N m{N$ ;f {l xP{N $

28
Vou tentar me recordar da história da fundação do Centro Espírita Léon Denis. No final do ano 1960, um amigo de trabalho, o Hermenegildo Santos de Souza, convidou-me para participar de uma atividade no Lar de Soninha, abrigo para meninas, em cuja sede funciona, atualmente, o Lar de Daniel, que é um centro de atendimento a portadores de deficiência. Ele desenvolvia uma tarefa em um centro de Umbanda, e foi lá que conheci nossos amigos Argeu, Cidinha e D. Maria da Glória, mãe de Cidinha. Entre nós quatro surgiu uma boa amizade. Eu freqüentava, na época, uma casa espírita chamada Lar de Tereza. Um dia, D. Maria da Glória me convidou para fazer uma prece por um amigo de sua família, que estava doente. Seu nome era Ernesto; ele havia sofrido um infarto e se encontrava em um quarto, sem poder ser removido. D. Glória, Cidinha e eu dirigimo-nos para lá. Aplicamos-lhe o passe e retornamos aos nossos respectivos lares. Passei a visitá-lo todos os sábados, na parte da tarde. Tornou-se um costume visitarmos o Sr. Ernesto aos sábados, encontrando-nos lá, sem que houvéssemos combinado anteriormente, pois sequer tínhamos telefone. Um dia encontramos o Sr. Ernesto muito mal, dizendo que não queria visitas, porque ficava muito tenso. Fomos, então, para a casa de D. Glória, que era relativamente perto da casa dele, e de lá fizemos uma vibração por ele. D. Glória sugeriu, então, que nos reuníssemos semanalmente. Foi um consenso. Eu, ela e Cidinha resolvemos fazer isso a cada sábado. Depois que saíssemos da casa do Sr. Ernesto, ou mesmo antes da prece, nos reuniríamos na casa de D. Glória, para orar e para estudar o Evangelho Segundo o Espiritismo. Daí foi surgindo o que se denomina culto cristão no lar.

Transcript of N m{N$ ;f {l xP{N $

  • Vou tentar me recordar da história dafundação do Centro Espírita LéonDenis.No final do ano 1960, um amigo detrabalho, o Hermenegildo Santos deSouza, convidou-me para participarde uma atividade no Lar de Soninha,abrigo para meninas, em cuja sedefunciona, atualmente, o Lar deDaniel, que é um centro deatendimento a portadores dedeficiência. Ele desenvolvia umatarefa em um centro de Umbanda, efoi lá que conheci nossos amigosArgeu, Cidinha e D. Maria da Glória,mãe de Cidinha. Entre nós quatrosurgiu uma boa amizade. Eufreqüentava, na época, uma casaespírita chamada Lar de Tereza.Um dia, D. Maria da Glória meconvidou para fazer uma prece porum amigo de sua família, que estavadoente. Seu nome era Ernesto; elehavia sofrido um infarto e seencontrava em um quarto, sem poderser removido.D. Glória, Cidinha e eu dirigimo-nospara lá. Aplicamos-lhe o passe eretornamos aos nossos respectivoslares. Passei a visitá-lo todos ossábados, na parte da tarde. Tornou-seum costume visitarmos o Sr. Ernestoaos sábados, encontrando-nos lá, sem

    que houvéssemos combinadoanteriormente, pois sequer tínhamostelefone.Um dia encontramos o Sr. Ernestomuito mal, dizendo que não queriavisitas, porque ficava muito tenso.Fomos, então, para a casa de D.Glória, que era relativamente pertoda casa dele, e de lá fizemos umavibração por ele. D. Glória sugeriu,então, que nos reuníssemossemanalmente. Foi um consenso. Eu,ela e Cidinha resolvemos fazer isso acada sábado. Depois que saíssemosda casa do Sr. Ernesto, ou mesmoantes da prece, nos reuniríamos nacasa de D. Glória, para orar e paraestudar o Evangelho Segundo oEspiritismo. Daí foi surgindo o que sedenomina culto cristão no lar.

    História do Centro Espírita Léon Denis S o b o a s p e c t o m a t e r i a l

    Altivo

  • Com a aproximação de outroscompanheiros, começamos a fazer oestudo dirigido da primeira até aúltima questão de "O Livro dosEspíritos" e do primeiro ao últimocapítulo de o "Evangelho Segundo oEspiritismo". É importante ressaltarque fazemos, ainda hoje, os nossosestudos com vistas ao ensinodoutrinário. Com isso, outras pessoasforam chegando. Assim, resolvemosaIsso fez com que iniciássemos umtrabalho voltado ao tratamento dedoentes, que é uma importantecaracterística do nosso centro.mpliarnossos estudos, incluindo as obras deAndré Luiz, quinzenalmente, àsterças-feiras, na casa da nossa irmãHaidéa, em Bento Ribeiro. Desdeentão, o estudo das obras de AndréLuiz tornou-se uma característicabem forte em nossa casa. Um fatointeressante é que, em tantos anos deestudos dos clássicos de André Luiz,nunca foi por nós estudado o livro"Nosso Lar". Sempre se optou poroutros livros.

    Posteriormente, congregaram-se aoculto a nossa querida Neuza Trindadee sua irmã Elvira. Depois, a irmã NairQuilino foi por elas trazida. Todastrabalhavam em outras casasespíritas.Todos nós nos reuníamos para fazeroração, e assim um pequeno grupocomeçou a se formar, encontrando-sena casa de D. Glória, aos sábados, emtorno das dezoito horas. Outraspessoas foram chegando: a irmãHaidéa Varonelas Galvão, depois oGildo, irmão da Elvira e da Neuza, eoutras mais. Nessas circunstâncias,com a chegada de tanta gente, atraiu-se a vinda de companheiros de outrascasas e, a partir daí, novas pessoasaproximaram-se por causa de doençae problemas espirituais. Isso fez comque iniciássemos um trabalho voltadoao tratamento de doentes, que é umaimportante característica do nossocentro.

    D.Glória

    Neuza

    Elvira

    Cidinha

  • Certa vez, na casa de D. Glória,através de uma vidência, percebi aaproximação do espírito Dr. Bezerrade Menezes, que nos disse que o cultoestava indo muito bem. Apontandosomente para "O Evangelho" e "OLivro dos Espíritos", mesmo havendooutros livros sobre a mesa, edirigindo-se a mim, ele falou:“Enquanto vocês estiveremestudando estes dois livros, eumesmo e outros bons espíritosestaremos com vocês. No dia em quevocês deixarem o estudo desseslivros, nós nos afastaremos”. Demodo que ficou bem caracterizada,através dessa visão, a necessidade demantermos o estudo de "OEvangelho" e "O Livro dos Espíritos".Graças a Deus nunca nos afastamosdesse estudo e a sua palavra sóconfirmou esta necessidade.Com o crescimento da casa,chegamos a ter em torno de trintapessoas, e assim surgiu em mim anecessidade da mudança doambiente, embora a família que cediao espaço de nada tenha se queixadoem momento algum.Nós passamos a fazer, na casa daCidinha e do Argeu, o trabalho decura, com os médiuns de então.Posteriormente, também passamos afazer lá o trabalho de desobsessão.Esses fatos começaram a meestimular a alugar, a comprar, nãosei, uma casa, para fundarmos umcentro espírita. Quando estas idéiasestavam se fortalecendo em mim,

    numa noite, nós recebemos amensagem de um espírito cujapresença foi muito forte em mim,identificando-se, no final, como“Léon Denis”. Nessa ocasião, disseestar satisfeito com o trabalho detodos e afirmou estar tambémadmirado de ver um grupo tãopequeno e tão importante perto dosgrandes centros e tão dedicado aoestudo sistematizado das obrasespíritas. Passamos, por isso, aconhecer as obras de Léon Denis, dequem, até então, só tínhamos ouvidofalar. A partir dessa comunicação,iniciamos o estudo de suas obras econhecemos seus admiráveisensinamentos.Depois de tudo isso, começamos aprocurar um terreno e foi então queencontramos, neste loteamento ondeestá o Centro Léon Denis, um loteainda por vender. Nós orecompramos de uma pessoa, que foinossa intermediária, que entãoestava querendo vendê-lo. Pagamosem prestações, porque não tínhamosdinheiro.

    Argeu e Cidinha

  • Além da dificuldade financeira, nãotínhamos, ainda, uma sociedadeorganizada. Naquela época, em queiríamos fazer a compra do terreno,nós percebemos que deveríamos teruma sociedade espírita. Poderia serum pequeno culto no lar, mas haveriauma propriedade, outras atividades,e daríamos um outro direcionamentoao culto.Foi assim que nos formamos elegalizamos a instituição, dando-lhe onome de CENTRO ESPÍRITA LÉONDENIS, em homenagem, justamente,a esse saudoso trabalhadordoutrinário. Nós não sabíamos,ainda, quem era ele, como dissemos;mas percebêramos, desde o início,que era alguém a quem deveríamoshomenagear. Demos, então, o seunome à instituição.Houve, na ocasião, uma ordememitida pelo Ministério da Fazenda,para que todas as instituiçõesfilantrópicas lá se registrassem,porque estavam instituindo ocadastro geral de contribuintes.Tínhamos, portanto, que nosregistrar. Tão logo veio a notícia,registrei a instituição, porque nãohavia outra com esse nome, e erammuito rigorosos com a questão denomes. Só então vim a saber daexistência de outro Centro EspíritaLéon Denis, em Santa Cruz.Como havíamos registrado o nomeprimeiramente, a outra casa viu-seobrigada pelo Ministério da Fazendaa mudar seu nome. Esta passou a

    chamar-se CENTRO ESPÍRITADISCÍPULOS DE LÉON DENIS. Trata-se de um bom centro existente emSanta Cruz, onde tenhorelacionamento muito bom e ondefaço, inclusive, palestras. A amizadeque se iniciou naquela época existeaté hoje; mas a verdade é que CentroEspírita Léon Denis já era o nomedaquela instituição.Na decorrência da obra, passamos anossa sede para o atual endereço.Fomos, também, agendando,imediatamente, todos os serviços:• 1ª Reunião Pública;• Aula Extra;• Cura;• Desobsessão.A partir daí, começamos novastarefas para todos nós, porque, atéentão, todos pertencíamos a outrosgrupos espíritas, e o culto no lar era,apenas, mais uma oportunidade quetínhamos para orar.Por outro lado, com a formação doCentro e a aproximação debenfeitores do quilate de Léon Denis,começamos a ser levados a corrigirnossos hábitos e comportamentos,até chegar ao que somos hoje.Após termos completado um ano nonovo local, fizemos o alicerce econstruímos uma pequena sala, que éexatamente a sala que tem o nome deIgnácio Bittencourt.Após essa mudança, um ano ou umano e meio depois, nossa irmã Mariada Glória veio a falecer, o que nosmostrou que deveríamos, realmente,

  • ter mudado naquela ocasião, poisnossa ligação maior era com ela, adona da casa, e foi com suaautorização que lá nosestabelecêramos, emborasoubéssemos que suas filhas não seoporiam à nossa permanência em suacasa.No novo endereço, D. Glória poucasvezes pôde visitar a instituição, poisjá se encontrava bastante adoentada,vindo a desencarnar no ano seguinteao da mudança.Durante as obras, inúmerosproblemas aconteceram e foramencarados por nós comooportunidades de amadurecimento,assim como também fomosamadurecendo através daconvivência com aquelas pessoas eseus hábitos, seus modos. O maisnovo de todos era eu, de maneira quetinha que ter muito cuidado para não demonstrar superioridade ouque estivesse tentando me impor,justamente por ser o mais jovem,que, como tal, estava descobrindo ocaminho.A transformação da nossa casaespírita foi sendo feita aos poucos.Nosso centro, depois de seis anos detrabalho bem escondido, melhordizendo, bem entre nós mesmos, sócomeçou a ser conhecido depois damudança. Com isso, a casa foicrescendo.Construímos um prédio, primeiro,porque não tínhamos muita coisa. Foi

    um prédio pequeno, porque odinheiro de que dispúnhamossomente a isso nos permitiu.Acreditávamos, também, na época,que o centro não tinha muita razãode crescer, uma vez que na regiãohavia cerca de doze centros espíritas.O trabalho foi se consolidando e, como número de pessoas aumentando,fomos também expandindo o espaçofísico. Compramos outro terreno, einstalamos a livraria. Fomos, assim,implantando a casa espírita.Essa é a breve história do CELD, doponto de vista puramente material. Jádo ponto de vista espiritual, outrosfatores foram sendo agregados. Umdos aspectos que fazemos questão deressaltar é que sempre demosoportunidade a todos para o trabalho.Isso foi e é uma característica quesempre o Dr. Hermann nos passou.Nunca nos negou nenhumapossibilidade de crescimento.Quando, por qualquer motivo, euprecisava me ausentar da casa epedia a outra pessoa para dar continuidade ao serviço, obtinha orespaldo de todos, fazendo, assim,com que o centro não sofresseprejuízo e sua rotina de trabalhocontinuasse normalmente.Devo dizer que depois começamos aconstruir a Mallet e iniciamos otrabalho de evangelização infantil.Passamos, enfim, a ser conhecidosnão só por orarmos, mas,principalmente, por agirmostambém.

  • Tudo começou com o Culto no Larque realizávamos, em casa de minhamãe, Maria da Glória. Anos maistarde, com a necessidade de se criaro Centro, começamos a nospreocupar com o nome que daríamosà instituição.Uma noite, após a reunião,estávamos todos sentados à mesa,quando o Altivo se dirigiu à mamãe edisse:_Dona Glória, já descobi um nomepara o nosso centro._Qual? _ perguntou ela._Paz e Amor— respondeu ele.Nesse instante, intercedi e falei quenão poderia ser, porque havia umaescola de samba, na Rua Pacheco daRocha, com aquele nome. Nossoirmão Altivo ficou tristonho e não sefalou mais nisso.Passaram-se dois anos, quando elesentiu a presença de um espírito quese dentificou como Léon Denis e oCentro passou a ser chamado deCentro Espírita Léon Denis.Eu tinha muita necessidade dotrabalho de cura como também dedesobsessão, como médium. Narealidade, comecei em uma tenda deUmbanda, depois fui para o CentroCaminheiros da Verdade tomar passecom uma preta velha.Costumávamos nos reunir, aossábados, em casa de minha mãe. Foiquando chegaram a Neuza, a Elvira,a Nair, o Argeu e outras pessoas.

    Cidinha

    Cidinha

    A partir daí, e com o crescimento donúmero de pessoas, tambémaumentou o estudo. Todas asdependências ficaram lotadas e, pormuito grandes que fossem, tornaram-se pequenas. Começamos, então, aprovidenciar a compra do terreno,seguindo a orientação do Dr.Hermann.Dando continuidade ao trabalho,antes de comprarmos um terreno,passamos a ministrar passes de curaem minha casa e, depois de um certotempo, a desobsessão. Um dia,recebemos uma comunicação doEspírito Balthazar, dizendo que haviagente entre nós com necessidade depasse de cura. Ele disse que teríamosque arrumar um lugar. Esperei que as

  • pessoas decidissem alguma coisa efoi então que questionei se poderiaou não fazer o passe de cura emminha casa.O nosso companheiro Gildorespondeu que trabalho espírita emcasa não daria certo, porquetínhamos conhecimento, através daUmbanda, de que a casa teria de serpreparada pelo chefe do terreiro.Deixei passar uma semana e voltei aoassunto. Minha casa era grande e eutinha muita vontade de oferecê-lapara os espíritos trabalharem. Nomês seguinte, os espíritosperguntaram se havíamos resolvidoalguma coisa. Obtivemos aautorização de Balthazar e, a partirdali, assim procedemos. Uma vez quea cura era realizada, por que não adesobsessão? Ficou determinado quea cura fosse realizada às quartas-feiras e a desobsessão às sextas-feiras.

    Todos esses trabalhos eramrealizados na casa da Cidinha.Quando mudamos para a nossa sedeatual, a cura era às terças-feiras.Os espíritos queriam que tivéssemosatividades. Por alguns anos,reservamos um domingo por mêspara visitas ao Hospital Pedro II, noEngenho de Dentro. D. Glória,Cidinha e sua irmã Geni faziamvisitas ao Hospital Carlos Chagas. Mais tarde, passamos a fazerirradiação, daqui do Centro, para oHospital Carlos Chagas.Depois foi mudando para irradiação.Nessa época, ninguém sabia queAndré Luiz e Carlos Chagas eram omesmo espírito.

    Altivo

    Altivo

    Gildo

  • a trabalhos com multidões. Disseainda que um outro espírito, quesabia lidar com multidões, seapresentaria na época própria.Logo na primeira reunião quetivemos na atual sede, ainda em suaconstrução antiga, apareceu oEspírito Dr. Hermann, que entãoassumiu o trabalho. Um detalhe quese deve ressaltar é que Balthazar nosfalou, na ocasião, que o Dr. Hermannficaria à testa do trabalho, comoverdadeiro elemento de ação entre oPlano Espiritual e a Terra, mas que odiretor continuaria sendo ele,Balthazar.

    Sempre que nos reuníamos, ainda nacasa da nossa irmã Glória, o EspíritoBalthazar acompanhava os trabalhose era ele quem dava as diretrizes, asordens para a Instituição. Nesseperíodo, tivemos também muito deperto a presença de Dr. Bezerra deMenezes. Sempre o víamos na casa deD. Glória, e ele nos ajudava muito notrabalho que era feito lá. Cheguei aver, também, por várias ocasiões, oEspírito Scheilla. Acredito que apresença de Scheilla se deva ao fatode ela também trabalhar com anossa irmã Brunilde. Na ocasião, eutrabalhava no Lar de Tereza, dirigidopor Brunilde e Vera Simões, e naCasa do Coração, onde iniciei a vidaespírita. Essas duas instituições, umano Leblon e outra em Ipanema,existem até hoje.Quando a sede da nossa Instituiçãofoi transferida para a Rua Abílio dosSantos, nas últimas preces quefizemos ainda na casa de D. Glória,ouvimos de Balthazar uma espécie dedespedida. Ele então nos disse que, apartir dali, não estaria tão presentejunto a nós. Muito emocionado,perguntei-lhe o porquê. Ele merespondeu que o Centro iria crescermuito e que ele não era afeito a

    História do Centro Espírita Léon Denis S o b o a s p e c t o e s p i r i t u a l

    Balthazar

  • Sempre ficou clara, portanto, estadefinição de área de ação: Dr.Hermann no trato direto com aspessoas e Balthazar estabelecendo asdiretrizes gerais da Instituição. Osdois sempre fizeram esse trabalhocomigo, ora um, ora outro,determinando que se fizesse cadaserviço na época própria.Nesse período, todos nós registramosa presença de muitos espíritosamigos no decorrer dos serviços.Cairbar Schutel foi quem primeironos falou da possibilidade da difusãode páginas de mensagens impressas.Durante muitos anos, nós fizemosumas separatas de O Livro dosEspíritos, que o próprio Dr. Bezerrade Menezes supervisionou; masCairbar Schutel foi quem primeironos estimulou a formar um serviço dedivulgação. Tanto é que, mais tarde,quando criamos a gráfica, o fizemossob inspiração dele. Nessa mesma

    ocasião, tivemos um período dedificuldade muito grande e penseiseriamente em fechar a gráfica. Foiquando o nosso irmão Vantuil deFreitas, que durante muitos anospresidiu a FEB, se apresentou,dizendo-me que não o fizesse, porqueele iria me dar uma supervisão, e queeu deveria ter força para prosseguir,porque o serviço de difusãodoutrinária era realmente de muitaresponsabilidade e de muitas reaçõesno Plano Espiritual. Devo dizer avocês que, nessa ocasião, euperguntei a ele:— Dr. Vantuil, o senhor já é ocupadocom seu trabalho na FEB... Por queestá dizendo isso para mim?Então ele me disse que a FEB já tinhatodo um programa estabelecido, todoum programa organizado e que oCentro Léon Denis iria fazer umtrabalho diferenciado, iria publicarum trabalho que a FEB já não tinhamais interesse ou condições depublicar. Foi a primeira vez que eutive uma visão de que nosso serviçoseria publicar livros realmente,exclusivamente doutrinários, semserem livros comerciais. Durantemuitos anos, eu senti a presença deVantuil de Freitas do meu lado e, atéhoje, quando a gráfica passa porproblemas mais sérios, eu diviso afigura dele, percebo a presença dele,sinto a presença dele como um dosbenfeitores da nossa gráfica, semfalar no próprio Cairbar Schutel.Caibar Schutel

  • Professor Ernesto Bozzano foi vistopor mim várias vezes nas sessões dedesobsessão. Certa vez, eu pergunteia ele por que estava ali, na sessão dedesobsessão, e ele me falou que tinhafeito ou acompanhado, durantemuitos anos, experimentaçõesmediúnicas com o objetivo exclusivode comprovar a existência do PlanoEspiritual. Isso se deu há uns quinzea vinte anos, mais ou menos, quandoele então me disse que estavaparticipando das sessões dedesobsessão para observar como erafeito um trabalho de experimentaçãomediúnica com o objetivo exclusivode curar alguém, de curar espíritos.Disse que nunca havia feitoexperimentações com esse sentido eque estava participando das sessões,para ver como era conduzido umtrabalho daquele estilo. Foi muitointeressante o Prof. Bozzano, porquem sempre tive muito respeito —não só por ele, mas pelos seus livros,seus escritos — me dizer isto: queestava ali apenas vendo comofuncionava a experimentação feitacom o objetivo não de comprovaçãopropriamente dita, mas sim deconvivência com o Plano Espiritual,com vistas ao socorro a alguém. ViProf. Bozzano durante muito tempo,mais de anos, participando dassessões de desobsessão. Não possodizer que o tenha visto trabalhandoem alguma tarefa; eu o viaacompanhando o serviço. O Espírito Bezerra de Menezes, nessa

    ocasião, eu passei a ver menos, talvezaté por conta de estar envolvido emoutras tarefas mesmo. O Espírito Dr.Paul Gibier, o conhecido francês quevi muitas vezes também no Centro,disse-me que era um doscooperadores do trabalho dedivulgação doutrinária, que era umdaqueles que divulgavam, queajudavam e tinham se interessadomuito pela divulgação espírita. Disseque estaria cooperando com a coorteespiritual da Casa, fazendo também adivulgação do Espiritismo maisvoltada para o lado científico.Também vejo ainda com freqüênciaesse nosso querido irmão.Estava falando do Prof. Bozzano,dizendo que ele estava indo conheceras novas experiências mediúnicascom pessoas cristãs. Falei também doDr. Paul Gibier, que sempre nos deumuita atenção. Já falei do encontrocom Léon Denis, que foi o motivo determos dado seu nome ao Centro.Tivemos, assim, muitos espíritos depessoas amigas, que deramtestemunhos da sua presença, semserem benfeitores conhecidos, semserem guias espirituais; entretanto,eram benfeitores, muitos eramamigos que desencarnaram epermaneceram ajudando a casa;pessoas de lembrança forte, como aTia Elza, como o Rubens e outrosmais, presentes na nossa lembrança.O Espírito André Luiz, o vimos váriasvezes nas aulas de terças-feiras. Háocasiões, mesmo, em que, sendo o

  • assunto muito complexo, eu nãotenho nenhuma vergonha de dizer, épraticamente ele quem conduz oraciocínio. Algumas vezes, eu sintoque a aula só ocorre por causa dele,da presença dele, como, porexemplo, quando ele falou daglândula pineal. Ele me mostroucomo é uma pineal; mostrou-me seutamanho do ponto de vista físico e doponto de vista espiritual. Ele medeixou ver a pineal de algumaspessoas, para que eu pudessecomparar, sentir.O irmão Clarêncio, citado na obra deAndré Luiz, que é um espírito porquem sempre tivemos grandeadmiração, foi visto por mim váriasvezes. Quando resolvemos convidar aMarília para fazer a obra do CentroEspírita Clarêncio, tornamos a vê-lo,e ele nos disse que teria muito prazerem tomar conta de uma Instituiçãoque poderia produzir um excelentetrabalho cristão. Como nós vemos,hoje em dia, o Centro EspíritaClarêncio, tranqüilamente, temproduzido um trabalho muito bonito,muito importante, cheio de carinho,cheio de amor às pessoas e com umcrescimento muito rápido. Não tenhoa menor dúvida de que se deve essecrescimento à posição do próprioClarêncio ajudando a Casa.Teria muitos outros espíritos dequem falar. No momento, eu não merecordo; mas, com toda a certeza, nodecorrer do tempo, recordarei deoutras almas, outros espíritos amigos

    que se manifestaram e que nos dãoseu apoio. Falarei, agora, de doisespíritos que estão sempre presentesna nossa Casa: Balthazar e o Dr.Hermann.Balthazar é um espírito que seapresenta como um daqueles mongesdo Tibet. Ele é alto, cabelos muitopretos, mas com um turbante. Eu ovejo dessa forma, com barba preta,totalmente preta e eu digo que seucabelo é preto por causa da barba,pois ele sempre se apresenta deturbante. Já o vi, também, trajandoum tipo de roupa comprida e, certavez, pude vê-lo numa posição dedescanso, sem o turbante. Nessaocasião, em que o vi sem o turbante,percebi-o como um homem calvo,mas de barba forte, grossa, pesada.Seu olhar é muito penetrante; a luzque o circunda é azulada brilhante, eele é um ser totalmente sério. Nuncao vi sorrindo ou tendo uma atitudeque significasse um gestodescontraído, de sorriso, deinformalidade. Ele não é grosseiro; ésério, totalmente sério, e quando temque me chamar a atenção por algumacoisa, ele não fala; só mostra o fatoerrado e deixa que eu conclua.Balthazar é diferente do Dr.Hermann, que age de forma paternal.Dr. Hermann, quando tem que mechamar a atenção, o faz como um pai,mesmo. Ele fala diretamente: “estáerrado”, “você não fez direito”. Dr.Hermann age como um pai. Balthazarnão faz esse papel de pai; ele apenas

  • aponta o erro e mais nada, e o restoeu que conclua. Quando vê que nãofaço as modificações necessárias, elepura e simplesmente se retira, me dáas costas e me deixa, como se diz, porminha própria conta, pensandosozinho, falando sozinho ou agindosozinho. Ele não tem o hábito deargumentar ou discutir coisanenhuma; ele dá as costas e vaiembora, e eu que aprenda a meconduzir. Balthazar é um espírito bondoso, érealmente um professor. Disse-meque suas origens são muito antigas eque, em uma de suas últimasencarnações, ou talvez a última,dirigia um templo, que ele memostrou destruído, na região que sechama hoje de Vietnam. Na época,ainda se chamava Indochina,denominação francesa; hoje é oVietnam. Ele me mostrou o templo,coberto pelo mato e já destruído. Eraum pequeno templo, nada grandioso,e ali ele dizia que havia uma escolacom uns vinte e poucos monges, quetreinavam, estudavam as leis do amorao próximo. Ele nunca me falou seera Budismo ou outra filosofia.Apenas falava em leis do amor aopróximo.Sua posição de socorro às pessoas éuma posição discreta, absolutamentediscreta; mas ele, eu posso afirmar, éum ser que luta pelas almas que lhepedem apoio. Entretanto, se estasnão demonstram desejo de serem curadas, isto é, se não fazem o

    esforço preciso para isso, ele pura esimplesmente diz assim: “Deixemospara mais tarde; agora ainda não estácapacitado para entender qualquerforma de auxílio”.A mim me parece que ele é umespírito bondoso, mas que não vaiperder tempo com pessoas teimosas.E pelo que percebo, ele não perdetempo mesmo com coisas que nãovão ter resultado e com pessoasteimosas. Outra característica doEspírito Balthazar é a moderação. Eleé também bastante decidido em suasatitudes. Alguns anos atrás, emminhas preces, na própria Mallet,perguntei a ele se não queriainterferir, interceder junto àEspiritualidade para que eu pudessecomprar um dos terrenos ao lado daMallet. Sua resposta foi categórica:“Você se contente com o que tem,porque sequer aproveitou tudo o quetinha que aproveitar no terreno quetem em mãos.” Disse isto e emseguida desapareceu. Foi então queresolvemos fazer aquele edifício detrês andares. Aí eu realmente percebique poderia fazer muito mais coisasnaquele terreno, antes de fazerqualquer outra solicitação.Balthazar é um espírito dessacategoria e, sem dúvida, é ajudador.Já o vi me levando para uma regiãode sofrimento, de espíritos emsofrimento. Passávamos por espíritosque uivavam, que pegavam nasroupas dele e tentavam me pegar,porque estavam muito sofridos,

  • numa posição de extrema dor, deextremo sofrimento; eles gemiam,gritavam e Balthazar passavaolimpicamente por entre aquelesespíritos, como se nada o detivesse.De vez em quando, ele apontava paraum, para outro que demonstravamposição de serem socorridos. Aí,então, eu via um servidor espiritualque vinha atrás de nós e que eu nãotinha visto antes. Um ou maisservidores que então se detinham emrecolher aqueles espíritos apontadospor ele. Balthazar não mostravacomoção nem horror; ele apenastrabalhava com a observação de queaqueles espíritos precisavam ou nãoser socorridos.Quando eu digo que ele ficaolimpicamente colocado, não querodizer que seja insensível. Estoumostrando apenas o caráter delecomo um ser muito sério. Uma vez,em desdobramento, durante o sono,eu o vi procurando um endereço. Eufazia parte de uma equipe que estavapromovendo socorro a umas pessoas.Em determinada rua, eu o viprocurando uma casa, para que elemesmo socorresse a pessoanecessitada. Ele procurava a casa,com uma espécie de papel na mãoque continha o endereço. Assim, meparecia que ele estava procurandoaquele endereço para socorrer; purae simplesmente, para socorrer, o quedemonstra que ele é um espíritosocorrista. Vejo-o muito nas sessõesde desobsessão também amparando

    as pessoas em sofrimento. Ele aindase faz presente nas aulas das sextas-feiras às 18h, quase sempreconduzindo o estudo em torno doslivros de Kardec. Frequentemente,ele dirige essas aulas. Ficam aquiessas breves palavras sobreBalthazar. Falarei, agora, sobre o Dr.Hermann.Falando da presença de Dr. Hermannna Casa Espírita de Léon Denis, digoque nunca soube da existência desseespírito antes. Só vim a conhecê-loquando nos transferimos para a sedeatual da Rua Abílio dos Santos.Enquanto eu trabalhava na casa damãe da Cidinha, D. Glória, nunca vi oDr. Hermann; mas devo dizer, a bemda verdade, que ele já meacompanhava. A própria D. Glória,que era médium passista vidente, ovia, através de um copo d’água. E esteé um detalhe curioso da mediunidadede D. Glória: ela não via diretamenteo espírito; precisava de um copod’água, para que o espírito refletissea sua imagem no copo e ela pudessevê-lo.D. Glória tinha características muitointeressantes, como médium. Tinhacapacidade de dar passes nas pessoasque tivessem dor de cabeça e aliviá-las da dor. Ao dar o passe e fazer aoração, não dizia que dava passe,dizia que fazia oração e impunha asmãos. Muitas vezes, ela meperguntava: _Você conhece um espírito de óculose rosto avermelhado?

  • Eu respondia: _Não, não conheço. Eela me dizia que via esse espírito nosmomentos em que dava passe,aliviando dor de cabeça.Eu não conhecia mesmo o Dr.Hermann. Por isso eu digo que ele jános acompanhava muitos anos antesdo trabalho ser instaladodefinitivamente. Mais tarde falarei dapresença dele estabilizando a minhavida profissional, para que eupudesse trabalhar no Centro.Durante os seis anos, mais ou menos,que permanecemos fazendo o Cultono Lar, na casa da D. Glória, semprequem aparecia era o EspíritoBalthazar. Muitas vezes eu vi oEspírito Scheilla, que nos dava passe,assim como Dr. Bezerra de Menezes,que nos deu muitas orientações; mas,repito, nunca vi o Dr. Hermann.Quando nos mudamos de residência,ou seja, da casa de D. Glória para aRua Abílio dos Santos, onde o Centrose expandiria, Balthazar avisou queviria um espírito capaz de lidar commultidões. Fiquei imaginando queespírito seria esse.Nas primeiras sessões do Centro,quando passei a incorporá-lo,cheguei mesmo a pensar que setratava do Espírito Scheilla, porcausa da característica da fala alemã.Mas, ao mesmo tempo em que euachava que fosse ela, pelo falar, eusentia, pela presença, que era umoutro espírito. Eu sentia, pela energiadele, que não se tratava de Scheilla,

    pois eu já conhecia a vibração dela,pelas incorporações em casa de D.Glória.Ao mesmo tempo, eu percebia que alinha de raciocínio das mensagensera inteiramente diferente. Scheillaera um espírito de coração voltadopara a evangelização das pessoas, eesse espírito, que então seapresentava, era voltado para o bem,mas não para o processo deevangelização. Eu sentia que o seupapel era de teor curativo, era deatividade curativa. Ele foi seapresentado, até que, um dia, eu o vi.Vi-o chegando numa espécie denuvem rósea, de uma tonalidademuito suave, muito suave mesmo. Eleolhou para mim e sorriu. Não medisse seu nome, porque é pública enotória a minha incapacidade deouvir nomes de espíritos. Eu os vejo,mas não consigo ouvir-lhes os nomes.

    Dr Hermann

  • Dr. Hermann, então, se apresentoupara mim. Eu o vi sorrindo, e elenada falou. Nessa ocasião, eufreqüentava a casa de Brunilde. Foina casa de Brunilde que comecei aestudar Espiritismo. A primeirasessão propriamente espírita que euassisti foi na casa dela, quandoreconheci, em um retrato na parede,o espírito que havia visto.Simultaneamente, eu me lembrei dasvezes em que a D. Glória dizia ver umespírito ajudando-a a tirar a dor decabeça das pessoas. Naquelemomento, eu vi o retrato dele, feitopela D. Dinorá, que é o original, coma inscrição: “Fritz Hermann” econcluí que era ele. Quando tornei a encontrá-lo noCentro, ele se apresentou novamentee eu quis confirmar se era ele oespírito do retrato. Ele respondeuafirmativamente e disse que, a partirdaquele momento, estaria assumindoa direção das atividades do Centro,embora estivesse subordinado àsordens do nosso irmão Balthazar.Cabe, aqui, um parêntese. Não se vêentre os espíritos essa questão desubordinação e insubordinação. Oque se vê é que os espíritos atendemàqueles que lhes são superiores enaturalmente não lhes opõemopiniões, discussões ou o que seja.Eles reconhecem um espírito diretor,e não dizem que o espírito é superiorou inferior a eles; apenas dizem quelhe são subordinados, e isso é muito

    diferente da nossa condição humana.É comum, entre os homens, criarem-se polêmicas, confrontos, discutirem-se ordens. Os espíritos simplesmentedizem que estão ali para trabalhar,que têm um serviço para fazer. Dr.Hermann disse que estavasubordinado aos trabalhos do nossoirmão Balthazar e não falou maisnada e de nada reclamou. Então, apartir dali, ele começou a demonstrarque era um espírito curador e nessaocasião nós já tínhamos o passe decura na casa da nossa irmã Cidinha.Eu nem sempre identificava osespíritos envolvidos no trabalho, maso Dr. Hermann foi assumindo cadavez mais a direção dos serviços ecada vez mais mostrando a suaenorme capacidade curadora e,simultaneamente, a sua capacidadede aglutinar os trabalhos espirituais eos trabalhadores espirituais em tornodele. Devo dizer que quandocomeçamos as atividades do CentroEspírita Léon Denis todos os médiunsali presentes já eram trabalhadoresexperimentados, isto é, já erampessoas que tinham suas própriasdefinições mediúnicas: a Cidinha, oGildo, a Neuza, a D. Glória e a Elvira.Outras pessoas que tambémparticiparam da fundação do Centroforam: a Dulce, o Adílio, então comquatorze anos, o Osmar, o Sílvio e aEster. Todos esses companheiros,exceto o Adílio, tinham já tarefasdefinidas em vários Centros

  • Espíritas; eu próprio já trabalhavaem outro Centro Espírita. Então,todos os médiuns já tinham umadefinição de trabalho mediúnico e oDr. Hermann, em lá chegandoassumiu a direção dos trabalhos,colocando-se à frente de todos essestrabalhadores. Volto a dizer que, entre os espíritos,nunca vi tentativa de oposição; pelomenos na Casa de Léon Denis.Sempre vi o Dr. Hermannaglutinando carinhosamente outrosespíritos, sem parecer ser mais doque ninguém. Ele nunca me deixouver se era mais do que os outros enunca me deixou falar qualquer coisanesse sentido. Ele apenas foiaglutinando, juntando essestrabalhadores todos em torno de si ecolocando os trabalhos sob suadireção, dando chances a todos,também, mas assumindo a liderança.Volto a dizer, ele jamais me deixouver se eles são mais capacitados ounão, e eles, por sua vez, tambémnunca fizeram nenhuma questão dequerer parecer o que não eram; queeram donos de tarefas ou que erammais do que o Dr. Hermann,absolutamente.Quem sempre disse para mim quedirigiu trabalho foi Balthazar. Foi oúnico que sempre disse: “Olha, quemmanda aqui no trabalho sou eu e estáacabado”. O Dr. Hermann, devo dizera vocês que jamais o vi fazer algumacoisa nesse sentido, mas sempre vi

    seu poder de aglutinação. As curasque ele fez seriam inumeráveis e eunão teria como descrever. Lembro-me de muitos, muitos casosinteressantes em que ele foimostrando a sua capacidade de curare resolver problemas bastante sérios.Vi vários casos interessantes que eupoderia relatar à medida que fosserecordando. Dr. Hermann, com seu poder dedireção e de aglutinação, foicrescendo naturalmente. Muitasvezes, eu o vi trazendo espíritosatéde soldados alemães, que euidentificava pela farda, em pequenosgrupos, ou dezenas deles. Eu o viadirigindo o serviço com toda aenergia, com toda a capacidade, comtoda a força de trabalho e até dandoordens enérgicas para aquelessoldados que ele trazia, como quemtem autoridade realmente.Uma outra característica dele queobservei, ao longo dos anos, foi o seupoder de intercessão. Vi-o intercederpor espíritos doentes, encarnados,desencarnados, agindo no sentido decolocar as coisas num nível, numaposição em que as pessoas pudessemser ajudadas. Uma coisa que eu possoassegurar a vocês é que ele tambémsempre me pôs debaixo de um certonível de tranqüilidade, porque eumesmo, muitas vezes, na direção daCasa, como ser humano, queriatomar certas providências junto acertas pessoas, junto a certos

  • médiuns e ele me dizia que tivessecalma, paciência, boa vontade e,acima de tudo, compreensãoprofunda das dificuldades daspessoas. Ele sempre foi muito amigode todos, nesse ponto. Às vezes, eumesmo dizia para ele: “Dr. Hermann,o senhor não está vendo que talpessoa está agindo de um modo quevai acabar atrapalhando o trabalho?”E ele respondia: “Eu estou vendo,mas ele só vai atrapalhar se vocêdeixar. Você está consciente do fato ejá pode tomar suas providências paraque ele não atrapalhe o serviço”.Dessa forma, ele demonstrou sempreuma compreensão muito grande dasdificuldades dos outros e capacidadede auxiliar as pessoas a resolver osseus problemas. Não ficam aquienumerados todos os fatos.Continuarei mais tarde a falar sobreele, sobre o trabalho que ele faz,relatando alguns detalhesespecíficos.Dr. Hermann, portanto, sempre foium espírito muito compreensivo,como vocês já puderam ouvir e sentirpelas declarações que tenho dado.Foi visto pela primeira vez por D.Glória, a pessoa que nos cedeu suacasa, para iniciarmos o trabalho doCentro. Era na casa dela querealizávamos as nossas reuniões, aossábados. Os trabalhos de cura edesobsessão fazíamos no lar deCidinha e Argeu.D. Glória, como já disse, tinha uma

    característica muito peculiar: elafazia suas preces com um copod’água junto a si, impondo as mãossobre a cabeça daqueles quechegavam até ela com muita dor decabeça, com muito mal-estar. Dessaforma, tinha o poder de socorreressas pessoas. D. Glória lia oEvangelho numa página qualquer, elamesma fazia a prece e impunha amão sobre a cabeça da criatura comdor, e assim permanecia de cinco adez minutos. Aquela pessoa, então,dizia-se totalmente aliviada da dor.D. Glória era, portanto, uma médiumde cura muito interessante. Elaaprendeu a fazer suas preces comaquele copo d’água, fazendo questãode mantê-lo em cada trabalho de curaque realizava, e foi naquele copod’água que desenvolveu a vidência.Através dele via muitos espíritos e, àsvezes, podia até perceber osproblemas de quem ia buscarsocorro. Ela via refletido no copod’água o problema da criatura e o seuguia espiritual. Seu processo devidência era, segundo ela, atravésdaquele copo d’água. E foi assim queela viu o Dr. Hermann, ainda noperíodo em que trabalhávamos emsua casa, sem que eu houvesse aindatomado conhecimento da existênciadele. Na ocasião, ela me perguntou:_Você conhece um espírito deestatura mediana para baixa, maispara gordo, um rosto muitovermelho, de óculos redondinho? Eu

  • respondi que não o conhecia nemsabia quem ele era, e ela me disse: _Pois é, eu estava fazendo a prece_ eela citou o nome da pessoa a quem aprece se dirigia, uma vizinha ououtra pessoa qualquer_quando o vi. .E continuou: _ Muitas vezes, eu vejoesse espírito dando passe numapessoa e esta se sentindo aliviada.Eu, realmente, não sabia de quem setratava; não fazia a menor idéia dequem fosse. Os anos se passaram...D. Glória freqüentemente me contavaque via esse espírito. Um dia, na casade Brunilde, diretora do Lar deTeresa, vi um retrato na parede emque reconheci o espírito que a D.Glória via. Perguntei quem era ele eBrunilde me respondeu: “Esteespírito é o Dr. Hermann”. Contou-me, então, que ele aparecia naCabana Antonio de Aquino, na RuaPaula Souza, no Maracanã, e quetrabalhava lá, e trabalhava muito.Disse-me, ainda, que o retrato haviasido produzido mediunicamente pelaDinorá Simas Enéias, então médiumdesenhista do local, através de quemaquele espírito receitava. Muitosanos antes ele se apresentara lá etrabalhava no receituáriohomeopático, através da D. Dinorá.Reconheci o espírito que ali estava,mas não liguei maior importância aofato. Mudamo-nos da casa da D. Glória.Naquela época, quem falava e dava mensagem era o Espírito Balthazar.

    Muitas vezes, vimos o Dr. Bezerra deMenezes ajudando no Centro.Algumas vezes, o via no ponto doônibus. Lembro-me de que D. Glóriatinha uma mesa na sala de jantar,uma mesa retangular. Eu me sentavaà cabeceira dessa mesa e costumavaver Dr. Bezerra de Menezes durante opasse. Um dia, ele apontou para “OLivro dos Espíritos” e “O EvangelhoSegundo o Espiritismo”, à minhafrente, e disse-me: “Enquanto vocêsseguirem esses dois livros, eu estareiaqui. No dia em que deixarem desegui-los, eu, com certeza, meapartarei daqui da reunião e vocêsnão me verão tão cedo. Tomamosaquelas palavras como orientação e,em todos os trabalhos que temos aquina nossa Casa, fazemos questão deler uma página do Evangelho,justamente porque faz parte da nossaprópria vida, e também porque,afinal de contas, foi o guia espiritualque determinou que não nosesquecêssemos do Evangelho. Minhasatitudes, aqui na Casa, portanto,foram oriundas de pequenasinformações que fui recebendo nodecorrer dos anos. Não descuidamosda orientação de leitura de O Livrodos Espíritos e de O EvangelhoSegundo o Espiritismo, muito emborajá fizéssemos o estudo daqueleslivros, bem como de O Livro dosMédiuns. Sempre estudamos, aqui naCasa, estes três livros: O Livro dos Espíritos, O Evangelho

  • Segundo o Espiritismo e O Livro dosMédiuns.O Espírito Scheilla tambémcostumava aparecer, e outrosespíritos davam só o sinal de suapresença, na casa da nossa queridairmã Glória. Quando nos instalamosem Bento Ribeiro, na sede atual doCentro Espírita Léon Denis, oEspírito Balthazar me avisou que, apartir de então, iria aparecer menose que viria um espírito habituado alidar com multidões, já que ele,Balthazar, não era afeito a esse tipode tarefa. Esse espírito viria paratrabalhar no Centro e tocar toda aatividade da Casa. Perguntei se eleiria nos deixar. E ele respondeuAbsolutamente. Eu continuo comodiretoe da Casa. As atividadescontinuarão sendo decididas,direcionadas por mim. A expressãoque ele usou foi “direcionadas”. Eprosseguiu: _ Esse espírito realmenteficará à testa de muitos trabalhos e,quando houver qualquer dúvida,prevalecerá o que eu disser.Balthazar assim me falou e, dali pordiante, passei a receber um espíritocom sotaque alemão. Inicialmente,pensei tratar-se de Scheilla.Interessante é que intimamente eusentia que não era ela. Percebia umapersonalidade diferente; tinha aimpressão de que era um homem, atéque, um dia, eu o vi.Novamente, reconheci no quadro que

    estava na casa de Brunilde a figura doDr. Hermann. Voltei à casa deBrunilde, para o culto, com a imagemdele na minha retina espiritual.Diante do retrato, não tive dúvida:era ele. A partir dali, então, tendoidentificado o espírito, fiquei mais àvontade na recepção da mensagem, eele, naturalmente, com mais forçapara trabalhar, uma vez que eumesmo já não criava mais obstáculosà sua presença junto a mim. Dr. Hermann passou a se comunicar,e eu fiquei muito atento àresponsabilidade que cabia a ele, queera praticamente assumir toda adireção do trabalho da Casa, que,assim, foi conduzindo. Balthazaraparecia, dava orientações, se faziapresente, mas Dr. Hermann estavavinte e quatro horas por dia,praticamente, no Centro, quer notrabalho do passe, quer no trabalhoda desobssessão, no trabalho daMallet... Sua presença era contínua.Um fato interessante aconteceu emmeu antigo local de trabalho, oInstituto de Resseguros do Brasil.Havia lá uma senhora chamadaIvone, que me apoiava muito, meajudou muito, sendo ela umafuncionária graduada e eu, umapessoa de graduação bem singela, naInstituição. Um dia, dizendo saber-me espírita, ela me pediu socorropara seu pai, que estava muitodoente. Chamei por Dr. Hermann,

  • que de imediato me passou asorientações, referindo-se ao enfermocom certa intimidade. Não seiprecisar mais qual foi a medicação,mas lembro-me de que percebi afamiliaridade com que se dirigiu aopai daquela senhora. Ao entregar aela a orientação, perguntei-lhe seconhecia a assinatura no final damensagem. Ela, então, merespondeu: _Claro que conheço. É oespírito que trabalhava com a D.Dinorá e que já me ajudou muito. Eutinha hipertireoidismo, e que elepraticamente me curou, comprescrições homeopáticas. Ecomplementou: _Ele sempre cuidoudo meu pai. Compreendi, então, a orientação queele dera e a liberdade com que sedirigia àquele espírito, que jáconhecia desde muitos anos. D. Ivoneme disse ainda que ela e o paideixaram de se consultar com elequando D. Dinorá interrompeu suasatividades mediúnicas.Houve um episódio marcante naminha vida pública naquela empresa.Meu contrato de trabalho de três ouquatro anos, mais ou menos, estavaexpirando, e eu estava passando poruma necessidade financeira muitosevera. Não poderia perder aqueleemprego, pois minha vida ficariamuito complicada. Dirigi-me ao entãoPresidente da casa, para pedir-lheque renovasse o meu contrato de

    serviço. D. Ivone, a senhora de quemo Dr. Hermann tratara, era secretáriadesse Presidente. Ela interferiu emmeu favor, junto a ele,argumentando: _O Senhor podeperfeitamente ajudar esse menino_na época eu estava com dezzesseteanos_ porque ele é um trabalhadorbom e tem futuro aqui na casa. Nãofique com ele por um período tãocurto. Ele pode ser perfeitamenteaproveitado.Ele, então, resolveu aproveitar aminha presença lá, por interferênciadaquela senhora, a quem Dr.Hermann atendia, através da D.Dinorá, fato de que eu só tomariaconhecimento vinte anos mais tarde. Em verdade, Dr. Hermann já aconhecia, e foi através dela queinterferiu junto ao Presidente porminha causa. Percebi, assim, que elejá me protegia naquela época, e queme protegeu através de D. Ivone,nterferindo para que eu pudesse ter oemprego que, afinal de contas, mesustentaria até o tempo em quepudesse me aposentar. A presençadele junto a mim, uma presençacontínua, me ajudou muito, nessaocasião.No Centro, muitas vezes, como jádisse, ele interfere, fazendo com queas pessoas entendam as regras, efazendo com que eu entenda aspessoas. Em alguns momentos, emque quero tomar uma atitude mais

  • enérgica, mais endurecida, me dizque não faça isso, que eu tenhapaciência, que eu compreenda.Enfim, ele tem sido um benfeitor demuito carinho, muita amizade, muitadeterminação e muito apoio também.Eu posso perfeitamente dizer quesem ele teria mais dificuldade oumesmo não teria capacidade de levaradiante esta Casa Espírita tão grandequanto está, como sempre foi, comoestá atualmente.A presença dele também junto a nósse faz sentir em várias situações nasessão de desobsessão. Eu aprendimuito com os espíritos, eparticularmente com ele, na direçãodos trabalhos mediúnicos. Ele mesmodoutrina os espíritos, consola osespíritos sofredores. Não discute comos obsessores, nem com ossofredores; mas vai levando aconversa de um tal modo, que eu mesurpreendo. Às vezes, eu acompanhoo seu raciocínio, principalmentequando ele está usandoa mediunidade psicofônica. Eu escutoo seu raciocínio nessas horas. Então,vejo-o levando espíritos por umcaminho e me perco na linha deraciocínio. Eu digo assim: “Aonde elequer chegar? Aonde chegará comessa informação? Como é que ele vaifazer o espírito entender algumacoisa?” E eu penso que o espírito nãovai entender o que ele está falando.Não é surpresa quando, de repente,

    ele fecha o seu raciocínio, tornando-ode tal modo objetivo, fechadinho,redondinho, que o sofredor não tempor onde escapar daquele raciocínio.Por outro lado, já o vi dizer assim:“Eu não estou sendo capaz dedoutrinar este espírito”. Ele mostraque não é suficiente. Ele, pura esimplesmente diz: “Não estou sendocapaz de raciocinar com esseespírito”. Um exemplo que eu tivemuito interessante foi quando eledisse, num trabalho de desobssessão,que iria sair do meu corpo para queviesse outro espírito mais simples,mas com melhor capacidade de falarcom os sofredores que estavam alinaquela mesa. Vejam vocês que coisainteressante! Ele, com toda acapacidade, com todo o amor quetem, disse que não iria insistir, poisnão estava chegando a lugar algum.Depois de uma sessão de cinco a dezminutos, ele detectou que nãoconseguiria, com todo o Evangelhoque possui, fazer o espírito dobrarse.Disse isso e passou a missão para ooutro. Nessa ocasião, veio um outroespírito, por mim mesmo, um guianotoriamente inferior a ele,moralmente, que conseguiu dobrartodo aquele grupo de espíritossofredores que ali estavam.Quando Dr. Hermann incorporou,novamente, depois que esse outroespírito conseguiu fazer adoutrinação, eu perguntei: _Por que

  • o senhor deixou que o outroassimisse a direção do trabalho, jáque o senhor tem mais capacidade doque ele? Ele respondeu:_Simplesmente porque a necessidadeera dos sofredores. De que adiantavaeu estar falando para um espíritosofredor que não estivesse meentendendo? Eu não seria capaz deconseguir atingi-lo. Não te parecemuito mais prático, mais fácil,chamar uma outra pessoa para fazaraquilo que você não sabe fazer?Eu fiquei sem argumento. Às vezes,queremos impor nosso pensamento,nosso raciocínio, quando seria muitomais fácil chamar alguém maiscapacitado do que nós e deixá-lo agir,em nosso lugar. Ele demonstroutambém, nessa hora, que não desejanenhum poder; que apenas quer veros espíritos sendo socorridos. Essa éuma outra característica dele.Já vi Dr. Hermann juntar casais,muitos casais em via de separação,pedindo que as pessoasraciocinassem e observassem nãoquem estava com a razão, mas simquem mais precisava do outro. Umaesposa que queria se separar dodisse-me, então: _ De fato, meumarido precisa tanto de mim... E eulhe perguntei: _Você, então, não sesepara só porque ele precisa de você? E o sentimento de amor, como é quefica? Ela me respondeu: _Bem, voutentar criar novamente essesentimento de amor por ele.

    Em 1961, minha mãe ficou doente.Foi acometida por uma alergia quelhe deixou o rosto todo empolado e,por isso, eu a levei a uma clínica emMadureira, que ficava localizada emcima da antiga Ducal.Enquanto aguardávamos a vez, eu mesentei ao lado de uma senhora, eminha mãe, em frente a mim. Talsenhora, olhando o livro que euestava lendo, Os Mensageiros, deAndré Luiz, perguntou: “Você é filhada Maria?Respondi-lhe que sim e perguntei-lhese a conhecia. Após responderafirmativamente, acrescentou queeram amigas de infância, que nasceuem Governador Portela, cidade dointerior, um pouco antes de MiguelPereira, onde foram criadas.

    Neuza Trindade

    Neuza

  • Naquele instante, a pessoa sentada aolado de minha mãe levantou-se eaquela senhora foi sentar-se ao seulado, aconselhando-me, antes, a ler olivro Nosso Lar, para depoiscontinuar a ler Os Mensageiros.Respondi-lhe que não conhecia tallivro e que havia comprado aquele eque estava, então, iniciando a sualeitura. Disse-lhe, ainda, que já eraespírita e já sabia que era médium. Aquela senhora era a D. Glória. Ela eminha mãe conversaram, e ficouentão combinado que no domingoseguinte ela levaria minha mãe a umcentro espírita, chamado CarpinteiroJosé, em Sulacap.No dia marcado, D. Glória e sua filhaGeni passaram em nossa casa, emBento Ribeiro. Fomos conhecer o talcentro, em Sulacap.Dirigindo-se à minha mãe, D. Glóriadisse-lhe que aquilo que lhe estavaacontecendo devia-se a “obrigação”feita de forma errada. Tal diálogoaconteceu porque as duas conheciamos trabalhos de Umbanda, emterreiro.Assim que chegamos ao CentroCarpinteiro José, conheci a Cidinha etambém o Altivo, que, naquela época,era bem jovenzinho, mais ou menosnos seus vinte e três anos, e faziaevangelização de crianças. Ele nãoera médium daquele centro e suaatividade ali era somente a deevangelizar as crianças.

    Foi dessa forma que conheci oHermenegildo. Ele dirigia ostrabalhos no Centro Carpinteiro José.Passamos a freqüentar as reuniões àsquartas-feiras, seguindo orientaçãoda Casa.Na segunda visita que fizemos aocentro, o Espírito João, que então seassinava Pai João, e que ainda hojetrabalha com a Cidinha, perguntou-me se eu não gostaria de fazer partedo estudo com ele e também do cursodo Evangelho, pois ele estudava aDoutrina Espírita, em Bento Ribeiro,na Rua Tereza dos Santos, residênciade D. Glória, onde era realizado umculto.Naquela semana, eu e a Geni fomosao culto. Lá, encontramos a Cidinha.Nesse segundo contato meu com aCidinha, fizemos o culto doEvangelho. Ela nos comunicou,então, que mudaria o dia parasábado, em virtude de um maiorfluxo de pessoas, que continuavam achegar todas as semanas. Acompanhada de minhas irmãsElvira e Gilda, lá chegamos eencontramos a mesa formada: nacabeceira estava o Altivo e a seu lado,D. Glória. Do outro lado, estavam D.???????, Geni e outra senhora queocupava a outra cabeceira.Quando terminava o culto, o Altivoconversava conosco sobre a doutrinae sobre o tema de trabalho. Lá não sefazia trabalho mediúnico; somente

  • estudo. No final, recebíamos amensagem do Espírito Balthazar. Aofinal do culto, após a mensagemespiritual, D. Glória sempre nosoferecia um cafezinho com biscoitos.Passamos, então, a levar, também,bolo e biscoitos.O afluxo de pessoas continuava. Meuirmão Gildo, que estava deixando,então, o terreiro, disse-me, certa vez,que não queria mais saber daqueletipo de trabalho. Isso me deuoportunidade de lhe fazer um convitepara ir conosco estudar na casa de D.Glória.Com a chegada do nosso irmão Gildo,totalizamos umas seis pessoas.Depois, outras amigas minhas forampor mim convidadas: a Nair Guilino,grande amiga, Idiá e outras. O Gildolevou também alguns amigos seus docentro que freqüentava. Assim,passamos a levar mais e mais amigose, com isso, em pouco tempo, oespaço físico da sala não comportavamais ninguém.É bom notar que, durante a semana,funcionava, naquela sala, umaoficina de corte e costura, e asmáquinas eram usadas como bancos,tal a quantidade de pessoas que paralá iam participar das reuniões. Aspessoas ocupavam os corredores, acozinha. Foi ali, exatamente, queconheci D. Yvonne Pereira, que nosfoi visitar num dia de culto.As pessoas foram se aproximando

    cada vez mais, chegando a sala a ficarlotada e, assim, não tínhamos lugarpara fazer trabalho mediúnico.Ao trabalho na Sulacap,continuávamos indo aos domingos.Nesse mesmo ano, 1961, o Altivoconseguiu que uma senhorafreqüentadora do local levasse umapanela de sopa para umas mulheresda favela da Mallet, que iam lá paratratamento espiritual.Lá na Sulacap, havia um orfanatocom o nome de Lar de Soninha ouCasa da Santa / Madre Soninha, ondeas crianças estavam sendoevangelizadas. Essas crianças iam daMallet para lá, a fim de seremtratadas com passe e orientaçãoministrada por “Pai João”. Ressalta-seque o Altivo não trabalhavamediunicamente e atendia ascrianças e suas mães, organizandotodos para receber o passe. A distância que separa a Mallet deSulacap é bem acentuada, e essaspessoas faziam esse percurso a pé.Altivo pediu que se fizesse aquelasopa, e aí começamos a levar pratos,talheres, etc. As pessoas tomavam asopa e nós lavamos os pratos,talheres, vasilhas, no meio doquintal, numa torneira queimprovisaram. Com isso, aquelaspessoas passaram a ser visitadaspelos grupos que se formavam.Nessa época, o Altivo começou afazer visitas. A cada sábado, pela

  • manhã, todos íamos com ele visitaruma família. O trabalho da Mallet foicrescendo e dessa decorrência foiaumentando, também, a quantidadede sopa. Uma panela de sete litros jánão mais era suficiente, e assim, foi-se usando uma panela cada vezmaior, para atender a todas aspessoas.Um dia, alguém chegou com umamoça da favela da Mallet quedesejava doar uma criança que aindairia nascer. Esse fato, bastanteinteressante, marcou muito aquelamoça, de nome Maria / Augusta, quejá tinha um filhinho e trabalhavanuma casa de família e, por ter ficadográvida, recebeu da patroa aadvertência de que, se nascesseaquela criança, não mais poderia tê-la como empregada. Para agravarmais ainda a situação, sua mãe, quetomava conta do menino, disse quenão poderia também tomar conta deuma outra criança.Foi através dessa moça, moradora daMallet, que conhecemos o Sr.Orlando Passos, que lhe alugava umcômodo. Esse senhor passou a irreceber socorro espiritual, lá, naSulacap. Sr. Orlando tinha, na frenteda casa em que morava, que era umacasa de cômodos, uma partedesocupada, que ofereceu ao Altivo.O Altivo passou, então, a procurarum outro local por ali mesmo, naMallet, para que não precisássemos .

    nos deslocar, e desse modo chegou aalugar a casa da Rua Newton, cujocômodo da frente serviu para atenderàs pessoas. Em vista disso, nóspassamos a ir direto para a Mallet,em vez de irmos para Sulacap. Aosdomingos, às 15h, e aos sábados, ànoite, estávamos ali, na Rua Conde deRezende.O número de pessoas da favela foicrescendo e, também, foramaumentando as panelas de sopa.Como nunca parou de chegar gentepara ser assistida, cada um dava suacolaboração, levando o que podia, ouarranjava com os amigos. Assim, otrabalho foi crescendo.Nessa época, o Dr. Hermann já haviase aproximado e passou a fazer, lá naRua Newton, atendimento espirituale, como médico, receitava remédios.Mas dessa aproximação cabe melhorao Altivo falar, porque quem tomavaas iniciativas era o EspíritoBalthazar, que dava as orientações.Caso o atendimento fosse nas casas, oEspírito Balthazar orientava danecessidade de nos reunirmos emlugar para fazermos a prece e atémesmo organizar a visita. Foi porisso que começamos a fazer do culto,na casa de D. Glória, umacaracterística diferente de centroespírita. Nessa época, o Altivo sentiu aaproximação do Dr. Hermann. Foientão que o Espírito Balthazar o

  • visou de que o Dr. Hermann iriaassumir o trabalho. É bom ressaltarque isso se deu porque o Altivosempre possuiu mediunidade decura, trabalhando nessa seara, emoutro centro, fazendo atendimento àspessoas necessitadas.A Cidinha sempre o acompanhava,pois se conheceram no CarpinteiroJosé, de onde partiam para visitar aspessoas. Sempre que visitavam ascasas, percebiam aquelas onde haviaa necessidade de fazer um trabalhode desobsessão. Foi quandoconcluíram que havia a necessidadede se iniciar um trabalho dedesobsessão. Isso foi iniciado na casada Cidinha, assim como o passe decura. As pessoas se deslocavam daquide perto até lá, às terças-feiras. Porcausa disso e, como já éramosmédiuns trabalhando nesse mister, acasa ficou caracterizada como sendode cura.Como não havia tempo para se tratarde todos os trabalhos aos sábados, foicriada, então, uma aula extra, na casada Haidéa, que, com a maior boavontade, nos proporcionou espaço econforto para a realização daqueleestudo. Começamos, assim, a estudaras obras de André Luiz. Como a casade D. Glória e a Mallet nãocomportavam mais pessoas, o Altivotomou a iniciativa de perguntar aoPlano Espiritual se era permitidofundar um centro espírita. Já eram

    passados cinco anos de estudos,quando houve permissão para quefosse providenciado um terreno, afim de se construir o centro.Sílvio, que juntamente com seu irmãoOsmar Teixeira, já desencarnado,freqüentava o grupo, morava nesteloteamento da Rua B, e falou quehavia um rapaz que desejava venderum terreno. Ao sairmos da casa de D.Glória, após o término da reunião desábado, dirigíamo-nos para o local.Não havia, na época, osupermercado, assim como nenhumadas outras casas. Foi só aí quecomeçamos a pensar em compraruma casa. Com isso, fomosaprendendo, desde cedo, que eranecessário trabalhar muito com opensamento, com disciplina e deacordo com a orientação do PlanoEspiritual.O Espírito Dr. Hermann, sempre quenecessário, dava-nos orientação.Disse que nós precisávamos fundar ocentro, na realidade, até como sefôssemos uma família, nosrespeitando, procurando eprotegendo, uns aos outros. Nãoprecisaríamos viver nas casas uns dosoutros, mas que fizéssemos amizadese conservássemos essas amizades;que cultivássemos a amizade, nosvisitássemos e procurássemosentender a necessidade uns dosoutros, em todos os momentos. Dr.Hermann procurou

  • incentivar-nos a trabalhar e a sermosamigos, pois isso é um respeito quedevemos ter.Outra atitude nobre desse espírito foiensinar àqueles que chegavam aquestão do anfitrião, que é aqueleque abre as portas para o que chega;que recebe; que apresenta; queconduz; que mostra a casa; queapresenta mesmo uma linha defrente, para ninguém ficar de fora e,sim, pertencer sempre ao grupo.Chamava ainda a atenção para ocuidado que se deve ter para não sefundar grupo dentro do grupo e,enquanto isso, estávamos recebendomuita orientação, muita disciplina,muito “aperto” mesmo. Podemos,mesmo, afirmar que foi muitopesado, para todos nós, o trabalhoexigido por ele, do qual quase nãodávamos conta. Tal trabalho exigidonão era nada mais, nada menos quedisciplina. Disciplina de horário quetem de ser cumprido; disciplina nocomportamento; no falar; o cuidadopara não falar dos outros, e isso elenunca permitiu; mas ainda assim aspessoas falam, o que não deixa de serindisciplina.Foi desse modo que vimos a casacrescer. Durante a sua construção,depois de concluído o primeirocompartimento, onde existem osbanheiros e a sala IgnácioBittencourt, que é a sala menor queexiste aqui embaixo, havia uma

    portinha, onde funcionava umapequena livraria e depois uma outrasalinha, onde era ministrado o passede cura e, também, onde se faziaatendimnto às pessoas que estavamcom pro blemas de nervos.Certa vez, na sala IgnácioBittencourt, o Altivo falou que nãoera mais necessário fazer reunião nacasa das pessoas e que todos ostrabalhos seriam realizados aqui, nocentro. Foi então que se começou aprocurar um nome para a instituição.O Altivo chegou a pensar em colocaro nome de Centro Allan Kardec, emhomenagem ao Codificador. Como jáhavia muitos centros com esse nome,ele chegou a pensar em colocar onome de Dr. Hermann, em suahomenagem, pela força do trabalhoque ele nos incentivava a realizar.Nessa época, já estávamostrabalhando aqui, no Léon Denis, ouelhor, no culto, pois nunca dizíamosque íamos ao centro e, sim, dizíamosque íamos ao culto de terça-feira e àreunião de sábado.As reuniões de terças-feiras eramdedicadas à cura e nós começamos,então, a desenvolver sessões deirradiação, que também já eramrealizadas na casa da Cidinha, àsquintas-feiras. Com isso, a semanafoi ficando toda tomada. Nessaépoca, a sala Deolindo Amorimestava sendo construída. Todostrabalhavam muito para angariar

  • fundos, e foi aí que algumas amigassugeriram que se formasse um bazarpara vender roupas e outras coisasmais. O primeiro bazar foi realizadoem 1967, na minha casa, aindanovinha, pois eu estava recém-casada, e todas as dependênciasforam ocupadas. Essa foi a nossaprimeira experiência.Antes disso, perguntou-se ao EspíritoBalthazar se havia permissão para sefundar um bazar e sua resposta foicategoricamente negativa, pois, disseele, não seria uma boa coisa. Apósmuita insistência e depois de explicarque a meta era conseguir fundos paraa compra de materiais de construção,

    que estava muito difícil conseguirverbas, pois todos eram muito pobrese ganhavam pouco, ele acabouconcordando, dizendo, então, queiríamos viver uma grandeexperiência. Essas palavras nuncaserão esquecidas, pois foi, realmente,uma grande experiência e seriavivida por todos, com aquele bazar,porque deixou ele claro que nunca sepoderia misturar bazar com comérciodentro do centro.Quando as salas ficaram prontas ehavia a necessidade de um nome parao centro, a fim de se conseguir ohabite-se, decidiu-se que ele sechamaria LÉON DENIS.

    Fonte: Livreto de Aniversário do CELD 2006