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PSICO - NEURO FISIOLOGIA FACULDADE ALVORADA Profa. Vera Maria de Carvalho FEV/09

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  • PSICO - NEUROFISIOLOGIA

    FACULDADE ALVORADA

    Profa. Vera Maria de Carvalho FEV/09

  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - AlvoradaCaro aluno!

    Bem vindo ao maravilhoso mundo do crebro humano! A informao contida nessa apostila tem como objetivo servir de embasamento terico para que voc se familiarize com terminologias especficas das neurocincias. No se preocupe com aquelas palavras complexas tpicas das cincias biolgicas e fisiolgicas porm, preocupe-se em compreender como essa maravilhosa estrutura fsica pode extrapolar os limites fisiolgicos para o fantstico e fantasioso mundo do psiquismo humano. Sendo assim, gostaria de solicitar a sua ateno para trazer para aula de psico-neuro-fisiologia, todos os dia pois, ser o nosso material didtico bsico (introdutrio).

    A partir do conhecimento estrutural da clula nervosa, a compreenso do processo de transmisso de informaes e a organizao funcional do SNC voc ser capaz de compreender a relao entre a evoluo do crebro nos aspectos anatomofuncionais e neurofisiolgicos das emoes, conscincia , pensamento, postura e movimento. Esse conhecimento garantir ao psiclogo um diferencial espetacular quando no exerccio da sua profisso. Vamos comear com alguns conceitos fundamentais:

    O QUE PSICOFISIOLOGIA

    Estudo cientfico das relaes entre os fenmenos psquicos (conscincia, Ateno, e orientao) e os fenmenos fisiolgicos.

    CONSCINCIA : a capacidade neurolgica de captar o ambiente e de se orientar de forma adequada, estar lcido. A conscincia pode ser considerada do ponto de vista psiquitrico, como um processo de coordenao e de sntese da atividade psquica. " uma atividade integradora dos fenmenos psquicos, o todo momentneo que possibilita que se tome conhecimento da realidade naquele instante." (Rosenfeld, 1929). uma das funes psquicas com a qual estabelecemos contato com a realidade, atravs do qual tomamos conhecimento direto e imediato dos fenmenos que nos cercam. Podemos ter alteraes "fisiolgicas" da conscincia, dentre elas, sono, sonho, hipnose e cansao.

    ATENO : Considera-se a ateno como um processo psicolgico mediante o qual concentramos a nossa atividade psquica sobre o estmulo que a solicita, seja este uma sensao, percepo, representao, afeto ou desejo, a fim de fixar, definir e selecionar as percepes, as representaes, os conceitos e elaborar o pensamento. Resumidamente pode-se consider-la como a capacidade de se concentrar, que pode ser espontnea ou ativa; um processo intelectivo, afetivo e volitivo. importante ressaltar que a ateno no uma funo psquica autnoma, visto que ela encontra-se vinculada conscincia. Por exemplo, o indivduo que est em obnubilao geralmente se encontra com alteraes ao nvel da ateno, apresentando-se hipervigil. Contudo, um paciente em torpor se encontra hipovigil. Sem a ateno a atividade psquica se processaria como um sonho vago, difuso e contnuo.

    ORIENTAO : Complexo de funes psquicas em virtudes das quais temos conscincia, em cada momento de nossa vida, da situao real em que nos encontramos, ou seja, a capacidade de situar-se em relao a si e ao mundo no tempo e no espao. bastante complexo e exige a inter-relao entre vrios dados psquicos. A orientao requer atividades mentais como tendncias instintivas, percepo, memria, ateno e

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradainteligncia. Alteraes nestas atividades mentais podem levar graus variados de desorientao.

    O fenmeno psquico e fisiolgico tem por vezes incitado os psiclogos a perseguir uma reduo do psquico ao puro fisiolgico, como se os estados de conscincia fossem apenas um simples aspecto das modificaes orgnicas. Esta redao insustentvel, porque existem entre a ordem psquica e a ordem fisiolgica diferenas tais que implicam uma distino radical. Os fenmenos psquicos so essencialmente interiores, qualitativos, quer dizer, desprovidos de dimenses espaciais, personalizados e agrupados em snteses originais, enquanto que os fatos fisiolgicos so perifricos, extensos, mensurveis e localizados, exteriores uns aos outros.

    A estreita dependncia dos fatos psquicos e dos fatos fisiolgicos no poderia, pois, ser interpretada como significando uma causalidade real dos segundos em relao aos primeiros. A dependncia das duas ordens significa apenas que a conscincia depende de condies fisiolgicas. Por exemplo, os movimentos cerebrais no produzem o pensamento, mas este est condicionado, em seu exerccio, por fenmenos cerebrais.

    O QUE E NEUROPSICOLOGIA?

    Um ramo da psicologia que investiga a correlao entre a experincia ou o comportamento e os processos neurofisiolgicos bsicos. O termo neuropsicologia enfatiza o papel dominante do sistema nervoso. uma rea com uma definio mais restrita que a psicologia fisiolgica ou psicofisiologia. A Neuropsicologia a cincia que faz uma interface entre a psicologia e a neurologia. Seu objeto de estudo so as relaes entre o crebro e o comportamento humano. Dedica-se praticamente a investigar como diferentes leses causam dficits em diversas reas da cognio humana. A neurocincia um campo interdisciplinar que abrange um conjunto de disciplinas dentre outras: neuroanatomia, neurofisiologia, neuroqumica, neuroimagem, gentica, farmacologia, neurologia, psicologia, psiquiatria. As neurocincias procuram estudar as vrias relaes entre o comportamento e a atividade cerebral. Esse esquema mostra a relao de interdependncia entre essas cincias, atualmente denominadas: NEUROCINCIAS

    Elabore um conceito de Neurocincias e justifique a importncia no contexto psicolgico.

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    NEUROPSICOLOGIA

    NEUROLOGIA PSICOLOGIANEUROLOGIA

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    ORIGEM DO SISTEMA NERVOSO

    O sistema nervoso origina-se da ectoderme embrionria e se localiza na regio dorsal. Durante o desenvolvimento embrionrio, a ectoderme sofre uma invaginao, dando origem goteira neural, que se fecha, formando o tubo neural. Este possui uma cavidade interna cheia de lquido, o canal neural.Em sua regio anterior, o tubo neural sofre dilatao, dando origem ao encfalo primitivo. Em sua regio posterior, o tubo neural d origem medula espinhal. O canal neural persiste nos adultos, correspondendo aos ventrculos cerebrais, no interior do encfalo, e ao canal do epndimo, no interior da medula.Durante o desenvolvimento embrionrio, verifica-se que a partir da vescula nica que constitui o encfalo primitivo, so formadas trs outras vesculas: a primeira, denominada prosencfalo (encfalo anterior); a segunda, mesencfalo (encfalo mdio) e a terceira, rombencfalo (encfalo posterior).

    O prosencfalo e o rombencfalo sofrem estrangulamento, dando origem, cada um deles, a duas outras vesculas. O mesencfalo no se divide. Desse modo, o encfalo do embrio constitudo por cinco vesculas em linha reta. O prosencfalo divide-se em telencfalo (hemisfrios cerebrais) e diencfalo (tlamo e hipotlamo); o mesencfalo no sofre diviso e o romboencfalo divide-se em metencfalo (ponte e cerebelo) e mielencfalo (bulbo).

    As divises do S.N.C se definem j na sexta semana de vida fetal.

    1- tubo neural2- Prosencfalo3- Mesencfalo4- Rombencfalo5- Telencfalo6- Diencfalo7- Metencfalo8- Mielencfalo9- Quarto ventrculo10- Aqueduto de Silvio11- Tlamo

    12- Terceiro ventrculo

    13- Ventrculo lateral

    Cavidade do telencfalo: ventrculo lateral Cavidade do diencfalo: III ventrculo Cavidade do metencfalo: se abre para formar o IV ventrculo

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    1- Prosencfalo

    2- Mesencfalo

    3- Rombencfalo

    4- Futura medula espinhal

    5- Diencfalo

    6- Telencfalo

    7- Mielencfalo, futuro bulbo

    8- Medula espinhal

    9- Hemisfrio cerebral

    10- Lbulo olfatrio

    11- Nervo ptico

    12- Cerebelo

    13- Metencfalo

    1. Reproduza o esquema acima, colocando legenda nas partes que julga mais importante. Depois, descreva suas respectivas funes.

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    Morfognese vista em

    Corte sagital mdio

    1- Prosencfalo2- Mesencfalo3- Metencfalo4- Mielencfalo5- Hipotlamo6- Ventrculo lateral7- Quiasma ptico8- Nervo ptico9- Hemisfrios cerebrais10- Epitlamo11- Tlamo12- Glndula pineal13- Nervo olfatrio14- Corpo mamilar15- Telencfalo16- Diencfalo17- Hipfise18- Corpo caloso19- Cerebelo20- Corpo estriado21- Ponte22- Hipotlamo23- Bulbo olfatrio24- Frnix25- Aqueduto cerebral26- Tubrculo quadrigmio27- Quarto ventrculo

    O Sistema Nervoso

    O SNC recebe, analisa e integra informaes. o local onde ocorre a tomada de decises e o envio de ordens. O SNP carrega informaes dos rgos sensoriais para o sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os rgos efetores (msculos e glndulas).

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    O SNC divide-se em encfalo e medula. O encfalo corresponde ao telencfalo (hemisfrios cerebrais), diencfalo (tlamo e hipotlamo), cerebelo, e tronco ceflico, que se divide em: BULBO, situado caudalmente; MESENCFALO, situado cranialmente; e PONTE, situada entre ambos.

    2. Cite um exemplo prtico de uma funo do S.N.C.:

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    No SNC, existem as chamadas substncias cinzenta e branca. A substncia cinzenta formada pelos corpos dos neurnios e a branca, por seus prolongamentos. Com exceo do bulbo e da medula, a substncia cinzenta ocorre mais externamente e a substncia branca, mais internamente.

    Os rgos do SNC so protegidos por estruturas esquelticas (caixa craniana, protegendo o encfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - tambm denominada raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteo esqueltica: dura-mter (a externa), aracnide (a do meio) e pia-mter (a interna). Entre as meninges aracnide e pia-mter h um espao preenchido por um lquido denominado lquido cefalorraquidiano ou lquor.

    3. Represente graficamente a substncias cinzenta e branca que compe o SNC.

    3.1. Explique fisiologicamente, o que meningite.

    3.2. Justifique a importncia do lquido celaforraquidiano em caso de transplantes das clulas troncos.

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    O TELENCFALO

    O encfalo humano contm cerca de 35 bilhes de neurnios e pesa aproximadamente 1,4 kg. O telencfalo ou crebro dividido em dois hemisfrios cerebrais bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memria e dos nervos sensitivos e motores. Entre os hemisfrios, esto os VENTRCULOS CEREBRAIS (ventrculos laterais e terceiro ventrculo); contamos ainda com um quarto ventrculo, localizado mais abaixo, ao nvel do tronco enceflico. So reservatrios do LQUIDO CFALO-RAQUIDIANO, (LQOR), participando na nutrio, proteo e excreo do sistema nervoso.

    Em seu desenvolvimento, o crtex ganha diversos sulcos para permitir que o crebro esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que no acompanha o seu crescimento. Por isso, no crebro adulto, apenas 1/3 de sua superfcie fica "exposta", o restante permanece por entre os sulcos.

    4. O que voc entende por Sulcos?

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    O crtex cerebral est dividido em mais de quarenta reas funcionalmente distintas, sendo a maioria pertencente ao chamado neocrtex.

    5. De acordo com esse esquema, o que voc imagina ser o Tronco enceflico? Caso haja uma leso nessa rea, quais os prejuzos para o movimento humano?

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    Cada uma das reas do crtex cerebral controla uma atividade especfica.

    1. Hipocampo: regio do crtex que est dobrada sobre si e possui apenas trs camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrculo lateral.

    2. Crtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo; apresenta duas ou trs camadas celulares.

    3. Neocrtex: crtex mais complexo; separa-se do crtex olfativo mediante um sulco chamado fissura rinal; apresenta muitas camadas celulares e vrias reas sensoriais e motoras. As reas motoras esto intimamente envolvidas com o controle do movimento voluntrio.

    5.1. Caso haja uma leso no Neocrtex, quais os possveis prejuzos que o indivduo poder ter?

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    Imagem: McCRONE, JOHN. Como o crebro funciona. Srie Mais Cincia. So Paulo, Publifolha, 2002.

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    A regio superficial do telencfalo, que acomoda bilhes de corpos celulares de neurnios (substncia cinzenta), constitui o crtex cerebral, formado a partir da fuso das partes superficiais telenceflicas e dienceflicas. O crtex recobre um grande centro medular branco, formado por fibras axonais (substncia branca). Em meio a este centro branco (nas profundezas do telencfalo), h agrupamentos de corpos celulares neuronais que formam os ncleos (gnglios) da base ou ncleos (gnglios) basais - CAUDATO, PUTAMEN, GLOBO PLIDO e NCLEO SUBTALMICO, envolvidos em conjunto, no controle do movimento. Parece que os gnglios da base participam tambm de um grande nmero de circuitos paralelos, sendo apenas alguns poucos, de funo motora. Outros circuitos esto envolvidos em certos aspectos da memria e da funo cognitiva.

    Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurocincias Desvendando o Sistema Nervoso. Porto Alegre 2 ed, Artmed Editora, 2002.

    5.2. O que voc entendeu sobre a funo do tlamo e sua importncia no comportamento humano?

    5.3. Quais as seqelas que o indivduo poderia ter se sofresse uma leso no lbulo frontal?

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    Algumas das funes mais especficas dos gnglios basais relacionadas aos movimentos so:

    1. Ncleo caudato: controla movimentos intencionais grosseiros do corpo (isso ocorre a nvel subconsciente e consciente) e auxilia no controle global dos movimentos do corpo.

    2. putamen: funciona em conjunto com o ncleo caudato no controle de movimentos intencionais grosseiros. Ambos os ncleos funcionam em associao com o crtex motor, para controlar diversos padres de movimento.

    3. Globo plido: provavelmente controla a posio das principais partes do corpo, quando uma pessoa inicia um movimento complexo, Isto , se uma pessoa deseja executar uma funo precisa com uma de suas mos, deve primeiro colocar seu corpo numa posio apropriada e, ento, contrair a musculatura do brao. Acredita-se que essas funes sejam iniciadas, principalmente, pelo globo plido.

    4. Ncleo subtalmico e reas associadas: controlam possivelmente os movimentos da marcha e talvez outros tipos de motilidade grosseira do corpo.

    Evidncias indicam que a via motora direta funciona para facilitar a iniciao de movimentos voluntrios por meio dos gnglios da base. Essa via origina-se com uma conexo excitatria do crtex para as clulas do putamen. Estas clulas estabelecem sinapses inibitrias em neurnios do globo plido, que, por sua vez, faz conexes inibitrias com clulas do tlamo (ncleo ventrolateral - VL). A conexo do tlamo com a rea motora do crtex excitatria. Ela facilita o disparo de clulas relacionadas a movimentos na rea motora do crtex. Portanto, a conseqncia funcional da ativao cortical do putmen a excitao da rea motora do crtex pelo ncleo ventrolateral do tlamo.

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    Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurocincias Desvendando o Sistema Nervoso. Porto Alegre 2 ed, Artmed Editora, 2002.

    O DIENCFALO (tlamo e hipotlamo) Todas as mensagens sensoriais, com exceo das provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tlamo antes de atingir o crtex cerebral. Esta uma regio de substncia cinzenta localizada entre o tronco enceflico e o crebro. O tlamo atua como estao retransmissora de impulsos nervosos para o crtex cerebral. Ele responsvel pela conduo dos impulsos s regies apropriadas do crebro onde eles devem ser processados. O tlamo tambm est relacionado com alteraes no comportamento emocional; que decorre, no s da prpria atividade, mas tambm de conexes com outras estruturas do sistema lmbico (que regula as emoes).

    5.4. Quais as funes do sistema lmbico?

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    O hipotlamo, tambm constitudo por substncia cinzenta, o principal centro integrador das atividades dos rgos viscerais, sendo um dos principais responsveis pela homeostase corporal. Ele faz ligao entre o sistema nervoso e o sistema endcrino, atuando na ativao de diversas glndulas endcrinas. o hipotlamo que controla a temperatura corporal, regula o apetite e o balano de gua no corpo, o sono e est envolvido na emoo e no comportamento sexual. Tem amplas conexes com as demais reas do prosencfalo e com o mesencfalo. Aceita-se que o hipotlamo desempenha, ainda, um papel nas emoes. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a poro mediana parece mais ligada averso, ao desprazer e tendncia ao riso (gargalhada) incontrolvel. De um modo geral, contudo, a participao do hipotlamo menor na gnese (criao) do que na expresso (manifestaes sintomticas) dos estados emocionais.

    5.5. Caso o paciente apresente transtornos alimentares, obesidade, inapetncia sexual ou ou anorexia , por exemplo, qual a regio do SNC poder-se-ia levantar as primeiras suspeitas? Porque?

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    O TRONCO ENCEFLICO

    O tronco enceflico interpe-se entre a medula e o diencfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo. Possui trs funes gerais; (1) recebe informaes sensitivas de estruturas cranianas e controla os msculos da cabea; (2) contm circuitos nervosos que transmitem informaes da medula espinhal at outras regies enceflicas e, em direo contrria, do encfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do crebro controla os movimentos do lado direito do corpo; lado direito de crebro controla os movimentos do lado esquerdo do corpo); (3) regula a ateno, funo esta que mediada pela formao reticular (agregao mais ou menos difusa de neurnios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco enceflico). Alm destas 3 funes gerais, as vrias divises do tronco enceflico desempenham funes motoras e sensitivas especficas.

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    Na constituio do tronco enceflico entram corpos de neurnios que se agrupam em ncleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados trato, fascculos ou lemniscos.

    Estes elementos da estrutura interna do tronco enceflico podem estar relacionados com relevos ou depresses de sua superfcie. Muitos dos ncleos do tronco enceflico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituio dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexo no tronco enceflico.

    5. Em sua opinio, como acredita que esse mapa anatomo-funcional foi elaborado?5.1. caso o indivduo sofra uma leso no quarto ventrculo, quais as seqelas que poder sofrer?

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    Imagem: ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora.

    O CEREBELO

    Situado atrs do crebro est o cerebelo, que primariamente um centro para o controle dos movimentos iniciados pelo crtex motor (possui extensivas conexes com o crebro e a medula espinhal).

    Como o crebro, tambm est dividido em dois hemisfrios. Porm, ao contrrio dos hemisfrios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo est relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo.

    O cerebelo recebe informaes do crtex motor e dos gnglios basais de todos os estmulos enviados aos msculos. A partir das informaes do crtex motor sobre os movimentos musculares que pretende executar e de informaes proprioceptivas que recebe diretamente do corpo (articulaes, msculos, reas de presso do corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado.

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - AlvoradaAps a comparao entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estmulos corretivos so enviados de volta ao crtex para que o desempenho real seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos, equilbrio, postura e tnus muscular.

    7. A partir dessas informaes relacione alguns movimentos de responsabilidade do cerebelo:

    1_____________________2_____________________3_____________________4_____________________

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - AlvoradaAlgumas estruturas do encfalo e suas funes

    Crtex Cerebral

    Funes:

    Pensamento Movimento

    voluntrio Linguagem Julgamento Percepo

    A palavra crtex vem do latim para "casca". Isto porque o crtex a camada mais externa do crebro. A espessura do crtex cerebral varia de 2 a 6 mm. O lado esquerdo e direito do crtex cerebral so ligados por um feixe grosso de fibras nervosas chamado de corpo caloso. Os lobos so as principais divises fsicas do crtex cerebral. O lobo frontal responsvel pelo planejamento consciente e pelo controle motor. O lobo temporal tem centros importantes de memria e audio. O lobo parietal lida com os sentidos corporal e espacial. O lobo occipital direciona a viso.

    Cerebelo

    Funes:

    Movimento Equilbrio Postura

    Tnus muscular A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno crebro. O cerebelo fica localizado ao lado do tronco enceflico. parecido com o crtex cerebral em alguns aspectos: o cerebelo dividido em hemisfrios e tem um crtex que recobre estes hemisfrios.

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    Tronco Enceflico

    Funes:

    Respirao Ritmo dos batimentos cardacos Presso Arterial

    Mesencfalo Funes:

    Viso Audio Movimento dos Olhos Movimento do corpo

    O Tronco Enceflico uma rea do encfalo que fica entre o tlamo e a medula espinhal. Possui vrias estruturas como o bulbo, o mesencfalo e a ponte. Algumas destas reas so responsveis pelas funes bsicas para a manuteno da vida como a respirao, o batimento cardaco e a presso arterial.

    Bulbo: recebe informaes de vrios rgos do corpo, controlando as funes autnomas (a chamada vida vegetativa): batimento cardaco, respirao, presso do sangue, reflexos de salivao, tosse, espirro e o ato de engolir.

    Ponte: Participa de algumas atividades do bulbo, interferindo no controle da respirao, alm de ser um centro de transmisso de impulsos para o cerebelo. Serve ainda de passagem para as fibras nervosas que ligam o crebro medula.

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    Sistema Lmbico

    Funes:

    Comportamento Emocional

    Memria Aprendizado Emoes

    Vida vegetativa (digesto, circulao, excreo etc.)

    O Sistema Lmbico um grupo de estruturas que inclui hipotlamo, tlamo, amgdala, hipocampo, os corpos mamilares e o giro do cngulo. Todas estas reas so muito importantes para a emoo e reaes emocionais. O hipocampo tambm importante para a memria e o aprendizado.

    8. Imaginem que o indivduo sofreu uma leso no crtex pr-frontal, quais seriam as habilidades perdidas?

    9. O mesmo indivduo sofreu uma leso no cerebelo na base do tronco enceflico, quais as habilidades perdidas?

    10. Imaginem que o indivduo sofreu uma leso no Sistema Lmbico, quais as habilidades que ele perdeu?

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - AlvoradaSinapses

    Sinapse um tipo de juno especializada em que um terminal axonal faz contato com outro neurnio ou tipo celular. As sinapses podem ser eltricas ou qumicas (maioria).

    Sinapses eltricas

    As sinapses eltricas, mais simples e evolutivamente antigas, permitem a transferncia direta da corrente inica de uma clula para outra. Ocorrem em stios especializados denominados junes gap ou junes comunicantes. Nesses tipos de junes as membranas pr-sinpticas (do axnio - transmissor do impulso nervoso) e ps-sinpticas (do dendrito ou corpo celular - receptoras do impulso nervoso) esto separadas por apenas 3 nm. Essa estreita fenda ainda atravessada por protenas especiais denominadas conexinas. Seis conexinas reunidas formam um canal denominado conexon, o qual permite que ons passem diretamente do citoplasma de uma clula para o de outra. A maioria das junes gap permite que a corrente inica passe adequadamente em ambos os sentidos, sendo desta forma, bidirecionais.

    Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurocincias Desvendando o Sistema Nervoso. Porto Alegre 2 ed, Artmed Editora, 2002.

    Em invertebrados, as sinapses eltricas so comumente encontradas em circuitos neuronais que medeiam respostas de fuga. Em mamferos adultos, esses tipos de sinapses so raras, ocorrendo freqentemente entre neurnios nos estgios iniciais da embriognese.

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - AlvoradaSinapses qumicas

    Via de regra, a transmisso sinptica no sistema nervoso humano maduro qumica. As membranas pr e ps-sinpticas so separadas por uma fenda com largura de 20 a 50 nm - a fenda sinptica.

    A passagem do impulso nervoso nessa regio feita, ento, por substncias qumicas: os neuro-hormnios, tambm chamados mediadores qumicos ou neurotransmissores, liberados na fenda sinptica.

    O terminal axonal tpico contm dzias de pequenas vesculas membranosas esfricas que armazenam neurotransmissores - as vesculas sinpticas. A membrana dendrtica relacionada com as sinapses (ps-sinptica) apresenta molculas de protenas especializadas na deteco dos neurotransmissores na fenda sinptica - os receptores.

    Por isso, a transmisso do impulso nervoso ocorre sempre do axnio de um neurnio para o dendrito ou corpo celular do neurnio seguinte.

    Podemos dizer ento que nas sinapses qumicas, a informao que viaja na forma de impulsos eltricos ao longo de um axnio convertida, no terminal axonal, em um sinal qumico que atravessa a fenda sinptica. Na membrana ps-sinptica, este sinal qumico convertido novamente em sinal eltrico.

    Caracas!! O que sinapse mesmo?

    Ento, sinapse qumica pode se transformar em sinapse eltrica? Como?

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    Seria capaz de representar graficamente esse esquema? Tente!

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    Como o citoplasma dos axnios, inclusive do terminal axonal, no possui ribossomos, necessrios sntese de protenas, as protenas axonais so sintetizadas no soma (corpo celular), empacotadas em vesculas membranosas e transportadas at o axnio pela ao de uma protena chamada cinesina, a qual se desloca sobre os microtbulos, com gasto de ATP.

    Esse transporte ao longo do axnio denominado transporte axoplasmtico e, como a cinesina s desloca material do soma para o terminal, todo movimento de material neste sentido chamado de transporte antergrado.

    Alm do transporte antergrado, h um mecanismo para o deslocamento de material no axnio no sentido oposto, indo do terminal para o soma. Acredita-se que este processo envia sinais para o soma sobre as mudanas nas necessidades metablicas do terminal axonal. O movimento neste sentido chamado transporte retrgrado.

    As sinapses qumicas tambm ocorrem nas junes entre as terminaes dos axnios e os msculos; essas junes so chamadas placas motoras ou junes neuro-musculares.

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    Imagem: CSAR & CEZAR. Biologia 2. So Paulo, Ed Saraiva, 2002

    Por meio das sinapses, um neurnio pode passar mensagens (impulsos nervosos) para centenas ou at milhares de neurnios diferentes.

    11. Qual a diferena entre uma sinapse eltrica e uma sinapse qumica?

    12. Represente graficamente uma sinapse.

    13. Em sua opinio, qual a importncia da sinapse para o processo de reabilitao cognitiva do ser humano que, eventualmente sofre uma leso?

    Neurotransmissores

    A maioria dos neurotransmissores situa-se em trs categorias: aminocidos, aminas e peptdeos. Os neurotransmissores aminocidos e aminas so pequenas molculas orgnicas com pelo menos um tomo de nitrognio, armazenadas e liberadas em vesculas sinpticas.

    Sua sntese ocorre no terminal axonal a partir de precursores metablicos ali presentes. As enzimas envolvidas na sntese de tais neurotransmissores so produzidas no soma (corpo celular do neurnio) e transportadas at o terminal axonal e, neste local,

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradarapidamente dirigem a sntese desses mediadores qumicos. Uma vez sintetizados, os neurotransmissores aminocidos e aminas so levados para as vesculas sinpticas que liberam seus contedos por exocitose. Nesse processo, a membrana da vescula funde-se com a membrana pr-sinptica, permitindo que os contedos sejam liberados.

    A membrana vesicular posteriormente recuperada por endocitose e a vescula reciclada recarregada com neurotransmissores.

    Os neurotransmissores peptdeos constituem-se de grandes molculas armazenadas e liberadas em grnulos secretores. A sntese dos neurotransmissores peptdicos ocorre no retculo endoplasmtico rugoso do soma. Aps serem sintetizados, so clivados no complexo de golgi, transformando-se em neurotransmissores ativos, que so secretados em grnulos secretores e transportados ao terminal axonal (transporte antergrado) para serem liberados na fenda sinptica.

    Diferentes neurnios no SNC liberam tambm diferentes neurotransmissores. A transmisso sinptica rpida na maioria das sinapses do SNC mediada pelos neurotransmissores aminocidos glutamato (GLU), gama-aminobutrico (GABA) e glicina (GLI). A amina acetilcolina medeia a transmisso sinptica rpida em todas as junes neuromusculares. As formas mais lentas de transmisso sinptica no SNC e na periferia so mediadas por neurotransmissores das trs categorias.

    O glutamato e a glicina esto entre os 20 aminocidos que constituem os blocos construtores das protenas. Conseqentemente, so abundantes em todas as clulas do corpo. Em contraste, o GABA e as aminas so produzidos apenas pelos neurnios que os liberam.

    O mediador qumico adrenalina, alm de servir como neurotransmissor no encfalo, tambm liberado pela glndula adrenal para a circulao sangnea.

    Abaixo so citadas as funes especficas de alguns neurotransmissores.

    Endorfinas e encefalinas: bloqueiam a dor, agindo naturalmente no corpo como analgsicos.

    Dopamina: neurotransmissor inibitrio derivado da tirosina. Produz sensaes de satisfao e prazer. Os neurnios dopaminrgicos podem ser divididos em trs subgrupos com diferentes funes. O primeiro grupo regula os movimentos: uma deficincia de dopamina neste sistema provoca a doena de Parkinson, caracterizada por tremuras, inflexibilidade, e outras desordens motoras, e em fases avanadas pode verificar-se demncia.

    O segundo grupo, o mesolmbico, funciona na regulao do comportamento emocional. O terceiro grupo, o mesocortical, projeta-se apenas para o crtex pr-frontal. Esta rea do crtex est envolvida em vrias funes cognitivas, memria, planejamento de comportamento e pensamento abstrato, assim como em aspectos emocionais, especialmente relacionados com o stress. Distrbios nos dois ltimos sistemas esto associados com a esquizofrenia.

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvorada

    Serotonina: neurotransmissor derivado do triptofano, regula o humor, o sono, a atividade sexual, o apetite, o ritmo circadiano, as funes neuroendcrinas, temperatura corporal, sensibilidade dor, atividade motora e funes cognitivas. Atualmente vem sendo intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substncia no espao entre um neurnio e outro. Tem efeito inibidor da conduta e modulador geral da atividade psquica. Influi sobre quase todas as funes cerebrais, inibindo-a de forma direta ou estimulando o sistema GABA.

    GABA (cido gama-aminobutirico): principal neurotransmissor inibitrio do SNC. Ele est presente em quase todas as regies do crebro, embora sua concentrao varie conforme a regio. Est envolvido com os processos de ansiedade. Seu efeito ansioltico seria fruto de alteraes provocadas em diversas estruturas do sistema lmbico, inclusive a amgdala e o hipocampo. A inibio da sntese do GABA ou o bloqueio de seus neurotransmissores no SNC, resultam em estimulao intensa, manifestada atravs de convulses generalizadas.

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvorada cido glutmico ou glutamato: principal neurotransmissor estimulador do SNC. A

    sua ativao aumenta a sensibilidade aos estmulos dos outros neurotransmissores.

    14. O que um neurotransmissor?

    15. De que substncias ele produzido naturalmente?

    16. Se o organismo no capaz de produzi-los, quais alternativas podemos buscar?

    17. Qual a importncia desses conhecimentos para o profissional de psicologia, na depresso p. exemplo?

    TIPOS DE NEURNIOS De acordo com suas funes na conduo dos impulsos, os neurnios podem

    ser classificados em: 1. Neurnios receptores ou sensitivos (aferentes): so os que recebem

    estmulos sensoriais e conduzem o impulso nervoso ao sistema nervoso central.

    2. Neurnios motores ou efetuadores (eferentes): transmitem os impulsos motores (respostas ao estmulo).

    3. Neurnios associativos ou interneurnios: estabelecem ligaes entre os neurnios receptores e os neurnios motores.

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    CLULAS DA GLIA (NEURGLIA)

    As clulas da neurglia cumprem a funo de sustentar, proteger, isolar e nutrir os neurnios. H diversos tipos celulares, distintos quanto morfologia, a origem embrionria e s funes que exercem. Distinguem-se, entre elas, os astrcitos, oligodendrocitos e micrglia. Tm formas estreladas e prolongaes que envolvem as diferentes estruturas do tecido.

    17.1. Quando o paciente apresenta uma convulso, quais as hipteses plausveis para tal comportamento? Porque?

    17.2. Qual o papel das amdalas no controle e desenvolvimento das emoes?

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    Os astrcitos so as maiores clulas da neurglia e esto associados sustentao e nutrio dos neurnios. Preenchem os espaos entre os neurnios, regulam a concentrao de diversas substncias com potencial para interferir nas funes neuronais normais (como por exemplo as concentraes extracelulares de potssio), regulam os neurotransmissores (restringem a difuso de neurotransmissores liberados e possuem protenas especiais em suas membranas que removem os neurotransmissores da fenda sinptica).

    Estudos recentes tambm sugerem que podem ativar a maturao e a proliferao de clulas-tronco nervosas adultas e ainda, que fatores de crescimento produzidos pelos astrcitos podem ser crticos na regenerao dos tecidos cerebrais ou espinhais danificados por traumas ou enfermidades.

    Os oligodendrcitos so encontrados apenas no sistema nervoso central (SNC). Devem exercer papis importantes na manuteno dos neurnios, uma vez que, sem eles, os neurnios no sobrevivem em meio de cultura.

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvorada

    No SNC, so as clulas responsveis pela formao da bainha de mielina. Um nico oligodendrcito contribui para a formao de mielina de vrios neurnios (no sistema nervoso perifrico, cada clula de Schwann mieliniza apenas um nico axnio)

    A micrglia constituda por clulas fagocitrias, anlogas aos macrfagos e que participam da defesa do sistema nervoso.

    18. Descreva com suas palavras uma clula neuroglia.

    19. Justifique sua importncia no processo de estruturao da personalidade e, conseqentemente do comportamento humano;

    O LCOOL E OS NEUROTRANSMISSORES

    O etanol afeta diversos neurotransmissores no crebro, entre eles o cido gama-aminobutirico (GABA). Existem dois tipos de receptores deste neurotransmissor: os GABA-alfa e os GABA-beta, dos quais apenas o primeiro estimulado pelo lcool, o que

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradaresulta numa diminuio de sensibilidade para outros estmulos.

    O resultado um efeito muito mais inibitrio no crebro, levando ao relaxamento e sedao do organismo. Diversas partes do crebro so afetadas pelo efeito sedativo do lcool tais como aquelas responsveis pelo movimento, memria, julgamento, respirao, etc.

    O etanol afeta diversos neurotransmissores no crebro, entre eles o cido gama-aminobutirico (GABA). Existem dois tipos de receptores deste neurotransmissor: os GABA-alfa e os GABA-beta, dos quais apenas o primeiro estimulado pelo lcool, o que resulta numa diminuio de sensibilidade para outros estmulos. O resultado um efeito muito mais inibitrio no crebro, levando ao relaxamento e sedao do organismo. Diversas partes do crebro so afetadas pelo efeito sedativo do lcool tais como aquelas responsveis pelo movimento, memria, julgamento, respirao, etc.

    O sistema glutamatrgico, que utiliza glutamato como neurotransmissor, tambm parece desempenhar papel relevante nas alteraes nervosas promovidas pelo etanol, pois o lcool tambm altera a ao sinptica do glutamato no crebro, promovendo diminuio da sensibilidade aos estmulos.

    Depresso, ansiedade e neurotransmissores

    A ao teraputica das drogas antidepressivas tem lugar no Sistema Lmbico, o principal centro cerebral das emoes. Este efeito teraputico conseqncia de um aumento funcional dos neurotransmissores na fenda sinptica, principalmente da noradrenalina, da serotonina e/ou da dopamina, bem como alterao no nmero e sensibilidade dos neuroreceptores.

    O aumento de neurotransmissores na fenda sinptica pode se dar atravs do bloqueio da recaptao desses neurotransmissores no neurnio pr-sinptico ou ainda, atravs da inibio da Monoaminaoxidase, enzima responsvel pela inativao destes neurotransmissores.

    A vontade de comer doces e a sensao de j estar satisfeito com o que comeu dependem de uma regio cerebral localizada no hipotlamo. Com taxas normais de serotonina a pessoa sente-se satisfeita com mais facilidade e tem maior controle na vontade de comer doce.

    Havendo diminuio da serotonina, como ocorre na depresso, a pessoa pode ter uma tendncia ao ganho de peso. por isso que medicamentos que aumentam a serotonina esto sendo cada vez mais utilizados nas dietas para perda de peso.

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvorada

    Os atos reflexos

    Os atos reflexos ou simplesmente reflexos so respostas automticas, involuntrias a um estmulo sensorial. O estmulo chega ao rgo receptor, enviado medula atravs de neurnios sensitivos ou aferentes (chegam pela raiz dorsal).

    Na medula, neurnios associativos recebem a informao e emitem uma ordem de ao atravs dos neurnios motores (saem da medula atravs da raiz ventral). Os neurnios motores ou eferentes chegam ao rgo efetor que realizar uma resposta ao estmulo inicial. Esse caminho seguido pelo impulso nervoso e que permite a execuo de um ato reflexo chamado arco reflexo.

    Vamos a prtica:

    PENSE!!

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvorada20. Elabore um exemplo correlato de ato-reflexo PSICOLGICO relacionado as funes superiores e explique porque isso acontece e, quais poderiam ser as conseqncias para os relacionamentos desse indivduo.

    21. Explique fisiologicamente porque uma pessoa alcoolizada no consegue coordenar seus movimentos adequadamente.

    22. Explique fisiologicamente, porque uma pessoa com depresso tem necessidade de ingerir doces e quais as principais conseqncias fisiolgicas desse comportamento

    Anexo

    Causas da Depresso A causa exata da depresso permanece desconhecida. A explicao mais provavelmente correta o desequilbrio bioqumico dos neurnios responsveis pelo controle do estado de humor. Esta afirmao baseia-se na comprovada eficcia dos antidepressivos. O fato de ser um desequilbrio bioqumico no exclui tratamentos no farmacolgicos. O uso continuado da palavra pode levar a pessoa a obter uma compensao bioqumica. Apesar disso nunca ter sido provado, o contrrio tambm nunca foi.

    Eventos desencadeantes so muito estudados e de fato encontra-se relao entre certos acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o incio de um episdio depressivo. Contudo tais eventos no podem ser responsabilizados pela manuteno da depresso. Na prtica a maioria das pessoas que sofre um revs se recupera com o tempo. Se os reveses da vida causassem depresso todas as pessoas a eles submetidos estariam deprimidas e no isto o que se observa. Os eventos estressantes provavelmente disparam a depresso nas pessoas predispostas, vulnerveis. Exemplos de eventos estressantes so perda de pessoa querida, perda de emprego, mudana de habitao contra vontade, doena grave, pequenas contrariedades no so consideradas como eventos fortes o suficiente para desencadear depresso. O que torna as pessoas vulnerveis ainda objeto de estudos. A influncia gentica como em toda medicina muito estudada. Trabalhos recentes mostram que mais do que a influncia gentica, o ambiente durante a infncia pode predispor mais as pessoas. O fator gentico fundamental uma vez que os gmeos idnticos ficam mais deprimidos do que os gmeos no idnticos.

    Paroxetina x Nortriptilina p/ depresso em pacientes com isquemia cardaca

    A isquemia cardaca e a depresso so doenas freqentemente associadas e ambas precisam de auxlio farmacolgico. Frasure-Smith mostraram que os pacientes que

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradaapresentam depresso aps infarto esto mais sujeitos ao bito do que aqueles que infartam e no se deprimem. Isto mostra a necessidade do controle do quadro depressivo o quanto antes.

    As medicaes mais conhecidas e talvez mais eficazes so os antidepressivos tricclicos, mas nessas situaes deve-se rever as prioridades. Este trabalho tem como finalidade comparar os custos e os benefcios dessas medicaes

    Mtodos - Inicialmente o grupo de oitenta e um pacientes com diagnstico de depresso pelo DSM IV e histria de isquemia cardaca passaram pela fase de retirada de medicaes (wash out) com placebo por duas semanas. Aps isso foram randomicamente divididos em dois grupos sendo o trabalho do tipo duplo-cego. O grupo com paroxetina tomou uma dose entre 20 e 30mg por dia, e o com nortriptilina uma dose entre 50 e 150mg por dia. A depresso foi avaliada pela escala de Hamilton. A medicao foi mantida por seis semanas.

    Resultado - Ambos os grupos obtiveram melhora significativa dos sintomas depressivos. 61% dos pacientes que tomaram paroxetina melhoraram, e 55% dos pacientes com nortriptilina tiveram o mesmo resultado. Entretanto, comparando-se os efeitos cardiolgicos, os resultados no foram os mesmos. Dezesseis pacientes tiveram que interromper o tratamento com nortriptilina devido aos efeitos colaterais, principalmente sobre o sistema cardaco. Os pacientes que permaneceram at o final do estudo, apresentaram uma elevao da taxa de batimentos cardacos em relao ao grupo que tomou paroxetina. Os autores concluram o trabalho, afirmando que ambas as medicaes so eficazes para o tratamento da depresso nos pacientes com infarto do miocrdio, mas a nortriptilina traz mais efeitos colaterais e complicaes cardacas que a paroxetina..

    Dificuldade de Ateno entre as fases de Depresso

    Esse trabalho se prope a estudar a performance neuropsicolgica na fase no deprimida de pacientes com depresso uni e bipolar

    Mtodo - Foram utilizados vinte pacientes com depresso unipolar, onze bipolares e dezenove pessoas sem depresso. Os sintomas foram avaliados atravs de questionrios especficos. Todos os pacientes estavam assintomticos e em uso de medicaes por ocasio do estudo

    Resultados - Os pacientes bipolares apresentaram uma pequena inferioridade no rendimento dos testes cognitivos em relao s pessoas sem depresso: esta diferena, contudo, no era estatisticamente significativa. J os pacientes unipolares apresentaram uma significativa inferioridade nos testes cognitivos durante essa fase assintomtica.Concluso - necessrio descobrir meios de superar o dficit cognitivo nos deprimidos unipolares para que esses pacientes no sejam prejudicados em suas vidas sociais e profissionais quando estiverem fora da fase aguda.

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - AlvoradaAs depresses uni e bipolares no podem ser encaradas como equivalentes, mesmo tendo um quadro clnico semelhante. Provavelmente, esta foi uma fonte de erros nos estudos, que trabalharam como sendo as depresses unipolares e bipolares iguais.

    Relao entre AVC e Depresso

    Vrios riscos para ocorrncia de acidente vascular cerebral (AVC) j so conhecidos: hipertenso arterial, diabetes mellitus, abuso de lcool e nveis elevados de colesterol. Pacientes deprimidos tendem a se movimentar menos (equivalente vida sedentria), fumam mais e tm o metabolismo lipdico alterado. Com isso a depresso pode indiretamente ser um risco para precipitao do AVC.

    A finalidade deste trabalho incrementar os estudos sobre a relao entre depresso e AVCMtodo - Seis mil seiscentos e setenta e seis pacientes foram acompanhados por vinte e nove anos numa comunidade especfica da Califrnia. Os sintomas depressivos foram avaliados por uma escala para depresso. Modelos matemticos foram usados para confrontar os sintomas afetivos com as variveis epidemiolgicas como sexo, idade, raa, etc.Resultados - No perodo citado ocorreram cento e sessenta e nove AVCs com morte. Segundo as anlises estatsticas constatou-se uma relao significativa entre a depresso e os AVCs. Ou seja, a depresso tambm fator de risco para AVC, mesmo que indiretamenteComentrios - Este estudo possui um modelo bastante fidedigno de investigao, merecendo toda ateno para o seu resultado..

    DEPRESSO PS-PARTO

    Generalidades

    Depresso uma palavra freqentemente usada para descrever nossos sentimentos. Todos se sentem "para baixo" de vez em quando, ou de alto astral s vezes e tais sentimentos so normais. A depresso, enquanto evento psiquitrico algo bastante diferente: uma doena como outra qualquer que exige tratamento. Muitas pessoas pensam estar ajudando um amigo deprimido ao incentivarem ou mesmo cobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se divertir para superar os sentimentos negativos. Os amigos que agem dessa forma fazem mais mal do que bem, so incompreensivos e talvez at egostas. O amigo que realmente quer ajudar procura ouvir quem se sente deprimido e no mximo aconselhar ou procurar um profissional quando percebe que o amigo deprimido no est s triste.

    Uma boa comparao que podemos fazer para esclarecer as diferenas conceituais entre a depresso psiquitrica e a depresso normal seria comparar com a diferena que h entre clima e tempo. O clima de uma regio ordena como ela prossegue ao longo do ano por anos a fio. O tempo a pequena variao que ocorre para o clima da regio em questo. O clima tropical exclui incidncia de neve. O clima polar exclui dias propcios a banho de sol. Nos climas tropical e polar haver dias mais quentes, mais frios, mais calmos ou com tempestades, mas tudo dentro de uma determinada faixa de variao. O

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradaclima o estado de humor e o tempo as variaes que existem dentro dessa faixa. O paciente deprimido ter dias melhores ou piores assim como o no deprimido. Ambos tero suas tormentas e dias ensolarados, mas as tormentas de um, no se comparam s tormentas do outro, nem os dias de sol de um, se comparam com os dias de sol do outro. Existem semelhanas, mas a manifestao final muito diferente. Uma pessoa no clima tropical ao ver uma foto de um dia de sol no plo sul tem a impresso de que estava quente e que at se poderia tirar a roupa para se bronzear. Este tipo de engano o mesmo que uma pessoa comete ao comparar as suas fases de baixo astral com a depresso psiquitrica de um amigo. Ningum sabe o que um deprimido sente, s ele mesmo e talvez quem tenha passado por isso. Nem o psiquiatra sabe: ele reconhece os sintomas e sabe tratar, mas isso no faz com que ele conhea os sentimentos e o sofrimento do seu paciente.

    Como ?

    Os sintomas da depresso so muito variados, indo desde as sensaes de tristeza, passando pelos pensamentos negativos at as alteraes da sensao corporal como dores e enjos. Contudo para se fazer o diagnstico necessrio um grupo de sintomas centrais:

    Perda de energia ou interesse Humor deprimido Dificuldade de concentrao Alteraes do apetite e do sono Lentificao das atividades fsicas e mentais Sentimento de pesar ou fracasso

    Os sintomas corporais mais comuns so sensao de desconforto no batimento cardaco, constipao, dores de cabea, dificuldades digestivas. Perodos de melhoria e piora so comuns, o que cria a falsa impresso de que se est melhorando sozinho quando durante alguns dias o paciente sente-se bem. Geralmente tudo se passa gradualmente, no necessariamente com todos os sintomas simultneos, alis, difcil ver todos os sintomas juntos. At que se faa o diagnstico praticamente todas as pessoas possuem explicaes para o que est acontecendo com elas, julgando sempre ser um problema passageiro.

    Outros sintomas que podem vir associados aos sintomas centrais so:

    Pessimismo Dificuldade de tomar decises Dificuldade para comear a fazer suas tarefas Irritabilidade ou impacincia Inquietao Achar que no vale a pena viver; desejo de morrer Chorar -toa Dificuldade para chorar

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvorada Sensao de que nunca vai melhorar, desesperana... Dificuldade de terminar as coisas que comeou Sentimento de pena de si mesmo Persistncia de pensamentos negativos Queixas freqentes Sentimentos de culpa injustificveis Boca ressecada, constipao, perda de peso e apetite, insnia, perda do desejo sexual

    Diferentes tipo de depresso

    Basicamente existem as depresses monopolares (este no um termo usado oficialmente) e a depresso bipolar (este termo oficial). O transtorno afetivo bipolar se caracteriza pela alternncia de fases deprimidas com manacas, de exaltao, alegria ou irritao do humor. A depresso monopolar s tem fases depressivas.

    Depresso e doenas cardacas

    Os sintomas depressivos apesar de muito comuns so pouco detectados nos pacientes de atendimento em outras especialidades, o que permite o desenvolvimento e prolongamento desse problema comprometendo a qualidade de vida do indivduo e sua recuperao. Anteriormente estudos associaram o fumo, a vida sedentria, obesidade, ao maior risco de doena cardaca. Agora, pelas mesmas tcnicas, associa-se sintoma depressivo com maior risco de desenvolver doenas cardacas. A doena cardaca mais envolvida com os sintomas depressivos o infarto do miocrdio. Tambm no se pode concluir apressadamente que depresso provoca infarto, no assim. Nem todo obeso, fumante ou sedentrio enfarta. Essas pessoas enfartam mais que as pessoas fora desse grupo, mas a incidncia no de 100%. Da mesma forma, a depresso aumenta o risco de infarto, mas numa parte dos pacientes. Est sendo investigado.

    Depresso no paciente com cncer

    A depresso costuma atingir 15 a 25% dos pacientes com cncer. As pessoas e os familiares que encaram um diagnstico de cncer experimentaro uma variedade de emoes, estresses e aborrecimentos. O medo da morte, a interrupo dos planos de vida, perda da auto-estima e mudanas da imagem corporal, mudanas no estilo social e financeiro so questes fortes o bastante para justificarem desnimo e tristeza. O limite a partir de qual se deve usar antidepressivos no claro, depender da experincia de cada psiquiatra. A princpio sempre que o paciente apresente um conjunto de sintomas depressivos semelhante ao conjunto de sintomas que os pacientes deprimidos sem cncer apresentam, dever ser o ponto a partir do qual se deve entrar com medicaes.Existem alguns mitos sobre o cncer e as pessoas que padecem dele, tais como"os portadores de cncer so deprimidos". A depresso em quem tem cncer normal, o tratamento da depresso no paciente com cncer ineficaz. A tristeza e o pesar so sentimentos normais para uma pessoa que teve conhecimento da doena. Questes como a resposta ao tratamento, o tempo de sobrevida e o ndice de cura entre pacientes com cncer com ou sem depresso esto sendo mais enfocadas do que a investigao das melhores tcnicas para tratamento da depresso.Normalmente a pessoa que fica sabendo que est com cncer torna-se durante um curto espao de tempo descrente, desesperada ou nega a doena. Esta uma resposta normal no espectro de emoes dessa fase, o que no significa que sejam emoes

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradainsuperveis. No decorrer do tempo o humor depressivo toma o lugar das emoes iniciais. Agora o paciente pode ter dificuldade para dormir e perda de apetite. Nessa fase o paciente fica ansioso, no consegue parar de pensar no seu novo problema e teme pelo futuro. As estatsticas mostram que aproximadamente metade das pessoas conseguir se adaptar a essa situao to adversa. Com isso estas pessoas aceitam o tratamento e o novo estilo de vida imposto no fica to pesado.

    A identificao da depresso

    Para afirmarmos que o paciente est deprimido temos que afirmar que ele sente-se triste a maior parte do dia quase todos os dias, no tem tanto prazer ou interesse pelas atividades que apreciava, no consegue ficar parado e pelo contrrio movimenta-se mais lentamente que o habitual. Passa a ter sentimentos inapropriados de desesperana desprezando-se como pessoa e at mesmo se culpando pela doena ou pelo problema dos outros, sentindo-se um peso morto na famlia. Com isso, apesar de ser uma doena potencialmente fatal, surgem pensamentos de suicdio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para que possamos dizer que o paciente est deprimido.

    Causa da Depresso

    A causa exata da depresso permanece desconhecida. A explicao mais provavelmente correta o desequilbrio bioqumico dos neurnios responsveis pelo controle do estado de humor. Esta afirmao baseia-se na comprovada eficcia dos antidepressivos. O fato de ser um desequilbrio bioqumico no exclui tratamentos no farmacolgicos. O uso continuado da palavra pode levar a pessoa a obter uma compensao bioqumica. Apesar disso nunca ter sido provado, o contrrio tambm nunca foi.

    Eventos desencadeantes so muito estudados e de fato encontra-se relao entre certos acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o incio de um episdio depressivo. Contudo tais eventos no podem ser responsabilizados pela manuteno da depresso. Na prtica a maioria das pessoas que sofre um revs se recupera com o tempo. Se os reveses da vida causassem depresso todas as pessoas a eles submetidos estariam deprimidas e no isto o que se observa. Os eventos estressantes provavelmente disparam a depresso nas pessoas predispostas, vulnerveis. Exemplos de eventos estressantes so perda de pessoa querida, perda de emprego, mudana de habitao contra vontade, doena grave, pequenas contrariedades no so consideradas como eventos fortes o suficiente para desencadear depresso. O que torna as pessoas vulnerveis ainda objeto de estudos. A influncia gentica como em toda medicina muito estudada. Trabalhos recentes mostram que mais do que a influncia gentica, o ambiente durante a infncia pode predispor mais as pessoas. O fator gentico fundamental uma vez que os gmeos idnticos ficam mais deprimidos do que os gmeos no idnticos.

    Como ?

    Os sintomas da depresso so muito variados, indo desde as sensaes de tristeza, passando pelos pensamentos negativos at as alteraes da sensao corporal como

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradadores e enjos. Contudo para se fazer o diagnstico necessrio um grupo de sintomas centrais:

    Perda de energia ou interesse Humor deprimido Dificuldade de concentrao Alteraes do apetite e do sono Lentificao das atividades fsicas e mentais Sentimento de pesar ou fracasso

    Os sintomas corporais mais comuns so sensao de desconforto no batimento cardaco, constipao, dores de cabea, dificuldades digestivas. Perodos de melhoria e piora so comuns, o que cria a falsa impresso de que se est melhorando sozinho quando durante alguns dias o paciente sente-se bem. Geralmente tudo se passa gradualmente, no necessariamente com todos os sintomas simultneos, alis, difcil ver todos os sintomas juntos. At que se faa o diagnstico praticamente todas as pessoas possuem explicaes para o que est acontecendo com elas, julgando sempre ser um problema passageiro.

    Outros sintomas que podem vir associados aos sintomas centrais so:

    Pessimismo Dificuldade de tomar decises Dificuldade para comear a fazer suas tarefas Irritabilidade ou impacincia Inquietao Achar que no vale a pena viver; desejo de morrer Chorar -toa Dificuldade para chorar Sensao de que nunca vai melhorar, desesperana... Dificuldade de terminar as coisas que comeou Sentimento de pena de si mesmo Persistncia de pensamentos negativos Queixas freqentes Sentimentos de culpa injustificveis Boca ressecada, constipao, perda de peso e apetite, insnia, perda do desejo

    sexual

    Diferentes tipo de depresso

    Basicamente existem as depresses monopolares (este no um termo usado oficialmente) e a depresso bipolar (este termo oficial). O transtorno afetivo bipolar se caracteriza pela alternncia de fases deprimidas com manacas, de exaltao, alegria ou irritao do humor. A depresso monopolar s tem fases depressivas.

    Depresso e doenas cardacas

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - AlvoradaOs sintomas depressivos apesar de muito comuns so pouco detectados nos pacientes de atendimento em outras especialidades, o que permite o desenvolvimento e prolongamento desse problema comprometendo a qualidade de vida do indivduo e sua recuperao. Anteriormente estudos associaram o fumo, a vida sedentria, obesidade, ao maior risco de doena cardaca. Agora, pelas mesmas tcnicas, associa-se sintoma depressivo com maior risco de desenvolver doenas cardacas. A doena cardaca mais envolvida com os sintomas depressivos o infarto do miocrdio. Tambm no se pode concluir apressadamente que depresso provoca infarto, no assim. Nem todo obeso, fumante ou sedentrio enfarta. Essas pessoas enfartam mais que as pessoas fora desse grupo, mas a incidncia no de 100%. Da mesma forma, a depresso aumenta o risco de infarto, mas numa parte dos pacientes. Est sendo investigado.

    Depresso no paciente com cncer

    A depresso costuma atingir 15 a 25% dos pacientes com cncer. As pessoas e os familiares que encaram um diagnstico de cncer experimentaro uma variedade de emoes, estresses e aborrecimentos. O medo da morte, a interrupo dos planos de vida, perda da auto-estima e mudanas da imagem corporal, mudanas no estilo social e financeiro so questes fortes o bastante para justificarem desnimo e tristeza. O limite a partir de qual se deve usar antidepressivos no claro, depender da experincia de cada psiquiatra. A princpio sempre que o paciente apresente um conjunto de sintomas depressivos semelhante ao conjunto de sintomas que os pacientes deprimidos sem cncer apresentam, dever ser o ponto a partir do qual se deve entrar com medicaes.

    Existem alguns mitos sobre o cncer e as pessoas que padecem dele, tais como"os portadores de cncer so deprimidos". A depresso em quem tem cncer normal, o tratamento da depresso no paciente com cncer ineficaz. A tristeza e o pesar so sentimentos normais para uma pessoa que teve conhecimento da doena. Questes como a resposta ao tratamento, o tempo de sobrevida e o ndice de cura entre pacientes com cncer com ou sem depresso esto sendo mais enfocadas do que a investigao das melhores tcnicas para tratamento da depresso.

    Normalmente a pessoa que fica sabendo que est com cncer torna-se durante um curto espao de tempo descrente, desesperada ou nega a doena. Esta uma resposta normal no espectro de emoes dessa fase, o que no significa que sejam emoes insuperveis. No decorrer do tempo o humor depressivo toma o lugar das emoes iniciais. Agora o paciente pode ter dificuldade para dormir e perda de apetite. Nessa fase o paciente fica ansioso, no consegue parar de pensar no seu novo problema e teme pelo futuro. As estatsticas mostram que aproximadamente metade das pessoas conseguir se adaptar a essa situao to adversa. Com isso estas pessoas aceitam o tratamento e o novo estilo de vida imposto no fica to pesado.

    A identificao da depresso

    Para afirmarmos que o paciente est deprimido temos que afirmar que ele sente-se triste a maior parte do dia quase todos os dias, no tem tanto prazer ou interesse pelas atividades que apreciava, no consegue ficar parado e pelo contrrio movimenta-se mais lentamente que o habitual. Passa a ter sentimentos inapropriados de desesperana desprezando-se como pessoa e at mesmo se culpando pela doena ou pelo problema dos outros, sentindo-se um peso morto na famlia. Com isso, apesar de ser uma doena

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradapotencialmente fatal, surgem pensamentos de suicdio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para que possamos dizer que o paciente est deprimido.

    Causa da Depresso

    A causa exata da depresso permanece desconhecida. A explicao mais provavelmente correta o desequilbrio bioqumico dos neurnios responsveis pelo controle do estado de humor. Esta afirmao baseia-se na comprovada eficcia dos antidepressivos. O fato de ser um desequilbrio bioqumico no exclui tratamentos no farmacolgicos. O uso continuado da palavra pode levar a pessoa a obter uma compensao bioqumica. Apesar disso nunca ter sido provado, o contrrio tambm nunca foi.

    Eventos desencadeantes so muito estudados e de fato encontra-se relao entre certos acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o incio de um episdio depressivo. Contudo tais eventos no podem ser responsabilizados pela manuteno da depresso. Na prtica a maioria das pessoas que sofre um revs se recupera com o tempo. Se os reveses da vida causassem depresso todas as pessoas a eles submetidos estariam deprimidas e no isto o que se observa. Os eventos estressantes provavelmente disparam a depresso nas pessoas predispostas, vulnerveis. Exemplos de eventos estressantes so perda de pessoa querida, perda de emprego, mudana de habitao contra vontade, doena grave, pequenas contrariedades no so consideradas como eventos fortes o suficiente para desencadear depresso. O que torna as pessoas vulnerveis ainda objeto de estudos. A influncia gentica como em toda medicina muito estudada. Trabalhos recentes mostram que mais do que a influncia gentica, o ambiente durante a infncia pode predispor mais as pessoas. O fator gentico fundamental uma vez que os gmeos idnticos ficam mais deprimidos do que os gmeos no idnticos

    Depresso e Abuso de Substncias Psicoativas

    As investigaes sobre pacientes deprimidos mostram que eles abusam mais de substncias psicoativas (psicotrpicos, drogas ilegais, lcool, toxinas) que a populao em geral. Por outro lado os trabalhos com pessoas que abusam de substncias psicoativas mostram que nessas pessoas h maior incidncia de depresso do que na populao em geral. O fato resultante o mesmo: a comorbidade entre depresso e abuso de substncias psicoativas. Este fato forte por ser apoiado em observaes independentes sob diferentes pontos de partida. Resta agora procurar entender melhor esta relao para melhor abord-la, e esta a finalidade deste trabalho..Mtodos Seiscentos e quarenta e dois pacientes participaram do estudo. Eles foram separados em dois grupos para realizar uma comparao: um grupo que apenas usava substncias psicoativas e no tinha depresso e outro grupo com depresso e abuso. Foram comparadas as variveis demogrficas, a intensidade dos sintomas da depresso, perodo de abstinncia ou dependncia s substncias psicoativas, nmero e tempo de substncias usadas e atividades de auto-ajuda.

    Resultados O uso de cafena, lcool e fumo se equivaleram nos dois grupos. A idade em que se usou pela primeira vez alguma substncia psicoativa tambm foi equivalente nos dois grupos. Quanto ao tempo de uso de alguma substncia, o sub-grupo com os dois distrbios simultneos apresentou menor utilizao de cocana e opiides. A severidade de abuso de substncias foi equivalente nos dois grupos, assim como o grau de

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradadependncias. O grupo com abuso de substncias apenas abusava de mais de uma substncia, enquanto que o outro grupo tendia a usar de apenas uma substncia..Discusso O fato mais interessante foi a menor busca por cannabis , cocana e opioides pelo grupo de transtornos misto. Embora no tenha sido comentado pelos autores, este fato talvez junto com outros encontrados, signifique uma distino entre os pacientes que buscam substncias psicoativas por prazer daqueles que o fazem como uma tentativa de se automedicarem.

    Depresso Ps-Parto

    GeneralidadesExistem duas formas de depresso no ps-parto, uma mais leve e mais comum chamada pelos americanos de "Blues Postpartum", ainda sem traduo para o portugus e a outra chamada de depresso ps-parto. O "blues" uma condio benigna que se inicia nos primeiros dias aps o parto (dois a cinco dias), dura de alguns dias a poucas semanas, de intensidade leve no requerendo em geral uso de medicaes, pois auto-limitada e cede espontaneamente. Caracteriza-se basicamente pelo sentimento de tristeza e o choro fcil que no impedem a realizao das tarefas de me.

    Aproximadamente metade das mulheres so acometidas pelo "blues" no ps-parto. Provavelmente devido a seu carter benigno no tem sido uma condio estudada.depresso ps-parto uma depresso propriamente dita; recebe essa classificao sempre que iniciada nos primeiros seis meses aps parto. Sua manifestao clnica igual a das depresses, ou seja, prolongada e incapacitante requerendo o uso de antidepressivos. O principal problema desta depresso est no uso das medicaes. Enquanto os psiquiatras julgam que os antidepressivos tricclicos apesar de passarem para o leite materno no causam maiores problemas para a criana, os pediatras recomendam a suspenso da amamentao caso seja introduzida alguma medicao antidepressiva. No h relatos de problemas causados nas crianas em aleitamento materno cujas mes tomavam antidepressivos tricclicos.

    Esquizoafetivo esquizofreniforme | psicoses

    Generalidades . Esta uma categoria psiquitrica controversa. Alguns pesquisadores contestam sua existncia, efetivamente um quadro pouco comum e de difcil diagnstico. Por definio um paciente esquizoafetivo aquele que no esquizofrnico, embora psictico, com marcantes sinais de transtornos afetivos, ou seja, com evidentes perodos em que se apresenta como deprimido ou manaco e sem sintomas psicticos, e fases em que fica psictico sem sintomas afetivos, so pacientes que apresentam critrios de diagnstico para dois distrbios simultaneamente. Os pesquisadores julgaram melhor criar um novo tipo de transtorno do que afirmar que certos pacientes tm duas doenas mentais ao mesmo tempo, surgindo ento a categoria

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvorada"transtorno esquizoafetivo". Por outro lado existe tambm a psicose da fase manaca, quando o paciente bipolar assemelha-se mais ao esquizofrnico do que ao manaco, sem deixar de ser manaco; e tambm a depresso esquizofrnica, em que o paciente no deixa de ter o diagnstico de esquizofrenia mas acrescenta-se de forma transitria o de depresso. Na medida em que as diferenas de diagnstico so pequenas, a certeza diagnstica enfraquece. Como ningum gosta de incertezas a categoria de transtorno esquizoafetivo costuma ser evitada por muitos psiquiatras. Os pacientes que possuem este diagnstico no devem se preocupar porque seu tratamento independe do nome do diagnstico: depende sim dos sintomas apresentados, este o aspecto direcionador do trabalho do mdico. Estima-se que esse transtorno existe em aproximadamente 0,3 a 5,7 pessoas por 100.000 habitantes.

    Depresso e Suicdio - Suicdio e Psiquiatria

    Nem todas as pessoas que cometem suicdio apresentam problemas psiquitricos, mas verdade que dentre os pacentes psiqutricos a taxa de suicdio maior do que na populao em geral, assim como dentre as pessoas com doenas no psiquitricas a taxa de suicdio mais elevada tambm, em relao populao geral. No vlido julgar que uma pessoa depois de cometer ou tentar suicdio venha a ser considerada como portadora de doena mental por causa de seu gesto. Em aproximadamente 70% dos suicdios a pessoa apresentava alguma condio psiquitrica, nos outros 30% alguma condio social como doena no psiquitrica, desemprego e problemas legais como principais fatores. Observa-se tambm uma diferena nos fatores que levam ao suicdio conforme a idade, abaixo dos 30 anos de idade uso de drogas ilcitas e personalidade anti-social so mais frequentes enquanto que acima dessa idade 69% dos suicdios esto correlacionados a transtornos do humor.

    Mitos acerca do Suicdio

    As pessoas que ameaam se suicidar no o fazem de fato 80% das pessoas que se mataram verbalizaram previamente sua inteno. O suicdio ocorre sempre sem aviso

    Geralmente so avisos indiretos ou dissimulados como: "no sirvo para nada", "s estou atrapalhando", mas as pessoas que se matam sempre avisam antes.

    Uma pessoa que j pensou em suicdio ser sempre uma candidata a ele.No verdade, uma pessoa que pensou ou tentou suicdio poder vir a superar suas dificuldades e passar a rejeitar fortemente a idia de morrer.

    O suicdio ocorre mais entre os ricos. Falso, ocorre nas mesmas propores entre ricos e pobres.

    Grupos de Risco

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvorada

    Estes so os grupos de risco mais abrangentes, outros grupos menores como homossexuais tambm apresentam taxas mais elevadas conforme estudos da universidade de minesota no qual constataram que 41 em 137 relataram tentativas de suicdio. Este grupo foi constitudo por homossexuais masculinos entre 14 e 21 anos de idade.

    A relao de ajuda

    Ajudar no fcil e no nascemos sabendo, esta a posio inicial para quem nunca teve um preparo especial para lidar com quem precisa de ajuda. Ajudar significa dar aquilo que a pessoa precisa e no aquilo que achamos que ela precisa. O que mais se encontra na prtica e isso no se restringe s pessoas potencialmente suicidas mas todos enfermos que precisam de ajuda. Admitir que no saber o que falar uma atitude positiva de quem humilde e se no souber o que dizer no tente inventar, afirme que no sabe o que dizer mas est disposto a ouvir de corao aberto o que a pessoa tem a dizer.

    Ouvir ativamente. Observar o que no dito, tolerar as incoerncias e as contradies, no hora de dar lies de moral nem mostrar os erros, hora de estimular a dar a volta por cima e ser paciente na dor.

    Demonstrar impacincia e pior ainda, irritao significam para quem fala uma rejeio pessoal impossibilitando um relacionamento livre de impedimentos.

    Estar preparado para comportamentos inaceitveis e incompreensveis como agresses contra quem quer ajudar. Isto no deve significar o fim da linha nem deve levar a desistncia da ajuda, afinal uma pessoa para pensar em matar-se est ou numa situao extrema ou possui uma personalidade profundamente complexa e problemtica, no ser possvel entender em pouco tempo reaes desse calibre.

    Como ajudar?

    Ao contrrio do que muitas pessoas acreditam, ajudar no fcil nem intuitivo, para ajudar necessrio estar preparado, se possvel, treinado, dizer aquilo que se julga ser bom e eficaz pode vir a ser destrutivo. As pessoas no so todas iguais, as circunstncias variam, os valores mudam, as crenas so adquiridas ou perdidas, por isso, para se

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradaajudar uma pessoa que quer morrer assunto para pessoas bem informadas e bem formadas, do contrrio melhor no falar nada. a em suicdio uma pessoa solitria, ela pode estar no meio de uma grande multido ou de uma grande famlia mas sente-se s. Antes da primeira tentativa ela tenta se comunicar mas considerada inconveniente, sem tato, chata e tende a ser isolada e rejeitada pelas pessoas, passa a ser alvo de fofocas que no perdoam o sofrimento alheio. Outras vezes a pessoa no consegue deixar claro seu sofrimento e sua angstia, logo a tentativa ou a consumao do suicdio pode ser uma tentativa de comunicao. Por outro lado existe as pessoas com transtorno histrinico de personalidade, essas so manipuladoras e usam as ameaas contra prpria integridade como forma de manipular os parentes, no possvel manipular os mdicos porque esses sempre internaro as pessoas acometidas por algum fator de risco que ameaam se matar, mas os parente esto sujeitos s manipulaes. Essa situao extremamente difcil de se lidar, no sendo possvel estabelecer regras nem condutas pr-definidas. A conteno da manipulao por ameaas de suicdio exige muito frieza por parte de quem houve, prudncia, preparo, pacincia e possibilidade de agir com rapidez se necessrio.

    O gesto suicida no surge repentinamente, se ocorre repentinamente porque a pessoa estava nos anos ou meses anteriores escondendo todo seu sofrimento. Uma pessoa sempre solcita e sorridente no trabalho no por ser descartada como um potencial suicida, pode surpreender quem est ao lado, mas isso significa apenas que conseguiu encobrir muito bem todo seu sofrimento. Uma pessoa sem o preparo especial pode oferecer compreenso (os ouvidos e um olhar atento) e o calor humano (interessar-se pessoalmente e dispor-se a procurar meios de ajudar). A compreenso sempre incondicional nessas situaes, no se pode querer que a pessoa pense ou acredite como quem ouve, talvez e quase sempre ser, ela ter valores e crenas distintos ou talvez nenhuma crena ou valor. A atittude de quem quer ajudar deve ser: "no imagino o que voc est passando, mas estou disposto a estar ao seu lado para tudo que me pedir, exceto para ajudar a morrer".

    O que fazer ?

    1. Ser voc mesmo 2. Fazer com que a pessoa se sinta acolhida por voc 3. Relacionar-se com a pessoa no apenas com o problema 4. Oferea toda sua ateno e mostre-se disponvel 5. Facilite o desabafo

    O que no fazer.

    1. Subestimar ou desvalorizar as preocupaes apresentadas. 2. Impor conselhos. 3. Emitir opinies ou julgamentos. 4. Ser paternalista. 5. Fazer promessas que no podem ser cumpridas. 6. Falsas esperanas como :"amanh estar tudo melhor".

    TENSO PR-MENSTRUAL

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    Sndrome Disfrica e Transtorno Disfrico Pr-Menstrual

    A Organizao Mundial de Sade ainda no reconheceu a tenso pr-menstrual como uma entidade patolgica; enquanto isso a classificao norte americana j diferencia Sndrome pr-menstrual (Premenstrual Syndrome) da Desordem Disfrica Pr-Menstrual (Premenstrual Dysphoric Disorder). Esta deficincia, contudo, dever ser corrigida na 11 edio do Cdigo Internacional das Doenas.

    No restam muitas dvidas que existe um transtorno relacionado s fases do ciclo ovariano; quanto a serem dois distrbios no se tem tanta certeza. Est sendo discutido e estudado se a Sndrome P-M e a Desordem Disfrica P-M so a mesma coisa, provavelmente sim. Qual a diferena entre elas? A Sndrome P-M refere-se s variaes fsicas e do humor nas mulheres. Surge uma a duas semanas antes da menstruao e desaparece no fim do fluxo menstrual. Este transtorno tratado pelos ginecologistas. A Desordem Disfrica P-M no apresenta necessariamente a sintomatologia fsica enquanto a alterao do humor grave o suficiente para interferir nas atividades rotineiras ou trabalhistas. Trataremos aqui como uma s doena pelo nome mais comum em nosso meio: Tenso Pr-Menstrual (TPM).

    A TPM comum?

    Aproximadamente 80% das mulheres em fase reprodutiva apresentam sintomas na fase pr-menstrual, sendo que apenas 3 a 5% de forma grave a ponto de impedir a rotina ou o trabalho. Seu incio ocorre em mdia aos 26 anos de idade e tende a piorar com o tempo. As mulheres mais sujeitas a este problema so aquelas que sofrem de algum problema depressivo ou possuem algum parente com problemas de humor. As mulheres que tiveram depresso ps-parto (uma condio considerada benigna) tambm esto mais sujeitas.

    Principais Sintomas

    Psicolgicos: Irritabilidade, nervosismo, descontrole das aes ou emoes, agitao, raiva, insnia, dificuldade de concentrao, letargia (lentificao para fazer as coisas), depresso, sensao de cansao, ansiedade, confuso, esquecimento freqente, baixa auto-estima, parania, hipersensibilidade emocional, ataques de choro.Gastrintestinais. Dores abdominais, inchao, constipao, nusea, vmitos, sensao de peso ou presso na pelve.

    Dermatolgicos:Acne, inflamaes na pele com coceira, agravamento de problemas dermatolgicos preexistentes.

    Neurolgicos: Dores de cabea, tonteira, desmaios, entorpecimento, irritabilidade, sensao de zumbido, machucar-se facilmente, contraes musculares, palpitaes, descoordenao dos movimentos Outros: Aumento da reteno de lquido causando

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradasudorese fcil, intumescimento das mamas, e ganho de peso peridico, diminuio do volume da urina (o que contribui para a reteno de lquido). Aumento da predisposio a alergias e gripes, alteraes visuais (talvez devido a reteno de lquidos), conjuntivites (no necessariamente infecciosa), palpitaes do corao, dores menstruais, diminuio da libido (desejo sexual), mudanas no apetite (para mais ou para menos), ondas de calor.

    O que pode ser confundido com a TPM?

    Causas psiquitricas da Depresso, Distimia, Ansiedade Generalizada, Transtorno do Pnico, Transtorno Bipolar. Causas mdicas Anemia, Distrbios autoimune, hipotireoidismo, diabetes, epilepsia, endometriose, sndrome da fadiga crnica, doenas do colgeno.

    Quais so as causas da TPM?

    A causa no conhecida, mas pelas caractersticas est relacionada elevao do estrognio na fase pr-menstrual ou a queda da progesterona. Contudo, esses dois fatores no so os nicos envolvidos: esses hormnios podem afetar as neurotransmisses e a ento causar os sintomas psiquitricos. Pode tambm afetar os receptores fora do Sistema Nervoso Central provocando os diversos outros sintomas.

    Como se identifica a TPM?

    Durante o intervalo de 12 meses a mulher dever ter apresentado na maioria dos ciclos pelo menos cinco dos sintomas abaixo:

    Humor deprimido Raiva ou irritabilidade Dificuldade de concentrao Falta de interesse pelo que se costuma gostar Aumento do apetite Insnia ou hipersonia Sensao de falta de controle sobre si mesmo Algum sintoma corporal

    Como se Trata a TPM?

    Com modificao na dieta, aumentando-se a quantidade de protenas e diminuindo o acar, o sal, o caf e o lcool. Fazendo exerccios regularmente, evitando o estresse, suplementando a dieta com vitamina B6, clcio e magnsio.

    As alternativas medicamentosas so com contraceptivos orais e com antidepressivos inibidores da recaptao da serotonina. Recentemente a FDA (Food and Drug Administration) autorizou o uso da fluoxetina para o tratamento da TPM nos EUA.

    ALCOOLISMO E DEPRESSO

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvorada

    O que ? O alcoolismo o conjunto de problemas relacionados ao consumo excessivo e prolongado do lcool; entendido como o vcio de ingesto excessiva e regular de bebidas alcolicas, e todas as conseqncias decorrentes. O alcoolismo , portanto, um conjunto de diagnsticos. Dentro do alcoolismo existe a dependncia, a abstinncia, o abuso (uso excessivo, porm no continuado), intoxicao por lcool (embriaguez). Sndromes amnstica (perdas restritas de memria), demencial, alucinatria, delirante, de humor. Distrbios de ansiedade, sexuais, do sono e distrbios inespecficos. Por fim o delirium tremens, que pode ser fatal.

    O alcoolismo um termo genrico que indica algum problema, mas medicamente para maior preciso, necessrio apontar qual ou quais distrbios esto presentes, pois geralmente h mais de um.

    O fenmeno da Dependncia (Addiction)

    O comportamento de repetio obedece a dois mecanismos bsicos no patolgicos: o reforo positivo e o reforo negativo. O reforo positivo refere-se ao comportamento de busca do prazer: quando algo agradvel a pessoa busca os mesmos estmulos para obter a mesma satisfao. O reforo negativo refere-se ao comportamento de evitao de dor ou desprazer. Quando algo desagradvel a pessoa procura os mesmos meios para evitar a dor ou desprazer, causados numa dada circunstncia. A fixao de uma pessoa no comportamento de busca do lcool, obedece a esses dois mecanismos acima apresentados.

    No comeo a busca pelo prazer que a bebida proporciona. Depois de um perodo, quando a pessoa no alcana mais o prazer anteriormente obtido, no consegue mais parar porque sempre que isso tentado surgem os sintomas desagradveis da abstinncia, e para evit-los a pessoa mantm o uso do lcool. Os reforos positivo e negativo so mecanismos ou recursos normais que permitem s pessoas se adaptarem ao seu ambiente.

    As medicaes hoje em uso atuam sobre essas fases: a naltrexona inibe o prazer dado pelo lcool, inibindo o reforo positivo; o acamprosato diminui o mal estar causado pela abstinncia, inibindo o reforo negativo. Provavelmente, dentro de pouco tempo, teremos estudos avaliando o benefcio trazido pela combinao dessas duas medicaes para os dependentes de lcool que no obtiveram resultados satisfatrios com cada uma isoladamente.

    Tolerncia e Dependncia

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - AlvoradaA tolerncia e a dependncia ao lcool so dois eventos distintos e indissociveis. A tolerncia a necessidade de doses maiores de lcool para a manuteno do efeito de embriaguez obtido nas primeiras doses. Se no comeo uma dose de usque era suficiente para uma leve sensao de tranqilidade, depois de duas semanas (por exemplo) so necessrias duas doses para o mesmo efeito. Nessa situao se diz que o indivduo est desenvolvendo tolerncia ao lcool. Normalmente, medida que se eleva a dose da bebida alcolica para se contornar a tolerncia, ela volta em doses cada vez mais altas. Aos poucos, cinco doses de usque podem se tornar incuas para o indivduo que antes se embriagava com uma dose. Na prtica no se observa uma total tolerncia, mas de forma parcial. Um indivduo que antes se embriagava com uma dose de usque e passa a ter uma leve embriaguez com trs doses est tolerante apesar de ter algum grau de embriaguez. O alcolatra no pode dizer que no est tolerante ao lcool por apresentar sistematicamente um certo grau de embriaguez.

    O critrio no a ausncia ou presena de embriaguez, mas a perda relativa do efeito da bebida. A tolerncia ocorre antes da dependncia. Os primeiros indcios de tolerncia no significam, necessariamente, dependncia, mas o sinal claro de que a dependncia no est longe. A dependncia simultnea tolerncia. A dependncia ser tanto mais intensa quanto mais intenso for o grau de tolerncia ao lcool. Dizemos que a pessoa tornou-se dependente do lcool quando ela no tem mais foras por si prpria de interromper ou diminuir o uso do lcool.

    O alcolatra de "primeira viagem" sempre tem a impresso de que pode parar quando quiser e afirma: "quando eu quiser, eu paro". Essa frase geralmente encobre o alcoolismo incipiente e resistente; resistente porque o paciente nega qualquer problema relacionado ao lcool, mesmo que os outros no acreditem, ele prprio acredita na iluso que criou. A negao do prprio alcoolismo, quando ele no evidente ou est comeando, uma forma de defesa da auto-imagem (aquilo que a pessoa pensa de si mesma).

    O alcoolismo, como qualquer diagnstico psiquitrico, estigmatizante. Fazer com que uma pessoa reconhea o prprio estado de dependncia alcolica, exigir dela uma forte quebra da auto-imagem e conseqentemente da auto-estima. Com a auto-estima enfraquecida a pessoa j no tem a mesma disposio para viver e, portanto, lutar contra a prpria doena. uma situao paradoxal para a qual no se obteve uma soluo satisfatria. Depender da arte de conduzir cada caso particularmente, depender da habilidade de cada psiquiatra.

    Aspectos Gerais do Alcoolismo

    Identificao precoce do alcoolismo geralmente prejudicada pela negao dos pacientes quanto a sua condio de alcolatras. Alm disso, nos estgios iniciais mais difcil fazer o diagnstico, pois os limites entre o uso "social" e a dependncia nem sempre so claros. Quando o diagnstico evidente e o paciente concorda em se tratar porque j se passou muito tempo, e diversos prejuzos foram sofridos. mais difcil de se reverter o processo. Como a maioria dos diagnsticos mentais, o alcoolismo possui um forte estigma social, e os usurios tendem a evitar esse estigma. Esta defesa natural para a preservao da auto-estima acaba trazendo atrasos na interveno teraputica. Para se iniciar um tratamento para o alcoolismo necessrio que o paciente preserve em nveis elevados sua auto-estima sem, contudo, negar sua condio de alcolatra, fato muito difcil de se conseguir na prtica. O profissional deve estar atento a qualquer modificao

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  • Psico-Neuro-Fisiologia profa. Vera Maria de Carvalho - Alvoradado comportamento dos pacientes no seguinte sentido: falta de dilogo com o cnjuge, freqentes exploses temperamentais com manifestao de raiva, atitudes hostis, perda do interesse na relao conjugal.

    O lcool pode ser procurado tanto para ficar sexualmente desinibido como para evitar a vida sexual. No trabalho os c