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Referência WENNERSCHOU, Lasse. O que é euritmia curativa?: um caminho consciente para as forças vitais : três cartas. São Paulo: Antroposófica, 1997. 46 p. Capa Wennerschou, Lasse. O que é euritmia curativa? Um caminho consciente para as forças vitais: três cartas / Lasse Wennerschou tradução de Cecília Teixeira. — São Paulo: Antroposófica, 1997. Pagina 1 O que é Euritmia Curativa? Página 2 Em branco Página 3

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Referência

WENNERSCHOU, Lasse. O que é euritmia curativa?: um caminho consciente

para as forças vitais : três cartas. São Paulo: Antroposófica, 1997. 46 p.

Capa

Wennerschou, Lasse. O que é euritmia curativa? Um caminho consciente para

as forças vitais: três cartas / Lasse Wennerschou tradução de Cecília Teixeira.

— São Paulo: Antroposófica, 1997.

Pagina 1

O que é Euritmia Curativa?

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Lasse Wennerschou

O que é Eurritmia Curativa?

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Um caminho consciente para as forças vitais

Três cartas

Tradução de Cecília Teixeira

ANTROPOSÓFICA

Página 4

Título original:

WAS IST HEIL-EURYTHMIE?

© Copyright 1994 by Philosophisch-

Anthroposophischcr Verlag am Goetheanum, Dornach (Suíça) — ISBN 3-7235-

0750-6

© da tradução: Centro de Artes São Paulo, 1997.

Direitos desta edição reservados à Editora Antroposófica Rua da Fraternidade,

174 04738-020 São Paulo - SP TeI./Fax(011) 247-9714

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Revisão preliminar: Margareth Artur

Redação final e editoração: Jacira Cardoso Ilustração da capa:

Beate Hodapp – 1997

SBN 85-7122-096-4

Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil).

Wennerschou, Lasse

O que é eurritmia curativa? um caminho consciente para as forças vitais: três

cartas / Lasse Wennerschou tradução de Cecília Teixeira. — São Paulo:

Antroposófica, 1997.

Título original. Was ist Heil-Eurylhmie?

ISBN 85-71 22-096-4

1. Antropossofia 2. Energia vital 3. Eurritmia

4. Terapêutica antropossófica l. Título.

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Índices para catálogo sistemático:

1. Euritmia curativa Terapia antropossófica 61 5.851

Página 5

Sumário

Prefácio – 9

Primeira carta – 13

Segunda carta – 26

Terceira carta – 39

Página 6

Em Branco

Página 9

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Prefácio

Desde 1921, quando Rudolf Steiner forneceu os elementos básicos da

eurritmia curativa* num curso para médicos e euritmistas, essa nova terapia do

movimento vem-se desenvolvendo ininterrupta mente, num fluxo sempre vivo e

contínuo. Em todo o mundo, milhares de pacientes se ligaram à eurritmia

curativa ao treinar ativamente para fortalecer ou até mesmo refazer sua saúde.

Em congressos ou em conversas, sempre me defrontei com desejo de muitas

pessoas no sentido de poderem ler algo sobre esta nova terapia. As poucas

publicações que temos até agora dirigem-se principalmente a profissionais,

euritmistas curativos e médicos. O que caracteriza estas três cartas é o fato de

se destinarem a urna paciente — portanto, a alguém que já conhece a euritmia

curativa.

Muito tenho de agradecer às minhas duas professoras, Trude Thetter (1907—

1982) e Ilse Rolofs (1903—1981). Elas foram e ainda são meus exemplos.

Também agradeço aos médicos e aos colegas que continuamente se esforçam

no desenvolvimento de um trabalho conjunto e no aperfeiçoamento da

Nota de rodapé

*Mantêm-se neste contexto, as palavras ‘eurritmia’ e ‘euritmistas’ sem a

preferível dupla grafia do R por ser esta a opção já consagrada pelos

profissionais da área no Brasil. (N.E.)

Fim da nota de rodapé

Página 10

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euritmia curativa, assim como aos muitos pacientes que, exercitando-se

constantemente, conferem novas forças ao fluxo curativo. Ao escrever estas

cartas, ficou-me claro que o signo da euritmia curativa é a palavra falada, assim

como a ação, o exercício. O espírito da euritmia curativa tem sua origem na

região do vivo, e prefere recolher-se quando a palavra é fixada na escrita. As

seguintes palavras de Goethe, escritas em 1827 em Zelter, me acompanharam

constantemente durante este trabalho:

Perdoa estas expressões intrincadas! Mas desde sempre nos perdemos

nessas regiões, nessas formulações linguísticas, tentando comunicar onde a

razão não alcança e onde tampouco se quer deixar prevalecer a

irracionalidade. Hiddensee, julho de 1992.

Página 11

Três Cartas

Página 12

Em branco

Página 13

Primeira carta

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Quando, depois de um longo tempo, um euritmista curativo encontra um

paciente que lhe diz ainda estar praticando os exercícios, ele se alegra

bastante. Assim, eu me alegrei muito quando nos encontramos novamente.

Nossa conversa teve de terminar muito rapidamente, tendo ficado ainda alguns

pensamentos em aberto e muitas perguntas. Hoje quero começar a contar-lhe

sobre a minha profissão, conforme havia prometido, e espero que estas cartas

permitam a possibilidade de uma maior compreensão de algo tão móbil como é

a euritmia curativa.

Há mais ou menos 84 anos, quando os primeiros exercícios de euritmia foram

aplicados, entre os artistas e os que admiravam a arte predominava um clima

de ruptura, de busca de outras maneiras de expressão artística. Formas

antigas e tradicionais não mais satisfaziam, e para poetas, músicos e pintores,

abriam-se caminhos em direção a novos mundos exigindo novas formas de

expressão. Também a dança ganhou novos impulsos e novos movimentos.

Silenciosamente, à parte da intranquilidade do mundo, quatro pessoas se

encontraram numa casa perto da Basiléia: Lory Smits (ulna jovem de de

Página 14

zenove anos) e sua mãe, bem como Marie von Sivers e Rudolf Steiner. Era

outono de 1912. Um ano antes, Lory havia recebido algumas instruções de

Rudolf Steiner como resposta a uma pergunta sobre sua profissão.

O encontro durou duas semanas, e ali nasceu uma nova forma de movimento.

A palavra foi convertida em movimento, tornando-se visível. Primeiramente

trata-se da substancia da fala, dos fonemas. Rudolf Steiner mostra, para uma

Lory muito espantada, movimentos que são os da fala e se relacionam

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internamente com ela, mas não a imitarn! Não se trata de aumentar os

pequenos movimentos dos órgãos da fala utilizando os braços e as pernas, ou

seja, de realizar exteriormente os movimentos externos — esse seria um

procedimento naturalista. Tampouco surgiu qualquer expressão corporal onde

sensações e sentimentos se apresentassem diretamente por meio dos

membros humanos. Portanto, a fala enquanto tal — a palavra, a linguagem —

é tornada visível por meio dos movimentos humanos, e isso significa algo novo.

Eclode a Primeira Guerra Mundial. Muitas das buscas de novas formas de

expressão são extintas ou redirecionadas. Todavia, Lory Smits trabalha

silenciosamente, com os exercícios e estímulos que lhe foram dados por

Steiner. Outros jovens se juntam a ela. Depois da guerra, no inverno de 1919,

Página 15

realiza-se a primeira apresentação pública de eurritmia em Zurique, no

Pfauentheater.

No mesmo ano é fundada a primeira Escola Waldorfern Stuttgart, sendo a

euritmia matéria de currículo desde o jardim-de-infância até o colegial. Durante

o trabalho pedagógico, as professoras de euritmia começaram a perceber o

efeito que os diferentes exercícios com os elementos básicos produziam nas

crianças, tendo-se então indagado sobre exercícios que pudessem ser feitos

pelos alunos com dificuldades especiais.

Em fevereiro de 1921, perguntou-Se a Steiner se haveria exercícios com

efeitos especificamente terapêuticos. Em abril daquele mesmo ano, em

Dornach (Suíça), num curso para médicos, Steiner se aprofundou nessa

questão com duas euritmistas: Elisabeth Baumann e Erna Wolfrarn. Repetiu-se

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urna situação bastante semelhante àquela de nove anos atrás:

silenciosamente, acontece o nascimento de uma nova forma de terapia. O

número de presentes foi maior do que o do encontro anterior, mas dessas seis

palestras proferidas à tarde nada se tornou público. Inclusive para muitos

participantes, esse novo modo de proceder era bastante difícil de assimilar.

Apesar disso, a euritmia curativa — corno foi denominada essa nova forma de

terapia — começou a ser imediatamente utilizada na clínica em Arlesheim

(Suíça) e na escola em Stuttgart (Alemanha).

Página 16

Neste nosso século movido e comovido por tantas guerras, muito foi dito sobre

o caminho vencedor da medicina — o que pode ser bastante cor- reto, de certo

ponto de vista. Nós despertamos cada vez mais para o fato de muitos sucessos

da medicina também virem trazendo consigo grandes problemas. Nesse

caminho vencedor não se fala sobre a euritmia curativa. Ela se desenvolveu

silenciosamente. Contudo, se olharmos para os [mais de] setenta anos de sua

aplicação e efeito, vê por todo o mundo milhares de pacientes que tiveram a

experiência da força curativa por meio do movimento. A arte não reproduz o

visível, mas torna algo visível. Essas conhecidas palavras de Paul Klee, em

1920, caracterizar a quebra no movimento artístico no começo do nosso

século. Também a euritmia quer tornar visível não o movimento falante externo,

mas algo que vive na fala. É o elemento invisível que ela quer tornar visível.

É frequente carregamos pensamentos e sentimentos durante muito tempo até

que eles amadureçam, e então querermos exteriorizarmos, comunicar a outros

o que nos moveu interiormente. Mas também queremos comunicar sensações

espontâneas, ideias que nos ocorrem repentinamente. Nós, seres humanos,

ternos a fala como instrumento de comunicação. Não precisarmos latir,

assobiar, uivar, miar. O universo maravilhoso dos fonemas está aí para ser

concatenado em palavras, em fra

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ses. Sobre o surgimento da fala já tivemos oportunidade de falar algumas

vezes, e toda vez nosso pensamento foi dirigido ao começo, à criação do

homem. Nós vivenciarmos a fala como um mistério revelado. E pelo meio

aéreo, diáfano e transparente que a fala se torna audível e, atualmente, capaz

de ser medida.

Mas esse processo audível — o respirar modificado — é acompanhado por um

outro processo, inaudível. Enquanto falarmos, a laringe reflete para trás —

assim relata Rudolf Steiner — o movimento do corpo etérico. Ao nosso redor,

enquanto falarmos, dança o corpo etérico. (Já ouço sua pergunta: o que é o

corpo etérico? Permita-me hoje urna resposta bem simples: são as forças que

nos mantêm vivos. Forças vitais era como os antigos denominavam o corpo

etérico. O Acheus de Paracelsus é algo similar. Lendo Rudolf Steiner, podemos

entender o etérico. Por meio de exercícios, é-nos mostrada à possibilidade de

reconhecermos este primeiro elemento corpóreo supra- sensível do ser

humano.* Sugiro que você leia Sonnen-Rtum [O espaço solar], de Olive

Whicher. Mediante muitos exemplos retirados da natureza, da matemática e da

arte, ela nos dá uma noção do que é o etérico.).

Nota de rodapé

Vide Rudolf Steiner, O conhecimento dos mundos superiores, trad. Erika

Reimann (4. ed. São Paulo: Antroposófica, 1996) (N.E.)

Fim da nota de rodapé

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Mas agora voltemos à fala. Quando pronuncio o fonema A, por exemplo, este

se reflete, isto é, a laringe impulsiona determinado movimento em meu corpo

etérico. Quando construo uma palavra, os movimentos dos fonemas são

rápidos, de acordo com a fala — uns sobre os outros. O corpo etérico dança,

diz Rudolf Steiner. E assim acontecem dois nascimentos ao se falar. Do mais

intimo âmbito oculto nascem tanto um ente sensível — a fala audível — como

um suprassensível — o movimento etérico. Ambos estão intimamente ligados.

Na euritmia, os movimentos do corpo etérico são tornados visíveis por

intermédio dos movimentos do corpo físico, principalmente nos braços, ao

longo dos quais os movimentos etéricos “deslizam”.

O exemplo a seguir pode ser uma imagem do que ocorre quando se pratica

euritmia: — Numa construção, são muitos os trabalhadores em atividade. O

chefe da construção conhece o projeto, tem a responsabilidade, tem o todo

presente. Quando ele chama um trabalhador e lhe concede, durante algum

tempo, a responsabilidade pelo todo, esse trabalhador retorna ao seu trabalho

imbuído de novos pontos de vista. Assim também nosso corpo físico se torna

mais vivo quando, durante certo tempo — enquanto praticamos eurritmia — se

movimenta a partir das leis etéricas. Depois de um treino, ele conduz suas

atividades com mais

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vigor, de modo mais harmonioso, e o corpo etérico — mais precisamente, a

parte do corpo etérico que corresponde aos movimentos praticados — pode

livrar-se de sua atividade vinculada apenas ao corpo físico. Por esse processo

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o homem vivencia uma certa elevação a um outro nível. E durante a prática dos

exercícios — fato que você me relatou com bastante frequência — nos

sentimos mais leves, mais ligados às forças impulsionadoras. Depois do treino,

a Terra nos tem novamente, mas agora como pessoas com mais vigor, mais

vida.

Isso se relaciona com a eurritmia como um todo, seja ela artística, pedagógica

ou curativa. Procuremos agora, a partir do exemplo acima, voltar à euritmia

curativa.

Pode ser que por alguma razão um trabalhador não consiga mais realizar sua

tarefa. Ele se afasta da construção, em certos casos perturba ou atrasa outros

operários. A construção fica doente, sai do equilíbrio. O chefe da construção

pode despedi-lo ou apelar para suas capacidades, procurando dar-lhe força. A

euritmia curativa age de acordo com o segundo princípio. Quando algo no

homem o está perturbando de maneira a tirá-lo de seu equilíbrio, isto é, quando

ele fica doente, a euritmia curativa atua nessa parte perturbada e pode ajudá-lo

a transformar-se por meio de urna atividade.

Por intermédio da euritmia curativa, essa capacidade de transformação é

incentivada. O grau

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mais elevado dessa transformação nos foi descrito por Christian Morgenstern*

numa de suas últimas poesias:

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“Liebet das Böse __gut!”, lehren tiefe Seelen. Lernt am Hasse stählen

Liebesmut!

Ama o mal — e bem!, ensinam almas profundas. No ódio, aprende a acerar

coragem de amar!

Ter coragem para transformar-se. Essa coragem é o moto principal e

impulsionador da euritmia curativa. Há alguns anos, um médico encaminhou-

me uma senhora. Ela tinha 38 anos, dois filhos, ambos na puberdade.

Enfrentava problemas no casamento. Sofria de constantes ataques de

enxaqueca, tinha pressão baixa e evacuação irregular; caía sempre numa leve

depressão e perdia a própria direção na vida.

O médico familiarizado com a euritmia curativa pode, interiormente, conduzir a

paciente através do alfabeto, isto é, procurar detectar qual seria o fonema ou o

movimento de um fonema que não está em ordem. E claro que o médico que

receita a

Nota de rodapé

* Poeta lírico alemão (1871—1914), escreveu inúmeros poemas de inspiração

antroposófica. (N.E.)

Fim da nota de rodapé

Página 21

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euritmia curativa deve conhecer os movimentos dos fonemas, já deve tê-los

praticado. Quanto mais intenso é o diálogo entre médico e terapeuta, melhor é

o efeito da terapia. Tanto a percepção do médico quanto a do euritmista

dirigem-se ao mesmo paciente, mas diferentes planos da personalidade se

tornam visíveis: o médico examina, pergunta, tem à sua frente um paciente

estático; o euritmista curativo tem interesse principalmente no movimento,

podendo ler nos movimentos o que o paciente necessita. Isso significa uma

complementação ideal quando médico e euritmista curativo se encontram para

o bem-estar de um paciente. E também muita no importante que o médico

acompanhe o tratamento. Atualmente, temos muitas terapias independentes de

um diagnóstico médico; não é este, porém, o caso da euritmia curativa.

Voltando à nossa paciente: em seu movimento existia algo bastante típico e

característico. Seu andar era hesitante, e quando ela movia os braços suas

mãos ficavam inertes. Ela tinha dificuldade em esticar os braços e faltava-lhe

verticalidade nas costas. Existe na euritmia um movimento que, em sua

dinâmica, é exatamente o oposto do que foi descrito acima: o movimento do

fonema I. Todo esticar do corpo e dos membros é um I. Também ao

pronunciarmos o fonema, vivenciamos algo dirigido a uma meta. Justamente a

força deste fonema estava como que oculta na paciente. Era neces

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sário despertar e construir essa força novamente. Outros exercícios — como

andar para a frente e para trás numa linha reta — foram necessários como

preparação; mas certo dia o exercício do I, em que os braços e depois as

pernas e novamente os braços repetem o movimento do I, pôde ser finalmente

realizado. O importante é que a paciente pôde acompanhar, durante o

processo, um crescente progresso e sensibilização na percepção do próprio

movimento — o que era quase impossível no início. Essa senhora conseguiu

aos poucos — e não apenas exteriormente — alcançar a verticalidade

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aprumar-se. Uma certa alegria de viver começou a invadi-la gradua1mente, e

ela pôde dominar as crises que sua vida lhe apresentava. O exercício do I

ainda a acompanha periodicamente.

Agora quero relatar o caso de uma outra paciente, uma estudante de 24 anos.

Desde criança ela era asmática, mas as crises surgiam muito raramente. O

maior problema era um eczema nas mãos e um resfriado crônico. Seus

movimentos eram lentos e frouxos, apesar de ela poder realizá-los muito bem.

Ela estava sempre presente no movimento. O que chamava a atenção era o

olhar: bastante direto, às vezes desagradavelmente aguçado.

Também para ela o exercício mais importante foi o I. Aqui a força do I não

estava oculta, como na primeira paciente, mas era corno se essa força se

houvesse tornado independente e, a partir daí, hou-

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vesse endurecido. Em outros lugares, porém, a força da verticalidade e da

forma haviam quase desaparecido. A paciente era bastante estável

animicamente e podia lidar muito bem com os sintomas físicos.

Duas pacientes tão diferentes praticando o mesmo exercício? Posso adivinhar

sua pergunta. Procure seguir um pensamento para que possamos aproximar-

nos da resposta. Os fonemas pertencem a nós, seres humanos. Nenhum outro

ser vivente é dotado dessa capacidade. Nós aprendemos as diferentes línguas

dos diferentes povos que nos cercam; e a fala, a linguagem, possui urna

energia formativa. Você já pensou na capacidade de nossa formação

linguística, que permite podermos distinguir um norueguês de um francês ou

alemão, mesmo sem ouvi-los falar? A fala nos impregna de tal modo que até

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certas características físicas de um povo podem ser percebidas por ela.

Podemos praticamente adivinhar a Iíngua materna de alguém apenas

observando sua movimentação, sua constituição.

Com a euritmia aprendemos a reconhecer as energias formativas de cada

fonema, e durante os treinos esse reconhecimento se transforma

gradativamente em vivência. A partir daí nós nos abrirmos a um outro grau de

percepção. Aprendemos como os fonemas estão intimamente relacionados

com o Cosmo: as consoantes com o zodíaco, e as vogais com os planetas.

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o conhecimento mais antigo segundo o qual o homem foi plasmado pelas

energias formativas cósmicas pode ser vivenciado pela euritmia. E quanto mais

o que tiver sido vivenciado for comprovado por uma reflexão mais crítica, tanto

mais a relação Cosmo—fonema—homem se nos tornará evidente. Então

poderemos vivenciar, por exemplo, que a característica do fonema I é a de nos

ensinar a andar. Essa força pode estar congestionada de maneira a não

proporcionar um esticamento completo, ou pode extravasar, provocando um

enrijecimento muito grande. Em ambos os casos, é a força do I que está

alterada. Por isso, é bastante possível que dois casos com quadros clínicos tão

diferentes possam ser tratados e curados com o mesmo fonema, pois a partir

do momento em que esse fonema é realizado e treinado na euritmia curativa a

força saudável e arquetípica do fonema é desenvolvida e fortalecida. Ao tornar

a palavra visível, a euritmia se relaciona com o homem saudável; já a euritmia

curativa tem relação com o homem doente, pois retira da fala fonemas ou uma

série de fonemas para serem exercitados. Um buquê de flores alegra o coração

de qualquer pessoa, mas para curar é necessário escolher uma planta que

deve ser preparada para tal função.

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Tanto o euritmista curativo quanto o paciente lutam para descrever o que é

vivenciado na euritmia curativa. Para muitos pacientes, ocorre o

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mesmo que com você: eles sabem, por experiência imediata, que os

movimentos possuem a medida do ser humano e têm uma força vital que flui

cada vez mais intensamente quando se treina com regularidade.

E óbvio que não apenas a capacidade de expressão, mas também a de

percepção devem ser disciplinadas e diferenciadas. O euritmista curativo,

assim como o médico, deve aprender a perceber quais forças vitais estão

perturbadas. Não é isso o que ocorre em toda profissão? Capacidades de- vem

ser desenvolvidas para se poder atuar. Ao mesmo tempo, formam-se na

pessoa capacidades perceptivas específicas da profissão.

Ainda uma palavrinha para terminar. Quando nos encontrarmos, fiquei muito

contente em saber que você ainda se exercita. Mas não se esqueça das

pausas! Proponha-se uma tarefa, mas também limite seu tempo de duração, e

aí deixe os exercícios descansar. Só quando recomeçar a praticá-los você

perceberá o que ‘aprendeu’.

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Segunda carta

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Você quer saber mais sobre o corpo etérico. Vou procurar construir uma

imagem que possa aproximar-nos um pouco mais da compreensão desse

tema.

Numa manhã quente e ensolarada, estamos sentados em frente à urna bétula.

A luz do sol escoa pelas folhas, o tronco é branco e os galhos nos parecem

negros. Horas depois, sentamo-nos novamente no mesmo lugar. O sol banha a

árvore, agora vindo de outra direção. As cores se modificam. Não há a menor

brisa, a luz proporciona uma sensação de calor e, quando encontra as folhas e

o tronco, o calor está no auge. Começa a escurecer.

As nuvens encobrem o sol, a luz já não brilha mais tanto a ponto de nos cegar.

A bétula se nos apresenta ou como apenas uma silhueta ou como um plano de

movimentos e cores. É noite; ela empalidece, perde a cor. No dia seguinte,

retornamos ao mesmo lugar e vemos o sol matinai brilhando na árvore, tão

diferenciada pelos movimentos da luz. Como se nos apresenta de modo

sempre diferente, a nossa luminosa bétula! Será que é a mesma árvore?

Esta pergunta palpita em nós no decorrer do ano — quando, no outono, as

folhas se tornam amarelas e quando ainda mais tarde, no inverno,

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a bétula aparece como uma silhueta fina e escura na neve.

Trata-se da mesma árvore, porém revelando- se sempre diferente caso

mudemos de lugar ou o ambiente se modifique. E quando, em casa, nos

recordamose da árvore, todos esses elementos e ambientações vivem em

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nossa lembrança juntamente com sua imagem. Acaso se pode separar esses

ambientes e elementos da própria árvore? Não só o que podemos tocar forma

a bétula — eis o que nos diz uma sensação profundamente enraizada em nós.

Esse algo móbil, que é sempre diferente mas estreitamente ligado à aparência

concreta, pode ser uma imagem do etérico, pois quando voltamos a mirá-lo

somos, aos poucos, dirigidos para a percepção do vivo. Em seus livros e

palestras, Rudolf Steiner descreve frequentemente como o mundo etérico está

em constante transformação. Nada está imóvel. E impossível, para um pintor,

retratar num quadro tanto uma bétula quanto um raio. Para nos aproximarmos

mais do etérico, necessitamos do movimento — necessitamos renunciar a um

certo comodismo interno.

Rudolf Steiner deixou uma tarefa bastante difícil de executar, tanto para OS

médicos como para os euritmistas curativos. Ele diz: “Todo órgão humano

fechado e completo é uma metamorfose de outros órgãos humanos, também

em si fechados e

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completos. Ele desenvolve esse pensamento a partir da laringe e do occipital,

demonstrando como um sistema orgânico é a metamorfose do outro. Devemos

estar interiormente abertos para entender tal pensamento. Preconceitos e

conhecimentos já incorporados devem ceder espaço por algum tempo, e então

um pensamento corno esse se torna tarefa. Quando nos movimentamos tendo

em vista urna tarefa assim, as relações intrínsecas da anatomia se tornam

cada vez mais conscientes, e — o que para mim é o mais importante —

permanecemos sempre em movimento. Assim, essa tarefa desperta em mim a

capacidade de ficar sempre alerta ao que reside no movimento, e essa é a

base para o meu trabalho. Observar com exatidão cada detalhe, mas não

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estagnar, e sim prosseguir com o que foi observado — eis o que importa. E

assim que nos aproximamos do corpo etérico do homem.

Quando observamos uma árvore, descobrimos ser ela mais do que madeira e

folhas. Temos cada vez mais o senso para o conjunto vital, para seu corpo vital

individualizado. Outros gostam de denominar isso campo de força. Porém não

é a denominação o que importa, e sim o fato de se vivenciar a árvore como um

todo e perceber também que esse campo de força é, em si mesmo,

diferenciado.

Também o corpo etérico do homem é bastante diferenciado em si mesmo. Na

parte superior

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estão mais atuantes as forças da forma, e na parte inferior as forças da

nutrição, da atividade, forças que possuem uma fluidez maior. Assim, de

determinado ponto de vista podemos dizer que vivermos numa relação de

forças, e que o em cima e o embaixo contêm em si forças polares. Também na

fala podemos reconhecer essa polaridade, nos dois grupos de fonemas: vogais

e consoantes. As vogais (fonemas soantes) revelam mais o interior; por

intermédio delas a alma soa. As Consoantes têm muitos lados. Elas podem,

atuando com as vogais, conferir-lhes um caráter mais fogoso, assim como

formar ou reter sua força. É bastante frequente ocorrer o fato de iniciante na

prática da euritmia, inclusive da euritmia curativa, como que redescobrir a

própria linguagem, começando até a inventar novas palavras, como urna

criança ao aprender a falar.

Nos exercícios de euritmia curativa, as vogais possuem uma atuação

profundamente formativa. Elas conduzem o indivíduo a si mesmo, Iigando-o

novamente ao próprio cerne individual. Dependendo da disposição interna ou

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da constituição do paciente, procura-se uma vogal correspondente ou uma

série de vogais, que é então praticada.

Cada vez mais eu aprendo a perceber, com as vogais, cinco forças formativas

da constituição humana, forças que conferem ao corpo um cunho, uma

característica. As vogais podem proporcionar

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também novos impulsos para o estudo dos temperamentos do homem.

Quando se reconhece a constituição de um paciente, encontra-se também o

movimento terapêutico-curativo. Um exemplo:

Há alguns anos, uma senhora de 37 anos procurou-me para tratamento. Ela

tivera uma infância e urna adolescência muito difíceis; morava na Alemanha

Oriental, de onde fugira com menos de vinte anos para trabalhar como

secretária na Alemanha Ocidental. Diante de mim estava urna pessoa

extremamente magra, cansada e esgotada. Através de seus olhos, porém, eu

via um ser repleto de bondade. Essa simpatia provinha realmente de seu mais

profundo íntimo, mas sua força já não lhe era suficiente. Suas forças vitais

estavam como que paralisadas pelas experiências atravessadas na infância.

Essas forças não conseguiam desabrochar continuamente de um centro —

mas eram sempre reprimidas e, para atuar, tinham de colocar-se nova- mente

em pé. Seu corpo tornou-se então fraco e cansado. Ela tinha problemas na

vesícula, insônia e enxaqueca. Sentia-se sempre fria; suas mãos eram tão

tensas que ela não conseguia sequer segurar um lápis. Seus movimentos eram

áridos, sem vida. Faltava-lhe o centro, a nascente.

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Tanto para o médico quanto para mim estava claro que esse centro deveria ser

novamente construído — o que, traduzido para a eurritmia curativa

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Va, significa que ela deveria praticar o E. No E um braço toca o outro,

formando uma cruz. A vivência prática é o que conduz algo ao ponto de cruza-

mento, e então a pessoa se afirma, se defende. Mediante um contínuo treino, o

centro das forças vitais é reconstruído, e estas podem revitalizar o Corpo. Com

o tempo a paciente perdeu a sensação de frio e curou também as tensões.

Outros exercícios foram sendo adicionados; mas o E foi o exercício mais

importante, pois ajudou a ordenar a constituição interior da paciente.

* * *

Com relação às consoantes, já é bem mais complicado. Elas são muito

variadas e não se revelam na forma do corpo, na constituição, como as vogais.

Se voltarmos novamente à bétula e agora percebermos sua vida interna, seus

processos químicos — o movimento e o processo de transformação da seiva

—, teremos uma visão bastante diferenciada. Esse mundo é quase sempre

exclusivo dos agricultores, dos biólogos, mas se esses profissionais não

ficassem só na matéria, não se prendessem somente a peso e medida, mas

vivenciassem o que veem e observassem a própria vivência, estaria aberta

uma nova dimensão tanto para eles como também para nós, leigos. Dentre as

experiências mais ricas que já tive estão os passeios matutinos que fizemos —

guiados por um profissional — para

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observar plantas. EIe nos revelou mundo das plantas de um maneira tal que

pude vivenciar um profundo parentesco entre elas e as consoantes.

Para se abranger o campo onde as consoantes atuam, é necessário dirigir um

olhar para as ações vitais do homem. Nas palestras sobre euritmia curativa,

Rudolf Steiner descreve a atuação das consoantes como diretamente

relacionada com os órgãos do sistema metabólico e suas funções. Assim, fica

bastante claro que euritmista curativo só pode trabalhar sob assessoria de

médico, pois este possui em sua formação, em sua atividade, uma

compreensão e um conhecimento insubstituível, que aquele não tem. Mas os

dois podem ajudar-se mutualmente, pois ambos os conhecimentos convergem

para um mesmo fim — a função metabólica deficiente, com suas

consequências e sua cura.

Anteriormente, referi-me à metamorfose e como, por meio dela, relações

bastante especiais ocorrem entre dois órgãos. Esse fato nos ajuda a perceber

a atuação das consoantes não apenas no sistema metabólico, mas também em

outras regiões aparentadas com elas no organismo humano. O efeito dessa

atuação, porém, realiza-se através do sistema metabólico.

E necessário muito treino até que um euritmista curativo adquira segurança

nessa variedade tão grande de movimentos, porém a euritmia curativa não

pretende ser simples.

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Permita-me indicar alguns princípios básicos:

1. O fonema falado e o gesto eurrítmico se inter-relacionam. O gesto eurrítmico

torna visível um movimento etérico que, em si, não é visivelmente observável.

Na euritmia curativa, o efeito de um fonema repetido com frequência atua

diretamente no corpo etérico.

2. No corpo etérico existem duas forças com movimento polares: embaixo uma

força centrifugada dinâmica; em cima uma força centrípeta, moldando

plasticamente a força que vem de baixo. A polaridade entre vogal e consoante

corresponde à polaridade descrita acima. As vogais estão mais ligadas às

forças formativas superiores (centrípetas), e as consoantes às forças inferiores

dinâmicas.

Porém eu reafirmo aqui: isso de um ponto de vista. Steiner raramente coloca os

elementos numa forma paralisada — e isso não somente nas palestras sobre

euritmia curativa, mas em toda a sua obra; ele permite sempre um movimento,

uma abertura, uma possibilidade de olhar de outro ângulo. Quanto mais nos

deixamos levar por essa flexibilidade sem, no entanto, perder a direção, tanto

mais aprendermos a reconhecer com consciência nossas forças vitais.

Há muitos anos, um pintor de paredes de 65 anos procurou-me para

tratamento. Pelo trabalho

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que fazia, ele tinha as articulações do pescoço e dos ombros já bastante

fragilizadas, quase deterioradas. Como consequência disso, nessas regiões o

homem sentia muitas dores e um grande enrijecimento.

O pintor era ligeiramente curvado para frente e quase não podia mais erguer os

braços acima dos ombros. Quando começou a treinar, a impressão que se

tinha da região dos ombros era de algo escuro, meio amortecido, e os

movimentos dos braços eram como que secos e esquivos. O médico receitou

duas consoantes e um exercício vocálico.

O movimento do L você conhece. É o movimento arquetípico da vida sempre

em renovação. As mãos e os braços são dirigidos para cima, desabrocham,

abrem-se corno uma flor para perceber o mundo ao redor, antes de deslizar

novamente para baixo, para recriar das profundezas. Rudolf Steiner denominou

este movimento A vida desabrochando Iivremente. Por meio dele,

determinados processos são internamente ativados. Nesse paciente, era como

se tais processos se houvessem tornado indolentes, e o movimento, inerte. Os

processos de evacuação também não eram mais regulares. Para a

regularização do processo de evacuação, ternos no movimento do R urna

grande ajuda. O R é um fonema que aprecia a repetição, desenvolvendo-se

entre a contração e a expansão e tendo um grande parentesco com o

movimento aéreo.

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Já nas primeiras semanas, os movimentos do paciente se tornaram mais leves

e vivos. Passado algum tempo, foi adicionado o movimento de uma vogal às

duas consoantes. Desta vez foi feito o movimento redondo do O, pelo qual os

braços formam um círculo. Quando o paciente pôde realizar as consoantes já

bastante bem com os braços, os movimentos foram reduzidos somente para a

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região dos ombros, a fim de agir mais diretamente; porém o que era sempre

feito com os braços. Após um período de sete semanas, ele já podia mover os

braços com quase total liberdade, e praticamente não sentia mais dor.

Para treinar, é importante que o paciente encontre um ritmo, uma hora diária

em que possa praticar. A duração do treino é bastante individual, mas creio que

vinte minutos seria um tempo médio para isso. O tempo — semanas, meses ou

anos — durante o qual se deve treinar depende de cada caso, constituição ou

problema. Pode-se dividir os períodos de treino com relação às estações ou

festas do ano. Importante é que o euritmista curativo possa observar, a cada

semana, a modificação dos movimentos, para poder perceber quando se deve

fazer urna pausa. O treino é urna atividade extremamente difícil, principalmente

em nossa época. O ambiente que nos cerca é movido pela pressa, havendo

norrna1mente urna luta para se encontrar um momento de paz nessas

condições. Enfrentar

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esta luta é tarefa de todos nós. Não posso exigir que um paciente treine — só

posso estimulá-lo a treinar. Entre paciente e terapeuta deve existir um espaço

de liberdade, e não de dependência.

Muito importante é que o treino tenha um início e um fim, e que o paciente

estabeleça para si certas tarefas pequenas — como, por exemplo, prestar

atenção em dado exercício —, porque existe o perigo de os movimentos serem

feitos sem muito cuidado, apressadamente, com certo mecanicismo.

Os mesmos sintomas que descrevi no pintor de paredes — tensão nos ombros

e no pescoço — são também típicos sintomas de nossa época. Os sintomas do

pintor surgiram por causa de um enfraquecimento e uma deterioração nas

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articulações, mas podem também aparecer sem qualquer modificação nestas

últimas. Você mesma se queixou disso. Pergunte a seus conhecidos —

certamente eles já sentiram esses sintomas. Muitos de meus pacientes

praticaram exercícios semelhantes aos receitados para o pintor. Quando eles

treinam por um período de tempo e os conhecem bem, podem praticá-los

sempre que esses sintomas aparecem.

Finalizando, eu gostaria ainda de relatar o caso de um jovem paciente. Ao

procurar-me, ele tinha dezesseis anos — estava no meio da puberdade. Tinha

tantas dificuldades consigo mesmo que necessitava de auxílio. Era bastante

grande, forte e

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pesado, e não podia controlar esse peso; usava sua força só para coisas sem

sentido. O médico supunha que ele fosse dominado pelo metabolismo.

Em nossa língua, há um fonema que só podemos pronunciar com os lábios

fechados: o M. Todos os outros fonemas, para serem pronuncia- dos, precisam

dos lábios abertos. O movimento do M possui uma interiorização muito

especial. Unir-se a algo — assim Rudolf Steiner descreve este movimento. Na

euritmia curativa, o movimento dos braços é acompanhado por um leve passo

ou um pulo, de maneira a se ter a impressão de alguém bastante leve, que se

equilibra no ar. OM é urna consoante que se deve treinar bastante, até

conseguir realizá-la. Em suas palestras sobre euritmia curativa, Steiner explica

que esse exercício regulariza todo o sistema metabólico. Ele nos fala da sílaba

OM, que nas culturas do antigo Oriente, quando se sabia mais do significado

dos fonemas do que agora, era de grande importância. Nessas culturas, era

muito comum os jovens fazerem esse tipo de movimento, a fim de educar-se

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como um ser humano completo e, ao mesmo tempo, como homens reservados

e discretos.

Esse jovem gostou muito do M e pôde, com ajuda deste, encontrar sua leveza.

Isto foi, não apenas para mim, mas também para ele, uma vivencia de extrema

importância. Para o outro polo — a falta de forma —, praticamos a vogal A.

Trata-se

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de um movimento de abertura. Essa tendência já vivia no jovem; ele era muito

aberto, ficava sempre parado com as pernas separadas e os braços se

agitando sem direção. Por meio do movimento do A, essa abertura pôde ser

definida; ele começou a olhar de modo diferente, podendo seguir confiante com

seus movimentos em direção ao mundo. Posso até dizer que esse jovem, por

meio desses exercícios, encontrou a si mesmo, tomou as rédeas de sua vida

em suas mãos e conseguiu usar sua força e sua energia da maneira como

realmente quis.

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Terceira carta

O que é doença? — assim você pergunta em sua carta. Por que o corpo

etérico resolve esticar- se, por que nosso corpo consegue fica denso e

pesado? Essa pergunta é antiga, muito antiga, tendo ocupado intimamente, ao

longo dos tempos, médicos, teólogos e filósofos. Vou procurar, como euritmista

curativo, tentar desenvolver urna resposta à sua pergunta, e talvez cheguemos

mais perto também da euritmia curativa.

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Se a natureza saudável do ser humano atuasse como um todo, se esse

homem se sentisse como numa grande, bonita, digna e valorosa unidade com

essa totalidade, se um sentir harmonioso propiciasse a ele urna alegria pura e

livre, escreve Goethe, então o Cosmo, se pudesse sentir-se a si mermo,

poderia rejubilar-se por ter atingido sua meta e admirar o auge do próprio vira-

se e da própria essência

O que nos acontece quando nos entregarmos à natureza? Se, como nos

últimos dias aqui, no lago de Hidden, eu abro meus sentidos e aspiro a luz

cristalina, o marulhar do lago leste e o mundo maravilhoso do pôr-do-sol, então

vivencio como a natureza causa a interpenetração de minha pessoa com a1go

que já conheço. É minha corporalidade

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que cumprimenta seus velhos amigos, sentindo-se novamente envolvida e

aceita pela sabedoria primordial da mãe-natureza.

Como é diferente quando fecho meus senti- dos para estímulos de fora,

quando me interiorizo e, ali, procuro acordar em mim o mundo das ideias

morais! Observo a grandeza e a dignidade desse mundo e me percebo

pequeno, quase inacessível a ele. Minha própria alma precisa aprender ainda

infinitamente para poder estar em harmonia com esse mundo. Uma parte de

nós, de nossa alma, é ainda uma criança imatura — tem problemas e erra,

sempre.

O mundo, ou a esfera onde se manifestam as ideias morais, eu o vivencio

como profundamente aparentado com a sabedoria que a natureza nos

transmite. E o júbilo do Universo, ao ver a natureza saudável do ser humano,

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pode ser intuído em meu próprio interior. Eu mesmo sou corpo e alma, ao

mesmo tempo velho e jovem.

Se a alma se acomoda e não se volta para os ideais, estabelece uma relação

nociva com a corporalidade, podendo, com o tempo, adoecê-la. Esta é urna

das possibilidades do surgimento de uma doença. Tantas são as possibilidades

de doenças quanto as de um ‘erro’ anímico. Será esse pensamento muito

antigo, moralista? Procuremos, durante algum tempo, conviver com ele e

comprova-lo no dia-a-dia, mesmo quando predomina uma

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outra direção mental — a que procura uma causa externa para as doenças.

O corpo etérico é o intermediário entre o corpo [físico] e a alma. Ele possui, em

sua movimentação, uma enorme sabedoria que ele procura comunicar à alma

durante o caminho que esta faz para o corpo. Mas se, por diversos fatores, a

alma não acolhe essa sabedoria e procura determinantemente agir apenas de

acordo com sua própria para particularidade, o movimento do corpo etérico é

perturbado, e o corpo físico adoece.

Os processos que aqui foram apenas esboçados estabelecem um dos campos

de observação tanto do médico quanto do euritmista curativo. O mais

importante seria reconhecer, o mais cedo possível, as tendências que

conduzem à doença. Por isso, não foi por acaso que a primeira pergunta sobre

o surgimento de uma euritmia curativa veio de Elisabeth Baumann, uma

euritmista que trabalhava numa escola Waldorf. E principalmente nas escolas

que as tendências para uma doença podem ser praticamente agarradas com

as mãos. A vontade de ajudar originou a pergunta.

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O corpo etérico é mais antigo do que a cima, e também mais sábio; ele

espelha, por assim dizer, as latentes tendências anímicas ao adoecimento.

Pela euritmia curativa, esse processo latente é ele aprovado ao nível da

consciência. O autoconhecimento é profundamente incentivado pela euritmia

curativa.

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O desafio Conhece-te a ti mesmo nos acompanha há tanto tempo quanto a

pergunta O que é a doença? Sendo capazes de enfrentar esse desafio, temos

a possibilidade de tornar nossa alma mais madura, dificultando bem menos o

desenvolvimento do nosso corpo.

Você se lembra daquele jovem adolescente que descrevi na última carta? Nele

a alma não queria fazer qualquer esforço — parou de desenvolver-Se, tornou-

se selvagem. Impregnou com veemência o corpo etérico, o que se mostra

visível tanto no movimento corno na forma física: o ficar de pernas afastadas,

parar pesadamente, os braços pendentes, as costas arredondadas. Na

euritrnia curativa não se procura gerar um paralelo, uma polaridade para o

estado da doença — ou seja, eu não o forcei a ficar ereto e firme; procura-Se,

corno nesse caso, corrigir um gesto exagerado para a medida certa.

O paciente tinha apenas de moldar seu afastamento de pernas, sua abertura

sem fronteiras, praticando o A. Esse exercício teve como consequência um

parar ereto e tranquilo, urna boa postura. Vivenciar tais processos é

entusiasmante!

A euritmia curativa possui também um lado social, tendo-se em vista que

médico e euritmista se encontram e sempre conversam sobre um paciente. E é

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exatamente pelo efeito conjunto de conversas, exercícios eurítmicos e terapia

medicamen-

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tosa que Rudolf Steiner atribui um grande futuro para a euritmia curativa.

Para podermos imaginar esse futuro, será bastante útil voltarmos ao passado.

Com a euritmia curativa surgiu algo novo, mas ela se coloca dentro de

movimento, de fluxo que acompanha a humanidade desde os tempos

primordiais: a arte da cura. Os cientistas sempre se admiram muito do elevado

grau de desenvolvimento da arte curativa nas culturas mais antigas do Oriente,

desenvolvimento descrito nos mais antigos papiros. O domínio das regras de

higiene no antigo Egito era impressionante, assim como uma enorme

quantidade de medicamentos preparados com substancias vegetais, minerais

ou animais. As operações cirúrgicas de alta precisão também já eram

conhecidas. Nesses mesmos pergaminhos, onde as terapias e regras de

higiene que podem até hoje ser seguidas por nós eram descritas, havia

também textos, versos ou até palavras que o paciente deveria repetir, em

casos das mais diferentes doenças. Essas palavras rituais mal são

compreendidas por nós, homens modernos. Rapidamente nós as deixamos de

lado, acreditando tratar-se de superstição ou magia. Porém na Antiguidade, e

não só no Egito, a palavra ritual cumpria uma tarefa essencial na arte da cura.

Isso pode ser percebido na leitura dos pergaminhos. A palavra ritual era utili-

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zada principalmente em conjunto com uma terapia medicamentosa.

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Se atualmente não entendemos esses versos, se eles nos parecem um pouco

estranhos, isto não quer dizer que não descrevam fatos reais, fatos aos quais

já não temos acesso. Para os homens de antigamente, o mundo espiritual era

povoado por seres cujas ações tinham um efeito até na forma física e social.

Se esse mundo espiritual povoado está cada vez mais distante de nós, e se

existe o perigo de se nos tornar totalmente incompreensível, isso é um signo do

nosso tempo.

Mas existem pequenos impulsos por meio dos quais se torna visível à

transformação dos sentidos realizada por indivíduos que procuram o mundo

espiritual. E é nesse caminho que nos encontramos, embora com passos

pequenos e modestos, ao exercitarmos a euritmia curativa.

O paciente da Antiguidade sentia a palavra ritual como um meio para a cura; os

exercícios de euritmia curativa ligam a própria ação com a energia da palavra.

Quero frisar: não se trata de reviver versos e métodos de tratamento da

Antiguidade. A questão é, muito mais, como se pode encontrar ama relação

entre a arte da cura de antes e a de agora. Hoje a palavra pode ter seu efeito

por meio da eurritmia curativa. Esse efeito induz o corpo etérico a receber o

efeito curativo dos medicamentos com maior

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flexibilidade. Agindo assim, a euritmia curativa constrói uma ponte entre a

sabedoria da mãe- natureza e o mundo das ideias morais, entre substância

natural e palavra.

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A palavra ressoa pelo mundo, e a formação do mundo apreende com vigor a

palavra — eis a frase que Rudolf Steiner legou ao coração dos euritmistas.

Cumpre agora que o médico, o euritmista curativo e o paciente reconheçam

sua tarefa e a pratiquem. Quando nos tornamos conjuntamente criativos, o

artista em cada um de nós é acordado pelo outro. Toda arte tem sua esfera

individual, diz Novalis, e quem não a conhece com precisão e não tem um

sentido para ela jamais será um artista. Tais palavras conduzem à

introspecção. Quando nos esforçarmos em vivenciar essas palavras que

evidenciam o fato de cada um assumir sua tarefa — médico, euritmista curativo

e paciente —, surge um espaço anímico livre, possibilitando a cura.

Um elemento que desde o início pertenceu à euritmia curativa foi o silêncio. Foi

em silêncio, quase em segredo, que a euritmia curativa veio ao mundo,

desenvolvendo-se durante quase setenta anos* e ampliando-se para todo o

mundo. E, agradecidos, hoje podemos perceber que esse silêncio

Início da nota de rodapé

Na data da presente carta, alguns anos atrás. Atualmente já se ultrapassaram

os setenta anos. (N.E.)

Fim da nota de rodapé

Página 46

atuante, concentrado, repleto de substância, pôde ajudar milhares de

pacientes.

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Também o pensamento do antigo teólogo franco Hrabanus Maurus* deve ter

surgido num momento de silêncio similar — Hans Cibulka o introduz no início

de seu diário Sanddornzeit, escrito junto ao lago de Hidden: “A palavra, em sua

própria natureza, é dos seres espirituais o mais livre, mas também o mais

vulnerável e o mais perigoso”. Por isso ela necessita de um protetor. Quem

seria, porém, esse protetor? Eu o procurei durante toda a minha vida.

Vulnerável e perigoso — assim também é o homem. Nós não somente ficamos

doentes, como também, numa medida cada vez maior, tornamos doentes a nós

mesmos e o próprio mundo. Contudo, se nos entregarmos à procura da fonte

curativa da fala, poderemos aproximar-nos da fonte primordial das forças

curativas. A euritmia curativa pode auxiliar-nos nesse caminho.

Nota de rodapé

Hrabaflus (ou Rabanus) Magnestius Maurus (port.: Rabano Mauro), escritor

medieval (c. 776—856), um dos expoentes literário-teológico da chamada

‘renascença carolíngia’ (N.E.)

Fim da nota de rodapé