1 Intraempreendedorismo

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Meire Lúcia Gomes Monteiro Mota Coelho Revista do Serviço Público Brasília 61 (3): 233-247 Jul/Set 2010 233 RSP Intraempreendedorismo e a inovação na gestão pública federal Meire Lúcia Gomes Monteiro Mota Coelho Introdução Nas organizações, sejam públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos, o agente da inovação é o empreendedor. Ele busca e conduz a inovação. Joseph Schumpeter associou pioneiramente a inovação ao empreendedorismo como processo que o permeia nas suas mais diversas formas e meios sem, no entanto, confundi-lo ou mesmo suplantá-lo. O empreendedor impulsiona o capital pois traz em si “a força destruidora e criativa” de novos mercados, produtos e serviços (SCHUMPETER, 1949). Joseph Schumpeter não só sustentou as bases do empreendedorismo na teoria econômica, como introduziu, no seu estudo “Economic Theory and Entrepreneurial History” (1949), o Estado como agente do processo de inovação, destacando as contribuições do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos como vetor inovador. Para ele, o fenômeno da inovação é institucional e pode ocorrer em qualquer lugar, seja qual for o processo, momento, meio ou posição nas organizações, sejam públicas ou privadas.

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    Intraempreendedorismoe a inovao na gesto

    pblica federal

    Meire Lcia Gomes Monteiro Mota Coelho

    Introduo

    Nas organizaes, sejam pblicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos,

    o agente da inovao o empreendedor. Ele busca e conduz a inovao. Joseph

    Schumpeter associou pioneiramente a inovao ao empreendedorismo como

    processo que o permeia nas suas mais diversas formas e meios sem, no entanto,

    confundi-lo ou mesmo suplant-lo. O empreendedor impulsiona o capital pois

    traz em si a fora destruidora e criativa de novos mercados, produtos e servios

    (SCHUMPETER, 1949).

    Joseph Schumpeter no s sustentou as bases do empreendedorismo na teoria

    econmica, como introduziu, no seu estudo Economic Theory and Entrepreneurial

    History (1949), o Estado como agente do processo de inovao, destacando as

    contribuies do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos como vetor

    inovador. Para ele, o fenmeno da inovao institucional e pode ocorrer em

    qualquer lugar, seja qual for o processo, momento, meio ou posio nas

    organizaes, sejam pblicas ou privadas.

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    De forma geral, o empreendedorismo comum tanto no universo das organizaespblicas quanto no das privadas. As orga-nizaes pblicas so semelhantes sdemais; no entanto, possuem caractersti-cas prprias (rotinas, hierarquia excessiva,descontinuidade, paternalismo etc) queconstituem verdadeiros obstculos s ino-vaes e mudanas e que se opem aoempreendedorismo (DRUCKER, 2008;PIRES& MACEDO, 2006; THOENIG, 2007; DALB,2008).

    O empreendedorismo, no mbito dasorganizaes pblicas, permeado porcaracteres muito peculiares e prprios, um fenmeno multifacetado e complexo.Como se d o intraempreendedorismo nasorganizaes pblicas? Quais as dificuldades?Quais as solues adotadas?

    Aes empreendedoras tiveram lugarem nossos quinhentos anos de histria,desde a implantao das feitorias destina-das explorao da madeira, passandopelo ciclo nordestino da cana e pelo ciclodo ouro; sem contar, por exemplo, a obs-tinao de um Osvaldo Cruz emexterminar doenas tropicais no Rio deJaneiro, de um Marechal Rondon na rduatarefa de conquistar o Oeste do Brasil; ouaquelas que levaram o pas de dependentecrnico do petrleo a potncia no setor. possvel fomentar um ambiente empre-endedor mesmo em um cenrio em que aburocracia predominante, como o casodas organizaes pblicas?

    O objetivo deste artigo apresentartrs aes empreendedoras em organiza-es pblicas, premiadas pela ENAP noconcurso Inovao na Gesto Pblica Federal.A partir da reviso de literatura e estudode caso, sero confrontados os diversostipos e modelos de processos de inova-o, para identificar as dificuldades apon-tadas e quais as solues adotadas nas aes

    premiadas pelo concurso. Foram selecio-nados trs casos de iniciativas inovadorasno Instituto Nacional do Seguro Social(INSS), apontando a origem, caractersticas,amplitude e o modelo do processo de ino-vao. Nosso quadro terico de refernciaest estruturado no sentido de aprofundarnossa percepo, bem como nos dar con-dies de comparar alguns estudos eapontar lacunas, se existentes.

    Reviso de literatura

    Inovao e empreendedorismoNo se pode falar em inovao sem

    falar em empreendedorismo. Inovar trazimplcito a ideia de empreender. Desde osculo XVII, nos primrdios de sua for-mulao por Richard Cantillon e JeanBaptiste Say, a inovao vem associada aoempreendedorismo. Richard Cantillonconsiderava os empreendedores verdadei-ros aventureiros, que corriam riscosvisando o lucro. O segundo, chamado opai do empreendedorismo, iniciou a suateorizao e a relacionava s mudanas e inovao (VOGEL, 2004).

    Joseph Schumpeter introduziu nosculo XX a perspectiva do empreende-dor como aquele que desafia ou destricriativamente (FERNANDES E SANTOS, 2008).Na viso de Schumpeter, celebrizada naexpresso destruio criativa, o empre-endedor criativo, a fora motora docapital (HOELTGEBAUM et al, 2003).

    Somente no final da dcada de 1970o empreendorismo ganhou o status dedisciplina (PALMA, CUNHA & LOPES, 2007).Foi o francs Gifford Pinchot III quemdesignou, pela primeira vez, a expressointraempreendedorismo (em ingls,intrapreneuring), para nomear o respons-vel pela inovao na organizao, sejaqual for o seu tipo, lugar ou momento.

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    Na evoluo do tema destacam-se as con-tribuies de Pryor e Shays (1993); Zahra(1996); Ted Nicholas (1993) e Wundebere(2001). Tambm merece ateno a siste-matizao de Cunningham e Licheron,focalizando o estudo do empreende-dorismo desde a biografia dos seusestudiosos (escola bibliogrfica), passan-do pela escola psicolgica (abordagemcomportamental), escola clssica (inova-o sob a tica da criao), escola deadministrao (empreendedorismoentendido como negcio), escola daliderana (o empreendedor age em gru-po) e a escola corporativa, que enfatiza oambiente das organizaes, no qual oempreendedor deve se desenvolver.

    O Manual de Oslo (2004) da Organi-zao para a Cooperao e Desenvolvi-mento Econmico (OCDE), trata, nocaptulo III, dos processos de inovao,identificando quatro tipos: de produto, deprocesso, organizacional e de marketing.O processo de inovao confere vantagenscompetitivas e de excelncia s organizaes.A literatura consagra essas e muitas outrasformas de classificao das inovaes, sen-do a mais comum em produtos e proces-sos. As inovaes de processos sodirecionadas por ideias e so mais intensi-vas nas economias menos desenvolvidas,referindo-se adoo de mtodos de pro-duo novos ou aperfeioados. As inova-es de produtos so impulsionadoras denovas tecnologias e so maiores e maisfortes nas economias desenvolvidas(MANUAL DE OSLO, 2004). As inovaesorganizacionais envolvem as pessoas e omeio organizacional. Quando as inovaesalcanam processos e mtodos demarketing, o Manual de Oslo denominainovaes de marketing. As inovaesso tambm incrementais quando gradu-almente introduzem avanos e melhorias

    nos mtodos e produtos, bem comoinvestimentos, de acordo com o tempo eas necessidades. Em contraponto, quandoocorrem abruptamente, so classificadascomo radicais.

    Do ponto de vista da amplitude, a ino-vao abrange qualquer setor da economia,inclusive os setores pblicos, a exemploda sade e educao. Os diversos tipos deinovao se confundem e, porisso, comum identificar mais de uma

    caracterstica num mesmo processo. Assimuma inovao do tipo organizacional poderevelar tambm uma inovao de servio ede marketing. Um processo de inovaode produto ou servio pode representartambm uma inovao organizacional. ilustrativo mencionar que tambm ocorrecombinao e/ou identificao de caracte-rsticas comuns quanto aos processos de

    O empreendedorismo,no mbito dasorganizaes pblicas,permeado porcaracteres muitopeculiares e prprios, um fenmenomultifacetado ecomplexo.

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    inovao; so os modelos denominadoslineares (orientados pelas teorias clssicas emecanicistas), a partir de variveisendgenas s empresas e como produtode seus processos internos, e os modelosinterativos (orientados pelas teoriasneoclssicas e que admitem foras externas),que tentam incorporar as foras externase atribuir a mudana tcnica a fatores (apudCONDE & ARAUJO JORGE, 2003).

    Nas organizaes, sejam pblicasou privadas, com ou sem fins lucrativos,o intraempreendedor o agente dainovao. Ele a busca e a conduz Oprotagonista da inovao o intraempre-endedor (PINCHOT, 1989; DORNELAS, 2003).

    As foras que regem a inovao nodiferem se o fenmeno do empreende-dorismo ocorre numa organizao privadaou pblica. Os princpios regedores soos mesmos. No importa que o processoseja conduzido por uma instituiogovernamental ou no governamental:basicamente as foras esto situadas entreo que funciona e o que no funciona.

    O empreendedorismo nas organi-zaes (intraempreendedorismo)

    As perspectivas e trabalhos difundidospelos estudiosos do empreendedoris-mo, como Peter Drucker, revolucionaramo pensamento da administrao. O aprendi-zado, o conhecimento do espritoempreendedor nas organizaes intra-empreendedorismo constitui umdiferencial, uma ferramenta essencial paraenfrentar as constantes e profundasmudanas socioeconmicas e tecnolgicasda atualidade, separando, inclusive, oempreendedor do administrador, pelaprtica da inovao bem-sucedida. Assimno deve ser confundido com o adminis-trador. O empreendedor no se restringeao que deve ser feito. Ele se incumbe muito

    alm dos encargos designados para oadministrador (DORNELAS, 2003).

    Peter Drucker separa as organizaesem trs grupos a empresa em atividade,a instituio de servio pblico e a novaempresa de risco e prescreve para cadauma delas uma maneira peculiar para aprtica do empreendimento. Ou seja, parao autor existe uma administrao em-preendedora (tambm chamada decompetncia empreendedora) que setraduz num manual para enfrentar cadacaso, dificuldades, obstculos e restriesna empresa privada, nova empresa (em-presa de risco) ou organizao pblica(DRUCKER, 1986).

    O autor aponta sete fontes da experinciainovadora - quatro no ambiente interno dasorganizaes (pblicas ou privadas): oinesperado, a incongruncia, a inovaobaseada na necessidade de processo emudanas na estrutura do setor ou domercado. As demais, no ambiente externodas organizaes (pblicas ou privadas): asmudanas demogrficas ou populacionais,as mudanas de percepo e significado eum novo conhecimento, cientfico ou no(idem, ibidem).

    Incerteza, discrio, intuio, ao,dedicao, determinao, lealdade, jogo decintura, sonhos so elencados no rol dosdez mandamentos do intrapreneur (PINCHOT,2003). So conceitos e atributos que, emregra, diferenciam o intraempreendedor doadministrador e do gerente tradicional.

    Nas organizaes, o intraempre-endedor mais do que criativo. Ele vaialm de promover relaes, superandodificuldades e fazendo as coisas ocorrerem.(FILION & DOLABELA, 2000).

    O intraempreendedor tambmse manifesta na criao e expanso denovos postos de trabalho e atividadesnas organizaes (COZZI et al, 2008).

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    O empreendedorismo vital na vida sociale na economia, tanto nas organizaes p-blicas quanto nas privadas, precisamenteporque a inovao e o empreendimentono constituem algo radical, mas umpasso de cada vez, um produto aqui, umadiretriz l, um servio pblico acol (PETERDRUCKER, 2008).

    Peter Drucker separa as organizaes emtrs grupos: a empresa em atividade, a insti-tuio de servio pblico e a nova empresade risco, e prescreve para cada um deles umamaneira peculiar como diz um guia espe-cfico para a prtica do empreendimento.Ou seja, para o autor existe uma adminis-trao empreendedora (tambm chamadade competncia empreendedora) que se tra-duz num verdadeiro manual para enfrentarcada caso, dificuldades, obstculos e restri-es no mbito da empresa privada, novaempresa (empresa de risco) ou organizaopblica (DRUCKER, 1986).

    O socilogo e cientista polticoThoenig (2007), ao diferenciar a dimensopblica da dimenso privada aponta que,na primeira, prevalecem as injunes pol-ticas (arena poltica), a submisso aooramento pblico e que o processo dedeciso determinado pelo governo, e, no,pelo mercado. Ele afirma que a organiza-o pblica, diferentemente da privada,responde a no apenas uma, mas duasfunes de produo. Enquanto a organi-zao privada restringe-se funo deproduo operacional, a organizaopblica desenvolve, alm da operacional,a funo de efetividade. Esta denomi-nada mudana societal no encontracorrespondncia nas empresas e associa-es voluntrias. Thoenig (2007) explica:

    No obstante, e isto que faz toda adiferena, a administrao organizacionaldo setor pblico deve levar em conta

    uma segunda funo de produo, o queas organizaes privadas no precisam.Essa funo chamada efetividade. No interna instituio, mas, sim, externa.Est inserida num tecido social de algumgnero. [...] Num mesmo pas pode ha-ver diferenas significativas entre agnciaspblicas. Algumas operam como se fos-sem empresas privadas, definindo suasprprias metas e critrios de eficincia,sem ter de prestar contas de qualquerfuno de efetividade. Outras tm defato de prestar contas de ambas as fun-es de produo. Presume-se quedevam ser eficientes sem deixar de serefetivas.

    Assumir risco, no temer demisso,inovao, revoluo de ideias, mudanas,alternativas, resolues, promover relaese agregar conhecimentos so desafios docotidiano e da ao do intraempreendedor(DALB, 2008; PINCHOT, 2003; FILION &DOLABELA, 2000).

    O intraempreendedorismo nasorganizaes pblicas

    O empreendedorismo na gestopblica pode ser caracterizado pelomodelo incremental, pois se traduz emmelhoria paulatina de mtodos e procedi-mentos administrativos; em outras palavras,pode ser constatado por meio do aumentoda efetividade.

    De acordo com Drucker, uma admi-nistrao empreendedora se traduz nombito das agncias pblicas por meio dacapacidade de se implementar mudanassignificativas na organizao interna do tra-balho e, com isso, melhorar a oferta deservios.

    Em suma, o empreendedorismo podeestar presente em qualquer lugar, proces-so, meio, posio, independentemente de

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    serem privadas ou pblicas as organizaes(SHUMPETER, 1949). No que diz respeitos pblicas, so reconhecidas as suaspeculiaridades (hierarquia excessiva,descontinuidade, paternalismo, burocra-cia, clientelismo, inflexibilidade), mas issono as torna intangveis ao empreende-dorismo.

    As foras que regem a inovao nodiferem se o fenmeno do empreende-dorismo ocorre numa organizao privadaou pblica. Os princpios regedoresso os mesmos - no importa que o pro-cesso seja conduzido por uma instituiogovernamental ou no governamental:basicamente tal fora est situada entre oque funciona e o que no funciona.

    As instituies do servio pblicobuscam maximizar e no otimizar(DRUCKER, 1986, p.245). O autor atribuital caracterstica a uma maneira, entreoutras, de se compensar a ausncia delucros, qual seja: o empreendedor daorganizao pblica busca crescer eampliar sua rea de atuao crescer cadavez mais. As chamadas organizaes p-blicas ou sociais enfrentam limites para aatuao empreendedora e pontos deresistncia ao inovadora que, na maioriadas vezes, se impe de fora para dentroe por pessoas estranhas ao ambienteorganizacional ou, simplesmente, elasocorrem em razo de crises ou catstrofes(DRUCKER, 1986).

    possvel identificar nas organizaespblicas brasileiras dificuldades relacionadas inovao? Quais as solues?

    Dalb (2008) chama a ateno para odeficiente debate do empreendedorismonas organizaes pblicas: De formaespecial, so relegadas a planos de menorimportncia anlise da ao intraempre-endedora nas instituies pblicas, por seruma realidade ainda incipiente.

    Matias-Pereira (2008, p.242) fala queo esforo para criar uma cultura empre-endedora na administrao pblica seapresenta como um fator-chave para aelevao da gesto pblica no Brasil. [...]Isso exige que tanto a instituio como oservidor pblico tenham uma postura maisflexvel, criativa e empreendedora.

    Observa-se estudos e divulgao deideias no sentido de transplantar para asorganizaes pblicas experincias bem-sucedidas no mundo privado.

    A literatura, nesse particular, poucosistematizada e evidencia poucas diferenasnos processos de inovao, sejam os queocorrem nas organizaes privadas, sejamos que acontecem nas instituies pblicase, ainda, na seara das organizaes sociais.

    A ao intraempreendedora nas orga-nizaes pblicas brasileiras passa pelainiciativa do Ministrio do Planejamento(MP) por meio da Escola Nacional de Ad-ministrao Pblica (ENAP), quepromove, h 15 anos, concurso parapremiar experincias de inovao na gestopblica. O panorama geral dos premiadosrevela que, apesar dos alegados entraves elimitaes, o intraempreendedorismo se fazpresente. Do primeiro concurso Inovaona Gesto Pblica Federal (1995) at o atualem andamento (2010), 1.309 inscriesforam recebidas e 301 prticas inovado-ras nas instituies pblicas forampremiadas; muitas delas, mais de uma vez,como o caso do INSS presente emmais da metade das premiaes.

    Metodologia

    O Instituto Nacional do Seguro Social a organizao pblica escolhida para ser oobjeto de estudo da presente pesquisa, hajavista sua representatividade no estudo de casodo intraempreendedorismo, atestada pela

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    regularidade de suas premiaes no Concur-so Inovao e, sobretudo, pela amplitude ediversidade de sua atuao.

    A pesquisa foi realizada por meio demetodologia qualitativa, exploratria eadotando a estratgia de investigao doestudo de caso (CRESWELL, 2007). Antecedeo mtodo qualitativo escolhido - estudode caso - uma reviso de literatura comobjetivo de identificar o que se encontravadisponvel em livros, artigos, teses e, inclu-sive, experincias sobre o tema de pesquisa.

    A reviso de literatura, alm de buscaro embasamento terico, estabeleceu umacomparao de estudos e mtodos, apon-tando as lacunas existentes.

    Quanto aos procedimentos (ANDRADE,2008), a pesquisa documental indireta tam-bm abrange dados, estatsticas e informa-es obtidas no stio da ENAP, no menuConcurso Inovao na Gesto PblicaFederal. A pesquisa utilizou dados secun-drios como os critrios de avaliao doconcurso e relatrios/documentos forne-cidos pela instituio previdenciria. Oscritrios de avaliao para seleo das ex-perincias inovadoras foram norteadoresda entrevista semiestruturada.

    Os dados da pesquisa documentalprimria foram obtidos pela pesquisa decampo. A coleta de dados foi realizada pormeio da entrevista semiestruturada, apli-cada aos integrantes das equipes e respon-sveis pela gesto inovadora em questo,servidor ou no servidor (titulares decargos temporrios ou comissionados doINSS ou de qualquer outro rgo da reaprevidenciria), premiados pelo ConcursoInovao promovido pela ENAP.

    A entrevista semiestruturada foi aplicada, majoritariamente, aos servido-res integrantes de trs equipes que forampremiadas pelo concurso: denominamoscasos A, B e C. O estudo de caso A est

    relacionado ao atendimento programadodo Instituto Nacional do Seguro Social;o B, ao Audprev: Sistema de AuditoriaPrevidenciria; e o C, ao Censo previden-cirio: solues inovadoras paraatualizao cadastral.

    Detalhamento dos procedimentosmetodolgicos

    Para cada caso selecionado foi realizada,pelo menos, uma entrevista. Somando os

    trs casos, foram entrevistados quatroservidores. No caso A, uma servidora noocupante de chefia e no diretamente ligada equipe premiada. No caso B, um servidormembro da equipe premiada; e no casoC, dois servidores integrantes da equipepremiada.

    No caso A Atendimento Programadodo Instituto Nacional do Seguro Social foiaplicado o instrumento de entrevista

    As foras queregem a inovaono diferem se ofenmeno doempreendedorismoocorre numaorganizaoprivada ou pblica.

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    semiestruturada servidora em exerccionuma das unidades de atendimento do INSS.A servidora no participou da equipe deimplementao do servio e no exerceufuno de coordenadora, tampouco de che-fia. A inovao por processo, marketing eorganizacional se identifica com a experin-cia. Quanto amplitude, semirradical. Se-gundo dados coletados, tanto na entrevistaquanto nos dados secundrios (documentosrecolhidos no stio da ENAP e no INSS), oprocesso foi desencadeado por fatores ex-ternos (modelo interativo). A inovao par-tiu dos escales superiores (top down) e, porisso, foi relatada como dificuldade de im-plantao a resistncia s mudanas na cultu-ra organizacional. As solues adotadas nessecaso foram: mdia, treinamento e adoo denovos mtodos operacionais e tecnologias.

    No caso B Audprev: Sistema deAuditoria Previdenciria foi aplicado oinstrumento de entrevista semiestrutu-rada ao servidor que apresentou a ideiainovadora. O servidor no exerceufuno coordenadora, nem de chefia.A inovao por processo e organizacionalse identifica com a experincia. Quanto amplitude, incremental e semirradical.Segundo dados coletados, tanto na en-trevista quanto nos dados secundrios, aexperincia surgiu a partir de variveisendgenas organizao e como produ-to de seus processos internos (modelo li-near), bem como ocorreram influnciasde fatores externos (modelo interativo).A inovao surgiu nos escales inferiores(bottom up). Como dificuldades foramapontadas: falhas dos sistemasoperacionais, falta de continuidade e re-sistncia s mudanas na culturaorganizacional. As solues adotadas paraesse caso foram: mdia, treinamento eadoo de novos mtodos operacionaise tecnologias.

    No caso C Censo previdencirio:solues inovadoras para atualizaocadastral foi aplicado o instrumento deentrevista semiestruturada a dois servidoresintegrantes da equipe que estruturou eimplementou o servio.

    Nesse caso, os servidores entrevista-dos no exerceram, nem exercem funesde chefia. A inovao por processo eorganizacional se identifica com a experi-ncia. Quanto amplitude incremental esemi-radical. Segundo dados coletados,tanto na entrevista como nos dados secun-drios (documentos recolhidos no stio ena organizao), a experincia surgiu apartir de variveis endgenas e exgenas organizao e, assim, surgiu comoproduto de seus processos internos(modelo linear), bem como por influnciasde fatores externos (modelo intera-tivo). A inovao surgiu nos escalessuperiores (bottom up). A aointraempreendedora surgiu a partir de umacrise da instituio. Foi determinada poragente externo (uma lei). Nas dificuldadesrelatadas foram apontadas falhas dos sis-temas operacionais, falta de continuidadee resistncias s mudanas na culturaorganizacional. Solues adotadas: mdia,treinamento e adoo de novos mtodosoperacionais e tecnologias.

    Resultados

    As premiaes conferidas ao INSSpelo concurso Inovao na Gesto PblicaFederal so o recorte emprico deste artigo.A partir da seleo de trs exemplos deiniciativas inovadoras foram investigadosas dificuldades, limites e solues adotadasna ao intraempreendedora.

    Na instituio previdenciria, os trscasos selecionados foram: caso A 13Concurso Inovao na Gesto Pblica Federal,

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    obtendo o 2 lugar , atendimentoprogramado do Instituto Nacional doSeguro Social (INSS). Criado comoinstrumento de melhoria da qualidade, tra-duz a nova concepo do governo, quevisualiza o cidado como cliente prioritrio.A criao em agosto de 2005 da Diretoriade Atendimento do INSS teve porobjetivo, alm de racionalizar o atendimentopresencial, promover a reduo das filasnas agncias da previdncia social em todopas e, especialmente, ampliar os meios deatendimento remoto da clientela de segu-rados. O novo servio de atendimentoprogramado proporcionou ao cidado aampliao de servios como o deteleatendimento, com a criao de maisvagas e a consequente reduo do tempode espera nas agncias, bem como aumen-tou a cesta de servios ofertados. Osservios no mbito previdencirio pblicopassaram a contar com a gesto das vagasdisponibilizadas e a utilizao mais racio-nal da fora de trabalho; oxigenando aestrutura funcional, facilitando decisesestratgicas e permitindo ao INSSimplementar aes coincidentes com osanseios do cidado segurado.

    Caso B 10 Concurso Inovao na GestoPblica Federal, obtendo o 4 lugar ,Audprev: Sistema de Auditoria Previ-denciria. A iniciativa surgiu de servidorescom dificuldades em auditar grandes con-tribuintes da previdncia social, em razoda inexistncia de critrios lgicos defiscalizao. Esses decidiram criar umaespcie de passo a passo, com base nalegislao previdenciria, a ser seguidopelos auditores fiscais em mbito nacio-nal, garantindo assim tratamento uniformea todos os contribuintes, capaz de propiciara racionalizao e a excelncia do setor.

    A inovao envolveu processos e m-todos com a implementao de um novo

    paradigma da ao de fiscalizaoobjetivando a qualidade dos procedimen-tos das auditorias-fiscais e a melhoria dagesto tributria - previdenciria.

    Caso C 12 Concurso Inovao naGesto Pblica Federal, obtendo tambm o4 lugar , Censo previdencirio: soluesinovadoras para atualizao cadastral.A inovao surgiu das dificuldades ematualizar o cadastro de 17,2 milhes debeneficirios da previdncia social. Asinconsistncias dos dados cadastraisprejudicavam o controle da correta ma-nuteno dos pagamentos de benefcios.O projeto possibilitou atualizar a base dedados e representou uma grandeeconomia para a instituio. Alm disso,promoveu condies mais confiveis noque diz respeito comprovao de vidados beneficirios, possibilitando assimmaior controle e melhor combate s frau-des. Foram apontados como fatores desucesso: uma ampla rede de atendimento,a introduo de parcerias, a valorizaodos servidores e, acima de tudo, apreocupao com a qualidade do atendi-mento, construindo um processo que seajustasse s necessidades dos beneficirios,e, no, o contrrio.

    A Tabela 1 a seguir resume a anlisedo processo de inovao nos trs casos.Os indicadores do quadro foram levantadospela reviso da literatura sobre o assuntonas organizaes, sejam privadas ou pblicas.

    Como se trata do estudo de caso deintraempreendedorismo numa organizaopblica, foram utilizados indicadores doprocesso de deciso das polticas pblicas.

    A tabela analisa os dados obtidos apartir das entrevistas e, como fonte secun-dria, os dados colhidos no stio da ENAPe nos documentos fornecidos pelosprprios entrevistados, os quais instruemos casos premiados.

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    Para responder questo de pesquisaquantos aos limites e dificuldades, assimcomo as solues adotadas para enfrent-los, apresentamos a Tabela 2.

    Os indicadores foram identificados apartir das aes desenvolvidas na concep-o, desenvolvimento e implementao dainovao e da forma como solucionaramas dificuldades encontradas.

    A tabela a seguir representa o resumoda anlise dos dados sobre as principaiscaractersticas dos trs casos estudadosquanto s dificuldades e solues.

    Concluso

    A concluso a que a pesquisa nos leva que, apesar dos alegados entraves e limi-taes, o intraempreendedorismo se fazpresente nas organizaes pblicas e vemcrescentemente sendo adotado pelaschefias ou por funcionrios sem nenhumtipo de funo comissionada, como rela-tado no caso B Audprev: Sistema deAuditoria Previdenciria.

    A inovao nas organizaes pblicas,representada pelo intraempreendedorismo

    Tabela 1: O processo de inovaoIntraempreendedorismo Classificao Origem da Deciso Amplitude(processo de inovao) Ideia

    Caso A Processo Organizacional Externo Top down Semirradical

    Caso B Processo Organizacional Interno Bottom up Semirradical

    Caso C Processo Organizacional Externo Bottom up Semirradical

    Tabela 2: CaractersticasIntraempreendedorismo Dificuldades Solues

    Caso A Tecnolgica MdiaMetodolgica TreinamentoCultural Inovao Tecnolgica

    Estrutural

    Caso B Tecnolgica MdiaMetodolgica TreinamentoDescontinuidade Inovao TecnolgicaInflexibilidade Estrutural

    Caso C Tecnolgica MdiaMetodolgica TreinamentoDescontinuidade Inovao TecnolgicaCultural Estrutural

    Fonte: resultados da pesquisa

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    das experincias premiadas pelo ConcursoInovao na Gesto Pblica Federal, confirmanosso quadro terico na medida em que sefaz presente em diversos tipos de organiza-o, em todos os seus processos e meios.

    A anlise dos casos revela que a aointraempreendedora pode ocorrer nosdiversos escales ou segmentoshierrquicos da organizao. Alm disso,tanto os fatores endgenos (produto deseus processos internos) quanto exgenos(produto de fatores externos) sodeterminantes desse tipo de processo.

    Importante ressaltar os dados obtidose coligidos na Tabela 2, demonstrando queas dificuldades de carter tecnolgico,cultural e metodolgico permearam os ca-sos analisados e que as solues devem seencaminhar para aspectos comunicacionais,culturais e estruturais. A pesquisa obteve oquadro das dificuldades que comumenteso alegadas para obstar a prtica dointraempreendedorismo nas organizaes

    pblicas e, ao mesmo tempo, demonstrouque as solues foram encontradas, ino-vando mtodos, tecnologias, processos eat mesmo transformando a culturaorganizacional. Outro aspecto a ser consi-derado foi a ao de escales inferiores naintroduo e/ou proposio de aes ino-vadoras; em dois dos trs casos analisa-dos, o processo decisrio teve influnciaou foi desencadeado por funcionrios queno pertenciam ao topo da hierarquia.

    Nos prximos estudos, para aperfei-oamento da pesquisa, devero seracrescentadas outras variveis para anlisedas dificuldades e uma coleta de dados es-pecfica. O quadro de solues tambmexige uma anlise prpria. A reviso deliteratura dever aprofundar o exame doestudo da inovao organizacional e dointraempreendedorismo, sobretudo nas ins-tituies pblicas.

    (Artigo recebido em novembro de 2009. Versofinal em setembro de 2010).

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  • Meire Lcia Gomes Monteiro Mota Coelho

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    Resumo Resumen Abstract

    Intraempreendedorismo e a inovao na gesto pblica federalMeire Lcia Gomes Monteiro Mota CoelhoO objetivo deste artigo apresentar trs aes empreendedoras em organizaes pblicas

    premiadas pela ENAP no concurso Inovao na Gesto Pblica Federal. A partir da reviso de literaturae estudo de caso, sero confrontados os diversos tipos e modelos de processos de inovao, paraidentificar as dificuldades apontadas e as solues adotadas nas aes premiadas. Foram selecionadostrs casos de iniciativas inovadoras no INSS, apontando a origem, caractersticas, amplitude e omodelo do processo. Nosso quadro terico de referncia est estruturado no sentido de aprofundara percepo, bem como nos dar condies de comparar alguns estudos e apontar lacunas, se existentes.A pesquisa foi realizada por meio de metodologia qualitativa, exploratria e adotando a estratgia deinvestigao do estudo de caso. A reviso de literatura teve como objetivo identificar o que seencontra disponvel em livros, artigos, teses e, inclusive, experincias. A concluso alcanada noartigo a de que, apesar dos alegados entraves e limitaes, o intraempreendedorismo se faz presentenas organizaes pblicas e vem crescentemente sendo adotado pelas chefias ou mesmo porfuncionrios sem nenhum tipo de funo comissionada, como relatado em um dos casos. Ainovao nas organizaes pblicas, representada pelo intraempreendedorismo das experinciaspremiadas pelo concurso, confirma nosso quadro terico na medida em que aes empreendedorasgeradoras de inovao se fazem presentes nas organizaes pblicas, em todos os seus processos emeios. A anlise dos casos nos revela ainda que a ao intraempreendedora pode ocorrer nos diversosescales ou segmentos hierrquicos da organizao. Alm disso, tanto os fatores endgenos (produtode seus processos internos) quanto os exgenos (produto de fatores externos) so determinantesnesse processo.

    Palavras-chave: Inovao na gesto pblica; empreendedorismo; intraempreendedorismo.

    Intrapreneurship y la innovacin en la gestin pblica federal.Meire Lcia Gomes Monteiro Mota CoelhoEl objetivo de este artculo es presentar tres acciones emprendedoras en organizaciones pblicas

    premiadas por la ENAP, en el concurso Innovacin en la Gestin Pblica Federal. Partiendo de larevisin de literatura e de los estudios de caso, los diferentes tipos y modelos de procesos deinnovacin sern estudiados para identificar las dificultades encontradas y las soluciones adotadas enlas acciones premiadas por el concurso. Fueron seleccionados tres casos de iniciativas innovadoras enel INSS, destacando el origen, caractersticas, amplitud y el modelo del proceso de innovacin en smismo. Nuestro cuadro terico est estructurado a fin de profundizar nuestra percepcin, ademsde darnos condiciones de comparar algunos estudios e mostrar las lagunas, si existentes. La pesquisafue realizada a travs de metodologa cualitativa y exploratoria, y de la adopcin de estrategiainvestigativa del estudio de caso. La revisin de literatura tuvo como objetivo identificar lo que seencuentra disponible en libros, artculos, tesis y, incluso, experiencias. La conclusin lograda en esteartculo es que, a pesar de los obstculos y de las limitaciones, el intrapreneurship se hace presente en lasorganizaciones pblicas y viene siendo cada vez ms adoptado por los jefes o por los funcionariossin ningn tipo de incentivo financiero, como es relatado en uno de los casos. La innovacin en lasorganizaciones pblicas, representada por el intrapreneurship de las experiencias premiadas por elconcurso Innovacin en la Gestin Pblica Federal, confirma nuestro cuadro terico en la medidaenque las acciones emprendedoras generan innovaciones que se hacen presentes en las organizacionespblicas, en todos los procesos y medios. El anlisis de los casos nos revela tambin que la accin deintrapreneurship puede ocurrir en los vrios escalones o segmentos jerrquicos de la organizacin.

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    Meire Lcia Gomes Monteiro Mota CoelhoProcuradora Federal, conselheira federal da OAB e presidente da Comisso Nacional da Advocacia Pblica daOAB Federal. Ps-graduada em Direito pela Universidade Federal do Piau (UFPI) e em Administrao Pblicapela Fundao Getlio Vargas (FGV/DF); mestranda em Administrao pelo Centro Universitrio UNIEURO.Palestrante em diversos seminrios e congressos, especialmente nas reas de Administrao Pblica e Previdenciria,alm de ser autora, coautora e coordenadora de livros, artigos e pareceres especialmente na rea previdenciria ede gesto pblica. Contato: [email protected]

    Adems, ambos los factores endgenos (producto de los procesos interiores) y exgenos (productode los factores externos) son determinantes en el proceso de innovacin.

    Palabras Clave: Iniciativa empresarial en las organizaciones pblicas; acciones emprendedoras;innovacin en la gestin pblica.

    Entrepreneurship and innovation on federal public managementMeire Lcia Gomes Monteiro Mota CoelhoThe purpose of this article is to present three entrepreneurship actions in public organization,

    awarded by ENAP, the Innovation in Federal Public Management prize. From the literature reviewand case study, the several types and models of innovation processes will be confronted in order toidentify the highlighted difficulties and the solutions adopted in the scenarios awarded by thecontest. Three innovative experiences in the INSS were selected, pointing the origin, characteristics,amplitude and the model of innovation processes in itself. Our theoretical framework of referenceis structured in a way to profound our perception as well as to provide the conditions to comparestudies and to bring to light the gaps, if existing. The research has been developed through thequalitative and exploratory methodology, and adopting a investigative strategy of the case study.The literature review had as goal the identification of what is available in books, articles, thesis and,also, experiences. The conclusion reached in this article is that, in spite of the alleged obstacles andlimitations, the intrapreneurship is present in public organizations and it has been being adopted bymanagement positions and by civil servants without any kind of commissioned function, as reportedin one of the cases. The innovation in the public organizations, represented by the intrapreneurshipof the experiences awarded by the contest confirms our theoretical framework that entrepreneurshipactions generating innovation are present in public organizations, in all of its processes and means.The analysis of the cases still reveals that the intrapreneurship action can occur in the many levels andhierarchical segments of the organization. Besides, the endogenous factors (product of its internalprocesses) as well as the exogenous (products of external factors) are determinants in this process.

    Keywords: Innovation and entrepreneurship; intrapreneurship public organizations; innovationin public management.