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  • Cincia Atual | Rio de Janeiro | Volume 1, N 1 2013 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 97-106

    A importncia da msica no processo de aprendizagem

    The concept of music in learning process

    LIMA, Cynthia da Silva LimaAluna de Pedagogia das Faculdades So Jos .

    Ms. MELLO, Leila. MaraMestre em Cincia da Motricidade Humana, docente da rede municipal de educao e das Faculdades So Jos.

    RESUMO

    A msica enfoca aspectos histricos e atende diferentes aspectos do desenvolvimento humano, como o social, espiritual, fsico, mental e emocional, portanto, atualmente, considerado um agente facilitador ao processo da aprendizagem. Entretanto, verifica-se que a msica, ainda, no considerada, por alguns do-centes, mesmo sendo exigida pela LDBN 9394/96, por ser considera um eixo facilitador de aprendizagem e de desenvolvimento global da criana. Palavras-Chave: MSICA, PROCESSO DE APRENDIZAGEM, PRTICA DOCENTE

    ABSTRACT

    Music focus historical aspects and serves different aspects of human development , as the social one, the spiritual one, the fisical one , the mental one and the emotional one, thus is considered nowadays a facili-tator agent for the learning process. However, it is observed that music it is not still considered, by some educationalists as an important tool, although it is required by the LDBN 9394/96, since it is considered a facilitator link of learning and global development of a child.Keywords: MUSIC, LEARNING PROCESS, EDUCATIONALIST PRACTICE

    Revista CientficaMultidisciplinar das

    Faculdades So

    Jos

  • Cincia Atual | Rio de Janeiro | Volume 1, N 1 2013 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 98-106

    INTRODUO

    Todos ns j sabemos que aprendizagem quando acontece, a partir das vivncias do aluno, se torna bem mais prazerosa e com grande possibilidade de sucesso.

    Sendo assim, recorrer Arte fundamental, porque segundo a proposta geral dos Parmetros Curriculares Nacionais (1997), a Arte tem uma funo to importante quanto dos outros conhecimentos no processo ensino e aprendizagem.

    A educao a partir da Arte alm de criar um desenvolvimento artstico e a percepo esttica, acaba orde-nando, no seu prprio modo, o sentido da experincia humana, porque auxilia desenvolver a sensibilidade, imaginao e percepo, de forma que o individuo perceba a sua forma artstica junto a outras pessoas de diferentes culturas. Assim, atravs desse ensinamento, favorece-se tambm ao individuo relacionar-se criadoramente com demais disciplinas do currculo, em sua vida escolar.

    Sendo assim, quando se opta por uma metodologia que introduz a msica, a chance do aluno aprender muito maior. Tanto que Barreto e Chiarelli (2011, p.1) assim expressam:

    a musicalizao pode contribuir com a aprendizagem, evoluindo o desenvolvimento social, afetivo, cognitivo, lingustico e psi-comotor da criana. A msica no s fornece uma experincia esttica, mas tambm facilita o processo de aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, at mesmo porque a msica um bem cultural e faz com que o

    aluno se torne mais critico.

    Verifica-se que a musicalizao tem a inteno de tornar o individuo sensvel e receptivo ao fenmeno sonoro. Em grande parte, ela se inicia no lar, com ferramentas que auxiliam a criana a descobrir sons do universo, como: discos, canes, gravuras relacionadas, instrumentos etc. Para Brscia (apud Barreto; Chiarelli, 2011, p.3),

    a musicalizao um processo de construo do conhecimento, que desperta e desenvolve o gosto musical, onde, favorece o desen-volvimento da sensibilidade, senso- rtmico, do respeito ao prximo, do prazer de ouvir msica, a afetividade, memria, criatividade, autodisciplina, concentrao, imaginao, socializao e ateno, onde tambm construdo uma movimentao e uma conscincia

    corporal.

    O PCNs Arte (1997) informa que ao conhecer a arte, o aluno tem uma viso ampla ao estudar um de-terminado perodo histrico. E mais, um aluno que exercita continuamente sua imaginao, estar mais habilitado a construir um texto, a desenvolver estratgias pessoais para resolver um problema matemtico.De acordo com Weigel (2000), o objetivo central da educao musical levar ao aluno o desenvolvimento de vrias instncias, como: socializao, alfabetizao, capacidade inventiva, expressividade, coordenao motora, percepo sonora, percepo espacial, raciocnio lgico e matemtico, esttica entre outros.

    Nesse caminho, pode-se afirmar que a arte no somente um campo diferenciado de atividade social, mas tambm um modo de praticar a cultura, de trabalhar o sensvel e o imaginrio, alcanar o prazer e desen-volver a identidade simblica de um povo, em funo de uma pratica terica transformadora.

    Como o PCN Arte (op.cit.) aponta, a historia do ensino de arte no Brasil, observado pela integrao de diferentes orientaes quanto s finalidades, formao e atuao dos professores, s polticas educacio-nais e aos enfoques filosficos pedaggicos, estticos e formao e atuao dos professores. Como, por exemplo, o projeto Villa Lobos que obteve dificuldades prticas na orientao de professores e transformou a aula de msica em uma teoria musical, baseando-se nos aspectos matemticos e visuais do cdigo musi-cal com memorizao de peas orfenicas, que na poca, eram de carter folclrico, cvico e de exaltao. E mais,

    em Msica, a tendncia tradicionalista teve seu representante mximo no Canto Orfenico, projeto preparado pelo compositor Heitor Villa-Lobos, na dcada de 30. Esse projeto constitui referncia importante por ter pretendido levar a linguagem musical de

    maneira consistente e sistemtica a todo o Pas (BRASIL, 1997, p.5).

  • Cincia Atual | Rio de Janeiro | Volume 1, N 1 2013 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 99-106

    A vivncia rtmica e musical beneficia uma participao ativa da criana durante o processo da aprendiza-gem, porque possibilita a criana ouvir, tocar, enfim favorece o desenvolvimento de todos os seus sentidos (SKALSI, 2010).

    preciso que os docentes explorem os sons, a fim de que as crianas ouam com mais ateno e possam analisar e compar-los, pela sua capacidade auditiva, concentrao, a ateno e pela capacidade de analise e seleo de sons.

    Outro ponto a destacar de que o vocabulrio musical, como exige pronuncia correta das letras da cano ou a conversa sobre os contedos das cantigas de roda, propicia o desenvolvimento da linguagem oral.A partir das experincias musicais, verifica-se que o pensamento da criana se organiza e a leva ter mais oportunidades de aes e sensaes, e mais, desenvolve mais sua inteligncia, consequentemente mais o conhecimento.

    Snyder (apud BARRETO;CHIARELLI, 2011, p.5) comenta que

    a msica torna o ambiente escolar mais alegre e favorvel aprendizagem por propiciar uma alegria que seja vivida no presente a dimenso essencial da pedagogia, e preciso que os esforos dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente. Propiciando uma atmosfera escolar mais receptiva para os alunos, dando um efeito calmante aps a atividade fsica fazendo tambm que reduza ateno em momentos de avaliao, podendo utilizar msicas como recursos de aprendizado em diversas disciplinas. As atividades musicais realizadas na escola visam a vivencia e compreenso da linguagem musical, propiciar a abertura de mais sensoriais, ampliando a cultura geral, facilitando a expresso de emoes e

    contribuindo para a formao integral do ser.

    Muitos estudos cientficos mostram que a msica torna-se uma espcie de calmante para as pessoas que convivem num ambiente hospitalar, tanto para os funcionrios quanto para os pacientes. Sem contar que o canto um excelente exerccio para a respirao, relaxamento e descontrao.

    A arte de cantar tambm traz bons benefcios na aprendizagem da criana alm de fazer uma descoberta de mundo, aprendem lidar com a agressividade.

    Barreto e Chiarelli (2011) informam que a msica uma atividade que serve de estmulo para crianas com deficincia e com dificuldades de aprendizado, isto porque, as crianas com deficincias e os autista tm facilidade de reagir com a msica, que torna o ambiente escolar mais agradvel e relaxante para superar as dificuldades de aprendizado.

    Acredita-se que a musicalizao, durante o processo de aprendizagem facilita o educador a dar mais liber-dade aos alunos de se expressarem. Entretanto, nem todas as escolas engajam essa disciplina em seu cur-rculo escolar, mesmo sabendo que, a partir da LDBN de n 9394 (Brasil, 1996) essa disciplina obrigatria em todas as escolas pblicas e particulares.

    DESENVOLVIMENTO

    Uma das formas de preservar as razes culturais pela promoo de prticas educativas luz da vivncia musical, porque o ensino da msica auxilia aos alunos conhecer e interagir com diversos estilos musicais, o que lhes possibilitam interagir com a diversidade da cultura nacional. Entretanto, como cada cultura pos-sui suas concepes musicais, o seu estilo, suas abordagens e suas concepes musicais se tornam nicos.

    A msica, ao longo da histria, sempre desempenhou, um importante papel no desenvolvimento do ser humano, seja no aspecto religioso, moral e social, o que contribuiu para a aquisio de hbitos e valores indispensveis ao exerccio de sua cidadania (LOUREIRO, 2011, p. 5).

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    Segundo Loureiro (op.cit.) a palavra msica de origem grega musik tchne, a arte das musas e, basi-camente, se constitui de uma sucesso de sons, entremeados por curtos perodos de silncio, organizada ao longo de um determinado tempo (p. 3).

    Vrios autores apontam que a msica existe desde a pr-histria, cerca de 60.000 a.C., porm seu desen-volvimento, segundo consta na Wikipdia (2011, p. 1), se deu apenas

    [...] atravs do estudo de stios arqueolgicos [...] nos primeiros grupos humanos. A arte rupestre encontrada em cavernas d uma vaga idia desse desenvolvimento ao apresentar figuras que parecem cantar, danar ou tocar instrumentos. Fragmentos do que parecem ser instrumentos musicais oferecem novas pistas para completar esse cenrio. No entanto, toda a cronologia do desenvolvi-mento musical no pode ser definida com preciso. impossvel, por exemplo, precisar se a msica vocal surgiu antes ou depois das batidas com bastes ou percusses corporais. Mas podemos especular, a partir dos desenvolvimentos cognitivos ou da habilidade de manipular materiais, sobre algumas das possveis evolues na msica.

    Ao pensar na msica aliada educao formal vital que se faa um percurso at a Grcia, por volta do sculo VI a.C., aproximadamente, isto porque, a msica para os gregos era a forma que eles encontravam para alcanar a perfeio, ao atriburem sua msica para os deuses. Assim, os gregos tornam a msica como uma arte, uma forma de pensar e de ser.

    Segundo o site edukbr.com.br (2011, p.11),

    Os gregos usavam as letras do alfabeto para representar notas musicais. Agrupavam essas notas em tetracordes (sucesso de quatro sons). Combinando esses tetracordes de vrias maneiras, os gregos criaram grupos de notas chamados modos. Os modos foram os predecessores das escalas diatnicas maiores e menores. Os pensadores gregos construram teorias musicais mais elaboradas do que qualquer outro povo da Antiguidade. Pitgoras, um grego que viveu no sculo VI a.C., achava que a Msica e a Matemtica pode-riam fornecer a chave para os segredos do mundo. Acreditava que os planetas produziam diferentes tonalidades harmnicas e que

    o prprio universo cantava. Essa crena demonstra a importncia da msica no culto grego, assim como na dana e nas tragdias.

    Mais tarde, as ideias de Pitgoras, influenciadas pela doutrina de Plato, perceberam o homem dicotmico alma e corpo. Dessa forma, considera que pela msica, ao penetrar no esprito da pessoa, pelo ritmo e pela harmonia, desenvolve a forma dela distinguir o belo do feio. A msica ento passa ser ensinada, de forma leve e agradvel, em todas as disciplinas, de acordo com faixa etria de seus alunos. Seus ensinamen-tos se davam a partir dos sete anos, atravs de canes (berceuses), para que, em seguida, aprendessem hinos guerreiros e religiosos.

    Para os pr-adolescentes, entre quatorze e dezesseis anos, aconselhado por Plato, somente se ensinavam dois estilos musicais. O primeiro, por msicas que direcionassem a violncia, ligada s guerras, e a segunda, msicas mais lentas, relacionadas com a Igreja, preces e concentrao. Depois dos 16 anos, at o resto de suas vidas, os indivduos continuariam a frequentar apenas os cantos corais e os jogos comunais (LOU-REIRO, 2011, p. 38).

    Em um segundo nvel, a educao musical, que se dava dos vinte aos trinta anos, tornou-se um momento de discusses literrias, abrindo espaos para um amplo estudo de assuntos gerais, tudo isso sobre a in-fluncia dos filsofos (MACEDO, 2011).

    Quando o indivduo chegava ao terceiro nvel de educao, a msica se estendia por mais cinco anos, na inteno de levar o aluno arte do dilogo, at demonstrar uma educao mais avanada, pela filosofia ou pelo militarismo.

    Mais tarde, de acordo com Loureiro (2011, p. 39),

    com a invaso do Imprio Romano no mundo grego este quadro se altera, pois a sensibilidade, as emoes e o sentimento de humanidade, caractersticas dos gregos, no se adequavam formao dos soldados romanos, que eram educados para serem du-ros, rgidos, disciplinados e severos. O povo romano foi, por natureza, guerreiro e rude. Por muito tempo, seus ideais e propsitos restringiam-se conquista do mundo e ao domnio dos povos conquistados. Entretanto, sob a influncia grega, as artes e as letras

    comearam a florescer em Roma.

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    Verifica-se que, durante a Idade Mdia, recupera-se a linguagem e os sentimentos humanos, estabelecidos pela msica, ocorrendo assim, uma unio da melodia com as primeiras manifestaes polifnicas, ou seja, a oportunidade de se cantar em uma ou mais vozes, em uma mesma cano. Esse lado polifnico religioso, mesmo a Igreja indo contra, que d origem aos poetas lricos da corte, pelos msicos que trazem com eles canes com acompanhamento musical, falando de sentimentos, saudades, guerras, dando assim, a origem da msica popular.

    Com a Reforma Protestante, liderada por Lutero, se inicia a histria do humanismo, na qual o homem carece ter responsabilidade pela sua prpria f, cuja Bblia base para sua sabedoria. Nesse feito, criam-se escolas pautadas na catequese protestante, na inteno de repassar a sua doutrina, frente s escolas dos jesutas. Entretanto, a formao do bom cristo, em ambas as escolas, se deu luz da educao musical, por considerarem esse recurso, infalvel na escolarizao da juventude europeia.

    Pestalozzi e Frebel iniciam assim um movimento de oposio tradio secular, dominante no ensino da msica, que se concretiza no sculo XX, com os trabalhos de Orff, Dalcroze, Kdaly, Willems, Gainza, Martenot, Schafer. Esses autores, tomando como base as idias de Pestalozzi e Froebel, propem uma nova metodologia para o ensino da msica, onde o fazer musical, a explorao sonora, a expresso corporal, o escutar e perceber consciente, o ato de improvisar e criar, a troca de sentimentos, a vivncia pessoal

    e a experincia social oportunizariam a experincia concreta antes da formao de conceitos abstratos (LOUREIRO, 2011, p. 43).

    As propostas metodolgicas modificam os tradicionais conservatrios de msica, com objetivo de mod-ernizar a maneira de musicalizar as crianas. Tais propostas encontraram espao, no Brasil, nos centros alternativos para o ensino da iniciao musical, criados sob os auspcios de Liddy Chiaffarelli e Antnio S Pereira, em final da dcada de 30 (LOUREIRO, 2011, p. 43).

    Com a chegada dos jesutas no Brasil, em 1549, o ensino da msica passou ser utilizado no processo de colonizao, como uma das armas para propagarem sua doutrina junto aos ndios. Isto porque,

    [...] em funo da forte ligao dos indgenas com essa manifestao artstica. Eram eles msicos natos que, em harmonia com a natureza, cantavam e danavam em louvor aos deuses, durante a caa e a pesca, em comemorao a nascimento, casamento, morte, ou festejando vitrias alcanadas (LOUREIRO, 2011, p. 44).

    Dessa forma, a msica torna-se catequese de to grande importncia, que fez com que ela comeasse fazer parte do currculo das escolas de ler e de escrever (LOUREIRO, 2011).

    Nesse contexto, os jesutas utilizaram a cartilha musical, para iniciar as suas aulas, porm em um modelo, baseado na sociedade europia, ou seja, equivalente educao humanista.

    Mais tarde, criam-se instituies, em nvel de internato, para que os jesutas pudessem controlar, de forma rigorosa, os seus alunos. Nessa poca, o estudo se d pelo canto, porque a partir dele, os jesutas tentavam cativar seus alunos e fortalecer sua a f.

    Com a expulso dos jesutas, em 1759, surgem novas escolas, iniciam-se, lentamente, algumas mudanas no sistema escolar brasileiro. No entanto, a educao segue a tradio jesutica, evidenciada pelo canto gregoriano, porm pautada nas canes dos ndios, dos negros, portugueses e espanhis.

    A considerao pela msica dos negros se deu porque

    a msica brasileira sofreu [...] influncia dos negros. [...] como escravos, os negros trouxeram consigo instrumentos de percusso, como o Ganz, a Cuca, o Atabaque, porm cantavam e danavam embebidos pelos sons e ritmos de sua ptria distante (LOUREIRO,

    op.cit, p. 47).

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    No decorrer do sculo XVIII, cria-se, no Rio de Janeiro, uma escola de msica, frequentada pelos filhos de escravos. Nesta escola saram artistas musicais natos. Assim, pela mistura de dana, ritmo, palavras e instru-mentos de percusso, surgem o samba - dana da cultura africana -, cuja concentrao vinha das favelas do Rio de Janeiro entre outras tendncias musicais.

    O brasileiro sempre deu para a msica. Gostou sempre de tocar, de danar, de cantar. natural que, desde cedo, a msica se tivesse cultivado entre ns. Sambava-se ao tam-tam dos atabaques nas senzalas, e nas casas grandes, ouvia-se a viola e depois o cravo.

    Na Igreja, que se cultivava msica com mais apuro, porque os padres a sabiam melhor (BAUAB apud LOUREIRO, op.cit, p.47).

    Ainda no perodo colonial, a msica brasileira comea perder fora, descobre-se uma nova cultura, devido descoberta de ouro e pedras preciosas, em Minas Gerais, favorecendo-se uma nova cultura, para a vida musical brasileira. Os msicos dessa regio, com conhecimentos europeus, demonstram habilidades para comporem melodias, fazendo de Minas uma importante sede para a msica colonial.

    Com a chegada da famlia real ao Brasil, em 1808, construda a Capela Real, composta por uma orquestra de msica erudita, com cento e cinquenta integrantes, divididos entre o vocal e os instrumentalistas, em que cantavam e tocavam musicas populares (LOUREIRO, 2011).

    Em 1835, em Niteri, funda-se a primeira escola de formao normal, cujo currculo tornou-se diversifica-do, porm a educao musical estava presente. Entre os anos de 1891 a 1893, apesar das criticas, a msica se manteve presente nos educandrios, exercendo hbitos sociais e participao em cultos religiosos. Tanto que ela se fez presente, at no Colgio Pedro II, modelo de ensino secundrio, da classe dominante (LOU-REIRO, op.cit.).

    Consequentemente,

    a importncia atribuda msica na educao da classe dominante fez com que fosse fundado, em 1841, o Conservatrio Musical do Rio de Janeiro, a primeira grande escola de msica do Brasil, hoje Escola de Msica da UFRJ. Segundo Mariz (apud Loureiro, 2011), o projeto foi aprovado em 1841, mas tardou a ser posto em prtica por falta de fundos. Foram feitas duas loterias e s em 1848

    que foi possvel o incio das aulas, com seis professores (LOUREIRO, 2011, p. 51).

    O conservatrio passou a fazer parte da escola Nacional de Belas Artes, mas, mais tarde, se tornou autno-mo, passando a chamar-se Instituto e, hoje, Escola de Msica, subordinado Universidade Federal do Rio de Janeiro (op.cit., p.51).

    Em 1889, com a Proclamao da Republica, foram modificados os planos polticos, cultural, econmico e social, marcando assim uma nova fase no ensino das artes, porm pautados nos ensinamentos europeus. O ensino musical, no Instituto Nacional de Msica e no Imperial Conservatrio de Msica, baseava-se em preparar seus alunos ao ensinamento especficos de atuar no teatro e na Igreja (LOUREIRO, op.cit.).

    De acordo com Freire (apud Loureiro, 2011, p.52):

    seu currculo original constava das seguintes disciplinas: rudimentos preparatrios e solfejos; canto para o sexo masculino; rudimen-tos e canto para o sexo feminino; instrumentos de corda; instrumentos de sopro; harmonia e composio. Este elenco de disciplinas remetia, clara e objetivamente, aos objetivos propostos capacitao tcnica de artistas para suprirem as exigncias do Culto e do Teatro.

    Averigua-se que a educao musical, durante um bom tempo, no foi to presente no sistema escolar brasileiro, segundo Loureiro (2011), se deu pela ausncia de identidade dessa disciplina nos currculos. As-sim,

    a busca de superao da pedagogia tecnicista, que orientava a educao brasileira naquele perodo e a atual preocupao em for-mar indivduos plsticos e criativos, capazes de enfrentar os desafios da era globalizada, criaram possibilidades para sua reinsero nos currculos da escola fundamental. Trata-se, entretanto, de um processo complexo, pois envolve desde o seu reconhecimento

    enquanto disciplina escolar, at medidas de carter prtico, visando garantir sua implementao nas unidades de ensino (p.108).

  • Cincia Atual | Rio de Janeiro | Volume 1, N 1 2013 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 103-106

    A partir de 1973, os cursos de Arte e Educao foram implantados nas universidades, com um novo cur-rculo bsico, em todo pas, porm, somente, nos anos 80 o curso de Arte na Educao d incio consci-entizao, de formar profissional, atravs da mobilizao de professores de Artes, tanto em nvel formal quanto informal.

    Os educadores de Arte conquistam seu lugar, na promoo do currculo educacional, pressionado por de-terminados deputados que estavam no comando da nova constituio.

    A Constituio da Nova Repblica de 1988 menciona cinco vezes as artes no que se refere proteo de obras, liberdade de ex-

    presso e identidade nacional.

    Na Seo sobre educao, artigo 206, pargrafo II, a Constituio determina: O ensino tomar lugar sobre os seguintes princpios (...). II liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e disseminar pensamento, arte e conhecimento (Barbosa, 2011, p. 4).

    Atualmente, h uma sequencia de palavras que expressa o significado de msica, de certo modo que chega a ser consideradas cincia e arte, devido sua prtica social e humana (BARRETO; CHIARELLI, 2011). Dessa forma, a msica foi includa no cotidiano escolar, aps a obrigatoriedade do ensino da Arte, apontada pela Lei de Diretrizes e Bases Nacionais de n 9394 de 20 de dezembro de 1996, tanto que no 2o do artigo 26 fica promulgado que a msica dever ser contedo obrigatrio, mas no exclusivo, do componente curricular de que trata a sua incluso, pela Lei n 10.769, de 2008.

    Nesse contexto, de acordo com os Parmetros Curriculares Nacionais de Arte (BRASIL, 1997) fica firmado que o ensino da Arte

    volta-se para o desenvolvimento natural da criana, centrado no respeito s suas necessidades e aspiraes, valorizando suas formas de expresso e de compreenso do mundo. As prticas pedaggicas, que eram diretivas, com nfase na repetio de modelos e no

    professor, so redimensionadas, deslocando-se a nfase para os processos de desenvolvimento do aluno e sua criao (p.18).

    Em suma, verifica-se assim, algumas mudanas de forma sistematizada ao se pensar em Arte, porm uma efetiva transformao s se dar pelas aes das prticas pedaggicas.

    CONCLUSO

    A formao de professores precisa se caracterizar pelo novo conceito de instruo, em que o professor, dentro da sala de aula, necessita levar o aluno a aprender as coisas novas, a fim de que ele se torne compe-tente para aplic-las, em seu dia a dia. Para que isso ocorra, fundamental que o docente leve ao aluno o aprender conceitos novos, pela participao, pelo interesse diante s atividades apresentadas.

    fundamental que a msica seja includa como atividade vital ao desenvolvimento da criana, porque ela proporciona criana se movimentar, se socializar, criar o hbito de respeito mtuo, o esprito de criativi-dade e de solidariedade e a compreenso de conviver com os conflitos mais facilmente, pois quanto mais se mova a criana, quanto mais tem chance de fazer experincias sensoriais no ambiente, tanto mais se desenvolvem as suas clulas cerebrais e a sua inteligncia (BELOTTI apud Mello, 2011, p.5).

    A msica faz com que a criana expresse suas emoes de forma silenciosa sem recorrer s palavras, e mais a msica faz bem para a autoestima do estudante, j que alimenta a criao (REGINA apud BERNARDI-NO; COSTA; QUEEN, 2011, p.1). Nesse processo, o ensino de msica precisa se processar pelas danas e pelos ritmos, proporcionando as crianas chances delas se expressarem pelo movimento do corpo.

    Mello (2011) informa que toda criana ao tomar conscincia de seu corpo, em interao com os objetos e com o outro, atravs da explorao do meio social, temporal e espacial, se desenvolver, no apenas, cognitivamente, mas tambm, biopsicologicamente, expressando sua forma de ser, sentir, agir e pensar.

  • Cincia Atual | Rio de Janeiro | Volume 1, N 1 2013 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 104-106

    Os Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) no especificam os contedos de msica que care-cem ser trabalhados, na sala de aula, porm apontam ao docente que ele tenha flexibilidade, priorizando, ento, a realidade trazida pelos prprios alunos, e mais, o ensino de msica deve envolver o capital sim-blico e cultural da regio da escola. Deve-se trabalhar com uma perspectiva antropolgica, envolvendo os pais, os alunos e contexto scio-cultural (KLEBER apud BERNARDINO; COSTA; QUEEN, 2011, p.1). Verifica-se que, primordial para a educao musical que o professor seja um profissional licenciado na rea, para que se tenha uma aula com qualidade, entretanto, caso o professor no tenha essa formao, poder usar a msica em suas aulas, mas no tem condio de dar aula de msica (BASSI apud BER-NARDINO; COSTA; QUEEN, op.cit., p.1).

    Mesmo com uma grande procura, devido ao sucesso da musicalidade nas escolas, ainda h uma grande dificuldade de se encontrar professores formados em msica no Brasil, o que ocasiona danos s instituies de ensino, para cumprir a LDBN 9394/96 que obriga, a partir de 2012, a insero da msica nos currculos escolares.

    Lima (2011) informa que o educador ao trabalhar com a msica consegue alcanar seus objetivos, pela ex-plorao e pelo respeito ao ritmo de desenvolvimento de cada aluno, porque ele [...] com a educao mu-sical cresce emocionalmente, afetivamente e cognitivamente, desenvolve coordenao motora, acuidade visual e auditiva, bem como memria e ateno, e ainda criatividade e capacidade de comunicao (p.2).

    Dessa forma, imperativo que as escolas desenvolvam um planejamento que envolva os contedos de msica, de acordo com o nvel escolar do aluno, na inteno de facilitar o entendimento dos contedos, porque, segundo Lima (2011, p. 3) cantando, a gente brinca, brincando eles aprendem (p. 3). Assim, pode-se aferir que a msica torna-se valiosa, desde que seja utilizada de forma certa para o contedo certo, a fim de gerarem uma aprendizagem divertida para o aluno.

    A msica um excelente recurso para o docente treinar a leitura, porque a musicalidade movimenta os seres humanos, de forma global, tanto que os mais tmidos muitas vezes se tornam participativos, comeam a se expressar com menos inibio nas aulas. Entretanto, toda e qualquer msica cantada na sala de aula deve buscar um espao para evocar, pensar, criar meios prprios de expresso, para representar o movi-mento interior de compreenso de situaes vivenciadas (LIMA, op.cit., p.3).

    Nessa esteira, cabe ao docente integrar a msica aos contedos, de forma agradvel, em acordo comum com os alunos, porm no se esquecendo de trabalhar com vrios estilos musicais.

    Em suma, cabem aos docentes ter conscincia de que os fundamentos, os objetivos e as suas prticas s sero importantes para o meio educativo, quando forem ampliados na inteno de formar cidados crticos e reflexivos dessa sociedade. Sendo assim, aponta-se o quanto as atividades pela musicalizao favorecem a criana desenvolver globalmente, devido ao seu carter ldico, por ser de livre expresso, no apresentar presses e nem cobranas de resultados, mas, sim uma forma de aliviar e relaxar a criana, auxiliando na desinibio, contribuindo para o seu envolvimento social, despertando noes de respeito pelo outro e abrindo espao para outras aprendizagens.

  • Cincia Atual | Rio de Janeiro | Volume 1, N 1 2013 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 105-106

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educao nacional: n 9396. Sancionada pelo Presidente da Repblica Fernando Henrique Cardoso, em 20 de dezembro de 1996.

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