grupos · Vamos apresentar condic¸˜oes necess´arias e suficientes para um grupo ser ... Seja...
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GRUPOS
Maria Lucia Torres Villela
Instituto de Matematica
Universidade Federal Fluminense
Maio de 2008
Revisto em Dezembro de 2008
Sumario
Parte 2 - Complementos da Teoria de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . 57
Secao 1 - Subgrupo normal e o grupo quociente . . . . . . . . . 59
Secao 2 - Um princıpio de contagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Secao 3 - A equacao de classe e aplicacoes . . . . . . . . . . . . 75
Secao 4 - Teorema de Sylow . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Secao 5 - Produto Direto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Parte 2
Complementos da Teoria de
Grupos
R e f e r e n c i a s:
Para a parte elementar da
teoria de grupos:
Introducao a Algebra,
Adilson Goncalves, Projeto
Euclides, IMPA, 2000.
Nosso objetivo e apresentar, primeiramente, o conceito de subgrupo
normal, que permitira construir o grupo quociente. O grupo quociente e
uma ferramenta muito importante nesse contexto e serao dados exemplos
ilustrativos dessa teoria.
Complementaremos os resultados de homomorfismo de grupos, abor-
dando o Teorema Fundamental dos homomorfismos de grupos e obtendo
como aplicacao o Teorema de Cauchy para grupos abelianos finitos.
Veremos a Equacao de Classe de um grupo finito e, como uma aplicacao
classificaremos os grupos de ordem p2, onde p e primo.
Apresentaremos uma demonstracao do Teorema de Sylow, que utiliza
diferentes relacoes de equivalencia no grupo finito, realizando a contagem dos
elementos do grupo finito de maneiras distintas.
Vamos apresentar condicoes necessarias e suficientes para um grupo ser
isomorfo a um produto direto.
Classificaremos os p-grupos abelianos finitos e, finalmente, como uma
aplicacao do Teorema de Sylow e do conceito de produto direto, faremos a
classificacao dos grupos abelianos finitos.
Recomendamos consultar os seguintes textos:
- Elements of Abstract Algebra , R. A. Dean, Wiley Internacional, 1974.
- A First Course in Abstract Algebra, John B. Fraleigh, Addison-Wesley
Publishing Company, 1967.
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(Esse texto tem uma abordagem ressaltando a importancia da Teoria
de Grupos a outras areas.)
- Elementos de Algebra, A. Garcia e Y. Lequain, IMPA, 4a edicao, 2006.
- Topics in Algebra, I. N. Herstein, John Wiley & Sons, 2nd edition, 1975.
- Algebra, Thomas W. Hungerford, Springer-Verlag, 1974.
M.L.T.Villela
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Subgrupo normal e o grupo quocientePARTE 2 - SECAO 1
Subgrupo normal e o grupo quociente
Sejam (G, ·) um grupo e H um subgrupo de G.
Lembramos que podemos definir uma relacao de equivalencia em G,
usando o subgrupo H, a saber, a congruencia modulo H.
Sejam a, b ∈ G. Dizemos que a e congruente a b modulo H se, e
somente se, a · b−1 ∈ H. Nesse caso, escrevemos a ≡ b mod H.
A classe de equivalencia de a ∈ G e
a = {x ∈ G | x ≡ a mod H}
= {x ∈ G | x · a−1 ∈ H}
= {x ∈ G | x · a−1 = h ∈ H}
= {x ∈ G | x = h · a com h ∈ H}
= Ha
Ha e chamada de classe a direita de H e a e um representante da classe Ha.
Das propriedades de uma relacao de equivalencia, temos que:
G =⋃
a∈G
Ha e esta uniao e disjunta nas classes distintas, pois
Ha ∩Hb 6= ∅ ⇐⇒ a ≡ b mod H ⇐⇒ a · b−1 ∈ H ⇐⇒ Ha = Hb.
De maneira analoga, definimos a classe a esquerda de H como
Nesse caso,
aH = bH ⇐⇒ b−1a∈ H.aH = {a · h | h ∈ H}.
As funcoes
ϕ : H −→ Ha
h 7−→ hae
ψ : H −→ aH
h 7−→ ah
sao bijecoes, mostrando que as classes a direita e as classes a esquerda tem
a mesma cardinalidade de H.
Para determinar o ındice de
H em G, tanto faz tomar
classes a direita ou classes a
esquerda.
Chamamos de ındice de H em G a cardinalidade das classes laterais
de H em G e denotamos por iG(H) = (G : H).
Exemplo 1
(Z,+) e, a menos de isomorfismo, o unico grupo cıclico infinito.
Os subgrupos de Z sao Hn = nZ, para n ∈ N.
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Subgrupo normal e o grupo quociente
Seja n ≥ 1. Entao, (Z : nZ) = n.
De fato, para cada a ∈ Z, pela divisao euclidiana de a por n, temos que
a = n · q + r, onde 0 ≤ r ≤ n − 1, com q, r ∈ Z unicamente determinados.
Assim, a = nZ + a = nZ + (n · q + r) = nZ + r = r. Como r 6= s e
0 ≤ r, s ≤ n−1 se, e somente se, r 6= s portanto, o numero de classes a direita
de nZ em Z e o numero de restos na divisao por n, isto e, (Z : nZ) = n.
Quando G e um grupo finito, temos que iG(H) = (G : H) e finito e
| G |=∑
a∈G
| Ha |= iG(H)· | H |,
onde a soma acima e feita nas classes distintas, isto e, nas classes disjuntas.
Nesse caso, iG(H) = (G : H) =| G |
| H |.
Exemplo 2
Seja S3 o grupo das bijecoes de um conjunto com 3 elementos, com a operacao
de composicao de funcoes, a saber,
S3 tambem e conhecido
como o grupo diedral 3, das
simetrias espaciais do
triangulo equilatero.
S3 = {I, σ, τ, τ2, σ ◦ τ, σ ◦ τ2 ; σ2 = I, τ3 = I, τ ◦ σ = σ ◦ τ2},
onde I e a identidade, σ = (2, 3) e τ = (1, 2, 3) sao, respectivamente, as
bijecoes
I : {1, 2, 3} −→ {1, 2, 3}
1 7−→ 1
2 7−→ 2
3 7−→ 3
,
σ : {1, 2, 3} −→ {1, 2, 3}
1 7−→ 1
2 7−→ 3
3 7−→ 2
e
τ : {1, 2, 3} −→ {1, 2, 3}
1 7−→ 2
2 7−→ 3
3 7−→ 1
Verifique que τ2 = (1, 3, 2), σ ◦ τ = (1, 3) e σ ◦ τ2 = (1, 2).
Consideremos os subgrupos H =< σ >= {I, σ} e K =< τ >= {I, τ, τ2}.
Temos iS3(H) = 6
2= 3 e iS3
(K) = 63
= 2.
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Subgrupo normal e o grupo quocientePARTE 2 - SECAO 1
Classes a direita de H em G Classes a esquerda de H em G
H = {I, σ} H = {I, σ}
Hτ = {τ, σ ◦ τ} τH = {τ, τ ◦ σ} = {τ, σ ◦ τ2}
Hτ2 = {τ2, σ ◦ τ2} τ2H = {τ2, τ2 ◦ σ} = {τ2, σ ◦ τ}
Nesse caso, nem toda classe a direita deH em S3 e uma classe a esquerda
de H em S3.
Classes a direita de K em G Classes a esquerda de K em G
K = {I, τ, τ2} K = {I, τ, τ2}
Kσ = {σ, τ ◦ σ, τ2 ◦ σ} = {σ, σ ◦ τ2, σ ◦ τ} σK = {σ, σ ◦ τ, σ ◦ τ2}
Nesse caso, cada classe a direita de K em S3 e uma classe a esquerda
de K em S3.
Galois percebeu que os subgrupos, tais que toda classe a direita e uma
classe a esquerda, deviam ser distinguidos dos demais subgrupos.
Definicao 1 (Subgrupo normal)
Seja (G, ·) um grupo. Um subgrupo N de G e um subgrupo normal de G se,
e somente se, toda classe a direita de N em G e uma classe a esquerda de N
em G. Escrevemos N ⊳ G.
Quais sao as classes do
subgrupo H = G no grupo
G? Quais sao as classes do
subgrupo H = {e} no grupo
G?
Exemplo 3
Seja (G, ·) um grupo. Entao, G e {e} sao subgrupos normais de G.
Exemplo 4
O subgrupo K = {I, τ, τ2} = 〈τ〉 e um subgrupo normal de S3.
O subgrupo H = {I, σ} = 〈σ〉 nao e um subgrupo normal de S3.
Exemplo 5
Se (G, ·) e um grupo abeliano, entao todo subgrupo e normal.
De fato, se H e um subgrupo de G e a ∈ G, entao para qualquer h ∈ H
temos ah = ha, logo aH = Ha.
Verifique!
Exemplo 6
Seja D4 = {SiRj | i = 0, 1; j = 0, 1, 2, 3; S2 = I, R4 = I, RS = SR3}.
Seja N = 〈R〉 = {I, R, R2, R3}. Entao, N e um subgrupo normal de D4.
Lema 1
Sejam (G, ·) um grupo e N um subgrupo de G. N e um subgrupo normal de
G se, e somente se, aN = Na, para cada a ∈ G.
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Subgrupo normal e o grupo quociente
Demonstracao: Suponhamos que N seja um subgrupo normal de G e seja
a ∈ G. Entao, a classe a direita Na e uma classe a esquerda e como
a = a · e ∈ aN temos que Na = aN. Reciprocamente, se Na = aN, para
cada a ∈ G, entao e obvio que cada classe a direita de N em G e uma classe
a esquerda. �
Proposicao 1
Sejam (G, ·) um grupo e N um subgrupo de G. N e um subgrupo normal de
G se, e somente se, aNa−1 ⊂ N, para cada a ∈ G.
Demonstracao: Suponhamos que N seja um subgrupo normal de G. Pelo
Lema anterior, temos que, para cada a ∈ G, aN = Na, logo aNa−1 = N,
em particular, aNa−1 ⊂ N. Reciprocamente, suponhamos que, para cada
b ∈ G, bNb−1 ⊂ N. Entao,
Na primeira inclusao usamos
que a−1Na⊂ N, fazendo
b = a−1.
N = (a · a−1)N(a · a−1) = a(a−1Na)a−1 ⊂ aNa−1 ⊂ N,
para cada a ∈ G.
Portanto, aNa−1 = N, para cada a ∈ G, isto e, aN = Na, para cada
a ∈ G. Pelo Lema anterior, N e um subgrupo normal de G. �
Com os subgrupos normais podemos dar ao conjunto quociente uma
estrutura de grupo.
Proposicao 2 (Grupo quociente)
Sejam (G, ·) um grupo e N um subgrupo normal de G. O conjunto quociente
G/N = {Na ; a ∈ G} e um grupo com a operacao
Na ·Nb = Nab.
Mais ainda, | G/N |= iG(N) e se G e finito, entao | G/N |=| G |
| N |.
Demonstracao: Primeiramente, vamos mostrar que a operacao independe dos
representantes das classes.
De fato, se Na = Nc e Nb = Nd, entao a · c−1 = n1 ∈ N, assim como,
b · d−1 = n2 ∈ N, logoNa igualdade (1) usamos que
aN = Na, assim, existe
n3 ∈ N tal que
a · n2 = n3 · a. a ·b · (c ·d)−1 = a · (b ·d−1) ·c−1 = (a ·n2) ·c−1 (1)
= (n3 ·a) ·c−1 = n3 ·n1 ∈ N,
mostrando que Nab = Ncd.
Agora vamos mostrar as propriedades da operacao.
Sejam a, b, c ∈ G.
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UFF 62
Subgrupo normal e o grupo quocientePARTE 2 - SECAO 1
(i) (Associativa) (Na ·Nb) ·Nc = Na · (Nb ·Nc).
(Na ·Nb) ·Nc = Nab ·Nc = N(ab)c(1)= Na(bc)
= Na ·Nbc = Na · (Nb ·Nc).
Em todas as igualdades
usamos a definicao da
operacao em G/N, exceto
em (1), onde usamos a
associatividade da operacao
de G.
(ii) (Existencia de elemento neutro) N = Ne e o elemento neutro.
Ne ·Na = Na ·Ne = Na, para todo Na ∈ G/N.
(iii) (Existencia de inverso) O inverso de Na e Na−1.
Na ·Na−1 = Na−1 ·Na = N. �
σ2 = σ◦ σ = I.
Exemplo 7
Seja K = {I, τ, τ2}. O grupo quociente S3/K = {K, Kσ} e um grupo cıclico
com 2 elementos gerado por Kσ, pois Kσ · Kσ = Kσ2 = KI = K.
Exemplo 8
Seja n ∈ N tal que n ≥ 1. Consideremos o subgrupo normal nZ de Z. O
grupo quociente e
Z/nZ tambem e denotado
por Zn e a operacao do
grupo quociente e a adicao
modulo n.
Z/nZ = { nZ, nZ + 1, . . . , nZ + (n− 1) } = { 0, . . . , n− 1 },
onde r = nZ + r.
Nesse caso, apesar de Z ser um grupo infinito, o grupo quociente e finito,
com | Z/nZ |= n.
Completamos agora os resultados sobre homomorfismos de grupos.
Sejam (G, ·) e (G′, ⋆) grupos.
Lembramos que uma funcao ϕ : G −→ G′ e um homomorfismo de
grupos se, e somente se, ϕ(a · b) = ϕ(a) ⋆ ϕ(b), para quaisquer a, b ∈ G.
Mais ainda, ϕ e injetor se, e somente se, Nucleo(ϕ) = {eG}, onde
Nucleo(ϕ) = {x ∈ G ; ϕ(x) = eG′}. Nucleo(ϕ) e um subgrupo de
G.
Exemplo 9
Sejam (G, ·) um grupo e N um subgrupo normal de G.
Verifique!A funcao projecao π : G −→ G/N definida, de maneira natural, por
π(a) = Na e um homomorfismo sobrejetor com Nucleo(π) = N.
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Subgrupo normal e o grupo quociente
Proposicao 3 (Propriedade do nucleo)
Seja ϕ : G −→ G′ um homomorfismo do grupo (G, ·) no grupo (G′, ⋆). Entao,
N = Nucleo(ϕ) e um subgrupo normal de G.
Demonstracao: Como ϕ(eG) = eG′, temos que eG ∈ N. Alem disso, se
a, b ∈ N, entao ϕ(a · b) = ϕ(a) ⋆ ϕ(b) = eG′ ⋆ eG′ = eG′ e ϕ(a−1) =
(ϕ(a))−1 = e−1G′ = eG′, logo a · b ∈ N e a−1 ∈ N, portanto N e um subgrupo
de G. Agora precisamos mostrar que N e normal em G. De fato, se a ∈ G e
n ∈ N, entao
ϕ(a · n · a−1) = ϕ(a) ⋆ϕ(n) ⋆ϕ(a−1) = ϕ(a) ⋆ eG′ ⋆ (ϕ(a))−1 = eG′ ,
mostrando que a · n · a−1 ∈ N, isto e, aNa−1 ⊂ N. Logo, N ⊳ G. �
Teorema 1 (Teorema Fundamental dos homomorfismos de grupos)
Sejam (G, ·) e (G′, ⋆) grupos. Seja ϕ : G −→ G′ um homomorfismo de
grupos sobrejetor com nucleo N. Entao, existe um unico isomorfismo de
grupos ϕ : G/N −→ G′, tal que ϕ = ϕ ◦ π, onde π : G −→ G/N e o
homomorfismo projecao definido por π(a) = a = Na. Equivalentemente,
dizemos que existe um unico isomorfismo ϕ : G/N −→ G′, tal que o seguinte
diagrama e comutativo
Gϕ
−→ G′
π ↓ϕ
րG/N
aϕ
−→ ϕ(a)
↓ϕ
րπ(a) = Na
Demonstracao: Devemos mostrar a existencia e a unicidade do isomorfismo
ϕ. Primeiramente, vamos mostrar a unicidade. Suponhamos que exista um
homomorfismo ϕ : G/N −→ G′ tal que ϕ = ϕ ◦ π. Entao,
ϕ(Na) = ϕ(π(a)) = (ϕ ◦ π)(a) = ϕ(a), para qualquer Na ∈ G/N,
mostrando a unicidade do homomorfismo.
Definimos entao ϕ(Na) = ϕ(a).
Vamos mostrar que ϕ e um isomorfismo de grupos. De fato, sejam
a, b ∈ G com Na = Nb. Entao,Primeiramente, precisamos
mostrar que o valor de ϕ
independe do representante
da classe de G/N. a · b−1 ∈ N e eG′ = ϕ(a · b−1) = ϕ(a) ⋆ (ϕ(b))−1.
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Subgrupo normal e o grupo quocientePARTE 2 - SECAO 1
Donde ϕ(a) = ϕ(b), portanto ϕ(Na) = ϕ(Nb) e ϕ esta bem definida, isto
e, ϕ e uma funcao. Alem disso:
ϕ(Na ·Nb)(1)= ϕ(Na · b)
(2)= ϕ(a · b)
(3)= ϕ(a) ⋆ϕ(b)
(4)= ϕ(Na) ⋆ϕ(Nb),
Usamos em (1) a definicao
da operacao em G/N; em
(2) e (4), a definicao de ϕ e
em (3), o fato de ϕ ser
homomorfismo.mostrando que ϕ e um homomorfismo de grupos.
Seja agora Na ∈ G/N tal que eG′ = ϕ(Na) = ϕ(a). Entao, a ∈ N,
logo Na = N e ϕ e injetor.
Como ϕ e sobrejetor, para cada a′ ∈ G′ existe a ∈ G, tal que
a′ = ϕ(a) = ϕ(Na). Logo, existe Na ∈ G/N, tal que a′ = ϕ(Na), mos-
trando que ϕ e sobrejetor. Portanto, ϕ e um isomorfismo de grupos.
�
Veremos agora uma aplicacao muito interessante do grupo quociente.
Teorema 2 (Teorema de Cauchy para grupos abelianos)
Seja (G, ·) um grupo abeliano finito. Se p e um natural primo que divide a
ordem de G, entao existe a ∈ G, a 6= e, tal que ap = e.
Demonstracao: A demonstracao e por inducao sobre a ordem de G.
Nesse caso, G tem elemento
de ordem p.
Se | G |= 1, entao G = {e} e nada ha a demonstrar.
Suponhamos o resultado valido para grupos T , com 1 ≤ |T | < |G|.
Vamos mostrar que vale para G.
Faca o Exercıcio 4 dessa
Secao.
Se G nao tem subgrupos diferentes de {e} e G, entao G e cıclico de
ordem prima, o unico divisor primo de |G| e |G| e G tem |G| − 1 elementos
de ordem |G|.
Podemos supor que G tenha subgrupo N, N 6= {e} e N 6= G. Entao,
1 < |N| < |G|.
Seja p um natural primo tal que p divide |G|.N e subgrupo de G se, e
somente se, N e um grupo
com a operacao de G.
Se p divide |N|, como N e um grupo abeliano, por hipotese de inducao,
existe a ∈ N ⊂ G, tal que a 6= e e ap = e, e encontramos o elemento
procurado.
Num grupo abeliano, todo
subgrupo e normal.
Tambem, se G e abeliano,
entao G/N e abeliano.
Portanto, podemos supor que p nao divida |N|. Consideremos o grupo
quociente G/N. Como |G/N| =|G|
|N|, p | |G| e p ∤ |N|, temos que p divide
|G/N| e |G/N| < |G|. Por hipotese de inducao, existe Nb ∈ G/N, tal que
Nb 6= N e (Nb)p = N.
Assim, b 6∈ N. Entretanto, N = (Nb)p = Nbp, isto e, bp ∈ N. Por
Corolario do Teorema de Lagrange, e = (bp)|N| = bp|N| = (b|N|)p.
Seja a = b|N|. Afirmamos que a 6= e.
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Subgrupo normal e o grupo quociente
De fato, suponhamos, por absurdo, que b|N| = e. Como p e primo
e nao divide |N|, entao mdc(p, |N|) = 1, logo existem α, β ∈ Z, tais que
1 = α|N| + βp. Entao,
Nb = (Nb)1 = (Nb)α|N|+βp = (Nb|N|)α · (Nbp)β = Nα ·Nβ = N ·N = N,
contradizendo o fato de que b 6∈ N.
Concluımos entao que a = b|N| ∈ G e o elemento procurado. �
Exemplo 10
Todo grupo abeliano de ordem 6 e cıclico.
Quando a · b = b · a, temos
que (a · b)n = an · bn , para
todo n ∈ Z.
De fato, seja (G, ·) um grupo abeliano com |G| = 6 = 2 · 3. Pelo Teorema
de Cauchy para grupos abelianos, existem a, b ∈ G, com a 6= e e b 6= e,
tais que a2 = e e b3 = e. Afirmo que c = a · b tem ordem 6. E claro que
c6 = (a · b)6 = a6 · b6 = (a2)3 · (b3)2 = e. Por outro lado, seja n ≥ 1, tal
que e = cn = an · bn. Entao, an = b−n ∈ H ∩ K, onde H = 〈a〉 e K = 〈b〉.
Pelo Teorema de Lagrange, |H ∩ K| divide |H| = 2 e |H ∩ K| divide |K| = 3,
logo |H ∩ K| = 1, que e equivalente a H ∩ K = {e}. Portanto, an = e e
bn = e. Logo, 2 = ◦(a) divide n e 3 = ◦(b) divide n, isto e, n e multiplo do
mmc(2, 3) = 6.
Desse modo, o menor inteiro positivo tal que cn = e e 6, mostrando que
◦(c) = 6. Como 〈c〉 ⊂ G e |〈c〉| = |G| < ∞, entao 〈c〉 = G e G e cıclico.
Exercıcios
1. Sejam a, b elementos do grupo abeliano (G, ·).
(a) Mostre que (a · b)n = an · bn, para todo n ∈ Z.
(b) Mostre que se ◦(a) = m, ◦(b) = n e mdc(n,m) = 1, entao
◦(a · b) = mn.
(c) Mostre que se ◦(a) = m e ◦(b) = n, entao existe c ∈ G tal que
◦(c) = mmc(m,n).
Escolha de modo conveniente
s,r > 0 e tome c = ar · bs .
2. Seja (G, ·) um grupo com elemento neutro e.
Mostre que se x2 = e para todo x ∈ G, entao G e abeliano.
3. Seja (G, ·) um grupo com 2n elementos, onde n ≥ 1.
Prove que existe x ∈ G, x 6= e, tal que x2 = e, onde e e o elemento
neutro.
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Subgrupo normal e o grupo quocientePARTE 2 - SECAO 1
4. Seja G 6= {e} um grupo que so tem subgrupos triviais.
Mostre que G e um grupo finito de ordem prima.
5. Seja H um subgrupo de um grupo (G, ·). Definimos
C(H) = { x ∈ G ; x · h = h · x , para todo h ∈ H }.
Mostre que C(H) e um subgrupo de G.
6. Mostre que se N e H sao subgrupos normais de G, entao N∩H e normal
em G.
7. Mostre que se N e H sao subgrupos de G e H e normal em G, entao
H ∩N e um subgrupo normal de N.
De um exemplo mostrando que H ∩N pode nao ser normal em G.
8. Mostre que se G e um grupo abeliano, entao todo subgrupo de G e
normal em G.
9. Seja G um grupo finito que tem um unico subgrupo H com ordem de
H elementos. Mostre que H e um subgrupo normal de G.
10. Se um subgrupo cıclico T de um grupo G e normal em G, entao todo
subgrupo de T e normal em G.
11. Seja (G, ·) um grupo e H um subgrupo de G tal que (G : H) = 2.
Mostre que H e normal em G.
12. Prove, usando um exemplo, que existem um grupo G e subgrupos E e
F com E ⊂ F ⊂ G, onde E e normal em F, F e normal em G, mas E nao
e normal em G. Sugestao: Procure o exemplo em S4.
13. Seja H um subgrupo de (G, ·) e seja N(H), o normalizador de H, defi-
nido por
N(H) = {x ∈ G ; xHx−1 = H}.
Mostre que:
(a) N(H) e um subgrupo de G, H ⊂ N(H) e H e normal em N(H).
(b) Se H e um subgrupo normal de um subgrupo K de G, entao
K ⊂ N(H). (Isto e, N(H) e o maior subgrupo de G no qual H e
normal.)
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Subgrupo normal e o grupo quociente
(c) H e um subgrupo normal de G se, e somente se, N(H) = G.
14. Seja (G, ·) um grupo. O centro de G e o conjunto
Z(G) = {x ∈ G ; gx = xg, para todo g ∈ G}.
Mostre que:
(a) Z(G) e um subgrupo de G.
(b) Z(G) e normal em G.
(c) Se H e um subgrupo de Z(G), entao H e um subgrupo normal de
G.
15. Mostre que:
(a) Z(S3) = {I}.
(b) Z(D4) = {I, R2} = 〈R2〉.
16. Seja K um corpo e GL(n, K) = { A ∈Mn×n(K) ; A e invertıvel }.
(a) Mostre que GL(n, K) e um grupo com a operacao de multiplicacao
de matrizes.
(b) Seja SL(n, K) = { A ∈ GL(n, K) ; det(A) = 1}.
Mostre que SL(n, K) e um subgrupo normal de GL(n, K).
17. Se N e um subgrupo normal de um grupo G e a ∈ G tem ordem ◦(a),
mostre que ◦(Na), a ordem de Na em G/N, divide ◦(a).
18. Seja N um subgrupo normal de um grupo finito (G, ·), tal que |N| e
iG(N) = (G : N) sao primos entre si.
Mostre que se x ∈ G e x|N| = e, entao x ∈ N.
19. Seja (G, ·) um grupo tal que (a ·b)p = ap ·bp, para quaisquer a, b ∈ G,
onde p e um numero natural primo.
Seja S = { x ∈ G ; xpm
= e , para algum m ≥ 1 dependendo de x }.
(a) Mostre que S e um subgrupo normal de G.
(b) Mostre que se G = G/S e se x ∈ G e tal que xp = e, entao x = e.
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Subgrupo normal e o grupo quocientePARTE 2 - SECAO 1
20. Seja G =
{ (a b
0 d
);a, b, d ∈ R e ad 6= 0
}, com a operacao de
multiplicacao de matrizes. Seja N =
{ (1 b
0 1
); b ∈ R
}.
Mostre que N e um subgrupo normal de G e que G/N e abeliano.
21. Vendo Z como um subgrupo aditivo do grupo aditivo dos numeros
racionais Q, mostre que dado x ∈ Q/Z existe um inteiro n ≥ 1, tal que
nx = 0.
22. Mostre que cada classe de Z em R tem um representante x, tal que
0 ≤ x < 1.Estamos olhando para o
grupo aditivo R/Z.
23. Seja D o subgrupo de R gerado por 2π (R e um grupo aditivo). Seja
R+ o grupo multiplicativo dos numeros reais positivos e seja C∗ o grupo
multiplicativo dos numeros complexos nao-nulos.
Mostre que ϕ : R+ × R/D −→ C∗ definida por ϕ(r, θ) = reiθ e um
isomorfismo de grupos.
Estamos olhando para o
grupo multiplicativo C∗/R+ .24. Mostre que cada classe de R+ em C∗ tem um unico representante com-
plexo de valor absoluto 1.
Sejam f : A−→ B uma
funcao e C⊂ B. A imagem
inversa de C por f e o
subconjunto de A
f−1(C) = {x∈ A;f(x) ∈ C}.
25. Sejam ϕ : G −→ G′ um homomorfismo sobrejetor de grupos e
N = nucleo(ϕ). Mostre que:
(a) Se H e um subgrupo de G e H ⊃ N, entao ϕ(H) e um subgrupo
de G′ e ϕ−1(ϕ(H)) = H.
(b) Se H′ e um subgrupo de G′, entao ϕ−1(H′) e um subgrupo de G
contendo N e ϕ(ϕ−1(H′)) = H′.
(c) As aplicacoes{
subgrupos de G
que contem N
}−→
{subgrupos de G′
}
H 7−→ ϕ(H)
e
{subgrupos de G′
}−→
{subgrupos de G
que contem N
}
H′ 7→ ϕ−1(H′)
sao bijecoes e inversas uma da outra. Alem disso, essas bijecoes
levam subgrupos normais em subgrupos normais, isto e:
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69 UFF
Subgrupo normal e o grupo quociente
i. Se H⊳G, entao ϕ(H) ⊳G′.
ii. Se H′⊳G′, entao ϕ−1(H′) ⊳G.
26. Seja N um subgrupo normal do grupo (G, ·).
Seja π : G −→ G/N o homomorfismo definido por π(x) = Nx.
Mostre que:
(a) Se H e um subgrupo de G e H ⊃ N, entao
Observamos que H = H/N. H := π(H) = {Nx ; x ∈ H}
e um subgrupo de G/N.
Alem disso, se H⊳G, entao H⊳G/N.
(b) Se H e um subgrupo de G/N, entao
H := {x ∈ G ; Nx ∈ H}
e um subgrupo de G, H ⊃ N e π(H) = H.
Alem disso, se H⊳G/N, entao H⊳G.
27. Sejam m ≥ 2 e n ≥ 2 inteiros tais que mdc(m,n) = 1. Seja
ϕ : Z −→ Zm × Zn
x 7−→ (x, x),
onde x = x mod m e x = x mod n.
(a) Mostre que ϕ e um homomorfismo sobrejetor de grupos.
(b) Mostre que Nucleo(ϕ) = mnZ.
(c) Mostre que Zm × Zn e um grupo isomorfo a Zmn.
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UFF 70
Um princıpio de contagemPARTE 2 - SECAO 2
Um princıpio de contagem
Pretendemos tentar entender um grupo finito, estudando-o a partir de
seus subgrupos.
Como operando com elementos de certos subgrupos de um grupo finito
podemos obter todos os elementos do grupo?
Com esse objetivo, vamos estudar um tipo especial de subconjunto que
pode ser construıdo dentro de um grupo, usando dois dos seus subgrupos.
Definicao 2
Sejam H e K subgrupos de um grupo (G, ·). Definimos o subconjunto HK de
G por
HK = { h · k ; h ∈ H, k ∈ K}.
Observacao: Em virtude de e ∈ K, temos que H ⊂ HK ⊂ G. Analogamente,
como e ∈ H, temos que K ⊂ HK ⊂ G.
Da definicao acima,
HH = {h1h2 ; h1,h2 ∈ H}.
Exemplo 11
Para qualquer subgrupo H de um grupo (G, ·), temos que H ⊂ HH ⊂ H, isto
e, H = HH.
Exemplo 12
Consideremos os subgrupos H = {I, σ}, K = {I, τ, τ2} e L = {I, στ} do grupo
S3 = {I, σ, τ, τ2, στ, στ2 ; σ2 = I, τ3 = I, τσ = στ2}. Temos que:
HL = {I, στ, σ, σ(στ) = τ},
LH = {I, σ, στ, (στ)σ = σ(τσ) = σ(στ2) = τ2},
HK = {I, τ, τ2, σ, στ, στ2} e
KH = {I, σ, τ, τσ = στ2, τ2, τ2σ = στ}, onde τ2σ = τ(τσ) = τ(στ2) =
(τσ)τ2 = (στ2)τ2 = στ
Quais sao os subgrupos
nao-triviais de S3? Sao 4.
Determine-os.
Observamos que HL 6= LH e nenhum desses subconjuntos e um subgrupo de
S3. Enquanto, HK = KH = S3.
E possıvel determinar o numero de elementos do conjunto HK, quando
ambos os subgrupos sao finitos.
Proposicao 4 (Um princıpio de contagem)
Sejam H e K subgrupos finitos de um grupo (G, ·). Entao,
|HK| =|H||K|
|H ∩ K|.
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Um princıpio de contagem
Demonstracao: Primeiramente, observamos que para cada u ∈ H ∩ K, temos
u−1 ∈ H ∩ K eLembre que . . .
H∩ K e um subgrupo de G.
hk = (hu)︸︷︷︸∈H
(u−1k)︸ ︷︷ ︸∈K
, para quaisquer h ∈ H e k ∈ K.
Por outro lado, para h, h1 ∈ H e k, k1 ∈ K, temos:
h · k = h1 · k1 ⇐⇒ h1−1 · h = k1 · k
−1 ∈ H ∩ K
⇐⇒ existe u ∈ H ∩ K, tal que h1−1 · h = u e k1 · k
−1 = u
⇐⇒ existe u ∈ H ∩ K, tal que h = h1 · u e k = u−1 · k1.
Portanto, vale a formula proposta. �
Exemplo 13
Consideremos o grupo D4, subgrupo de S4, a saber,
R pode ser,
geometricamente,
identificado com a rotacao
de π4
ou com a bijecao
(1,2,3,4).
S pode ser, geometricamente,
identificado a simetria com
respeito a uma diagonal do
quadrado ou a bijecao
(1,3)(2,4).
D4 = { SiRj ; i = 0, 1; j = 0, 1, 2, 3; S2 = I, R4 = I, RS = SR3 }.
Sejam H = 〈S〉 = {I, S}, N = 〈R〉 = {I, R, R2, R3}, K = 〈R2〉 = {I, R2}, L =
{I, SR, R2, SR3} e M = {I, SR}.
Determine o numero de elementos dos subconjuntos HK, KH, HN, NH, NL,
LN, HM, MH, NM eMN. Determine os subconjuntos e compare-os. Quais
sao subgrupos de D4?
Considerando que sabemos contar os elementos do conjunto HK, se
ambos sao finitos, o interessante e quando o conjunto HK e um subgrupo de
G. A seguinte proposicao responde a essa questao.
Proposicao 5
Sejam H e K subgrupos do grupo (G, ·).
HK e um subgrupo de G se, e somente se, HK = KH.
Demonstracao: Suponhamos que HK seja um subgrupo de G. Seja x ∈ HK.
Entao, x−1 ∈ HK, isto e, x−1 = h · k, com h ∈ H e k ∈ K. Assim,
x = (x−1)−1 = (h · k)−1 = k−1 · h−1 ∈ KH, mostrando que HK ⊂ KH.
Para todo h ∈ H e k ∈ K, temos que h−1 ∈ H e k−1 ∈ K. Portanto,
k · h = (h−1 · k−1)−1 ∈ HK, nos da que KH ⊂ HK.
Cuidado! A igualdade ao
lado e de conjuntos.
Reciprocamente, suponhamos que HK = KH. Como e ∈ H e e ∈ K,
entao e = e · e ∈ HK. Sejam h, h1 ∈ H, k, k1 ∈ K, x = h · k ∈ HK e
y = h1 · k1 ∈ HK. Como HK = KH, entao existem h2 ∈ H e k2 ∈ K, tais que
k · h1 = h2 · k2. Assim,
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UFF 72
Um princıpio de contagemPARTE 2 - SECAO 2
x·y = (h·k)·(h1·k1)(1)= h·(k·h1)·k1
(2)= h·(h2·k2)·k1
(3)= (h·h2)·(k2·k1) ∈ HK.
Alem disso, x−1 = (h · k)−1 = k−1 · h−1 ∈ KH = HK. �
Em (1) e (3) usamos a
associatividade da operacao
de G e em (2), a igualdade
acima.
Corolario 1
Se H e K sao subgrupos de um grupo abeliano (G, ·), entaoHK e um subgrupo
de G.
Exercıcios
1. Sejam H e K subgrupos de um grupo finito (G, ·), tais que |H| >√
|G|
e |K| >√
|G|. Mostre que H ∩ K 6= {e}.
2. Seja (G, ·) um grupo de ordem pq, onde p e q sao primos com p > q.
Mostre que G tem no maximo um subgrupo de ordem p.
3. Sejam N e H subgrupos de um grupo (G, ·).Esse Exercıcio e muito
importante. Vamos utilizar
os resultados na Secao 4.
(a) Mostre que se N ou H e normal em G, entao NH e um subgrupo
de G.
(b) Sejam N e H subgrupos normais de G.
i. Mostre que NH e um subgrupo normal de G.
ii. Mostre que se H ∩N = {e}, entao hn = nh, para quaisquer
h ∈ H e n ∈ N.
(c) Sejam N e H subgrupos normais de G, tais que N ∩ H = {e}.
Mostre que ϕ : N×H −→ NH definida por ϕ(n, h) = n · h e um
isomorfismo de grupos.
4. Seja ϕ : G −→ G′ um homomorfismo de grupos. Mostre que:
(a) Se H e um subgrupo de G, entao ϕ(H) e um subgrupo de G′ e
ϕ−1(ϕ(H)) = HN, onde N = nucleo(ϕ) .
Sejam f : A−→ B uma
funcao e C⊂ B. A imagem
inversa de C por f e o
subconjunto de A
f−1(C) = {x∈ A;f(x) ∈ C}.(b) Se H′ e um subgrupo de G′, entao ϕ−1(H′) e um subgrupo de G
contendo N = nucleo(ϕ) e ϕ(ϕ−1(H′)) = H′ ∩ Imagem(ϕ).
5. Seja (G, ·) um grupo e sejam H e K subgrupos de G.
Dados x, y ∈ G definimos
x ∼ y ⇐⇒ y = hxk, para algum h ∈ H e para algum k ∈ K.
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Um princıpio de contagem
Mostre que:
(a) ∼ e uma relacao de equivalencia em G.
(b) A classe de equivalencia de cada x ∈ G e o conjunto
HxK = { hxk ; h ∈ H e k ∈ K }.
(c) A funcao f : HxK −→ H(xKx−1) e uma bijecao.
(d) Se G e um grupo finito, entao o numero de elementos de HxK e
|HxK| =|H||K|
|H ∩ (xKx−1)|.
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A equacao de classe e aplicacoesPARTE 2 - SECAO 3
A equacao de classe e aplicacoes
A relacao de equivalencia modulo H, onde H e um subgrupo de um
grupo (G, ·) permite visualisar G por meio das classes a direita de H em G,
a saber, os subconjuntos Ha, onde a ∈ G. Desse modo, obtivemos o belo
Teorema de Lagrange para grupos finitos: |H| divide |G|.
Agora, vamos usar uma outra relacao de equivalencia no grupo G, para
fazer a contagem de seus elementos de maneira diferente.
Definicao 3 (Conjugacao)
Sejam (G, ·) um grupo e a, b ∈ G. Dizemos que b e conjugado de a se, e
somente se, existe x ∈ G tal que b = x−1ax. Escrevemos b ∼ a e chamamos
∼ de conjugacao.
Proposicao 6
A conjugacao e uma relacao de equivalencia em (G, ·).
Demonstracao: Como a = eae, temos que a ∼ a. Se b ∼ a, entao existe
x ∈ G tal que b = x−1ax, logo a = xbx−1 = (x−1)−1bx−1, com x−1 ∈ G,
mostrando que a ∼ b. Finalmente, suponhamos que a ∼ b e b ∼ c. Entao,
existem x, y ∈ G, tais que a = x−1bx e b = y−1cy, logo a = x−1(y−1cy)x =
(yx)−1c(yx), mostrando que a ∼ c. �
Definicao 4 (Classe de conjugacao)
Seja (G, ·) um grupo e ∼ a conjugacao. Para cada a ∈ G definimos a classe
de conjugacao de a por
C(a) = {b ∈ G ; b ∼ a} = {x−1ax ; x ∈ G}.
Exemplo 14
Em qualquer grupo (G, ·), temos que C(e) = {e}.
Exemplo 15
Se (G, ·) e um grupo abeliano, entao C(a) = {a}, para todo a ∈ G.
Observacao: Como a conjugacao e uma relacao de equivalencia em G, temos
que:
(i) C(a) ∩ C(b) 6= ∅ ⇐⇒ C(a) = C(b) ⇐⇒ a ∼ b;
(ii) G =⋃C(a).
Portanto, esta uniao e disjunta nas classes distintas.
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A equacao de classe e aplicacoes
Corolario 2
Seja (G, ·) um grupo finito e ∼ a conjugacao. Seja ca = |C(a)|. Entao,
|G| =∑ca, onde a soma e feita nas classes distintas.
Demonstracao: E imediata, a partir da observacao acima. �
A conjugacao desempenha um papel muito importante, quando o grupo
e finito e, obviamente, nao-abeliano.
O nosso objetivo sera determinar ca.
Definicao 5 (Normalizador de um elemento)
Seja (G, ·) um grupo. Seja a ∈ G. O normalizador de a e o conjunto
O normalizador de a e o
conjunto dos elementos do
grupo que comutam com a.
N(a) = {x ∈ G ; ax = xa}.
Exemplo 16
Em qualquer grupo (G, ·), temos que:
N(e) = G;
〈a〉 ⊂ N(a).
Exemplo 17
Se (G, ·) e um grupo abeliano, entao N(a) = G, para todo a ∈ G.
Exemplo 18
Seja (G, ·) um grupo nao-abeliano.
Entao, existem a, b ∈ G tais que ab 6= ba. Logo, b 6∈ N(a) e N(a) ( G.
Proposicao 7
Seja (G, ·) um grupo. N(a) e um subgrupo de G, para todo a ∈ G.
Demonstracao: E claro que e ∈ N(a).
Para cada x ∈ N(a), temos que ax = xa, logo
ax−1 = (x−1x)(ax−1) = x−1(xa)x−1 = x−1(ax)x−1 = (x−1a)(xx−1) = x−1a,
mostrando que x−1 ∈ N(a).
Sejam agora x, y ∈ N(a). Entao, ax = xa, ay = ya e
a(xy) = (ax)y = (xa)y = x(ay) = x(ya) = (xy)a,
mostrando que xy ∈ N(a). �
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A equacao de classe e aplicacoesPARTE 2 - SECAO 3
Agora podemos determinar ca = |C(a)|, para cada a em um grupo
finito.
Teorema 3
Seja (G, ·) um grupo finito. Entao, para cada a ∈ G,
ca =|G|
|N(a)|= (G : N(a)) = iG(N(a)).
Demonstracao: Vamos construir uma bijecao entre o conjunto das classes
a direita de N(a) em G e o conjunto C(a), a classe de conjugacao de a,
mostrando que tem o mesmo numero de elementos, isto e, (G : N(a)) = ca.
Seja f : {N(a)x ; x ∈ G} −→ C(a) = {x−1ax ; x ∈ G} definida por
f(N(a)x) = x−1ax. Primeiramente, vamos verificar que f e uma funcao, isto
e, f independe do representante da classe a direita. De fato, sejam x, y ∈ G:
Multiplicamos a esquerda da
igualdade por x−1 e a
direita por y.
N(a)x = N(a)y se, e somente se, xy−1 ∈ N(a)
se, e somente se, (xy−1)a = a(xy−1)
se, e somente se, y−1ay = x−1ax,
mostrando tambem que f e injetora.
Alem disso, pela definicao do contradomınio de f, temos que f e sobre-
jetora. Portanto, f e uma bijecao. �
Corolario 3 (Equacao de classe)
Seja (G, ·) um grupo finito. Entao,
|G| =∑ |G|
|N(a)|,
onde a soma e feita nas classes de conjugacao distintas.
Demonstracao: Pelo Corolario 2 e pelo Teorema anterior, temos:
|G| =∑ca =
∑ |G|
|N(a)|,
onde a primeira soma e feita nas classes de conjugacao distintas. �
Com o objetivo de ver algumas aplicacoes belıssimas da Equacao de
classe, introduzimos o conceito de centro de um grupo.
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A equacao de classe e aplicacoes
Definicao 6 (Centro de um grupo)
Seja (G, ·) um grupo. O centro de G e o conjunto
Z(G) = {x ∈ G ; xa = ax, para todo a ∈ G}.
Observacao: Z(G) e um subgrupo de G e e claro que, para qualquer a ∈ G,
Z(G) ⊂ N(a) ⊂ G.Veja Exercıcio 14 da Secao 1.
Proposicao 8
Seja (G, ·) um grupo e seja a ∈ G. Entao, a ∈ Z(G) se, e somente se,
N(a) = G. Se G e um grupo finito, entao a ∈ Z(G) se, e somente se,
|N(a)| = |G|.
Demonstracao:
a ∈ Z(G) ⇐⇒ ax = xa, para todo x ∈ G
⇐⇒ para todo x ∈ G, x ∈ N(a)
⇐⇒ G ⊂ N(a)
⇐⇒ G = N(a).A ultima equivalencia segue
do fato de N(a)⊂ G.
A ultima afirmacao e obvia. �
No estudo dos grupos finitos, conforme veremos com o Teorema de
Sylow, desempenham um papel muito importante os seus subgrupos cuja
ordem sao da forma pn, para algum primo p que divide a ordem do grupo,
motivando a seguinte definicao.
Definicao 7 (p-grupos finitos)
Seja p um natural primo. Um grupo finito (G, ·) e chamado um p-grupo se,
e somente se, |G| = pn, para algum n ∈ N.
Exemplo 19
Sabemos que os grupos de ordem 4, a menos de isomorfismo, sao Z4 ou
Z2×Z2, isto e, os grupos de ordem 4 sao o cıclico de ordem 4 ou o grupo de
Klein, ambos grupos abelianos.
Modelos multiplicativos para os grupos de ordem 4 sao:
(i) As raızes complexas da unidade: {1,−1, i,−i} = 〈i〉.
(ii) Os invertıveis do anel Z8: Z⋆
8 = {1, 3, 5, 7}.
Os grupos de ordem 22 sao abelianos, conforme foi visto num Curso
elementar de grupos. Como uma aplicacao da Equacao de classe, vamos
generalizar esse resultado.
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UFF 78
A equacao de classe e aplicacoesPARTE 2 - SECAO 3
Teorema 4 (Centro de p-grupos)
Se (G, ·) e um grupo tal que |G| = pn, onde p e um natural primo e n ≥ 1,
entao Z(G) 6= {e}.
Demonstracao: Seja a ∈ G. Como N(a) e um subgrupo de G, pelo Teorema
de Lagrange, |N(a)| divide |G|, logo |N(a)| = pna , onde 0 ≤ na ≤ n. Pela
Proposicao anterior, a ∈ Z(G) se, e somente se, na = n. Seja z = |Z(G)|.
Consideremos a Equacao de classe de G.
A classe de conjugacao de
a ∈ Z(G) e o conjunto
unitario {a}. Entao, ha z
elementos com na = n.
|G| =∑ |G|
|N(a)|, onde a soma e nas classes de conjugacao distintas,
pn =∑
na=n
|G|
|N(a)|+
∑
na<n
|G|
|N(a)|
pn = z+∑
na<n
|G|
|N(a)|︸ ︷︷ ︸p divide
Como p divide pn e divide cada parcela do tipo pn−na , com na < n,
obtemos que p divide z. Logo, z ≥ p e Z(G) 6= {e}. �
Corolario 4 (Grupos de ordem p2)
Se (G, ·) e um grupo de ordem p2, onde p e primo, entao G e abeliano.
Demonstracao: G e abeliano se, e somente se, G = Z(G). Vamos mostrar que
|Z(G)| = p2.
Como Z(G) 6= {e} e um subgrupo, pelo Teorema de Lagrange, |Z(G)| =
p ou |Z(G)| = p2. Suponhamos, por absurdo, que |Z(G)| = p. Entao, existe
a ∈ G, tal que a 6∈ Z(G). Logo, Z(G) ( N(a). Pela Proposicao 8, temos
que N(a) ( G. Assim, p = |Z(G)| < |N(a)| < |G| = p2, contradizendo o
Teorema de Lagrange. �
Voce vai classificar os grupos
de ordem p2 .
Faca agora os Exercıcios 5 e 6 dessa Secao.
A seguir, a segunda aplicacao da Equacao de classe de um grupo finito.
Teorema 5 (Teorema de Cauchy)
Seja (G, ·) um grupo finito. Se p e um natural primo e divide a ordem de G,
entao G tem um elemento de ordem p.
Demonstracao: Procuramos um elemento a ∈ G, a 6= e, tal que ap = e. A
demonstracao sera feita por inducao sobre a ordem de G.
Se |G| = 1, nada ha a demonstrar. Suponhamos o resultado valido para
os grupos G′ com 1 ≤ |G′| < |G|. Vamos mostrar que vale para G.
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A equacao de classe e aplicacoes
Suponhamos que os unicos subgrupos de G sejam os triviais, isto e, G
e {e}. Pelo Exercıcio 4 da Secao 1, G e cıclico de ordem prima e o primo tem
que ser p. Nesse caso, qualquer a ∈ G, a 6= e, tem ordem p.
Podemos supor que G tem subgrupo nao-trivial. Consideraremos dois
casos.
Caso 1: Existe subgrupo nao-trivial de G, digamos H, tal que p divide |H|.
Nesse caso, 1 < |H| < |G| e, pela hipotese de inducao, existe a ∈ H,
a 6= e, tal que ap = e, e a e o elemento de G procurado.
Caso 2: Para qualquer subgrupo nao-trivial H de G, p nao divide |H|.
Se a 6= e, entao {e} ( N(a),
pois {e,a} ⊂ 〈a〉 ⊂ N(a).
Nesse caso, sempre que a 6∈ Z(G), temos {e} ( N(a) ( G e p nao
divide |N(a)|. Escrevendo a Equacao de classe de G, temos:
N(a) = G ⇐⇒ a∈ Z(G).
Ha |Z(G)| classes de
conjugacao distintas com
C(a) = {a}.
|G| =∑ |G|
|N(a)|, onde a soma e nas classes de conjugacao distintas,
|G| =∑
N(a)=G
|G|
|N(a)|+
∑
N(a)6=G
|G|
|N(a)|
|G|︸︷︷︸p divide
= |Z(G)| +∑
N(a)6=G
|G|
|N(a)|︸ ︷︷ ︸p divide︸ ︷︷ ︸
p divide
Como p divide |G| e p nao divide |N(a)|, quando {e} ( N(a) ( G, entao
p divide cada parcela da direita do tipo|G|
|N(a)|. Logo, p divide |Z(G)|.
Por hipotese, p nao divide a ordem dos subgrupos proprios de G, entao
concluımos que Z(G) = G e G e abeliano. Pelo Teorema de Cauchy para
grupos abelianos, G tem elemento de ordem p. �
Exercıcios
1. Liste todas as classes de conjugacao C(a), para a ∈ S3, determine
ca =| C(a) | e verifique a equacao de classe em S3.
2. Liste todas as classes de conjugacao C(a) no grupo dos quaternios,
determine ca =| C(a) | e verifique a equacao de classe.
3. Se em um grupo finito G a classe de conjugacao de um elemento a tem
exatamente 2 elementos, prove que G tem um subgrupo normal N, tal
que N 6= { e } e N 6= G.
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UFF 80
A equacao de classe e aplicacoesPARTE 2 - SECAO 3
4. Sejam (G, ·) um grupo e Z(G) seu centro. Mostre que se G/Z(G) e
cıclico, entao G e abeliano.
5. Seja (G, ·) um grupo nao-cıclico de ordem p2.
(a) Mostre que existem subgrupos H e K de G, com |H| = p e |K| = p,
tais que H∩K = {e} e cada a ∈ G se escreve de uma unica maneira
como a = hk.
(b) Mostre que ϕ : H × K −→ G definida por ϕ((h, k)) = hk e um
isomorfismo de grupos.
(c) Mostre que G e isomorfo a Zp × Zp.
Neste Exercıcio voce vai
classificar os grupos de
ordem p2 .
6. Seja p um natural primo. Mostre que, a menos de isomorfismo, so ha
dois grupos de ordem p2, a saber, Zp2 e Zp × Zp.
7. Seja (G, ·) um grupo nao-abeliano de ordem p3, onde p e primo.
Mostre que | Z(G) |= p e G/Z(G) e isomorfo a Zp × Zp.
8. Seja G um grupo de ordem pm e seja H um subgrupo de G de ordem
pn, onde n < m.
Mostre que existe um subgrupo K de G tal que H⊳ K e | K |= pn+1.
Sugestao: Escolha x ∈ Z(G), com ◦(x) = p. Considere H < x > e os
casos x ∈ H ou x 6∈ H.
9. Seja G um grupo de ordem pm, p primo. Mostre que existem subgrupos
Ni, i = 0, . . . , r, para algum r, tais que
G = N0 ⊃ N1 ⊃ · · · ⊃ Nr = { e },
onde Ni ⊳Ni−1 e Ni−1/Ni e cıclico de ordem p.
10. Seja (G, ·) um grupo com |G| = pn, onde p e um primo e n ≥ 1.
Neste Exercıcio, voce vai
continuar a aprender alguns
resultados importantes sobre
os p-grupos finitos.
Lembre que Z(G) 6= {e} e,
pelo Teorema de Cauchy,
Z(G) tem subgrupo K com
|K| = p e K ⊳ G.
(a) Mostre que G tem subgrupos de ordem pα, para 0 ≤ α ≤ n.
Sugestao: inducao sobre n e passagem ao quociente para diminuir
o numero de elementos.
(b) Seja H 6= G um subgrupo de G. Mostre que existe x ∈ G, x 6∈ H,
tal que xHx−1 = H.
Sugestao: inducao sobre n (2a forma) e passagem ao quociente
para diminuir o numero de elementos, considerando os seguintes
casos: K 6⊂ H e K ⊂ H, onde K = 〈a〉, a ∈ Z(G) e ◦(a) = p.
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A equacao de classe e aplicacoes
(c) Mostre que qualquer subgrupo de G de ordem pn−1 e normal em
G.
Sugestao: use o item anterior, tomando o normalizador do sub-
grupo.
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Teorema de SylowPARTE 2 - SECAO 4
Teorema de Sylow
Vamos agora nos dedicar a demonstrar o Teorema de Sylow, que garante
a existencia de subgrupos de um grupo finito com ordens especiais.
pm e a maior potencia de p
que divide |G|.
Definicao 8 (p-Sylow subgrupo)
Seja (G, ·) um grupo finito. Seja p um natural primo. Um subgrupo H de G
e chamado um p-Sylow subgrupo de G se, e somente se, |H| = pm, onde pm
divide |G|, mas pm+1 nao divide |G|.
Exemplo 20
Em (S3, ◦), H = 〈σ〉 e um 2-Sylow subgrupo de S3 e K = 〈τ〉 e um 3-Sylow
subgrupo de S3.
Observamos que {I, στ} e {I, στ2} sao os outros 2-Sylow’s subgrupos de S3,
enquanto K e o unico 3-Sylow subgrupo de S3.
Porque ha um unico 2-Sylow
subgrupo e um unico
5-Sylow subgrupo?
Exemplo 21
Seja (G, ·) um grupo cıclico de ordem 10 gerado por a. Entao, H = 〈a5〉 e o
unico 2-Sylow subgrupo de G e N = 〈a2〉 e o unico 5-Sylow subgrupo.
Teorema 6 (Teorema de Sylow)
Seja (G, ·) um grupo finito. Seja p um natural primo, tal que pm | |G| e
pm+1 ∤ |G|. Entao,
(i) G tem subgrupo de ordem pm.
(ii) Os p-Sylow subgrupos de G sao conjugados, isto e, se H e K sao p-Sylow
subgrupos de G, entao existe a ∈ G tal que K = a−1Ha.
Alem disso, o numero np de p-Sylow subgrupos de G e np =|G|
|N(P)|,
onde P e qualquer p-Sylow subgrupo. Em particular, np divide |G|.
(iii) np ≡ 1 mod p.
Para o melhor entendimento dividimos a demonstracao do Teorema de
Sylow em tres etapas, uma para cada item.
Teorema 7 (Teorema de Sylow-1a Parte)
Seja (G, ·) um grupo finito.
Seja p um natural primo tal que pm | |G| e pm+1 ∤ |G|. Entao, G tem subgrupo
de ordem pm.
Demonstracao: A demonstracao sera feita por inducao sobre |G|.
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Teorema de Sylow
Se |G| = 1, entao o resultado e trivialmente verdadeiro.
Suponhamos o resultado valido para os grupos com ordem menor do
que |G|, com |G| > 1. Vamos mostrar que vale para G.
Se G tem algum subgrupo H ( G tal que pm divide |H| e pm+1 ∤ |H|,
por hipotese de inducao, H tem subgrupo de ordem pm e esse subgrupo e o
subgrupo de G procurado.
Portanto, podemos supor que pm nao divide a ordem dos subgrupos
proprios de G. Note que, nesse caso, m ≥ 1.
Lembre que . . .
N(a) 6= G sempre que a∈ G
e a 6∈ Z(G).
Pela Equacao de classe de G, temos que:
|G| = |Z(G)| +∑
a6∈Z(G)
|G|
|N(a)|,
onde a soma e nas classes de conjugacao distintas.
Como, para todo a 6∈ Z(G), pm | |G| e pm ∤ |N(a)|, entao p divide|G|
|N(a)|e logo, p divide |Z(G)|.
Pelo Teorema de Cauchy, existe b ∈ Z(G), tal que b 6= e e bp = e. Seja
N = 〈b〉, o subgrupo de G gerado por b. Temos que:
(1) |N| = p;
(2) N e subgrupo normal de G pois, b ∈ Z(G) e para todo g ∈ G,
g−1bg = g−1gb = b,
nos da que
g−1brg = (g−1bg)(g−1bg) · · · (g−1bg)︸ ︷︷ ︸r fatores
= br ⊂ N, para todo r ∈ N.
Podemos, entao, considerar o grupo quociente G/N, com
|G/N| =|G|
|N|=
|G|
p< |G|.
G/N = {Nx ; x∈ G}, N e o
elemento neutro de G/N e
π : G −→ G/N
x 7−→ Nx.e
homomorfismo sobrejetor de
grupos.
Fez o Exercıcio 26 da Secao
1?
Como pm | |G| e pm+1 ∤ |G|, temos que pm−1 | |G/N| e pm ∤ |G/N|. Por
hipotese de inducao, G/N tem um subgrupo H com |H| = pm−1.
Seja H = {x ∈ G ; Nx ∈ H}. Afirmamos que H e um subgrupo de G,
N ⊂ H e π(H) = H, isto e, H = {Nx ; x ∈ H} = H/N, onde π : G −→ G/N
e definida por π(x) = Nx.
De fato, se x ∈ N, entao Nx = N ∈ H logo, pela definicao de H, temos
que x ∈ H, mostrando que N ⊂ H.
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Teorema de SylowPARTE 2 - SECAO 4
Sejam x, y ∈ H. Por definicao de H, temos que Nx,Ny ∈ H. Como H
e um subgrupo de G/N, entao N(xy) = NxNy ∈ H e Nx−1 = (Nx)−1 ∈ H,
mostrando que xy ∈ H e x−1 ∈ H.
Assim, pm−1 = |H| = |H/N| =|H|
p, isto e, |H| = pm.
Logo, H e o p-Sylow subgrupo de G procurado. �
Para demonstrar a 2a e 3a partes do Teorema de Sylow, precisamos da
relacao de equivalencia no grupo (G, ·) do Exercıcio 5 da Secao 2, alem do
conceito de normalizador de um subgrupo.
Definicao 9 (Relacao dupla de H e K em (G, ·))
Sejam H e K subgrupos de um grupo (G, ·). Sejam x, y ∈ G. Dizemos que
x ∼ y se, e somente se, existem h ∈ H e k ∈ K tais que y = hxk.
Lema 2
A relacao ∼ e uma relacao de equivalencia em G.
Demonstracao: Faca o Exercıcio 5 da Secao 2.
Definicao 10 (Classe dupla de H e K no grupo (G, ·))
Para cada x ∈ G, a classe de equivalencia de x na relacao ∼ acima e chamada
de classe dupla de H e K em G e e o subconjunto de G
HxK = {hxk ; h ∈ H e k ∈ K}.
Observacao: Se H e K sao subgrupos finitos de (G, ·), entao
|HxK| =|H||K|
|H ∩ (xKx−1)|.
De fato, |HxK| = |H(xKx−1)|, pois a funcao f : HxK −→ H(xKx−1) definida
por f(hxk) = hxkx−1 e uma bijecao . Alem disso, xKx−1 e um subgrupo de
G, subgrupo conjugado de K, com |xKx−1| = |K| e
A igualdade (1) segue da
Proposicao 4 da Secao 2.|H(xKx−1)|(1)=
|H||xKx−1|
|H ∩ (xKx−1)|=
|H||K|
|H ∩ (xKx−1)|.
Teorema 8 (Teorema de Sylow-2a Parte)
Seja (G, ·) um grupo finito. Seja p um natural primo, tal que pm | |G| e
pm+1 ∤ |G|. Entao, quaisquer dois p-Sylow subgrupos de G sao conjugados
em G.
Demonstracao: Sejam H e K dois p-Sylow subgrupos de G, isto e, de ordens
pm. Queremos mostrar que existe a ∈ G, tal que H = aKa−1. Decompondo
G nas classes duplas HxK temos:
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Teorema de Sylow
(1) G =⋃HxK, onde a uniao e feita nas classes duplas distintas (dis-
juntas);
(2) |G| =∑
|HxK|, onde a soma e feita nas classes duplas distintas.
Suponhamos, por absurdo, que H 6= xKx−1, para todo x ∈ G. Entao,
|H ∩ (xKx−1)| = pn, para algum n, tal que 0 ≤ n < m; assim,
H∩ (xKx−1) ( H, pois
|H| = |K| = |xKx−1| e
H 6= xKx−1. H∩ (xKx−1) e
subgrupo proprio de H e,
pelo Teorema de Lagrange,
|H∩ (xKx−1)| divide |H|. |HxK| =|H| · |K|
|H ∩ (xKx−1)|=pm · pm
pn= p2m−n e 2m−n = m+(m−n) ≥ m+1,
logo, pm+1 divide |HxK|, para todo x ∈ G. De (2), obtemos que pm+1 divide
|G|, uma contradicao com a hipotese.
Portanto, existe a ∈ G tal que H = aKa−1. �
Definicao 11 (Normalizador de H)
Seja H um subgrupo de (G, ·). O normalizador de H e o conjunto
N(H) = {x ∈ G; x−1Hx = H}.
Proposicao 9 (Propriedades do normalizador de H)
Seja H um subgrupo de (G, ·). Entao,
(i) N(H) e um subgrupo de G;
(ii) H ⊂ N(H) e H ⊳ N(H);
(iii) se K e um subgrupo de G e H e normal em K, entao K ⊂ N(H).
Demonstracao: Voce ja devia ter feito o Exercıcio 13 da Secao 1.
Observacao:
(1) H e um subgrupo normal de G se, e somente se, N(H) = G.
(2) A condicao (iii) da Proposicao acima significa que N(H) e o maior sub-
grupo de G, tal que H e normal.
Exemplo 22
Se (G, ·) for um grupo abeliano, entao N(H) = G, para qualquer subgrupo
H de G.
Teorema 9 (Teorema de Sylow-2a Parte, continuacao)
Seja (G, ·) um grupo finito. Seja p um natural primo, tal que pm | |G| e
pm+1 ∤ |G|. Entao, o numero np de p-Sylow subgrupos de G e
np =|G|
|N(P)|= (G : N(P)), onde P e qualquer p-Sylow subgrupo de G.
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Teorema de SylowPARTE 2 - SECAO 4
Em particular, np divide |G|.
Demonstracao: Seja P um p-Sylow subgrupo de G. Como qualquer p-Sylow
subgrupo de G e conjugado de P, entao o numero np de p-Sylow subgrupos
e dado pelo numero de subgrupos conjugados de P em G distintos, a saber,
x−1Px, com x ∈ G. Sejam x, y ∈ G. Temos que:
x−1Px = y−1Py ⇐⇒ yx−1Pxy−1 = P
⇐⇒ (xy−1)−1P(xy−1) = P
⇐⇒ xy−1 ∈ N(P)
⇐⇒ N(P)x = N(P)y
⇐⇒ x e y estao na mesma classe a direita de N(P) em G.
Logo, np e o numero de classes a direita distintas de N(P) em G, isto
e, o ındice de N(P) em G, seguindo o resultado. �
Teorema 10 (Teorema de Sylow-3a Parte)
Seja (G, ·) um grupo finito. Seja p um natural primo, tal que pm | |G| e
pm+1 ∤ |G|. Entao, o numero np de p-Sylow subgrupos de G e da forma
np = 1+ sp, para algum s ∈ N.
Demonstracao: Seja P um p-Sylow subgrupo de G. Decompondo G nas
classes duplas de P e P, temos:
(1) G =⋃PxP, onde a uniao e nas classes duplas distintas (disjuntas);
(2) |PxP| =|P|2
|P ∩ (xPx−1)|.
Para contar o numero de elementos de PxP, consideramos dois casos:
Caso 1: x 6∈ N(P)
Suponhamos que x 6∈ N(P). Entao, xPx−1 6= P e P∩(xPx−1) 6= P. Logo,
P∩ (xPx−1) ( P e |P ∩ (xPx−1)| = pn, para algum n, tal que 0 ≤ n < m. De
(2) temos que |PxP| =p2m
pn= p2m−n, com 2m− n = m+ (m− n) ≥ m+ 1.
Portanto, pm+1 divide |PxP|.
Caso 2: x ∈ N(P)
Suponhamos que x ∈ N(P). Entao, xPx−1 = P, que e equivalente a
xP = Px. Logo, Lembre que . . .
PP = {a · b ; a,b∈ P}.
E claro que PP ⊂ P. Alem
disso, se a∈ P, entao
a = a · e∈ PP, mostrando
que P ⊂ PP. Portanto,
PP = P.
PxP = P(xP) = P(Px) = (PP)x = Px.
Entao, |PxP| = |Px| = |P| = pm.
Agora podemos concluir a demonstracao. De (1) temos que:
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Teorema de Sylow
|G| =∑
|PxP| =∑
x∈N(P)
|PxP|
︸ ︷︷ ︸Soma 1
+∑
x6∈N(P)
|PxP|
︸ ︷︷ ︸Soma 2
,
onde a soma e feita tomando um unico elemento em cada classe dupla.
Soma 1: Se x ∈ N(P), entao PxP = Px e as classes duplas distintas sao as
classes distintas de P em N(P), isto e, o ındice de P em N(P), dado por
iN(P)(P) =|N(P)|
|P|. Logo,
Soma 1=∑
x∈N(P)
|Px| = |P| ·|N(P)|
|P|= |N(P)|.
Soma 2: Se x 6∈ N(P), entao pm+1 divide cada parcela da Soma 2, logo pm+1
divide a Soma 2. Portanto,
Soma 2=∑
x6∈N(P)
|PxP| = rpm+1, para algum r ∈ N.
Portanto, |G| = |N(P)| + rpm+1.
Como |N(P)| divide |G|, temos querpm+1
|N(P)|∈ N e
np =|G|
|N(P)|= 1+
rpm+1
|N(P)|.
Alem disso, como pm divide |G| e rpm+1, entao pm divide |N(P)|. En-
tretanto, pm+1 nao divide |N(P)|, pois nao divide |G|, logo p dividerpm+1
|N(P)|.
Portanto,
np =|G|
|N(P)|= 1+ sp, para algum s ∈ N. �
Observacao: Em um grupo finito G, como consequencia do Teorema anterior,
temos que mdc(np, p) = 1.
Nos seguintes exemplos voce vai ver como aplicar o Teorema de Sylow
e, de diferentes maneiras, obter informacoes importantes sobre o grupo finito,
olhando apenas para o seu numero de elementos.
Exemplo 23
Seja (G, ·) um grupo com |G| = 112 · 132. Vamos mostrar que G e um grupo
abeliano.
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Teorema de SylowPARTE 2 - SECAO 4
Primeiramente, quantos 11-Sylow e 13-Sylow subgrupos ha?
Como mdc(n11, 11) = 1 e n11 divide 112 · 132, temos que n11 divide 132.
Assim, n11 ∈ {1, 13, 132}, mas n11 ≡ 1 mod 11, 13 ≡ 2 mod 11 e
132 ≡ 22 = 4 mod 11, logo n11 = 1. Portanto, existe um unico 11-Sylow
subgrupo H e, forcosamente, H e normal em G.
Como mdc(n13, 13) = 1 e n13 divide 112 · 132, temos que n13 divide 112.
Assim, n13 ∈ {1, 11, 112}, mas n13 ≡ 1 mod 13, 11 ≡ −2 mod 13 e
112 ≡ (−2)2 = 4 mod 13, logo n13 = 1. Portanto, existe um unico
13-Sylow subgrupo K e, forcosamente, K e normal em G.
Temos |H| = 112 e |K| = 132. Pelo Corolario 4 da Secao anterior, H e K sao
grupos abelianos.
H ∩ K e subgrupo de H e K, logo |H ∩ K| divide |H| e |H ∩ K| divide |K|, isto
e, |H ∩ K| divide mdc(|H|, |K|) = mdc(112, 132) = 1. Portanto, |H ∩ K| = 1 e
H ∩ K = {e}.
Alem disso, pelo Exercıcio 3, item (a), da Secao 2, HK e um subgrupo de G.
Como |HK| =|H| · |K|
|H ∩ K|= |H| · |K| = |G|, obtemos que HK = G.
Sejam a ∈ H e b ∈ K. Entao,
bHb−1 = H
e
aKa−1 = K.aba−1b−1 =
a︸︷︷︸∈H
(ba−1b−1)︸ ︷︷ ︸∈H
∈ H
(aba−1)︸ ︷︷ ︸∈K
b−1︸︷︷︸∈K
∈ K=⇒ aba−1b−1 ∈ H ∩ K = {e}
Logo, aba−1b−1 = e, isto e, ab = ba. Com isso, concluımos que G e um Com os resultados que
veremos na proxima Secao,
voce vai saber, mais ainda,
que G e isomorfo ao produto
direto interno de H e K.
grupo abeliano.
Exemplo 24
Seja (G, ·) um grupo de ordem 380 = 22 ·5 ·19. Vamos mostrar que o 5-Sylow
e o 19-Sylow subgrupos de G sao normais em G.
Como mdc(n5, 5) = 1 e n5 divide 22 · 5 · 19, temos que n5 divide 22 · 19.
Logo, n5 ∈ {1, 2, 22 = 4, 19, 2 · 19 = 38, 22 · 19 = 76}.
Alem disso, n5 ≡ 1 mod 5. Entao, n5 = 1 ou n5 = 76.
Como mdc(n19, 19) = 1 e n19 divide 22 · 5 · 19, temos que n19 divide 22 · 5.
Logo, n19 ∈ {1, 2, 22 = 4, 5, 2 · 5 = 10, 22 · 5 = 20}.
Alem disso, n19 ≡ 1 mod 19. Entao, n19 = 1 ou n19 = 20.
Agora podemos mostrar que n5 = 1 ou n19 = 1.
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Teorema de Sylow
Suponhamos, por absurdo, que n5 = 76 e n19 = 20. Os 19-Sylow subgrupos
de G tem 19 elementos, logo sao cıclicos de ordem prima e so se intersectam
no elemento neutro. Os 5-Sylow subgrupos tem 5 elementos, sao cıclicos de
ordem prima e so se intersectam no elemento neutro. Contando os elementos
de G, obtemos:
elementos de G cuja ordem e 19 7−→ 18× 20 = 360
elementos de G cuja ordem e 5 7−→ 4× 76 = 304
Assim, 360+ 304 = 664 > 380 = |G|, obtemos uma contradicao.
Concluımos, entao que um 19-Sylow subgrupo ou um 5-Sylow subgrupo de
G e normal.
Sejam H um 19-Sylow subgrupo, com |H| = 19, e K um 5-Sylow subgrupo,
com |K| = 5. Temos que H ∩ K = {e}, pois mdc(|H|, |K|) = 1. Como um
desses subgrupos e normal, pelo Exercıcio 3, item (a), da Secao 2, HK e um
subgrupo de G. Contando os elementos de HK, temos:
|HK| =|H| · |K|
|H ∩ K|= 19 · 5 = 95.
Seja L = HK. Sejam n′5 e n′
19 o numero, respectivamente, de 5-Sylow e de
19-Sylow subgrupos de L. Aplicando o Teorema de Sylow a L, temos:
{n′
5 ≡ 1 mod 5
n′5 | 5 · 19
=⇒{n′
5 ≡ 1 mod 5
n′5 | 19
=⇒{n′
5 ≡ 1 mod 5
n′5 ∈ {1, 19}
logo, n′5 = 1 e
{n′
19 ≡ 1 mod 19
n′19 | 5 · 19
=⇒{n′
19 ≡ 1 mod 19
n′19 | 5
=⇒{n′
19 ≡ 1 mod 19
n′19 ∈ {1, 5}
logo, n′19 = 1.
Como H e K sao subgrupos de HK = L, entao H e o 19-Sylow subgrupo de
L, com H normal em HK, e K e o 5-Sylow subgrupo de HK, com K normal
em HK.
Ja fez o Exercıcio 13 da
Secao 1?
N(H) e o maior subgrupo de G, tal que H e normal, portanto HK ⊂ N(H) e
HK e subgrupo de N(H). Por outro lado,
n19 = (G : N(H)) =|G|
|N(H)|≤
|G|
|HK|=22 · 5 · 19
5 · 19= 4.
Como n19 ∈ {1, 20}, temos que n19 = 1.
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Teorema de SylowPARTE 2 - SECAO 4
Analogamente, N(K) e o maior subgrupo de G, tal que K e normal, portanto
HK ⊂ N(K) e HK e subgrupo de N(K). Por outro lado,
n5 = (G : N(K)) =|G|
|N(K)|≤
|G|
|HK|=22 · 5 · 19
5 · 19= 4.
Como n5 ∈ {1, 76}, temos que n5 = 1.
Exemplo 25
Seja (G, ·) um grupo de ordem 56 = 23 · 7. Afirmamos que G tem um
subgrupo normal de ordem 7 ou um subgrupo normal de ordem 8.
De fato, temos:
{n7 ≡ 1 mod 7
n7 | 23 · 7=⇒
{n7 ≡ 1 mod 7
n7 | 8=⇒
{n7 ≡ 1 mod 7
n7 ∈ {1, 2, 22, 23}
logo, n7 = 1 ou n7 = 8.
Se n7 = 1, entao o 7-Sylow subgrupo, que tem 7 elementos, e normal.
Suponhamos que n7 = 8. Vamos mostrar que n2 = 1 e assim, o 2-Sylow
subgrupo, que tem 8 elementos, e normal.
Os 7-Sylow subgrupos de G tem 7 elementos, logo sao cıclicos de ordem prima
e so se intersectam no elemento neutro.
G tem 6×8 = 48 elementos de ordem 7. Restam em G, exatamente, 56−48 =
8 elementos.
Sabemos que G tem pelo menos um subgrupo H com 8 elementos, nenhum
dos 48 elementos de ordem 7 esta em H, portanto H se constitui dos 8
elementos restantes e e o unico subgrupo de G com 8 elementos. Logo, H e
normal em G.
Exercıcios
1. Mostre que se G e um grupo de ordem 22 · 7 · 13, entao G tem um
subgrupo normal de ordem 13.
2. Seja p um primo, p 6= 2. Prove que todo grupo de ordem 2p tem um
subgrupo normal.
3. Discuta o numero e a natureza de um 3-Sylow subgrupo e de um
5-Sylow subgrupo de um grupo de ordem 32 × 52.
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Teorema de Sylow
4. Mostre que todo grupo de ordem 33, 35 ou 65 e cıclico.
5. Seja G um grupo com |G| = pq, p < q numeros primos. Mostre que se
p nao divide q− 1, entao G e cıclico.
6. Seja G um grupo com ordem p2q, p, q primos distintos. Prove que G
tem um subgrupo normal nao-trivial, isto e diferente de { e } e de G.
7. Seja G um grupo de ordem 30.
(a) Mostre que um 3-Sylow ou um 5-Sylow subgrupo de G tem que
ser normal em G.
(b) Mostre que cada 3-Sylow e cada 5-Sylow subgrupo de G e normal
em G.
(c) Mostre que G tem um subgrupo normal de ordem 15.
Esses dois ultimos itens nao
podem ser resolvidos com a
teoria apresentada ate aqui.
(d) Classifique os grupos de ordem 30.
(e) Quantos grupos de ordem 30 ha?
8. Prove que se um grupo de ordem 28 tem um subgrupo normal de ordem
4, entao e abeliano.
9. Determine os possıveis numeros de 11-Sylow, 7-Sylow e 5-Sylow sub-
grupos de um grupo com 52 × 7× 11 elementos.
10. Seja G um grupo de ordem 231. Mostre que o 11-Sylow subgrupo esta
contido no centro de G.
11. Seja G um grupo de ordem 385. Mostre que seu 11-Sylow subgrupo e
normal em G e seu 7-Sylow subgrupo esta contido no centro de G.
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Produto diretoPARTE 2 - SECAO 5
Produto direto
Nosso objetivo e expressar um grupo, quando possıvel, em termos de
grupos menos complexos. Com esse objetivo introduzimos o conceito de
produto direto.
Definicao 12 (Produto direto)
Sejam G1, . . . , Gn grupos. O produto direto de G1, . . . , Gn e
G1 × · · · ×Gn = {(x1, . . . , xn) ; xj ∈ Gj, para todo j = 1, . . . , n}.
com a operacao (x1, . . . , xn) · (y1, . . . , yn) = (x1 · y1, . . . , xn · yn), onde na
j-esima coordenada a operacao e do grupo Gj, para cada j = 1, . . . , n.
Vamos determinar condicoes para um grupo G ser isomorfo a um pro-
duto direto (interno) H1 · . . . ·Hn, onde H1, . . . , Hn sao subgrupos de G.
Teorema 11 (Produto direto)
Sejam G, G1, . . . , Gn grupos. G e isomorfo a G1 × · · · × Gn se, e somente
se, G tem subgrupos H1 ≃ G1, . . . , Hn ≃ Gn, tais que: ≃ significa isomorfo.
(i) G = H1 · . . . ·Hn;
(ii) Hj ⊳ G, para todo j = 1, . . . , n;
(iii) Hj ∩ (H1 · . . . · Hj · . . . ·Hn) = {e}, para todo j = 1, . . . , n. H1 · ... · cHj · ... · Hn
significa que Hj nao ocorre
no produto, e omitido.Antes de demonstrarmos o Teorema, damos duas condicoes equivalentes
as tres condicoes acima.
Lema 3
Sejam G um grupo e H1, . . . , Hn subgrupos de G. Valem as condicoes (i),
(ii) e (iii) do Teorema anterior se, e somente se, valem as condicoes (iv) e (v)
descritas a seguir:
(iv) Para cada a ∈ G, existem elementos x1 ∈ H1, . . . , xn ∈ Hn, unicamente
determinados, tais que a = x1 · . . . · xn.
(v) Para todo x ∈ Hi e para todo y ∈ Hj, com 1 ≤ i 6= j ≤ n, temos
x · y = y · x.
Cuidado! Podemos trocar a
ordem dos fatores apenas
quando operamos elementos
de Hi e Hj , com i 6= j.Demonstracao:
(=⇒:) Suponhamos que valham as propriedades (i), (ii) e (iii) do Teorema
anterior. Sejam x ∈ Hi e y ∈ Hj com i 6= j. Consideremos o elemento
xyx−1y−1. Entao,
xyx−1y−1 =
{(xyx−1)y−1 ∈ Hj, pois Hj ⊳ G
x(yx−1y−1) ∈ Hi, pois Hi ⊳ G.
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Produto direto
Logo, xyx−1y−1 ∈ Hi∩Hj ⊂ Hi∩(H1·. . .·Hi·. . .·Hn) = {e}, pela propriedade
(iii). Portanto, xyx−1y−1 = e, que e equivalente a xy = yx, mostrando a
propriedade (v).
Para cada a ∈ G, pela condicao (i), existe xj ∈ Hj, com j = 1, . . . , n,
tal que a = x1 · . . . · xn. Suponhamos agora que
x1 · . . . · xn = y1 · . . . · yn, (⋆)
com xj, yj ∈ Hj, para cada j = 1, . . . , n.
Multiplicando ambos os lados da igualdade (⋆) por y1−1 a esquerda e
por xn−1 · . . . · x2
−1 a direita , obtemos
y1−1x1 = y2 · · ·yn−1ynxn
−1
︸ ︷︷ ︸∈Hn
xn−1−1 · · ·x2
−1.
Comecamos com xn−1−1,
que comuta com ynxn−1.
Ao encontrarmos yn−1
temos que parar. Depois
tomamos xn−2−1, que
comuta com
(yn−1xn−1−1)(ynxn
−1).
Usando a condicao (v), sucessivamente, para xn−1−1, . . . , x2
−1, obtemos
que
y1−1x1︸ ︷︷ ︸∈H1
= (y2x2−1)︸ ︷︷ ︸
∈H2
· · · (yn−1xn−1−1)︸ ︷︷ ︸
∈Hn−1
(ynxn−1)︸ ︷︷ ︸
∈Hn
Assim, y1−1x1 ∈ H1∩(H2 · · ·Hn) = {e}, pela condicao (iii). Logo, y1
−1x1 = e
e x1 = y1. Cancelando em (⋆), obtemos
x2 · . . . · xn = y2 · . . . · yn.
Procedendo de modo similar, obtemos
y2−1x2︸ ︷︷ ︸∈H2
= (y3x3−1)︸ ︷︷ ︸
∈H3
· · · (ynxn−1)︸ ︷︷ ︸
∈Hn
.
Logo, y2−1x2 ∈ H2 ∩ (H3 · · ·Hn) ⊂ H2 ∩ (H1H3 · · ·Hn) = {e}.
Entao, y2−1x2 = e, isto e, x2 = y2.
Continuando o processo, temos x1 = y1, . . . , xn = yn, mostrando a
unicidade.
(:⇐=) Reciprocamente, suponhamos que valham as propriedades (iv) e (v).
De (iv) segue que G = H1 · · ·Hn, mostrando (i).
Agora vamos mostrar a condicao (ii), isto e, Hj ⊳ G. Sejam y ∈ Hj e
a ∈ G, com j fixo. Mostraremos que aya−1 ∈ Hj.
Pela condicao (iv), a = x1 · · ·xn, com xi ∈ Hi e
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Produto diretoPARTE 2 - SECAO 5
aya−1 = (x1 · · ·xn)y(xn−1 · · ·x1
−1)
= x1 · · ·xjxj+1 · · ·xnyxn−1 · · ·xj+1
−1xj−1 · · ·x1
−1.
Aplicando a condicao (v), repetidamente, ao elemento xi, com
i = j+ 1, . . . , n, obtemos:
xi comuta com os elementos
a sua direita ate encontrar
xi−1 e aı xixi
−1 = e.
aya−1 = x1 · · ·xj−1xjyxj−1
︸ ︷︷ ︸∈Hj
xj−1−1 · · ·x1
−1.
xjyxj−1 comuta com o
elemento a sua esquerda.Aplicando a condicao (v) ao elemento xjyxj
−1, obtemos
aya−1 = xjyxj−1 ∈ Hj, mostrando a propriedade (ii).
Mostraremos agora a condicao (iii). Seja a ∈ Hj ∩ (H1 · · · Hj · · ·Hn).
Como a ∈ Hj, podemos escrever a = x1 · · ·xn, com xj = a e xi = e,
para todo i 6= j.
Como a ∈ H1 · · · Hj · · ·Hn, podemos escrever a = x1 · · ·xn com
xi ∈ Hi, para i 6= j e xj = e.
Da unicidade da condicao (iv), obtemos que a = e. �
Demonstracao do Teorema (Produto direto):
(=⇒:) Seja ϕ : G −→ G1 × · · · ×Gn um isomorfismo de grupos.ei e o elmento neutro de Gi .
Seja Hj = ϕ−1(Kj), onde Kj = {e1}×· · ·×{ej−1}×Gj×{ej+1}×· · ·×{en}.
Fez os Exercıcios 25 e 26 da
Secao 1?
Entao, K1, . . . , Kn sao subgrupos de G1× · · ·×Gn, tendo as condicoes
(i), (ii) e (iii). Logo, H1, . . . , Hn sao subgrupos de G tendo essas mesmas
condicoes.
(:⇐=) Suponhamos que G tenha subgrupos H1, . . . , Hn, com Hj ≃ Gj satis-
fazendo as condicoes (i), (ii) e (iii). Consideremos
ϕ : G = H1 · · ·Hn −→ H1 × · · · ×Hn
h1 · · ·hn 7−→ (h1, . . . , hn)
ϕ e uma funcao, em virtude da condicao (iv). E obvio que ϕ e uma
bijecao. Vamos mostrar que ϕ e um homomorfismo de grupos.
Sejam a = x1 · · ·xn e b = y1 · · ·yn. Entao,
Em (1) usamos a condicao
(v).ab = (x1 · · ·xn)(y1 · · ·yn)
(1)= (x1y1)(x2y2) · · · (xnyn)
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Produto direto
e
ϕ(ab) = ϕ((x1y1)(x2y2) · · · (xnyn))
= (x1y1, . . . , xnyn)
= (x1, . . . , xn)(y1, . . . , yn)
= ϕ(a)ϕ(b)
Tome ψj : Hj −→ Gj um isomorfismo de grupos e construa
ψ : H1 × · · · ×Hn −→ G1 × · · · ×Gn
(h1, . . . , hn) 7−→ (ψ1(h1), . . . , ψn(hn)).
Entao, ψ e um isomorfismo de grupos e ψ◦ϕ e o isomorfismo procurado
de G em G1 × · · · ×Gn. �
Esse Teorema, junto com o Teorema de Sylow, tem uma importante
aplicacao aos grupos abelianos finitos diferentes de {e}.
Nosso objetivo sera obter a classificacao dos grupos abelianos finitos
diferentes de {e}. Podemos descrever todos esses grupos, olhando apenas
para |G| > 1 e escrevendo |G| = pα1
1 · . . . ·pαrr , onde p1 < · · · < pr sao primos
e α1 > 0, . . . , αr > 0.
Veremos que so precisamos entender os p-grupos abelianos finitos.
Proposicao 10 (Estrutura dos grupos abelianos finitos)
Seja (G, ·) um grupo abeliano finito, G 6= {e}, com |G| = pα1
1 · . . . · pαrr , onde
p1 < · · · < pr sao primos e α1 > 0, . . . , αr > 0. Seja Sj o pj-Sylow subgrupo
de G, para j = 1, . . . , r. Entao,
G = S1 · . . . · Sr ≃ S1 × · · · × Sr.
Lembramos que se G e
abeliano e H e K sao
subgrupos de G, entao HK
sempre e subgrupo de G.
Demonstracao: Primeiramente, observamos que |Sj| = pjαj .
Como G e abeliano, todo subgrupo e normal, em particular, Sj ⊳ G,
para cada j = 1, . . . , r. Assim, S1 · . . . · Sr e um subgrupo de G.
Alem disso, Sj ∩ (S1 · · · Sj · · ·Sr) = {e}.
De fato, seja x ∈ Sj e x = x1 · · ·xj−1xj+1 · · ·xr. Entao, ◦(x) divide pαj
j
e ◦(xi) divide pαi
i , para i 6= j. Tomamos n =∏
i6=j
piαi = λipi
αi . Logo,
xn =
(∏
i6=j
xi
)n
=∏
i6=j
(xin) =
∏
i6=j
(xi
piαi)λi
=∏
i6=j
eλi = e.
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Produto diretoPARTE 2 - SECAO 5
Portanto, ◦(x) divide n. Entao, ◦(x) divide mdc(pjαj , n) = 1.
Logo, ◦(x) = 1, isto e, x = e.
Portanto,
|S1 · · ·Sr| =|S1||S2 · · ·Sr|
|S1 ∩ (S2 · · ·Sr)|= |S1||S2 · · ·Sr|
= |S1||S2||S3 · · ·Sr|
|S2 ∩ (S3 · · ·Sr)|= |S1||S2||S3 · · ·Sr|
= · · · = |S1||S2| · · · |Sr| = |G|,
mostrando que G = S1 · . . . · Sr.
Pelo Teorema 11, G = S1 · · ·Sr ≃ S1 × · · · × Sr e o produto direto
interno dos seus pi-Sylow subgrupos. �
Para entender os grupos abelianos finitos diferentes de {e} precisamos
apenas saber quem sao os grupos abelianos de ordem pn, onde p e primo e
n ≥ 1.
Nos Exercıcios 5 e 6 da
Secao 3 voce classificou os
grupos de ordem p2 .
Teorema 12 (Estrutura dos grupos abelianos de ordem pn)
Seja (G, ·) um grupo abeliano de ordem pn, onde p e primo e n ≥ 1. Entao,
existem n1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1 e subgrupos cıclicos H1, . . . , Hk com |Hi| = pni ,
tais que
G = H1 · · ·Hk ≃ H1 × · · · ×Hk, com n = n1 + · · ·+ nk
e os numeros naturais n1 ≥ n2 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1 sao chamados de invariantes
de G.
Adiante vamos justificar essa
terminologia.
Demonstracao: Nosso objetivo e encontrar a1, . . . , ak ∈ G, com ◦(aj) = pnj ,
j = 1, . . . , k, n1 ≥ n2 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1, e cada x ∈ G se escreva de modo
unico como x = a1α1 · · ·ak
αk .
Nesse caso, observamos que max{◦(x) ; x ∈ G} = pn1 . Essa e a ins-
piracao para a demonstracao do Teorema.
Escolhemos a1 ∈ G tal que ◦(a1) e maxima, digamos ◦(a1) = pn1 .
Seja H1 = 〈a1〉. Se H1 = G, entao n1 = n e terminamos. Nesse caso,
G e cıclico de ordem pn.
Caso contrario, H1 ( G, 1 ≤ n1 < n. Podemos considerar G = G/H1.
Esse grupo quociente tambem e abeliano e |G| = pn−n1 .
Seja b2 ∈ G com ◦(b2) = pn2 = max{◦(H1x) ; x ∈ G}, onde b2 = H1b2.
Afirmamos que n2 ≤ n1. De fato,
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Produto direto
b2
◦(b2)= (H1b2)
◦(b2) = H1b2◦(b2) = H1e = H1.
Logo, ◦(b2) = pn2 divide ◦(b2) = pl ≤ pn1 . Assim, n2 ≤ l ≤ n1, isto e,
n2 ≤ n1.
Para termos um produto direto precisamos que H1 ∩ 〈b2〉 = {e}.
Digamos que H1 ∩ 〈b2〉 6= {e}.
Como pn2 e a menor potencia de p, tal que bpn2
2 ∈ H1, entao bpn2
2 = ai1
e assim,
A igualdade (1) segue do
fato ◦(b2) divide pn1 .
aipn1−n2
1 =(ai
1
)pn1−n2
=(b
pn2
2
)pn1−n2
= bpn1
2
(1)= e,
logo pn1 = ◦(a1) divide ipn1−n2 , portanto pn2 divide i.
Escrevendo i = jpn2 , temos bpn2
2 = ai1 = a
jpn2
1 . Logo,(a
−j1 b2
)pn2
= e.
Tomando a2 = a−j1 b2, obtemos ◦(a2) = pn2 .
Seja H2 = 〈a2〉. Afirmamos que H1 ∩H2 = {e}.
De fato, seja x = at2 ∈ H1. Entao,
x = at2 =
(a
−j1 b2
)t
=(a
−j1
)t
︸ ︷︷ ︸∈H1
bt2 ∈ H1,
logo bt2 ∈ H1, portanto pn2 divide t. Como ◦(a2) = pn2 , concluımos que
x = e.
Caso n = n1 + n2, entao G = H1H2 com H1 ∩H2 = {e} e terminamos.
Caso contrario, H1H2 e um subgrupo proprio de G, n1 + n2 < n e
consideramos G = G/H1H2. Esse grupo e abeliano com |G| = pn−(n1+n2).
Seja b3 ∈ G um elemento, tal que b3 = (H1H2)b3 tem ordem maxima
pn3 em G.
Afirmamos que n3 ≤ n2 ≤ n1.
De fato, pela escolha de n2, temos bpn2
3 ∈ H1 ⊂ H1H2. Logo, b3
pn2
= e,
entao pn3 divide pn2 , isto e, n3 ≤ n2.
Como b3pn3 ∈ H1H2, entao b3
pn3= a1
i1a2i2 .
Afirmamos que pn3 divide i1 e pn3 divide i2.
(a1
i1a2i2)pn2−n3
=(b3
pn3)pn2−n3
= b3pn2 ∈ H1
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Produto diretoPARTE 2 - SECAO 5
Por outro lado,(a1
i1a2i2)pn2−n3
=(a1
i1)pn2−n3
︸ ︷︷ ︸∈H1
(a2
i2)pn2−n3
. Entao,
(a2
i2)pn2−n3
∈ H1 e, pela escolha de n2, pn2 divide i2p
n2−n3 , isto e, pn3
divide i2.
(a1
i1a2i2)pn1−n3
=(b3
pn3)pn1−n3
= b3pn1
= e ∈ H2
Por outro lado,(a1
i1a2i2)pn1−n3
=(a1
i1)pn1−n3 (
a2i2)pn1−n3
︸ ︷︷ ︸∈H2
. Entao,
(a1
i1)pn1−n3
∈ H1 ∩H2 = {e}. Logo,(a1
i1)pn1−n3
= e e pn1 divide i1pn1−n3 ,
isto e, pn3 divide i1.
Escrevendo i1 = j1pn3 e i2 = j2p
n3 , entao b3pn3
= a1j1pn3a2
j2pn3 .
Tomando a3 = a1−j1a2
−j2b3, temos ◦(a3) = pn3 .
Seja H3 = 〈a3〉.
Afirmamos que H3 ∩ (H1H2) = {e}.
De fato, digamos que a3t ∈ H1H2. Entao,
a3t =
(a1
−j1a2−j2b3
)t=(a1
−tj1a2−tj2)
︸ ︷︷ ︸∈H1H2
b3t,
logo b3t ∈ H1H2, portanto b3
t= e e pn3 divide t. Como ◦(a3) = pn3 ,
concluımos que a3t = e.
Continuando o processo, obtemos subgrupos H1 = 〈a1〉, H2 = 〈a2〉,
. . . , Hk = 〈ak〉 com ordens pn1 ≥ pn2 ≥ · · · ≥ pnk , respectivamente, tais que
G = H1H2 · · ·Hk e, para cada j = 2, . . . , k, Hj ∩ (H1 · · ·Hj−1) = {e}. Assim,
cada x ∈ G tem uma unica representacao como x = x1 · · ·xk, com xj ∈ Hj e
G = H1 · · ·Hk ≃ H1 × · · · ×Hk. �
Veremos que os invariantes de um p-grupo abeliano finito descrevem
completamente o grupo. Os grupos H1, . . . , Hk nao sao unicos.
Exemplo 26
Seja G = {e, a, b, ab = ba;a2 = e, b2 = e} o grupo de Klein.
Temos
H1 = 〈a〉, H2 = 〈b〉, G = H1H2 ≃ H1 ×H2 e
com c = ab, H3 = 〈c〉, G = H1H3 ≃ H1 ×H3.
Mostraremos que, apesar dos grupos cıclicos nao serem unicos, suas
ordens sao unicamente determinadas. Para isto definimos:
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Definicao 13
Seja (G, ·) um grupo abeliano e s um inteiro.
G(s) = {x ∈ G ; xs = e}.
E claro que G(s) e um subgrupo de G.
Lema 4
Se (G, ·) e (G′, ⋆) sao grupos abelianos isomorfos entao, para cada inteiro s,
G(s) e G′(s) sao isomorfos.
Demonstracao: Seja ϕ : G −→ G′ um isomorfismo de grupos abelianos. Seja
x ∈ G(s). Entao, e = xs e e′ = ϕ(e) = ϕ(xs) = (ϕ(x))s, logo ϕ(x) ∈ G′(s).
Por outro lado, para cada y ∈ G′(s), existe um unico x ∈ G tal que
y = ϕ(x) e e′ = ys = (ϕ(x))s = ϕ(xs). Logo, xs ∈ Nucleo(ϕ) = {e}, isto e,
xs = e, portanto, x ∈ G(s).
Entao, ϕ induz um isomorfismo de G(s) em G′(s). �
Lema 5
Seja (G, ·) um grupo abeliano de ordem pn, onde p e primo e n ≥ 1.
Suponhamos que G = H1 · · ·Hk, onde Hj = 〈aj〉 tem ordem pnj , j = 1, . . . , k,
e n = n1 + · · ·+ nk. Se m e um inteiro tal que nt > m ≥ nt+1, entao
G(pm) = K1 · · ·Kt ·Ht+1 · · ·Hk,
onde Ki e cıclico de ordem pm e e gerado por aipni−m
, para i ≤ t.
A ordem de G(pm) e pu, onde
u = mt+
k∑
i=t+1
ni.
Demonstracao: Primeiramente, afirmamos que Ht+1, . . . , Hk estao contidos
em G(pm).
De fato, como m ≥ nt+1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1, entao para todo j, tal que
t + 1 ≤ j ≤ k, temos que ajpm
=(aj
pnj
)pm−nj
= e logo, aj ∈ G(pm) e
Hj = 〈aj〉 ⊂ G(pm).
Consideremos j ≤ t. Entao nj ≥ nt > m e(aj
pnj−m
)pm
= ajp
nj= e,
logo ajp
nj−m
∈ G(pm), assim Kj = 〈ajp
nj−m
〉 ⊂ G(pm) e |Kj| = pm.
Lembre que . . .
◦(aj) = pnj .
Portanto, K1 · · ·Kt · Ht+1 · · ·Hk e subgrupo de G contido em G(pm).
Esse produto e direto porque H1 · · ·Hk e produto direto. Vamos mostrar que
esses elementos esgotam G(pm).
Seja x = a1i1 · · ·ak
ik ∈ G(pm). Entao,
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Produto diretoPARTE 2 - SECAO 5
e = xpm
= a1i1pm
· · ·atitpm
· · ·akikpm
= a1i1pm
· · ·atitpm
,
onde a ultima igualdade segue do fato de que para j ≥ t+ 1, independente-
mente do valor de ij, pnj = ◦(aj) divide ijp
m, porque m ≥ nt+1 ≥ nj.
Agora, seja 1 ≤ j ≤ t.
Devemos ter que pnj divide ijpm, com nj ≥ nt > m ≥ nt+1, que e
equivalente a pnj−m divide ij, se e somente se, ij = λjpnj−m, com λj ∈ Z.
Portanto,
x = a1λ1pn1−m
· · ·atλtpnt−m
· at+1it+1 · · ·ak
ik ,
com λ1, . . . , λt, it+1, . . . , ik ∈ Z.
Logo, x ∈ K1 · · ·Kt ·Ht+1 · · ·Hk.
A afirmacao sobre o numero de elementos de G(pm) e obvia. �
Corolario 5
Seja (G, ·) um grupo abeliano com pn elementos. Entao, |G(p)| = pk, onde
k e o numero de invariantes de G.
Demonstracao: Temos n1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1. Tomamos Kj = 〈ajp
nj−1
〉, para
j = 1, . . . , k. Entao, |Kj| = ◦(ajp
nj−1
) = p e |K1 · · ·Kk| = pk. �
Justificativa da terminologia!Finalmente, podemos mostrar que os invariantes determinam um grupo
abeliano com pn elementos.
Teorema 13 (Classificacao dos grupos abelianos de ordem pn)
Dois grupos abelianos de ordem pn, onde p e primo e n ≥ 1 sao isomorfos
se, e somente se, tem os mesmos invariantes.
Demonstracao: Sejam G e G′ dois grupos abelianos com pn elementos, onde
G = H1 · · ·Hk, Hi = 〈ai〉, ◦(ai) = pni , n1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1 e
G′ = N1 · · ·Ns, Nj = 〈bj〉, ◦(bj) = pmj , m1 ≥ · · · ≥ ms ≥ 1.
Vamos mostrar que G e G′ sao isomorfos se, e somente se, k = s e
nj = mj, para todo j = 1, . . . , k.
(⇐=:) Suponhamos que G e G′ tenham os mesmos invariantes. Entao,
G = H1 · · ·Hk, Hi = 〈ai〉, ◦(ai) = pni , n1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1 e
G′ = N1 · · ·Nk, Nj = 〈bj〉, ◦(bj) = pnj , n1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1.
Seja ϕ : G −→ G′ o unico homomorfismo de grupos tal que ϕ(ai) =
bi, para todo i = 1, . . . , k. Como cada x ∈ G se escreve na forma x =
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101 UFF
Produto direto
a1i1 · · ·ak
ik , temos que ϕ(x) = ϕ(a1)i1 · · ·ϕ(ak)
ik = b1i1 · · ·bk
ik e ϕ e um
isomorfismo de grupos.Verifique!
(=⇒:) Suponhamos que G e G′ sejam grupos isomorfos descritos com as
notacoes do enunciado no inıcio da demonstracao. Pelo Lema 4, G(p) e
G′(p) sao isomorfos. Pelo Corolario anterior, |G(p)| = pk e |G′(p)| = ps.
Logo, pk = ps, donde k = s, isto e, o numero de invariantes de G e G′ e o
mesmo.
Suponhamos, por absurdo, que ni 6= mi, para algum i, 1 ≤ i ≤ k.
Seja t o menor i, com a propriedade acima, isto e, nt 6= mt, digamos
que nt > mt e n1 = m1 ≥ n2 = m2 ≥ · · · ≥ nt > mt ≥ mt+1.
Tomamos m = mt.
Consideremos H = {xpm
; x ∈ G} e N = {ypm
; y ∈ G′}.
Como G e G′ sao isomorfos, obtemos que H e N sao isomorfos.
Vamos analisar os invariantes de N e H.
Como m1 = n1 ≥ · · · ≥ mt−1 = nt−1 > mt = m, entao
N = D1 · · ·Dt−1, com Di = 〈bipm
〉, |Di| = pmi−m. Logo, os invariantes
de N sao m1 − m = n1 − m, . . . , mt−1 − m = nt−1 − m e o numero de
invariantes e t− 1.
Antes de analisarmos os invariantes de H, escolhemos r de modo que
nt ≥ nr > m = mt ≥ nr+1. Assim, para todo i ≥ r + 1, temos
m = mt ≥ nr+1 ≥ ni e aipm
= e.
Como n1 ≥ · · · ≥ nt ≥ nr > m = mt ≥ nr+1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1, entao
H = C1 · · ·Ct · · ·Cr, com Ci = 〈aipm
〉, |Ci| = pni−m, para todo i tal que
1 ≤ i ≤ r. Logo, os invariantes de H sao n1 −m, . . . , nr −m e o numero de
invariantes e r ≥ t.
Como H e N sao isomorfos, tem o mesmo numero de invariantes, con-
tradizendo o fato que r ≥ t > t− 1.
Portanto, concluımos que mi = ni, para todo i = 1, . . . , k. �
Pelo Teorema anterior, um grupo abeliano de ordem pn, com p primo
e n ≥ 1, pode ser decomposto como um produto direto (interno) de sub-
grupos cıclicos, onde o numero de elementos dos subgrupos cıclicos e unico,
considerando
pn1 ≥ · · · ≥ pnk ≥ p e n = n1 + · · ·+ nk.
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UFF 102
Produto diretoPARTE 2 - SECAO 5
Definicao 14 (Particao)
Seja n ∈ N, n ≥ 1. Dizemos que n1, . . . , nk ∈ N e uma particao de n se, e
somente se, n = n1 + · · · + nk com n1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1.
Exemplo 27
Se n = 1, entao ha uma unica particao de n, a saber, n = 1 = n1
As particoes de n = 2 sao duas:
2, n1 = 2
2 = 1+ 1, n1 = n2 = 1
As particoes de n = 3 sao:
3, n1 = 3
3 = 2+ 1, n1 = 2 > n2 = 1
3 = 1+ 1+ 1, n1 = n2 = n3 = 1
As particoes de n = 4 sao:
4, n1 = 4
4 = 3+ 1, n1 = 3 > n2 = 1
4 = 2+ 1+ 1, n1 = 2 > n2 = n1 = 1
4 = 1+ 1+ 1+ 1, n1 = n2 = n3 = n4 = 1
4 = 2+ 2, n1 = n2 = 2
Observamos que se n1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1 e uma particao de n, isto e, n =
n1+ · · ·+nk, entao podemos construir um grupo abeliano com pn elementos,
cujos invariantes sao n1 ≥ · · · ≥ nk ≥ 1, a saber, G = Zpn1 × · · · × Zpnk .
Pelo Teorema anterior, duas particoes de n distintas dao grupos abeli-
anos com pn elementos nao-isomorfos.
Teorema 14
O numero de grupos abelianos nao-isomorfos de ordem pn, p primo e n ≥ 1
e p(n), o numero de particoes de n.
Exemplo 28
p(2) = 2. Logo, ha, a menos de isomorfismo, dois grupos abelianos com p2
elementos, Zp2 ou Zp × Zp.
p(3) = 3. Logo, ha, a menos de isomorfismo, tres grupos abelianos com p3
elementos, Zp3 , Zp2 × Zp ou Zp × Zp × Zp.
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Produto direto
Exemplo 29
Agora e a sua vez. Descreva os cinco grupos abelianos nao-isomorfos de
ordem p4.
Corolario 6
O numero de grupos abelianos nao-isomorfos com p1α1 · . . . · ps
αs elementos,
tais que p1 < · · · < ps sao primos e αi > 0, e p(α1) · . . . · p(αs), onde p(αi)
e o numero de particoes de αi, i = 1, . . . , s.
Exemplo 30
Vamos descrever, a menos de isomorfismo, os grupos abelianos com 200 ele-
mentos.
Primeiramente, escrevemos 200 = 23 × 52.
Temos α1 = 3, p(3) = 3 e os grupos abelianos nao-isomorfos com 23 = 8
elementos sao Z8, Z4×Z2 e Z2×Z2×Z2, olhando para as particoes de 3 no
Exemplo 27.
Temos α2 = 2, p(2) = 2 e os grupos abelianos nao-isomorfos com 52 = 25
elementos sao Z25 e Z5 × Z5. Logo, ha p(3) × p(2) = 3 × 2 = 6 grupos
abelianos nao-isomorfos com 200 elementos.
A menos de isomorfismo, os grupos abelianos com 200 elementos sao:
Apenas um desses grupos e
cıclico. Qual e o grupo
cıclico com 200 elementos?
Z8 × Z25, Z8 × Z5 × Z5,
Z4 × Z2 × Z25, Z4 × Z2 × Z5 × Z5
Z2 × Z2 × Z2 × Z25 e Z2 × Z2 × Z2 × Z5 × Z5.
Exercıcios
1. Sejam (G, ·) e (G′, ⋆) grupos, com elementos neutros, respectivamente,
e e e′. Seja G×G′ = {(a, a′) a ∈ G e ; a′ ∈ G′}.
(a) Mostre que G×G′ e um grupo com a operacao
(a, a′) · (b, b′) = (a · b, a′⋆ b′).
(b) Sejam H e H′ subgrupos de G e G′, respectivamente.
i. Mostre que H×H′ e um subgrupo de G×G′.
ii. Mostre que H × H′ e um subgrupo normal de G × G′ se, e
somente se, H e H′ sao subgrupos normais de G e G′, respec-
tivamente.
M.L.T.Villela
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Produto diretoPARTE 2 - SECAO 5
iii. Sejam H e H′ subgrupos normais de G e G′, respectivamente.
Seja π : G × G′ −→ G/H × G′/H′ definida por π(a, a′) =
(Ha,H′a′). Mostre que π e um homomorfismo sobrejetor de
grupos com Nucleo(π) = H×H′. Conclua que G×G′/H×H′
e um grupo isomorfo a G/H×G′/H′.
(c) Mostre que e×G′ e G× e′ sao subgrupos normais de G×G′.
(d) Seja ϕ : G×G′ −→ G definida por ϕ(a, a′) = a. Mostre que ϕ e
um homomorfismo sobrejetor de grupos com Nucleo(ϕ) = e×G′.
(e) Conclua que G×G′/e×G′ e um grupo isomorfo a G.
2. Classifique os grupos abelianos de ordens 18, 27 e 108.
3. Classifique os grupos de ordem 455.
4. Classifique os grupos de ordem 72 × 112.
5. Classifique os grupos abelianos G com | G |∈ { 8, 12, 36}.
Nos grupos abelianos finitos
vale a recıproca do Teorema
de Lagrange.
6. Seja (G, ·) um grupo abeliano finito. Sejam um inteiro que divide | G |.
Mostre que existe um subgrupo K de G tal que | K |= m.
7. Seja (G, ·) um grupo isomorfo a Zn×Zm, onde mdc(m,n) = 1. Mostre
que G e cıclico.
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