04_06_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_3

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LIVRO. Seleção de entrevistas com autores célebres ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Caê Guimarães é jornalista, poeta e escritor. Publicou quatro livros e escreve no site www.caeguimaraes.com.br E N T R E L I N H A S oa informação não se arranca a fórceps e entrevistas com escritores consagrados não é porto se- guro. Mas, para o bem do lei- tor, os jornalistas do primeiro volume de “As Entrevistas da Paris Review” (Cia. das Le- tras, 459 págs., R$ 58) encara- ram suas esfinges com mirada forte. O resultado é ligeira- mente desigual nas entrevis- tas de Faulkner, Capote, He- mingway, Celine, Borges, Au- den, Doris Lessing, Manuel Puig, Amós Oz, Primo Levi, Billy Wilder, Ian McEwan, Paul Auster e Javier Marías, feitas entre 1956 e 2006. Al- guns têm o mau humor como premissa. Outros brilham na fala como na escrita. Mas, co- mo o comentário sobre as 14 entrevistas vazaria desta co- luna, vamos a algumas delas. Faulkner se mostra menos hermético do que sua escrita. “Não há nada novo a ser dito. Se Shakespeare, Balzac e Ho- mero vivessem mais mil anos, os editores não precisariam de mais ninguém”. Para ele, a individualidade de um escri- tor interessa apenas a si pró- prio. Em sua matemática atí- pica, a fórmula para se tornar um romancista sério é 99% de talento, 99% de trabalho e 99% de disciplina. A cordialidade perscruta- dora marca a entrevista de Truman Capote. Gentil, ele deixa no repórter a certeza de ser um homem que não pode ser ludibriado com jo- gos e armadilhas. E faz uma instigante comparação da escrita com outras artes. “A escrita tem leis de perspecti- va, luz e sombra, como a pin- tura e a música. Se você nas- No princípio era o verbo Fale com o editor: José Roberto Santos Neves - [email protected] A GAZETA Vitória (ES), 04 de junho de 2011 B ceu conhecendo-as, ótimo. Se não, tem que aprender”. Já Hemingway, homem de personalidade solar e aventu- reira, surpreende pelo mau humor. Ele chega a classificar uma pergunta como cansati- va e demorada, mas ainda as- sim revela curiosos métodos de trabalho, como escrever de pé com a máquina sobre uma bancada alta, iniciar livros com escrita manual a lápis e a obsessão em contar o número de palavras/dia escritas “para não ludibriar a mim mesmo”. Oniilismochegaàsraiasdo desespero em Celine. Talvez seja o caso de maior seme- lhança entre autor, fala e obra. “Tolero a vida porque estou vivo e tenho responsabilida- des. Só espero morrer da for- ma menos indolor possível”, afirma entre sombras. A revista literária america- na “Paris Review” foi lançada em 1953 e se tornou legendária por sua linha editorial – um contraponto à crítica acadê- mica formal. Este volume de entrevistas,realizadascomes- critores vindos de culturas tão distintas e de estilos tão díspa- res, revela o corpo submerso do iceberg que é a mente dos que se dedicam a construir as narrativas que a humanidade precisa para aplacar o absurdo da própria existência. VEST SABERES 2011•2 3227-8203 I www.saberes.edu.br PORTUGUÊS E INGLÊS HISTÓRIA LETRAS POS ´ GRADUAÇÃO SABERES 2011 TURMAS DE JUNHO/11 ALFABETIZAÇÃO - Curso Inédito 1ª TURMA - Iniciando EDUCAÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL 10ª TURMA PSICOPEDAGOGIA 21ª TURMA - Iniciando MATRÍCULAS ABERTAS PROVA AGENDADA

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LIVRO. Seleçãodeentrevistascomautorescélebres MATRÍCULASABERTAS GRADUAÇÃO ENTRELINHAS PROVAAGENDADA EDUCAÇÃOEGESTÃOAMBIENTAL PSICOPEDAGOGIA ALFABETIZAÇÃO-CursoInédito 10ªTURMA 21ªTURMA-Iniciando 1ªTURMA-Iniciando AGAZETAVitória(ES),04dejunhode2011 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Falecomoeditor: José[email protected]

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LIVRO. Seleção de entrevistas com autores célebres----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Caê Guimarães éjornalista, poeta eescritor. Publicouquatro livros eescreve no sitewww.caeguimaraes.com.br

E N T R E L I N H A S

oa informação nãose arranca a fórceps

e entrevistas com escritoresconsagrados não é porto se-guro. Mas, para o bem do lei-tor, os jornalistas do primeirovolume de “As Entrevistas daParis Review” (Cia. das Le-tras, 459 págs., R$ 58) encara-ramsuasesfingescommiradaforte. O resultado é ligeira-

mente desigual nas entrevis-tas de Faulkner, Capote, He-mingway, Celine, Borges, Au-den, Doris Lessing, ManuelPuig, Amós Oz, Primo Levi,Billy Wilder, Ian McEwan,Paul Auster e Javier Marías,feitas entre 1956 e 2006. Al-guns têm o mau humor comopremissa. Outros brilham nafala como na escrita. Mas, co-mo o comentário sobre as 14entrevistas vazaria desta co-luna, vamos a algumas delas.

Faulkner se mostra menoshermético do que sua escrita.“Não há nada novo a ser dito.Se Shakespeare, Balzac e Ho-merovivessemmaismilanos,os editores não precisariam

de mais ninguém”. Para ele, aindividualidade de um escri-tor interessa apenas a si pró-prio. Em sua matemática atí-pica, a fórmula para se tornarumromancistasérioé99%detalento, 99% de trabalho e99% de disciplina.

A cordialidade perscruta-dora marca a entrevista deTruman Capote. Gentil, eledeixa no repórter a certezade ser um homem que nãopode ser ludibriado com jo-gos e armadilhas. E faz umainstigante comparação daescrita com outras artes. “Aescrita temleisdeperspecti-va, luz e sombra, como a pin-tura e a música. Se você nas-

No princípio era o verbo

Fale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected] A GAZETA Vitória (ES), 04 de junho de 2011

Bceu conhecendo-as, ótimo.Se não, tem que aprender”.

Já Hemingway, homem depersonalidadesolareaventu-reira, surpreende pelo mauhumor. Ele chega a classificaruma pergunta como cansati-va e demorada, mas ainda as-sim revela curiosos métodosdetrabalho,comoescreverdepé com a máquina sobre umabancada alta, iniciar livroscomescritamanuala lápiseaobsessãoemcontaronúmerode palavras/dia escritas “paranão ludibriar a mim mesmo”.

Oniilismochegaàsraiasdodesespero em Celine. Talvezseja o caso de maior seme-lhançaentreautor, falaeobra.

“Tolero a vida porque estouvivo e tenho responsabilida-des. Só espero morrer da for-ma menos indolor possível”,afirma entre sombras.

A revista literária america-na “Paris Review” foi lançadaem1953esetornoulegendáriapor sua linha editorial – umcontraponto à crítica acadê-mica formal. Este volume deentrevistas,realizadascomes-critoresvindosdeculturastãodistintasedeestilostãodíspa-res, revela o corpo submersodo iceberg que é a mente dosque se dedicam a construir asnarrativas que a humanidadeprecisaparaaplacaroabsurdoda própria existência.

VESTSABERES2011•2

3227-8203 I www.saberes.edu.br

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HISTÓRIALETRAS

POSGRADUAÇÃOSABERES2011

TURMAS DE JUNHO/11ALFABETIZAÇÃO - Curso Inédito

1ª TURMA - Iniciando

EDUCAÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL10ª TURMA

PSICOPEDAGOGIA21ª TURMA - Iniciando

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Documento:Terceiro_04_06_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_3.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:03 de Jun de 2011 13:52:15