1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL -...

32
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO 8,5 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Andreia Cristina Pontaroulo Lindoino Email: [email protected] ORIENTADOR: Prof. Ilso Fernandes do Carmo ALTA FLORESTA/2012

Transcript of 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL -...

Page 1: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO

8,5

A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Andreia Cristina Pontaroulo Lindoino

Email: [email protected]

ORIENTADOR: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

ALTA FLORESTA/2012

Page 2: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Andreia Cristina Pontaroulo Lindoino

Email: [email protected]

ORIENTADOR: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Educação Infantil e Alfabetização”.

ALTA FLORESTA/2012

Page 3: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

Dedico a Deus, que me deu força em mais

uma batalha.

Page 4: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

AGRADECIMENTO

Agradeço a todas as pessoas que

participaram direta e indiretamente na

conclusão deste trabalho.

Page 5: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

RESUMO

Na presente pesquisa de cunho bibliográfico, tem-se como objetivo mostrar

a importância da literatura infantil e conscientizar o professor do enorme

compromisso que tem ao iniciar seus alunos na literatura. Através de autores como:

COELHO, ZILBERMAN, FRANTZ, ABRAMOVICH e outros, percebeu-se que a

literatura infantil nas práticas pedagógicas é um importante instrumento para se

obter uma boa aprendizagem, sendo que o professor precisa sensibilizar o aluno

para a literatura. Assim, não se pode negar que a literatura infantil, com seus contos

clássicos, poesias e lendas, é uma grande aliada do educador no processo de

socialização e aprendizagem do aluno, e que deve estar presente na rotina diária da

escola, pois é um momento mágico, que permite não só à criança, mas também ao

professor voar para longe nas páginas de um livro.

Palavras Chave: Literatura Infantil, Contos, Poesias, Lendas.

Page 6: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................06

1 LITERATURA INFANTIL NO BRASIL...................................................................08

1.1 HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTIL.............................................................09

1.2 AS RELAÇÕES LEITOR, TEXTO E MUNDO.....................................................10

2 A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.........................................................12

2.1 A NATUREZA DO TEXTO LITERÁRIO...............................................................12

2.2 A LITERATURA INFANTIL CLÁSSICA: OS CONTOS DE FADAS.....................13

2.3 POESIA PARA CRIANÇAS .................................................................................14

2.4 FOLCLORE: PRIMEIROS PASSOS LITERÁRIOS .............................................14

2.5 A LITERATURA INFANTIL DE MONTEIRO LOBATO.........................................16

3 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO..................19

3.1 A IMPORTÂNCIA DE OUVIR E CONTAR HISTÓRIAS......................................21

3.2 O HUMOR NA LITERATURA INFANTIL............................................................ 22

3.3 SE INTEIRANDO DE VERDADES............................................................ .........22

4 LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA..................................................................24

4.1 HÁBITOS DE LEITURA E A BIBLIOTECA NA ESCOLA....................................27

CONCLUSÃO............................................................................................................29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................31

Page 7: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

INTRODUÇÃO

A principal função da escola hoje é formar leitores. Todas as suas propostas

pedagógicas são unânimes em afirmar que querem uma educação transformadora,

criativa e libertadora.

Assim, para abrir os caminhos que dão acesso ao mundo da literatura e tudo

que ela pode proporcionar, a literatura infantil, é a chave mágica, pois apresenta um

caráter lúdico, mágico, é o caminho natural.

O presente trabalho foi desenvolvido através de fontes bibliográficas, com o

objetivo de mostrar a importância da literatura infantil e conscientizar o professor do

enorme compromisso que tem ao iniciar seus alunos na literatura. A apresentação

do trabalho foi disposta em capítulos que explanam sobre a importância da literatura

nas séries iniciais.

No primeiro capítulo apresenta-se o histórico da literatura infantil discorrendo

sobre os primórdios até os dias atuais. Apresenta também a literatura infantil no

Brasil, bem como o primeiro autor da literatura infantil.

No segundo capítulo apresenta-se a literatura nas séries inicias, a natureza

do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de fadas, poesia para

crianças e folclore: primeiros passos literários.

No terceiro capítulo apresenta-se a importância da literatura na formação do

sujeito explanando também sobre a importância de ouvir e contar histórias. No

quarto capítulo discorre-se a literatura infantil na escola, como também, o hábito de

leitura e a biblioteca na escola.

Deseja-se que este trabalho aponte alguns enfoques que venham a

contribuir para que educadores de uma forma geral reflitam sobre suas práticas, pois

a Literatura Infantil só tem a acrescentar nas séries iniciais.

É na escola que a literatura tem o poder de construir para a criança, um elo

lúdico entre o mundo da imaginação, dos símbolos subjetivos e o mundo da escrita,

dos signos convencionalizados e impostos pela cultura. A partir do momento em que

a criança passa a ter acesso ao mundo da leitura, ela passa a buscar novos textos

literários, novas descobertas, ampliação de compreensão de si e do mundo, do

Page 8: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

desenvolvimento pessoal e do mundo que a cerca, pois o momento de ouvir ou

inventar uma história representa um dos momentos mais significativos para a criança

e para as atividades pedagógicas, porque proporciona um momento mágico para ela

com um valor educativo sem igual.

07

Page 9: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

1 LITERATURA INFANTIL NO BRASIL

Somente no início do Século XX começa a reação a este estado de

dominação cultural (a dominação da educação por estrangeiros, pelos educadores

europeus). E cada vez mais autores passam a se dedicar a literatura infantil, dentre

esses autores consagrados na literatura adulta como José de Alencar e Olavo Bilac.

Este último enfocando principalmente as virtudes cívicas em seu papel de educador.

Suas obras “visavam em primeiro lugar informar, transmitir conhecimentos e

comportamentos exemplares segundo os valores da ideologia dominante.”

(SANDRONI; MACHADO, 1987, p. 55)

A primeira manifestação literária infantil no Brasil, segundo SANDRONI e

MACHADO (1987), surgiu com o educador europeu, Carl Jansen, que atuando como

mestre no colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, traduziu e adaptou clássicos

para a juventude como: As mil e uma noites, Dom Quixote, Robson Crusoé, entre

outros.

O fato de a educação ser dominada por estrangeiros, , segundo SANDRONI

e MACHADO (1987), contribuiu bastante para o atraso na produção de livros infantis

brasileiros: a principal fonte de demanda, a educação via-se suprida por livros

originários dos países dos mestres.

O maior escritor de Literatura Infantil no Brasil, segundo, segundo

SANDRONI e MACHADO (1987), foi Monteiro Lobato despertando o imaginário

infantil com a criação de um mundo de fantasia que agradava até os adultos.

Revoluciona a literatura infantil brasileira, introduzindo uma série de novos

elementos, tanto formal quanto em conteúdo, é o precursor de uma literatura infantil

crítica. Seu melhor trabalho foi no sítio do Pica-pau Amarelo. Para SANDRONI e

MACHADO (1987), o diferencial de Monteiro Lobato foi a forma sutil de trabalhar o

certo e o errado, por exemplo, a figura da „Emília” em Sítio do Pica-pau Amarelo,

que desmistifica uma série de pseudoverdades, se procurando em debater temas

públicos, normalmente circunscritos ao mundo adulto, de forma a serem facilmente

apreendidos pelas crianças, ajudando na formação do caráter, sem deixar de incitar

o imaginário, a curiosidade infantil e a delicadeza do sonho que toda criança adora.

Page 10: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

Monteiro Lobato, segundo SANDRONI e MACHADO (1987), utiliza o humor

e também o folclore brasileiro com um trabalho em, cima da relação fantasia e

realidade utilizando uma linguagem coloquial bem característica da infância.

1.1 HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTIL

Ao iniciar o estudo da literatura infantil e sua prática na escola precisa-se

buscar no passado subsídios que nos dão o entendimento do presente para projetar-

se o futuro. O que é ser criança hoje é diferente do passado. Tal compreensão

possibilita ver como e onde podem ocorrer mudanças necessárias para o presente.

O conceito de infância começa a surgir, na Europa entre os séculos XVII e XVIII,

com ascensão da burguesia quando passa a ver a criança como o futuro da nação

(ZILBERMANN, 1985).

Antes, a criança era ignorada pela sociedade dos adultos, não havendo

nenhuma atenção ou cuidados específicos para com ela, era visto como um adulto

em miniatura, podendo desta maneira participar das atividades apropriadas aos

adultos; eram elas: esportivas ou intelectuais, não existia leitura destinada somente

a criança, já que, esta perante a sociedade não tinha características próprias da

infância, a educação atribuída a criança era a mesma oferecida ao adulto. A única

educação diferenciada, era a educação dos filhos da nobreza e os filhos da classe

desprivilegiada, os pequenos nobres deliciavam-se na leitura em grande clássicos; já

os filhos dos pobres, a esses lhe restavam ouvir histórias de cavalaria, heróis

desconhecidos, lendas ou contos, que eram contadas e recontadas oralmente pelo

povo, essas histórias tinham como características uma linguagem simples formando

assim as primeiras literaturas de Cordel.

Surge então uma nova noção de família, centrada não na relação de

parentesco, mas no núcleo familiar preocupado em manter uma privacidade

impedindo a intervenção de parentes em seu negócio interno e estimula o afeto

entre os seus membros. (ZILBERMANN, 1985)

Com o declínio do Feudalismo, segundo ZILBERMANN (1985), surge, na

Europa, grandes transformações sociais e econômicas em que a classe burguesa

buscava espaço social e estabilidade por meio da intelectualizarão. A educação é

reorganizada, surge a concepção de infância baseado na ideia cristã de inocência e

09

Page 11: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

a literatura infantil floresce, igualmente com a dominação do jovem e o controle do

que aprender para formar o adulto que a sociedade almejava, assim a literatura

infantil assume um caratê pedagógico, para transmitir normas que influenciam na

formação moral dos futuros adultos. Com isso a pedagogia assume a criação da

literatura infantil, e o desenvolvimento intelectual da criança e alimenta a ideologia

da classe dominante. “O livro passa a ser o elo da criança com o mundo, um espelho

da realidade que não a reflete direito; antes disso, retrata a realidade de forma

obtusa, superficial e maniqueísta”. (GABRIEL, 2003, p. 45)

1.2 AS RELAÇÕES LEITOR, TEXTO E MUNDO

A partir do que ensina FREIRE (1986), vê-se quê a leitura do mundo se faz

na vivência, no dia a dia. Pode-se, porém, viver diferentes experiências sem que se

consiga apreender seus diversos significados, a abrangência de suas implicações,

ou seja, sem que se estabeleçam as relações entre as experiências de vida do leitor

e o todo maior de que essas fazem parte. Dessa forma, a leitura de mundo de que

fala FREIRE (1986), fica prejudicada. A limitação da visão de mundo do sujeito

impede, também, um desempenho mais satisfatório nas suas relações interpessoais,

bem como uma atuação mais significativa na transformação social.

Por outro lado, aprende-se também que a partir da leitura da palavra pode-

se ampliar e aprofundar a leitura de mundo. É essa dialética entre palavra e mundo

que se deve preocupar enquanto educadores. Dentro dessa perspectiva, segundo

FLORES (1988), a leitura assume um papel relevante à medida que pode se tomar

a principal intermediária entre o leitor e o mundo.

Todo texto possui uma intenção e através dele o autor “busca atingir

determinados objetivos, sendo esse o instrumento mediante o qual atua sobre a

realidade, criando e modificando situações”. (FLORES, 1988, p. 5)

Ao dizer a sua palavra o escritor escolhe a forma que julga mais adequada

para dizer o que quer e atingir o seu leitor de maneira mais eficaz. "O tipo de

interação estabelecida se traduz na seleção de um registro, com marcas típicas em

todos os níveis estruturais de análise fonética, sintática, semântica e pragmática"

(FLORES,1988, p. 6). Consequentemente, a partir da determinação do seu autor

tem-se diferentes tipos de textos, com diferentes intenções, e que precisam ser

10

Page 12: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

conhecidos a fim de que fique mais clara a relação leitor, texto e mundo de que se

fala. Assim, a partir do desvelamento das intenções escondidas (ou manifestas) nas

diferentes formas de texto, estará proporcionando ao leitor um instrumento valioso

para ampliar e aprofundar a sua leitura de mundo por meio da leitura da palavra.

Os especialistas da língua, segundo FLORES (1988), têm se utilizado das

mais variadas formas para classificar os diferentes tipos de texto. Bastante interes-

sante é a tipologia apresentada por professores da Faculdade Porto Alegre, FAPA,

que divide os textos em: informativos, persuasivos e literários. Essa tipologia tem

como referência a relação autor, texto e leitor e se define a partir dos objetivos

perseguidos pelo seu autor, objetivos esses que, por sua vez, irão definir a escolha

de determinado tipo de texto.

Acredita-se que é muito importante para o aluno a convivência com os mais

variados tipos de texto, pois cada um revelará ao leitor uma faceta diferente da

relação texto - mundo. Entretanto, para o aluno das séries iniciais é a leitura do texto

literário a que deve predominar sobre as demais, por ser esse o texto que maiores

afinidades tem com o leitor infantil, por ser um texto que envolve o leitor por inteiro,

apelando para as suas emoções, a sua fantasia, o seu intelecto, e por apresentar o

mundo a partir de uma perspectiva lúdico estética, aspecto esse que não se pode

desconsiderar, principalmente se tratando do leitor criança.

Isso é possível graças à natureza da literatura e de sua linguagem ambígua,

simbólica, carregada de sentidos, aberta o suficiente para permitir ao seu leitor o

máximo de liberdade para fazer a sua leitura.

11

Page 13: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

2 A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A principal função da escola hoje é formar leitores. Todas as propostas

pedagógicas das escolas são unânimes em afirmar que querem uma educação

transformadora criativa e libertadora. A escola sabe que tipo de educação quer fazer,

mas muitas vezes não sabe como fazer. A melhora na qualidade de ensino que

tanto se busca só vai ser alcançada quando a escola formar de fato, leitores.

A literatura infantil é também ludismo, é fantasia, é questionamento, e dessa forma consegue ajudar a encontrar respostas para as inúmeras indagações do mundo infantil, enriquecendo no leitor a capacidade de percepção das coisas (FRANTZ, 2001, p. 54).

O professor deverá ter o cuidado de fazer das experiências de leitura algo

que seja prazeroso para os alunos, gratificante. As crianças das fases iniciais vivem

a fase do pensamento mágico e lúdico. Elas utilizam as brincadeiras, a fantasia para

construir os seus conhecimentos, explorando e conhecendo assim sua realidade.

2.1 A NATUREZA DO TEXTO LITERÁRIO

A obra literária, segundo FRANTZ (2001), é um objeto social, o que equivale

dizer que sua existência supõe no mínimo um autor e um leitor, onde o processo de

inteiração se constitui o sentido do texto, onde é de fundamental importância a

participação do leitor.

Por sua natureza, é a literatura que tem a mais rica, eficaz e gratificante

contribuição a dar na busca do objetivo da formação do sujeito. Os textos, segundo

FRANTZ (2001) adquirem uma função única, aliando-se à informação e ao prazer do

jogo, envolvem a razão e emoções numa atividade integrativa, conquistando o leitor.

O campo da literatura é o mais amplo possível, pois esta voltada para o

conhecimento do mundo e do ser, por meio da ficção e da realidade.

O que pode ser observado é que quanto maior for o valor literário de um

texto, menores serão as delimitações de faixa etária. A literatura infantil é toda a

literatura que pode ser lida também pelo adulto. Não se pode esquecer que, assim

como a criança, a literatura é também um jogo, fantasia, beleza e emoção.

Os interesses de leitura das crianças e dos jovens variam de acordo com a

idade, sexo, escolaridade, elas se encontram em algumas fases: as idades dos livros

de gravuras dos contos de fadas, histórias ambientais, histórias de aventura. O

Page 14: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

interesse se modifica. O que se deve exigir na literatura infantil é que ela seja de fato

literatura. Por ser infantil, não significa que deva ser uma produção menor, de

qualidade inferior.

[...] os critérios que permitem o discernimento entre o bom e o mal texto para crianças não destoam daqueles que distinguem a qualidade de qualquer outra modalidade de criação literária. Seu aspecto inovador merece destaque, na medida em que é o ponto de partida para a revelação de uma visão original da realidade, atraindo seu beneficiário para o mundo com o qual convivia diariamente, mas que desconhecia. Neste sentido, o índice de renovação de uma obra ficcional esta na ração direta de sua oferta de conhecimento de uma circunstância da qual de algum modo o leitor faz parte (FRANTZ, 2001, p. 58).

A função do educador não é apenas a de ensinar a ler, mas a de dar

condições para o aluno realizar a sua própria aprendizagem, conforme seus

interesses, fantasias e dúvidas. O professor estimula seu aluno através de diversos

recursos ou técnicas.

2.2 A LITERATURA INFANTIL CLÁSSICA: OS CONTOS DE FADAS

Os contos não perdem a sua atualidade porque tratam da essência humana,

que é a mesma desde que o homem existe. Falam de coisas profundas, essenciais,

que habitam dentro de cada um, falam de medos, sonhos, desejos, esperanças, os

mesmos sentimentos que inquietam as crianças e os jovens de hoje. É importante

que o professor, ao selecionar esses contos, dê preferência ao texto integral,

traduzido do original, sem adaptações.

Quando as crianças já tiverem ouvido e lido vários desses contos tradicionais, o professor selecionará outros contos contemporâneos baseados naqueles antigos. Como exemplo pode-se citar A Verdadeira História de Chapeuzinho Vermelho e Chapeuzinho Amarelo. Depois de ler essas histórias o professor chamará a atenção das crianças para as semelhanças e diferenças desses em relação às tradicionais, de maneira a fazê-las perceber que o autor serviu-se de texto antigo, porém introduzindo elementos novos característicos de nossa época e que atualizam o significado daqueles contos ou simplesmente mudam a proposta de leitura original. (FRANTZ, 2001, p.70).

Ele deve estimular as crianças para que busquem e leiam também outros

contos. A literatura infantil de hoje é muito rica, muito variada. A maior preocupação

é no auxílio dos educadores para que saibam se orientar em meio a tantos livros. É

preciso saber avaliar esse material para saber escolher uma boa literatura para

oferecer aos alunos, esse passo é de grande importância para o sucesso do

trabalho com a leitura.

13

Page 15: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

2.3 POESIA PARA CRIANÇAS

A poesia é um gênero literário que sofre os maiores preconceitos editoriais.

Tem quem ache que a poesia infantil tem que ser moralizada, falar de costumes, de

como organizar o dia-a-dia, descrever bons hábitos; ou tem que ser pequenininha,

bobinha, que deve contar como as plantinhas crescem como a chuvinha. Toda a

poesia tem que ter uma surpresa, se não tiver não é poesia. Há poetas que brincam

com s palavras de uma maneira que as crianças gostam de ouvir e ler. Há também

outros, que sabem usar o anagrama (palavra ou frase obtida pela mudança de

posição de letras de outras palavras ou frases). (ABRAMOVICH, 1989).

As rimas são outros recursos da poesia, são muito gostosas de ler e ouvir

quando bem escolhidas. Não podem ser regras postas sem nenhum critério, pois há

regra dentro da poesia que as definem, podendo ser rimando, a primeira e a

segunda linha, intercaladas, dependendo do tipo de versificação em cada poeta

escolher para utilizar em cada poema que faz.

O fato de a rima ser simpática e lúdica não significa que seja obrigatória e que não existem versos livres. É buscar o fácil, o rápido, o que resulta numa grande bobagem, sem significado algum. E isso não é trabalhar com as palavras, não é rabiscar mil vezes até conseguir, a surpresa nas rimas, o efeito mágico é belo (ABRAMOVICH, 1989, p. 47).

O ritmo, segundo ABRAMOVICH (1989), é outra marca da poesia, é o que

possibilita o acompanhamento musical ao que é lido ou ouvido. Um soneto ou uma

trova podem ser tão válidos e belos quanto um poema concreto. O que vale é a boa

escolha para serem lidos. Há também as poesias narrativas, contadas sob a forma

de versos. Há uma variedade de poesias para adultos, onde se encontram muitos

escritos bonitos e estimulantes que as crianças gostariam de ouvir.

Se o professor for ler um poema para a classe ele deve conhecê-lo bem, que

o tenha lido várias vezes antes, que o tenha sentido, percebido, saboreado, para

que passe a emoção verdadeira, o ritmo, que faça pausas para que cada criança

possa descobrir cada estrofe, cada mudança.

2.4 FOLCLORE: PRIMEIROS PASSOS LITERÁRIOS

O primeiro contato com a linguagem poética se dá muito cedo, já nos

primeiros dias de vida. Ele acontece suavemente, numa voz afinada ou não, mas

14

Page 16: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

carregada de emoção e carinho: Boi, boi, boi, boi da cara preta. E a cantiga de ninar

embala, acalma e em contato com a mãe o bebê adormece tranqüilo.

O tempo vai passando e então surge o Dedo minguinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo, mata piolho. E o piolhinho vai por aqui, por aqui, e enquanto se brinca com a linguagem as mãos da mãe vão fazendo coceguinha e provocando o riso gostoso. "Cadê o toucinho daqui? O gato comeu" E assim, as parlendas, as mnemônias passam também a integrar o nosso cotidiano. (COELHO, 1987, p. 52).

E como é gostoso perceber o ritmo, a melodia, a rima, as imagens singelas

do pequeno poema. E que vitória, que emoção quando se consegue memorizar o

"versinho", como se diz popularmente, e arrancar os aplausos orgulhosos dos

familiares.

E num certo dia, assim de repente, descobre-se com o maior entusiasmo as

primeiras adivinhas: "O que é, o que é que tem bico e não bica, tem asas e não

voa”? (COELHO, 1987, p. 52). São pequenas charadas ou grandes enigmas que

desafiam e deliciam. Jogam com a ambigüidade da linguagem, exigem atenção,

raciocínio e divertem. É um jogo de esconder/camuflar os sentidos para depois

descobri-los. E aí vem a surpresa e com ela a alegria, a beleza, a magia da

linguagem.

Depois, é a vez da linguagem se tornar movimento, melodia e mão na mão

girar e cantar: "Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar “(...) Música e movimento

nos dão asas, nos soltam no espaço, no tempo (...) e no mundo da imaginação: "Se

essa rua, se essa rua fosse minha (...).” (COELHO, 1987, p. 53).

Aos poucos, essas brincadeiras com a linguagem ficam mais complicadas e,

exigindo um esforço maior, nos desafiam a falar sem enrolar a língua: "Num ninho

de mafagafos há sete mafagafinhos (...)." (COELHO, 1987, p. 53). A cada desafio

vencido, uma nova alegria, maior confiança e maior intimidade com os sons da

nossa língua.

Com o passar do tempo, um conto vai tomando o lugar da cantiga de ninar

para encantar e relaxar a criança na espera do sono. São contos de fadas, contos

maravilhosos, lendas, fábulas, mitos. E, assim, através da voz materna (maioria das

vezes) essa herança cultural vai sendo transmitida de geração a geração. O contato

físico, o carinho, o texto folclórico criam um elo afetivo muito forte entre a criança e o

adulto e isso estará sempre associado a momentos de ludismo, prazer, emoção e

carinho que essas vivências proporcionaram. Esses textos irão se alternando com

15

Page 17: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

outros textos que continuarão alimentando nossa fantasia, mexendo com nossas

emoções e nos mostrando o mundo, a vida de uma forma lúdica, mágica e

emocionada.

Essa vivência do folclore, tem na família, na comunidade, um espaço

privilegiado. É um conhecimento que a criança traz na sua bagagem cultural quando

chega à escola. É a cultura viva do seu grupo social. Cabe à escola dar continuidade

e ampliar essas vivências.

Sabe-se que a palavra folclore possui uma ampla abrangência e que

envolve, literatura oral, brinquedos infantis, brincadeiras infantis, trabalhos artísticos

(trabalhos com argila, sementes, sucata) e festas infantis.

Este riquíssimo material está ao alcance de todos nós e acredita-se que eles

têm uma importante contribuição a dar no processo ensino aprendizagem na

educação infantil e nas séries iniciais, principalmente.

Professores e alunos encontrarão no material folclórico uma fonte riquíssima de conhecimento, de ludismo, fantasiam, emoção e poesia que oportunizarão uma maior aproximação com nossas raízes culturais. (COELHO, 1987, p. 55).

Considera-se também que, nas famílias, os pais dispõem cada vez de

menos tempo para transmitirem esta herança cultural aos seus filhos. O novo ritmo

de vida imposta aos pais trabalhadores deixa muito pouco tempo para dedicar a esta

experiência. Os brinquedos eletrônicos prontos nada mais reservam à criança do

que observá-los em funcionamento. As brincadeiras de roda são substituídas por

danças de grupos da moda. À noite; ao invés da história lida na cama, a criança

adormece no sofá em frente à televisão, assistindo à novela. Os próprios pais da

geração mais jovem já pouco sabem do folclore. Em função disso, este espaço cada

vez mais reduzido na família precisa ser compensado com um espaço cada vez

maior na escola, para assegurar a continuidade junto às futuras gerações de toda

essa riqueza que herdou-se dos antepassados. Isso, com certeza, ainda é muito

válido nos dias de hoje. Especialmente no que se refere à literatura esse primeiro

contato lúdico, prazeroso, gratuito com a linguagem é fundamental para iniciar a

criança na linguagem lúdica, mágica, poética da Literatura.

2.5 A LITERATURA INFANTIL DE MONTEIRO LOBATO

16

Page 18: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

Monteiro Lobato, segundo FRANTZ (2001), foi o pioneiro, o primeiro que

escreveu para as crianças brasileiras histórias com qualidades literárias. Os seus

personagens são curiosos, inquietos, leitores sempre bem informados, cultos. É uma

literatura nova, que propõe ao seu leitor uma reflexão sobre a realidade que a cerca,

a fim de capacitá-lo a uma ação mais eficaz. Há sempre uma preocupação dos

professores em relação ao que fazer depois de lido o livro. Em primeiro lugar é

sempre bom lembra que uma literatura tem valor em si mesmo.

Monteiro Lobato (1882-1948) começa escrevendo para adultos. Com Urpês (livros de contos) é apontado como um dos maiores escritores brasileiros. Em 1921 publica A Menina do Narizinho Arrebitado, obra que inaugura a literatura infantil brasileira. (FRANTZ, 2001, p.75)

Homem inteligente, dinâmico, batalhador, atua em diversas áreas, tendo sido

inclusive adido comercial nos Estados Unidos (1927). Regressa daquele país cheio

de entusiasmo pelo progresso e pelo desenvolvimento americano, mas sente-se

incompreendido pela sociedade (foi preso durante o governo de Vargas) e desilude-

se amargamente com o mundo adulto. Dá-se conta, então, que para transformar a

sociedade era preciso investir na formação da criança e se atira de corpo e alma a

essa tarefa. “Começa, assim, a escrever para as crianças e imprime novos rumos à

literatura que era dirigida a elas.” (FRANTZ, 2001, 75).

Mais perigoso do que não propor nada é propor atividades maçantes e

repetitivas depois de cada leitura. Mas também é valido ampliar o prazer que uma

leitura dá e aprofundar a sua compreensão desenvolvendo atividades que explorem

aqueles aspectos mais marcantes do texto.

Antigamente a poesia que se dava às crianças na escola não fugia à regra

que dominava a literatura feita para elas, era uma visão utilitária da literatura e da

poesia. Assim, toda aquela ludicidade, sonoridade, beleza que caracterizava a

primeira experiência poética trazida de casa era esquecida. O poema se tornava

assunto sem graça e sem poesia.

Hoje esse conceito de poesia está superado para a alegria e felicidade de

todos. A poesia fala de coisas do mundo infantil sem preconceitos, sem querer

nenhuma outra intenção que não seja brincar com as palavras e mostrar o mundo

por meio de uma linguagem lúcida e poética.

Acredita-se que a criança deva começar lendo, vivenciando em grande

número de poemas de diferentes formas e de diferentes autores.

17

Page 19: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

A iniciação poética infantil começa em casa com a mãe cantando cantigas de ninar para o bebê dormir. Depois vêm as parlendas, as quadrilhas, as cantigas de roda, as adivinhas, os trava-línguas que são passados oralmente de geração a geração. È por isso que se diz que „a poesia é a linguagem materna da humanidade‟ (Cassirer). (FRANTZ, 2001, p.80)

Muitos são autores que se destacam na poesia infantil e cujo trabalho é

muito reconhecido. A professora poderá escolher poemas e ter a criatividade para

trabalhar com as crianças explorando seus conhecimentos.

18

Page 20: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

3 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO

Acredita-se que uma educação transformadora e humanizante passa

necessariamente pela prática da leitura e tem nela seu objetivo maior. Acredita-se

ainda que, por sua natureza, é a literatura que tem a mais rica, eficaz e gratificante

contribuição a dar na busca desse objetivo. Os textos literários, conforme explica

BORDINI (1985, p. 27),

adquirem no cenário educacional, uma função única, singular: aliam à informação o prazer do jogo, envolvem razão e emoções numa atividade integrativa, conquistando o leitor por inteiro e não apenas na sua esfera cognitiva.

O campo da literatura é o mais amplo possível, pois ela está voltada para o

conhecimento do mundo e do ser. Por meio da sua capacidade de sintetizar e

condensar a realidade por meio dos recursos da ficção, a leitura faz com que o leitor

se reconheça e se descubra na observação de outras vidas, de outras realidades,

que possuem muitos pontos que se aproximam e ao mesmo tempo se diferenciam

da sua própria vida, de suas experiências cotidianas. A literatura mostra o mundo

por dentro, pois a ela o que interessa "não é apenas o fato sobre o qual se escreve,

mas as formas de o homem pensar e sentir esse fato que o identifica com outros

homens de tempos e lugares diversos." (AGUIAR, 1988, p. 14). Em virtude disso

pode-se afirmar que a literatura como leitura é a mais rica, a mais completa e a mais

gratificante para o seu leitor.

Ao considerar o leitor infantil, principal objeto neste estudo, vê-se então que

aqui a literatura desempenha um papel fundamental, decisivo e intransferível. Consi-

derando que é por meio da fantasia, da imaginação, da emoção e do ludismo que a

criança apreende a sua realidade, atribuindo-lhe um significado, vê-se que o mundo

da arte é o que mais se aproxima do universo infantil, à medida que ambos falam a

mesma linguagem simbólica e criativa. O mundo para ambos é do tamanho da

fantasia e alcança até onde vai a imaginação criadora da criança e do artista.

A pergunta “O que é literatura?” tem suscitado desde a antiguidade as mais

variadas tentativas de respostas. Essas, segundo CUNHA (1985), vão desde uma

concepção de literatura como simples forma de deleite sem maiores conseqüências,

até uma concepção de literatura como documento fiel da realidade. Quando se trata

então de responder à mesma pergunta, acrescentando-lhe o adjetivo "infantil", as

Page 21: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

respostas podem ser ainda mais controvertidas. Existe uma literatura estritamente

infantil? Acreditam alguns até mesmo que haja uma oposição quase que natural e

inconciliável no binômio literário infantil. Na verdade o que se observa é que quanto

maior for o valor literário de um texto, menores serão as delimitações de faixa etária.

Um bom livro dito para crianças pode ser lido com o mesmo gosto e proveito

também por adultos. “Veja-se como exemplo: Lygia Bojunga Nunes (A Bolsa

Amarela), Bartolomeu Campos Queirós (Onde Tem Bruxa um Fada), Ziraldo (A Bela

Borboleta) e Ruth Rocha (O Que os Olhos Não Vêem), dentre muitos outros”

(CUNHA, 1985, p. 23).

O que há, portanto, é apenas literatura, isto é, arte literária. Isso leva a

concluir que literatura infantil é toda a literatura que pode ser lida também pela

criança

Na realidade, toda obra literária para crianças pode ser lida (e reconhecida como obra de arte, embora eventualmente não agrade, como ocorre com qualquer obra) pelo adulto: ela é também para crianças. A literatura para adultos, ao contrário, só serve a eles. É, portanto, menos abrangente do que a infantil (CUNHA, 1985, p. 24).

Acontece, todavia, que com a autodenominação de literatura para crianças,

muitos livros sem nenhum valor literário têm sido publicados.

Estes, no entanto, não passam de simples livrinhos de histórias na maioria das vezes infantilóides, sendo que o único aspecto que possuem em comum com a literatura é o uso do código lingüístico. (WORNICOV, 1986, p. 6).

Pode-se verificar que sempre, quando o substantivo "literatura" é

subordinado pelo adjetivo "infantil", tem-se cometido, ao longo dos tempos, sérios

equívocos. O maior deles é a sua preocupação pedagógica, que acaba por reduzi-lo

à condição de mero subsidiário da educação formal, relegando-o à simples condição

de livro paradidático. Espera-se, nesse caso, que a criança lendo aprenda a

escrever corretamente, a partir da internalização das estruturas da língua, ao mesmo

tempo em que se aproveita para lhe passar ensinamentos morais de toda ordem.

Outros textos menos pretensiosos pecam pelo lugar comum, pelo linguajar

infantilóide, pelo simplismo, numa total demonstração de descrédito na capacidade

da criança. Na maioria das vezes esses textos, convencidos de que a criança é um

ser deficiente e que precisa ser introduzido nos valores do mundo adulto, carregam

suas páginas de moralismo, pretendendo indicar à criança a maneira mais correta de

ser. Nesse caso, o que se mostra à criança é um universo fechado, de valores

20

Page 22: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

absolutos e inquestionáveis, em que a submissão, a obediência é a única forma

possível de relacionamento dela com o mundo.

3.1 A IMPORTÂNCIA DE OUVIR E CONTAR HISTÓRIAS

As histórias contadas ou ouvidas é uma terapia tanto para quem conta como

para quem ouve. “Dizem que contar histórias é um ato de amor (...) Alimento puro

para nossas almas. Inspiração para nossa criação.” (STEFANI, 1997: 22).

Às vezes se tem resultado rápido após contar um conto, através de

comentários. Mas normalmente não se sabe o que acontece com ela depois de

contada, porque cada um fará dela o que quis ás vezes as crianças se recordam de

histórias contadas uma só vez.

A arte de contar história depende de cada contador. Mas algumas técnicas podem melhorar: Usar as ilustrações do próprio livro; Alterar o som da voz ao contar; Contar histórias que você tenha gostado; Histórias diferentes, engraçadas, de aventuras, de fadas. (STEFANI, 1997, p. 23).

Através da história se desenvolve o gosto pela leitura. Quando se dá

continuidade ao trabalho do conto através de dramatizações, desenhos,

construções, escritas a se produzir.

Além de a criança viajar no mundo oferecido pela história, ela poderá

elaborar e expressar sentimentos e pensamentos a partir desse momento. Pode-se

enriquecer muito esse trabalho através da contextualização do conto, mas isso

depende da idade e do interesse despertado na criança através do mesmo.

Contam-se histórias para os menores para distraí-los, muitas vezes sem

importância. Na verdade essa é uma atividade para a alma, comparável ao oxigênio

para o corpo.

O gosto pela poesia é despertado na criança quando nasce através da

cantiga de ninar que ouve num ato de amor e aconchego. È importante que a

escola, segundo STEFANI (1997), dê continuidade a essas descobertas lúdicas com

palavras, sons, e ritmos. Um adulto que lê poemas para criança esta estimulando a

gostar de poesias. Os próprios pais se acreditassem, o quanto é importante contar

histórias, dedicaria mais tempo para isso. Às vezes um momento desses teria mais

valor para as crianças do que certos tipos de brinquedos.

21

Page 23: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

3.2 O HUMOR NA LITERATURA INFANTIL

Há livros onde o autor parte para uma idéia engraçada, divertida. Há livros

que contam histórias alegres que fazem as crianças sorrirem e gostarem das

leituras. Alguns autores mostram o modo irônico, gozado, quem disse que bruxa não

tem rotina doméstica, que não se cansa ou não se aborrece com os tumultos de um

dia nada favorável. Também mostra a irritação, o mau humor a raiva.

Ao descrever o Borororo, por exemplo, vai falando dos ímpetos assassinos que alguns seres provocam, pelo tanto que irritam os que com eles tem que conviver, mesmo que por pouco tempo. O Borororo é uma espécie muito mixa, não tem nada, é apenas uma coisinha redonda e pelada, com dois olhos saltados da testa. Ele é um tipo de desenho horroroso, o que também faz parte dos livros, mostrar o que é bom, ruim, bonito, feio, o que é assustador e o que é alegre. (ABRAMOVICH, 1989, p. 45)

Existem autores com humor na nossa literatura infantil e juvenil, outros

demonstram capacidade de fazer rir, se divertir perante um acontecimento; outros

tem idéias melhores, com mais divertimentos e com coisas mais engraçadas. O

humor não é contar piada, fazer graça ou um comentário boboca, é muito mais que

completa é apaixonante. A expressão mais completa do prazer de viver e a

compreensão mais inteligente do saber viver, para valer realmente a pena.

3.3 SE INTEIRANDO DE VERDADES

Querer saber de todo o processo que acontece do nascimento até a morte,

faz parte da curiosidade natural da criança. A criança, dependendo de seu momento,

de sua experiência, de sua vivência, de suas dúvidas, pode estar interessada em ler

sobre qualquer assunto. A questão, segundo ABRAMOVICH (1989), é saber como o

tema é abordado, sem medo, reservas, sem fugir do assunto, qualquer livro,

qualquer assunto pode ter uma linguagem, um tratamento, um caminho mais

envolvente e mais pessoal. Depende da postura e da crença do autor.

A morte é um tema pouco explorado, como se as pessoas temessem tocar

nele, como se a morte não fizesse pare da vida, como se a criança não se

defrontasse com ela. O que acontece no mundo, ela é informada o tempo todo, de

que há guerras, acidentes, atentados, falecimento de pessoas, até da família. No

entanto, poucos autores em poucas histórias abordam o assunto da morte.

(ABRAMOVICH, 1989)

22

Page 24: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

Há tantas verdades para a criança se inteirar de modo bonito, poético crítico,

a questão parece não encobri-las, não disfarça-las ou diminuir sua importância.

Os contos de fadas estão envolvidos no maravilhoso, um universo de fantasia, partindo sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já viveu; pois se passam num lugar fora dos limites do tempo e do espaço, mas onde qualquer um pode caminhar. Os personagens são simples e colocados em inúmeras situações diferentes, onde tem que buscar e encontrar uma resposta importante, chamando a criança a percorrer e achar junto uma resposta para o conflito porque todo esse processo é vivido através da fantasia, do imaginário, com intervenção de entidades fantásticas (bruxas, fadas, duendes, animais falantes, plantas sábias). (ABRAMOVICH, 1989, p. 52).

A magia não esta no fato de haver uma fada já anunciada no título, mas na

sua forma de ação, de aparição, de comportamento, entre outros. Os contos de

fadas, segundo ABRAMOVICH (1989), são tão ricos que tem sido fonte de estudos

para psicanalistas, sociólogos, cada qual dando sua interpretação e se

aprofundando no seu eixo de interesse. Os psicanalistas encontram nos contos de

fadas uma fonte muito rica para estudos e interpretações do comportamento e

anseios humanos.

Explicar para uma criança por que um conto de fadas é tão cativante para

ela. As interpretações adultas, por mais corretas, roubam da criança a oportunidade

de sentir que ela, por sua conta própria, enfrentou com êxito uma situação difícil. As

histórias falam de descobertas da própria identidade, o que é fundamental para o

crescimento. Falam também de abandonos, de esquecimentos, de quem um dia foi

marcante, mas que por várias razões (até mesmo a morte), já não toca ou comove.

Falam de tristezas, de revelações, sexualidade; falam-nos da vida e da morte, de

ciclos que se iniciam e que se fecham nos falam da dificuldade de ser criança ou

jovem, de como é preciso provar a capacidade a cada instante, de como é preciso

se firmar como pessoa; falam de fantasia, do poder de sonhar, desejar, do quere o

próximo. (ABRAMOVICH, 1989).

Pois imaginar é também recriar realidades. É só estar atento ao processo

pessoal, às relações com os outros e com o mundo, à memória e aos projetos, para

compreender que a fantasia é uma das formas de ler, de perceber, de detalhar, de

raciocinar, de sentir o quanto à realidade é um impulsionador para desencadear as

fantasias.

23

Page 25: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

4 LITERATURA INFANTIL E A ESCOLA

Com a valorização da infância no decorrer dos séculos, segundo ANDRE

(2004), gerou-se meios de controlar o desenvolvimento intelectual da criança, e com

isso, a manipulação de suas emoções, inventando-se a literatura e reformando-se a

escola.

A infância proporcionou tratados de pedagogia, por ser considerada uma

etapa etária de conceito demarcado, propondo assim, que esta fase da vida seja

diferente da fase adulta. Com esta nova visão de infância, da criança como ser que

necessita de cuidados e improdutiva, a escola passa a assumir um duplo papel – o

de introduzir a criança na vida adulta e ao mesmo tempo protegê-la das agressões

do mundo exterior. Desta forma, os primeiros textos infantis foram escritos por

pedagogos e professores para que houvesse conotação educativa, porém, a obra

literária também pode reproduzir o mundo adulto, seja através do narrador, através

dos padrões comportamentais explícitos ou implícitos na história e de sua

linguagem, a qual se pretende que a criança aprenda – tudo sofre interferência do

adulto, que pode usar a realidade imaginária para expor sua ideologia. “O que

demonstra a falsa inocência do gênero, pois quando se percebe sua intenção

moralizante, o texto se revela um manual de instrução.” (ZILBERMAN, 1985 : 21).

Mas a educação e os educadores passaram por grandes mudanças no

decorrer dos tempos, várias linhas pedagógicas surgiram para que a escola

crescesse e, assim, mudasse sua perspectiva de educação e de aluno, a criança

conquistou seu real valor e, hoje, por ela e para ela são feitas as aulas. Hoje,

professores são unânimes em afirmar que o fato de ouvir histórias na idade pré-

escolar é muito importante para o desenvolvimento da criança, iniciando-a como um

aprendiz de leitor, porque, pelo simples fato de escutar uma história, a criança

desenvolve um esquema de texto narrativo, percebendo que em todas elas há início,

meio e fim, e se envolvem de tal maneira que, ao contá-las, têm a certeza de que

realmente aconteceram, mesmo que seja de faz-de-conta, desenvolvendo sua

memória e sua imaginação.

“É papel da escola auxiliar na formação de leitores que produzam sentido

por meio de diálogo com diversos gêneros literários.” (ANDRE, 2004 : 19).

Page 26: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

Apesar desta grande conquista, segundo ANDRE (2004), o educador luta

ainda contra outro fator que acomete o hábito da leitura: a tecnologia. Hoje as

crianças passam muito tempo em frente a televisão, no vídeo game, no computador,

já que este proporciona efeitos sedutores ao público infantil. Cabe ao professor

oferecer a estas crianças a literatura de forma prazerosa e atraente.

A Literatura Infantil, segundo ANDRE (2004), auxilia na aquisição do gosto

pela leitura e contribui para o desenvolvimento infantil, pois resgata o lúdico na

aprendizagem e, proporciona um prazeroso contato com a linguagem escrita,

tornando-se uma importante ferramenta para a alfabetização, o conhecimento de

mundo e o autoconhecimento.

Ao contar histórias, segundo ANDRE (2004),o professor propicia à criança,

seu primeiro contato com a linguagem escrita padrão, que é diferente da linguagem

oral que utilizamos para conversar, além de aumentar o vocabulário do aluno, já que

muitas das palavras que não conhecem, escutam-na pela primeira vez ao narrar de

uma história, e, ao praticar esta atividade, o professor estará promovendo o

desenvolvimento de estratégias de processamento e linguagem, importante para o

sucesso posterior na escola. É muito importante que esta atividade seja rotina para

crianças das séries iniciais, por que a Literatura Infantil permite que a criança

preencha algumas lacunas presentes em sua pequena vida. Através dos livros

ilustrados e com pequenos textos, da história oral, da leitura de histórias e poesias a

criança entra em mundos diferentes ao da sua realidade.

A ampliação do universo discursivo da criança também se dá por meio do conhecimento da variedade de textos e manifestações culturais que expressam modos e formas próprias de ver o mundo, de viver, de pensar [...] músicas, poemas e histórias são um rico material para isso (BRASIL, 1998, p. 139).

A narração do professor, segundo ANDRE (2004), é o meio pelo qual a

criança pré-escolar interage com o mundo da fantasia proposto pelo livro. Na prática

diária, utiliza-se a rodinha para apresentar os livros às crianças, pois assim, a

criança aprenderá a narrar através de jogos de contar histórias e através de

brincadeiras, como a dramatização, nas quais reproduzem textos variados que já

lhes são conhecidos e utilizando termos característicos do faz-de-conta, como "Era

uma vez..." e "Foram felizes para sempre.", tudo enquadrado no contar histórias feito

diariamente.

25

Page 27: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

A criança tem seu jeito próprio de ler e contar histórias, pois a leitura

compreende muito mais do que decodificar letras e sílabas, implicando em um

conjunto de ações como a interpretação de desenhos e figuras.

“A criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por meio

da escuta da leitura do professor, ainda que não possa decifrar todas e cada uma

das palavras. Ouvir um texto já é uma forma de leitura.” (BRASIL, 1998, p. 141).

Nesta fase, a criança que tem acesso a materiais de leitura e um professor

que conta histórias de forma prazerosa, desenvolverá apreciação pela literatura e

terá no professor um modelo a seguir.

A relação com o livro antes de aprender a ler auxilia a criança a torná-lo significativo como um objeto que proporciona satisfação. Isto ocorre porque, ao tocar, manusear, olhar, alisar o livro e brincar com suas folhas e gravuras, a criança sente um prazer similar ao proporcionado por um brinquedo (ANDRÉ, 2004, p. 18).

As histórias podem ser apresentadas, não apenas pela leitura de livros, mas,

de diversas maneiras, contudo, deve-se levar em conta a disponibilidade de tempo

do educador e a faixa etária a ser trabalhada. Deve-se procurar diversificar as

dinâmicas utilizadas para contar histórias, para que a cada dia haja mais interesse

por este momento. Pode-se explorar a leitura oral utilizando-se de gravuras de

apoio, da leitura simples, da história espontânea, das dramatizações com as

crianças, com fantoches, com os dedos, através de discos infantis, história sem texto

e muitos outros recursos.

A partir destas modalidades de leitura, pode-se desenvolver várias

atividades como: construção de fantoches com sucata, com papel, pano; realização

de desenhos, colagens, pinturas; atividades de expressão corporal, mímicas,

dramatizações; criação coletiva de novos finais para a trama; novas ilustrações para

a confecção de livros; construção de um texto coletivo; confecção de jogos da

memória, dominó, etc; e, é deixar a criatividade levar-nos a explorar este vasto

caminho literário.

Nas séries inicias o professor tem várias formas de trabalhar a literatura

infantil utilizando um material textual diversificado, ampliando o conhecimento de

mundo da criança.

26

Page 28: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

4.1 HÁBITO DE LEITURA E A BIBLIOTECA NA ESCOLA

Considerado um tesouro, o livro pode enriquecer o ambiente escolar, mas

para que isso aconteça, é preciso torná-lo parte da vida de todos.

Para as crianças que ainda não sabem ler (pré-alfabetização) e para os que

estão aprendendo a ler (alfabetização) é importante que se tenha contato com tal

tesouro, pois, apresentando o livro desde cedo ao indivíduo, estará lhe fazendo um

bem e propondo-lhe uma fonte inesgotável de prazer, diversão e informação.

A leitura pelo seu próprio mecanismo de reflexão e percepção, influencia na formação do indivíduo. Como possibilidade reflexiva, age na ativação da memória e da criatividade, na expressão oral e escrita, ou seja, os resultados da leitura como prática diária são cada vez melhores em qualidade e quantidade. (ROCHA, 1987, p. 40).

Nas séries iniciais, uma atividade é desenvolvida diariamente e é muito

importante para as crianças: a Hora da História, onde o educador conta histórias

para as crianças. Este é um momento valioso para as crianças fantasiarem sobre o

mundo mágico que o livro propicia. Este hábito pode ser conquistado mesmo antes

da criança entrar para escola, em casa, esta afinidade começa com as leituras que

os pais fazem para os filhos. Por ser um hábito que se adquire gradativamente, é

importante que a criança, desde bebê, tenha a oportunidade de estar com os livros.

Pais que já possuem o hábito da leitura e lêem rotineiramente para seus filhos

podem ficar tranqüilos quanto a estes serem bons leitores. “O ideal que pais e filhos,

mesmo nos de colo, possam compartilhar uma experiência gostosa, na descoberta

do mundo dos livros.” (SANDRONI; MACHADO, 1987, p. 12 ).

Assim como ao conversar com os filhos os pais os preparam para explorar

verbalmente o mundo, lendo, incentivarão os filhos a adquirir tão precioso hábito: o

da leitura.

Além de casa, a escola e a creche também são ambientes propagadores

deste hábito, sendo que, na creche, a criança entra em contato com os livros mais

cedo que as crianças da escola, já que entram na instituição aos 4 meses de idade,

enquanto na escola ingressam com 4 anos. Tornam-se então um meio importante de

disseminação do hábito de leitura, já que no Brasil, os pais que lêem para os filhos

são a minoria, e a biblioteca, juntamente com o professor, podem auxiliar nesta

perspectiva.

27

Page 29: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

Pensando nas crianças é que foram criadas as Bibliotecas Infantis, hoje, são

várias espalhadas por todo país. A primeira, segundo SANDRONI e MACHADO

(1987), foi fundada em 1935 e recebeu o nome de Biblioteca Monteiro Lobato e,

tinha por objetivo, acolher crianças que não tinham condições de comprar livros e

possuíam grande potencial a ser desenvolvido, ou seja, foi criado com perspectiva

social. Em 1978, segundo SANDRONI e MACHADO (1987), foi criado o Fundo

Nacional do Livro Infantil e Juvenil, preocupado com a questão do hábito de leitura

em crianças e adolescentes. Se antes a preocupação era filantrópica, agora passava

a ser pedagógica. Com esta mesma preocupação, foi criado o Centro de Estudos de

Literatura Infanto-Juvenil, com apoio de técnicos e estudiosos da área. Nesta época,

formou-se um novo pensamento acerca do livro e da literatura: a assimilação da

linguagem ligada à universalidade e um saber que tradicionalmente esteve excluído

da questão do hábito de leitura, ganhando assim, uma conotação universitária.

Ainda hoje, a biblioteca cultiva esta preocupação pedagógica e, é por isso

que cada vez mais, profissionais da educação estão dispostos a levá-la para dentro

da escola, para dentro da sala de aula, pois a biblioteca escolar tem funções a

serem desempenhadas, como a função educativa, que incentiva os alunos a

buscarem conhecimento, auxilia-os na formação de hábitos e quanto aos cuidados

do manuseio; e a função cultural, pois complementa a educação formal, ampliando o

conhecimento do aluno acerca do mundo e das culturas existentes nele, já que cada

livro proporciona uma viagem ao leito.

28

Page 30: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

CONCLUSÃO

A literatura infantil é muito importante nas práticas pedagógicas e um

instrumento valioso para se obter uma boa aprendizagem. A criança tem sede de

informações e a melhor maneira de repassá-las é através da brincadeira,

fantasiando, pois as histórias infantis têm muito mais do que princesas e bruxas,

trazem lições implícitas em suas páginas, em meio ao faz-de-conta, e servem de

ferramentas para abordar diversos temas, como a pluralidade cultural, problemas

sociais, discriminação, ou seja, uma gama infinita de conhecimento.

Se o costume de contar histórias está nos primórdios da civilização, em volta

de fogueiras, deve-se levá-lo para dentro das salas de aula, com o intuito não

apenas de distração, mas com a consciência de que se for bem trabalhada,

crianças, aprenderão, mesmo que inconscientemente, conceitos fundamentais para

um amadurecimento saudável de seu conhecimento, seja ele de mundo ou de

convivência.

É através das histórias que o professor trabalha as emoções importantes,

como: a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a

insegurança, a tranqüilidade, a angústia, a ansiedade, e muitas outras, alem de viver

profundamente tudo o que cada uma das histórias provoca em quem as ouve, pois

se torna necessário sentir, ouvir e enxergar com os olhos da imaginação. É através

das histórias que a criança pode descobrir outros lugares, outros jeitos de agir e de

ser, outra realidade, uma nova compreensão de mundo.

Percebe-se, cada vez mais a necessidade de valorizar a importância do

trabalho da literatura, pois esta é uma das formas de estimular nas crianças, além do

gosto pelas histórias e as fantasias, também as relações entre o real e o imaginário,

desenvolvendo o senso crítico e a transformação do saber, sendo a literatura de

histórias o momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir

o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em

outros tempos e lugares diferentes do seu.

Assim, a importância fundamental da literatura é permitir a evolução e a

formação da personalidade do futuro adulto, pois a literatura infantil foi redescoberta

para servir e enriquecer as bases das experiências sociais e culturais, fundamentais

Page 31: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

ao desenvolvimento da criança. Sendo assim, a literatura foi criada com objetivo de

valorizar a fantasia do maravilhoso e da magia.

Cabe ao professor a tarefa de utilizar a literatura infantil no seu dia a dia,

fazendo com que os alunos possam ter maior interesse e acesso aos livros e

também fazendo com que as crianças venham a ter, futuramente, uma visão mais

crítica.

30

Page 32: 1 HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL - BIBLIOTECAbiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130520112051.pdf · do texto literário, a literatura infantil clássica: os contos de

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1989. AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura, a formação do leitor: alternativas metodológicas. São Paulo: Mercado do Alberto, 1988. ANDRÉ, Tâmara Cardoso. Práticas adequadas ajudam a despertar o gosto pela literatura. Revista do Professor, Porto Alegre, p. 78, abr./jun. 2004. BORDINI, Maria da Glória. Literatura na escola de 1º e 2ª graus: por um ensino não alienante. In: perspectiva. Revista do CED, Florianópolis: UFSC, 1985. BRASIL. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórico da literatura infanto-juvenil: das origens indo européias ao Brasil contemporâneo. São Paulo: Global, 1985. ______. O conto de fadas. São Paulo: Ática, 1987. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. São Paulo: Ática, 1985. FLORES, Maria José. Literatura Infantil: voz de criança. São Paulo: Ática, 1988. FRANTZ, Maria Helena. O ensino da literatura nas séries iniciais. Ijui: Unijui, 2001. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez , 1986. GABRIEL, Fernando. Manual de teoria literária. Petrópolis: Vozes, 2003. ROCHA, José Carlos. Políticas editoriais e hábito de leitura. São Paulo: Com Arte, 1987. SANDRONI, Laura C.; MACHADO, Luiz P. Guia prático de estímulo a leitura: a criança e o livro. São Paulo: Ática, 1987. STEFANI, Rosaly. Leitura: que espaço è esse?: uma conversa com educadores. São Paulo: Paulus, 1997. WARNICOV, Ruth. Criança, leitura e livro. São Paulo: Nobel, 1986. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1985.