• LEI DE BRADFORD: UMA REFORMULAÇÃO CONCEITUAL*

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LEI DE BRADFORD: UMA REFORMULAÇÃO CONCEITUAL* Lena Vânia Ribeiro Pinheiro Chefe do Centro de Informação em Ciência da Informação - CCI/IBICT RESUMO A lei de Bradford, mesmo com reformulações de outros autores, não corresponde, ainda, à realidade do comportamento da literatura científica. Pretende-se alterar a parte conceituai, independentemente de sua representação matemática e gráfica, para modificar um dos aspectos da formulação teórica. Introduz-se o conceito de produtividade relativa e compara-se com o de produtividade absoluta, mostrando-se as alterações ocorridas. Confirma-se a hipótese de que o núcleo de periódicos não é formado pelos mais devotados, e sim pelos mais produtivos num determinado tempo. Ressalta-se as conseqüências das distorções da lei, sobretudo para a política de aquisição. Descritores: Lei de Bradford; Bibliometria; Produtividade de periódicos; Análise bibliométrica. 1 - INTRODUÇÃO O Homem sempre foi movido pela curiosidade, ânsia e necessidade de conhecer e dominar a natureza. Nesse sentido, a Ciência é quase tão antiga quanto o próprio Homem, embora, nos seus aspectos formais, seja mais recente. A imprensa do tipo móvel surgiu aproximadamente em 1450. O periódico científico data do século XVII, mas só a partir da U Guerra Mundial, com a explosão bibliográfica e, na década de 60, através de estudos de Ciência da Informação, vem sendo objeto sistemático de pesquisa, no campo da comunicação científica. A comunicação na Ciência integra essa "nova disciplina científica que estuda a estrutura e propriedade da informação científica, bem como as regularidades de atividades de informação científica, sua teoria, história, métodos e organização" 1 . A existência e o exercício da Ciência estão condicionados à sua função social, que pressupõe a comunicação ou o "conhecimento público" 2 . * Síntese da dissertação aprovada pela UFRJ/IBICT para obtenção do grau de Mestre em Ciência da Informação, em abril de 1982. Orientadora :Gilda Braga, PhD. Cientistas das mais diversas áreas têm reconhecido, talvez mais de forma implícita, a necessidade de a Ciência ser comunicada. O fluxo da informação, o comportamento da comunidade científica, os canais de comunicação, principalmente o periódico, tudo isso é parte integrante da Ciência e tão importante quanto as pesquisas que se constituem em novas descobertas. A Ciência da Informação é, pois, preocupação, também, da Sociologia da Ciência, Filosofia da Ciência, Ciência da Ciência, Política científica, etc. A Ciência, que utiliza canais de comunicação informais, seminformais e formais 3 consolida o seu processo de comunicação na fase impressa, uma vez que "é a reunião de fatos, teorias e métodos reunidos nos textos atuais" 4 . Na verdade o cientista alimenta, é constantemente alimentado e retroalimentado, num ciclo ininterrupto de informações. Ziman 5 admite que uma das mais importantes descobertas de sua tese sobre a natureza da Ciência foi a de que "a literatura sobre determinado assunto é tão importante quanto o trabalho de pesquisa a que ele dá origem". Ci. Inf., Brasília, 12(2): 59-80, jul./dez. 1983. 59

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• LEI DE BRADFORD: UMAREFORMULAÇÃOCONCEITUAL*

Lena Vânia Ribeiro PinheiroChefe do Centro de Informação emCiência da Informação - CCI/IBICT

RESUMO

A lei de Bradford, mesmo com reformulações deoutros autores, não corresponde, ainda, à realidadedo comportamento da literatura científica.Pretende-se alterar a parte conceituai,independentemente de sua representação matemáticae gráfica, para modificar um dos aspectos daformulação teórica. Introduz-se o conceito deprodutividade relativa e compara-se com o deprodutividade absoluta, mostrando-se as alteraçõesocorridas. Confirma-se a hipótese de que o núcleo deperiódicos não é formado pelos mais devotados, esim pelos mais produtivos num determinado tempo.Ressalta-se as conseqüências das distorções da lei,sobretudo para a política de aquisição.

Descritores: Lei de Bradford; Bibliometria;Produtividade de periódicos; Análise bibliométrica.

1 - INTRODUÇÃO

O Homem sempre foi movido pela curiosidade, ânsiae necessidade de conhecer e dominar a natureza.Nesse sentido, a Ciência é quase tão antiga quanto opróprio Homem, embora, nos seus aspectos formais,seja mais recente. A imprensa do tipo móvel surgiuaproximadamente em 1450. O periódico científicodata do século XVII, mas só a partir da U GuerraMundial, com a explosão bibliográfica e, na década de60, através de estudos de Ciência da Informação, vemsendo objeto sistemático de pesquisa, no campo dacomunicação científica.

A comunicação na Ciência integra essa "novadisciplina científica que estuda a estrutura epropriedade da informação científica, bem como asregularidades de atividades de informação científica,sua teoria, história, métodos e organização"1.

A existência e o exercício da Ciência estãocondicionados à sua função social, que pressupõe acomunicação ou o "conhecimento público"2.

* Síntese da dissertação aprovada pela UFRJ/IBICT paraobtenção do grau de Mestre em Ciência da Informação, emabril de 1982. Orientadora :Gilda Braga, PhD.

Cientistas das mais diversas áreas têm reconhecido,talvez mais de forma implícita, a necessidade de aCiência ser comunicada. O fluxo da informação, ocomportamento da comunidade científica, os canaisde comunicação, principalmente o periódico, tudoisso é parte integrante da Ciência e tão importantequanto as pesquisas que se constituem em novasdescobertas. A Ciência da Informação é, pois,preocupação, também, da Sociologia da Ciência,Filosofia da Ciência, Ciência da Ciência, Políticacientífica, etc.

A Ciência, que utiliza canais de comunicaçãoinformais, seminformais e formais3 consolida o seuprocesso de comunicação na fase impressa, uma vezque "é a reunião de fatos, teorias e métodos reunidosnos textos atuais"4. Na verdade o cientista alimenta,é constantemente alimentado e retroalimentado, numciclo ininterrupto de informações.

Ziman5 admite que uma das mais importantesdescobertas de sua tese sobre a natureza da Ciênciafoi a de que "a literatura sobre determinado assuntoé tão importante quanto o trabalho de pesquisa a queele dá origem".

Ci. Inf., Brasília, 12(2): 59-80, jul./dez. 1983. 59

Lei de Bradford: uma reformulação conceituaiLena Vânia Ribeiro Pinheiro

Entre os fatos que são geralmente associados aomomento em que um grupo aceita, pela primeira vez,um paradigma único, Kuhn4 inclui "a criação derevistas especializadas, a fundação de sociedades deespecialistas e a reivindicação de um lugar especial noscurrículos de estudo".

Ziman5, embora sem atribuir às sociedades científicasa mesma importância, afirma que "o carimbo deaprovação de uma nova disciplina é o aparecimentode uma revista especialmente dedicada aos interessesde seus expoentes". Foram as sociedades científicas,entretanto, que deram origem aos primeirosperiódicos6, inicialmente divulgadores de reuniões,daí a permanência de certos títulos como "anais".Ele é mais contundente quando afirma que "as únicasinstituições da comunidade científica que têm forçae uma base sólida são as suas revistas especializadas".

Ao se estudar artigos de periódicos, que são o objetode investigação deste trabalho, na realidade está seanalisando a literatura de uma Ciência, isto é, o seuproduto formalizado. Como tal, o periódico é"reflexo" da Ciência e através dele talvez se possaaquilatar o estágio de desenvolvimento dessaCiência, ainda que se desconheça a natureza e adistorção desse "reflexo".

A Ciência da Informação compreende algumas leisempíricas que formam um conjunto ao qual se dá onome de Bibliometria. Embora a Ciência daInformação seja recente e considerada ainda"disciplina emergente"7, a Bibliometria a antecedecomo preocupação mais antiga dentro das análisesdocumentais, não exatamente com o enfoque de hoje,mas relacionada à contagem de livros.

Otlet8 mencionou, em 1934, Bibliometria como "aparte definida da bibliologia que se ocupa da medidaou quantidade aplicada aos livros". No entanto,atribui-se a Pritchard9, em 1969, a criação do termo"bibliometria", utilizado para descrever "todos osestudos que buscam quantificar os processos decomunicação escrita", definindo-a mais amplamentecomo "a aplicação de métodos matemáticos para livrose outros meios de comunicação".

Os métodos bibliométricos podem ser estáticos edinâmicos10. Os estáticos medem, num determinadoperíodo de tempo, o tamanho e a distribuição dosparâmetros da literatura (autores, títulos,documentos, periódicos, etc.). Os métodos dinâmicossão utilizados para medir, no tempo, o crescimento ea taxa de variação dos mesmos parâmetros.

Entre as principais leis da Bibliometria estão a deZipf (freqüência de palavras), Lotka (produtividadede autores) e, a mais conhecida, de Bradford(produtividade de periódicos), todas três consideradasestáticas.

Duas variáveis são encontradas nos padrões dedistribuição das leis bibliométricas: uma, referente aoconjunto de produtores (autores, periódicos), outra,correspondente a um conjunto de produtos(documentos, citações). Dessa relação deriva umfenômeno conhecido como processo elitista ouprincípio Mateus na Ciência, isto é, poucos periódicosou autores altamente produtivos e muitos de baixaprodutividade.

Narin10, na sua revisão de literatura sobreBibliometria, de 1977, inclui 132 trabalhos, o quecomprova o interesse despertado pelo assunto nosúltimos anos. O âmbito desses estudos vai desde atécnica propriamente dita, aos tipos de dadosanalisados, propriedades de distribuição e aplicaçãona Ciência da Informação, Biblioteconomia,Documentação e outras áreas.

A análise bibliométrica tem sido, pela suacomplexidade, muito discutida e ainda écontrovertida11. Nos quase 50 anos que decorreramde seu aparecimento, a lei de Bradford foi objeto depesquisa nos mais diversos campos, com resultadosque nem sempre a confirmam.

A lei de Bradford, como toda lei, em qualquer Ciênciaou ramo do conhecimento, desempenha funçãoprópria, ao mesmo tempo de consolidação e denatureza revolucionária. Aplica, também, métodosestatísticos cujo conteúdo essencial é ter" (...) muitasaplicações que divergem uma das outras nopormenor da aplicação. Mas o pensamento subjacenteé o mesmo".12

Leis ou paradigmas, termos estreitamenterelacionados à "ciência normal", são realizaçõescientíficas que partilham, de acordo com Kuhn4,de duas características: são "realizações que foramsuficientemente sem precedentes para atrair um grupoduradouro de partidários, afastando-os de outrasformas de atividade científica dissimilares" e são,simultaneamente, bastante "abertas para deixar todaa espécie de problemas para serem resolvidos pelogrupo redefinido de praticantes da ciência". A escolhado termo paradigma se justifica porque "algunsexemplos incluem, ao mesmo tempo, lei, teoria,aplícação e instrumentação — proporcionam modelos

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dos quais brotam as tradições coerentes e específicasda pesquisa científica". Paradigmas são "realizaçõescientíficas universalmente reconhecidas que, durantealgum tempo, fornecem problemas e soluçõesmodelares para uma comunidade de praticantesde uma ciência".

Desta forma, se essas leis são modelos, por certotempo, não são definitivas e podem ser reformuladas,tanto que Bronowski13 ressalta que "existe em cadalei uma limitação que não contém a palavra sempre",acrescentando: "a ciência moderna avança em direçãoa esse método. Não usa outro princípio além do daprecisão com a máxima segurança possível, mas nãomais do que a possível. Isto é, idealiza o futuro desdeo início, não como completamente determinado, mascomo determinado dentro de uma área definida deincerteza".

Uma das funções das leis é a sua generalidade. Apartir de uma "situação problemática" o resultadode qualquer pesquisa científica enquanto particularé apenas um fato. Mas essa generalização, encaradano passado de forma diferente, mudou e "a atualmaneira de ver afirma que as leis podem serreconstituídas".12 Essa reconstrução é abrangenteporque "em verdade, a reformulação de uma lei nãose restringe, absolutamente, a termos de observação:•'descreve'' o futuro, tanto quanto o passado e opresente, se é possível utilizar a expressão nestesentido e, porque é condicionado em sua forma'descreve' algo que talvez jamais ocorra".12 Odinamismo, próprio do conhecimento, caracterizatambém a Ciência e, conseqüentemente, "na medidaem que o conhecimento cresce, as leis sãoprogressivamente alteradas e, com freqüência,substituídas por completo".12

Da mesma forma, as leis estão presentes em todo oprocesso da pesquisa e não apenas na conclusão. Deacordo com Schriven14, não se usam leis como regrasa que devem ser submetidas as situações particulares,mas sim como pontos "a partir dos quais cabeexaminar eventos no interesse dos não-conformistas,cabe examinar as preciosas exceções".

Para Kaplan12 "todo uso efetivo de uma lei científicase faz em contexto determinado, no qual a lei aparecepresa a toda uma rede de proposições que ajudam afixar seu conteúdo relativamente aquele uso".

As leis são importantes nas suas relações com outrasleis porque "o conteúdo de uma lei científicadepende não somente do contexto em que é aplicado,mas de todo o sistema de leis que a ele se associa".12

Da mesma forma, para Duhem15, "a aplicação de umalei à realidade concreta exige que todo um grupo deleis seja reconhecido e aceito, pois "as leis, como osconceitos, têm um significado sistemático; tal comoos conceitos implicam leis, as leis implicam teorias".

Por essas inter-relações e abrangência, as leis formamum sistema que, por sua vez, atua e influencia umuniverso científico maior. Então, o estudo de uma leibibliornétrica como, por exemplo, a de Bradford,afeta a Bibliometria no seu todo, a Ciência daInformação e, mais especificamente, a área em queestiver sendo aplicada.

"O conteúdo da lei depende, antes de tudo," doconjunto que pode ser chamado de "campo da lei" ou"universo do discurso".12 O campo da lei, nestetrabalho, é a literatura de Ciência da Informação ou,mais exatamente, Classificação. A lei de Bradfordrepresenta uma relação constante de fenômenos nocontexto teórico da Ciência da Informação e, sendoutilizada para avaliação de serviços de indexação eresumo, bibliografias e na política de aquisição, afetanão somente o seu significado como lei, mas atingea Ciência da Informação. Nesta disciplina, se foramultrapassadas as meras discussões terminológicas,permanecem ainda as dúvidas sobre o seu âmbito e asacusações de fragilidade teórica.

O objetivo deste estudo é mostrar que a lei deBradford, tal como é formulada — mesmoconsiderando-se reformulações de estudos posterioresá lei — não corresponde à realidade docomportamento da literatura científica.

No ponto de vista metodológico, o que se pretendesaber é o quanto a lei de Bradford aproxima-se darealidade, ou como "enunciados gerais são levados aaproximar-se mais estreitamente do status de lei.14

Essa aproximação pode ser feita, segundo Kaplan12,por dois meios: o primeiro, "epistemológico", queafeta diretamente a verdade do enunciado, que agorase afirma estar mais perto da verdade do que estavaantes"; o segundo é a "aproximação semântica,afetando diretamente o significado do enunciado e,só por essa via, a sua verdade". A aproximaçãosemântica não é tanto a substituição de umsignificado por outro, como o fechamento do'mesmo' significado".

Neste trabalho procura-se modificar um dosaspectos da formulação teórica da lei de Bradford.Visa-se, portanto, a alterar a lei na sua parteconceituai, independentemente de sua representaçãomatemática, curvas e gráficos.

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A reformulação parcial da lei atingirá não somente olado epistemolõgico, uma vez que a aproximará maisda verdade, como também o semântico, porquemodificará o seu significado o que, neste caso, talveznão implique num "fechamento".

As alterações em leis são comuns e podem ser,mesmo, uma característica não somente das leis comoda própria Ciência.

Ao se discutir a lei de Bradford, coloca-se em questãotambém o canal formal mais importante nacomunicação científica, o periódico, ainda que numasubárea específica da Ciência da Informação, assimcomo a função social da Ciência, o seu exercíciocondicionado à comunicação ou divulgação daliteratura científica, a necessidade do que Ziman2

chamou de "conhecimento público". Também aCiência da Informação é, conseqüentemente,questionada sua teoria, limites e a própriacientificidade, não somente porque as revistasespecializadas são um dos indicadores da aprovaçãode uma nova disciplina, mas sobretudo porque é o"campo da lei" ou "universo do discurso".

2 - A LEI DE BRADFORD

Bradford "apresentou um trabalho pioneiro, emjaneiro de 1934, contendo as suas observações sobre adispersão de artigos de periódicos, sintetizadas em1948, passando ao status de lei.

Esta mesma lei foi retomada por Bradford, no seulivro Documentação16, no capítulo a que chamou de"O caos documentário" e que trata de serviços deíndices e resumos.

O ponto de partida de Bradford para a formulação desua lei foi um fato considerado "inquietante" por ele:"menos da metade dos documentos científicos úteispublicados são resumidos nos periódicos secundáriose que mais da metade das descobertas e invençõesúteis são registradas apenas para permanecerem semutilização e despercebidas nas estantes da biblioteca".

A sua preocupação inicial era, portanto, com osserviços de índices e resumos que apresentavam falhaspor dispersão, duplicação de referências e omissão dedeterminados tipos de documentos.

Bradford centralizou a sua pesquisa na dispersão, istoé, na extensão com que artigos especializados são

divulgados em periódicos devotados*a assuntoscompletamente diferentes.

Ele formulou a lei teoricamente e na prática, em duasáreas: Geofísica aplicada e Lubrificacão.Fundamentou o seu trabalho no princípio de unidadeda Ciência, pelo qual todo assunto científicorelaciona-se, mais ou menos remotamente, comoutro assunto científico qualquer. Assim, os artigosespecializados aparecem não somente nos periódicosde sua especialidade mas, ocasionalmente, em outros.

Conseqüentemente, pode-se ordenar revistas**segundo zonas de produtividade decrescente dedocumentos sobre um determinado assunto e onúmero de revistas em cada zona aumentará namedida em que a produtividade diminuir.

Pelo enunciado da lei: "se os periódicos foremordenados em ordem de produtividade decrescentede artigos sobre um determinado assunto, poderão serdistribuídos num núcleo de periódicos maisparticularmente devotados a esse assunto e emdiversos grupos ou zonas contendo o mesmo númerode artigos que o núcleo, sempre que o número deperiódicos e das zonas sucessivas for igual a1:n:n2.

Bradford originalmente encontrou três zonas deprodutividade e utilizou um gráfico semi-logarítmicopara ilustrar a lei, cuja curva tem a forma de "S" e éconhecida como gráfico "Bradford-Zipf".***

Bradford16 definiu e estabeleceu limites para aprodutividade de periódicos:

a) aqueles que produzem mais de quatro referênciaspor ano;

b) os que produzem mais de uma e não mais doque quatro referências, anualmente; e

* Este primeiro documento foi publicado no fascículo26, páginas 85 e 86 do periódico Engineering, sob o títulode Sources of Information on scientific subjects.

* "Devotados", "dedicados" e "especializados" sãotermos utilizados como sinônimos, neste estudo segundo aterminologia adotada por cada autor.

** Neste trabalho, periódicos e revistas são consideradossinônimos.

*** Zipf era lingüista, realizou pesquisas sobre a fala e aescrita e enunciou o "princípio do menor esforço",relacionado ao comportamento humano. Em ciência daInformação formulou uma lei bibliométrica, com base nafreqüência de palavras num texto "suficientemente longo",conhecida como lei de Zipf.

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c) os periódicos que produzem uma referência ou menos por ano.

Na divisão de Bradford as revistas da terceira categoria, designada C, são pouco significativas para o assunto, por estarem ligadas ao mesmo "muito remotamente”16

A formulação gráfica original da lei de Bradford é reproduzida abaixo:

De acordo com Bradford, a parte inicial correspondente à concentração, restrição de Bradford (zona A); a do meio, de produtividade média, é a componente de Zipf (zona B) e a terceira (zona C), compreende os periódicos de baixa produtividade — de dispersão e queda de Groos, atribuída, por alguns autores, à bibliografia não estar completa e, segundo Braga17, causada pela maturidade científica.

Depois da formulação da lei de Bradford, muitos têm sido os pesquisadores que a aplicaram nas mais diversas áreas do conhecimento humano, alguns interpretando-a de forma diferente, outros comprovando-a ou contestando-a. Na verdade tem sido, sempre, um assunto polémico.

Vickery18, por exemplo, foi o primeiro a verificar a possibilidade do número de zonas ser aumentado.

Goffman e Warren19 a aplicaram em Medicina e a sua comprovação levou à possibilidade de generalização para a literatura médica. Esses autores passaram a adotar a divisão das zonas no número máximo.

De todos esses pesquisadores, foi Brookes20 quem, apesar de sua posição crítica em relação à lei, mostrando a sua fragilidade teórica e as interpretações em desacordo com Bradford, reconheceu que: "é o único meio disponível para racionalização e maior economia no planejamento e organização de sistemas de informação e serviços de bibliotecas, reduzindo a desordem quantitativa da documentação científica".

Gilchrist21 e Saracevic22, 23 aplicaram a lei de Bradford em Ciência da Informação, chegando a importantes conclusões sobre a área.

De um modo geral, os pesquisadores apontam a existência de ambiguidade, de disparidade, de incoerência entre a formulação teórica e a aplicação prática. Tanto que, na sua revisão, Drott24 separa os aspectos empíricos dos teóricos e afirma que nenhuma das variáveis próprias da situação empírica tem sido relacionada ao modelo teórico, mostrando a necessidade de maior número de estudos sobre a lei de Bradford.

E são exatamente essas variáveis, até o momento não relacionadas ao modelo teórico, como, por exemplo, a periodicidade e o número de lançamento, incluídos por fascículo, que vão aqui ser consideradas, partindo-se da tese de doutorado de Braga10, na qual a autora chama a atenção, pela primeira vez, para o fato de que os periódicos do topo da literatura de um assunto podem não ser os "mais devotados", e sim os mais "prolíficos".

Considerando-se que:

a) os serviços de indexação e resumos, bibliografias etc., utilizados, em geral, na coleta de dados para a aplicação da lei de Bradford, sofrem a influência de variáveis, tais como, a lacuna de tempo para indexação, as barreiras linguísticas e o tipo de material bibliográfico incluído;

b) as fontes bibliográficas secundárias são, também, afetadas pela subjetividade da noção de relevância, estreitamente ligada ao fluxo de informação (produtor/intermediário/usuário) e seu processo de transferência, uso e absorção;

c) a política editorial e o sistema de avaliação de periódicos são fatores determinantes na seleção dos artigos para publicação;

d) a periodicidade, o número de páginas, o formato, a extensão dos artigos, etc., são variáveis que interferem na produtividade dos periódicos;

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é levantada a seguinte hipótese:

O núcleo de periódicos determinado pela lei deBradford não corresponde ao dos "maisparticularmente devotados ao assunto" e sim aosperiódicos mais produtivos em determinado períodode tempo.

3 - MATERIAL E MÉTODO

Material e método são descritos juntos porque foramdesenvolvidos simultaneamente. Esta integração foide tal ordem que é mais coerente e adequado que sejamantida na elaboração do trabalho.

3.2 Área da assunto

O assunto escolhido foi classificação, por estar bemsedimentado e possuir terminologia melhorestabelecida, conforme verificado no levantamentono LISA. "Classificação" é uma área que estásuficientemente desenvolvida, a ponto de existiremperiódicos nessa especialização, como o InternationalClassification.

O conceito de "Classificação", adotado nestetrabalho, seguiu o estabelecido pelo LISA, com basenos descritores vinculados à "Classificação". Essaárea mostrou ser de fácil recuperação porque osdescritores têm seus limites fixados sem o usoexcessivo de "remissivas" e "referências".

3.1 Fonte para o levantamento do material

A fonte utilizada para a coleta de dados foi oLibrary and Information Science Abstracts - LISA25,iniciado em 1950 como Library Science Abstracts —LSA.

O LISA incluía, originalmente, periódicos novos mas,a partir de 1969, passou a indexar livros, relatórios,folhetos e outros documentos, embora os resumoscontinuassem a abranger principalmente artigos deperiódicos e documentos de reuniões. O LISA cobre,também, revistas em idiomas menos difundidos e,nesses casos, para minimizar as barreiras lingüísticas,apresenta, comumente, resumos em inglês e nalíngua original.*

O sistema de classificação adotado na publicação é odo Classification Research Group — CRG26, daLibrary Association (LA): A Classification of Libraryand Information Science.

A adoção de apenas uma fonte, o LISA, para olevantamento de artigos, visou também a preencherum dos requisitos da lei de Bradford — a sua aplicaçãoem assunto bem delimitado. Se cada periódico deresumos tem seu próprio critério para inclusão dematerial, a utilização de mais de uma fonte poderiacausar interferência na fixação dos limites do assunto.Essa restrição se impôs para que fosse mantida ahomogeneidade do material bibliográfico e para quese pudesse fazer uma análise mais profunda dasrevistas como canais de comunicação científica.

3.3 Artigos de periódicos

O instrumental básico escolhido para este trabalhoforam os artigos de periódicos. * Considerou-seartigos os documentos indexados pelo LISA queintegrassem periódicos e fossem da responsabilidadede um ou mais autores, pessoas físicas. Excluiu-setrabalhos sem atribuição de autoria, os emanados deentidades profissionais e científicas (pessoas jurídicas)e tabelas de classificação.

3.4 Período de tempo

O período de tempo levantado abrangeu cinco anos,isto é, de 1974 a 1978, para a data de publicação dosartigos, pretendendo-se, desta forma, atingir os maisrecentes.

Considerando-se a lacuna de tempo existente entre adivulgação de artigos de periódicos e a sua indexaçãoem fonte especializada, tomou-se a decisão deestender-se o levantamento no LISA até 1979, seisanos e, portanto, um ano a mais que o períododeterminado para este estudo.

O levantamento no LISA englobou 399 artigos deperiódicos, no período de seis anos, 1974-1979.

3.5 Identificação dos periódicos

A partir dos artigos levantados, identificou-se ostítulos dos periódicos, tendo-se a preocupação decaracterizar cada título como único.

* Os dados sobre o LISA foram extraídos da seguintefonte: Encyclopedia of Library and Information Science.New York, Marcel Dekker, 1975. v. 15.

* A lei de Bradford é válida também para monografias,livros etc. e tem utilidade até para analisa de literaturanão-científica, como musicologia computacional.PAO, M. L. Dispersion of a non-scientific literature.Proceadings of the ASIS, 15,260-63, 1978.

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Posteriormente à identificação dos periódicos foicalculado o número de artigos sobre Classificação,publicados pelas revistas, ano a ano, de 1974 a 1978.

Esses periódicos foram, a seguir, listados em ordemdecrescente de produtividade de artigos, nos cincoanos.

Tendo sido obedecidos os requisitos da lei,aplicou-se a lei de Bradford para verificação docomportamento da literatura de Classificação.

3.6 Produtividade de artigos

A produtividade de artigos foi medida em doisníveis: absoluto e relativo. A produtividade absolutacorresponde à totalidade de artigos sobreClassificação, publicados no periódico.

Para confirmar ou refutar a hipótese foi necessáriaa verificação da chamada produtividade relativa:a proporção entre o numero de artigos sobreClassificação (produtividade absoluta) e o total deartigos publicados pelo periódico, no período, emtodos os campos.

Definidas as produtividades foram desenvolvidasas seguintes etapas, quanto à primeira, absoluta:

— tabela clássica de Bradford;— zonas de produtividade;— multiplicador; e— ordem de série.

Na obtenção da tabela "clássica" de Bradford, osdados foram arranjados por ordem decrescente deprodutividade (Anexo A). A coluna P indica onúmero de periódicos e a coluna A refere-se àquantidade de artigos produzidos pelos mesmos.A coluna PA é o resultado da coluna P,multiplicado pela A, isto é, a produção total deperiódicos publicando X artigos. A coluna SPrepresenta o somatório da coluna P: o últimonumerai da coluna ZP (Sigma pê) indica, portanto, o númerototal de periódicos. A coluna ZP A é o somatóriode PA, ou seja, o último numerai da coluna ZPArepresenta o número total de artigos publicados(Anexo B).

De acordo com o procedimento da lei foramestabelecidas as zonas de produtividade, procurando-se obter o número máximo de zonas, no caso, oito.A primeira coluna. Z, corresponde às zonas, a segunda,A, ao número de artigos incluídos em cada zona,mantendo-se um equilíbrio, de modo que entre onúmero mínimo e máximo de artigos incluídos

numa zona não houvesse "grande" diferença* Acoluna P mostra o número de periódicos de cadazona necessários à produção de A artigos, tentando-se obter uma progressão geométrica entre as zonasda coluna anterior. A última coluna é a domultiplicador, obtida dividindo-se o número deperiódicos de uma zona pela anterior. O cálculo domultiplicador não considerou a primeira zona, oumelhor, a soma foi dividida por sete. Esteprocedimento é adotado por alguns autores. Outrospreferem incluir a primeira zona no cálculo domultiplicador (Anexo C).

A ordem de série27 compreende a ordenação em sériede periódicos, por produtividade decrescente. Aordem de série 1 representa o periódico que publicoumaior número de artigos; a ordem de série 2, o queestá em segundo lugar quanto à produtividade deartigos, e assim sucessivamente (Anexo D).

A verificação da produtividade relativa constou dasseguintes fases:

— seleção dos periódicos;— identificação e contagem do total de artigospublicados;— cálculo por interpelação e levantamento em fontessecundárias;— produtividade relativa; e— reordenação dos periódicos segundo aprodutividade relativa.

Dos 114 periódicos foram selecionados os de maiorfreqüência, considerando-se, assim, os que obtiveramaté freqüência 5, que também seguiram o arranjo deprodutividade decrescente. Foram excluídos os quenão publicaram pelo menos um artigo, anualmente,ou melhor, os que produziram 4,3,2 e 1 artigos,levando-se em consideração que a produtividade deperiódicos é uma variável discreta.** Esses periódicostotalizaram 25 títulos, 22%, portanto, do total de114 levantados e publicaram 232 artigos sobre oassunto, o que corresponde a mais da metade, ouseja, 58% da totalidade.

* Por analogia com outras áreas das Ciências Sociais,10% não é considerada "grande" diferença.BAILEY, K. D. Methods of social research. New York, FreePress; London, Collier Mcmillan, 1978. 478p.

** Ao contrário da variável contínua, a discreta élimitada, não admite aproximação ou grau de minúcia porqueentre qualquer par de números é impossível obter-se umoutro número.WALLIS, W. A. ROBERTS, H. V. Curso de estatísticaRio de Janeiro, Centro de Publicações Técnicas da Aliança,Missão Norte-Americana de Cooperação Econômica e Técnicano Brasil-USAID, 1964.

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Para a contagem de todos os artigos publicados(4.465) foi necessário o acesso físico a essas revistas,o que implicou, primeiramente, na sua localização,inclusive através do Catálogo Coletivo Nacional dePublicações Pediódicas - o CCN, do IBICT.(Anexo E).

Uma vez de posse dos fascículos ou de seus sumários,o problema foi identificar os artigos, entre osdiversos documentos publicados pelas revistas. Issofoi tanto mais difícil pelo fato dos periódicos nemsempre apresentarem uma seção própria de artigos,assim designada, ou quando, mesmo existente,não havia delimitação explícita entre os artigospropriamente ditos e trabalhos de outra natureza.Em princípio, acatou-se a seleção feita pelo periódico,através de seu sistema de avaliação (referee), desdeque em concordância com os critérios estabelecidosquando do levantamento de dados no LISA, paramanter coerência na coleta de dados.

Considerou-se artigos trabalhos apresentados emreuniões cientificas, palestras, discursos, conferências,trabalhos de estudantes e os integrantes de seçõesespeciais do tipo Progress in Documentation eOpinion paper, documentos de natureza biográfica,bibliográfica e histórica e artigos de revisão.

Para os periódicos não acessíveis e cujos sumários nãoforam conseguidos, o cálculo total foi obtido porinterpelação e por levantamento no LISA25 e noIREBI28 - índices de Revistas de Bibliotecologia.

Tomando-se por base a produtividade relativa foifeita a reordenação dos periódicos para mostrar asalterações entre os resultados da aplicação da tabela"clássica" de Bradford e os deste estudo (AnexosF e G).

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados são apresentados e discutidos na mesmaordem em que aparecem no item referente a materiale método, isto é, produtividade absoluta eprodutividade relativa, embora seja difícil tratá-lasde forma isolada.

4.1 Produtividade absoluta

A produtividade de artigos sobre Classificação podeser vista nos anexos A e B.

Conforme Bradford16 observou, o número deperiódicos muito produtivos é pequeno, os deprodutividade média são em maior número e maisnumerosos ainda são os pouco produtivos ou de

"produtividade constantemente decrescente".Bradford designou estas três classes de A, B e C, jámencionadas.

A conclusão geral de Bradford é de que "grandenúmero de artigos é produzido por periódicos quea priori se julgariam incapazes de fazê-lo".

Dois periódicos produziram 50 artigos, o que mostraa sua alta produtividade: o International LibraryClassification e o Library Resources and TechnicalServices (Anexo B). O primeiro, como o próprio títuloindica, é um periódico especializado no assunto,do "Classification Research Committee", da FID,dedicado à teoria e prática de sistemas declassificação universais e especiais e também atesauros.

Já o segundo, sendo editado pela ALA Research andTechnical Services Division, serve à Divisão e publicatrabalhos de interesse de todas as seções, funcionandocomo "fórum para a troca de idéias sobrecatalogação, classificação, séries, desenvolvimento dacoleção, aquisição e micrografia29. Portanto, nãopode ser considerado como "devotado" unicamenteà Classificação.

Dos 114 periódicos levantados, apenas quatro sãoexplicitamente voltados ao assunto: ínternatioira!Classification, DK Mitteilungen, ClassificationSociety Bulletin e Bliss Classification Bulleitin.Estranhamente, embora especializados, os doisúltimos publicaram apenas um artigo sobreClassificação, ou pelo menos só um foi indexado peloLISA. Talvez esse fato possa ser atribuído às falhasdos serviços de indexação e resumo, o que foiconstatado por Bradford16.

Enquanto isso, o Library Resources and TechnicalServices— LRTS (freqüência 23), que compõe,juntamente com o International Classification, onúcleo dos altamente produtivos, não pode ser vistocomo dedicado especialmente à Classificação.

Segundo o artigo de revisão de Lee29, o LRTSenfatiza procedimentos e regras de catalogação,aquisição e cabeçalhos de assunto da Library ofCongress.

Para Bradford16, os periódicos de alta e médiaprodutividade são os de "finalidade óbvia eaprioristicamente relacionada com o assunto sobinvestigação". No caso seriam assim considerados,todos os títulos que tratassem de Biblioteconomiae Ciência da Informação, por estarem diretamenteligados à Classificação. Portanto, além dos quatro

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devotados à Classifícação, todos os restantes estãorelacionados a essas disciplinas ou correlatas, comexceção de dois, estranhos à área: o TimesEducational Supplement e o Visual Education.O material audiovisual funciona como técnica deapoio à Educação e é instrumento moderno dosmais importantes. No entanto, o periódico pode terenfocado o assunto do ponto de vista pedagógicoou didático, ou do tratamento técnico (classificação,catalogação, indexação etc.), que esse documentorequer como material especial. O artigo é exatamentesobre sistemas de recuperação de audiovisual. Já odo Times Educational Supplement não se pode, pelotítulo, determinar o assunto de que trata*

Realmente, dos 114 periódicos, 112 são sobreBiblioteconomia, Documentação e Ciência daInformação, emanados de bibliotecas, escolas debiblioteconomia, sociedades profissionaisespecializadas, grupos de trabalho, comitês de estudonacionais e internacionais. Esses, embora nãodedicados especificamente à Classificação, podem serconsiderados aprioristicamente relacionados comessa área. Não cabe aqui questionar as relações,similaridades ou diferenças entre as três disciplinas.As definições e conceituacões existentes nãoconseguem, ainda, delimitar claramente o âmbito dasmesmas.

O LISA25, na sua listagem de periódicos indexados,identifica com asterisco os de outros campos. Nosfascículos do LISA de 1978, por exemplo, foramassim indicados 22 periódicos para um total de322 títulos. Isso poderia significar queBiblioteconomia e Ciência da Informação, áreas nasquais se insere a Classificação, não despertam aindainteresse em outras disciplinas, uma vez que apenas6,83% dos periódicos eram estranhos à área.

Observando-se o anexo B, verifica-se que, com apenas21 títulos de periódicos (18,42%), conseguiu-se 212documentos sobre Classificação, isto é, mais dametade (53,1%), sendo que todos esses produziram,em média, mais de um artigo por ano. Os restantes93 títulos (81,5%) publicaram somente 187 artigos(46,86%).

Brookes20 afirma que um assunto segue umaevolução, dentro da literatura científica. Os primeirosdocumentos sofrem seleção menos severa nos

* Os dois artigos mencionados são, respectivamente:LYVER, D. Retrieval system for audio-visual aids. VisualEducation, 23-24, Dec. 1977.EDWARDS, R. P. A. A surprisingly controversial subject.Times Educational Supplement (31021:27-28, 8 Nov, 1974.

periódicos apropriados e são aceitos. Com o aumentodo número de pesquisas sobre o assunto, tambémcresce o número de periódicos que passam a seinteressar pela nova área e começam a publicartrabalhos sobre a mesma. Desse crescimento surge onúcleo de periódicos de Bradford que é compostopelos mais "devotados". A partir daí começam aslimitações de espaço e maiores restrições na seleçãopara "manter o equilíbrio de interesse científico entretodos os trabalhos publicados". Até que ocorramessas restrições, o crescimento é exponencial notempo.

Bradford16 observou, ainda, que a cada ano surgemnovos periódicos e que não há regularidade naquantidade de trabalhos dedicados a determinadoassunto. Muitos periódicos produzem apenas umdocumento especializado num ano, e nenhum nossubseqüentes, o que é confirmado neste trabalho.

Quanto à primeira afirmativa, os 114 periódicosintegrantes deste estudo começaram a ser editadosem número mais significativo a partir da década de40. Se o periódico, como literatura, é o produtode atividades de pesquisa e, conseqüentemente, umreflexo do desenvolvimento da própria área,Biblioteconomia, Documentação e Ciência daInformação ganharam impulso de 1940 em diante.Em termos de tempo, este campo apresenta maiorprogresso científico nos últimos 40 anos. É umperíodo curto, d.e fato, levando-se em conta que aprimeira revista data do século XVII (1665), tendo,portanto, surgido há mais de 300 anos30. Quanto àsegunda observação de Bradford, de que não háregularidade na quantidade de artigos publicadossobre determinado assunto, este estudo confirma odesiquilíbrio existente em relação ao número deartigos especializados publicados anualmente. Operiódico de freqüência 5, por exemplo, deveriater incluído um trabalho sobre o assunto, a cadaano. Tal não ocorreu, exceto no Art LibrariesJournal. Nota-se que a maioria dos periódicosconcentrou os artigos sobre Classificação numúnico ano ou em dois, não tendo nos restantes sededicado à especialidade.

Para Bradford16, os periódicos de baixa produtividade"flutuam em extenso campo de assunto". Conformefoi visto anteriormente, revistas que incluem artigossobre Classificação ou são especializados ou, comoa maioria, tratam de Biblioteconomia, Documentaçãoe Ciência da Informação. Bradford afirmou tambémque o "o número de periódicos que contém artigossobre o assunto desejado deve crescer quaselinearmente com o período da observação" e o seutrabalho tende a confirmar esta hipótese.

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Através da divisão máxima em zonas (Anexo C),observa-se que o núcleo é constituído por doisperiódicos (1,75%), que produziram 50 artigos,isto é, 12,5% do total. Esses periódicos são oInternational Classification e o Library Resourcesand Technical Services.

O multiplicador de Bradford mostra que o númerode periódicos contidos numa zona em relação àsubseqüente se mantém no limite entre 1, 3 e 2,oscilando, no máximo, 0,7.

As zonas intermediárias, que são as de produtividademédia (zonas 3, 4, 5 e 6) apresentam o mesmomultiplicador (1, 3), sendo, portanto, proporcionais.Já no multiplicador das zonas de alta e baixaprodutividade (zonas 2 e 6, 7 e 8) a diferença se tornamaior, indicando um desequilíbrio também maior.

O número total de artigos publicados pelosperiódicos, nos cinco anos analisados, pode ser vistono anexo D. Observa-se que esse total sofre oscilaçãomuito grande, de periódico para periódico: o DKMitteilungen publicou 19 trabalhos, nos cincoanos, o Cataloguing Australia, 27, o Indiart LibraryMovement, 50. Em compensação, o Bibliotekar(Moscou) alcançou 962 artigos, o Nauchno-Tekhnicheskaya lnforrnatsiya, Seriya 1 e 2,respectivamente, 326 e 325 documentos. Estadiscrepância pode decorrer da variação acentuada deperiodicidade, tamanho da revista, extensão dosartigos e até mesmo da abrangência dos assuntos.

O DK Mitteilungen, por exemplo, era bimestral em1974 e 1975, mas, nos três últimos anos, passou aquadrimestral. No entanto, contém apenas um artigopor fascículo e seu formato é pequeno. Por outrolado, o Bibliotekar (Moscou), além de ser mensal,apresenta documentos geralmente de duas páginase cobre larga extensão de assuntos, inclusive ligadosà política, com seções sobre congressos do PartidoComunista, resoluções do Comitê Central do referidopartido, educação comunista etc. Além dosdocumentos políticos constam artigos especializadosem Biblioteconomia, que tratam da organização,automação, técnicas de bibliotecas e outros. As séries1 e 2 do Nauchno-Tekhnicheskaya Informatsiya sãotambém mensais e os trabalhos, em pequenaextensão, sobre assuntos especializados emInformação, cobrem largo campo de interesses:sistemas de informação, automação, informaçãocientífica etc. Possuem, ainda, duas seções que tratamdas atividades de informação na União Soviética e noestrangeiro.

Ziman5 constatou que a literatura científica periódicafoi a que menos mudou no decorrer de seus mais de300 anos de existência. Contudo, embora na suaessência seja constituída de artigos, é complementadapor grande diversidade de informações contidas emseções várias, as mais freqüentes, de notas,comunicações, revisões etc. A maior ou menoratenção dada a esses segmentos depende da políticade cada revista e vai influenciar também no númerototal de artigos publicados. A Library Science with aSlant to Documention e a Aslib Proceedings incluemquase que exclusivamente artigos. A segunda tem seutítulo ligado à função original do periódico, que foi ade divulgar atas de reuniões científicas, e dedicanúmeros ou seções especialmente às atividadesdesenvolvidas em reuniões.

Alguns periódicos apresentam partes dedicadas anotícias, comunicações e revisões tão extensas oumaiores do que a de artigos. É o caso do InternationalClassification, Zentralblatt für Bibliothekswesen eHerald Library Science.

A quantidade de artigos por fascículo varia de umperiódico para outro, bem como dentro da mesmarevista, que dificilmente mantém regularidade. OZentralblatt für Bibliothekswesen publica de um a14 artigos por fascfculo. Já o InternationalClassification é mais regular, incluindo, em cadanúmero, no mínimo quatro e, no máximo, setetrabalhos. Da mesma forma, o Bulletin of the MedicalLibrary Association, que só perde sua regularidadeem fascículos que divulgam documentos de reuniõescientíficas.

A ordem de série, de acordo com a produtividadeabsoluta de cada periódico (Anexo E), apresentou oseguinte resultado: a ordem de série 1 corresponde aoperiódico que produziu maior número de artigos, oInternational Classification; a 2, à segunda revistaquanto à produtividade, a Library Resources andTechnical Services, e assim por diante, com o númerode artigos correspondentes à ordem de série.Portanto, a ordem de série 7,5 está relacionada aosquatro periódicos de freqüência.10, isto é, aquelesque publicaram, nos cinco anos, 10 artigos: Herald ofLibrary Science, Journal of the American Society forInformation Libraries - JASIS, Library Science witha Slant to Documentation e Special Libraries.

4.2 Produtividade relativa

Com a finalidade de confirmar ou refutar a hipótese,foi feito o levantamento do número total de artigos

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publicados pelos periódicos, independentemente doassunto, de 1974 a 1978, partindo-se daí para calculara produtividade relativa, isto é, o percentual dosartigos devotados à Classificação (Anexo F).

Na tabela clássica de Bradford é considerada apenas aprodutividade absoluta. Nessa produtividadeinterferem variáveis importantes ligadas ao próprioperiódico: periodicidade, número de páginas, etc. Aprodutividade deve ser interpretada levando-se emconta os fatores que podem concorrer para que umperiódico produza número maior ou menor deartigos. Na medida em que na Lei de Bradford éconsiderada apenas a produtividade absoluta, podemocorrer distorções. Os periódicos talvez sejam maisprodutivos porque a sua periodicidade é em espaçode tempo mais curto, incluem maior número dedocumentos por fascículos ou apresentam artigos demenor extensão. Até o formato da revista podeinfluenciar na produtividade.

Poucos autores manifestaram preocupação com essasvariáveis incluindo, nos seus estudos, além dafreqüência, o número de volumes e de páginas, comoSaracevic22, O próprio Bradford16, na formulação desua Lei, arranjou os periódicos por ordem decrescentede produtividade para chegar ao núcleo de periódicos"particularmente devotados" a um determinadoassunto. Produtivos e devotados são termos usadoscomo sinônimos, embora sejam conceitos diferentes,vinculados à quantidade e à qualidade. Os periódicospodem ser qualitativa ou quantitativamenteprodutivos. Bradford parece ter pretendido alcançar aqualidade através da quantidade.

Outros autores tocaram no problema, implicitamente,uma vez que classificaram ou qualificaram osperiódicos como mais produtivos, e não maisdevotados. A substituição de um conceito por outroé indício de que já havia discordância latente que,entretanto, não foi testada ou demonstrada naaplicação da Lei.

Através da produtividade relativa, mostrada no AnexoF, fica claro que a Lei de Bradford não fornece osperiódicos mais devotados e sim os mais produtivos,porque o percentual é que corresponde ao grau dedevotamento ou especialização de cada periódico.

Somente o International Classification não foiafetado e continuou ocupando o topo da ordem,tanto na produtividade quanto no devotamento. Osdemais, segundo a sua maior ou menor especialização,verificada pela produtividade relativa, tiveram suasposições alteradas. O Library Resources and

Technical Services, que na tabela clássica de Bradfordocupava o lugar de periódico de segunda maiorfreqüência, compondo o núcleo é, na verdade, poucodevotado à Classificação (16%). Da mesma forma,o Zentralblatt für Bibliothekswesen, terceiro na ordemdecrescente de produtividade, não chega a ter 10% dededicação ao assunto, mais precisamente, 9,5%. Poroutro lado, o DK Mitteilungen, de freqüência 6 eordem de série 18 é, considerando-se a produtividaderelativa, o segundo mais devotado, passando a integraro núcleo.

As conseqüências dessa distorção da lei de Bradfordparecem afetar mais as áreas altamente especializadas,enquanto que Ciência da Informação,Biblioteconomia e Documentação, fortementeconcentradas em si mesmas, podem não ser tãoatingidas.

Para comprovar o quanto a produtividade relativamodifica o núcleo de periódicos devotados, e mesmoa ordem decrescente, os mesmos foram reordenadossegundo a produtividade relativa (Anexo G).

Como pode ser observado, as alterações se fazemsentir desde o núcleo, no qual passa a ser incluído oDK Mitteilungen, em substituição ao LibraryResources and Technical Services. Apenas doisperiódicos mantiveram as mesmas posições na tabela:o International Classification e o InternationalLibrary Review (Anexo H).

Na reordenação, a maioria das revistas sofreuacentuada modificação, sendo em menor número asque tiveram sua posição de produtivas (devotadas)pouco afetada, como o Catalogue Index, o DrexelLibrary Quarterly e o Nachrichten fürDokumentation, cujas ordens de série variaram apenasuma unidade. O Catalogue Index, de ordem de série4, passou para terceiro; o Drexel Library Quarterly,de ordem de série 11, para 12, e o último, que é odécimo quarto periódico em produtividade relativa,anteriormente ocupava a ordem de série 13,5.

Mesmo considerando que o próprio Bradford16

reconhecia que sua análise era de caráter aproximado,a reordenação segundo a produtividade relativamostra algumas grandes mudanças. A impossibilidadede maior exatidão decorre de ser "impraticável",segundo Bradford, o exame contínuo de milhares derevistas, com novas fontes aparecendo a cadaperiódico. Serviços de indexação e resumos são falhose no seu teste em Ciências Aplicadas, 1.200 trabalhosnão foram resumidos, anualmente, o que mostra que

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"menos da metade dos documentos úteis são notadospelos periódicos correntes de resumo e de índice".

Brookes31 concluiu que as fontes secundárias sãomelhor organizadas em Ciências Naturais e contêmdados mais acessíveis, além de serem menos atingidaspor barreiras lingüísticas. Esse fato concorre para quea maioria das análises numéricas se resuma ás CiênciasNaturais.

Bradford16 também concluiu que em análisesdetalhadas "um terço do conteúdo das bibliotecasespecializadas refere-se, de forma definida, àfinalidade das mesmas, compreendendo os restantesdois terços da literatura relativa aos assuntoslimítrofes ou mais remotamente relacionadas aoprincipal". Para ele, "as publicações são duplicadasem muitas outras bibliotecas e sua representação emqualquer uma é, em conjunto, insuficiente".Reconheceu que, pelos mesmos motivos, é impossívellevantar toda a literatura sobre determinado assunto.As bibliotecas especializadas também não possuem,nos seus acervos, a literatura completa de suaespecialidade. Para que tal fosse possível, deixariamde ser especializadas e passariam a ser "bibliotecasgerais de ciências".

Contudo, mais importante do que essaimpossibilidade, parece ser a noção de relevância, queafeta profundamente os sistemas de informação e seusserviços.

A especialização ou devotamento de um periódicoé estreitamente ligado ao conceito de relevância que,por sua vez, está relacionado à efetivadade dacomunicação. Para Saracevic32, todo sistema temalguma interpretação de relevância e, dentro dasmuitas existentes, é apresentada uma estrutura* Éuma noção-chave na Ciência e a evolução da idéia derelevância não é diferente de outras na História daCiência. A comunicação científica e a própria Ciência,para serem efetivas, precisam de informação relevantee, assim, "a história da Ciência é a história dessaefetividade".

Segundo, ainda, Saracevic32, a comunicação naCiência tem se desenvolvido dentro de um sistemaque sofre a interferência dos mais diversos fatores. Osucesso ou insucesso de sistemas de informaçãodepende da relevância, pois os sistemas derecuperação têm como objetivo fornecer informaçõesrelevantes para os usuários. Há que fazer diferençaentre informação e informação relevante, e essadistinção é importante, assim como os fatores quecom ela se relacionam.

A comunicação do conhecimento é efetiva quando ese a informação transmitida de um arquivo resulta namudança em outro, sendo a relevância a medidadessas mudanças. A noção de relevância estásubordinada a todo o mecanismo que forma aestrutura da literatura do assunto e o seu julgamento"é um processo humano muito subjetivo, associado aalguns padrões de regularidade30.

Então, o que é relevância para o indexador? E para oavaliador e o pesquisador?

Este trabalho manipulou apenas periódicos, umavez que a lei se aplica a artigos. Entretanto, a lei deBradford, utilizada para avaliação de serviços deindexação e resumo, pode abranger outros tipos dematerial bibliográfico, o que leva à discussão de quaisos documentos que devem ser, de fato, analisados.

Conforme foi mencionado no capítulo 2, Bradfordconsiderava como falha a não inclusão de livros,folhetos, patentes, etc. O conteúdo dessesdocumentos é, realmente, relevante? Ou a suarelevância é maior ou menor, segundo a fase deevolução da disciplina? Cada área e sua comunidadecientífica seriam, então, de acordo com a suamaturidade, produtoras e usuárias de determinadotipo de documentação?

Pao33, embora pesquisando um campo não-científicomas também emergente — musicologiacomputacional, cuja primeira reunião data de 16 anosatrás — concluiu que há necessidade de se incluir nosíndices e resumos: relatórios, cartas ao editor, enfim,toda a documentação referente ao assunto. Essanecessidade tem origem na não cientificidade ou naemergência da disciplina?

Kuhn4 afirma que o "cientista criador pode começaras suas pesquisas onde o manual a interrompe e dessemodo concentrar-se exclusivamente nos aspectos maissutis e esotéricos dos fenômenos naturais quepreocupam o grupo". A partir daí, os seus relatóriosde pesquisa mudam, seguindo tipos de evolução:oslivros, dirigidos a "possíveis interessados", sãosubstituídos por artigos breves orientados aos pares.O livro é o veículo de transmissão das informaçõesdas Ciências nos seus primeiros estágios dedesenvolvimento, anteriores ao paradigma e nos quais"as linhas de profissionalização permanecem aindamuito tenuamente traçadas". Essa mudança de uso decanal de comunicação 6, para Kuhn, um critério querevela claramente "que um campo de estudo tornou-se uma ciência".

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Todas essas discussões envolvem tanto os critériosde seleção de documentos pelos serviços secundárioscomo as variáveis que interferem na produtividadedos periódicos e, conseqüentemente, no seudevotamento a um assunto. Esses aspectos têm sidoestudados, isoladamente, no âmbito da Ciência daInformação e foram, neste trabalho, associados equestionados especificamente em relação à lei deBradford.

Os questionamentos deste estudo, no que se referemàs leis científicas, podem se restringir à Ciência daInformação ou estender-se, num plano mais amplo,às Ciências Sociais e Humanas.

Kuhn4 afirma que as divergências na interpretaçãodas leis são comuns durante o primeiro estágio dedesenvolvimento de qualquer ciência ressaltando que,em geral, os fenômenos particulares estudados não sãoos mesmos. Essas discordâncias tendem adesaparecer, segundo ele, em grande parte, "nas áreasque chamamos de ciência", mas só deixam de existir,por completo, aparentemente.

As divergências, então, parecem ser inerentes àprópria ciência. No entanto, a sua diminuição estárelacionada a cientificidade de uma área, ou melhor,à fase em que uma disciplina atinge o status deciência.

As diversas interpretações da lei de Bradford talvezsejam conseqüência do estágio de desenvolvimentoda Ciência da Informação e de observações defenômenos particulares diferentes. Podem, ainda,significar que as leis, nas Ciências Sociais e Humanas,desempenham outras funções, mais de acordo com anatureza de seus fenômenos.

5 - CONCLUSÕES

A confirmação da hipótese, isto é, de que o núcleode periódicos não é formado pelos mais devotados esim pelos mais produtivos, num determinado tempo,gera questionamentos não somente em relação àprópria lei como à Ciência da Informação.

No entanto, a questão mais importante diz respeito àpolítica de aquisição.

A lei de Bradford, tal como originalmente concebida,se for utilizada como base para política de aquisição,pode acarretar problemas, uma vez que não indicaráos periódicos devotados. Essa distorção pode sermais grave em bibliotecas, centros de documentaçãoe sistemas de informação de países emdesenvolvimento, nos quais a Educação é problemagrave e, por falta de apoio governamental as verbas

destinadas à compra de material bibliográfico sãogeralmente pequenas e insuficientes. A política deaquisição precisa ser estabelecida de maneira maiscuidadosa e eficiente, baseada em critério queidentifiquem os periódicos mais especializados, quepossam preencher as necessidades de informação doscientistas pesquisadores da área.

Não se trata apenas do núcleo — a reordenação dosperiódicos, de acordo com a produtividade relativa,mostrou que quase todos tiveram sua posiçãoalterada, alguns acentuadamente. Quaisquer quesejam as prioridades estabelecidas numa políticade aquisição — a compra dos primeiros cincoperiódicos, dos 10 ou 20 seguintes, e assim pordiante — os resultados advindos poderão apresentarconseqüências desastrosas.

Outras questões podem ser levantadas, referentes ànatureza da fonte, critérios de indexação do LISA,período de tempo, estrutura e características dosperiódicos, essência da lei, etc.

Os critérios do LISA para seleção do materialbibliográfico podem ter levado a um resultado queseria diferente se tivesse sido utilizado outro serviçode resumo. Até que ponto esses critérios são própriosda área da Ciência da Informação inerentes aosserviços de indexação e resumo, ou são específicos dedeterminada fonte secundária?

Conforme foi visto, essas publicações apresentammelhor ou pior organização segundo a área, assimcomo os critérios de seleção são mais, ou menos,rígidos. A disciplina, na medida em que é mais nova,parece tender a ser menos seletiva e incluir todo otipo de documento sobre o assunto, em detrimentodos artigos de periódicos, mais atualizados. Conclui-seque, nas áreas em que esses serviços são menosorganizados, talvez haja maior possibilidade de falhasna indexação.

O LISA incluía, no início, só periódicos, e depoispassou a indexar outros tipos de documentos, entreos quais relatórios, livros, folhetos etc. A maioria,entretanto, continua sendo composta de periódicos etrabalhos apresentados em reuniões.

Durante alguns anos a análise do LISA foi feita emrelação à cobertura e efetividade de seu índice. Umadas falhas constatadas foi a ausência de livros novos erelatórios, entre o material bibliográfico indexado.

A abrangência da cobertura é outro ponto suscetívelde muitas discussões. A inclusão de documentosdepende de muitos fatores e elementos, entre os quais

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o estágio de desenvolvimento da área e de sualiteratura, que vai determinar o que é relevante, assimcomo as necessidades de informação dos usuários. Ocientista necessita mais de periódicos para a realizaçãode suas pesquisas e para sua atualização? Essanecessidade depende, por sua vez, de sua maturidadecientífica? Ou da fase de sua pesquisa?

O que se pode depreender desses questionamentos éque os critérios de seleção vão se modificando àmedida em que a área vai se consolidando, da mesmaforma que o próprio cientista ou pesquisador percorreum caminho para seu desenvolvimento científico ouamadurecimento.

A lei de Bradford, sendo aplicada a periódicos,apresenta o problema da definição de artigos,conforme foi visto neste trabalho. As funções econteúdo dos artigos deveriam estar claramentedeterminados, inclusive pelas revistas que ospublicam, ou melhor, pelas comissões editoriais eavaliadores. Da mesma forma, há necessidade de seremestabelecidos padrões mínimo e máximo, para onúmero de páginas.

A lei de Bradford, ainda que utilizada considerando-sea proporção entre a produtividade total e absoluta,conforme foi feito neste estudo, é um instrumentoeficiente mas que pode sofrer "ajustes" por parte doespecialista da informação. A barreira lingüística, porexemplo, deve ser levada em conta na seleção dosperiódicos, mesmo aqueles que façam parte do núcleoou sejam de produtividade média. Se essas revistas sãoem idiomas exóticos, menos conhecidos e sequerapresentam resumos em inglês, francês ou alemão,línguas universais em termos de Ciência, não devemser adquiridas porque não são, de fato, acessíveis.

Neste estudo, por exemplo, aparecem revista da índia,Rússia, Polônia, Hungria, Bulgária, etc., praticamenteinacessíveis, sobretudo quando não trazem resumosem inglês ou francês. As primeiras são muitoimportantes em Classificação, área fortementeinfluenciada pela corrente indiana, liderada porRanganathan.

Outro fator que pode interferir nos resultados da leide Bradford é a lacuna de tempo que o periódico levapara ser incluído numa fonte secundária. A fonteusada neste trabalho leva tempo razoavelmentepequeno para indexar documentos, em termos deserviços de indexação e resumos. E os outros serviços?

Um dos requisitos exigidos na aplicação da lei é a"completeza" da bibliografia. Em princípio, éimpossível saber quando uma bibliografia está

completa ou não. Então, a maior ou menorabrangência afetará os resultados.

A lei de Bradford, diferentemente das leis dasCiências Exatas, utiliza dados que dependem dasubjetividade do bibliotecário, documentalista oucientista da informação. Esses especialistas, por suavez, tomam como base um assunto ou, maisexatamente, as necessidades de informação decientistas e pesquisadores. Por todos esses motivos, oselementos da lei de Bradford sofrem a interferênciade fatores inerentes ao comportamento humano. Umdos mais importantes é a relevância, que determina os,critérios de seleção. A efetividade da comunicação eo processo de seleção estão intimamente associados,daí porque a noção de relevância é fundamental eafeta às leis bibliométricas.

Uma questão que pode ser lançada é se a lei deBradford, aplicada a uma subárea, conduz aresultados diferentes. O comportamento da literaturade Classificação pode ser generalizável para a Ciênciada Informação?

Os resultados da aplicação da lei na área deClassificação demonstram que Ciência da Informação,Biblioteconomia e Documentação não despertaminteresse em outras áreas e estão fortementeconcentradas em si mesmas. Caberia discutir asrelações e fronteiras dessas três áreas, na medida emque essa problemática pode influenciar as leisbibliométricas, da mesma forma que a dicotomiaentre Biblioteconomia e Documentação afetou, numadeterminada fase, os serviços de indexação e resumos.

A existência de diversas interpretações da lei deBradford levam a algumas indagações. Em que medidaessas interpretações fazem parte do processo naturalde desenvolvimento da Ciência da Informação, aindaem fase "emergente"?

As divergências, em proporção maior do que adesejada ou esperada, ocorreriam porque osfenômenos estudados são particulares e diferentes?

Os fenômenos, Nas Ciências Sociais e Humanas,parecem ser mais passíveis de interpretaçõesdiscrepantes. As próprias leis, nessas ciências, talvezexerçam função menos explicativa do que decompreensão.

Há que considerar a interdisciplinaridade da Ciênciada Informação, que pode ser a origem do problemaou um dos fatores que mais contribuem para apermanência das divergências.

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3 CRISTÓVÃO, H. T. Da comunicação informal àcomunicação formal: identificação da frente depesquisa através de filtros de qualidade. Rio deJaneiro, IBICT, 1978. Tese de Mestrado emCiência da Informação.

4 KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas.2. ed. São Paulo, Perspectiva, 1978.

5 ZIMAN, J. M. Conhecimento público. BeloHorizonte, Itatiaia; São Paulo, EDUSP, 1979.(Coleção O homem e a ciência, v. 8).

6 HOUGHTON, B. Scientific periodicals: theirhistorical development, characteristics andcontrol. London, Clive Gingley, 1975.

7 FOSKETT, D. J. Ciência da informação cornodisciplina emergente; implicações educacionais.In: Ciência da Informação ou Informática? Riode Janeiro, Calunga, 1980. p. 52-69.

8 OTLET, P. Traité de documentation: le livre surle livre théorie et pratique. Bruxelles, EditionesMundaneum Ralais Mondial, 1934. p. 6-37.

9 PRITCHARD, A. Statistical bibliography orbibliometrics? J. Docum., 25 (4): 348-49,Dec..1969.

10 BRAGA, G. M. Dynamics of scientificcommunication: an application to Sciencefunding policy. Cleveland, Case WesternReserve University, 1977. Doctoral thesis.

11NARIN, F. &MOLL, J. K. Bibliometrics. In:WILLIANS, M. E ., ed. Annual Review ofInformation Science and Technology. New York,Knowlegde Industry Publications, 1977. v. 12.p. 35-58.

13 BRONOWSKI, J. O senso comum da ciência. BeloHorizonte, Itatiaia; São Paulo, EDUSP, 1977.(Coleção O homem e a ciência, v. 4).

14SCHRIVEN. Apud: FEIGL H. & MAXWELL G.Issues in the philosophy of Science. New York,1961. Apud: K AP LAN A. A conduta napesquisa: metodologia para as ciências docomportamento. São Paulo, EDUSP, Herder,1969.

15DUHEM, P. The aim and structure of physicaltheory. Princepton, 1954. Apud: KAPLAN, A.A conduta na pesquisa: metodologia para asciências do comportamento. São Paulo, EDUSP,Herder, 1969.

16BRADFORD, S. C. Documentation. London,Crosby Lockwood; Washington, Public AffairsPress, 1953.

17BRAGA, G. M. Some aspects of the Bradford'sdistribution. Proceedings of the ASIS, 15:51-54, 1978.

18VICKERY, B. C. Bradford's law of scattering.J. Docum., 4: 198 - 203, Dec. 1948.

19GOFFMAN, W. & WARREN, K. S. Díspersion forpapers among journals based on a mathematicalanalysis of two diverse medicai literatures.Nature, 221 (578): 1205-207, Mar. 1969.

20BROOKES, B. C. Bradford's law and thebibliography of Science. Nature, 224 (5223):953-56, Dec. 1969.

21 GILCHRIST, A. Documentation ofdocumentation: a survey of leading abstractsservices in documentation and anidentification of Key-journals. AsIib Proc., 18(31:62-80, Mar. 1966.

22SARACEVIC, T. Five years, five volumes and2345 pages of the Annual Review ofInformation Science and Technology.Information Storage and Retrieval, 7: 127-39,1971.

23 & PER K, L. L. Ascertaining

12 KAPLAN, A. A conduta na pesquisa: metodologiapara as ciências do cornprtamento. São Paulo,EDUSP, Herder, 1969.

activity in a subject area through bibliometricanalysis. Journal of American Society ofInformation Science, 24 (2): 120-34, Mar. /Apr.1973.

Ci. Inf., Brasília, 12(2): 59-80, jul./dez. 1983. 73

Lei de Bradford: uma reformulação conceituaiLena Vânia Ribeiro Pinheiro

24DROTT, M. C. Bradford's law: theory, empiricismand the gaps between, Library trends, 41-52,Summer, 1981.

25 LIBRARY AND INFORMATION SCIENCEABSTRACTS - LISA. London, LibraryAssociation, 1969. Bimestral.

26 LIBRARY ASSOCIATION, ClassificationResearch Group. Classification and Informationcontrol; papers representing the work of theClassification Research Group during 1960-1968. London, The Library Association, 1969.(Library Association Research Publications,n9 1).

2' MAIA, E. L. S. Comportamento bibliométrico dalíngua portuguesa, como veículo derepresentação da informação. Ciência daInformação, Rio de Janeiro, 2 (2): 99-138,1973.

28 lREBI. (índices de revistas de Bibliotecologia).Madrid, Oficinas de Educacion Iberoamericana,Instituto Bibliográfico Hispanico-Madrid;Buenos Aires, Centro de DocumentaciónBibliotecológica — Bahia Blanca, 1973.

29

30

LEE, J. M. Library periodicals in review. Seriaisreview, 5 (3): 7-49, July/Sept. 1979.

GARVEY, W. D. Communication: the essence ofScience facilitating Information exchange

31

32

33

among librarians, scientists, engineers andstudents. Oxford, Pergamon Press, 1979.

BROOKES, B. C. Numerical methods ofbibliographic analysis. Library trends, 22(11:18-43, July 1973.

SARACEVIC, T. Relevance: a review of aframework for the thinking on the notion inInformation Science. Journal of the AmericanSociety of Information Science, 321-43, Nov./Dec. 1975.

PAO, M. L. Dispersion of a non-scientificliterature. Proceedings of the ASIS, 15:260-63,1978.

ABSTRACT

Bradford's law, even after reformulations by otherauthors, does not yet represent the reality of"behaviour" of scientific literature. The intention isto modify the conceptual formulation withoutchanging the mathematical and graphicrepresentations. The concept of relative productivityis introduced and compared with that of absoluteproductivity, demonstrating, in this way, thealterations. The hypothesis is confirmed that thenucleous is formed not by the most devoted, but bythe most productive journals, during a delimited time.The consequences of the distortions of the law areshown, especially with regard to the acquisition policy.

74 Ci. Inf., Brasília, 12(2): 59-80, jul./dez. 1983.

Lei de Bradford; uma reformulação conceituaiLera Vânia Ribeiro Pinheiro

ANEXOS

ANEXO A

TABELA DE PERIÓDICOS POR ORDEM DECRESCENTE

DE PRODUTIVIDADE ABSOLUTA

P

1

1

1

1

1

4

A

27

23

17

13

12

10

TÍTULOS DE PERIÓDICOS

International Classification

Library Resources & Technical Services

Zentralblatt für Bitaliotheckswesen

Catalogue & Index; periodical , . .

Nauchno Tekhnicheskaya Informatsiya. Seriya 2.

Herald of Library ScienceJournal of the American Society for Information

Science - JASISLibrary Science with a Slant to DocumentationSpecial Libraries

Continua

p

3

2

7

4

10

A

a

7

6

5

4

TÍTULOS DE PERIÓDICOS

Aslib ProceedingsDrexei Library QuarteriyIndian Library Movement

Journal of DocumentationNachrichten für Dokumentation;Zeitschrift

für Information und Dokumentation

Bibliotekar (Moscou)Bulletin of the Medicai Library AssociationCataloguing AustraliaDK MitteilungenInformation Processing and ManagementNauchno-tekhnicheskaya Informatsiya. Seriya 1.Tudomanyos es Muszaki Tajekoztatas

Art Libraries JournalInternational Library ReviewLIBRI; International Library ReviewSchulbibliothek Aktuell

Annals of Library Science and DocumentationAustralian Academic and Research LibrariesAustralian Library JournalBibliotekovedenie i Bíbliografiya za RubezhomCeskoslovenska Informalika teoria a praxe

Continua

Ci. tnf., Brasília, 12(2): 59-80, jul./dez. 1983. 75

Lei de Bradford: uma reformulação conceituaiLena Vânia Ribeiro Pinheiro

13

22

TÍTULOS DE PERIÓDICOS

Indian LibrarianLaw Library JournalNauchnye i Tecknicheskie Biblioteki SSSR;

sbornik . . .Open;vaktijdschrift voor . . .Sovetskoe Bibliotekovedsnie

44

Aktualne Problemy Informacji i DokumentacjiAudivisual LibrarianAustralian Special Libraries News (ASLN)BibliotekBuch und BibliothekDFW Dokumentation — InformationJournal of Chemical Information and Computer

SciencesLibrary and Information ScienceLibrary TrendsNew Library WorldTidskrift foer DokumentationUNESCO Bulletin for LibrariesZeitschrift für Bibliothekswesen und Bibliographie

Bibliotheksdienst; Kurzinformatíonen zurBibliothekarischen . . .

Bulletin of the Association of British Theologicaland Philosophical Libraries

Documentation Study/Dokumenteshon KenkyuEducation Libraries BulletinFontes Artis MusicaeGeography & Map Division Bulletin (Special

Libraries Association)Hennepin County Library Cataloguing BulletinInformatik; theorie und praxis der

wissensschaftlichnischen . . .International CataloguingJournal of LibrarianshipJournal of Library and Information Science/JLISKniznice a Vedecke InformacieNachrichten/Nouvelles/NotizieNew Zealand LibrariesNigerian LibrariesProbleme de Informare si DocumentareRisalat AI-Maktaba (Message of the Library)School LibrarianSouth African LibrariesTechniká KnihvnaTimeless Fellowship.-Annual Journal of

Comparative LibrarianshipU.S. Library of Congress Quarterly Journal

Continua

TÍTULOS DE PERIÓDICOS

Accademie e Biblioteche de ItáliaAssociazione Italiana Biblioteche. Bolletino

d'lnformazioniAustralian School LibrarianBibliotekar; spisanie za bibliotecno delo (Sofia)Bibliothekar; Zeitschrift für das bibliothekswesenBliss Classification BulletinBogens Verden; Tidsskrift for dansk

biblioteksvaesenBog og Bibliotek; tidsskrift for biblioteker og

bokvennerBoletin de Ia Direcciôn General de Archivos y

BibliotecasBulletin dês Bibliothèques de F ranceCanadian Library JournalClassification Society BulletinCollege and Research Libraries/CRLDocumentation et BibliothèquesFocus on International & Comparative

LibrarianshipGovernamènt Publicatiohs Review;an international

JournalIATUL Proceedings (International Association of

Technological University LibrariesProceedings

IndexerIndian Journal of Library ScienceIndian Library Association BulletinInformation ScientistInternational Fórum on Information and

DocumentationInternational Journal of Law LibrariesJournal of Education for LibrarianshipJournal of Library History Philosophy and

Comparative LibrarianshipLibrarians for Social ChangeThe Library Association RecordLibrary Journal

Library Journal/Toshokan ZasshiThe Library Quarterly; a Journal of investigation

and discussion in the field of library ScienceMajalah Ikatan Pustakawan Indonésia — IPIMaktabaOntario Library ReviewProgram; news of computers in librariesQuarterly Bulletin of the International Association

of Agricultural Librarians andDocumentalist

Scandinavian Public Library QuarterlySeriais LibrarianStudii si Cercetari de DocumentareTimes Educational SupplementUgandan LibrariesVisual EducationWilson Library Bulletin

76 Ci. Inf., Brasília, 12(21:59-80, jul./dez. 1983.

Lei de Bradford: uma reformulação conceituaiLena Vânia Ribeiro Pinheiro

ANEXO B

TABELA DE PRODUTIVIDADE ABSOLUTA DOSPERIÓDICOS DE ACORDO COM A TABELA

"CLÁSSICA" DE BRADFORD

P

1

1

1

1

1

4

3

2

7

4

10

13

22

44

A

27

23

17

13

12

10

8

7

6

5

4

3

2

1

PA

27

23

17

13

12

40

24

14

42

20

40

39

44

44

IP

1

2

3

4

5

9

12

14

21

25

35

48

70

114

2PA

27

50

57

80

92

132

156

170

212

232

272

311

355

399

ANEXO C

DIVISÃO MÁXIMA EM ZONAS

DEPRODUTIVIDADE

Z

1

2

3

4

5

6

7

3

A

50

52

54

50

50

49

48

45

P

2

4

6

8

11

15

23

45

mB

-

2

1,5

1,3

1,3

1,3

1,5

1,9

ANEXO D

TABELA DE ORDEM DE SÉRIE DE ACORDO

COM A PRODUTIVIDADE ABSOLUTA

OS

1

2

3

4

5

7,5

11

13,5

18

23,5

30,5

42,5

59

81

P

1

1

" 1

1

1

4

3

2

7

4

10

13

22

44

A

27

23

17

13

12

10

8

7

6

5

4

3

2

1

TÍTULOS DE PERIÓDICOS

International Classification

Library Resources & Technical Services

Zentralblatt für Bibliothekswesen

Catalogue & Index

Nauchno Teknicheskaya Informatsiya.Seriya 2.

Herald of Library ScienceJournal of the American Society for

Information Science-JASISLibrary Science with a Slant to

DocumentationSpecial Libraries

Aslib ProceedingsDrexel Library QuarterlyIndian Library Movement

Journal of DocumentationNachrichten für Dokumentation

Bibliotekar (Moscou)Bulletin of the Medicai Library

AssociationCataloguing AustraliaDK MitteilungenInformation Processing and

ManagementNauchno-Teknichskayã Informatsiya.

Seriya 1.Tudomanyos es Muszaki Tajekostatas

Art Libraries JournalInternational Library JournalLIBRI; International Library ReviewSchulbibliothek Aktuell

*

#

*

*

mB = 1

Nota: Nas colunas assinaladas com asterisco, os títulosde periódicos foram omitidos devido a extensão dalistagem e por já constarem na tabela do ANEXO A.

Ci. Inf., Brasflia, 12(2): 59-80, jul./dez. 1983. 77

Lei de Bradford:uma reformulação conceituaiLena Vânia Ribeiro Pinheiro

ANEXO E

TABELA DE PRODUTIVIDADE ABSOLL

PRODUTIVIDADE TOTAL DE ARTIG

PERIÓ-DICOS.

1

ARTIGOSSOBRECLASSI-FICAÇÃO

27

TlTULOS DEPERIÓDICOS

InternationalClassification

PEDIÓ-

JTA DICOS

OS

4

TO TA L DEARTIGOSPUBLICA-DOS

59

ARTIGOSSOBRECLASSI-FICAÇÃO

5

TÍTULOS DEPERIÓDICOS

1º)2º)

3º)

4º)

Art Libraries JournalInternational Library

ReviewLI BR!; International

Library ReviewSchulbibliothek

Aktuell

TOTAL DE ARTIGOS

TOTAL DEARTIGOSPUBLICA-DOS

80

214

117

45

4.465

PERIÓ-DICOS.

1

1

1

1

1

4

3

2

7

ARTIGOSSOBRECLASSI-FICAÇÃO

27

23

17

13

12

10

8

7

6

TlTULOS DEPERIÓDICOS

InternationalClassification

Library Resources &Technical Services

Zentralblatt fürBibliothekswesen

Catalogue & Index

Nauchno-TeknicheskayaInformatsiya.Seriya 2.

1º) Heraldof Library 'Science

2º) Journal of the AmericanSociety forInformation ScienceJASIS

3º! Library Science withia Slant toDocumentation

4º) Special Libraríes

1°) Aslib Proceedings2º) Drexel Library

Quarterly3º) Indian Library

Movement

1º) Journal ofDocumentation

2º) Nachrichten für.Dokumentation;Zeitschrift fürInformation undDokumentation

1º) Bibliotekar (Moscou)2º) Bulletin of the Medicai

Library Association3º) Cataloguing Australia4º) DK Mitteilungen5º) Information Processing

and Management6º) Nauchno Teknicheskaya

Informatsiya.Seriya 1.

7º) Tudomanyos esMuszakiTajekoztatas

TOTA L DEARTIGOSPUBLICA-DOS

59

143

182

59

325

164

195

88321

218

129

50

86

141

962

1822719

172

326

161

Continua

ANEXO F

TABELA DE PRODUTIVIDADE RELATIVA

P

T

1

1

1

1

4

3

2

7

TÍTULOS DEPERIÓDICOS

International Classification

Library Resources &Technical Services

Zentralblatt fürBibliothekswesen

Catalogue & Index

Nauchno-TeknicheskayaInformatsiya. Seriya 2.

Heratd of Library ScienceJournal of the American

Society forInformation Science -JASIS

Library Science with aSlant toDocumentation

Special Libraries

Aslib ProceedingsDrexel Library QuarterlyIndian Library Movement

Journal of DocumentationNachrichten für

Dokumentation;Zeitschrift fürInformation undDokumentation

Bibliotekar (Moscou)Bulletin of the Medicai

LibraryAssociation

Cataloguing Austral iaDK MitteilungenInformation Processing

ii

A TOTAL PERCEN-A , TUAL

27

23

17

13

59 46%

143 '. 16,5%

1 82 9,5%

59 22,5%

12 325 4%

10 164 6,5%

10 195

10 8810 321

8 : 218

5,5%

11 ,5%3,5%

4%8 129 6,5%8

7

7

6

666

50 16%

36

141

8,5%

5%

962 1 %

182 ! 3,5%27 22,5%19 j 31,5%

i

Continua

78 Ci. Inf., Brasília, 12(2): 59-80, jul./dez. 1983.

Lei de Bradford: uma reformulação conceituaiLena Vânia Ribeiro Pinheiro

p

4

TÍTULOS DEPERIÓDICOS

and ManagementNauchno-Teknicheskaya

Informatsiya. Seriya 1.Tudomanyos es Muszaki

Tajekoztatas

Art Libraries JournalInternational Library

ReviewLIBRISchulbibliothek

Aktuell

A

6

6

6

5

55

5

TOTALA

172

324

161

80

214117

45

PERCEN-TUAL

3,5%

2%

4%

6,5%

2,5%4,5%

11,5%

ANEXO G

TABELA DE REORDENAÇÃO DOS PERIÓDICOS

DE ACORDO COM A PRODUTIVIDADE RELATIVA

TÍTULOS DEPERIÓDICOS

InternationalClassification

DK Mitteilungen

Catalogue Index

CataloguingAustrália

Library Resources& TechnicalServices

Indian LibraryMovement

Library Sciencewith a SlanttoDocumentation

SchulbibliotekAktuell

Zentralblatt fürBibliotheks-wesen

Journal ofDocumen-tation

PRODUTI-VIDADE

RELATIVA

46%

31,5%

22,5%

22,5%

16,5%

16%

11 ,5%

11 ,5%

9,5%

8,5%

PRODUTI-VIDADE

ABSOLUTA

27

6

13

6

23

8

10

5

17

7

OS

1

18

4

18

2

11

7,5

23,5

3

13,5

Continua

TÍTULOS DEPERIÓDICOS

Art LibrariesJournal

Drexel LibraryQuarterly

Herald of LibraryScience

Journal of theAmerican So-ciety forInformationScience -JASIS

Nachrichten fürDokumenta-tion; Zeitsch-rift für Infor-mation undDokumen-tation

LIBRI

AslibProceedings

Naucho-Tekni-cheskaya Infor-matsiya. Seriya2.

Tudomanyos esMuszki Taje-koztatas

Bulletin of theMedicai Libra-ry Associa-tion

InformationProcessingand Manage-ment

Special Libraries

InternationalLibrary Re-view

Naucho-Tekni-cheskaya In-formatsiya.Seriya 1.

Bibliotekar(Moscou)

PRODUTI-VIDADERELATIVA

6,5%

6,5%

6,5%

5,5%'

5%

4,5%

4%

4%

4%

3,5%

3,5%

3,5%

2,5%

2%

1%

PRODUTI-VIDADEABSOLUTA

5

8

10

10

7

5

8

12

6

6

6

10

5

6

6

OS

23,5

11

7,5

7,5

13,5

23,5

11

5

18

18

18

7,5

23,5

18

18

Ci. Inf., Brasflia, 12(2): 59-80, jul./dez. 1983. 79

Lei de Bradford:uma reformulação conceituaiLena Vânia Ribeiro Pinheiro

ANEXO H

TABELA COMPARATIVA DOS PERIÓDICOS SEGUNDO APRODUTIVIDADE ABSOLUTA E PRODUTIVIDADE RELATIVA

PRODUTIVIDADE ABSOLUTA

International Classification

Library Resources & Technical . . . LRTS

Zentralblatt für Bibliotheckswesen

Catalogue Index

IMauchno-Tekhnicheskaya . . . Seriya 2

Herald of Library Science

JASIS

Library Science with a Slant . . .

Special Libraries

Aslib Proceedings

Drexel Library Quarterly

indian Library Movement

Journal of Documentation

Nachrichten für Dokumentation

Bibliotekar (Moscou)

Bulletin of the Medicai Association

Cataloguing Austrália

DK Mitteilungen

Information Processing and Management

Nauchno-Teknicheskaya . . . Seriya 1

Tudomanyos es Muszaki . . .

Art Libraries Journal

International Library Review

Li br i

Schulbibliotek Aktuell

PRODUTIVIDADE RELATIVA

International Classification

DK Mitteilungen

Catalogue Index

Cataloguing Austrália

Library Resources & . . . LRTS

Indian Library Movement

Library Science with a Slant . . .

Schulbibliotek Aktuell

Zentralblatt für . . .

Journal of Documentation

Art Libraries Journal

Drexel Library Quarterly

Herald of Library Science

JASIS

Nachrichten für Dokumentation

Libri

Aslib Proceedings

Nauchno-Teknicheskaya . . . Seriya 2

Todomanyos es Muszaki

Bulletin of the Medicai . . .

Information Processing and . . .

Special Libraries

International Library Review

Nauchno-Teknicheskaya . . . Seriya 1

Bibliotekar (Moscou)

80 Ci. Inf., Brasflia, 12(2): 59-80, jul./dez. 1983.