07 - Industria e Comercio Dos Recursos Minerais Metalicos e Nao Metalicos e Minerais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INDÚSTRIA E COMÉRCIO DOS MINERAIS METÁLICOS E NÃO METÁLICOS E MINERAIS ENERGÉTICOS

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Prof. Dr. Estanislau Luczynski

AEDI - UFPA2012

Disciplina: Indústria e Comércio dos Minerais Metálicos e Não Metálicos e Minerais Energéticos

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APRESENTAÇÃO A partir de agora você passa a entrar em contato com o mercado dos bens minerais. O objetivo geral deste conteúdo é demonstrar o funcionamento da indústria de minerais metálicos e não metálicos, os fluxos dos minerais utilizados entre países e mercados, e a importância dos minerais metálicos segundo as demandas industriais.

Para facilitar o aprendizado. O conteúdo está dividido em três partes: • Uma primeira (Introdução) para que você fique familiarizado com a terminologia e com as definições.

• A segunda parte trata de Estudos de Caso sobre o Comportamento do Mercado.

• E a terceira trata da importância dos minerais energéticos e do seu uso na sociedade moderna e na indústria.

1.0. INTRODUÇÃO Alguma vez você já se perguntou como seria a sua vida sem o uso dos minerais e dos metais produzidos a partir deles? Fica difícil imaginar a vida moderna sem remédios, fertilizantes e combustíveis, não é? Todas essas facilidades da vida moderna têm origem em matérias primas fornecidas pela própria natureza e que são denominadas de minerais, os quais estão presentes nos mais diversos ambientes e países. Portanto, conhecer sua origem e utilização é parte fundamental do conhecimento da indústria mineral.

2.0. DEFINIÇÕES Antes de qualquer coisa, você precisa estar familiarizado com o vocabulário comum a este campo da indústria. Os três termos aqui apresentados, minerais metálicos, não metálicos e energéticos, dizem respeito ao aproveitamento que se faz deles com base em um ou mais componentes, que neles são encontrados, os quais são apropriados para determinado fim. Em outras palavras, cada mineral tem um ou mais componentes que podem ser utilizados de forma específica na indústria, no artesanato, na agricultura, etc. O aproveitamento é que leva à classificação dos minerais em grupos mais adequados à extração de um ou mais componentes. Sendo isto, portanto, a base da classificação dos minerais em metálicos, não-metálicos e energéticos. Dito isto, vai-se agora estabelecer estas diferenças com base nas definições encontradas na literatura geológica:

2.1. Minerais Metálicos Classificação utilizada para os minerais dos quais são extraídos metais como ouro, prata e ferro.

2.2. Minerais Não Metálicos Representados por aqueles utilizados na construção civil, como areia e cascalho, mas também em outros usos industriais que não envolvem metais, como a produção de lentes e a de fertilizantes que se valem do enxofre, potássio e fosfatos. Esses minerais também encontram uso na produção de abrasivos em que são empregados diamantes e podem ainda ter utilidade como gemas, como o próprio diamante ou o rubi.

2.3. Minerais Energéticos Embora haja restrições a respeito da aplicação do termo mineral a estes corpos e rochas geológicas, a expressão minerais energéticos é de uso corrente. Posto isto, minerais energéticos são aqueles utilizados na geração de energia, como o petróleo e o gás natural e o carvão1.

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2.4. Minerais Industriais À parte essa definição inicial, só para aumentar a confusão, há outros termos que podem ser aplicados aos minerais de interesse econômico. Autores como Kužvart (1984) e Evans (1993) utilizam a expressão anglo-saxã minerais industriais para se referir aos os minerais cuja utilização é baseada no aproveitamento das propriedades físicas, como a fibrosidade dos asbestos ou a densidade elevada da barita, ou mesmo alguma propriedade termológica. (Kužvart op.cit). Portanto, segundo esse ponto de vista, os minerais industriais podem ser agrupados em quatro grupos, conforme mostra o Quadro 1, abaixo:

QUADRO 1 – Minerais Industriais, Segundo Kužvart (1984)

Fonte: Kužvart (1984)

Bom, e ainda para continuar a confusão, alguns desses minerais pertencem a mais de uma categoria (Kužvart op.cit), por exemplo, a hematita é ao mesmo tempo uma fonte de ferro e também componente de pigmentos minerais, logo está presente em dois grupos. Outro exemplo é a cromita que é mineral de cromo, material refratário e abrasivo.

1 Para alguns autores a expressão Minerais Energéticos é redundante, uma vez não se extrai dos mesmos metais, então o carvão mineral, o petróleo e o gás natural seriam minerais não-metálicos. Bateman (1967) defende essa abordagem em seu livro Economic Mineral Deposits. Outros autores, como Evans (1993) utilizam a expressão Combustíveis Minerais para se referir ao petróleo, gás natural e carvão mineral. Essa classificação foi criada por Noetstaller (1988 apud Evans, 1993) e diz que mineral industrial é qualquer rocha, mineral ou substância que ocorre naturalmente que possui valor econômico, excluindo-se minerais metálicos, combustíveis minerais e gemas.Na realidade, os termos Minerais Metálicos, Não-Metálicos e Minerais ou Rochas Industriais são de uso comum na literatura inglesa e russa. Pode-se ainda, ser empregada a expressão Material Bruto que faz referência ao fato de esses minerais serem matéria-prima para a indústria. No entanto, a referida expressão não costuma ser empregada para os combustíveis fósseis. Em textos anteriores aos anos oitenta da literatura alemã, polonesa ou checa os termos similares empregados são Minérios e Não-Minerais, sendo que o primeiro diz respeito ao Grupo 1 de Kužvart (1984) e o segundo termo denota os Não-Metálicos ou Minerais Industriais de Bateman (1967) e Evans (1993).

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4materiais ou rochas que sofrem algum tipo de preparação

para utilização industrial, como o talco, o diamante, o cobre, a bentoni-

ta, etc.

materiais que são fonte de elemen-tos não-metálicos ou de compostos,

como por exemplo a pirita que é fonte de enxofre e a apa-tita que é fonte de

fósforo.

materiais de caracter-ística não-metálica, mas que são fontes de metais e de compostos que são empregados na indús-tria, caso da magnesita

que é fonte de MgO e bauxita, fonte de

Al2O3. Esses óxidos são aproveitados devido

as suas propriedades refratárias.

materiais utilizados na construção civil, como o granito, a areia e o

cascalho.

Tomando como base as classificações apresentadas até o momento, identifique a que grupos pertencem a hematita e a cromita. Responda em no máximo 30 palavras. Ao terminar envie a resposta ao tutor.

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2.5. Minério Outro termo recorrente na literatura é minério, que algumas vezes é utilizado como sinônimo de mineral ou mesmo causa confusão com os termos minerais metálicos e não metálicos. Segundo Guilbert & Park Jr. (1996), Minérios são rochas ou minerais que podem ser processados e comercializados em bases lucrativas2. Por sua vez, os minérios são divididos em quatro categorias, a saber, (mais uma classificação para a sua lista):

Classificação de Guilbert & Park Jr (1996)

• Metálicos. • Não-metálicos. • Energéticos • Água.

No caso dos não metálicos como os abrasivos, refratários, materiais para construção civil, etc., eles (os não-metálicos) são minérios na essência da definição, mas recebem a denominação especial de minerais e rochas industriais. Essa separação faz com que o termo minério passe a ser de uso quase exclusivo dos metais e minerais que são fontes de metais.

2.6. Mineral Minério Termo utilizado para quando ocorre a associação dos termos mineral e minério. Forma-se, então, a expressão mineral minério que é aplicada aos compostos de ocorrência natural que possuem valor econômico devido ao seu conteúdo metálico (teor).

O emprego do termo teor também gera alguma confusão no caso dos não-metálicos ou minerais industriais, quando é necessário algum grau de beneficiamento, assim como a retirada do material inservível. No entanto, o valor reside na possibilidade de utilização com base em suas propriedades físicas e químicas e não no conteúdo (Guilbert & Park Jr. 1996).

Observação Neste texto são empregadas as terminologias: minerais metálicos e não-metálicos, que são usuais no Brasil e na literatura em português.

3.0. CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS Bom, agora que você já está familiarizado com a nomenclatura adotada anteriormente, ou seja, metálicos e não-metálicos, os minerais serão agrupados de outra forma, conforme os usos, como se vê na Tabela 1, abaixo:

2 Tradução livre

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Fonte: Bateman (1967), Evan (1993).

Esses agrupamentos tomam por base os usos que a humanidade faz dos mesmos desde a antiguidade. Algumas vezes um mesmo mineral ocorre em grupos diferentes, ou às vezes, tem ou já teve outros usos que não os apontados na Tabela 1 acima. Um exemplo é o petróleo, que é classificado como mineral energético, mas que é utilizado até hoje na calafetagem de embarcações artesanais. A Bíblia no Velho Testamento cita que Noé utilizou petróleo para calafetar a arca. Posteriormente, nos séculos XVIII e XIX, esse mineral energético era utilizado como medicamento.

Não obstante esses outros usos, aqui a preferência é dada aos aproveitamentos mais conhecidos, os quais são em geral realizados em escala industrial. Agora, caro cursista, você já está em condições de ser apresentado aos principais minerais metálicos (Tabela 2):

Tabela 1 – Minerais metálicos e não metálicosMetálicos Não metálicos

Metálicos preciososMetálicos não ferrososFerrosos e ferro-ligas

Metais menores, e metalóides

CombustíveisMateriais cerâmicos

Materiais para construção civilMetalúrgicos e refratários

IndustriaisQuímicos

FertilizantesAbrasivosJoalheria

3 Para os dois grupos, ou seja, Metálicos e Não Metálicos pode ser empregado o termo Mineral Econômico. 4 Materiais dos quais podem ser extraídos metais, mas que apresentam algumas características que os diferenciam dos metais mais comuns como o ferro. Um exemplo de metalóide é o mercúrio, que é conhecido como um metal em estado líquido.

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Fonte: Bateman (1967), Evans (1993).

Para marcar ainda mais a diferença entre metálicos e não metálicos, use como referência Bateman5 (1967), que diz que os minerais não metálicos possuem a característica de apresentar mais valor em estado natural do que quando são tratados de alguma forma, uma vez que – essencialmente – são utilizados na forma bruta, embora alguns precisem de certo grau de beneficiamento antes do uso6.

Por outro lado, dois aspectos chamam a atenção no que diz respeito aos minerais não metálicos. Um deles é a aparência que podem apresentar, a qual se constitui na base para a formação do valor. Este é o caso dos minerais que são aproveitados na joalheria como o ouro e o diamante. Outro aspecto, igualmente importante, é que o uso que se pretende dar ao mineral é que determina a especificação. Em outras palavras,

Tabela 2 – Minerais metálicosMetálicos preciosos Metálicos não ferrosos Ferrosos e ferro-ligas Metais menores (met-

alóides)OuroPrata

Platina

CobreChumbo

ZincoEstanho

Alumínio

FerroManganês

NíquelCromo

MolibdênioTungstênio

VanádioCobalto

AntimônioArsênioBerilo

BismutoCádmio

MagnésioMercúrio

RádioUrânioSelênioTelúrio

TantalitaColumbita

TitânioZircônio

Fazendo uma associação entre a Tabela 01 (minerais metálicos e não-metálicos) e a Tabela 02 (minerais metálicos), construa uma tabela com todas os metais da Tabela 02 agrupando-os segundo o uso, conforme o exemplo abaixo. Ao terminar, envie a resposta ao seu tutor.ATIVIDADE

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Fertilizantes MetalúrgicosMineral x Mineral y

5 Tradução livre.6 Evans (1993) sustenta que os minerais industriais têm uma produção maior que a dos metálicos, assim como maior valor de mercado.

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o aproveitamento depende da quantidade encontrada e da ocorrência dispersa em nível mundial. Mas talvez o que mais identifica os minerais não metálicos é a presença maciça que esses minerais mostram no dia-a-dia da humanidade como pode ser visto nas Tabelas 3.1 e 3.2 que mostram os principais minerais não-metálicos e os seus usos mais comuns.

Fonte: Bateman (1967), Kearey (1996)8.

Tabelas 3.1 – Minerais não metálicosCerâmicas Construção civil Metalúrgicos e refra-

táriosIndustrias

ArgilasFeldspatos

BauxitaSilimanta

BóraxMagnesita

LítioDiásporoBentonita

BaritaMinerais de Potás-

sioTalco

PirofilitoDiatomitoZircônio

Espato de fluorita7

AreiaCascalho

GipsoCalcário

MagnesitaAsfaltoBetume

Espato de fluoritaCriolitaGrafite

CalcárioBauxitaBórax

Minerais de estrôncioDolomitaFosfatos

AsbestosMicasTalcoBarita

WhiteritaAreias vítreas

FluoritaQuartzoMicas

SelenitaMagnesitaNitratosFosfatos

7 Material que contém fluorita em escala comercial.8 Kearey, P. 1996. The New Penguin Dictionary of Geology

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Fonte: Bateman (1967).

Por fim, chega-se aos minerais energéticos9 (Tabela 4). Como já visto em 2.3, existem restrições ao emprego do termo minerais energéticos. Senão, veja:

Em essência, o petróleo é um óleo mineral, que ocorre em três estados: o sólido (quando é chamado de asfalto), o líquido (quando é chamado de petróleo) (Figura 01) e o gasoso (quando recebe a denominação de gás natural). E devido as suas características de ocorrência geológica (o petróleo costuma se deslocar, ou melhor, migrar) e a não possuir estrutura cristalina, o termo adequado seria mineralóide.

Tabelas 3.2 – Minerais não metálicosQuímicos Fertilizantes Abrasivos Joalheria

Bórax Boratos

Compostos de sódioCloretos de cálcio

Cloretos de magnésioBromoIodino

PotássioEnxofreNitratos

LítioEstrôncio

BárioBauxita

EpsomitaKieseritaFluorita

MagnesitaMonazitaFosfatosCalcários

PotássioNitratosFosfatosCalcáriosEnxofre

DiamanteCorindonGranada

Sílica

DiamanteRubi e safira

Esmeralda e beriloOpalaJade

QuartzoTurquesaEspinélioTopázio

EspodumênioZircão

TurmalinaGranadaPeridoto

Lápis-lazuliFeldspatos

Âmbar

Tabela 4 – Minerais energéticosPetróleo

Gás naturalCarvão

Folhelho pirobetuminosoUrânio

9 Aqui não será apresentada a origem dos mesmos, pois você já está familiarizado com isto, desde Tópicos de Geociências.

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Figura 01 – Trapa Anticlinal de Petróleo

Fonte: Skinner, 1993.

Já o carvão mineral é uma rocha sedimentar que serve de combustível. Aqui, o que pode parecer uma expansão do termo mineral, não fica tão fora de sentido, pois o carvão possui estruturas e padrão ótico que pode ser observado, assim como nos minerais. No entanto, as estruturas do carvão são restos de sua origem vegetal, e não resultantes de sistemas cristalinos como os minerais. Portanto, o carvão não é mineral e sim rocha (Figura 02):

Figura 02 – Carvão mineral (antracito)

Fonte:Wikipedia (domínio público).

A classificação adequada para o carvão é de caustobiólito, que é uma rocha formada a partir de matéria orgânica e que pode ser queimada como combustível. A matéria vegetal que forma o carvão é típica de ambiente terrestre, com pouca circulação de água e semelhante a um pântano. Existem outras rochas que também são formadas a partir de matéria orgânica, mas que, no entanto, não podem ser queimadas como combustível, que

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é o caso dos corais.

Por outro lado, o carvão também é dado a confusões. A literatura registra a existência de dois tipos de carvão, os de origem sedimentar, chamados de carvões verdadeiros e os de origem química, chamados de carvões químicos. Ambos podem ser queimados como combustível, só que, os carvões verdadeiros são – realmente – rochas sedimentares, as quais passam pelo estágio de turfa (agregado de matéria orgânica vegetal em decomposição), antes de se tornarem carvão. Já os carvões químicos são rochas de precipitação química e não passam pelo estágio de turfa. Portanto, somente os carvões verdadeiros é que passam pelo estágio de turfa, daí merecerem este nome. Ao se usar o termo carvão mineral, automaticamente já se estará dizendo que ele é o carvão verdadeiro. Só para estabelecer bem esta diferença veja o Quadro 2, abaixo:

Figura 03 – Turfa cortada (vide pá) e posta ao sol para secar Fonte: Wikipedia (domínio público).

11

Carvões verdadeiros Carvões químicosOs carvões verdadeiros passam pelos se-guintes estágios, denominados de rank do carvão ou de classificação do carvão.

• Turfa (início)• Linhito.• Sub – betuminoso.• Betuminoso.• Antracito (fim)

Não passam pelos estágios do carvão verda-deiro. Os principais tipos são:

• Cannel coal• Candle coal (chama parecida com a vela).• Coal ball (com concreções calcárias).

Todos são típicos do Norte Europeu.

10 Também se chama, informalmente, o carvão vegetal de carvão. Mas nesse caso, o carvão vegetal é produzido a partir de lenha. Todos nós utilizamos carvão vegetal para fazer churrasco, mas o uso principal é na redução do minério de ferro, em siderurgia.

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Além do petróleo, existem outros óleo minerais que também, à exemplo do petróleo também ocorrem em rochas sedimentares. Os carvões betuminosos e sub-betuminosos têm estes nomes porque produzem óleo (óleo betuminoso), que pode ser transformado em gasolina . Também há um folhelho, do qual é extraído um óleo, semelhante ao petróleo. Esta rocha é erroneamente chamada de xisto, e o óleo dela extraído de óleo de xisto. Mas xisto é um termo que é aplicado a rochas metamórficas e não a sedimentares como o folhelho. Além disso, o metamorfismo impediria a formação de óleo. Posto isto, o nome correto da rocha é folhelho pirobetuminoso. Nome composto por folhelho (rocha sedimentar) + piro (fogo) + betuminoso (de óleo betuminoso). Esta rocha apresenta como característica a presença de um óleo muito viscoso e que para ser retirado da matriz rochosa, necessita que a mesma seja queimada, em uma proporção de 1:1, ou seja, é necessário queimar-se o próprio óleo na rocha em volume equivalente ao que se deseja extrair. Deste óleo também se pode produzir gasolina, mas para diferenciar da gasolina comum do dia-a-dia (aquela que é produzida a partir do petróleo), chama-se esta outra gasolina de synfuel (abreviatura de combustível sintético em inglês), ou de gasolina sintética ou gasolina não convencional. No Paraná, em São Mateus do Sul, Formação Irati, há um projeto da PETROBRAS, em funcionamento, para a produção desse tipo de combustível. O projeto é denominado e PETROSIX (Figuras 04 e 05).

Figura 04 - Folhelho pirobetuminoso

Fonte: Drexel University (s.d.).

11 O carvão também produz gás natural, só que rico em enxofre, e que é chamado de grisu.

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Figura 05 – Processo PETROSIX

Fonte: PETROBRAS/PETROSIX (s.d.)

Há outro tipo de rocha de sedimentar da qual também é extraído óleo. Antigamente estas rochas eram chamadas de rochas oleíginas, mas hoje o termo mais comum é areias betuminosas (mais próximo do original inglês tar sands). Este óleo na realidade é o nosso petróleo velho de guerra, mas que ascendeu (migrou) em direção à superfície e na presença de oxigênio e luz (foto-oxidação) ficou muito viscoso e agregado à matriz rochosa. Para este óleo ser extraído, normalmente se aplica água quente, O Canadá possui o maior e mais conhecido depósito do mundo, as chamadas Areias de Athabasca (Figura 08).

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Figura 06 – Areias betuminosas

Fonte: Suncor Energy Inc. (s.d.)

Outro mineral energético, bem mais conhecido que os outros dois anteriores é o urânio, que em geral ocorre na forma de óxidos em rochas granitóides, apresentando uma concentração média de 3 ppm (3g/tonelada de material) (Figura 07).

Os depósitos de urânio para serem explorados têm de ter uma concentração igual ou superior a 350 ppm, e podem ser de seis tipos:

a) Pegmatitos e depósitos magmáticos disseminados. Neste tipo de depósitos, geralmente, a exploração comercial é viável. b) Depósitos hidrotermais em veios, fissuras, fraturas, zonas de falhas e stockworks. c) Depósitos hidrotermais em veios subjacentes a coberturas antigas (Proterozóico). d) Depósitos areníticos relacionados a sedimentos fluviais, lagos e mares rasos. e) Como depósitos tipo placer com conglomerados e seixos de quartzo. f) Como concentrações em calcários fosfatizados, fosfatos marinhos e folhelhos negros.

O urânio, em estado natural, possui dois isótopos: o U238 (mais abundante = 99,3% do total) e o U235 (0,7% do total). Todavia, o de maior interesse é o U235, pois possui 3x106 mais energia contida que uma quantidade equivalente de carvão, sendo, no entanto, dez mil vezes mais caro para minerar, processar e transportar.

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Figura 07 – Uraninita (Pechblenda), mineral de urânio

Fonte: Wikipedia (domínio livre).

4.0. INTRODUÇÃO AO MERCADO DE BENS MINERAIS Agora que você já conhece os principais minerais metálicos, não metálicos e energéticos, está na hora de ser introduzido aos fatores que governam a exploração e comercialização dos minerais. O que você, cursista, verá a seguir é o conjunto de princípios econômicos que atuam no chamado mercado dos bens minerais.

4.1 O Interesse econômico por minerais: Como já visto anteriormente, o interesse sobre os minerais reside na possibilidade de utilização dos mesmos com base nas propriedades que eles apresentam. No entanto, a mera existência de um dado componente (metálico ou não metálico) não significa que o mesmo possua valor econômico a ponto de ser explorado ou mesmo que mereça a denominação de minério. Guilbert & Park Jr. (1996), citam os exemplos da faialita e da biotita, que embora sejam silicatos de ferro, mas não são minerados por causa desse metal e, portanto, não são considerados minerais minérios, enquanto outros minerais com ferro, como a magnetita e a hematita o são. Esses autores ainda dizem que o mesmo já não acontece com os minerais que contém metais preciosos, pois se costuma considera-los como minerais minérios. Por outro lado, Craig (1989 apud Evans, 1993) define minerais minérios12 como àqueles dos quais os metais são extraídos, como por exemplo, calcopirita e galena das quais são extraídos cobre e chumbo, respectivamente.

A partir das Tabelas 3.1. e 3.2. (minerais não metálicos), identifique quais deles são explorados na Região Amazônica. Ao terminar, envie a resposta ao tutor.

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Evans (1993)13, por sua vez diz que minério é um mineral metalífero ou um agregado de minerais metalíferos, mais ou menos misturados com ganga, que dos pontos de vista do minerador e do metalurgista podem ser vistas como uma possibilidade de lucro por ambos. Ainda segundo Evans (op. cit), existem definições similares, mas todas dão ênfase a que minério é o material de onde os metais são extraídos e que a extração deve ser feita em bases economicamente viáveis.

Taylor (1989 apud Evans, 1993), define minério como uma rocha que será ou foi minerada, ou espera-se que o seja com o intuito de que algo de valor venha a ser retirado ou com esse algo já em processo de retirada. Para Evans (op.cit), essa definição é muito semelhante à do Instituto de Mineração e Metalurgia do Reino Unido (IMM), a qual diz que minério é um agregado sólido de ocorrência natural que possui interesse econômico e do qual um ou mais constituintes valiosos podem ser recuperados por meio de tratamento14. O interesse econômico sobre os minerais minérios independe das associações que normalmente ocorrem entre os metais. É comum que um mineral minério ocorra associado a um ou mais minerais ou rochas que não possuem o mesmo valor do mineral principal e que podem mesmo ser considerados sem valor (ou não são desejados). Esses minerais são denominados de ganga , a qual, se as condições econômicas permitirem podem ter algum aproveitamento comercial. Em outras palavras, entende-se melhor a aplicação desse termo ao citar-se Playfair [(1802) apud Guilbert & Park Jr, 1996], que enuncia que o valor econômico de um mineral não está separado geneticamente de minerais sem valor como a pirita, sericita, calcita ou outra ganga mineral ou rocha com a qual está associado e com a qual é inevitavelmente minerado em conjunto16.

Mas o que determina uma ocorrência mineral comercial? As ocorrências comerciais de minérios estão presentes na natureza na forma de corpos mineralizados. Na visão do IMM, corpos mineralizados são os depósitos econômicos de minerais e rochas industriais . No entanto, as concentrações de minérios que podem ser exploradas são raras e segundo Guilbert & Park Jr. (op. cit.), ocorrem nas rochas18 como (Figura 08):

• Pequenos veios; • Disseminações; • Quantidades tanto maciças quanto pequenas; • Porções sólidas de sulfetos ou óxidos metálicos.

12 Atualmente, diversos autores utilizam o termo minerais opacos como sinônimo de minerais minérios quando há presença de pirita e pirrotita, minerais que são descartados no processamento da maioria dos minérios.13 Tradução livre do enunciado de Kemp (1909 apud Evans, 1993).14 Apenas para efeitos de comparação, mas economias socialistas, a definição de minério era: material mineral que pode ser minerado para o benefício da humanidade (Evans, 1993).15 Guilbert & Park Jr. (1996), utilizam o termo protominério para os minerais associados tanto lateral quanto verticalmente, mas que possuem concentrações menores, ou seja, de menor valor econômico que o principal. Evans (1993), por outro lado, sustenta que a ocorrência de processos naturais sobre o protominério pode, posteriormente, guinda-lo a posição de minério.16 Tradução livre.17 Lane (1988 apud Evans, 1993), sugere o emprego da expressão terreno mineralizado na acepção da definição do IMM e restringe o termo minério ao material que pode ser extraído do terreno em bases financeiramente vantajosas (para o minerador) e segundo as condições econômicas reinantes no período de avaliação (Tradução livre). 18 Aqui, mais uma vez você já deve estar familiarizado com estes termos, desde Tópicos de Geociências.

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Figura 08 - Mapa de localização da região de Carajás (Pa) e que mostra a disposição dos depósitos de minério de ferro.

Fonte: DOCEGEO, 1988

Como já dito anteriormente, a extração dos minérios e minerais somente é feita em bases economicamente viáveis. Mas o que torna a extração economicamente viável? É possível que em algum momento, um mineral ou minério perca o seu valor comercial ou deixe de ser extraído? É o que se discutirá a seguir.

4.1.1. Os mecanismos de preço Basicamente, os preços dos minerais são regidos por oferta e demanda, sendo que preço é o mecanismo utilizado para comunicar ao mercado a preferência por um determinado mineral ou produto mineral. Em outras palavras, o consumidor ao desejar um mineral sabe que só terá acesso a ele, ou seja, só o obterá se e somente se estiver disposto a pagar um preço por ele. Esse preço, normalmente está vinculado a capacidade que o produtor tem de entregar o produto em um determinado momento no tempo. Qualquer perturbação nesse processo, como a diminuição da oferta, leva a um leilão de preços no qual quem pode pagar mais leva o produto. Essa variação para cima aumenta o aporte de capital investido na indústria, o que leva a um aumento da oferta diminuindo o preço.

Por outro lado, o mesmo mecanismo pode ser utilizado de forma inversa para comunicar ao produtor que um produto já não é mais desejado. Isso ocorre quando o consumidor deixa de comprar certo produto, o que resulta em uma queda nos preços e a conseqüente retirada do produto do mercado, devido aos prejuízos que a continuidade da produção acarreta (Evans, 1993).

Economicamente falando, demanda é a quantidade de um bem (commodity, produto ou serviço) capaz de satisfazer as necessidades humanas a um dado preço, que será comprado a um dado preço durante um dado período de tempo . A demanda pode variar por um curto período de tempo e devido a três razões principais20:

a) Substituição de um bem por outro; b) Variações entre bens complementares; c) Mudanças tecnológicas.

- Bom, para melhorar o entendimento, esta discussão vai ter de ficar ligeiramente mais técnica -

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a) No caso de substituição de um bem por outro, se a substituição ocorre em uma escala razoável, então o preço do bem que foi substituído cai, por outro lado, o preço do substituto sobe, pois o substituto se tornou relativamente caro e menos dele é comprado e não há concorrente próximo para disputar a preferência do consumidor. É o que ocorre de forma parcial entre o cobre e o alumínio. (Evans, op.cit).

b) Um processo semelhante ocorre com os bens complementares. A variação de preço de um produto pode afetar a demanda por outro. Por exemplo, se os preços dos carros caem então mais carros são comprados, o que aumentará a necessidade por mais pneus e petróleo (Evans, 1993).

c) A demanda de um metal também pode ser alterada por mudanças tecnológicas que permitem a utilização de metais em diferentes aspectos (como por exemplo, em placas muito finas) ou em novos usos, devido ao desenvolvimento de novos mecanismos (por exemplo, metais em novos tipos de motores).

Por outro lado, oferta é quanto de um bem será ofertado para venda a um dado preço por um período de tempo estabelecido. Essa quantidade depende do preço de um bem e das condições de suprimento. Quando os preços estão elevados há um estímulo ao suprimento e aos investimentos para aumentar a produção. De forma oposta, uma queda no preço tende a afetar a produção de um bem, encerrado-a ou fazendo com que o minerador mantenha sua estrutura produtiva em stand by aguardando por condições melhores de mercado20 (Evans, 1993). No entanto, as condições de oferta também podem mudar bruscamente, principalmente devido a mudanças, tais como:

a) Circunstâncias anormais; b) Melhorias nas técnicas de exploração; c) Descoberta e explotação de novos corpos (e grandes) corpos de minério.

4.1.1.1. Preço e valor A oferta está diretamente relacionada ao preço, pois oferta, como visto acima, trata de um bem posto à venda. Para se entender como ocorre a formação do preço, faz-se necessário recorrer aos conceitos microeconômicos que tratam da satisfação que bens e serviços podem proporcionar. O grau de satisfação que é subjetivo, ou seja, varia de indivíduo para indivíduo, pode ser apreciado com base no conceito de utilidade, ou seja, o grau de satisfação que o consumidor atribui aos bens e/ou serviços que pode obter do mercado (Vasconcellos & Garcia, 2004). A satisfação é representada, então, pela capacidade que os bens e/ou serviços possuem de satisfazer as necessidades humanas.

O valor de um bem, portanto, passa a ser dependente do reconhecimento de sua utilidade (satisfação). Sendo assim, o valor de um bem é formado a partir da demanda, que é, dita de outra forma, a busca por satisfação, pois resulta da relação do Homem para com os objetos (Teoria do valor utilidade). No entanto, outros autores consideram que o valor é formado a partir da oferta, com a incorporação dos custos de trabalho, como mão-de-obra, por exemplo. O valor de um bem nasce, portanto, da relação social entre os homens e considera o tempo produtivo (horas) que são incorporadas na produção de mercadorias. Em outras palavras, o valor de um bem depende dos custos de produção (Teoria do valor trabalho) (Vasconcellos & Garcia, 2004).

22 Se você quiser saber mais sobre as decisões que o produtor toma, leia o artigo original de Hottelling (1931), intitulado The Theory of Exaustible Resources. Embora seja um artigo basicamente voltado para o carvão mineral, até hoje este artigo é leitura obrigatória para entender as decisões que o produtor toma frente ao mercado mineral.23 Malthus, Adam Smith, Ricardo, Marx.

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Na realidade, as duas teorias são complementares, pois predizem o comportamento dos preços com base nos custos de produção e nas preferências e hábitos dos consumidores. Embora, dentre as duas, a Teoria do valor-utilidade seja a que explique a ocorrência do valor de uso, que é a utilidade que um bem representa para o consumidor24.

O comportamento da demanda pode ser analisado graficamente, por meio da construção de uma curva de demanda e do estudo de suas propriedades. Essa curva foi elaborada a partir do desenvolvimento do conceito de utilidade total, que diz: a utilidade total tende a aumentar quanto maior é a quantidade consumida de um bem ou serviço. Por outro lado, qualquer satisfação adicional (utilidade marginal) conseguida com o consumo de mais uma unidade do bem é decrescente e ocorre a saturação, pois o consumidor perde a percepção da utilidade proporcionada por mais uma unidade do bem.

Vasconcellos & Garcia (2004), ao tratar da utilidade marginal, empregam o paradoxo da água e do diamante: Por que a água tem um preço menor que o do diamante, embora a água seja mais necessária que o diamante? A resposta: a água apresenta uma grande utilidade total, mas baixa utilidade marginal (a água é abundante), enquanto o diamante (que é escasso) possui grande utilidade marginal. No caso dos minerais, vê-se, portanto que quanto maior a raridade (tendo a ver com a dispersão geológica e a pouca oferta) e maior a quantidade de trabalho necessário para obtê-lo, maior será o valor (maior utilidade marginal).

Portanto, a demanda (ou procura) depende de diversas variáveis:

a) o preço do bem ou serviço. b) o preço de outros bens c) a renda do consumidor, e d) a preferência do indivíduo (gosto).

a) Preço do bem ou serviço: a relação entre a quantidade procurada e o preço do bem é inversamente proporcional. Esta relação recebe o nome de Lei Geral da Demanda. Essa relação pode ser representada por tabelas denominadas de escalas de procura e por curvas de procura ou função demanda. (Ver Anexo 01). Assume-se, então, que a curva ou escala de procura mostram as preferências do consumidor, pois expressam a maximização da utilidade ou da satisfação do consumidor (Teoria do Consumidor).

Este processo pode ser entendido com o estudo da função demanda ou equação de demanda, que é a expressão matemática da relação entre quantidade demandada e o preço de um bem ou serviço. A partir deste estudo pode-se entender o comportamento de dois efeitos: o efeito substituição e o efeito renda que, quando somados demonstram a queda da quantidade demandada.

Função demandaQd = f (P)

24 O qual não deve ser confundido com a formação de preço no mercado, que resulta do encontro entre oferta e demanda de um bem (valor de troca).

Essas variáveis agem em conjunto, no entanto, para efeitos didáticos, costuma-se estudá-las separadamente.

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Onde:Qd: Quantidade procurada de um determinado bem ou serviço, num dado período de tempo;P: Preço de um bem ou serviço;

- Entende-se que Qd depende de P.

a.1) Efeito substituição: quando um bem A possui um bem substituto B, que é similar e satisfaz as mesmas necessidades do primeiro, então quando o preço do bem A aumenta, o consumidor passará a adquirir o bem substituto B, o que reduz a demanda pelo bem A.

b) Efeito renda: quando preço de um bem A aumenta, mas a renda do consumidor e os preços dos outros bens permanecem constantes, então ocorre uma perda de poder aquisitivo do consumidor (diminuição da renda) e a demanda do bem A diminui25.

Por outro lado, quando a renda do consumidor e o preço do produto aumentam, diz-se que o bem é normal, mas quando a demanda diminui e a renda aumenta, diz-se que o bem é inferior, por exemplo, quando se deixa de consumir carne de segunda e passa-se a consumir carne de primeira26. Há também o bem de consumo saciado, cuja demanda não é influenciada pela renda, caso dos alimentos básicos.

c) Preço de outros bens e serviços: quando o preço de um bem sobe e ocorre um aumento na demanda por outro, esses bens são ditos substitutos ou concorrentes (sucedâneos), pois há uma relação direta entre o preço de um e a demanda por outro. Quando a relação é indireta, ou seja, o aumento no preço de um bem, diminui a demanda por outro, os bens são chamados de complementares. Por exemplo: quantidade de automóveis e preço da gasolina27.

d) Hábitos e preferências dos consumidores: as preferências são subjetivas, mas podem sofrer a influência de outras opiniões, da criação de necessidades e de publicidade.

As preferências dos consumidores têm a ver com as quantidades que podem ser adquiridas em um determinado período de tempo (oferta) e que dependem: a) do preço do bem; b) dos custos de produção (também chamados de custos dos fatores de produção; c) metas e objetivos dos empresários; d) mudanças tecnológicas e, e) número maior de empresas no mercado. Essas relações podem ser expressas na forma de equação:

Função ofertaQo = f (p)

Onde:Qo: quantidade ofertada de um bem ou serviço, em um dado período;P: preço do bem ou serviço.

25 É raro, mas é possível que a lei de demanda não mostre esse comportamento. Quando isso ocorre, esta-se diante do Paradoxo de Giffen que ocorre quando grandes consumidores de um determinado bem diminuem suas aquisições devido a uma queda no preço, mas passam a demandar outros.O termo demanda não deve ser utilizado como sinônimo de quantidade demandada. Demanda faz referência a toda escala ou curva que relaciona os possíveis preços a determinadas quantidades, enquanto quantidade demandada trata de um ponto específico da curva relacionado a um preço e uma quantidade.26 Vasconcellos & Garcia (2004).27 Vasconcellos & Garcia (2004).

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Segundo a função acima, quantidade ofertada e preço são diretamente proporcionais, ou seja, um aumento de preço estimula o aumento da produção de um bem, inclusive com a participação de novos produtores que aumentarão a oferta (Lei geral da oferta).

No caso do custo dos fatores de produção, como salários ou matérias primas, quando há um aumento destes, há uma diminuição da oferta do produto (retração). Por outro lado, quando se trata do nível de conhecimento tecnológico, a cada melhoria tecnológica introduzida, tem-se correspondentemente, a introdução de melhorias na produtividade e no uso dos fatores de produção, o que corresponde a um aumento da oferta. Por fim, a oferta de um bem ou serviço será maior quanto maior for o número de empresas ofertando o mesmo produto.

Como já dito anteriormente, os preços minerais são basicamente regidos por demanda e oferta. Todavia, outros agentes ou forças podem intervir para modificar o preço. Dessa feita, os reflexos sobre os preços podem ser originados por ações oriundas de membros componentes do mercado, como os produtores de minérios, por agentes que permitem a exploração como os governos de países produtores de minérios ou ainda por um uso mais eficiente dos produtos minerais (reciclagem e/ou substituição). Com base nisso, para efeitos didáticos, pode-se dizer que, além dos fatores já comentados, os outros fatores que também influenciam os preços podem ser vistos na Tabela 5, abaixo:

Fonte: Evans, 1993.

4.1.1.2. O papel do governo Nos países produtores de minério, é prática comum a intervenção governamental na estrutura de preços, ora para estabilizá-los, ora para mudá-los. Países ricos em recursos minerais comumente entendem que o aproveitamento econômico desses recursos se constitui em uma forma de desenvolver o país. E aqui se faz uma observação. Do ponto de vista econômico, em geral os países ricos em recursos naturais são países ainda em fase de desenvolvimento e, algumas vezes, ainda em fase de consolidação das instituições políticas. Por isso, num primeiro instante, os governos nacionais costumam declarar (oficialmente) que os recursos minerais são “tesouros nacionais” e como tal devem ser explorados e utilizados em benefício da sociedade local. Bom, ainda mantendo a abordagem econômica, seguem-se dois padrões. O primeiro trata da criação de agentes nacionais de exploração na forma de empresas estatais destinadas à exploração desses recursos minerais. Essas empresas costumam contar com forte apoio governamental e podem chegar a obter sucesso comercial, mas somente o fazem porque, ao menos durante a sua fase de consolidação, receberam aportes financeiros governamentais. Todavia, essa segurança financeira pode resultar em práticas de malversação que levam as empresas a se tornar deficitárias. No segundo padrão, os governos não possuem recursos para desenvolver a indústria mineral, havendo então a necessidade de atrair investidores estrangeiros. No entanto, essas tentativas costumam resultar em

Tabela 5 – Outros fatores que influenciam os preços minerais

Demanda e oferta O papel do governo

Ação de cartéis

ReciclagemSubstituição e novas tecnologias

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ações de baixa eficiência, pois as medidas de atração costumam ser entendidas pelos investidores estrangeiros como obstáculos que impedir a produção ou a livre concorrência, uma vez que elas visam, na realidade, garantir a renda governamental. Assim, medidas que costumam ser rechaçadas pelos investidores estrangeiros incluem: impostos elevados, grandes participações (renda) governamentais, leis ambientais muito severas e restrições à livre venda (o governo determina quem é o comprador preferencial e quanto deve ser vendido, de modo a manter um determinado patamar de preços).

Tanto no primeiro padrão, quanto no segundo, há um momento na história econômica do país em que as práticas minerais passam a ser questionadas, pois os resultados obtidos passam a ser alvo de críticas. Nesse momento, costumam vir à tona tentativas de reestruturação tanto das leis minerais quanto da estrutura política, com vistas a atrair novos investidores. Ao mesmo tempo, surgem grupos nacionalistas que acusam o governo de entregar ao capital estrangeiro os “tesouros nacionais”. Caso o governo realmente prossiga em direção às reformas, então haverá uma flexibilização das leis minerais e ambientais, assim como um alívio nas restrições aos investidores estrangeiros. O final desse processo é visto como o estabelecimento de um marco regulatório, o que proporciona regras claras e segurança aos investidores28.

Esses movimentos em direção ao marco regulatório refletem sobre os preços, pois representam tentativas de controlar a produção a favor do governo sem, necessariamente, levar em conta os mecanismos de mercado. Assim, oferta e demanda podem ficar condicionados às restrições artificiais de oferta impostas por governos nacionalistas.

28 Um processo semelhante aconteceu no Brasil, quando das modificações na indústria nacional de petróleo. O monopólio da Petrobras foi flexibilizado e uma nova Lei de Petróleo (9478) foi adotada. A nova estrutura também incorporou a criação de um agente regulador, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíves (ANP).

Mercado x governo: como se dão as interferências?

Segundo Vasconcellos & Garcia (2004), os mecanismos mais comuns que os governos utilizam para interferir no mercado e, conseqüentemente, na formação de preços são:

a) fixação de impostos; b) concessão de subsídios; c) os critérios utilizados no reajusto do salário mínimo; d) a fixação de preços mínimos para produtos; e) o tabelamento ou congelamento de preços e salários.

Dentre estes, destaca-se a fixação de impostos que são basicamente sistemas de arrecadação obrigatória estabelecida pelos governos. Para isso, o governo se vale dos mecanismos de arrecadação tributária (impostos, taxas ou contribuições de melhoria) e da prerrogativa da incidência, ou seja, sabe-se quem recolhe o tributo, por exemplo, uma empresa, mas nem sempre fica claro que é o contribuinte, i.e., quem paga (ônus do tributo), uma vez que existem impostos diretos, os indiretos e específicos. Os impostos indiretos são aplicados sobre o consumo ou as vendas. Ex: ICMS e IPI. Os diretos, por sua vez, incidem sobre a renda e o patrimônio. Ex; IR e IPTU. Os específicos dizem respeito ao valor da unidade vendida, sendo esse imposto sempre fixo (caso da venda de automóveis).

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SUGESTÕES DE LEITURA

ANUATTI NETO, F. 2004 Regulamentação dos Mercados. In: PINHO, D.B.; VASCONCELLOS, M.A.S.de (Orgs). 2004. Manual de Economia. Editora Saraiva, 5ª. Ed. Cap. 10, p 227-43.

BATEMAN, A. M. 1967. Economic Mineral Deposits. 2nd edition. John Wiley and Sons Inc. 916p.

EVANS, A. M. 1993. Ore Geology and Industrial Minerals: An Introduction. 3rd edition. Blackwell Science. 390p.

KEAREY, P. 1996. The New Penguin Dictionary of Geology. Penguin Books. 374p.

KUŽVART, M. 1984. Industrial Minerals and Rocks. Developments in Economic Geology No. 18. Elsevier. 456p.

MONTORO FILHO, A.F. 2004. Teoria Elementar de Funcionamento do Mercado. In: PINHO, D.B.; VASCONCELLOS, M.A.S.de (Orgs). 2004. Manual de Economia. Editora Saraiva, 5ª Ed. Cap. 6, p. 133-59.

OLIVEIRA, R.G.de. 2004. A Teoria do Consumidor. In: PINHO, D.B.; VASCONCELLOS, M.A.S.de (Orgs). 2004. Manual de Economia. Editora Saraiva, 5ª. Ed. Cap. 5, p 110-32.

PINHO, D.B.; VASCONCELLOS, M.A.S.de (Orgs). 2004. Manual de Economia. Editora Saraiva, 5ª. Ed. 606p.

TROSTER, R.L. de. 2004. Estruturas de Mercado. In: PINHO, D.B.; VASCONCELLOS, M.A.S.de (Orgs). 2004. Manual de Economia. Editora Saraiva, 5ª. Ed. Cap. 8, p 191-02.

VASCONCELLOS, M.A.S.; GARCIA, M.E. 2004. Fundamentos de Economia. Editora Saraiva, 2 ed. 246p.

Responda: Como dois minérios substituíveis, por exemplo, cobre e alumínio, são influenciados pela reciclagem e por mudanças tecnológicas? Responda em 100 palavras e envie ao seu Tutor.

ATIVIDADE 04

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Anexo 01

Oferta e Demanda(extrato)

Msc. Alexandre Portela Barbosahttp://www.artigos.com/artigos/sociais/administracao/demanda-e--oferta!-2109/artigo/[email protected]

1.2. A DEMANDA - CONCEITO: A demanda de um determinado bem é dada pela quantidade de bem que os compradores desejam adquirir num determinado período de tempo. Ela será representada pelo símbolo DX.A demanda do bem x depende de uma série de fatore, dos quais, os economistas consideram como os mais relevantes:

O preço do bem x (Px);A renda do consumidor (Y);O preço de outros bens (Pz);Os hábitos e gostos dos consumidores (H).Matematicamente, pode-se expressar a demanda do bom de x pela seguinte expressão:

Dx = f(Px, Y, Pz, H, etc.)

Onde a letra f significa que Dx é função de e a palavra etc. abarca as outras possíveis variáveis.

A demanda do bem x é, portanto, a resultante da ação conjunta ou combinada de todas essas variáveis.Assim, por exemplo, caso se deseja saber o que ocorre com a demanda do bem x se o preço do mesmo aumentar, é preciso supor que todas as demais variáveis que influenciam a demanda permaneçam com o mesmo valor, de modo que a variação da demanda seja atribuível exclusivamente a variação de preço.

Nesse caso, podemos rescrever a demanda do bem x como sendo apenas a função do preço de x, já que as demais variáveis ficam com seu valor inalterado:

Dx = f (Px)

A esta relação denominaremos de função da demanda do bem de x e à sua representação gráfica será chamada de curva de demanda do bem x.Supondo-se que o bem x seja perfeitamente divisível, sua curva de demanda provavelmente assumirá o formato a seguir:

Matematicamente, pode-se dizer que a demanda do bem x é uma função inversa ou decrescente do seu preço.Embora seja perfeitamente aceitável ao bom senso comum que a quantidade procurada do bem x varie inversamente ao seu preço, os economistas justificam tal comportamento da demanda em função de dois efeitos:

a) Efeito-renda – quando o preço do bem x aumenta, o consumidor fica, em termos reais, mais pobre e, portanto, irá reduzir o consumo do bem; o inverso ocorrerá se o preço do bem x diminuir. b) Efeito-substituição – se o preço do bem x aumenta e o de outros bens fica constante, o consumidor

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procurará substituir o seu consumo por outro bem similar; se o preço diminuir, o consumidor aumentará o consumo do bem x às expensas da diminuição do consumo dos bens sucedâneos.

1.2.2 – EXCEÇÕES À LEI DA PROCURA

Há dias exceções à lei da procura: os chamados bens de Giffen e bens de Veblen. Os bens de Giffen são bens de pequenos valor, porém de grande importância no orçamento dos consumidores de baixa renda. Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório, tais como obras de arte, jóia, tapeçarias e automóveis de luxo. Tanto os bens de Giffen como os de Veblen têm curvas de demanda com inclinação positiva, ou seja, ascendentes da esquerda para a direita.

1.2.3 – CURVA DE DEMANDA DO MERCADO Tudo o que foi exposto até agora referia-se ao consumidor individual, mas vale também para o mercado como um todo, já que a curva de demanda do mercado resulta de agregação das curvas individuais.

Assim, por exemplo, se o mercado for composto por dois consumidores (A e B), Ter-se-ia:

Consumidor A Consumidor B Mercado

1.3 – A OFERTA

Q quantidade do bem x, por unidade de tempo, que os vendedores desejam oferecer no mercado constitui a oferta do bem x. Similarmente à demanda, a oferta também é influenciada por diversas variáveis, entre elas:

a) o preço do bem x (Px); b) preço dos insumos utilizados na produção (Pi); c) tecnologia (T); d) preço de outros bens (Pz).

Matematicamente, pode-se expressar a oferta do bem x (Ox) pela seguinte função:

Ox = f (Px . Pi . T . Pz . etc.)

OBS.: etc. = refere-se a outras possíveis variáveis que possam influenciar a oferta.

Assumindo-se a hipótese do carteris paribus:

Ox = f (Px)

Expressão que é denominada função de oferta do bem x; a sua representação gráfica, mostrada a seguir, é denominada de curva do bem x.

A oferta do bem x é uma curva ascendente da esquerda para a direita, mostrando que, quanto maior o preço, maior será a quantidade que os produtores desejarão oferecer no mercado.

Hedileno Monteiro
Nota
Duas
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A oferta do bem x é portanto, uma função direta ou crescente do preço.

1.4 – O EQUILÍBRIO DE MERCADO NA CONCORRÊNCIA PERFEITA

1.4.1 – CONCEITO: A oferta e a demanda do bem x conjuntamente determinam o preço de equilíbrio no mercado de concorrência perfeita. O preço de equilíbrio é definido como o preço que iguala as quantidades demandadas pelos compradores e as quantidades ofertadas pelos vendedores, de tal modo que ambos os grupos fiquem satisfeitos.

1.4.2 – TRATAMENTO MATEMÁTICO

Embora os economistas refiram-se às curvas de demanda e de oferta, estas também podem ser expressas linearmente.

QDx = 280 - 4Px (demanda)QOx = - 20 + 2Px (oferta)

Px QDx = 280 – 4Px QOx = 20 + 2Px30 280 – (4 x 30) = 160 - 20 + (2 x 30) = 4040 280 – (4 x 40) = 120 - 20 + (2 x 40) = 6050 280 – (4 x 50) = 80 - 20 + (2 x 50) = 8060 280 – (4 x 60) = 40 - 20 + (2 x 60) = 100

Observando-se a tabela acima, percebe-se facilmente que o preço de equilíbrio é $50. Para se obter o preço de equilíbrio, seria mais fácil igualar-se as quantidades demandadas e ofertadas (já que o preço de equilíbrio iguala as duas quantidades).

280 - 4Px = 20 + 2Px300 = 6PxPx = 3006Px = 50

1.4.3 – TABELAMENTO: Num mercado em concorrência perfeita, caso o Governo tabele o preço num valor inferior ao de equilíbrio, ocorrerá escassez do bem (excesso de quantidade demandada sobre a oferta).Tendo em vista que a solução adequada para esta escassez, que seria a elevação do preço de mercado, não é possível pois o mesmo está tabelado, não há outra alternativa ao não ser a administração da escassez.

1.5 – MUDANÇA NO PREÇO DE EQUILÍBRIO DE MERCADO EM VIRTUDE DE DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE OFERTA E PROCURA

1.5.1 – DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE DEMANDA A curva de demanda se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas variáveis que supusemos constantes quando traçamos a curva mudar de valor. Ela se deslocará para a direita da posição

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original quando a mudança do valor da variável antes suposta constante contribuir para aumentar a demanda e para a esquerda da posição original quando contribuir para diminuir a demanda.

1.5.1.1 – MUDANÇA NA RENDA DOS CONSUMIDORES

1.5.1.1.1 – BENS NORMAIS: Bens normais são aqueles cujo consumo aumenta à medida que a renda do consumidor se eleva.

Suponha-se que um determinado nível de renda dos consumidores, a curva de demanda do bem x apresente os seguintes pares e quantidades procuradas:

Px QPx10 10011 9012 8113 76

O gráfico seria o seguinte:

Caso a renda dos consumidores se eleve, provavelmente eles aumentarão também as quantidades demandadas do bem x de tal forma que, para os possíveis níveis de preços:

Px QPx QP’x10 100 11011 90 10012 81 9113 76 86

1.5.1.1.2 – BENS INFERIORES: bens inferiores são bens cuja demanda diminui quando o nível de renda do consumidor aumenta e aumenta quando o consumidor fica mais pobre.Se o bem x for um bem inferior, o aumento de renda dos consumidores reduz a sua demanda, a curva desloca-se para a esquerda e o preço e a quantidade de equilíbrio diminuem.

1.5.1.2 – MUDANÇAS NOS PREÇOS DE OUTROS BENS (PZ)Um determinado bem Z pode Ter as seguintes relações com o bem x:a) Z é um bem de consumo independente de x;b) Z é substituto de x;c) Z é complementar de x.

1.5.1.2.1 – BENS SUBSTITUTOS: São aqueles bens em que o consumo de um deles exclui o consumo do outro. A substituição não precisa ser total, basta o fato de ele comprar maiores quantidades de manteiga implicar um certa redução do seu consumo de margarina.

1.5.1.2.2 – BENS COMPLEMENTARES: São os bens cujo consumo é feito geralmente de forma simultânea.

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Da mesma forma que a substitubilidade, a complementaridade não precisa ser total, ou seja, o consumo de um implicar necessariamente no consumo do outro, bastando que o consumo de ambos seja associado de alguma forma. Exemplo: Pão e manteiga.

1.5.1.3 – HÁBITOS E GOSTOS DOS CONSUMIDORES: Esta variável é influenciada principalmente por campanhas de publicidade e propaganda do bem x. Por exemplo, se uma campanha publicitária convencer o consumidor que o consumo de um determinado produto faz bem a saúde, a demanda deste deverá aumentar e, consequentemente, elevar seu preço e quantidade de equilíbrio.

1.5.2 – DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA: A curva de oferta se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas variáveis que foram supostas constantes ao se traçar a curva mudar de valor. Se a mudança do valor da variável aumentar a oferta, ela se deslocará para a direita e de diminuir, para à esquerda da posição original.

1.6 – TRATAMENTO MATEMÁTICO DA FUNÇÃO DEMANDA REVISITADO

A demanda do bem x pode ser expressa matematicamente da seguinte forma:

Dx = f (Px, Y, Pz, H, etc.)

Assumindo-se que a função demanda seja linear, pode-se Ter, por exemplo:

QDx = - 2Px + 0,05Y – 1,5Pz

Aplicando-se a hipótese do cateris paribus, se for suposto que a renda do consumidor e o preço do outro bem permaneçam constantes em 1.000 e 8, respectivamente, obter-se à curva de demanda do bem x:

QDx = -2Px + (0,05 x 1000) – (1,5 x 8)QDx = -2Px + 50 – 12QDx = 38 – 2Px