11544585 Filosofia Para Adolescentes

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Antonio Jaques de Matos FILOSOFIA PARA ADOLESCENTES (SEM ACADEMICISMOS) Prefcio danaturezahumanaquererexplicartudoasuavolta,talvez,como pensavaNietzsche,paraevitarsurpresasdesagradveis,mas,tambm,porque, isso,nosdgrandesatisfao,comopensava24sculosatrs,Aristteles.o quenospropomosfazernestelivroemrelaoaoensinodefilosofiapara adolescentes.Umdesafioqueemumprimeiromomentoassustador,mas, depois,recompensador,porquedanaturezahumanaquerersecomunicarbem comosoutros,emboranemsempreconsigaeestedesejoincluiaefetivaoda comunicao entre professor e alunos adolescentes. Oensinodefilosofiaparaadolescentestemsidodeixadodeladocomo menosimportanteparaosfilsofos,umaatividadeparalela,nomximo,sem importncia. O problema que os doutores em filosofia, fechados em suas salas, nada mais fazem do que repetir o que os antigos escreveram e, no mximo, tiram palavrasmaisdifceisdostextos,masmantmanfasenadivulgaoda cronologiadosperodosfilosficoscomosefosseimportantesaberquemveio depoisdequem.svezes,destacamtemas,masnumalinguagemqueo adolescentemdionoentendeouseentende,norelacionaasuacurta experincia de vida.E a causa reside no fato destes professores desempenharem nas suas universidades de origem apenas a atividade de tradutor de idiomas, para tentar descobrir algum detalhe que tenha passado despercebido de Aristteles, de umKantououtropensador;l,osensocrticocomoum servivoquemorrena casca, sem nenhuma chance de se viabilizar. Mas, por senso crtico no queremos dizer apenas pedir a opinio de um aluno. Certa vez, ouvi dois alunos falando que o professor fez uma prova onde pedia a opinio do aluno e vi que os dois caram na risada. Dar nota apenas pela opinio? Sime no. Sim, mas no somente por isso: preciso uma opinio justificada em motivos, de preferncia aps uma visualizao de duas ou mais alternativas e, ento, decidir por umadelas, explicando o por qu da escolha. Isto fazer uso da racionalidade! Hvantagensemensinarjovensafilosofar(tarefadivididacomaCincia): istoampliaacapacidadedeperceberomundoasuavolta.Especificamentea Filosofia,elatratadaquelasperguntasmaisdifceisquevoalmdasperguntas que os cientistas fazem. Estes ltimos no perguntam se o espao existe, mas os filsofos, sim, pois se o espao existe este universo est em algum espao? E este espaoestemalgumoualgunsoutros,emumaquantidadeinfinita?Kant,por exemplo,defendeuatesedequeoespaoumsentidointerno,noreal. Geralmente as perguntas mais fceis so relacionadas ao senso comum, como os ditados e crenas populares. Por que vai chover? Porque, respondem, meu joelho di. Mas, por que a dor anterior chuva? No sei, dizem eles. J a cincia pode darumpassoalm:amudanadepressoatmosfricaafetaasensibilidadedos nervos de um joelho que tenha sido operado ou lesionado que esto mais perto da superfcie da pele. E a filosofia perguntar: o que dor? Tudo est determinado? O queagravidadequemantmumoceanoatmosfricosobrenossascabeas? Dois objetos chegam realmente juntos ao cho, independente da massa? Por que entoaluanuncacaiusobre aTerra?Noseriamnecessriosrelgioscadavez maisprecisos(eumasriesemfimdeles)paraprocurarumadiferena pequenssima entre os dois objetos? Etc. A desvantagem que ensinar filosofia seria algo muito precoce para a cabea dos adolescentes. Mas, no vemos nisso um problema. A questo central saber qual a formao necessria que deve ter um professor para dar aulas de filosofia. Perguntoisso,poishouveumaestagiriaquemesubstituiuesesaiumelhordo queeu.Suasaulasdavamespaoaosalunosparaexporemsuasjuvenisidias. Mas,istofilosofar?Emparte,sim,teridiasprpriasimportante,masno tudo.Comonorecorreraospensadoresantigosquandoelestmumaopinio melhorqueasnossas?Mas,comocompatibilizarestasduasvises?Talvez apenas depois (e esta idia a estagiria me ensinou, tambm) que as opinies se esgotarem.Dequalquermaneiraumprofessordefilosofiacompletoouquase completo(ningumcompleto)aquelequetiverbomconhecimentodos pensadoresantigos(oumelhor,dospensamentosantigos)e,melhorainda,tiver desenvolvido seus prprios pensamentos quando aqueles pensamentos antigos se mostrarem frgeis, limitados. Lembro-me de que os alunos para ironizar a mim ou a minhas aulas perguntavam: o que a chuva? O que um tombo?, pois eu sempre pergunto sobre tudo. Se daqui a dez ou vinte anos eles se lembrarem disso, de um professorqueoschateavaperguntandosobrecoisasqueeleachavambvias, banais,entoeutereifeitoomeutrabalho.Humadefiniomuitosimplesde filosofia:ensinaraperguntarosporqusdascoisas;porque osprpriosfilsofos no a praticam? Alis,humprofessor,Girardelli,quedefendequeafilosofiaa desbanalizaodobanal.Euacrescento:mostrarqueobanal complexo, isto , aquiloqueaspessoaspensamefazemcomoverdadeiroecorreto,e,mostrar, tambm,queocomplexo,ascoisasqueaspessoascremserincognoscveis, banal,explicvel.Ou,emoutraspalavras,osuperficialprofundoeoprofundo, superficial.Eparaperceberistoprecisosedistanciaroumaisoumenosoque Nietzsche escreveu: tomar a deciso, triste, de abandonar a cidade para enxergar o topo dos seus prdios. E, para que serve a escola? Dizem que ela reflexo da sociedade: em uma sociedadeondetodosfazemtudo,osmaisnovosaprenderiamdiretocomos adultos(porexemplo:nassociedadeindgenasoupequenosagrupamentos humanosisolados); emumasociedade especializadaoucomdiviso de trabalho, levamososjovensescola.Mas,istoinsuficiente?Pensamosqueno,poisa escolasepropeadarumavisoamplademundoe,paratalperspectiva, precisoumacuriosidadesobretudoquenaturalmenteultrapassaroslimitesde umatribo(aindaquesejambonsselvagens,comopensavaJean-Jacques Rousseau, queremos viver em um lugar onde as condies de sobrevivncia s garantem a vida de umas seis mil pessoas?), ou, na proposta capitalista, a escola seria mera fornecedora de mo de obra. Queremos formar um ser completo, idia queoprprioRousseaudefendeue,tambm,Schillere,antesdeles,Platoe Aristteles. Por que no pensar a escola no como reflexo, mas uma viso futura, utpica mesmo, de uma sociedade ideal?Noseisemeaproximodostericosdopensamentocrtico,pois acreditamosqueosensocrticoimportanteparadefendernossasidiasou reconhecerargumentosmelhoresdoqueosnossos,masentendemosquea escola, antes disso, procura diminuir aqueles desejos sexuais (concupiscncia) e apreguia(oufazemosistoeaescolatemestepapelouvaleraleidomais forte,queremosestaleivigorando?Somos,sim,amigoNietzsche,niilistasou pragmticos?), freqentes nos jovens e, ainda, os desejos materiais, enfim, o que chamamos(apressadamente)deegosmo(apenasquandosoexcessivos),mais ativosnosmaisjovens,queestomaisprximosdeleseosincitam constantemente. O que no significa que no devamos falar sobre: certa vez, eles me perguntaram se eu era virgem?, por que eu era solteiro?, me deram o apelido de um filme de comdia o virgem de 40 anos. Em geral, eles depreciam os mais velhoseemrespostaaistoeudissequeosexoqueos adolescentespraticam parecido com o dos coelhos: eles fazem rpido e vrias vezes. Falar sobre sexo instrutivo,osajudarnofuturoaseremmelhoresparceiros:disse-lhes,por exemplo,queosfilmespornssoteispoisensinamposiesdiferentespara fazer sexo com quem amamos. Dependendo do nvel de renda familiar, comum o usodeumvocabulriochulo,quedevemostrocarporexpressescientficas:ter relaes sexuais em vez de bimbar ou trepar, dizer testculos em vez de bolas, vaginaemvezdebocetaouperereca,pnisemvezdepau,pica,etc, expressesquemenosprezamabeleza envolvidaemumprocessonatural, ainda queaintenodelesnosejaverooutrocomoumobjetodesuasatisfao pessoal,,emgeral,assimqueelessecomportam:sempensarnooutrocomo algumcomsentimentos.Noqueremosumasociedadeassim.Estamos ensinandovalores,diro?Sim.Eistoerrado?Quandoseliberatotalmentea sexualidade juvenil uma das conseqncias a banalizao do corpo, o que inclui gravidezprecoce.Pensarassimserconservador?curiosoque,normalmente, se atribua a conservadores a defesa do controle populacional; ocorre, contudo, que com menos pessoas no mundo, haver mais empregos e maiores salrios, salrios que no podem ser altos por simples decreto governamental. Sem sombra de dvida, contudo, o nosso dever mostrar a eles que cada um densquervenderouconvencerosdemaisdenossosvaloreseosvalores vigentes so, na verdade, aqueles valores de pessoas ou grupos que prevaleceram sobre outros, como uma seleo natural, no da espcie, mas dos valores. Deve-selevaremconta,tambm,asobrecargadecontedossobreos estudantes:tilqueseestudeassuntosmaisdiversosparaestimulara curiosidadeportodasascoisas,masaquantidadenodeveserexcessiva.Em pasescomooJapoosalunoschegamsuniversidadesestressadosou,como preferimos,exaustosmentalmente,talvezporfaltademineraisoutalvezse devasexignciassemsentidoediferentedosanosanteriores,elesjno aceitamasregrasquenosejamracionalmentejustificadas.Lembro-mequena faculdade no havia espao para a crtica das teorias, apenas o seu jesutico ou medieval estudo. No que isso no sejaimportante, mas por que falar to pouco durante um semestre inteiro sobre um pargrafo extrado de texto de um pensador, sem qualquer crtica, pressupondo-o como verdade definitiva. Talvez a indisciplina dos alunos seja um sinal, um efeito, de uma exausto mental. difcil saber a causa principal entre tantas candidatas. Em uma aula no final doanode2008,pareiparapedirsilncio(noconseguia falar,nemouviralunos, eraumaaulaonde,emcrculo,debateramosfilmessobreoamor,umtemaque no lhe estranho!) e desta vez, diferente das muitas outras anteriores, expressei oquantoaquilomefaziamal,queaquelecomportamentoerainsuportvelparao professor. Uma aluna disse que conversavam muito, porque eu, professor, no me impunha(ora,precisogritarcomelesparaquesecomportem,elesmesmo precisamdelimitese pedem-no ao professor!); outro aluno, disse que eu no era bom professor e, ento, eu pedi que ele fosse secretaria da educao se queixar, mas que no ficasse em aula importunando; via-se claramente que uma gerao descontente com tudo e com todos outros professores (mais experientes que eu) j tinham adquirido o hbito de abandonar a sala quando a conversa era excessiva eoutroscostumavammandarosalunosparaforadasaladeaula.Aprpria secretariaestadual(ausente)rejeitaraqueseexpulsasseou,antes, suspendesse alunos,masnodavaoutrasalternativas.Aquelamesmaalunameperguntouse eu eraautista,poiseuolhavaparacimaquandofalava;nohaviapercebidoisto, masprocureiumacausa:(a)estavaparaterumAVCpelaindisciplinadeles?(b) pedia a Deus que mandasse um raio sobre mim? (c) H, sim, a velha navalha de Ocham, a alternativa mais simples, em geral, a mais provvel: minhas lentes de contato,noseiporquecausa,ficavamsecasoumeusolhosnoproduziam suficientelgrimasparaoslubrificarem!Naaulaseguinte,comoaalunase comportava mal, batia repetidas vezes na mesa e associei aquele comportamento anormal ao de um portador de sndrome de Down e perguntei-lhe se ela tinha tal doena? H adolescentes gostam de incomodar pelo prazer de incomodar ou para chamar ateno, como certos animais que gritam para marcar territrio. errado agirassim?No,contraairracionalidadesvezesdevemosagir irracionalmente! Observei,tambm,umacertainsensibilidade:quandocontinuam conversandonamesmaalturadavozdoprofessor,mesmopercebendoqueo professor est pedindo que colaborem com ele e, em alguns casos, mesmo quando oprofessorestrouco!Porquesecomportamassim?Nosentemcompaixo pelos outros? Ou no isto no lhes foi ensinado? Se esta hiptese estiver correta, ento,fazmaissentidoaindaadomesticaodestacondioquelembra a de animaisselvagens.claroquepunionoadianta:ousaemdaaulaepassam um tempo isolados (biblioteca, por exemplo), ou, como fizeram com as meninaslobodandia,joga-sealgoparaelasparaconquistarmossuaateno.Medidas frias,diro?Certamenteistoquediromuitospsiclogosepedagogos. Porqu? Porque eles ficam um perodo com os alunos e no 80 dias por ano! Muitosprofessorescremqueacausadaindisciplinaadesestruturao das famlias e a falta de afeto. Concordamos, em parte, mas vemos muitos alunos abraados, cumprimentando-se, trocando beijos no rosto, sem segundas intenes, oqueindicariaquetentamsupriraquiloquefaltounainfncia.H,ainda,muito comum,ummenosprezodafamliapelaeducaoeistopodeinterferirna maneira como o adolescente enxerga a escola.Outrahiptesedaindisciplina,quealgumaspessoasjmencionaram:os meios de comunicao bombardeiam a cabea dos jovens, os jogo, as msicas on-line, os celulares, ou seja, a tecnologia, faz com que eles recebam um bombardeio deinformaes,malconseguindodigeri-lascompletamentee,logo,passandode umafonteparaoutra.Aeducao(leia-se:oseducadores)seressentemdisso, poisnopodemosforneceramesmaquantidadeenemdevemos,poisa qualidadequedeve-seenfatizar;ocorreque,opoucodoquensprofessores informamosnoatraifacilmenteaatenodeles.preciso,ento,melhorara maneira como se leva os contedos aos alunos. Certa vez, li no quadro a matria doprofessoranterior:eleencheuosalunoscomtextosparacopiarem,comose quisesse apenas faze-los calar a boca.Comoensinarsobreasestruturasintracelularesapenascompalavras,um ensinomontono?Outroprofessorescreveusobreumpoetaportugusque ningumconhece,maisparapreencherotempodesuasaulas;poderiater aproveitadoparapedirqueosalunosconstrussemsuasprpriaspoesias!A questo que ainda torturamos nossos alunos, um resqucio do ensino medieval, umatorturapsicolgica,nofsica, embora,para ns, seja tambm fsica, porm, microscpica, interna. Pensamosqueoproblemaestivessenofatodequeosjovensdequinzea dezoitopossuremalgumadeficincianoseudesenvolvimentomental,poisnos chamou muito nossa ateno o fato de eles precisarem muito tocar as coisas como condioparaaprenderem,etapaquePiagetrelacionouaadolescentesdeonze anosenodequinze,emboraascrianasestudadasfossemasAustracas,de uma sociedade economicamente melhor estruturada. Mas, eles dominam as novas tecnologias mais do que nsadultos e mesmo um pequeno atraso mental pode ser atribudo por professores desmotivados e falta de afeto, mencionada no pargrafo anterior. Listemos as causas da indisciplina possveis: (a)exausto mental por excesso de informaes, o que faz deles insensvel aos pedidos do professor? (b)falta de autoridade por parte do professor? (c)desestruturao familiar e falta de afeto? (d)falta de autoridade, primeiro, na famlia? (e)desprazernocontedodadoemaulaemcomparaocomasnovas tecnologias (televiso, celular, internet)? (f)m alimentao e poucas horas de sono? Outra descoberta interessante que perto do final do ano quando os alunos jtmnotaparapassarpormdia(60%danotamxima),elesnoprestam ateno mais na aula; a no resta outra coisa ao professor exceto entrar no ritmo discente,amenosquefizssemosprovasmuitodifceisnoinciodoanode maneira que no final eles precisassem prestar ateno, mas isto vingana! Sequepodemosdefiniroqueensinarafilosofiaempoucaspalavras dizemosqueela:(1)procuraampliarapercepodoaluno,averotododeum problema e no apenas o seu ponto de vista ou como lhe ensinaram a pensar; (2) buscarcausasparaosfatos,poisnobastaapenascompreenderotodoseno identificarmosoprocessopeloqualalgosetornouoquepresentemente.Para cumprir (1) e (2) no precisa torturar os alunos, nem ench-los de informaes que seroesquecidaslogoqueelessaremdasalaoudocolgio.umerroque cometemos, mas o essencial no nunca errar, mas no persistir no erro. Mas, se quisermosdefinirfilosofiaemumafrase:abuscadascausasprimeiraseno dasmaisimediatas,porexemplo,porquebuscamosprazer?Poisistonostorna felizes(respostaoucausaimediata).Porque nostornafelizes?Porquepreenche nossasnecessidades.(causamaisdistante)Porqu?Porquenosso organismo avessoanecessidadesesomosfeitosparasentircompletude.Porqu?Deus quis? Ou tentamos voltar a uma situao anterior onde no sentimos falta alguma, quandoramosfeto?(estaumacausamaisdistanteaindaetalvezpossaser chamada de causa primeira, mas algum poderia perguntar por que a vida fetal assim? E que perguntasse isto no estaria errado, pelo contrrio). Pensamos nas frias de 2008 em fazer uma aula onde os alunos trouxessem suas curiosidades para ns filosofarmos. No sei se por timidez poucos falaram ou seestavamacostumadosaaulasemqueosprofessoreslhesapresentassem exerccioseaelescoubesseapenasdararespostaqueestavalnotexto. Desistimosdeumaaulaassim,talvezporquenecessitssemosdeumafontede informaocomoterumcomputadorconectadointernetparacadaalunoou gruposdealunos.Poderamosterpedidodesdeoprimeirodiadeaula:tragam assuntosouumassunto,poisnestetrimestrevocsededicarainvestigarum temaescolhidoporvoc.Mas,edepois?Trariadecasamaisinformaes? Perguntariaaoutraspessoas?Oupesquisariaprontasasrespostasemalgum lugar?Seriainteressantedeixarosalunoslivresparaaprenderemeinvestigarem sobreumassunto,comofuteboloumsica.Poderiamrelatarseusavanosaos demaiscolegas.Aindano abandonamos este sonho. Talvez devssemos propor umaaulaumpoucodiferente,dotipodesafieoprofessor:perguntealgoqueele no saiba!. Evidente que h muito que eu no sei, mas posso lembrar de teorias dos filsofos ou as minhas prprias (tenho um livro no google books: the myths of time, ego and laws) e como a filosofia deve ser til para a vida, se espera que o professortenhaaprendidoalgodafilosofiaquetenhavalidadeparaasuavidae, porquenoparaavidadosalunos?Dequalquermodo,estaidiaapenasum projetoe por ser apenas um projeto que desenvolvemos estas 80 aulas abaixo, paraquenosejamossurpreendidos,novamente,casoaidiadeumafilosofia livreondehajaliberdadeparapensar(semcontedospreviamenteplanejadose impostos aos alunos) no tenha aceitao pelos prprios estudantes penso que nofcilaalgumescravizadodecidirpegarounopegaraschavesdeseus grilhes! Pergunto-me qual o futuro da escola? Se ela faz com que os alunos pensem menos nos desejos do corpo, abandonando excessos, em prol de pensar em como podemos ser teis coletividade, na qual nos inclumos, podemos fazer isso sem escolas?Qualquerquesejaaresposta,istonosefazsemcontatocomoutras pessoas.Podeserfragmentado(aprendercomvizinhos,emexcurses, acampamentos,etc),masnopodernuncaserdistncia,amenosquea Neurologia consiga fazer o que acho que a escola faz ou ajuda a fazer: ampliar a capacidadedeperceberomundoou,maisespecificamente,quebrarligaes excessivasentreneurnios,pois,emnossaopinio,sassimpodemosperdera atenoadetalheseampliarnossapercepo,ouseja,emvezdeficarmoss preocupadosouinteressadosconosco,comascoisasqueacontecemamimou comaspessoasmaisprximas,passamosaincorporarumaboaparceladas outras pessoas e compreender o significado de cidade, pas, mundo, universo. Encontramos na internet uma charge representando o filsofo. Ser que esta imagem faz justia a todos os filsofos ou somente a alguns pseudo-pensadores, quenotmidiasprpriasenopassamdepapagaiosquerepetemoqueos outrosdisseramouescreveram?Creioqueno.Certavezumalunodisseque ningum tinha amor por ser professor, era algo profissional. Respondi que se fosse profissional,poderia,diantedaindisciplinadeles,aolongodoanotodo, simplesmente, no me estressar e deixar um trabalho qualquer no quadro para que elesfizessem,emvezdetentardialogarcomeles,filosofarcomeles,buscarmos causas juntos! Plano de Aulas de filosofia Antonio Jaques de Matos Aula 1: Para que serve a escola? O que faremos juntos neste ano? O que vocs esperam da escola?Aula 2: o que filosofia e a necessidade dos porqus.Aula 3: filosofia estuda tudo ou o todo? Aula 4: o que pensam os filsofos? (Youtube 1) Aula 5: as crianas e os porqus: elaborar 20 perguntas. Aula 6: Mitos (Youtube2 ou retroprojetor). Aula 7: a coruja, smbolo da filosofia.Aula 8: construo de uma linha do tempo. Aula 9 - 12: exerccio de causalidade com jornais, revistas, etc. Aula 13-22: 1o trabalho: Filosofar atravs das msicas preferidas. Aula 23: Scrates. Aula24:exercciosobreScratese aexplicaodo2otrabalhode autoconhecimento. Aula 25: Teoria sobre a mente: Freud. Aula26:EstudosobreIlusodeticaemensagemsubliminar:: exerccio prtico. Aula 27: a interpretao dos sonhos. Aula 28: Angstia, medo e ansiedade. Aula 29: Quais causas determinaram minha personalidade? Aula 30: Filosofar atravs de livros e filmes sobre o amor. Aula 31: casais sem filhos e a perpetuao da espcie? Aula 32: o Futebol e a paixo. Aula 33-36: Entrega do trabalho sobre o autoconhecimento. Aula 37: Leitura do texto sobre a vida de Buda. Aula 38: a felicidade reside no prazer? H um sentido para a vida? Aula 39: procura de coisas belas: fotos com celular? Aula 40: De que so feitas as coisas? Aula 41: Qual a sua opinio sobre de que so feitas as coisas?Aula 42: H um mundo eterno? Estudo de Plato. Aula 43: Plato e o mito da caverna. Aula 44: Desenhe Deus, alma e destino. Aula 45: H livre-arbtrio? Aula 46: um medidor de bondade?Aula 47: como nos tornamos bons? E por que ser bom? Aula 48: exerccio de dilemas ticos ou aulas de etiqueta? Aula 49: biotica: vida e morte. Aula 50-51: documentrio: O Inferno de Dante. Aula 52: violncia. Aula 53: elaborao de um jornal sobre o tema da violncia. Aula 54: julgamento: tm os animais direito vida? Aula 55: introduo ao assunto tempo e eternidade. Aula56-60:comoserofuturo?Comidas,sade,transportee governo. Aula 61: as empresas tm filosofia? Aula 62: cooperativismo. Aula 63: o sentido da viso. Aula 64: o sentido do olfato. Aula 65: o sentido do tato. Aula 66: o sentido do paladar. Aula 67: o sentido da audio. Aula 68: os limites da razo. Aula 69: o pensamento tem uma ordem? Aula 70: dois testes de inteligncia.Aula 71: exerccios de lgica humana. Aula 72: quadrado lgico Aula 73: Explicao do 3o trabalho faa algo para mudar o mundo. Aula74-75:vdeoVdevingana,poltica,tirania,anarquismo,e cidadania.Aula76-77:Apresentaodo3otrabalhofaaalgoparamudaro mundo. Aula 78: Documentrio: O segredo. Aula 79:4o trabalho: fixe objetivos para toda a vida. Aula 80: fechamento do ano e notas. Noesquea:odiaMundialdaFilosofiafoiinstitudopela Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (Unesco).Todososanoselecomemoradonaterceira quinta-feira do ms de novembro Aula1:Paraqueserveaescola?Oque faremosjuntosnesteano?Oquevocs esperam da escola? (A)REGRASGERAISDADISCIPLINADE FILOSOFIA:(A1)Aprevisoderealizarmos80aulas,sendodivididasem__25__no1otrimestre, __26__ no 2otrimestre e __31__ no 3o trimestre. (A2) As notas so distribudas da seguinte forma: Trabalhos parciais (mnimo 2) Prova final Recuperao Scio-participativo Total 1o trimestre101424125 2o trimestre121628230 3o trimestre192443245 (A3)Oprofessordispedoplanejamentodoscontedosaseremlecionadonoanopara enviarporE-MAIL,queincluiosTEXTOSqueseroutilizadosnostrabalhosparciaisenas provas. PROF>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> ALUNO (A4) Um modo de estimular os alunos a terem os textos dar-lhes pontos(A5) o professor formado pela UFRGS, turma de 2007 (levar xerox diploma) e tem um livro no GOOGLE BOOKS: Relatrio de 30 de Agosto de 2007 a 19 de Dezembro de 2008 ISBNTtulo do livro Visitas Visita com leitura de alguma pginaPginas lidas 9788590729303The myths of time, ego and laws5525491,427 Totais 5525491,427 Mdias 5525491,427 entreguem os trabalhos sempre na data marcada! , pois a responsabilidade uma qualidade que devemos valorizar e estimular. E, anotem as notas dos trabalhos de todos trimestres, Pois o professor no as divulgar no final do ano, devido a um total de 9 turmas com 40 alunos em cada totaliza 360 alunos! Procurem no dormir tarde, para estarem dispostos na aula! 4 Vamos filosofar? Poderemos fazer uso dos Perodos de Aula para debater questes que surgirem na escola, na cidade, estado, pas e mundo, estimulando que cada aluno filosofe sobre um tema livre. (B)TEORIAS SOBRE A EXISTNCIA DA ESCOLANoEgitoquandoasescolassurgirameasbibliotecas,passandopelaGrciaeRoma antigas a tarefa nmero um das educao era a formao do HOMEM INTEGRAL, Isto,naformaodoseucorpo,pelaginstica,damente,pela filosofia e pelas cincias e da moral e dos sentimentos, pela msica e pelas artes. Educao vem EDUCERE, extrair as potencialidadesqueestodentrodecadapessoa.Eescola,palavragrega,quesignifica lazer, alegria, tem relao como o prazer da contemplao ou da ao, da descoberta. Na Grcia antiga, no existia avocao especfica de professor: um filsofo e um ferreiroquefossemmestresviviamcomseuscolegaseseusaprendizesaprendiamdeseu trabalho manual eou intelectual,sem se aperceber (GADOTTI. Histria das idias pedaggicas). John Dewey lembraque a histria est marcada por teorias opostas sobre aeducao:unsdefendemqueeducardesenvolverdedentroparafora,outros,deforapara dentro; educao se baseia em dotes naturais, outros dizem que ela deve vencer as inclinaes naturais e substitui-las por hbitos adquiridos por presso externa.Jean-JacquesRousseauescreveunaobraEmlio,quenaordemsocial todososlugares esto marcados, cada um deve ser educadopara o seu, na ordem natural, os selvagens,asuavocaoserhomem.Quersedestinecarreiramilitar,religiosaou advocaciapoucomeimporta.Antes,davocaodospais,anaturezachama-oparaavida humana. Viver o ofcio que lhe quero ensinar. Para ele, nascemos bons e a vida em sociedade nos corrompe. Em seus Discursos pedaggicos, o filsofo Hegel define: (1) que a famlia o lugar do sentimento, onde voc vale pelo que (h laos de sangue);(2) na vida em sociedade,voc vale pelo que voc faz. (um professor vale se ele sabe dar aula). (3) J a escola o momento em que nos aproximamos da vida social, experimentamos como vai ser no futuro. Lembremosqueaescolaexiste,porqueosgovernosqueriameaindaqueremuma populaoalfabetizadaeinformada(funo:transmissodacultura).Um importantepolticoRUIBARBOSAemseusdiscursosnosculoXIX,apsproclamaoda repblica,jmencionavaadistnciadoBrasilparaacivilizadaedesenvolvidaEuropaefalava sobre a necessidade da educao.Para Durkheim os adultos exercem a educao (uma ao) sobre as geraes ainda no preparadas para a vida social. Nascemos , diz ele, egostas e a educao nos civiliza.Hojeemdiaseprocuradarconhecimentosvisandoaumacultura geral para que todostenhamacessosconquistasdahumanidade,noformaremumtrabalhonico, masoferecerrecursosparaseadaptaradiferentestarefas(asformasdeproduodo mundoestoemconstantemudana)edepois,ento,ingressememumaescolaondese especializaro em uma profisso tcnica.Podemos tentar, mas com dificuldade imaginar-nos sem escola: tal como as pessoas que vivememoramnarua,umsem-teto?Doisexemplosqueutilizamosemaula:opresidentedo Brasil (Luis Incio Lula da Silva) e dos Estados Unidos (Barack Obama) so pessoas que, com educao, progrediram e assumiram posies de liderana! H uma relao entre escolarizao e renda econmica. No Brasil, em 1997, havia 31,6% de analfabetos, em 2007, so 23%, 50% no Nordeste, com meio salrio mnimo per capita. Aescolaparecetercomoobjetivodisciplinar o carterdapessoa,estimulandoo uso do pensamentoedeixandodeladooutrosprazeresedesejosmateriais,comose v na diviso que Plato fez da mente ou da alma humana: Intelectiva = razo ( cabea)Irascvel = coragem e raiva (corao) Concupiscvel -= desejos carnais (sexo, fome, sono, segurana, etc) H basicamente trs grandes escolas pedaggicas (sobre como ensinar): TradicionalOprofessorimpesuaautoridade,o conhecimentocomoverdadesdefinitivas (DOGMAS) e o aluno permanece passivo, o professorfalaeoalunoescuta,escreve, memorizae,nodiadaprova,respondes perguntascomasinformaesantes aprendidas. Para citar um exemplo: o ensino do Talmud pelos judeus requeria repetir 400 vezes os trechos no entendidos.Rousseaucriticaaeducaoquecobra apenas amemorizao: indcio de azia e indigestovomitaracarnetalqualfoi engolida.Seoalunonoaprendeporqueeleno quer.Eumarespostadiferentedado professor considerada um erroAquiinclui-seasescolastcnicasque formamespecialistascapazesdeaplicar Liberal Oalunotem liberdadede aprender o que lhe interessa mais.Hescolasnos EstadosUnidos onde o aluno entra nohorrioque quiserepassao tempoestudando sozinhooucom outrosalunoseo professor apenasum conselheiro quandooaluno precisar dele. Coloca-se Socialista Aescolaespaopara professorealunotomarem conscinciadoseupapel poltico,deorganizarem(por meiododilogoedebates)o conhecimentopara entenderemoquantoso explorados pelo capitalismo. As aulas tomam como ponto departidatemasquemais preocupamacomunidade escolar,taiscomo, desemprego, violncia, etc. H, tambm, uma escola que sechamaCrticaSocialdos contedos:quedefendeque devemosaprenderos contedosqueaclasseque mtodoseinstrumentosquelhesforam ensinados. Naeducaoantigaeracostumepunir fisicamentecomvara,baternapalmada mo com um pedao de madeira ou ajoelhar emmilhoseco.TambmRousseau:a disciplinarigorosadamaiorpartedos colgios (fazem deles)verdadeiras prises disposiodos alunosmeiospara elesaprenderem, oqueincluiidasa museus.Mas,o conhecimento secundrio,no o mais importante. governaetemriquezas aprendeparaquepossamos competirdeigualparaigual oumesmosupera-los.Os conhecimentoschamadosde cultura universal so refletidos apartirdoolharcrticodo professoredosalunosedo contexto em que eles vivem. paraKant,aeducaotiraohomemdaanimalidade,disciplinaseus instintos animais (civilizar ou domesticar) e humaniza o homem.=IvanIllichafirmanotextoosconhecimentossoadquiridosforada escola queos alunos so, pela escola, levados a confundir ensino com aprendizado, diploma com competncia, fluncia no falar com dizer algo novo, tratamento mdico com cuidar da sade, proteo policial com segurana, etc. H a iluso de que quase tudo que se aprende resultado doensino,sque,paraele,elaapenasespaodeconfinamento.Amaiorparteda aprendizagem ocorre por acaso, como quem aprende um idioma, quando viaja para um pas estrangeiro ou as pessoas que lem muito: isto se deve a atividades fora da escola.= Herbert McLuhan: Chegar o dia em que as crianas aprendero muito maisecommaiorrapidezem contato com o mundoexteriordoquenorecinto daescola...omeiourbanoexplodedeenergiaeumamassadeinformaesdiversas, insistentes, irreversveis Pensadores como Michel Foucault defendem que a escola surgiu como um modo obrigatriodefazercomqueaspopulaesfossemobedientessigrejasedepoisaos governos,, primeiro, sob uma obedincia cega e ameaas fsicas, depois, por meio de disciplina e persuaso. Moacir Gadotti observa que o maior problema da escola foi no ter sido capaz de construir o universal partindo do particular. Tentou inverter o processo, impondo valores e contedos universais sem partir da prtica social e cultural do aluno,semlevaremcontaasuaidentidadeediferena.Porexemplo:estudodefraes nocozimentodearroz,emumacozinhadaescola,ouporcentagemapartirda semeaduranahortaescolaroufazerumatendaindgena,experinciasem laboratrio etc. Eaescoladofuturo?Cadaalunocomumcomputadorasuafrente,realizando pesquisassobreumassuntoquelheinteressaeaoprofessorrestandoafunodeauxlio quandorequisitado?Eapresena do adultojuntoaosalunos,noimportanteporsi s??Eoprofessor-intelectualcomteoriasprprias,noestimularosalunosa conceberem suas teorias?? gEmnossasaulasprocuraremosseguirosseguintespassos: sensibilizaoproblematizaoinvestigao-criao de conceitos. Partiremos de uma msica, de uma imagem, leitura de um jornal, etc;depois,faremosperguntas,identificaremososproblemas,investigaremosos contedos,dediversasperspectivas.Oaluno,ento,estaraptoaelaborar sozinho ou em grupo um texto ou outro meio de expor suas reflexes/concluses. Pesquisa Pblico-alvo? _______________________ Local: ( ) colgio () shopping() ________ Entrevistados(idade/ sexo) Problema a ser investigado :______________ Pergunta: _____________________________ 01 02 03 04 05 . Tarefa para a prxima aula ou na rua: Perguntas aos parentes ou alunos mais velhos o que , para eles Filosofia? Um texto oportuno para o incio do ano o que trata da importncia do silncio, pelo menos, naqueles momentos onde ele seja adequado: A sabedoria do silncio.RAYMUNDO DE LIMA(Revista Espao Acadmico, n. 62, julho de 2006 ) Paralerecompreenderumtextofilosficoouteolgico,umpoema,precisosilncio.H msicasquespodemserouvidassobumfundodesilncio.Osretirosespirituaisso importantesparacapacitaraspessoasaconviveremmelhorconsigomesmas;aprendera controlarainquietaodenossaalma,rumoascese.Notreinarosilncioseentregar fala vazia ou boba, reforando um estilo sustentado na ignorncia.Osprofessoresdoensinofundamentalemdio,atualmente,reclamamquenasaladeaula passammaistempopedindosilncioaosalunosdoqueensinando.Apesardossinaisde barbrie na escola contempornea, pouco se tem feito para impedir o seu avano. Que fazer se osespecialistasemeducaoselimitamarotinadeproduotericaabstracionista,eos responsveis pelo sistema educacional continuam fugindo do compromisso de fazer dialtica do concretocomocotidianodasrelaeshumanasnaescolaenauniversidade?Ondeesto equilbrioentreconhecimentoesabedorianaformaodosprofessoresparaofuturo?Quem educar os pais para melhor educar os filhos?Um dos efeitos da gerao net no respeitar os espaos cujo silncio quase obrigatrio. Alm de no suportar o silncio necessrio para introspeco, a gerao net no tem pacincia deseguirofiocondutordeumaconversa.Quantomaisjovem,maisrapidamentepassadeum temaparaoutrooutrocadeinterlocutorcomoquemapertaobotodocontroleremotodaTV. Maisdoqueimpacincia,taisatitudespodemtambmrevelarintolernciaedesrespeitopara comoprximoefaltadesintoniacomoambiente.Comoimaginamquemandamnopedao, crianaseadolescentesseachamnodireitodeinterromperaconversadosadultospormotivo ftil. Os adultos, por sua vez, fingem que aceitam a atitude grosseira, ou se acovardam, deixando de exercer a autoridade de educadores, cujo resultado previsvel a incivilidade. Muitas pessoas estodeixandodefreqentaroscinemasparaevitarconstrangimentoscomplatiasmal educadas,barulhentas,parecendoestarmaisinteressadasemcomerpipocaedararrotosde refrigerantes do que assistir ao filme em silncio. OhistoriadorPeterBurkeobservaqueessainclinaopararomperarompercomosilncio necessriodeumaaula,nospaseslatinos,talvezviriadecostumeculturaldetentarouvir muitaspessoasfalandoaomesmotempo.Aocontrriodocostumeanglo-saxnicoqueexige total silncio da audincia, o palestrante para pblico latino-americano deve estar preparado para discorrer seu assunto tendo como rudo de fundo o zumbido de vozes.Curiosamente,eleseriaconsideradomaleducadoouimpolidosepedirsilncio,deixando transparecer certa irritao para com os verdadeiros mal educados. Burke observa que existe um acordo pblico que nos induz ficarmos em silncio em certas ocasies. Num velrio, solenidade, audinciapblica,cultoreligioso,concertomusical,duranteaexecuodoHinoNacional,o silnciosinalderespeitoesintoniaespiritual.Devemosevitarfalar,aindaquebaixinho,para nocausarconstrangimentosemambientessociaisnecessariamentesilenciosos.Osilncio natural porque faz parte da funo biolgica, quando estamos num banheiro, tentando dormir; ou psicolgica,quandonosentregamosintrospeco;ousocial,quandoesperamosnossavez, numa fila, cortejo fnebre.O silncio um dos elementos essenciais em todas as religies, observa G. Mensching. H variedadesdesilnciosagrado:pessoal,comunal,osilncioeleitodosmongesefreirasde clausura,aoraosilenciosaoumental.Osilncioreligiosoummistoderespeitoporuma divindade;umatcnicaparaabriroouvidointerior;eumsentidodeinadequaodepalavras para descrever as realidades espirituais, escreve P. Burke. preciso saber ficar em silncio, sentenciava La Rochefoucault. Os mal educados ignoram o sentido tico, esttico, cultural, moral, jurdico e psicolgico do silncio. Assim como o sbio e o mongeescolhemficarmaistempoemsilnciomeditando,orandopodemosinferirqueos verdadeiramentecivilizadosecomprometidoscomasabedoriasopropensosaconversas intercaladas com o silncio da prudncia ao dizer e esperar o outro revelar seu ponto de vista.Existeosilnciolocalistadasigrejas,bibliotecas,museusehospitais.Recebeumolharde reprovaoeumdiscretopsiuquemdesrespeitarosilncionecessriopararezar,estudar, apreciar,ouvirumapalestra,ou visitar um enfermo. Portanto, precisa ser reeducado aquele que desrespeita os locais de silncio. A pessoa que fala pelos cotovelos palavras vazias, que sofre de incontinnciaverbalmonopolizandoapalavra,poderiareceberbenefciosincalculveis psicanlise.precisocompreenderqueexcessodepalavrascansa,irrita,chateia,etermina boicotandoaharmonizaodoambientesocialecomprometendoaprpriaimagemdofalante compulsivo.Vrios ditados populares do importncia ao silncio: Deus nos deu uma boca e dois ouvidos para que possamos menos falar e mais ouvir; Manter a boca fechada e os olhos bem abertos, diz uma verso italiana; Em boca fechada no entra mosca, dizem os espanhis e portugueses. Oscomercianteseuropeusinventarama metfora osilncio de ouro e palavra de prata. O provrbio rabe cada palavra que tu falas uma espada que te ameaas induz a prudncia e o clculo sobre o que, como e em que ocasio falar. Enfim, o silncio pode ser reconhecido como umavirtudequeevitapolmicasdesnecessriasebrigasperigosas.Diantedetantaignorncia respondo com meu silncio, encurtava Rui Barbosa.Entretanto,diantedaintolerncia,doracismoedosfundamentalismos,devemosficarem silncio? Nessas situaes, o bom senso entende que o dever do intelectual romper o silncio, aindaquesuavozsejaabafadapelospoderososeseuscmplicesdeplanto.Ogrande cmplicedatiraniaosilncio;noatacarodespotismoamaneiramaiscovardedeservi-lo; no denunci-lo auxili-lo; estar prximo dele sem feri-lo a maneira mais vil de proteg-lo; e proteger o crime mil vezes pior que comet-lo; eis a a hora em que a palavra um dever e o silncio um crime. Aula2:oquefilosofiaeanecessidade dos porqus.Esperarpelosalunosquetragamdefiniesporelespesquisadas.Podemosrealizar durante o perodo uma sada para a rua, nas imediaes da escola, para entrevistar as pessoas e saber delas O que filosofia?. Depois, acrescentar outras, dos pensadores antigos.

TALES: filosofia o estudo da natureza de queascoisassofeitas,paraele,sofeitas degua.Ele,tambm,previucolheitasde oliveiras,de acordo com a previso do tempo e alugou prensas para as pessoas, ganhando muito dinheiro.Pitgoras:Inventouapalavrafilosofia (amigadasabedoria)efilsofo(amigoda sabedoria),isto,aquelequebuscao conhecimentodascoisas.Foi,tambm, matemtico:deleoteoremaquelevaseu nome. Scrates:afilosofianosfazexaminara vidaemtodososseusaspectoseissonos torna sbio e tico e a posse da sabedoria a melhor vida.Aristipo:afilosofiaumaatividadeque nos d coragem para defender nossas idias. Plato: a filosofia a atividade superior do ser humano que o distancia da vida material e o aproxima do mundo divino. Aristteles:aFilosofiaacinciada verdade que trata da tica, lgica, da natureza e da matemtica. Digenes:afilosofiafortaleceoesprito fazendo-o suportar as piores dores. Epicuro:afilosofiaoestudodosobjetos celestesedamorte.Elacuraosmalesda alma,assimcomo,amedicinacuraosmales do corpo. Taciano:afilosofiaumaporode teoriasconfusasqueseopemequeno explicam nada. Tertuliano:afilosofiaadoutrinados homensedosdemnios,pecadora,pois intenta falar sobre os decretos divinos. MarcoAurlio:Safilosofiapodenos guiarnossadeusinteriorlivrededanosmais fortequeosprazeresemgoas,nada fazendo de enganos. JohndeSalsbury:Afilosofianos ensina a atacaredefenderidias,elaelevanossa inteligncia,ampliaetornamaisprofundaa viso,especialmentequandoelmosos pensadores antigos. Jean-JacquesRousseau:averdadeira filosofiaqueensinaaviverjuntoda natureza, ondeestaverdadeirasabedoriaenonos livros. Kant:Filosofiaconsisteemfilosofarsobre oslimitesdosnossospensamentosedo mundoequaisverdadesanossarazopode conhecer. Hegel:Filosofiadevebuscaraunidade quejaznaadversidade.Elano sonambulismo,masumestgiodesenvolvido de conscincia. DavidHume:afilosofiaensinaaveros diversosaspectosquepodemser,porns, observadosequefreqentementenos escapam. KarlMarx:afilosofianodeveapenas interpretaromundo,mastransforma-lo, reconhecendoconflitosesuperando-os, estabelecendo o governo dos trabalhadores. Nietzsche:afilosofia,atravsdaarte, superaalimitadacondiohumana,nos tornandosuper-homens;aosdemais,o rebanho,restarailusodamoraledeuma vida aps a morte. HenryBrgson:afilosofianoreneos conhecimentosdascincias,pelocontrrio, ela fundamenta o conhecimento das cincias. WilliamJames:Afilosofianoenche barriga,mastodostmcuriosidadedesaber se somos realmente livres, se Deus j sabe o que faremos, etc. Wittgenstein:atarefadafilosofiaade tornarclarasasfrasesqueusamos, especialmenteasfrasescientficas.As palavrasdisfaramnossospensamentos, como uma roupa que disfara os contornos do corpo. Heidegger: a filosofia guardi da razo. Elaumacinciatericaqueinvestigao fundamento de todas as coisas. por meio da palavra que tudo revelado. Merleau-Ponty:Cabefilosofiaensinara ver bem ou reaprender a ver o mundo. WillDurant:Filosofiaoestudoda experinciacomoumtodo,jascincias, estudampartes do todo. MarcSautet:afilosofiaretrocedeao passadoemumasituaodecrisepara encontrar as causas e origem. JohnCampbell:Filosofarpensarem cmera lenta. Ela pra, descreve e valoriza os movimentosquenormalmentefazemosem grande velocidade.Marilena Chau: a filosofia reflete sobre as religies,ascincias,aarte,ahistriaea polticaparabuscarorigens,significados, forma e contedo. MathewLipman:afunoda filosofiadesenvolveracapacidade crtica de adultos e crianas. Proposta 2: realizar um bingo, para aprender brincando as tese anteriores. O jogo se realizarapartirdadistribuioparacadaalunodeumacartelacom6teorias(de6filsofos). Como temos cerca de 27 teorias (dispostas de 3 em 3), podemos fazer 36 combinaes, segundo a frmula de anlise combinatria:Cn,k = n! / k!(n-k)!, sendo que n = total deteorias,k=onmerodeteoriasemcadacartelae!representaqueumnmerodever ser multiplicado por si e por todos os outros nmeros abaixo dele, por exemplo: 9! significa 9x8x7x6x5x4x3x2x1= 362.880. Assim, Cn,k = 9! / 2! (9-2)! = 9! / 2! (7!) = 362.880/ 2 x 5040 = 36 Aula 3: filosofia estuda tudo ou o todo? Pedir-lhes que me auxiliem em responder a questo se a filosofia estuda tudo ouotodo?Oproblemaqueestaaulapodercausarmaisconfusodoque esclarecimento; pipocar na mente dos alunos duas palavras que no so to claras, mesmo para mim: eu disse em 2008 que a filosofia estuda tudo, mas no expliquei queotudonotodooconhecimentoouodomdaoniscincia.Otudoa totalidade das coisas, sendo que suas partes no so to importantes. Por exemplo: possoestudarohomem,seucomportamento,masnoprecisoentenderseus rgosinternos.Umexerccioprticoaserrealizadonestaaulaouna prxima pedir que alunos vo ao ptio e peguem objetos naturais ou industriais e reflitam sobre o objeto como um todo, mas, ainda, o objeto um todo independente ou se relaciona com outros objetos? Que objetos ele se relaciona? Se for uma lata de refrigerante, ela dependeu de algum que a encheu com o contedo, algum que atransportou,algumqueextraiuometaldosubsolo,etc.Nesteexercciooalunoidentificar a srie de causas e efeitos que relacionam um objeto a outros ou seres vivos entre si. Peguemos a imagem de um carro inteiro e outra com o carro desmontado: o todo j no mais visvel e a nfase est nas partes expostas, ou seja, todas as peasouotudo.Novamentevemosotodo,ocarroorganizado.Dequese preocupaafilosofia,comotodooucomaspartes?Elaoestudodetudooudo todo?Podemosfilosofarsobreumcarro,porexemplo,oueleobjetoapenasdas cincias, como o Design e engenharia mecnica e eletrnica? Aula4:oquepensamosfilsofos? (Youtube 1) Nossapropostaapresentarnasaladevdeodaescolavdeosdo YOUTUBE, especialmente uma srie veiculada na tev - SER OU NOSER -, apresentada pela filsofa Viviane Mos. Obs: como baixar um vdeo do Youtube? Na internet encontram-se sites onde se pode baixar o software VDownloader, atravs do qual se baixa com facilidade os vdeos do YOUTUBE. O que necessrio copiar o URL dorespectivovdeo, o seu endereo. O vdeo, do computador, se copia para um CD e, este, pode ser exibido em um DVD. Caso no consigamosusar a sala, podemos apresentar exemplos de teorias sobre os mais variados temas tirados de nosso livro Curso de Filosofia Temtica: Herclito: tudo est constantemente mudando: no somos os mesmos, no entramos duas vezes no mesmo rio, porque na segunda vez j no somos os mesmos e nem o rio o mesmo.Parmnides: aquilo que , e no pode no-ser. Assim, s h um ser, sendo o movimento uma iluso, estenico ser imvel, infinito, eterno.Demcrito:Defendeuaexistnciadetomos.Oquepermaneceriaseumcorpofosse divisvel,semfim,empartescadavezmenores?Seriamcompostosdepontossemdimenso? Corposcomdimensoseriamconstitudosdeelementossemdimenso?Seadicionssemosou subtrassemosumdestespontosaocorpo,elenoterianenhumaalteraoemseutamanho!E, ainda, o que garantiria que os corpos permanecessem e no simplesmente desaparecessem? Al Gazali: uma chama no a causa da queima de um chumao de algodo; na presena dosdoisqueocorreacombusto.Aidiadequeachamaacausadoalgodoqueimaruma iluso. Epicuro:porqueDeusnoacabacomomal?Apresentaaspossveisalternativas:(a) Deus quer impedir omal, mas no pode, (b) pode, mas no quer, (c) nem quer e nem pode e (d) quer e pode. Se Ele quer, mas no pode, impotente. Se pode e no quer, invejoso. Se nem quer e nem pode, tanto impotente, quanto invejoso e, por isso, nem mesmo Deus . Mas, se quer e pode, por que, ento, no impede o mal? Entende Epicuro que o que chamamos de bem e mal, dependem e repousam apenas em nossa sensibilidade, pois conforme a circunstncia, algo bom pode causar algo mau e vice-versa. Mesmo a justia que nasce da natureza, no passa de um contrato, uma conveno, vantajosa s partes. Protgoras:EmboraPlatoeoutrosfilsofososcriticassem,reconheciamProtgorascomoumdosmaioresmestresemretrica.deleafraseohomemamedidadetodasas coisas, das que so e das que no so, sendo que a verdade relativa opinio de cada pessoa. Scrates:Acreditavaqueosdeusesnadaprecisavam;porisso,quantomenosele precisasse,maisprximoestariadosdeuses.Asuanoodefelicidadesedistanciados sentimentos,quandoeledizquequandobebemos,porquetemossede,estamosdizendo,ao mesmotempo,quesentimosprazercomsofrimento.Diziaquequantomenosprecisar,mais felizes seremos. Plato: Elaborou uma doutrina em que ele cr na existncia de dois mundos, um eterno e o outro, perecvel, temporal, fsico e mutvel. Este ltimo, uma simples imitao do primeiro. E, o que somos? Uma matria na qual foi posta uma forma, humana, existente eternamente em um mundo, tambm,eterno.Sobreaalma,especificamente,Platodissequeelapossuitrspartes:uma racionalouintelectiva,localizadanacabea;outra,irascvel,naregiodocorao;e,ainda,uma outra, concupiscvel, naregio do umbigo e fgado - insacivel. Emtodas as pessoas, uma das partesdaalmapredomina:noguerreiro,porexemplo,aparteirascvelqueprevalece;por meio delaquensnosexaltamos.Nosfilsofos,prevaleceaintelectiva.Enosdemais,a concupiscvel.ParaPlato,astrspartesdaalmadevemestaremequilbrio-avirtudeda temperana - , evitando os excessos.Santo Agostinho: Nosso nascimento e crescimento visam a alcanar a perfeio divina e umavezperfeitas,nopermanecemae,pormaisqueseesforcemporexistirequantomais rpido crescem, mais depressa acabam por no existir, envelhecendo e morrendo SoTomsdeAquino:osanjossopuraforma,semmatria,elesnoraciocinam,pois aprendem instantaneamente. RenDescartes:deondetiramosasidiasdeperfeioeinfinitosetudoa nossa volta imperfeito e finito? Deus pe estas idias em nossa mente. Thomas Hobbes: Por que h diferena nas paixes dos indivduos? Para ele, isto se deve diferena dos corpos, da educao e dos costumes recebidos. esta diferenaqueproduzirdiferentestalentosnaspessoasepelamesmacausa, haver pessoas com maior ou menor desejo em relao ao poder, dinheiro, saber e honra.Humatesesobrealoucura:paraele,elaconsisteemumexcessode paixo. Quando h uma ausncia de desejos ou paixes, ele diz que como estar morto.Anaturezahumanarepresentadapelacupideznaturalepelarazo natural, esta ltima se esfora em tentar que os homens, atravs de pactos entre si, evitem a morte violenta, que vista por todos como o mal supremo somos somos naturalmente egostas, o homem o lobo do homem. JohnLocke:nadaestemnossamentequenotenhapassadopelossentidos.A idia de durao, por exemplo, surge quando percebemos duas ou mais sensaes.DavidHume:deondetiramosaidiadequesomosumeu,setudooquepercebemos so sensaes fragmentadas: estou sentado, ouo o telefone tocar, ligo a tev, caio no sono?Kant:aformanoestnascoisas,aformadagotanoestnagota,todasasgotas parecem ter a mesma forma, mas a mente que cria a forma. Schiller Escreveu que dois instintos so primrios em ns: a fome e o amor.Schopenhauer:Paraele,sadorreal.Pergunta:porqueenvelhecemos?Paraque, assim,amortenosejatopesadaesemsequersersentida.Observou,tambm,ques aqueles que passam dos noventa anos, experimentam a eutansia (do grego boa morte), aqui, significandoumamortecalma,quandomorremsemestaremdoentes,quasesemprequandose encontram sentados e depois da refeio. Nietzsche:"Eseumdiaouumanoiteumdemnioseesgueirasseemtuamaissolitria solidoetedissesse:"Estavida,assimcomotuvivesagoraecomoaviveste,tersdeviv-la ainda uma vez e ainda inmeras vezes: e no haver nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que h de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida h de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequncia - e do mesmo modo esta aranha e este luar entreasrvores,edomesmomodoesteinstanteeeuprprio. A eterna ampulheta da existncia sersempreviradaoutravez-etucomela,poeirinhadapoeira!".Notelanariasaochoe rangerias os dentes e amaldioarias o demnio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderas: "Tu s um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se essepensamentoadquirissepodersobreti,assimcomotus,eletetransformariaetalvezte triturasse:aperguntadiantedetudoedecadacoisa:"Queroistoaindaumavezeinmeras vezes?"pesariacomoomaispesadodospesossobreoteuagir!Ou,ento,comoteriasdeficar debemcontigoemesmocomavida,paranodesejarnadamaisdoqueessaltima,eterna confirmao e chancela?" HenriBergson:DefiniuamatriacomoumafinapelculaentreohomemeDeus. Enquanto no a investigamos, Deus se manifesta nela.Jean-Paul Sartre: a eternidade que procuramos no a vida que dure eternamente, mas o descanso da conscincia (um desligamento total) KarlPopper:ahistriadahumanidadenoahistriadosgenerais,dospresidentes,a histria dos livros de histria que valorizam apenas umas poucas pessoas, mas a histria de cada ser humano e a histria de todos os homens. - Mais importante que decorar ou entender estas e outras teorias serelaborar crticas que ajudaro a confirmar as teorias ou rejeit-las. Aula 5: as crianas e os porqus: elaborar 20 perguntas. Uma quinta sugesto, minha preferncia pessoal: observar que a filosofia, hoje emdia,pareceterserestringidoaoestudodostextosantigos,deixandoparaas cincias a descoberta de respostas s nossas dvidas e mistrios. Contudo, sendo elaumexerccioindividualsuatarefanuncaterminar:cadapessoadevebuscar sozinha fazer e responder questes que mais lhe despertam a curiosidade. curioso comoascrianasbombardeiamosadultoscomperguntandosobreos porqus das coisas, com as mais variadas e intrigantes perguntas: por que o cu azul? Por que chove para baixo? Por que o pai veste calas e me saia e usa maquiagem? Etc. Dizem que elas querem saber a que sexo devem imitar; acho uma explicaoestreita,tpicadascincias;elasqueremsaberoqueestemundono qualelasforamcolocadas.Devemosvoltarasercrianas,quemaravilham-se, espantar-se com qualquer coisa que se deparam e esta conduta que nos tornarsbioseosbionoaquelequesabemaisdoqueosmdicossobreas doenasnemmaisqueosgeneraissobreguerras,masoquetemuma compreensomaisampladoqueasespecialidades,cujaperceposempre estreita sobre a sua rea e ignorante sobre as demais reas.Queremos formar um ser humano completo e no um especialista como bem escreveu Schiller, nosculoXIX,eafilosofia(paraSchiller,aarte)contribuiparaformarumser incompleto. Por isso, a filosofia ainda pulsa! Uma proposta estimular o exerccio dos porqus, ainda que no tenhamos todas as respostas. Poderiadistinguirafilosofiadasoutrasreasdeconhecimentohumano.Um exerccio simples pedir-lhes que em grupo formulem algo como vinte a trinta perguntas entre simples e difceis sobre um tema que interesse aos estudantes (como,porexemplo,Orkut),em grupoparadividiratarefardua.Depois,coma ajuda do professor, iro classificar quais perguntas se enquadram nas questes que interessam a filsofos (as mais difceis e que tratam de perspectivas amplas), quais a cientistas, religiosos e pessoas comuns, seus valores pessoais e tradies culturais. Outroexercciopodeserodedistinguirquefrasepertencecincia, filosofia, religio, aosmitos,aofolclore, arte e ao senso comum, conhecimento comum maioria das pessoas: (1)Noprincpioeraocaos,ovazio,ovastoabismo,ondenadapodiaexistir. Dessa oca imensido surgiram a noite negra e a morte. Da muda unio deles nasceu o amor. (2)Hpossibilidadesdesermoslivres:nohcausasnomundo,suma idia ilusria de nossa mente e temos algo divino dentro de ns que a causa de si mesmo e, assim, isto provaria, tambm, que somos imortais. (3)osprimeirostransplantesdecoraoforamfeitosemanimaiscomo bezerros e carneiros, para que no fosse preciso pr a vida humana em risco, se o corpo rejeitasse o rgo doado. (4)quem desdenha quer comprar (5) quem ri por ltimo rimelhor (6) O todo sem aparte no o todo, a parte sem o todo no parte; mas se a parte faz o todo, sendo parte,no se diga que parte, sendo o todo... (Gregrio de Matos, sc. 17). @ Poderemos, tambm, apresentar aos alunos fotografias de uma paisagem emseus360graus,paraquefaamperguntassobreelase,assim,observara capacidadedepercepoamplaoulimitadadecadaaluno;tenhoparamimquea capacidadedefilosofarrequerumtipodepercepoampla,mas,tambm, detalhada, nesta ordem. Com uso de imagens, especialmente aquelas que do um panorama de 380O pediremosaosalunosqueanotemaspectosobservadosnasimagensquemais chamamassuasatenes.Oobjetivodistomostrarquedeummododiferente, cadapessoatemumaateno,tambm,diferente.Observaremos,ainda,quais delastmumapercepoqueseprendeadetalhesequaistmpercepoque atentatotalidadedafotografia.Mostrar-lhesqueafilosofiaseprendeaotododa experincia e no a uma parte.No estou dizendo que alguns alunos tm um tipo de percepo (ou acuidade) e outros, tm outra. Ns, humanos, temos ambas, ou melhor, elas so extremos de uma linha contnua de possveis graus de percepo. Ocorre que acreditamos (teoria nossa) que pessoas com grau muito atento a detalhes (objetos singulares, que vem uma parte de um fotografia ou de uma experincia real) tendero a agir com pouca informao, destacadamente, de acordo com seus desejos mais imediatos, enquanto aspessoasquetmatenovoltadaparatodaaimagem,tenderoaseremmais reflexivas.Eseatarefadaescolaestimularareflexo,pois,assim,aspessoas seromaisracionaisemenospassionais,entoexerccioscomoestesosempre bem-vindos. Mas,diro,eospsicopatas,quecalculamseuscrimes,observamtodoo cenrio, antes de agirem? Primeiro, o planejamento que eles fazem no to amplo, pois restringem-se a encontrar uma vtima para satisfazer sua ateno por detalhes, como fazer o outro sentir dor (em geral, eles no gostam de sentir dor, alis, quem gosta?)e,portanto,acuriosidadedelessobredetalhes,pormenores,extrair tecidos,rgosdavtima(sabemosdissopelosfilmedeHollywoode, aqueles,por relatos que foram transformados em livros e roteiros, bom deixar bem claro!). A seguir apresentamos duas fotografias panormicas para serem utilizadas em aula(LowerManhattanfromStatenIslandFerryJan2006.jpg,Wikipdia)e (http://www.en-foto.com,comostrabalhosdofotgrafodersonNunes),com imagens de Nova Iorque e do lago Guaba, em Porto Alegre. Dentreasobservaesqueosalunospoderofazerlistamosalgumas, conforme a percepo deles: Percepo estreitaPercepo ampla -observardiferenasnasalturas- o que h atrs dos prdios?dos prdios - identificar o rio - perguntar que cidade esta? - identificar o cu, que est dia- ela est em uma ilha? - parece haver um porto ali- em que pas ela se localiza? -noenxergopessoas,onde esto? - h uma ponte: ela leva para que lugar? - H shopping Center ali?-porqueafotofoitiradadesta distncia? AsegundafotografiadamargemdolagoGuabaemPortoAlegre,minha cidade natal. O que se pode esperar dos alunos? Que perguntem o que h na outra margem, mesmo que no conheam a cidade? Onde vai dar este lago? , dentre as perguntas que revelam uma percepo ampla. J perguntas como o que h dentro doprdio?ouoqueaspessoasestaroconversando?revelaumapercepo estreita. . Teste: Exerccio: perguntar aos alunos:(a) quem v o Jornal Nacional?(b)queouquaisprogramascientficoselesassistemnatev?Pedirqueregistremas informaes obtidas nestes programas. Aula 6: Mitos (Youtube2 ou retroprojetor). Apresentar alguns vdeos tirados do YOUTUBE (muito visto pelos alunos) com imagens relacionados Mitologia e Filosofia Grega antiga. Em vez de vdeos podemos apresentar imagens extradas da internet sobre o surgimento da filosofia na Grcia, os pensadores chineses, os pr-socrticos at os dias de hoje,gravadas em um CD para apresenta-las em um aparelho de DVD. =Nietzsche,influenciadopeloromantismo,interpretaaculturaclssicagregacomoum embatedeimpulsoscontrrios:odionisaco,ligadoexarcebaodossentidos,embriaguez exttica e mstica e supremacia amoral dos instintos, cuja figura Dionsio, deus do vinho, da dana e da msica, e o apolneo, face ligada perfeio, medida das formas e das aes, palavraeaopensamentohumanos(logos),representadapelodeusApolo.Segundo Nietzsche,avitalidadedaculturaedohomemgrego,atestadaspelosurgimentodatragdia, deveu-seaodesenvolvimentodeambasasforas,eoadoecimentodamesmasobreveioao adventodohomemracional,cujamarcaafiguradeScrates,quepsfimafirmaodo homemtrgicoedesencaminhouaculturaocidental,queacabouvtimadocristianismodurante sculos. Aula 7: a coruja, smbolo da filosofia. Domingo, 9 de Abril de 2006 Coruja e filosofia - o que fazem juntas?A coruja da filosofia a Coruja de Minerva. Minerva uma deusa romana. Seu equivalente grego Athena. A deusa Athena filha predileta do deus dos deuses, Zeus, e da deusa Metis, cujo nome significa "conselheira", e que indica a posse de uma sabedoria prtica. Athena no nasceu de parto normal. Zeus engoliu a esposa, Metis, para se safar do filho que, pensava ele, poderia destron-lo, alis como ele prpriofezcomseupai,Cronos.OnascimentodeAthenaseddeummodo especial: aps uma grande dor de cabea, Zeus teve sua fronte aberta por um de seus filhos, e da espirrou Athena, j forte e grande. Athena seria a protetora natural de Athenas uma vez que estava ligada idia decuidadocomashabilidadesmanuais,comasartesemgeral,comaguerra enquantocapacidadedeproteoe,enfim,comasabedoria,ouseja,tudoque deveriacomandarumacidade.Todavia,foidesafiadaporPoseidon,quetambm desejavaseroprotetordacidadedeAtenas.Osdeusesemreuniodecretaram queficariacomacidadeaquelequeproduzissealgodemaistilaosmortais. Poseidonfezocavalo,Athenafezaoliva.AvitriafoiconcedidaaAthena. A disputa clssica na vida de Athena, no entanto, foi contra uma mortal Arachne, talvezumaprincesa,masqueaparecenamitologiacomoumtipodedomstica. Arachneteciamuitobem,maravilhosamente,apontodedizeremqueaprpria deusadashabilidades,Athena,ahaviaensinado.MasArachnenegavatalfatoe retrucavaquepoderiaproduzirumaredemuitosuperioraqualquercoisaque Athenafizesse.Eassimdesafiouadeusa. Athenatransformou-seemumavelhaefoiprocurarArachne,paraaconselh-laa no desafiar um deus. Mas Arachne ficou furiosa, e manteve seu desafio. E ento veio o confronto. Ambas teceram rapidamente, mostrando uma habilidade incrvel, e aprpriadisputasefezdemodotofantsticoquepareciaumahomenagemao trabalho.NoprodutodeAthena,asfigurastecidasmostravamosdeuses, imponentes,masdesgostososcomapresunodosmortais.Noprodutode Arachne, as figuras exemplificavam erros dos deuses tudo em forma de deboche. OresultadofoiqueAthenanosuportouoinsulto,eseinsurgiucontraArachne. Quando foi para colocar fim na vida de Arachne sentiu piedade (piedade grega, no crist, claro) e a poupou, deixando-a viver como um estranho animal a aranha. O mito tem como objetivo mostrar a criao da aranha, claro. Mas, como sempre, fornecemaisleituras:mostraAthenacomocompreensivaaoserroshumanos: um deusquenofosseAthenanosedariaaoluxodevirarumamortalpara, sutilmente,persuadirumoutromortaldenoinsult-lo.Assim,comtal caracterstica, Athena era de fato a condutora da cidade de Athenas, que recebeu tal nome por causa dela. Inspirados em Athena, os cidados gregos daquela cidade aprenderiamasecomportardiante das leis urbanas, deveriam tomar as melhores decises,evitarconflitoseseproteger,ordenadamenteinclusiveatravsda guerra contra inimigos externos. A imagem de Athena povoou as mentes de alguns filsofos. Plato, ao falar de Athena,atomoucomoprotetoradosartesos,ressaltandoocarterdadeusa enquanto no somente uma guerreira e conselheira, mas efetivamente como aquela que,desdeomomentoquedeuaoliveiraaosmortais,estavapreocupadaem honrarasabedoriaprtica,ahabilidadedeusarasmosemarticulaocomo crebro. Talvez Marx, ao falar que o pior engenheiro ainda melhor que a melhor dasaranhas,estivessepensando,defato,emArachne.Mascertamentecom HegelqueAthenaseimortalizouparansmodernos,finalmente,nasualigao com a filosofia. claro que predominou seu nome romano, Minerva. E mais que a prpria deusa, a coruja ficou no centro da histria. A frase de Hegel, que diz que a Coruja de Minerva levanta vo somente ao entardecer, alude ao papel da filosofia. Ouseja,afilosofiaspodedizeralgosobreomundo,atravsdalinguagemda razo,apsosacontecimentosquehaviamdeacontecerrealmenteacontecerem. Antesque"preverparaprover",queumlemadeComtee,portanto,doesprito cientificista, Hegel preferia dar crdito a uma postura filosfica que se via distinta da postura da cincia: a voz da razo explica racionaliza a histria. Ou seja, depois dahistria,elamostraqueestanofoiemvo. Quandodizemos,comWilliamJames,quecadafilosofiaotemperamentodo filsofoqueacriou,podemosentocaminharmaisumpoucoedizerqueMarxe HegelaparecemcomoosquemelhorencarnaramaprpriapsicologiadeAthena parateceremsuasfilosofias.MarxeHegel,cadaumcomsuaprpriapsicologia, seustemperamentos,captaramoespritodeAthenapara fazeremdissoespelhos parasuas filosofias.Pois,afinal,Athenadetinhacomsuasduas facetas o esprito desuasfilosofias:deumlado,Athenaeraaprotetoradeumademocraciade artesos, de outro, a racionalizadora das decises urbanas. Portanto, Marx e Hegel, em essncia! Mas sabemos que, de fato, o smbolo da filosofia ficou sendo a coruja, noAthena.Poderiaseroutroanimal,enoacoruja,omascotedeAthena?E como mascote da filosofia, o que indica? Acorujanobela.Platoeratidocomobelo,masScrateserahorrvel.A corujanoadeptadeumavisounidirecional,elagiraacabeaquaseque completamente, vendo todos os lados. Plato era adepto de uma viso unificadora, masScrateseraquaseumperspectivista.Platoensinavaemumaescolaque, muitas vezes, foi oficial. Mas Scrates ensinava nas ruas. Foi acusado e condenado por seduzir os jovens, por roub-los da Cidade, da Plis. A coruja, por sua vez, a avederapinaparexcellence,eapanhaosdescuidadosnanoite.Oslevada cidade,paraseuninho.Eento,dparaentender,agora,oquequecorujae filosofia fazem juntas? Paulo Ghiraldelli Jr., filsofo Aula 8: construo de uma linha do tempo. Refletiremos sobre os principais acontecimentos ocorridos na histria humana, asdatasmaislembradaseincluiremosasdatasdenossosnascimentos,tambm. Com isso podemos mostrar (o que Karl Popper mostrou antes de ns) que a histria no a histria de uns poucos, mas de todos ns. Grcia antiga Tales 585 aC Pitgoras 530 aC Herclito 500aC Parmnides 530-460aC Protgoras 490aC Demcrito 460aC Empdocles 450aC Scrates 499aC Plato 347aC Aristteles 384aC Jesus Cristo ano 1 Roma Marco Aurlio 121-180dC Idade Mdia Santo Agostinho 354dC So Toms de Aquino 1224dC Renascimento Ren Descartes 1596dC Iluminismo John Locke 1632 dC David Hume 1711dC Kant 1724-1804dC Hegel 1770-1831dC Nietzsche 1844-1900dC Karl Marx 1818-1883dC Sculo XX Bertrand Russell 1872-1970 Wittgenstein 1921 Jean-Paul Sartre 1980 Se sobrar tempo (olha ele a, de novo, o que quer que seja, um Deus Cronos ou uma fora externaaouniversoalgumjsaiuparaforadouniversoparacomprovarestatese?ou,ento, uma fora interna, em nossa mente?), podemos propor que os alunos pensem em uma nova forma decalendriosemelhanadeAugustoComtequeestabeleceuoano1apartirdarevoluo francesa. Que evento importante tomaramos co ano 1 de um novo calendrio a ser utilizado por toda a humanidade? Aula 9 - 12: exerccio de causalidade com jornais, revistas, etc. Vejamos:parainvestigarotodo,comofazemos?Sugerimosacontinuaodatarefadada naaulaanterior:abuscadecausas.Oprofessortrarouosprpriosalunostrarojornaise revistas e escolhero uma notcia. Depois, identificaro uma srie de causas que produziram estes acontecimentos. Oprofessorchamaratenodosalunosparaofatodeafilosofiageralmentetratadas causasmaislongnquas,distantesoucomosetornaramconhecidas,ascausasprimeiras.A religiotambmtratadelaseascinciaspermanecemnascausasmaisrecentesouimediatas. Estaquestopodeserproblematizada(questionada)aosalunosenodadafacilmentepelo professor. Estesexercciosrepetidosde buscar causas e efeitos so teis para que os alunos tornem hbitoperguntarpelosmotivosepelasconseqnciasdecadadecisoque algumserhumanotomouemalgummomentoantes.Seconseguirmosqueelessehabituema perguntar antes de agir, identificar possveis explicaes e possveis efeitos em cada ao humana (individualecoletiva,denossaparteedapartedosoutros),isto,emnossaopinio,bastapara reconhecer que eles aprenderam a filosofar. Lembramos de alunos que no corredor da escola, me paravam e perguntavam qualquer coisa e to logo eu respondia, perguntavam novamente e diante de outra resposta continuavam perguntando sobre o por qu desta ltima resposta; divertido, pois nosforaabuscarumacausaaindamaisantigaemumasriesemfimdecausas,excetose recorremos a um primeiro ser ou a um universo eterno... Podemosfazeruso(nofinaldestas4aulas)derevistasdeFILOSOFIA buscandocausasparanossascrenas,sobreotempo,amaldade,otrabalho,os sistemas econmicos, etc. Nesteexercciosetratarimplcitaetacitamente,tambm,daquestotica(almda Metafsica,ouseja,abuscaporumprimeiroser,bemcomo,abuscaporumfimousentidoda nossa existncia e, ainda, da Epistemologia, ou seja, da investigao cientfica e filosfica que visa explicaromundoesolucionarosproblemasprticosdenossaexistncia),poisfazerobem envolveidentificarosmotivoscertosejustosparaumaao,bemcomo,anteverosefeitosde nossos atos, a curto, mdio e longo prazo. Convmexplicarcomdetalheoqueoprofessordeseja.Quetomemumfatoeapartirda notciarelatadaidentificarascausasqueproduziramaquelefatoe,ainda,os efeitosqueofatoproduzirnofuturo,sendoestefato,tambm,umacausadosacontecimentos seguintes. Uma das perguntas ticas consiste em tentar responder: possvel prever os resultados futurosdenossosatospresentes?Comopodemosminimizaroserros?TalvezaquivalhaDavid Hume(comseumtodoindutivo:namaiorpartedasvezescausassemelhantesconduzirama efeitos semelhantes) e Descartes (com sua Moral provisria, isto , seguir o que a maioria faz). Assim, uma definio de filosofia: busca das causas primeiras. De onde viemos? Denossospais.Enossospais?Dospaisdeleseassimpassamospelosbisavos,tataravs,etc, atAdoeEvaeacriaodomundoouaumancestralcomumcomosmacacose,antes,aos pequenos mamferos quadrpedes que se entoucavam para no serem comidos pelos dinossauros e, ainda antes, dos rpteis, anfbios, peixes e as primeiras formas de vida unicelular e, antes, a um sopadeelementosqumicoscatalisadospelaatmosferacomgasesdeenxofreemetanomaisa eletricidadedosrelmpagos?Eotempo,umaforaexternaaouniversoouumsentidodentrode nossamente?Eolivre-arbtrio,isentodecausasexternasouefeitodasexperinciasanteriores que vivemos?Listemosascausasdaindisciplinapossveis:(a)exaustomentalpor excesso de informaes, o que faz deles insensvel aos pedidos do professor? falta de autoridade porpartedoprofessor?desestruturaofamiliarefalta de afeto? falta deautoridade, primeiro, na famlia?desprazernocontedodadoemaulaemcomparaocomasnovastecnologias (televiso, celular, internet)? m alimentao e poucas horas de sono? oportuno citar Aristteles e a teoria das causas: conhecer uma coisa conhecer a suacausaoucausa,poiseleidentificaquatrotiposoucinco(seacrescentarmosacausa acidental): Aristteles: as quatro causas. Conhecerumacoisa,dizAristteles,conhecerasuacausa.Comodescobrimosacausa de algo? Primeiro, nos deparamos com algo que existe - entrarmos em contato acidental com esta coisa.Emsegundolugar,parte-separadefinies-umafrmulaquenosapresentaacausa (essncia) de uma coisa (obra: Tpicos: I,5). Depois, procuramos substituir os termos da definio por palavras que nos sejam familiares. Por exemplo: um homem definido como animal racional. Eistoporqueoreconhecemosdentrodogneroanimale,aoidentificarentreasespcies existentesnognero,oclassificamosdentrodaespciehumana,quesecaracterizapela racionalidade. Aristteles enumera ao todo, quatro causas: (1) causa formal tambm chamada de causa primeira,formadefinidaouessencial,comovimosnopargrafoanterior(obra:Segundos analticos:II,10);(2)causamaterialdizrespeitomatriadaqualoobjetoou ser feito. Para ele,amulhereraaresponsvelpelacausamaterialdofilho.Amenstruaoseriaamatriaque nosetornoufeto; (3) causa eficiente -uma fonte (ou potncia) responsvel por uma mudana. Os pais so a causa da existncia de um filho, por exemplo (Metafsica: 14,2). Um outro exemplo, doprprioAristteles:porqueumbebengatinha,emvezdecaminhar?Porqueasuaparte superior mais longa e pesada que a parte de baixo (Sobre o andar dos animais: parte 11); (4) a causafinal-umfimdeterminadoaquetodasascoisasvisamatingir.Oserhumano,segundoo filsofo,temporfimousodarazo,dopensamento.H,ainda,acausaacidental.refere-se queles aspectos que no pertencem essncia dos seres e das coisas, sendo que estes tm uma causaindeterminada,prpriadavariabilidade(quantitativaequalitativa)damatria,comoao plantarumarvore,encontrarumtesouro,algumquevaiaomercadofazercompraseencontra umapessoaquelhedevedinheiroequelhepagaodbito.(Extradodolivro:CURSODE FILOSOFIA TEMTICA, de Antonio Matos) Almdousodejornais,faremosoexercciocomediesdarevista Filosofia, a partir dos textos publicados. Este exerccio poder ser feito em dupla. Duas notas importantes: David Hume ope-se existncia de causas gerais, apenas particulares. No saberemos se osolvainasceramanh,escreveuele,excetoquehumaprobabilidadedistoocorrer,baseada em nossas experincias passadas e no hbito que se desenvolveu em ns a partir de experincias repetidasememorizadas,comoemseuexemplodasbolasdebilhar,ondecasualmenteuma primeirabolaestpresentequandoseiniciaomovimentodeoutra,ambosmovimentosdistintos umdooutro(livro:Tratadodanaturezahumana:p.82).Omximoquepodemosfazerdefinir regrasgeraiscombasenasexperinciasparticulares,como,porexemplo,ascausasoriginadas pelaaoda"gravidade"que,athoje,noadmitiuexceo.Emresumo:todososnossos raciocnios sobre causa e efeito so derivados de nosso costume, uma crena que se origina mais propriamente nos sentidos e no na parte intelectiva de nossa natureza (Tratado: p. 75-6, 183). George Moore escreveu que encontramo-nos, em toda ao, diante da dificuldade de saber seasconseqncias(efeitos)produziroomaiorvalorfuturo.Mximascomonomentirou nomatartambmnopodemsergarantidascomoasmelhoresalternativas;podeserqueno futuro que seja melhor o extermnio de toda a nossa espcie, por exemplo, embora, hoje, seja um malrestringiravontadedeviverdoshomens.Comofazerescolhas?Devemosseguiraquelas escolhasqueforamfeitaspelamaiorpartedaspessoas,emvezdenosarriscarmosanossos julgamentos isoladamente. Atividade extra-classe: visita ao Museu de Cincias: SugerimosavisitaaomuseudecinciasdaPontifciaUniversidadeCatlicaequeuma oportunidade para observarmos as relaes de causa e efeito sob o ponto de vista da cincia. Instituto Estadual Dom Diogo de SouzaPorto Alegre, ___de novembro de 2008. Prezado (a) pai, me ou responsvel: VimospormeiodestapediraautorizaodeV.Sa.paralevaro(a)aluno(a): __________________________________________________________aoMuseu de Cincias da PUC (localizado na Av. Ipiranga, 6681, Porto Alegre ) no prximo dia 5dedezembro(sexta-feira),duranteohorriodeaula(7h30aomeio-dia).Parao deslocamento (idaevolta) faremos uso do transporte coletivo (linha T4, da Carris), cujo terminal fica na rua Dom Diogo de Souza (atrs da rua Ado Baino).Eu_____________________________ autorizo meu filho (a) a ir ao Museu da PUC, __________________________________________________ Pai, me ou Professor Vice-Diretora Responsvel Antonio JaquesEliane Instituto Estadual Dom Diogo de Souza Prezado (a) Professor (a): ________________ No prximo dia 5 de dezembro durante o turno da manh os alunos da turma 212 visitaro o Museu de Cincias da PUC.PedimoslicenadeV.Sa.parautilizarmo-nosdoseuperododeaulaparaarealizaoda atividade extra-classe e aproveitamos a oportunidade para convidarmo-lo (a) para ir conosco.Obs.: O ingresso para o Museu de R$8 e faremos uso da linha T4 para nosso transporte. Aula13-22:1otrabalho:Filosofaratravs das msicas preferidas. Este trabalho importantssimo para quebrar o gelo ou a distncia que separa asgeraes(doprofessoredosalunos),almdeestimularatolerncias preferncias(musicais)dosoutros.Emgeral,oalunovoprofessorcomoalgum quediz-lhecoisassemsentidoou quenoestpreocupadocom suas opinies ou algosemelhanteaoqueLockepensou:suasmentessofolhasdepapelem branco.Pode-seaprendermuitodasexperinciasdosestudantes,embora possamoscontribuirparalhesmostrarquenossospensamentossogeralmente superficiais sobre as coisas.Ummtodoparanosaprofundarmosmaisnaquiloqueavidanosmostra diariamentefazerperguntasdifceis.Normalmente,asperguntasfilosficas encontram-sea:quandoumamsicafaladotempo,perguntamosoqueo tempo?, por que s vezes ele passa rpido e outras, lento? Se uma msica fala de amor, qual a linha que separa o amor da paixo? Dizemos que amamos algum, masapontodedaraprpriavidapelooutro?Pode-sedebaterossignificadosda palavraamoreobservarqueelemudamuito.Emais:noprecisoestarantes apaixonado para depois amar? Algum que ama no deve sertambm apaixonado porquemama?Pode-seusaranalogias:oamorumriachoeapaixouma cachoeira? Mas, de onde sai esta gua e por que sua quantidade varia? Etc. Mais do querespostasdefinitivas,a filosofia pode oferecer alternativas, respostas possveis de serem aquelas que respondero s perguntas que formulamos. Umoutrocontedo(oculto,comodiriaaescoladapedagogiaCrtica)aser lecionado a da aceitao da diferena, isto , ser capaz de ouvir estilos de msica quenodoseugosto,masporrespeitosoutraspessoasesuaspreferncias. Umaatividadecomoestaensinamuitosobretolerncia,umarealtolerncia,no aquela velha tolerncia: ouo todos os estilos desde que prevalea o meu! Uma ltima sugesto: no permita que os alunos ouam vrias msicas, uma atrs da outra, seno eles no vo querer filosofar sobre elas. Cobre deles e de cada um por vez suas reflexes. Esta a grande contribuio que os filsofos podem dar humanidade. No que as pessoas no saibam pensar (elas aprendem com a vida emsociedade),masnopensam emprofundidadeeestaatarefaeolegado da filosofia. Nas msicas ocorre algo parecido com o que ocorre na literatura: em geral, os compositoresnofilosofamsobreaquiloquedizem,masapenasdizemdeacordo comosensocomum.Hexcees:ouvimosamsicapaisefilhos,ondesediz queosfilhosculpamseuspaisporseusfracassos,dizemqueseuspaisnoos entendem,mas,osfilhos,quemnoentendemospais,porqueospaisso crianas, tambm (entendemos por crianas, seres que, tambm, so inexperientes no mundo,que estoaprendendosobre o mundo e sabem apenas um pouco mais doqueseusfilhos).Surpreende-meestaexplicaoenoencontrei-aemnenhum filsofo e olha que li dezenas de obras.

Esttuas e cofres E paredes pintadas Ningum sabe o que aconteceu Ela se jogou da janela do quinto andar Nada fcil de entender Dorme agora s o vento l fora Quero colo Vou fugir de casa Posso dormir aqui Com vocs? Estou com medo tive um pesadelo S vou voltar depois das trs Meu filho vai ter Nome de santo Quero o nome mais bonito (chorus) preciso amar as pessoas Como se no houvesse amanh Por que se voc parar pra pensar Na verdade no h Me diz por que o cu azul Explica a grande fria do mundo So meus filhos que tomam conta de mim Eu moro com a minha me Mas meu pai vem me visitar Eu moro na rua no tenho ningum Eu moro em qualquer lugar J morei em tanta casa que nem me lembro mais Eu moro com os meus pais (chorus) preciso amar as pessoas Como se no houvesse amanh Por que se voc parar pra pensar Na verdade no h Sou uma gota d'gua Sou um gro de areia Voc me diz que seus pais no lhe entendem Mas voc no entende seus pais Voc culpa seus pais por tudo Isso absurdo So crianas como voc O que voc vai ser Quando voc crescer? Na msica seguinte, pudemos perguntar aos alunos vrias questes: 1) se a felicidade algo que escapa de ns e vai embora... para onde? 2) o pensamento faz a gente voar? CAETANO VELOSO - FELICIDADE Felicidade foi se embora E a saudade no meu peito ainda mora E por isso que eu gosto l de fora Porque sei que a falsidade no vigora A minha casa fica l de traz do mundo Onde eu vou em um segundo quando comeo a cantar O pensamento parece uma coisa toa Mas como que a gente voa quando comea a pensar Felicidade foi se embora E a saudade no meu peito ainda mora E por isso que eu gosto l de fora Porque sei que a falsidade no vigora (mais rpido) A minha casa fica l de traz do mundo Onde eu vou em um segundo quando comeo a cantar O pensamento parece uma coisa toa Mas como que a gente voa quando comea a pensar Felicidade... Outramsicadomesmocantorque,alis,tambmformadoemFilosofia.Elafaladas pessoasgente.Faladavidacomoummistrio,ondetudoestconectado(estrelasestono olhar),quehumdeterminismo(oamor,Eros,teelegeuparaamar...),dequehumsentido para a vida(gente parabrilhar, no para morrer de fome e gente quer ser feliz), que h uma forainternaquenosguia,masquepodemosnosegui-la(notraianuncaessafora...que mora em seu corao) e, entre outras coisas, que somos parte de algo maior (gente, espelho de estrelas, reflexo do esplendor). Gente olha pro cu Gente quer saber o um Gente o lugar De se perguntar o um Das estrelas se perguntarem se tantas so Cada, estrela se espanta prpria exploso Gente muito bom Gente deve ser o bom Tem de se cuidar De se respeitar o bom Est certo dizer que estrelas esto no olhar De algum que o amor te elegeu pra amar Marina, Bethnia, Dolores, Renata, Leilinha, Suzana, Ded Gente viva, brilhando estrelas na noite Gente quer comer Gente que ser feliz Gente quer respirar ar pelo nariz No, meu nego, no traia nunca essa fora no Essa fora que mora em seu corao Gente lavando roupa amassando po Gente pobre arrancando a vida com a mo No corao da mata gente quer prosseguir Quer durar, quer crescer, gente quer luzir Rodrigo, Roberto, Caetano, Moreno, Francisco, Gilberto, Joo Gente pra brilhar, no pra morrer de fome Gente deste planeta do cu de anil Gente, no entendo gente nada nos viu Gente espelho de estrelas, reflexo do esplendor Se as estrelas so tantas, s mesmo o amor Maurcio, Lucila, Gildsio, Ivonete, Agripino, Gracinha, Zez Gente espelho da vida, doce mistrio Gente olha pro cu Gente quer saber o um Gente o lugar De se perguntar o um Das estrelas se perguntarem se tantas so Cada, estrela se espanta prpria exploso Gente muito bom Gente deve ser o bom Tem de se cuidar De se respeitar o bom Est certo dizer que estrelas esto no olhar De algum que o amor te elegeu pra amar Marina, Bethnia, Dolores, Renata, Leilinha, Suzana, Ded Gente viva, brilhando estrelas na noite Gente quer comer Gente que ser feliz Gente quer respirar ar pelo nariz No, meu nego, no traia nunca essa fora no Essa fora que mora em seu corao Gente lavando roupa amassando po Gente pobre arrancando a vida com a mo No corao da mata gente quer prosseguir Quer durar, quer crescer, gente quer luzir Rodrigo, Roberto, Caetano, Moreno, Francisco, Gilberto, Joo Gente pra brilhar, no pra morrer de fome Gente deste planeta do cu de anil Gente, no entendo gente nada nos viu Gente espelho de estrelas, reflexo do esplendor Se as estrelas so tantas, s mesmo o amor Maurcio, Lucila, Gildsio, Ivonete, Agripino, Gracinha, Zez Gente espelho da vida, doce mistrio Umaltimaquesto:decidimospunirosalunosquenolevaramasrioestatarefaeno prestavam ateno aos colegas: fizemos uma avaliao e muitos vieram saber como filosofar com msica, algo que j tnhamos repetido bastante nas aulas anteriores. Apresentei-lhes umamsica conhecida:Parabnspravoc,Nestadataquerida,MuitasfelicidadesMuitosanosdevida!.O surpreendentequeamaioriadelesapenasexplicouoqueamsicaqueriadizerepoucos filosofaramcomolhessugeri:elaboremperguntasdifceisderesponder,geralmenteestassoas perguntasfilosficas.Houveunstrsalunosdeunstrintaqueserevelaramfilsofos:elesse perguntaram por que as pessoas desejam felicidade a algum, lhe est faltando ou ser que j no apossuem?Porquedoparabns,palavraqueseusadepoisqueumapessoafazalgobem feito?Outroalunocriticouadata,poisficarmaisvelhonosentristeceeumoutro,criticouadata relacionando-aamotivoscomerciais.Expliquei-lhesnaaulaseguintequeamelodia(amsica) de uma msica norte-americana Good morning to all (Bom dia pra voc, Bom dia pra voc, bom diaqueridascrianas,bomdiaparatodos!),compostapelasprofessorasdeumaescolainfantil PattyeMildredHill,em1893(EstadosUnidos)edepoisregistradaemnomedePrestonOrem. Masaletra,naversobrasileira,foiautoriadeumapaulistana,BerthaCelesteHomemdeMello, que venceu um concurso em 1942, patrocinado pela Rdio Tupi (RJ), que queria uma letra que se adequasseaooriginalnorte-americanodehappybirthdaytoyou.Finscomerciais?Pode-se pensar que uma festa de aniversrio (A palavra aniversrio vem do Latim anniversariu e parece, pela pesquisa que eu fiz, que significa aquilo que volta todos os anos ou o dia em que se faz um ano, uma volta da Terra ao redor do Sol) influencia as pessoas a irem a lojas comprar presentes, sim,masosnicosquetmdinheiroemmentesoosatuaisproprietriosdacanoquedizem que tm direitos sobre a execuo at 2030!Encontreiumaalunaquetinhaamesmaopinioqueaminha(alisfoielaquemdisse primeiro):elaquestionouousodeparabns,atporque,naChina,osfilhosqueagradecem aospaisporterlhedadoavida.Almdisso,umadataespecficadeaniversriopressupeque naquele dia voltamos ao dia em que nascemos, mas, segundo, os astrnomos, a Terra e o sol ao redordoqualelagira,etodoouniversoestoemexpansoe,ento,novoltamosmaisquele dia. Uma aluna, alis, matou a charada dizendo que uma data simblica - que smbolo fortssimo! Est bem reconheo que a data simblica, mas por que um dia para nos sentirmos felizes? Lembrei mais tarde que os Testemunhas de Jeov no comemoram aniversrios (alm de Natal,PscoaeCarnaval):seumotivoque so formas sutis de idolatria, adorao. De nossa parte, podemos dizer: que idolatria ignorncia,pois por que a cada ano devemos ficar felizes, emumadataespecfica,quesequeromesmodiaemquenascemos?Mais:,tambm,uma idolatria ao eu, porque tampouco somos os mesmos a vida toda! Emoutrasturmasapresentei,tambm,umamsicainfantilmuitoantigaparalelamente (nada simultneo!) com sua verso atualizada, ecolgica: Atirei o pau no gato, t, tmas o gato, t, tno morreu, reu, reudona Chica, c, cassustou-se, sedo berr, do berr que o gato deuMIAU!No atire o pau no ga-to,toporque isto-to,tono se faz, faz, fazO gatinho,nho nosso amigo,goNo devemos maltratar os animaisjamais!

Comofilosofaram?Muitosperguntaramsobreassetevidasdosgatos,outros,seogato mereceu ou no ser maltratado, outros, condenaram o ato e viram com bons olhos a nova verso. De minha parte, penso que eles poderiam ter perguntado se era um tigre, algumas vezes chamado de gato ou por que essas msicas antigas so violentas, etc. Aula 23: Scrates.H, tambm, embora possa ser entediante (120 minutos!) aos alunos, um DVD, dirigido por RobertoRosselinisobreapartefinaldavidadeScrates,comdestaqueparaasuadespedida. Quando assistimos pela primeira a este DVD, notamos que podemos exibi-lo aos alunos a partir da quinta cena, quando Scrates avisado de que h uma acusao contra ele no tribunal ateniense. Atestacenadecorremcercade50minutos,faltando,portanto,70minutos,masquemostram Scratesdialogandosobreoqueabelezaeoqueaimpiedade,caractersticasfundamentais daartepraticadaporScrates,incluindosuacondenaoedespedidaquandobebecicutae morre,semtemeramorte,poiselaouumsonosemsonhos,ouumencontrocom aqueles sbios e poetas clebres j falecidos.Nesta aula podemos exercitar a leitura com um texto de uma pgina (no mais do que isto) ondeseapresenteresumidamentetrechosdaobraApologiadeScrates.umatarefardua, sim,distantedavidadeles,sim,masleromeioparaadquirirvocabulrioenopodemosabrir mo disso. A seguir um resumo da defesa de Scrates perante o tribunal de Atenas: Apologia de Scrates (escrita por Plato) Primeira Parte - Scrates apresenta sua defesa Oquevs,cidadoatenienses,haveissentido,comomanejodosmeusacusadores,nosei; certoqueeu,devidoaeles,quaseme esquecia de mim mesmo, to persuasivamente falavam. Contudo,nodisseram,euoafirmo,nadadeverdadeiro.Mas,entreasmuitasmentirasque divulgaram,uma,acimadetodas,euadmiro:aquelapelaqualdisseramquedeveistercuidado paranoserdesenganadospormim,comohomemhbilnofalar.Essamepareceasuamaior imprudncia, se, todavia, no denominam "hbil no falar" aquele que diz a verdade.Deondenasceramtaiscalunias?Senotivessesteocupadoemalgumacoisadiversadas coisas que fazem os outros, na verdade no terias ganho tal fama e no teriam nascido acusaes (...)Porqueeu,cidadosatenienses,seconquisteiessenome,foiporalgumasabedoria.Que sabedoriaessa?Aquelaque,talvezpropriamente,asabedoriahumana.,emrealidade, arriscado ser sbio nela(...) Conheceis bem Xenofonte. Uma vez, indo a Delfos, ousou interrogar o orculoarespeitodissoeperguntou-lhe,pois,sehaviaalgummaissbioqueScrates.Ora,a pitonisarespondeuquenohavianingummaissbio(...)Efiqueipormuitotempoemdvida sobreoquepudessedizer;depoisdegrandefadigaresolvibuscarasignificaodoseguinte modo: Fui a um daqueles detentores da sabedoria, com a inteno de refutar, por meio dele, sem dvida,oorculo,e,comtaisprovas,opor-lheaminharesposta:Estemaissbioqueeu, enquantotudiziasqueeusouomaissbio.Examinandoumdospolticos,estedequemeu experimentavaessaimpresso.-efalandocomele,afigurou-se-mequeessehomemparecia sbioamuitosoutroseprincipalmenteasimesmo,masnoerasbio.Procureidemonstrar-lhe que ele parecia sbio sem o ser. Da me veio o dio dele e de muitos dos presentes (...) Depois, fui aospoetastrgicos,convencidodeque,entreesses,euseriadefatoapanhadocomomais ignorantedoqueeles(...) Empoucaspalavrasdireiquenofaziamporsabedoriaaquiloque faziam,masporcertanaturalinclinaoeintuio,assimcomoosadivinhoseemverdade, emboradigammuitasebelascoisas,nosabemnadadaquiloquedizem....Tambmfuiaos artfices,porqueestavapersuadidodeque,porassimdizer,nadasabiam,e,aocontrrio,tenho que dizer que os achei instrudos em muitas e belas coisas. Em verdade, nisso me enganei: eles, defato,sabiamaquiloqueeunosabiaeerammuitomaissbiosdoqueeu. Mas,cidados atenienses,parece-mequetambmosartficestinhamomesmodefeitodospoetas:pelofatode exercitarbemaprpriaarte,cadaumpretendiasersapientssimotambmnasoutrascoisasde maior importncia, e esse erro obscurecia o seu saber.Assim, eu ia interrogando a mim mesmo, arespeitodoquedisseoorculo,sedeviamesmopermanecercomosou,nemsbiodasua sabedoria, nem ignorante da sua ignorncia, ou ter ambas as coisas, como eles o tm.Agoraprocurareidefender-medeMeleto...Dizaacusao-cometecrimecorrompendoos jovensenoconsiderandocomodeusesosdeusesqueacidadeconsidera,pormoutras divindades novas....Meleto quem comete crime, porque brinca com as coisas graves.-E,agora,dize-me,porZeus,Meleto:quemelhor:viverentrevirtuososcidadosouentre malvados? Responde, meu caro, no te pergunto uma coisa difcil. No fazem os malvados alguma maldadeaosquesoseusvizinhos,ealgunsbenefciososbons?-Certamente. -Ehaver quem prefira receber malefcios a ser auxiliado por aqueles que esto com ele? Responde, porque tambm a lei manda responder. H os que gostam de ser prejudicados.-No, por certo...- Mas, ou no os corrompo, ou, se os corrompo, involuntariamente, e em ambos os casos mentiste. E, seoscorrompoinvoluntariamente,nohleisquemandemtrazeraquialgum,portaisfatos involuntrios, mas h as que mandam conduzi-lo em particular, instruindo-o, advertindo-o. - Assim, pois, Meleto, por estes mesmos deuses, de que agora est falando, fala ainda mais claro, a mim e aos outros. No consigo entender se dizes que eu ensino a creditar que existem certos deuses - e em verdade creio que existem deuses, e no sou de todo ateu, nem sou culpado de tal erro - mas nosoosdacidade,pormoutros,edissoexatamentemeacusam,dizendoqueeucreioem outros deuses. Ou dizes que eu mesmo nocreio inteiramente nos deuses e que ensino isso aos outros?Eudigoisso,quenoacreditasinteiramentenosdeuses...Tudizes,pois,queeucreioe ensino coisas demonacas, sejam novas, sejam velhas; portanto, segundo o teu raciocnio, eu creio que h coisas demonacas e o juraste na tuaacusao. Ora, se creio que h coisas demonacas, certo absolutamente necessrio que eu creia tambm na existncia dos demnios. No assim? Assim : estou certo de que o admites, porque no respondes. E no temo em apreo os demnios como deuses ou filho de deuses? Sim, ou no?- Sim, certo. - Se, pois, creio na existncia dos demnios,comodizes,seosdemniossoumaespciededeuses,issoseriaproporqueno acreditonosdeuses,e depois,que,aocontrrio,creionosdeuses,porqueaomenoscreiona existncia dos demnios. Masnuncafuimestredeningum:se,pois,algummostroudesejosodaminhapresena quando eu falava, e acudiam minha procura jovens e velhos, [33 b] nunca me recusei a ningum. Nunca,aomenos,faleidedinheiro;masigualmentemeprestoameinterrogarosricoseos pobres, quando algum, respondendo, quer ouvir o que digo. e se algum deles se torna melhor, ou nosetornanopossoserresponsvel,poisquenoprometi,nemdei,nessesentido,nenhum ensinamento.E,sealgumafirmarqueaprendeuououviudemim,emparticular,qualquercoisa de diverso do que disse a todos os outros, sabei bem que no diz a verdade.Segunda Parte - Scrates condenado e sugere sua sentena Elespedem,pois,paramim,apenademorte(dos501juzes,280afavore220contra).Pois bem,atenienses,quecontrapropostavosfareieu?(...)Ora,possvelquealgumpergunte:- Scrates,nopoderiastuviverlongedaptria,caladoeempaz?Eisjustamenteoquemais difcilfazeraceitaraalgunsdentrevs:sedigoqueseriadesobedeceraodeuseque,poressa razo, eu no poderia ficar tranqilo, no me acreditareis, supondo que tal afirmao , de minha parte, uma fingida candura. Se, ao contrrio, digo que o maior bem para um homem justamente este,falartodososdiassobreavirtudeeosoutrosargumentossobreosquaismeouvistes raciocinar, examinando a mim mesmo e aos outros, e, que uma vida sem esse exame no digna de ser vivida. Terceira Parte - Scrates se despede do tribunal ... Estamos longe de pensar que a morte um mal. Porque morrer uma ou outra destas duas coisas: ou o morto no tem absolutamente nenhuma existncia, nenhuma conscincia do que quer queseja,ou,comosediz, amorteprecisamenteumamudanadeexistnciae,paraaalma, umamigraodestelugarparaumoutro.Se,defato,nohsensaoalguma,mascomoum sono, a morte seria um maravilhoso presente (...) Se, ao contrrio, a morte como uma passagem deste para outro lugar, e, se verdade o que se diz que l se encontram todos os mortos, qual o bemquepoderiaexistir,juzes,maiordoqueeste?Quepreonoserieiscapazesdepagar, para conversar com Orfeu, Museu, Hesodo e Homero? Aula24:explicaodo2otrabalhode autoconhecimento. Algobastantecaractersticodacondiohumanaasertestadonestaexperinciadiz respeito a termos desejos crescentes e qu