12.19 Quem Eram Os Puritanos

2
1 12.19 Quem eram os puritanos? O Puritanismo foi um movimento que surgiu dentro do protestantismo britânico no final do século 16. A Inglaterra estava separada da submissão papal, mas não da doutrina, liturgia, e ética católica. O rei inglês Henrique VIII por motivos pessoais, e não por convicção teológica liderou uma reforma política no Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales) que defendia o rompimento com a Igreja Católica Romana, vindo a originar-se a Igreja Anglicana. O monarca inglês faleceu e o seu filho, Eduardo VI, tornou-se rei em seu lugar. O jovem regente inglês possuía conselheiros influenciados pela Reforma protestante. Alguns teólogos e professores foram convidados para liderar a Reforma na Inglaterra. Entretanto, este projeto não foi adiante, pois o novo rei veio a falecer prematuramente. A sua irmã mais velha, Maria Tudor, a sangüinária, assumiu o trono ordenando a morte de todos os protestantes, prendendo e expulsando muitos outros do Reino Unido. Em 1559, Elizabeth sucedeu à sua meia-irmã Maria Tudor. A nova rainha da Inglaterra era simpatizante da Reforma. Ainda em 1559, solicitou a revisão do Livro Comum de Oração, e editou em 1562, os 39 Artigos de Fé[1] como padrão doutrinário da Igreja Anglicana.[2] Autorizou a volta dos reformadores ingleses exilados. Todavia, os que retornaram estavam insatisfeitos com a lenta e parcial Reforma eclesiástica que Elizabeth estava realizando. Justo L. González comenta que os que foram expulsos “trouxeram consigo fortes convicções calvinistas, de modo que o Calvinismo se estendeu por todo o país.”[3] Eles haviam contemplado o que os princípios da Reforma poderiam fazer em outros países, agora estavam comprometidos em aplicá-los em sua terra natal. Os que defendiam que a Igreja Anglicana carecia duma completa Reforma foram apelidados jocosamente de "puritanos". De fato, os puritanos acreditavam que a igreja inglesa necessitava ser purificada dos resquícios do romanismo. Eles clamavam por pureza teológica, litúrgica, e moral! Henrique VIII embora discordasse da Igreja Católica acerca dos seus divórcios, ele morreu sustentando o título de Defensor da fé Católica. Mas, os puritanos também ansiavam por mudanças litúrgicas, pois, mesmo a Inglaterra se declarando protestante, a missa ainda era rezada em latim, eram usadas as vestimentas clericais, velas nos altares, e o calendário litúrgico e as imagens de santos eram preservadas. Era uma incoerente ofensa aos reformadores ingleses. A começar pela liderança da Igreja, a prática do evangelho não estava sendo observada. Os puritanos exigiam não apenas mudanças externas, religiosas e políticas, mas mudança de valores, manifesto numa ética que agradasse a Deus, de conformidade com a Palavra de Deus. Foi por causa deste último ponto que o apelido puritano tornou-se mais conhecido. Eles eram considerados puros demais, porque queriam ter uma vida cristã coerente com a Escritura!Infelizmente, uma caricatura horrível é feita deste movimento. Não poucas vezes os puritanos são criticados e mencionados com desdenho; entretanto, isto apenas evidencia a ignorância acerca da grandiosidade da obra e esforço destes homens e mulheres. Muitos perderam a sua vida por serem zelosos com o estudo e ensino das Escrituras Sagradas, por viver consistentemente o puro evangelho de Cristo![4] O presbiterianismo é herdeiro direto deste movimento. Os Padrões de Fé de Westminster são produto da melhor erudição e piedade puritana do século 17. Os presbiterianos que migraram para os EUA, eram todos puritanos. A oração fervorosa, o culto sóbrio e equilibrado, o estudo da Escritura e a pregação da Palavra de Deus, tanto pelo ensino

Transcript of 12.19 Quem Eram Os Puritanos

8/3/2019 12.19 Quem Eram Os Puritanos

http://slidepdf.com/reader/full/1219-quem-eram-os-puritanos 1/2

1

12.19 Quem eram os puritanos? 

O Puritanismo foi um movimento que surgiu dentro do protestantismo britânico no final doséculo 16. A Inglaterra estava separada da submissão papal, mas não da doutrina, liturgia,e ética católica. O rei inglês Henrique VIII por motivos pessoais, e não por convicção

teológica liderou uma reforma política no Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda e Paísde Gales) que defendia o rompimento com a Igreja Católica Romana, vindo a originar-se aIgreja Anglicana. O monarca inglês faleceu e o seu filho, Eduardo VI, tornou-se rei em seulugar. O jovem regente inglês possuía conselheiros influenciados pela Reformaprotestante. Alguns teólogos e professores foram convidados para liderar a Reforma naInglaterra. Entretanto, este projeto não foi adiante, pois o novo rei veio a falecerprematuramente. A sua irmã mais velha, Maria Tudor, a sangüinária, assumiu o tronoordenando a morte de todos os protestantes, prendendo e expulsando muitos outros doReino Unido.

Em 1559, Elizabeth sucedeu à sua meia-irmã Maria Tudor. A nova rainha da Inglaterra erasimpatizante da Reforma. Ainda em 1559, solicitou a revisão do Livro Comum de Oração, eeditou em 1562, os 39 Artigos de Fé[1] como padrão doutrinário da Igreja Anglicana.[2]Autorizou a volta dos reformadores ingleses exilados. Todavia, os que retornaram estavaminsatisfeitos com a lenta e parcial Reforma eclesiástica que Elizabeth estava realizando.Justo L. González comenta que os que foram expulsos “trouxeram consigo fortesconvicções calvinistas, de modo que o Calvinismo se estendeu por todo o país.”[3] Eleshaviam contemplado o que os princípios da Reforma poderiam fazer em outros países,agora estavam comprometidos em aplicá-los em sua terra natal.

Os que defendiam que a Igreja Anglicana carecia duma completa Reforma foram

apelidados jocosamente de "puritanos". De fato, os puritanos acreditavam que a igrejainglesa necessitava ser purificada dos resquícios do romanismo. Eles clamavam porpureza teológica, litúrgica, e moral! Henrique VIII embora discordasse da Igreja Católicaacerca dos seus divórcios, ele morreu sustentando o título de Defensor da fé Católica.Mas, os puritanos também ansiavam por mudanças litúrgicas, pois, mesmo a Inglaterra sedeclarando protestante, a missa ainda era rezada em latim, eram usadas as vestimentasclericais, velas nos altares, e o calendário litúrgico e as imagens de santos erampreservadas. Era uma incoerente ofensa aos reformadores ingleses.

A começar pela liderança da Igreja, a prática do evangelho não estava sendo observada.Os puritanos exigiam não apenas mudanças externas, religiosas e políticas, mas mudança

de valores, manifesto numa ética que agradasse a Deus, de conformidade com a Palavrade Deus. Foi por causa deste último ponto que o apelido puritano tornou-se maisconhecido. Eles eram considerados puros demais, porque queriam ter uma vida cristãcoerente com a Escritura!Infelizmente, uma caricatura horrível é feita deste movimento.Não poucas vezes os puritanos são criticados e mencionados com desdenho; entretanto,isto apenas evidencia a ignorância acerca da grandiosidade da obra e esforço desteshomens e mulheres. Muitos perderam a sua vida por serem zelosos com o estudo e ensinodas Escrituras Sagradas, por viver consistentemente o puro evangelho de Cristo![4]

O presbiterianismo é herdeiro direto deste movimento. Os Padrões de Fé de Westminstersão produto da melhor erudição e piedade puritana do século 17. Os presbiterianos que

migraram para os EUA, eram todos puritanos. A oração fervorosa, o culto sóbrio eequilibrado, o estudo da Escritura e a pregação da Palavra de Deus, tanto pelo ensino

8/3/2019 12.19 Quem Eram Os Puritanos

http://slidepdf.com/reader/full/1219-quem-eram-os-puritanos 2/2

2

como pela prática de uma vida simples, eram marcas que distinguiam estes homens, queinfluenciaram o Cristianismo europeu e norte-americano, e que chegou até ao Brasil,através do missionário Rev. Ashbel G. Simonton.

Notas:

[1] Este documento doutrinário é essencialmente calvinista. Os 39 Artigos de Fé servirampara preparar a abertura de um processo de divulgação do Calvinismo na Igreja Anglicanaque culminaria na Assembléia de Westminster (1643-1648), que produziu a Confissão deFé e os Catecismos Breve e Maior. B.B. Warfield, Studies in Theology in: The Works of.B.B. Warfield, pp. 483-511.[2] A maioria dos clérigos anglicanos relutam, ainda hoje, em adotar uma posição deconsistência teologicamente calvinista. Em geral, os teólogos anglicanos adotam a ViaMedia, ou seja, eles tentam conciliar a teologia romana com a protestante, e formar umsistema doutrinário sincretista. Veja E.A. Litton, Introduction to Dogmatic Theology(London, James Clark &CO, LTD, 3ªed., 1960), pág. xi-xv. A liturgia anglicana ainda segueo The Book of Common Prayer (Livro Comum de Oração), embora dentro da ComunhãoAnglicana cada Província é livre para alterar e adaptá-lo.[3] Justo González, Visão Panorâmica da História da Igreja (São Paulo, Ed. Vida Nova,1998), p. 70.[4] Leitura indispensável sobre este movimento são as obras:1. D.M. Lloyd-Jones, Os Puritanos - suas origens e seus sucessores (PES).2. J.I. Packer, Entre os Gigantes de Deus - uma visão puritana da vida cristã (Editora Fiel).3. Leland Ryken, Santos no Mundo - os puritanos como realmente eram (Editora Fiel).

Autor: Ewerton B. TokashikiFonte: http://www.tokashiki.blogspot.com/  

Mais estudos no sitehttp://sites.google.com/site/estudosbiblicossolascriptura/