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1 INTRAEMPREENDEDORISMO, CORPORATE VENTURE E EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO: distinção dos conceitos, evolução e fronteiras da pesquisa científica Autoria: Danilo Magno Marchiori, André Barata Nascimento, Ricardo José de Ascensão Gouveia Rodrigues, João José de Matos Ferreira RESUMO O trabalho se propõe a identificar quais são as origens e as diferenças conceituais entre os construtos intraempreendedorismo, empreendedorismo estratégico e corporate venture, bem como identificar como tem evoluído a produção científica e quais são os principais estudos, instituições e periódicos que se dedicam aos temas. Além disso, o estudo apresenta as estruturas intelectuais subjacentes a cada um dos construtos, tomados isoladamente, e quais são os artigos, clusters, autores, periódicos e instituições de maior influência nesse campo de pesquisa. Para tanto, associa-se uma reflexão epistemológica sobre o conhecimento relativo ao conceito do intraempreendedorismo com o resultado da aplicação de técnicas bibliométricas tradicionais e criação de mapas de cocitações sobre as publicações de maior relevância internacional sobre os temas. Como resultado, são apresentadas as origens dos conceitos e a evolução dos estudos sobre intraempreendedorismo, empreendedorismo estratégico e corporate venture, bem como identificados os principais trabalhos de referência para cada construto e como esses trabalhos podem ser agrupados, de tal forma a possibilitar a compreensão da estrutura intelectual dos três conceitos. Palavras-chave: intraempreendedorismo; corporate venture; empreendedorismo corporativo; mapas de cocitação. 1.INTRODUÇÃO O intraempreendedorismo (intrapreneurship) tem recebido, nos últimos anos, uma crescente atenção de pesquisadores de diversas instituições em todo o mundo (BIRKINSHAW, 1997; NARAYANAN; YANG; ZAHRA, 2009). Uma das possíveis explicações para o aumento do interesse científico sobre o tema é a identificação de evidências que o intraempreendedorismo, assim como o empreendedorismo tradicional, são fenômenos relevantes para o crescimento econômico e para a competitividade global (DOUGLAS; FITZSIMMONS, 2013). Nesse contexto, o conceito pode ser compreendido, genericamente, como o empreendedorismo interno a uma organização existente, mais precisamente relacionado às intenções e aos comportamentos emergentes e essencialmente diferentes dos usuais dos colaboradores e gestores das organizações (ANTONIC; HISRICH, 2003). Contudo, a proliferação de estudos sobre o tema tem revelado que o intraempreendedorismo é um construto complexo e multidimensional (HAYTON, 2005). Por exemplo, Birkinshaw (1997), identificou na literatura que as iniciativas empreendedoras internas às organizações podem se manifestar de três formas: 1) a criação de novos negócios dentro de organizações existentes; 2) a transformação ou renovação das organizações estabelecidas; e 3) a mudança da dinâmica da competição das empresas em seus mercados. A literatura também classifica os estudos sobre o intraempreendedorismo de acordo com duas abordagens principais, a orientação empreendedora e o empreendedorismo corporativo, bem

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INTRAEMPREENDEDORISMO, CORPORATE VENTURE E EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO: distinção dos conceitos, evolução e

fronteiras da pesquisa científica

Autoria: Danilo Magno Marchiori, André Barata Nascimento, Ricardo José de Ascensão Gouveia Rodrigues, João José de Matos Ferreira

RESUMO

O trabalho se propõe a identificar quais são as origens e as diferenças conceituais entre os construtos intraempreendedorismo, empreendedorismo estratégico e corporate venture, bem como identificar como tem evoluído a produção científica e quais são os principais estudos, instituições e periódicos que se dedicam aos temas. Além disso, o estudo apresenta as estruturas intelectuais subjacentes a cada um dos construtos, tomados isoladamente, e quais são os artigos, clusters, autores, periódicos e instituições de maior influência nesse campo de pesquisa. Para tanto, associa-se uma reflexão epistemológica sobre o conhecimento relativo ao conceito do intraempreendedorismo com o resultado da aplicação de técnicas bibliométricas tradicionais e criação de mapas de cocitações sobre as publicações de maior relevância internacional sobre os temas. Como resultado, são apresentadas as origens dos conceitos e a evolução dos estudos sobre intraempreendedorismo, empreendedorismo estratégico e corporate venture, bem como identificados os principais trabalhos de referência para cada construto e como esses trabalhos podem ser agrupados, de tal forma a possibilitar a compreensão da estrutura intelectual dos três conceitos.

Palavras-chave: intraempreendedorismo; corporate venture; empreendedorismo corporativo; mapas de cocitação.

1.INTRODUÇÃO O intraempreendedorismo (intrapreneurship) tem recebido, nos últimos anos, uma

crescente atenção de pesquisadores de diversas instituições em todo o mundo (BIRKINSHAW, 1997; NARAYANAN; YANG; ZAHRA, 2009). Uma das possíveis explicações para o aumento do interesse científico sobre o tema é a identificação de evidências que o intraempreendedorismo, assim como o empreendedorismo tradicional, são fenômenos relevantes para o crescimento econômico e para a competitividade global (DOUGLAS; FITZSIMMONS, 2013). Nesse contexto, o conceito pode ser compreendido, genericamente, como o empreendedorismo interno a uma organização existente, mais precisamente relacionado às intenções e aos comportamentos emergentes e essencialmente diferentes dos usuais dos colaboradores e gestores das organizações (ANTONIC; HISRICH, 2003).

Contudo, a proliferação de estudos sobre o tema tem revelado que o intraempreendedorismo é um construto complexo e multidimensional (HAYTON, 2005). Por exemplo, Birkinshaw (1997), identificou na literatura que as iniciativas empreendedoras internas às organizações podem se manifestar de três formas: 1) a criação de novos negócios dentro de organizações existentes; 2) a transformação ou renovação das organizações estabelecidas; e 3) a mudança da dinâmica da competição das empresas em seus mercados. A literatura também classifica os estudos sobre o intraempreendedorismo de acordo com duas abordagens principais, a orientação empreendedora e o empreendedorismo corporativo, bem

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como é possível identificar diferentes dimensões do fenômeno para cada tipo de abordagem, o que interfere na compreensão dos conceitos, das suas relações de causa e efeito e nas abordagens de medição do fenômeno (AĞCA, TOPAL e KAYA, 2012).

Por outro lado, a literatura não é clara sobre o significado e o limite conceitual do construto. Por exemplo, Parker (2011) esclarece que o intraempreendedorismo (intrapreneurship) também é conhecido na literatura como empreendedorismo corporativo (corporate entrepreneurship) e corporate venture, de certa forma sugerindo que os três termos representariam o mesmo construto. Essa abordagem, também compartilhada por outros autores, como Zahra (1991), está longe de ser consensual. Um grande número de autores sugerem que existem importantes diferenças entre esses conceitos, apesar de reconhecerem que estão fortemente relacionados entre si. Por exemplo, Ağca, Topal e Kaya (2012) assumem que o empreendedorismo corporativo é uma das duas possíveis abordagens para o intraempreendedorismo, posicionando-o em paralelo com o construto orientação empreendedora. Por outro lado, Corbett et al., (2013) identificam o corporate venture como sendo um tipo específico do empreendedorismo corporativo, assim como faz com o construto renovação estratégica. Nesse contexto, Sharma e Chrisman (1999) identificaram e sistematizaram as diferenças intrínsecas a esses conceitos encontradas pelos autores na ocasião da publicação do seu estudo. Entretanto, quase duas décadas de intensa produção científica já se passaram após os esforços de Sharma e Chrisman (1999).

Ou seja, o crescimento exponencial do número de trabalhos que adotam como tema o intraempreendedorismo é acompanhado de uma relativa escassez de esforços para sistematização do conhecimento de alto nível produzido nas principais instituições e pelos pesquisadores que se dedicam a estudar o tema. Assim, esse trabalho se propõem a preencher essa lacuna, ao buscar responder a três questões centrais: 1) quais são as origens e as diferenças conceituais entre os construtos intraempreendedorismo, empreendedorismo estratégico e corporate venture? 2) Como tem evoluído a produção científica e quais são os principais estudos, instituições e periódicos que se dedicam aos temas? 3) Quais são as estruturas intelectuais subjacentes a cada um dos construtos, tomados isoladamente, sobre o intraempreendedorismo e quais são os artigos, clusters, autores, periódicos e instituições de maior influência nesse campo de pesquisa? Dessa forma, a presente revisão de literatura, associando uma reflexão epistemológica sobre o conhecimento relativo ao conceito do intraempreendedorismo com o resultado da aplicação de técnicas bibliométricas sobre as publicações de maior relevância sobre o tema, tem o objetivo de apresentar as origens dos conceitos e a evolução dos estudos sobre intraempreendedorismo, empreendedorismo estratégico e corporate venture, bem como identificar os principais trabalhos de referência para cada construto e os agrupamentos (clusters) de trabalhos que podem auxiliar a compreender a sua estrutura intelectual.

O estudo contribui para o desenvolvimento da pesquisa sobre o intraempreendedorismo, empreendedorismo corporativo e corporate venture na medida em que apresenta à comunidade acadêmica uma sólida base de informações sobre a evolução da investigação de alto impacto, identificando as referências mais significativas para a produção científica relacionada com cada tema. Assim, espera-se que este trabalho forneça a pesquisadores iniciantes e a outros interessados no tema uma sólida base acadêmica para futuras investigações, com o intuito final de alargar as fronteiras do conhecimento sobre o intraempreendedorismo. Dessa forma, a fim de evidenciar a relevância e o crescimento do interesse dos pesquisadores sobre os temas em questão, a primeira parte do estudo está dedicada à apresentação e discussão da dinâmica de evolução dos principais trabalhos científicos disponíveis. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliométrica cujos resultados serão apresentados a seguir.

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2.MÉTODO PARA SELEÇÃO DE ARTIGOS

Conforme destacado por Webster e Watson (2002), uma revisão de literatura pode adotar duas abordagens: (a) revisão de tópicos sobre os quais já existe um alto volume de conhecimento acumulado, caso em que os procedimentos de análise e síntese são úteis; e, (b) revisão de tópicos emergentes para os quais normalmente a literatura não é tão extensa, caso em que a contribuição principal é a apresentação das bases teóricas potenciais. A presente revisão de literatura se enquadra na primeira perspectiva. Além disso, Cronin, Ryan e Coughlan (2008) esclareceram o procedimento técnico da pesquisa de artigos pode ser baseado em duas estratégias principais: (a) revisão narrativa ou tradicional da literatura, procedimento que resulta na apresentação da literatura sem esclarecer quais foram os critérios utilizados para sua seleção; e, (b) revisão sistemática da literatura, na qual é adotado um protocolo bem definido para seleção e análise das fontes. Para o presente estudo foi adotada a segunda estratégia. Por fim, conforme destacado por O´Connor (1981), uma análise bibliométrica pode contribuir para o conhecimento científico na medida em que podem explicar as causas dos fenômenos bibliográficos relacionados aos temas de interesse científico.

Dessa forma, os artigos apresentados neste trabalho foram identificados por meio de consulta nas bases WEB OF SCIENCE, especificamente nos seguintes índices: Science Citation Index Expanded (SCI-Expanded), Science Citation Index Social (SSCI) e Arts & Humanities Citation Index (A & HCI). Foram pesquisadas as categorias de gestão, negócios e economia e não foram utilizados filtros cronológicos. Os termos de pesquisa utilizados foram “intrapreneurship”, “corporate entrepreneurship” e “corporate venturing” (em qualquer parte da publicação), de acordo com o sugerido por Parker (2009), com a utilização do o operador booleano “OR”. A consulta foi realizada em 10 de janeiro de 2016 e resultou em 710 artigos científicos, com as datas de publicação entre 1969 (1 artigo) e 2016 (3 artigos). Os trabalhos foram catalogados e ranqueados com o apoio do software EndNote, versão 6. 3.EVOLUÇÃO DO INTERESSE CIENTÍFICO

3.1RESULTADOS BIBLIOMÉTRICOS

Conforme destacado por Ferreira et al. (2015), uma análise bibliométrica envolve a aplicação de técnicas estatísticas para analisar publicações científicas, a fim de produzir conhecimento útil para futuros pesquisadores, periódicos, instituições e países. Nesse sentido, o primeiro passo do presente estudo foi a identificação e a apresentação dos trabalhos com o maior número de citações na base WEB OF SCIENCE, conforme apresentado na tabela 1.

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TABELA 1 – ARTIGOS MAIS CITADOS

Na sequência, foi identificada e apresentada na figura 1 a distribuição dos artigos por ano de publicação, a fim de possibilitar uma visualização da dinâmica da produção do conhecimento sobre o tema sob análise, com o passar do tempo.

FIGURA 1 – EVOLUÇÃO DAS PUBLICAÇÕES

Da mesma forma, o terceiro passo envolveu identificação da evolução do número de

citações dos artigos selecionados por outros trabalhos disponíveis nas bases WEB OF SCIENCE, conforme apresentado na figura 2.

FIGURA 2 – EVOLUÇÃO DAS CITAÇÕES

O quarto passo foi a identificação e a classificação dos periódicos científicos pelo número de trabalhos publicados sobre o tema, a fim de proporcionar a futuros pesquisadores

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uma indicação das fontes de informação de alto impacto que mais publicam sobre os temas estudados na presente pesquisa. O resultado é apresentado na tabela 2.

TABELA 2 – PERIÓDICOS COM MAIOR NÚMERO DE PUBLICAÇÕES

Da mesma forma, o quinto e último passo foi a identificação das instituições que mais contribuíram para a produção dos trabalhos científicos sobre os construtos intraempreendedorismo, empreendedorismo corporativo e corporate venturing, tomados em conjunto, conforme apresentado na tabela 3.

TABELA 3 – ARTIGOS POR INSTITUIÇÃO

Ou seja, os resultados da presente pesquisa bibliométrica indicam que o tema do empreendedorismo conduzido e florescendo no interior de organizações estabelecidas vem recebendo cada vez mais atenção de pesquisadores, periódicos e publicações de grande influência, em todo mundo. Identificou-se que desde o início dos anos 2000 ocorreu um crescimento exponencial do número de artigos publicados e citações a trabalhos que versam sobre os as diversas vertentes do tema em questão. O maior número de publicações têm origem em instituições norte-americanas. Contudo, instituições de pesquisa sediadas em outros países como Espanha, Reino Unido, Holanda, Suécia e China têm produzido muito conhecimento relevante sobre o tema, o que revela a importância do tema em todo o mundo.

Aproximadamente 300 artigos foram citados por pelo menos 10 outros trabalhos dentre os disponíveis na base WEB OF SCIENCE. A tabela 1 apresentam os 10 trabalhos mais citados. Esses dados revelam a importância dos temas e o crescente interesse de

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pesquisadores de todo o mundo. Entretanto, a fim de compreender melhor o impacto e o alcance dessa produção científica, é necessário lançar luz sobre o significado e as implicações de cada conceito, por vezes tomados como sinônimos, mas que geralmente representam ideias diferentes.

4. INTRAEMPREENDEDORISMO, EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO OU CORPORATE VENTURE? 4.1 AS ORIGENS (1969 – 1983)

O artigo mais antigo identificado a partir dos critérios utilizados nessa pesquisa foi o trabalho de Westfall (1969), que define corporate entrepreneurship como “inducing entire corporations to establish new, need-satisfying business enterprises” (WESTFALL, 1969 p235). Esse trabalho, destacado nessa revisão de literatura devido ao seu caráter seminal, investiga os elementos que tornam uma empresa mais receptiva a novas ideias de negócio, bem como quais são os fatores que impedem que as empresas atuem de forma empreendedora, a partir dessas ideias. Como resultado, Westfall (1969) identifica seis fatores que influenciam a ação empreendedora corporativa: 1) o tamanho da organização em relação ao tamanho do novo empreendimento; 2) o nível de conhecimento sobre gestão dos administradores; 3) a duração do planejamento de longo prazo da empresa; 4) a falta de racionalidade da administração da empresa, relacionada com a especialização da organização em determinado setor; 5) a escassez de recursos de gestão, especialmente em empresas menores e; 6) os custos percebidos da inovação. Curiosamente, Westfall (1969) esclarece que esses elementos alimentam o que chamou de “orientação não-empreendedora”, por meio de um círculo vicioso. Como estratégias para fomentar o empreendedorismo corporativo, Westfall (1969) faz duas sugestões de estratégias para estimular o empreendedorismo corporativo. A primeira é a descentralização, nas empresas, da responsabilidade pela elaboração dos planos de negócio e a segunda é a concessão de subsídios governamentais para as empresas mais empreendedoras. Ou seja, o primeiro trabalho a tratar das ações empreendedoras levadas a cabo por organizações existentes aborda exclusivamente as condições que interferem, de forma positiva ou negativa, na criação de novos negócios. Assim, para Westfall (1969) o termo empreendedorismo corporativo é sinônimo de criação de novos negócios por empresas existentes.

Os dez anos seguintes se revelaram estéreis para a produção científica sobre o tema, que somente foi retomado por Shils e Zucker (1979). Os autores estudam as diferenças entre o empreendedorismo corporativo e o independente, concluindo que as grandes organizações não estão adequadamente estruturadas para inspirar o empreendedorismo corporativo. Dessa forma, Shils e Zucker (1979) propõem um novo desenho organizacional, baseado na implementação de pequenos módulos organizacionais para estimular o desenvolvimento de novos empreendimentos corporativos. Dois anos depois, Fast (1981) identifica pontos potencialmente problemáticos para o corporate venture. Por exemplo, o autor encontra indícios de que os negócios que nascem de forma independente têm desempenho superior quando comparados com empreendimentos fruto do empreendedorismo corporativo. Como possível explicação, Fast (1981) sugere que, em geral, as divisões responsáveis por novos negócios não recebem o apoio político necessário dentro das organizações ou são prejudicados pela falta de flexibilidade estratégica das organizações.

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Mais dois anos se passam e chega-se então ao ano de 1983, momento especialmente especialmente fértil para a literatura sobre o tema e no qual Burgelman publica dois trabalhos que contribuem de forma determinante para as futuras investigações, ambos na lista dos 10 artigos mais citados (tabela 1). No primeiro trabalho, o autor conduz um estudo qualitativo, baseado em entrevistas com gestores de vários níveis de uma grande e diversificada empresa norte-americana. Para Burgelman (1983a), o sucesso dos esforços empreendedores, que nascem no interior das empresas, dependem de três fatores: 1) a disponibilidade dos gerentes de nível operacional para empreender de forma autônoma; 2) da capacidade dos gerentes de nível médio de identificar as implicações estratégicas dessas iniciativas e; 3) da capacidade da alta gestão de permitir que essas novas iniciativas empresariais alterem os rumos estratégicos da organização. Já em seu segundo artigo, Burgelman (1983b) apresenta um novo modelo teórico que associa o processo estratégico com a atividade empreendedora em grandes organizações. Destaque deve ser dado ao conceito de empreendedorismo estratégico formulado pelo autor: “Corporate entrepreneurship in this paper refers to the process whereby firms engage in diversification through internal development. Burgelman (1983b p.1348)”. Ou seja, o autor ressalta o papel central do empreendedorismo corporativo como um mecanismo para estimular a estratégia de diversificação das oportunidades de negócio exploradas pelas empresas. Desde então, a associação entre estratégia e empreendedorismo corporativo se desenvolveu como um promissor campo para investigação científica.

Percebe-se, contudo, que todos os trabalhos produzidos nessa fase inicial do empreendedorismo corporativo adotaram como unidade de análise a organização. Entretanto, esse cenário estava prestes a mudar.

4.2 CONCEITOS E ESTRUTURA INTELECTUAL

A fim alcançar o objetivo de estabelecer os limites conceituais e identificar as

diferenças fundamentais entre os construtos intraempreendedorismo, empreendedorismo corporativo e corporate venture, foram resgatados da literatura os principais conceitos sobre cada um dos temas em questão. No mesmo sentido, para identificação da estrutura intelectual subjacente a cada construto, recorreu-se a estratégia da análise bibliométrica das cocitações, o que permitiu a identificação dos clusters e das redes de cocitação, de acordo com a metodologia proposta por Van Eck e Waltman (2009; 2010).

A análise de cocitações é uma estratégia consolidada na literatura para identificação dos trabalhos de maior impacto em um campo de pesquisa (Small, 1973; Zitt e Bassecoulard, 1994; Ferreira et al., 2015). A fim de permitir a identificação dos artigos que estudam os construtos intraempreendedorismo, empreendedorismo corporativo e corporate venture de forma individualizada, ou seja, que não partem do pressuposto que os três termos sejam sinônimos e sirvam para identificar o mesmo fenômeno organizacional (por exemplo, Zahra, 1991 e Parker, 2011), adotou-se a estratégia de aplicação de filtros adicionais para realização da consulta à base WEB OF SCIENCE. Mais precisamente, foram realizadas três consultas, cada uma direcionada para localização de artigos que tratem de cada um dos construtos em questão, mas, ao mesmo templo, excluindo os demais. Por exemplo, a primeira consulta buscou localizar os artigos que tivessem em seu título, palavras-chave ou resumo o termo “intrapreneurship”, mas que simultaneamente não apresentassem os termos “corporate entrepreneurship” e “corporate venture”. Para tanto, foi utilizado o operador boleano “NOT”. Essa estratégia permitiu a geração de 3 bases de dados distintas, que foram exportadas diretamente da base WEB OF SCIENCE para o softwere VOSviewer, versão 1.6.3. Por meio desse instrumento foram construídos os mapas de cocitações, bem como

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foram identificados os respectivos clusters referentes às principais publicações de referência dos artigos selecionados, de acordo com método proposto por Van Eck e Waltman (2009; 2010). As próximas seções apresentam os resultados da adoção dessa estratégia, para cada tema abordado no presente estudo.

4.2.1 Intraempreendedorismo

A noção de intraempreendedorismo foi originalmente introduzido por Pinchot em um artigo publicado em 1983, tendo sido completamente desenvolvida dois anos depois, com a publicação de um livro que alcançou grande repercussão no mundo acadêmico (Pinchot, 1985). Para o autor, os intraempreendedores são “ ‘dreamers who do’; those who take hands-on responsibility for creating innovation of any kind within an organization; they may be the creators or inventors but are always the dreamers who figure out how to turn an idea into a profitable reality” (Pinchot, 1985. p. ix). Ou seja, fica claro que o autor direciona o foco de sua análise para o funcionário da empresa, bem como para seu comportamento. Outros autores se alinharam à visão de Pinchot (1983; 1985) e também ajustaram suas lentes de análise para os indivíduos. Por exemplo, Vesper (1984, p.295) define intraempreendedorismo como “employee initiative from below in the organization to undertake something new; an innovation which is created by subordinates without being asked, expected, or perhaps even given permission by higher management to do so”. Stevenson and Jarillo (1990, p.23) esclarece que intraempreendedorismo é “a process by which individuals … inside organizations pursue opportunities independent of the resources they currently control”. Já para Antoncic and Hisrich (2003, p.20) intraempreendedorismo é um conjunto de “emergent behavioural intentions and behaviours that are related to departures from the customary ways of doing business in existing organizations”.

Assim, a análise dos conceitos e dos trabalhos apresentados sugere que o intraempreendedorismo é um fenômeno relacionado com o comportamento dos funcionários de uma organização, especialmente como os fatores que influenciam positivamente e negativamente a realização efetiva da ação empreendedora, a partir das condições oferecidas pelas organizações. Essa visão está alinhada com as observações de Sharma e Chrisman (1999) e de De Jong e Wennekers (2008) que identificam que o foco do intraempreendedorismo está no indivíduo. No mesmo sentido, Amo (2006) esclarece que o intraempreendedorismo segue uma lógica botton-up, ou seja, relacionada com as iniciativas dos indivíduos dentro das organizações.

Dessa forma, com o objetivo de identificar as publicações de alto impacto que serviram de alicerce científico para os trabalhos selecionados neste estudo, especialmente para o tema intraempreendedorismo, foi traçada a rede de cocitações apresentada na figura 3.

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FIGURA 3 – INTRAEMPREENDEDORISMO - CLUSTERS E REDE DE COCITAÇÕES

Os trabalhos (artigos e livros) identificados pela rede de cocitações puderam ser agrupados em 3 clusters. A tabela 4 apresenta as 5 referências de maior relevância em cada cluster, definidas pelo critério de número de número de cocitações.

TABELA 4 – INTRAEMPREENDEDORISMO – REFERÊNCIAS MAIS CO-CITADAS

4.2.2 Empreendedorismo Corporativo

Desde a definição inicial de empreendedorismo corporativo feita por Westfall (1969), diversos pesquisadores realizaram esforços para definir claramente o construto. Sharma e

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Crisman (1999) compilaram uma série de definições até então já estabelecidas. Entre elas, é possível destacar a contribuição histórica de Burgelman (1983, p.1349), para quem “Corporate entrepreneurship refers to the process whereby the firms engage in diversification through internal development.”. Já para Chung e Gibbons (1997, p.14) “Corporate entrepreneurship is an organizational process for transforming individual ideas into collective actions through the management of uncertainties”. Jennings e Lumpkin (1989, p. 486) definem empreendedorismo corporativo como sendo “as the extent to which new products and/or new markets are developed. An organization is entrepreneurial if it develops a higher than average number of new products and/or new markets.” Mais recentemente, Sambrook e Roberts (2005, p.142) esclareceram que o empreendedorismo corporativo “can be defined as start-up entrepreneurship turned inward”.

É possível observar nas construções conceituais acima um esforço para direcionar a atenção dos pesquisadores para a empresa, ou seja, o nível de análise é a organização. Mesma percepção tiveram Sharma e Chrisman (1999) e De Jong e Wennekers (2008). Da mesma forma, Amo (2006) esclarece que o empreendedorismo corporativo é um processo top-down, ou seja, “a strategy that management can utilize to foster more iniciatives and/or improvement efforts from their workforces and organization”.

Dessa forma, com o objetivo de identificar as publicações de alto impacto que serviram de alicerce científico para os trabalhos selecionados neste estudo, especificamente para o tema empreendedorismo corporativo, foi desenhada a rede de cocitações apresentada na figura 4.

FIGURA 4 – EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO - CLUSTERS E REDE DE COCITAÇÕES

Os trabalhos (artigos e livros) identificados pela rede de cocitações puderam ser agrupados em 3 clusters. A tabela 5 apresenta as 5 referências de maior relevância em cada cluster, definidas pelo critério de número de número de cocitações.

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TABELA 5 – EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO – REFERÊNCIAS MAIS COCITADAS

4.2.3 Corporate Venture

Sharma e Crisman (1999) também reuniram uma série de definições sobre corporate

venture (ou corporate venturing). Entre elas destaca-se Biggadike (1979, p. 104), para quem corporate venture é definido como “as a business marketing a product or service that the parent company has not previously marketed and that requires the parent company to obtain new equipment or new people or new knowledge”. Block e MacMillan (1993, p.14) esclarecem que um projeto é uma “corporate venture when it (a) involves an activity new to the organization, (b) (1993) is initiated or conducted internally, (c) involves significantly higher risk of failure or large losses than the organization's base business, (d) is characterized by greater uncertainty than the base business, (e) will be managed separately at some time during its life, (f) is undertaken for the purpose of increasing sales, profit, productivity, or quality.”. Para Ellis e Taylor (1987, p. 528) “corporate venturing was postulated to pursue a strategy of unrelatedness to present activities, to adopt the structure of an independent unit and to involve a process of assembling and configuring novel resources”. Da mesma forma, Von Hippel (1977, p. 163) defende que “corporate venturing is an activity which seeks to generate new businesses for the corporation in which it resides through the establishment of external or internal corporate ventures”.

Assim, diferenciando-se do intraempreendedorismo e do empreendedorismo corporativo, cujas lentes de análise estão direcionadas, respectivamente, para o indivíduo e para a organização original, o corporate venture é um construto especificamente relacionado com novo negócio, projeto ou empreendimento, criado dentro ou fora dos limites

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organizacionais, mas sempre a partir de uma organização existente e de seus recursos disponíveis. Dessa forma, com o objetivo de identificar as publicações de alto impacto que serviram de alicerce científico para os trabalhos selecionados neste estudo, especificamente sobre o tema corporate venture, foi traçada a rede de cocitações apresentada na figura 5.

FIGURA 5 – CORPORATE VENTURE - CLUSTERS E REDE DE COCITAÇÕES

Os trabalhos (artigos e livros) identificados pela rede de cocitações puderam ser agrupados em 3 clusters. A tabela 6 apresenta as 5 referências de maior relevância em cada cluster, definidas pelo critério de número de número de cocitações.

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TABELA 6 – CORPORATE VENTURE – REFERÊNCIAS MAIS CO-CITADAS

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou apresentar as origens dos conceitos e a evolução dos estudos sobre intraempreendedorismo, empreendedorismo estratégico e corporate venture. Também buscou-se identificar os principais trabalhos de referência para cada construto e os agrupamentos a partir dos quais se reúnem os alicerces teóricos de cada construto. Para tanto, foram traçados mapas de cocitações e identificados os 3 cluster para cada construto. Assim, tendo em vista os resultados apresentados, considera-se que os objetivos desta investigação foram atingidos, especialmente a identificação de estruturas intelectuais específicas, subjacentes a cada fenômeno, o que sugere sua singularidade conceitual e a existência de relações de causa e efeito específicas e diferentes.

Os resultados indicam um crescimento exponencial do interesse de pesquisadores de várias partes do mundo, a partir do início dos anos 2000, sobre os temas intraempreendedorismo, empreendedorismo corporativo e corporate venture, notadamente dos Estados Unidos, Espanha e Reino Unido. As informações bibliométricas, obtidas a partir da mais importante base de dados internacional sobre a área (WEB OF SCIENCE), sugerem que os temas continuam atraindo a atenção da comunidade acadêmica, sem qualquer indicação de arrefecimento dessa tendência. Tópicos tradicionalmente associados na literatura com o empreendedorismo interno, como o desempenho organizacional, os comportamentos de gestores e empregados e a inovação, por exemplo, continuam motivando pesquisas em diversas partes do mundo (WADHWA; PHELPS; KOTHA, 2015; BERZIN; PITT-CATSOUPHES, 2015; KURATKO; HORNSBY; HAYTON, 2015; GARRET; COVIN, 2013; DAI; LIU, 2015; URBAN; WOOD, 2015). Entretanto, novos temas também estão

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atraindo a atenção dos pesquisadores, como as capacidades de TI e o empreendedorismo corporativo internacional (CHEN et al., 2015; WANG; CHUNG; LIM, 2015).

Contudo, a análise dos mapas de cocitações e dos clusters identificados sugere que os construtos empreendedorismo estratégico, intraempreendedorismo e corporate venture não representam o mesmo fenômeno relacionado ao empreendedorismo que floresce dentro de organizações já estabelecidas, conforme sugerem autores como Zahra (1991) e Parker (2011). Ao contrário, os resultados sugerem que os construtos se dedicam a capturar fenômenos relacionados, mas diferentes. Especialmente, percebe-se que a atenção dos pesquisadores que estudam o intraempreendedorismo em geral está direcionada para os indivíduos e seus comportamentos. Já o foco do estudo do empreendedorismo estratégico está direcionado para as organizações dentro das quais esses indivíduos atuaram de forma empreendedora. Por fim, estudos sobre o corporate venture em geral ajustam suas lentes de análise para os novos negócios e projetos, resultados das ações empreendedoras internas às organizações. Ou seja, os construtos relacionados são elementos que representam diferentes pontos de vista, mas cuja associação pode ampliar as fronteiras do conhecimento humano sobre o empreendedorismo que se manifesta dentro das fronteiras organizacionais.

Entretanto, é necessário reconhecer que o presente trabalho tem importantes limitações. Considera-se que a mais importante esteja relacionada com a estratégia de pesquisa adotada, com a utilização do operador boleano NOT. Isso pode ter causado a exclusão de importantes estudos sobre o tema. Além disso, todos os artigos analisados foram retirados de apenas uma base de dados. Apesar de o estudo ter se utilizado da mais relevante fonte de conhecimento para a área, existem outras importantes bases de dados. Também não foram contemplados trabalhos apresentados apenas em conferências, que podem ainda não ter sido publicados, devido ao seu ineditismo.

Finalmente, analisando os resultados do presente estudo sob uma perspectiva evolutiva, é possível sugerir que o intraempreendedorismo e o corporate venture são como ramificações que se desenvolveram (e continuam a se desenvolver) a partir de um corpo central de conhecimento, original e ainda mais robusto e vicejante: o empreendedorismo corporativo. Contudo, cada um dos três construtos, apesar de sua ligação original e convergência de propósitos, possui uma estrutura intelectual própria, composta por um conjunto de estudos próprios, que podem ser agrupados de forma diferente (clusters). A análise do conteúdo desses clusters e das diferenças entre eles, pode ser fonte de informações ainda mais específicas sobre cada fenômeno, revelando novas oportunidades de pesquisa. Tais como organismos que evoluem separadamente, a análise dos pontos de conexão desses clusters, ou seja, os trabalhos que pertencem ao mesmo tempo a um ou mais clusters (por exemplo, Dushnitsky; Lenox, 2005; Lumpkin; Dess,1996), podem motivar reflexões sobre as razões e implicações da existência dessas conexões. Por outro lado, investigar as características de cada cluster e dos trabalhos que pertencem exclusivamente a um agrupamento poderá fornecer insights sobre possibilidades que podem ser exploradas em outros clusters. Ou seja, o presente trabalho fornece aos investigadores iniciantes e a outros interessados no tema geral do empreendedorismo interno a oportunidade de conhecer as principais referências utilizadas nas pesquisas nas áreas e indicações para futuras investigações.

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