12. Intergrais curvilíneas de campos vetoriais
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1
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Curso: Licenciatura em Física / Matemática Componente: Cálculo Vetorial e Integral Prof. Álvaro Fernandes Serafim Aluno(a): ______________________________________
A integral curvilínea de campo vetorial, também pode ser considerada como uma generalização natural do conceito de integral definida. A sua origem está relacionada com o conceito físico de Trabalho.
Considere um campo vetorial contínuo ( ) ( ) ( ) ( )( ) 1 2 3F x, y,z f x, y,z , f x, y,z , f x, y,z=r
, definido no
espaço ( particularmente sobre uma curva suave e orientada C ).
Sabemos que 1f , 2f e 3f são funções escalares contínuas de três variáveis, nas quais podemos
calcular integrais de linha em relação às variáveis x, y ou z ao longo de uma curva C parametrizada por
( ) ( ) ( ) ( )( ): , , , C r t x t y t z t a t b= ≤ ≤r ou
( )( )( )
: ,
x x t
C y y t a t b
z z t
=
= ≤ ≤ =
.
Estas integrais curvilíneas ocasionalmente aparecem em conjunto.
Por exemplo, ( ) ( ) ( ) 1 2 3C C Cf x, y,z dx f x, y,z dy f x, y,z dz+ +∫ ∫ ∫ escrevemos simplesmente como
( ) ( ) ( ) 1 2 3Cf x, y,z dx f x, y,z dy f x, y,z dz+ +∫ .
Assim,
Integral curvilínea de campo vetorial
2
( ) ( ) ( ) 1 2 3Cf x, y,z dx f x, y,z dy f x, y,z dz+ + =∫
( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) b
1 2 3af x t , y t ,z t x' t dt f x t , y t ,z t y' t dt f x t , y t ,z t z' tdt+ + =∫
( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( )( ) b
1 2 3af x t , y t ,z t , f x t , y t ,z t , f x t , y t ,z t x' t , y' t ,z' tdt ⋅ = ∫
( )( ) ( )( ) ( )( )( ) ( ) b
1 2 3af r t , f r t , f r t r ' t dt⋅ =∫
r r r r
( )( ) ( ) b
aF r t r ' t dt⋅∫r r r
que expressamos simplesmente como C
F dr∫r r
,
pois, de ( ) ( ) ( ) ( )( ), ,r t x t y t z t=r vem que ( ) ( ) ( ) ( )( )dr
r ' t x' t , y' t ,z' tdt
= =r
r, de onde ( )dr r ' t dt=r r
.
Assim,
Como o produto escalar de duas funções vetoriais resulta numa função escalar, podemos calcular a
integral de linha de um campo vetorial Fr
ao longo de uma curva suave e parametrizada
( ): , C r t a t b≤ ≤r, através de uma integral definida em relação ao parâmetro t, calculada de a até
b. Ou seja,
Exercício 1: Calcule ( ) ( ) ( ) C
2x dx 3y dy 4z dz+ +∫ , ao longo da:
a) Parábola 2z x
C :y 2
=
= do ponto ( )A 0,2,0 até o ponto ( )B 2,2,4 .
b) Linha poligonal AOB, sendo ( )O 0,0,0 a origem do sistema.
Respostas: a) 36. b) 36.
( ) ( ) ( ) 1 2 3C CF dr f x, y,z dx f x, y,z dy f x, y,z dz= + +∫ ∫r r
define a integral de linha do campo
vetorial ( ) ( ) ( ) ( )( ) 1 2 3F x, y,z f x, y,z , f x, y,z , f x, y,z=r
ao longo da curva C parametrizada por
( ) ( ) ( ) ( )( ), , , r t x t y t z t a t b= ≤ ≤r.
( )( ) ( ) b
C aF dr F r t r ' t dt= ⋅∫ ∫r rr r r
Produto escalar de vetores.
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Exercício 2: Calcule a integral de linha do campo vetorial ( ) ( )F x, y y,x= −r
ao longo do caminho
poligonal C de vértices ( )M 1,1 , ( )N 1,1− e ( )P 0, 1− (um triângulo), orientado no sentido anti-
horário. Solução: O triângulo C é uma curva parcialmente suave formada pela união de 3 curvas suaves (segmentos de reta) 1C , 2C e 3C , isto é, 1 2 3C C C C= ∪ ∪ .
Neste caso, 1 2 3C C C C
F dr F dr F dr F dr= + +∫ ∫ ∫ ∫r r r rr r r r
.
Segue que:
( ) ( )( ) ( ): , ,
' ,
1C r t 1 2t 1 0 t 1
r t 2 0
= − ≤ ≤
= −
r
r
( ) ( )( ) ( ): , ,
' ,
2C r t 1 t 1 2t 0 t 1
r t 1 2
= − + − ≤ ≤
= −
r
r
( ) ( )( ) ( ): , ,
' ,
3C r t t 1 2t 0 t 1
r t 1 2
= − + ≤ ≤
=
r
r
1 2 3C C C C
F dr F dr F dr F dr= + + =∫ ∫ ∫ ∫r r r rr r r r
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1
0 0 01,1 2t 2,0 dt 1 2t, 1 t 1, 2 dt 1 2t ,t 1,2 dt= − − ⋅ − + − + − + ⋅ − + − ⋅ =∫ ∫ ∫
( ) ( ) ( ) 1 1 1
0 0 02 dt 1 2t 2 2t dt 1 2t 2t dt ... 4= + − + + − + − + = =∫ ∫ ∫ .
N C1 M
P
C2
C3
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O Trabalho como integral de linha
Imaginemos uma força constante Fr
atuando sobre uma partícula com a intenção de deslocá-la em linha reta de um ponto A até um ponto B. O comprimento do deslocamento é a distância do ponto A
ao ponto B que também é o módulo do vetor d AB=uuurr
. Da Física sabemos que o trabalho realizado por essa força para efetuar esse deslocamento é
( )W F d cos= ⋅ θrr
onde Fr
é o vetor força, dr
é o vetor deslocamento e θ é a medida do ângulo
entre esses vetores. Lembramos da Geometria Analítica a propriedade do produto escalar de vetores que afirma
( )v w v w cos⋅ = ⋅ θr r r r, sendo θ o ângulo entre os vetores v
r e w
r. Assim, o trabalho realizado por
uma força constante Fr
para efetuar um deslocamento em linha reta dr
, é dado por Este é o conceito mais elementar de trabalho.
Vamos generalizar este resultado para um campo de forças no espaço Fr
que desloca uma partícula ao longo de um caminho curvilíneo (curva) C também no espaço.
Consideremos um campo de força Fur
contínuo numa região D do espaço. Seja C uma curva contida em D e parametrizada por ( ) , r t a t b≤ ≤r
.
Uma partícula move-se ao longo de C do ponto A até o ponto B sendo ( )A r a= r
e ( )B r b= r.
Introduzindo n 1− pontos na curva C entre os pontos A e B , obtemos uma partição
0 1 2 n 1 nA P ,P ,P ,...,P ,P B−= = da curva, que a divide em n arcos (Fig. 1).
W F d= ⋅rr
Fr
( )F cos θr
A B
θ
k 1P −
kTuur
kF
uur
kQ
B = Pn
P1
P2 P3
C
Pn-1
kP
A = P0
5
Consideremos um ponto qualquer em cada um destes arcos e denotemos por kQ esse ponto no k-
ésimo arco ������� . Desta forma, ( )k kQ r t=r r
e o vetor unitário (versor) tangente à C no ponto kQ é
( ) ( )( )
kk k
k
r ' tT T t
r ' t= =
ruur ur
r (Fig. 2).
Fig. 1 Fig. 2
Denotemos por ks∆ o comprimento do k-ésimo arco e por kFuur
o vetor (força) do campo de forças
no ponto kQ (Fig. 2).
Se o k-ésimo arco for suficientemente pequeno, a força do campo Fur
varia muito pouco nos pontos
deste arco e podemos considerá-la constante e aproximadamente igual à ( )( )k kF F r t=uur ur r
. Nesse
contexto infinitesimal, também podemos considerar que a partícula move-se em linha reta, na
direção do vetor k ks T∆ ⋅uur
(isto é, o deslocamento é de comprimento ks∆ e ocorre na direção de kTuur
,
versor tangente a curva no ponto kQ ). Assim, o trabalho kW realizado pelo campo vetorial ao longo
do k-ésimo arco é
( ) ( )k k k k k k kW F s T F T s≈ ⋅ ∆ ⋅ = ⋅ ∆uur uur uur uur
e o trabalho total W realizado pelo campo Fur
ao longo de toda a curva C é aproximado por
( )n
k k kk 1
W F T s=
≈ ⋅ ∆∑uur uur
Fazendo o número de arcos aumentar indefinidamente (tendendo ao infinito), o comprimento de cada arco tende a zero, tornando possível as aproximações acima consideradas. Daí,
( ) n
k k k Cnk 1
W lim F T s F T ds→∞ =
= ⋅ ∆ = ⋅∑ ∫uur uur ur ur
Temos então a seguinte definição:
Dados, em uma região D do espaço, um campo vetorial contínuo Fur
e uma curva suave e
parametrizada C com versor tangente Tur
, então o trabalho realizado pelo campo de
forças Fur
para deslocar uma partícula ao longo de C, segundo a sua orientação é
C
W F T ds= ⋅∫ur ur
k 1P −
kTuur
kF
uur
kQ
B = Pn
P1
P2 P3
C
Pn-1
kP
A = P0
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Lembrando que ( )ds r ' t dt= r e que ( ) ( )
( )r ' t
T T tr ' t
= =r
ur ur
r , temos então
( ) ( )( ) ( ) ( )r ' t
T t ds r ' t dt r ' t dt drr ' t
= ⋅ = =r
ur r r rr
e, portanto, o trabalho realizado pelo campo F
ur ao longo da curva C é
que é uma integral de linha de campo vetorial ao longo de uma curva.
Obs: Podemos encontrar valor positivo, nulo ou negativo para o trabalho W, conforme o ângulo
entre os vetores Fur
e Tur
seja agudo, reto ou obtuso nos pontos de C, respectivamente.
Exercício 3: Calcule o trabalho realizado pelo campo de forças ( ) ( )1 1F x, y x , y− −=ur
que move uma
partícula ao longo da curva de equação y 1 x= do ponto ( )A 1,1 ao ponto 1
B 2,2
.
Resp.: o trabalho é nulo.
C C
W F T ds F dr= ⋅ = ⋅∫ ∫ur ur ur r
7
Integral curvilínea independente do caminho de integração
Definição: Seja Fr
um campo vetorial definido em uma região D do espaço. A integral C
F dr∫ur r
é
dita independente do caminho de integração em D se, qualquer par de pontos A e B em D, o valor da integral é o mesmo para todos os caminhos C que iniciam em A e terminam em B. O seguinte teorema nos dá uma condição necessária para que uma integral curvilínea de campo vetorial seja independente do caminho de integração.
Teorema: Seja Fr
um campo vetorial continuo e conservativo, isto é, existe uma função escalar
contínua ( )u u x, y,z= tal que F u= ∇ur
, numa região D do espaço. Então
( ) ( ) BAC
F dr u u B u A= = −∫ur r
,
para qualquer caminho suave C em D, unindo o ponto A até o ponto B. Prova: Sejam A e B dois pontos quaisquer em D. Seja ( ) ( ) ( ) ( )( ) [ ] C : r t x t , y t ,z t , t a,b= ∈r
, um
caminho suave parametrizado que une ( )A r a= r e ( )B r b= r
. Assim:
( )( ) ( ) b
C C aF dr u dr u r t r ' t dt= ∇ = ∇∫ ∫ ∫ur r r r r
.
Considere a função escalar ( ) ( )( ) [ ] g t u r t , t a,b= ∈r
. Pela regra da cadeia, temos:
( ) u dx u dy u dzg' t
x dt y dt z dt
∂ ∂ ∂= + +∂ ∂ ∂
,
onde as derivadas parciais de u são calculadas nos pontos ( ) ( ) ( )( )x t , y t ,z t . Portanto,
( ) ( )( ) ( ) g' t u r t r ' t= ∇ r r.
Levando em consideração a continuidade de F u= ∇r
e a suavidade de C, podemos aplicar o Teorema Fundamental do Cálculo e escrever
( ) ( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( ) ( ) b bb
a aC aF dr g' t dt g t u r t u r b u r a u B u A= = = = − = −∫ ∫ur r r r r
.
Obs.: Algumas integrais curvilíneas aparecem com a notação B
AF dr∫ur r
. Esta notação deixa
implícito que o campo vetorial Fur
é conservativo. Assim, a integral não depende do caminho de integração C, apenas dos pontos inicial (A) e final (B).
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Exercício 4: Verifique se o campo vetorial ( ) ( ) 2F x, y,z sen x i 2yz j y k= − + +rr r r
é conservativo
em 3ℜ e calcule C
F dr∫ur r
ao longo de qualquer caminho C que liga ( )A 0,2,0 até ( )B ,2,4π . Resp.: 14.
Teorema: Se 1 2 3F f i f j f k= + +rr r r
é um campo vetorial contínuo em um domínio conexo 3D ⊂ ℜ, são equivalentes as três afirmações seguintes:
a) Fr
é conservativo em D, isto é, F u= ∇r
para alguma função escalar u em D;
b) A integral de linha de Fr
é independente do caminho de integração em D;
c) A integral de linha de Fr
ao redor de todo caminho fechado simples em D é igual a zero. Obs.: Quando o caminho de integração é fechado, costumamos denotar a integral curvilínea do
campo vetorial Fr
ao longo de C como ∮ ����
.
Exercício 5: Calcule ( )
( )
1,1
1,0F dr∫ur r
, sendo ( ) ( ) ( )x y x yF x, y e 1 i e j+ += + +ur r r
.
Exercício 6: Determine o trabalho realizado pelo campo de forças
( ) ( ) ( ) ( )F x, y,z 1 yz i 1 xz j 1 xy k= + + + + +ur rr r
no deslocamento de uma particular:
a) ao longo da linha poligonal ( ) ( ) ( ) ( )A 1,1,0 ,B 2,2,0 ,C 2,2,6 ,D 0,5,0 e ( )E 4,5,5 .
b) ao longo da circunferência ( ) ( )( ) ( )( ) ( ) [ ] r t 2 cos t i 2 sen t j 4 k , t 0,2= + + + + ∈ πrr rr
.
Respostas:
5) e2 – e.
6) a) 112 u.t. b) 0 u.t.