06-CalculoVectorial
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ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 1
o Noção de campo escalar e de campo vectorial
• Os valores de algumas grandezas físicas variam com a posição no espaço, podendo essas grandezas ser expressas por uma função contínua das coordenadas espaciais.
• Toda a região onde uma grandeza física é assim definida diz-se um campo.
• Campo escalar
o Um campo diz-se escalar se a grandeza física que o define puder ser representada em cada ponto do espaço através de um valor escalar.
o Os campos escalares são normalmente representados através de uma série de linhas ou superfícies que unem pontos com o mesmo valor de campo.
o São exemplos de campos escalares a distribuição de temperatura numa sala e a distribuição do potencial eléctrico em torno de uma carga pontual.
• Campo vectorial
o Um campo diz-se vectorial se a grandeza física que o define tem uma magnitude e uma direcção sendo representada em cada ponto por um vector. A função que define este campo é uma função vectorial.
o São exemplos de campos vectoriais a distribuição da velocidade do vento numa dada zona e a distribuição do campo eléctrico em torno de uma carga pontual.
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 2
o Integrais com funções vectoriais
§ Integral de linha de uma função escalar
∫CVdl
• V é uma função escalar e dl representa um incremento diferencial do comprimento e C é o caminho de integração.
∫2
1
P
PVdl integração efectuada do ponto P1 até ao ponto P2.
∫CVdl integração efectuada ao longo de um caminho fechado.
• Em coordenadas cartesianas podemos escrever:
( )[ ]∫ ∫ ++=C C zyx
dzadyadxazyxVVdl ,,
o Como os vectores de base unitários ax, ay e az são constantes tanto em magnitude como na direcção, estes podem ser colocados fora do sinal de integração.
( ) ( ) ( )∫∫∫∫ ++=CzCyCxC
dzzyxVadyzyxVadxzyxVaVdl ,,,,,,
o Os três integrais são integrais escalares normais e podem ser calculados para uma função V(x, y, z) sobre um caminho C.
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 3
o Integrais com funções vectoriais
§ Integral de linha de uma função escalar
• Exemplo
• Calcule o integral ∫P
drr0
2 , onde 222 yxr += , desde o ponto de origem até ao ponto P(1, 1):
a) ao longo do caminho directo OP b) ao longo do caminho OP1P c) ao longo de OP2P
a) 3
22
3
2
0
32
0
2
0
2
rrr
Pa
radrradrr =
== ∫∫ (coordenadas polares)
( )3
2
3
2
2
2
2
2
3
2245sin45cos
3
22yxyx
o
y
o
xaaaaaa +=
+=+=
0
P1
P2
x
y
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 4
o Integrais com funções vectoriais
§ Integral de linha de uma função escalar
• Exemplo
b) Ao longo de OP1P
( ) ( ) ( ) =+++=+= ∫∫∫∫ ==
2
1
1
1
22
0 0
22
0
22
0
2 P
P yx
P
xy
PPdxyxadyyxadryxdrr
( ) =
++
=++= ∫∫
1
0
31
0
31
0
21
0
2
331 x
xa
yadxxadyya xyxy
31
34
131
31
yxxy aaaa +=
++=
c) Ao longo de OP2P
( ) ( )34
31
11
0
2
0
1
0
222
yxy
P
x aadyxadxxadryx +=++=+ ∫∫ ∫
• O valor do integral depende do caminho de integração.
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 5
o Integrais com funções vectoriais
§ Integral de linha de uma função vectorial
∫CldF.
• Representa o integral do campo vectorial F sobre o caminho de integração C, F.dl representa o produto interno de F e dl.
• Vamos considerar um caminho do ponto P1 até ao ponto P2 sobre um campo de força radial F que actua na direcção radial.
o Em qualquer ponto do caminho o valor de F.dl é dado por Fcosθθdl = FLdl onde FL é a componente de F sobre o caminho de integração.
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 6
o Integrais com funções vectoriais
§ Integral de linha de uma função vectorial
o A componente dr sobre a direcção r será dr=cosθθdl
FdrdlFdlFldF L === θcos.
o O produto de uma força F por uma distância dr representa um aumento incremental dW no trabalho feito pela força na deslocação do objecto na distância cosθθdl=dr.
dlFldFdW θcos. ==
o Se o caminho for dividido em segmentos paralelos e perpendiculares a F, as contribuições só ocorrem para os segmentos paralelos a F (θθ = 0o) não havendo realização de trabalho nos segmentos perpendiculares a F (θθ = 90o).
o Somando-se as contribuições dos segmentos paralelos a F obtemos o trabalho total W entre os dois extremos do caminho de integração.
∫= fim
início
P
PldFW .
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 7
o Integrais com funções vectoriais
§ Integral de linha de uma função vectorial
o Este integral de linha indica o trabalho realizado por F no objecto (energia fornecida ao objecto) deslocado sobre o caminho de integração.
o Para o caminho definido temos:
∫∫ == 2
1
2
1cos
r
r
r
rFdrdlFW θ
o Se considerarmos o caminho contrário de ρρ2 para P1 obtemos:
∫∫ −== 2
1
1
2
r
r
r
rFdrFdrW
o Para um campo vectorial como F, o integral de linha só depende do ponto inicial e do ponto final. Se integrarmos F sob um caminho fechado, o resultado será zero.
0. =∫CldF
o Um campo com estas características é chamado conservativo.
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 8
o Integrais com funções vectoriais
§ Integral de superfície
• Suponhamos que temos água a fluir com um ritmo uniforme B litros por segundo por metro quadrado (l/sm2) através da área quadrada A.
• O fluxo de água através da superfície depende de três factores: B (ritmo e direcção do fluxo), da área e do ângulo que a área faz com B.
• Podemos definir o fluxo como:
( )slABAnB / .cosˆ. == θψ
)( área davalor
superfície àlar perpendicu unitáriovector ˆ
ˆ
2mA
n
AnA
===
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 9
o Integrais com funções vectoriais
§ Integral de superfície
• Se o fluxo não for uniforme (B é função da posição) precisamos de calcular o fluxo dψψ através da
superfície ds:
( )slsdBdsnBd / .ˆ. ==ψ
dsnsd
ds
n
ˆsuperfície da orientação a e valor o indica quevector
superfície daescalar valor
superfície àlar perpendicu unitáriovector ˆ
==
==
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 10
o Integrais com funções vectoriais
§ Integral de superfície
• Somando todas as contribuições obtemos o fluxo através da superfície A:
( )slsdBdsnBAáreaAárea
/ .ˆ.
∫∫∫∫ ==ψ
o A água que flui na direcção x tem um fluxo dado por Bx=3xy l/sm2. Calcular o fluxo de água definido por (0,0,0), (0,3,0), (0,0,2) e (0,3,2).
( )slyzyzdydzdydzBsdBz
z
Y
yáreax
área
/ 272
1
2
133.
3
0
2
2
0
22
0
3
0
=
==== ∫ ∫∫∫∫∫
=
=
=
=
ψ
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 11
o Gradiente de um campo escalar
• Vamos considerar uma função escalar que depende das coordenadas espaciais V(u1, u2, u3) que poderá, por exemplo, representa a distribuição da temperatura num edifício.
• O valor de V depende da posição do ponto no espaço, mas poderá ser constante ao longo de algumas linhas ou superfícies.
• Na figura estão representadas duas superfícies onde o valor de V é constante e dV representa uma pequena variação de V.
o O ponto P1 encontra-se na superfície V1. O ponto P2 é o ponto correspondente na superfície V1+dV ao longo do vector normal à superfície dn.
o P3 é um ponto próximo de P2 ao longo de outra direcção dl≠≠dn.
o Para a mesma variação dV em V, a taxa de variação espacial dV/dl é maior ao longo de dn porque dn é a distância mais curta entre as duas superfícies.
o Como o valor de dV/dl depende da direcção de dl, dV/dl é uma derivada direccional.
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 12
o Gradiente de um campo escalar
• Definimos o vector que representa o valor e a direcção da máxima variação espacial como o gradiente desse campo escalar.
dndV
aVn
ˆgrad ≡
33
3
22
2
11
1ˆˆˆ
uhV
auh
Va
uhV
aVuuu ∂
∂+
∂∂
+∂
∂=∇
• Em coordenadas cartesianas (u1, u2, u3)=(x, y, z) e h1=h2=h3=1.
zV
ayV
axV
aV zyx ∂∂
+∂∂
+∂∂
=∇ ˆˆˆ ou Vz
ay
ax
aV zyx
∂∂
+∂∂
+∂∂
=∇ ˆˆˆ
• Definimos o operador ∇∇:
∂∂
+∂∂
+∂∂
≡∇z
ay
ax
a zyxˆˆˆ coordenadas cartesianas
∂∂
+∂∂
+∂∂
≡∇33
3
22
2
11
1ˆˆˆ
uha
uha
uha
uuu coordenadas ortogonais
VV ∇=grad
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 13
o Divergência de um campo vectorial
• No estudo dos campos vectoriais é conveniente representar as variações através de linhas de fluxo. Estas linhas ou curvas indicam em cada ponto a direcção do campo vectorial. A magnitude do campo é indicada através da densidade ou comprimento dos vectores.
(a) o campo na região A é mais intenso do que na região B porque existe uma maior densidade de linhas na região A;
(b) campo radial cuja intensidade diminui à medida que nos afastamos de q;
(c) representa um campo uniforme.
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 14
o Divergência de um campo vectorial
• O fluxo de um campo vectorial é análogo ao fluxo de um liquido incomprimível como a água. Para um volume com uma superfície fechada só haverá uma diferença entre o fluxo que entra e sai da superfície se esta contiver uma fonte de fluxo.
• A variação média do fluxo por unidade de volume é uma medida da intensidade da fonte de fluxo interna.
• A divergência de um campo vectorial é um escalar que indica o fluxo do campo por unidade de volume que sai através de uma superfície fechada infinitamente pequena que encerra um ponto.
V
sdAA S
V ∆≡ ∫
→∆
.limdiv
0
• Um resultado mais utilizável é:
z
A
y
A
x
AA zyx
∂∂
+∂
∂+
∂∂
=div coordenadas cartesianas
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 15
o Divergência de um campo vectorial
• Sabendo que
∂∂
+∂∂
+∂∂
≡∇z
ay
ax
a zyxˆˆˆ e que
zzyyxxAaAaAaA ˆˆˆ ++= podemos escrever:
AA .div ∇=
• Em coordenadas ortogonais (u1, u2, u3) obtemos:
( ) ( ) ( )
∂∂
+∂∂
+∂∂
=∇321
3
231
2
132
1321
1. Ahh
uAhh
uAhh
uhhhA
• Teorema da divergência
o O valor da divergência dá-nos o valor do fluxo que é gerado num volume infinitesimal. O integral sobre um volume dá-nos o fluxo que é gerado dentro do volume.
o O integral de superfície sobre um volume delimitado por uma superfície fechada dá-nos a diferença entre o fluxo que sai e o fluxo que entra na superfície. Esta diferença é o fluxo que é gerado no interior do volume.
∫∫ =∇SV
sdAA ..
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 16
o Rotacional de um campo vectorial
• Vimos que a saída de fluxo através de uma superfície fechada que delimita um volume indica a presença de uma fonte no seu interior. Esta fonte pode ser considerada como uma fonte de fluxo e o valor da divergência como uma medida da intensidade da fonte.
• Existe um outro tipo de fonte, chamada de fonte de vortex, que causa uma circulação do campo vectorial à sua volta.
• A circulação (média) de um campo vectorial sobre um caminho fechado é definido como o integral de linha sobre o caminho:
∫≡C
ldA.C contorno o sobre A de Circulação
• Se A for uma força que actua no objecto, a sua circulação representa o trabalho feito pela força na movimentação do objecto uma vez ao longo do contorno.
• Poderá existir circulação num campo vectorial A mesmo que a divergência de A seja nula (isto é, não existem fontes de fluxo).
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 17
o Rotacional de um campo vectorial
• De modo a definirmos uma função pontual que indique a intensidade da fonte de vortex, devemos considerar C muito pequeno e orientado de tal modo que a circulação seja máxima.
[ ]∫∆=×∇=
→∆ CnsldAa
sAA .
1limrot
0
• O rotacional de um campo vectorial A é um vector cuja magnitude é a máxima circulação de A por unidade de área quando a área tende para zero e cuja direcção é a normal da área quando esta é orientada de modo a que a circulação seja máxima.
zyx
zyx
AAAzyx
aaa
AA∂∂
∂∂
∂∂
=×∇=
ˆˆˆ
rot Coordenadas cartesianas
332211
321
332211
321
ˆˆˆ1
rot
AhAhAhuuu
hahaha
hhhAA
uuu
∂∂
∂∂
∂∂
=×∇= Coordenadas ortogonais
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 18
o Teorema de Stokes
o Identidades nulas
• Teorema de Stokes
o O integral de superfície do rotacional de um campo vectorial sobre uma superfície fechada é igual ao integral de linha sobre o contorno que define a superfície.
( ) ∫∫ =×∇CS
ldAsdA ..
• Identidades nulas
o Identidade I
( ) 0=∇×∇ V
§ O rotacional do gradiente de um campo escalar é nulo.
Ø Se um campo vectorial é irrotacional, este pode ser expresso como o gradiente de um campo escalar.
o Identidade II
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 19
o Teorema de Stokes
o Identidades nulas
( ) 0. =×∇∇ A
§ A divergência do rotacional de um campo vectorial é zero.
Ø Se um campo vectorial não tem divergência, este pode ser exprimido como o rotacional de um outro campo vectorial.
Ø Os campos com divergência nula não têm fontes de fluxo. O fluxo que sai de qualquer superfície fechada é zero e as linhas de fluxo são fechadas.
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 20
o Classificação de campos vectoriais
• Podemos classificar os campos vectoriais de acordo com a sua divergência e rotacional:
o Solenoidal e irrotacional
0. =∇ F 0=×∇ F
Campo electrostático numa região sem cargas.
o Solenoidal e rotacional
0. =∇ F 0≠×∇ F
Um campo magnético estático num condutor com corrente.
o Não solenoidal e irrotacional
0. ≠∇ F 0=×∇ F
Campo electrostático numa região com cargas.
o Não solenoidal e rotacional
0. ≠∇ F 0≠×∇ F
Campo eléctrico num meio com cargas com um campo magnético a variar no tempo.
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 21
o Teorema de Helmholtz
• Um campo vectorial genérico terá uma divergência e um rotacional diferentes de zero e pode ser considerado como a soma de um campo solenoidal com um campo irrotacional.
• Um campo vectorial é determinado a menos de uma constante aditiva se a sua divergência e rotacional estão especificados em qualquer ponto.
• A divergência mede a intensidade de fontes de fluxo e o rotacional a intensidade de fontes de vortex.
• Quando as intensidades de ambas as fontes estão especificadas temos o campo vectorial especificado.
• Podemos decompor um campo vectorial genérico F numa parte irrotacional Fi e numa parte solenoidal Fs:
si FFF += com
=∇=×∇gF
F
i
i
.
0 e
=∇=×∇
0.s
s
F
GF
onde g e G são supostamente conhecidos, temos então:
gFF i =∇=∇ .. e GFF s =×∇=×∇
ELECTROMAGNETISMO
ÄÄ Cálculo vectorial - 22
o Teorema de Helmholtz
• O teorema de Helmholtz garante que F pode ser obtido a partir da integração de g e de G.
o Se Fi é irrotacional:
0=×∇ iF e ( ) 0=∇×∇ V (identidade I)
podemos definir uma função escalar V de modo que:
VFi ∇−=
o Se Fs é solenoidal:
0. =∇ sF e ( ) 0. =×∇∇ A (identidade II)
podemos definir uma função vectorial A de modo que:
AFs ×∇−=
o Um campo vectorial genérico pode ser escrito como a soma do gradiente de um campo escalar e o rotacional de um campo vectorial.
AVF ×∇+∇−=