012e5-globalização e educação

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GLOBALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO: COMO FICAM AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS? Neila Pedrotti Drabach 1 Natália Pergher Miranda 2 Maria Elizabete Londero Mousquer 3 Resumo: A globalização, fruto das proporções globais atingidas pelo capitalismo como modo de produção e processo de civilização, afeta todos os âmbitos da sociedade. Remodelam-se as relações entre países, grupos sociais, Estados e nações. Dentre estas reconfigurações, a mudança no papel do Estado frente à sociedade civil traz profundas alterações no processo de construção e gerenciamento das políticas públicas, acarretando um desvirtuamento na função destas. O presente artigo expõe, de forma sucinta, os percalços da educação no contexto da sociedade global, a partir da discussão de algumas premissas que apontam para o estabelecimento de uma agenda fixa para as políticas educacionais. Partindo disso, discute-se a possibilidade da construção de uma agenda contra-hegemônica a este modelo imposto, tendo como princípio norteador o local. Palavras-chave: Educação. Globalização. Políticas Públicas Educacionais. Considerações iniciais O contexto atual é marcado pelo agravamento de crises generalizadas nas mais diversas esferas sociais do mundo, acarretando incertezas e imprevisibilidades decorrentes, muitas vezes, da multiplicidade de sentidos em disputa. O campo educacional, por situar-se numa área de interações e de influências, representa um espaço de interesses e impasses políticos e econômicos, os quais colocam a educação em um terreno movediço. Estes interesses materializam-se a partir de discursos que buscam alojar-se no cerne do sistema educacional: as políticas educacionais, alcançando legitimidade e amplitude. Desta forma, torna-se fundamental a análise destes discursos e da racionalidade que lhe subjaz, bem como a idéia de buscar alternativas contra-hegemônicas aos receituários que se impõe. 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia – CE/UFSM 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia – CE/UFSM 3 Profª Drª do Dept° de Administração Escolar – CE/UFSM

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artigo científico que aborda o tema

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  • GLOBALIZAO E EDUCAO: COMO FICAM AS

    POLTICAS EDUCACIONAIS?

    Neila Pedrotti Drabach1

    Natlia Pergher Miranda2

    Maria Elizabete Londero Mousquer3

    Resumo:

    A globalizao, fruto das propores globais atingidas pelo capitalismo como modo de

    produo e processo de civilizao, afeta todos os mbitos da sociedade. Remodelam-se as

    relaes entre pases, grupos sociais, Estados e naes. Dentre estas reconfiguraes, a

    mudana no papel do Estado frente sociedade civil traz profundas alteraes no processo de

    construo e gerenciamento das polticas pblicas, acarretando um desvirtuamento na funo

    destas. O presente artigo expe, de forma sucinta, os percalos da educao no contexto da

    sociedade global, a partir da discusso de algumas premissas que apontam para o

    estabelecimento de uma agenda fixa para as polticas educacionais. Partindo disso, discute-se

    a possibilidade da construo de uma agenda contra-hegemnica a este modelo imposto,

    tendo como princpio norteador o local.

    Palavras-chave: Educao. Globalizao. Polticas Pblicas Educacionais.

    Consideraes iniciais

    O contexto atual marcado pelo agravamento de crises generalizadas nas mais

    diversas esferas sociais do mundo, acarretando incertezas e imprevisibilidades decorrentes,

    muitas vezes, da multiplicidade de sentidos em disputa. O campo educacional, por situar-se

    numa rea de interaes e de influncias, representa um espao de interesses e impasses

    polticos e econmicos, os quais colocam a educao em um terreno movedio.

    Estes interesses materializam-se a partir de discursos que buscam alojar-se no cerne do

    sistema educacional: as polticas educacionais, alcanando legitimidade e amplitude. Desta

    forma, torna-se fundamental a anlise destes discursos e da racionalidade que lhe subjaz, bem

    como a idia de buscar alternativas contra-hegemnicas aos receiturios que se impe.

    1 Acadmica do Curso de Pedagogia CE/UFSM2 Acadmica do Curso de Pedagogia CE/UFSM3 Prof Dr do Dept de Administrao Escolar CE/UFSM

  • Neste artigo, pretende-se, de forma sucinta, abordar a educao no contexto da

    globalizao, a partir da discusso de algumas premissas que apontam para o estabelecimento

    de uma agenda fixa para as polticas educacionais, no contexto da sociedade global. Partindo

    disso, discute-se a possibilidade da construo de uma agenda contra-hegemnica a este

    modelo imposto, tendo como princpio norteador o local.

    Globalizao e educao: o papel dos organismos internacionais na fixao de uma

    agenda globalmente estruturada para a educao

    O termo globalizao, em si, no apresenta valorao. uma denominao que a

    priori no revela sua essncia e, portanto, pode ser entendida de vrias formas. Em alguns

    contextos adquire uma conotao de fetiche, em outros aponta para uma catstrofe geradora

    de inmeras crises e angstias, em instituies e sujeitos (Ferreira, 2004).

    De qualquer forma, a globalizao a marca fundamental da sociedade na

    contemporaneidade, fruto das propores globais atingidas pelo capitalismo como modo de

    produo e processo de civilizao, alterando profundamente os quadros sociais e mentais de

    referncia (Ianni, 1995). A formao desta sociedade global, segundo Ianni (Id. Ibid.), incute

    em praticamente todas as realidades preexistentes novos significados, outras conotaes (p.

    163). Trata-se de significados e conotaes ainda no totalmente desvelados, representando

    um desafio epistemolgico s cincias sociais.

    Todos os mbitos da sociedade sofrem a interferncia deste processo que se organiza a

    nvel global. Remodelam-se as relaes entre pases, grupos sociais, Estados e naes. Dentre

    estas reconfiguraes, a mudana no papel do Estado frente sociedade civil traz profundas

    alteraes no processo de construo e gerenciamento das polticas pblicas, acarretando um

    desvirtuamento na funo destas.

    A globalizao do capitalismo acarreta tambm na globalizao de seu projeto

    poltico-econmico, o neoliberalismo. A interferncia deste projeto na governao dos

    Estados implica na reduo de sua interferncia frente s questes sociais (Estado Mnino),

    deixando a sociedade vulnervel s iniciativas do mercado. Dessa forma, as polticas pblicas

    que resultariam da interferncia do Estado na garantia do bem-estar social da populao,

    traduzem-se em medidas assistencialistas e compensatrias, oriundas dos interesses de um

    mercado exploratrio e economicista.

    Estes interesses podem ser desvelados nos discursos hbridos produzidos pelos

    organismos internacionais, de carter intergovernamental, (ONU, UNESCO, FMI, Banco

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  • Mundial) que atuam no sentido de estabelecer uma viso comparativa da educao e na

    formulao de leis gerais, que compe uma agenda fixa para a educao (Teodoro, 2001), ou,

    nas palavras de Dale (2001), uma agenda globalmente estruturada. A partir disso,

    A formulao de polticas educativas, particularmente nos pases de periferia (e da semiperiferia) do sistema mundial, comeou a depender, cada vez mais da legitimao e da assistncia tcnica das organizaes internacionais, o que permitiu, nos anos sessenta, uma rpida difuso das teorias do capital humano e da planificao educacional, ncleo duro das teorias da modernizao, to em voga neste perodo de euforia, em que a educao se tornou um instrumento obrigatrio da auto-realizao individual, do progresso social e da prosperidade econmica (Husn, 1979 apud Teodoro, 2001 p. 127).

    A pauta (leis gerais) que compe esta agenda costuma ser construda nos seminrios,

    congressos, workshops, estudos, exames, organizados por estas organizaes internacionais,

    os quais se intitulam altamente democrticos, pois compe-se por representantes de todos os

    pases, criando, assim, uma atmosfera de maior legitimidade social. Segundo Teodoro, estes

    espaos permitem ainda criar vastas redes de contatos, de financiamentos e de permuta de

    informao e de conhecimento entre autoridades poltico-administrativas de mbito nacional,

    actores sociais, experts e investigadores universitrios (2001, p. 127), impulsionando uma

    internacionalizao dos problemas educacionais.

    O autor prossegue seu raciocnio, utilizando elementos apresentados por Antnio

    Nvoa (1995, Modles de danalyse en ducation compare: le champ et la carte), afirmando

    que o desenvolvimento destas redes implicou na construo de uma concepo de Educao

    Comparada base da formulao das leis gerais da agenda educacional que se estrutura a

    partir de quatro elementos fundamentais: ideologia do progresso, um conceito de cincia, a

    idia do estado-nao e a definio do mtodo comparativo. O primeiro, traduz-se na idia de

    educao como sinnimo de desenvolvimento, o que cria a convico de que o alargamento e

    a qualificao de sistemas de ensino garantem, incontestavelmente, o desenvolvimento scio-

    econmico. O segundo, um conceito de cincia, baseia-se na concepo positivista das

    cincias sociais, concebida a partir da segunda metade do sculo XIX, que confere cincia

    neste contexto, Educao Comparada o papel de estabelecer leis gerais sobre o

    funcionamento dos sistemas educativos, legitimando a retrica da racionalizao do ensino e

    da eficcia das polticas educativas, apontada como cerne de toda a aco reformadora (Ibid.

    p. 127). O terceiro elemento, a idia do Estado-nao, parte do entendimento de nao como

    um espao privilegiado de investigao, conduzindo, em geral, a estudos que procuram traas

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  • linhas de semelhanas e diferenas entre os pases. Por ltimo, o mtodo comparativo, com

    sua aura de objetividade e seu princpio de quantificao, secundariza a anlise dos dados e

    desvia o problema da construo destes dados e do embasamento terico que lhe subjaz.

    A partir disso, percebe-se um tipo de anlise que apresenta um conhecimento limitado

    da realidade. Parte de uma nica viso de educao que por si s limitada, servindo apenas

    para a legitimao de um projeto de sociedade que parte do mago de uma racionalidade

    intrnseca ao projeto econmico neoliberal. Este projeto infiltra-se em todos os mbitos

    sociais, como forma de manuteno e sobrevivncia do modo de produo e civilizao

    capitalista.

    No campo educacional, os constantes empreendimentos, estudos e publicaes das

    organizaes internacionais cumprem

    (...) um decisivo papel na normalizao das polticas educativas nacionais, estabelecendo uma agenda que fixa no apenas as prioridades mas igualmente as formas como os problemas se colocam e equacionam, e que constituem uma forma de fixao de um mandato, mais ou menos explcito conforme a centralidade dos pases (Teodoro, 2001 p. 128).

    Como ilustrao para esta situao, tem-se o Relatrio Jacques Delors4 que aponta os

    quatro pilares da educao para o contexto atual. Os princpios deste Relatrio tm sido

    acolhidos de tal forma pelas escolas que acabou por se constituir em princpios filosficos e

    pedaggicos para muitas instituies de ensino, uma vez que as orientaes deste relatrio

    foram utilizadas como referncia e fundamento para os Parmetros Curriculares Nacionais

    para a Educao Bsica, transformando-se em princpios axiolgicos.

    Em artigo5 apresentado no VI Seminrio de Pesquisa em Educao da Regio Sul -

    ANPEd Sul, realizado na cidade de Santa Maria, no perodo de 07 a 09 de Junho de 2006, a

    Professora Rose Meri Trojan, da Universidade Federal do Paran, discute de que forma os

    quatro pilares para educao, direcionando as polticas educativas nacionais, adequam-se aos

    ajustes ocorridos no sistema produtivo e s novas demandas de formao do trabalhador.

    4 Relatrio da Comisso Internacional sobre a Educao para o Sculo XXI da UNESCO, que foi publicado, no Brasil, em 1996, atravs do MEC em parceria com a Editora Cortez, sob o ttulo Educao: um tesouro a descobrir. Ficou conhecido como Relatrio Jacques Delors, em funo do nome do presidente da Comisso.5 O artigo foi discutido no GT Polticas Pblicas e Gesto Educacional, sob o ttulo Os quatro pilares da educao para o Sculo XXI: de onde vm e para onde vo as polticas educacionais? Este texto encontra-se disponvel no Anais do VI Seminrio de Pesquisa em Educao da Regio Sul - ANPED Sul e III Seminrio dos Secretrios dos Programas de Ps-graduao em Educao - Ps-graduao em Educao: novas questes? Meio de Divulgao: CD-ROM: Santa Maria, 2006.

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  • Na anlise da autora, os quatro pilares da educao estabelecidos pelo Relatrio

    substituem o modelo de qualificao, justificado pelo modelo de produo fordista, pelo

    paradigma das competncias (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e a

    prender a ser), prprio do modelo toyotista que corresponde s exigncias do capitalismo

    flexvel, estgio atual do modo de produo capitalista.

    O propsito dos quatro pilares da Educao centra-se em uma educao voltada para a

    construo de sujeitos capacitados cognitivamente no que diz respeito adaptao a um

    mundo em mudanas, leia-se mundo do trabalho. Dessa forma, volta-se mais ao atendimento

    de necessidades individuais, apaziguando os conflitos gerados no mago da sociedade,

    medida que transforma as relaes sociais em relaes individuais. Este reordenamento das

    relaes desvia a resoluo dos conflitos de sua origem para uma educao que leve cada

    indivduo a respeitar o outro em suas peculiaridades.

    Os princpios axiolgicos do projeto educacional proposto pelo Relatrio remetem a

    uma educao redentora, desprovida de interesses e caractersticas que so prprios de

    diferentes grupos sociais. Desta forma, prope uma educao universal, utpica, centrada nos

    princpios de harmonia e que conserva as desigualdades sociais que sustentam o mundo

    capitalista.

    A construo de uma agenda contra-hegemnica para a educao: o local como quadro

    de referncia

    Em meio a estas recorrncias, em uma realidade social como a brasileira, marcada pela

    condio perifrica, a educao cada vez mais referida como resultado da influncia de

    outras crises, situada numa encruzilhada de foras determinada por interesses econmicos,

    orientaes polticas e ideolgicas e, acima de tudo, por um gerencialismo global que se

    conflitua com o local. A educao, ento, passa a ser regida por normas, regras e medidas que

    se naturalizam atravs de discursos nas diferentes manifestaes de poder.

    Os diferentes espaos, que compe as distintas comunidades o local independente

    de estar em condio de subordinao ou no, carregam em seu bojo caractersticas que lhe

    so prprias. Estar radicado no mesmo ambiente fsico e humano, falar a mesma lngua e

    possuir as mesmas tradies so indicadores que constituem a base das relaes da vida

    cotidiana.

    Estes indicadores compem a cultura destes espaos, que, atualmente, vem ganhando

    centralidade nas discusses de temas ligados ao campo educacional, a partir do entendimento

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  • de cultura como o elemento aglutinador de todas as relaes que perpassam nossas vidas e as

    representaes que materializam estes acontecimentos. Como manifestao disso, configura-

    se no campo das cincias uma linha de pensamento, denominada Estudos Culturais. De

    acordo com Costa et al (2003, p. 37),

    Os Estudos Culturais (EC) vo surgir em meio s movimentaes de certos grupos sociais que buscam se apropriar de instrumentais, de ferramentas conceituais, de saberes que emergem de suas leituras do mundo, repudiando aqueles que se interpem, ao longo dos sculos, aos anseios por uma cultura pautada por oportunidades democrticas, assentada na educao de livre acesso. Uma educao em que as pessoas comuns, o povo, pudessem ter seus saberes valorizados e seus interesses contemplados.

    Ocupando o ltimo lugar no nvel trfico da cadeia educacional organizada de forma

    hierrquica, a escola, na preocupao de atender as solicitaes emanadas dos centros que

    fomentam as diretrizes para o campo da educao, no se julga capaz de intervir ou mesmo

    elaborar proposies educativas que sejam capazes de romper com esse vis nico de se

    pensar alternativas e projetos educacionais.

    Ao mesmo tempo, a estrutura centralizada das instituies de ensino compromete as

    possibilidades de construo de alternativas contra-hegemnicas, medida que se

    sobrecarrega nas funes de apresentar resultados frente s demandas prprias da

    perversidade de uma sociedade constituda a partir dos princpios de um modo de produo

    capitalista. Ao assumir sozinha e de forma centralizada, no compartilhando com a

    comunidade, esta se (auto) exclui por no ver representados nesta instituio social seus

    interesses, anseios e necessidades.

    Por outro lado, ao pensar a educao em um contexto social como o brasileiro,

    estigmatizado e orientado por uma cultura de dependncia de outros centros de interesse, no

    pode se deixar de lado que, ao receber estas determinaes externas, torna-se vulnervel

    explorao e legitimao de um modelo que traz uma vontade que alheia aos interesses

    locais. Esta direo supranacional entra em colapso com os projetos de vida locais.

    Este quadro configurado por uma remodelagem nas construes polticas

    educacionais, a partir do Estado Mnimo, carrega uma ambigidade em seu discurso, podendo

    ser entendido por alguns como significado de maior autonomia da sociedade civil frente

    liberao do intervencionismo regulatrio do Estado, e por outros, como a tese aqui

    defendida, como a consolidao de um mandato que conduz supremacia do capital. Depara-

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  • se a com a perversidade de um projeto dominante que se utiliza das mesmas estratgias que

    orientam um discurso contra-hegemnico, porm consolida-se em uma arena hegemnica.

    Frente a esta realidade apresentada, encontra-se o desafio de desvelar quais as prticas

    e interesses legitimados por este discurso ambguo. A subordinao, ou no, da funo social

    da escola a estes antagonismos poder estar atrelada ao projeto institucional.

    O desvelamento da racionalidade intrnseca s polticas educacionais s poder

    acontecer a partir do contraponto entre a materialidade deste discurso e a materialidade da

    cultura local. A contraposio poder acontecer medida que o projeto institucional, a partir

    de sua construo coletiva, resgatar este local tornando-se o quadro de referncia da agenda

    das prioridades locais.

    Neste processo, no significa negar tudo o que corresponde s orientaes gerais para

    o sistema de ensino, mas utilizar-se da autonomia da escola a fim de construir um projeto

    institucional que faa florescer as potencialidades locais e que se preocupe com a construo

    de uma educao voltada formao para o mundo da vida, resistindo imposio da lgica

    do mercado no contexto educacional, o qual conduz homogeneizao, a partir da imposio

    de um projeto nico. Nesta linha de pensamento, Licnio Lima (2002, p. 33-34), aponta para a

    configurao de infidelidades normativas, ou seja, (...) de aes de resistncia mais ou

    menos clandestinas, ou do exerccio poltico da autonomia, desde logo atravs da produo de

    micropolticas ou de polticas organizacionais e de lgicas de ao (...).

    Esta possibilidade somente poder ser exercitada a partir da participao dos atores

    sociais que fazem parte deste projeto educativo. Por este motivo, ressalta-se a importncia da

    construo e desobstruo dos canais de comunicao no espao escolar, pois muitas vezes

    esto represadas a as possibilidades oriundas de uma nova racionalidade, capaz de romper

    com o estabelecido.

    Consideraes finais

    As discusses levantadas por este trabalho revelam que a globalizao capitalista traz

    conseqncias diretas para o campo educacional. Implicando na imposio de uma direo

    nica para os sistemas educacionais, a qual se direciona reproduo de um modelo de

    sociedade marcado pelas desigualdades e excluses, que sustenta o modelo econmico

    vigente.

    O desafio que se coloca a uma educao que sonha a construo de um sujeito e uma

    sociedade crtica e democrtica o aproveitamento de lacunas geradas pelas contradies

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  • atuais. Para isso, a escola precisa acreditar na potencialidade da ao coletiva, abrindo

    espaos democrticos para a construo de um projeto educacional que viabilize alternativas

    contra-hegemnicas ao cenrio atual.

    Por isso, torna-se to necessrio quanto possvel a construo de uma agenda para a

    educao que leve em conta as necessidades, caractersticas e cultura do local. S assim,

    poderemos construir realmente uma escola democrtica, na qual a comunidade escolar possa

    apontar suas necessidades, partilhar seus saberes e participar da construo de alternativas que

    viabilizem as mudanas necessrias, resistindo subordinao racionalidade utilitarista e

    exploratria do mercado.

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  • da Regio Sul - ANPED Sul e III Seminrio dos Secretrios dos Programas de Ps-graduao

    em Educao - Ps-graduao em Educao: novas questes? GT Polticas Pblicas e Gesto

    Educacional. Santa Maria: Meio de Divulgao: CD-ROM, 2006.

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