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5 – Linguagem e biologia LEF140 MARIA CARLOTA ROSA UFRJ/ FACULDADE DE LETRAS/ DEPT. DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA /PROF. MARIA CARLOTA ROSA 1

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5 – Linguagem e biologia

LEF140

MARIA CARLOTA ROSA

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Câm

ara

Jr.

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A busca pela localização de funções

No século XIX já se tinha a percepção de que o córtexcerebral de cada indivíduo tem um padrão de saliências (ougiros) e de sulcos e fissuras, o que permitiu a divisão emlobos e a especulação sobre a localização de áreas comfunções específicas

(Bear, Connors, & Paradiso, 2001: 7)

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I4

A camada mais externa do

cérebro é o córtex (do lat.

cortex, -icis, ‘casca’; daí o

adjetivo relacionado

cortical).

GIROS

SULCOS

FISSURAS

A localização de funções, no início do século XIX, levaria a uma proposta de grande apelo popular. Franz Joseph Gall (1758 -1828), em 1809, associou as saliências na superfície do crânio com as convoluções na superfície do cérebro, sustentando que características psicológicas dominantes num indivíduo (como a destrutividade, a esperança, a benevolência) expandiam regiões do cérebro que, por sua vez, forçavam as paredes do crânio para fora (Abraham, 2002: 35).

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Era a personologia anatômica, mais tarde, frenologia. Gallarrolou 27 habilidades − no entanto o número variou nos mapas até pelo menos 43 − que foram relacionadas a reentrâncias e elevações no crânio

A frenologia tornou-se muito popular.

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GAZZANIGA, Michael S.; IVRY, Richard B. & MANGUN, George R. 1998

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As propostas de localização de funçõescerebrais ganharam novo impulso quandoPierre-Paul Broca (1824-1880), cirurgiãofrancês que então trabalhava no Hospital deBicêtre em Paris, apontou:(a) que uma lesão numa área do lobo frontal do

hemisfério esquerdo, aquela que atualmenteleva seu nome, a área de Broca , fazia surgirafasia; e

(b) que lesão semelhante na áreacorrespondente do hemisfério direito nãoafetava a linguagem (Geschwind, 1979: 110).

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Broca teve como ponto de partida o histórico de Louis VictorLeborgne (ou Sr. Tan ou Tan-Tan, como também foi referido – 1809-1861), seu paciente no Bicêtre, então com 51 anos.

O cérebro de Leborgne, e a

lesão revelada pela autópsia.In: Dronkers et alii (2007).

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Leborgne, já adulto, começou a ter ataques de epilepsia, masaos 30 anos parou de falar, não se sabe se lentamente ou de modoabrupto (Broca, 1861b) e foi assim que deu entrada no Bicêtre pelaprimeira vez.

Não aparentava outro comprometimento que não a fala: apenasrepondia “tan tan” a qualquer pergunta (ou ainda um palavrão,quando se encolerizava), com variações na entonação, embora hajadúvida acerca de se compreendia o que lhe diziam.

Não apresentava paralisia nem da língua nem dos músculos daface (Broca, 1861a) e Broca denominou afemia (‘sem fala’) a essequadro.

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• Depois de 10 anos, Leborgne começaria amanifestar progressivamente um novosintoma: a paralisação no lado direito,primeiramente o braço, depois a perna.

• Preso ao leito por sete anos, em 1861, aos 51anos, é transferido para o serviço de cirurgiado Bicêtre, por conta de uma gangrena naperna direita, e é quando Broca o encontrapela primeira vez.

• Morreria cinco dias mais tarde.

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Broca decidiu não dissecar o cérebro deLeborgne, para conservá-lo no Museu Dupuytren daEscola de Medicina da Universidade de Paris.

Com o que lhe foi possível observarexternamente, Broca constataria que, comosuspeitara, Leborgne tinha uma lesão no lobofrontal esquerdo, grande como um ovo de galinha,concluindo que

“[t]udo permitia .... crer que .... a lesão do lobo frontal causou a perda da fala” (Broca, 1861a).

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Alguns meses mais tarde, Broca teria a seus cuidados outro paciente, já havia oito anos internado no Bicêtre por demência, o Sr. Lelong, então com 84 anos, vítima de um ataque um ano antes.

Lelong conseguia produzir apenas cinco palavras:

oui (‘sim’), non (‘não’), tois (por ‘trois’, ‘três’, mas que valia para qualquer número), toujours (‘sempre’) e Lelo (para seu próprio nome). (Dronkers et alii, 2007).

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O cérebro de Lelong, e a

lesão revelada pela

autópsia, com localização

semelhante à de Leborgne.

In: Dronkers et alii (2007).

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Com Lelong, Broca confirmaria novamente a localização da lesão na área que previra e assim, o estudo desse caso e o de outros pacientes com sintomas semelhantes num período de quatro anos levou-o a defender que o hemisfério esquerdo do cérebro era responsável pela articulação da linguagem – daí sua famosa frase

“Falamos com o hemisfério esquerdo”.

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Broca demonstrou que não se tratava de

paralisia dos músculos faciais, porque:

(a) a lesão equivalente no hemisfério direito deveria

provocar o mesmo resultado, mas isso não

acontecia;

(b) a dificuldade envolvia a fala, mas não o canto,

por exemplo;

(c) surgiam problemas gramaticais, que não

poderiam ser explicados por uma fraqueza ou

paralisia dos músculos faciais

(Geschwind, 1979: 110).

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O século XIX veria, ainda no

tocante à linguagem, desta feita

com Karl Wernicke (1848-

1905), o estabelecimento da

relação entre problemas

linguísticos de compreensão e a

área no lobo temporal do

hemisfério esquerdo que viria a

receber seu nome, a área de

Wernicke, e a proposta de que

as áreas de Broca e Wernicke

estariam conectadas por um

feixe de fibras nervosas.

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Em 1874, Karl Wernicke estabeleceria que a afasia, isto é, a “perda parcial ou completa da capacidade de empregar linguagem após uma lesão encefálica” (Bear, Connors, & Paradiso, 2001: 809) poderia decorrer de uma lesão:

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• quer na área de Wernicke (causando sintomas receptivos), • quer na área Broca (causando sintomas expressivos), • como também na região que conecta ambas as áreas, o

fascículo (i.e., um feixe de fibras nervosas) arqueado (ou fascículo longitudinal superior), prevendo, desse modo, um tipo de afasia que viria a ser conhecido como afasia de condução (Ahlsén, 2006: 20; Pinel, 2003, 438), no qual tanto a compreensão quanto a fala espontânea estariam intactas, mas que causaria dificuldade para a repetição de palavras (Pinel, 2003: 438).

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Começava então, de fato, não só a

localização de funções (isto é, que pontos

específicos do cérebro participavam da

linguagem), mas, ao mesmo tempo, a

proposta de lateralização de funções (isto é,

que papel o hemisfério cerebral esquerdo e o

hemisfério direito representavam, no caso, na

linguagem).

Começava também a proposta de

distinção entre produção e recepção da

linguagem e ainda: que o processamento da

linguagem estava distribuído no cérebro

(França, 2005: [12]).

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Com base no trabalho de Wernicke, Ludwig Lichtheim (1845-1928) apontaria um terceiro centro da linguagem, o “centro de conceitos”, sem localização específica.

Esse “centro”, representado como B (do alemão Begriff, ‘conceito’) comporia o esquema que ficaria conhecido como a casa de Wernicke-Lichtheim

B

M A

Motor Auditivo

A casa de Lichtheim (1885) previa o

processamento auditivo-oral da

linguagem (as setas indicam o

fluxo). “A”(a área de Wernicke)

representa a informação sobre os

sons das palavras; “M” (a área de

Broca) representa o planejamento

da fala. “B” é o lugar da informação

conceptual . Os traços que cortam

a casa prevêem onde poderiam

ocorrer as lesões (Adaptado do esquema de Lichtheim

reproduzido em Ahlsén, 2006:20).

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O modelo da casa de Wernicke-Lichtheim foi revisto, na década de 1960, no modelo Wernicke-Lichtheim-Geschwind ou, simplesmente, modelo Wernicke-Geschwind.

1.Produção da

fala

2.Leitura em voz

alta

3.Compreensão

da fala

Crystal, 1987.

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Audição de fala em

língua que o ouvinte

desconhece.

Basicamente, atividade

auditiva.

Audição de fala na

língua nativa do ouvinte

Imagens cedidas por Ricardo Souza

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Uma observação.

As imagens no slide anterior não estão ao contrário.

O formato radiológico padrão coloca o lado esquerdo

do cérebro do lado direito da imagem e vice-versa, quando

apresentados os planos coronal ou axial. Como se um

médico olhasse para um paciente cujo rosto estivesse

voltado para o do médico.

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O encéfalo engloba

o cérebro,

o cerebelo e

o tronco encefálico.

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O encéfalo tem

vários níveis de

proteção.

Abaixo da camada de

tecido, está o crânio.

Rubin & Safadieh, 2007.

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Vista superior

A215 Basic Human

Anatomy Lab

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Díploe

(detalhe)

Rubin & Safadieh, 2007.

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Assoalho do crânioCrossman & Neary, 1995.

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Do lado de dentro do crânio, há três

camadas de revestimento, ou

meninges, que protegem o encéfalo.

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IMAGEM: EDX- Fundamentals of Neuroscience.

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Tomando o SULCO

CENTRAL como baliza,

a parte anterior a ele está

relacionada “à

organização do

movimento [....] e à

orientação [....]

estratégica dos

comportamentos motores

complexos, ao longo do

tempo” (Crossman &

Neary, 1995: 110). A parte posterior ao sulco central “recebe

informação sensorial do mundo externo”

(Crossman & Neary, 1995: 109): tato (lobo

parietal), visão (lobo occipital) e audição

(lobo temporal).

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I35

Uma longa fissura, a

grande fissura

longitudinal, divide o

cérebro em duas

metades ou

hemisférios

cerebrais, o

hemisfério esquerdo

e o hemisfério

direito, que são

ligados pelo corpo

caloso .

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I36

Lambert &

Kinsley, 2005

[2006]: 94)

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I37

Tronco encefálico

é a continuação da

medula espinhal e é

responsável por

aspectos básicos de

sobrevivência, como

respirar, engolir,

vomitar, urinar

(Gazzaniga &

Heatherton, 2003

[2005]: 129), ou

ainda a percepção

da dor e o controle

do nível de

consciência

(Crossman &

Neary,1995: 57).

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I38

E como se explicaria então o caso de Mike, o frango sem cabeça?

Lambert & Kinsley,

2005 [2006]: 92-94)

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I39

Por que ele

continuou

vivo sem a

cabeça?

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I40

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I41

Conectado à parte

posterior do

tronco encefálico

está o cerebelo,

cuja função é

sensório-motora

(Crossman &

Neary,1995: 85),

embora também

pareça estar

ligado a

processos

cognitivos (vide

Pinel, 2005: 93).

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I42

Há evidências de que a importância do hemisfério

esquerdo para a linguagem se mantém também no que

respeita às línguas de sinais.

Após lesão nas áreas da linguagem no hemisfério

esquerdo, os indivíduos usuários de línguas de sinais com

surdez congênita podem apresentar afasias similares às dos

indivíduos ouvintes. Bear, Connors & Paradiso (2001: 650)

assinalam que “[e]m alguns casos, analogamente à afasia de

Broca, a compreensão é boa, mas a habilidade de “falar”

mediante linguagem de sinais está gravemente prejudicada”.

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I43

É importante salientar que, nesses casos, a

habilidade de mexer as mãos não está prejudicada

(i.e., o problema não é com o controle motor); pelo

contrário, o déficit é específico para o uso dos

movimentos das mãos para a expressão da

linguagem.

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I44

Existem também versões da linguagem de

sinais para a afasia de Wernicke, na qual os

pacientes fazem os sinais fluentemente, mas com

muitos erros, além de terem dificuldades em

compreender os sinais dos outros.

Por outro lado, lesões no hemisfério direito

nas áreas correspondentes às da linguagem no

hemisfério esquerdo não levam a afasias no sinal,

mas afetam, por exemplo, o tom emocional da

sinalização (Purves, Augustine, Fitzpatrick, Katz,

LaMantia, McNamara & Williams, 2001: 600).

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I45

Bear et alii, 2001: 643

Fala ou produção, por exemplo, são conceitos complexos em termos linguísticos .

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LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

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Afasia, mas

não amusia

Sacks, 2007: 210

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DE LETRAS - DEPT.

DE LINGUÍSTICA E

FILOLOGIA

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Sacks, 2007: 216-217

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Síndrome do

sotaque

estrangeiro

Conheci uma mulher com esta síndrome no Centro de

Afasia e fiquei impressionada. Nascida e criada em

Boston, esta paciente nunca cruzou o oceano ou

estudou qualquer língua estrangeira na escola. Ainda

assim, após um acidente vascular cerebral, ela soava

como uma estrangeira. [....] o grupo de pesquisa todo

[....] concordava que ela tinha um sotaque estrangeiro,

mas as opiniões variavam sobre se seria sueco,

francês, alemão ou eslovaco. [....] Aprendi que a

paciente não tinha realmente um sotaque estrangeiro;

ela falava de forma não usual por causa de sua

deficiência

(Sheila E. Blumstein In Bear, Connors & Paradiso,2001:

644

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ABRAHAM, Carolyn. 2002. Viajando com o cérebro de Einstein: uma investigação sobre o bizarro percurso do cérebro e a tentativa de uma explicação neurocientífica para a sua genialidade. Trad. de Alexandre Martins. Rio de Janeiro: Relume Dumará,2005.

AHLSÉN, Elisabeth. 2006. Introduction to Neurolinguistics. Amsterdam: John Benjamins.Ahlsén, 2006

BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W. & PARADISO, Michael A. 2001. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Trad. Jorge Alberto Quillfeldt et alii. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Referências

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Referências (cont.)

BROCA, Pierre Paul. 1861a. Perte de la Parole, Ramollissement

Chronique et Destruction Partielle du Lobe Antérieur Gauche du Cerveau.

Disponível em: http://psychclassics.yorku.ca/Broca/perte.htm . Publicado

originalmente em Bulletin de la Société Anthropologique, 2, 235-238.

BROCA, Pierre Paul. 1861b. Remarques sur le siége de la faculté du

langage articulé, suivies d’une observation d’aphémie (perte de la parole).

Disponível em: http://psychclassics.yorku.ca/Broca/aphemie.htm. Publicado

originalmente em Bulletin de la Société Anatomique, 6: 330-357.

CROSSMAN, A.R. & NEARY, D. 1995. Neuroanatomia. IIustrado e

colorido. Trad. Charles Alfred Esbérard. Rio de Janeiro: Guanabara-

Koogan, 1997

CRYSTAL, David. 1987. The Cambridge Encyclopedia of Language.

Cambridge, Gr. Brit.: Cambridge University Press.

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Referências (cont.)

DRONKERS, N. et alii. 2007. Paul Broca's historic cases: high resolution MR imaging of the brains of

Leborgne and Lelong. Brain (2007) 130 (5): 1432-1441. Disponível em:

http://brain.oxfordjournals.org/content/130/5/1432.long

EDX. Fundamentals of Neurosciences. https://www.mcb80x.org/map#!/staging/the_brain/brain_anatomy

FRANÇA, Aniela Improta. [2005]. Introduction to Neurolinguistics.

http://web.mit.edu/kaitire/www/evelin2005/Neuro/RelatorioEvelin2004.pdf

GAZZANIGA, Michael S.; IVRY, Richard B. & MANGUN, George R. 1998. Cognitive neuroscience: The biology

of the mind. New York: W.W. Norton & Company.

GAZZANIGA, MICHAEL S. & HEATHERTON, TODD F. 2003. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Trad.

Maria Adriana Veríssimo Veronese. 2ª. imp. rev. Porto Alegre: Artmed, 2005.

GESCHWIND, Norman. 1979. Specializations of the human brain. In: The Brain. New York: W.H.

Freeman. p.108-117. [Originalmente publicado em Scientific American 241(3):180–199].

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Referências (cont.)

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http://www.indiana.edu/~anat215/lab/resources.htm

LAMBERT, Kelly & KINSLEY, Craig Howard. 2005. Neurociência clínica: as bases neurobiológicas da saúde. Trad.

Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre, Artmed. 2006.

PINEL, John P. J. 2003. Biopsicologia. Trad. Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2005.

ROSA, MARIA CARLOTA. 2010. Introdução à (Bio)Linguística. São Paulo: Contexto.

RUBIN , Michael & SAFADIEH, Joseph E. 2007. Netter. Neuroanatomia essencial. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2008.