001 Tecnicas de Redacao e de Pesquisa Cientifica

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2 RESUMO

Neste capítulo, faremos a distinção entre a síntese das idéias básicas de um texto e o resumo técnico, cujas normas são definidas pela Associa-ção Brasileira de Normas Técnicas — ABNT na NBR 6028/2003. Inicial-mente, trataremos da síntese.

2.1 Síntese

Para melhor compreensão do resumo, conforme as normas técni-cas padronizadas, é necessário o entendimento sobre a elaboração da síntese. Sintetizar, nos conceitos dos bons dicionaristas, entre outras coisas, equivale a condensar, encurtar, reduzir, resumir, sumariar, tor-nar sintético.

A síntese de um texto se baseia no levantamento e exposição, em ge-ral em bloco único, das suas idéias principais.

Pcdron (2003, p. 260 -262) propõe que se faça em etapas o resumo de um texto. Você quer mesmo aprender a sintetizar qualquer texto? Faça e seguinte:

1) leia rapidamente todo o texto e procure responder, enquanto lê, à seguinte pergunta: "de que trata o texto?" Anote a resposta a essa per-gunta e você terá o terna do texto;

2) releia o texto e sublinhe, a lápis, as suas idéias principais e deta-lhes mais importantes. A sublinha deve ser feita a lápis para que seja possível apagá-la, caso se sublinhe além do necessário;

3) embora o próprio contexto nos sugira o significado de algumas palavras menos comuns, se necessário, anote o significado contextuai das palavras desconhecidas, após consulta ao dicionário;

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4) Faça um esquema da síntese em que conste:

a) tema: resposta à pergunta feita quando procedida a primeira leitura do texto;

b) idéias básicas: anote as idéias principais e secundárias relevantes su-blinhadas no texto;

c) conclusão.

5) sintetize, com suas palavras, em parágrafo único, as idéias do es-quema;

6) releia, revise e passe a limpo sua síntese.

Vamos elaborar, passo a passo, a síntese do texto abaixo:

Fome e sede são necessidades fundamentais do ponto de vista psico-lógico, porque implicam relacionamento social e emocional (que será descrito no capitulo referente à fase oral) da criança. Manifestam-se pelo choro e movimentos violentos de todo o corpo. Nas primeiras se-manas, a criança ingere pequena quantidade de alimento (que se restrin-ge basicamente ao leite) e, portanto, precisa ser alimentada a intervalos curtos (geralmente a cada três horas, ocorrendo variações individuais na freqüência e quantidade da alimentação).

Atualmente, considera-se que, se o bebê tiver uma mãe que capta seus sinais e responde adequadamente a eles, a mãe saberá quando seu filho precisa ser alimentado. Este, por sua vez, em poucos dias desenvol-verá naturalmente um ritmo adequado de alimentação. Não há, portanto, necessidade de se estabelecer rigidamente um horário de amamentação e tampouco de a mãe estar sempre à disposição de seu filho. Isto porque, quando a mãe sente que deve estar sempre agindo em função do bebê, sem realizar qualquer outro tipo de atividade, poderá sentir-se frustrada como pessoa e desenvolver urna hostilidade consciente ou inconsciente em função da excessiva exigência do bebê.

Em tomo de trinta dias de idade, a criança se torna capaz de ingerir maior quantidade de leite em cada refeição, passando a necessitá-lo apro-ximadamente cinco ou seis vezes por dia apenas. A partir desta época, os pediatras costumam sugerir o inicio da administração de suco de frutas, e, em torno de quatro meses, o inicio da alimentação sólida (sopas, papas de frutas, etc.).

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Parece estar comprovado que, quando a criança é alimentada natti-

ra irnente, não há necessidade de qualquer outro tipo de alimento até a sua idade aproximada de seis meses.

(In: RAPPAPORT, 1981, v. 2, p. 26-27.)

Síntese do texto:

1° Passo: leia todo o texto, sem pausas, objetivando ter urna idéia ge-ral de todo o seu conteúdo. À medida que for lendo, procure responder à seguinte pergunta: de que trata este texto?

Já leu? Anote a resposta sugerida abaixo à questão formulada:

Orienta sobre a alimentação do bebê nos seis primeiros meses de nascido.

2' Passo: releia o texto e sublinhe suas idéias principais e seus deta-lhes mais importantes:

Fome e sede são necessidades fundamentais do onto de vista sico-lógico, porque implicam relacionamento social e emocional (que será descrito no capitulo referente à fase oral) da criança. Manifestam-se pelo choro e movimentos violentos de todo o corpo. Nas primeiras se-manas, a criança ingere pequena quantidade de alimento (que se restrin-ge basicamente ao leite) e, portanto, precisa ser alimentada a intervalos curtos (geralmente a cada três horas, ocorrendo variações individuais na freqüência e quantidade da alimentação).

Atualmente, considera-se que, se o bebê tiver uma mãe que capta seus sinais -esponde adequadamente a eles, a mãe saberá quando seu filho precisa ser alimentado. Este, por sua vez, em poucos dias desenvol-verá naturalmente um ritmo adequado de alimentação. Não há, portanto_ necessidade de se estabelecer rigidamente um horário de amamentação e tampouco de a mãe estar sempre à disposição de seu filho. Isto porque, quando a mãe sente que deve estar sempre agindo em função do bebê, sem realizar qualquer outro tipo de atividade, poderá sentir-se frustrada como pessoa e desenvolver uma hostilidade consciente ou inconsciente em função da excessiva exigência do bebê.

Em torno de trinta dias de idak, a crianç_a se torna capaz de ingerir maior_quantidade de leite em cada refeição, passando a necessitá-lo aproximadamente cinco ou seis vezes por dia apenas.Apartir desta épo-, .a,os pediatras costumam sugerir o inicio da administração de. suco _de

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frutas, e, em torno_ç_l_quatro meses, o início da alLnientaçãosólida(50,

pas, papas de frutas, etc.).

Parece estar comprovado que, quando a criança é alimentada natu.. ralmente, não há necessidade de qualquer outro tipo de alimento até a sua idade aproximada de seis meses.

3' Passo: anote a lápis o significado contextuai de algumas palavras:

• fundamentais: básicas, essenciais, indispensáveis;

• ingere: engole.

4' Passo: esquema da síntese com base no tema sugerido e na subli-nha das idéias:

Terna: Alimentação do bebê nos seis primeiros meses de nascido.

— idéias básicas Fome e sede são necessidades fundamentais do ponto de vista psicoló-gico, porque implicam relacionamento social e emocional da criança (manifestados por) choro e movimentos violentos de todo o corpo. (Atualmente, considera-se que) se o bebê tiver urna mãe que capta seus sinais e responde adequadamente a eles, a mãe saberá quando seu filho precisa ser alimentado. Não há, portanto, necessidade de se estabelecer rigidamente um horá-rio de amamentação. Em tomo de trinta dias de idade, a criança se toma capaz de ingerir maior quantidade de leite. Início da administração de suco de frutas, e, em torno de quatro me-ses, o início da alimentação sólida.

— Conclusão: não há necessidade de qualquer outro tipo de alimento até seis meses.

5° Passo: sintetize, com suas palavras, em parágrafo único, as idéias do esquema.

Utilize nesse trabalho as seguintes regras:

a) use um verbo na terceira pessoa para introduzir o tema, Ex.: argu-menta, esclarece, expõe, informa, relata, etc. Não use expressões, na intro-dução, como: "O autor relatas.", "O texto informa..." e outras semelhantes, conforme será explicado mais adiante, quando tratarmos do resumo;

b) exclua da síntese as idéias repetidas ou irrelevantes do texto original;

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c) generalize: construa com suas próprias palavras as idéias selecio-narias no texto. Nessa fase, proceda à substituição de expressões mais

extensas por outras breves. Exemplo: a frase "choro e movimentos vio-lentos de todo o corpo" pode ser reduzida à metade se substituída por: "choro e agitação violenta". Já a expressão final do penúltimo parágrafo "alimentação sólida (sopas, papas de frutas, etc.)" deve, na síntese, ser substituída simplesmente por "alimentação pastosa".

Exemplo:

Orienta sobre a alimentação do bebê nos seis primeiros meses de nascido. Do ponto de vista psicológico, fome e sede são necessidades fundamentais, porque implicam relacionamento social e emocional da criança, manifestado por choro e agitação violenta. Se a mãe do bebê entender seus sinais, saberá quando seu filho precisa ser alimentado. Portanto, não é necessário horário rígido para a amamentação. Por volta dos trinta dias de vida, a criança já pode ingerir maior quantidade de lei-te, bem como suco de frutas. A partir dos quatro meses, já se pode iniciar a alimentação sólida. Conclui não ser necessário qualquer outro tipo de alimento até os seis meses de idade da criança.

6° Passo: releia, revise e passe a limpo sua síntese.

Relendo o exemplo acima, observamos que, na segunda linha, apala-vra "básicas" expressa melhor a idéia do que a original "fundamentais". Essa é urna das vantagens da consulta prévia ao dicionário quando possí-vel. As expressões "do ponto de vista psicológico" e a frase "Portanto, não é necessário horário rígido para a amamentação." podem ser retiradas da síntese, por já estarem implícitas no restante do texto. Para melhor cla-reza, a quinta frase pode ser reescrita da seguinte forma: "Por volta dos trinta dias de vida, a criança já pode ingerir suco de frutas e maior quanti-dade de leite". Na frase final, a expressão "conclui não ser necessário" também pode ser substituída por urna só palavra "desnecessário" e "da criança" pode ser excluída, tendo em vista que todo o texto se refere a ela.

Síntese final:

Orienta sobre a alimentação do bebê nos seis primeiros meses de nascido. Esclarece que fome e sede são necessidades básicas, porque implicam relacionamento social e emocional da criança, manifestado

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por choro e agitação violenta. Se a mãe do bebê entender seus sinais, sa-berá quando seu filho precisa ser alimentado. Por volta dos trinta dias de vida, o bebê já pode ingerir suco de frutas e quantidade maior de leite. A partir dos quatro meses, já se pode iniciar a alimentação sólida. Desne-cessário qualquer outro tipo de alimento até os seis meses de idade.

Pronto! Se você seguir os passos acima, será capaz de sintetizar com eficiência qualquer texto, o que lhe será de imensa utilidade em seus es-tudos acadêmicos e outras atividades profissionais. Além disso, terá a base para o resumo técnico, que será explicado a seguir.

Observação: a extensão ideai de uma boa síntese é de cerca de um terço a um quarto do tamanho do texto original, para que a mesma expo-nha as informações não somente em seu aspecto horizontal (idéias prin-cipais) como também no vertical (idéias secundárias mais relevantes).

2.2 Resumo técnico

A seguir informamos alguns conceitos básicos sobre este assunto, além de citarmos alguns exemplos de resumos consoante as normas atu-ais da ABNT.

2.2.1 Conceituação

Resumo, de acordo com a ABNT, é a "(...) apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto, fornecendo urna visão rápida e clara do conteúdo e das conclusões do trabalho".

2.2.2 Finalidade

O resumo tem por fim difundir as informações contidas em artigos, livros, revistas, teses e textos diversos.

2.2.3 Procedimentos

Os procedimentos para se elaborar o resumo técnico são idênticos aos da síntese, citada no item 2.1 acima. Entretanto, sugere-se ainda, após "descobrir o plano da obra a ser resumida", à medida que for lendo o texto, procurar responder a duas perguntas: a) qual é o tema do texto?

b) o que o autor pretende demonstrar? Deve-se ater às idéias principais do texto e sua articulação. Procure observar bem as diferentes partes do texto e identificar as palavras-chave das suas idéias principais. Subli-nhe-as. Após esses procedimentos, você terá um esboço a partir do qual poderá redigir o resumo.

22.4 Vantagens do resumo

• Reduz o texto sem destruir-lhe o conteúdo essencial.

• Favorece a retenção de informações essenciais.

• Possibilita a participação ativa na aprendizagem.

▪ Economiza o tempo de pesquisa.

2.2.5 Normas de elaboração

Conforme já foi observado, o item 2.1 acima mostra, passo a passo, como se deve sintetizar um texto comum. Essas mesmas normas se apli-cam ao resumo técnico. Apenas para reforçar os procedimentos já suge-ridos, lembramos o seguinte:

a) primeiramente, ler todo o texto, esclarecer dúvidas sobre o mes-mo, sublinhar e anotar observações à sua margem direita;

b) ser breve e claro, ou seja, buscar relatar apenas a essência do texto;

c) destacar as idéias principais e palavras-chave do texto, objetivan-do uni-las de modo lógico, como se compusessem um telegrama;

d) usar aspas e fazer referências completas quando transcrever lite-ralmente as expressões do texto;

e) ao final desse trabalho, juntar as informações mais importantes e os destaques do texto, procedendo ao resumo, em bloco único de idéias, o mais objetivamente possível.

2.2.6 Tipos

A NBR 6028/2003, elaborada peia ABNT, especifica os seguin-tes tipos de resumos: crítico (resenha ou recensão), indicativo e infor-mativo.

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• Resumo indicativo

Expõe uma visão geral do conteúdo do texto. Destaca apenas os seus pontos principais. Na elaboração deste tipo de resumo não se mencio-nam as idéias secundárias. Apenas as idéias principais são destacadas. Não inclui dados qualitativos e quantitativos.

Esse resumo expõe apenas uma visão genérica do texto original. Não dispensa a leitura do texto por inteiro. É também chamado descritivo.

O resumo indicativo é adequado ao conteúdo de folhetos de propa-ganda, catálogos de editoras, livrarias e distribuidoras. Pode ainda ser utilizado quando se deseja expor noção sucinta do que uma obra contém.

Exemplo de um resumo indicativo:

BERKENBROCK, Volney. Jogos e diversões em grupo: para encon-tros, festas de família, reuniões, sala de aula e outras ocasiões. 3. ecL Pe-trópolis: Vozes, 2002. 80 p.

Reúne brincadeiras ou dinâmicas para grupos objetivando fornecer sub-sídios às pessoas que trabalham com grupos e desejam desenvolver o as-pecto lúdico em seus encontros. Propõe brincadeiras e competições de fácil execução visando ao entrosamento e descontração do grupo das mais variadas faixas etárias. A maior parte das atividades propostas esti-mula as capacidades de memorização, humor, agilidade, conhecimento e criatividade, ente outras habilidades.

• Resumo informativo

É o que é mais solicitado em trabalhos acadêmicos, sejam eles pro-duções monográficas ou artigos científicos a serem apresentados corno pesquisas de disciplinas ou, ainda, publicados em periódicos especiali-zados. O leitor é suficientemente informado sobre o conteúdo do texto, podendo até mesmo dispensar a sua leitura na íntegra, dependendo da natureza e profundidade do estudo que realize.

Esse resumo expõe finalidades, metodologia, resultados e conclu-sões do texto resumido. Informa dados qualitativos e quantitativos da pesquisa.

Exemplo:

Resumo do texto "Estupro, crime duplamente hediondo".

DIAS, Maria Berenice. Estupro, crime duplamente hediondo. Correio Braziliense. Brasília, 27 ago. 2001. Caderno Direito 8L Justiça, p. 1.

Comenta decisão da Justiça do RS, que, por maioria de votos, deferiu re-visão criminal atribuindo efeito retroativo à condenação imposta a réu acusado de estupro. Objetiva informar sobre improcedência de tal deci-são, em sua ótica, caracterizando a publicação de tal julgamento como inédita, por admitir nova possibilidade revisional, além de gerar reação social e revolta das mulheres. Tal distinção desclassificou o estupro, que somente seria considerado hediondo se resultasse em lesão corporal grave ou morte da vítima. Com isso, consolidou-se a jurisprudência aplicada em todo o país, ensejando a revisão da pena pelo tribunal gaúcho. O método predominante é o indutivo. Após considerações preliminares, afirma que a classificação de estupro "simples" é desrespeito à lei e afronta princípios constitucionais vedatórios à discriminação em razão do sexo. Também evoca a "Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Vio-lência contra a Mulher", subscrita pelo Brasil. Conclui que o abranda-mento da incidência da lei sobre o réu caracteriza a vitima como objeto se-xual, verdadeiro retrocesso às conquistas femininas, evidenciando, no Ju-diciário, uma postura preconceituosa e discriminatória.

Estrutura do resumo: ficha técnica (referências bibliográficas); gê-nero de texto (literário, didático, acadêmico); resumo do conteúdo: as-sunto, objetivo, metodologia, resultados, conclusão. O verbo deve estar na terceira pessoa e na voz ativa.

2.2.7 Extensão dos resumos

O resumo deve conter apenas um bloco de idéias, com espaçamento simples entre as linhas. As extensões propostas para os resumos são as seguintes:

• notas e indicações breves: entre 50 a 100 palavras;

• artigos de periódicos: entre 100 a 250 palavras;

▪ livros, relatórios técnico-científicos e trabalhos acadêmicos (mo-nografias, dissertações e teses): entre 150 e 500 palavras.

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2.2.8 Estrutura

Quanto ao conteúdo, o resumo deve especificar o seguinte:

Assunto: tratado pelo autor. Em geral, citado logo na primeira frase do resumo, expõe concisamente o que trata o texto original. Segundo a norma técnica atual, a frase inicial "deve ser significativa, explicando o tema principal do documento. A seguir, deve-se indicar a informação sobre a categoria do tratamento (memória, estudo de caso, análise da si-tuação etc.)" (1\TBR 6028:2003, item 3.3.1).

Objetivo: onde o autor do texto pretende chegar. É necessário expor objetivamente o que o autor deseja alcançar.

Metodologia: expor de que forma a pesquisa foi realizada. Esclare-cer os métodos, técnicas utilizados pelo autor do texto.

Conclusões; expor os resultados alcançados, ou seja, as conclusões a que o autor do texto resumido chegou.

21.9 Localização

O resumo pode ocupar três posições com relação ao texto integral:

• precedendo o texto, quando redigido na língua original, isto é, no mesmo idioma do documento;

• sucedendo o texto, quando traduzido para outros idiomas;

- independente do texto, quando publicado em obras de referência, tais como: bibliografias analíticas; periódicos de resumos; e catálogos técnicos.

Neste último caso, o resumo deve ser antecedido pela referência completa do documento, seja livro, monografia, dissertação, tese, artigo de periódico, texto legislativo ou documento eletrônico.

Observação: deixamos de citar aqui o resumo crítico, por este se tra-tar de um tipo especial de recensão a ser explicado no próximo capitulo.

Exercícios:

1. Faça o resumo informativo de artigo de jornal ou revista que tenha a extensão aproximada de uma ou duas páginas.

2. Leia atentamente o texto a seguir e informe o tipo de resumo a que o mesmo se refere.

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ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular. São Paulo: Mestre Jou, 198] . 184 p.

Estudo realizado sobre redações de vestibulandos da FUVEST. Examina os textos com base nas novas tendências dos estudos da linguagem, que buscam erigir uma gramática do texto, uma teoria do texto. São objeto de seu estudo a coesão, o clichê, a frase feita, o "não-texto" e o discurso indefinido. Parte de con-jecturas e indagações, apresenta os critérios para a análise, in-formações sobre o candidato, o texto e farta exemplificação. (MEDEIROS, 2003, p. 143.)

3. Releia as informações sobre os tipos de resumo, identifique os ele-mentos característicos do tipo presente e justifique a resposta dada acima.

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3 RESENHA

3.1 Conceito

Segundo a NBR 6028/2003 da ABNT, a resenha é o mesmo que resu-mo critico ou recensão. Alguns autores incorretamente classificam-na como resenha critica, o que nos parece redundante em relação à norma citada.

Ensina Medeiros que a resenha é

(...) um relato minucioso das propriedades de um objeto ou de suas partes constitutivas; é um tipo de redação técnica que in-clui variadas modalidades de textos: descrição, narração e dis-sertação. Estruturalmente, descreve as propriedades das obras (descrição física da obra), relata as credenciais do autor, resu-me a obra, apresenta suas conclusões e metodologia emprega-da, bem como expõe um quadro de referências em que o autor se apoiou (narração) e, finalmente, apresenta uma avaliação da obra e diz a quem a obra se destina (dissertação). (MEDEI-ROS, 2003, p. 158-159).

12 Características

Sendo um resumo critico, o procedimento para a resenha é seme-lhante ao executado na elaboração do resumo, acrescido de uma critica. Não se deve, porém, criticar algo desconhecido por nós. O procedimen-to inicial de quem se propõe a criticar é estudar, analisar e conhecer bem aquilo sobre o que vai falar ou escrever.

3.3 Estrutura

Escrever unia resenha não é dfficil, porém requer atenção do aluno no exercício de compreensão c crítica. O hábito de leitura diária de jor-

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nais e revistas, além de bons livros, é fundamental à criação de idéias. Inclusive porque alguns desses periódicos costumam apresentar rese-nhas de obras literárias e outras, o que nos pode proporcionar urna boa noção sobre esse trabalho técnico.

A estrutura básica de uma resenha contém os seguintes elementos:

• Referência bibliográfica: autor, titulo da obra, número da edição, local de publicação, editora, ano e número de páginas;

• Credenciais da autoria: breve apresentação do(a) autor(a) ou autores, em especial quanto ao seu currículo profissional (nacionalidade, áreas de atuação, publicações, formação acadêmica, títulos que possui...);

• Resumo da obra: expor sobre o assunto da resenha, como ele é tra-tado, metodologia ou estruturação da obra e suas idéias básicas. Não se exige que o texto do resumo da obra possua apenas um parágrafo;

• Conclusões do autor: expor com clareza os resultados alcançados pelo autor da obra ou texto resenhado;

• Quadro de referência do autor: se observado esse aspecto, informar qual teoria serve de apoio às idéias do autor da obra;

• Apreciação crítica do resenhista: o estilo do autor é objetivo, conciso? As idéias são originais, claras e coerentes? O autor é idealista? Realista?

• Indicações da obra: informar a que público se destina a obra ou a quem ela pode ser útil, corno, por exemplo, alunos de determinados cur-sos, professores, pesquisadores, especialistas, técnicos ou público em geral. Em que curso pode ser adotada?

3.4 Modelo de resenha

No modelo abaixo destacamos, apenas para efeitos didáticos, cada parte componente da resenha. O autor de urna resenha não precisa iden-tificar com títulos as partes que a compõem.

Referência

FAULSTICH, Enilde Leite de Jesus. Como ler, entender e redigir um

texto. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. 120 p.

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Credenciais da autora

Enikle é ex-membro da Comissão Permanente de Vestibular da UnB. Também escreveu o livro Lexicografia: a linguagem do noticiário poli-cial e outras publicações em equipe sobre o sistema de vestibular da UnB. É Doutora em Filologia e Língua Portuguesa. Leciona Língua Portuguesa para o curso básico dessa universidade, o que a motivou a es-crever esta obra.

Resumo da obra

Informa que produzir texto é tarefa das mais complexas, não existindo, portanto, fórmula infalível para escrever (assunto). Propõe-se a demons-trar que para a produção de bons textos é necessário, em princípio, saber ler e saber entender. Somente então se estará preparado para a recriação, transformando o "velho" no "novo". A escrita deve, pois, ser um ato corriqueiro no qual se extrapola o conteúdo assimilado pela leitura e ou-tras formas correntes de informação, como diálogos, e-mails, programas de rádio e televisão.

O objetivo da obra é não somente informar, como também ensinar a en-tender e ser capaz de extrapolar as idéias de um texto lido antes da elabo-ração segura de uma redação (objetivo). Além de exigir arte, a redação re-quer, acima de tudo, técnica, ou seja, o conhecimento gradual do processo de aquisição de idéias e sua transformação criativa no ato de escrever.

Metodologia ou estrutura da obra

De início, a autora explica a importância da escolha do texto cujo assun-to seja de interesse do leitor. Este deve alcançar entendimento do que lê. Nesse sentido, textos de revistas e jornais costumam proporcionar leitu-ra agradável. Em contraposição, muitas obras especializadas são de difi-cil entendimento, requerendo disposição e esforço do leitor para enten-der seu conteúdo.

Propõe, então, dois tipos de leitura, para bom entendimento do texto téc-nico: a informativa e a interpretativa. A primeira se subdivide em leitura seletiva e critica; a segunda explora as capacidades cognitivas propostas por BIoom.

Ao final de cada tipo de leitura informativa, propõe a leitura do texto bio- gráfico sobre Aleijadinho, em bloco único de idéias desordenadas, para que o leitor faça as devidas separações em diversos parágrafos e, em se-

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1 guida, sua ordenação. O exercício seguinte é sobre leitura interpretativa, com base nas capacidades cognitivas propostas: compreensão, análise, síntese, avaliação e aplicação, explicadas no capitulo que trata do assunto.

Com base nos estudos e práticas propostas anteriormente, propõe um "plano de texto expositivo". Demonstra, pela adaptação que faz da dis-sertação de um aluno, que, apresentado um tema, pode-se criar "senten-ças-tópico" sobre o mesmo e suas idéias secundárias que estruturarão cada parte do texto. A cada "sentença-tópico" desenvolvida deve corres-ponder um parágrafo. Sua conclusão ficaria por conta de comentário, no último parágrafo, baseado no tema introduzido e nas idéias desenvolvi-das em seguida.

A obra apresenta, ainda, mais seis capítulos que dispõem sobre os se-guintes assuntos: palavra e vocábulo como unidades essenciais do texto; produção do texto, em que se conceituam narração, descrição e disserta-ção. Esta é enfatizada, definida e aprofundada na demonstração de sua estrutura expositiva e argumentativa. Finalmente, propõe "recursos apro-priados para elaboração do texto dissertativo", com os quais encerra a primeira parte da obra.

Na segunda parte, são propostos trabalhos de "sintaxe de construção", uso da vírgula e da crase. Finalmente, sugere diversos ternas para exercí-cios dissertativos.

Apreciação crítica do resenhista

Ao propor técnicas de leitura e produção de texto, a autora consegue, com rara eficiência e muita objetividade, oferecer ao interessado idéias muito brilhantes e, sem qualquer dúvida, muito úteis a todos os que ne-cessitam dominar a leitura técnica para utilizar esse conhecimento na produção escrita. Ela mesma extrapola os conhecimentos adquiridos de outros autores citados em seu livro, provando, assim, que só sabemos de fato aquilo que praticamos.

Indicações da obra

O texto é claro, simples e bastante elucidativo, sendo indicado para estu-dantes de modo geral e, em especial, para candidatos a concursias diver-sos que exijam o domínio das capacidades cognitivas na leitura e inter-pretação de textos. Também oferece excelentes subsídios para a prática de redação e leitura críticas.

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Exercícios

1. Resenhe, em uma página, os textos Matinais, Vesperais e Saraus de Leitura, contido nas p. 61 a 63 deste livro.

2. Faça a resenha que contenha no máximo três páginas de uma obra indicada pelo professor.

3. Identifique, no trabalho a seguir, os itens de uma resenha.

BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. São Paulo: Ática, 2002. 95p. (Série Princípios, 12).

Izidoro Blikstein é professor adjunto da Escola de Administração de Empresas de São Paulo FGVICAESP; consultor da FAPESP e profes-sor titular de Lingüística e Semiótica da USP. Publicou oito artigos com-pletos em periódicos, dois livros e ainda orientou mais de dez disserta-ções de Mestrado e teses de Doutorado.

Após relatar a história cheia de tropeços de comunicação entre um atra-palhado gerente e sua sempre prestativa e atenta secretária, Blikstein re-vela os segredos da comunicação escrita. Inicialmente, o autor mostra que uma das funções essenciais da comunicação escrita é provocar uma reação ou resposta em quem recebe uma mensagem, e que escrever bem implica necessariamente a obtenção de uma resposta correta, ou seja, significa obter a resposta que corresponda à idéia que temos em mente e desejamos passar ao leitor. A comunicação escrita deve ser agradável, suave, persuasiva e ainda deve ter como objetivo tornar comum aos ou-tros o nosso pensamento.

Entretanto, existem interferências que prejudicam a produção da respos-ta esperada; as quais podem ser de natureza física (dificuldade visual, má grafia de palavras, cansaço, falta de iluminação); cultural (palavras ou frases complicadas e ambíguas, diferenças de nivel social) e psicoló-gica (agressividade, aspereza, antipatia), e também são trabalhadas pelo autor no decorrer da obra.

O livro também aborda alguns aspectos estruturais e funcionais da co-• unicação definindo alguns conceitos importantes. Mostra a autêntica estrutura da comunicação formada por remetente, destinatário e mensa-gem. Ressalta a importância dos signos e dos códigos na elaboração de uma mensagem, da codificação e decodificação, assim como o uso cor-reto de códigos fechados e códigos abertos com o objetivo de obter as

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respostas esperadas. Ainda tratando da estrutura da comunicação, Bliks-tein mostra que a decodificação (captação do significante e entendimen-to do significado) depende também do repertório do indivíduo que rece-be a mensagem, ou seja, de sua rede de referências, valores e conheci-mentos históricos, afetivos, culturais, religiosas profissionais etc., e que desconhecer ou desconsiderar o repertório do destinatário é abrir as por-tas para os ruídos que irão abalar a estrutura da comunicação.

O autor mostra ainda que para escrever bem não basta transmitir infor-mações corretas e claras, é necessário elaborar uma mensagem atraente e capaz de prender a atenção do leitor. Ressalta a importância de não cansar o destinatário com mensagens repletas de informações complica-das. Para tanto propõe diminuir um pouco a linearidade da mensagem escrita evitando a prolixidade e a redundância através do uso de ima-gens, gráficos, esquemas e tabelas. Fornece dicas de corno planejar a disposição visual do texto para torná-lo mais chamativo e comunicativo, além das dicas de como envolver psicologicamente (emocionalmente) o destinatário da mensagem.

A proposta do livro — ensinar técnicas de comunicação escrita é mui-to interessante e sem dúvida alguma extremamente útil a todos que usam a escrita como meio de comunicação. Ao usanuma história diver-tida como ponto de partida e exemplo para desenvolvimento do livro, o autor atiça a curiosidade do leitor e prende sua atenção durante a expo-sição dos conceitos fundamentais necessários à boa comunicação es-crita, assim como sua aplicabilidade na construção de mensagens real-mente eficientes.

Embora o autor critique com muita propriedade textos redundantes e prolixos, acaba dando a impressão de cometer essas falhas, ao repetir exaustivamente a história do gerente atrapalhado e de dedicada secretá-ria como eixo central para exemplificar e explicar a estrutura de comuni-cação escrita e os erros comumente cometidos por quem escreve. Entre-tanto, nesse caso, a redundância se torna interessante, unia vez que per-mite ao leitor construir sua própria teia de comunicação usando os ele-mentos necessários, mas ausentes na mensagem do gerente.

Ao resumir todas as técnicas e dicas tratadas no livro em um capitulo simples visualmente criativo, o autor fornece a "receita" para a eficácia da comunicação escrita e ainda brinda o leitor com um vocabulário críti-co de fundamental importância para a compreensão do texto.

O texto é lúdico, simples e bastante informativo, sendo indicado para estudantes do ensino médio, pré-universitários e universitários que ainda não dominam as técnicas abordadas nessa obra.

(Colaboração da professora Adrienne de Paiva Fernandes, do Centro

Universitário de Brasília.)

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