1 INTRODUÇÃO Com um mundo cada vez mais bem estruturado...

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3 1 INTRODUÇÃO Com um mundo cada vez mais bem estruturado tecnologicamente, mas com severas falhas no sistema de preservação dos recursos naturais providos pela natureza, há de se chamar atenção para o papel que cada cidadão possui enquanto agente divulgador e disseminador de ações benéficas ao planeta e, automaticamente, a todos ao seu redor. Na realidade, a visão da população sobre essa necessidade tem mudado nos últimos anos, e vem sendo despertada a consciência da sociedade para o modo como o ser humano tem lidado com temas como poluição, excesso de lixo, desperdício de alimentos e consumismo em demasia, comprovadamente os pivôs das cada vez mais freqüentes catástrofes e desequilíbrios ambientais. Órgãos e governos, assim como o ramo industrial e empresarial, têm percebido essa mudança e, também, estado atentos a essa necessidade de incutir nas atividades diárias das pessoas iniciativas que prezem pela mudança nesse quadro de alerta que abrange o mundo como um todo, uma vez que, nenhuma região do planeta está livre das conseqüências decorrentes da ação do homem. Porém, mesmo com essa percepção acerca dos problemas de caráter natural que a população vem enfrentando, surgem questionamentos centrais: porque não é recorrente a manifestação de meios de comunicação e instituições, governamentais ou não, sobre métodos de reformulação desse cotidiano da massa que vem afetando a situação dos recursos naturais do planeta, atingindo o bioma mundial? Já que não é usual observarmos na mídia informações dessa natureza, como é possível mudar esse cenário e levar ás pessoas informação de grande importância sobre preservação do meio ambiente e sustentabilidade? A partir destes questionamentos, instaurou-se como objetivo principal deste projeto despertar a consciência da população acerca dos impactos negativos que nossas atitudes estão tendo sobre a natureza e os recursos que ela nos oferece. Por meio de dicas, novidades e informações rápidas e úteis para aplicação no dia a dia de cada um, pretende-se levar aos ouvidos consumidores de programação radiofônica uma nova maneira de enxergar e

Transcript of 1 INTRODUÇÃO Com um mundo cada vez mais bem estruturado...

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1 INTRODUÇÃO Com um mundo cada vez mais bem estruturado tecnologicamente, mas

com severas falhas no sistema de preservação dos recursos naturais providos

pela natureza, há de se chamar atenção para o papel que cada cidadão possui

enquanto agente divulgador e disseminador de ações benéficas ao planeta e,

automaticamente, a todos ao seu redor.

Na realidade, a visão da população sobre essa necessidade tem

mudado nos últimos anos, e vem sendo despertada a consciência da

sociedade para o modo como o ser humano tem lidado com temas como

poluição, excesso de lixo, desperdício de alimentos e consumismo em

demasia, comprovadamente os pivôs das cada vez mais freqüentes catástrofes

e desequilíbrios ambientais. Órgãos e governos, assim como o ramo industrial

e empresarial, têm percebido essa mudança e, também, estado atentos a essa

necessidade de incutir nas atividades diárias das pessoas iniciativas que

prezem pela mudança nesse quadro de alerta que abrange o mundo como um

todo, uma vez que, nenhuma região do planeta está livre das conseqüências

decorrentes da ação do homem.

Porém, mesmo com essa percepção acerca dos problemas de caráter

natural que a população vem enfrentando, surgem questionamentos centrais:

porque não é recorrente a manifestação de meios de comunicação e

instituições, governamentais ou não, sobre métodos de reformulação desse

cotidiano da massa que vem afetando a situação dos recursos naturais do

planeta, atingindo o bioma mundial? Já que não é usual observarmos na mídia

informações dessa natureza, como é possível mudar esse cenário e levar ás

pessoas informação de grande importância sobre preservação do meio

ambiente e sustentabilidade?

A partir destes questionamentos, instaurou-se como objetivo principal

deste projeto despertar a consciência da população acerca dos impactos

negativos que nossas atitudes estão tendo sobre a natureza e os recursos que

ela nos oferece.

Por meio de dicas, novidades e informações rápidas e úteis para

aplicação no dia a dia de cada um, pretende-se levar aos ouvidos

consumidores de programação radiofônica uma nova maneira de enxergar e

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pensar questões como a reciclagem e separação do lixo, o reaproveitamento

de produtos, alimentos e outros resíduos, o uso racional da água e da energia

elétrica, bem como trazer à tona iniciativas que já existem – como

biodigestores, reciclagem de equipamentos eletrônicos e transformação do

coco verde em matéria-prima para produtos de uso doméstico -, além de

atitudes simples para ajudar nosso planeta – como o uso de papel alumínio no

momento de cozinhar e a opção pelas placas solares para aquecimento da

água em regiões de calor – mas que ainda não se tornaram de conhecimento

público.

Constatou-se a demanda por este tipo de conteúdo após realização de

pesquisa qualitativa realizada com uma amostragem de rádios do estado do

Paraná, bem como declarações de autoridades da área que confirmam a

necessidade de maior divulgação desses temas - preservação do meio

ambiente e sustentabilidade – na mídia e nos grandes veículos e meios de

comunicação, além de órgãos governamentais e do meio corporativo e

industrial.

Buscando uma maneira de colaborar e incentivar atitudes positivas,

levando até as pessoas orientações e dicas para conscientização coletiva,

idealizou-se este projeto, que tem como resultado um produto radiofônico no

formato de programete, denominado “Reciclamundo”.

Com a dificuldade de penetrar nos grandes veículos de comunicação

para disseminar esse tipo de conteúdo, percebeu-se na internet um grande

potencial de difusão de materiais de cunho informativo/educativo. Ferramentas

disponíveis na web já permitem a divulgação de material advindo de qualquer

parte e produzido por qualquer pessoa do mundo, tornando-a um meio

democrático. Dois exemplos dessas ferramentas são o blog e o podcast, que

serão incorporados e utilizados como o meio que permitirá o acesso de

diversas emissoras aos materiais produzidos, para que sejam veiculados em

suas programações, de acordo com sua preferência.

Para se fazerem claros os cenários atuais no que tange ao meio

ambiente e sustentabilidade, foram usadas como apoio teórico obras do

jornalista André Trigueiro (2005). Já para embasamento quanto à história e uso

da web, serviram de literatura os autores Ana Carmen Foschini e Roberto

Romano Taddei (2006). Por fim, para entender mais sobre o funcionamento, a

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abrangência, os formatos e os gêneros do rádio, deram respaldo ao projeto

teórico os autores André Barbosa Filho (2003) e Magaly Prado (2006).

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2 RÁDIO

2.1 COMUNITÁRIA

Inicialmente, esta pesquisa tinha como foco um material educativo

produzido para veiculação em rádios comunitárias, porém, ao longo de

algumas semanas de estudo com o propósito de aprofundar o conhecimento

em relação a função e o papel social das estruturas comunitárias, detectou-se

através de artigos científicos, bem como livros que tratam desse tema e relatos

de profissionais do meio radiofônico informações e levantamentos que

mudaram o direcionamento do trabalho.

O motivo desse redirecionamento foi a descoberta de que os princípios

sociais desse gênero de rádio estão sendo corrompidos por anseios

econômicos, deixando de atender às premissas legislativas que regem as

emissoras comunitárias.

Segundo lei estabelecida pelo Governo Federal, o objetivo com a

criação das rádios comunitárias era o de que moradores de comunidades

pequenas, vilas ou bairros em geral pudessem ter voz ativa, difundindo, entre

eles mesmos e para a vizinhança, os acontecimentos e costumes daquela

região.

A constituição federal, no que tange à lei 9.612, criada por Fernando

Henrique Cardoso em fevereiro de 1998, especificamente no artigo 3º, deixa

claro que “O Serviço de Radiodifusão Comunitária tem por finalidade o

atendimento à comunidade beneficiada (...)”, e aponta alguns critérios a serem

seguidos pelo conselho fiscalizador da programação.

I - dar oportunidade à difusão de idéias, elementos de cultura, tradições e hábitos sociais da comunidade; II - oferecer mecanismos à formação e integração da comunidade, estimulando o lazer, a cultura e o convívio social; III - prestar serviços de utilidade pública, integrando-se aos serviços de defesa civil, sempre que necessário; IV - contribuir para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação dos jornalistas e radialistas, de conformidade com a legislação profissional vigente; V - permitir a capacitação dos cidadãos no exercício do direito de expressão da forma mais acessível possível (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1998).

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Interpretando os incisos, é possível perceber a importância e relevância

social de uma rádio comunitária, se administrada conforme os descritos da lei.

Sobre seu uso, Bruno Caetano (2013) diz que deve ser direcionado de

tal maneira que a população beneficiada seja provida de um meio que

possibilite “o direito de emitir opiniões sobre quaisquer assuntos abordados na

programação da emissora, bem como manifestar suas ideias, propostas,

sugestões, reclamações ou reivindicações” (CAETANO, 2013). Dessa forma,

os responsáveis pela programação devem agir direcionando a rádio para que

sirva como instrumento de democratização da informação, dando voz e vez aos

moradores da região.

Fica claro, também, o papel fundamental do veículo comunitário de atuar

como divulgador de serviço público, mantendo os moradores locais atualizados

quanto aos números de emergência, como corpo de bombeiro, polícia e outros

órgãos de segurança, bem como divulgar datas de corte de água no bairro,

obras na região, entre outros, visando facilitar o dia a dia da comunidade e

ajudar na segurança dos cidadãos.

Em suma, as estruturas radiofônicas comunitárias devem atuar, sempre,

como ferramenta para que a população inove, debata, dissemine culturas e

ideias, para que pratiquem a liberdade de expressão e opinião, difundindo,

também, material artístico, educativo e toda espécie de conteúdo que contribua

para o desenvolvimento daquela comunidade.

Apesar de todas as incumbências bem determinadas na lei, o serviço

prestado por uma parte significativa das rádios comunitárias do país tem sido

desvirtuado. O uso desses veículos como meio de angariar fundos e a

ganância de empresários na exploração das comunitárias vêm, há tempos,

transformando o cenário democrático das rádios que deveriam ser ferramenta

de educação, informação e socialização de comunidades. A autora Lilian

Mourão Bahia (2008), fala sobre esse fato, um tanto desconhecido da

sociedade em geral, que tem ocorrido em rádios comunitárias do país:

“De forma bastante próxima da realidade social brasileira, ocorre também que determinadas emissoras comunitárias reproduzem modelos semelhantes aos da radiofusão comercial. Alguns coordenadores das rádios admitem essa prática para não perderem a audiência para as emissoras comerciais, sendo obrigados, portanto, a mesclar a programação que, de acordo com a Lei 9612/98, deveria focalizar questões voltadas para o desenvolvimento socioeconômico

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e cultural da sociedade. Por não visarem ao lucro pecuniário, a grande maioria das emissoras comunitárias sobrevive com baixo custo financeiro, o que acaba por facilitar o acesso dos cidadãos e das organizações sociais aos microespaços públicos para divulgar mensagens de seu interesse. De acordo com os representantes do movimento pela consolidação das rádios comunitárias, grande parte dessas emissoras é regida sob o sistema presidencialista (BAHIA, p.73).

Sendo assim. descoberta desse desvio de gerenciamento e condução

das atividades e programações nas rádios comunitárias fez com que este

projeto tomasse novo rumo, seguindo pelo caminho da veiculação do produto

proposto em rádios comerciais.

Uma vez escolhido o gênero radiofônico comercial como o provável

divulgador e disseminador do produto criado, faz-se necessário entender como

se dá o funcionamento deste tipo de rádio

2.2 ABERTA/ COMERCIAL Rádio Comercial é o serviço de radiodifusão sonora em frequência

modulada (FM) direcionado a empresários de pequeno, médio e grande porte

da área de comunicação. Nele as concessionárias e permissionárias possuem

total liberdade para a exploração comercial, não esquecendo, é claro, os limites

da lei de concessão.

Implantado no Brasil no início dos anos 80 o rádio FM, devido a sua

qualidade de áudio estéreo e fácil operacionalidade, rapidamente difundiu-se

superando o até então tradicional rádio AM (amplitude modulada). Através do

FM, anunciantes, ouvintes e concessionários, passaram a viver uma nova era

em radiodifusão no Brasil (ANATEL).

Ao contrário das emissoras comunitárias que de acordo com a lei não

visam lucro financeiro, as emissoras de rádio aberta - ou comerciais, como

também são conhecidas - dependem do lucro para que possam manter suas

atividades.

Uma emissora de rádio no interior do Brasil tem seus custos bem

menores do que uma emissora de rádio instalada em grandes centros do país.

Devido a estes importantes fatores é fundamental que uma emissora tenha

muito bem definido seu plano de marketing e uma das melhores estratégias

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que uma rádio pode ter a seu favor é a audiência, que influencia

consideravelmente nas vendas de espaços publicitários.

Mas deixando os custos de lado e observando a contribuição desse

meio para a sociedade, pode-se afirmar que além das suas já citadas

qualidades, como fácil operacionalidade e boa qualidade técnica, existem

outros pontos importantes. O autor André Barbosa Filho (2003), citando Robert

Mcleish, fala sobre, se não a principal, uma das mais importantes

características de uso dessa ferramenta:

Sem grandes complicações tecnológicas, o rádio tem a vantagem de poder falar para milhões de pessoas, o que marca a era da radiofusão (transmissão e dispersão da informação produzida que abrange indivíduos, grupos e estratos sociais em todo mundo) [...] o rádio possui uma importante função social: atua como agente de informação e formação do coletivo. Desde a sua gênese vem se firmando como um serviço de utilidade pública, o qual exerce uma comunicação que em muito contribui para a história da humanidade. Deixa como legado princípios como ação, atuação, transformação e mobilização (FILHO apud. MCLEISH, p.46).

Através de sua programação, o rádio – ou seus agentes idealizadores –

consegue ajudar seus ouvintes, cumprindo dessa forma a sua função social

junto à comunidade que retribui no fortalecimento da audiência. O autor ainda

fala mais sobre isso, descrevendo de forma detalhada as funções do rádio:

[...] as funções do rádio para a sociedade são: fornecer informações sobre empregos, produtos e serviços, ajudando assim a criar mercados com o incentivo à renda e ao consumo; atuar como vigilante sobre os que detêm poder, propiciando o contato entre eles e o público; ajudar a desenvolver objetivos comuns e opções políticas, possibilitando o debate social e político e expondo temas e soluções práticas; contribuir para a cultura artística e intelectual, dando oportunidades para artistas novos e consagrados em todos os gêneros; divulgar idéias que podem ser radicais e que levem novas crenças e valores, promovendo assim diversidade e mudanças – ou que talvez reforcem valores tradicionais para ajudar a manter a ordem social por meio do status quo; facilitar o diálogo entre indivíduos e grupos, promovendo a noção de comunidade; mobilizar recursos públicos e privados para fins pessoais ou comunitários, especialmente numa emergência (FILHO, p.47).

A questão fundamental é que, servindo como meio de entretenimento ou

de informação, o rádio atinge íntima e particularmente cada pessoa, mas, ao

mesmo tempo, pode criar um sentido de coletividade. Diferente da TV, ele

pode ser ouvido em qualquer lugar e a qualquer hora, seu poder e capacidade

de abrangência facilitam a divulgação de seus conteúdos.

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Para Antônio Carlos dos Santos Xavier (2005, p.15), “é inegável o fato

da onipresença do rádio em quase todos os ambientes possíveis à

sobrevivência humana”, e essa afirmação tem relação direta com o

envolvimento frente à esfera de identificação e humanização que o rádio cria,

além da praticidade e portabilidade advinda com a diminuição do tamanho dos

aparelhos transmissores, percebida década após década. Deve ser citada

como fator crucial, também, a evolução na programação das emissoras, que

levou a uma segmentação positiva dos conteúdos trabalhados por cada uma,

buscando agradar a todo tipo de interesse dos ouvintes, desde os jovens até à

terceira idade: rádios musicais, rádios informativas, educativas e até mesmo

religiosas.

Porém, apesar de todas as suas qualidades e características positivas

levantadas, há a instantaneidade da transmissão radiofônica, que soma pontos

e leva o rádio a um patamar acima até mesmo da web em se tratando de

rapidez na divulgação de conteúdo. Para Filho (2003), o imediatismo do rádio

só vem a colaborar com o público, pois permite que seus ouvintes se inteirem

dos fatos no exato momento em que se dá o acontecimento.

O rádio possui caráter imediato, possibilitando que o ouvinte se inteire dos fatos no momento em que acontecem. A transmissão de um jogo de futebol, a cobertura de acidentes no local ocorrido dão agilidade para o meio. O rádio acelera a disseminação das informações em curto espaço de tempo, subsidiando a sociedade, os grupos e indivíduos em dada formação cultural. (FILHO, p.47).

O autor Luiz Beltrão (1968) já compartilhava desta ideia muitos anos

antes, afirmando que a capacidade de transmissão imediata ajudou no próprio

desenvolvimento do homem enquanto integrante do mundo e sabedor dos

fatos que ocorrem a sua volta, o que reforça e fortalece a argumentação sobre

os benefícios de agilidade e rapidez desse meio.

A rádio foi o primeiro dos meios de comunicação de massa que deu imediatismo à notícia devido à possibilidade de divulgar os factos no exacto momento em que ocorrem. Permitiu que o Homem se sentisse participante de um mundo muito mais amplo do que aquele que estava ao alcance dos seus órgãos sensoriais: mediante uma ampliação da capacidade de ouvir, tornou-se possível saber o que está a acontecer em qualquer lugar do mundo (p.84).

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Dessa forma, desde sua primeira transmissão em setembro de 1922, o

rádio vem se consolidando como um dos principais meios de comunicação e a

sua participação é visível na história do país. Nem mesmo a TV conseguiu

causar tamanho impacto em sua chegada como foi com o rádio.

Por esses e outros motivos, desde a sua criação, o rádio foi ganhando

cada vez mais adeptos. Com a novidade chamada televisão e o surgimento da

internet – que agregou todos os meios audiovisuais em uma única plataforma -,

sua utilização foi até mesmo questionada e colocada em xeque, afinal, sua

única “arma de guerra” é o som e a voz. Mas, diferente do que se previa, ele

não caiu em desuso. Ao contrário disso, o rádio continuou sendo tão ou mais

requisitado e apreciado do que a própria televisão.

Uma pesquisa encomendada pela Secretaria de Comunicação (Secom)

da Presidência da República aponta que o rádio e a TV são os meios de

comunicação mais utilizados pelas pessoas para obter informações. Ainda de

acordo com esses dados, o rádio é utilizado por 80,3% da população brasileira,

sendo que 60,9% dos entrevistados afirmaram que ouvem rádio de uma a

quatro horas por dia (SECOM, 2010).

A programação musical tem a preferência de 68,9% dos entrevistados,

seguida pelo noticiário (19,2%). O futebol é a terceira programação mais ouvida

(5,4%), segundo apontamentos da pesquisa.

Estatísticas interessantes apontam que as rádios FMs predominam

sobre as rádios AMs, sendo ouvidas por 73,5% dos usuários. Outros dados da

mesma pesquisa mostram que as pessoas ainda preferem ouvir notícias e

qualquer outro tipo de informação utilizando-se das emissoras de rádio.

A força do rádio permanece respeitada desde o seu surgimento, e o

jornalista Cláudia Figueiredo Modesto (2009) ressalta seu papel sócio-

educativo sobre a sociedade, prezando pela manutenção do rádio como meio

disseminador de informação.

No Brasil, o rádio continua constituindo um importante veículo de informação e cultura, com diferenças marcantes entre regiões e estados. Este é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Cultura, denominada Perfil dos Municípios Brasileiros no quesito Cultura e Meios de Comunicação, de 2006. Por isso, o papel do rádio na sociedade é de suma importância. Uma vez globalizado, deve contribuir para a integração nacional, valorização da cultura e dos valores nacionais. Portanto, discutir o futuro do rádio na era

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globalizada também pressupõe discutir seu papel na sociedade (MODESTO,2009).

Aproveitando o gancho sobre globalização, é necessário que se

compreenda o fato da importância da era tecnológica para a difusão de

conteúdo social. Fato esse, porém, que o autor citado acima põe em

questionamento.

[...] diante do fenômeno da transmissão em rede de satélites e webtransmissão, que vem abafando (ou mesmo sufocando) a voz da comunidade, há que se pensar numa saída para resgatar as características iniciais do rádio como veículo educativo de mudança social e reforço da cidadania (MODESTO, 2009)

A partir dessa premissa, defini-se aqui uma contraposição a esse

argumento, afinal, a propagação das transmissões via web não vieram de, mas

sim ao encontro da necessidade de expansão na abrangência dos conteúdos

veiculados pelas rádios, bem como a criação de novas fontes emissoras.

Mediante a adaptação das rádios às novas ferramentas tecnológicas

criadas, a agregação de valor (no sentido intelectual, cultural e informativo) fica

evidente. Cada vez mais pessoas se comunicam e expressam suas ideologias,

suas descobertas e seus conhecimentos, criando seus próprios veículos, como

webrádios, blogs e vlogs1 (entenda mais sobre isso no próximo capítulo) e

compartilhando-os, de maneira fácil e rápida, com o resto do mundo.

A audiência na área radiofônica hoje tem aumentado ainda mais, graças

ao uso dessas tecnologias, afinal, além de escutar as emissoras preferidas

através do dial, já é possível ouvir rádio por meio de aparelhos de telefone

móveis e a maior parte das emissoras de rádio transmite sua programação via

internet.

Falando em web, o próximo capítulo abordará um pouco da história e

evolução dessa ferramenta que revolucionou o mundo e a maneira de

1 Blog é uma ferramenta colaborativa onde pessoas trocam informações e conhecimentos

cooperativamente. Pode ser utilizado como um laboratório de escrita virtual onde todos os membros

possam agir, interagir e trocar experiências sobre assuntos de mesmo interesse. Quanto a

funcionalidade, o blog diferencia-se de outras ferramentas síncronas e assíncronas como chat, fórum,

listas de discussão ente outras, pela possibilidade de interação, acesso e atualização das informações

através de comentários e posts (BITENCOURT, 2004). A diferença de blogs para fotologs e videologs é

que nos dois últimos, além de textos, as postagens são acompanhadas de fotografias e vídeos,

respectivamente.

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compartilhar informações, e como, a partir disso, surgiram os podcasts,

escolhidos como meio de divulgação e acesso ao produto deste projeto.

2.3 A WEB: DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÃO Os primeiros computadores da história surgiram por volta de 1940. As

máquinas utilizadas eram gigantescas e ocupavam enormes espaços, tendo

como principal finalidade facilitar o arquivamento de dados.

Paulo Vaz (2001) conta que após alguns anos de estudo, a fórmula para

que esses dados, além de arquivados, pudessem ser compartilhados foi

alcançada, levando ao surgimento da primeira rede operacional de

computadores e precursora da internet, a Arpanet, na década de 1960.

A “fórmula” foi denominada “comutação por pacote”, processo que, após

alguns anos de aperfeiçoamento tecnológico, atingindo uma conexão sem fio,

aparelhos de uso portátil e propagando a difusão de cultura e conteúdos, veio a

ser caracterizada, segundo André Lemos (2009), como uma cultura de

mobilidade, uma mobilidade informacional, mas de início, o objetivo dessa

idealização passava longe do que a internet se tornaria décadas depois. A

rede, inicialmente, era utilizada para colaborar nas estratégias militares durante

o período da guerra fria, permanecendo restrita à uma parte elitista da

sociedade, especificamente grandes corporações e áreas de estudo científico.

A primeira troca de informações entre dois modens, de computadores

remotos, caracterizando, aí sim, o início da internet, ocorreu em 1969 (VAZ,

2001). Em 1972 já surgia o conceito e a concepção de e-mail, mas ainda sem o

acesso da sociedade à rede de conexão e compartilhamento de dados.

“O e-mail promove uma mudança do sentido e da topologia da rede. Tal como implementada, a Arpanet visava a permitir o acesso remoto ao poder de processamento de computadores espalhados. Neste sentido, a rede significava um melhor modo de se distribuir um recurso escasso. Todos os computadores tornam-se um único grande computador acessado de qualquer lugar. Graças ao e-mail, a rede passa a ser vista como meio de comunicação. Torna-se dinâmica (novas informações sempre estarão surgindo), mutável, capaz de aproximar pessoas, permitindo a livre expressão e a troca de idéias.” (VAZ, 2001).

Percebido o poder da computação e sendo evidente a necessidade de

partilhar essa descoberta, surge a “ética Hacker”, provavelmente responsável

pelo livre acesso e distribuição de informações que conhecemos hoje:

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“Eis os seus princípios segundo uma sistematização feita na década de 80: "o acesso a computadores e a qualquer coisa que possa ensinar sobre como o mundo funciona deve ser ilimitado e total"; "toda informação quer ser livre"; "promova descentralização"; "desconfie da autoridade"; "renda-se ao imperativo do trabalho"; "faça você mesmo"; "contrarie o poder"; "alimente o barulho do sistema"; "navegue". O sentido original do termo Hacker é, portanto, o de programadores entusiasmados que compartilham seus trabalhos com outros, e não criminosos que atacam sistemas de computador (VAZ, 2001)”

Em 1984, foi lançado o Macintosh da Apple, o primeiro da geração de

computadores de fácil utilização, mas o uso da internet em si continua restrito a

fins científicos. Alguns anos mais tarde, teve início a comercialização em

massa de computadores e, com ela, veio a utilização em maior escala da

internet.

Em 1986, a Universidade de Cleveland cria a FREENET, “primeira rede

de acesso público e livre à internet”, e daí por diante diversos países e

instituições começam a aderir à web. No Brasil, a internet só chegou, em

caráter de acesso livre à sociedade, em 1990, e quatro anos depois já se

registrava a presença de 20 jornais on-line no país: era a comunicação e

difusão de informações tendo sua iniciação no mundo cibernético.

Uma consciência coletiva foi formando-se em torno da grande utilidade

que esse meio de conexão poderia trazer à humanidade e, aos poucos, o

acesso à web foi sendo disseminado.

Atualmente, a internet representa uma valiosa ponte entre milhões de

usuários em todo o mundo, pela qual é possível atravessar não a um, mas a

vários lados diferentes de inúmeras culturas e ter acesso a um número

imensurável de dados, informações e conteúdo de muita ou pouca relevância.

Ana Paula Andrade Alves (2006) enxerga esse universo de materiais e

informações da rede como uma faca de dois gumes, mas concorda sobre a

questão da atuação social e de grande potencial de compartilhamento (seja de

amarguras, alegrias, dados importantes ou conteúdo de entretenimento) da

internet.

[...] a Internet não é uma simples tecnologia de comunicação, mas o epicentro de muitas áreas da actividade social, económica e política. Por este motivo, a Internet converte-se num grande instrumento de exclusão social, reforçando o hiato entre pobres e ricos, existente na maior parte do Mundo. Mas, por outro lado, a Internet, funciona como uma ágora global, onde as pessoas podem expressar e partilhar as suas preocupações e esperanças. Desta forma a Internet tem

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potencialidades ao poder implicar e responsabilizar os cidadãos informados e conscientes dos problemas existentes na sociedade, na construção de Estados mais democráticos, conduzindo a uma sociedade mais humana e menos votada à desigualdade e à exclusão social. (ALVES, p,14)

Ainda na linha raciocínio da autora, percebe-se que a web tornou-se

palco de disputas sociais, políticas, econômicas e ferramenta para a resolução

– ou o aumento – de questões, fatos e conflitos que tangem às mais diferentes

áreas da humanidade.

William Gibson (2008), referindo-se à atmosfera de infinitas

possibilidades de compartilhamento de informações, conceituou o ciberespaço,

ainda antes da internet cair em uso massivo:

Ciberespaço. Uma alucinação consensual experimentada diariamente por bilhões de operadores legitimados, em cada nação, por crianças atrás de conceitos matemáticos ensinados... Uma representação gráfica de informação abstraída dos bancos de cada computador no sistema humano. Complexidade impensável. Linhas de luz vagueando no não espaço da mente, cachos e constelações de informação. Como luzes da cidade, recuando. (GIBSON, p.260)

Esse conceito foi escrito há anos, em 1984, mas ainda hoje ele produz

sentido. A internet está sendo, cada vez mais, utilizada para fins de difusão de

informações. Cada usuário posta suas experiências, descobertas, ideias e

percepções, formando as constelações, e aumentando o volume de conteúdo a

ser compartilhado, formando os cachos, carregados de informação de

relevância – ou não – social, conforme mostra o capítulo a seguir.

2.3.1 Livre acesso a conteúdos de importância social Com o crescimento exponencial da internet, ferramentas foram sendo

criadas para que os usuários pudessem, facilmente, compartilhar suas

vivências individuais. Blogs, fotologs e videologs, em ordem cronológica, se

tornaram espécies de “diários virtuais” e facilitaram a disponibilização de

informações dos usuários, bem como a visualização dos demais.

Com o passar do tempo, nota-se uma outra finalidade para o uso dessa

espécie de site: o uso profissional, ou seja, o uso da web para fins econômicos,

financeiros, etc.

O uso desses espaços virtuais, por parte de alguns usuários, foi

direcionado para a hospedagem de publicidade de patrocinadores, outros

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começaram a disponibilizar arquivos multimídia para que “olheiros virtuais”

tivessem acesso aos seus talentos, e é aí que entra a utilização que dará base

ao produto resultante deste projeto.

Nessa linha de disponibilizar arquivos multimídia – de início, apenas em

caráter de diversão e passatempo dos usuários – uma das ferramentas criadas

foi o podcast. A seguir, entenderemos melhor qual o potencial dessa

ferramenta.

2.3.2 Podcasts Quando se fala em conteúdos sonoros na web, logo vem à mente o

download de músicas ou o simples fato de usar a rede para escutar seus sons

favoritos. Porém, lá pela metade da década de 2000, e com o surgimento do

até hoje cobiçado IPhone2, surgiu uma outra espécie de compartilhamento de

conteúdo de áudio na web: os podcasts.

Como explica Elaine Martins (2008), o termo vem da junção de duas

palavras: “iPod e broadcast (transmissão via rádio), e surgiu em 2004. Os

créditos do conceito deste termo são atribuídos ao ex-VJ da MTV Adam Curry”.

Utilizados tanto para fins pessoais quanto para divulgação de programas de

rádio que já foram ao ar, mas que podem ser ouvidos novamente a qualquer

momento. Para os autores Ana Carmen Foschini e Roberto Romano Taddei

(2006), o podcast dá aos internautas diversas possibilidades de atuação

enquanto agentes emissores de opinião.

“Ferramentas de publicação acessíveis na rede revolucionaram o modo como as pessoas consomem, interpretam, produzem e divulgam informações. Elas permitem ao internauta deixar de ser um receptor silencioso para tornar-se um criador. Falamos sobre as principais ferramentas que contribuem para a descentralização da produção: blogs, podcasts, flogs e vlogs (FOSCHINI e TADDEI, p.8).”

Ainda segundo eles, o podcast é um meio veloz, que permite ao usuário

transformar-se em um comunicador, experimentando um pouco do jornalista e

locutor que há dentro de si.

Com o nascimento dessa ferramenta, novamente o mundo da web

presencia a difusão democrática de informação e/ou conteúdos criados por

2 Aparelho celular que foi a criação de sucesso da americana líder em tecnologia Apple.

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emissoras, instituições empresariais e, é claro, ou por nada menos do que

qualquer internauta. Fazendo uma ponte entre o que foi abordado em capítulos

anteriores, os autores reafirmam os diferentes usos da rede como meio de

aumentar a audiência das rádios.

Rádios convencionais viram no podcast uma forma de aumentar sua audiência. Oferecem sua programação em "fatias", segmentada, dando oportunidade aos ouvintes de escolher os programas e até qual parte dos programas ouvir. A BBC, sólida referência jornalística mundial, foi uma das que logo incorporaram a novidade. Nos Estados Unidos, os podcasts da National Public Radio tornaram-se uma referência de sucesso. Antes do fim de 2005, algumas rádios brasileiras mostraram que estavam atentas ao fenômeno e incluíram a opção entre seus serviços. Jornais e revistas fizeram o mesmo (FOSCHINI E TADDEI, p.13).

Em resumo, basicamente, os podcasts servem para facilitar a vida dos

usuários que gostam de usufruir da comodidade, praticidade e interatividade

que a web oferece. Isso porque servem como um meio de acessar matérias de

áudio no momento em que for conveniente para cada um. Um programa já foi

transmitido e o ouvinte perdeu? Se a emissora ou webrádio tiver um podcast,

sem problemas. Basta acessá-lo e ouvir o arquivo do programa gravado. “O

podcast tem vários programas, ou episódios, como se fosse um seriado. Os

arquivos ficam hospedados em um endereço na internet e, por download,

chegam ao computador pessoal ou tocador (FOSCHINI E TADDEI, p.9, 2006)”

Como pode ser percebido, logo após sua criação, os podcasts caíram no

gosto não só dos veículos de comunicação, mas também de instituições

públicas e privadas (como meio de divulgar seus trabalhos), de autoridades

políticas (reforçando suas campanhas eleitorais), de instituições de ensino

(disponibilizando programas de conteúdo educativo) e, claro, dos próprios

internautas, que passaram a produzir seus próprios materiais, disponibilizando-

os na web para ser ouvido por quem fosse e aumentando, assim, o número de

adeptos à “revolução do faça você mesmo” (FOSCHINI E TADDEI, 2006).

Por fazer parte do dia a dia da vivência na web, essa ferramenta foi vista

pelos autores deste projeto como a melhor opção para o alcance da

disseminação e divulgação que se espera do produto proposto, acreditando-se

que, pela relevância do tema, o podcast será um meio eficaz de dar à

18

diferentes emissoras de rádio o acesso aos materiais educativos. Sobre o

tema, entenda qual é ele no capítulo seguinte.

19

3 O MUNDO EM DESALINHO – CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS Consumir! Essa é a palavra chave, segundo especialistas, que define

uma parte, quase que totalitária, das questões causadoras dos principais

problemas ambientais. Não o ato isolado de consumir em si, afinal, consumir é

algo essencial à sobrevivência de qualquer ser vivo - consumir água para matar

a sede, consumir alimentos para repor toda a energia gasta, consumir oxigênio

para podermos respirar, consumir roupas para nos protegermos do clima. Mas

observa-se que o erro está, sim, num conjunto de ações díspares de qualquer

proposta pró-ambiental, destoando das ideias e atitudes consideradas “amigas

do planeta”, e que culminaram no que pode ser considerado hoje um estado de

extremo alerta ambiental.

O mais preocupante é que a população, em grande parte, ainda não

consegue ter consciência sobre o dano que esse excesso de consumo está

causando ao planeta. André Trigueiro (2004) aponta, em números, apenas

uma, entre as diversas conseqüências que esses atos desenfreados podem

trazer aos seres vivos de todo o mundo.

[...] Os consumidores não conscientes representam uma enorme ameaça para o mundo e para a sociedade – eles provocam um impacto como nunca antes aconteceu. Dos vários impactos que estão sendo causados, vamos pegar, por exemplo, o impacto sobre a água: estudos das Nações Unidas mostram que, em 2050, duas em cada três pessoas eventualmente não terão água para consumir [...] Então, a ameaça que é colocada pela inconsciência do consumo é uma ameaça global, para cada um de nós e para todos nós. E o curioso é que não é difícil uma pessoa agir positivamente para combater essa ameaça. Vou dar um exemplo: se os 17 milhões de pessoas da Grande São Paulo fecharem a torneira na hora de escovar os dentes, vamos economizar, todos os dias, o equivalente à água que cai pelas Cataratas do Iguaçu por nove minutos [...] Isso para mostrar que os pequenos gestos de consumo têm um enorme impacto e levam a grandes transformações.(TRIGUEIRO apud MATTAR, p.29)

Segundo estudos da WWF, uma organização não governamental que

atua em diversos países, incluindo o Brasil, o exacerbado consumo de recursos

naturais já está superando a capacidade do próprio planeta de regenerá-los.

No relatório publicado pela ONG em 2002, o consumo de recursos naturais já

atingia 20% ao ano, se comparado à capacidade de renovação. Dez anos

depois, em 2012, essa estatística já chegava a 50%, ou seja, o consumo

desenfreado da população sobre os recursos tanto renováveis quanto não

20

renováveis3 caracterizam uma séria ameaça à qualidade de vida e ao futuro da

humanidade no planeta.

Como há diversos fatores de toda essa problemática, a cada vez que se

vê o tema “ambiente” colocado em pauta, torna-se inviável apontar um culpado.

São empresas que não adotam políticas ambientais e contaminam a água e o

solo, é a população que ignora os avisos naturais de que o ecossistema está

em desequilíbrio, são agricultores que não modificam seus métodos de manejo

e transporte dos alimentos para que a menor quantidade possível seja

desperdiçada, e muitos outros pontos deficitários que poderiam ser

extensivamente elencados.

Como exemplo, pode ser levado em conta o setor industrial. Empresas

dos mais diversos ramos e segmentos agregam à natureza, diariamente,

elementos nocivos à estrutura ambiental do planeta.

Recursos naturais, como a água, o solo, a fauna e a flora, há anos,

estão sendo diretamente afetados pelo descumprimento do papel social de

empresas dos mais variados portes e nas mais variadas localidades, no Brasil

e no mundo todo. A grande maioria da população sabe disso, mas poucos

agem sobre essa sequência rotineira de atitudes contra-ambientais.

Observa-se que a discussão a respeito do impacto ambiental que

nossas atitudes estão tendo sobre os recursos naturais e áreas preservadas do

planeta existe há anos. Nota-se que a ação do homem sobre a natureza vai

acarretando em duras conseqüências, como deslizamentos de terras,

alagamentos em várias regiões do país, um desequilíbrio mundial do clima

mas, mesmo assim, as mesmas atitudes de indiferença quanto ao problema

generalizado se repetem todos os dias.

O que a maioria da população mundial desconhece é que existem cada

vez mais meios para a amenização dessas ações contínuas de poluição e

desequilíbrio ambiental, porém, enxerga-se que um fator que desfavorece as

ações pela preservação do planeta é a escassez de divulgação de projetos a

3 Os recursos naturais não renováveis abrangem todos os elementos que não têm capacidade de

renovação, ou seja, quanto mais se extrai, mais as reservas diminuem. Alguns exemplos são o alumínio,

o ferro, o petróleo, o ouro e o níquel. Já os recursos renováveis detêm, no caso de uso ponderado, a

capacidade de renovação após serem utilizados, como florestas, a água e o solo (FREITAS, 2013).

21

favor do meio ambiente, bem como ações que colaboram para a

sustentabilidade.

Visto que há meios e órgãos de grande poder comunicativo que

poderiam atuar nessa divulgação, mas pelo que se percebe, isso acontece com

uma freqüência demasiadamente baixa, presume-se que, por motivos políticos,

financeiros ou outros não identificados, haja uma falta de interesse de

estruturas governamentais e grandes corporações em aderir a projetos com

esse foco inovador, bem como dos meios de comunicação e da mídia em geral

em divulgar tais iniciativas.

3.1 O MEIO AMBIENTE (OCULTO) NA MÍDIA

Diversas instituições de ensino pelo país têm demonstrado interesse no

debate do tema “meio ambiente”. Um exemplo é o Núcleo Interdisciplinar de

Meio Ambiente (NIMA), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,

que existe desde 1999 com a proposta de servir de local para discussão da

“comunhão do ser humano com o ambiente” (2013). Vem aumentando o

surgimento de grupos específicos, especializações e cursos de extensão no

tema, ofertados por faculdades e universidades Brasil afora, além de estar

ganhando cada vez mais espaço na web, no formato de blogs e revistas.

Para tentar levar o tema para fora das salas de aula e das páginas da

internet, suscitando-o também na mídia em geral, cursos de jornalismo

ambiental estão ganhando destaque e, com eles, foi criado, há cinco anos, o

Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, com a premissa de, através de

trocas de conhecimento, “aprimorar a cobertura do assunto pela imprensa

nacional” (JORNALISMO AMBIENTAL, 2013). Isto porque, em tempos nos

quais se fala tanto sobre “efeito estufa” e onde se vê tanto os fenômenos da

natureza arrasando civilizações, o espaço ofertado pela mídia para divulgação

de informação acerca deste ponto - preservação do meio ambiente e a prática

da sustentabilidade - pode ser definido como deficitário.

Mas porquê? Essa é uma pergunta que deve ser feita. Empresas de

diversos ramos diferentes já aplicam parte de seu capital em projetos que

atuem como medidas pró-sustentabilidade, cursos universitários investem em

corpo docente qualificado para ensinar alunos interessados a aplicar e

22

repassar, de maneira eficaz, atitudes e métodos agentes de uma preservação

do meio ambiente, cidades aderem a projetos diversos de reciclagem dos mais

diferentes materiais, ou seja, há uma parte da sociedade se mobilizando,

repensando, mudando os hábitos para cooperar na batalha contra a destruição

dos recursos naturais do planeta.

Mesmo assim, o número ainda é muito pequeno, e ainda é escasso o

espaço utilizado por veículos de comunicação – sejam eles do governo ou

privatizados – para levar à sociedade questões relevantes e preocupantes em

relação ao tema, e a inexistência desses projetos não é um argumento que

pode ser levado em consideração, pois após pesquisas e levantamentos,

constatou-se que eles existem.

Prova disso são as inúmeras e inovadoras ideias teorizadas e – como

dever ser – colocadas em prática em algumas cidades do Brasil, contadas por

escrito na obra de André Trigueiro, “Mundo Sustentável”, publicada em 2005.

Com o propósito de divulgar dados e informações sobre o tema, o

jornalista produziu um compilado de diversos projetos criados e/ou aderidos por

várias comunidades, além de momentos do meio comunicativo voltados à

discussão do tema “preservação do meio ambiente”, repassados ao leitor pela

transcrição de entrevistas de autoridades em textos, que trazem à tona alguns

números, novidades, dados preocupantes e também iniciativas desconhecidas

referentes à atual situação ambiental no mundo.

Em relação à falta de divulgação do tema na mídia, Trigueiro (2005)

afirma:

[...] tudo o que se relaciona com o meio ambiente precisar permear qualquer discussão na área econômica, na área política, na área social, na área ambiental – todas as áreas. Da mesma forma, precisa estar no centro de todas as políticas públicas e de todos os empreendimentos privados [...] Mas é raro que a comunicação siga por esse caminho. Quase sempre, trata de forma episódica essas questões, quando elas assumem o formato de catástrofes, acidentes de grandes proporções, dramas, grandes emoções. É pouco freqüente que discuta as relações desses problemas em toda a sua abrangência (p.15, 2005)

Em busca de atuar para uma mudança, mesmo que pequena, desse

cenário, este projeto buscou firmar uma parceria com um órgão reconhecido

em todo o estado do Paraná, para que a divulgação do produto seja extendida

23

às emissoras à ele associadas. Entenda, no próximo capítulo, quem é e qual o

trabalho deste órgão, bem como sua importância para o projeto.

24

4 PARCEIRA “RECICLAMUNDO” E AERP A Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP) é uma

sociedade civil com personalidade jurídica de direito privado, sem fins

lucrativos, constituída por emissoras de radiodifusão autorizadas a funcionar no

Paraná, para fins de estudo, coordenação e representação das empresas de

rádio e televisão do Estado do Paraná, a ela associadas, inclusive como

entidade literária, recreativa, cívica, informativa e cultural (AERP, 2013).

A partir da constatação de que a associação funciona, também, como

produtora de materiais para retransmissão por parte das emissoras associadas

e divulgadora de materiais de terceiros, em caráter gratuito, firmou-se, por meio

de reunião com o presidente da associação, senhor Marco Villela, a parceria

para divulgação do produto deste projeto para todas as rádios associadas à

AERP.

Mediante conversa, fez-se clara a necessidade de conteúdo sócio-

educativo nas transmissões de rádio, conforme explicou Villela4.

As emissoras, por exigência da Anatel, têm que inserir até 5% de conteúdo sócio-educativo na programação. A proposta de vocês vem ao encontro de poder dispor na programação conteúdo como esse. Existe a demanda, existe a necessidade. O que deve acontecer, e isso é um processo gradativo, é as emissoras justamente se sensibilizarem e o mais breve possível começarem a criar espaço na sua grade. Então esse é o desafio inicial que a associação tem (2013).

Frente à demanda declarada por Vilela e à viabilidade de parceria para

divulgação do material proposto, definiu-se a AERP como apoiadora na

propagação do produto.

A maior relevância dessa parceria é a abrangência da associação, que

possui contato direto com mais de 150 emissoras de todas as regiões do

Paraná.

Dessa maneira, tendo-se em mãos quais serão as emissoras em

potencial para a retransmissão do produto proposto, e para levantar algumas

estatísticas sobre como andam as ações de preservação ambiental e

sustentabilidade nas cidades, os autores do projeto realizaram pesquisa

qualitativa com 26 rádios associadas, apresentada no capítulo a seguir. 4 Entrevista concedida aos autores deste projeto, na sede da AERP, no dia 31 de julho de 2013.

25

4.1 PESQUISA QUALITATIVA PARA EMBASAMENTO DO PROJETO

Para um melhor entendimento de como está o atual cenário na área de

projetos e iniciativas ambientais nas diferentes regiões do Paraná, 18

emissoras de rádio foram escolhidas como amostragem para uma pesquisa

qualitativa. Os e-mails de contato foram coletados, e foram enviadas às rádios

as seguintes questões:

- Há em sua cidade algum tipo de medida sócio-ambiental, que vise a

preservação do meio ambiente ou a sustentabilidade, como coleta de materiais

recicláveis, reaproveitamento da água da chuva, reutilização de materiais, etc?;

-Se a resposta for afirmativa, como essas atividades, projetos e/ou medidas

são divulgadas? Pelas rádios, pela TV, por redes sociais, pelo site da

prefeitura, alguma outra opção ou não há divulgação?

A seguir, é possível visualizar as rádios contactadas, as que retornaram

o contato e também as respostas dadas às questões, por meio de tabela

explicativa.

26

Quando analisados o número de rádios contactadas e o número de

rádios que retornaram com a resposta aos questionamentos, contabiliza-se

22% de aderência à pesquisa, o que, excluindo-se a possibilidade de o e-mail

encaminhado não ter chego ao destino, pressupõe uma escassez ou falta

suficiente de iniciativas ambientais para que fossem divulgadas e/ou

repassadas aos autores da pesquisa.

Já analisando os e-mails de retorno, verificou-se a existência de ações

de preservação e sustentabilidade, porém, em quantidade pequena.

Acompanhe na tabela a seguir as atividades desenvolvidas divididas por tipo

de ação.

27

Com base nas respostas das emissoras, produziu-se um gráfico

indicador dos meios de comunicação utilizados na divulgação das atividades e

movimentos ambientais, observando-se as redes sociais em primeiro e o rádio

em segundo lugar.

Sendo a amostragem pequena frente à necessidade real de

levantamentos de pesquisa, considera-se perigoso tomá-la como base, mas é

possível utilizá-la para observar que existem, sim, iniciativas de preservação

ambiental e sustentabilidade, mas em escassez, tanto de prática quanto de

divulgação.

Entenda como a idealização do produto “reciclamundo” pretende

amenizar e colaborar na mudança desse cenário.

28

5 RECICLAMUNDO – PÍLULAS QUE CONSCIENTIZAM Captar a atenção de um ouvinte de rádio pode ser fácil, o difícil é mantê-

la voltada ao conteúdo veiculado. O tema tratado nesse projeto e que dará o

direcionamento completo do produto produzido costuma ser visto como

maçante ou de desinteresse por parte da população.

Após estudos acerca da ideia de produzir um material sobre meio

ambiente e sustentabilidade, chegou-se à conclusão de que um programa de

meia hora, ou até mesmo quinze minutos seria o suficiente para dispersar o

público ouvinte, que não está acostumado a ter em suas emissoras mais

ouvidas conteúdo de tal natureza. Assim, veio às mentes autoras deste projeto

a ideia de pegar o teor educativo e informativo do assunto abordado e

transformá-lo em programetes de conscientização.

A conclusão foi reforçada após conversa com o presidente da AERP

que, quando questionado sobre o tempo máximo ideal para materiais do

gênero proposto, confirmou a inviabilidade de transmissão de produções de

média ou longa duração nas emissoras radiofônicas no cenário atual.

Já estamos despertando isso [a necessidade de conteúdo sócio-educativo] nos encontros regionais que nós fazemos, abordagens contínuas em nossa revista, em nossa newsletter, desse alerta [...] Vocês estão no caminho certo, no máximo 90 segundos, ninguém tem na emissora hoje espaço para colocar material de cinco minutos. Então no máximo 90 segundos e tem que ter periodicidade. Se o compromisso é uma edição por dia, é uma edição por dia. Porque isto é relevante? Primeiro que as rádios vão pensar “opa, esse conteúdo me interessa, vou inserir no programa da tarde”. Então todo dia tem que ter novidade, tem que ter primor pela qualidade, primor pelo conteúdo, respeitar o tempo (VILLELA,2013).

Após essa afirmação, firmou-se o formato do produto como

programetes, e o gênero foi definido como educativo/informativo. Mas, afinal, o

que são programetes?

Formato um tanto esquecido na literatura que engloba o universo

radiofônico, porém utilizado com frequência na prática diária da produção de

materiais e produtos em emissoras FM, os programetes são ferramentas úteis

para inserção rápida de conteúdo, de tempo em tempo, ao longo do dia.

Não possui conceito específico quanto à sua duração e o conteúdo que

nele pode ser abordado, mas possui direcionamentos padrões suficientes para

29

não ser confundido com boletins, ou para, pelo menos, não ser relegado ao

mundo dos “formatos existentes porém esquecidos”.

Magaly Prado (2006), em uma de suas obras sobre gêneros e formatos

de rádio, apresenta a definição para o termo.

O formato de um programa de curta duração, que em média dura entre um e três minutos, é chamado de programete, pílula, dropes, boletim, entre outros nomes [...] Os programetes costumam ser espalhados ao longo da programação, com ou sem horário determinado. Pode-se abordar qualquer assunto em seu conteúdo. Por exemplo, um programete sobre meteorologia, ondas ou astrologia. Ultimamente, emissoras apostam em temas pouco usuais para este formato, como boletins sobre decoração, empreendedorismo, mercado imobiliário, etc. (PRADO, p.67)

Observando a liberdade e a dinamicidade desse formato de material –

que não é exclusivo do meio radiofônico – percebeu-se que o uso dos

programetes para o trabalho de conscientização coletiva poderia ser mais

efetivo para, no mínimo, conseguir inserir no dia a dia de parte dos ouvintes

noções de como colaborar com a questão de preservação ambiental.

O tempo de curta duração dos dropes informativos é essencial para que

um assunto ainda em fase de introdução nessa esfera radiofônica não se perca

em grandes e longas explicações, que acabariam por desvirtuar a atenção do

ouvinte.

Quando se fala a respeito de um tema pouco usual dentro dos meios de

comunicação, como os males que a humanidade está causando ao meio

ambiente e os métodos que podem ser adotados para ajudar na preservação

de recursos não renováveis, é interessante e, espera-se, mais eficaz, utilizar

ferramentas práticas e diretas.

Através dos programetes, que a partir daqui serão chamados de

“pílulas”, viu-se a possibilidade de transmitir ao ouvinte dicas, informações,

orientações, curiosidades e conteúdo de aproveitamento social coletivo de

modo que o assunto não se torne maçante, atingindo uma absorção

substancial dos ouvintes e que provoque mudanças a longo prazo. Um

exemplo? As regrinhas básicas de não demorar no banho, não jogar lixo nas

ruas e fechar a torneira durante a escovação dos dentes são exemplos claros

de atitudes pró-meio ambiente e que já foram – e são até hoje – muito

difundidas na sociedade, por meio de campanhas de educação ambiental.

30

Porém, mesmo com as inúmeras campanhas que batem sempre nessas

mesmas teclas, ainda hoje, não raro, encontramos pessoas que praticam

exatamente atitudes contrárias às regras divulgadas, indo de encontro às

súplicas de ONG’s, entidades representativas e Secretarias do Meio Ambiente

de todo o país.

É por isso que o produto idealizado neste projeto visa um impacto sob as

atitudes da população. O objetivo é que as dicas rápidas e proveitosas que

serão levadas diariamente aos dials provoquem uma reavaliação de suas

ações sobre o mundo em que vivemos, aproveitando o gancho no que André

Trigueiro chama de “os 4 Rs” (p.28).

[...] o primeiro deles é o Repensar. Então, a reflexão sobre o ato do consumo leva naturalmente a reduzir, porque você não precisa de tudo o que você está consumindo; a reutilizar, porque algumas das coisas que você compra podem ser utilizadas continuamente, sem precisar comprar de novo; e reciclar, dado os enormes impactos que a reciclagem tem sobre a sociedade e o meio ambiente. (2005)

Para colaborar na mudança positiva dessa realidade, as pílulas foram

pensadas de modo que resultem em um produto de cerca de 1 minuto e trinta

segundos, trazendo uma informação rápida, porém útil ao ouvinte.

A ideia é que o conteúdo produzido seja disponibilizado, primeiramente,

para o maior número possível de emissoras estaduais abertas, pois conforme

constatado nas pesquisas citadas anteriormente, detectou-se uma deficiência

na quantidade de divulgação bem como das ações colocadas em prática em se

tratando de preservação ambiental e sustentabilidade, o que impõe limites e

barreiras à difusão dessas iniciativas.

Já futuramente, prevê-se a disponibilização para qualquer emissora

nacional, afinal, nenhum estado do país possui índices de manejo, coleta e

destinação de resíduos perto do adequado, além de a maior parte da

população não saber o significado real da palavra “sustentabilidade”, e aqueles

que sabem, acabam não praticando-a por desconhecer as maneiras e

caminhos para tal, ou simplesmente por relegar sua importância.

O conteúdo – dicas, curiosidades, novidades e informações sobre o

tema – será retirado de fontes oficiais e especializadas, como sites, revistas,

blogs, jornais e/ou informações repassadas diretamente de especialistas na

área, como o já citado jornalista André Trigueiro. Isso porque, uma vez

31

divulgada em um meio como a internet ou uma revista de segmentação e

público específicos, a disseminação dessa informação limita-se àquele nicho,

dificultando o acesso coletivo a esse material.

Se veiculado por meio do rádio, a informação se tornará,

automaticamente, mais acessada, mais ouvida e a chance de abrangência será

maior, logo, seu valor enquanto notícia, enquanto conteúdo de relevância social

se tornará ainda mais efetivo, e seu resultado mais eficaz.

A locução será feita de forma dinâmica e alternada entre os autores do

projeto, um homem e uma mulher, a cada nova edição. O objetivo é dar ritmo e

dinamicidade ao material que chegará até o ouvinte, seguindo a dica de

Foschini e Taddei (2006): “experimente dividir seu podcast com um amigo.

Duas vozes diferentes (feminina e masculina, por exemplo) dão mais colorido

ao programa.”

Outra dica de Toschini e Taddei (2006) que será utilizada é criar um blog

para complementar as informações sobre os conteúdos disponibilizados. No

caso das pílulas, o blog trará informações sobre como andam as informações

recentes sobre o mundo da sustentabilidade e do meio ambiente e, aos

poucos, serão implantadas ferramentas, textos e outros serviços que

colaborem na programação das rádios que utilizarão as “pílulas que

conscientizam” em suas programações.

A princípio, a intenção é a de disponibilizar, dentro do blog, os arquivos

de cada edição das pílulas, em formato de podcast, daí a importância da

explicação anterior sobre o uso dessa ferramenta. O acesso das emissoras ao

material será permitido por meio de cadastro no blog.

A periodicidade será semanal, gravado de cinco em cinco edições, e

cada semana trará um novo tema – reutilização de objetos e materiais, água da

chuva, latas de alumínio, etc.

Antecipando e prevenindo gastos inesperados na produção do material,

criou-se um orçamento que servirá como base no momento da produção dos

programetes. Observe abaixo:

32

A intenção inicial era de disponibilizar os arquivos de programetes às

emissoras por um valor definitivamente simbólico, porém, após estimados os

gastos mensais para a produção do conteúdo desejado, viu-se a necessidade

de implantar um período mínimo de adesão bem como uma mensalidade acima

da esperada, mas ainda assim, dentro do que pode ser considerado acessível

às rádios, tendo como expectativa a maior adesão possível por parte das

emissoras do Paraná.

Desse modo, os autores do projeto, sabendo da importância em falar

sobre sustentabilidade e meio ambiente, criaram essa alternativa com o selo

AERP do Paraná a todas as emissoras do país que venham a se interessar

pela transmissão do material produzido.

33

Toda a produção, desde argumentação, roteiro, direção, gravação,

locução, edição e finalização são de responsabilidade dos autores do Projeto

Reciclamundo.

Sendo a internet uma importante alternativa de comunicação, percebeu-

se o blog e os podcasts como as melhores soluções para que todas as

emissoras, inclusive aqueles com verbas limitadas, tenham acesso a esses

materiais de áudio, que serão disponibilizados para download através do site

www.reciclamundo.com.br .

34

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após pesquisas realizadas com algumas emissoras do Estado do

Paraná e entrevista com o presidente da AERP, sr. Márcio Villela, confirmou-se

a grande importância e necessidade em produzir um programa que sirva como

ferramenta socioeducativa, sendo que a produção proposta neste projeto vai ao

encontro de uma lacuna que ainda não pôde ser preenchida por muitas

emissoras de rádio, devido ao alto custo de produção que exige mão de obra

especializada.

Sendo assim, o projeto Reciclamundo, tem como objetivo suprir essa

necessidade do mercado através dos programetes citados nesta pesquisa,

auxiliando a população com informações relevantes sobre a grande

importância de preservação ambiental.

Os autores do projeto reconhecem que muitas emissoras de rádio, por

questões orçamentárias, não conseguem financiar produções específicas e

com isso, não podem ter em sua grade de programação conteúdo que agregue

valor e credibilidade em sua grade, no quesito informação e educação.

A mídia de modo geral, tem contribuído pouco para que o maior número

de pessoas tenha acesso às informações sobre sustentabilidade e meio

ambiente e, por isso, nota-se através das pesquisas realizadas pelos autores

do Reciclamundo que é possível realizar muito mais do que se tem realizado

atualmente.

A grande preocupação é levar este tipo de conteúdo que aborda

orientações necessárias sobre o meio ambiente e sustentabilidade ao maior

número de pessoas possível, por isso, pretende-se disponibilizar os materiais

Reciclamundo a qualquer emissora de rádio do Brasil.

Vale repetir que devido aos custos de produção para a execução deste

tipo de material, que necessita de profissionais especializados, bem como

pesquisas e levantamentos de conteúdo específicos, muitas rádios

continuariam com dificuldade para transmitir os 5% de conteúdo sócio-

educativo exigido pelos órgãos oficiais. Porém, em parceria com a AERP, no

que tange à divulgação do produto, e com o baixo valor de mensalidade a ser

cobrado, o Projeto Reciclamundo se torna acessível a todas as emissoras que

assim desejarem ter o conteúdo em sua grade de programação.

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REFERÊNCIAS

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LEMOS, André e JOSGRILBERG, Fábio organizadores. Comunicação e mobilidade : aspectos socioculturais das tecnologias móveis de comunicação no Brasil. Salvador . EDUFBA, 2009. MARTINS, Elaine. O que é Podcast. Disponível em <http://www.tecmundo.com.br/1252-o-que-e-podcast-.htm> Acesso em: 25 jul. 2013. MCLEISH, Robert. Produção de rádio: um guia abrangente de produção radiofônica. São Paulo, Summus Editorial, 2001. MODESTO, Cláudia Figueiredo. Papel Social do rádio na era globalizada. Disponível em <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/papel_social_do_radio_na_era_globalizada> Acesso em 22 jul. 2013. NIMA. Sobre o NIMA. Disponível em <http://www.nima.puc-rio.br/index.php/pt/sobre-o-nima/historico > Acesso em 25 ago. 2013. Presidência da República. Lei nº 9.612, de 19 de fevereiro de 1998. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9612.htm> Acesso em: 2 jul. 2013. PRADO, Magaly. Produção de rádio: um manual prático. Rio de Janeiro. Campus, 2006. Rádio Alternativa AM, Cândido de Abreu <http://www.alternativa710.com.br/> Rádio Ampére AM, Ampére <http://www.radioampere.com.br> Rádio Atual Guairacá FM, Mandaguari < http://www.radioguairaca.com.br> Rádio Cacique AM, Guarapuava <://www.radiocaciqueam.com/> Rádio Cesumar FM, Maringá <http://www.radiocesumar.com.br> Rádio Difusora AM, Ponta Grossa <www.difusora690.com> Rádio Educadora AM, Laranjeiras do Sul <http://www.radioeducadora1120.com.br> Rádio Entre Rios AM, Entre Rios <http://www.radioentrerios1170.com.br> Rádio Ilha do Mel FM, Paranaguá < http://www.fmilhadomel.com.br> Rádio Ilustrada FM, Umuarama < http://www.ilustradafm.com.br> Rádio Lontras FM, Lontra <http://www.lontrasfm.com.br>

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Rádio Fronteira AM, Barracão <http://www.radiofronteira.com.br> Rádio Musical FM, Campo Mourão < http://radiomusicalfm.com.br> Rádio Tradição AM , Rio Branco do Sul <http://radiotradicaoam.com.br> Rádio Turquesa FM, Astorga <http://www.fmturquesa.com.br> Rádio 98 Timburi FM, Andirá <http://www.timburifm.com.br> SAM Broadcast. A diferença entre rádio comunitária, educativa e comercial. <http://www.sam.ind.br/Radio%20Comunitaria%20Educativa%20e%20Comercial.htm > Acesso em: 1 ago. 2013.

SECOM. Relatório de pesquisa quantitativa. Disponível em <http://www.secom.gov.br/pesquisas/2010-12-habitos-ii/2010-12-habitos-de-informacao-e-formacao-de-opiniao-da-populacao-brasileira-ii-sudeste-e-centro-oeste.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2013. TRIGUEIRO, André. Mundo Sustentável: abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação. São Paulo: Globo, 2005. VAZ, Paulo. Cronologia da internet. Disponível em <http://www.febf.uerj.br/crono_web/cronologia_internet.html> Acesso em: 25 jul. 2013. VILLELA, Márcio. Entrevista concedida a Anna Luiza Dassie e Gilmar Cerqueira. Curitiba, 31/07/2013. WWF. Consumo cada vez maior e utilização de mais recursos por população crescente aumenta a pressão sobre o planeta. Disponível em <http://www.wwf.org.br/?uNewsID=31304> Acesso em: 20 jul 2013. XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. A Linguagem do Rádio. São Paulo. Respel, 2006

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ANEXO A

Mensagem encaminhada às rádios, via e-mail, com questões para levantamento de pesquisa qualitativa:

Somos do corpo discente da Universidade Tuiuti do Paraná e estamos realizando uma pesquisa para a produção de um material radiofônico que será divulgado em parceria com a Associação de Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP), e servirá de apoio para a programação das rádios paranaenses. O material terá caráter informativo e educativo, visando a conscientização da sociedade acerca de diversos temas atuais e de grande importância, e será disponibilizado às rádios via web, por um valor simbólico. Para que o resultado seja de boa qualidade, estamos levantando dados quanto ao envolvimento dos municípios do Paraná com projetos e atividades que colaborem para sustentabilidade. Sendo assim, gostaríamos da colaboração da sua emissora, respondendo à duas perguntas, que vão abaixo: Primeira pergunta: -Há em sua cidade algum tipo de medida sócio-ambiental, que vise a preservação do meio ambiente ou a sustentabilidade, como coleta de materiais recicláveis, reaproveitamento da água da chuva, reutilização de materiais, etc? -Se a resposta for afirmativa, como essas atividades, projetos e/ou medidas são divulgadas? Pelas rádios, pela TV, por redes sociais, pelo site da prefeitura, alguma outra opção, ou não há divulgação? Agradecemos por hora, e em breve devemos entrar em contato novamente para mostrar o resultado de nossa produção.

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ANEXO B

Roteiro do programete piloto gravado para apresentação à banca examinadora deste projeto.

PROGRAMA RECICLAMUNDO Piloto - Cimento ecológico PRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO ANNA LUIZA DASSIE E GILMAR CERQUEIRA DURAÇÃO : 90’’

TÉCNICA ÁUDIO Vinheta de abertura Trilha de fundo Locução feminina Vinheta de encerramento Locução masculina, tom médio, puxando um pouco mais para o grave

RECICLAMUNDO

VOCÊ SABIA QUE A PRODUÇÃO DE CIMENTO

TEM IMPACTOS MUITO NEGATIVOS SOBRE A

SAÚDE E TAMBÉM SOBRE O MEIO AMBIENTE?

UM EXEMPLO É A CONTAMINAÇÃO DO AR, DA

ÁGUA E DO SOLO COM SUBSTÂNCIAS

EXTREMAMENTE TÓXICAS// MAS PARA

REVERTER ESSA SITUAÇÃO, JÁ EXISTEM

DIVERSOS ESTUDOS QUE APONTAM

SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS PARA A PRODUÇÃO

DESSA COMPOSIÇÃO TÃO UTILIZADA PELA

INDÚSTRIA CIVIL//

UM EXEMPLO É O CIMENTO ECOLÓGICO

PRODUZIDO A PARTIR DO BAGAÇO DA CANA

DE AÇUCAR, DA CASCA DE ARROZ E DE

RESÍDUOS DE MATERIAIS DE CERÂMICA, O QUE

O TORNA SUSTENTÁVEL TANTO PELA

REDUÇÃO NA EMISSÃO DE GASES QUANTO

PELO REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS

NATURAIS// A INDÚSTRIA DO CIMENTO É

RESPONSÁVEL POR CERCA DE 7% DAS

EMISSÕES MUNDIAIS DE GASES TÓXICOS DO

EFEITO ESTUFA, MAS COM ALTERNATIVAS

COMO A DO CIMENTO ECOLÓGICO ESSA

HISTÓRIA PODE MUDAR, VOCÊ NÃO ACHA?

DIVULGUE ESSA IDEIA//

RECICLAMUNDO, UMA IDEIA SUSTENTÁVEL APOIO: AERP/ ASSOCIAÇÃO DAS EMISSORAS DE RÁDIOFUSÃO DO PARANÁ///