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11 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS QUANTO À VIGILÂNCIA ELETRÔNICA: O CASO DE UM ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO EVELYN GUIMARÃES SILVA Natal, junho de 2013.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS QUANTO À VIGILÂNCIA ELETRÔNICA: O CASO DE UM ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO

EVELYN GUIMARÃES SILVA

Natal, junho de 2013.

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EVELYN GUIMARÃES SILVA

PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS QUANTO À VIGILÂNCIA ELETRÔNICA: O CASO DE UM ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientadora: Iris Linhares Pimenta, M Sc.

Natal, junho de 2013.

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Silva, Evelyn Guimarães. Percepção dos usuários quanto à vigilância eletrônica: o caso de um

escritório administrativo / Evelyn Guimarães Silva. – Natal, RN, 2013. 68f. : il. Orientadora: Profa. Ma. Iris Linhares Pimenta. Monografia (Graduação em Administração) – Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Administrativas.

1. Administração – Monografia. 2. Processo de trabalho – Monografia.

3. Monitoramento eletrônico – Monografia. 4. Tecnologia da informação – Monografia. I. Pimenta, Iris Linhares. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 005.961

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS QUANTO À VIGILÂNCIA ELETRÔNICA: O CASO

DE UM ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO

EVELYN GUIMARÃES SILVA

Monografia apresentada e aprovada em ___ de __________ de ____, pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

______________________________________ Iris Linhares Pimenta, Msc.

Orientador

_______________________________________

Examinador

________________________________________

Examinador

Natal, de de 2013.

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Dedico esse trabalho à minha batalhadora Mãe, Maria Rita Azevedo

Guimarães.

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AGRADECIMENTOS

Á Deus, pela companhia de todas as horas, por seu amor me proteger e me encorajar

nos caminhos mais árduos, e, pela “minha vitória hoje ter sabor de mel”.

Á minha mãe Maria Rita, pelos ensinamentos de vitoriosa, pelo incondicional amor

que nos une e por ser o abraço mais desejado e alivio imediato nos momentos de angústia e

incerteza.

Aos meus irmãos, Eliete e Regis que mesmo distantes se fazem presentes em orações.

Que eu seja motivo de muito orgulho para nossos maiores amores, Larissa, Ericlys, Nycolas e

Dennyel e para toda a família que construímos. À Suelen, Daniel, Maria e Danilo o meu

muito obrigada!

Á minha segunda mãe e tia Maria Amélia, por seu olhar atento, por junto ao meu tio

Carlos se mostrar presente diante de toda adversidade.

Ao meu padrasto Edson de Medeiros Carvalho (in memorian), por ser a inspiração da

profissão e por muitos dos sábios ensinamentos.

Á todos os meus amigos, que torceram e torcem para que cada um dos meus sonhos se

tornem realizações, pelos momentos de companheirismo e cumplicidade.

Á professora Iris Pimenta, minha orientadora, pela aceitação da realização do presente

trabalho, bem como, pelo encorajamento às minhas ideias e apoio constante.

Ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte –

IFRN, por ter dado o impulso para o entendimento de que o aprendizado é um bem único e

intransferível.

Á empresa em que a pesquisa foi realizada, pela confiança e receptividade, bem como,

por abrir as portas para o inicio da minha carreira profissional, proporcionando também os

imensuráveis sentimentos de orgulho e respeito por fazer parte desta família.

Á Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por nos dar subsídios

estruturais para a apresentação do presente trabalho e à todos os mestres que compõe essa

instituição, por cada acréscimo à minha formação.

Á todos que direta ou indiretamente torceram para essa conquista, contribuindo com

os mais sinceros votos.

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"Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos.”

Albert Einstein

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RESUMO

O controle nas organizações trata-se de um dos fatores determinantes para a garantia da máxima eficiência e eficácia dos processos realizados. No atual contexto de mudanças e de globalização em que as organizações se inserem, as tecnologias desenvolvidas ganham um escopo de auxilio ao controle nas organizações através do conceito de Vigilância Eletrônica. O presente trabalho aborda a vigilância eletrônica aplicada a um escritório administrativo, partindo da questão mobilizadora: Como trabalhadores percebem a vigilância eletrônica existente em seu trabalho? O objetivo geral da pesquisa pautou-se na verificação quanto à percepção dos colaboradores da empresa quanto às ferramentas de vigilância eletrônicas adotadas em seu ambiente de trabalho. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa com características exploratório-descritivo, na qual foram entrevistados seis sujeitos. No tratamento dos dados via analise de discurso e observação, foi possível a classificação dos sentimentos atribuídos as ferramentas nas esferas de aquiescência, resistência e indiferença. O trabalho conclui que embora a vigilância eletrônica possua papel marcante no contexto de controle/monitoramento dos colaboradores, identifica-se a enraizada percepção de que a supervisão de maneira presencial e hierarquizada se compõe ainda como fator de principal impacto na visão dos colaboradores.

Palavras-chaves: Vigilância Eletrônica, Controle, Percepção.

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ABSTRACT

The control in organizations it is one of the determining factors for ensuring maximum efficiency and effectiveness of the work processes. In the current context of change and globalization in the organizations, technologies are developed with the function that helps to control users with concept of Electronic Surveillance. This research is related to electronic surveillance applied to an administrative office, started from the following driving question: How workers perceive electronic surveillance exists in your work? The objective of the research is based on verifying the perception of company employees in relation to electronic surveillance tools adopted in their work environment. About its methodology, it’ a quantitative research, with exploratory and descriptive characteristics, which were interviewed six subjects. The analytical process was used discourse analysis and observation, which qualified the feelings identified about the tools in the areas of compliance, resistance and indifference. It can be concluded that the electronic surveillance that although the electronic surveillance is important in the context of control / monitoring of employees, it’s possible to identify that the perception is based in a supervision and hierarchical, and it composed the main impact factor in view of employees.

Keywords: electronic surveillance, control, perception.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO...…………........…….....…………........…...…….......…....…..... 12 1 - PARTE INTRODUTÓRIA.................................................................................... 13

1.1 – Contextualização e Problema.......................................................................... 13 1.2 – Objetivos......................................................................................................... 15

1.2.1 – Objetivo Geral........................................................................................ 15 1.2.2 – Objetivos Específicos............................................................................. 15

1.3 – Justificativa do Estudo..................................................................................... 15 2 – REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................. 17

2.1-Evolução do Controle nas Organizações......................................................... 17 2.2 – Sociedades Disciplinares x Sociedades de Controle...................................... 19 2.3 – O Panóptico e o Panoptismo........................................................................... 21 2.4 – Dinâmicas de Vigilância frente ao Panoptismo.............................................. 23 2.5 – A Vigilância Eletrônica.................................................................................. 26 2.6 – Sentimentos quanto à Vigilância Eletrônica................................................... 29

2.6.1 – Resistência.............................................................................................. 31 2.6.2 – Aquiescência........................................................................................... 32 2.6.3 – Sentimentos em geral.............................................................................. 33

3 – METODOLOGIA.................................................................................................. 35 3.1 – Tipo de Pesquisa............................................................................................. 35 3.2 – Caracterização da Organização...................................................................... 36 3.3 – População e Amostra...................................................................................... 36

3.3.1 – Sujeitos da Pesquisa................................................................................ 37 3.4 – Instrumentos da Pesquisa............................................................................... 39 3.5 – Coleta de dados............................................................................................... 40 3.6 – Tratamento de dados....................................................................................... 40

4– ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................................ 42

4.1 – Caracterização das ferramentas de Vigilância Eletrônica.............................. 42 4.1.1 – Controle de Entrada e Saída................................................................... 43 4.1.2 – Ponto Eletrônico..................................................................................... 44 4.1.3 – Câmeras.................................................................................................. 45 4.1.4 – Firewall................................................................................................... 45 4.1.5 – Sistema Integrado de Controle Operacional e Financeiro (SICOF)....... 49 4.1.6 – Sistema telefônico................................................................................... 49

4.2 – Analise de discurso dos entrevistados............................................................ 50 4.2.1 – Percepção quanto à tecnologia utilizada................................................. 51

4.2.1.1 – Importância da Tecnologia da Informação................................. 52 4.2.1.2 – Satisfação em relação aos aparatos tecnológicos....................... 52 4.2.1.3 – Domínio dos acessos disponíveis............................................... 53

4.2.2 – Percepção quanto aos conceitos de Controle e Monitoramento............. 53 4.2.3 – As ferramentas de Monitoramento e os Sentimentos............................. 56

4.2.3.1 – Sentimentos – Controle de Entrada e Saída............................... 56 4.2.3.2 - Sentimentos – Ponto Eletrônico.................................................. 56

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4.2.3.3 - Sentimentos – Cameras.............................................................. 57 4.2.3.4 – Sentimentos – Firewall............................................................. 58 4.2.3.5 – Sentimentos – Sistema telefônico............................................. 60

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 63 REFERÊNCIAS ............................................…….....…………........…...…….......… 66 APENDICE A – Roteiro de entrevista com o gestor de TI....................................... 68 APENDICE B – Roteiro de entrevista com os funcionários..................................... 69

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Diagrama do Poder Soberano.......…………........…...…….......…....…..... 24 Figura 2 – Diagrama do Poder Disciplinar.....…………........…...…….......…....…..... 24 Figura 3 – Diagrama do Poder em Rede........…………........…...…….......…....…..... 25 Figura 4 – Diagrama de Vigilância Eletrônica.....…........….........…….......…....…..... 25

Quadro 1 – Cursos de decisão quanto ao acesso dos usuários......…….......…....…..... 30Quadro 2 – Sujeitos informantes da pesquisa.....…........….........…….......…....…..... 39

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APRESENTAÇÃO

A ampla difusão das tecnologias no ambiente organizacional traz consigo grandes

mudanças com relação à forma com o monitoramento e o controle são desenvolvidos. Tendo

em vista a globalização e a crescente necessidade de agilidade nos processos, as informações

a cerca dos usuários devem ser coletadas de maneira cada vez mais rápida, mantendo a

precisão e a relevância inerentes aos processos de trabalho, de forma a diminuir a vigilância

corpo a corpo exercida pelos cargos de supervisão e dar espaço à ferramentas que efetuem

esse tipo de acompanhamento. Vale salientar ainda, que embora a visão gerencial seja

imprescindível nesse processo, a busca por conhecer as necessidades e percepções dos

usuários faz com que tais sistemas permaneçam em aprimoramento contínuo, agregando mais

eficiência e eficácia às atividades.

Dessa forma, o presente trabalho tem o intuito de analisar a percepção dos usuários

quanto à vigilância eletrônica existente no escritório da empresa ficticiamente denominada

Distribuidora Brasil. Para tanto, os embasamentos teóricos do presente estudo se originou no

campo da Administração, mais precisamente com temas relacionados à Tecnologia da

Informação (no tocante a vigilância eletrônica) e Teoria das organizações (frente ao tema

controle). Ainda é possível auferir um dialogo junto aos campos da Filosofia e Sociologia,

visto a estreita relação com o conceito de panoptismo explorado pelo autor Foucault (2007).

A presente monografia está dividida em cinco capítulos. O capítulo 1 refere-se à parte

introdutória, em que consta a contextualização e problema de pesquisa, o objetivo geral, os

objetivos específicos e a justificativa do estudo. O capítulo 2 intitulado Referencial Teórico é

composto pela revisão da literatura estruturada a partir dos aspectos de evolução do controle

no meio organizacional, conceitos de panoptismo, definição da vigilância eletrônica e os

sentimentos emergentes deste tipo de vigilância.

A Metodologia da pesquisa será descrita no capitulo 3 onde apresentam-se o tipo de

pesquisa, caracterização da organização, a população e amostra, os instrumentos de pesquisa,

a coleta de dados e o tratamento dos mesmos. Por conseguinte o capítulo 4 traz a análise e a

discussão dos resultados. O capítulo 5 fornece as considerações finais auferidas acerca do

estudo realizado.

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1 PARTE INTRODUTÓRIA

Faz parte desta seção a contextualização do tema estudado e a formulação do

problema de pesquisa. São apresentados, ainda, o objetivo geral e os objetivos específicos da

pesquisa, bem como a justificativa para o estudo tanto no ponto de vista teórico/científico

quanto a sua aplicabilidade.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA

Na administração, os primeiros indícios quanto à vigilância e monitoramento de

colaboradores datam do século XX, juntamente com os Princípios da Administração

Cientifica de Frederick Taylor. Nesses princípios e pautando-se no plano operacional de

trabalho, o “pai da administração cientifica” identifica a necessidade de supervisão, visando

garantir a máxima eficiência e eficácia dos operários no processo produtivo das fábricas

(MAXIMILIANO, 2000).

Mas é com os estudos de Henri Fayol que o controle é intitulado como função

administrativa, juntamente com os elementos de planejamento, organização, comando e

direção. Conforme Maximiliano (2000), o Fayolismo traz a ideia de que a todo tempo os

colaboradores necessitam de ordens para saber o que devem fazer, bem como, as ações dos

dirigentes devem se focar na coordenação e controle efetivo dos passos desses colaboradores.

É possível identificar que tais conceitos são vigentes nas organizações atuais, de forma que

até hoje há uma preocupação dos gestores quanto ao acompanhamento e mensuração das

atividades desenvolvidas por seus liderados.

Já no âmbito da TI, Costa (2004) coloca que os aparatos de vigilância e

monitoramento foram desenvolvidos visando melhores técnicas de espionagem em guerras. O

autor complementa que grande parte do sistema atual de vigilância eletrônica global se baseia

na interceptação de mensagens, tática de guerra introduzida pelos Estados Unidos. Entretanto,

sabe-se que foi “com o fim da Segunda Guerra Mundial, que as novas tecnologias

desenvolvidas para fins bélicos passaram a ser difundidas para fins civis e comerciais”

(CARDOSO, 2010).

Atualmente, esses aparatos tecnológicos são componentes relevantes ao contexto

organizacional. Tal fato se justifica tanto pelo objetivo de controle das atividades, como

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também pelo aumento no número de usuários que possuem acesso às informações, recursos e

até mesmo ao espaço físico das empresas, estando estas empresas mais vulneráveis ao uso

indevido. Conforme afirmação de Beal (2005, apud ZIMMER, 2009, p.13), “as pessoas são,

acertadamente, consideradas o ‘elo frágil’ da segurança da informação”.

Um estudo realizado pela empresa Networks Unlimited mostrou que uma empresa

americana de 120 empregados, mensurou em 2.400 horas o tempo desperdiçado por seus

funcionários em sites de esportes, compras, sites pornográficos, Orkut, Youtube e Messenger,

que não possuem relação alguma com a atividade desenvolvida, sendo utilizados apenas a

cunho pessoal. (RODRIGUES, 2007).

Além disso, com a “onipresença” da TI nos ambientes organizacionais acaba por gerar

uma maior automatização de alguns processos, e, voltando-se ao âmbito de gerenciamento e

controle, observa-se que a necessidade de supervisão hierárquica corpo a corpo com os

colaboradores se minimiza, dando espaço ao revolucionário controle exercido pelas

ferramentas tecnológicas (CARDOSO, 2010).

Sob essa perspectiva, desenvolve-se os estudos no campo da vigilância eletrônica,

conceito firmado nos processos relacionados ao controle e monitoramento remoto de pessoas

inseridas em um contexto organizacional utilizando-se de dispositivos tecnológicos, quer

sejam softwares, câmeras, instrumentos de geo-localização; computadores, telefones, dentre

outros (ZIMMER, 2009).

Ainda pode-se dizer que as opiniões emitidas pelos usuários adquiriram mais

relevância para as organizações, sendo um fator determinante para o bom uso do sistema, bem

como, para a determinação de uma maior autonomia dos usuários. Fleury e Fischer (2010)

esclarecem que a observação de um funcionário possibilita informar “o grau de adesão do

mesmo às normas e aos princípios da organização”, sendo esta adesão traduzida pelo

cumprimento dessas normas e princípios.

Diante deste contexto e dada a escassez de estudos no âmbito da vigilância eletrônica

no contexto organizacional, o presente trabalho consiste em um estudo do tema no escritório

central de uma organização de abrangência nacional, atualmente situada na cidade de Natal-

RN e hipoteticamente denominada neste estudo como “Distribuidora Brasil”. A pesquisa

propõe discutir a seguinte problemática: Como trabalhadores percebem a vigilância

eletrônica existente em seu trabalho?

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Verificar a percepção dos colaboradores da empresa “Distribuidora Brasil” quanto aos

aspectos relacionados à vigilância eletrônica em seu ambiente de trabalho.

1.2.2 Objetivos Específicos

a. Identificar e caracterizar as ferramentas de vigilância eletrônica adotadas pela

organização;

b. Identificar e classificar os sentimentos mencionados pelos entrevistados frente a

cada ferramenta de controle presente na empresa;

c. Analisar a variação entre a percepção dos usuários e seus respectivos níveis

hierárquicos.

1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

Quando se trata de tecnologias e sistemas de auxilio às operações de uma determinada

organização, fala-se que um dos grandes desafios é a adaptação daqueles que irão utilizar de

tais mecanismos para o desenvolvimento de suas respectivas atividades na organização. Dessa

forma, a justificativa de estudo pauta-se nos aspectos teórico, social e pessoal.

A razão da escolha do tema se deu em vista de que muitos são os esforços para o

desenvolvimento de tecnologias que aperfeiçoem o trabalho cotidiano dos funcionários,

entretanto, são escassos os estudos no sentido de entender o que esses profissionais desejam

para aumentar a produtividade, bem como o sentimento desses com relação ao monitoramento

no ambiente organizacional. Como bem explicita Jermier (2001) e Ramos (2007) (apud

ZIMMER, 2010, p. 16), existem poucos trabalhos centrados na vigilância eletrônica.

No que concerne à questão social, tal pesquisa será pertinente na avaliação das

posições tanto dos trabalhadores, visto a possibilidade de auto-reflexão e entendimento das

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consequências positivas e negativas da sua relação com a tecnologia no ambiente de trabalho,

quanto no aspecto relacionado à empresa, visto que, a mesma terá possibilidade de verificar se

as ferramentas de monitoramento adotadas estão atingindo o objetivo previamente

determinado.

No quesito pessoal, a escolha do tema pautou na identificação da autora com as áreas

de psicologia comportamental e gestão de sistemas de informação, sendo tais áreas

convergentes neste estudo, bem como, o interesse em relação ao estudo da função

administrativa controle.

Outra questão que viabilizou a pesquisa, se dá em vista de que a pesquisadora trabalha

na empresa em estudo, tendo, portanto facilidade ao acesso das informações necessárias à

realização do trabalho, bem como, para realização de entrevistas. Além disso, tal tipo de

estudo ainda não foi desenvolvido na organização, e dessa forma o conhecimento

aprofundado dessa temática, pode contribuir para a melhoria dos processos internos, já que se

trata de uma empresa de capital aberto, interessada em aprimorar suas atividades.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 – EVOLUÇÃO DO CONTROLE NAS ORGANIZAÇÕES Quando se trata da relação de controle nas organizações, é possível identificar que tal

conceito persiste por longas datas. De acordo com Maximiano (2007), são aspectos

norteadores do controle conceitos como organização, disciplina, hierarquia e poder, que por

sua vez, mostram-se como traços marcantes da sociedade desde 3.000 a.C., na época das

organizações militares. Fala-se ainda da identificação do controle na sociedade medieval,

quando foram formadas as corporações de oficio e a produção era realizada por famílias, de

forma que, já era possível a visualização de uma relação hierárquica entre os mestres, artífices

e aprendizes (SOUTO, 2005, p.12).

Voltando-se para o campo da administração, Maximiano (2007) coloca que foi apenas

no inicio do século XX (período após a Revolução Industrial e momento de grandes

transformações tecnológicas, econômicas e sociais) que o controle vem a ser estruturado

como principio, mediante os estudos de Frederick Wislow Taylor, percursor da administração

cientifica. É valido ressaltar que a visão de Taylor era totalmente voltada a produção, ao chão

de fábrica, visto sua intima relação com o processo industrial. Logo, o principio do controle

era caracterizado da seguinte forma:

Controlar trabalho para se certificar de que ele está sendo executado de acordo com as normas estabelecidas e segundo o plano previsto. O controle deve focalizar as exceções ou desvios padrões. (...) A gerência deve verificar as ocorrências que se afastam dos padrões para corrigi-las adequadamente. (CHIAVENATO, 2003, p. 39)

Somente com os estudos de Henri Fayol que o controle tomou escopo de função

administrativa. O mesmo elencava como alguns de seus princípios de administração questões

como autoridade (ato de mandar e se fazer obedecer), disciplina (respeito aos acordos

estabelecidos bem como aos superiores), unidade de comando (cada individuo apenas com um

superior) e cadeia de comando (uma linha de autoridade em que cada líder possui uma

autonomia de comando) (MAXIMIANO, 2007).

É valido salientar ainda o controle na teoria burocrática, juntamente com os estudos do

sociólogo alemão Max Weber, e, principalmente no tocante as dimensões de regulamentação

e hierarquia de autoridade. Nessas dimensões Weber explicita o controle exercido pelas

normas, regras e procedimentos formais, de maneira a controlar/sucumbir quaisquer ações que

não estejam minimamente calculadas, assegurando a uniformidade e regulando as ações dos

empregados (CHIAVENATO, 2003).

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Diferentemente das teorias de Taylor, Fayol e Weber, na teoria das relações humanas

o controle deixa de ser visto sob uma vertente mecanicista, e toma um escopo focado no

comportamento. Desta forma, é pertinente o pensamento de que o controle adota

características distintas de uma imposição, e, visto a alteração nas visões quanto à relação

líder-subordinado, observa-se uma tendência para que os chefes passem a utilizar-se de um

comportamento mais humano e adoção de uma administração mais democrática e

participativa, por vezes até mesmo descentralizando a sua autoridade. (CHIAVENATO,

2003).

Na chamada Era da Informação, as teorias administrativas falam sobre o controle de

um ponto de vista mais simplista, focado na agilidade e na flexibilidade. Peters e Waterman

(1982, apud CHIAVENATO, 2003, p. 61) colocam que a partir da década de 1990 é possível

identificar nas organizações um chamado “controle simultaneamente solto e apertado”, e

exemplifica tal conceito:

No McDonald’s, nenhuma exceção é feita para os valores básicos de qualidade, serviço, limpeza e valor. Na IBM, a alta direção não tolera nenhum desacordo com os valores culturais de respeito ao individuo como ser humano. Já em outras áreas, os empregados são plenamente livres para experimentar, inovar e assumir riscos de modo que possam ajudar a organização a encontrar novos meios para atingir seus objetivos. (CHIAVENATO, 2003, p. 61).

E é mediante a este foco de simplicidade, agilidade e flexibilidade que se pode

relacionar o controle atualmente com o contexto de globalização, tecnologia e rápidas

mudanças que as empresas estão imersas. O controle técnico ou tecnológico, típico do século

XIX em diante, está relacionado aos sistemas tecnológicos que proporcionam o controle sobre

o ritmo de execução das atividades em uma organização, como também à forma como o

trabalho é executado e condicionado (SOUTO, 2005).

Segundo Laudon e Laudon (2001) “o uso intensivo da tecnologia de informação em

empresas desde a metade da década de 90, aliado a igualmente significativa remodelagem

organizacional”, criou condições para novos fenômenos organizacionais como os sistemas de

informação, que por sua vez, podem ser definidos da seguinte forma:

[...] um conjunto de componentes inter-relacionados que coleta, processa, armazena e distribui informações destinadas a apoiar a tomada de decisões, a coordenação e ao controle [...]

Paralelamente, Chiavenato (2003) define como um tipo de controle organizacional o

ato de “avaliar e dirigir o desempenho das pessoas por meio de sistemas de avaliação do

desempenho pessoal, supervisão direta, vigilância e registros, dentre outros”. Logo, é possível

observar nas organizações contemporâneas a presença marcante das vertentes organizacionais

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controle, tecnologia e pessoas, que, quando somadas compõe o tema central do presente

trabalho: vigilância eletrônica.

Mediante a apresentação desses conceitos é possível identificar que a existência do

controle seja ele direto ou indireto está intrínseco a todas as fases históricas do estudo da

ciência administrativa. O controle advém da ideia de medir, mensurar, avaliar e acompanhar

os processos existentes nas organizações, concluindo se os objetivos estão ou não sendo

devidamente alcançados. Com a revolucionária evolução da tecnologia, é adicionado a ação

de controlar aparatos tecnológicos que tem por objetivo facilitar essa ação tão relevante aos

processos cotidianos das organizações.

2.2 – SOCIEDADES DISCIPLINARES X SOCIEDADES DE CONTROLE Com o passar dos anos é indiscutível que a visão de poder nas sociedades foi se

modificando, de acordo com as características que essas sociedades vieram adquirindo. Sob

essa perspectiva, emergem duas visões sobre a sociedade nos estudos de vigilância: a

sociedade disciplinar e a sociedade de controle.

Segundo Foucault (2007), a disciplina deve ser caracterizada como um tipo de poder,

estando presente nas mais diversas formas de organizações de uma sociedade, sejam

instituições penitenciarias, organizações militares, casas de educação, hospitais e até mesmo

nas relações intrafamiliares. O autor coloca ainda que esse tipo de poder não exterminou os

demais, mas sim se infiltrou em meio os outros, permitindo a condução de formas de poder

mais intensas e duradouras.

Foucault (2007) relata ainda que a formação da sociedade disciplinar se relaciona

diretamente com alguns processos históricos. Tomando-se por base eventos como a grande

explosão demográfica do século XVIII, a mudança na quantidade de grupos que passam a

manipular e controlar ideias dos demais, o crescimento do aparelho de produção e a

multiplicação da comunidade escolar, pode-se auferir que “as disciplinas são técnicas para

assegurar a ordenação das multiplicidades humanas”. A disciplina neste contexto utiliza-se do

poder para homogeneizar os comportamentos individuais, frente a um comportamento

previamente esperado. Sobre este aspecto Foucault discorre:

[...] é por isso que a disciplina fixa, ela mobiliza ou regulamenta os movimentos; resolve as confusões, as aglomerações compactas sobre as circulações incertas, as repartições calculadas. Ela deve também todas dominar todas as forças que se formam a partir da própria constituição de uma multiplicidade organizada. (FOUCAULT, 2007, p. 181).

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Logo, Foucault (2007) considera duas imagens quanto à disciplina: a primeira focada

na ideia de disciplina-bloco em uma organização fechada, visando fazer o mal e romper

comunicações (como no caso dos hospícios); e a segunda como disciplina-mecanismo como

um dispositivo funcional para minimizar as ações de poder tornando este mais leve, sutil e

eficaz.

Da mesma forma, Zimmer (2009) delimita a sociedade disciplinar como uma transição

de uma sociedade baseada na ideia de soberania (na qual o poder era centralizado apenas em

um superior, um regente, em que este utilizava-se de praticas de punição e suplicio para os

indivíduos infratores como uma forma de exemplo aos demais) para uma sociedade voltada a

docilizar os corpos. Sobre este aspecto, no inicio do século XVIII, as formas de poder

existentes se diferenciam da escravidão, da domesticidade e da vassalidade, dando lugar a

uma mecânica de poder que estabelece:

os métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõe uma relação de docilidade-utilidade, são o que se pode chamar de “disciplinas”. (FOUCAULT, 2007, p. 118)

Segundo Zimmer (2009), é válido caracterizar ainda como aspectos relevantes à sociedade

disciplinar: as ferramentas de vigilância hierárquica (o olhar constante sobre aqueles que

devem ser observados, induzindo condições de poder); a sanção normalizadora (punição,

penalidade sobre os comportamentos considerados “desviantes”) e o exame (considerado

como um controle normalizante, focado no aspecto de qualificar, classificar e punir).

Em contraponto a marcação delimitada de espaço (escolas, hospitais, industrias,

prisões...) e ordenação do tempo de trabalho proposta pela da sociedade disciplinar, a partir da

segunda metade do século XX emerge o conceito de sociedade de controle. Esta ultima se

caracteriza pela “interpenetração dos espaços (a rede) e pela instauração de um tempo

continuo”, conforme afirma Costa (2004, p.1).

É valido salientar ainda que a sociedade de controle estrutura as informações de

maneira diferenciada da sociedade disciplinar. Enquanto a disciplinar preza pela organização

hierarquizada e vertical de informações, focando-se na estratégia do dispositivo disciplinar, na

sociedade de controle, o poder das informações mostra-se cada vez mais não localizável,

disseminado nas redes, sendo uma organização impessoal e horizontalizada (COSTA, 2004).

Motta (2008, p. 4) coloca que na sociedade de controle, o poder se mostra de forma

continua e a comunicação ocorre de maneira instantânea. O mesmo ainda complementa que

“o panóptico, enquanto tecnologia de vigilância é substituída por um aparato de comunicação

interconectado, que desafia noções de interioridade e exterioridade com a quebra das barreiras

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do confinamento”. Deleuze (1992, p. 216 apud MOTTA, 2008, p.5) faz uma comparação

entre os tipos de máquina e cada uma das sociedades: “as máquinas simples ou dinâmicas

para as sociedades de soberania, as máquinas energéticas para as de disciplina, as cibernéticas

e os computadores para as sociedades de controle”.

É notável que na sociedade de controle o poder é caracterizado pela mobilidade, de

forma que a participação do individuo em determinados processos não está limitada ao espaço

físico, mas é possibilitada por um poder exercido de forma digital. Atualmente, sabe-se que as

pessoas estão inseridas neste contexto digital visando a interação nos mais diversos assuntos

seja para cidadania, comunicação e processos eletrônicos. E é a partir desses aspectos que se

insere o contexto da tecnologia de vigilância, que segundo Lemos (2006, apud MOTTA,

2008) ao mesmo tempo que os dispositivos digitais proporcionam uma liberdade para

emissão, os mesmos se relacionam a uma violência controladora e punitiva marcante, e

acarretada pelo novos modelos midiáticos.

Desta forma, é válido salientar que a forma como o poder se encontrava distribuído se

alterou nas duas vertentes de sociedade apresentada, tendenciado de uma forma mais

centralizada para a maneira de poder mais descentralizada que hoje é comumente encontrada

nas sociedades. Além disso, é pertinente o pensamento de que o controle deixa de ser exercido

por um meio propriamente físico e passa a estar em rede, visto a interação dos meios

tecnológicos.

2.3 – O PANÓPTICO E O PANOPTISMO

Sabe-se que para o estabelecimento do conceito de sociedade disciplinar promovido

por Michel Foucault, o mesmo se baseou em de um projeto de construção arquitetônica

desenvolvido no final do século XVIII por Jeremy Bentham e intitulado de Panóptico.

(ZIMMER, 2009; FOUCAULT, 2007).

De acordo com Mathiesen (1997, p. 217 apud CARDOSO, 2010, p.27) a palavra

panóptico advém do termo grego “pan”(que significa “tudo”) e “optico” se relaciona com a

visão, e, dessa forma, pode-se concluir que o termo panóptico tem seu significado na

expressão “o que tudo vê”.

Zimmer (2009) elucida que o panóptico se desenvolve a partir de um principio de

construção em que as pessoas necessitem estar em constante inspeção, tais como em casas

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penitenciarias, prisões, casas de trabalho, hospícios, hospitais e escolas. Logo, as ideias de

Bentham (2008, p. 20 apud ZIMMER, 2009, p. 27) se pautavam no principio da inspeção, que

o mesmo estabelece com as seguintes colocações:

[...] é óbvio que, em todos esses casos, quanto mais constantemente as pessoas a serem inspecionadas estiverem sob a vista das pessoas que devem inspecioná-las, mais perfeitamente o propósito do estabelecimento terá sido alcançado. A perfeição ideal, se esse fosse o objetivo, exigiria que cada pessoa estivesse realmente nessa condição, durante cada momento do tempo. Sendo isso impossível, a próxima coisa a ser desejada é que, em todo momento, ao ver razão para acreditar nisso e ao não ver a possibilidade contrária, ele deveria pensar que está nessa condição.

Em síntese, o chamado Panóptico de Bentham se compõe através de uma construção

em forma de anel que possui no centro uma torre vazada de largas janelas que dão visão a

face interna do anel, apresentando ainda construções periféricas distribuídas em celas com

duas janelas. A primeira janela de cela correspondente às janelas da torre e a segunda

encontra-se voltada para o exterior, permitindo a entrada da luz de lado a lado. Logo, o

dispositivo panóptico organiza as chamadas unidades espaciais de forma a permitir a visão

constante e o reconhecimento imediato, de forma que o louco, doente ou condenado é visto,

mas não vê (FOUCAULT, 2007).

É valido ressaltar que dentre as vantagens advindas do modelo panóptico de Bentham

estavam que o isolamento dos vigiados em uma cela evitava perigos de complôs, tentativas de

evasão coletivas, projeto de novos crimes, violências reciprocas, etc. de forma que a ordem

era mais facilmente estabelecida.(FOUCAULT, 2007).

Mas segundo Foucault (2007) o efeito mais importante causado por este modelo,

consiste na indução de um estado consciente e permanente de visibilidade, o que acaba por

firmar o poder automático do vigilante frente ao vigiado. Foucault ainda complementa que o

essencial é que ele (o vigiado) se veja como vigiado, embora sem necessariamente sê-lo

efetivamente.

Desta forma, é pertinente a ideia de Bentham (apud FOUCAULT, 2007, p. 167) ao

caracterizar que o principio do poder deve ser visível e inverificável: visível porque no

modelo panóptico o vigiado terá diante dos olhos a alta silhueta da torre central de onde o

mesmo é espionado, logo, podendo o mesmo percebe-lo; e inverificável porque o vigiado

nunca deve saber se está ou não sendo observado em determinado momento, mas deve ter a

certeza de que sempre pode sê-lo.

Outro aspecto interessante do panoptismo se da em vista das alterações de

comportamento por ele acarretadas. Sobre esta vertente Foulcault (2007) frisa que aquele

individuo que esta sujeito a um determinado campo de visibilidade e tem ciência disto, por

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conta própria o mesmo adequa seu comportamento a um determinado padrão, auferindo a si

próprio o condicionamento proposto pelo poder que o controle desempenha. Trata-se de uma

“sujeição real que nasce mecanicamente de uma relação fictícia”.

Logo, o conceito proposto pelo panóptico trata de uma ferramenta de controle que

“pode ser utilizada como máquina de fazer experiências, modificar o comportamento, treinar

e retreinar indivíduos”. Pode-se afirmar ainda que funciona como um “laboratório de poder”

que, mediante os mecanismos de vigilância propostos ganha grande potencial para avaliação

do comportamento humano. (FOUCAULT, 2007, p. 168-9).

No entanto sabe-se que a sociedade em que o modelo de panoptimo foi desenvolvido é

bastante divergente da sociedade atual. Porém, é possível verificar a polivalência do modelo

até os dias atuais, logicamente através da utilização de adaptações que o potencializam. Prova

disso, é que embora Foulcault não tenha considerado em seus estudos a utilização de outros

meios que não sejam os presenciais e de território, hoje, sabe-se o quão viável é a vigilância

de forma impessoal e desretorializada, tomando-se por base o impulso proporcionado pela

Tecnologia da Informação e seus aparatos tecnológicos, dando inicio ao conceito de vigilância

eletrônica.

2.4 - DINÂMICAS DE VIGILÂNCIA FRENTE AO PANOPTISMO

Tomando-se por base o firmado conceito de panoptismo é valido resgatar outras

dinâmicas de vigilância que se relacionam e interagem diretamente com tal conceito, frente

aos estudos de vários autores quanto ao tema.

A primeira dinâmica a ser levantada se dá em vista do conceito de sinoptismo

desenvolvido frente ao arranjo organizacional em que muitos indivíduos passam a vigiar

poucos, diferentemente do Panóptico, em que poucos vigiavam muitos. Sob este aspecto é

complementado:

Não importa mais se os alvos do Sinóptico, que agora deixaram de ser os vigiados e passaram a ser os vigilantes, se movam ou fiquem parados. Onde quer que estejam e onde quer que vão, eles podem ligar-se – e se ligam – na rede extraterritorial que faz muitos vigiarem poucos. (ZIMMER, 2009, p.37).

Dessa maneira, é proposto um caráter de voluntariedade a adesão do sinoptismo, de

forma que aqueles que antes estavam submetidos à vigilância agora poderiam se oferecer por

livre e espontânea vontade. É apresentado ainda que o Sinóptico “não precisa de coerção – ele

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26

da “credibilidade” das pessoas listadas, sua confiabilidade como clientes e eleitores, e que os

incapazes de escolha sejam peneirados antes que causem danos ou se desperdicem recursos”.

Outro aspecto que se relaciona a questão da vigilância panóptica corresponde ao

termo dataveillance. Segundo Clarke (1988, p. 499), dataveillance pode ser definida como

“uso sistemático de um sistema de dados pessoais utilizado em investigações ou

monitoramentos das ações e comunicações estabelecidas por uma ou mais pessoas”. Trata-se

de um monitoramento a partir da observação de dados individuais das pessoas, o que pode se

caracterizar pelo aspecto positivo ou negativo como bem coloca o autor.

Logo, observa-se que a partir do panóptico criado por Jeremy Bentham são várias as

ramificações de estudo quanto à vigilância eletrônica, que se estenderam durante as décadas e

possuem aplicabilidade ao contexto atual das organizações, focando-se principalmente na

forma com que os indivíduos serão monitorados, seja pela quantidade de pessoas que serão

responsáveis por este monitoramento, ou quanto a voluntariedade deste ocorrer, dentre outros

aspectos.

2.5 – A VIGILÂNCIA ELETRÔNICA

Voltando-se para o âmbito do controle nas organizações é perceptível que a inserção

da TI no meio organizacional corroborou pra que determinados aparatos tecnológicos

potencializassem a ação de poder dos vigilantes frente aos vigiados.

Baseando-se neste aspecto, é relevante ressaltar primeiramente o conceito o conceito

de vigilância eletrônica, que, de acordo com Clarke (1988) trata da investigação ou

monitoramento sistemático das ações ou comunicações de uma ou mais pessoas. A vigilância

eletrônica possui como principal proposito coletar informações a cerca dos indivíduos, de suas

atividades e suas associações, bem como, dissuadir a população de uma empresa frente a

determinadas atividades não condizentes com o trabalho por eles desempenhado.

Já Zimmer (2009, p. 14) a luz de diversos autores explica que a vigilância eletrônica

pode ser definida como “a forma de monitoramento remoto (à distância) de pessoas dentro de

um contexto organizacional por meio de dispositivos tecnológicos diversos (câmeras de TV,

microfones e computadores, por exemplo)”. Logo, é possível auferir que o conceito de

vigilância eletrônica está diretamente relacionado a uma forma de controle exercida através da

tecnologia material, não sendo mais tão dependente da presença humana, e, mediante a ideia

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de examinação ininterrupta, a vigilância acaba por proporcionar aos monitorados a ideia de

obediência constante e visível.

De acordo com Silva (2007) a razão de ser do monitoramento deve se compor tendo

em vista principalmente a saúde, segurança e proteção daqueles que compõe a organização,

podendo ainda ser tolerado em casos de acompanhamento produtivo.

Clarke (1988) categoriza a vigilância eletrônica sobre duas formas de monitoramento:

a vigilância pessoal e a vigilância em massa. Segundo o autor, a vigilância pessoal pode ser

traçada como a vigilância focada na identificação de uma pessoa, motivada por uma razão ou

motivo especifico, enquanto que a vigilância em massa se caracteriza pelo monitoramento de

um grupo de pessoas, que geralmente é bastante numeroso. Nesta ultima forma, a vigilância

objetiva investigar ou monitorar buscando identificar os indivíduos pertencentes a certo grupo

de interesses, de forma a controlar comportamentos inesperados ou mesmo inconvenientes.

Focando-se no âmbito organizacional, têm-se que a vigilância pode ocorrer de diversas

formas no ambiente de trabalho, tais como, através da utilização de sistemas audiovisuais

(câmeras), rastreamento de sites e e-mails, rastreamento via satélite, escutas telefônicas, ponto

digital, identificador biométrico, geo-localizadores, dentre outros (SILVA, 2007).

Quanto ao monitoramento das atividades desenvolvidas utilizando o computador,

Rodrigues (2007) elucida que algumas ferramentas de uso particular do trabalhador quando

utilizadas no ambiente de trabalho podem ser causadoras de prejuízo para as organizações,

tais como e-mail pessoal, Orkut, Youtube, Facebook, Twitter, dentre outras.

Mesmo assim, conforme entrevista com Fabio Santini analista de sistema da empresa

de softwares de monitoramento NetEye (2013) cerca de 97% dos empregadores admitem a

navegação em sites pessoais no horário de expediente. O mesmo coloca que a média de tempo

desperdiçada pelos colaboradores em sites pessoais é de seis horas por semana e quando se

considera os cinco dias úteis de trabalho, tratam-se de mais de uma hora desperdiçada por dia

em assuntos não relacionados ao trabalho.

Fato é que dentre as ferramentas de vigilância eletrônicas mais comumente utilizadas

nas empresas está a vídeo vigilância. Segundo Barros (2006 apud SILVA, 2007, p. 93), a

chamada “vídeo vigilância” ocorre “decorrência lógica do avanço da tecnologia e poderá

consistir em um instrumento probatório valioso na avaliação da conduta do empregado”.

Ainda é possível identificar o conceito das chamadas “câmeras psicológicas”, correspondente

àquelas câmeras instaladas nos ambientes de trabalho, que, provocam o efeito de câmeras em

sua plena funcionalidade, quando na verdade encontram-se danificadas ou até mesmo

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desligadas. Silva (2007) sob a ótica jurídica interpreta que este artificio do empregador deve

ser repudiado, se caracterizando inclusive como uma ação ardilosa e covarde.

Silva (2007) baseando-se no artigo 29 da diretiva 95/46 do Conselho da Europa,

enumera sete princípios relacionados à ação de monitorar, a saber:

1. Necessidade – O empregador tem por dever verificar se o monitoramento é

realmente necessário, bem como, qual a forma de monitoração mais adequada para a realidade

apresentada. E complementa: “métodos tradicionais de supervisão, menos intrusivos da

privacidade dos indivíduos, devem ser cuidadosamente considerados antes da adoção de

qualquer monitoração”.

2. Finalidade – Os dados coletos por meio do monitoramento devem ter um fim

previamente estabelecido, que seja especifico, explicito e legitimo, não devendo se desviar

dessa finalidade para qualquer outra.

3. Transparência – O empregador deve abrir mão de um monitoramento

dissimulado do correio eletrônico em especifico. Quando não acarretar danos a organização, a

transparência deve ser característica desse monitoramento.

4. Legitimidade – “O uso dos dados de um trabalhador pelo empregador deve ser

feito para fins de interesses legítimos perseguidos por este e não pode violar os direitos

fundamentais dos trabalhadores”.

5. Proporcionalidade – Os dados pessoais contemplados pelo monitoramento

devem se caracterizar como adequados, pertinentes e não excessivos, de forma que o mesmo

deve não deve ser utilizado essencialmente para garantir a segurança do sistema

organizacional.

6. Rigor e retenção de dados – tem-se que os dados provenientes do

monitoramento não devem exceder um prazo de armazenamento por parte do empregador,

que geralmente corresponde a três meses.

7. Segurança – o direito destinado ao empregador para proteção do sistema

organizacional faz com que a abertura automatizada do correio não seja considerada uma

violação do direito do trabalhador à privacidade. Porém, é indispensável o respeito a não

implantação de câmeras em locais que expõe a intimidade do empregado (tais como

banheiros, cantinas, refeitórios), sob a pena de ferir os direitos fundamentais dos

trabalhadores.

É valido lembrar que Kidwell e Kidwell (1996, apud ZIMMER, 2009, p.14) identificam

duas vertentes predominantes quanto a finalidade da vigilância eletrônica. A primeira

corresponde na vertente foca-se na análise de eficiência, feedback e controle do

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comportamento dos empregados dentro das organizações. Já a segunda vertente pauta-se nos

planos culturais e políticos frente aos níveis organizacionais.

Já Elmer (2003, apud ZIMMER, 2009, p.14) elenca três vertentes de estudos sobre a

vigilância eletrônica, conforme a seguir:

A migração da vigilância exercida em ambientes fechados, típica da sociedade

disciplinar, para um tipo de vigilância que se baseia na análise de banco de dados.

A mudança dos estudos focados na vigilância panóptica (em que um vigiava muitos),

agora se voltando para uma vigilância sinóptica (em que muitos passam a vigiar apenas um).

O novo modelo em que se identifica a voluntariedade dos vigiados frente ao sistema

de monitoramento em que o mesmo objetiva obter benefícios pessoais, diferentemente do

modelo coercitivo em que os observados eram forçados àquela condição.

Mediante os conceitos apresentados, é possível identificar a presença marcante da

vigilância eletrônica no processo de controle das organizações atuais. Pode-se afirmar ainda

que se trata de uma tendência em ascensão, visto de acordo com D’Urso (2006, apud

ZIMMER, 2009) cerca de 80% das organizações já adotavam na época alguma forma de

vigilância de seus empregados.

2.6 - SENTIMENTOS QUANTO À VIGILÂNCIA ELETRÔNICA

Em primeira instância os principais esforços quanto à vigilância eletrônica se

pautavam na ideia de buscar a maior capacidade possível dos aparatos tecnológicos, visando

agregar valor à função administrativa de controle. Hoje, paralelamente a este objetivo

primeiro, busca-se também analisar os impactos ocasionados pela adoção de determinada

tecnologia no escopo da vigilância, seja na visão do empregado ou na do empregador.

Claburn (2013) a luz do estudo realizado pelo professor Amy Randel (San Diego State

University), frisa que quando o empregador opta por divulgar ao empregado que determinadas

mensagens serão monitoradas, e demonstram uma razão razoável para o monitoramento,

identifica-se uma forte tendência de aceitação por parte dos funcionários. É relevante o

destaque de que embora os empregadores necessitem considerar a abrangência da vigilância

na organização como um todo, por vezes, é possível se identificar “grupos de privilégios”, de

forma que certos níveis de empregados ou certos níveis da gestão podem se encontrar isentos

do monitoramento.

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De acordo com Santini (2013) dentre as formas de controle do usuário pela empresa,

focando-se na forma de monitoramento das atividades desenvolvidas frente ao computador, é

possível identificar três cursos de decisão quando ao acesso de determinados conteúdos,

conforme Quadro 1:

Não bloquear Bloquear Parcialmente Bloqueio total

Prós

Colaboradores satisfeitos.

Atração da geração “Y” a

ingressar na organização.

Adequado para empresas que

trabalhem mais diretamente

com processos de criatividade.

Proporciona liberdade

aos colaboradores.

Maior controle para a

empresa

Funcionário se

adequará as normas

estabelecidas.

Não haverá distração

Não há problemas com

a segurança das

informações

Contras

Perda da mensuração das

atividades (tempo de

permanência, frequência, etc.).

Redução de produtividade

Sujeito ao uso desordenado.

Questionamentos por

parte dos funcionários

pelo que não é

permitido.

Imagem de empresa

rígida.

Funcionários

insatisfeitos.

Tomando-se por base a vertente que analisa as possíveis visões do empregado no

contexto da vigilância eletrônica, Sewell e Wilkinson (apud Payne, 2008, p.1) argumentam

que a vigilância tende a estabelecer ao funcionário um poder totalitário sobre as ações dos

trabalhadores, sendo quase que um perfeito consentimento, visto que, aquele que não foge as

regras, não há o que esconder.

Contudo, pesquisas mais recentes mostram uma mudança neste comportamento de

total consentimento, podendo exemplificar através das colocações de Bain e Taylor (2000,

apud PAYNE, 2008, p.1) baseadas na ideia de que “mesmo em condições de vigilância quase

perfeita, os trabalhadores irão encontrar espaços para fugir do olhar da gestão e interferir no

processo produtivo”, visto os sentimentos de insatisfação gerados pela vigilância eletrônica.

Logo, são diversos os sentimentos auferidos no funcionário sujeito à vigilância

eletrônica, focando-se tanto na concordância dos métodos quanto na total discordância dos

mesmos. Nos próximos tópicos serão tratados cada um dos sentimentos mais relevantes nesta

relação empregado-vigilância.

Fonte: Elaboração própria com base em Santini (2013).

Quadro 1 – Cursos de decisão quanto ao acesso dos usuários

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31

2.6.1 – Resistência

De acordo com Peyne (2008), os estudos com relação à resistência do trabalhador

frente à vigilância data da década de 1980. A maioria dos autores defendem que ao se falar de

quaisquer tipos de poder estabelecido em uma relação dominado versus dominador é possível

se falar da resistência do primeiro frente ao que será exercido pelo segundo.

Entretanto a definição do que seria o conceito de resistência no trabalho ainda é

controvérsia. Enquanto alguns delimitam o conceito como sendo qualquer forma de oposição

e desacordo frente a uma situação, outros colocam que se trata de um comportamento de

oposição, usualmente identificado pela observação de terceiros, podendo ainda ser intencional

ou não. De forma geral, a resistência consiste em uma ação marcante, que gera impactos

diretos ao trabalho, visto que por vezes inclui sabotagem do trabalhador ou até mesmo a saída

dele. (PEYNE, 2008, p.4)

Outro aspecto importante pauta-se na identificação de uma coletiva ou individual

resistência, tendo em vista que as proporções tomadas pela resistência coletiva se mostram

maiores do que a individual. Exemplo disso é a resistência a determinadas condições de

trabalho, em que um grupo de funcionários se organizam para fazer uma greve, o que seria

provavelmente inviável quando a manifestação de desacordo surgisse apenas de um

individuo.

Foucault (2006, apud ZIMMER, 2009, p.48) defende que não existe a dualidade

poder/ resistência uma vez que a última não é subproduto ou marca em negativa da primeira,

mas sim, se compõe como outro termo intrínseco as relações de poder. É interessante

reafirmar que segundo o autor “onde há poder, há resistência”.

São várias as formas de resistência no local de trabalho, como é colocado pelos

autores Prasad e Prasad (2000, apud ZIMMER, 2009, p.49). No ponto de vista desses autores,

a resistência pode ocorrer de forma informal ou rotineira, como também podem se estruturar

de maneira formal, como as resistências que são organizadas de maneira coletiva. Fato é que

em ambas as condições a questão da resistência não se mostra de clara identificação, visto

que, exige do empregador uma observação mais apurada dos trabalhadores para atestar o que

de fato está ocorrendo.

Outros pontos que são correlacionados à resistência, diz respeito às variáveis de

comportamento apresentadas pelos observados/vigiados tais como (ZIMMER, 2009):

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Humor - dependendo do humor do empregado o mesmo pode se mostrar adepto ou

não a determinado meio de vigilância;

Ceticismo – trata-se de um comportamento do trabalhador voltado no “ver para crer”,

ou seja, a resistência do mesmo se da em vista de comprovações de que esta sendo observado;

Cinismo – baseado no fato de que o trabalhador discorda de determinada forma em

que a vigilância é realizada, porém, se descreve com total aceitação.

Sob este aspecto, Cardoso (2010) complementa que muitas podem ser as

consequências trazidas pela resistência dos trabalhadores frente à vigilância eletrônica, das

quais se pode citar: absenteísmo, “fazer corpo mole”, problemas com motivação,

comprometimento, fugas do sistema, sindicalização, subversão as normas, pedidos

voluntários de demissão e alta rotatividade.

Bessi e Grisci (2008, apud CARDOSO, 2010, p.37) esclarecem que atualmente a

reação de resistência dos trabalhadores não se apresenta mais através de um enfrentamento da

situação, mas sim através da fuga das normas que lhes são impostas. No estudo dos autores

em uma instituição bancaria portuguesa, foi possível observar que a resistência resultava no

desvio das funções dos colaboradores para o envolvimento em atividades que não se

relacionam ao trabalho.

Quanto a periodicidade/permanência do sentimento de resistência Bessi (2009, apud

CARDOSO, 2010, p. 38) estabelece que a resistência pode ocorrer de forma súbita (de uma

hora para outra), passageira (em que, há o sentimento em determinado momento, mas que não

se firma por muito tempo) e inócuas (o sentimento de resistência tem permanência inofensiva,

sem danos nem perdas).

Desta forma, é possível observar que o sentimento de resistência frente a adoção de

métodos de vigilância eletrônica devem constituir uma ação de profunda investigação, uma

vez que, trata-se de um sentimento que por vezes se mostra invisível ou de difícil

identificação, bem como, quando firmado na opinião desses trabalhadores, pode acarretar

mudanças negativas ao trabalho por estes desenvolvido.

2.6.2 – Aquiescência

Em contrapartida ao conceito de resistência, pode-se determinar a identificação da

aquiescência do trabalhador com as ferramentas de vigilância eletrônica adotadas pelo

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empregador. Peyne (2008) explica que alguns pesquisadores entendem que a aquiescência

trata de um sentimento contrario a resistência, visto que, se relaciona ao consentimento,

aceitação e contribuição efetiva do trabalhador para com os objetivos organizacionais.

Dentre os fatores motivadores da aquiescência no trabalho, é possível identificar que

alguns trabalhadores o fazem por se identificar com as normas estabelecidas na organização,

de forma que, não se trata de um esforço a concordância com os métodos adotados pela

organização, trata-se de uma forma para atingir os objetivos por ela estabelecidos. Foca-se

mais em um espirito de cooperação e disposição em alcançar o sucesso organizacional.

(PEYNE, 2008, p.7)

Outro fator, se da em vista da devoção do trabalhador a empresa, sendo que, mesmo

que ele não concorde com as formas de controle, o mesmo tende a concordar visto sua

simpatia para com a organização em geral, bem como apresentando comprometimento e

orgulho. Baseia-se em um sentimento de lealdade, concordância com a cultura organizacional,

valores e comportamentos que os empregados aprendem através dos processos de

socialização. (PEYNE, 2008, p.8)

De maneira geral, a aquiescência aparentemente corresponde ao sentimento mais

benéfico tanto para a organização quanto para os colaboradores, visto que, denota de uma

situação de concordância de ambos os lados, o que via de regras gera uma maior

produtividade e desenvolvimento da organização. Entretanto é relevante considerar que

embora um trabalhador se mostre adesão a vigilância eletrônica, tal consentimento pode não

abranger todas as ferramentas utilizadas, bem como, ser uma adesão “maquiada”.

  

2.6.3 – Sentimentos em geral

Uma vez destacada as duas principais vertentes de sentimentos em relação a vigilância

eletrônica (resistência e aquiescência), é pertinente ainda a colocação de cinco outros

sentimentos que correspondem a classificações não tão usuais como as primeiras elencadas.

A luz dos estudos de Cardoso (2010) em que a pesquisadora realizou um estudo na

empresa hipoteticamente denominada “Banco Total”, entrevistando dez indivíduos quanto à

percepção da vigilância eletrônica, dos quais pode se auferir ainda os sentimentos de:

Medo – Caracterizado como tremor ao estado de “ser pego” pelos sistemas ou

a vigilância por eles proporcionada, mediante a algum ato (consciente ou não) considerado

inadequado, ou até mesmo um pavor em relação ao olhar constante sobre si.

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Interdição – Resultante de um estado de dependência dos sistemas de

informação, de forma que o sistema é quem determina o poder ou não de realizem

determinada atividade. Relaciona-se ainda com a autorização ou não do superior quanto a

certos acessos indispensáveis a realização das tarefas.

Tempos e movimentos – Está associado ao sentimento de monitoramento

quanto ao tempo estipulado para o desenvolvimento de determinada atividade.

Ainda pode-se falar no sentimento de desprezo em relação aos métodos de vigilância

eletrônica, de forma que, para aquele determinado individuo certas a utilização de certas

ferramentas são ignoradas, não fazendo quaisquer diferenças quanto a um possível impacto

em seu trabalho.

Logo, é pertinente o pensamento de que cada individuo pode possuir uma visão quanto

a uma determinada gama de ferramentas tecnológicas voltadas à vigilância, visões essas que

tendem a variar com o tempo, bem como, podem ser diferenciados frente a cada ferramenta,

por conseguinte gerando um maior ou menor impacto no trabalho dos colaboradores.

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3 METODOLOGIA De acordo com Roesch (2005) a metodologia corresponde à forma como a pesquisa

será realizada, em que são definidos itens como método ou delineamento da pesquisa,

definição da área ou população alvo do estudo, plano de amostragem, plano e técnicas de

coleta de dados e plano de analise de dados.

3.1 – TIPO DE PESQUISA O presente trabalho estuda e dualiza a percepção dos colaboradores de um escritório

administrativo em Natal/RN, quanto às ferramentas de vigilância eletrônica adotadas pela

organização. Portanto, trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, que, de acordo com

Zanella (2009) pode ser definida como o tipo de pesquisa que se fundamenta a partir de

análises essencialmente qualitativas, não se utilizando de instrumento estatístico de analise de

dados.

Roesch (2005) complementa que com a pesquisa qualitativa é possível o pesquisador

captar a perspectiva do entrevistado, sem partir de um modelo preestabelecido. A mesma

autora argumenta que a pesquisa qualitativa é interessante para realidades de pequenas

amostras e de alto grau de interação entre os indivíduos estudados, que por sua vez produzem

pouca validade para determinados tipos de estudo.

Este estudo ainda pode ser classificado como exploratório-descritivo. Exploratório

tendo-se em vista que este tipo de pesquisa tem como “objetivo proporcionar uma visão geral,

de tipo aproximativo acerca de determinado fato”, conforme afirma Gil (2007, p. 43). Este

mesmo autor complementa que é de caráter da pesquisa exploratória “a finalidade de

desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, frente à formulação de problemas mais

precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.

Sob o aspecto descritivo Gil (2007) apresenta que tal tipo de pesquisa tem como

objetivo a descrição das características da população estudada ou do fenômeno ou o

estabelecimento de relações entre as variáveis.

Logo, a presente pesquisa visa tanto ampliar os conhecimentos sobre a problemática

de vigilância eletrônica, como também, conhecer a realidade estudada, suas características, a

problemática envolvida neste contexto, descrevendo com exatidão a realidade observada.

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3.2 – CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

O campo do presente trabalho restringiu-se a organização hipoteticamente denominada

neste estudo como Distribuidora Brasil. Trata-se de uma empresa que apresenta quinze anos

de existência, fruto da fusão de uma companhia sulista com uma empresa potiguar.

Atualmente possui abrangência de atuação em quase todo o território nacional, possuindo

sedes administrativas nas cidades de Natal, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Ficou

famosa pelo pioneirismo na distribuição de seus produtos focada em uma atuação interiorana,

bem como, por possuir como diferencial a forma de relacionamento junto aos clientes, se

tornando atrativa através do pronto atendimento as necessidades destes.

Possui como missão fazer parte do dia-a-dia das pessoas, fortalecendo a parceria com

clientes e fornecedores e valorizando as características de cada região em que está presente.

Sua visão, segundo o website da organização, corresponde a “ser reconhecida como a empresa

que reinventou a relação com o consumidor”.

Outro aspecto interessante sobre a empresa é referente aos valores praticados pela

mesma. Sobre este aspecto é dito que são empreendedores; buscam novos caminhos;

acreditam no desenvolvimento sustentável, equilibrando interesses econômicos, ambientais e

sociais; são integrados à região em que estão presentes; fortalecem as parcerias diariamente;

estimulam a criatividade em sua equipe e parceiros; agem como falam, sempre com

integridade e coerência, bem como, valorizam a segurança, o bem-estar e a qualidade de vida

das pessoas.

É valido determinar que o presente estudo se desenvolveu no escritório matriz da

organização, situado na cidade do Natal, mais precisamente na Zona Oeste da referida cidade.

3.3 – POPULAÇÃO E AMOSTRA

  Segundo Gil (2007), o universo ou população pode ser definido como um conjunto de

elementos que possuem certas características, comumente relacionado ao total de habitantes

de um determinado local. Dessa forma, no caso da empresa Distribuidora Brasil a população

corresponde ao total de 343 funcionários existentes no escritório em Natal/RN,

compreendendo funcionários efetivos e estagiários.

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Já a amostra pode ser definida por Gil (2007, p. 100) como “um subconjunto do

universo ou da população por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características

desse universo ou população”. Sobre este aspecto Roesch (2005) complementa que a

população-alvo pode compreender apenas um departamento da empresa ou podem englobar

toda a organização.

Tomando-se por base essas definições, a presente pesquisa de baseia em uma amostra

não-probabilística (visto o certo grau de dependência do julgamento do pesquisador ou do

entrevistador). Buscando-se elencar a amostra com o maior grau de diversificação entre o

corpus empírico, elegeu-se seis indivíduos para participar da pesquisa tomando-se por base

primeiramente os cargos desempenhados na organização, conforme caracterizado no próximo

item.

Mediante estas determinações e a luz dos conceitos de Gil (2007, p. 104) pode-se

classificar a amostra da presente pesquisa como uma amostra por acessibilidade ou por

conveniência, sendo definida como aquele tipo de amostra em que “o pesquisador seleciona

os elementos que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o

universo”.

3.3.1 – Sujeitos da Pesquisa

Tendo-se em vista o teor da pesquisa, bem como, a classificação da amostra mediante

acessibilidade e conveniência, no primeiro momento já foi possível identificar a necessidade

de entrevistar o gestor de TI. O foco da entrevista com esse sujeito se desenvolveu buscando

entender quais as ferramentas de vigilância eletrônica utilizadas na organização e como estas

são gerenciadas.

O Gestor de TI (neste estudo intitulado como Coordenador I) é responsável pelo

gerenciamento da área de redes e sistemas da organização. Trata-se de uma pessoa do sexo

masculino, 32 anos de idade, casado e que possui o grau de escolaridade como Pós Graduação

Incompleta. Possui 13 anos de empresa, na qual entrou como estagiário via processo seletivo.

Já atuou como Analista de Suporte e de Sistemas, Administrador de Redes, Chefe de Suporte,

Supervisor de Redes e hoje atua como Coordenador de Redes e Sistemas, possuindo amplo

conhecimento da área mediante a abrangência de cargos já ocupados.

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Os cinco demais entrevistados foram escolhidos pautando-se no quesito de

diversificação da amostra, baseando em critérios como cargos, tempo de empresa e setor.

O primeiro entrevistado, neste estudo intitulado como Coordenador II é do sexo

masculino, possui 32 anos, estado civil casado, com escolaridade de Ensino Superior

Completo com MBA em Finanças em andamento. Atua na empresa há 10 anos e seu ingresso

se deu através de um convite de uma pessoa que já trabalhava na organização, em que

participou de processo seletivo e foi aceito como analista contábil na época, 3 anos depois

sendo promovido a supervisor. Hoje atua como Coordenador de Contabilidade e Custos,

contando com uma equipe de 23 funcionários.

O segundo entrevistado neste estudo intitulado como Supervisora I é uma pessoa do

sexo feminino, possui 34 anos de idade, estado civil casada, com escolaridade de ensino

superior completo. Atua na empresa há 13 anos, tendo entrado como recepcionista,

posteriormente ocupando os cargos de secretaria, assistente de crédito e cadastro, analista

financeiro e atualmente trabalha como Supervisora de Cobrança e Contas a Receber. A

gestora entrevistada conta com uma equipe de 21 funcionários.

O terceiro entrevistado (Analista I) é uma pessoa do sexo masculino, possui 23 anos,

estado civil solteiro, escolaridade superior incompleto. Entrou na empresa como estagiário da

área de serviços de monitoramento de veículos da empresa, tendo sua contratação como

assistente desta área. Atualmente ocupa o cargo de Analista e ao total possui 2 anos de

empresa.

O quarto entrevistado (Analista II) é uma pessoa do sexo feminino, possui 25 anos,

solteira e possui grau de escolaridade superior completo. Entrou na organização como

recepcionista através de uma seleção para a empresa terceirizada que prestava serviço para a

mesma. Já atuou na área de call center como operadora de telemarketing e atualmente

trabalha em um canal de comunicação com o cliente, no cargo de analista de relacionamento

com o cliente. Ao total a entrevistada possui 3 anos na empresa

O quinto entrevistado, intitulado no estudo como Estágiario I é uma pessoa do sexo

masculino, possui 19 anos, solteiro, possui grau de escolaridade como Superior Incompleto.

Atua como estagiário do setor comercial, realizando atividades de auxilio ao comercial que

está em campo, bem como, levantamentos e relatórios via solicitações. Entrou na organização

através de processo seletivo e possui 11 meses de empresa.

Dessa forma a amostra se constituiu da seguinte maneira:

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Sexo

Idade Cargo Setor Tempo de

organização Coordenador I Masculino 32 anos Coordenador TI 13 anos

Coordenador I Masculino 32 anos Coordenador Contabilidade 10 anos

Supervisor I Feminino 34 anos Supervisor Contas a Receber 13 anos

Analista I Masculino 23 anos Analista Operações 2 anos

Analista II Feminino 25 anos Analista Call Center 3 anos

Estagiário Masculino 19 anos Estagiário Comercial 11 meses

 

  

3.4 – INSTRUMENTOS DE PESQUISA

Segundo Zanella (2009) os instrumentos de pesquisa correspondem às técnicas que

serão utilizadas pelo entrevistador tanto na coleta como na análise de dados.

No presente trabalho identificou-se como o instrumento de pesquisa mais pertinente

para o estudo a entrevista, definida por Lakatos e Marconi (1991, apud ZANELLA, 2009, p.

114) como o encontro entre duas pessoas em que uma delas visa obter informações a cerca de

um determinado assunto. Gil (2007) complementa que a entrevista é bastante adequada para

se obter informações sobre o que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou desejam, o

que pretendem ou não fazem assim como a cerca de suas explicações ou razões para

determinado fato.

Tendo-se em vista o presente estudo, será utilizado o que Gil (2007) denomina como

entrevista por pautas, caracterizada como aquela entrevista com certo nível de estruturação

previa, através de uma relação de pontos de interesse, mas que se compõe maleável a

condução do entrevistador.

É valido salientar que foram estruturados dois roteiros de entrevista, conforme os

objetivos previamente estabelecidos: um voltado ao Gestor de TI e o outro voltado aos

funcionários.

O primeiro roteiro (Apêndice A) foi elaborado tendo-se em vista a entrevista junto ao

gestor de TI, sendo composto de uma breve caracterização do entrevistado e de seu histórico

junto a empresa, como também de um total de 9 questões intrínsecas ao estudo. Neste

questionou-se quanto as ferramentas de monitoramento adotadas pela empresa, o porque

dessa adoção, quem são os responsáveis pelo gerenciamento dessas ferramentas, como são

Quadro 2 – Sujeitos informantes da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa (2013)

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estabelecidos os parâmetros de bloqueio/permissão dos usuários, o tratamento das

informações geradas, e se há alguma informação a respeito que seja repassada aos

funcionários.

Já o segundo questionário (Apêndice B) se utilizou de 10 questões focadas na

percepção dos usuários tanto em relação à tecnologia da informação adotadas pela empresa

quanto a percepção dos mesmos quanto a cada ferramenta de monitoramento existente.

Levantou-se questões como qual a importância da TI no desenvolvimento do trabalho dos

mesmos, se as ferramentas oferecidas eram suficientes para a realização das atividades, qual a

percepção quanto aos acessos permitidos, se os entrevistados se sentiam

monitorados/controlados no ambiente organizacional, quais os sentimentos para cada uma das

ferramentas existentes, se há comportamentos que são evitados mediante o monitoramento, se

há algum sentimento de incomodo, dentre outras questões.

3.5 – COLETA DE DADOS A coleta dos dados primários foi realizada via entrevista semi-estruturada, no período

de 03 a 29 de maio, na empresa estudada (mais precisamente no setor de cada um dos

entrevistados). Realizou-se uma entrevista do tipo aberta com a gravação digital dos dados. O

tempo total de entrevistas foi de 2 horas e 44 minutos.

Foram transcritos os principais discursos identificados como coerentes com a presente

pesquisa, que resultaram em um total de 13 laudas em fonte Times New Roman, tamanho 12 e

espaçamento de 1pt.

3.6 – TRATAMENTO DE DADOS

De acordo com Vergara (1997, apud ZANELLA 2009, p.128) a análise do discurso é

um método que pretende não somente identificar como uma mensagem é transmitida, mas

também busca explorar seu sentido, de forma a ampliar a analise desde quem enviou a

mensagem até mesmo quem a recebeu.

Para este estudo esse tipo de analise se mostra pertinente, pois, segundo Marshall

(1994, apud ROESCH, 2005, p. 173) “a analise de discurso focaliza a linguagem como é

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usada em textos sociais, escritos ou falados, incluindo matérias provenientes de entrevistas,

responsas abertas de questionários”, dentre outros.

Ainda é valido ressaltar que segundo Marshall (1994, apud ROESCH, 2005, p. 173) a

linguagem não corresponde a um meio transparente de refletir a realidade de forma não

problemática, porém esta desempenha papel relevante para a construção da realidade, logo, na

analise do discurso a pauta mais interessante se da em vista da verificação da variação entre

os discursos dos indivíduos.

Aliada a técnica de entrevista, foi possível identificar como pertinente a analise de

comportamento dos entrevistados, de forma a captar determinados traços em concordância ou

não com a fala. Sobre esse aspecto, é possível determinar a utilização da observação também

como uma técnica de tratamento de dados, que segundo Quicy e Campenhoudt (1992, apud

ZANELLA 2009, p.118), a observação se compõe como uma analise não-verbal daquilo que

está sendo estudado, revelando “as condutas instituídas e os códigos de comportamento, a

relação com o corpo, os modos de vida e os traços culturais e a organização espacial dos

grupos, da sociedade”.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Esta seção se subdivide em duas esferas: a primeira através da caracterização das

ferramentas de vigilância existentes na organização e a segunda através do levantamento da

percepção tanto da tecnologia como um todo, quanto em relação a cada uma dessas

ferramentas de monitoramento.

4.1 – CARACTERIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE VIGILÂNCIA ELETRÔNICA Para o melhor entendimento de como as ferramentas de Vigilância Eletrônica estão

inseridas na organização Distribuidora Brasil faz-se necessário a caracterização do meio

organizacional em que essas ferramentas se encontram.

A organização estudada trata-se de um escritório administrativo com 18 setores, sendo

eles Validação Fiscal, Cobrança, Cadastro, Contas a Receber, Contas a Pagar, Crédito,

Tesouraria, Arquivo, Compras, Recursos Humanos, Presidência; Jurídico, Contabilidade,

Comercial, Atendimento ao Cliente, Operações, Malote e Tecnologia da Informação, cada um

apresentando uma sala própria, de acordo com a estrutura física do prédio. É valido ressaltar

que são raras as exceções de funcionários que não trabalham utilizando-se de computadores,

sendo somente aqueles funcionários mais voltados à manutenção física e segurança da

organização.

Cada colaborador possui sua PA (Posto de Trabalho) que é composto por uma mesa,

separada por paredes laterais (as chamadas baias) dos demais colegas de trabalho em que se

apresenta o computador. O computador é individual e aquele colaborador o utiliza por todo o

expediente que pode ser de 9 ou 6 horas dependendo da função desempenhada. Sob essa

identificação é possível se remeter ao modelo panóptico proposto por Bentham (Foucault,

2007) em que os vigiados eram colocados em celas individuais, e como se tratavam de

prisioneiros percebia-se que essa ação dificultava a ação de novos crimes, violências e

complôs. Já no contexto organizacional estudado, se poderia falar que a medida da empresa

na adoção de computadores individuais, trata-se mais de uma necessidade do que realmente

prevenção a quaisquer ações indesejadas, mas que sem duvida acaba por separar os

colaboradores uns dos outros.

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Dentre as ferramentas de uso comum à todos os funcionários estão o e-mail, a intranet

e o Sistema Integrado de Controle Operacional e Financeiro (SICOF), sendo este ultimo

composto por vários módulos que consolidam as operações da empresa.

Desta forma, já é possível identificar que a tecnologia da informação está presente de

forma marcante na empresa, bem como, a maioria dos colaboradores depende da mesma para

a realização de seu trabalho. Logo, os funcionários além de colaboradores da empresa podem

ser vistos como usuários dos artefatos tecnológicos por ela apresentados, bem como,

detentores de várias informações estratégicas intrínsecas ao seu trabalho.

Tomando-se por base essa identificação, procedeu-se com a entrevista do Coordenador

I (Coordenador de Tecnologia da Informação) visando primeiramente caracterizar as

ferramentas tecnológicas utilizadas para o monitoramento dos usuários, bem como, o seu

gerenciamento e o porquê da adoção de cada uma delas, conforme os tópicos a seguir.

4.1.1 – Controle de Entrada e Saída

A questão do monitoramento na organização já é perceptível desde a intenção de

entrada na mesma. Sua fachada conta com uma guarita que dá acesso ao estacionamento, e,

neste local estão presentes dois seguranças de uma empresa terceirizada responsáveis pelo

controle de entrada e saída tanto dos funcionários como dos visitantes.

Para se adentrar na organização se faz necessário a apresentação do crachá por parte

dos colaboradores, e, quando visitantes o mesmo deve apresentar um documento com foto que

é registrado pelos seguranças. É valido ressaltar que no portão de acesso há câmeras voltadas

tanto para a entrada de pedestres, quanto para a entrada de veículos.

Uma vez dentro do estacionamento da organização, o colaborador ao se dirigir a

recepção se depara com uma catraca de duas “mãos”, responsável por mensurar tanto a

entrada como a saída dos colaboradores. Neste momento, o colaborador deve passar o crachá

que contem um código de barras com sua matricula e apresentar sua digital no campo

biométrico. Quando autorizada a entrada é emitido um sinal sonoro, bem como, a tela

existente na catraca incide uma luz verde de permissão ao acesso.

Em caso de não identificação do crachá ou da digital, a recepcionista e a segurança

presente no local auxilia o colaborador em uma segunda tentativa. Em caso do esquecimento

do crachá, o colaborador pode solicitar um crachá provisório, em que se configura o numero

limitado de entradas e saídas, bem como, o colaborador que o está utilizando. É valido

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lembrar que os maiores cargos da empresa (presidência e diretores) não se utilizam de crachás

e para entrar na organização digitam apenas suas matriculas e realizam a conferencia de

digital.

Sobre esta ferramenta o Coordenador I informou que sua adoção está relacionada ao

aspecto de segurança patrimonial da organização, bem como, de um controle de quem são os

frequentadores da organização, visto que, mediante possuir clientes e fornecedores na

localidade, por vezes antes da implantação desse sistema havia apenas a recepcionista para

verificar e autorizar ou não a entrada dos mesmos.

Dessa forma, pode-se auferir que a adoção dos sistemas de vigilância voltados ao

controle de entrada e saída dos indivíduos na organização corresponde aos princípios de

necessidade e de finalidade da ação de monitoramento, podendo o objetivo de segurança

organizacional ser considerado como especifico, explicito e legitimo, conforme disposto pelo

autor Silva (2007).

4.1.2 - Ponto Eletrônico Após a identificação na recepção da empresa há uma segunda identificação biométrica

através do ponto eletrônico, que, por sua vez se encontra após a passagem da catraca inicial.

Sobre este aspecto, o posicionamento da empresa segue as normas estabelecidas pelo

Ministério do Trabalho e Emprego, através da adoção do chamado Sistema de Registro

Eletrônico de Ponto – SREP, definido abaixo conforme texto da Portaria nº 1.510, de 21 de

agosto de 2009:

Art. 3º Registrador Eletrônico de Ponto - REP é o equipamento de automação utilizado exclusivamente para o registro de jornada de trabalho e com capacidade para emitir documentos fiscais e realizar controles de natureza fiscal, referentes à entrada e à saída de empregados nos locais de trabalho.

Dessa forma, a utilização do ponto biométrico tem por objetivo tanto atender a portaria

que rege esse elemento como também registrar as horas trabalhadas pelos funcionários de

maneira justa e mais segura possível.

Sobre esse registro, o entrevistado coloca que o setor de recursos humanos é

responsável pelo gerenciamento dessa informação, bem como, os gestores das respectivas

áreas dos funcionários são responsáveis por mensalmente emitir um relatório dos pontos o

qual deve ser assinado pelo trabalhador e encaminhado para registro no setor de RH. É valido

salientar que os cargos de gestão (supervisores, coordenadores, gerentes e diretores) não

realizam o registro de ponto.

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Sobre essa ultima identificação é plausível relaciona-la com os princípios de

legitimidade do monitoramento (visto que a empresa se utiliza desse monitoramento mediante

a fins legítimos de assegurar os direitos fundamentais dos trabalhadores) e de

proporcionalidade (visto que o registro de pontos trata-se de uma coleta de dados adequados,

pertinentes e não-excessivos), conforme o autor Silva (2007).

4.1.3 – Câmeras

O sistema de vídeo vigilância existente na organização está presente na entrada, na

recepção, em algumas salas que possuem artigos tecnológicos mais valiosos, porém é possível

identificar as câmeras principalmente nos corredores da organização. É importante ressaltar

que a visualização das imagens geradas por essas câmeras ficam disponíveis para o setor de

Segurança Patrimonial e na recepção há um link que mostra as imagens em tempo real.

Mediante as entrevistas realizadas, pode-se constatar que na organização as câmeras

realmente estão em perfeito estado de funcionamento, refutando a ideia da existência das

chamadas “câmeras psicológicas”, definidas por Silva (2007) em seus estudos. Além disso, é

possível ainda ressaltar que a empresa adota as câmeras em locais de extrema precisão como

os corredores, preservando locais que possam expor de alguma forma a intimidade dos

funcionários como refeitórios, banheiros, quadra e copa.

Segundo a visão do entrevistado (Coordenador I), a adoção das câmeras tem por

objetivo principal a segurança do patrimônio da empresa, porém, é valido ressaltar que em

caso de uma ocorrência atípica, as imagens serão devidamente acionadas para os fins que se

fizerem necessários.

4.1.4 – Firewall Quanto ao monitoramento relacionado aos computadores, é possível identificar a

ferramenta chamada de Firewall, que é definida e exemplificada pelo Coordenador I

conforme trecho a seguir:

“O Firewall é uma solução imprescindível para qualquer negócio. Nela você pode depositar regras de segurança, regras de acesso, permitir o que pode entrar e o que pode sair. O Firewall pode ser ilustrado/representado como se fosse a portaria de

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um prédio: quem é morador do prédio o porteiro olha e permite o acesso; quem não é ele barra. Se ele perceber que precisa de uma autorização para a entrada, ele vai solicitar a permissão de um morador. Se o morador conhecer ele vai permitir a entrada.”

É importante definir que essa ferramenta pode ser encarada como uma espécie de

“parede de fogo” (conforme nome em inglês) que age de forma a interceptar e impedir a

difusão de conexões não autorizadas e nocivas à rede de computadores.

O Coordenador I ainda explica que na Distribuidora Brasil essa tecnologia já está

implantada há alguns anos, visando prioritariamente a segurança da informação via controle

de acessos e em segundo plano o Firewall contratado pela empresa ainda é responsável por

balancear a carga dos links do servidor, visando não sobrecarregar um determinado link de

conexão.

Uma das preocupações destacadas pelo entrevistado é de que a empresa possui uma

atuação geograficamente espalhada pelo país, de tal forma que há diferentes formas de

monitorar os acessos e proteger as informações da empresa do mau uso. Sobre este aspecto o

mesmo complementa:

“O Firewall controla todo o acesso da parte web, controla a disponibilidade dos links, consegue enxergar se um link caiu, para que a operação não pare. Além da segurança o que a gente mais preserva é a alta disponibilidade. E para se preservar a alta disponibilidade, deve-se ter uma série de fatores: tem a segurança física do ambiente, a garantia do fornecimento de energia elétrica, tem que ter a segurança da informação, para evitar o máximo possível de acessos indesejáveis que possam comprometer as informações da empresa.”

O entrevistado informou que todos os acessos internos são controlados, visto que cada

funcionário possui um login e uma senha de rede. Dessa forma, é possível monitorar quando o

funcionário efetua o login na estação de trabalho, em qual maquina esse login foi efetuado, a

data, a hora e se o colaborador está utilizando uma maquina que não a sua.

O mesmo ainda exemplificou que quando uma senha é automaticamente bloqueada, o

atendente da TI responsável pelo desbloqueio tem acesso à informação do porque que essa

senha foi bloqueada (excesso de tentativas, uso de computador distinto, etc.). Em alguns

casos, essa informação é até reportada para o gestor da área para se saber o motivo do

funcionário não estar utilizando o computador convencionalmente a ele destinado, por

exemplo.

Sobre o banco de dados de arquivos da empresa, o Coordenador I coloca que os

arquivos de determinado setor são alocados em um diretório especifico, que não pode ser

visualizado/modificado pelos demais setores da organização. Dessa forma, um funcionário da

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controladoria somente pode ter acesso às pastas do setor contábil, não podendo acessar

documentos e arquivos constantes no diretório do setor de Recursos Humanos.

É relevante destacar que tanto as novas solicitações quanto as exceções de acesso

somente podem ser realizadas pela autorização prévia do gestor, de forma que o mesmo

possua ciência das ferramentas que o seu colaborador possui o acesso. Todos os rastreamentos

de alteração/criação de arquivos se relacionam diretamente com o login do colaborador, sendo

de fácil identificação quando necessário.

Quanto à utilização da internet na empresa Distribuidora Brasil, o Gestor de TI

informa que:

“Em relação a internet nós temos uma solução chamada “websense”, que ela filtra conteúdos externos, permitindo apenas a utilização daqueles sites que são pertinentes ao negocio. Quando há uma detecção de um site que não está nesse parâmetro, o sistema pede uma cota de 5 minutos para que se possa trafegar. No caso são 12 cotas de 5 minutos, totalizando uma hora, que o usuário pode utilizar no decorrer do expediente, sendo esta cota renovada diariamente.”

O entrevistado ainda complementa que essa cota de tempo, bem como as permissões

de acesso a determinado conteúdo é determinado pela hierarquia maior do setor de Tecnologia

da Informação que é o Diretor Administrativo Financeiro da organização juntamente com o

Gerente Executivo de TI. Pode-se frisar que há a preocupação de se alinhar o procedimento da

empresa com as praticas de mercado existentes, bem como com o respaldo do RH e do setor

jurídico. Logo, esse tipo de decisão de permitir acesso, bloquear ou de liberar X horas por dia,

é estruturada através de um comitê e após a discussão em todas as esferas envolvidas no

processo.

A empresa entende que este é mais um beneficio para o colaborador, porém, os

gestores imediatos que convivem com os usuários também possuem autonomia para

determinar uma nova cota caso identificado o uso excessivo e desenfreado desse beneficio.

Sobre esse aspecto, o entrevistado define o posicionamento da organização da seguinte

maneira: “A nossa proposta é que o colaborador acesse o que realmente faz sentido para o

negócio. Nós não vamos deixar aberto para que ele passe o dia inteiro livre, é necessário ter

disciplina e comprometimento”.

Quanto aos e-mails é possível verificar no discurso do entrevistado que a empresa

adota um software de gestão do recebimento das mensagens, de forma a filtrar o que é e-mail

válido de alguma possível ameaça, bem como, recentemente a organização adotou um ativo

que realiza o backup dos e-mails constantemente, visto que, essa ferramenta de comunicação

é a mais utilizada na empresa. Além disso, o entrevistado citou a ferramenta de mensagens

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instantâneas (como MSN, Skype) que também são monitoradas pelo software destinado a esse

fim.

Outro aspecto interessante se deu em vista do aplicativo chamado “Tribo do

Monitoramento” que trata de uma ferramenta utilizada para realizar uma varredura em todo o

computador, realizando um inventário físico da maquina e dos softwares nela instalados.

Dessa forma quando um usuário tenta realizar download de algum software o Tribo do

Monitoramento realiza um alerta a área de TI. Quanto ao aspecto físico, o gestor entrevistado

exemplificou a questão da remoção do componente de memoria, por exemplo, que pode ser

realizado por intervenção dos usuários, porém, é facilmente identificada pelo aplicativo de

monitoramento.

Através das informações auferidas da entrevista com o gestor, em confronto com as

referencias já apresentadas neste estudo, é possível identificar que a postura da organização

Distribuidora Brasil se relaciona com a imagem de disciplina proposta por Foucault (2007),

intitulada como disciplina-mecanismo. A mesma se caracteriza por uma ação de poder mais

leve, sutil e eficaz, através de um dispositivo funcional. Logo, a atuação da TI na adoção de

softwares de monitoramento, acaba por minimizar o contato corpo a corpo junto aos usuários,

somente o realizando quando há a necessidade de notificar aquele determinado usuário que

apresente comportamento não condizente.

Além disso, pode-se relacionar o posicionamento da TI com os aspectos da sociedade

disciplinar, a luz dos conceitos de Zimmer (2009). Através da ação desse setor é possível

identificar a vigilância hierárquica (relacionada à ação da TI para auxiliar os gestores do setor

com o monitoramento dos seus subordinados), a sanção normalizadora (relacionada à punição

dos comportamentos considerados inadequados) e o exame (através do levantamento e

classificação do usuário infrator).

É valido complementar que dentre as classificações de poder de Munro (2000) a que

mais se adequa a realidade da empresa Distribuidora Brasil é de do poder em rede, visto que o

monitoramento parte tanto do gestor que acompanha aquele usuário quanto do setor de TI

através das diversas ferramentas disponíveis.

Dessa forma, é possível concluir parcialmente que o monitoramento via Firewall

corresponde a uma ferramenta indispensável ao funcionamento da organização, visto que

consegue rastrear e identificar comportamentos inconiventes. Entretanto sabe-se que o setor

de TI foca-se somente nas situações de alertas, não procedendo com um levantamento das

ações dos colaboradores e repasse dessas informações aos gestores de forma periódica, o que

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pode por acarretar um controle mais frouxo de situações de gravidade moderada, o que,

entretanto deveria mesmo assim ser mensurada e notificada.

4.1.5 – Sistema Integrado de Controle Operacional e Financeiro (SICOF) O Sistema Integrado de Controle Operacional e Financeiro (SICOF) trata-se da

ferramenta que consolida todas as informações operacionais da organização através de seus

diversos módulos integrados. Sobre este sistema é valido destacar que o mesmo se configura

através de perfis de usuários previamente estabelecidos. Dessa forma, funcionários de mesmo

cargo possuem a mesma base de acessos, porém, mediante a necessidade e as demandas a

esses colaboradores destinados, os mesmos podem realizar inclusões de acessos aos seus

perfis.

Conforme entrevista com o Coordenador I o mesmo estabelece que:

“ O colaborador quando precisa acessar alguma informação que não esteja dentro do seu perfil de acesso, ele tem que submeter uma solicitação na nossa intranet. Por sua vez ele vai definir o aprovador (que sempre é o gestor da área que possui autonomia de liberar), essa pessoa com essa autonomia da o ‘OK”, realiza essa aprovação e posteriormente a solicitação cai para os analistas de TI disponibilizarem o acesso, ou seja, sob demanda. Nós temos algumas politicas do tipo que a solicitação só pode passar 72 horas em aberto, mais do que isso ela é invalidada.”

Sobre esta ferramenta em especifico pode-se identificar a relação com o Poder

Soberano descrito por Munro (2000) em seus estudos, uma vez que, é possível se identificar

que para a liberação dos acessos o poder está centralizado em apenas uma pessoa do setor (o

gestor), ficando o usuário a mercê de sua subordinação.

4.1.6 – Sistema telefônico O sistema telefônico da empresa pode se configurar sobre duas esferas: a primeira

corresponde ao aparelho de telefone convencional (analógico) e a segunda corresponde à

telefonia do tipo voip. Segundo o entrevistado, a tecnologia voip foi adquirida no ano de 2012

por uma questão estratégica e de proteção da empresa.

O principal foco para a empresa na adoção dessa nova ferramenta, se deu em vista da

atuação do Call Center e Comercial Interno, visto a grande interação desses setores com o

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meio extra-organizacional, o primeiro como receptor de chamadas e o segundo como emissor.

Segundo o Coordenador I a tecnologia voip pode ser caracterizada da seguinte forma:

“ O voip é muito mais seguro do que se pegar o telefone analógico e conversar, visto que o analógico é passível de grampo, assim como o telefone sem fio que também tem uma frequência de comunicação fácil de ser interceptada por quem está próximo. (...) Nos telefones pessoais não há gravação de conversas, mas em todas as centrais de atendimento as conversas são sim gravadas, data, hora e nome do operador, e caso necessário a gente tem essa base de dados para fazer essa consulta.”

É valido lembrar que o sistema de voip ainda é responsável pela segurança das

ligações dos cargos mais importantes da organização como diretores e presidência, não se

utilizando de gravações, mas de aparatos que identificam grampos e possíveis interferências.

Como fato que comprova a utilidade das gravações, o entrevistado relembrou o caso

de um pedido realizado pelo cliente via call center e que no momento de entrega o cliente

alegou não ter pedido aquele determinado produto. O caso inclusive alimentou a esfera

jurídica em que a empresa pode comprovar através da gravação que o produto ora solicitado

foi o mesmo que foi se realizar a entrega, isentando de quaisquer responsabilidades o

operador de telemarketing da organização.

Sob esse ponto de vista, observa-se que a organização adota uma postura condizente

ao comentado por Silva (2007) em seus estudos, tomando-se por base que a razão do

monitoramento deve se compor objetivando questões como a saúde, segurança e proteção

daqueles que estão representando a organização.

4.2 – ANÁLISE DE DISCURSO DOS ENTREVISTADOS

Através das entrevistas realizadas a analise dos discursos coletados foi minimamente

analisada tomando-se por base inclusive a observação dos comportamentos dos entrevistados.

As percepções puderam ser agrupadas primeiramente em relação à tecnologia disponibilizada

pela empresa, em um segundo momento em relação à definição de controle e da identificação

do sentimento de monitoramento, e, por ultimo o tópico em relação aos sentimentos que

emergem quanto às tecnologias voltadas para o monitoramento dos usuários.

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4.2.1 – Percepção quanto à tecnologia utilizada

Com relação às ferramentas de tecnologia utilizadas na empresa, procurou-se

identificar como os usuários viam a tecnologia no desenvolvimento de suas atividades, bem

como se qual o grau de satisfação desses usuários com relação à esses recursos tecnológicos

disponibilizados pela Distribuidora Brasil. Logo, ainda se questionou quanto ao conhecimento

percebido por parte dos usuário em relação aos acessos que são disponibilizados ao seu

respectivo perfil, de forma a incitá-los a refletir quanto essa questão. Os resultados obtidos

são descritos nos próximos tópicos.

4.2.1.1 – Importância da Tecnologia da Informação Quando questionado aos entrevistados com relação à importância da tecnologia da

informação para o desenvolvimento de suas atividades a resposta foi unânime no sentido de

que, todos os entrevistados avaliaram que a TI tem por objetivo agregar mais valor ao

trabalho realizado, bem como, facilitar aquele trabalho desenvolvido. Dentre os destaques que

comprovam essa identificação, pode-se citar o discurso do Coordenador II sobre o aspecto:

“Hoje a tecnologia é extremamente importante. Eu diria que hoje sem tecnologia nós não conseguiríamos sobreviver em termos de trabalho, principalmente na área contábil. Todas as obrigações existentes no ramo de contabilidade estão bem eletrônicas. (...) Hoje alguns pequenos escritórios de contabilidade ainda sofrem porque no lugar de simplesmente pegar a informação e inseri-la dentro do sistema dele, ele não consegue. Tem que ficar fazendo tudo manual. Então o papel do contador é simplesmente importar a informação e ele gastar o tempo dele com analise, o que é possível aqui na empresa.”

Sobre este aspecto ainda foi possível identificar o sentimento de dependência do

usuário para com a tecnologia da informação, evidenciada no discurso do Estagiário I que se

caracteriza como totalmente dependente da tecnologia para a realização de quaisquer ações

relacionadas a sua função.

Já os analistas I e II pautaram seus comentários na esfera de que a tecnologia da

informação vem para agregar agilidade e satisfação tanto para o usuário dessa tecnologia

quanto para o cliente final, visto que, em suas atividades os mesmos tratam diretamente com

clientes.

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A supervisora I complementa que “a tecnologia de fato é importante para que a gente

consiga ter um trabalho mais promissor, a gente consiga de fato adquirir mais resultados e

rapidamente”.

4.2.1.2 – Satisfação em relação aos aparatos tecnológicos

Com relação à satisfação dos aparatos tecnológicos disponibilizados pela Distribuidora

Brasil, os entrevistados de uma maneira geral se mostraram satisfeitos com as ferramentas

disponíveis, porém, em algumas partes do discurso apresentam certa insatisfação quanto

algumas ferramentas, conforme identificado no discurso da analista II.

A mesma considera o sistema telefônico excelente, visto que o objetivo de seu

trabalho é o atendimento ao cliente que liga para o call center, porém, ressalta a importância

de que os dados constantes no SICOF estejam organizados de forma mais disponível o

possível, bem como, sente falta de alguns registros, conforme segue abaixo:

“Geralmente quando você liga para uma empresa de telefonia, que possui um banco de dados grande, esse banco já aparece na tela. Informações de quantas vezes aquele cliente já ligou, como foi solucionado o problema dele, se há algo pendente, etc. E a gente não tem isso! Alias, nós temos, mas de uma maneira bastante dispersa, se formos buscar essas informações, não conseguimos ser tão ágeis como devemos ser”.

Outra colocação interessante na avaliação dos aparatos tecnológicos foi o do Analista

II que discorreu:

“Se tudo que a gente precisasse a gente tivesse a mão, acredito que de certa forma a gente ficaria acomodado. Estamos em uma posição hoje de que o que a gente precisa, a gente precisa demonstrar, justificar, batalhar, reduzir os custos antes e maximizar recursos. Dessa forma, o que a gente queria no inicio poderia ser muito grande, e a gente consegue um resultado final se utilizando de bem menos”

Já o Estagiário I ressalta a preocupação da organização no oferecimento de

ferramentas de qualidade, bem como no pronto atendimento do setor de TI quando alguma

ferramenta apresenta alguma anormalidade de funcionamento. Tal posição ainda é confirmada

pelo Coordenador II, que em seu discurso transparece a boa receptividade da empresa quando

se necessita de algum novo aparato tecnológico, de forma que o mesmo ressalta que a

empresa disponibiliza parte de verba para ferramentas de aperfeiçoamento do trabalho.

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4.2.1.3 – Domínio dos acessos disponíveis Quando questionado aos entrevistados quanto o conhecimento acerca das ferramentas

que os mesmos possuem acesso, foi identificada uma unanimidade entre as respostas,

afirmando o conhecimento de grande parte das ferramentas, bem como, que dentre as

ferramentas disponíveis, os mesmos não identificam falta de nenhuma delas para a realização

do trabalho a executado.

Tais conclusões são retificadas através do discurso do Coordenador II:

“Do que a gente tem disponível eu considero que eu domino tudo. Principalmente pela questão de curiosidade e de entender dos processos. (...) Antigamente, eu conhecia até mais porque antes era mais aberto. Mas que foi mudando por uma questão de segurança inclusive, ai no momento que fecharam por área, por perfil, alguns dos acessos que eu tinha principalmente no SICOF eu fui perdendo”.

Pode-se identificar que a posição dos entrevistados é um tanto quanto generalista, pois,

os mesmos possuem perfis de usuários diferenciados por função e, em nível de sistema

operacional (SICOF), por exemplo, tem-se uma gama de caminhos destinados, tanto a entrada

de dados, quanto a consulta de determinadas informações. As chamadas “rotinas” (os acessos)

podem ser diretamente relacionados a área do trabalhador ou não, dessa forma sendo

improvável o conhecimento de todas as rotinas, visto o numero considerável das rotinas

existentes e dentro delas as diferentes funcionalidades.

4.2.2 – Percepção quanto aos conceitos de controle e monitoramento Sobre as vertentes de controle e monitoramento, foi primeiramente questionado aos

entrevistados a percepção dos mesmos quanto ao controle existente na empresa, em que se

pode observar que o coordenador II e a supervisora I possuem explanações sob 3

perspectivas: em relação ao controle realizado pela empresa, em relação ao controle que eles

sofrem de seus respectivos superiores e em relação ao controle que os mesmos exercem sobre

seus subordinados.

O coordenador II avalia a questão do controle na empresa como sendo exagerada visto

que, alguns processos chegam por vezes a ser desnecessário. O mesmo justifica relatando que

acabam trabalhando demais por excesso de controle, principalmente “por alguns controles que

existem e não servem de nada”. A confirmação dessa perspectiva se da quando se deixa de

enviar determinado parâmetro de controle e ninguém se posiciona sentindo falta do mesmo.

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Exemplo disso é um controle de sua área, responsável por verificar o acesso que os usuários

de uma determinada filial realizam em uma determinada rotina. Mas a questão chave não se

da em vista do acesso, mas do manuseio correto dessa informação, o resultado final

(fechamento de estoque correto e no prazo).

Enquanto gestor, o Coordenador II se considera bem tranquilo em relação ao controle

que exerce, visto que, seu método parte da determinação das atividades de cada colaborador e

seus respectivos prazos. Há uma preocupação em não sobrecarregar um colaborador em

detrimento do outro, bem como, um acompanhamento dos colaboradores no quesito de

dificuldades, anseios, etc, utilizando-se de métodos como uma agenda ou check-list.

Logo, é possível se identificar que a postura do coordenador II vai de encontro com as

teorias elucidadas por Chiavenatto (2003) em que o controle tem por objetivo evitar os

desvios do planejamento previamente estabelecido, bem como, se relaciona ao conceito de

disciplina de Maximiano (2007), que reverencia a disciplina como ao respeito aos acordos

estabelecidos junto aos superiores, tais como as agendas e check-lists antes citadas.

Já a supervisora I já caracteriza que o controle tanto na esfera setorial como extra

setorial ocorre todo por meio de sistema. Sobre essas duas posições discorrem:

“Vejo que hoje o controle da empresa é basicamente através do sistema, e, que esse que teria que ser o controle principal, uma vez que, é utilizado por qualquer área que pode estar visualizando/consultando, não necessariamente que essa área seja a executora do procedimento. O ponto principal que eu vejo é que esse controle é todo englobado dentro da empresa. Tanto para a empresa como para aos meus subordinados o principio de controle é esse: sistema!.” [Supervisora I]

Essa posição pode ser correlacionada ao controle na teoria burocrática, uma vez que, o

sistema citado pela entrevistada formaliza toda e quaisquer operações dos subordinados, bem

como se baseia nas norma, regras e procedimentos adotados pela Distribuidora Brasil,

conforme o autor Chiavenato (2005).

Já em relação à identificação dos monitoramento, apenas o Coordenador II e o

Analista I apresentou discurso informando que não se sente monitorado no ambiente

corporativo, considerando até que o monitoramento realizado pela organização é bem aberto,

somente voltado a segurança da organização, ficando mais a cargo da consciência dos

colaboradores. Em contrapartida, os demais entrevistados afirmam que se sentem monitorados

até demonstrando irritabilidade em suas colocações:

“Eu me percebo muito monitorado. Dentro do setor então, bastante monitorado. Principalmente porque nossa sala é pequena e tudo que eu faço eu tenho essa impressão de que bastante medido. Até os comentários que eu faço no telefone! Essa impressão de que você está sendo vigiado, que você está sendo seguido é muito

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perceptível. Quando eu me sinto monitorado o sentimento é de constrangimento.” [Estagiário I].

“Antes eu sentava de costas para as minhas chefes. Então monitorada eu era, mas se elas quisessem algo mais aprofundado teria que pedir relatório lá na TI e não via diretamente. E agora com essa mudança do layout da sala, em que todos ficaram de costas para a porta, separados por vidraças, tudo o que eu faço é visto, por duas pessoas: minha gerente e minha supervisora. Nada mais, nada menos!” [Analista II].

“Eu acho que nós somos monitorados sim, tanto pelos nossos procedimentos no dia a dia quanto o que você faz além do dia a dia. Eu vejo isso tanto da empresa para com a gente, como do supervisor para o subordinado. Isso é fato. Tem que haver!”. [Supervisora I]

Dessa forma é possível verificar as discrepâncias de percepções de cada um dos

colaboradores da empresa. Ainda é valido relacionar tais as posições de identificação do

monitoramento com o conceito de panoptismo (Foucault, 2007) e uma de suas máximas: o

panoptipo acarreta uma indução de um estado consciente e de permanente visibilidade, o que

acaba por firmar o poder automático do vigilante frente ao vigiado.

Outro ponto interessante a ser levantado é em relação as ferramentas de trabalho como

um sistema operacional que podem ser vistas como um meio de monitoramento, visto a

utilização de logins para a utilização deste sistema. É valido salientar ainda que em entrevista

com a supervisora I a mesma informou que se utiliza de ferramentas que não necessariamente

são destinadas a fins de vigilância para realizar esse procedimento:

“Eu entendo que no próprio sistema eu consigo identificar picos de excesso de trabalho e alguns procedimentos. Então como é que eu conseguiria fazer isso? A gente tem uma gama de relatórios disponíveis. A carteira de conferencia de comprovantes, por exemplo, ano passado coincidiu dois fatos: o fato de uma nova colaboradora na carteira e o fato do aumento de demanda na ordem de 200 comprovantes. Quando a gente parar para analisar, será que as reclamações existentes estão ocorrendo pelo fato de existir uma pessoa nova ou pelo fato de a demanda realmente aumentou? Então a gente pode retirar um relatório e verificar essa variação. Se eu percebo que o colaborador está muito sobrecarregado, eu destino alguém para ajuda-lo.”

Logo, observa-se que o sentimento de ser monitorado é bastante marcante na

organização, e, mesmo por aqueles que alegam não possuir problemas com esse

monitoramento, o percebem como algo que existe, mas que não os incomoda, o que é bem

ilustrado segundo a teoria de Foucault. Bem como é possível identificar que métodos não

necessariamente voltados a supervisão, podem se compor como formas de monitorar.

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4.2.3 – As ferramentas de monitoramento e os sentimentos Sabe-se que cada uma das ferramentas de monitoramento adotadas pela empresa pode

acarretar em diferentes sentimentos em cada um dos colaboradores. Sob essa perspectiva,

pode-se classificar esses sentimentos em três grandes grupos baseados na aquiescência,

resistência ou indiferença.

4.2.3.1 – Sentimentos - Controle de Entrada e Saída Através das entrevistas realizadas foi possível identificar que o sentimento mais

pertinente em relação ao controle de entrada e saída existente na Distribuidora Brasil seria o

de indiferença conforme relatos do Coordenador II, Analista II e Supervisor I. Sobre essa

ferramenta, a Supervisora I comenta:

“Eu acho que deveria existir, mas pra mim também se não existisse... Talvez a minha indiferença seja pelo fato de que em 13 anos de empresa que eu trabalho na empresa, e que não existia esse controle, não ter acontecido nada...”.

É pertinente a percepção dessa ferramenta voltada apenas para a segurança patrimonial

da empresa, não como sendo uma forma de monitoramento dos colaboradores.

Ainda é valido frisar que tal ferramenta ainda despertou o sentimento de resistência

por outro motivo, conforme identificado na fala do Estagiário I:

“Meu sentimento é de às vezes raiva por ter que enfrentar uma fila imensa para poder entrar e sair, principalmente nos horários de maior movimento. Talvez se fossem duas catracas com mão e contramão, seria melhor e agilizaria o processo”.

4.2.3.2 – Sentimentos – Ponto Eletrônico

Quando questionados com relação ao sentimento atribuído ao ponto eletrônico, foi

possível identificar que os cargos do Coordenador II, Supervisora I e do Estagiário I estão

isentos da utilização dessa ferramenta. O ponto eletrônico na empresa Distribuidora Brasil não

é registrado nos cargos de maior escalão (diretores, gerentes, coordenadores e supervisores),

como também, o registro de horários dos estagiários ocorre de maneira informal dentro dos

setores.

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Dessa forma, o sentimento em relação à ferramenta pelos entrevistados Analista I e

Analista II foi de total aquiescência, visto que, os mesmos alegaram que trata-se de um

monitoramento valido para avaliação de banco de horas de maneira justa e verificável.

Sobre este aspecto pode-se identificar o conceito de superpanóptico trazido por

Zimmer (2009) em que é identificada uma ideia de que os indivíduos se sentem satisfeitos em

fazerem parte de uma coletividade que é controlada, buscando inclusive compor o banco de

dados existente.

4.2.3.3 - Sentimentos – Câmeras

Com relação ao sistema de captação de vídeo é possível identificar que a

predominância dos sentimentos estão na esfera de indiferença, sendo esta justificada

principalmente pela percepção de que tais ferramentas são voltadas apenas para a segurança

patrimonial da empresa. Dessa forma, é interessante verificar o posicionamento emitido pela

Supervisora I sobre câmeras:

“Por não me incomodar, eu nem percebo as câmeras... Talvez se eu estiver fazendo algo que de repente não é pra ser feito, eu não percebo. Eu acredito que o foco hoje das câmeras é de segurança. Acho que o objetivo não é monitorar o que as pessoas estão fazendo. Por ver o lado da questão de segurança eu não vejo a necessidade de adotar as câmeras dentro dos setores. Eu acho que não há necessidade de monitorar o que a outra pessoa está fazendo porque a gente já monitora sem precisar dessas câmeras.”

Já o Analista I que possui câmeras especificamente na sala em que trabalha, visto que,

o mesmo trabalha com um dos negócios da organização de monitoramento de frota que

permanente (24horas) e, na sala em que o mesmo se encontra há aparatos tecnológicos de

valor expressivo. O mesmo se posiciona aquiescente com relação às câmeras e justifica que:

“A minha postura aqui dentro ela corresponde com os valores éticos e morais pregados pela empresa e é igualitário em qualquer local da empresa. Inclusive há câmeras na sala em que eu trabalho e para mim não afeta em nada”.

Porém é valido salientar uma posição de extrema resistência em relação às câmeras,

evidenciada no discurso da Analista II que considera que pelo tamanho da empresa as

câmeras são necessárias, porém, se sente um pouco incomodada com a presença das mesmas.

Se houvesse câmeras dentro do setor a mesma acredita que ia ser bastante estranho, e com

certeza evitaria alguns comportamentos. A mesma ainda complementa:

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“Antigamente tinha uma câmera no Call Center, mas a gente não sabia se funcionava. Logo quando eu entrei no setor, ela ficava bem no canto e pegava toda a sala. Rolava uma história de que uma vez uma pessoa caiu lá no chão, e o chefe que ficava olhando, ligou para o setor no mesmo momento e disse: ‘e ai, está tudo bem? A pessoa se machucou?’ Só que ninguém sabe se isso é verdade ou não, ou se fizeram só pra acuar e dar a ideia de que ’olha, eu tô olhando, tá?’”.

Dessa maneira, é possível remeter o discurso à uma das vertentes do panoptico de

Bentham (apud Foucault, 2007, 167) que afirma que o principio do poder deve ser visível e

inverificável. Visível porque o modelo propõe que o vigiado pode ver a torre central de onde

o mesmo é espionado (no caso da empresa o vigiado pode ver as câmeras instaladas) e

inverificável porque o modelo propõe que o vigiado nunca deve saber se de fato está sendo

monitorado (no caso da empresa evidenciada pela dúvida de se as câmeras estão

funcionando).

4.2.3.4 - Sentimentos – Firewall Quanto ao sistema de Firewall adotado pela empresa para monitoramento do

computador dos usuários na amostra estudada observou-se sentimentos voltados à

aquiescência e a resistência a essa adoção.

É valido ressaltar a percepção de que os cargos que exercem alguma forma de gestão

consideraram a ferramenta extremamente válida para o contexto organizacional da

Distribuidora Brasil. Abaixo é possível localizar os trechos de maior concordância com o

método:

“Estamos utilizando um artigo da empresa, no computador da empresa, na estrutura da empresa, então nada mais justo do que ela saber o que nós estamos fazendo”[ Analista I]

“Eu acho que em todo ambiente corporativo tem que haver esse monitoramento e acompanhamento, ate porque a gente tem disponível várias ferramentas que implicam não somente em relação ao trabalho, como internet, ou até mesmo uma conversa instantânea. (...) Isso me incomodaria talvez se em algum momento eu estivesse fazendo algo ilícito, mas como eu não estou...Então, o fato de estar sendo monitorada eu acho ate bom, pelo fato de que se no futuro a gente precisar confrontar, esse confronto exista e saibamos o que de fato é a realidade.”[Supervisora I]

Já os entrevistados Estagiário I e Analista II frisam que se sentem incomodados com a

situação de saber que algum programa ou pessoa possa estar monitorando tudo o que é feito

no computador.

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O ponto que gera maiores considerações em relação ao monitoramento do computador

diz respeito ao uso da internet em que os discursos foram quase unanimes na identificação da

aquiescência em relação à ferramenta que modera os acessos a sites que não condizem com

cada uma das funções desempenhadas. O Coordenador II em sua entrevista coloca que a

empresa poderia adotar um regime inclusive mais fechado, visto que, mesmo com o uso

ponderado ainda é possível identificar colaboradores que fazem uso abusivo da ferramenta.

O entrevistado ainda coloca um sentimento de indisposição junto aos colaboradores,

visto que se por uma parte a empresa tem a politica de liberação parcial dos acessos, se o

gestor tenta cortar mais (visto o impacto nas atividades), o mesmo se “queima” junto aos seus

liderados. O gestor coloca que por varias vezes consultou o histórico de acesso a internet dos

colaboradores, e, por fim decidiu que em sua área a disponibilização de sites diversos fosse

vigente somente nos horários de 11:30 a 14:00 (horário de almoço). O mesmo complementa

que:

“Eu pegava colaborador navegando na internet após as 18 hrs. Pra mim, isso é inadmissível! Pois após as 18 hrs já é hora extra! E as vezes esse mesmo colaborador ainda reclamava que estava saindo mais tarde e quando íamos verificar, dessas duas horas que o colaborador ficou até mais tarde, existia 40minutos de acesso a internet. Para a empresa e dentro da empresa, esse negócio de rede social foi um terror. (...) Dificilmente você vai entrar e uma sala para não ver uma pessoa acessando o Facebook”.

O coordenador ainda relembrou um caso pitoresco:  

“Ele (o colaborador) chegava no horário de almoço (período em que a cota é disponibilizada) e pegava e começava a carregar vários vídeos e deixava carregando em média uns 30 vídeos. E quando você faz isso, o vídeo já carregou. E desse tempo em diante você não está mais usando a internet, o vídeo fica gravado na memoria cash. Depois, durante o expediente ele ficava assistindo os vídeos”.

Já a Supervisora I afirma sua aquiescência em relação ao sistema adotado, bem como

ressalta que não se utiliza desse beneficio disponibilizado pela empresa, conforme discurso

abaixo:

“Eu acho que alguns tem a consciência e outros não tem, então aqueles que tem a consciência acaba sendo prejudicado pelo os que não a tem. Como o meu dia-a-dia é tão corrido então eu não tenho o costume de ficar acessando coisas que não seja permitido o acesso, e então não é perceptível certa irritabilidade porque realmente eu não tenho tempo para esses acessos!”.

É valido observar que embora os entrevistados denotem concordância em relação ao

método adotado pela Distribuidora Brasil, os mesmos informam que dentre os colegas esse é

o assunto que gera mais incomodo. Tal fato se justifica, segundo os entrevistados, de que os

demais colaboradores consideram a cota fracionada em 5 minutos acarreta irritação e

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questionamentos do tipo: “Porque não deixar o acesso limitado à 1 hora, mas que essa não

precise ser fracionada?”.

Além disso, embora haja a politica da empresa em disponibilizar tal beneficio, é

possível identificar que mesmo assim permanece a percepção dos colaboradores de estar

fazendo algo “proibido” quando próximo a um gestor, por exemplo.

Dentre as ferramentas mais acessadas de dentro da empresa para uso pessoal foram

citadas: Twitter, Facebook, Youtube e Sites de Noticias. Ainda foi citado que os sites de

bancos são bastante utilizados, principalmente pelo fato de se passar o dia todo na empresa,

essa disponibilização auxilia os colaboradores a resolver alguns assuntos pessoais.

Dessa forma, é possível correlacionar a decisão da Distribuidora Brasil com o curso de

decisão definido por Santini (2012) como “bloqueio parcial”. Traz como benefícios a

liberdade condicionada aos colaboradores, maior controle da empresa quanto aos acessos e a

adequação dos funcionários às normas estabelecidas. Em contrapartida tem como uma

desvantagem o persistente questionamento por parte dos usuários sobre aquilo que a empresa

entende que não é permitido bem como, mesmo assim se mostram insatisfeitos com alguns

aspectos (como o citado do fracionamento da cota em 5 minutos).

4.2.3.5 - Sentimentos – Sistema telefônico Dentre os entrevistados apenas a Supervisora I e a Analista II se utilizam do sistema

telefônico diferenciado, denominado voip e conforme já caracterizamos neste estudo.

Sobre o discurso da Analista II é possível identificar o sentimento de grande incomodo

em relação ao sistema voip, chegando a mesma a citar que tal sistema é motivo de stress,

desespero e pressão em seu trabalho.

Porém é pertinente o levantamento de como essa ferramenta é utilizada no de

atendimento ao cliente em que a entrevistada se encontra. Em tal setor, existe uma tela de

televisor em que se mostram as chamadas dos clientes em atendimento, tanto para

acompanhamento das gestoras quanto para o acompanhamento dos próprios colaboradores. A

entrevistada informa que tal tela foi desenhada pelos próprios colaboradores via solicitação à

empresa do software, visto a grande dificuldade existente junto ao outro programa utilizado

anteriormente, e essa tela de acompanhamento diário também pode ser aberta no computador

de cada colaborador.

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Nesta tela é possível visualizar o colaborador que está “logado” (a postos para realizar

atendimento ou realizando o atendimento), aqueles que estão em atendimento, bem como as

pausas que os colaboradores realizam durante ou entre uma ligação e outra (classificadas entre

pausa improdutivas para lanches, almoço, labora e assuntos particulares, e pausas produtivas

para ligações externas ao setor, verificação no sistema, etc.)

Ainda é possível acompanhar o desempenho dos atendimentos, visualizando quantas

ligações foram abandonadas ou quantos e qual o tempo que os clientes encontram-se em fila

aguardando atendimento, dentre outros aspectos. É possível frisar que o setor trabalha com

meta de forma que até 80% dos clientes daquele dia, não devem ultrapassar um minuto e meio

de espera para ser atendido.

Já no setor da Supervisora I o método do voip é utilizado de forma um pouco

diferenciada, visto que, trata-se do setor responsável pela liberação financeira de pedidos da

companhia. Dessa forma, não há a tela de monitoramento em um televisor, bem como, os

atendimentos realizados são mais voltados ao meio intra-organizacionais, voltados à área

comercial e Call Center. São raros os momentos em que há atendimento direto à clientes.

Sobre essa ferramenta a gestora do setor se coloca com total aquiescência revelando

em seu discurso os principais benefícios por ela acarretado:

“O voip ele é aplicado em carteiras e setores que a gente precisa ter esse

monitoramento de ligações, porque a gente trabalha com clientes e com eles

qualquer coisa é como se a gente estivesse tentando prejudica-lo. O bom do sistema

voip é o fato de eu poder mostrar, informar que a pessoa que está do outro lado está

falando a verdade.”

“Quanto a minha consulta ela é mais para ver quanto tempo as pessoas estão

passando na fila para ser atendidas, não é para controlar a quantidade de ligações,

não é para controlar a quantidade de tempo no atendimento. Porque o setor de

crédito aqui é um setor atípico, visto que trabalha diretamente com a liberação dos

pedidos. Eu posso em apenas uma ligação passar 1 hora, liberando vários pedidos

de apenas um consultor comercial. Então pra mim eu não vou contar a agilidade da

ligação, eu vou contar o quanto tempo eu passei sem atender quem está na fila de

espera. Porque que eu passei tanto tempo na fila de espera? Quais são meus

horários de pico? É nesses horários que eu vou aumentar o numero de

colaboradores?.”

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Respeitando os diferentes objetivos dos setores frente a uma tecnologia comum, é

possível se atestar que a divergência de opiniões a cerca da ferramenta pode se correlacionar

as diferentes posições. Enquanto que para a Supervisora I o sentimento de aquiescência é

predominante pela mesma julgar uma ferramenta que a auxilia em seu trabalho de

monitoramento, essa mesma ferramenta é motivo de resistência por parte da Analista II que é

sujeita a esse monitoramento.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo possuiu como questão mobilizadora a compreensão acerca da vigilância

eletrônica no contexto organizacional da Distribuidora Brasil, focando-se na percepção dos

colaboradores da empresa frente a cada ferramenta de vigilância identificada. A pesquisa se

propôs a responder os seguintes objetivos: identificação e caracterização das ferramentas de

vigilância eletrônica, identificação e classificação dos sentimentos acarretados por essas

ferramentas e as nuances acerca dos fatores nível hierárquico versus percepção.

Quanto à identificação e caracterização das ferramentas adotadas pela organização

para a vigilância eletrônica, foi possível se concluir que o objetivo primeiro que norteia cada

uma das implantações pauta-se na segurança da informação da empresa, tanto com relação ao

meio “extra organizacional”, como em relação ao uso indevido das informações entre os

próprios setores. Fato é que a postura da empresa deixa claro que em caso de necessidade, os

dados ora coletados via vigilância eletrônica podem ser utilizados em beneficio da empresa,

seja para o estabelecimento de normas e regras internas como também em quaisquer outros

possíveis processos que envolvam a organização. Portanto, tal fato acaba por caracterizar a

existência de um monitoramento contínuo e, por conseguinte a empresa acaba demonstrando

uma dupla finalidade na adoção das ferramentas.

Tomando-se por base os discursos coletados via entrevistas, é possivel afirmar que os

sentimentos emergentes com relação às ferramentas de vigilância eletrônica se mesclam com

os quesitos de controle e clima organizacional, levando em consideração tanto os fatores

físicos como os de gestão. A partir desse ponto se entende que a dinâmica da vigilância

eletrônica acaba por afetar e modificar o meio organizacional, tornando essa vigilância cada

vez mais impessoal e abrangente, e, ao mesmo tempo há a permanência de uma vigilância

hierarquizada e vertical.

É pertinente o pensamento de que a vigilância eletrônica pode descentralizar o poder

existente visto seu caráter impessoal, de não mais necessitar uma clara existência física ao

lado do vigiados. Porém, dentre os colaboradores da empresa estudada é clara a identificação

de que a maior preocupação dos mesmos se da em vista de serem interceptados/advertidos por

seus superiores quando de posse de dados gerados perla tecnologia existente.

Logo, há vigilância eletrônica, mas o monitoramento pessoal ainda é mais enraizado

na visão dos usuários. Com isso, identificou-se a pertinência do conceito de sociedade

disciplinar é mais forte na organização do que o de sociedade de controle, pois, embora as

ferramentas de vigilância tragam possibilidades de tornar o poder menos localizável, a cultura

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existente é de uma organização fortemente hierarquizada e com estrutura vertical no repasse

de informações. Trata-se de um pensamento do usuário firmado em uma frase como: “o que

faço de errado pode ser identificado por um sistema tecnológico, mas a gravidade existe se

essa informação chegar ao meu gestor imediato!”.

Outro ponto recorrente na pesquisa realizada é de que embora o colaborador

entrevistado esteja em contato diariamente com determinada ferramenta de vigilância, o

mesmo por vezes não a percebe ou a ignora para com essa finalidade, bem como, por vezes

desconhece alguma ferramenta visto a inexistência de dialogo da empresa para com este

colaborador sobre este aspecto. Tal fato se adequa diretamente ao estudo de Foucault no ponto

que prega uma de suas máximas: o essencial é que ele (o vigiado) se veja como vigiado,

embora sem necessariamente sê-lo.

Com relação aos sentimentos associados à vigilância eletrônica na fase oral da

pesquisa, pode-se citar que tais sentimentos são abrangidos em três grandes grupos de

sentimentos: aquiescência, resistência e indiferença. É válido citar, contudo, que, englobados

nessas três esferas vários sentimentos emergem de forma expressiva nas narrativas, tais como

entendimento de necessidade, concordância/discordância com o método, raiva, stress,

incomodo, pressão, desconhecimento, entendimento de que a ferramenta é desnecessária,

dentre outros.

Fato é que os discursos por vezes são controversos com relação ao quesito de auto

vigilância por parte dos sujeitos. Embora afirmem que não alteram o comportamento em

quaisquer locais da empresa (visto que alegam possuir uma conduta condizente com o meio

organizacional), é notório que mediante o confronto do discurso com os demais, bem como,

em outras falas da própria entrevista é identificável a preocupação com as informações que

são colhidas do mesmo enquanto parte de um sistema monitorado. A questão é que pode-se

estar com a consciência limpa acerca de sua conduta, porém, somente a ideia de que estão

com dados a seu respeito, já é motivo para incomodo e questionamentos.

Ainda é plausivel de conclusão que o discurso dos gestores entrevistados está de

encontro com as justificativas de adoção da empresa para aquela determinada ferramenta, bem

como a concordância por parte dos mesmos com tais ferramentas é bastante marcante. E

quando não concordam com certo método de vigilância, a sugestão foca-se em uma forma

mais “agressiva” de monitoramento, ao invés de uma forma mais “branda”. Já os

entrevistados que não possuem cargo de gestão, trazem em suas narrativas apenas na carga

emocional acarretada por essa ou aquela ferramenta. Pode-se auferir dessa percepectiva que

aqueles que não possuem poder para alteração de regras acabam por se opor com maior

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intensidade, bem como, aquele que possui um cargo de gestão está tendendo a concordar com

o que a empresa prega, de forma a ser “obediente” a hierarquia a qual está sujeito. É

pertinente resgatar o que é sugerido por Morgan (1996, apud Zimmer, 2009, p. 94) sobre este

aspecto:

“em princípio, a tecnologia pode ser usada para aumentar o poder daqueles que estão em níveis ou locais da organização periféricos, fornecendo dados relacionados ao seu trabalho, mais claros, imediatos e relevantes que facilitam o autocontrole em lugar de controle centralizado. Na prática, a tecnologia é frequentemente utilizada para aumentar o poder central. (...)”

Dentre os fatores limitantes da pesquisa é relevante destacar que a mesma foi realizada

no próprio ambiente organizacional dos sujeitos, mais precisamente nos setores de trabalho, o

que pode ter acabado por inibir algumas colocações dos mesmos, bem como, o tempo para

entrevista foi bastante restrito. Além disso, mediante a restrita disponibilidade não foi possível

se entrevistar outros cargos de gestão acima das coordenações, o que poderia corroborar para

uma visão mais aprofundada acerca da posição da organização quanto às ferramentas de

monitoramento, visto que, tais cargos estão diretamente ligados à cúpula estratégica da

empresa.

Como propostas para pesquisas futuras tem-se a entrevista junto a outros níveis

hierárquicos da organização, bem como, um aprofundamento com relação às vertentes de

segurança da informação e vigilância eletrônica frente ao contexto organizacional da

Distribuidora Brasil.

Fato é que a tecnologia empregada pelos indivíduos no meio organizacional vem

impactando de forma considerável o desenvolvimento das empresas (e porque não dizer de

seus respectivos usuários), conforme o trecho da obra de Elias (1980, apud Cardoso, 2010, p.

103) bem explicita:

Apesar dos pesadelos da ficção cientifica, as maquinas não tem vontade própria. Não podem por si mesmas inventar ou produzir e não pode obrigar-nos que as sirvamos. Todas as decisões que tomam, e atividades que desempenham são decisões e atividades humanas (...) O desenvolvimento tecnológico tem uma influencia real no curso que tomam as interconexões humanas.

Por fim, é possivel se concluir que embora o contexto de globalização e dinamismo

existente pregue a premissa de que as maquinas podem atuar em substituição ao homem, é

verificável que percepção dos próprios sujeitos “homens”, a maquina serve como uma mera

geradora de informação, e, o impacto maior acarretado em termos de monitoramento e

vigilância ocorre quanto os dados coletados por determinada ferramenta tecnológica, ganham

interpretação.

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REFERÊNCIAS

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APENDICE A

Roteiro Semi- Estruturado para Entrevista – Gestor de TI

Caracterização do entrevistado Sexo: Idade: Estado Civil: Escolaridade: Tempo de empresa: Forma de ingresso na empresa: Funções já desempenhadas: Atual cargo: Identificação das ferramentas de Vigilância Eletrônica 1 - Quais são as ferramentas de monitoramento dos colaboradores adotadas pela empresa? E porque este uso? Controle de entrada e saída Ponto eletrônico Câmeras Firewall Sistema telefônico

2 - Quem são os responsáveis pelo gerenciamento dessas ferramentas? 3 - Quais são os objetivos na adoção de cada uma dessas ferramentas? 4 – Como são estabelecidos os parâmetros para bloqueio/permissão de determinados acessos (tanto no SICOF quanto em sites, etc.)? 5 – Como funciona especificamente o software de controle dos acessos? 6 – Como as informações referentes a esses monitoramentos são tratadas (são arquivadas/enviadas aos gestores?). 7 – Há/já houve alguma politica na empresa que informe ao funcionário algum tipo de monitoramento? Aspectos Gerais 1 – Como você avalia o papel da TI na vigilância eletrônica adotada na empresa? 2 – Quais seriam os pontos a melhorar?

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APENDICE B

Roteiro Semi- Estruturado para Entrevista - Funcionários

Caracterização do entrevistado Sexo: Idade: Estado Civil: Escolaridade: Tempo de empresa: Forma de ingresso na empresa: Funções já desempenhadas: Atual cargo: Identificação da TI nos processos de trabalho 1 – Para você, qual a importância da tecnologia da informação para o desenvolvimento do seu trabalho? 2 – Você se considera satisfeito, parcialmente satisfeito ou insatisfeito com os aparatos tecnológicos oferecidos pela empresa? 3 - Baseando-se nas ferramentas que você possui acesso, você considera que tem total conhecimento sobre elas? Identificação da Vigilância Eletrônica 1 – Como você define a questão do controle na empresa? E no seu setor? 2 – Você se sente monitorado? Como isso ocorre? 3 – Qual o sentimento que define para você as seguintes ferramentas da empresa: Controle de entrada e saída Ponto eletrônico Câmeras Firewall Sistema telefônico

4 – Há algum comportamento que você evita realizar? 5 – Há algo que te incomode com relação a estabelecida com os meios de vigilância? 6 – Com qual frequência você utiliza a cota de tempo de 1 hora por dia para acesso a sites de conteúdos diversos? 7 – Você e seus colegas comentam algo sobre as ferramentas de monitoramento apresentadas? Quais as visões deles quanto ao tema?