04. Coeficiente de Restituição
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BC1707: Métodos Experimentais em Engenharia UFABC Resolução Lista 04 (Marcos) v1.0
Fernando Freitas Alves [email protected] 19/01/14 – pág. 1/11
1. Considereafigura1,bemcomoas relaçõesapresentadasentretempos,alturasevelocidadesparaencontrara
coeficientederestituição( ).
ℎℎ ΔΔ
Figura 1 Arranjoexperimentalparaavaliaçãodocoeficientederestituição.
Pede-se:
a) Proponhaumprocedimentoparaestimarovalorde ,combasenamediçãodasalturasℎeℎ.b) Indiquequaissãoasgrandezasdeinfluêncianoprocedimentoproposto.
c) Calculeocoeficientedesensibilidadedeℎnaestimativadocoeficientederestituição.
çã
a) Existem diversas formas de se mensurar a altura que a bola atinge para cada intervalo de colisão. O mais
simples seria medir com uma régua ou qualquer outro instrumento com escala espacial diretamente o
instante em que a bola se mantém parada no ar (quando a velocidade se torna nula devido a aceleração da
gravidade impulsionar a bola para baixo enquanto ela tenta subir com a energia cinética do impacto).
Porém, esse método é pouco exato, visto que é ineficaz mensurar a altura nesse instante quando o mesmo
acontece em frações de segundo, gerando baixa precisão.
Outro método mais eficaz seria gravar com um câmera, de resolução e taxa de captura suficientemente
elevadas, o experimento para se mensurar a altura com o tempo que for necessário para a obtenção.
Outro método também eficaz seria utilizar um feixe de luz (geralmente infravermelho) com um aparato que
simule um interferômetro de Michelson para mensurar a distância sem influenciar substancialmente na
energia do processo.
Em todos os procedimentos propostos, a bola deve efetuar um movimento puramente retilíneo e
perpendicular com a base horizontal. Para isso, como é relativamente difícil obter uma superfície
eficientemente lisa tanto quanto guiar a bola nessa única direção sem perder energia, se torna necessário
utilizar um guia vazado (como um cano PVC) que caiba exatamente a bola em seu interior e que esteja
alinhado perpendicularmente com a superfície.
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b) Em todos os procedimentos propostos, fatores como temperatura ambiente, gradientes de temperatura,
movimento angular e linear da bola, perdas de energia devido aos choques com a parede do tubo guia,
atrito com tais paredes, com a superfície e com o ar, estabilidade no fluxo de ar do local e da vibração dos
corpos envolvidos e troca de energia devido a luminescência das luzes envolvidas no processo são
grandezas de influência que não são consideradas na conta e que podem ser desconsideradas para se obter
uma boa aproximação do coeficiente de restituição.
c) Utilizando a propagação de erro, temos que o coeficiente de sensibilidade de ℎ é dado por:
1 ℎ
⇒ 1
12
1ℎℎ
⇒ 1 12 ℎ ⇒ 2
RELEMENBRANDO
: ± +
± +
+ ⏟.. . ⏟.. .
+ ⏟.. .
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2. Aconfiguraçãoapresentadanafigura2foiutilizadaparadeterminaçãoexperimentaldocoeficientederestituição
paradois sistemas:pedra-vidro (bola degudecolide com superfíciedepedra) emadeira-vidro (boladegude
colidecom superfíciedemadeira). Soltando-seabolaemqueda livrede umaaltura de0,5 , foi realizadaa
mediçãodetempoentredoisimpactosconsecutivos,medianteacapturadosinaldeacústicopelomicrofonede
eletreto,suaamplificaçãoeapresentaçãonateladeumosciloscópio.
Apartirda coletado tempodecorridoentreimpactossubsequentes, foramtraçadasascurvasapresentadasna figura3eospontosexperimentaisforamdispostosnatabela1.
Pede-se:
a) Determineovalordocoeficientederestituiçãoparacadaumdossistemas.
b) Avalie as fontes de incerteza associadas à determinação do coeficiente de restituiçãopelo procedimento
descrito.
Considereasrelações:
2 Δ − 2
,
onde:alturadocilindro,:gravidade,Δ:tempoentredoisimpactose:coeficientederestituição.
Figura 2 Montagemexperimentalparadeterminaçãodocoeficientederestituição.
Figura 3 Resultadosobtidosnamediçãoentreosintervalosentreimpactos:Δ.
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Tabela 1. Resultadosobtidosnamediçãoentreosintervalosentreimpactos:Δ. Pedra/vidro Madeira/vidro
Colisão( ) Δ( ) Δ( )1 0,52 0,40
2
0,45
0,27
3 0,38 0,18 4 0,34 0,12 5 0,28 0,10 6 0,24 0,8 çã Para se determinar o valor do coeficiente de restituição com os dados coletados, deve-se utilizar uma
mudança de variável a partir das equações descritas, visto que a dependência de Δ por não é retilínea.
Essa mudança é demonstrada por:
Δ 2
⇒ Δ2
⇒ ln Δ2 l n
⇒
Perceba que agora, a variável depende linearmente de . Logo, encontrando a constante de
proporcionalidade usando os dados da tabela, podemos encontrar , pois:
l n ⇒
± ±
A incerteza da variável Y pode ser estimada pela seguinte propagação de erro:
± + Δ
⇒ ± 2
Δ Δ
2
+ 2
Δ 1
2
⇒ ± + Δ
Assumindo que a incerteza das medidas Δ feitas no osciloscópio é de ±0,01 s, a altura adquirida por
uma régua de incerteza de ±0,0005 m, o valor da aceleração da gravidade como exatos 9,81 m/s e estimando
o valor e a incerteza de :
2 2 × 0,5 m9,81 m/s ≈319,3 ms
± ± 2 · ≈ ± 319,3 ms2 · 0,0005 m0,5 m ≈ ±0,2 ms
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podemos reescrever a tabela com os dados de para cada ponto, corrigindo o valor de Δ e Δ para a
superfície de madeira de acordo com o valor do gráfico e expandindo os valores com os outros pontos do
gráfico:
Pedra/vidro Madeira/vidro
Colisão( ) Δ( ) Δ( ) 1 0,52 ± 0,01 0,2 ± 0,5 0,40 ± 0,01 0,5 ± 0,5 2 0,45 ± 0,01 0,3 ± 0,5 0,28 ± 0,01 0,8 ± 0,5 3 0,38 ± 0,01 0,5 ± 0,5 0,18 ± 0,01 1,3 ± 0,5 4 0,34 ± 0,01 0,6 ± 0,5 0,12 ± 0,01 1,7 ± 0,5 5 0,28 ± 0,01 0,8 ± 0,5 0,10 ± 0,01 1,9 ± 0,5 6 0,24 ± 0,01 1,0 ± 0,5 0,07 ± 0,01 2,2 ± 0,5 7 0,20 ± 0,01 1,2 ± 0,5 0,06 ± 0,01 2,4 ± 0,5 8 0,17 ± 0,01 1,3 ± 0,5 0,04 ± 0,01 2,8 ± 0,6 9 0,16 ± 0,01 1,4 ± 0,5 0,03 ± 0,01 3,1 ± 0,6
10
0,14 ± 0,01
1,5 ± 0,5
0,02 ± 0,01
3,5 ± 0,7
11
0,13 ± 0,01 1,6 ± 0,5 12 0,10 ± 0,01 1,9 ± 0,5
obtemos as seguintes curvas:
onde suas constantes de proporcionalidades levam aos seguintes valores de coeficientes de restituição com um
fator
1 , 9 6 para obter um intervalo de predição de
95% de probabilidade:
−, 1±0,004·1,96 0,864±0,007 −, 1±0,012·1,96 0 , 7 3 ± 0 , 0 2
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3. Emtrêsexperimentosdiferentes,deixou-secairumabolaping-pongdeumaalturaiguala0,785 emuma
superfíciedegranito.Ossinaisacústicosgeradoscomosimpactosdabolaforamconvertidosempulsoselétricos
atravésdeummicrofoneeregistradosnoosciloscópio,comorealizadoemsaladeaula.Paracadaexperimento
foiobtido,pormétodosdiferentes,umvalordocoeficientederestituiçãodabola.
Experimento 1: CoeficientederestituiçãoDeixou-se abola bater sucessivamentenasuperfície,gerandoo sinaldafigura4.Emseguida,mediram-se os
diversosintervalosentrequedasconsecutivas,gerando-seográficodafigura5.
a) Considerando o resultado da interpolação exponencial dos resultados obtidos na figura ( ),determineovalormaisprovávelparaocoeficientederestituição .Lembre-sedequeotempoquedefineo
intervaloédadoporΔ 2.Paraapresentarcorretamenteonúmerodealgarismos,adotequeaincertezapadrãodestemétodoéde3%.
Figura 4 Resultadoobtidonoosciloscópio.
Figura 5 Resultadodotratamentodosdados.
Experimento 2: CoeficientederestituiçãoFoimedido5vezesointervalodetempoentreoinstantedoprimeiroimpactoedosegundo.Atabela2contém
osresultadosobtidos.
Tabela 2 Resultadosobtidosemcincomediçõesdointervaloentreoprimeiroeosegundoimpactodabolasobre
asuperfície.
Medida Intervalodetempo(
)
1 0,723 2 0,722 3 0,715 4 0,719 5 0,716 b) Determineo coeficientederestituição( )maisprovávelapartirdos resultadosapresentadosnatabela2.
Lembre-sequeotempodequedadabolaapartirdorepousopodesercalculadocomo:
2
adote 9,80 /edesprezeasgrandezasdeinfluêncialigadasa.
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Estimeaincertezapadrãoapartirdatabela2euse-aparaindicarovalordecomonúmerocorretode
algarismossignificativos.
Experimento 3: coeficientederestituiçãoOgráficodafigura6foiregistradoparaseobterointervalodetempoentreoprimeiroeosegundoimpactoda
bola,comorealizadoemsaladeaula.
Figura 6 Gráficocompicosdetensãocorrespondentesaoprimeiroeosegundoimpactodabolanasuperfície.
c) Determineocoeficientederestituição( )apartirda figura6.Lembre-sequeo tempodequedadabola
podesercalculadocomo
2
e adote 9,8 /.Para indicaro valorde com onúmero corretodealgarismos,considereque a
incertezapadrãodestemétodoéde3%.
d) Osresultadosobtidosatravésdosexperimentos1,2e3sãocompatíveis?Justifique,utilizandooconceitode
erronormalizado.
e) Paraqual(is)dosexperimentosaalturadaquedadabolaéumagrandezademaiorinfluêncianoresultado
obtidoparaocoeficientederestituição?
çãa) Por um lado, temos pela interpolação que:
onde as variáveis representam: Δ
Podemos então encontrar a seguinte relação linear:
ln Δ
Por outro lado, pela equação teórica: Δ 2
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temos a seguinte relação linear:
ln Δ2 l n
Comparando ambas as expressões lineares, concluímos que:
l n ⇒ Logo, utilizando a incerteza padrão enunciada de 3%, o valor do coeficiente de restituição do experimento
1 é dado por: −,1±0,03 ≈0,80±0,03
b) Podemos estimar a incerteza do valor de através da seguinte propagação de erro:
±
⇒ ± 12 2
⇒ ± 12 ⇒ ± 2 ·
⇒ ± · 0,032
Logo, o valor de
é dado por:
2 1 ± 0,032 2 × 0,785 m9 , 8 0 m s⁄ 1±0,015 ≈ 0,400±0,006 s
Por outro lado, o valor de é dado pela média dos dados da tabela:
Δ 1 ∑ Δ
= 0,723 + 0,722 + 0,715 + 0,719 + 0,7165 s 0,719 s
e sua incerteza estimada pelo desvio padrão dos mesmos:
± 1 1 ∑(Δ Δ)= ± 0,7230,719 + 0,7220,719 + 0,7150,719 + 0,7190,719 + 0,7160,7195 1 s ±0,004 s
Assim, podemos calcular o coeficiente de restituição que depende desses valores encontrados:
Δ 2
Δ2
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e estimar sua incerteza pela seguinte propagação:
± Δ +
⇒ ± 12 + Δ2
⇒ ± Δ +
⇒ ± Δ +
Logo, concluímos que o valor do coeficiente pelo experimento 2 é dado por:
Δ2 1 ± Δ + 0,719 s2 × 0,400 s 1 ± 0,004 s0,719 s + 0,006 s0,400 s ≈ 0 , 9 0 ± 0 , 0 1
c) Utilizando a mesma análise do item b, temos que o valor do coeficiente pelo experimento 3, utilizando o
intervalo de tempo Δ 0,8 s 0,1 s 0,7 s dado pelo gráfico e o erro padrão do enunciado de 3%, é
dado por:
Δ
2 [1±0,03] 0,7 s2 × 0,400 s 1±0,03 ≈0,88±0,03
d) Utilizando o conceito de erro normalizado:
| |√ +
onde é a incerteza expandida da medida (neste caso, considerando um fator 1 , 9 6 para obter um
intervalo de predição de 95% de probabilidade), para comparar cada par de coeficiente de restituição para
cada experimento, temos os seguintes valores:
1,61 0,96 0,32
Podemos perceber que entre os valores do primeiro com o terceiro e do segundo com o terceiro
experimento resultaram em um erro normalizado menor que 1, o que implica que são valores
confiantemente compatíveis entre cada método respectivo. Por outro lado, a comparação entre os valores
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do primeiro e o segundo experimento resultou um erro normalizado entre 1 e 2. Logo, podemos dizer que
ambos os valores são pouco comparáveis, no entanto, atribuindo incertezas padrões maiores esses valores
se tornam mais compatíveis.
e) O experimento que é mais afetado pela altura da queda é aquele que possui uma relação maior entre o
seu coeficiente de sensibilidade e o da altura.
No entanto, para o experimento 1, temos que:
1 1
onde é desconhecido, visto que não foi mencionado a análise de interpolação utilizada no gráfico deste
experimento. Logo, não podemos presumir a relação entre o coeficiente de sensibilidade do coeficiente de
restituição pela altura da queda.
Por outro lado, para os experimentos 2 e 3, temos:
1 Δ +
⇒ 1
12
+ Δ
2
⇒ 1 Δ +
⇒ Δ +
⇒ +
tal que:
1 ⇒ 1 12 2 ⇒ 1 12
⇒ 12
·
⇒ 12
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Logo:
14 +
⇒ ∝12
Assim, conclui-se que os experimentos 2 e 3 são igualmente afetados pela altura da queda.