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+ Maio de 2009| Escola Secundária com 3º ciclo de José Estêvão de Aveiro CHOCOLATE DOPING NANOTECNOLOGIA As origens. Os benefícios e Os perigos e os casos Um mundo pequeno com malefícios para a saúde. mais insólitos. grandes dimensões.

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Revista "+Saúde" realizada por Diogo, Min, Raquel e Sofia do 12ºA da ESJE

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Maio de 2009| Escola Secundária com 3º ciclo de José Estêvão de Aveiro

CHOCOLATE DOPING NANOTECNOLOGIA As origens. Os benefícios e Os perigos e os casos Um mundo pequeno com malefícios para a saúde. mais insólitos. grandes dimensões.

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Editorial  

Seja bem-vindo à nossa (e agora sua) revista! Somos um grupo de Área de Projecto do 12º ano

da Escola Secundária com 3º ciclo de José Estêvão de Aveiro e este é o culminar do nosso projecto: a Revista “+ Saúde”.

Ao longo do ano lectivo 2008/2009, desenvolvemos um projecto partindo do conceito da O.M.S., de que a “Saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”, de modo a tratar esta temática nas suas diferentes vertentes. Realizá-mos várias actividades, entre elas um inquérito, uma entrevista, uma apresentação do projecto na escola e um site que contém todo o desenvolvimento do nosso trabalho.

Com esta revista, pretendemos dar uma visão holística do conceito de saúde, sensibilizar a comuni-dade para alguns assuntos que são muitas vezes explicados de forma demasiado científica, chamar a atenção para alguns problemas de saúde e a forma de os solucionar, proporcionar momentos de lazer e parti-lhar conhecimentos.

Para a sua realização, muito contribuíram os nos-sos colaboradores: o professor Sérgio Heleno, que nos orientou no desenvolvimento do projecto, a pro-fessora Isabel Magalhães, a quem realizámos uma entrevista sobre “o Stress” e a professora Teresa Cas-tro, responsável pela crónica “A pista do porvir”. Agra-decemos também o apoio dos nossos patrocinadores, já que permitiu a impressão desta revista.

A construção desta revista foi um desafio diário: a procura de patrocinadores, de colaboradores, as pes-quisas constantes, as traduções realizadas, os artigos escritos, a troca de experiências, …tudo contribuiu para que este sonho se tornasse realidade.

Esperamos que a leitura desta revista seja uma experiência tão enriquecedora, como foi a sua cons-trução para cada um de nós.

Envie-nos as suas sugestões, críticas e opiniões para: [email protected]

Não deixe de consultar o nosso site em: projectomaissaude.freehostia.com

     

Contextualização de temas  

Numa sociedade como a actual, são muitos aque-les que são acompanhados de stress no dia-a-dia. Cada vez mais, existem novos produtos e substâncias a que somos expostos. E cada vez mais são as pes-soas que sofrem de doenças para as quais não se conhece cura. A MEDICINA é, portanto, muito impor-tante para assegurar o bem-estar de um indivíduo. Nas últimas décadas, a medicina evoluiu muito com a ajuda da ciência e da TECNOLOGIA, que desempe-nham um papel fundamental na medida em que permi-tem encontrar novas formas de diagnosticar doenças e formas de cura. Mas, como já foi referido, ainda existem muitas doenças para as quais não existem cura. Por isso torna-se importante termos cuidado com comportamentos de risco. Uma ALIMENTAÇÃO sau-dável, a prática regular de DESPORTO e o contacto com a NATUREZA são amplamente conhecidos na prevenção de doenças. Para isso, incluímos também uma secção de conselhos de saúde, designada por QUEM TE AVISA TEU AMIGO É, que podem ser des-tinadas a cada situação em particular.

No século XXI, as doenças psicológicas começam a ter uma incidência cada vez maior. Torna-se, por isso, importante aliviar a pressão e o stress. Para esse efeito, sugerimos alguma ACTIVIDADE TURÍSTICA, LIVROS para ler, sugestões de CINEMA para divertir, bem como PASSTEMPOS, como o próprio nome indi-ca, para passar os seus tempos livres. Incluímos ainda CRÓNICAS e CURIOSIDADES relacionadas com temas em questão.

 

Diogo Cerqueira, Lin Min, Raquel Ferreira e Sofia Vale 

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João Paulo Carvalho 919 594 636

Mediação de Seguros, Lda. Rua da Brejeira, 2C ● Rotunda de São Bernardo 3810-070 Aveiro ● Tel. 234 195 236 ● fax 234 195 237 E-mail: joã[email protected]

MEDICINA Memória 8

PSICOLOGIA Entrevista sobre stress 12

ALIMENTAÇÃO Benefícios de plantas ● Chocolate 14

DESPORTO Doping 16

HÁBITOS SAUDÁVEIS Inquérito 20

TECNOLOGIA Nanotecnologia 22

TURISMO Aveiro 24

NATUREZA Inteligência Animal 26

CRÓNICA Memória – A pista do porvir 29

LAZER 30 QUEM TE AVISA TEUAMIGO É 33 RECORDES DO GUINESS 35 PASSATEMPOS 36

PERIGOS Drogas e Toxicodependência 18

Chocolate

“O chocolate é tão poderoso que a Polícia britânica chegou a testá-lo como potencial arma contra a delinquência!”

Pág. 15

Memória

“Conseguia memorizar séries de sílabas sem sentido, listas de mais de 100 dígitos e poemas de idiomas desconhecidos.” 

Pág. 8

Quem te avisa teu amigo é

Conselhos de saúde

Pág. 33

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ALGUNS PORQUÊS DO CORPO HUMANO 

Porque é que estar zangado faz-nos ter menos apetite?

Quando se está de estômago vazio, é habitual ter uma sensação de fome e por vezes até faz barulho. Mas, também acontece por vezes a fome desaparecer devido a um acontecimento desagradável ou quando estamos a comer e acontece algo extremamente desagradável, deixamos de ter apetite e parece que já comemos o suficiente.

As emoções que uma pessoa experimenta, bem como a sua mudança, influencia o funcionamento das várias partes do corpo, sendo o estômago aquele cujo funcionamento é mais susceptível de ser alterado. Investigadores descobriram que quando há uma alte-ração do estado de espírito mais ou menos acentua-da, o fornecimento de suco gástrico torna-se anormal não se produzindo líquido suficiente; os músculos do estômago experimentam contracções e movimentos diferentes do padrão normal e as válvulas do estôma-go abrem e fecham sem ritmo.

Quando o córtex cerebral entra em actividade para gerir uma dada situação, essa parte é excitada e as restantes reprimidas. Tal como, quando lemos um livro fascinante, deixamos de perceber o que se passa à nossa volta, também quando temos fome, o cérebro activa a parte encarregue da alimentação, deixando de parte as restantes tarefas num estado reprimido. No entanto, quando experimentamos emoções violen-tas, como a ira, outras partes do cérebro ficam mais excitadas, resultando numa repressão da região cor-respondente à da alimentação. Assim, o apetite dimi-nui.

A situação acima descrita numa baixa frequência não tem efeitos muito prejudiciais, mas é importante referir que discutir ou tentar resolver problemas com-plicados com frequência antes ou depois bem como durante uma refeição pode vir a ser um sério perigo para a saúde. Algumas pessoas que têm doenças relacionadas com o estômago experimentaram por longos períodos emoções negativas.

Assim sendo, há que evitar discussões e permane-cer calmo antes e durante um refeição.

Porque que é que os olhos ardem quando lês ou vês televisão?

Um adulto em repouso pestaneja cerca de 15

vezes por minuto. Ao ver televisão ou olhar para um ecrã, pestaneja entre 7 a 8 vezes por minuto. Enquan-to pisca os olhos, as pálpebras protegem o globo ocu-lar da secura e de arranhões espalhando lágrimas através do globo ocular. Como pestanejamos menos ao ler ou olhar para um ecrã, os olhos têm tendência a ficar secos e ardem.

O ritmo do pestanejar depende tanto do estado de espírito como da actividade, do nível de concentração e ainda da idade. O cansaço e alguns momentos de transição aceleram o ritmo do pestanejar e a calma

abranda o mesmo. A ansiedade pode provocar um pestanejar extremamente rápido. Um adulto agitado ou nervoso pode piscar os olhos 50 vezes por minuto. Um mau mentiroso tem tendência a piscar os olhos mais depressa depois de ter dito uma mentira, sendo esse um dos princípios em que se baseia o detector de mentiras. Como já referido, o ritmo do piscar dos olhos também depende da idade. Por exemplo, um bebé recém-nascido pestaneja 2 vezes por minuto.

Além dos humanos, o pestanejar nos animais vária de espécie para espécie. O papagaio pestaneja 26 vezes por minuto; no entanto, a avestruz pestaneja apenas uma vez por minuto.

Porque é que chorar também faz bem à saúde?

Actualmente, há vários investigadores que recla-

maram a teoria de que chorar faz bem à saúde. As lágrimas de uma pessoa quando se encontra

em sofrimento e as lágrimas causadas por uma consti-pação ou devido corpos estranhos no olho têm com-ponentes químicos diferentes. As lágrimas produzidas devido ao sentimento de tristeza contém uma substân-cia que diminui o sofrimento e que atenua os seus efeitos negativos sobre a saúde. Além disso, se as lágrimas não forem libertadas, elas passam pelas fos-sas nasais entrando no estômago. Assim, as substân-cias prejudiciais que as lágrimas contenham podem provocar asma, úlceras gástricas e vários problemas relacionados com o sistema circulatório.

Uma investigação mais avançada indica que as lágrimas libertadas em casos de sofrimento tem uma grande concentração em proteínas. Esta proteínas são produzidas em situações de depressão, e as lágri-mas libertadas nestas situações vão precisamente retirar essas substâncias depressoras do organismo, atenuando os efeitos negativos que emoções negati-vas e substâncias prejudiciais têm sobre ele. Porque é que se utiliza a biometria?

A biometria é uma tecnologia que utiliza caracterís-ticas biológicas únicas para verificar a identidade de uma pessoa. Essas características incluem impres-sões digitais, varredura de íris e retina, geometria da mão, padrões de voz e reconhecimento facial, entre outras.

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MEDICINAS ALTERNATIVAS 

Segundo a O.M.S. (Organização Mundial de Saú-de), a saúde não se traduz somente na ausência de doença, mas engloba o completo equilíbrio do indiví-duo em termos físicos, mentais e sociais. É neste sen-tido que as pessoas procuram cada vez mais o bem-estar físico e mental. Uma alternativa muitas vezes encontrada, em particular nos últimos anos, é a das medicinas alternativas.

As medicinas alternativas são entendidas como o conjunto de práticas de terapias sem validação científi-ca ou que não estão acessíveis ao método científico. Esta ausência de aprovação científica é vista com alguma preocupação, nomeadamente pela O.M.S. Estes tratamentos alternativos, segundo a O.M.S, têm de ser encarados com muita cautela, devido ao facto de existirem muitos terapeutas que se deixam influen-ciar pelas suas crenças. Para além do referido, exis-tem também pessoas que se valem da ignorância e boa fé de outros para tirarem benefício próprio.

Posto isto, as medicinas alternativas vivem rodea-das de desconfiança e muita preocupação. Nesse sentido, foram estabelecidas em 1989 as possíveis formas de verificar a validade de técnicas diagnósticas e terapêuticas:

- revisão sistemática de experiências aleatoriamen-te controladas;

- perspectivas clínicas; - consenso médico baseado na experiência indivi-

dual. Façamos agora uma síntese de alguns tipos de

medicina alternativa: Acupunctura É uma das mais antigas práticas tradicionais, e

consiste na inserção de agulhas em pontos definidos do corpo para reequilibrar a energia vital e obter efei-tos terapêuticos ainda inexplicáveis para a medicina tradicional.

Osteopatia É uma ciência terapêutica baseada na biomecânica

do corpo, através da massagem. Naturopatia Trata doenças através de processos naturais, dei-

xando que seja o próprio corpo a reagir com a sua energia vital e os mecanismos homeostáticos (de defesa e reequilíbrio).

Reiki Terapia que se baseia na manipulação da energia

vital pela imposição das mãos do terapeuta sobre os pontos afectados do corpo, o qual abre os canais energéticos, removendo os bloqueios e repondo o equilíbrio.

Shiatsu Consiste numa massagem japonesa que utiliza os

dedos e as palmas das mãos para pressionar os pon-tos meridianos da acupunctura, restabelecendo o fluxo energético e corrigindo disfunções internas.

Quiroprática Esta especialidade recorre a uma metodologia úni-

ca que visa a recuperação da actividade e da capaci-dade de resposta do sistema nervoso.

Iridologia É um método pré-diagnóstico que permite estudar

a íris para detectar as alterações orgânicas, metabóli-cas, nervosas e outras que ocorrem no organismo. Todas as partes do ser humano estão representadas na zona colorida dos olhos, daí que a observação da pigmentação e da estrutura das suas fibras possa revelar muito sobre o estado de saúde da pessoa.

Homeopatia Significa “os semelhantes curam-se pelos seme-

lhantes”, porque aquilo que provoca a doença também a cura. São utilizadas doses em pequenas quantida-des da substância que provocaria a doença em quanti-dades normais, de modo a curar essa mesma doença. Acupunctura 

“Naturopatia ‐ trata doenças através de processos naturais” 

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Como se formam as recordações? Por que é que recordamos momentos durante toda a vida e esquecemos outros quase instantaneamente? A ciência já tem respostas para isto e muito mais…. 

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Medicina

Em termos científicos, a memória é a capacidade intelectual que nos permite registar a informação, armazená-la e, mais tarde, convertê-la em recordação.

Os mecanismos da memória são muito complexos e, excepto em situações de grande impacto emocio-nal, as memórias não se formam no momento. A infor-mação recebida é guardada inicialmente na forma de memória de curto prazo, primeiro no córtex visual (durante fracções de segundo) e seguidamente no córtex frontal (durante alguns segundos). Quando a informação é suficientemente maturada, a potenciali-zação a longo prazo (PLP) é activada e a informação é transformada em recordação.

Em termos moleculares, a PLP leva à segregação de substâncias que “fixam” as recordações. As liga-ções entre os neurónios são fortalecidas e o cérebro torna-se numa base de dados permanente e com uma capacidade extraordinária avaliada em 108432 bits!

Contudo, nem toda a informação recebida se torna em recordação, pois nós somos cerebralmente selecti-vos.

Os neurocientistas descobriram que a memória não reside num lugar concreto do cérebro, mas sim que os dados se distribuem por toda a matéria cinzen-ta. Contudo, existe uma espécie de torre de controlo, o hipocampo, que decide o que se deve guardar e o que deve ser esquecido rapidamente.

Guardamos mais facilmente o que nos interessa e aquilo a que prestamos mais atenção. Mas prestar atenção não é o suficiente! Também é muito importan-te a repetição do exercício mental para que as liga-ções entre os neurónios sejam mais duradouras. Além disso, está provado que se memoriza melhor aquilo que se entende, que se associa a outros conhecimen-tos e sobretudo o que implica emoção.

Existem dois tipos de memória. Uma memória, a memória declarativa, funciona a nível consciente e fixa

os acontecimentos, como situações da vida quotidia-na, as imagens e os sons que podemos recordar. A outra, a memória procedural, funciona automaticamen-te e está relacionada com as capacidades motoras e cognitivas.

As recordações são armazenadas em locais dife-rentes, dependendo do tipo de memória. Por exemplo, o suporte das emoções é da responsabilidade da amígdala, enquanto que o suporte dos hábitos/talentos são os gânglios da base e o cerebelo.

Esquema de neurónios em actividade sináptica. 

A memória é selectiva! Retemos:

10%

do que lemos

20%

do que ouvimos

30%

do que vemos

50%

do que vemos e ouvimos

70%

do que dizemos aos outros

90%

do que dizemos e fazemos

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MENTE CONFUSA Alzheimer, amnésia, déjà vu, jamais vu e falsas

memórias são apenas alguns dos problemas que afectam muitas memórias.

A doença de Alzheimer é uma doença neurode-

generativa provocada essencialmente pela acumula-ção de agregados de proteína beta-amilóide e uma proteína resultante da mutação da proteína tau no cérebro. O primeiro a descrever esta doença foi Alois Alzheimer em 1906, que a definia como uma patologia neurológica que causa demência, destacando-se os sintomas de défice de memória, alterações de com-portamento e incapacidade para actividades rotineiras.

Os doentes em fase inicial são incapazes de recor-dar acontecimentos recentes, mas conservam a memória de acontecimentos antigos. Contudo, à medi-da que a doença avança, as velhas memórias também se apagam e os doentes deixam mesmo de reconhe-cer os familiares e perdem completamente a autono-mia. Estima-se que existam mais de 70 mil casos em Portugal e a esperança média de vida destes doentes está entre dois e quinze anos.

A amnésia é a perda total ou parcial da memória e na maioria dos casos é temporária. Existem dois tipos de amné-sia: a anterógrada e a retrógrada. A anteró-grada é aquela sub-sequente a um trau-ma cerebral e a pes-soa tem dificuldade em recordar eventos recentes, mas conse-gue lembrar-se de eventos ocorridos

antes do trauma. A retrógrada é aquela em que a pes-soa consegue formar novas memórias, mas não con-segue lembrar-se de eventos anteriores ao trauma.

O déjà vu (“já visto”) é um fenómeno muito comum e define-se pela sensação de viver um experiência já experimentada. Este fenómeno deve-se aos pequenos lapsos que se produzem no armazenamento da memória e da recordação.

O fenómeno contrário, isto é, a falta de familiarida-de perante situações conhecidas, denomina-se por jamais vu (“nunca visto”).

As falsas memórias ocorrem quando visualizamos na nossa mente determinadas situações ou somos capazes de indicar detalhes de determinados aconte-cimentos que parecem ter-se passado connosco, mas que na verdade são apenas a confusão de uma recor-dação.

EXTREMOS DA MEMÓRIA

Savants

O psicólogo Darold A. Treffert estuda a síndrome de savant há já quarenta anos. Define os savants como alguém que padece de uma deficiência mental e que seria chamado de génio se não possuísse essa deficiência.

Existem savants com as chamadas capacidades fragmentárias, como memorizar matrículas ou triviali-dades desportivas; há os savants talentosos que têm um talento óbvio que contrasta com a doença e ainda os savants prodigiosos, que têm capacidades extraor-dinárias, mesmo quando vistas em seres sem defi-ciência.

Os savants prodigiosos sabem coisas que nunca aprenderam e têm capacidades que passam pela música, arte e matemática. Existem menos de cem savants prodigiosos no mundo!

Temos como exemplos de savants George Wide-ner, que consegue saber em que dia da semana é uma qualquer data em poucos segundos ou Kim Peek que lê 500 páginas por hora e já memorizou 9000 livros. Ambos sofrem de autismo: alteração cerebral que afecta a capacidade da pessoa comunicar, esta-belecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente.

George Widener foi sujei-to a testes cerebrais para se tentar compreender como funciona o seu cérebro. A professora Joy Hirsch, uma conceituada neurologista de Universidade da Columbia chegou à conclusão que ele usa áreas do cérebro dife-rentes das nossas ao reali-zar os seus cálculos ou ao identificar objectos.

Kim Peek – savant de 53 anos com capacidades intelectuais  fabulosas. 

George Widener – savant prodigioso apaixonado por números. 

Hum, o que é que eu estou aqui a fazer?

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Esta neurologista põe duas hipóteses: ou George

já nasceu com o cérebro organizado desta maneira ou desenvolveu-o.

Contudo, para Treffert, o início das capacidades de um savant dá-se no útero, quando os dois hemisférios começam a batalha pela supremacia.

Segundo Trefferd, o principal responsável é a hor-mona masculina: a testosterona. Enquanto o feto se desenvolve, a testosterona atinge valores altíssimos, quase iguais aos de um adulto. Em casos raros, esta torrente de testosterona afecta as ligações neurológi-cas e causa danos no hemisfério esquerdo. Deste modo, o hemisfério direito terá de compensar os prob-lemas do esquerdo que, como não tem tanto controlo lógico, dará origem a um indivíduo mais criativo (capacidades existentes no direito).

O psicólogo Allan Snyder acredita que todos temos um savant dentro de nós. Garante que nas suas ex-periências com voluntários conseguiu, através da es-timulação magnética transcraniana (EMTr), bloquear a actividade do hemisfério esquerdo e libertar o savant que existe dentro deles. Realizou vários testes antes e depois da estimulação e comparou os resultados. Alguns dos testes foram: desenhar um cavalo, obser-var um provérbio detectando a palavra repetida e dizer quantos pontos aparecem num ecrã cheio deles em poucos segundos.

A. Snyder verificou que, após a estimulação duran-te quinze minutos, o desenho do cavalo melhorava drasticamente, a palavra repetida era logo detectada, e a aproximação ao número real de pontos era muito maior.

Outras memórias geniais AJ, nome dado pelos investigadores, recorda todos

os dias da sua vida desde os onze anos de idade com uma precisão fotográfica.

É um exemplo de uma memória prodigiosa, mas ao mesmo tempo assustadora, porque todos os dias se culpa de escolhas passadas e não se consegue liber-tar de momentos dolorosos.

Outra mente prodigiosa é a do russo Shereshevski. Era jornalista e nunca tirava notas para preparar um artigo, por mais complexo que fosse. Conseguia

memorizar séries de sílabas sem sentido, listas de mais de 100 dígitos e poemas de idiomas desconheci-dos. Segundo o psicólogo Aleksandr R. Luria, o segredo estava na sua capacidade para formar ima-gens mentais.

TREINO MENTAL

Apesar da maioria das pessoas não ter memórias geniais, esta é uma possibilidade que está ao alcance de qua-se todos, bastando investir várias horas num treino mental correcto. Alguns métodos que ajudam a desenvol-ver o cérebro são: a utili-zação das duas mãos, para ajudar a desenvol-ver os dois hemisférios cerebrais, como por

exemplo escrever e pentear com a mão menos desen-volvida; fechar os olhos, por exemplo, no banho ou a comer para ajudar a desenvolver outros sentidos; ten-tar fazer algo diferente, como não escolher sempre o mesmo lugar e experimentar jogos como xadrez e car-tas para desenvolver capacidades diversas.

Para o desenvolvimento específico da memória, podem fazer-se exercícios de cálculo mental, tentar memorizar sequência e poemas, e devem-se procurar estratégias de memorização como a ligação de conhe-cimentos a imagens.

Para além da exercitação mental, há acções que ajudam no desenvolvimento de uma memória melhor.

Dormir bem é uma delas, já que é durante o sono que o que aprendemos durante o dia se “prende” melhor ao cérebro e praticamos novas capacidade. Outro ponto importante é a alimentação, porque 30% das calorias que consumimos diariamente são utiliza-das pelo cérebro.

O exercício físico tem igualmente grande impacto, pois leva a uma maior oxigenação do cérebro. O oxi-génio, por sua vez, faz com que haja uma maior pro-dução de neurónios e, assim, um consequente favore-cimento da memória.

A persistência da memória, pintura de Salvador Dalí, 1931 

• CITAÇÕES

• “Não guardar nunca na cabeça o que couber num bolso”; Albert Einstein

• “A memória é a consciência inserida no tempo”; Fernando Pessoa

• “Só quando tivermos aprendido a amar o esqueci-mento aprenderemos a arte de viver”; Oscar Wil-de

• “A memória diminui se não for exercitada.”; Mar-cus Cícero

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Revista “+ Saúde” (+S): Quais são os sintomas

do stress? Professora Isabel Magalhães (P.I.M.): Os sinto-

mas do stress são, de forma geral: fadiga, dores de cabeça, tensão nervosa, ansiedade, depressão, exaustão e irritabilidade. Para além disso, há ainda o foro patológico, como por exemplo a depressão e as úlceras gástricas. Neste sentido, acho importante fazer uma pequena introdução ao conceito de stress, que segundo os investigadores nem sempre é negati-vo. O que consideramos normalmente negativo é o stress crónico que os investigadores designam por disstress. Esse sim, é o stress que dá origem a todos aqueles sintomas que referimos e que convém ter atenção, sendo o stress típico das sociedades moder-nas devido ao ritmo acelerado de vida e à luta por um estatuto social. Para além disso, há um chamado stress positivo, o eustress, que é aquele stress que prepara o nosso organismo para reagir a situações de desafio e que desaparece naturalmente quando con-seguimos o tipo de resposta que procuramos, ou seja, é um mecanismo de adaptação às circunstâncias que prepara todo o nosso organismo. Por exemplo, na prá-

tica de desportos radicais experimenta-se o eustress e não o disstress. Neste caso, é o organismo que através das supra-renais começa a segregar mais adrenalina preparando o organismo para reagir à situação.

+S: Biologicamente, como é que podemos carac-

terizar o stress? P.I.M.: Biologicamente, o stress é uma resposta que

o organismo prepara para situações que homem tem de enfrentar. Nestas situações ocorre um aumento da pres-são sanguínea, a formação de placas nas artérias e pal-pitações cardíacas, dificultando o bombeamento do san-gue no coração. Ocorrem também problemas ao nível de memória: há morte de neurónios do hipocampo e isso está relacionado com o caso das “brancas”, em que pessoas, cheias de stress, querem lembrar-se de qual-quer assunto que dominam bem não conseguem. Se o hipocampo, que é o centro da memória está afectado, a aprendizagem também o será, diminuindo o nosso ritmo de aprendizagem.

O stress pode igualmente provocar um tipo de obesi-dade que se sente fundamentalmente ao nível da cintu-ra, sendo por isso bastante perigosa.

De uma forma geral, há uma fase em que o organis-mo tem consciência do estado de tensão em que se encontra. Seguidamente há uma fase de resistência em que o organismo se adapta através das secreções hor-monais para aguentar o impacto do stress e, se não houver estratégias de coping1, ou seja, momentos em que se transforma o disstress em eustress, pode levar à exaustão e mesmo à morte.

+S: Quais são as principais causas do stress? P.I.M: A principal causa do stress é a luta por um

estatuto na sociedade, porque as pessoas procuram cada vez mais ascender ao topo da hierarquia social e isso exige um desgaste muito grande.

É certo que as pessoa que chegam ao topo dessa hierarquia, ou seja as que chegam ao nível da auto-realização na Pirâmide de Maslow2 têm níveis de stress menores, porque se dedicam a fazer aquilo que gostam e conseguiram chegar aos patamares que ambiciona-vam, sentindo que têm controlo sobre o seu próprio tra-balho e sobre a sua qualidade de vida.

Já as pessoas que estão na base das hierarquias sociais vivem num stress constante, lutando pela própria sobrevivência e não dominando a sua própria vida. Sen-tem-se, deste modo, muito ansiosas, tendo uma grande probabilidade de ter doenças ligadas com o stress, como úlceras gástricas.

Estas úlceras são provocadas por bactérias, mas é o stress que causa deficiências ao nível do sistema imu-nológico, facilitando a acção das bactérias.

Psicologia

ENTREVISTA SOBRE STRESS A revista “+ Saúde” foi entrevistar a professora

de psicologia Isabel Magalhães para nos falar de

um tema que afecta a sociedade actual: “o Stress”.

A professora Isabel Magalhães nasceu em 1952,

é licenciada em Filosofia e tem mestrado em Psico-

logia, tendo como tema de tese “Psicologia Pedagó-

gica”. Dá aulas há 32 anos e lecciona na Escola

Secundária com 3º ciclo de José Estêvão há 21.

Professora Isabel Magalhães 

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Um grupo que sente muito stress são os estudan-

tes, que lutam por entrar num curso que lhes irá pro-vocar menos disstress. Existe, no entanto, a estratégia de coping que é o próprio reforço por terem consegui-do chegar ao patamar que ambicionavam, passando o disstress para eustress.

+S: Que técnicas de prevenção de stress exis-

tem actualmente? P.I.M.: O ideal seria mudar a sociedade toda! Ou

seja, as pessoas não serem tão ambiciosas do ponto de vista monetário, conseguirem estruturar uma socie-dade com determinados valores, em que as pessoas se reconhecessem e dessem valor àquilo que tem e não só àquilo que não têm. Estão sempre numa luta desenfreada para obter o que ainda não têm e quando chegam ao que têm, já não valorizam e partem para outro patamar.

Antigamente, as sociedades não eram assim. Hoje, vive-se muito em função do “ter” o não do “Ser”. Para mudar isso é necessário voltar a uma sociedade com determinados valores e menos consumista.

Por outro lado, as pessoas podem arranjar activi-dades em que controlem o stress e em que se sintam bem. Por exemplo, fazerem parte de um grupo qual-

quer, em que se sintam motivadas como campanhas de voluntariado ou fazerem grupos de desporto em que são reconhecidos socialmente.

O desporto é, assim, uma estratégia de coping muito utilizada. Dormir bem é também fundamental, mas isso está interligado, porque ao praticar desporto há maior libertação de dopamina3 e as pessoas ficam mais felizes. Se ficam mais felizes e mais relaxadas, dormem melhor.

+S: Já que não podemos mudar toda a sociedade

temos que tentar mudar os nossos comportamentos, tentando transformar o disstress em eustress. É assim?

P.I.M.: É isso mesmo.

1-Coping - Conjunto de estratégias para responder a um acon-tecimento stressante. 2-Pirâmide de Maslow - pirâmide que explica a teoria motiva-cional de Abraham Maslow, segundo a qual os seres humanos satisfazem primeiro as necessidades de défice (fisiológicas, segurança, afecto e pertença e estima) e só depois as necessi-dades de auto-realização. 3-Dopamina - Neurotransmissor que tem como função a activi-dade estimulante do sistema nervoso central.

CONTACTOS: Aveiro 234 429 185 234 347 227 Águeda 234 623 800 Estarreja 234 842 044

DESDE 1979 30 ANOS

de profissionalismo e seriedade no uni-verso das empresas do nosso ramo sediadas no distrito de Aveiro; somos indiscutivelmente os líderes na presta-ção de serviço de viagens e turismo.

A Turvela apoia o Projecto Revista “+ Saúde”

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PLANTAS MEDICINAIS Uma planta medicinal é uma planta cuja parte

ou partes contenham substâncias que possam ser usados para fins terapêuticos ou que sejam um pre-cursor para a síntese de drogas úteis.

Uma planta de conhecimento geral com funções

terapêuticas é a Aloé Vera. A Aloé Vera pode ser usa-da para aliviar a tosse e a amenorreia (ausência de menstruação).

No Algarve, o chá da rama da erva-de-são-roberto é utilizada para o estômago e para purificar o sangue.

A cozedura do estevão é usada para combater queda de cabelo.

A rama da arruda, em fogo ou sobre brasas, de acordo com a sabedoria tradicional, ajuda a combater “o mal da Lua” que afecta bebés provocando diarreias, tremores e, em certas ocasiões, a morte.

Os tremoços foram referidos como favoráveis a diminuir as diabetes, engolindo um a três tremoços secos e crus por dia.

A folha de louro, utilizada muito na cozinha portu-guesa, em chá, pode ser utilizada como potencial paliativo para aliviar a ressaca.

A batata, um alimento do dia-a-dia na gastronomia portuguesa, também pode ter um fim terapêutico. Rodelas de batatas aplicadas em forma de cataplas-ma na testa do doente podem curar a febre.

O alecrim é sugerido para afastar maus espíritos. A sua rama usada em chá pode servir de defumadouros para desinfectar a casa.

Foram identificadas utilidades para pelo menos 173

espécies botânicas de acordo com os conhecimentos de medicina popular portuguesa.

SOJA A soja é uma planta herbácea e provém da família

das leguminosas. Chegou ao Ocidente no início do século XX, mas já no século XI a.C. era utilizada nas cozinhas chinesas, sendo considerada uma das cinco sementes sagradas. Foi-lhe inclusivamente atribuída a própria sobrevivência da China, devido ao seu uso nutricional como principal fonte proteica. Actualmente, é um alimento funcional, que fornece nutrientes ao organismo e traz benefícios para a saúde.

A soja tem um enquadramento medicinal compro-vado através de estudos cujo objectivo é prevenir e reduzir o risco de certas doenças, melhorando a quali-dade de vida. Os produtos à base de soja reduzem o mau colesterol e, graças à hormona vegetal isoflavona (substância gerada no aparelho digestivo), tornam as artérias mais flexíveis e reduzem a probabilidade de se vir a ter arteriosclerose. O consumo diário de soja

diminui também o risco de cancro da mama e da prós-tata, e as suas fibras agem como reguladores do nível de glicose. Por fim, atenua ainda os desconfortos do clima, como os suores nocturnos e as ondas de calor, e ajuda a fixar o cálcio, fortalecendo a estrutura óssea.

Analisamos de seguida, pormenorizadamente, as

vantagens acima referidas: Cancro: o grão de soja contém um composto sin-

gular denominado de fitoestrogénio, responsável pela redução da probabilidade de contrair cancro.

Colesterol: Os altos níveis de colesterol sanguíneo

estão associados às doenças cardiovasculares, como o enfarte do miocárdio e arteriosclerose. Pesquisas feitas pela American Heart Association têm demons-trado que a ingestão de proteínas de soja reduz as taxas de colesterol.

Ossos: Com o envelhecimento, a perda de cálcio

aumenta, resultando na osteoperose. Na menopausa, esta situação agrava-se com a deficiência hormonal ovariana. Dada a sua função estrogénica, a soja pode auxiliar a manter a estrutura óssea.

Diabetes: As fibras da soja exercem importante

papel na regulação dos níveis de glicose no sangue, pois retardam a sua absorção. Essa redução na velocidade de absorção da glicose auxilia no controle da diabetes.

Outras doenças: Existem provas de que consumo

de soja tem um efeito positivo no controle de outras doenças como hipertensão, litíase ( cálculos biliares) e doenças renais.

Deve-se igualmente salientar a importância da soja

na agricultura. A soja tem uma bactéria que fixa o azo-to no solo, evitando assim o uso de adubos químicos que possam prejudicar o equilíbrio do ecossistema.

É claro que um só alimento não tem a capacidade

de impedir todas as doenças e as respectivas mani-festações, pois não só de soja vive o homem.

No entanto, a adição deste grão à dieta, juntamente com um estilo sau-dável de vida, pro-moverá um aumen-to na capacidade de prevenção de doenças.

Alimentação

BENEFICIOS DE PLANTAS

Soja 

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+ 15

CHOCOLATE

ORIGEM Acredita-se que o cacaueiro teve origem nas

bacias do Amazonas e do Orinoco, na América do Sul. Os maias foram o primeiro povo que cultivou o cacau, levando-o consigo quando emigraram para Yucatán (ou Iucatão). A realeza asteca deliciava-se com uma bebida de chocolate amargo, feito com sementes de cacau trituradas e misturadas com milho fermentado ou vinho. Diz-se que o imperador asteca Montezuma tomava mais de 50 taças por dia!

Os astecas também usavam as sementes de cacau como moeda de troca. O conquistador espanhol Hernán Cortés, ao notar a importância do cacau para os astecas, introduziu a cultura deste “ouro castanho”, como ele lhe chamava. A Espanha passou então a controlar o mercado do cacau, desde o século XVI até ao século XVIII, levando-o para Haiti, Trindade e a ilha Bioko, na África Ocidental. É aí que, actualmente, se situam os 4 maiores produtores de cacau do mundo: Costa do Marfim (38%), Gana (17,8%), Nigéria (7,77%) e Camarões (5,47%).

PRODUÇÃO A melhor condição para a plantação

dos cacaueiros tropicais varia entre os 20⁰ Norte ou Sul do equador. Vicejam na som-bra e no clima húmido, dando flores e frutos todo o ano. Os frutos são colhidos madu-ros; no seu interior, existem entre 20 e 50 sementes envoltas numa polpa branca meio-amarga. Estas sementes são retira-das manualmente, sendo depois cobertas. Alguns dias depois, a polpa fermenta e as sementes adquirem um tom castanho acho-colatado. A seguir, secam-se as sementes, quer expondo-as ao sol quente, quer com secadores mecâ-nicos, para se conservarem melhor na exportação ou no armazenamento. Depois de secarem, as sementes são ensacadas e despachadas para fabricantes de chocolate no mundo inteiro. A maior parte dos fabri-cantes localiza-se na Europa e na América do Norte. Dois punhados de sementes secas dão para fazer meio quilo de chocolate.

Há, basicamente, 2 tipos de sementes de cacau: o forasteiro e o crioulo. O forasteiro é o tipo mais comum e mais barato, sendo cultivado na África Oci-dental, no Brasil e no Sudeste Asiático. O crioulo é o cacau aromatizante, dando um sabor floral ou a nozes ao chocolate. É cultivado numa escala bem menor do que o forasteiro. Os seus principais produtores são a América Central, o Equador e a Venezuela.

FABRICO Na fábrica, as sementes são limpas e classifica-

das, sendo depois torradas para realçar o sabor. A

seguir, são descascadas, e as amêndoas castanho-escuras são usadas como base para o chocolate e o cacau em pó. Estas amêndoas são trituradas, criando-se uma pasta espessa castanho-escura, conhecida como licor de cacau. O licor, depois de endurecido, é vendido como barras de chocolate para cobertura.

Para extrair a manteiga do cacau, o licor é sub-metido a altas pressões, uma invenção de van Hou-ten; daí, resulta uma massa que é convertida em cacau em pó. Ao acrescentar-se mais manteiga de cacau ao licor, esta mistura está quase a tornar-se o chocolate que comemos em forma de barra ou de bombons. Depois de passar por processos de revolvi-mento e de refinamento, temos então o tipo de choco-late apreciado por todos.

APLICAÇÕES Actualmente, o chocolate passou a ser mais do

que um simples doce, passando a ser usado até para roupas e acessórios.

Na área da saúde, estudos científicos provaram que os grãos de cacau têm um efeito no organismo semelhante ao de uma aspiri-na, e reduz a aglutinação das plaquetas sanguíneas e o risco de ataque cardíaco. Mas atenção: este efeito só existe no chocolate puro, e não em bombons ou rebuçados, que contêm açúcares e man-teigas. Diane Becker, autora de um estu-do para a American Heart Association, recomenda duas colheres de sopa de chocolate negro todos os dias, se possí-vel com extractos de cacau. O seu consu-mo diário fornece ao organismo ferro,

potássio, fósforo e vitamina E, e estima-se que uma caneca de chocolate é suficiente para se aguentar um dia inteiro de viagem. Outras investigações referem ainda as propriedades antioxidantes dos flavonóides do chocolate, cujo consumo moderado ajuda a evitar os sintomas da menopausa.

O chocolate é tão poderoso que a Polícia britâni-ca chegou a testá-lo como potencial arma contra a delinquência! O chocolate puro contém um aminoáci-do chamado feniletilalanina, que possui as proprieda-des de um anti-depressivo natural. Ajuda a melhorar a disposição das pessoas, podendo contribuir para redu-zir a criminalidade, e aumenta o rendimento no traba-lho ou no desporto.

Hoje em dia, nas terapias termais, podem-se até mesmo tomar banhos de chocolate, substituindo a lama ou o óleo. É também usado como máscara facial para retardar os sinais de envelhecimento.

Outra das suas utilizações é como estimulante cerebral, sendo usado por jogadores de xadrez duran-te os jogos, melhorando o rendimento metal, a aten-ção e a sensibilidade.

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Desporto

DOPING

A HISTÓRIA Doping tem origem na palavra “doop”, que significa

um sumo viscoso obtido do ópio. Segundo as organizações mundiais de saúde e

desporto, este fenómeno pode ser considerado o uso de uma qualquer substância proibida pela regulamen-tação desportiva, tendo por objectivo melhorar o desempenho físico e/ou mental, através de meios arti-ficiais.

Consequentemente, o doping é um acto etica-mente reprovável, fazendo com que os atletas se apresentem em competição em situação de desigual-dade, além de provocar malefícios orgânicos.

Ao contrário do que se possa pensar, o doping não é um fenómeno recente. Aliás, já desde o século III a.C. que os gregos usavam cogumelos alucinogénicos para aumentar a sua performance desportiva. Tam-bém os romanos tomavam estimulantes para enfrentar as provas desportivas, sendo as mais utilizadas cafeí-na, nitroglicerina, álcool, ópio e até estricnina.

No entanto, foi no XIX que foi relatado o primeiro caso de doping em competições oficiais. O protagonis-ta desta situação foi um ciclista inglês, que em 1886, morreu de overdose por “trimetril” numa corrida em Bordéus.

Apesar de em 1910 já haver controlo de substân-cias dopantes nos cavalos de corrida, no que toca aos humanos este só surgiu nos anos 60. O grande res-ponsável por este desenvolvimento foi Arnold Becker, que aplicou técnicas de cromatografia de gás para detectar substâncias dopantes. Na sequência desta criação, em 1966 já a FIFA controlava os atletas, sen-do que, em 1968, nos jogos olímpicos de Inverno, já havia uma lista elaborada com substâncias ilícitas.

OS MOTIVOS Por vezes, é bastante complicado tentar compreen-

der a razão que leva os atletas a recorrerem a estas substâncias ilegais, até porque actualmente os contro-los anti-doping são bastante eficazes. Mas a verdade é que não estamos na pele desses atletas. É de repa-rar que estes são submetidos a uma constante pres-são no sentido de lhes exigir resultados. Isto só é pos-

sível através de uma constante e contínua superação dos seus rendimentos desportivos.

Se pensarmos bem, na nossa sociedade, os medi-camentos que fazem parte de grande parte das popu-lações não se usam somente para curar doenças. Estes podem ser também utilizados para ajudar a superar estados fisiológicos limites, tais como o can-saço, a dor e o sono.

Ora, o desportista também recorre a substâncias para aumentar a sua força e massa muscular, a sua capacidade cardíaca, entre outras vantagens. Pode-mos então concluir que o doping é utilizado para con-seguir a vitória com o menor esforço possível.

O organismo nem sempre está preparado para res-ponder às exigências que um atleta tem de enfrentar. Nestes casos, o atleta, tendo consciência que não irá conseguir obter resultados através de meios naturais e justos, acaba por recorrer ao doping, na expectativa de adquirir melhores resultados (resultados estes que muitas vezes lhe são exigidos) e os respectivos bene-fícios.

SUBSTÂNCIAS E MÉTODOS DE DOPAGEM

Mas afinal de que substâncias estamos a falar

quando nos referimos ao doping? Actualmente, o Comité Olímpico Internacional pune os atletas que apresentarem substâncias como os estimulantes, os narcóticos, os esteróides anabólicos, os betablo-queantes, os diuréticos e as hormonas peptídicas e análogos. Todas estas substâncias são de difícil pro-núncia. Muito possivelmente nem os próprios atletas saberão ao certo o que estão a tomar, mas essa não é a questão chave. O importante é que as substâncias introduzidas no organismo lhes forneçam a possibili-dade de alcançar metas que jamais estariam nos seus horizontes por meios naturais.

Doping 

“O uso do doping é contraditório, pois a sua utiliza-

ção transforma o desportista num objecto que se

utiliza e manipula (…) Na base desta morte esteve o

facto desta atleta ter passado 6 anos a tomar mais

de 400 injecções de diversos produtos dopantes.”

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Dentro dos diversos métodos de dopagem possí-

veis (alguns nem serão conhecidos ou detectáveis), há dois que se destacam: a dopagem sanguínea, que consiste na introdução de substâncias no sangue ou através de transfusões sanguíneas, e a manipulação farmacológica, física e química da urina. Todos estes meios visam aumentar as capacidades dos atletas.

PROBLEMAS O doping, ao ser utilizado, arrasta consigo uma

série de questões éticas com fundamentos. Se pen-sarmos que um dos objectivos do desporto se baseia no desenvolvimento integral do desportista e no res-peito pela sua liberdade e dignidade, então o uso do doping é contraditório porque a sua utilização transfor-ma o desportista num objecto que se utiliza e manipu-la, como se fosse uma máquina que tem de render ao máximo, mesmo que para tal não dure muito tempo. Para além do referido, contradiz também a finalidade do desporto de melhorar a saúde física, mental e social do indivíduo.

Num plano mais sanitário, a utilização do doping é potencialmente perigosa para a saúde porque sujeita o organismo à ultrapassagem dos seus próprios limi-tes e produz alterações tanto na perspectiva física como também na psicológica. Não esquecer igual-mente a possível dependência ao nível das drogas, o que leva a uma degeneração física, muitas vezes irre-versível.

CASOS REAIS O tema do doping é muito falado, juntamente com

os respectivos riscos. No entanto, não existe uma consciência clara daquilo que facto pode advir do uso de substâncias ilegais. Posto isto, resolvemos dar alguns exemplos daquilo que o doping realmente pro-voca, deixando para segundo plano as vitórias e os sucessos:

- Em 1968, o halterofilista russo Kaarlo Kangasnie-mi, ao erguer uma barra de 160 quilos, ficou com um dos músculos das costas inchado devido ao uso de anabolizantes, levando a que este se rompesse. Como consequência, a barra que segurava caiu-lhe na nuca, quebrou uma das vértebras, fazendo com que este atleta ficasse paralisado para o resto da sua vida.

- Em 1984, o húngaro Janos Farago morreu com

cancro e com uma inflamação renal, sendo esta pro-vocada pelo uso de anabolizantes.

- Em 1987, aos 26 anos e depois de ter passado

subitamente do 33º posto do ranking mundial de hep-tatlo para o 6º, a alemã Birgit Dressel foi hospitalizada com urgências, morrendo no entanto no próprio dia. Na base desta morte esteve o facto desta atleta alemã ter passado 6 anos a tomar mais de 400 injecções de diversos produtos dopantes.

De destacar a história de um ciclista dinamarquês, chamado Knut Jensen, que foi o primeiro atleta a mor-rer numa competição olímpica (no caso Roma em 1960), devido a um colapso provocado pela ingestão de anfetaminas.

Kaarlo Kangasniemi 

Birgit Dressel 

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DROGAS E TOXICODEPENDÊNCIA O QUE SÃO AS DROGAS? Quando nos referimos a drogas, a maioria das pes-

soas relacionam-nas com substâncias conhecidas como drogas de rua ou substâncias que têm efeitos claramente negativos. O conceito não abrange só as drogas de rua de que ouvimos falar, mas também cer-tas substâncias de uso clínico, como a muito conheci-da morfina, e nem todas são prejudiciais. É considera-da DROGA qualquer substância cuja acção se exerce no sistema nervoso, sendo possível alterar o compor-tamento ou a consciência do utilizador.

As drogas distinguem-se em lícitas e ilícitas. Das lícitas constam substâncias que normalmente uma pessoa não associa tanto à palavra “droga”. É o caso do álcool do tabaco, do café, do chá e de medicamen-tos genéricos. As ilícitas são geralmente aquelas que as pessoas associam mais ao conceito: LSD, ecstasy, anfeta-minas, entre outros. Há tam-bém por vezes, a ideia de que algo que é natural não faz mal, como um mito falso relacionado com a cannabis: “A cannabis por ser um produto natural é inócuo”, dado que o facto de ser de origem natural não implica que não tenha efei-tos nocivos para a saúde.

TIPOS DE DROGA Estimulantes As drogas estimulantes são aquelas em que os

efeitos são frequentemente procurados: a euforia, a agitação, o aumento de auto-confiança, o aumento de concentração e de atenção e desinibição. Nesta cate-goria estão incluídas substâncias como cocaína, ecs-tasy, anfetaminas e solventes voláteis.

O ecstasy, por exemplo, uma droga sintética bas-tante conhecida entre jovens, pode ter efeitos como facilidade nas relações interpessoais, bom humor e perda de apetite, para os que estão de dieta. No entanto, com estes efeitos, vêm outros não tão bem- -vindos como alterações na percepção, tensão muscu-lar, ansiedade e aumento da tensão arterial. O consu-mo de uma quantidade excessiva, ou seja, overdose, leva à intoxicação, e o consumo prolongado pode ain-da levar a problemas cardíacos e a estados psicóticos. O ecstasy encontra-se no mercado em cápsulas e comprimidos de diferentes cores com desenhos mar-cados. Consoante o desenho, é dado um nome dife-rente, podendo ser facilmente modificadas em labora-tório, donde vem o nome de drogas de desenho.

A cocaína, originada a partir da folha da coca, sen-

do também um estimulante, produz os efeitos já referi-dos. No entanto, pode também levar ao pânico, aluci-nações, impotência, problemas respiratórios e lesões nas mucosas nasais quando inalada. É também deno-minada de gulosa devido à fácil dependência que con-segue criar no consumidor. Leva a situações de viver só para e por causa da cocaína, considerando-se então o indivíduo um doente compulsivo.

É do senso comum que a injecção de uma droga tem um efeito mais rápido e nocivo sobre a saúde. No entanto, neste caso, o consumo por inalação tem na verdade efeitos mais nocivos do que a injecção.

Psicadélicas ou perturbadoras Quanto às drogas psicadélicas, estas provocam

muitas vezes alterações na percepção ou alucinações. Estão incluídas nesta categoria substâncias como hetamina, LSD, cannabis e cogumelos mágicos.

Os cogumelos mágicos são aqueles cuja inges-tão provoca distorções visuais, aumento da sensibili-dade e desorganização do raciocínio. A overdose leva ao pânico e o consumo prolongado implica dificulda-des na distinção entre fantasia e realidade, interpreta-ções distorcidas da realidade e estados de paranóia. Beber leite pode atenuar ligeiramente os efeitos. Este produto pode ser ingerido cru, seco ou em infusão, mas a existência de cogumelos venenosos com aspecto semelhante constitui um grande risco de mor-te por envenenamento em caso de erro de consumo. O facto é que a venda destes cogumelos é ilegal, no entanto, existe lojas legalizadas onde são vendidos.

A cannabis, extraída da planta de cannabis, apa-rece sob a forma de haxixe (resina das folhas e flores) ou erva (flores e folhas), sendo o principal componen-te responsável pelos efeitos o THC (delta 9-tetrahidrocannabinol). É chamada também de chocola-te e bolota devido aos aspectos que assume.

Em geral o efeito do seu consumo passa por duas fases: a de euforia e desinibição, e outra de depres-são. Alguns efeitos associados são: alterações da memória, lentidão geral, distorção dos sentidos, e aumento de apetite numa fase terminal de intoxicação.

Diversos tipos de comprimidos de ecstasy 

Perigos

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A overdose leva ao pânico, paranóia e descoorde-

nação motora. Pode ainda surgir uma “quebra”, carac-terizada por uma descida abrupta de tensão, provo-cando tonturas, palidez, náuseas e vómitos. Junta-mente com o consumo de outras drogas, existe a hipótese de perda de consciência. O consumo habitual traz ainda outros problemas, como o aumento da pro-babilidade de desenvolver cancros, desmotivação/apatia, debilitações físicas, diminuição das defesas do organismo e alteração do funcionamento de hormo-nas.

Circula que “já não se vai preso por fumar um char-ro” o que é verdade. A legislação portuguesa actual indica pagamento de multas, trabalho a favor da comunidade, apreensão da carta de condução, proibi-ção de frequência de determinados locais, apresenta-ção periódica obrigatória no posto da polícia, entre outros, para quem seja apanhado a consumir um char-ro. Há ainda a possibilidade de ser sujeite a acompa-nhamento especializado.

Depressivas As drogas depressivas têm geralmente um efeito

relaxante. Algumas podem ser utilizados como analgé-sicos (heroína), outras podem servir de tranquilizado-res (benzodiazepinas), e outras podem ainda ter um efeito desinibidor (álcool, GHB).

O álcool é uma droga lícita, sendo aquela que é mais consumida em Portugal. O consumo de álcool tem consequências muito conhecidas. Poucos são os que nunca ouviram falar de bêbados que falam imen-so, que não conseguem andar normalmente ou ainda que reagem de forma mais lenta. Para além disso, o álcool pode ainda levar a uma redução da força mus-cular. Indivíduos consumidores regulares de álcool, os alcoólicos, apresentam muitos destes sintomas: ane-mia, delírios, depressão, psicose, danos cerebrais e dificuldade nas relações pessoais, familiares e sociais, sendo estes últimos os mais frequentes e mais graves.

O GHB (gamahidroxibutinato) é actualmente uma droga de origem sintética bastante utilizada. Os efeitos são semelhantes aos do álcool; no entanto, a diferen-ça entre uma dose adequada e uma overdose é muito pequena, e a sobredosagem pode levar a convulsões, coma, ou mesmo a morte. O consumo pode dar ori-gem a problemas respiratórios, amnésia e perda de consciência. A longo prazo, o consumo desta droga dificulta o sono e origina vertigens e dores no peito.

A PRIMEIRA VEZ... Além dos perigos directamente associados aos

efeitos produzido pela droga, há riscos inerentes à forma de consumo. Entre as mais conhecidas estão a SIDA e as hepatites, sendo a hepatite C a que está mais frequentemente associada. Acerca desta doen-ça, os estudos feitos até ao presente não dão a conhecer todas as formas da sua transmissão.

Na maioria das vezes, o que leva uma pessoa a experimentar droga está relacionado com o ambiente envolvente. Pequenas particularidades podem levar

uma pessoa a consumir droga. A insegurança e a timi-dez podem levar ao consumo de drogas estimulantes. O perfeccionismo e a insatisfação para com a vida, bem como o stress, podem levar ao consumo de dro-ga numa tentativa de fuga. É importante uma pessoa valorizar as capacidades que tem, pois um indivíduo com pouca auto-confiança é mais susceptível de con-sumir alguma droga. Adolescentes e jovens que têm um historial traumático podem vir a ser potenciais con-sumidores de droga. Neste caso, jovens que cresce-ram numa família monoparental têm menos probabili-dade de vir a ser consumidor do que um jovem que tenha crescido numa família com ambos os pais e mais tarde os pais se tenham separado. Há ainda pessoas que têm dificuldades em dizer “Não”, sendo arrastados pela corrente se à sua volta se encontra-rem consumidores ou traficantes de droga.

Os consumidores podem distinguir-se por terem experimentado consumir, pessoas que consomem ocasionalmente (em festas, por exemplo), e pessoas que consomem drogas habitualmente. Podemos dis-tinguir igualmente tipos de dependência, uma necessi-dade de consumir droga para contrariar a ressaca e os sintomas de privação. Existe a dependência física, em que o organismo necessita da substância em causa, e a dependência psicológica, em que a pessoa tem por hábito consumir a droga, mesmo que o efeito da droga não seja o pretendido. Este último pode ser esclareci-do com o caso de um dependente de cannabis que tem por hábito fumar um charro antes de dormir, e se não o fizer não adormece. De entre os dois tipos de dependência, a psicológica é a mais grave dado que não tem medicamentos. A dependência física pode contar com apoio farmacológico que é o que uma clíni-ca de desintoxicação faz predominantemente, enquan-to que para ultrapassar a dependência psicológica pode-se contar apenas com a motivação do indivíduo. A mudança de rotina, de hábitos e de residência tam-bém ajudam, dado que uma pessoa é muito influencia-da pelo meio ou ambiente em que se encontra e pelas pessoas com que entra em contacto, bem como as suas atitudes. Por vezes, um indivíduo que se tenha abstido do consumo de droga por vários anos, ao encontrar um objecto, aos olhos de outro completa-mente insignificante e normal, um “ex- -toxicodependente” tem tendência a associá-lo ao con-sumo de droga e pode inclusive ter uma recaída.

Apesar de a legislação relativa às drogas ser semelhante em muitos países do mundo, a plantação e tráfico de droga persiste e alguns países enriquecem precisamente à custa do tráfico de droga.

Talvez nem todos aqueles que consomem droga queiram deixar de o fazer, talvez nem todos aqueles que o querem deixar conseguem atingir definitivamen-te o seu objectivo, mas algo é certo: as drogas ilícitas são ilícitas porque deterioram a qualidade de vida de um consumidor e, muitas vezes, também a vida dos que o rodeiam.

Para mais informações, consulte os sites: www.tu-alinhas.pt www.idt.pt OU ligue grátis: 1414 (Linha Vida SOS Droga) OU se preferir, desloque-se à Rua Conselheiro Luís Magalhães, nº52, Aveiro

Page 20: + Saúde

+ 20

Fizemos um inquérito na nossa escola para averi-guar os hábitos de saúde dos alunos, dando especial ênfase aos hábitos alimentares e desportivos, com vista a responder a questões como: Quais são os hábitos alimentares dos alunos da nossa escola? Qual a sua prática desportiva? Como é que costumam ocu-par os seus tempos livres?, entre outras. Para tal, inquirimos cerca de 10% da população total.

No que toca aos hábitos alimentares, perguntámos

o que costumam comer, onde e com quanta frequên-cia. Assim, foi possível ver o contraste entre o consu-mo de fast food e uma alimentação mais saudável (como sopa e vegetais): a maioria dos alunos conso-me comida saudável com relativa frequência e tenta evitar fast food; no entanto, é possível concluir que, em média, os alunos entre os 15 e os 16 anos são os que consomem mais “comida de plástico”. Este facto talvez se prenda com o facto de uma boa parte deles comer em lugares como o Fórum de Aveiro ou restau-rantes durante os dias de aulas; mesmo assim, é de notar que a maioria dos alunos inquiridos prefere comer em casa ou na cantina da escola.

Quanto ao número de refeições por dia, a maior parte dos estudantes respondeu que toma 4 ou 5 refeições, em média; no entanto, alguns tomam ape-nas 3 ou mesmo 2 refeições em média por dia, possi-velmente devido a não tomarem pequeno-almoço antes de irem para a escola ou de não almoçarem em dias de aulas.

No fim deste grupo de questões, perguntámos se

eles achavam que deveriam alterar os seus hábitos ali-mentares, ao que a maior parte respondeu que não, sendo esta a resposta absoluta dos alunos de 16 anos; isto foi um pouco contra os dados que recolhemos ante-riormente, que mostram que são os alunos desta faixa etária que consomem mais fast food, menos comida saudável e que fazem menos refeições por dia (tendo havido um estudante que respondeu que fazia apenas 1 refeição por dia). Os que responderam afirmativamente, justificaram-se, dizendo que sentiam necessidade de consumir mais comida saudável, em detrimento de fast food, chocolate e outros, bem como aumentar o número de refeições diárias.

A segunda parte do nosso inquérito era referente aos hábitos desportivos. As perguntas feitas incidiam mais nas actividades extracurriculares e na ocupação dos tempos livres. Assim, ficámos a saber que cerca de metade dos inquiridos pratica actualmente desporto, sendo os mais populares o futebol, a natação, a dança e a ginástica; outros desportos praticados incluem surf, atletismo, remo, karaté e pingue-pongue. Dos que não têm desporto, muitos afirmaram que já praticaram algum mas deixaram de o fazer; as causas mais indicadas foram a perda de interesse e a falta de tempo. Notámos também que a percentagem de alunos que têm despor-tos decresce com a idade: dos estudantes com 14 anos, todos eles praticam algum desporto extracurricular.

Hábitos saudáveis

INQUÉRITO Este inquérito enquadra-se no nosso projecto

“+Saúde” na medida em que este se relaciona com

a saúde e a sua influência na sociedade. O inquérito

é uma forma diferente de obter informação através

da recolha de dados actuais, de onde podemos tirar

as nossas próprias conclusões.

Acha que deveria alterar os seus hábitos alimentares?

Pratica algum desporto extracurricular?

Quantas refeições faz por dia?

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10%

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30%

40%

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80%

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100%

14 15 16 17 18+

1

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3

4

5

+5

NR

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As actividades extracurriculares mais indicadas

são música (tanto o estudo como a prática) e aprendi-zagem de línguas estrangeiras, como o inglês e o espanhol.

Quando questionados sobre a sua ocupação dos tempos livres, quase todos os alunos referiram o com-putador e a televisão como principal forma de lazer, o que mostra que os estudantes não costumam ser mui-to activos, preferindo actividades onde não têm de exercer esforço, tornando-se menos activos.

Muitos também referiram sair com os amigos ou praticar desporto por prazer, o que combate a última ideia de que os adolescentes vivem de uma forma mais passiva. Ler e estudar são outras duas activida-des de lazer mencionadas.

No fim, incluímos uma pergunta sobre o consumo de álcool, drogas e tabaco, substâncias actualmente bastante populares entre os adolescentes.

Como esperado, poucos afirmaram consumir qual-quer uma destas substâncias.

No que toca ao consumo de álcool, nenhum aluno disse consumir, embora muitos tenham admitido que por vezes consomem, sendo que a grande maioria dos estudantes com 16 anos se inserem nesta última categoria (apenas um disse que nunca consumiu), bem como grande parte dos que têm 17 anos.

Quanto ao consumo de tabaco, é possível observar-se que a quantidade de pessoas que já experimentou aumenta com a idade; no entanto, são os alunos entre os 15 e os 17 anos que mais consomem, ainda que não sempre., o que mostra que há uma maior sensibi-lização nos alunos mais velhos.

Sobre outras drogas, dividimos a pergunta entre drogas como a cafeína e drogas ilícitas. Quanto a estas últimas, quase todos os alunos responderam que nunca consumiram; por outro lado, houve uma pequena parte que admitiu já ter experimentado, o que

é um facto bastante preocupante, principalmente se forem drogas facilmente viciantes. No que toca ao café, este é bastante consumido por todos alunos, sendo poucos aqueles que nunca consumiram; a maioria consome bastante frequentemente, provavel-mente devido à situação escolar (o stress derivado dos testes, por exemplo). Embora não seja perigoso, se consumido em demasia, o café pode ter efeitos prejudiciais ao organismo, e por isso deve-se ter cui-dado e moderação.

Pudemos também apercebermo-nos que a maior parte dos alunos não consideram álcool, tabaco, cafeí-na e outras substâncias semelhantes drogas, consu-mindo-as sem terem a noção de que são substâncias viciantes, embora tal não aconteça com outras drogas que os estudantes associam logo a “drogas de rua”, possivelmente porque são mais avisados contra estas últimas.

Com este inquérito, pudemos concluir que os hábi-tos dos alunos da nossa escola, embora não sejam sempre os mais correctos, podem ser considerados saudáveis. Há estudantes que estão conscientes que o seu modo de vida não é o mais adequado e estão dispostos a mudar. A força de vontade é essencial para se poder mudar para um estilo de vida melhor; mesmo assim, não é tudo o que é preciso: eles neces-sitam de saber o que podem mudar e como. Além dis-so, aqueles que ainda não se consciencializaram que precisam de mudar precisam de ser alertados para isso; provavelmente, não sabem que os seus hábitos são os mais correctos, e que há formas de ter uma vida mais saudável sem se ter que mudar radicalmen-te de forma de viver. Há também alunos que já se ten-taram informar sobre a sua situação e que já começa-ram a modificar o seu estilo de vida, mostrando uma preocupação crescente pelo bem-estar e saúde dos jovens de hoje.

Com que frequência consome cafeína?

0%

10%

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Consumo

Por vezes consumo

Só esperimentei

Nunca consumi

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Consumo

Por vezes consumo

Só esperimentei

Nunca consumi

Com que frequência costuma consumir tabaco?

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+ 22

Tecnologia

A NANOTECNOLOGIA 

A nanotecnologia baseia-se na construção de novas estruturas e materiais alterando propriedades ao nível atómico para alcançar determinado fim. Esta tecnologia trabalha com o nanómetro, ou seja, a milio-nésima parte do milímetro (10-9m), que é dezenas de milhar de vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo.

Os produtos resultantes têm a vantagem de pos-suir características que realçam ou que reforçam a sua eficácia. Contudo, certas quantidades de "pó" resultantes da nanotecnologia podem entrar no corpo e provocar alterações ainda não diagnosticadas.

A nanotecnologia é cada vez mais usada no dia-a- -dia e, apesar de não nos apercebermos, ela é usada em inúmeras áreas.

Esta tecnologia é usada em transportes, por exem-plo, para provocar um aumento da luz no interior dos carros sem que a temperatura interior aumente. Este feito consegue-se através do uso de nanopartículas nos teja-dilhos dos veículos que não dei-xam entrar os raios-ultravioleta.

No desporto, a nanotecnolo-gia é igualmente muito usada, e os produtos criados tentam satisfazer duas qualidades essenciais: leveza e resistência. Os nanotubos de carbono são a solução, já que proporcionam a criação de materiais sessenta vezes mais resistentes do que o aço, mas com um peso seis vezes menor.

No ténis, destacam-se as raquetes da companhia france-sa Babolat, que conseguem projectar as bolas com uma velocidade dez vezes superior à das raquetes conven-cionais. Os praticantes de golfe dispõem também de produtos que recorrem a esta tecnologia, como bolas que reduzem o número de rotações e permitem uma tacada mais certeira.

Para além do material, os desportistas preocupam--se igualmente com a roupa e calçado, assim como com os odores resultantes da actividade física. Esse problema poderá ser resolvido através da utilização de nanopartículas que, combinadas com materiais como algodão ou plástico, evitam os maus cheiros. O segre-do reside nas nanomoléculas de prata que têm pro-

priedades antimicrobia-nas e antifúngicas. Eli-minados os fungos e as bactérias, o mau cheiro é igualmente eliminado.

No campo do ves-tuário foram já criadas roupas impermeáveis, que repelem a sujidade e que nem sequer se amarrotam. Algumas das marcas que usam esta tecnologia de ponta são a Nike e a Hugo Boss.

Já no interior de casa, há partículas que são utiliza-das para higienizar e esterilizar superfícies, como as dos electrodomésticos (frigoríficos, máquinas de lavar e aparelhos de ar condicionado) ou vidros, como os do fabricante Pilkington que, graças a uma fina camada de óxido de titânio, fazem com que a sujidade seja removida.

Também nos alimentos a nanotecnologia marca pontos, através de produtos em que o consumidor tem um grande poder de escolha. Pode decidir a cor, o sabor e mesmo a composição de uma bebida antes de a ingerir. Isto só é possível graças a nanomembranas que filtram os ingredientes em função do tamanho. As

embalagens inteligentes são o próximo passo. Estas cai-xinhas mágicas alertarão o consumidor para alterações nos produtos, através de sensores que mudam de cor aquando do aparecimento de bactérias. Este método será muito mais exacto que o clássico prazo de valida-de. A Nestlé está a investi-gar emulsões de nanopartí-culas para melhorar a textu-ra dos seus gelados e a companhia israelita Nutra-Lease fabrica um óleo ali-mentar com nanopartículas que reduzem até quinze por

cento o colesterol mau. No campo das novas tecnologias, as inovações

são surpreendentes: já foi criado um risco rígido de computador que tem dez vezes mais capacidade que os actuais; uma equipa canadiana fabricou os primei-ros ecrãs flexíveis e promete criar ecrãs da espessura de uma folha que podem ser enrolados. Esta tecnolo-gia poderá igualmente ser utilizada para decorar pare-des com imagens ou filmes que variam. As roupas com computadores incorporados e a criação de um computador que permite guardar todos os filmes de uma vida são outros dos projectos de quem trabalha nesta áreas.

A Nanotecnologia chegou para ficar e é usada em

quase tudo no nosso dia-a-dia: em material des-

portivo, na alimentação, no vestuário, na medici-

na, nos meios de transporte e muito mais!

A roupa pode ser impermeável, mesmo sendo de algodão 

Nanopartículas de prata vistas ao microscópio 

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Um importante ramo da nanotecnologia, a nano-medicina está rapidamente a desenvolver produtos que possam detectar e curar doenças. A injecção de nanopartículas, submetidas a um campo magnético, aumentam a temperatura a nível local e queimam células cancerosas. Uma equipa de investigação da Universidade de Purdue demonstrou que os nanotu-bos de carvão poderiam melhorar aplicações de próte-ses ortopédicas. Cientistas do MIT criaram nanomís-seis que podem transportar e libertar fármacos em pontos específicos ou detectar tumores em fases ini-ciais.

Apesar das vantagens apresentadas, as proprieda-des da substância à escala nanométrica podem não ser totalmente controladas, originando riscos anterior-mente inexistentes.

Além dos perigos a

ela inerentes, a nano-tecnologia vai dar ori-gem a produtos de fabri-co rápido, de baixo cus-to e elevada eficácia, que podem vir a dese-quilibrar a economia mundial. A chegada repentina de produtos resultantes da manipula-ção de propriedades atómicas poderá não dar tempo suficiente para nos ajustarmos às suas implicações. Esta nova tecno-logia poderá vir a ser a causa de uma nova corrida ao armamento entre dois países concorrentes, isto por-que os custos de produção de armas e aparelhos de espionagem terão uma redução significativa; além dis-so, podem vir a ser fabricados produtos mais peque-nos, potentes e numerosos, não esquecendo ainda a perda de privacidade devido a câmaras de vigilância minúsculas. O Pentágono concebeu um ciber-insecto que pode ser dirigido por comando à distância para percorrer uma determinada zona a fim de detectar explosivos ou escutar conversas. Embora haja muitas vantagens e ao mesmo tempo riscos de natureza variada, os efeitos negativos ainda não foram devida-mente estudados. A produção de produtos que modifi-ca a sua natureza pode ainda gerar perigos imprevis-tos.

Apesar de todos estes inconvenientes, o avanço da ciência em conjunto com a tecnologia teve sempre os seus problemas. Após a revolução industrial, também as máquinas a vapor eram incrivelmente perigosas, mas depois este sistema foi-se desenvolvendo, tor-nando-se mais seguro. Não seria de todo insensato comparar então a invenção de máquinas a vapor com o aparecimento da nanotecnologia. Pode-se esperar que a nanotecnologia, depois de desenvolvida, possa ser uma ferramenta útil e segura, melhorando o con-forto no nosso dia-a-dia e ajudando na evolução da ciência.

O fabricante suíço BMC produz bicicletas ultra leves e resistentes. Chegam a pesar menos de um quilo e têm uma excelente rigidez. Foram usadas pela primeira vez na Volta à França em 2005. 

Nanomercado - alguns exemplos

iPod Nano tem a espessura de um lápis e 42 gramas de peso. O segredo está nos chips de memória da Samsung e da Toshiba com semicondutores nanométricos.

Chocolate Elástico: a pastilha com cacau verdadeiro é feita com o recur-so à nanotecnologia e foi criada pela companhia norte-americana O’lala Foods.

Creme anti-rugas: o creme anti-rugas da Zelens é um potente meio de com-bate às rugas e o seu principal compo-nente é o fulereno C-60.

Roupa limpa: a companhia NanoTex criou roupa que repele os líquidos, não mancha e não acumula electricidade estática.

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Turismo

AVEIRO 

A RIA A Ria de Aveiro é muito famosa em todo o país, e

importante para a cidade, tendo esta adquirido a alcu-nha de “Veneza de Portugal” devido aos seus canais e barcos, que lembram a cidade italiana.

Estendendo-se de Ovar até Mira, com uma exten-são de 47 km e uma largura máxima de 11 km, a ria tem tido uma importância na economia da cidade, como a manutenção das salinas. A produção de sal é uma das actividades mais características e tradicio-nais de Aveiro, havendo actualmente dezenas de sali-nas activa.

A ria resulta do recuo do mar, formando uma lagu-na que é considerada um dos mais belos e importan-tes acidentes hidrográficos da costa portuguesa. O seu único canal de comunicação com o mar é um canal que corta a ligação entre a Barra e S. Jacinto, permitindo assim o acesso ao Porto de Aveiro de grandes embarcações. É bastante rica em peixes e aves aquáticas, e possui planos para a prática de todos os desportos náuticos.

A maior atracção da ria é os barcos moliceiros,

embarcações tradicionais aveirenses e únicas, carac-terizados pelas cores garridas e pelas pinturas e fra-ses na proa. Estes barcos, grande atracção turística, continuam a exercer as suas funções iniciais: apanhar moliço, que funciona como um óptimo fertilizante, transformando solos arenosos estéreis em terrenos agrícolas.

PARQUES Aveiro é caracterizada também pela existência de

muitas zonas verdes em toda o distrito. Entre os vários parques e espaços verdes da cidade, o local mais conhecido é o Rossio, situado no centro da cidade e rodeado pela Ria. Aí, costumam-se realizar várias acti-vidades durante todo o ano, como exposições, work-shops e oficinas.

Outro local bastante conhecido é o Parque Infante D. Pedro, situado a baixa de Santo António. É uma área densamente arborizada, e com um lago de razoáveis dimensões. Dentro do parque, podemos encontrar o coreto em ferro construído no início do século XX, a Casa de Chá e o Museu d Caça e Pesca.

Existem ainda outros locais de interesse, como o Parque da Baixa de Santo António, bastante perto do Infante D. Pedro, e o Canal de S. Roque. No entanto, actualmente, existem vários locais degradados e mal tratados pelo Homem, como a existência de bancos partidos, graffiti, lixo e objectos abandonados (como é o caso do barco que se encontra atracado no Parque D. Pedro). Outro aspecto mais negativo é o ordena-mento de território: o Canal de S. Roque, por exemplo, é um local perto da Ria, aparentemente apelativo e calmo; no entanto, foi construído mesmo ao pé da auto-estrada. No entanto, existem vários planos e pro-jectos a decorrer para melhorar estes aspectos mais degradantes da cidade.

PRAIAS Além dos espaços verdes, a zona aveirense tem

também várias praias ao longo de toda a costa. Uma das praias mais procuradas pelos turistas é a

praia da Barra, em Ílhavo, onde desagua a Ria de Aveiro. O seu maior marco é o farol, um dos mais altos de toda a Europa, construído no século XIX e cujo feixe de luz pode atingir os 40 quilómetros de dis-tância.

Na actualidade, há filmes para todos os gostos e

idades. Os filmes são uma boa forma de entre-

tenimento que permite relaxar e divertir, algo

extremamente importante numa sociedade tão

competitiva. Este tipo de media em quantidade

Capitania da Cidade 

Parque Infante D. Pedro 

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Nesta praia também se pode assistir à entrada e

saída dos barcos de pesca, ora escoltados pelas gai-votas ora acenados com lenços brancos. Os despor-tos mais praticados aqui são o surf, o windsurf, a vela e a pesca de mar. Durante o Verão, existem várias festas e bares por toda a praia, dando-lhe um ar mais colorido.

Outra praia famosa é a praia da Costa Nova do Prado, também em Ílhavo, local conhecido pelas suas casas pintadas às riscas (predominantemente verti-cais), de cores fortes e garridas, dando à avenida um aspecto bem colorido. A areia é muito fina e praia ven-tosa, o que a torna propícia à prática de surf e wind-surf devido às grandes ondas, habituais nas praias do Norte do país.

Existem ainda muitas outras praias na região avei-rense, como a praia de S. Jacinto (Aveiro), situada na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, com uma paisagem magnífica; a praia da Vagueira (Vagos), onde se podem ver pequenas casas de pescadores, actividade ainda realizada lá; a praia da Torreira (Murtosa), onde podemos optar por tomar banho no mar ou na ria, pescar ou mesmo dar um passeio de bicicleta na ciclovia paralela à ria; a praia do Furadou-ro (Ovar), onde os barcos de pesca e as redes estão sempre presentes, como que a enfeitar toda a costa; entre outras.

Existem ainda muitas outras praias na região avei-rense, como a praia de S. Jacinto (Aveiro), situada na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, com uma paisagem magnífica; a praia da Vagueira (Vagos), onde se podem ver pequenas casas de pescadores, actividade ainda realizada lá; a praia da Torreira (Murtosa), onde podemos optar por tomar banho no mar ou na ria, pescar ou mesmo dar um passeio de bicicleta na ciclovia paralela à ria; a praia do Furadou-ro (Ovar), onde os barcos de pesca e as redes estão sempre presentes, como que a enfeitar toda a costa; entre outras.

MUSEUS E MONUMENTOS Em Aveiro, existem muitos museus que valem a

pena visitar. O mais frequentado é, possivelmente, o

Museu de Aveiro, também conhecido por Museu de Santa Joana Princesa, da época barroca. Este museu ocupa o Mosteiro de Jesus, onde esteve a princesa D. Joana, filha do rei D. Afonso V, beatificada em 1693 e padroeira da cidade, o que levou ao engrandecimento do mosteiro, que sofreu várias reformas e construções posteriormente. Aqui, pode-se visitar o mosteiro, todo ele rico em talha dourada e decoração barroca, e o túmulo da princesa, muito trabalhado e em boas con-dições, o claustro, o refeitório, com as paredes revesti-das com azulejos da época, e muito mais. Também tem uma vasta colecção de arte barroca portuguesa em exposição permanente.

Temos também o Museu da Cidade e o Museu de Arte Nova, ambos em Aveiro cidade. Na Troncalhada, podemos visitar o Ecomuseu, onde se pode observar os antigos métodos de salinicultura da região de Avei-ro, actividade praticada desde o século X. No Centro de Visitas da Vista Alegre, em Ílhavo, podemos ver o palácio, a Capela de Nossa Senhora da Penha de França, o museu, a fábrica, o teatro e o bairro social. Outro local para visitar seria também a Fábrica da Ciência Viva, que visa promover a cultura científica e tecnológica através de experiências e trabalhos práti-cos.

De todas as igrejas e capelas existentes em Avei-ro, uma das mais famosas é a capela de S. Gonçalo ou S. Gonçalinho, uma capela hexagonal que remonta ao século XVIII. É tradição lançar cavacas (bolos secos cobertos de açúcar) do telhado da capela para a multidão, como cumprimento de promessas.

Uma outra capela importante é a Capela do Senhor das Barrocas, também do século XVIII, com uma plan-ta octogonal e talha dourada em todo o altar-mor e altares laterais.

Por toda a cidade, pode-se admirar também os muitos edifícios de Arte Nova, como, por exemplo, a Casa do Major Pessoa, perto do Rossio, facilmente identificada pela águia no alçado fronteiro, o Museu da República e o coreto no Parque Infante D. Pedro.

Farol da Barra 

Túmulo de S. João de Albuquerque 

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Natureza

INTELIGÊNCIA ANIMAL

A INTELIGÊNCIA DOS PRIMATAS É do conhecimento geral, por exemplo, a inteligên-

cia dos primatas, que conseguem entender a lingua-gem falada e comunicar com os seres humanos atra-vés de teclados especiais com símbolos abstractos. Mas não é apenas na área da comunicação entre espécies que revelam as suas capacidades: os oran-gotangos, por exemplo, conseguem fazer escolhas ponderadas e fabricar objectos primitivos para os aju-dar nas suas tarefas do dia-a-dia, como ferramentas que permitem a extracção de insectos de fendas, ou usar folhas como guarda-chuvas ou guardanapos. Os chimpanzés possuem uma capacidade chamada flexi-bilidade mental: em estado selvagem, um chimpanzé consegue usar quatro paus de tamanhos diferentes para extrair mel de uma colmeia; em cativeiro, conse-guiam posicionar várias caixas para poderem apanhar uma banana pendurada numa corda.

NÃO APARECERAM DO NADA É certo que somos a espécie mais inventiva: mais

nenhum animal construiu arranha-céus, compôs sona-tas ou criou computadores. Contudo, cientistas afir-mam que a criatividade, tal como as outras formas de inteligência, não apareceram simplesmente do nada.

“Quando se descobriu que os chimpanzés eram capazes de fabricar ferramentas, o público ficou sur-preendido.” Afirmou Alex Kacelnik, da Universidade de Oxford. “A proeza foi depois expressa noutros termos: são nossos antepassados, é evidente que são esper-tos. Agora estamos a descobrir estes tipos de compor-tamentos excepcionais em algumas aves. No entanto, não partilhamos antepassados recentes com aves. Isso significa que a evolução consegue inventar for-mas semelhantes de inteligência avançada mais do que uma vez e que essa não é uma aptidão exclusiva-mente reservada aos primatas ou mamíferos.”

O GOLFINHO

Outro animal cuja inteligência já foi demonstrada e aceite é o golfinho, descoberta que surpreendeu o mundo: enquanto os símios são parentes próximos do ser humano, os golfinhos são animais bem distantes na evolução da vida. Esta espécie marinha mostra-se excelente na comunicação e no comportamento imita-tivo. Um grupo de investigadores, liderado por Louis Herman, trabalhou com um grupo de 4 jovens golfi-nhos para “tentar fazer desabrochar totalmente o seu intelecto, tal como um educador se esforça por con-cretizar plenamente o potencial de uma criança”. Para comunicar com os golfinhos, os investigadores inven-taram uma linguagem gestual específica, com uma gramática simples: por exemplo, como resposta à sequência de gestos “arco, bola, apanhar”, Akeakamai

empurrava a bola até ao arco; mas se a ordem fosse alterada para “bola, arco, apanhar”, ela levava o arco até à bola. Akeakamai era capaz de responder aos pedidos à primeira, o que demonstra uma grande compreensão da linguagem e da gramática.

Além de conseguirem interpretar correctamente, à primeira vez, as instruções dadas tanto pelo grupo de investigadores como por pessoas num ecrã de televi-são (reconhecendo que as imagens televisivas eram uma representação do mundo real, podendo agir da mesma forma que na realidade), também imitavam prontamente os movimentos dos seus instrutores, acção agora demonstrada extremamente difícil, já que é necessário formar uma imagem mental do corpo e atitude observados, adaptando depois o seu corpo à mesma posição. Tudo isto implica que se tenha uma consciência complexa de si próprio.

No seu meio selvagem, os golfinhos costumam sincronizar os seus movimentos, fazendo coreografias perfeitamente coordenadas. No entanto, não se sabe qual é o sinal que usam para combinarem os movi-mentos. Para estudar este comportamento, o grupo de Herman pede a 2 golfinhos para inventarem uma habi-lidade e executarem-na em conjunto, utilizando

Durante muito tempo, pensou-se que a inteli-gência era uma característica única dos seres humanos. No entanto, vários estudos científi-cos vieram a comprovar que tal não é verdade: muitos animais têm capacidades cognitivas que, por vezes, podem mesmo chegar a ultra-passar as capacidades humanas.

Golfinho ‐”excelente na comunicação e no comportamento imitativo” 

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o gesto de “criar”. Ambos os golfinhos descreveram círculos debaixo de água durante cerca de 10 segun-dos; em seguida, deram um salto para fora de água, rodopiando no sentido dos ponteiros do relógio, esgui-chando água da boca enquanto se mantinham ergui-dos fora de água, tudo isto em perfeita sincronia e sem ter sido ensaiado antes.

O ELEFANTE

Uma outra espécie inteligente é o elefante, sobeja-mente conhecido pela sua grande memória. Mas a sua inteligência reflecte-se em muitos outros compor-tamentos: por exemplo, se posto em frente a um espe-lho, o elefante começa por o investigar como a um objecto normal; mas, após algum tempo, apercebe-se de que se está a ver a si próprio (move-se de uma forma atípica e toca várias vezes num sinal na testa que não poderia ver nem conhecer se não fosse o espelho). Isto indica que tem consciência de si mes-mo. Em certas espécies, os machos assistem às lutas entre outros machos para avaliar a concorrência, e as fêmeas aproximam-se dos machos mais activos para acasalar.

“CÃO COMO NÓS” O cão é o animal mais próximo do Homem, viven-

do a aprendendo com os seus donos durante quase toda a sua vida. No entanto, a sua capacidade de aprender e compreender a linguagem humana só foi verdadeiramente apreciada quando, num concurso televisivo, um cão da raça Border Collie chamado Rico demonstrou que sabia o nome de 200 brinquedos e que conseguia aprender facilmente os nomes de novos objectos. Depois de algumas investigações, descobriu-se que Rico conseguia aprender e recordar novas palavras tão rápido como uma criança pequena.

As crianças de dois anos, que aprendem cerca de 10 palavras por dia, dispõem de um conjunto inato de princípios que as orienta nesta tarefa. Esta capacida-de é considerada um dos dez elementos constitutivos fundamentais da aquisição da linguagem. Segundo certos cientistas, são estes princípios que guiam a aprendizagem de Rico, que usa uma técnica para aprender palavras idêntica à dos seres humanos.

Um outro cão da mesma raça, Betsy, demonstrou capacidades comparáveis, com um vocabulário de mais de 300 palavras. “Betsy consegue determinada palavra uma ou duas vezes e compreender que o padrão acústico representa alguma coisa.”, afirmou Juliane Kaminski, especialista em psicologia cognitiva que trabalhou com Rico e estuda agora Betsy. “A capacidade dos cães para compreender as formas de comunicação dos seres humanos é nova e surgiu com a evolução. Talvez estes Collies sejam particularmen-te bons por serem cães de trabalho altamente motiva-dos e por terem de escutar com toda a atenção os seus donos nas suas tradicionais tarefas de pasto-reio.”

Juliane realizou vários testes para apurar se os

cães conseguem usar o raciocínio abstracto (utilizar símbolos, substituindo uma coisa por outra). Um deles foi mostrar uma fotografia de um brinquedo de cão num fundo branco a Betsy, brinquedos estes que ela nunca vira. A dona dela mostrou-lhe a imagem de um disco voador de peluche e ordenou-lhe que o procu-rasse. Betsy examinou a fotografia e o rosto da dona e, em seguida, correu para a cozinha, onde estava o disco, no meio de outros três brinquedos e fotografias de cada um deles. Betsy trazia sempre o disco voador ou a fotografia deste.

“Acho que Betsy é capaz de utilizar uma imagem, sem nome, para descobrir um objecto.”, disse Juliane. “No entanto, é preciso fazer mais testes para chegar a uma conclusão.”

A INTELIGÊNCIA DAS AVES Em 1977, uma recém-licenciada na Universidade

de Harvard, Irene Pepperbeg, decidiu iniciar um pro-jecto para provar que os animais eram mais que sim-ples robôs, incapazes de qualquer forma de pensa-mento. Levou para o laboratório Alex, um papagaio africano com um ano e ensinou-o a reproduzir os sons da língua inglesa; queria conseguir comunicar com ele e descobrir como via Alex o mundo.

Quando comprou Alex, a investigadora deixou que fosse o empregado da loja a escolhê-lo, para que não pudessem mais tarde sugerir que ela tinha escolhido propositadamente um papagaio inteligente para a sua pesquisa. Uma vez que o cérebro de Alex tinha o tamanho aproximado de uma noz, muitos cientistas pensaram que o estudo de Irene Pepperberg sobre comunicação entre as espécies se revelaria infrutífero. Trinta anos depois do início da investigação, Irene e um grupo de assistentes davam aulas de inglês a Alex. Os seres humanos, juntamente com 2 outros papagaios mais jovens, serviam-lhe de bando, propor-cionando-lhe o enquadramento social que tanta falta faz aos papagaios.

Sob a orientação de Irene, Alex aprendeu a imitar quase 100 palavras da língua inglesa, incluindo sons para vários alimentos, embora chame “ban-eja” à maçã. “Para ele, as maçãs sabem um pouco como a banana e parecem-se um pouco com a cereja. Por isso, Alex inventou esta palavra para se referir a elas”, explicou Irene. Alex era também capaz de contar até seis e estava a aprender os sons para sete e oito. “Tenho a certeza de que já conhece os dois números, mas ainda está a aprender a pronunciá-los.”, afirmou a investigadora. “O ensino de certos sons leva muito mais tempo do que alguma vez imaginei.”

“Ele precisa de ouvir as palavras vezes sem conta até conseguir imitá-las correctamente.” disse Irene, depois de pronunciar “sete” várias vezes seguidas para Alex ouvir. “Não estou a perceber se Alex é capaz de compreender a linguagem humana. O meu objectivo é utilizar as suas capacidades imitativas para compreender melhor as capacidades cognitivas das aves.” Isto é, Irene Pepperberg podia fazer-lhe per-guntas sobre o entendimento básico que a ave tinha do mundo.

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Podia não ser capaz de lhe perguntar em que esta-

va a pensar, mas podia perguntar-lhe sobre os seus conhecimentos de números, formas e cores. Para o demonstrar, Irene pegou numa chave verde e numa pequena taça verde e mostrou-as a Alex.

“O que é igual?” “Cor.” Respondeu Alex, sem hesitar. “O que é diferente?” “Forma.” Nos 20 minutos seguintes, Alex respondeu aos

testes de Irene, distinguindo cores, formas, tamanhos e materiais (lã, madeira ou metal) e resolvendo algu-mas operações aritméticas simples. E, então, como que a mostrar uma prova definitiva da sua mente

“Quero ir árvore” disse Alex, em voz baixa. Embora tivesse vivido toda a sua vida em cativeiro, ele sabia que, para além da porta do laboratório, havia um átrio e uma janela alta que servia de moldura a um ulmeiro. Irene levou-o até ao átrio. “Bom passarinho!” disse Alex. “Sim, és um bom passarinho” respondeu Irene, beijando-o.

Quando ele morreu, Irene teve o prazer de informar que, nessa altura, já dominava a palavra “sete”.

Outra ave extremamente inteligente é o corvo da Nova Calcedónia, capaz de fabricar e utilizar ferra-mentas.

Alex Kacelnik decidiu descobrir se a forma como esta espécie utiliza as ferramentas criadas é rígida ou se consegue usá-las de forma inventiva, mostrando flexibilidade mental. No entanto, após vários anos de observação em ambiente selvagem, Kacelnik e o seu grupo de investigadores não conseguiram apurar se esta capacidade era inata ou se aprendiam observan-do-se entre si. Para resolver este problema, o grupo levou vários corvos para o seu laboratório em Oxford. Quatro crias desenvolveram-se em cativeiro e foram cuidadosamente afastadas dos adultos para que estes não as pudessem ensinar a usar ferramentas. Mas, assim que cresceram, todas pegaram em ramos e começaram a esquadrinhar as fendas, usando diver-sos materiais. Assim, Kacelnik encontrou resposta para uma das suas perguntas: esta habilidade é her-dada, e não adquirida através de observação. A per-gunta seguinte era: que mais conseguem eles fazer com ferramentas?

Foi feito a Betty, uma das fêmeas selvagens captu-radas, o seguinte teste: numa sala puseram um tubo de vidro com um cesto, que contém um pedaço de carne, alojado no interior. Havia ainda 2 pedaços de arame nessa sala: um dobrado, em forma de gancho, e o outro direito. Esperavam que Betty escolhesse o gancho e o usasse para levantar o cesto pela pega. No entanto, outro corvo roubou o gancho antes que ela o conseguisse encontrar. Mesmo assim, Betty não desistiu: pegou no arame direito com o bico, introduziu-o numa fenda do soalho e, de seguida, serviu-se do bico para retorcê-lo até ficar com a forma de um gan-cho. Depois, utilizou-o para içar o cesto do tubo.

Conduziram mais alguns testes com Betty, cada um com uma solução ligeiramente diferente (por exemplo, fabricar um gancho a partir de um pedaço de chapa de alumínio em vez de um arame), e ela conse-

guiu arranjar solução para todos. “Isto significa que ela possuía uma representação mental daquilo que queria fazer, o que mostra uma forma superior de sofistica-ção cognitiva.”, afirmou o investigador.

NÃO ESTAMOS SOZINHOS Todas estas investigações mostram-nos que não

somos os únicos capazes de inventar ou planear, de nos auto-observarmos ou mesmo de enganar os outros.

Mentir exige formas complicadas de raciocínio, já que é necessário ser capaz de atribuir intenções a outro e de prever o seu comportamento.

Estudos demonstraram que os gaios-do-mato con-seguem perceber as intenções de outras aves e de agir segundo esse conhecimento. Por exemplo, um gaio que costuma roubar comida sabe que, se outro gaio o vir a esconder uma noz, é provável que essa noz seja roubada. Por isso, ele volta ao local depois do outro partir para mudar a noz de sítio. Esta investi-gação, realizada por Nicky Clayton e Nathan Emery, da Universidade de Cambridge, comprova também outro aspecto considerado frequentemente como exclusivo da espécie humana: a capacidade para recordar um acontecimento passado específico. Esta espécie de gaio, por exemplo, parece ter noção de há quanto tempo escondeu determinado tipo de alimen-tos, conseguindo recuperá-los antes que eles se estra-guem.

Em psicologia cognitiva humana, chama-se “memória episódica” a este tipo de memória, sendo sustentado que só pode existir casa a espécie seja capaz de recuar mentalmente no tempo. No entanto, vários especialistas defendem que os animais “estão presos no tempo”, isto é, não são capazes de distin-guir entre passado, presente e futuro da mesma forma que os humanos fazem, recusando-se assim a aceitar como verdadeiras as conclusões das investigações de Nick Clayton. “Temos indícios de que os gaios se recordam do quê, do onde e do quando referentes a determinados eventos de armazenamento” afirma o investigador; no entanto, sempre que se descobre uma capacidade mental que faça lembrar uma aptidão particularmente humana, os especialistas em cognição tendem a mudar a definição e a rejeitar as novas des-cobertas.

“...os especialistas em  cognição  tendem a mudar a defini‐ção e a rejeitar as novas descobertas.” 

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Crónica

De que falamos quando falamos da memória? Da lembrança? Das lembranças? Da saudade? Das saudades? Do passado? Dos passados? E que dizer das “saudades do futuro”? Existe a memória do futuro?... A memória parece reportar-se a um vasto e amplo território, onde caberiam todos os tempos e todos os espaços, uma espécie

de catálogo em permanente transformação. Arquivo vivo e dinâmico, a memória é parente da imaginação: cria, inventa, propõe, sugere, retém e liberta. Ou esquece.

Poder-se-ia então dizer que o passado é passível de ser re-inventado? Seleccionado? Prevenido? Inter-vencionado?

O futuro, também. A ficção científico-cinematográfica aponta pistas que caminham nesse sentido. E quem diz verosimilhança diz veracidade eventual...

As novíssimas disciplinas da Neurociência e Física Quântica abrem-se ao sonho da descoberta e aden-tram em territórios supostamente inatingíveis ou até sagrados.

Se se trata de um território difuso, em que os limi-

tes se esbatem, em que a liberdade constitui uma folha em branco, onde se guardam aquelas lembran-ças de que o poeta falava? A memória é a agenda onde se traçam rascunhos e pistas, onde se riscam notas e acrescentam outras tantas, onde se dese-

nham e se redesenham passados. Cada lembrança pode constituir como que uma passagem de um filme, uma cena integrada no arquivo que lhe corresponde. Episódios simultaneamente fixos e fluidos. Frescos de dor ou de alegria, que enfim se integram, compreen-dem e se transformam, transmutam. Horas felizes que brilham como minúsculos seixos de esperança. Ou não: horas de abatimento que ecoam lancinantes, como lanças, em perpétua mágoa. Passos grossos sobre vidros partidos.

Memórias-refúgio de sentimentos idos, lembranças-saudades de um “bem passado”. ‘Outroras’ de uma tão controlada cobardia que deixam entorpecidos os sentidos.

Mas igualmente memórias-esperança, de um futuro inventado, da espera-esperança de quem nada tem a provar nem a perder. Que tudo está sempre em aber-to. E está, como a vida.

Integro aqui um belíssimo texto de Teixeira de Pas-

coaes, à ‘vista’ da Memória: "Vejo, D. Ana, o teu vestido de seda azul bordado a

flores da Primavera. Vejo-o, num dia de Páscoa; e parece-me, na distância, a mesma pintura desse dia: uma nódoa azul... Vejo a tua carapuça verde, Manuel, quando jogavas o pau com outros demónios como tu. Vejo as tuas calças de tormentos, António; os teus tamancos, Joaquim; a tua jaleca, Francisco, e a facha negra sete vezes enroscada na tua cinta; e o teu lenço vermelho, ó Lucrécia das fantásticas histórias! Verme-lho como o barrete de Dante, feito da mesma púrpura infernal. Vejo a tua saia de luto, Eusébia; e o teu cha-péu alto, visconde Tardinhade, negreja, como uma torre antiquíssima, no horizonte do Passado. Conto as tuas rugas, Maria da Porta; e os teus cabelos, Bernar-dino: três ou quatro palmeiras, num deserto. Vejo o sinal preto, ao canto da tua boca, tia Emília, e a graça que ele dava ao teu sorriso. Vejo o azul dos teus olhos, meu avô, quando os teus olhos me fitavam. Pousa-me ainda na face aquele azul enternecido, aquela ternura que me dói... Esses teus olhos são agora dois buracos abertos, numa caveira, sob uma pedra tumular. Dir-se-á que também me contemplam; mas é treva, não é ternura, o que eles projectam sobre mim... Da tua velha pessoa existe uma ossada, entre quatro pedras, e um chapéu, um casaco e umas cal-ças, outra ossada, entre as quatro tábuas dum armá-rio. É o que resta de ti, no mundo; mas há outro mundo e nele vives ainda, e os teus olhos azuis iluminam a minha infância. Lá estás, com minha avó, com o visconde e a viscondessa de Tardinha-de, as senhoras de Meios e outras criaturas dos meus tempos fabulosos."

Teixeira de Pascoaes, Livro de Memórias, Assírio & Alvim, 2001.

(Negritos meus).

Lembranças, que lembrais meu bem passado

Lembranças, que lembrais meu bem passado para que sinta mais o mal presente;

deixai-me, se quereis, viver contente, não me deixeis morrer em tal estado.

Mas se também de tudo está ordenado

viver, como se vê, tão descontente, venha, se vier, o bem por acidente,

e dê a morte fim a meu cuidado.

Que muito milhor é perder a vida, perdendo-se as lembranças da memória,

pois tanto dano faz ao pensamento.

Assi que nada perde quem perdida a esperança traz de sua glória,

se esta vida há-de ser sempre em tormento.

Luís de Camões

Por Teresa Castro

Memória - A pista do porvir -

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Lazer

LIVROS

O Livro da Ignorância Geral, de

John Lloyd e John Mitchinson é

um catálogo detalhado e bem-

humorado de todas as ideias erra-

das, equívocos e mal-entendidos

da “cultura geral”.

Este livro da Ideias de Ler mostra que até as nossas convicções mais doutrinais podem estar erradas. John Lloyd e John Mit-chinson são os criado-res de um programa da BBC, de nome QI (Quite Interesting), e este livro é o resultado

desse programa.

Ao longo de 264 páginas, o livro apresenta afirma-ções tão surpreendentes como:

•Todos os seres humanos têm quatro narinas; • A Terra tem sete Luas; • A máquina a vapor foi inventada na Grécia Antiga; • O café não é feito de grãos; • Os morangos não são bagas; • Os dentes de George Washington tinham perten-

cido a um hipopótamo; • O monte Everest não é a montanha mais alta do

mundo; • Banguecoque não é a capital da Tailândia; • Há 80 000 planetas no sistema solar; • Mais de um milhão de pessoas foram mortas por

marmotas.

Nenhuma das afirmações é um trocadilho ou uma armadilha. São, isso sim, dez aspectos que a maior parte das pessoas desconhece e relativamente aos quais têm, geralmente, outras noções.

O Livro da Ignorância Geral irá fazê-lo sentir-se muito pequeno. Não deixe de o ler.

O FIM DO SR. Y — Scarlett Thomas

“Quando Ariel Manto descobre a obra O Fim do Senhor Y numa livraria de livros em segunda mão, mal consegue acreditar no que está a ver. Conhece o sufi-ciente sobre o autor, o estranho cientista vitoriano Thomas Lumas, para saber que os exemplares do livro são extremamente raros. E amaldiçoados.”

Um livro cativante, que

se foca sobretudo em ques-tões filosóficas sobre a vida e a realidade do mundo, O Fim do Sr. Y conta-nos a história de Ariel Manto, uma apaixonada por ciência vitoriana e que quer saber tudo sobre tudo, que se refugia nos livros para conseguir escapar à vida real. Mais que um simples conto, é uma reflexão da realidade em que vivemos, desafiando as nossas crenças e o senso comum. Aborda várias temáticas, desde filosofia a medicinas alternativas, como a homeopatia, passando por ques-tões da metafísica e teorias das ciências da vida.

“No final não seria ninguém, mas no início era

conhecido como Senhor Y.” Quando o Sr. Y toma uma poção estranha numa

feira, a sua vida começa a mudar drasticamente. Focando-se sobretudo em experiências de pensamen-to, esta aventura (considerada ficção por pedido do escritor) envolve profundamente o leitor, obrigando-o a reflectir e a pensar se tudo o que é relatado no livro não poderá ser real.

Este livro permite-nos comparar a nossa vida com a ilusão que criamos como fuga à realidade, mostran-do os vários aspectos e vertentes que caracterizam ambas.

SOBRE A AUTORA: Scarlett Thomas nasceu em Londres, em 1972. Já escreveu 7 livros, entre os quais se destacam “O Fim do Sr. Y” e “PopCo”. Des-de 2004 que ensina Litera-tura Inglesa e Escrita Cria-tiva na Universidade de Kent.

John Lloyd e John Mitchinson

Críticas da imprensa:

“Este livro faria até Edison corar de vergonha, por apresentar respostas a perguntas que nunca pensámos fazer ou nunca tive-mos necessidade de fazer, já que sabíamos, ou pensávamos que sabíamos, a resposta.” The Economist

“Para impressionar os amigos com a sua inteligência, suplique, peça ou compre ‘O Livro da Ignorância Geral’, uma extraordinária colecção de equívocos e ideias erradas muito comuns, compila-das para o programa da BBC QI (Quite Interesting).” Financial Times Scarlett Thomas

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NÃO SE ESQUEÇA DE VER...

50 first dates A minha namorada tem amnésia

Henry (Adam Sandler) é um veterinário que não

gosta de ter relações a longo prazo, até conhecer Lucy (Drew Barrymore). Lucy teve um acidente de automóvel no dia de aniversário do pai um ano antes. Como consequência, sofre de amnésia e acorda todos os dias sem se recordar do dia anterior. Assim, ela vive todos os dias como se fosse o dia do acidente.

Como será conhecer uma pessoa que se esque-ce de nós todos os dias?

Henry encontra Lucy num café à hora do pequeno-almoço e apaixona-se imediatamente. Senta-se na

mesa de Lucy e os dois conversam até o bar fechar. O que Henry não esperava era que no dia seguinte Lucy não se lembrasse de quem ele era, dizendo que nun-ca o tinha visto na vida.

Em casa de Lucy, o pai e o irmão preparam todos os dias o mesmo cenário

Apesar de o pai e o irmão de Lucy avisarem Henry para que este não se vá encontrar com ela ao café, Henry arquitecta outras maneiras de atrair Lucy. Tudo corria bem até…

ela descobrir que não se lembra do último ano. A partir desse dia, todos os dias, Henry faz Lucy

lembrar-se de tudo o que lhe aconteceu até aquele dia. Apesar de cómico não deixa de ilustrar muito bem o tipo de vida que um pessoa com amnésia leva.

Quantos problemas a amnésia pode causar à

própria pessoa e às que a rodeiam? No entanto, a amnésia também pode significar um

novo começo. (Há sempre desculpa para não cumprir c o m p r o m i s s o s . Mas é favor não tentar bater com a cabeça em algum lado para ter amné-sia.)

Uma comédia sem limites, acom-panhada com inteli-gência animal e música romântica. Ao longo do filme pode também tes-temunhar que os animais são capa-zes de aprender e compreender lin-guagem e que têm inteligência própria.

Director: Peter Segel Guionista: George Wing Género: Comédia Romântica Elenco principal: Adam Sandler (Henry Roth), Drew Barrymore (Lucy Whitmore), Rob Schneider (Ula), Sean Astin (Doug Whitmore) e Lusia Strus (Alexa) Ano: 2004

Drew Barrymore e Adam Sandler 

Lusia Strus e Adam Sandler 

Rob Schneider 

Na actualidade, há filmes para todos os gostos e ida-

des. Os filmes são uma boa forma de entretenimento

que permite relaxar e divertir, algo extremamente

importante numa sociedade tão competitiva. Este

tipo de media em quantidade não excessiva tem ainda

a vantagem de desenvolver certas capacidades

visuais.

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Um cérebro brilhante

Documentário da National geographic Na nossa vida, ouvimos falar de muitos génios.

Muitos estudos científicos são feitos para descobrir o que traz a genialidade daqueles que muitas vezes ouvimos falar.

O documentário especial da National Geographic encerra 3 partes. Em cada uma, é apresentado um génio e uma reflexão sobre a razão das suas poten-cialidades. Como funciona o cérebro de um génio? Será que funciona como o nosso? Será que têm a mesma estrutura que a de um pessoa normal? Que áreas do cérebro usamos quando realizamos tarefas do dia-a-dia? Muitas questões e poucas respostas.

Marc Yu é um génio na música. Mas o que o faz ser assim? Marc Yu, um rapaz de apenas 10 anos, consegue

já tocar peças para piano de um elevadíssimo grau de dificuldade , sendo também um bom violoncelista, com um ouvido absoluto para as notas musicais. O que tem este génio diferente de todos outros restantes? Será que a vida intra-uterina influencia a nossa capa-cidade de aprendizagem? Porque as crianças são tão impressionantemente rápidas a aprender? Será que os génios já nascem com esse talento? Será que a genialidade vem escrita nos genes? Certamente que a prática e muito treino desde novo ajuda muito, mas será que é só isso que torna as pessoas génios como são?

George Widener consegue calcular que dia da

semana é uma data qualquer. Será que a organização estrutural do cérebro de

George pode ser diferente de uma pessoa comum? Apesar deste talento de George, ele é em certa

medida socialmente isolado. É comum ouvirmos falar sobre génios que têm distúrbios, como é o caso de uma rapariga de 3 anos e meio chamada Nadia que era autista e, no entanto, desenhava extraordinaria-mente bem. Estranhamente, perdeu o seu talento para desenho quando começou a falar. Felizmente, nem todos os génios sofrem distúrbios, como o caso de Marc Yu, que está a provar crescer de maneira saudá-vel.

Tommy McHugh tornou-se num pintor compulsivo

após um acidente dramático. O que mudou no seu cérebro para ele se tornar assim?

Um documentário surpreendente, no entanto escla-recedor. E a investigação prossegue. Será que um dia nos podermos todos tornarmo-nos em génios?

Tommy começou a ter impulsos criativos e pintava como que impelido por algo. É isto a que se deve con-siderar uma verdadeira mania. Desesperado, Tommy pediu ajuda. Que transformações ocorreram ao nível cerebral dando origem a este impulso? Há maneiras de parar este impulso? Como será que estas capaci-dades são estimuladas?

Susan Polgar é a primeira VENCEDORA de um campeonato mundial de xadrez.

Mas, ela nasceu para ser génio? Não. Ela é a pro-va viva de como uma criança comum se pode tornar num génio.

Todos sabemos o quão importante é a educação na vida de uma pessoa. Mas, o que nem todos devem saber é que a educação pode tornar uma pessoa ordi-nária num génio. Muitas pessoas fazem milagres de memória como Susan, que identifica rapidamente esquemas de xadrez. Mas será que a educação de Susan é mais importante que o talento para xadrez? Existe alguma diferença na maneira de pensar de indi-víduos masculinos e femininos? Como trabalha a nos-sa memória a curto prazo? O que é a intuição? Como nós reconhecemos as pessoas?

Mark Yu 

Tommy McHugh 

Susan Polgar 

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Insónias? Que fazer? O sono é o final de um dia e o início de outro,

permitindo descansar a mente e ao corpo. Mas há pessoas que não conseguem adormecer à noite e, na manhã seguinte, não têm a energia necessária, preju-dicando-os no trabalho ou nos estudos.

É considerado insónia quando uma pessoa demora mais de meia hora a adormecer, acordando mais de 3 vezes à noite demorando também a voltar a adormecer, ou acordar cedo e não conseguir voltar a adormecer, repetindo-se pelo menos 3 vezes por semana, durante mais de 3 semanas.

Algumas vezes, as insónias são provocadas por mudança de hábitos. Nesses casos há certas activida-des que podem ajudar a combater a insónia.

Primeiro, passear ou fazer jogging durante meia a uma hora. Pode ser em parques ou perto de lagos, locais com ar relativamente limpo. Passear ou fazer jogging são exercícios aeróbios que ajudam a relaxar e a diminuir o stress acumulado promovendo um sono mais prolongado.

Segundo, beber um copo de leite antes de dei-tar. Cientistas descobriram que o leite é uma bebida altamente benéfica para o homem, tendo a proprieda-de de acalmar e ajudar a adormecer mais rápido.

Por fim, pensar em paisagens. Por exemplo, imaginar uma praia ou um riacho. Investigadores da Universidade de Oxford observaram que indivíduos com insónias que imaginassem ou recordassem de paisagens calmas ou paradisíacas adormeciam, em média, 20 minutos mais depressa que aqueles que não o faziam.

Enxaquecas. Que dor de cabeça!

A enxaqueca é um tipo de cefaleia (dor de cabeça)

descontínuo provocado por alterações de elasticidade nos vasos sanguíneos na região do cérebro.

Estudos psicológicos indicam que pessoas com enxaquecas são emocionalmente pouco estáveis, maioritariamente introvertidos e mostram-se mais preocupados. Estímulos emocionais podem estar na origem de enxaquecas, e também os factores ambien-

tais e psicológicos podem alterar a gravidade da dor. A investigação indica ainda que 91.6% dos indivíduos com enxaquecas apresentam anomalias na reologia1

do sangue, dos quais 65% têm anomalias na forma-ção de coágulos, 58,3% têm anomalias na viscosidade do sangue, 55.1% têm anomalias na aderência de plaquetas sanguíneas.

Após vários anos de investigação, o autor chegou à conclusão que alguns exercícios de respiração podem ajudar a evitar enxaquecas e a diminuir as dores.

O exercício tem duas partes: 1. Relaxamento Abrir e fechar os olhos com força relaxando de

seguida; baixar e levantar a cabeça, rodá-la para a direita e para a esquerda com força; levantar os ombros e relaxar; rodar os ombros para a frente e relaxar de seguida. Deve manter em cada posição de stress por volta de 5 a 7 segundos. O tempo para rela-xar deve ser o triplo do tempo de stress na posição. Deve-se repetir cada movimento 4 vezes. Acabando esta parte do exercício, deve-se descansar 2 minutos.

2. Exercícios de respiração Inspirar e expirar devagar para o abdómen contan-

do o número de respirações. Ao executar o exercício, deve manter uma postura relaxada, calma e equilibra-da. Este exercício deve durar cerca de 15 minutos.

Investigações reflectem que não condição de não conter a respiração, inspirar e expirar devagar tem resultados bastante benéficos.

Os exercícios acima referidos podem ser feitos uma ou duas vezes por dia. Deve ser persistente. Contudo não é aconselhado fazer no caso de ter tomado alguma refeição dentro das 2 horas anteriores.

Este tipo de exercícios ajuda também indivíduos com insónias.

Alimentação

USE A MATEMÁTICA Se gosta de cozinhar, terá mais facilidade em ema-

grecer, mas precisa de ter cuidado para não fazer comida de sobra. Pode comer demais para não ter de a deitar fora. Procure ter em sua casa somente ali-mentos saudáveis e de baixas calorias. Envolva toda a família no cultivo dos bons hábitos alimentares; é mais fácil manter uma alimentação saudável quando todos estão comprometidos com o peso ideal.

SIGA O DITADO Café da manhã como rei, almoço como príncipe e

jantar como mendigo. PEQUENO-ALMOÇO Quanto melhor se alimentar pela manhã, menos

fome vai ter durante a tarde e evitará ir para a cama com o estômago cheio, retardando a digestão e o metabolismo energético e, o que é pior, engordando.

1 - Reologia - ramo da mecânica dos fluidos que estuda as

propriedades físicas que influenciam o transporte de quantidade de movimento num fluido. Estuda por exemplo a viscosidade, a elasticidade e a plasticidade.

Quem te avisa teu amigo é 

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COMA COM AMIGOS/FAMILIA Enquanto se fala não se pode comer. A conversa

torna a refeição mais lenta e evita que se coma impul-sivamente e depressa.

O que sabe sobre exercício físico?

1.Para emagrecer numa parte do corpo, o melhor é exercitar essa parte. Por exemplo, para perder uns centímetros na barriga, é melhor fazer abdominais.

ERRADO Muitas pessoas acham que quando uma parte é

exercitada, a gordura do local é gasta. Na verdade, quando se faz exercício físico, é a gordura de todo o corpo que pode ser gasta e não só de uma parte.

2.Para manter a forma e um corpo saudável basta

fazer exercício físico 2 vezes por semana. ERRADO De acordo com um estudo da Organização Espa-

cial da Rússia, os músculos que não são exercitados perdem rapidamente a força. Depois de 48-72 horas há necessidade de exercitar os músculos de modo a que esteja em forma. Isto quer dizer que apesar de fazer exercício todos os dias seja o ideal, fazer dia sim dia não também pode manter o teu corpo igualmente saudável

3.Para perder peso é preciso suar muito. ERRADO Suar só baixa a temperatura corporal, não ajuda a

emagrecer. Talvez percas peso logo a seguir à activi-dade, mas isso é apenas resultado da perda de água. À medida que se recupera a água, o peso volta ao mesmo.

4.Correr devagar 1 quilómetro gasta mais energia

do que andar 1 quilómetro. ERRADO A energia gasta é igual. Mas se correr 30 minutos e

andar o mesmo tempo, gasta mais energia a correr. 5.Se alguns minutos após o exercício físico a respi-

ração não voltar ao normal, isso quer dizer que o exer-

cício foi excessivo. CORRECTO Cerca de 5 minutos após o exercício físico a respi-

ração deve voltar ao normal, o coração deve deixar de bater tão rápido e a pessoa deixa de estar tão cansa-da. A actividade benéfica não deve deixar uma pessoa exausta e a sentir-se mal.

6.Andar é uma das melhores formas de exercício. CORRECTO Andar ajuda a circulação do sangue por todo o cor-

po e afecta directamente na saúde do indivíduo. 7.O aquecimento muscular deve ser cheio de ritmo

e energia para que os músculos possam manter a sua potência.

ERRADO O aquecimento deve ser feita de forma lenta, per-

mitindo relaxar os músculos, caso contrário, o aqueci-mento vai deixar os músculos ainda mais tensos.

8.O tempo da actividade física diária deve ser de

pelo menos 20 minutos. CORRECTO No esqueleto estão anexos 400 músculos. Para

exercitar esses músculos, contraindo e relaxando-os de maneira correcta, são precisos cerca de 20 minu-tos.

Depressão

Depressão é um estado emocional que muitas

vezes se experimenta, mas a depressão frequente e grave é uma doença que necessita de tratamento. É importante referir que algumas doenças somáticas também podem provocar o aparecimento de estados de depressão, como problemas na tiróide, esclerose múltipla e outras doenças crónicas.

A vida na sociedade nem sempre é satisfatória; por isso, face a situações em que pouco ou nada se pode fazer para as alterar, é importante tentar aceitar a rea-lidade e mudar a maneira como encarar essas situa-ções.

Muitas vezes, mudar o ponto de vista de um pro-blema pode melhorar o humor. Conviver com pessoas optimistas, bem como usufruir de alguma leitura leve, aprendendo com isso uma forma de viver diferente; ver comédias ou ir a festas, com uma atmosfera de alegria, assim como comprar um presente para o pró-prio; comunicar mais, falar com os familiares e amigos de confiança sobre os proble-mas que têm, são formas de libertar a pres-são. Fazer turis-mo e relaxar são também boas formas de “descansar o espírito”.

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RECORDES DO GUINNESS

Desde sempre, o Homem tem vindo a tentar

ultrapassar os seus limites. Os Recordes do

Guinness são um conjunto de casos extremos,

naturais ou provocados, registados e certificados

pela empresa Guinness World Records Limited.

Aqui destacamos alguns casos insólitos relacio-

nados com saúde.

Cérebro mais pesado O cérebro mais pesado do mundo foi detectado em

Dezembro de 1992 pelo Dr. George T. Mandybur da Univer-sidade de Ohio (EUA). Perten-cia a um homem de 20 anos e tinha 2,3 Kg.

Cérebro mais leve O cérebro mais leve

“normal” ou não-atrofiado pesa-va 680g. Pertencia a Daniel Lyon (Irlanda), que morreu com 46 anos. Tinha 1,5m de altura e pesava 66 Kg. Com estas características, um cérebro normal pesaria 1,4Kg.

Maior placa inserida num crânio humano Tom Thompson (EUA) teve uma placa de titânio

com 15x11 cm inserida no lado esquerdo da cabeça numa cirurgia. Isto deveu-se ao facto de Thompson ter sido atropelado, tendo inclusivamente sido dado como morto ao chegar ao hospital.

A dieta mais estranha Michel Lotito (França) tem vindo a comer metal e

vidro desde 1959. Gastroenterologistas radiografaram o seu estôma-

go e descreveram como única a sua capacidade de consumir 900g de metal por dia.

O maior número de agulhas na cabeça

O recorde do maior número de agulhas de acupunctura na cabeça e cara é de 1,790 agulhas e foi alcançado por Wei Shengchu (China), na cidade de Nan-ning, na China, a 23 de Março de 2004.

Maior paragem cardíaca A maior paragem cardíaca durou quatro horas e o

autor desta proeza foi o pescador Jan Egil Refsdahl (Noruega). Foi levado para o hospital de Haukeland, depois da temperatura corporal descer para os 24ºC e o coração parar. Recuperou depois de ter sido ligado a uma máquina cardio-pulmonar

Espirro mais rápido A maior velocidade atingida por um espirro foi 167

km/h. Nível de açúcar no sangue mais alto Alexa Painter (EUA) sobreviveu a um nível de açú-

car no sangue 20,7 vezes acima da média com 139 mmol/litro. A taxa normal de açúcar no sangue está entre 4,4 e 6,6 mmol/litro.

Primeiro transplante de mão Clint Hallam (Austrália), de 48 anos, foi o primeiro

homem a receber um transplante de mão. A sua ope-ração demorou 14 horas e a mão era de um homem morto.

Mais conjuntos de dentes Em 1896, foi feita referência ao primeiro caso de

uma quarta dentição, conhecido como o caso de Lison.

Clint Hallam depois da operação 

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PASSATEMPOS Talvez não seja óbvio, mas os passatempos são

muito importantes para exercitar a mente. Não

são apenas uma forma de entreter e passar tem-

po, como o nome indica, mas também uma forma

de não deixar a mente parada. Quanto mais se

exercitar a mente, mais activa ela fica, mais rápi-

do executará tarefas futuras.

Quem é o culpado? Canhoto - De certeza que não fui eu que matei V. Quando soube o que a polícia pretendia, B levan-

tou a mão esquerda como jura: - Eu admito que odiava V, mas não há ninguém na

empresa que não o odiasse. - Nós não dissemos que o matou. – P convidou B a

sentar-se, enquanto que se levantava e ia buscar um copo de água, enchendo-o até ao limite propositada-mente passando-o a B.

- Obrigado. – disse B enquanto pegava no copo com a mão direita.

- Fuma? – P tirou um cigarro dando-o a B, sem deixar de olhar para as suas mãos.

B poisou rapidamente o copo pegou no cigarro com a mão esquerda e acendeu o isqueiro com a mão direita.

Quando foi dado um copo de água igualmente enchido a A, este pegou no copo com a mão esquerda e apoiou a base com a direita. Quando ia para ofere-cer um cigarro, A disse que ele tinha, tirando com a mão direita a caixa de cigarros tirando um com a boca. Poisou a caixa na mesa e acendeu o isqueiro com a mão direita.

Na noite anterior V foi encontrado morto junto à sua secretária na empresa. O médico-legista determi-nou a hora da morte como sendo por volta das 22h. Após a observação da cena do crime, o médico-legista chegou a uma única conclusão - o criminoso é canho-to. Os suspeitos são aqueles que saíram da empresa depois das 22h: A e B. No entanto, não foi encontrado nenhuma prova de que qualquer empregado que pos-sa ser canhoto, apesar de alguém dizer que A era canhoto quando era jovem. Como último recurso, atra-vés de movimentos subconscientes, P pretendia des-cortinar se algum deles era canhoto.

Caros leitores, será que conseguem descobrir quem é o canhoto? Não se esqueçam da justificação.

Noiva falsa e verdadeira Dias antes, P recebeu a notícia que o pai de F, um

amigo seu, faleceu. Por isso, P não esperava que F o procurasse assim tão cedo.

- Então F, por que me procuraste? – perguntou P. - Sabes, o meu pai casou antes morrer e agora

tenho em casa duas mulheres que declararam ser ambas noivas do meu pai. Como o meu pai também não me falou muito nisso, não consigo saber qual delas é a verdadeira. Ambas apresentaram a docu-mentação e nem o advogado encontrou qualquer pro-blema nos documentos. Só sei que a noiva é uma pro-fessora de piano alemã e que casaram segundo as tradições alemãs. Preciso mesmo da tua ajuda.

- Está bem. Vou ver o que consigo fazer. Em casa de F, P viu as 2 noivas. Ambas por volta

de 30 anos, ambas muito bonitas. Uma loira, de olhos verdes, C; e outra de cabelo castanho escuro e olhos azuis, D. P pensou um pouco e disse:

- Vamos ouvi-las a tocar piano. Ambas tocaram a mesma música e a melodia pare-

cia igualmente bonita. D tinha na mão esquerda 2 anéis de safira e o anel de noivado enquanto que C tinha apenas um anel de noivado na mão direita. Quando acabaram P disse a F:

Eu não posso ter a certeza de qual é a verdadeira noiva, mas posso ter a certeza de quem não é.

Caros leitores, conseguem deduzir quem é a noiva falsa?

SUDOKU Grau: difícil

6 9 4 1 1 2 5 7 8 3

3 1 6 7 2

8 7 4

8 2 1

3 6 9 5

Soluções na página 38

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Anedotas

Professora: Eu tenho 7 laranjas numa mão e 10 na outra. Posto isto o que é que eu tenho? João: Umas mãos muito grandes! Vira-se um cego para um paralítico: Então, como é que tens andado? O outro: Olha, como tens visto. Qual é o cúmulo do azar para uma serpente? Morder a língua Qual é o cúmulo do jardineiro? É ter uma filha chama-da Rosa que tem um namorado que a deixa sempre plantada. Qual é o cúmulo da paciência? Ver uma corrida de caracóis em câmara lenta.

Adivinhas

É bom para se comer, mas não se come nem cru, assado ou até cozinhado. O que é? Qual é a coisa, qual é ela, que se faz para andar e não anda? Dois irmãos do mesmo nome, vão marchando com afinco. Um dá sessenta passos, enquanto que o outro só dá cinco. O que são? Qual é a pessoa que não faz senão comer? O que é que quanto maior é menos se vê? O que é que os velhos, os novos e as crianças fazem todos ao mesmo tempo? Por natureza está quente, excepto em caso doentio, mas face a perigo iminente, devemos mantê-lo frio.

Jogos Matemáticos

Jogo 1

As quatro imagens que vemos acima foram trocadas. Qual é a ordem real?

Jogo 2 Disponha os números de 1 a 12 sobre as intersec-ções de forma a conseguir a mes-ma soma, 39, em cada círculo.

Palavras cruzadas

Pistas: Horizontais: 1- tecnologia que trabalha com o nanómetro 2- stress positivo 3- espécie marinha excelente na comunicação e no compor-tamento imitativo 4- tipo de amnésia que não permite recordar eventos recen-tes 5- conceito que engloba o completo equilíbrio do indivíduo em termos físicos, mentais e sociais 6- doença neurodegenerativa que causa a perda permanen-te de recordação 7- capacidade que permite registar e armazenar informação, convertendo-a depois em recordação Verticais: 1- tratamento de doenças através de processos naturais 2- terapia feita através da manipulação da energia vital 3- outro nome para "cocaína" 4- outro nome para "cannabis" 5- indivíduo com capacidades extraordinárias de memória e de observação 6- tecnologia que utiliza características biológicas únicas para verificar a identidade de uma pessoa

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Referências bibliográficas:

•BERLOQUIN, P. (Fevereiro de 1999). 100 jogos geométricos; 2ª edição. Gradiva Publicações, Lisboa

•FOLKARD, C. (Outubro de 2004). Guiness World Records 2005. Dom Quixote, Lisboa

•MOURA, A. (Setembro se 2005). O Grande Livro de Sudoku; 2005; Edições ASA, Lisboa

•ROMÃO, P. & PAIS, S. Educação Física 1ª parte, 10º/11º/12º anos. Porto Editora, Porto

•"MEDICINA POPULAR" (tradução literal); Editora científico-tecnológico de Shanghai- nºs 1, 4, 7 de 2003

•“NATIONAL GEOGRAPHIC”; A memória; Número 91; Grupo RBA; Outubro 2008

•“NS’”; Especial Saúde XXI; Número 51053; Global Notícias; 11 Outubro 2008

•"PICA-PAU" (tradução literal); nºs 3, 4, 5 de 2008

•“SUPER INTERESSANTE”; A nano chegou em força; Número 102; Edimpresa Editora; Outubro 2006

•“SUPER INTERESSANTE”; Os segredos da memória; Número 110; Edimpresa Editora; Junho 2007

•“SUPER INTERESSANTE”; Chocolate – o ouro castanho; Número 108; Edimpresa; Abril 2007

•http://www.saudenarede.com.br/?id=Doping&p=av; (disponível em 5 de Outubro de 2008)

•http://saude.sapo.pt/prevenir/artigos/geral/alimentacao/ver.html?id=908542; (disponível em 22 de Janeiro de 2009)

•http://www.av.it.pt/aveirocidade; (disponível em 12 de Fevereiro de 2009)

Adivinhas (pág. 37) Adivinhas: Prato, Estrada, Ponteiros do relógio, Cozinheiro, Escuridão, Envelhecem, Sangue

Quem é o culpado? (pág. 36) Quem é o canhoto? Os movimentos de A são efectivamente estranhos, mas para um dextro é normal. B fez uma jura com a mão esquer-da subconscientemente, e além disso, B pegou no copo de água coma mão direita e no cigarro com a mão esquerda, parecendo bastante natural. Mas, poisar o copo antes receber pegar no cigarro era desnecessário, porque a mão esquerda estava vazia. B queria deixar claro que tinha o hábito de usar a mão direita, poisando o copo, mas pensan-do bem o movimento pareceu-lhe chamar muita atenção, pegando no cigarro com a mão esquerda. Sendo, por isso, B o criminoso. Quem é a noiva falsa? Normalmente os anéis de noivado são postos na mão esquerda, apenas Alemanha é uma excepção. É uma tradição alemã. Como a noiva é alemã e o casamento foi segundo tradições alemãs, o anel de noivado da verdadeira noiva devia estar na mão direita. Por isso a D é a noiva falsa.

Jogos Matemáticos (pág. 37) Jogo 1: Designemos as imagens por: A B C D D está antes de A e de C, porque a caneca do frade foi entornada. A está antes de C, porque o mosqueteiro das botas brancas recuperou o chapéu. B está antes de D, porque o mosqueteiro do chapéu preto pousou a capa (o que seria impossível durante o duelo). A ordem é B D A C.

Soluções dos passatempos

Palavras cruzadas (pág. 37)

Jogo 2:

Sudoku (pág. 36)

Redacção, edição e formatação: Diogo Pedro Martins Cerqueira, Lin Qia Min, Raquel Amado Ferreira e Sofia Isabel Almeida Campino Mar-tins do Vale Colaboração: Maria Isabel Magalhães, Sérgio Heleno e Teresa Cas-tro Sede de redacção: Escola Secundária com 3º ciclo de José Estêvão de Aveiro: Avenida 25 de Abril, Apartado 3, 3811-901, Aveiro Impressão: Activcopy: Avenida Dr. Mário Sacramento, 55C, 3810-106, Aveiro

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