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MINISTRIO DA EDUCAO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECNICA
CURSO DE ESPECIALIZAO EM ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHO
RECONHECIMENTO E CONTROLE DE RISCOS AMBIENTAIS NAS ATIVIDADES
DE TRIAGEM DE MATERIAL RECICLVEL
por
Walter Otto Paganella
Orientador:
Msiris Roberto Giovanini Pereira
Porto Alegre, julho de 2011
-
RECONHECIMENTO E CONTROLE DE RISCOS AMBIENTAIS NAS ATIVIDADES DE
TRIAGEM DE MATERIAL RECICLVEL
por
Walter Otto Paganella
Engenheiro Eletricista
Monografia submetida ao Corpo Docente do Curso de Especializao em
Engenharia de Segurana do Trabalho, do Departamento de Engenharia Mecnica, da Escola de
Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos
necessrios para a obteno do Ttulo de
Especialista
Orientador: Prof. MSc. Msiris Roberto Giovanini Pereira
Prof. Dr. Sergio Viosa Mller
Coordenador do Curso de Especializao em
Engenharia de Segurana do Trabalho
Porto Alegre, 31 de julho de 2011.
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iDEDICATRIA
Dedico este trabalho em memria de meu pai.
-
ii
AGRADECIMENTO
Agradeo
Deus por vencer mais esta etapa de minha vida,
minha famlia pelo apoio e pelas noites mal dormidas,
ao professor orientador pelas boas ideias
e aos amigos pela ajuda com as pesquisas.
-
iii
Nas mesas de triagem so separados, juntados, classificados e
prensados os sentidos que foram jogados fora; depois eles so
enfardados para serem triturados, esfacelados, tornarem-se matria
mesmo sem significado, at que sejam reintroduzidos novamente sobre
uma nova forma, um novo sentido. A isso chamamos reciclagem.
(Fernando Freitas Fuo)
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iv
RESUMO
O presente trabalho tem o objetivo de despertar a ateno sobre os riscos de
acidentes de trabalho, em particular os riscos ambientais, a que esto submetidos os
trabalhadores numa unidade de triagem. Neste sentido, o trabalho foi desenvolvido atravs de
pesquisas bibliogrficas, da aplicao de um questionrio e, principalmente, atravs da
observao em campo.
Por opo, esta pesquisa vai deter-se apena nos riscos fsicos, qumicos e biolgicos
a que esto submetidos os trabalhadores que realizam suas atividades no pavilho de reciclagem.
Como consequncia, pde-se identificar as deficincias existentes e a necessidade de se adotar
medidas de segurana que tornem mais dignas as condies de trabalho.
Melhorias nas condies de infraestrutura e conscientizao do uso de equipamentos
de proteo individual esto entre as medidas que podem ajudar a transformar a vida daqueles
que, como parte importante do processo da reciclagem dos resduos slidos, realizam atividades
fundamentais entre o descarte e o reaproveitamento desses materiais.
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vABSTRACT
RECOGNITION AND CONTROL OF ENVIRONMENTAL RISKS IN ACTIVITIES OF
RECYCLABLE MATERIAL SORTING
This study aims to bring out attention to the risks of work accidents, especially
environmental risks which workers are submitted to in a sorting unit. In this sense, this work was
developed based on bibliographical research, questionnaire administration and mostly by the
field observation.
By choice, this research will be focused only on physical, chemical and biological
risks that workers who perform their activities in the recycling pavilion are submitted to. As a
result, it is possible to identify some failures and the need to adopt safety measures for better
working conditions.
Improvements in infrastructure conditions and the use of personal protective
equipment are measures that may transform the lives of those who carry out essential activities in
disposal and reuse of these materials, being part of the process of recycling solid waste.
-
vi
NDICE
1. INTRODUO....................................................................................................................1
2. REVISO BIBLIOGRFICA.............................................................................................2
3. OBJETIVOS.........................................................................................................................4
4. METODOLOGIA.................................................................................................................4
5. DEFINIO DOS RISCOS OCUPACIONAIS..................................................................4
5.1. RISCOS DE ACIDENTES...................................................................................................4
5.2. RISCOS ERGONMICOS..................................................................................................5
5.3. RISCOS FSICOS................................................................................................................5
5.4. RISCOS QUMICOS...........................................................................................................5
5.5. RISCOS BIOLGICOS.......................................................................................................5
6. IDENTIFICAO DOS RISCOS AMBIENTAIS..............................................................6
6.1. RISCOS FSICOS................................................................................................................6
6.2. RISCOS QUMICOS...........................................................................................................6
6.3. RISCOS BIOLGICOS.......................................................................................................7
7. ESTUDO DE CASO............................................................................................................8
7.1. LOCAL DA PESQUISA......................................................................................................8
7.2. ABRANGNCIA DA PESQUISA......................................................................................9
7.3. PROCEDIMENTO...............................................................................................................9
7.4. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.....................................................................9
7.5. PERODO DA PESQUISA..................................................................................................9
7.6. POPULAO E DEFINIES..........................................................................................9
8. FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE TRABALHO.......................................................10
8.1. ENTRADA DA MATRIA-PRIMA.................................................................................10
8.2. PROCESSAMENTO DA MATRIA-PRIMA..................................................................11
8.3. SADA DA MATRIA-PRIMA........................................................................................15
9. APRESENTAO DOS DADOS LEVANTADOS.........................................................15
9.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS..................................................................................15
9.1.1. BAMBONEIRO..............................................................................................................16
9.1.2. COORDENADOR DE GRUPO.........................................................................................16
9.1.3. PRENSEIRO......................................................................................................................16
9.1.4. SERVIOS GERAIS.........................................................................................................17
9.1.5. TRIADOR..........................................................................................................................17
-
vii
9.2. INFORMAES SCIO-AMBIENTAIS........................................................................17
9.3. MQUINAS E EQUIPAMENTOS...................................................................................20
9.4. USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL........................................21
9.5. VOLUME DO MATERIAL PROCESSADO....................................................................21
9.6. QUADRO SINPTICO.....................................................................................................21
9.6.1. RISCOS FSICOS IDENTIFICADOS NO LOCAL..........................................................22
9.6.2. RISCOS QUMICOS IDENTIFICADOS NO LOCAL.....................................................23
9.6.3. RISCOS BIOLGICOS IDENTIFICADOS NO LOCAL................................................24
10. CONCLUSES..................................................................................................................26
11. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...............................................................................27
12. APNDICE........................................................................................................................29
13. ANEXO..............................................................................................................................30
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viii
LISTA DE SMBOLOS
DMLU ....................Departamento Municipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre
PMPA .....................Prefeitura Municipal de Porto Alegre
UT ..........................Unidade de Triagem
COMLURB ............Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro
NBR .......................Norma Brasileira Registrada
ABNT .....................Associao Brasileira de Normas Tcnicas
NR ..........................Norma Regulamentadora
CBS ........................Comisso de Biossegurana em Sade
EPI ..........................Equipamento de Proteo Individual
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ix
NDICE DE FOTOS
Foto 1 - Caminho de coleta seletiva do DMLU.............................................................................1
Foto 7.1.1 - Abertura superior na parede de 30 m...........................................................................8
Foto 7.1.2 - Entrada para carga de pequenos caminhes.................................................................8
Foto 7.1.3 - Vista para porta pequena na parede de 15 m................................................................8
Foto 7.1.4 - Vista para o acesso ao continer..................................................................................8
Foto 7.6.1 - Bombonas plsticas....................................................................................................10
Foto 8.1.1 - Descarga do lixo seletivo...........................................................................................10
Foto 8.1.2 - Coleta do material que caiu durante a descarga.........................................................10
Foto 8.1.3 - Trabalhadores realizando a remoo dos resduos espalhados no cho.....................11
Foto 8.2.1 - Mesas de triagem........................................................................................................11
Foto 8.2.2 - Triagem em equipamentos.........................................................................................11
Foto 8.2.3 - Triagem sem o uso de proteo para as mos............................................................11
Foto 8.2.4 - Operao da prensa....................................................................................................12
Foto 8.2.5 - Problemas eltricos....................................................................................................12
Foto 8.2.6 - Abastecimento da mesa de triagem............................................................................12
Foto 8.2.7 - Copos descartveis.....................................................................................................13
Foto 8.2.8 - Ventilador...................................................................................................................13
Foto 8.2.9 - Silo de vidros..............................................................................................................13
Foto 8.2.10 - Calado inadequado.................................................................................................14
Foto 8.2.11 - Continer para material rejeitado pela triagem........................................................14
Foto 8.2.12 - Local para refeies.................................................................................................14
Foto 8.3.1 - Amarrao do fardo na prensa...................................................................................15
Foto 8.3.2 - Carregamento do caminho........................................................................................15
Foto 9.1.1.1 - Bamboneiro.........................................................................................................16
Foto 9.1.1.2 - Bamboneiro.........................................................................................................16
Foto 9.1.3.1 - Prenseiro..................................................................................................................16
Foto 9.1.3.2 - Prenseiro..................................................................................................................16
Foto 9.1.4.1 - Servios gerais........................................................................................................17
Foto 9.1.4.2 - Servios gerais........................................................................................................17
Foto 9.1.5.1 - Triador.....................................................................................................................17
Foto 9.1.5.2 - Triador.....................................................................................................................17
Foto 9.3.1 - Prensas.......................................................................................................................20
Foto 9.3.2 - Elevador de carga.......................................................................................................20
-
xFoto 9.3.3 - Fragmentadora de papel.............................................................................................20
Foto 9.3.4 - Empilhadeira manual.................................................................................................20
Foto 9.5.1 - Estoque de material....................................................................................................21
Foto 9.5.2 - Carga do material.......................................................................................................21
NDICE DE GRFICOS
Grfico 9.2.1 - Faixa etria dos trabalhadores...............................................................................18
Grfico 9.2.2 - Nmero de filhos...................................................................................................18
Grfico 9.2.3 - Tempo no servio nessa unidade de triagem.........................................................19
NDICE DE QUADROS
Quadro 9.4.1 - Utilizao de equipamentos de proteo...............................................................21
Quadro 9.6.1.1 - Riscos fsicos......................................................................................................22
Quadro 9.6.2.1 - Riscos qumicos..................................................................................................23
Quadro 9.6.3.1 - Riscos biolgicos (parte 1).................................................................................24
Quadro 9.6.3.2 - Riscos biolgicos (parte 2).................................................................................24
Quadro 9.6.3.3 - Riscos biolgicos (parte 3).................................................................................25
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1. INTRODUO
Atualmente as grandes cidades vivem um momento de aumento do consumo em
geral e, consequentemente, um aumento de embalagens que sero descartadas no lixo e, dessa
forma, deve-se pensar numa forma de reaproveitar estes diversos tipos de produtos. Materiais
como papel, vidro, plsticos e metal, entre outros, fazem parte dos produtos que ocorrem em
grande quantidade no lixo da cidade de Porto Alegre.
A reciclagem vem transformando lixo em produtos novos, reaproveitando materiais
usados, recuperando dejetos industriais, gerando empregos, riquezas e, principalmente,
preservando o meio ambiente.
Abaixo alguns exemplos de materiais inorgnicos que podem ser reciclados:
Papel: jornais, folhetos, caixas de papelo, revistas e embalagens.
Vidro: garrafas, frascos de medicamentos e embalagens de alimentos.
Plstico: garrafas pet, sacos plsticos, embalagens e sacolas plstica.
Metal: latas de alumnio, de ao, tampas, cobre e pregos.
Para facilitar a classificao durante a triagem, a separao e a coleta dos materiais
pode ser feita de uma forma mais adequada atravs da utilizao de recipientes coloridos
conforme segue:
Amarelo para metais.
Azul para papis.
Verde para vidros.
Vermelho para plsticos.
O processo de reciclagem pode tornar-se mais fcil se cada cidado fizer a sua parte,
atravs da separao do lixo, contribuindo, dessa forma, para que os resduos slidos possam ser
destinados s unidades de triagem. Quando reciclamos estamos ajudando a melhorar o meio
ambiente e, consequentemente, contribuindo para que possamos ter uma vida mais agradvel em
nosso planeta.
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana
(DMLU) da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA)
realiza, atravs de um programa de coleta seletiva, o
recolhimento dos resduos slidos e os encaminha,
gratuitamente, s Unidades de Triagem (UT) existentes em
vrios bairros da cidade. Nessas unidades os colaboradores , Foto 1 - Caminho de coleta
seletiva do DMLU
-
2geralmente organizados em associaes ou cooperativas, realizam as rotinas do trabalho de
seleo com os riscos decorrentes dessas atividades.
2. REVISO BIBLIOGRFICA
Seleo ou triagem o ato de separar materiais de diferentes caractersticas
qumicas. A reciclagem deve ser precedida de uma seleo ou triagem de materiais, para uma
posterior coleta seletiva adequada (COMLURB).
Nota-se, atualmente, um conflito de ideias quanto a terminologia usada para a Coleta
Seletiva, Seleo e Reciclagem do Lixo pois muitas descries consideram como sendo a mesma
coisa, porm existe uma grande diferena entre elas. Entretanto no podemos afirmar que uma
no dependa da outra ou que formem uma sequncia de processos. Ento, Seleo de Lixo o
ato de separar materiais diferentes potencialmente reciclveis ou reutilizveis, Coleta Seletiva o
ato de se coletar separadamente espcies de materiais e Reciclagem a transformao de um
material j utilizado em outro igual ou de qualidade inferior (COMLURB).
Resduos slidos so chamados genericamente de lixo: materiais slidos
considerados inteis, suprfluos ou perigosos, gerados pela atividade humana, que devem ser
descartados.
Segundo Miller (2007, p. 446), resduo slido qualquer material indesejvel ou
descartado que no seja gasoso ou lquido.
Para a Norma Brasileira Registrada NBR 10004 da Associao Brasileira de
Normas Tcnicas (ABNT, 2004), resduos slidos so resduos no estado slido e semi-slido
que resultam das atividades industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e
de varrio. Para efeito dessa Norma (NBR 10004/2004), os resduos so classificados em
Resduos Classe I (Perigosos), Resduos Classe II (No Perigosos), Resduos Classe II A (No
Inertes) e Resduos Classe II B (Inertes) e, de maneira resumida, podemos defini-los como
segue:
Resduos classe I: Perigosos - Apresentam risco sade pblica ou ao meio
ambiente, pois podem ser corrosivos, inflamveis, reativos, txicos ou
patolgicos. Exemplos: resduos hospitalares, industriais e agrcolas, pilhas,
baterias, lmpadas fluorescentes, medicamentos e produtos qumicos vencidos,
embalagens de produtos qumicos em geral (inclusive de limpeza pesada e
inseticidas), restos de tintas, solventes, etc.
Resduos classe II: No perigosos - So aqueles que no enquadram nas
classificaes de resduos classe I.
-
3 Resduos classe II A: No inertes - Podem ter propriedades como
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade. No apresentam perigo
ao homem ou ao meio ambiente, porm no so inertes. Exemplos: a maioria
dos resduos domsticos, sucatas de materiais ferrosos e no ferrosos,
embalagens de plstico etc.
Resduos classe II B: Inertes - No contm nenhum constituinte solubilizvel
em concentrao superior ao padro de potabilidade das guas. Exemplos:
entulhos de demolies como pedras, areias, concreto e outros resduos como o
vidro.
Todo o manuseio de resduos slidos envolvem situaes de riscos e perigos sade
do trabalhador. O estudo dos riscos e perigos, no contexto da segurana do trabalho, recente e
no se encontra completamente estudado. Segundo leituras das Normas Regulamentadoras
podemos chegar a seguinte definio:
Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para causar leses ou danos
a sade das pessoas.
Perigo: situao ou condio de risco com probabilidade de causar leso fsica
ou dano sade das pessoas por ausncia de medidas de controle.
De maneira geral, para a comunidade cientfica, os riscos relativos ao meio ambiente
e coleta de resduos slidos urbanos parecem estar bem definidos. As vias de intoxicao, a
toxidade e os danos sade e ao ambiente, atravs deste local e atividade, aparecem hoje como
conhecimento claro e bem constitudo por estudos afins, evidenciando os riscos presentes
(Porto, Junca, Gonalves e Filhote, 2004; Velloso Santos e Anjos,1997; Gonalves, 2005).
Os acidentes que acontecem no trabalho de seleo dos resduos slidos so,
geralmente, decorrentes das precrias condies existentes para a execuo dessas atividades
resultando em ferimentos por materiais perfuro cortantes, prensagem de membros em
equipamentos, mordidas de animais e picadas de insetos (Ferreira e Anjos, 2001).
nesse ambiente de trabalho que, alm da exposio aos acidentes, os trabalhadores
encontram-se expostos s enfermidades transmitidas por macro vetores, micro vetores e
hospedeiros.
Outra possibilidade de risco sade e qualidade de vida dos trabalhadores das reas
envolvidas com a reciclagem refere-se s questes psicossociais. Segundo Gesser e Zeni (2004),
a histria de vida dos catadores de materiais reciclveis marcada pela vergonha, humilhao e
excluso social; sua ocupao sentida como sendo desqualificada e carente de reconhecimento
pela sociedade.
-
43. OBJETIVOS
Analisar os riscos a que esto expostos os trabalhadores, de uma unidade de triagem
de resduos slidos, recolhidos pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre/RS.
4. METODOLOGIA
A metodologia da presente monografia tem como base a realizao de entrevistas e
observao dos trabalhadores envolvidos com as atividades pertinentes a reciclagem dos resduos
slidos.
Estrategicamente optou-se pela pesquisa descritiva e qualitativa, atravs da coleta de
dados, com a aplicao do questionrio durante a observao sistemtica das atividades.
Realizou-se uma pesquisa bibliogrfica para identificar os riscos presentes nas
atividades desenvolvidas pelos selecionadores no centro de triagem.
5. DEFINIO DOS RISCOS OCUPACIONAIS
A definio dos riscos tem como objetivo reunir as informaes necessrias para
estabelecer o diagnstico da situao de segurana e sade durante a jornada do trabalho.
De maneira genrica, o risco, pode ser entendido como toda e qualquer
possibilidade de que algum elemento ou circunstncia existente num dado processo e ambiente
de trabalho possa causar dano sade, seja atravs de acidentes, doenas ou do sofrimento dos
trabalhadores, ou ainda atravs da poluio ambiental (Porto, 2000).
Os riscos no ambiente de trabalho podem ser classificados em cinco tipos, de acordo
com a Portaria n 3.214, do Ministrio do Trabalho do Brasil, de 1978 atravs de na sua Norma
Regulamentadora n 5 (NR-5), conforme segue:
5.1. RISCOS DE ACIDENTES
Qualquer fator que coloque o trabalhador em situao vulnervel e possa afetar sua
integridade, e seu bem estar fsico e psquico. So exemplos de risco de acidente: as mquinas e
equipamentos sem proteo, probabilidade de incndio e exploso, arranjo fsico inadequado,
armazenamento inadequado, etc.
-
55.2. RISCOS ERGONMICOS
Qualquer fator que possa interferir nas caractersticas psicofisiolgicas do
trabalhador, causando desconforto ou afetando sua sade. So exemplos de risco ergonmico: o
levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura
inadequada de trabalho, etc.
5.3. RISCOS FSICOS
Consideram-se agentes de risco fsico as diversas formas de energia a que possam
estar expostos os trabalhadores, tais como: rudo, calor, frio, presso, umidade, radiaes
ionizantes e no-ionizantes, vibrao, etc.
5.4. RISCOS QUMICOS
Consideram-se agentes de risco qumico todas as substncias ou produtos que
possam causar problemas sade, tais como: poeiras, fumos, neblinas, gases, vapores e
substancias compostas ou produtos qumicos no geral.
A absoro destes agentes qumicos feita pelo organismo humano, atravs de trs
vias distintas:
Via digestiva: realizada atravs da boca sendo, habitualmente, uma ingesto
involuntria, ocasionada por acidente ou descuido.
Via cutnea: na presena de determinados produtos com caractersticas
irritantes ou corrosivas que agem em contacto com a pele ou com os olhos.
Via respiratria: ocorre usualmente em situaes de manipulao de
solventes, tintas ou colas. O transporte dessas substncias pelo organismo pode
causar problemas em outros rgos alm dos pulmes.
5.5. RISCOS BIOLGICOS
Consideram-se como agentes de risco biolgico as bactrias, vrus, fungos, parasitas,
entre outros.
-
66. IDENTIFICAO DOS RISCOS AMBIENTAIS
De acordo com o estudo realizado por Ferreira e Anjos (2001), os agentes mais
frequentes nos resduos slidos e nos processos de manuseio do lixo, capazes de interferir na
sade humana e no meio ambiente, so os riscos fsicos, qumicos e biolgicos.
6.1. RISCOS FSICOS
So decorrentes dos agentes fsicos tais como: materiais perfurocortantes, como
vidros e lascas de madeira; objetos pontiagudos; rudos excessivos; exposio ao frio e ao calor.
Os riscos fsicos representam uma troca brusca de energia entre o organismo e o
ambiente, em quantidade superior quela que o organismo capaz de suportar, podendo acarretar
uma doena profissional.
Os objetos perfurantes e cortantes so sempre apontados entre os principais
responsveis por ferimentos e cortes nos trabalhadores da triagem do lixo reciclvel.
Rudos em excesso, durante as operaes de gerenciamento dos resduos, podem
promover a perda parcial ou permanente da audio, cefaleia, tenso nervosa, estresse e
hipertenso.
6.2. RISCOS QUMICOS
So decorrentes dos agentes qumicos encontrados, em grande quantidade, junto aos
resduos slidos coletados na cidade, tais como: lquidos que vazam de pilhas e baterias; leos e
graxas; pesticidas e/ou herbicidas; solventes; tintas; produtos de limpeza; cosmticos; remdios;
metais pesados como chumbo, cdmio e mercrio; aerossis e outros (Kupchella & Hyland,
1993; Ferreira e Anjos, 2001).
Uma parcela significativa dos resduos qumicos pode ter efeitos deletrios sade
humana e ao meio ambiente. Metais pesados como o chumbo, o cdmio e o mercrio,
incorporam-se cadeia biolgica, tm efeito acumulativo e podem provocar diversas doenas
como saturnismo e distrbios no sistema nervoso, entre outras (Ferreira, 1997).
Pesticidas e herbicidas tm elevada solubilidade em gorduras que, combinada com a
solubilidade qumica em meio aquoso, pode levar magnificao biolgica e provocar
intoxicaes agudas no ser humano (so neurotxicos), assim como efeitos crnicos (Kupchella
& Hyland, 1993).
-
7Um agente comumente encontrado nas atividades com resduos slidos a poeira.
Ela pode ser responsvel pelo desconforto e perda momentnea da viso e por problemas
respiratrios e pulmonares.
6.3. RISCOS BIOLGICOS
So decorrentes dos agentes biolgicos, de origem animal ou vegetal, que podem trazer
efeitos negativos ao organismo humano. Muitas doenas podem ser transmitidas, direta ou
indiretamente, pelos eventuais agentes biolgicos presentes nos materiais manuseados durante a
triagem pelos trabalhadores. Lenos de papel, curativos, fraldas descartveis, papel higinico,
agulhas e seringas descartveis, absorventes e camisinhas alm dos resduos de pequenos
laboratrios, farmcias e clnicas, misturados aos resduos domiciliares, podem conter muitos micro-
organismos patognicos (vrus, bactrias e fungos).
Podemos ressaltar algumas doenas decorrentes dos agentes biolgicos como as doenas
do trato intestinal (Ascaris lumbricoides, Entamoeba coli e Schistosoma mansoni) e o vrus causador
da hepatite, principalmente do tipo B, pela sua capacidade de resistir em meio adverso. Alm desses,
temos, tambm, os micro-organismos responsveis por dermatites. A transmisso indireta se d pelos
vetores que encontram nos resduos, condies adequadas de sobrevivncia e proliferao.
As principais vias envolvidas num processo de contaminao biolgica so a via
cutnea ou percutnea, a via respiratria, a via conjuntiva e a via oral. Os principais riscos
biolgicos decorrem do contato com produtos contaminados, do contato com objetos
perfurocortantes descartados inadequadamente em lixo domiciliar e do contato com produtos em
decomposio.
Os riscos biolgicos podem ser classificados, por ordem crescente de risco, em
quatro classes (anexo 1) segundo os seguintes critrios (Comisso de Biossegurana em Sade -
CBS, 2004):
Patogenicidade para o homem
Virulncia
Modos de transmisso
Disponibilidade de medidas profilticas eficazes
Disponibilidade de tratamento eficaz
Endemicidade
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87. ESTUDO DE CASO
7.1. LOCAL DA PESQUISA
O objeto desse estudo foi realizado no Centro de Triagem da Vila Pinto, localizado
na Av. Joaquim Porto Villanova, 143 Vila Pinto/Bairro Bom Jesus, Porto Alegre, RS.
O local onde so realizadas as triagens um pavilho de alvenaria, medindo
aproximadamente 30 metros de comprimento por 15 metros de largura, p direito em torno de 12
metros, com suas caractersticas descritas a seguir:
Uma das paredes de 30 metros apresenta, na sua extremidade superior, uma abertura
aproximada de 2 metros, que da acesso ao cesto, por onde so descarregados os resduos slidos
coletados pela DMLU. Na parede oposta existe uma grande abertura por onde so carregados
pequenos caminhes com os fardos dos materiais prensados para comercializao.
Numa das paredes de 15 metros, existe uma pequena porta para acesso para pessoas
enquanto na parede oposta encontra-se uma grande porta que d acesso a um continer,
disponibilizado pelo DMLU, para depsitos dos resduos no reciclveis que sero
encaminhados aos lixes apropriados.
Foto 7.1.4 - Vista para o acesso ao continer
Foto 7.1.3 - Vista para porta pequena na parede de 15 m
Foto 7.1.2 - Entrada para carga de pequenos caminhes
Foto 7.1.1 - Abertura superior na parede de 30 m
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9A cobertura formada por um telhado de duas guas com telhas de fibrocimento tipo
calheto. Imediatamente abaixo do telhado existe uma abertura envidraada nas paredes (exceto
aquela com a abertura por onde so recebidos os materiais para triagem), no comprimento total
da parede, por onde entra a iluminao natural.
7.2. ABRANGNCIA DA PESQUISA
Esse trabalho buscou abranger, principalmente, os riscos fsicos, qumicos e
biolgicos a que esto sujeitos os trabalhadores que manuseiam o lixo reciclvel no interior do
pavilho de triagem.
7.3. PROCEDIMENTO
Para a coleta de dados utilizou-se de um questionrio, elaborado aps uma breve
entrevista com as coordenadoras da unidade de triagem, onde, atravs de uma conversa entre o
entrevistador e o entrevistado, foram respondidas as perguntas concomitantemente com a
execuo de suas atividades para no atrasar o ritmo dos trabalhos.
7.4. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionrio, estruturado com
perguntas simples e objetivas, abordando dados como sexo, idade, escolaridade, estado civil,
nmero de filhos, tempo na funo exercida, remunerao, carga horria de trabalho, se tem
percepo dos riscos de sua atividade e se utiliza alguma proteo.
O questionrio utilizado para esta coleta de dados apresentado no Apndice.
7.5. PERODO DA PESQUISA
As observaes das atividades e as entrevistas foram realizadas no perodo de 23 a
30 de junho do corrente ano.
7.6. POPULAO E DEFINIES
Todos os entrevistados so associados do Centro de Educao Ambiental Vila Pinto.
-
10
Para identificar suas atribuies faz-se necessrio definir duas palavras usuais muito
empregadas pelos trabalhadores da associao:
Bambona = uma bombona plstica,
com paredes espessas, utilizada para
armazenamento temporrio dos materiais
selecionados.
Bamboneiro = aquele que carrega as
bombonas com o material selecionado
para depsito nos silos correspondentes.
Os associados so trabalhadores autnomos que exercem suas atividades na unidade
de triagem como coordenadores, prenseiros, bamboneiros, triadores e servios gerais.
8. FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE TRABALHO
8.1. ENTRADA DA MATRIA-PRIMA
A chegada do material junto a UT realizado
diariamente no final da tarde por uma empresa, terceirizada
do DMLU, responsvel por fazer a coleta e o transporte do
lixo seletivo no municpio de Porto Alegre. Durante a
descarga, os resduos slidos so arremessados para o cesto,
atravs da abertura na parte superior da parede, e, na maioria
das vezes, boa parte do material fica espalhado pelo cho.
Aps o descarregamento do material, os
trabalhadores da UT precisam deslocar-se at o lado de fora
do pavilho para realizem um servio adicional de coleta no
final de sua jornada de trabalho. Nesse momento eles
aproveitam para pr-selecionar alguns resduos de grande
tamanho e os conduzem para os silos correspondentes.
Foto 7.6.1 - Bombonas plsticas
Foto 8.1.2 - Coleta do material que caiu durante a descarga
Foto 8.1.1 - Descarga do lixo seletivo
-
11
Depois de realizada a coleta dos objetos maiores,
alguns trabalhadores permanecem realizando a varrio do
local e colocando os resduos dentro de bombonas ou de
grandes sacos de linhagem. Assim que esses recipientes
estiverem cheios, os bamboneiros realizam um esforo
nada ergonmico, para alcan-los ao colega que esta sobre
o vo da parede sem utilizar equipamento de segurana
contra quedas que ir deposit-los no cesto.
8.2. PROCESSAMENTO DA MATRIA-PRIMA
Todo o material a ser reciclado fica depositado
no cesto um local junta a parede, sustentado por uma
estrutura de madeira e tela de arame imediatamente acima
das mesas onde trabalham grupos de at 4 triadores. Nesse
ambiente de trabalho nota-se que a companhia dos colegas e
os assuntos diversas so responsveis pela execuo dos
servios de uma forma descontrada.
Existe um reciclador que responsvel por tentar
recuperar alguns objetos danificados que chegam at a UT.
Aqueles que no podem ser recuperados, so desmanchados
e tem suas partes separadas conforme o tipo de material
(cobre, alumnio, etc.) para posterior comercializao. Nota-
se que, apesar do bom humor do trabalhador, essa atividade
realizada de forma solitria numa pequena sala.
Reciclar materiais slidos envolvem vrios
riscos de acidentes como ferimentos ou cortes nas mos,
principalmente quando os trabalhadores, apesar de terem
conhecimento dos perigos envolvidos, no tem a conscincia
da necessidade de utilizar equipamentos de proteo que
evitem a ocorrncia de leses. Alguns triadores no utilizam
qualquer tipo de proteo porque no acreditam que esto Foto 8.2.3 - Triagem sem o uso de proteo para as mos
Foto 8.2.2 - Triagem em equipamentos
Foto 8.2.1 - Mesas de triagem
Foto 8.1.3 - Trabalhadores realizando a remoo dos resduos
espalhados no cho
-
12
sujeitos aos acidentes. Outros utilizam proteo inadequada para as mos, recusando o uso das
luvas apropriadas, porque consideram desconfortveis e difceis de manusear os resduos a serem
selecionados.
As prensas existentes so muito antigas e por
isso no atendem as normas de proteo especificadas pelo
NR-12. Dessa forma nota-se, claramente, os riscos aos quais
os prenseiros esto expostos diariamente, entre eles os de
decepar ou esmagar os dedos, consequncias de operaes
inseguras ou, at mesmo, de avarias mecnicas ou
hidrulicas do equipamento. Os operadores tambm esto
expostos a choque eltrico pois algumas partes energizadas esto desprotegidas.
As instalaes eltricas necessitam urgentemente
de um projeto de reforma geral onde sejam avaliadas as
cargas instaladas, os circuitos de alimentao e suas
protees correspondentes. Alguns equipamentos, que
precisam da energia eltrica para funcionar, apresentam
botoeiras danificadas, partes energizadas expostas e cabos
de alimentao sem a presena de plugue para a conexo
com as tomadas eltricas. A iluminao artificial geral do
pavilho esta desativada devido as pssimas condies dos
circuitos eltricos e das luminrias existentes. urgente a
necessidade de um iluminamento que atenda as normas
tcnicas vigentes e priorize, principalmente, a claridade na
mesas de triagem para facilitar a visualizao dos resduos manipulados.
Puxar os sacos com resduos que esto
acumulados no cesto, abri-los e espalhar o seu contedo na
mesa de seleo expe os triadores a surpresas perigosas.
Animais peonhentos, tais como cobras, ratos e escorpies,
podem ocasionar uma srie de enfermidades aos
trabalhadores, entre elas envenenamento e doenas
infectocontagiosas, que podero ser transmitidas, por
Foto 8.2.5 - Problemas eltricos
Foto 8.2.6 - Abastecimento da mesa de triagem
Foto 8.2.4 - Operao da prensa
-
13
extenso, a seus familiares. Durante esse processo constatou-se que a exposio contnua aos
resduos qumicos em geral pode causar uma srie de doenas ocupacionais aos trabalhadores.
Resduos slidos, que mantem a presena de
gua ou lquido em seu interior, favorecem a proliferao de
organismos patognicos que podem habitar por um longo
tempo as embalagens e os frascos. Os copos descartveis, de
maneira em geral, so um dos responsveis por manter a
umidade no piso do pavilho pois, constantemente, escorrem
deles restos de bebidas aucaradas que atraem um nmero
expressivo de abelhas, baratas, moscas e vrios insetos, transmissores de doenas.
Durante os perodos de calor torna-se muito
difcil trabalhar num local quente e sem ventilao e, nessas
situaes, os funcionrios contavam com ventiladores,
instalados em algumas colunas, para auxiliar na circulao
de ar no interior do pavilho de triagem. Entretanto, durante
a visita realizada para levantamento dos dados, foi
constatada a real situao atual desses equipamentos: todos
esto danificados e com as instalaes eltricas inutilizveis. Essa situao nos leva a concluir
que os mesmos no tiveram a manuteno corretiva necessria quando de suas avarias.
Uma constatao que chamou muito a ateno
foi o local destinado ao armazenamento dos vidros. O silo
est localizado no lado externo do barraco, sem cobertura,
possui um dos lados totalmente aberto e fica prximo a uma
via de acesso interna possibilitando que pessoas e crianas,
que circulam por ali, tenham fcil acesso aos cacos de vidro
que podem causar ferimentos nos mesmos. Quando o
bamboneiro traz a bombona com os vidros selecionados para serem depositado no silo, ele
encontra-se num patamar de concreto, a uma altura aproximada de 2 metros, sem qualquer
proteo contra quedas o que poder ocasionar um grave acidente. Esse local deveria estar
monido de uma proteo tipo peitoril, para evitar a queda de pessoas, e de um fechamento mvel
na extremidade que atualmente se encontra aberta.
Foto 8.2.7 - Copos descartveis
Foto 8.2.8 - Ventilador
Foto 8.2.9 - Silo de vidros
-
14
Usar calados e roupas inadequadas durante os
servios executados, pelos trabalhadores na triagem, uma
situao normal. O seu pouco conhecimento sobre as
vantagens do uso de EPIs, faz com que a maioria deles
considerem um exagero a preocupao com os outros
membros do corpo alm da mo. Essa realidade pde ser
constatada com uma simples observao do calado usado
por eles na ocasio da visita: tnis comum, meia com chinelo de dedo, sandlia de plstico,
sapato e at pantufa.
Junto aos resduos slidos que chegam at os
recicladores chegam, tambm, muitos resduos orgnicos e
resduos no reciclveis por essa UT. Esses materiais so
separados numa bombona especfica que depois sero
descartados no continer do DMLU, localizado no lado
externo do pavilho, sem cobertura e que, quando estiver
com carga suficiente, ser recolhido para encaminhamento
de seu contedo a um dos aterros sanitrios em uso pela
prefeitura de Porto Alegre. Cabe salientar que esse material orgnico, estocado a cu aberto,
poder ser um foco de proliferao de micro-organismos que podero afetar a sade da
populao atuante na unidade de triagem.
Todas as refeies e os lanches podem ser
realizados no refeitrio, junto a cozinha, das instalaes
sociais do Centro de Educao Ambiental Vila Pinto. Essas
instalaes so claras e higinicas possibilitando, junto a
refeio, um momento de relaxamento dos trabalhadores
antes do retorno para mais um perodo de trabalho, onde as
tarefas so sempre realizadas em p. Observou-se que,
durante os intervalos para o lanche, o caf e o achocolatado so oferecidos pela associao,
cabendo, aos trabalhadores, apenas o fornecimento de seus acompanhamentos.
No momento do lanche, as vezes, alguns dos funcionrios preferem ficar no interior
do pavilho, sentados sobre algum fardo ou caixote, para tomar seu cafezinho ou fazer seu
lanche neste local que imprprio para a realizao de refeies.
Foto 8.2.10 - Calado inadequado
Foto 8.2.12 - Local para refeies
Foto 8.2.11 - Continer para material rejeitado pela triagem
-
15
8.3. SADA DA MATRIA-PRIMA
O material selecionado que encontra-se estocado
no silo vai para a prensa para ser compactado em fardos.
Neste momento que ocorre a utilizao da fita ou do arame
para o fechamento do fardo que ser depositado numa rea
de estoque. Durante essa operao existe a possibilidade de
ocorrer alguma perfurao nas mos causada pelo arame.
No momento da comercializao dos fardos de
material reciclvel, eles so deslocados do estoque para a
pesagem diante do comprador e posterior carregamento do
caminho. Cabe salientar que o deslocamento do depsito
at a balana e a colocao dos fardos no elevador so de
responsabilidade do pessoas da UT. A remoo do fardo do
elevador e sua posterior acomodao na carroceria do
caminho realizada pelos funcionrios do comprador.
9. APRESENTAO DOS DADOS LEVANTADOS
9.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Os trabalhadores que atuam no interior do pavilho esto cadastrados com funes
especficas mas, na realidade, notou-se que a maioria deles executa tarefas diferentes daquelas
correspondentes em seus cadastros.
As jornadas de trabalho so iguais para todos os trabalhadores e esto divididas
conforme segue:
Entrada..........................: 07h00min
Lanche da manh.......... : 09h00min s 09h20min
Almoo..........................: 12h00min s 13h00min
Lanche da tarde.............: 15h00min s 15h20min
Sada..............................: 17h00min
As funes desenvolvidas e cadastradas nas atividades realizadas pelos associados
no pavilho de reciclagem so as descritas a seguir:
Foto 8.3.1 - Amarrao do fardo na prensa
Foto 8.3.2 - Carregamento do caminho
-
16
9.1.1. BAMBONEIRO
Responsvel pelo transporte das bombonas, abastecidas com os materiais
selecionados at o silo correspondente. , tambm, de sua responsabilidade a retirada das
bombonas com os rejeitos, que sero depositados no continer disponibilizada pelo DMLU, e o
abastecimento das prensas com o material a ser compactado.
9.1.2. COORDENADOR DE GRUPO
Coordena, de maneira geral, as atividades de todos os trabalhadores envolvidos com
a triagem. Tambm de sua responsabilidade acompanhar a descarga do material, realizada pela
empresa que realizou a coleta seletiva, bem como a organizao, agilizao da compactao e
encaminhamento do material compactado para a empresa compradora.
9.1.3. PRENSEIRO
Responsvel pelo abastecimento e operao da prensa hidrulica transformando, em
fardos, os materiais selecionados. Notou-se que, muitas vezes, o prprio prenseiro quem
abastece a prensa com o material selecionado que encontra-se estocado nos silos.
Foto 9.1.1.1 - Bamboneiro
Foto 9.1.3.2 - PrenseiroFoto 9.1.3.1 - Prenseiro
Foto 9.1.1.2 - Bamboneiro
-
17
9.1.4. SERVIOS GERAIS
Responsvel pela varrio e organizao geral dos resduos espalhados no interior e
no entorno do pavilho.
9.1.5. TRIADOR
Responsvel por abrir os sacos plsticos, com os resduos slidos provenientes da
coleta seletiva, espalh-los pela mesa e realizar a triagem dos mesmos depositando-os, em
seguida, nas bombonas correspondentes a cada tipo de material.
9.2. INFORMAES SCIO-AMBIENTAIS
Foram entrevistados todos os trabalhadores que realizavam tarefas, no interior do
pavilho de triagem, durante o perodo da pesquisa.
Nmero de trabalhadores
Sexo masculino........................................ 6 pessoas
Sexo feminino.......................................... 20 pessoas
Foto 9.1.4.1 - Servios gerais
Foto 9.1.5.1 - Triador Foto 9.1.5.2 - Triador
Foto 9.1.4.2 - Servios gerais
-
18
Escolaridade
Analfabeto................................................ 3 pessoas
Ensino fundamental.................................. 21 pessoas
Ensino mdio............................................ 2 pessoas
Faixa etria
Estado civil
Solteiro..................................................... 19 pessoas
Casado...................................................... 5 pessoas
Separado................................................... 2 pessoas
Nmero de filhos
Funo
Bamboneiro......................................... 1 pessoa
Coordenador............................................ 2 pessoas
Prenseiro.................................................. 3 pessoas
Servios Gerais........................................ 1 pessoa
Triador...................................................... 19 pessoas
012345678
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 oumais
Nmero de filhos
Trab
alha
dore
s
Grfico 9.2.2 - Nmero de filhos
012345678
de 20 a 29 de 30 a 39 de 40 a 49 de 50 a 59 60 ou mais
Faixa etria
Trab
alha
dore
s
Grfico 9.2.1 - Faixa etria dos trabalhadores
-
19
Tempo no servio
Salrio mensal
at 1 salrio mnimo................................. 22 pessoas
de 1 salrio mnimo at R$ 700,00.......... 4 pessoas
Percepo de riscos
Sim........................................................... 23 pessoas
No........................................................... 3 pessoas
Treinamento sobre os riscos
Sim........................................................... 20 pessoas
No........................................................... 6 pessoas
Acidente no trabalho
Sim........................................................... 13 pessoas
No........................................................... 13 pessoas
Tipos de acidentes relatados
- Corte da mo com caco de vidro.
- Corte da mo com lata.
- Corte do p com caco de vidro.
- Corte da perna com caco de vidro.
- Dedo espremido com a subida da mesa da prensa.
- Felpa de madeira cravada no p.
- Furo no dedo com arame de amarrar fardo.
- Micose na mo.
- Queda da mesa da prensa sobre os dois braos.
- Toro no p.
0123456789
10
menosde 1/2
de 1/2 at 1
de 1 at 2
de 2 at 3
de 3 at 4
de 4 at 5
de 5 at 10
10 oumais
Tempo no servio (anos)
Trab
alha
dore
s
Grfico 9.2.3 - Tempo no servio nessa unidade de triagem
-
20
Tempo de afastamento devido ao acidente
Nenhum dia.............................................. 6 pessoas1 dia.......................................................... 4 pessoasDe 2 at 15 dias........................................ 1 pessoaDe 16 at 30 dias...................................... 1 pessoaMais de 1 ms.......................................... 1 pessoa
9.3. MQUINAS E EQUIPAMENTOS
Os trabalhadores do centro de triagem contam com os seguintes equipamentos para
auxiliar em suas atividades:
Balana manual............................................. 4 unidadesCarrinho de carga.......................................... 2 unidadesCarrinho para bombona................................ 3 unidadesElevador de carga......................................... 1 unidadeEmpilhadeira manual.................................... 1 unidadeFragmentador de papel................................. 1 unidadePaleteira........................................................ 1 unidadePrensa hidrulica........................................... 3 unidades
A seguir, sero exibidas algumas fotos para ilustrar as condies dos equipamentos existentes:
Foto 9.3.1 - Prensas Foto 9.3.2 - Elevador de carga
Foto 9.3.4 - Empilhadeira manual
Foto 9.3.3 - Fragmentadora de papel
-
21
9.4. USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL
Foi perguntado a todos os trabalhadores se eles usam algum equipamento de
proteo individual segundo seu ponto de vista e, conforme suas respostas, constatou-se as
seguintes situaes:
9.5. VOLUME DO MATERIAL PROCESSADO
Mensalmente os recicladores manuseiam em torno de 70 toneladas de lixo
reciclvel. Aps a seleo e prensagem dos resduos slidos, a unidade de triagem comercializa,
aproximadamente, 65 toneladas de material reciclvel.
9.6. QUADRO SINPTICO
Foram constatados as seguintes situaes relativas aos riscos existentes aos
trabalhadores no pavilho de reciclagem:
Foto 9.5.2 - Carga do materialFoto 9.5.1 - Estoque de material
EQUIPAMENTO UTILIZADO QTDEAvental vinlico 1Luva apropriada (tecido resistente com emborrachamento na palma) 2Luva de l e avental de couro 1Luva domstica de borracha 7Luva domstica de borracha e avental de churrasco 1Luva domstica de borracha e avental de tecido encorpado 1Luva domstica de borracha e touca de cozinheiro 1Luva de tecido com emborrachamento fino na palma 1Luva de tecido com emborrachamento fino na palma e bon 1Touca de cozinheiro na cabea 1JUSTIFICATIVAS PELO NO USOAlgumas vezes usa luvas domstica de borracha 3No usa luva porque no consegue trabalhar 3No usa nada porque no necessrio 3
NMERO TOTAL DE TRABALHADORES: 26Quadro 9.4.1 - Utilizao de equipamentos de proteo
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9.6.1. RISCOS FSICOS IDENTIFICADOS NO LOCAL
RISCOS FONTE EFEITO MEDIDAS DE CONTROLECalor Clima
Choque Eltrico
Frio Clima
Iluminao
Prensa
Desnvel no piso
Rudo Paleteira
Rudo Prensas
Umidade
Desconforto trmico e muito suor devido aos ventiladores existentes serem insuficientes e ainda estarem danificados.
Realizar um projeto de ventilao e exausto do ar visando atender as mnimas condies de conforto trmico sugeridas pela NR-15.
Instalaes eltricas
Choque eltrico devido as ms condies das instalaes eltricas em geral e descuido com o manuseio de equipamentos energizados.
Realizar um projeto eltrico completo para redimensionar as instalaes e suas protees conforme exigncias da NR-10.
Desconforto trmico e resfriamento das partes do corpo obrigando ao uso de roupas pesadas que dificultam o servio de triagem.
Realizar um projeto de ventilao visando atender as mnimas condies de conforto trmico sugeridas pela norma ISO 7730/94.
Luz natural e Luminrias
Baixssima visibilidade quando no existe iluminao natural devido as poucas luminrias existentes estarem danificadas.
Realizar um projeto de iluminamento geral, segundo definies da NR-10, prevendo, tambm, uma iluminao direta nas mesas de seleo do material.
Mecnico: Esmagamento
Esmagamento de dedos, mos e braos porque no dispe de sistemas de proteo..
Substituir por prensas novas que atendam as especificaes da NR-12.
Mecnico: Perfurao ou Corte
Materiais perfurocortantes
Cortes e/ou perfurao nas mos e dedos devido ao no uso de luvas ou uso de luvas inadequadas.
Usar luva adequada conforme NR-6, escolhendo um modelo que permita facilidade no manuseio do material a ser selecionado.
Mecnico: Queda
Toro no p, esfolamento ou fratura de ossos.
Proteo contra quedas atravs da instalao de guarda-corpo junto aos desnveis e rampas de acesso (NR-18).
Barulho muito desconfortvel durante a movimentao da paleteira vazia devido ao desgaste apresentado e a irregularidade do piso.
Substituir por uma paleteira nova que atenda as especificaes da NR-12,
Barulho desconfortvel nas proximidades da prensa podendo gerar leses nos ouvidos dos operadores. Equipamento muito antigo apresentando sinais de desgaste.
Substituir por prensas novas que atendam as especificaes da NR-12.
Clima e resduos lquidos das embalagens
Piso apresenta uma umidade constante devido ao derramamento de restos lquidos, sendo agravado quando ocorre chuva.
Realizar um projeto para melhorar o piso, criando uma drenagem da umidade e providenciando um alisamento da superfcie para facilitar a limpeza.
Quadro 9.6.1.1 - Riscos fsicos
-
23
9.6.2. RISCOS QUMICOS IDENTIFICADOS NO LOCAL
RISCOS FONTE EFEITO MEDIDAS DE CONTROLEGases
Poeiras
Vapores de Solventes
Exausto de veculos durante a carga de materiais.
Intoxicaes por gases asfixiantes decorrentes da queima de combustveis como o leo diesel.
Melhorar a ventilao do ambiente e evitar que o veculo permanea com o motor ligado.
Metais Pesados: Chumbo
Pilhas estouradas ou com vazamento e embalagens de inseticidas.
Intoxicao aguda ou crnica. Pode causar cncer de pulmo, hipotireoidismo, estomatites, problemas renais, leses cerebrais e neurolgicas.
Manusear com cuidado, usando proteo nas mos (EPI) e acondicionando em um recipiente apropriado pra encaminhamento aos postos de recolhimento.
Metais Pesados: Vapor de Mercrio
Resduos de lmpadas fluorescentes, termmetro e pilhas ou baterias estouradas ou com vazamento.
Intoxicao aguda ou crnica. Pode causar danos pulmonares, problemas renais, leses cerebrais e neurolgicos, m formao fetal, dermatite de contato, entre outras consequncias.
Manusear com cuidado, usando proteo nas mos (EPI) e acondicionando em um recipiente apropriado pra encaminhamento aos postos de recolhimento.
Produtos Qumicos: Cloro (Hipoclorito de Sdio)
Embalagens de produtos de limpeza.
Irritante das mucosas das vias respiratrias, dos olhos e da pele. Pode causar conjuntivite, edema nos olhos e, se ingerido, causa irritao na boca, garganta e fortes dores estomacais.
Usar proteo (EPI) principalmente para as mos, olhos, nariz e boca.
Sacos com resduos slidos para triagem.
Podem causar desconforto na viso, problemas respiratrios e pulmonares, dependendo da intensidade.
Utilizar culos de proteo para os olhos e mascara de proteo respiratria contra poeiras (EPI).
Embalagens de produtos que contenham hidrocarbonetos
Podem causar leucemia, efeitos txicos, doenas renais e hepticas, sncope cardaca, dermatite de contato, tonturas, cefaleia, nuseas, perturbaes auditivas e visuais entre outras.
Arejar bem o ambiente pois as mscaras utilizadas para proteo contra poeira no so apropriadas para proteo contra os hidrocarbonetos.
Quadro 9.6.2.1 - Riscos qumicos
-
24
9.6.3. RISCOS BIOLGICOS IDENTIFICADOS NO LOCAL
RISCOS FONTE EFEITO MEDIDAS DE CONTROLEBactrias: Clostridium tetani
Materiais perfurocortantes contaminados, principalmente, metais enferrujados.
Ataca o sistema nervoso central, provocando contraturas musculares, podendo atingir os msculos respiratrios e pr em risco a vida.
Usar luva adequada conforme NR-6, escolhendo um modelo que permita facilidade no manuseio do material a ser selecionado.
Bactrias: Leptospira
Urina de ratos e ratazanas.
Causa uma infeco aguda e febril (Leptospirose).
Manter uma boa higiene do local de trabalho e utilizar proteo adequada para as mos (EPI).
Bactrias: Mycobacterium tuberculosis
Respirao, espirros e tosse de colegas que estejam contaminados.
Doena infecciosa que afeta os pulmes (Tuberculose), gnglios, pleura, rins, crebro e ossos.
Utilizar mscaras para proteo respiratria e melhorar a ventilao do local.
Bactrias: Salmonella
Ingesto de alimentos manuseados com mos contaminadas.
uma doena infecciosa (Gastrenterite) que causa a inflamao do intestino delgado e do clon.
Fazer uma boa higiene nas mos antes de realizar as refeies ou comer algum alimento.
Bactrias: Yersinia pestis
Pulgas dos ratos e contato direto com gotculas respiratrias contaminadas.
Causa a Peste Bubnica - Vasodilatao excessiva com risco de choque sptico e morte.
Utilizar mscaras para proteo respiratria.
Vrus: HBV (Hepatite-B)
Sangue contaminado proveniente de agulhas ou instrumentos perfurantes.
Causa inflamao do fgado e, nos casos crnicos, causa cncer de fgado podendo causar at a morte.
Usar luva adequada conforme NR-6, escolhendo um modelo que permita facilidade no manuseio do material a ser selecionado.
Vrus: Arenavrus (Lassa virus)
Animais infectados como aranhas e roedores.
Causa febre, vmitos e hemorragias. Atinge a rea gastrointestinal, a rea respiratria, o sistema cardiovascular e o sistema nervoso.
Manter uma boa higiene do local de trabalho e utilizar os EPIs apropriados.
Quadro 9.6.3.1 - Riscos biolgicos (parte 1)
RISCOS FONTE EFEITO MEDIDAS DE CONTROLEParasitas: Ascaris Lumbricoides
Ingesto de alimentos contaminados pelo contato com mos infestadas.
Causam dor abdominal, diarreia e presena de vermes nas fezes.
Fazer uma boa higiene nas mos antes de realizar as refeies ou comer algum alimento.
Protozorios: Entamoeba coli
Objetos contaminados por baratas ou moscas que transmitem a Amebiase.
Infeco que atinge o intestino grosso podendo atingir a corrente sangunea e afetar o fgado, bao, crebro e corao.
Manter uma boa higiene do local de trabalho e utilizar os EPIs apropriados.
Protozorios: Trypanosoma cruzi
Picada do inseto barbeiro (Triatoma infestans).
Causa a doena de Chagas - Afeta gnglios, fgado e bao. Depois localiza-se no corao, intestino e esfago, provoca arritmia cardaca e dilatao do corao, esfago e clon.
Manter uma boa higiene do local de trabalho e utilizar os EPIs apropriados.
Quadro 9.6.3.2 - Riscos biolgicos (parte 2)
-
25
RISCOS FONTE EFEITO MEDIDAS DE CONTROLE
Dengue
Fungos Calor e umidade.
Animais peonhentos
Sacos com resduos slidos mal conservados.
Podem provocar necrose tecidual, ao no sistema nervoso, destruio das hemcias no sangue e deficincia na coagulao sangunea.
Criar uma rotina de abertura dos sacos por pessoas protegidas com EPIs apropriados para evitar as picadas ou mordeduras.
Mosquito "Aedes aegypti" existente em embalagens com gua parada.
uma doena infecciosa que pode causar febre alta, dores de cabea, atrs dos olhos e nas costas, manchas vermelhas no corpo e hemorragias na boca, na urina ou no nariz.
Criar uma rotina de abertura dos sacos por pessoas protegidas com EPIs apropriados para evitar as picadas. Cuidar da higiene local para evitar a proliferao dos ovos.
Causam micoses superficiais (nos ps, unhas, virilha, pele, cabelos e mucosas) e micoses profundas (nos pulmes e o esfago).
Melhorar a ventilao do ambiente e utilizar roupas que evitem o acmulo de suor junto ao corpo.
Quadro 9.6.3.3 - Riscos biolgicos (parte 3)
-
26
10. CONCLUSES
A certeza de que o aumento da produo de produtos descartveis responsvel
diretamente pela necessidade de reciclar, cria a necessidade primaz de que o poder pblico,
atravs do olhar de preservao de nosso planeta, deva providenciar medidas que possibilitem a
capacitao e o treinamento dos trabalhadores que atuam diretamente na triagem dos resduos
slidos, nas condies de infraestrutura das unidades de triagem e na valorizao da pessoa,
garantindo a elas, os seus direitos de cidado.
As fontes geradoras de resduos slidos deveriam repensar o formato de seus
produtos dentro de um contexto de preocupao ambiental, aumentando a possibilidade de
reaproveitamento e, dessa forma, garantindo uma reduo no uso de matria-prima e dos
recursos naturais.
Nesse contexto, importante melhorar as condies de trabalho nos pavilhes de
reciclagem atravs de um olhar que busque assegurar, aos que ali exercem seus ofcios, melhores
protees contra os riscos e perigos inerentes a suas atividades. fundamental que os
trabalhadores, que manuseiam os resduos slidos, recebam e sejam orientados a utilizar
equipamentos de proteo individual tais como luvas, culos, mscara, botina e jaleco pois, de
um modo geral, eles tendem a negar o perigo a que esto expostos atravs da minimizao,
dissimulao e compensao dos danos sofridos ou daqueles que ainda podero ocorrer.
A no utilizao dos equipamentos de proteo individual acontece porque no existe
qualquer tipo de ao, por parte do poder pblico local, para a preveno dos riscos ocupacionais
atravs da educao, da disponibilizao de EPIs e da fiscalizao.
Educar e conscientizar os trabalhadores quanto aos riscos inerentes de suas
atividades fundamental, porm isso apenas no basta; necessrio realizar melhorias no
processo desde a recepo do material, passando pela triagem, at a sada dos fardos prensados.
Como exemplo podemos citar o trabalho de coleta e varrio, do material espalhado pelo cho
durante o momento da descarga, que poderia ser evitado se a empresa, responsvel por essa lida,
planejasse melhor a forma de realizar essa atividade.
No pavilho dessa unidade de triagem so reciclados materiais e lixo. Acreditamos
que, mais do que reciclar objetos ou lixo, o pavilho deve possibilitar a reciclagem da prpria
vida dos trabalhadores, em cujo processo, o reconhecimento e controle dos riscos ambientais
desempenham um papel transformador inclusive na comunidade local (Inspirado na ideia de
Fuo, 2004-2010).
-
27
11. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
1. ASSOCIAO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PBLICA E
RESDUOS ESPECIAIS ABRELPE - ABRELPE defende Poltica Nacional de
Resduos. Disponvel em: < www.abrelpe.org.br/noticia_destaque_residuos.php> Acesso
em 18/07/11.
2. ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS(ABNT). NBR 10004,
Resduos slidos Classificao. ABNT 2004 - 2. ed. Rio de Janeiro, 2004.
3. BIOGROUP. Gerao de RSU expressivo crescimento no Brasil. Disponvel em:
Acesso em 19/07/11.
4. BRASIL. Classificao de risco dos agentes biolgicos; Braslia: Ministrio da Sade,
Secretaria de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos, Departamento do Complexo
Industrial e Inovao em Sade - 2. ed. Editora do Ministrio da Sade, 2010.
5. BRASIL. Doenas relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os
servios de sade; Organizado por Elizabeth Costa Dias ; colaboradores Idelberto Muniz
Almeida et al. Ministrio da Sade do Brasil. Organizao Pan-Americana da Sade no
Brasil. Braslia, 2001.
6. BRASIL. Portaria n 3.214 de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas
Regulamentadoras - NR; Braslia: Ministrio do Trabalho, 1978.
7. BRASIL. Portaria GM/MS n 1.683, de 28 de agosto de 2003.Criao da Comisso
de Biossegurana em Sade CBS; Braslia: Ministrio da Sade, 2003.
8. BRASIL. Sistema de Avaliao da Conformidade de Material Biolgico; Braslia:
Ministrio da Cincia e Tecnologia. SENAI/DN, 2002.
9. CAVALCANTE, S.; FRANCO, M. F. A., Profisso perigo: percepo de risco sade
entre os catadores do Lixo do Jangurussu. In: Revista Mal - Estar e Subjetividade,
Fortaleza. Vol. VII, No 1, mar/2007, p. 211-231
10. COMPANHIA MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA COMLURB. Guia de
Reciclagem, Rio de Janeiro, RJ. Disponvel em:
< http://comlurb.rio.rj.gov.br/ma_recicla.asp#mat4> Acessado em 17/07/11.
11. FERREIRA, J. A.; ANJOS, L. A., Aspectos de sade coletiva e ocupacional associados
gesto dos resduos slidos municipais. Cadernos de Sade Pblica, 2001.
-
28
12. FERREIRA, J. A., Lixo Hospitalar e Domiciliar: Semelhanas e Diferenas Estudo
de Caso no Municpio do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Escola
Nacional de Sade Pblica, Fundao Oswaldo Cruz, 1997.
13. FUO, F. et ali. Unidades de triagem: reciclagem para a vida. ARQTEXTO
(UFRGS), v. VIII, p. 101-130, 2006.
14. GONALVES, R.C.M., A Voz dos Catadores de Lixo em Sua Luta Pela
Sobrevivncia. Universidade Estadual do Cear Dissertao (Mestrado em Polticas
Pblicas e Sociedade). Fortaleza, 2005.
15. KUPCHELLA, C. D. & HYLAND, M.C., Environmental Science - Living Within the
System of Nature. London: Prentice-Hall International, 1993.
16. INTERFACEHS Revista de Gesto Integrada em Sade do Trabalho e Meio
Ambiente - v.3, n.1, Artigo 3, jan./ abril. 2008.
17. MACINTYRE, A. J., Ventilao industrial e controle da poluio. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1990.
18. MESQUITA, A. L. S.; GUIMARES, F. A.; NEFUSSI, N., Engenharia de ventilao
industrial. So Paulo: Edgard Blcher, 1977.
19. MILLER, G. Tyler, Cincia Ambiental. So Paulo: Thonson Learning, 2007.
20. PORTO, M. F. S., Anlise de riscos nos locais de trabalho. So Paulo: Fundacentro,
2000.
21. PORTO, M.F.S., JUNCA D.C.M., GONALVES R.S., FILHOTE, M.I.F., Lixo,
trabalho e sade: um estudo de caso com catadores em um aterro metropolitano no
Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Sade Pblica, Nov./Dez. 2004, 20(6):1503-1514.
22. RIBEIRO, IANE C. M.; ROSOLEM, JAMILLE C.; GRUBHOFER, NICOLE J.;
ANDRADES, SILVANA A. Seminrio Metais Pesados. Centro Universitrio
Franciscano - UNIFAE. Curitiba, dezembro 2009.
23. SANTOS, R.C.; CAMPOS, J.F.; PINHEIRO, C.D.; TOLON, Y.B.; SOUZA, S.R.L.;
BARACHO, M.; CARMO, E.L., Usinas de Triagem e Compostagem de Lixo como
alternativa vivel problemtica dos lixes no meio urbano. Fundao Tricordiana de
Educao, MG - Enciclopdia Biosfera, N.02, 2006.
24. VELLOSO M.P., SANTOS E.M., ANJOS L.A., Processo de trabalho e acidentes de
trabalho em coletores de lixo domiciliar na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.
Cadernos de Sade Pblica, Out./Dez. 1997, vol.13, no.4, p.693-700.
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29
12. APNDICE
Questionrio
Nmero do Entrevistado: _____________
1- Sexo: ____ 2- Idade: ____ 3- Escolaridade: ____ 4- Estado Civil: ____ 5- Num Filhos: ______
6- Funo: ___________________________ 7- Tempo na Funo: _________ 8- Renda: ________
9- Turno de Trabalho: ________________ 10- Horrio do Trabalho: __________________________
11- Voc tem percepo dos riscos na atividades? Quais? ____________________________________
___________________________________________________________________________________
12- Voc usa EPI? _____
13- Quais? __________________________________________________________________________
14- Voc teve capacitao ou treinamento sobre os riscos da atividade?
___________________________________________________________________________________
15- Voc j teve acidente de trabalho? _____
15.a Quais: ________________________________________________________________________
15.b - Qual o tempo de afastamento: ______________________________________________________
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13. ANEXO
CLASSES DE RISCO BIOLGICO
Classe de Risco I - Escasso risco individual e comunitrio.
O Microrganismo tem pouca probabilidade de provocar enfermidades humanas ou enfermidades
de importncia veterinria.
Ex: Bacillus subtilis, Lactobacillus sp.
Classe de Risco II - Risco individual moderado, risco comunitrio limitado.
A exposio ao agente patognico pode provocar infeco, porm, se dispe de
medidas eficazes de tratamento e preveno, sendo o risco de propagao limitado.
Ex: Schistosoma mansoni, Trypanosoma cruzi.
Classe de Risco III - Risco individual elevado, baixo risco comunitrio.
O agente patognico pode provocar enfermidades humanas graves, podendo
propagar-se de uma pessoa infectada para outra, entretanto, existe profilaxia e/ou
tratamento.
Ex: Mycobacterium tuberculosis, Yersima pestis.
Classe de Risco IV - Elevado risco individual e comunitrio.
Os agentes patognicos representam grande ameaa para as pessoas e animais, com
fcil propagao de um indivduo ao outro, direta ou indiretamente, no existindo profilaxia
nem tratamento.
Ex: Ebola vrus, Lasa vrus.
Foto 1 - Caminho de coleta seletiva do DMLUFoto 7.1.1 - Abertura superior na parede de 30 mFoto 7.1.2 - Entrada para carga de pequenos caminhesFoto 7.1.3 - Vista para porta pequena na parede de 15 mFoto 7.1.4 - Vista para o acesso ao continerFoto 7.6.1 - Bombonas plsticasFoto 8.1.1 - Descarga do lixo seletivoFoto 8.1.2 - Coleta do material que caiu durante a descargaFoto 8.1.3 - Trabalhadores realizando a remoo dos resduos espalhados no choFoto 8.2.1 - Mesas de triagemFoto 8.2.2 - Triagem em equipamentosFoto 8.2.3 - Triagem sem o uso de proteo para as mosFoto 8.2.4 - Operao da prensaFoto 8.2.5 - Problemas eltricosFoto 8.2.6 - Abastecimento da mesa de triagemFoto 8.2.7 - Copos descartveisFoto 8.2.8 - VentiladorFoto 8.2.9 - Silo de vidrosFoto 8.2.10 - Calado inadequadoFoto 8.2.11 - Continer para material rejeitado pela triagemFoto 8.2.12 - Local para refeiesFoto 8.3.1 - Amarrao do fardo na prensaFoto 8.3.2 - Carregamento do caminhoFoto 9.1.1.1 - BamboneiroFoto 9.1.1.2 - BamboneiroFoto 9.1.3.1 - PrenseiroFoto 9.1.3.2 - PrenseiroFoto 9.1.4.2 - Servios geraisFoto 9.1.4.1 - Servios geraisFoto 9.1.5.1 - TriadorFoto 9.1.5.2 - TriadorGrfico 9.2.1 - Faixa etria dos trabalhadoresGrfico 9.2.2 - Nmero de filhosGrfico 9.2.3 - Tempo no servio nessa unidade de triagemFoto 9.3.1 - PrensasFoto 9.3.2 - Elevador de cargaFoto 9.3.3 - Fragmentadora de papelFoto 9.3.4 - Empilhadeira manualQuadro 9.4.1 - Utilizao de equipamentos de proteoFoto 9.5.1 - Estoque de materialFoto 9.5.2 - Carga do materialQuadro 9.6.1.1 - Riscos fsicosQuadro 9.6.2.1 - Riscos qumicosQuadro 9.6.3.1 - Riscos biolgicos (parte 1)Quadro 9.6.3.2 - Riscos biolgicos (parte 2)Quadro 9.6.3.3 - Riscos biolgicos (parte 3)MINISTRIO DA EDUCAOUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULDEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECNICACURSO DE ESPECIALIZAO EM ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHOGrfico 9.2.1 - Faixa etria dos trabalhadores18Grfico 9.2.2 - Nmero de filhos18Grfico 9.2.3 - Tempo no servio nessa unidade de triagem191. INTRODUOO Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA) realiza, atravs de um programa de coleta seletiva, o recolhimento dos resduos slidos e os encaminha, gratuitamente, s Unidades de Triagem (UT) existentes em vrios bairros da cidade. Nessas unidades os colaboradores , geralmente organizados em associaes ou cooperativas, realizam as rotinas do trabalho de seleo com os riscos decorrentes dessas atividades.2. REVISO BIBLIOGRFICA3. OBJETIVOS4. METODOLOGIA5. DEFINIO DOS RISCOS OCUPACIONAIS5.1. RISCOS DE ACIDENTES5.2. RISCOS ERGONMICOS5.3. RISCOS FSICOS5.4. RISCOS QUMICOS5.5. RISCOS BIOLGICOS
6. IDENTIFICAO DOS RISCOS AMBIENTAIS6.1. RISCOS FSICOS6.2. RISCOS QUMICOS6.3. RISCOS BIOLGICOS
7. ESTUDO DE CASO7.1. LOCAL DA PESQUISA7.2. ABRANGNCIA DA PESQUISA7.3. PROCEDIMENTO7.4. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS7.5. PERODO DA PESQUISA
As observaes das atividades e as entrevistas foram realizadas no perodo de 23 a 30 de junho do corrente ano.7.6. POPULAO E DEFINIES
8. FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE TRABALHO8.1. ENTRADA DA MATRIA-PRIMA8.2. PROCESSAMENTO DA MATRIA-PRIMA8.3. SADA DA MATRIA-PRIMA
9. APRESENTAO DOS DADOS LEVANTADOS9.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS9.1.1. BAMBONEIRO9.1.2. COORDENADOR DE GRUPO9.1.3. PRENSEIRO9.1.4. SERVIOS GERAIS9.1.5. TRIADOR
9.2. INFORMAES SCIO-AMBIENTAIS9.3. MQUINAS E EQUIPAMENTOS9.4. USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL9.5. VOLUME DO MATERIAL PROCESSADO9.6. QUADRO SINPTICO9.6.1. RISCOS FSICOS IDENTIFICADOS NO LOCAL9.6.2. RISCOS QUMICOS IDENTIFICADOS NO LOCAL9.6.3. RISCOS BIOLGICOS IDENTIFICADOS NO LOCAL
10. CONCLUSESA certeza de que o aumento da produo de produtos descartveis responsvel diretamente pela necessidade de reciclar, cria a necessidade primaz de que o poder pblico, atravs do olhar de preservao de nosso planeta, deva providenciar medidas que possibilitem a capacitao e o treinamento dos trabalhadores que atuam diretamente na triagem dos resduos slidos, nas condies de infraestrutura das unidades de triagem e na valorizao da pessoa, garantindo a elas, os seus direitos de cidado.As fontes geradoras de resduos slidos deveriam repensar o formato de seus produtos dentro de um contexto de preocupao ambiental, aumentando a possibilidade de reaproveitamento e, dessa forma, garantindo uma reduo no uso de matria-prima e dos recursos naturais. 11. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS12. APNDICE13. ANEXOCLASSES DE RISCO BIOLGICO