12.Cultura e Mudança Organizacional_unidade 02

47
Módulo Específico em Gestão Pública Unidade 1 – Cultura brasileira e organizacional UNIDADE 2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de: Conhecer os fundamentos dos processos de mudanças organiza- cionais no contexto do pensamento sistêmico; Reconhecer a mudança organizacional como um processo com- plexo, dinâmico e multidimensional enfatizando sua dimensão subjetiva; Destacar a contribuição do conceito de redução sociológica para a compreensão dos processos de mudança mediante a introdução de conceitos e tecnologias de gestão nas organizações públicas; e Reconhecer o impacto da comunicação no processo de mudança organizacional. MUDANÇA E COMPLEXIDADE ORGANIZACIONAL

description

Material do Curso de Pos-Graduação em Administração e Gestão Pública

Transcript of 12.Cultura e Mudança Organizacional_unidade 02

  • Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 1 Cultura brasileira e organizacional

    UNIDADE 2

    OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEM

    Ao finalizar esta Unidade voc dever ser capaz de:

    Conhecer os fundamentos dos processos de mudanas organiza-

    cionais no contexto do pensamento sistmico;

    Reconhecer a mudana organizacional como um processo com-

    plexo, dinmico e multidimensional enfatizando sua dimenso

    subjetiva;

    Destacar a contribuio do conceito de reduo sociolgica para a

    compreenso dos processos de mudana mediante a introduo

    de conceitos e tecnologias de gesto nas organizaes pblicas; e

    Reconhecer o impacto da comunicao no processo de mudana

    organizacional.

    MUDANA E COMPLEXIDADEORGANIZACIONAL

  • 60Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

  • 61Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    PENSAMENTO SISTMICO EMUDANA ORGANIZACIONAL

    Nesta Unidade estudaremos a mudana como processocomplexo, contingente e no linear. Apesar de afirmarmos discurso sempre que reconhecemos a mudana comoum processo com essas caractersticas, fato tambm queinsistimos em lev-la a efeito ao segundo parmetrosde pensamento mecanicistas, ou seja, de inspiraotaylorista. E um dos responsveis por esse fenmeno soos modelos mentais que assumimos.A complexidade inerente aos processos de mudana podeser percebida em eventos especficos, como os processosde introduo de tecnologias gerenciais nas organizaespblicas. Ainda que nos possa parecer algo simples em suasexpresses de superfcie, os processos de introduo doPlanejamento Estratgico ou de um programa de Gesto daQualidade em uma organizao pblica, por exemplo, sofenmenos complexos que importam transformaes quese projetam na organizao em diferentes nveis deprofundidade e horizontes temporais.A compreenso mais profunda desses processos demudana tcnica e cultural no pode prescindir de umaarquitetura de pensamento capaz de capturar acomplexidade desses fenmenos.Preparado para mais este desafio? Vamos comear?

  • 62Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    DIMENSES DA GESTO:ROTINA E MUDANA ORGANIZACIONAL

    A mudana da organizao assim entendida a perspectivaque associa mais intensamente a mudana dimenso estratgicada organizao. Sua contextualizao no campo da gesto dasorganizaes admite duas diferentes perspectivas de anlise: a darotina e a da mudana.

    Assim, a gesto como processo de mudana, no obstantepode ser conceitualmente diferenciada, complementa a gesto emsua expresso de aperfeioamento da rotina . Em umaorganizao pblica essas duas dimenses de gesto podem serexemplificadas nos seguintes termos:

    Gesto baseada na rotina: atividades sistemticasde gesto na rea de pessoal, tais como remunerao,registros funcionais, expedio de documentos etc.Nessa dimenso, a mudana representaaperfeioamentos nos processos, melhorias contnuasque transformam os processos em sua expresso desuperfcie. Ou seja, a gesto como rotina estrelacionada ao conjunto de atividades e processosregulares e cotidianos, mais intensamente identificadoscom o plano operacional da organizao.

    Gesto baseada na mudana: aes gerenciaistendentes realizao de um diagnstico denecessidades prioritrias, por exemplo, na rea desade, e a subsequente elaborao de uma polticapblica. A efetivao dessa poltica pblica podeimplicar, por exemplo, em interfaces com outros rgo,entidades ou esferas de governo, e, por conseguinte,transformaes substanciais nas prticasoramentrias e financeiras, constituio da estruturade pessoal etc. E todas essas aes implicaria em

  • 63Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    perturbaes e rearranjos na dimenso cultural daorganizao, sobretudo a reflexo envolvendo ospressupostos de organizao e de concepo,implementao e avaliao de polticas pblicas.

    Essas perspectivas de anlise da mudana nos remete parao que denominamos de sistema de gesto da organizao. O sistemade gesto uma das expresses caractersticas de uma organizao,resultando da interao de mltiplos aspectos. Esses sistemas socomplexos e, em face de sua inerente interao com os demaiselementos do campo, podem apresentar diferentes graus dedinamismo.

    As organizaes pblicas so um caso particular dessesciclos de transformao, reconhecendo-se nelas tanto processos deinovao rupturas que alcanam as premissas e alteram a substnciado sistema de gesto da organizao.

    Entre as perspectivas de anlise desse fenmenoorganizacional podemos destacar os denominados ciclos deaprendizagem, propostos por Argyris e Schn (1996).

    MUDANA E ROTINA NA PERSPECTIVADOS CICLOS DE APRENDIZAGEM

    Esperamos que os elementos conceituais dessa disciplina oauxiliem a compreender com maior profundidade o fenmeno dacultura e da mudana organizacional do ponto de vista de outrasperspectivas.

    Como seria possvel explicar os fenmenos da cristalizao de

    procedimento a clebre referncia ao sempre foi assim ... ,

    dificuldade das pessoas, inclusive em uma organizao pblica,

    de admitir formas alternativas de organizao do trabalho, ou

    mesmo a resistncia mudana e o excessivo mecanicismo?

    vOnde a nfase recaitanto sobre atecnologia, quanto a

    transformao.

  • 64Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    Uma possvel perspectiva de leitura dessesfenmenos pode ser tomada a partir das lentesda teoria da ao, proposta por Chris Argyris.

    Argyris e Schn (1996) apresentam comoelemento terico capaz de contribuir com oimperativo de um esforo de reflexo para aefetiva apreenso de novos conhecimentos etransformao de valores, a teoria da ao eos conceitos de aprendizagem em circuitossimples e duplo.

    Nessa perspectiva, ao passo que o circuitosimples de aprendizagem limita-se atransformaes nas estratgias de ao oupressupostos que a informam, o circuito duplo

    requer a reflexo sobre os valores da teoria em uso. Para essesautores, a teoria da ao apresenta duas formas distintas: a teoriaesposada pelo qu se entende a teoria da ao que expressadapara explicar ou justificar um dado padro de ao (atividade); ea teoria em uso, que reflete a teoria de ao que est implcitano desempenho daquele padro de atividade.

    Falamos em circuito simples e duplo. Mas o que voc entende

    por estes termos? J ouviu falar deles?

    A aprendizagem em circuito simples pressupe apercepo de um erro e sua correo, mas preservando ospressupostos que inspiram ou sustentam o funcionamento dosistema. Essa prtica nos sugere a nfase na noo de melhoriacontnua dos processos, em que no h o questionamento dosvalores de base do sistema ou das suas etapas de funcionamento.

    Enquanto que a aprendizagem em circuito duplo, deoutra par te, impl ica no necessr io quest ionamento dospressupostos de ao. Aqui o destaque, na proposio conceitual, para o imperativo do questionamento que pode redundar em

    Chris Argyris

    considerado uma auto-

    ridade mundial na rea

    de comportamento orga-

    nizacional. Ele foi o pre-

    cursor do conceito de

    aprendizagem dupla, segundo o qual

    as empresas aprendem duplamente se

    emendarem quer os erros quer as nor-

    mas que os causaram. O objetivo criar

    empresas que aprendam continuamen-

    te. Fonte: .

    Acesso em: 22 jan. 2010.

    Saiba mais

  • 65Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    um esforo de reflexo sobre a propriedade, a validade, enfim,a coerncia dos pressupostos que influenciam a ao gerencialem relao s prticas conceitos e tecnologias que se pretendeintroduzir na organizao.

    Em termos exempli f icat ivos essas dimenses daaprendizagem podem ser percebidas no processo de avaliao dedesempenho de servidores pblicos. Os esforos empreendidospela administrao, orientados para o aperfeioamento dosinstrumentos e sistemas de avaliao de desempenho, queavanam de um modelo baseado em formulrios fsicos para umsistema informatizado e dotados de critrios mais objetivos, soum exemplo de melhoria geradora de aprendizagem em circuitosimples. Isso porque o modelo se aperfeioa em termos de forma,mas baseado nos mesmos pressupostos objet ividade,racionalidade, meritocracia, punio do servidor etc.

    Os modelos mentais podem ser compreendidos comocrenas que as pessoas tm em relao a determinadofenmeno.

    Desta forma, podemos afirmar que a organizao aprendesubstantivamente, ou em circuito duplo, se os pressupostossubjacentes ao modelo de avaliao de desempenho sofrem umprofundo processo de reflexo. Exemplo, se fosse assumido que aavaliao de desempenho possui um componente subjetivoimportante e o sistema incorporasse essa dimenso. Para tanto, seriafundamental deslocar outro pressuposto inerente avaliao dedesempenho, qual seja, a noo de que avaliar desempenho estassociado punio dos agentes.

    Assim, a efetiva implementao de um sistema de avaliaode desempenho depende menos do aperfeioamento do instrumento,e mais da mudana dos modelos mentais a ele associados.

  • 66Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    PENSAMENTO SISTMICO EM ORGANIZAES PBLICAS

    O referencial a partir do qual abordamos a mudanaorganizacional influencia sobremaneira no somente a percepodos agentes sobre o fenmeno, mas o tempo, o alcance e aconsistncia dos resultados do processo.

    As organizaes pblicas podem ser consideradassensivelmente mais complexas que as demais em termos desubstncia (componentes e propsitos), amplitude e relaes depoder, fato que expe ainda mais as limitaes do pensamentomecanicista de orientao estritamente instrumental.

    Note que importante considerarmos a relevncia da matrizde pensamento que marca a lgica mecanicista de gesto, tampoucodesprezar os resultados objetivos que produz nas organizaes,sobretudo no plano operacional com reflexos na produtividade ena eficincia. Mas no podemos tambm desconhecer as suaslimitaes para o enfrentamento de situaes de interesse maiscomplexas e dinmicas, como o caso das polticas pblicas.

    Considerando os paradigmas gerenciais alguns elementos emtermos de processo de gesto podem ser sintetizados. Observe osdestaques no Quadro 3.

    MECANICISTA

    partes

    objetos

    hierarquia

    causalidade linear

    estrutura

    metfora mecnica

    conhecimento objetivo

    verdade

    quantidade

    SISTMICO

    todo

    relacionamentos

    redes

    circularidade dos fluxos e relaes

    processo

    metfora orgnica

    conhecimento objetivo e subjetivo

    descries aproximadas

    qual idade

    Quadro 3: Elementos constituintes dos paradigmas mecanicistae sistmico de gestoFonte: Adaptado de Andrade et al. (2006)

  • 67Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    O senso de mudana, portanto, no deve ser tomado combase no paradigma mecanicista, ou na perspectiva clssica degesto, que pressupe aes deliberadas, objetividade,racionalidade plena, neutralidade, controle amplo e irrestrito(conhecimento e domnio sobre as variveis) etc., seno como umprocesso emergente, substantivo, fluido e dinmico, com nfase nasrelaes, e essencialmente assentado nas pessoas, que caracterizama perspectiva sistmica.

    O processo de mudana, em suma, precisa ser tomadosegundo uma perspectiva sistmica. Como premissas fundamentaistemos a:

    gesto do processo de mudana contingencial eemergente; no possui uma frmula nica epreviamente validada;

    compreenso do contexto e descrio da situaocomplexa de anlise pr-requisito essencial para oplanejamento da estratgia de mudanaorganizacional; e

    abordagem do pensamento sistmico, sobretudo alinguagem sistmica, constitui elemento fundamentaldo processo de compreenso do fenmeno damudana.

    Diante de todos esses pontos podemos afirmar que amudana fundamentalmente um processo de aprendizagem.Portanto, os resultados positivos de um processo de mudana tendema ser proporcionais amplitude da compreenso do fenmeno, oque se d pela explicitao das suas categorias centrais (variveis)e relaes perspectiva sistmica.

    Outro aspecto a destacar na conduo do processo demudana o papel dos atores organizacionais. No qual ganhadestaque a necessidade de amplo envolvimento dos agentes daorganizao nos processos de mudana.

    vNote que o pensamentosistmico ope-se viso fragmentada eparcial do fenmeno.

  • 68Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    MUDANA ORGANIZACIONAL COMOPROCESSO COMPLEXO E DINMICO

    Como vimos anteriormente, a mudana organizacional umprocesso complexo e multifacetado cuja definio mais ampla podeser encontrada nos prprios termos: mudana e organizao.

    A mudana constitui fenmeno inerente organizao e semanifesta sob diferentes formas, desde os esforos adaptativos dequalquer ordem e intensidade, inovaes gerenciais e de estrutura,at transformaes mais radicais que alcanam aspectossubstanciais do comportamento das pessoas na organizao.

    O processo de transformao organizacional a partir daperspectiva humana considera que o objetivo da mudana trazersatisfao e harmonia ao ambiente de trabalho tanto como fatoresde realizao e progresso pessoais como causadores de eficincia.O agente de mudana nesse contexto a pessoa detentora decompetncias que permite a interveno no nvel do grupo, alm deser conhecedora da gesto de recursos humanos na organizaocontempornea.

    A mudana organizacional implica tambm reconhecer o quese entende por organizao. Segundo uma perspectiva maisinclinada ao interpretativismo, a organizao pode ser reconhecidacomo uma construo simblica, resultante da forma como aspessoas interagem e pensam.

    vPerspectiva que toma aorganizao como umconjunto de indivduos e

    grupos.

  • 69Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    Sendo a organizao uma resultante do modo comoas pessoas interagem e pensam, a mudana passa pormudar a forma como as pessoas constroem e percebemessas interaes; logo, a prpria organizao.

    Nesse sentido, interessante sinalizarmos os esquemas sobreos pressupostos de anlise referentes natureza das relaes sociaisde Burrel e Morgan (1979), especificamente relacionados sdimenses ontolgica (perspectiva de ser no mundo) eepistemolgica (pressupostos acerca de como o conhecimento produzido).

    Na dimenso ontolgica, o contnuo entre nominalismo(mundo percebido pelo sujeito) e realismo (mundo como algoexterno pessoa); na dimenso epistemolgica, o contnuo entresubjetivismo/interpretacionismo (conhecimento relativo edepende da perspectiva dos sujeitos) e positivismo (regularidadese relaes causais entre elementos).

    A mudana, em suma, pode ser percebida como um processode aprendizagem das pessoas em suas relaes de interao mtua,que se projeta no que se define como organizao. Como processo,implica em assumir:

    o imperativo do amplo envolvimento das pessoas;

    a obteno de resultados mais substanciais principalmenteno mdio e longo prazos (perodo de maturao eassimilao); e

    a possibilidade de desvios em relao trajetria inicialestabelecida etc.

    Contudo, o fato de reconhecermos uma organizaopblica como uma estrutura sistmica implica em admitir amudana como um fenmeno a ela inerente, e como condio desobrevivncia, inclusive. preciso reconhecer que a mudana nasorganizaes um processo contnuo, que ocorre a todo o momento.

  • 70Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    Sendo assim, , em geral, imperceptvel, fazendo-se maissignificativas aquelas mudanas que causam maior perturbaono contexto conhecido.

    So diversas as expresses dos fenmenos mais visveis demudana no setor pblico. Dentre as possibilidades podemosdestacar as reformas (administrativas, previdencirias, tributriaetc.); as alteraes na legislao afetam gesto de pessoas;a introduo de tecnologias gerenciais que modificam aorganizao; e, por ltimo, objetivos e critrios de avaliao dotrabalho no mbito de um poder ou rgo pblico em particular.Todos esses vetores de mudana so de amplitude geral, masimpactam de diferentes formas em contextos distintos.

    Mas o que esses movimentos de mudana tm em comum?

    Inicialmente precisamos lembrar que diferentes so asperspectivas segundo as quais se pode analisar o processo demudana.

    Sendo assim, razovel admitirmos que o processo demudana no pode ser percebido como um fenmeno linear,determinstico, envolto em um senso de racionalidade ilimitada etc.;tampouco pode ser rigidamente conduzido.

    Apesar disso, a operao de mudanas, com especialdestaque no mbito das organizaes do setor pblico, costumaser percebida pelos agentes de transformao como processoscomplexos, que percorrem caminhos tortuosos e, sobretudo, lentos.Isso porque, em geral, de incio os processos de mudanaorganizacional, no somente implicam em um rearranjo de forase em uma perturbao no estado de coisas dado como tambmexpem um conflito entre os interesses aparente e oculto doadministrador, que por vezes o prprio agente indutor domovimento.

  • 71Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    Neste caso, o interesse aparente aquele traduzido nodiscurso de mudana, contido no plano de melhoria etc., enquantoque a dimenso oculta do processo de mudana evidenciada nasintenes reais e aes centrais que orientam-se pela tendnciade manuteno da situao vigente e continuidade docomportamento dominante, materializada na preservao dosvalores estruturantes fundamentais da dinmica organizacional.

    Podemos observar esta tendncia em programas cuja diretrizoculta central assenta-se na noo de que necessrio promovermudanas aparentes com o propsito de manter inalterado o arranjovigente, cujos contornos de definio so multilateralmentedesejados, sobretudo para o bloco de poder dominante.

    Diante disso, podemos estabelecer como premissafundamental de qualquer processo de mudana, que se pretendaconsistente e comprometido com a obteno de resultados efetivos,o interesse na mudana.

    O interesse na mudana precisa transcender o nvelaparente e mergulhar nos estratos ocultos das relaesque estruturam a organizao com o propsito detransform-la efetivamente, reorientando-a segundoas exigncias ambientais emergentes.

    Subjacente a essa discusso est no somente a dimensometodolgica da mudana, mas o fenmeno da resistncia mudana, movimento comum que, dadas as implicaes potenciaisno sucesso de qualquer processo de mudana, merece melhortratamento para fins de compreenso.

  • 72Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    MUDANA COMO TRANSPOSIODE OBJETOS CULTURAIS

    Entre as diferentes formas de perceber o processo demudana organizacional em sua expresso mais substantiva estaquela que enfoca a mudana organizacional como um processode transposio de objetos culturais, reconhecidas as diferenasentre os contextos de origem e destino desse contedo transplantado.

    Nesses termos, a mudana organizacional tomadacomo resultante do processo de apropriao deelementos exgenos por parte da organizao.

    So denominados objetos culturais os conceitos, astecnologias, as prticas etc. capazes de imprimir transformaestcnicas ou simblicas no sistema organizacional. Dizemos que soobjetos culturais porque so produzidos em um determinadocontexto, e, portanto, influenciados pelos valores e crenas inerentesa esses contextos, a partir dos quais estabelecem razes, por vezesprofundas.

    Assim, quando uma organizao pblica contrata um serviode consultoria para a consecuo de um projeto de implantao deum elemento novo no sistema de gesto da organizao (aintroduo do planejamento estratgico, por exemplo), ou arealizao de um curso de capacitao de servidores, est, emsentido amplo, ampliando a permeabilidade de suas fronteiras paraa mudana por meio da transposio de contedo exgeno.

    Temos como exemplos bastante claros de transposio deobjetos culturais nas organizaes pblicas como processo demudana organizacional: a introduo de tecnologias gerenciaiscomo a Gesto da Qualidade, mais recentemente a emergncia do

  • 73Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    balanced scorecard como instrumento de conexo entre oPlanejamento Estratgico e a avaliao de desempenho dosservidores, a Gesto por Competncia, tal como sugere o DecretoFederal n. 5.707/2006 etc.

    A mudana organizacional, sob essa perspectiva, assumeuma dimenso metodolgica. Entre as abordagens de anlise estoos conceitos de antropofagia organizacional e de reduo gerencial.

    ANTROPOFAGIA ORGANIZACIONAL:A TRADUO E A ADAPTAO CRIATIVA

    Temos conversado sobre mudana e cultura nasorganizaes e, neste contexto, no podemos deixar de falarsobre as contribuies que os conceitos e tecnologiasgerenciais produzidos no campo privado possam porventuratrazer Administrao Pblica ou a uma organizao emparticular, notadamente no que diz respeito introduode transformaes nos seus sistemas de gesto.

    Isso se deve ao fato de que essas tecnologias revelampotencialmente positivas em termos de impacto em outrasorganizaes e contextos. As contribuies exgenas organizaoou Administrao Pblica, assumem aqui, portanto, especialrelevncia como fonte de inspirao quando no houver instrumentoou soluo prpria passvel de ser endogenamente construda.

    Coerente com a expresso do fascnio que a cultura nacionalnutre em relao ao estrangeiro temos a atitude do agente pblicono Brasil de assimilar o contedo estrangeiro aquele produzidono exterior das fronteiras organizacionais ou do setor sem aoposio do devido fi l tro crtico em termos de aderncia,convenincia e oportunidade.

    No que se refere importao de tecnologias gerenciais noBrasil, Caldas e Wood Jr. (1999) assinalam os contrastes entre

    vPara ampliar seusconhecimentos sobre aspolticas e diretrizesdeste decreto acesse

    .

  • 74Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    imagem e substncia, resultante desse processo, que admite trsrespostas organizacionais possveis:

    adoo desta tecnologia para ingls ver;

    negao; ou

    adaptao criativa.

    O fenmeno de aquisio tecnolgica, que no pode sercompreendido seno de forma contextualizada no processo histricode formao da sociedade brasileira, explicita um comportamentodeterminado por diferentes traos da cultura nacional:

    o personalismo;

    a ambiguidade (de onde deriva o jeitinho brasileiro);

    a distncia do poder, a plasticidade; e

    o formalismo.

    Dentre estes traos ganham as noes de plasticidade(contexto no qual emerge o conceito de antropofagia) e deformalismo. A plasticidade diz respeito permeabilidade dobrasileiro ao estrangeiro.

    Conforme Caldas e Wood Jr. (1999), uma reao apropriao excessiva e destituda de significado de elementos dacultura estrangeira foi o movimento literrio modernista denominadoantropofagismo, datado do incio do sculo XX e conduzido poruma vanguarda cultural comprometida no somente com amodernidade e o cosmopolitismo, mas com o resgate das razesindgenas da nao.

    A antropofagia como praticada entre indgenas era um ri-tual de guerra no qual os vencedores alimentavam-se dosvencidos. Para que isso acontecesse, era preciso que o ven-cido fosse um guerreiro corajoso, altura do seu contendor.Com-lo era um ato de respeito e permitia sugar sua cora-gem e energia. O antropofagismo literrio, por sua vez de-fendia a apropriao sem pudores de ideias e conceitos

  • 75Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    estrangeiros, mas conferia-lhes um novo significado, alte-rado pelas cores e valores locais (CALDAS; WOOD Jr.,1999, p. 35).

    Ao estudar os processos de adoo de tecnologias gerenciaispor empresas, Wood Jr. e Caldas destacam a adaptao criativacomo o mais saudvel, no obstante seja o menos frequente dentreos comportamentos reativos tpicos. Os autores assinalam comopressuposto da adaptao criativa que se verdade que atecnologia gerencial importada de centros desenvolvidos por pasesemergentes pode no ser diretamente adequada ou aplicvel,tambm fato que em boa parte dessas referncias hconhecimento til e importante.

    O problema aqui que boa parte dessas tecnologias no soapropriadas s especificidades locais. O principal motivo para essainadequao que os pressupostos bsicos de muitos desses modelosestrangeiros simplesmente no so reproduzveis ou transferveis acontextos distintos do original (CALDAS; WOOD Jr., 1999).

    Vimos que o processo de adoo de tecnologias gerenciais

    por empesas invevitvel nos tempos atuais. Mas como

    trabalhar com esta icgnita de benefcio?

    Como resposta, os autores sugerem o que denominam deantropofagia organizacional como metodologia para a adaptaocriativa. Segundo os autores a antropofagia organizacional umaprtica despreconceituosa e consciente de garantir a adooapropriada de tecnologia administrativa estrangeira que carregueconhecimentos teis a pases emergentes.

    De acordo com Calda e Wood Jr. (1999) nesse tipo de prtica,a organizao no adota cegamente, tampouco negaindiscriminadamente, modelos vindos de fora. Ela rel e reinterpretaessa tecnologia, procurando entender seus pressupostosfundamentais. Ela desconstri com base em suas prprias

    vSeria adotar a tecnologiaadequando sespecificidades locais.

  • 76Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    especificidades locais. E, por fim, ela reconstri criativamente,devorando a essncia de seu valor e atendendo de formaapropriada a seus propsitos singulares e a sua realidade local.Para tanto os autores propem cinco passos essenciais do mtodoantropofgico com vistas promoo da adaptao criativa. So eles:

    Identificar pressupostos;

    testar validade e filtrar pressupostos;

    inserir especificidades locais;

    reconstruir modelo; e

    testar e implantar modelo.

    Este sentido dado antropofagia sugere de fato algo queparece estar ausente na transposio de conceitos gerenciais a identificao dos pressupostos que conformam o modelo gerencial, especialmente nos processos cuja diversidade no se limita aospadres culturais nacionais, mas distino marcante entre setores,como o caso da Administrao Pblica.

    Todavia, vale esclarecermos que a simples transposio detecnologia gerencial pode levar a equvocos e distores quando setrata da Administrao Pblica e de seu compromisso com o bem-estar social. Nem sempre o iderio da gesto privada se aplica aogoverno. Muitos analistas ainda defendem a neutralidade dastecnologias gerenciais esquecendo de considerar as diferenas entrea Administrao Pblica e administrao privada. H que se fazera reduo sociolgica no dizer de Guerreiro Ramos (CARVALHO,2004, p. 308).

    O mtodo antropofgico constitui relevantecontribuio para que um processo de transposiode objetos culturais alcance seu intento detransformao ou mudana organizacional; contudo,outras perspectivas para a interpretao do fenmenoso possveis e podem contribuir para a melhorcompreenso do processo.

  • 77Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    Tambm alinhados com o impacto dos contrastes entrecontextos no processo de transposio de contedo gerencial, Morrise Lancaster (2005) apresentam o conceito de traduo deconceitos gerenciais, mostrando como ideias oriundas de umdeterminado contexto so apropriadas em outro.

    A definio de traduo adotada por Morris e Lancaster(2005) faz referncia a um processo atravs do qual uma ideiagerencial geral transferida e reinterpretada em um novo contexto.Os referidos autores afirmam, no entanto, que as organizaesreceptoras desempenham um papel ativo no processo de transferncia,promovendo a transformao ou traduo das ideias.

    A circulao de ideias vem do desejo de imitar o que pare-cem ser modelos de sucesso (Sahlin-Anderson, 1996).Como resultado, as ideias tornam-se desconectadas dequalquer contexto especfico. [...] Seleo de uma ideiapode ocorrer por muitas razes, por exemplo, porque apresentada como uma soluo obrigatria para um pro-blema particular enfrentado pelos gestores ou porque pare-ce diferente e excitante; traduo envolve a seleo de umaideia, desencrav-la de (contexto) local e reintroduzi-la emoutro (CZARNIAVSKA; SEVON, 1996, apud MORRIS;LANCASTER, 2005, p. 209-210) .

    Perceba que o sentido dado traduo de prticasgerenciais por Morris e Lancaster (2005) sugere uma forteconvergncia em relao ao conceito de antropofagia, que sebaseia na noo de adaptao criativa. O senso de adaptaoexplicita um potencial de absoro parcial desse contedo exgeno,notadamente quando admitido o fato de que [...] em boa partedessas referncias h conhecimento til e importante. O problema que, em estado puro, boa parte dessa tecnologia no apropriadas especificidades locais. (CALDAS; WOOD Jr., 1999, p. 59).

    Em essncia, os autores destacam o sentido da traduo deideias gerenciais como um processo interpretativo mediante o qualnovas tecnologias so institucionalizadas em diferentes campos

  • 78Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    atravs de ideias que circulam destiladas em conceitos abstratos.Nesse processo de traduo, tanto os fornecedores quanto osreceptores dos novos conceitos [...] colaboram para redefinir ouprivilegiar certas prticas e discordar de outras. (MORRIS;LANCASTER, 2005, p. 207).

    Nessa passagem podemos notar que mesmo tratando deuma perspectiva que especifica tanto ideas quanto practices,dotada de um contedo de orientao mais construtivista, e comforte apelo ao contexto, a abordagem dos autores no descuidade uma tendncia marcada pela noo de transferncia e deadaptao de prticas (tcnicas e ferramentas). Ou seja, ainterpretao que se d ao conceito parece estar aqui ainda muitoprxima da que se empresta tecnologia em termos depossibilidades no processo de traduo.

    A despeito disso, e considerando que as tecnologiasincorporam sempre um ou mais conceitos, a abordagem de Morrise Lancaster (2005) contribui para evidenciarmos a importncia deum esforo de deslocamento da tnica para a traduo dos conceitosem seu sentido mais estrito. justamente nessa nfase dada aoconceito que reside a contribuio essencial do conceito de reduosociolgica em relao ao de antropofagia.

    A apropriao do conceito de reduo sociolgica aofenmeno gerencial em particular pode estar concentrada mais emexplicitar os conceitos subjacentes tecnologia e, a partir disso,buscar os pressupostos que vinculam esse conceito sua origemexterior ao campo da Administrao Pblica, mais precisamente, esfera das empresas privadas.

    Por tanto, entre a tecnologia e os seus pressupostos, imperativo destacarmos a identificao dos conceitos essenciais estes fortemente influenciados pelos pressupostos valorativos dediferentes reas do conhecimento que contribuem para a formaodo pensamento gerencial, notadamente a economia, a engenharia,a sociologia, a psicologia etc.

  • 79Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    REDUO SOCIOLGICA NO CAMPO DA GESTO

    O conceito de reduo sociolgica nos permite adentrar emmaior profundidade no processo de mudana mediante atransposio de elementos exgenos organizao.

    Na abordagem da reduo o foco recai sobre o arranjo deconceitos e pressupostos que subjazem ao objeto transplantado a tecnologia gerencial, por exemplo , enfatizando uma perspectivade anlise que alcana as razes do contedo gerencial transpostoe reflete no somente sobre a sua oportunidade e convenincia,mas tambm sobre seus pressupostos valorativos.

    No se trata aqui, portanto, de uma adaptao de contedo,tampouco de ajustes seletivos que se restrinjam a aspectos desuperfcie do contedo importado, mas de explicitar o imperativode um esforo de reflexo que busque desconstru-lo e posteriormentereconstru-lo, ressignificando sua essncia conceitual segundo asimposies condicionantes de um novo contexto de insero.

    Negligenciar a ressignificao dos contedosgerenciais nesses processos de transposioinfluencia a adoo de estratgias de reinterpretaodas normas descontextualizadas que conformam asestruturas organizacionais. Percebe-se, nesses casos,fenmenos de fundo histrico e cultural como oformalismo e suas variantes, que so processos deressignificao adstritos ao formato, que se operamna superfcie do objeto transplantado, no adentrandoo seu contedo e essncia, mas que se fazemnecessrios a fim de permitir o funcionamento e asobrevivncia da organizao.

  • 80Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    Na mesma linha, ainda que sob outra perspectiva, adescrena na lei, que em larga medida permeia a vida nacional, ede forma especial a Administrao Pblica, inerente a:

    [...] sociedades onde as leis so textos fora de contexto,[...] construes tericas que no nasceram do costume,[...] formas transplantadas e importadas de alm-mar semrelevncia para as possibilidades econmicas de nosso ambi-ente (CAMPOS, 1960, p. 29 apud RAMOS, 1966, p. 381).

    Nesses termos, a mudana organizacional, imbricada comelementos da cultura nacional e organizacional, encontra umimportante referencial no conceito de reduo sociolgicacompreendido no contexto da gesto, para a compreenso deprocessos de transformao organizacional com suporte em umreferencial terico robusto e com identidade local.

    A apreenso crtica de conhecimento estrangeiro recebeuno campo das cincias sociais substancial impulso, culminando noprocesso que denominou de reduo* sociolgica.

    Ao propor o conceito de reduo sociolgica, coerente comuma atitude parenttica*. Ramos (1996) o faz a partir doconceito de reduo fenomenolgica (epoqu ou epoch) deHusserl (1996), desenvolvido no campo da filosofia, em nvelbastante abstrato, que assentava-se na busca da essncia das coisas(ABBAGNANO, 2000).

    A atitude parenttica, no contexto do processo detransposio de tecnologias gerenciais entre setores e organizaessugere que os agentes envolvidos nesse processo sejam capazes desuspender o contedo transplantado, reconhecendo e explicitandosuas razes ou vnculos com o contexto de origem, submetendo essecontedo, por fim, a um criterioso processo de reflexo filosfica.

    Heidegger, no entanto, contrastando a noo detranscendentalidade da intencionalidade da conscincia com anoo de sujeito como um ser-no-mundo define reduo comosuspenso das relaes referenciais constitutivas dos objetos nomundo, pela desmundanizao dos objetos.

    *Reduo consiste no

    esforo de eliminao

    dos elementos acessri-

    os ou secundrios capa-

    zes de prejudicar a captu-

    ra e compreenso do

    contedo essencial de

    um objeto. Fonte: Ramos

    (1996).

    *Atitude parenttica

    assume o significado de

    por entre parnteses,

    ou seja, de suspender

    um determinado conte-

    do. Fonte: Ramos (1996).

  • 81Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    Transpondo essa atitude para o mbito da cincia social,podemos afirmar que cada objeto implica a totalidade histrica emque se integra e, portanto, intransfervel, na plenitude de todos osseus ingredientes circunstanciais. Logo, poderiamos suspender, oupr entre parnteses, as notas histricas adjetivas do produtocultural e apreender os seus determinantes, de tal modo que, emoutro contexto, possa servir subsidiariamente, e no como modelo,para nova elaborao. A prtica da reduo sociolgica se ope transplantao literal (RAMOS, 1996).

    Essa atitude metdica tomada como necessria s cinciassociais destaca a impossibilidade de transplantao plena deprodutos culturais com os seus ingredientes circunstanciais.Depreende-se disso que o cientista social pode servir-sesubsidiariamente de contedo estrangeiro desde que submetido auma atitude reflexiva.

    Podemos inferir, tambm, que a reduo sociolgica,em sentido amplo, implica a busca da essncia de umdeterminado elemento, entendida como o seucontedo nuclear. No campo da sociologia, a reduoassume uma atitude metdica a ser praticada por umsujeito comprometido com seu contexto.

    A atitude metdica permite a obteno do contedo essencialdesses objetos culturais, explicitando os elementos perifricos quelhe conferem identidade. Estes elementos perifricos, importantepontuar, podem ser percebidos como o que de fato afeta a absorodo contedo essencial de um objeto em uma realidade distintadaquela em que foi concebido. Na definio original de Ramos(1996), a atitude metdica* da reduo sociolgica.

    A atitude metdica tal como proposta ope-se prtica daleitura superficial dos fenmenos, alcanando seus aspectosessenciais a partir de uma postura reflexiva. Neste particular ganha

    *Atitude metdica a

    maneira de ver que obe-

    dece a regras e se esfor-

    a por depurar os objetos

    de elementos que dificul-

    tem a percepo exausti-

    va e radical de seu signi-

    ficado. Fonte: Ramos

    (1996).

  • 82Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    destaque a noo de depurao compreendida como o esforode anlise, reconhecimento e interpretao de um contedoproduzido em outra realidade, para dele extrair a essncia,destituindo-o de forma criteriosa dos elementos que o identificamcom seu contexto de origem. O processo de reduo deve, pois, serradical, ou seja, alcanar as razes de seu significado, as quaispodem ser percebidas como os pressupostos que fixam determinadocontedo a um contexto particular e original.

    Com o propsito de melhor explicitar o conceito de reduosociolgica, Ramos (1996) enuncia quatro leis fundamentais a elarelacionadas, as quais so ora tomadas a fim de destacar ascorrespondentes dimenses de anlise do fenmeno da mudanaorganizacional subordinada aos elementos de cultura, com destaqueem relao atitude dos diferentes atores nos processos deapropriao e de absoro e em relao percepo do contedotransposto:

    lei do comprometimento;

    lei do carter subsidirio da produo cientfica estran-geira;

    lei das fases; e

    lei da universalidade dos enunciados gerais da cincia.

    Vejamos, ento, como Ramos (1996) apresenta a relaoentre cada lei e o conceito de reduo sociolgica.

    A lei do comprometimento destaca o imperativo doconsciente engajamento dos atores organizacionais, em especialdo agente de mudana com o seu contexto. Movido pela intenode estimular a produo de uma sociologia em bases genuinamentebrasileiras, Ramos (1996) prope a reduo sociolgica comomtodo e atitude do estudioso comprometido com o local,conforme explicitado a seguir:

    A reduo sociolgica um mtodo destinado a habilitaro estudioso a praticar a transposio de conhecimentos e

  • 83Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    de experincias de uma perspectiva para outra. O que ainspira a conscincia sistemtica de que existe uma pers-pectiva brasileira. Toda cultura nacional uma perspectivaparticular. Eis porque a reduo sociolgica , apenas,modalidade restrita de atitude geral que deve ser assumidapor qualquer cultura em processo de fundao. (RAMOS,1996, p. 42).

    Contudo, como j vimos, precisamos estar atentos que aformulao de Ramos (1996) ora em evidncia contrasta comprticas consolidadas na trajetria histrica de edificao deimportantes elementos da cultura brasileira, especialmente no quediz respeito exaltao ao estrangeiro no contexto da formaogerencial nacional.

    Um olhar para o conceito de reduo sociolgica naperspectiva da Administrao Pblica permite destacar o imperativode reconhecimento desse setor como detentor de diferenasessenciais em termos de finalidade, de limites de ao e de natureza,de dimenso e complexidade das relaes de poder, e como detentorde uma atitude profissional efetivamente comprometida com ocampo ou a organizao.

    A constituio e manuteno de espaos, o desenvolvimentode capacidades tcnicas, humanas e conceituais, a superao daperspectiva demasiadamente tecnicista, reprodutivista, imediatistae instrumental so condies que influenciam a formao de umambiente propcio prtica da necessria atitude reflexiva.Ao agente engajado, por tanto, impe a assuno de umaracionalidade de orientao mais substantiva, que transcenda ocircuito estrito da instrumentalidade.

    A ideia de fundo, portanto, parece residir na capacidadede, sem ser refratrio, refletir sobre os pressupostos e pertinnciados conceitos subjacentes a esse contedo ao servir de experinciase conhecimento produzido em outras realidades. Essa atitudeconsciente de permeabilidade ao contedo exgeno, assumida comorecurso de inspirao, conduz a outro enunciado essencial dareduo sociolgica a subsidiariedade da produo estrangeira.

  • 84Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    A lei do carter subsidirio da produo cientficaestrangeira apresenta que [...] toda a produo cientficaestrangeira , em princpio, subsidiria. (RAMOS, 1996, p. 113)

    preciso assinalar, inicialmente, que, a despeito do atenuanteem princpio expresso no enunciado da citada lei, uma posiobastante firme acerca da natureza subsidiria atribuda produointelectual de origem estrangeira.

    A reduo sociolgica sustenta que as cincias sociais noBrasil precisam, no isolar-se, desconsiderando o contedoproduzido no exterior, mas apreender essa produo deforma crtica e contextualizada em carter subsidirio, oque passa por identificar e compreender os processos dosquais resultaram esses contedos exgenos.

    Coerente com a noo de reduo sociolgica, a assunoda produo intelectual estrangeira como elemento acessrio, ousubsidirio, requer a adoo de uma atitude consciente em relao necessidade de forte e sistemtica reflexo capaz de alcanar ospressupostos informadores do contedo exgeno que se pretendatomar como influncia.

    Nesse mesmo sentido, assume destaque a necessrialocalizao da produo intelectual nacional em uma posio decentro relativamente ao fenmeno, deslocando para a periferia como subsidiria e incidental a contribuio estrangeira. Essaposio subordinada que atribuda ao contedo estrangeiro estassentada no reconhecimento de que cada objeto cultural revestido de uma intencionalidade.

    Em suma, no se advoga o isolacionismo, seno a oposio prtica reprodutivista destituda do necessrio filtro crtico emrelao aos objetos culturais transplantados.

    Relacionando as noes de essencialidade para aorganizao pblica e de subsidiariedade da produo exgena

    vPerceber os atributos

    que identificam essa

    intencionalidade

    inerente ao esforo de

    reduo.

  • 85Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    lei do comprometimento, surge outro aspecto de influncia noprocesso de introduo de inovaes gerenciais, qual seja, a posiosubordinada assumida pela organizao mais precisamente pelosatores envolvidos no processo.

    Voc j vivenciou na organizao em que trabalha alguma

    incluso de nova tecnologia gerencial? Observou a diferena

    de comportamento entre os atores envolvidos?

    Essas diferentes atitudes que podemos evidenciar,comumente, entre os diferentes atores envolvidos, serve parareafirmar a crena na capacidade dos atores organizacionaisassumirem uma posio mais autnoma como produtores deconhecimento gerencial, como exalta o papel do agente externo(consultor), coerente com o trao cultural caracterstico de fascniopelo estrangeiro seja a pessoa, seja o contedo.

    Essa postura tende a potencializar uma atitude passiva ereativa por parte dos membros da organizao, contribuindo parareforar a percepo de essencialidade do contedo entrante emsua quase totalidade, relaxando-se, por conseguinte, a oposiodos necessrios filtros crticos.

    Neste sentido, Siqueira e Mattos (2008) assinalam o papelmenos estratgico e mais tcnico da atuao da consultoria no setorpblico em comparao com o ambiente privado, notadamente emface da substancial complexidade dos arranjos de poder queconformam aquele particular campo.

    Uma anlise do conceito de reduo no nvel organizacionalexige ainda a identificao dos diferentes atores e seus papis noprocesso de transposio de tecnologia. Nesse particular, destaca-se o crescente dinamismo da relao entre a pesquisa acadmicana produo de conhecimento e a atuao dos consultores agentesde transformao desse contedo em instrumentos gerenciais e desua transposio para as organizaes.

  • 86Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    Uma das ideias essenciais dessa formulao conceitual que no se advoga a oposio de obstculos absoro doconhecimento produzido no exterior, seno a necessria submissodesta produo ao crivo da realidade e necessidades queparticularizam o local. Vale aqui registrarmos a extenso da definiode exgeno que deve ser relativizada, operando sua compreensosempre em relao ao contexto de aplicao

    Com isso, podemos sustentar ser no somente vlida, mastambm desejvel a permeabilidade tanto das fronteiras que aindademarcam os campos de conhecimento, quanto dos diversosespaos, realidades e culturas em que os conhecimentos de modogeral so produzidos.

    Essa permeabilidade desejvel desde que levada a efeito areduo sociolgica, especialmente como atitude e percebido o fatode que cada contedo carrega consigo mltiplos vnculos com ocontexto em que foi construdo originariamente.

    Outra lei fundamental que busca explicitar o conceito dereduo sociolgica a lei das fases que segundo Ramos (1996,p. 129) uma lei que destaca a noo de razo sociolgica,[...] a partir da qual tudo que acontece em determinado momentode uma sociedade adquire seu exato sentido. Isso est relacionadocom o senso de perspectivista da reduo sociolgica, quepreconiza no somente a singularidade do contexto, mas a influnciadeste como elemento constituinte do prprio objeto. Em ltimainstncia, o sentido de um objeto no se desvincula de seu contexto.

    Sendo assim, nem aspectos da nova Administrao Pblica,nem conceitos e tecnologias gerenciais que nela se sustentam,podem ser transpostos diretamente e tomados como contedoprincipal de um processo de transformao gerencial no setorpblico sem que se reconhea o estgio de desenvolvimento dassociedades que caracterizam ambos os contextos.

    Assim, podemos entender que os fundamentos delimitadoresdo cenrio que autorizariam a introduo de um esforo reformadorsubordinam-se ao nvel e pauta de demandas que a sociedadeapresenta ao Estado. Logo, as formas assumidas pelo Estado e seu

    vO momento histrico estgio ou fase doambiente social gerador

    de determinado objeto

    cultural merece

    destaque.

  • 87Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    Plane

    jamen

    to

    Plane

    jamen

    to

    Qualidade

    Qualidade

    Organiza

    o

    Organiza

    o

    Eficincia paraa competitividade

    aparelho devem mostrar-se coerentes com o momento histricoexperimentado por essa sociedade. , pois, o conjunto de relaesque se estabelece no nvel da sociedade que vai influenciar aconfigurao da correspondente estrutura de Estado, definindo suaextenso e amplitude de servios. Afastamos aqui, portanto, qualquerpossibilidade de admitirmos a existncia de estruturas ou modelosuniversalmente aplicveis, independentes de contexto.

    Diante desta discuso podemos afirmar que a intencionalidade

    tambm um elemento central nessa discusso, voc

    concorda?

    Perceber que os objetos culturais transpostos(conceitos, tecnologias gerenciais etc.), alm derelacionados a um contexto especfico, esto intensamentevinculados a um momento histrico. Exemplificando, aemergncia de tecnologias gerenciais como a Gesto daQualidade em organizaes pblicas, Planejamento Estratgico, eoutras que a sucederam e com ela se relacionam, se d em ummomento no somente de abertura e intensa exposio do mercadonacional aos demais atores internacionais, mas de rearranjo dasrelaes entre esses agentes econmicos, fato que por si s eleva asexigncias de eficincia em busca de competitividade. comesse esprito e propsito que a Gesto da Qualidade surgeno Pas e se dissemina sob a forma de modelos de gesto.

    O transplante desses modelos, profundamente identificadoscom um perodo especfico vivido pelo segmento empresarialbrasileiro e internacional complexo e turbulento para contextosorganizacionais e principalmente de setores distintos privado epblico sinaliza o substancial esforo de apreenso exigido.

    No reconhecer o carter subsidirio e historicamentesituado do patrimnio intelectual estrangeiro (exgeno organizao, ou ao setor pblico), portanto, pode viesar o processode assimilao desse contedo, alm de reforar expectativas que

  • 88Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    se revelam em sua essncia inconsistentes com o novo contextoorganizacional de aplicao.

    Conforme j referenciado, a assimilao de elementosexgenos, diferentemente de uma atitude de transposio direta,avanando mesmo em relao a um esforo meramente adaptativoque se opera no plano metodolgico de introduo, advoga a noode que a absoro requer a fluidez de conceitos, que so a essnciadesses objetos culturais as tecnologias. Esse trnsito de conceitostem como pressuposto a universalidade dos conceitos fundamentaisque so inerentes organizao. Esse pressuposto encontra guaridana lei da universalidade dos enunciados gerais da cincia.

    Por fim, a lei da universalidade dos enunciados geraisda cincia, afirma que a reduo sociolgica reconhece auniversalidade da cincia to somente no domnio dos enunciadosgerais. Refratria ao isolacionismo, tal como evidencia a lei dasubsidiariedade da produo intelectual estrangeira, a lei dauniversalidade dos enunciados prope [...] levar o cientista asubmeter-se exigncia de referir o trabalho cientfico comunidadeem que vive. (RAMOS, 1996, p. 123).

    Considerando que a sociedade atual vive em uma era

    denominada por muitos autores como a era do conhecimento,

    qual o papel da cincia neste momento? Ser que ela vem

    crescendo ou no?

    Sensvel ao impacto da intensa circulao da produo deconhecimento entre as sociedades, a cincia crescentementeresultante de um esforo que envolve mltiplas culturas, ainda queno desconhea as especificidades do local. Outro sentido conferido universalidade da cincia o de que todos a que ela se devotamesto, em determinado momento, em um mesmo crculo semntico,ou seja, admitem como vlido um mesmo repertrio central deenunciados (RAMOS, 1996).

  • 89Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    De acordo com Ramos (1996) esse conjunto de categorias,ou enunciados gerais produzidos por diferentes autores no cursoda formao desse campo da cincia, forma o ncleo central doraciocnio sociolgico, o qual tido menos pela observao literale direta do que esses autores pensaram mediante a percepo decomo pensaram o que escreveram.

    A ideia de fundo sugere que componentes essenciais dosenunciados cientficos podem circular entre culturas e seremapropriados quando submetidos a um rigoroso processo deassimilao crtica. Este no somente admite essa influncia, masse baseia em uma atitude reflexiva comprometida com as feiesdos contextos histricos de origem e de destino.

    A apropriao do conceito de reduo sociolgica, eparticularmente a lei da universalidade dos enunciados gerais, aonvel da Administrao ou da organizao Pblica reconhece aorganizao como um conceito complexo e multifacetado, composto,portanto, por uma gama de outros conceitos que se rearranjam dediferentes formas, oferecendo igualmente distintas leituras dofenmeno. H conceitos no campo dos estudos organizacionais,portanto, que por seu carter geral, com maior facilidade assumemesse atributo de universalidade.

    O exerccio da reduo no campo particular das cinciassociais, portanto, e no campo dos estudos sobre a cultura e amudana organizacional, implicaria a apreenso crtica deconceitos com vistas expanso ou desenvolvimento de umdeterminado corpo terico e, por conseguinte, orientado para aampliao de seu poder interpretativo e explicativo da realidadepercebida.

    Reconhecendo a Administrao como uma cincia socialaplicada que constitui tambm (e acentuadamente) um campo comcrescente incidncia de contedo gerencial de origem estrangeiramais intensa, se revela a importncia de uma atitude assimilativacom essa inspirao. Disso decorre, ento, a possibilidade de umaaproximao do conceito de reduo sociolgica em relao aocampo da gesto das organizaes, explicitando a relevncia deuma atitude gerencial com essas feies.

  • 90Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    Em suma, na qualidade de procedimento crtico-assimilativo,a reduo sociolgica impulsiona a busca pelo universal,subordinado ao particular ao local. No ope-se transplantaode contedos subjacentes a conceitos ou modelos, mas a faz deforma criteriosa e subordinada a uma reflexo conscienteenvolvendo especialmente seus pressupostos. A reduo, portanto,visa ao contedo em detrimento do formato.

  • 91Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    A COMUNICAO NOPROCESSO DE MUDANA

    Tomada a mudana organizacional tanto como um processoemergente do comparti lhamento de percepes quanto sereconhecidos os reflexos do fenmeno da resistncia;a comunicao ocupa posio central nesse processo.

    intuit ivo reconhecer que as falhas nos f luxos decomunicao organizacional afetam diretamente os resultados deum processo de mudana. Pensando bem, voc ver que acomunicao , em diferentes nveis de intensidade, elementosubjacente a qualquer esforo de reduo da resistncia mudanaque possa ser pensado com base nas reflexes empreendidas sobreo tema discutido na seo anterior.

    Um primeiro esforo indispensvel para a melhorcompreenso da comunicao no contexto de um processo demudana organizacional conhecer os elementos que compemesse fenmeno. Essa condio para a ao gerencial orientadapara a transformao organizacional.

    De forma bastante sinttica, a comunicao organizacionalpode ser definida como um processo de transferncia de contedo(dados, informaes ou conhecimentos) a partir de um ponto deorigem a um ponto de destino, seguido da sua devida compreenso.O processo de comunicao pode ser modelado de forma aevidenciar a existncia de fases e componentes cuja descriopode permitir melhor nvel de compreenso e diagnstico dos seusresultados.

  • 92Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    O grau de eficcia do processo de comunicao definido pela relao entre o contedo percebido peloreceptor e/ou contedo desejado pelo emissor.

    Em geral essa relao no resulta em uma identidade,podendo ser inferior ou superior unidade. O quociente da relaoser inferior unidade quando a mensagem enviada no forcompreendida em toda a extenso desejada pelo emissor.Essa situao ocorre quando o receptor no compreende parcelada mensagem hiptese em que h um dficit de compreenso.

    Em situao oposta est o caso em que a relao entrecontedo percebido e contedo desejado evidencia maior proporodaquele. So os casos em que os receptores fazem ilaes noautorizadas ou desejadas em relao ao contedo esperado damensagem. Nessas situaes ocorre, em geral, um superdi-mensionamento do contedo da mensagem, atribuindo a ele umaextenso no pretendida.

    A eficcia da comunicao influenciada por elementos

    especficos que so determinantes na qualidade de seu

    resultado final. A partir de agora vamos estudar mais

    profundamente cada um destes importantes elementos.

    Preparado para mas este desafio?

    A definio do destinatrio constitui o primeiro aspectode particular relevncia na anlise das disfunes identificveis nosprocessos de comunicao organizacional na AdministraoPblica. Nesses termos, o destinatrio pode diferir do receptor, estedefinido como o que recebe a mensagem.

    So comuns atitudes administrativas que evidenciam essadiferena entre destinatrio e receptor. Constitui prtica recorrentena Administrao Pblica a generalizao do alcance do

    vTemos aqui comodestinatrio o grupo oupessoa a quem interessao contedo da

    mensagem.

  • 93Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    comunicado com o propsito de minimizar efeitos negativos de umaao restritiva. Este um caso particular em que os destinatriosconstituem um subconjunto dos receptores.

    Essa atitude tem como reflexo potencial a perda no processode comunicao, tendo em vista que os efetivos destinatrios deuma mensagem transmitida de forma geral podem no ter sidoatingidos, ao tempo que quem no compunha este escopo de destinopode ter seu desempenho afetado justamente por no compreenderseu contedo.

    Situao oposta podemos verificar em situaes em que osdestinatrios formam um grupo maior do que os de receptores damensagem. Um exemplo disso so as situaes em que oscomunicados so transferidos pela elevada Administrao aosdirigentes setoriais, cabendo a estes, em momento posterior,repassar as informaes.

    Note que ambas so atitudes de comunicao cuja aplicaoe resultados dependero das contingncias impostas ao gestor edemais envolvidos no processo. Assim, no h juzo de mritopreexistente acerca da melhor forma a adotar, mas uma submissoao contexto, que, em ltima instncia, definir a atitude gerencialmais compatvel.

    O processo de filtragem caracterizado pela manipulao(seleo, omisso, adulterao) do contedo da mensagem (dados,informaes ou conhecimento) pelo emissor com vistas a que sejapercebida de forma mais favorvel pelo receptor, ou seja, adequadaaos fins pretendidos pelo emissor.

    Esse procedimento imprime no contedo da mensagem osinteresses e as percepes da pessoa que elabora sua sntese paraa difuso, marcando-a com um inquestionvel trao desubjetividade, decorrente da linguagem, valores e percepes doagente encarregado da codificao.

    A incidncia desse fenmeno disfuncional, que inerenteao processo de comunicao organizacional, deve ser minimizadaa fim de reduzir perdas decorrentes de compreenses equivocadas,parciais ou distorcidas, envolvendo o contedo da mensagem.

  • 94Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    Se a filtragem esta relacionada manipulao do contedo da

    mensagem, ser que isso implica em problemas? Como evitar

    situaes desagradveis relacionada a este elemento?

    Como qualquer situao corriqueira em nossa vida estamossujeitos a problemas. Contudo existe diferentes maneiras deevitarmos a ocorrncia dos problemas de filtragem, que podem,inclusive, advir de ao inconsciente, so, em geral, simples. Entreelas podemos destacar: a reviso dos textos por pessoas dediferentes reas e nveis da organizao; a adoo de forma objetivae direta de exposio; a estruturao completa do texto, evitandopressupor que todos os interlocutores (destinatrios damensagem) sejam detentores de conhecimento prvio especficosobre determinado assunto que se pretenda omitir.

    A percepo seletiva caracterizada como atitude prpriado receptor, que tende a perceber a mensagem com base nas suasnecessidades, motivaes, interesses e expectativas pessoais.

    A eficcia dos esforos orientados para atenuar os efeitosdanosos da percepo seletiva no processo de comunicao, pelofato de normalmente estar afeta s condies do destinatrio (nvelde ateno, comprometimento, ambiente de trabalho, entre outros),est, em geral, relacionada ao meio de comunicao adotado e forma da mensagem.

    A escolha do canal de comunicao tem significativo impactona determinao da eficcia da comunicao, pois vai definir aintensidade com que o receptor sensibilizado pela mensagem.

    A adequao da linguagem constitui outro importantefator de eficcia do processo de comunicao. A linguagem oconjunto de cdigos de envio da mensagem, sendo importantedestacarmos que o significado das palavras no est nelas; masnas pessoas que as utilizam.

    Em que pese a singeleza deste aspecto do processo decomunicao, no so raras as ocasies em que a necessidade detransmisso de mensagens so tomadas como oportunidades parao exerccio de redao ou oratria demasiadamente qualificada,

    vEsta mensagem pode serpor um memorando,e-mail, cartazes, reunio,exposio verbal nos

    setores etc.

  • 95Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    que, em casos extremos, resultam absolutamente estreis em termosde resultado.

    Contudo, resultados anlogos so verificados nas situaesem que preponderam em demasia nas mensagens os cdigosespecficos de determinada rea do conhecimento, sobretudo, nocaso de terminologias tcnicas.

    Em se tratando de comunicaes de amplitude corporativa,ou seja, que extrapolem os limites de uma rea ou setor, os jargesespecializados devem ter aplicao restrita ao mnimo, e, em casode incidncia, aconselhvel que seu significado esteja devidamenteexplicado.

    Em suma, diante das possveis disfunes capazes decomprometer o processo de comunicao, so estratgias e aesindicadas: a formalizao dos contedos; a transparncia dasdecises; a ao planejada; a reduo da assimetria de informao;o estabelecimento de canais de feedback; a qualificao e oenvolvimento dos atores envolvidos no processo de comunicao.

    Complementando......

    Amplie seus conhecimentos sobre modelos mentais fazendo a leitura daobra indicada a seguir:

    Escolas que aprendem de Peter Senger et al.

  • 96Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    ResumindoNesta Unidade, voc estudou a mudana

    organizacional sob a perspectiva sistmica. O que implica

    assumi-la como um processo complexo, dinmico e

    multifacetado. Alm disso, no contexto do pensamento

    sistmico, a mudana baseia-se no imperativo de identifi-

    car, compartilhar e conferir novo significado a crenas e va-

    lores que moldam a interpretao das pessoas em relao

    organizao. Mudar a organizao pode ser assumido, por-

    tanto, como mudar a forma com que as pessoas percebem a

    organizao.

    Esse compartilhamento de percepes que d ensejo

    reflexo, e, portanto, mudana, depende do processo de

    comunicao. Compreender sua dinmica, incluindo os fa-

    tores que limitam a efetividade da comunicao, condio

    necessria para a conduo de um processo de mudana.

    Outro elemento central na abordagem desta Unidade

    foi o conceito de reduo sociolgica tomado no contexto

    da apropriao de conceitos e tecnologias de gesto nas or-

    ganizaes pblicas. Esse conceito contribui para que pos-

    samos compreender os processos de transposio de

    tecnologias de gesto de organizaes privadas para o setor

    pblico. Faz isso explicitando que as tecnologias, tomadas como

    operacionalizaes de conceitos, podem ser transferidas en-

    tre distintos contextos no campo da gesto, se reconhecidos

    esses conceitos e devidamente ressignificados em solues

    gerenciais coerentes com o ambiente de aplicao.

  • 97Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Unidade 2 Mudana e complexidade organizacional

    Atividades de aprendizagem

    Considerando os objetivos desta Unidade econtextualizando-a em relao Administrao Pblica,faa as atividades a seguir. Em caso de dvidas no hesiteem consultar seu tutor.

    1. Entreviste seus colegas e seu coordenador buscando saber qual a

    percepo dessas pessoas em relao avaliao de desempe-

    nho. Procure identificar os modelos mentais recorrentes em re-

    lao ao tema. Aps isso, reflita acerca do potencial impacto de

    mudanas de fundo estritamente instrumentais sobre essa prti-

    ca, e realize discusses nos fruns de interao disponvel no

    Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem.

    2. Procure identificar eventos ou ciclos de mudanas recentes que

    voc vivenciou. Liste as principais variveis intervenientes nesse

    processo, ou seja, fatores que o afetaram. Procure relacionar es-

    sas variveis entre si, descrevendo como elas se influenciam

    mutuamente.

    3. Identifique e liste mudanas que tenham ocorrido ou que este-

    jam ocorrendo em seu local de trabalho de acordo com estes pres-

    supostos.

    4. Analise uma situao real ocorrida em uma organizao sobre pro-

    cessos de introduo de tecnologias gerenciais. Reflita sobre eles

    luz dos conceitos de antropofagia organizacional e de reduo

    sociolgica.

  • 98Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    5. Descreva, com base no conceito de reduo sociolgica, uma

    metodologia para a transposio de tecnologias gerenciais em

    uma organizao pblica.

    6. Responda as questes a seguir que integram a Unidades 1 e 2.

    a) Pense em alguma situao ou processo de mudana

    organizacional de que tenha conhecimento, preferivel-

    mente que tenha vivenciado. Identifique e reflita so-

    bre as fases do processo, os acertos, os imprevistos

    e os erros cometidos. Busque refletir sobre suas causas

    e consequncias.

    b) Pense na amplitude e profundidade que essa mudana

    alcanou, identificando se houve mudanas nos pres-

    supostos do sistema de gesto at ento vigente, ou se

    as transformaes limitaram-se predominantemente ao

    nvel de superfcie. Identifique a ocorrncia e os mo-

    dos de manifestao do formalismo e do jeitinho e as

    implicaes desses fenmenos no caso estudado.

    c) Pense e discuta acerca de como os conceitos de antro-

    pofagia organizacional e de reduo sociolgica na pers-

    pectiva gerencial poderiam oferecer melhores oportu-

    nidades de transformaes substantivas no sistema de

    gesto da organizao.

  • 99Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Consideraes Finais

    CONSIDERAES FINAIS

    Coerente com o objetivo geral da disciplina, ao final dessadisciplina, Cultura e mudana organizacional, voc desenvolveuconhecimentos que o capacitam a analisar e compreender aorganizao pblica, notadamente em seus processos detransformao.

    O contedo e direcionamento da disciplina pressupe que aorganizao pblica, independentemente da esfera de governo emque opere, de fato est fortemente integrada e comprometida pelovalor maior do interesse pblico com os programas e projetosdesenvolvidos nas demais esferas governamentais. Tendo em vistao propsito aplicado da disciplina, esperamos que o contedoestudado possa contribuir com a anlise, o diagnstico e a produode solues para problemas organizacionais e interorganizacionais,dos mais simples aos mais complexos.

    Reconhecer que a organizao pode ser percebida como umorganismo vivo, em constante processo de mudana, seja paradesenvolver-se e adaptar-se ao ambiente em que atua, seja paradesagregar-se em caso de inrcia da ao gerencial, pressupostodo estudo da gesto pblica.

    As organizaes pblicas, em quaisquer dos poderes e dasesferas de governo, esto sob tenso de diferentes foras compelindo-as a oferecerem bens e servios pblicos em nveis de quantidade ede qualidade mais elevados. Respondendo a esses vetores, asorganizaes produtos de um construo histrica particular soredesenhadas em suas estruturas materiais e humanas e seusprocessos administrativos e finalsticos, incorporam novas tecnologiasgerenciais, redefinem seus objetivos institucionais, enfim. Tudo issofoi objeto de anlise do contedo desta nossa disciplina.

  • 100Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    REFERNCIAS

    ABBAGNANO, Nicola. Dicionrio de filosofia. So Paulo: Martins Fontes,2000.

    ALVERGA, Carlos Frederico. Levantamento terico sobre as causas dosinsucessos das tentativas de reforma administrativa. Revista do ServioPblico. Ano 54, n. 3, jul/set, 2003.

    ANDRADE, Aurlio de Leo; SELEME, Acyr; RODRIGUES, LusHenrique; SOUTO, Rodrigo. Pensamento sistmico caderno de campo: odesafio da mudana sustentada nas organizaes e na sociedade. PortoAlegre: Bookman, 2006.

    ARGYRIS, Chris; SCHN, Donald A. Organizational learning II: theory,method and practice. Addison-Wesley, 1996.

    BARBOSA, Lvia. O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual que osoutros. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

    _________ . Meritocracia brasileira: o que desempenho no Brasil?Revista do Servio Pblico. Ano 47, v. 120, n. 3, set/dez, 1996.

    BERGUE, Sandro Trescastro. Gesto de pessoas em organizaespblicas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2007.

    BERTERO, Carlos Osmar; VASCONCELOS, Flvio Carvalho de;BINDER, Marcelo P. Estratgia empresarial: a produo cientficabrasileira entre 1991 e 2002. Revista de Administrao de Empresas.v. 43, n. 4, p. 48-62, out/dez, 2003.

    BORGES, L.O.; ALBUQUERQUE, F. J. B. Socializao Organizacional.In ZANELLI, J. C.; BORGES; ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V.Psicologia, Organizaes, e Trabalho no Brasil. 2004, p. 331-356.

    BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil, de 05 deoutubro de 1988 e emendas constitucionais.

  • 101Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Referncias Bibliogrficas

    BURREL, Gibson; MORGAN, Gareth. Sociological paradigms andorganisational analysis: elements of the sociology of corporate life.London: Heinemann, 1979.

    CALDAS, Miguel Pinto. Santo de casa no faz milagre: condicionantesnacionais e implicaes organizacionais da fixao brasileira pela figurado estrangeiro. In: MOTTA, Fernando Claudio Prestes; CALDAS, MiguelPinto (Orgs.). Cultura organizacional e cultura brasileira. So Paulo:Atlas, 1997.

    ________. Em busca de um modelo abrangente para a difuso demodismos gerenciais: porque os consultores no so os nicos a culpar? In:CALDAS, Miguel Pinto; WOOD Jr., Thomaz. Transformao e realidadeorganizacional: uma perspectiva brasileira. So Paulo: Atlas, 1999.

    CAVEDON, Neusa Rolita. Cultura organizacional: gerencivel, homogneae quantificvel? In: BITENCOURT, Claudia. (Org). Gesto contemporneade pessoas: novas prticas, conceitos tradicionais. Porto Alegre:Bookman, 2004.

    ________. Antropologia para Administradores. Porto Alegre: Ed. UFRGS,2008.

    CHU, Rebeca Alves. Resistir preciso. In: WOOD Jr. Thomaz (Coord.).Gesto empresarial: comportamento organizacional. So Paulo: Atlas, 2005.

    COSTA, Frederico Lustosa da. Condicionantes da reforma do Estado noBrasil. In: MARTINS, Paulo Emlio Matos; PIERANTI, Octvio Penna.Estado e gesto pblica. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2007.

    ETZIONI, Amitai. Organizaes modernas. So Paulo: Pioneira, 1976.

    FERREIRA, Victor C. Paradela; CARDOSO, Antnio S. Rito; CORRA,Carlos J.; FRANA, Clio Francisco. Modelos de gesto. Rio de Janeiro:Editora FGV, 2005.

    FINGER, Matthias; BRAND, Silvia Brgin. Conceito de organizao deaprendizagem aplicado transformao do setor pblico: contribuiesconceituais ao desenvolvimento da teoria. In: EASTERBY-SMITH, Mark;BURGOYNE, John; ARAUJO, Luis. Aprendizagem organizacional eorganizao de aprendizagem: desenvolvimento na teoria e na prtica.So Paulo: Atlas, 2001.

    FISCHER, Tnia M. D. O ensino de administrao pblica no Brasil, osideais de desenvolvimento e as dimenses da racionalidade. Tese dedoutorado. So paulo: USP, 1984a.

  • 102Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    _______ . Administrao pblica como rea de conhecimento e ensino: atrajetria brasileira. Revista de Administrao de Empresas. v. 24, n. 4,p. 278-288, out/dez, 1984b.

    FLEURY, Maria Tereza Leme. O desvendar da cultura de umaorganizao uma discusso metodolgica. In: FLEURY, Maria TerezaLeme; FISCHER, Rosa Maria (Orgs.). Cultura e poder nas organizaes.So Paulo: Atlas, 1989.

    ________. Estria, mitos, heris: cultura organizacional e relaes detrabalho. Revista de Administrao de Empresas. So Paulo, out./dez.1987.

    FREITAS, Alexandre Borges de. Traos brasileiros para uma anliseorganizacional. In: MOTTA, Fernando C. Prestes. Cultura organizacional ecultura brasileira. So Paulo: Atlas, 1997.

    FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala: formao da famlia brasileirasob o regime da economia patriarcal. 51. ed. So Paulo: Global, 2006.

    GUIMARES, Toms de Aquino; MEDEIROS, Janann Joslin. A novaadministrao pblica e a gesto de competncias: mudana eflexibilidade organizacional. In: LIMA, Suzana Maria Valle de (Org).Mudana organizacional: teoria e gesto. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2003.

    HAMPTON, Davis R. Administrao contempornea. So Paulo:McGraw-Hill, 1983.

    HATCH, M.J. Organization theory: modern symbolic and postmodernperspectives. London: Oxford University Press, 1997.

    HERNANDES, Jos Mauro da Costa; CALDAS, Miguel Pinto. Resistncia mudana: uma reviso crtica. Revista de Administrao de Empresas.v. 41, n. 2, p. 31-45, 2001.

    HOLANDA, Sergio Buarque de. Razes do Brasil. So Paulo: Companhiadas Letras, 1995.

    HUSSERL, Edmund. Investigaes lgicas (sexta investigao): elementosde uma eluci-dao fenomenolgica do conhecimento. So Paulo: NovaCultural, 1996.

    KATZ, Daniel; KAHN, Robert L. Psicologia social das organizaes.So Paulo: Atlas, 1987.

  • 103Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Referncias Bibliogrficas

    LIMA FILHO, Dario de O.; SPROESSER, Renato L.; HOFFMANN, GleisiH. Reforma administrativa e resistncias externas: um estudo de caso.Revista de Administrao Pblica. v. 39, n. 1, p. 123-137, jan/fev, 2005.

    MACHADO-DA-SILVA, Clvis Luiz. Nota Tcnica: A estratgia eorganizaes: conversao necessria. In: CLEGG, Stewart R. HARDY,Cynthia e NORD, Walter R. (Orgs.). Handbook de estudos organizacionais:ao e anlise organizacionais. v. 3. So Paulo: Atlas, 2004.

    MARTINS, Humberto Falco. A tica do patrimonialismo e amodernizao da administrao pblica brasileira. In: MOTTA, FernandoC. Prestes; CALDAS, Miguel. Cultura organizacional e cultura brasileira.So Paulo: Atlas, 1997.

    MATIAS-PEREIRA, Jos. Curso de administrao pblica: foco nasinstituies e aes governamentais. So Paulo: Atlas, 2008.

    MODESTO, Paulo. Notas para um debate sobre o princpio da eficincia.Revista do Servio Pblico. Ano 51, n. 2, p. 107-121, abr./jun 2000.

    MORGAN, Gareth. Imagens da organizao. So Paulo: Atlas, 1996.

    MORRIS, Timothy; LANCASTER, Zo. Translating management ideas.Organization Studies. 27 (2), p. 207-233, 2005.

    MOTTA, Fernando Cludio Prestes; CALDAS, Miguel Pinto (orgs.).Cultura organizacional e cultura brasileira. So Paulo: Atlas, 1997.

    MOTTA, Fernando Claudio Prestes; ALCADIPANI, Rafael. Jeitinhobrasileiro, controle social e competio. Revista de Administrao deEmpresas. v. 39, n.1, jan/mar, 1999.

    MOTTA, Fernando Cludio Prestes; ALCADIPANI, Rafael; BRESLER,Ricardo B. A valorizao do estrangeiro como segregao nasorganizaes. Revista de Administrao Contempornea. Edio Especial2001, p. 59-79.

    NICOLINI, Alexandre. Qual ser o futuro das fbricas deadministradores? Revista de Administrao de Empresas. So Paulo,v. 24. n. 2. p. 44-54, abr./jun., 2003.

    PAULA, Ana Paula Paes de. Por uma nova gesto pblica. Rio de Janeiro:Editora FGV, 2005.

    PEREIRA, Cludia Fernanda de Oliveira. Reforma administrativa: oEstado, o servio pblico e o servidor. Braslia: Braslia Jurdica, 1998.

  • 104Especializao em Gesto Pblica

    Cultura e Mudana Organizacional

    PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Exposio no Senado sobre a Reforma daAdministrao Pblica. In: Cadernos MARE da Reforma do Estado.Ministrio da Administrao Federal e Reforma do Estado, Braslia, 1997,Caderno 3, 1997.

    PEREIRA, Luiz Carlos Bresser; SPINK, Peter (Orgs.). Reforma do Estado eadministrao pblica gerencial. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999a.

    __________ . Reflexes sobre a reforma gerencial brasileira. Revista doServio Pblico. v. 50, n. 4, p. 5-30, out/Dez, 1999b.

    PINHO, Jos Antonio G. de. Reforma do aparelho do Estado: limites dogerencialismo frente ao patrimonialismo. Organizao e Sociedade. v. 5,n. 12, p. 59-79, mai/ago, 1998.

    RAMOS, Alberto Guerreiro. Administrao e estratgia dodesenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV, 1966.

    _______ . A reduo sociolgica. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1996.

    RIGGS, Fred W. A ecologia da Administrao Pblica. Rio de Janeiro:FGV, 1964. 203p.

    REZENDE, Flvio da Cunha. O dilema do controle e a falha sequencialnas reformas gerenciais. Revista do Servio Pblico. Ano 53, n. 3, p. 51-75, jul-set, 2002.

    SENGE, Peter. A dana das mudanas: os desafios de manter ocrescimento e o sucesso em organizaes que aprendem. Rio de Janeiro:Campus, 1999.

    ______ et al. Escolas que aprendem. Porto Alegre: Artmed, 2005.

    SERVA, Maurcio. Contribuies para uma teoria organizacionalbrasileira. Revista de Administrao Pblica. v. 24, n. 2, p. 10-21. fev/abr,1990.

    SILVA, N.; ZANELLI, J. C. Cultura organizacional. In: ZANELLI, J. C.;BORGES; ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. Psicologia, Organizaes eTrabalho no Brasil. 2004, p. 407-442.

    SIQUEIRA; Maria Eliza Gonalves de; MATTOS, Pedro Lincoln C. L. de.Consultoria externa em reforma do Estado tem funo tcnica ouestratgica? Um estudo de caso. Revista de Administrao Pblica. v. 42,n. 1, p. 35-60. Jan/fev, 2008.

  • 105Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Referncias Bibliogrficas

    SOUZA, Antnio R. de; ARAJO, Vincius de C. O estado da reforma:balano da literatura em gesto pblica (1994/2002). Revista do ServioPblico. Ano 54, n. 2, p. 59-96, Abr-jun, 2003.

    SROUR, Robert Henry. Formas de gesto: o desafio da mudana. Revistade Administrao de Empresas. v. 34. n. 4, p. 31-45. jul/ago, 1994.

    VIEIRA, Clvis Abreu; COSTA, Frederico Lustosa da; BARBOSA, LzaroOliveira. O jeitinho brasileiro como recurso de poder. Revista deAdministrao Pblica. v. 16, n. 2, p. 5-31, abr/jul. 1982.

    WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologiacompreensiva. v. 1. Braslia: Ed. UnB, 2000.

    WILSON, Woodrow. O estudo da administrao pblica. In: WALDO,Dwight. Problemas e aspectos da administrao pblica. So Paulo:Pioneira, 1966.

    WOOD Jr., Thomaz. Mudana organizacional e transformao da funorecursos humanos. In: WOOD Jr., Thomaz (Coord.). Mudanaorganizacional. So Paulo: Atlas, 2002.