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A dimensão valorativa de um conceito em sua leitura histórica: o caso da técnica

Luan Felipe Novak Noboa*

Resumo

O presente texto possui caráter experimental e propõe discutir um método de leitura em história da

filosofia focado na análise dos valores e crenças que são mobilizadas na articulação de um conceito

ao longo de diferentes construções racionais. Pretendemos desenvolver a tese sobre a possibilidade

de trazer novos elementos a certos debates contemporâneos por meio da identificação dos valores

que estão impregnados no interior dos conceitos centrais de tal debate. A fim de exemplificar tal

proposta, abordamos a dimensão valorativa que circunda o conceito de técnica no pensamento de

Francis Bacon em comparação àquela presente em Aristóteles. Observamos que o programa

baconiano não opera a abolição de valores morais e sociais no uso do conceito de técnica, mas dá

um passo significativo na revisão do estatuto ontológico da natureza, o que é possível indicar, com

maior detalhe, tendo o conceito aristotélico como pano de fundo. Para tanto, este texto divide-se em

duas partes: a primeira, de caráter metodológico, visa contextualizar a aplicação da metodologia de

análise valorativa à investigação de um conceito, bem como situar tal leitura entre as metodologias

na história da filosofia. A segunda investiga os valores que orientam o conceito de técnica em

Bacon e Aristóteles.

Palavras-chave: valor; técnica; Aristóteles; Francis Bacon; estruturas racionais.

Introdução

O debate acerca da técnica presenciou no contexto da segunda metade do século XX um

momento de incandescência. Pensadores como Heidegger, Adorno, Horkheimer e Hans Jonas,

motivados pelas experiências negativas do chamado “progresso tecnológico”, buscavam

compreender como a “racionalidade científica” poderia sustentar tão profunda interferência nos

meandros da natureza, de tal sorte a termos um “desmedido” progresso tecnológico capaz de

ameaçar a continuidade da vida humana na Terra. Em outra vertente, o mesmo momento histórico

assistia ao crescimento de reflexões sobre a constituição, no contexto da revolução moderna, do

* Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do ABC - UFABC. Orientado pela Profa. Dra. Luciana Zaterka.

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“paradigma” científico, alimentada por pensadores como Popper, Kuhn e Koyré. Nesse contexto

legitimava-se o espaço da história da ciência como preocupação filosófica.

Se refletidas em paralelo as duas “tradições” parecem delegar um espaço muito distinto ao

conceito de técnica, de tal sorte que o mesmo poderia ser encontrado no centro de dois afluentes

opostos. De um lado as corretes que exercitaram a crítica ao caráter desmedido da técnica

denunciariam haver uma aliança entre ciência e racionalidade instrumental já presente nos projetos

dos chamados “pais da ciência moderna”† (ROSSI, 1992).

A outra corrente destaca o papel libertador do pensamento moderno, que seria consolidado

na esteira da afirmação de práticas de pesquisa frente à tradição de instituições de caráter

conservador (KOYRÉ, 2006). Nessa leitura, a aliança entre ciência e técnica, bem como o

refinamento da linguagem matemática, permitiria a consolidação de uma metodologia apta a trazer

maior precisão aos enunciados acerca dos fenômenos naturais (LACEY; MARICONDA, 2001). Os

adeptos dessa linha de pensamento, entendem que a aliança entre a emergente racionalidade

científica e a técnica se dá com maior ênfase no campo astronômico, motivo pelo qual valem-se

principalmente desta ceara para narrar o “nascimento da ciência moderna”.

Assim sendo, as reflexões sobre a técnica tendem a situar-se em um dos dois afluentes

citados acima que ou enfatizam seu caráter libertador ou reforçam seu caráter dominador.

Curiosamente, por mais que sejam correntes opostas quanto ao tratamento deste conceito e

interpretação desse contexto histórico, essas parecem possuir uma construção narrativa comum.

Ambas, sob nossa perspectiva, ao ler a modernidade negritam as tintas de tudo que lhes parece

aproximar este momento da contemporânea racionalidade científica. Destacam o papel das

matemáticas, das experiências, dos métodos e pouco observam a presença de proposições de caráter

não-cognitivo ou epistemológico que, dado o momento histórico, não podiam furtar-se dos projetos

de tais autores. Por exemplo, ambas correntes tendem a contornar o caráter metafísico-teológico, de

reafirmação da humanidade pós-queda adâmica, da proposição baconiana de que o homem é

ministro da natureza (ROSSI, 1989; ZATERKA, 2004). Desta forma, ambas correntes parecem-nos

ler a modernidade com olhos e ênfases demasiado contemporâneos e, mesmo chegando a

conclusões opostas, auxiliam na vitória de uma narrativa que hoje ocupa papel central na leitura

histórica da racionalidade científica.

† Apenas para situar a leitura do projeto baconiano pela corrente crítica, destacamos que Adorno e Horkheimer entendem Bacon como o “pai da filosofia experimental” e marco da instrumentalização e alienação tecnológicas, dado o projeto de colocar o ser humano como ministro da natureza (ADORNO; HORKHEIMER, 2002). Ainda nesse cenário, temos em Jonas (2006, p. 235) que: “O perigo decorre da dimensão excessiva da civilização técnico-industrial, baseada nas ciências naturais. O que chamamos de programa baconiano – ou seja, colocar o saber a serviço da dominação da natureza e utilizá-la para melhorar a sorte da humanidade – não contou desde as origens, na sua execução capitalista, com a racionalidade e a retidão que lhe seriam adequadas;”.

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É nesse contexto que a leitura valorativa do conceito de técnica em Bacon tendo como

paralelo o pensamento aristotélico busca trazer contribuições nessas duas frentes. Almejamos

destacar os ruídos de fundo que se mostram nos escritos baconianos e demonstrar em que medida

tal autor ainda carrega em seus textos os ecos de uma tradição metafísica e teológica. Afinal, o

conceito de técnica baconiano se distanciou de sua concepção artística antiga, mas parece, ainda,

contar com um horizonte metafísico menos desértico do que aquele descrito pelas correntes citadas

acima.

Valores mobilizados ao longo de estruturas racionais

Entendemos que a dimensão valorativa do conceito de técnica nos oferece um locus

privilegiado para desvelar tais ruídos metafísicos-teológicos presentes nos textos baconianos.

Contudo, observar um conceito é uma tarefa que pode dar-se apenas em acordo com sua posição ao

longo das estruturas racionais‡. Não acreditamos ser possível falarmos da essência de um conceito –

como a proposta heideggeriana parece ter buscado§ –, cremos que observar um conceito envolve

mapeá-lo ao longo de distintas formações discursivas, ao longo de sua interação com outras redes

conceituais. Imaginamos não ser possível falar do núcleo de um conceito, de tal sorte que, mapeá-lo

envolveria sempre observar as dimensões que o cercam e o vão circundando ao longo de um texto**.

Cada conceito no interior de um texto mobiliza, portanto, outros conceitos em proximidade,

de tal sorte que, podemos tecer uma espécie de mapa de interações conceituais. Aristóteles quando

nos propõe situar o que seria a atividade de tekhnē †† (τεχνη) a faz em proximidade ao conceito de

phrόnēsis (φρόνησις) situando ambas na faculdade calculadora da alma ao passo que disposições

como epistḗmē (ἐπιστήμη), sophíā (σοφίᾱ) e noũs (νοῦς) estariam em oposição àquelas duas,

portanto, situadas na faculdade científica (ARISTÓTELES, 2009).

Assim sendo, na medida em que um conceito é mobilizado ao longo desta rede textual este

recebe contornos delimitados, bem como revela uma articulação com distintas cargas intencionais:

crenças carregadas de valores. No pensamento grego o conceito de técnica situa-se em maior

‡ Tal leitura apoia-se na possibilidade de ler a história suspendendo seu juízo de continuidade para focar nas crenças e valores que são articuladas por conceitos, o que aproxima, em certo sentido, nossa leitura da proposta arqueológica foucaultiana.§ Referimo-nos à conferência sobre A questão da técnica, realizada em 1953. Texto no qual o autor realiza um paralelo entre o conceito de técnica em seu momento antigo para expor e enfatizar certas dimensões do mesmo no contexto moderno (HEIDEGGER, 2007).** Para nos valermos de uma metáfora, isto se daria em semelhança ao mapeamento visual de um buraco negro, que se dá pelo movimento dos corpos que o circundam.†† Optamos por apresentar a grafia tanto em alfabeto latino quanto em grego sempre que o termo for introduzido, dando continuidade em sua utilização apenas com a grafia latina. Ademais, para fins de padronização, adotamos o dicionário Lexilogos (Disponível em: <http://www.lexilogos.com/keyboard/greek_conversion.htm> Acesso em: 12 fev. 2017) para realizar todas as conversões apresentadas ao longo deste texto.

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proximidade ao de arte – carregando consigo um dado conjunto de valores sociais como o belo e o

bom – ao passo que, na modernidade, este tende a se aproximar gradualmente da ciência – trazendo

contornos valorativos ligados à ampliação de possibilidades matérias e refinamento do rigor

cognitivo e epistemológico. Mapear um conceito envolve, portanto, discorrer sobre as categorias

intencionais que conduziram o conceito àquela posição no texto (LACEY; MARICONDA, 2014).

Ao longo do desenvolvimento de sua metodologia científica, Lacey e Mariconda perfizeram

o debate acerca da consolidação da ciência por meio da distinção entre fato e valor. Destacando que

a afirmação da narrativa da racionalidade científica buscou distanciar de seu campo de atividades a

esfera de valores para propor uma linguagem voltada à observação de fatos, o que fortaleceu a

proposição de que a atividade científica é livre de valores‡‡ (LACEY, 2008). Tal perspectiva nos

parece apresentar um ganho metodológico, sobretudo por observar a racionalidade científica não

apenas no interior de sua prática discursiva, mas sob o viés de sua prática social e histórica,

refletindo sobre as instituições e condições materiais da mesma. Expondo as tensões que a

acompanham, na medida em que sublinha os estados intencionais que orientam tais práticas

(LACEY; MARICONDA, 2014).

Interessa-nos, sobretudo, a investigação deste caráter intencional que acompanha o conceito

de valor. Segundo Lacey (2003) o termo valor, em sentido amplo, refere-se à esfera do dever ser,

qualificando aquilo que é positivo do que é reprovável, dialogando com as crenças de um

determinado indivíduo ou sociedade no que diz respeito a aspectos éticos; sociais; políticos;

cognitivos (epistêmicos); religiosos morais; estéticos; entre outros. Um valor seria, portanto, um

conjunto de princípios geralmente de caráter normativo que orientam, dão sustentação e direção a

um certo conjunto de crenças (LACEY, 2008). Dado um determinado conjunto de crenças os

valores atuariam como padrões que qualificam as proposições nesse conjunto.

Vale destacar que a noção de crença desempenha importante papel na tradicionalista

definição de conhecimento, tomado como “crença verdadeira justificada”. Crer em algo elucida um

estado mental de relação entre o ser crente e o objeto da crença, uma atitude propositiva com a qual

o crente reveste de significado tal objeto. Crenças seriam estados mentais propositivos que

permitem a formulação de enunciados que revistam o mundo de significado, orientando o crente em

seu confronto com o mundo (MOSER et. al. 2008). Segundo nos indica Davidson: “(...) as crenças

são estados das pessoas com intenções, desejos, órgãos dos sentidos; são estados que são causados

‡‡ Não obstante, tais autores enfatizam que tal pretensão pautava-se no fato de que a moderna racionalidade científica orientava-se por três critérios, a saber, imparcialidade; autonomia e; neutralidade. Afirmam ainda que, quando se observa, a prática científica tanto a tese da autonomia quanto da neutralidade, dificilmente se sustentam em sua dinâmica contemporânea, sendo que apenas a tese da imparcialidade é apta a ser relativamente preservada (LACEY, 2008).

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por, e causa de, acontecimentos dentro e fora dos corpos dos seus hospedeiros.” (DAVIDSON,

1986, p. 331).

Nesse sentido, entendemos que os valores representariam um fator de qualificação e

restrição em um conjunto de crenças, dando-lhes sustentação e direção, posto que toda perspectiva

valorativa reflete o conjunto de crenças ao qual está associada. Quando nos propomos a observar a

dimensão valorativa que circunda o conceito de técnica em seu momento antigo e moderno,

buscamos assim, trazer à tona aspectos deste direcionamento propositivo que seus distintos usos

acarretavam. Quando um autor grego concebe que a técnica deve ser boa, este está organizando seu

sistema de crença, normatizando aquilo que compõe a crença no que a técnica deve ser e excluindo

aquilo que não se encaixa nessa seleção.

Contudo, observar o conceito de técnica em Francis Bacon destacando o arsenal intencional

que este mobiliza e, para torná-lo mais claro, comparar ao mobilizado por Aristóteles, pressupõe

que possamos dar conta da crítica de este ser um método anacrônico de leitura histórica. Afinal,

entre tais autores temos séculos de tradição escolástica e o realinhamento da compreensão de

natureza como projeto de um Deus onipotente (FERNÁNDEZ-SANGUINO et al., 2000).

Contudo, entendemos não ser anacrônico ler um autor moderno apoiado em um autor grego,

pois interessa-nos dirigir à leitura histórica a observação de dois momentos de um conceito em

diálogo com diferentes redes conceituais. Não interessa-nos ler Aristóteles para afirmar que o

conceito de técnica em Bacon apresenta um progresso, ou para, como propôs Heidegger, dizer que a

técnica moderna perdera seu caráter de desvelamento que possuía nos gregos para impor um desafio

à natureza (HEIDEGGER, 2007). Lemos ambos em paralelo para buscar evidenciar como o

conceito se insere no interior de uma prática discursiva dialogando não apenas com as estruturas

internas de um texto. Articulamos ambos em conjunto, neste exemplo, para acrescentar às leituras

históricas do período moderno a perspectiva intencional que o conceito de técnica carrega. Carga

intencional que, curiosamente, as duas correntes supracitadas tendem a contornar, de modo a,

fortalecer a construção narrativa de uma modernidade cientificista.

Cremos, tal qual enfatiza Foucault na leitura de Canguilhem, que um conceito não se forma

em um “refinamento progressivo”, mas sim em um jogo de regras de uso e campos de constituição

(FOUCAULT, 2009, pp. 4-5). É ao direcionar nosso olhar a tais práticas discursivas que

entendemos haver certa aproximação de nossa metodologia ao método arqueológico foucaultiano§§,

pois, por exemplo, nos permitimos suspender a rigidez dos blocos organizacionais da história da

filosofia – como os blocos Antiguidade e Modernidade – para articular intenções mesmo que

§§ Com isso não esperamos nos apropriar plenamente da arqueologia tal qual expressa por Foucault – tendo em vista o autor não considera-la, ao final, uma teoria –, mas apenas emprestar-lhe a leitura histórica ocupada de problematizar as estruturas unitárias e destacar as práticas e intenções que se mostram mesmo nas construções narrativas históricas.

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distantes no tempo. Permitimo-nos que ambos dialoguem, pois revelar os valores que formam os

horizontes de um conceito é buscar destrinchar práticas discursivas no interior de uma construção

racional (FOUCAULT, 2009).

Parece-nos que tanto as tradicionais leituras da história das ciências, como aquelas feitas por

Koyré (2006) – e, em certa medida, também as leituras do contexto crítico – tendem a privilegiar o

caráter de continuidade existente entre a construção de um discurso científico que se consolidava na

modernidade com as práticas científicas que se estabeleceram no contexto dos séculos XIX, XX e

XXI. Nesse cenário, é natural que a astronomia desempenhe papel central, pois a utilização da

linguagem matemática nesta prática moderna permitia um “refinamento” na medição dos

fenômenos observados apto a expressar sentenças enunciativas com menor grau de desvio e,

portanto maior correspondência com a realidade*** (FOUCAULT, 2007). Não obstante, tal leitura

tende a contornar rupturas e tensões no interior dos textos modernos†††, se aproximando daquilo que

Foucault caracteriza como história das ideias, em sua busca pelos “começos e fins” (FOUCALT,

2009, p. 159).

Estas duas leituras indicadas acima desempenham um papel importante na consolidação da

narrativa científica e no entendimento de suas práticas; destacam bem os aspectos nos quais somos

herdeiros dos modernos, tendem, no entanto, a adotar certa visão de continuidade como se houvesse

um fim esperado, que encontra seu inevitável auge na ciência contemporânea. Ao fazer isto

reforçam os contornos contemporâneos no pensamento moderno o que lhes permite aprofundar

tanto a crítica quanto a justificação de certas práticas em nosso contexto atual.

As duas leituras citadas acima, no entanto, não esgotam o olhar à modernidade e por isso

propomos este método focado no âmbito valorativo-conceitual, a fim de – como faz Foucault em

sua arqueologia –, buscar elementos secundários no discurso moderno observando a teia valorativa

que se molda na utilização de um conceito por meio de sua rede de relações.

A instauratio baconiana e o ministério da natureza

Observar o pensamento baconiano sob o recorte de seus valores implica reconhecer que o

controle da natureza figura como nuclear em sua obra, valor este que Lacey (2008) afirma

permanecer presente em nossos dias em diversas práticas científicas preocupadas em explorar as

*** Este aspecto que a linguagem desempenha na interpretação do mundo é trabalhado por Foucault com detalhe em As palavras e as coisas: “Entre a linguagem e a teoria da natureza, existe, portanto uma relação que é de tipo crítico; conhecer a natureza é, com efeito, construir, a partir da linguagem, uma linguagem verdadeira que descobrirá, porém, sob que condições toda a linguagem é possível e dentro de que limites pode ter ela um domínio de validade.” (FOUCAULT, 2007, p. 224).††† Vale destacar o pouco espaço que as leituras de história das ciências destinam às proposições de natureza mais metafísica como a referência que Kepler faz à “alma ou mente planetária” (ITOKAZU, 2008).

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possibilidades materiais dos objetos. De tal sorte que, na esteira dessa metodologia, alimenta-se

aquilo que o autor concebe como um entendimento materialista da realidade, onde temos como

lógica de “restrição e seleção” de teorias científicas, preceitos que almejam não apenas a

observação, mas sim, a intervenção ativa sobre os fenômenos. Este ideal de intervenção estaria nas

bases de uma “metafísica materialista” interessada na ampliação das “possibilidades materiais” da

natureza.

Contudo, segundo Lacey (2008), isso não implica dizer que a modernidade inaugurou a

estratégia de controle da natureza, uma vez que o interesse na ampliação das possibilidades

materiais humanas se apresenta em quase todas as sociedades ao longo de sua história. A

modernidade, no entanto, presencia esta dinâmica se intensificar assumindo papel central na

organização de diversas práticas científicas, sendo este um valor central na ciência moderna

refletido em diferentes valores sociais. Vale destacar que Lacey também se vale da expressão

controle baconiano para referir-se a este valor de controle da natureza e este, parece-nos, ser um

interessante exemplo da distinção valorativa presente no pensamento antigo e moderno. Se nos

antigos o bem ou belo figuram como valores delimitadores do conceito de técnica, na modernidade

estes perdem espaço e em seu vácuo emergem valores como o de controle da natureza ligado à

possibilidade de ampliação de nosso domínio material da realidade.

Aristóteles (2009) demarca tekhnē como disposição concernente à atividade contingente,

reforçando a oposição entre seus produtos daqueles que advém da necessidade da natureza. Ao

reforçar este traço, entendemos que Aristóteles acaba por também reforçar sua dimensão valorativa

moral, pois seu distanciamento do que é necessário, como os produtos da natureza, requer a

mobilização dos conceitos utilizados para julgar as ações e produtos humanos. Para adentrarmos

esta concepção aristotélica nos valeremos principalmente da Ética a Nicômaco, pois nesta obra

temos com maior precisão a distinção entre as virtudes da alma, posto que o filósofo propõe limites

ao que concerne à arte, à virtude e à ciência, separando a faculdade científica da calculadora.

Segundo Aristóteles, ambas as partes do intelecto buscam chegar à verdade. Ocorre que na

parte calculadora a verdade refere-se ora à ação, ora à produção. Além da tekhnē, a outra

disposição da parte calculadora é a phrόnēsis que se dedica ao estudo das virtudes, é a excelência

no que concerne à ação. Phrόnēsis reside no domínio daquilo que é contingente, mas opõe-se à

produção porque nela há coincidência entre o objeto e a causa do mesmo (PELLEGRIN, 2006). Ao

passo que a tekhnē é excelência no sentido de poíēsis (ποίησις), phrόnēsis é excelência no sentido

de aretḗ (ἀρετή). Ela delimita a virtude plena que contempla todo o agir. Aretḗ possui um único

objeto que é a boa vida, ao passo que cada tékhnai é dirigida a um objeto específico, como a saúde

enquanto objeto da medicina. Não obstante, phrόnēsis, distingue-se de tekhnē, pois o agir tem seu

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fim em si mesmo, ao passo que a produção tem seu fim naquilo que é produzido, “evocado à

presença” por uma causa que lhe é externa (ANGIER, 2008).

Entender a interferência humana na natureza sob o prisma da produção, poíēsis, implica

carregar todo o horizonte de valores sociais e morais que pautam as atividades humanas; implica ter

a técnica mais próxima de phrόnēsis. Em contrapartida, entender a interferência humana na

natureza como apenas demonstradora das causas da própria natureza implica invocar um campo

valorativo onde há menor espaço para aspectos sociais, considerando que, frente à natureza, não

cumpre mobilizar este teor de julgamento.

Presenciamos assim um aspecto de distinção quanto ao contorno valorativo da técnica, pois

na modernidade a técnica – por estar atrelada à ciência exata da natureza, revelando, portanto, seus

meandros por meio de causas observáveis –, será abordada sob o mesmo estatuto ontológico que o

da própria natureza de tal sorte a não carregar consigo o corpo valorativo necessário ao julgamento

das atividades humanas. Ao aproximar o produto da ação humana do produto da ação da natureza a

racionalidade moderna pressupõe o rompimento de uma distinção ontológica marcante para o

pensamento grego, a que concerne ao produto da phúsis (φύσις) ser fundamentalmente distinto ao

produto da poíēsis. Se o resultado das operações nos dois registros citados acima pressuporem o

mesmo conjunto de causas e não houver distinção necessária entre eles, o pano de fundo de

mobilização de ambos passa a ser o mesmo, logo a interferência humana na natureza passa a estar

associada a mobilização de operações que a própria natureza executa, portanto, nos modernos se

opera uma distinção do conjunto de valores que o conceito de técnica deverá carregar. Vale ressaltar

que esta distinção está se formando na modernidade e, em seus aspectos iniciais, não implica a

completa eliminação dos ecos metafísicos-teológicos no olhar para a natureza, tese que transparece

nas duas leituras históricas da técnica citadas no inicio deste texto.

Observemos este movimento com maior detalhe recorrendo a leitura de Francis Bacon. Se o

pensamento aristotélico estabelece clara distinção da esfera da necessidade e da contingência no que

concerne à tekhnē, Bacon (1973), em sua Instauratio Magna, empenha-se na consolidação da

cultura técnico-científica frente à tradição retórico-literária vigente em seus dias. Esta proposta

apoia-se nas artes mecânicas como modelo de progresso e nega a tradição que coloca os produtos da

natureza em estatuto ontológico distinto ao das artes, assim, segundo Rossi (1989) aproxima-se a

phúsis (φύσις) da poíēsis. De nossa parte, entendemos que ocorre uma aproximação do registro

entre phúsis e tekhnē e, por consequência, um esvaziamento da dimensão poiética presente no que

se consolidará como técnica moderna.

Este é o ponto central da consolidação do paradigma técnico moderno, o registro de que a

produção humana possuía o mesmo estatuto ontológico que o resultado da natureza e, nesse

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aspecto, cremos que a proposta baconiana é aquela que apresenta esta tese com os contornos mais

intensos, pois, entender a natureza como um conjunto de causas que podem ser conhecidas e

diretamente influenciadas por nós seres humanos acarreta não só uma distinta concepção de

natureza, mas também da própria arte humana‡‡‡.

A construção desta crença moderna de que, no limite, não há distinção dos produtos

oriundos da natureza daqueles advindos da intervenção humana, posto que ambos podem ser

expressos pelas mesmas causas observáveis, simboliza, sob nossa perspectiva, o núcleo da

emergência de uma nova estrutura valorativa para a técnica. Este novo corpo valorativo, que dará os

contornos ao moderno conceito de técnica, dialogará mais com as dimensões valorativas de

conceitos que lhe são mais próximos como o de ciência e especialização. Neste processo a técnica

moderna distancia-se do complexo valorativo que apoiava o conceito de tekhnē em sua proximidade

com poíēsis e com os valores de phrόnēsis.

Contudo, a despeito do distinto estatuto ontológico, o conceito de técnica baconiano não

mobiliza apenas valores cognitivos, mas carrega consigo valores sociais herdados de um ideal

metafísico-teológico que ecoa ao fundo da justificação de todo o seu projeto§§§. Ao voltar-se à

observação das “artes mecânicas”, posto sua contribuição no recolhimento de dados empíricos,

Bacon defendera que o conhecimento válido deveria, ainda, trazer condições tangíveis de melhorar

a vida humana. A este respeito, no princípio de seu segundo livro presente no Advancement of

Learning, Bacon reforça que a história mecânica seria aquela de uso mais fundamental para a

filosofia natural:

Porém, se minha opinião for de algum peso, o uso da história mecânica é de todas as outras o mais essencial e fundamental entre aquelas da filosofia natural; tal filosofia natural não deve esvanecer nas fumaças da especulação sutil, sublime ou deleitável, mas deve ser operativa para o legado e benefício da vida do homem. (...) Para tanto, como a disposição do homem nunca é bem conhecida até ele ser transpassado, (...) também as passagens e variações da natureza não podem aparecer tão plenamente na liberdade da natureza, como nas tentativas e inquéritos da técnica. (BACON, 2011, p. 332-333 [tradução livre]).

Tal história mecânica possibilitaria a comunicação e a transferência dos dados recolhidos

mediante observação em distintos campos das artes e, não obstante, traria esclarecimentos acerca da

realidade de causas e axiomas conhecidos, pois é por meio dos inquéritos oriundos das artes

mecânicas que a natureza revela-se plenamente (BACON, 2011).

‡‡‡ Conforme reforça Zaterka (2004, p. 101) “A natureza, de agora em diante, se torna um conjunto de causas necessárias operadas pelas causas eficientes e, ao conhecê-las, o homem também poderá realizar esse mesmo gênero de operação causal.”§§§ Segundo Zaterka (2012), este caráter “metafísico-teológico” na Instauratio baconiana é vital para a compreensão da filosofia de Bacon, pois o autor julgava que a humanidade era fruto perfeito de Deus, sem doenças ou morte e dotada da plena compreensão da natureza, ambas qualidades perdidas durante a queda reportada no Gênesis.

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Ainda quanto a este valor de ciência operativa para benefício da vida humana, por meio da

utopia de Nova Atlântida, Bacon utiliza a construção narrativa da Casa de Salomão, que deveria

dedicar-se ao conhecimento das causas e dos princípios, de tal sorte a melhorar e ampliar ao

máximo – e sem quaisquer restrições – as condições da vida humana.

De um lado temos no pensamento baconiano o valor de controle e manipulação dos

meandros da natureza manifesto em alto grau, contudo quando o conceito de técnica é mobilizado

este acarreta ainda um valor de operacionalidade para benefício da vida humana, bem como ecos de

uma tese metafísico-teológica de reaproximação com a natureza pós-queda adâmica – valores estes

justificadores da manipulação da natureza.

Assim sendo, esta pesquisa se justifica primeiramente, pois, sob nossa perspectiva, a

conformação dos valores ligados ao conceito de técnica reflete a emergência de uma distinta

estrutura ontológica que está se formando na modernidade e é manifesta com detalhe nos escritos de

Francis Bacon – podendo ser ainda melhor observada se posicionarmos o mesmo conceito

aristotélico como plano de fundo. Não obstante, contribui para o debate movimentado pelas duas

correntes dedicadas ao estudo de fenômeno técnico, pois demonstra que no pensamento de tal autor

temos a emergência do valor de controle da natureza – que se mostraria um valor centralizador das

práticas científicas até nossos dias –, mas que este pressupõe o diálogo com um valor de benefício à

vida humana. Portanto, em Bacon, a história da emergência do valor de controle acompanha o

reforço de valores não-epistêmicos, como a melhora da condição humana, o que se dá em apoio a

um conteúdo metafísico-teológico pressuposto na reconciliação com a natureza pós-queda adâmica.

Considerações finais

Desta forma, entendemos que há uma estrutura valorativa muito distinta pautando a antiga

tekhnē em contraposição à moderna construção técnica. No núcleo de tal distinção, há uma

dinâmica entre o entendimento de como a atividade humana se coloca frente à natureza. O produzir,

em seu sentido antigo, é passível de constante julgamento por parte de seus atores, entendidos não

apenas como causa eficiente, mas ainda como causa formal daquilo que sua atividade traz.

Em contrapartida, na modernidade, Bacon representaria o projeto que promove a mais

afirmativa aproximação entre a atividade humana e os produtos da natureza, posto que o ser

humano desempenha o papel de ministro desta. No contexto moderno, o fazer é manipulação de

causas observáveis intrínsecas à natureza. O agente da moderna técnica é aquele que provoca a

mudança, sendo, no limite, destituído de seu papel de efetivo transformador, posto que as

transformações ocorrem por causas mobilizadas pela própria natureza.

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Neste sentido, quando falamos da revolução moderna e do fortalecimento dos valores

cognitivos em seu contexto, teríamos como pano de fundo um conjunto de crenças que afirma que

tanto o produto da atividade humana quanto aqueles oriundos da natureza são regidos pelo mesmo

estatuto ontológico, em marcante oposição à crença aristotélica. Isto não implica a plena eliminação

de valores não-cognitivos, posto a preocupação com o aperfeiçoamento das condições da vida

humana.

Nesse sentido, buscamos demonstrar que não há uma absoluta redução dos valores que

norteiam o conceito de técnica a um plano puramente cognitivo. Valores sociais como a melhora da

vida humana ou ainda morais como a reconciliação com a natureza se apresentam ainda no

programa baconiano. A modernidade assim não operará com categorias que apenas se conformarão

no contexto contemporâneo, mas dará os passos iniciais para uma revisão do estatuto ontológico da

natureza.

Observar tais corpos valorativos permite-nos aprofundar nossa reflexão sobre as distintas

crenças que compunham a atividade técnica. Com isso cremos ser possível acrescentar elementos

inovadores a um debate que parece ser composto prioritariamente por trabalhos que justifiquem ou

critiquem as consequências de nossa atividade técnica. Este texto, desta forma, dá alguns passos

indicativos no sentido de uma leitura em história da filosofia focada em demarcar os valores

mobilizados por seus autores, destacando os aspectos intencionais no interior das estruturas

argumentativas desenvolvidas pelos mesmos.

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