto, na época governador de Minas. Somente nadécada de 1980 passou a se chamar José Mammoud Abbas, emhomenagem ao presidente que o construiu.

ILUMINAÇÃO

As obras de iluminação do Estádio Magalhães Pinto (Mamu-dão) foram inauguradas no dia 16/11/1976 com dois jogos.Na preliminar, o Tabajara, de Galileia venceu o Democrata por1 x 0. No jogo principal, debaixo de muita chuva, Cruzeiro deBelo Horizonte e América do Rio empataram em 0 x 0.

A iluminação do estádio resolveu um problema antigo doDemocrata, que não podia mandar os jogos no seu campo caso aFMF os marcasse para o horário noturno. Em 1969, quando parti-cipou da divisão extra do Campeonato Mineiro de Profissionais, oDemocrata teve de fazer os jogos noturnos no Estádio ArmandoVieira, do C.A. Pastoril.

Mamudão é o grande patrimônio do Democrata

A foto tirada em 1932 mostra a área onde foi o primeiro campo do Democrata, próximo de onde é a atual Estação Rodoviária

FOTO

: Divulgação

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DIÁRIO DO RIO DOCEGovernador Valadares, quarta-feira,

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por HADSON SANTIAGO

Fundado em 13/02/1932, nas primeiras trêsdécadas de sua história o Esporte Clube Democrataconquistou o respeito e a admiração de todo o Valedo Rio Doce. Grandes craques, vitórias, títulos ediversas rivalidades saudáveis foram forjados aolongo desse período. Destaque, ainda, para omaior clássico da cidade de Governador Valadares:Esporte Clube Democrata x Clube Atlético Pastoril.Durante as décadas de 1950 e 1960, os torcedoresda terra de José de Serra Lima ficaram divididosentre o alvinegro da Pantera e o verde do Leão daBaixada. O futebol fervilhava por estas bandas.

O torcedor democratense precisava, queria emerecia algo mais grandioso. Num projeto auda-cioso comandado por José Mammoud Abbas, pre-sidente do clube, e que movimentou vários seg-mentos da cidade, no final de 1963 foi erguida acasa do Democrata, o Estádio Magalhães Pinto,cancha localizada na rua Oswaldo Cruz. Possuíadois setores de arquibancadas de cimento e, entreeles, um setor de cadeiras numeradas. Com umestádio à altura, o próximo passo seria a profissio-nalização do time de futebol.

Em 1964, o Democrata já estava totalmenteregularizado na Federação Mineira de Futebol(FMF) e pronto para disputar sua primeira compe-tição oficial profissional. Havia dificuldades finan-ceiras para manter a equipe, mas com fé e confian-ça a Pantera partiu para jogar a Segunda Divisãodo Campeonato Mineiro. Em 1964, a competiçãocontava com 28 equipes, divididas em três chaves.O Democrata ficou no grupo da Zona Metalúrgica eteve como adversários o Clube Ferro Brasileiro(Caeté), o Independente Esporte Clube (Vespasia-no), o Metalusina Sport Club (Barão de Cocais), oSanta Cruz Futebol Clube (Santa Luzia), o Sete deSetembro Futebol Clube (Belo Horizonte), o Vale-riodoce Esporte Clube (Itabira) e o Vera Cruz Fute-bol Clube (Betim). O Democrata estreou goleandoa equipe do Metalusina por 5x1. A Pantera fez umaboa campanha, mas não suficiente para o acesso.O Valeriodoce foi o vencedor da Zona Metalúrgica.No triangular final, a equipe de Itabira superou oParaense, campeão da Zona Centro, e o Araguari,campeão da Zona Triângulo. Valeriodoce foi Cam-peão Mineiro da Segunda Divisão de 1964.

Foi um ganho de experiência e um grandeaprendizado para o Democrata. Subir para a Pri-meira Divisão e se manter nela não era fácil. Atéhoje é assim. Isso ficou comprovado nos campeo-natos seguintes, de 1965, 1966, 1967 e 1968.Mesmo com muito esforço da equipe e apoio datorcida, o acesso não estava sendo fácil. E nãoveio.

O Campeonato Mineiro da Segunda Divisão de1968 foi especial para a cidade de GovernadorValadares, pois duas equipes disputaram a compe-tição: Democrata e Pastoril. O Leão da Baixada,mesmo sem a força de outrora, também se profis-sionalizou e seguiu os passos do arquirrival. Ostimes valadarenses não conseguiram o acesso emcampo, mas fizeram dois jogos muito acirrados. APantera venceu ambos. O Vila do Carmo, de Barba-cena, foi o campeão. Ganhou, mas não levou oacesso. O esdrúxulo regulamento previa um rebolo(play-off) entre o campeão da Segundona e o últi-mo colocado da Primeira Divisão (Independentede Uberaba). Após três empates consecutivos, otime do Independente venceu o quarto jogo egarantiu a permanência na Primeirona.

Em 1969, o Pastoril desistiu de disputar aSegunda Divisão. Depois de algum tempo sem oapoio da empresa madeireira que bancava a equi-pe, o Leão da Baixada encerrava sua aventura deuma temporada no futebol profissional. A Pantera,

ao contrário, recebeu uma ótima notícia. A FMFconvidou Democrata, Vila do Carmo, Tupi e Sete deSetembro para disputarem a Primeira Divisão,organizando um campeonato com 16 equipes.

A boa equipe montada pelo Democrata paradebutar na Primeira Divisão, em 1969, é lembradapor muitos como uma das melhores da históriaalvinegra. E realmente o time era experiente emuito bem armado. Conseguiu bons resultados aolongo da competição, inclusive contra times dacapital, como, por exemplo, uma vitória sobre oAmérica e um empate contra o Atlético. Mas oamadorismo e a desorganização de alguns dirigen-tes, algo que perseguiu a Pantera por muitos anos,levou o clube a perder pontos preciosos no tribu-nal por escalação de jogadores com documentaçãoirregular. O árduo trabalho em campo era perdidono tapetão. Uma das formações do time de 1969era: Tonho (Jota), Mário Brito, Juci, Elci e Itamar;

Alemão (Luizinho) e Pinduca; Antoninho (Alexan-dre), Válter Cardoso, Marco Antônio e Crispim. Otécnico era Henrique Frade. Tonho, Antoninho eMarco Antônio vieram do Cruzeiro. A dupla dezaga - Juci e Elci - veio da Desportiva Ferroviária(ES). Um senhor time que poderia ter ido maislonge na competição.

Em 1970 e 1971, o Democrata disputou a fasepreliminar do Campeonato Mineiro, sem a presen-ça dos clubes de Belo Horizonte, e em ambas ascompetições não logrou êxito em passar para afase final.

Com dificuldades financeiras, o Democratadesativou seu departamento de futebol profissio-nal a partir de 1972. Vale ressaltar que, mesmodurante as disputas do Campeonato Mineiro daPrimeira e Segunda Divisões (1964 a 1971), a Pan-tera mantinha um time amador em atividade. Aequipe disputava amistosos e competições organi-zadas pela Liga de Futebol Amador de GovernadorValadares (LFAGV). O clube investia em jovensvalores da cidade e região, servindo de celeiropara o time profissional. A César o que é de César,e esse mérito de não se esquecer do time amadordeve ser creditado à diretoria do clube.

Longe do profissionalismo, o Democrata dispu-tava o Campeonato Amador da Cidade e o TorneioRegional da Integração, ambas as competiçõesorganizadas pela LFAGV. Em 1973, o Democrataconquistou o Torneio Regional da Integração,numa final memorável contra o Esporte Clube

Caratinga. No final do mesmo ano, a FMF organi-zou o Torneio Santos Dumont, disputa que conta-va com equipes profissionais e amadoras. O Demo-crata realizou uma boa campanha e chegou àssemifinais, sendo eliminado pelo Vigilante EsporteClube, de João Monlevade. O campeão do torneio,que se encerrou já em 1974, foi o tradicional Ube-raba Sport Club.

Em 1975 veio um convite da FMF para que oDemocrata reativasse seu departamento de futebolprofissional e participasse da segunda edição daTaça Minas Gerais, competição que também abririaportas para o Campeonato Mineiro da PrimeiraDivisão. O Democrata montou uma grande equipee teve como destaques individuais o goleiro Juve-nal e o goleador Ziquita. E o fantasma da desorga-nização voltou a assombrar. O Democrata venciacategoricamente seus adversários em campo e per-dia os pontos nos tribunais devido a irregularida-

des nas documentações dos atletas. Lamentável edecepcionante. Algo que não ficou bem esclareci-do até hoje. O time-base de 1975 atuava com Juve-nal, Helinho, Altair, Maninho e Tiziu; Luizinho,João Carlos (Wellington) e Vanderlei; Zeca (Eduar-do), Ziquita e Neguinha (Hudson). A região eraum celeiro de grandes jogadores que abastecia otime profissional da Pantera. Juvenal e Neguinhajogavam no Esporte Clube Carlos Chagas, o Borro-ló; Altair veio do Esporte Clube Caratinga; Helinhoe Tiziu eram crias do valadarense Esporte ClubeRio Doce, Campeão Citadino de 1973. Bons temposaqueles.

Após a Taça Mina Gerais, o Democrata disputouo Campeonato Mineiro, sem muito sucesso. Em1976, a Pantera voltou a disputar a Taça MinasGerais, competição que também valia como a pri-meira fase do Campeonato Mineiro. Com um desem-penho pouco satisfatório, a equipe não conseguiuclassificação para a segunda fase do CampeonatoMineiro (Taça Governador do Estado) e disputou oTorneio Paralelo como prêmio de consolação. Otime amador da Pantera fazia bonito, mais umavez, e conquistou o Torneio Regional da Integra-ção numa final acirrada contra o Nacional de Res-plendor (MG).

1977 foi o ano de voltar à dureza da SegundaDivisão. Sem sucesso. Em 1978 veio o primeiroacesso ao campo: Democrata Vice-Campeão daSegunda Divisão, num time em que brilhavamBuiana, Wildimark, Bigorna, Mateus, Tô, Naldinho

e Jairo, dentre outros. A competição terminou em11/03/1979 e, menos de um mês depois, em07/04/1979, iniciava-se a disputa do CampeonatoMineiro da Primeira Divisão. A Pantera perdeu Wil-dimark, vendido ao Cruzeiro, mas manteve a baseda equipe que disputou a Segundona. O goleiroBuiana, exímio pegador de pênaltis, permaneceutitular da equipe, mas a Pantera não conseguiurepetir a boa campanha da competição anterior.Terminou o campeonato em 14º lugar, à frentesomente de Ateneu e Araguari. Mas, se serve deconsolo, o Nacional de Uberaba, Campeão daSegunda Divisão, também não realizou uma boacampanha e amargou a 13ª posição.

De 1979 a 1987, o Democrata disputou conse-cutivamente o Campeonato Mineiro da PrimeiraDivisão, além de disputar esporadicamente outrascompetições oficiais. Em 1981, um título de expres-são: comandado pelo técnico Iustrich, e contandocom Darci Menezes, Paulinho Batistote e Jairo, oDemocrata sagrou-se Campeão da Taça MinasGerais, numa final inesquecível contra o Uberlân-dia. Em 1982 (venceu o Atlético no Mineirão) e em1984 (goleou o Cruzeiro por 3x0), o Democratamontou duas grandes equipes e fez belas campa-nhas. 1987 foi ano de tristeza: rebaixamento àSegundona.

Em 1988, a Pantera foi novamente vice-cam-peã da Segunda Divisão e retornou à elite do fute-bol mineiro. Já em 1989, no meio da disputa doCampeonato Mineiro, uma covardia sem preceden-tes, arquitetada por FMF, Pouso Alegre e América,retirou o Democrata da competição. O tapetãocalava a alegria do torcedor democratense.

Fora das competições profissionais desdeentão, e após inúmeras ações judiciais e apelos deautoridades ligadas ao futebol, o Democrata retor-nou ao Campeonato Mineiro em 1991, ocupando oseu lugar na elite do futebol mineiro e de onde foimaquiavelicamente retirado. E a volta foi triunfal.Comandado por José Maria Pena e tendo o atacan-te Gilmar Estevam como goleador máximo da com-petição, com 14 gols, o Democrata sagrou-se Vice-Campeão Mineiro de 1991, ficando atrás apenas doAtlético. E com direito a partidas magistrais, comoa goleada sobre o América (3x0) e a vitória sobre oCruzeiro, então supercampeão das Américas, por2x1. Um time humilde, montado às pressas e quedemonstrou garra e respeito à camisa. E aindacontou com o apoio maciço da sua fiel torcida.Glória máxima da Pantera!

O Democrata, com a conquista de 1991, tor-nou-se, após a inauguração do Mineirão, em 1965,o primeiro time do interior a ficar entre os doismelhores do Campeonato Mineiro, honra essa, atéentão, sentida apenas pelos times da capital. E, aodisputar a Copa do Brasil de 1992, entrou para ahistória como o terceiro time de Minas Gerais e oprimeiro do interior a disputar tão importantecompetição nacional. Naquela época só havia duasvagas para o Estado, e as mesmas foram preenchi-das somente por Cruzeiro e Atlético desde o inícioda disputa da Copa do Brasil, em 1989.

Muitos outros títulos e alegrias vieram após1991. Tristezas e decepções também. Há muitahistória para ser contada ainda. O futebol é assim.A vida é assim. A bola gira, e com ela ganhamos eperdemos. O que não se pode questionar é o res-peito conquistado pelo Democrata ao longo dosanos. Uma tradição que orgulhou e orgulha figuei-renses e valadarenses de várias gerações.

Parabéns ao Esporte Clube Democrata, glóriamaior do desporto de Governador Valadares!

(*) Hadson Santiago Farias é democratense desde o dia em que nas-ceu e contador de causos.

Histórias que a bola não contaHISTÓRIA PROFISSIONAL DO ESPORTE CLUBE DEMOCRATA: DE 1964 A 1991

Democrata na Taça Minas Gerais de 1975. Juvenal, Osmar, Altair, Luizinho, Helinho e Tiziu;João Carlos, Vanderlei, Wellington, Ziquita, Neguinha e Haroldo (massagista)

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DIÁRIO DO RIO DOCEGovernador Valadares, quarta-feira,

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por TIM FILHO

Era o dia 1º de dezembro de 2003. Por voltade 8h30, vários torcedores estavam no pátio doPosto Recreio (hoje, um grande supermercado),na avenida JK, no bairro Santa Rita. Chegaramcedo e hastearam bandeiras alvinegras nas entra-das do posto, junto às árvores. Três carros de somestavam estacionados, com outros carros e moto-cicletas. O carro de reportagem da TV Leste tam-bém estava no local, com o cinegrafista AugustoLima e o repórter Aguiar Júnior. Todos espera-vam a delegação do Esporte Clube Democrata,que no domingo, 30/11/2003, havia se sagradoCampeão Mineiro de Juniores, em Patos de Minas.A Panterinha, mesmo perdendo por 2 x 1 para aURT, conquistou o título, por ter a melhor cam-panha entre todos os times que participaram dacompetição. O Cruzeiro, único time que poderiaalcançar o time de Valadares, havia perdido parao Atlético Mineiro por 2 x 1, na Vila Olímpica, empartida realizada no domingo, no mesmo horárioem que jogaram Democrata e URT.

Os torcedores festejavam, sem esconder aansiedade. Aos poucos foram chegando o presi-dente do Democrata, Luiz Bento Macedo, o Mar-reco, e o diretor de futebol, Edvaldo Soares. Che-gou também o delegado regional de polícia,Astrogildo Valério, democratense doente. Edval-do foi ao seu encontro e disse: “Ganhamos essa”.

Os dois se abraçaram e comemoraram.Os mais ansiosos pela chegada do time pare-

ciam ser os jogadores reservas, que não viajaramcom a delegação. Andavam de um lado para ooutro. Mas o nervosismo também tomava contade todos os que esperavam pela chegada do ôni-bus roendo as unhas. “Que horas são? Vai demo-rar? Esse ônibus está onde?” Essas eram as per-guntas feitas a cada minuto.

De repente, um dos jogadores reservas, quesaiu de um grupinho e foi dar uma “espiada” nadireção da rodovia, acenou para os companhei-ros e gritou: “Chega aí, chega aí”. Era a senhaque anunciava a chegada do ônibus. Com umafaixa instalada na frente, sobre os faróis acesos,o ônibus vencia 12 longas horas da viagem entrePatos de Minas e Governador Valadares. A luzvazava o tecido da faixa e parecia acender oletreiro que dizia: “Esporte Clube Democrata.Campeão Mineiro de Juniores-2003”. Ao lado dafrase, o escudo do clube e o nome da cidade:Governador Valadares/MG.

O ônibus demorou uma eternidade para sairda BR e entrar no pátio do posto. Quem o dirigiaera José Pereira dos Santos, que desde 1991 foi omotorista que rodou grande parte do estadolevando o Democrata para os jogos. O ônibusparou. Um silêncio inexplicável tomou conta dolocal. Mas quando os jogadores desceram a festacomeçou, entre titulares e reservas. Todos se

abraçaram e detonaram uma algazarra. “É cam-peão! É campeão! É campeão!” Os gritos se mis-turaram às lágrimas. Os torcedores se aproxima-ram do ônibus. Rolou a festa.

A chegada do caminhão do Corpo de Bombei-ros e dos policiais militares em suas motocicletas“fez cair a ficha” de muitos jogadores. Inacredi-tável! O time da Panterinha ia desfilar pelas prin-cipais ruas de Governador Valadares em cima deum caminhão dos Bombeiros, com sirene ligada,com motocicletas da PM abrindo caminho, comtrio elétrico tocando o hino do clube, com fogose bandeiras. “A gente não esperava por isso. Agente achava que ia chegar com uma ‘moralzinha’em Valadares, mas não imaginava que a festafosse desse jeito”, disse o lateral esquerdo Enes.Os garotos da Panterinha estavam ensandecidos.Subiram no caminhão fazendo mais barulho quea sirene. Não paravam de gritar.

Os carros saíram do pátio do posto sob umfoguetório ensurdecedor, rumo à glória. Desce-ram a avenida JK, passaram pela Israel Pinheiroe fizeram o povo sair das lojas para aplaudir oscampeões. Depois desceram a Minas Gerais,passaram pelo Mergulhão, foram até a Praça daWaldinelly, contornaram e voltaram para o Cen-tro, seguindo para a rua Osvaldo Cruz, queestava lotada de torcedores. Foi uma loucura!Que dia louco foi esse! O dia de glória da Pante-rinha.

O dia de glória da Panterinha

A Panterinha, Campeã Mineira deJuniores, teve direito a desfile pelasruas da cidade no carro do Corpo deBombeiros. A festa tomou conta dosjogadores, diretoria e dos torcedores

valadarenses

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Em 1981, o Estádio José Mammoud Abbas aumentou a sua capacidade depúblico para aproximadamente 15 mil pessoas. As obras aconteceram antesdas normas de segurança do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, quelimitaram o público, anos mais tarde, em cerca de 8.600 pessoas.

Na ampliação, o Democrata construiu as arquibancadas metálicas e asarquibancadas de concreto atrás do gol da rua Afonso Pena. Na inauguração,o Democrata recebeu um visitante ilustre, o presidente da FIFA, João Havel-lange. Também vieram os times do Vasco e do Flamengo, que disputaram aTaça João Havellange, em um torneio triangular com o Democrata.

No primeiro jogo, em 10/05/1981, Democrata e Flamengo empataram em2 x 2. Chiquinho abriu o placar para o Flamengo aos 5 minutos do primeirotempo. Claudinho empatou aos 13. No segundo tempo, Ziquita desempatouaos 22 minutos, mas Tita empatou novamente aos 31.

No segundo jogo, em 13/05/1981, o Democrata perdeu para o Vasco por3 x 2. Jairo abriu o placar para o Democrata aos 16 minutos do primeirotempo. Guina empatou aos 33. No segundo tempo, Marquinhos fez 2 x 1para o Vasco, aos 9 minutos. Aos 12, Jairo empatou, mas Silvinho, aos 15,fez o gol da vitória do Vasco.

O Vasco foi o Campeão do Torneio João Havellange e a taça foi levada paraa sala de troféus de São Januário. Na partida final, o Vasco venceu o Flamengopor 1 x 0. Nesse torneio, Roberto Dinamite e Zico, as duas maiores estrelas deVasco e Flamengo, não vieram porque estavam servindo à Seleção Brasileira. Olateral esquerdo Júnior também estava convocado pela Seleção e não veio.Mesmo assim, a inauguração das metálicas e das arquibancadas de concretoatrás do gol da rua Afonso Pena foi muito prestigiada pelos torcedores, queviram belos jogos, com os melhores jogadores brasileiros da década de 1980.

Vasco, Flamengo e Democrata, mais opresidente da FIFA, inauguraram as metálicas

A arquibancada metálicafoi inaugurada com a presença ilustre dopresidente da FIFA, João Havellange, e asequipes de Flamengo e Vasco. Essa pompanão foi à toa, porque até hoje o espaço é opreferido dos torcedores, principalmentedas torcidas organizadas

FOTO

: Divulgação

DIÁRIO DO RIO DOCEGovernador Valadares, quarta-feira,13 de fevereiro de 2019 13

jornalista Marcondes Tedesco, umcarioca que adotou Governador Vala-dares como sua cidade, foi quemteve a ideia inteligente de escolher apantera como animal símbolo doEsporte Clube Democrata. Até então,o Democrata vivia uma crise de iden-tidade quando o assunto era o mas-cote. O clube era chamado pelos cro-nistas esportivos de GovernadorValadares de Jacaré ou EsquadrãoCarijó.

A justificativa apresentada porTedesco para a escolha de uma pan-tera como mascote do Democrata éde uma coerência singular. A pante-ra não entrou na história por acaso.Há muitos e muitos anos, quando oVale do Rio Doce era coberto por umadensa floresta, que guardava umafauna exuberante, um animal se des-tacava: a onça pintada. Eram milha-res de exemplares vivendo na mata ebebendo água no rio. O nome cientí-fico da onça pintada é Yauaretê Pan-thera Onca. A coerência da escolhacomeça aí. A onça pintada que habi-tava a extensa faixa de terra onde selocaliza atualmente o município deGovernador Valadares era um animalcultuado pelos legítimos donos des-tas terras, os índios Krenak (tambémchamados de Botocudos e citadosnos livros de história como ferozes esanguinários). Os Krenak chamavam(e ainda chamam) a onça pintada deKuparak Tek Tek.

Mas o animal que simboliza oDemocrata não é este, é uma varia-ção deste, de pelagem toda preta. Deperto dá pra ver as mesmas pintaspretas (um pouco mais brilhante) daTek Tek na temida Kuparak Rym, onome indígena da fera que simbolizao Esporte Clube Democrata. É o maiorfelino da América do Sul. Sua carac-terística principal é demarcar o seuterritório com urina de cheiro muitoforte. Nesse território, tanto a TekTek quanto a Rym é valente, luta emata. Mata para ter comida, matapara sobreviver. “É um felino guer-reiro, vencedor”, disse Tedesco, em1995, justificando a escolha.

Quem fez o primeiro desenho damascote do Democrata foi o artistaplástico Epaminondas Bassi, queusou tinta nanquim e a técnica “bicode pena”. À época, ele tinha o seuateliê na rua Caio Martins, na áreacentral da cidade. Epaminondas Soa-res dos Reis é mineiro de GovernadorValadares. Além dos trabalhos dearte, geralmente pinturas e escultu-ras surrealistas, ele trabalha comopintor letrista, fazendo faixas e car-tazes. Mas como bom democratense,o trabalho que ele mais teve satisfa-ção e orgulho de fazer foi o desenhoda Pantera. “Quando vi as pessoasna rua usando as camisas com o meudesenho, nossa, foi uma satisfaçãoincrível! Eu senti muito orgulhodaquilo”, disse.

Panterade sangue alvinegro

O

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Em 1981, o Estádio José Mammoud Abbas aumentou a sua capacidade depúblico para aproximadamente 15 mil pessoas. As obras aconteceram antesdas normas de segurança do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, quelimitaram o público, anos mais tarde, em cerca de 8.600 pessoas.

Na ampliação, o Democrata construiu as arquibancadas metálicas e asarquibancadas de concreto atrás do gol da rua Afonso Pena. Na inauguração,o Democrata recebeu um visitante ilustre, o presidente da FIFA, João Havel-lange. Também vieram os times do Vasco e do Flamengo, que disputaram aTaça João Havellange, em um torneio triangular com o Democrata.

No primeiro jogo, em 10/05/1981, Democrata e Flamengo empataram em2 x 2. Chiquinho abriu o placar para o Flamengo aos 5 minutos do primeirotempo. Claudinho empatou aos 13. No segundo tempo, Ziquita desempatouaos 22 minutos, mas Tita empatou novamente aos 31.

No segundo jogo, em 13/05/1981, o Democrata perdeu para o Vasco por3 x 2. Jairo abriu o placar para o Democrata aos 16 minutos do primeirotempo. Guina empatou aos 33. No segundo tempo, Marquinhos fez 2 x 1para o Vasco, aos 9 minutos. Aos 12, Jairo empatou, mas Silvinho, aos 15,fez o gol da vitória do Vasco.

O Vasco foi o Campeão do Torneio João Havellange e a taça foi levada paraa sala de troféus de São Januário. Na partida final, o Vasco venceu o Flamengopor 1 x 0. Nesse torneio, Roberto Dinamite e Zico, as duas maiores estrelas deVasco e Flamengo, não vieram porque estavam servindo à Seleção Brasileira. Olateral esquerdo Júnior também estava convocado pela Seleção e não veio.Mesmo assim, a inauguração das metálicas e das arquibancadas de concretoatrás do gol da rua Afonso Pena foi muito prestigiada pelos torcedores, queviram belos jogos, com os melhores jogadores brasileiros da década de 1980.

Vasco, Flamengo e Democrata, mais opresidente da FIFA, inauguraram as metálicas

A arquibancada metálicafoi inaugurada com a presença ilustre dopresidente da FIFA, João Havellange, e asequipes de Flamengo e Vasco. Essa pompanão foi à toa, porque até hoje o espaço é opreferido dos torcedores, principalmentedas torcidas organizadas

FOTO

: Divulgação

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jornalista Marcondes Tedesco, umcarioca que adotou Governador Vala-dares como sua cidade, foi quemteve a ideia inteligente de escolher apantera como animal símbolo doEsporte Clube Democrata. Até então,o Democrata vivia uma crise de iden-tidade quando o assunto era o mas-cote. O clube era chamado pelos cro-nistas esportivos de GovernadorValadares de Jacaré ou EsquadrãoCarijó.

A justificativa apresentada porTedesco para a escolha de uma pan-tera como mascote do Democrata éde uma coerência singular. A pante-ra não entrou na história por acaso.Há muitos e muitos anos, quando oVale do Rio Doce era coberto por umadensa floresta, que guardava umafauna exuberante, um animal se des-tacava: a onça pintada. Eram milha-res de exemplares vivendo na mata ebebendo água no rio. O nome cientí-fico da onça pintada é Yauaretê Pan-thera Onca. A coerência da escolhacomeça aí. A onça pintada que habi-tava a extensa faixa de terra onde selocaliza atualmente o município deGovernador Valadares era um animalcultuado pelos legítimos donos des-tas terras, os índios Krenak (tambémchamados de Botocudos e citadosnos livros de história como ferozes esanguinários). Os Krenak chamavam(e ainda chamam) a onça pintada deKuparak Tek Tek.

Mas o animal que simboliza oDemocrata não é este, é uma varia-ção deste, de pelagem toda preta. Deperto dá pra ver as mesmas pintaspretas (um pouco mais brilhante) daTek Tek na temida Kuparak Rym, onome indígena da fera que simbolizao Esporte Clube Democrata. É o maiorfelino da América do Sul. Sua carac-terística principal é demarcar o seuterritório com urina de cheiro muitoforte. Nesse território, tanto a TekTek quanto a Rym é valente, luta emata. Mata para ter comida, matapara sobreviver. “É um felino guer-reiro, vencedor”, disse Tedesco, em1995, justificando a escolha.

Quem fez o primeiro desenho damascote do Democrata foi o artistaplástico Epaminondas Bassi, queusou tinta nanquim e a técnica “bicode pena”. À época, ele tinha o seuateliê na rua Caio Martins, na áreacentral da cidade. Epaminondas Soa-res dos Reis é mineiro de GovernadorValadares. Além dos trabalhos dearte, geralmente pinturas e escultu-ras surrealistas, ele trabalha comopintor letrista, fazendo faixas e car-tazes. Mas como bom democratense,o trabalho que ele mais teve satisfa-ção e orgulho de fazer foi o desenhoda Pantera. “Quando vi as pessoasna rua usando as camisas com o meudesenho, nossa, foi uma satisfaçãoincrível! Eu senti muito orgulhodaquilo”, disse.

Panterade sangue alvinegro

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MARCELO MACHADO SILVA, jornalista e escritor

Em 1961, quando a “Santa” começou aser construída e a energia elétrica chegou aotopo da Ibituruna, os valadarenses maisabastados passavam a ter em casa um revolu-cionário aparelho eletrônico chamado televi-são. Naquele momento, todavia, o maiorespetáculo de entretenimento na cidade nãose via na telinha nem mesmo nas telonas.Desenhava-se a olhos vistos, bem ali, na ruaOsvaldo Cruz.

Jota, Gerval, Rui, Coelho e Jorge; Adelsone Vicente; José Leonídio, Tuca, Chico e Cario-ca. Essa era uma das formações do Time do

Olé, alcunha que o Democrata ganhou no iní-cio dos anos 60, por golear os adversários eainda humilhá-los com o tradicional olé nosminutos finais. Outros nomes importantes doelenco eram Hélio Melo, Paulista e ClóvisMoreira – irmão de Rui e Jorge.

Egresso do Pastoril assim como o veteranoCarioca, o goleiro Jota era conhecido comoCavalheiro Negro. Bons de briga e marcadoresimplacáveis, os irmãos Moreira tinham a famade Irmãos Jararaca e não perdiam a viagem -na bola ou na porrada.

No meio de campo, Vicente se destacavapela versatilidade. Já na linha ofensiva, sóferas! José Leonídio, o Zé Cocô, era um pontaarisco e catimbeiro. Tuca tinha porte de cen-troavante clássico. Ótimo jogador, assimcomo Hélio Melo. Para completar, Chico Duro,o craque, chamado de Pelé do Vale do RioDoce pela mídia valadarense e da região.

No início da temporada de 1962, equipesda região e de outras plagas eram presas fáceispara o Democrata. O Campos (RJ), clube daterra natal dos craques Amarildo e Didi, caiupor 4 a 1 em 24 de fevereiro. Duas semanasdepois, o América, de Téofilo Otoni, tevemenos sorte e levou 7 a 2, também com direi-to ao famoso olé.

Ainda amador, o Democrata - que viria a

formalizar o ingresso na liga profissional daFederação Mineira em 1964 - mostrava a suaforça diante de clubes do interior que já dis-putavam a elite do Campeonato Mineiro.Bateu o xará Democrata-SL por 3 a 1 em 7 dejunho de 62 e aplicou 5 a 2 no Valério no dia30 do mesmo mês, com gols de Chico (2),Tuca (2) e Carioca.

Em 1963, o Time do Olé viveria uma fasede altos e baixos, com constantes mudançasde treinadores, pelo fato de a gestão dopresidente José Mammoud Abbas ter focadomais na construção e venda de cadeirascativas do estádio que viria a ter o nomedele na década seguinte. Ainda assim, aequipe seguia batendo os fregueses da cida-de, da região e até times forasteiros, comoo Campo Grande (RJ).

Já em 1964, o Time do Olé passaria poruma leve repaginação, com algumas carasnovas, entre elas o meia Carlos Antônio, irmãodo cantor Zé “Milho aos Pombos” Geraldo, eAlecir, um atacante veloz. O ano começouanimado, com um sapeca de 5 a 0 sobre umselecionado do Vale do Aço, gols de Chico (4)e Carlos Antônio.

Nos dois testes contra o todo poderosoClube Atlético Mineiro em Valadares, pode-mos dizer que o Democrata saiu por cima.

Após perder o primeiro jogo amistoso por 2 a1, a equipe venceu o segundo duelo por 3 a 1,no dia 1º de março, com gols de Jorge, Chico eAlecir. Mais de meio século depois, essa aindaé a maior vitória democratense sobre o Galoem toda a história.

No dia 21 de junho, o desafio foi contrauma máquina carioca, o Fluminense de Casti-lho, Procópio, Oldair, Evaldo, Joaquinzinho &Cia., time que viria a ser campeão estadualnaquele ano. Foi um jogo parelho, mas deuFlu, com vitória por 2 a 0.

Dois anos depois, outro grande clube doRio de Janeiro chegaria completo a Valadarespara enfrentar o Democrata, mas não sairia dacidade com boas lembranças. No dia 31 dejulho de 1966, com o zagueiro selecionávelBrito e o craque uruguaio Danilo Menezes, oVasco sucumbiu na rua Osvaldo Cruz com um2 a 1 para o time da casa.

Assim era o Democrata nos anos 60. Umaequipe que não se intimidava com os grandese que era impiedosa com os rivais da região.Muitos desses registros você pode conferir nolivro “Chico Duro, o craque”, que escrevi. Eleconta a trajetória do meu pai e traz um poucoda história do futebol valadarense.

SAUDAÇÕES DEMOCRATENSES!

Um gigante nos anos 60FOTO

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Entre 1965 e 1990, quando o fute-bol mineiro vivia a “Era do Mineirão”, ahegemonia nas conquistas de títulosera alternada entre Cruzeiro e Atlético.O América Mineiro, campeão de 1971,quebrou essa hegemonia. Mas o pri-meiro clube do interior a desbancarCruzeiro e América Mineiro e a decidiro título contra o Atlético foi o Demo-crata, em 1991. Até então, a última vezque um time do interior conseguiuessa façanha foi em 1964, quando oSiderúrgica, de Sabará, foi o CampeãoMineiro. O América Mineiro foi vice.

Mas o que determinou o sucesso doDemocrata? Gilmar Estevam, o camisa9 da Pantera em 1991, tem a resposta:“Foi a amizade que havia entre os joga-dores. Amizade e união. A gente joga-va pra ganhar, com respeito à camisado clube e principalmente com a nossatorcida. Era uma alegria imensa entrarem campo, para treinar e jogar, porqueo torcedor sempre estava lá, apoian-do”, disse.

Gilmar Estevam lembra que a for-mação da equipe começou em 1989,

com o técnico Pedro Omar, que trouxealguns jogadores, como o zagueiroParreira e o próprio Gilmar, que veio doSanto Antônio, de Teófilo Otoni. ODemocrata fez um bom CampeonatoMineiro, classificou-se para o Octogo-nal Final, mas foi tirado da competiçãopelo América Mineiro, por meio de umrecurso no TJD da FMF. Fora da compe-tição em 1990, o presidente Almyr Var-gas trouxe para Governador Valadareso técnico Barbatana, descobridor detalentos no Atlético Mineiro. O Demo-crata de Barbatana fez vários amisto-sos na região e a equipe foi ganhandoexperiência.

Na volta à disputa do CampeonatoMineiro, o técnico José Maria Penamontou a equipe com a garotada dabase. “Eram garotos muito bons: Síl-vio, Baiano, Valmir, Coqui, Borges,Marcelo Alves, João Batista, Chiqui-nho, que deram conta do recado. Eainda contamos com um técnico quesabia o que fazer, que tinha pulso forte,que puxava a orelha dos rebeldes (risos)e foi um vencedor”, comenta Gilmar,

lembrando que as “tias” Tina (cozi-nheira) e Ninha (esposa do Parceiri-nho) tratavam os jogadores como sefossem filhos: “Nossa, somos todosgratos a elas, que foram verdadeirasmães pra todos nós, dando conselhos,orientando, tudo com muito carinho”.

Gilmar foi o goleador do Campeona-to Mineiro de 1991, com 14 gols, dois amais que Edu Lima, do Atlético Minei-ro. As boas atuações no Democratalevaram Gilmar ao São Paulo, de TelêSantana, em 1992. E ele participou dealgumas partidas da fase de grupos naconquista do título pelo Tricolor. NoAlmanaque do São Paulo, dos pesqui-sadores Raul Snell Jr. e José Renato S.Santiago Jr., é possível encontrar ainformação de que ele disputou oitopartidas, alcançando quatro vitórias equatro derrotas, mas sem balançar arede. Depois, Gilmar voltou ao Demo-crata, disputou a primeira Copa do Bra-sil da qual a Pantera participou e foipara Portugal, onde fez carreira, defen-dendo clubes como Chaves, Vitória deGuimarães e Boavista.

Democrata quebrou a hegemoniade Atlético e Cruzeiro em 1991

Democrata quebrou a hegemoniade Atlético e Cruzeiro em 1991

O atacante Gilmar Estevam era o dono da camisa 9 do Democratanaquele timaço de 1991, que tinha na amizade entre os jogadores a

fórmula de seu sucesso

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O Democrata já participou da Copa do Bra-sil três vezes. A primeira vez foi em 1992.Conquistou a vaga depois de se sagrar vice-campeão mineiro em 1991, sendo o primeiroclube do interior de Minas Gerais a disputar aCopa do Brasil. Nas três primeiras edições(1989, 1990 e 1991), Atlético e Cruzeiro foramos representantes mineiros. Assim, em 1991,o Democrata largou na frente do AméricaMineiro e fez história.

Na sua primeira participação, a Panterajogou contra o Paraná Clube e empatou em 1 a1, em Valadares (28/07/1992), mas perdeupor 2 a 1 em Curitiba (18/08/1992).

O Democrata disputou a Copa do Brasilpela segunda vez em 1995. Na fase prelimi-nar, o time venceu o Goiás por 2 x 0 no Mamu-dão. No jogo de volta, no Serra Dourada, per-

deu por 1 x 0 e se classificou para a faseseguinte, pegando o Vitória (BA), em um dosmelhores jogos de sua história. Venceu osbaianos por 3 x 2 no Mamudão. Na partida devolta, no Barradão, o Vitória venceu por 2 x 0e eliminou o Democrata.

Em 2008, o Democrata disputou a Copa doBrasil pela terceira vez. Fez dois jogos contrao Bragantino. No primeiro, no Mamudão, ven-ceu por 3 x 2. No jogo de volta, em BragançaPaulista, perdeu por 2 x 1.

Entre todas as recordações da Copa doBrasil, existe uma curiosa: um pedaço dagrama do Estádio Serra Dourada está plan-tado em um vasilhame, no Mamudão. Quemtrouxe a grama foi o massoterapeuta Getú-lio Anacleto, que trabalhou no jogo entreGoiás e Democrata.

O Democrata, como clube importante que é nos cenários estaduale nacional, está temporariamente no Módulo II do CampeonatoMineiro, mas sonha em retornar à elite do futebol mineiro em 2020.A disputa do Módulo II é difícil, afinal, todos os adversários queremsubir e isso torna a competição um desafio. “Mas vamos subir, comcerteza”, diz o confiante técnico Cipriano Alexandre Valentim, expe-riente, com muitos trabalhos internacionais e com algo a mais que atorcida democratense valoriza: ele é valadarense.

Embora tenha saído de Governador Valadares ainda criança,Cipriano tem consigo o orgulho de ser valadarense, e acredita que foipresenteado pelo destino ao ser convidado para dirigir o Democrata,time de sua cidade natal. Ele mantém uma confiança incomum noretorno da Pantera à elite do futebol mineiro.

É verdade que não foi com vitória a estreia no Campeonato Minei-ro, no último sábado, contra o Athletic, em São João del-Rey. A der-rota por 2 x 1 para o time da casa não foi a fotografia de um jogo bemdisputado, com amplo domínio do Democrata na primeira etapa.Entretanto, o resultado não abateu a equipe e muito menos diminuiuo otimismo de Cipriano, que agora vai preparar os jogadores para o“derby” regional, contra o Ipatinga, dia 18, às 20h, no Mamudão.

Cipriano confia muito nos seus jogadores e não gosta de destacá-los individualmente. Para ele, o futebol é um esporte coletivo e aequipe forte se baseia em um conjunto de atletas comprometidos.“Esse comprometimento existe aqui no Democrata”, afirma.

Quem faz questão de reforçar essas palavras do técnico é o vice-presidente, Edvaldo Soares Filho, que vê os jogadores como umgrupo de vencedores. Para ele, a união entre os atletas do elenco2019 é a principal razão de sua confiança. “Esse elenco é comprome-tido, os atletas se empenham muitos nos jogos e nos treinamentos, e

a excelente convivência entre eles e o respeito pela instituiçãoDemocrata são os diferenciais”.

Edvaldo Filho diz que no próximo jogo, contra o Ipatinga, oDemocrata vai dar a sua arrancada rumo ao Módulo I, e não estarásozinho: vai com a sua torcida. “O torcedor do Democrata jogajunto, vai junto com o time, e na próxima partida vai lotar aMamudão”, diz, confiante.

BASTIDORESFora de campo, o trabalho é árduo. Disputar o Campeonato Minei-

ro do Módulo II não é tarefa das mais fáceis para os clubes, no quediz respeito às finanças. Tanto que o Tricordiano, de Três Corações,

desistiu da competição na semana passada. “Sem a verba da TV, queapenas os clubes do Módulo I recebem, manter uma equipe disputan-do o Módulo II é muito difícil. Ainda bem que tivemos o apoio devárias empresas de Governador Valadares, e somos muito gratos atodos os empresário que estão investindo no Democrata”, comenta.

Para atender às normas de segurança exigidas pela FederaçãoMineira de Futebol e autoridades como Corpo de Bombeiros, PolíciaMilitar, Ministério Público e Vigilância Sanitária, o Democrata teveainda mais gastos. “São gastos necessários à segurança de todos osnossos torcedores, funcionários e atletas, e para cumpri-los tivemosde fazer um investimento extra. Mas cumprimos, e o Mamudão estáapto a receber os jogos”, concluiu.

Sonhando com a volta à elite

Democrata na Copa do Brasil Expediente edição especial 87anos do Esporte Clube Democrata

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O time do Democrata fez a estreia no Módulo II do Campeonato Mineiro 2019no último domingo, 10, contra o Athletic, da cidade de São João del-Rey