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A bolsa em períodos de crise: alterações no risco decorrentes da crise financeira global e dos programas de assistência financeira na Europa
Tiago Miguel Nabais Sá Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, Instituto Politécnico de
Coimbra (Portugal) [email protected]
Área Temática: E - Finanças Empresariais e Mercados Financeiros
Resumo
Este estudo pretende, por um lado, analisar de que forma as empresas não financeiras
cotadas no mercado de ações dos países da Zona Euro que foram sujeitos a programas de
assistência financeira reagiram à crise financeira global. De um modo geral, concluímos que
houve aumentos significativos no risco total e idiossincrático das empresas não financeiras
cotadas após a falência do banco Lehman Bothers, a 15 de Setembro de 2008 para todos os
países. Dado que as origens e a forma como foi gerida a crise da dívida soberana variou de
país para país, procuramos perceber se o aumento da liquidez resultante dos pacotes de
assistência financeira teve o mesmo impacto para todos os países. Os nossos resultados
demonstram que houve diferenças na reação aos programas de assistência financeira, podendo
ter pesado o contexto de austeridade e de incerteza relativamente ao efeito das reformas
fiscais e estruturais em alguns países.
Palavras-Chave: Crise Europeia; Risco; Mercado Bolsista.
I. Introdução
As perturbações financeiras verificadas inicialmente nos Estados Unidos em 2007
durante a crise do crédito hipotecário de alto risco atingiram o clímax em 2008. Com a crise
do crédito hipotecário de alto risco nos Estados Unidos da América a dar lugar a uma crise
financeira global, muitos governos aumentaram os seus gastos numa tentativa de estabilizar a
economia, ao mesmo tempo que viam as suas receitas fiscais diminuir, como resultado da
contração do PIB (Contessi e Li, 2014), conduzindo muitas empresas e governos nacionais a
situações precárias. Esta tentativa de minimizar os efeitos da crise, levou os países mais
afetados a recorrer a empréstimos avultados que seriam, mais tarde, incapazes de pagar,
originando uma crise da dívida soberana, com grandes implicações a nível macroeconómico
(Stancu et al., 2013).
A teoria financeira sugere que, ao nível das empresas, um mercado de capitais
eficiente deverá incorporar a informação relativa à probabilidade de falência das empresas.
Coronado et al. (2012) notam que existe uma forte relação de sentido contrário entre o risco
de crédito e os preços nos mercados acionistas, ou seja, o aumento no risco de crédito tem
impactos negativos nos mercados de ações dos países afetados. Nesta linha, assumindo que as
empresas de um determinado país podem funcionar como um indicador do “capital” de um
determinado país, estes autores sugerem que informações relativas ao risco de crédito de um
país deverão ter impacto nos mercados de ações. Em particular, a deterioração da qualidade
do crédito num país significa que os governos terão necessidade de angariar fundos a taxas
menos favoráveis. Este contexto inicia um ciclo vicioso uma vez que com menos fundos
disponíveis para investir e uma elevada probabilidade de ser necessário aumentar a carga
fiscal para os consumidores, os níveis de consumo e investimento irão necessariamente ser
menores, o que por sua vez terá um impacto negativo nos ganhos das empresas e,
consequentemente, levará a uma quebra nos preços das duas ações. Deste modo, um problema
de risco de crédito é transformado num problema de risco de mercado. Este estudo pretende
analisar as reações do mercado decorrentes da crise financeira global, por um lado, e dos
resgates financeiros a que quatro países da Zona Euro foram sujeitos, por outro. Mais
especificamente, o foco é colocado nas empresas não financeiras cotadas nas bolsas de
Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha e nas variações de várias medidas de risco dos mercados
de ações decorrentes dos eventos referidos – distinguimo-nos neste aspeto da grande maioria
da literatura relativa a este tema que se foca essencialmente nos mercados de obrigações e de
swaps de dívida soberana e no sector financeiro. O principal objetivo é perceber se as
empresas não financeiras destes países reagiram da mesma forma aos desafios colocados,
dado que a origem e as consequências decorrentes destes eventos é diferente entre os países
considerados.
Se no caso da crise financeira global o impacto nos mercados europeus resulta de um
choque exógeno comum a todos os países, a origem da crise da dívida soberana variou de país
para país. Na Irlanda e em Espanha, esta crise teve origem no sector privado, nomeadamente,
no sector imobiliário (Stein, 2012). O fácil acesso ao crédito aliado às baixas taxas de juro que
foram praticadas durante muito tempo relativamente aos países periféricos da Europa
alimentou uma bolha imobiliária semelhante (ou ainda pior) à verificada nos Estados Unidos
da América. Segundo Lachman (2013), o rebentar dessa bolha acabou por ser o efeito
impulsionador de uma pronunciada deterioração nas finanças destes dois países, tendo ainda
consequências nefastas ao nível do emprego. Na Grécia e em Portugal, o défice estrutural
corrigido das variações cíclicas é apontado como a principal causa desta crise. Por outras
palavras, ao contrário do que aconteceu na Irlanda e em Espanha, a crise da dívida na Grécia e
em Portugal teve origem no sector público, com principal destaque para a Grécia onde o
elevado défice fiscal e a dívida pública descontrolada resultam de desequilíbrios
macroeconómicos que apenas foram agravados pela crise financeira internacional (Stein,
2012).
Um primeiro contributo deste estudo passa por perceber de que forma é que o mercado
bolsista dos países da Zona Euro que foram sujeitos a programas de assistência financeira
externa reagiram à crise financeira global. Uma vez que esta crise resulta de um choque
exógeno semelhante para todos eles, espera-se que o risco nos mercados de capitais de Grécia,
Irlanda, Portugal e Espanha tenho aumentado, consistente com a ideia de aumento da
incerteza dos investidores. Assumindo que os resgates financeiros à Grécia, Irlanda, Portugal
e Espanha terão aliviado as pressões relativas ao financiamento destes países, na sequência da
crise financeira global, pode-se assumir, por hipótese, que estes terão ajudado a reduzir a
incerteza dos investidores, num contexto de crise da dívida soberana. No entanto, tendo em
conta que o enquadramento de cada um dos países antes da crise, que as reações à potencial
necessidade de um resgate financeiro e que as condições dos programas de assistência
financeira em cada um dos países foram bastante distintos, interessa perceber se as alterações
no risco dos mercados de ações destes foram uniformes ou, pelo contrário, foram igualmente
distintas. Por outras palavras, é importante perceber se a reação dos investidores aos resgates
financeiros em cada um dos países foi semelhante ou se variou mediante o contexto específico
de cada país. Um segundo contributo deste trabalho passa precisamente por analisar essa
questão.
II. Breve revisão da literatura: Condicionantes das reações dos mercados de
capitais
Partindo do caso das empresas não financeiras cotadas na Euronext Lisbon, Sá et al.
(2016) estudaram as alterações em várias medidas de risco do mercado de capitais durante a
crise financeira global, concluindo que se verificaram alterações estatisticamente
significativas no risco total e idiossincrático das empresas não financeiras portuguesas cotadas
em bolsa na sequência da falência do banco Lehman Brothers para todo o período e quase
todos os sub-períodos considerados, consistente com a ideia de que a incerteza entre os
investidores terá aumentado durante o período de crise.
Com o objetivo de minimizar os efeitos da crise financeira global, os países mais
afetados recorreram a empréstimos avultados que seriam, mais tarde, incapazes de pagar,
originando uma crise da dívida soberana. Coronado et al. (2012), ao investigar a ligação entre
os swaps de risco de incumprimento de dívida soberana (CDS) e os índices acionistas para
oito países Europeus (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, França, Reino Unido e
Alemanha) na sequência da crise financeira global, concluíram que a rendibilidade acionista e
as as variações nos spreads dos CDS apresentam uma correlação significativa de sentido
inverso e que a volatilidade na rendibilidade acionista está relacionada com os movimentos
dos spreads dos CDS, atingindo essa correlação valores máximos para os países com maior
risco de crédito estudados por estes autores (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália). Na
mesma linha, Castellano e Scaccia (2014), ao analisar se aumentos na volatilidade do índice
de CDS podem ser utilizados como indicador de perturbações no mercado de ações, concluem
que a volatilidade do mercado de swaps de risco de incumprimento de dívida soberana podem
ser um instrumento fiável de previsão de eventuais colapsos do mercado acionista. Uma vez
que os prémios de risco de incumprimento de dívida soberana aumentam quando é detetada
ou assumida por parte do mercado uma deterioração das condições de crédito ou, em sentido
inverso, contraiem quando o risco percepcionado é menor, pode-se argumentar que existe
uma relação entre aquilo que acontece ao nível da dívida soberana e aquilo que acontece nos
mercados acionistas. A ideia de que à medida que os prémios de risco dos CDS expandem
(isto é, o risco de crédito aumenta) os índices acionistas registam descidas (o risco de mercado
aumenta), indicia que os mercados são ineficientes, uma vez que alterações num destes
mercados criam alterações previsíveis no outro, originando oportunidades de investimento
mais rentáveis.
Candelon e Palm (2010) notam que os aumentos na vulnerabilidade face à dívida
observada nos países europeus é mais impulsionada por perdas ao nível do mercado de ações
do que pelas intervenções dos governos nacionais para resgatar o sector bancário. Também
Fratianni e Marchionne (2013) notam que os dados relativos aos mercados acionistas podem
ser vistos como indicadores de perturbações financeiras e que se, por um lado, anúncios
específicos tendem a ter uma influência positiva nas taxas de retorno antes da eclosão de uma
crise – numa altura em que esses anúncios são pouco frequentes e os mercados têm relativa
confiança nos fluxos normais de informação – o contrário acontece em momentos de crise –
quando os anúncios se tornam muito frequentes e os mercados reagem com desconfiança aos
fluxos de informação. As dinâmicas de informação podem, neste contexto, ter desempenhado
um papel de grande relevância, na sequência do início da crise financeira global e podem ter
determinado o que se viria a passar em seguida para vários países europeus. Young e
Semmler (2011) e Collignon et al. (2013) expõem várias situações em que declarações
públicas por parte de elementos do governo alemão agravaram a incerteza nos mercados de
capitais, com graves consequências para os países periféricos da Zona Euro, em particular,
para a Grécia.
Fernandes et al. (2015) destacam a influência do sentimento dos investidores nos
mercados de capitais, em particular na avaliação de ativos, na sua rendibilidade e na sua
volatilidade. Tendo como base o caso de Portugal, e considerando um período que inclui parte
do período de assistência financeira – e, portanto, num contexto de austeridade e de incerteza
relativamente ao efeito das reformas fiscais e estruturais com o objetivo de corrigir os
desequilíbrios e estimular o crescimento que, segundo os autores, pode ter aumentado a
propensão dos investidores a seguir correntes de otimismo ou pessimismo de forma irracional,
com consequências ao nível da avaliação dos ativos, limitando a capacidade futura de um
governo se financiar – concluem que tanto o mercado de obrigações como o mercado de
ações é influenciado pelo sentimento.
Assumindo que os pacotes de assistência financeira à Grécia, Irlanda, Portugal e
Espanha terão aliviado as pressões relativas ao financiamento destes países, na sequência da
crise financeira global e terão facilitado um ligeiro ajustamento, num contexto de
agravamento da dívida soberana ao longo dos tempos (Baldi e Staehr, 2015), poderá esperar-
se uma reação favorável dos mercados acionistas a estes pacotes (Lau e McInish, 2003).
Gerhardt e Vennet (2016) notam, no entanto, que quaisquer melhorias no desempenho dos
bancos resgatados na sequência desses pacotes de assistência financeira foram, na melhor das
hipóteses, muito ténues – podendo argumentar-se que o sector não financeiro não terá
beneficiado significativamente desses resgates. Adicionalmente, Schoenmaker e Siegmann
(2014) referem que se há algo que a crise da dívida soberana deixou claro é que não é possível
alcançar a estabilidade financeira de forma individual, a nível nacional. Lachman (2013), por
seu turno, destaca o outro lado da moeda relativamente aos programas de assistência
financeira para a Grécia, a Irlanda, Portugal e Espanha, e que passou por aceitar seguir um
plano rigoroso de austeridade fiscal. Segundo o autor, esta condição teve um impacto mais
negativo do que positivo nos países referidos. Kalemli‐Ozcan et al. (2014) notam, no
entanto, que os referidos programas de austeridade fiscal desempenharam um papel
importante na não propagação do risco para outros países da União Europeia durante a crise
da dívida soberana.
III - Metodologia
III.1. Amostra e horizonte temporal
Truman (2013) identifica duas fases distintas da crise financeira europeia. Uma
primeira resultante da intensificação da crise financeira global, no quarto trimestre de 2008, e
uma segunda fase com início na crise grega, no final de 2009, que acabaria por levar a um
programa de assistência apoiado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em Maio de 2010
(que seria seguido por programas de assistência noutros países, incluindo Irlanda, Portugal e
Espanha). Entre o ano 2000 e a primeira data apontada por este autor, não houve choques de
grande impacto que afetassem as economias Europeias, tendo o enquadramento institucional
permanecido relativamente estável durante esse período. A crise financeira global viria a
mudar isso de diversas formas, com as condições de financiamento a tornar-se mais restritivas
em diversos casos e com alguns países a registarem um abrandamento económico que não
havia sido visto durante décadas. Para fazer face à recessão, alguns governos nacionais foram
obrigados a fazer gastos extraordinários para resgatar bancos ou outras empresas. A falência
do banco Lehman Brothers, a 15 de Setembro de 2008 é aceite de forma generalizada como o
ponto de partida da crise financeira global (Von Hagen et al., 2011; Schoenmaker e
Siegmann, 2014). Assim, definimos o período de crise como o período entre três e vinte e
quatro meses após o dia 15 de Setembro de 2008 e consideramos o período entre três e vinte e
quatro meses anteriores a essa data como um período de instabilidade anterior à crise (pré-
crise).
Embora seja comum considerar a crise da dívida soberana Grega como o evento que
despoletou a crise da dívida soberana Europeia, com a instabilidade nas finanças públicas das
economias mais vulneráveis da periferia da Zona Euro – em particular Grécia, Irlanda,
Portugal e Espanha – a ser notícia como sendo, potencialmente, o ponto de partida para a
necessidade destas economias serem sujeitas a resgates financeiros no futuro (Young e
Semmler, 2011), e em particular tendo em conta contextos distintos que antecederam os
resgates financeiros dos países considerados e que se seguiram a cada um desses resgates,
consideramos particularmente relevante estudar de que forma é que os mercados de capitais
de cada um destes países reagiram a esses resgates. Assim, consideramos as datas dos
resgastes de cada um dos países da nossa amostra como ponto de partida para uma segunda
análise das variações do risco nos mercados de capitais – maio de 2010 e março de 2012 para
o primeiro e segundo resgate da Grécia, respectivamente; dezembro de 2010 para a Irlanda;
maio de 2011 para Portugal; e julho de 2012 para a Espanha. À semelhança da nossa análise
das variações do risco durante a crise financeira global, consideramos para a análise das
variações do risco pós-resgate o período entre três e vinte e quatro meses após a data do
resgate em cada um dos países e o período entre três e vinte e quatro meses anteriores a essa
data. Uma vez que a análise é feita país a país, é possível comparar os efeitos em cada países
(Stângă, 2014).
Para a estimação das alterações nas medidas de risco dos mercados de capitais
ocorridas entre os períodos de crise e pré-crise, e os períodos pós-resgate e pré-resgate,
utilizamos as rendibilidades diárias dos títulos das empresas e dos índices bolsistas de
referência de cada um dos países. No que diz respeito aos índices de referência para cada um
dos mercados de capitais, consideramos o FTSE Athex Market Index (Grécia), o ISEQ 20
(Irlanda), o PSI 20 (Portugal) e o IBEX 35 (Espanha). No total, a nossa análise do risco inclui
135 empresas (31 para Portugal; 20 para a Irlanda; 28 para a Grécia; e 56 para Espanha) que
correspondem a 304.694 observações diárias. Da amostra são excluídas as empresas
financeiras, as sociedades anónimas desportivas e as empresas que não estiveram cotadas ao
longo de todo o período considerado. A informação relativa à cotação das ações foi recolhida
da base de dados histórica das empresas gestoras de cada uma das bolsas de ações nacionais
dos países considerados.
Uma vez que, quando considerados os períodos mais longos da nossa análise das
alterações nas medidas de risco do mercado de capitais, há períodos que coincidem, e de
modo a ter uma ideia clara da cronologia dos eventos para analisar os efeitos desses eventos
nas alterações do risco quer nos períodos mais curtos, quer nos períodos mais longos
considerados, refletimos essa cronologia no Quadro 1.
Quadro 1 Cronologia da crise: Neste quadro são apresentados os períodos considerados
como período de crise/pré-crise, bem como os períodos pré-resgate/pós-resgate.
III.2. Estatísticas descritivas
Na Tabela 1 apresentamos algumas estatísticas descritivas relativas aos índices
acionistas de referência de cada um dos países da nossa amostra para todos os sub-períodos
entre três e vinte e quatro meses antes e depois dos eventos considerados (falência do banco
Lehman Brothers e resgate financeiro em cada um dos países). Em particular, apresentamos a
média e a mediana do valor do íncice acionista de referência de cada país, a variação
percentual do sub-período posterior ao evento face ao sub-período com o mesmo horizonte
temporal anterior ao evento, os valores mínimos e máximos atingidos, e duas medidas de
dispersão (desvio padrão e amplitude interquartis).
Relativamente ao período de crise financeira global, é evidente que houve uma quebra
muito acentuada nos valores médios e na mediana dos valores dos índices de cada país que,
em alguns casos, ultrapassou os 50%, com particular destaque para a Irlanda e para a Grécia.
Essa quebra é tão mais evidente quando mais longo é o período considerado, para os índices
ISEQ 20 e o FTSE Athex, sendo que para o PSI 20 e o IBEX 35 a quebra atinge os valores
(relativos) mais elevados quando considerados os sub-períodos de 9 e 12 meses (antes e
depois da falência do banco Lehman Brothers). Embora do ponto de vista teórico se possa
colocar a hipótese de os pacotes de assistência externa terem aliviado as pressões relativas ao
financiamento da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, contribuindo para acalmar os
mercados, a verdade é que apenas o ISEQ 20 (todos os sub-períodos) e o IBEX 35 mostraram
alguns sinais de recuperação, embora neste último caso isso se tenha verificado apenas no
País Grécia
País Irlanda
País Portugal
País Espanha
Pré-Crise Crise Financeira Global
Pré-Resgate Pós-Resgate
Pré-Resgate Pós-Resgate
Pré-Crise Crise Financeira Global
Pré-Resgate Pós-Resgate
Pré-Crise Crise Financeira Global
2013 2014
Pré-Crise Crise Financeira Global
Pré-Resgate 2 Pós-Resgate 2
Pré-Resgate 1 Pós-Resgate 1
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
período mais curto considerado, ou seja, no período mais próximo do resgate financeiro,
quando comparado com o período imediatamente anterior ao resgate.
De um modo geral, a dispersão dos dados é maior quando considerado o
comportamento dos diversos índices acionista de referência de cada um dos países em torno
do início da crise do que quando considerado o comportamento desses mesmos índices em
torno das datas dos resgates financeiros a que cada um dos países da nossa amostra foi sujeito.
De notar que, globalmente, os valores máximos no período de análise com referência à
falência do banco Lehman Brothers se verificaram antes desse evento e os valores mínimos
foram atingidos num período posterior a esse evento, indicando mais uma vez o impacto
negativo desse evento de um modo global, para os mercados acionistas dos países estudados.
Quando considerado o período de análise em torno dos diversos resgates financeiros esses
dados não são tão lineares. Se para o índice de refêrencia irlandês o valor mínimo para o
período considerado foi atingido antes do respetivo resgate e o valor máximo foi atingido
após esse evento, indicando uma recuperação do mercado acionista neste país, o mesmo não
pode ser dito de Portugal e Grécia. Tanto o PSI 20 como o FTSE Athex registaram valores
mínimos no período pós-resgate e valores máximos no período pré-resgate. No caso da
Grécia, esse registo mantém-se quer com referência à data do primeiro resgate, quer com
referencia à data do segundo resgate. No entanto, tendo como referência a data do segundo
resgate, pode observar-se que o valor mínimo é atingido num período relativamente próximo
do resgate e que à medida que se consideram sub-períodos mais longos o valor máximo vai
incrementando, o que pode indiciar uma ligeira recuperação do mercado acionista grego após
o segundo resgate. O caso do índice de referência espanhol é distinto dos anteriores, uma vez
que tanto o valor máximo como o valor mínimo foram registados após a data do resgate
financeiro. No entanto, o facto de o valor mínimo ter sido registado no sub-período
imediatamente após o resgate e os valores máximos terem registado um incremento à medida
que se considera um período mais longo após o resgate parece indiciar uma recuperação do
mercado acionista espanhol ao longo do tempo, na sequência do resgate financeiro.
De notar que estes dados são particularmente relevantes tendo em conta que, como
refere Marshall (2015), as medidas de risco sistemático conforme serão definidas no capítulo
seguinte não representam medidas de risco em termos absolutos mas, antes, medidas de risco
relativas ao risco dos mercados acionistas estudados, de um modo global (neste caso,
relativamente aos seus índices acionistas de referência).
Tabela 1 Estatísticas descritivas para o índice bolsista de referência em cada país por sub-período (com referência à data da falência do
banco Lehman Brothers e dos respetivos resgates)
Período Média Var Mediana Var Desvio Padrão Min Max Ampl. IQ Período Média Var Mediana Var Desvio Padrão Min Max Ampl. IQ
-3M 777,3 759,0 64,9 672,3 937,1 88,9 -3M 516,5 516,5 8,3 498,4 530,3 10,8
+3M 493,5 462,8 83,9 388,5 693,8 103,6 +3M 542,4 542,3 8,3 517,0 560,0 9,1
-6M 896,0 913,5 134,9 672,3 1.093,3 265,9 -6M 525,1 522,7 15,4 498,4 561,7 19,4
+6M 439,5 421,7 85,7 318,7 693,8 75,7 +6M 545,5 545,2 11,3 510,2 567,7 14,1
-9M 959,8 1.017,8 145,3 672,3 1.157,9 266,6 -9M 540,5 531,1 31,4 498,4 632,1 36,9
+9M 437,9 421,7 77,5 318,7 693,8 81,5 +9M 538,1 544,9 25,5 456,3 573,8 18,5
-12M 1.021,9 1.058,5 166,7 672,3 1.325,2 234,3 -12M 539,6 532,4 28,1 498,4 632,1 31,4
+12M 457,9 454,2 76,4 318,7 693,8 104,5 +12M 526,9 539,8 30,8 453,9 573,8 48,7
-15M 1.093,1 1.089,0 208,1 672,3 1.521,9 237,6 -15M 545,3 535,3 33,0 498,4 639,0 40,1
+15M 479,1 482,4 82,3 318,7 693,8 116,5 +15M 535,9 542,9 35,9 453,9 627,5 42,0
-18M 1.159,2 1.146,8 243,5 672,3 1.568,2 320,0 -18M 539,1 531,5 34,6 461,6 639,0 38,3
+18M 489,0 504,4 78,7 318,7 693,8 117,5 +18M 549,6 547,9 45,4 453,9 650,3 49,3
-21M 1.206,0 1.207,2 253,5 672,3 1.575,3 429,5 -21M 521,5 525,4 58,3 318,7 639,0 44,2
+21M 500,7 518,4 79,4 318,7 693,8 110,7 +21M 558,3 552,4 47,3 453,9 650,3 71,5
-24M 1.224,5 1.278,0 241,9 672,3 1.575,3 399,1 -24M 506,2 521,4 69,4 318,7 639,0 63,5
+24M 504,7 522,0 75,1 318,7 693,8 96,4 +24M 568,7 560,2 51,9 453,9 657,9 80,9
-3M 8.685,8 8.562,0 477,3 8.011,5 10.205,9 312,4 -3M 7.863,0 7.878,4 134,4 7.546,3 8.126,1 167,2
+3M 6.794,2 6.573,0 757,9 5.801,8 8.320,3 892,0 +3M 7.284,4 7.291,1 354,5 6.560,7 7.814,1 638,8
-6M 9.701,2 10.049,3 1.128,1 8.011,5 11.294,1 2.350,8 -6M 7.808,8 7.829,6 160,1 7.285,9 8.126,6 187,9
+6M 6.524,7 6.353,4 630,4 5.743,1 8.320,3 445,5 +6M 6.654,6 6.549,4 691,5 5.612,9 7.814,1 1.286,9
-9M 10.309,9 10.669,8 1.362,6 8.011,5 13.166,3 2.434,0 -9M 7.726,5 7.768,2 218,4 7.256,7 8.126,6 346,3
+9M 6.606,8 6.452,0 582,0 5.743,1 8.320,3 740,7 +9M 6.266,5 6.016,8 796,0 5.185,1 7.814,1 1.422,0
-12M 10.935,6 11.034,8 1.600,5 8.011,5 13.323,9 2.618,0 -12M 7.580,9 7.640,1 330,0 6.624,3 8.126,6 491,0
+12M 6.814,2 6.677,9 636,9 5.743,1 8.320,3 962,6 +12M 6.074,3 5.750,0 774,8 5.104,0 7.814,1 1.091,9
-15M 11.369,6 11.294,1 1.679,5 8.011,5 13.702,0 2.475,2 -15M 7.632,1 7.685,4 341,6 6.624,3 8.344,3 501,1
+15M 7.151,9 7.050,3 882,5 5.743,1 8.882,7 1.581,1 +15M 5.802,3 5.609,0 884,3 4.408,7 7.814,1 886,4
-18M 11.524,9 11.893,4 1.588,9 8.011,5 13.702,0 2.201,2 -18M 7.758,1 7.781,1 431,1 6.624,3 8.839,8 586,7
+18M 7.302,0 7.240,7 891,4 5.743,1 8.882,7 1.675,3 +18M 5.696,4 5.505,7 846,1 4.408,7 7.814,1 829,9
-21M 11.531,2 11.687,0 1.475,9 8.011,5 13.702,0 1.823,5 -21M 7.816,0 7.817,3 457,6 6.624,3 8.882,7 631,8
+21M 7.330,9 7.253,5 853,5 5.743,1 8.882,7 1.546,2 +21M 5.692,4 5.516,5 797,6 4.408,7 7.814,1 782,9
-24M 11.399,5 11.496,6 1.422,8 8.011,5 13.702,0 2.078,1 -24M 7.731,4 7.745,5 484,4 6.624,3 8.882,7 696,5
+24M 7.331,9 7.299,3 798,8 5.743,1 8.882,7 1.361,3 +24M 5.731,6 5.605,0 757,6 4.408,7 7.814,1 816,5
-27% -29%
-26% -28%
-36% -38%
-36% -37%
-27% -29%
-19% -23%
-20% -25%
-15% -16%
12% 7%
Portugal (PSI 20) - Resgate
-24% -27%
7% 5%
-2% 1%
-2% 1%
-7% -7%
0% 3%
Irlanda (ISEQ 20) - Resgate
5% 5%
4%
2% 3%
-37% -38%
-37% -39%
-36% -40%
-38% -39%
-22% -23%
-33% -37%
-59% -59%
Portugal (PSI 20) - Falência do banco Lehman Brothers
-58% -56%
-58% -57%
-55% -57%
-56% -56%
-54%
-54% -59%
Irlanda (ISEQ 20) - Falência do banco Lehman Brothers
-37% -39%
-51% 4%
Tabela 1 (cont.) Estatísticas descritivas para o índice bolsista de referência em cada país por sub-período (com referência à data da
falência do banco Lehman Brothers e dos respetivos resgates)
Período Média Var Mediana Var Desvio Padrão Min Max Ampl. IQ Período Média Var Mediana Var Desvio Padrão Min Max Ampl. IQ
-3M 4.139,7 4.119,2 149,6 3.842,9 4.531,2 187,6 -3M 2.226,0 2.228,8 127,7 1.856,6 2.421,7 200,2
+3M 2.742,1 2.522,5 594,7 2.079,3 3.940,7 1.055,1 +3M 1.723,6 1.716,4 117,3 1.525,9 1.981,5 160,3
-6M 4.487,9 4.440,4 399,3 3.842,9 5.163,6 749,5 -6M 2.450,8 2.352,7 309,1 1.856,6 3.233,5 340,6
+6M 2.348,3 2.146,9 596,1 1.642,8 3.940,7 572,0 +6M 1.733,5 1.724,3 104,2 1.525,9 1.987,4 136,4
-9M 4.790,1 4.806,9 612,5 3.842,9 6.245,1 927,5 -9M 2.649,2 2.564,1 399,0 1.856,6 3.475,5 674,7
+9M 2.343,5 2.176,3 522,9 1.642,8 3.940,7 618,0 +9M 1.677,9 1.663,7 121,6 1.409,0 1.987,4 160,7
-12M 5.159,8 5.072,4 815,9 3.842,9 6.476,5 1.625,0 -12M 2.639,5 2.573,2 350,6 1.856,6 3.475,5 516,7
+12M 2.440,4 2.466,2 487,0 1.642,8 3.940,7 713,6 +12M 1.664,9 1.660,0 120,4 1.409,0 1.987,4 161,1
-15M 5.324,8 5.331,3 799,0 3.842,9 6.476,5 1.397,9 -15M 2.504,5 2.512,4 426,6 1.642,8 3.475,5 593,2
+15M 2.565,3 2.558,7 513,4 1.642,8 3.940,7 806,8 +15M 1.588,0 1.620,7 190,9 1.131,8 1.987,4 250,0
-18M 5.407,6 5.737,2 755,9 3.842,9 6.476,5 1.193,1 -18M 2.450,8 2.419,7 417,6 1.642,8 3.475,5 586,9
+18M 2.532,7 2.516,1 478,7 1.642,8 3.940,7 685,8 +18M 1.459,8 1.583,6 339,5 651,7 1.987,4 426,6
-21M 5.432,4 5.697,2 705,4 3.842,9 6.476,5 1.043,5 -21M 2.607,8 2.509,1 595,7 1.642,8 4.269,4 760,4
+21M 2.453,7 2.409,3 492,6 1.525,9 3.940,7 668,1 +21M 1.338,8 1.525,9 431,1 546,2 1.987,4 787,8
-24M 5.382,3 5.508,6 675,7 3.842,9 6.476,5 1.030,5 -24M 2.850,7 2.565,6 863,3 1.642,8 5.136,3 999,9
+24M 2.365,2 2.302,6 517,4 1.525,9 3.940,7 766,7 +24M 1.257,4 1.410,8 457,9 546,2 1.987,4 942,1
-3M 4.139,7 4.119,2 149,6 3.842,9 4.531,2 187,6 -3M 651,0 618,2 77,1 546,2 794,4 128,7
+3M 2.742,1 2.522,5 594,7 2.079,3 3.940,7 1.055,1 +3M 605,5 625,3 90,5 415,7 722,3 143,9
-6M 4.487,9 4.440,4 399,3 3.842,9 5.163,6 749,5 -6M 684,0 680,4 84,4 546,2 893,3 141,2
+6M 2.348,3 2.146,9 596,1 1.642,8 3.940,7 572,0 +6M 554,9 530,8 86,6 394,6 722,3 130,3
-9M 4.790,1 4.806,9 612,5 3.842,9 6.245,1 927,5 -9M 839,8 746,2 247,7 546,2 1.364,4 339,0
+9M 2.343,5 2.176,3 522,9 1.642,8 3.940,7 618,0 +9M 595,2 617,4 96,5 394,6 787,2 158,8
-12M 5.159,8 5.072,4 815,9 3.842,9 6.476,5 1.625,0 -12M 1.006,9 857,0 365,9 546,2 1.746,0 630,4
+12M 2.440,4 2.466,2 487,0 1.642,8 3.940,7 713,6 +12M 639,2 651,6 115,2 394,6 835,1 189,1
-15M 5.324,8 5.331,3 799,0 3.842,9 6.476,5 1.397,9 -15M 1.127,5 1.208,2 409,9 546,2 1.825,7 827,9
+15M 2.565,3 2.558,7 513,4 1.642,8 3.940,7 806,8 +15M 663,1 678,9 118,8 394,6 961,7 205,7
-18M 5.407,6 5.737,2 755,9 3.842,9 6.476,5 1.193,1 -18M 1.217,2 1.309,2 426,4 546,2 1.855,6 868,3
+18M 2.532,7 2.516,1 478,7 1.642,8 3.940,7 685,8 +18M 674,1 693,3 112,5 394,6 961,7 137,8
-21M 5.432,4 5.697,2 705,4 3.842,9 6.476,5 1.043,5 -21M 1.290,8 1.458,3 435,7 546,2 1.987,4 865,0
+21M 2.453,7 2.409,3 492,6 1.525,9 3.940,7 668,1 +21M 703,4 711,7 128,4 394,6 961,7 155,9
-24M 5.382,3 5.508,6 675,7 3.842,9 6.476,5 1.030,5 -24M 1.392,8 1.540,6 496,7 546,2 2.421,7 862,2
+24M 2.365,2 2.302,6 517,4 1.525,9 3.940,7 766,7 +24M 734,8 730,5 146,8 394,6 1.019,9 182,2
-55% -58%
-56% -58%
-46% -51%
-47% -53%
-52% -52%
-53% -56%
-51% -55%
-53% -51%
-34% -39%
-48% -52%
-56% -58%
Grécia (FTSE Athex Market Index) - Falência do banco Lehman Brothers
-53% -56%
-55% -58%
-53% -51%
-52% -52%
-48% -52%
-51% -55%
Grécia (FTSE Athex Market Index) - Falência do banco Lehman Brothers
-34% -39%
-41% -44%
-45% -47%
-29% -17%
-37% -24%
-7% 1%
-19% -22%
-56% -45%
Grécia II (FTSE Athex Market Index) - 2º Resgate
-40% -35%
-49% -39%
-37% -35%
-37% -35%
-29% -27%
-37% -35%
Grécia I (FTSE Athex Market Index) - 1º Resgate
-23% -23%
Tabela 1 (cont.) Estatísticas descritivas para o índice bolsista de referência em cada país por sub-período (com referência à data da
falência do banco Lehman Brothers e dos respetivos resgates)
Nesta tabela são apresentadas a média e mediana dos valores dos índices de referência de cada um dos países da amostra para cada um dos
sub-períodos considerados. É ainda apresentada a variação entre os períodos antes e depois de cada evento (falência do banco Lehman
Brothers e resgate financeiro), os valores mínimos e máximos para cada sub-período e medidas de dispersão para cada um dos sub-
períodos considerados.
Período Média Var Mediana Var Desvio Padrão Min Max Ampl. IQ Período Média Var Mediana Var Desvio Padrão Min Max Ampl. IQ
-3M 11.757,9 11.707,3 391,7 11.136,5 12.885,1 477,7 -3M 6.703,6 6.693,9 272,6 6.065,0 7.219,5 359,0
+3M 9.541,4 9.152,4 1.055,3 7.905,4 11.557,9 1.870,6 +3M 7.451,2 7.544,5 576,8 5.956,3 8.230,7 760,0
-6M 12.644,5 12.631,5 995,4 11.136,5 14.247,6 1.903,6 -6M 7.511,7 7.157,2 905,1 6.065,0 8.902,1 1.825,4
+6M 8.963,9 8.834,7 1.104,1 6.817,4 11.557,9 1.206,9 +6M 7.728,1 7.837,6 544,7 5.956,3 8.664,7 528,1
-9M 12.950,9 13.073,2 1.051,4 11.136,5 15.318,5 1.773,9 -9M 7.826,7 8.261,8 879,4 6.065,0 9.270,5 1.677,4
+9M 8.920,6 8.879,9 973,9 6.817,4 11.557,9 1.075,1 +9M 7.896,6 7.920,9 530,3 5.956,3 8.724,6 498,9
-12M 13.561,5 13.497,0 1.403,7 11.136,5 15.945,7 2.121,7 -12M 8.030,5 8.333,8 880,2 6.065,0 10.059,3 1.430,7
+12M 9.317,5 9.229,0 1.134,4 6.817,4 11.557,9 1.445,4 +12M 7.969,7 8.008,1 495,2 5.956,3 8.724,6 502,8
-15M 13.777,4 13.877,8 1.332,0 11.136,5 15.945,7 1.985,8 -15M 8.460,1 8.472,9 1.185,2 6.065,0 10.878,9 1.116,7
+15M 9.812,4 9.514,8 1.409,0 6.817,4 12.034,4 2.617,0 +15M 8.153,8 8.140,6 611,9 5.956,3 10.001,8 663,4
-18M 13.949,3 14.305,5 1.284,0 11.136,5 15.945,7 1.867,9 -18M 8.833,6 8.591,8 1.370,6 6.065,0 11.113,0 2.080,7
+18M 10.031,8 9.944,3 1.411,7 6.817,4 12.222,5 2.500,4 +18M 8.421,2 8.289,3 834,1 5.956,3 10.525,0 853,5
-21M 14.012,7 14.326,0 1.204,8 11.136,5 15.945,7 1.606,3 -21M 9.022,5 8.797,1 1.359,8 6.065,0 11.113,0 2.024,2
+21M 10.060,5 10.041,9 1.349,8 6.817,4 12.222,5 2.302,8 +21M 8.667,9 8.433,5 982,4 5.956,3 10.677,2 1.767,3
-24M 13.955,5 14.194,0 1.154,8 11.136,5 15.945,7 1.567,0 -24M 9.213,6 9.554,0 1.369,6 6.065,0 11.113,0 2.147,6
+24M 10.079,2 10.139,4 1.271,2 6.817,4 12.222,5 1.956,8 +24M 8.924,5 8.573,4 1.148,8 5.956,3 11.187,8 1.964,2-28% -29% -3% -10%
-28% -30% -5% -4%
-28% -30% -4% -4%
-31% -32% -1% -4%
-29% -31% -4% -4%
-29% -30% 3% 10%
-31% -32% 1% -4%
Espanha (IBEX 35) - Falência do banco Lehman Brothers Espanha (IBEX 35) - Resgate
-19% -22% 11% 13%
IV. Medidas de risco – Risco total, risco de mercado e risco
idiossincrático
Para a análise do risco, comparámos as medidas de risco do mercado de
capitais relativas a um período até 24 meses depois da falência do banco Lehman
Brothers e dos regates financeiros em cada um dos países da amostra com essas
mesmas medidas calculadas para um período até 24 meses antes dessa data, conforme
proposto por Amihud et al. (2002). Assumindo que as alterações no risco podem não
ser uniformes durante todo o período, calculámos as alterações nas medidas de risco
para vários subperíodos de 3 meses (antes e depois de cada evento) entre os 3 e os 24
meses. Aplicando o método utilizado por Akhigbe et al. (2008) e Sá et al. (2016),
calculámos as alterações no risco total, idiossincrático e de mercado para cada uma
das empresas da nossa amostra.
A variabilidade da rendibilidade acionista ao longo do tempo é normalmente
considerada na literatura financeira como representativa do risco total. Assim,
considerámos a variância da rendibilidade acionista diária por empresa como a nossa
medida de risco total. Teoricamente, os preços das ações representam a atualização
dos fluxos de caixa futuros (Sharpe, 1964; Markowitz, 1999). Assim, um aumento no
risco total representa uma redução de valor para os detentores de capital que
condiciona a gestão estratégica das empresas, podendo refletir-se negativamente na
distribuição de dividendos (Durnev et al., 2003), num aumento do custo de
mobilização de capitais nos mercados bolsistas (Minton e Schrand, 1999), podendo
originar situações de incumprimento no pagamento de dívidas por parte das empresas
(Triantis, 2000) e, em última instância, colocar em risco a continuidade da própria
empresa. Níveis de risco total elevados podem também dificultar movimentos
estratégicos das empresas tais como aquisições e alienações, uma vez que a incerteza
relativamente aos fluxos de caixa futuros de uma empresa deverão deixar potenciais
parceiros de negócios particularmente cautelosos em adquirir ou ser incorporados
pelo seu parceiro (Clayton et al., 2005). As alterações no risco total são calculadas
pela diferença entre variância da rendibilidade acionista diária por empresa entre o
período de crise e pré-crise, e entre o período pós-resgate e pré-resgate:
Δ𝜎𝑟2 = 𝜎𝑟,𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒
2 − 𝜎𝑟,𝑝𝑟é−𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒2
Δ𝜎𝑟2 = 𝜎𝑟,𝑝ó𝑠−𝑟𝑒𝑠𝑔𝑎𝑡𝑒
2 − 𝜎𝑟,𝑝𝑟é−𝑟𝑒𝑠𝑔𝑎𝑡𝑒2
O investimento no mercado de ações envolve elevados níveis de risco que se
multiplicam com o aumento da volatilidade nos preços das ações. Neste contexto, é
importante para os investidores ter um conhecimento adequado dos riscos e retornos
associados a vários títulos, que lhes permitam realizar boas decisões de investimento e
obter uma melhor relação entre risco e retorno. Embora, um investidor possa construir
uma carteira de títulos diversificada de modo a reduzir o risco, essa diversificação
poderá não ser suficiente para fazer face ao risco sistemático associado aos títulos
dessa carteira. Assim, considerar apenas o risco total de vários títulos não é suficiente,
sendo importante perceber qual o risco sistemático (ou de mercado) e qual o risco não
sistemático (ou idiossincrático) associado a esses títulos.
Para medir o risco idiossincrático e de mercado partimos da estimação do
modelo de mercado de um factor pelo método dos mínimos quadrados usuais. O
modelo de mercado é dado por:
𝑅𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1𝑅𝑚𝑡 + 𝑒𝑡
onde 𝑅𝑡 representa a rendibilidade acionista de um título num momento t, 𝑅𝑚𝑡
representa a rendibilidade acionista do índice bolsista de referência em cada um dos
países considerados num momento t, 𝛽0 é a constante, 𝛽1 é o beta de mercado e 𝑒𝑡 é o
resíduo num momento t.
O risco de mercado (𝛽1) é estimado separadamente a partir do modelo de
mercado para os períodos de crise e pré-crise, e para os períodos pré-resgate e pós-
resgate.
As alterações no risco de mercado são dadas pela diferença entre os períodos
de crise e pré-crise, e entre os períodos pós-resgate e pré-resgate:
Δβ = 𝛽1,𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒 − 𝛽1,𝑝𝑟é−𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒
Δβ = 𝛽1,𝑝ó𝑠−𝑟𝑒𝑠𝑔𝑎𝑡𝑒 − 𝛽1,𝑝𝑟é−𝑟𝑒𝑠𝑔𝑎𝑡𝑒
O risco de mercado representa a alteração nos preços das ações de uma
empresa que pode ser explicada pelas variações registadas no mercado, refletindo
desta forma a sensibilidade da rendibilidade acionista de uma empresa aos
movimentos do mercado, quando considerado globalmente (Sharpe, 1964).
Chira e Marciniak (2014) estudaram as alterações ocorridas ao nível do risco
total e sistemático das empresas europeias admitidas à negociação nos mercados
domésticos de Espanha, Grécia, Portugal, Itália e Irlanda durante a crise grega,
concluindo que o risco total registou um aumento significativo. No entanto, no que
diz respeito ao risco sistemático, notam que este apenas registou um aumento
significativo para as empresas com títulos cotados simultaneamente no mercado
doméstico e no mercado norte-americano. Coles et al. (1995), por sua vez, sugerem
que à medida que a informação é revelada a incerteza do investidor é resolvida, pelo
que existe uma tendência para os betas convergirem para o seu valor apropriado.
Deste modo, pode argumentar-se que quando considerados períodos mais curtos
relativamente a um evento que aumente (ou diminua) a incerteza relativamente ao
mercado, essa incerteza deverá ser maior (ou menor). À medida que se consideram
períodos maiores, a informação revelada deverá confirmar ou contrariar essa maior
(ou menor) incerteza. Akhigbe et al. (2008) referem também que a eventual não
significância nas variações da medida de risco de mercado poderá ser o reflexo de
menor incerteza das empresas de um determinado segmento relativamente às
empresas de outros segmentos. Por outras palavras, o risco de mercado poderá
aumentar para algumas empresas e diminuir para outras.
O risco idiossincrático, por seu turno, mede as variações na rendibilidade
acionista que não podem ser explicadas pela evolução do mercado e que decorrem de
características únicas de uma organização ou específicas de um determinado sector
(não partilhadas pela generalidade do mercado). De acordo com os pressupostos
clássicos, os investidores podem eliminar o risco idiossincrático através da
diversificação da sua carteira de títulos. Na prática, no entanto, os investidores detêm
carteiras de títulos pouco diversificadas devido aos elevados custos de transação
associados à diversificação das mesmas (Ang et al., 2009). Esta limitação prática faz
com que os investidores tenham boas razões para considerar quer o risco sistemático,
quer o risco não sistemático associado a um determinado título.
Para medir o risco idiossincrático utilizamos a variância dos resíduos gerados
a partir da estimação do modelo de mercado através do método dos mínimos
quadrados usuais. A variância dos resíduos é calculada para os períodos de crise e
pré-crise, e para os períodos pós-resgate e pré-resgate. As alterações no risco
idiossincrático são dadas pela diferença entre estes períodos:
Δ𝜎𝑒2 = 𝜎𝑒,𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒
2 − 𝜎𝑒,𝑝𝑟é−𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒2
Δ𝜎𝑒2 = 𝜎𝑒,𝑝ó𝑠−𝑟𝑒𝑠𝑔𝑎𝑡𝑒
2 − 𝜎𝑒,𝑝𝑟é−𝑟𝑒𝑠𝑔𝑎𝑡𝑒2
Para determinar se houve alterações significativas nas medidas de risco,
testamos se as alterações ao nível da média (mediana) nessas medidas são iguais a
zero, usando o teste t (o teste não paramétrico Wilkoxon). A nossa expectativa é que
as medidas de risco tenham variado com sinal positivo no período de crise.
Relativamente ao período após o resgate (assistência financeira), tendo em
consideração que o enquadramento de cada um dos países antes da crise, que as
reações à potencial necessidade de um resgate financeiro e que as condições dos
programas de assistência financeira em cada um dos países foi bastante distinta,
esperamos resultados diferenciados para os vários países.
V - Análise das alterações nas medidas de risco do mercado de
capitais
As alterações nas medidas de risco do mercado de capitais estão sumariadas
na Tabela 2 – alterações no risco na sequência da crise financeira global – e na Tabela
3 – alterações no risco total após assistência financeira (resgate).
Relativamente ao período de crise financeira global, os resultados revelam
variações positivas com significância estatística ao nível da média e/ou da mediana no
risco total e idiossincratico para todos os países no período mais longo considerado. O
mesmo acontece quando considerados todos os sub-períodos entre os três e os vinte e
quatro meses para a Grécia, Irlanda e Espanha. Só em Portugal não se registaram
alterações significativas no risco total, para o sub-período [-15M; +15M], e
idiossincrático, quando comparados sub-períodos superiores a doze meses. A
justificar a ausência de significância estatística para esse período poderão estar os
resultados positivos alcançados em Portugal ao nível da consolidação fiscal, no
período de crise correspondente a este horizonte temporal e a convicção transmitida
pelo governo português de que seria possível evitar o auxílio internacional, o que
poderá ter acalmado temporariamente os mercados nesse período. De um modo global
pode, concluir-se que quando comparados os periodos de crise e pre-crise, o risco
total e idiossincrático das empresas não financeiras da Grécia, Irlanda, Portugal e
Espanha aumentaram, em concordancia com a ideia de que a incerteza do investidor
aumentou durante a crise crise financeira global.
Tabela 2 Alterações no risco após 15 de Setembro de 2008
Período Média Sig Mediana Sig Desvio Padrão Ampl. IQ Período Média Sig Mediana Sig Desvio Padrão Ampl. IQ Período Média Sig Mediana Sig Desvio Padrão Ampl. IQ
[- 3M; + 3M] 0,005609 * 0,001256 *** 0,014497 0,003735 [- 3M; + 3M] 0,030932 0,025616 0,196054 0,191293 [- 3M; + 3M] 0,005522 0,001183 *** 0,014499 0,003718
[- 6M; + 6M] 0,004307 ** 0,001175 *** 0,009007 0,005650 [- 6M; + 6M] 0,006002 0,011404 0,158302 0,218737 [- 6M; + 6M] 0,004267 ** 0,001199 *** 0,009008 0,005618
[- 9M; + 9M] 0,004064 ** 0,001265 *** 0,007132 0,006749 [- 9M; + 9M] -0,027941 -0,034628 0,153268 0,202357 [- 9M; + 9M] 0,004038 ** 0,001158 *** 0,007131 0,006694
[-12M; +12M] 0,003386 ** 0,001123 *** 0,005767 0,005432 [-12M; +12M] -0,042268 -0,065078 0,155298 0,216763 [-12M; +12M] 0,003372 ** 0,001010 *** 0,005760 0,005372
[-15M; +15M] 0,002858 ** 0,000798 *** 0,004800 0,004950 [-15M; +15M] -0,049413 -0,045957 0,163938 0,284839 [-15M; +15M] 0,002849 ** 0,000828 *** 0,004788 0,004925
[-18M; +18M] 0,002886 ** 0,000703 *** 0,005448 0,004407 [-18M; +18M] -0,051621 -0,049257 0,156844 0,276926 [-18M; +18M] 0,002879 ** 0,000727 *** 0,005442 0,004360
[-21M; +21M] 0,002532 ** 0,000605 *** 0,004803 0,004012 [-21M; +21M] -0,029908 -0,053319 0,147794 0,240244 [-21M; +21M] 0,002514 ** 0,000608 *** 0,004800 0,003978
[-24M; +24M] 0,002317 ** 0,000545 *** 0,004233 0,003887 [-24M; +24M] -0,020509 -0,046503 0,145678 0,245179 [-24M; +24M] 0,002296 ** 0,000532 *** 0,004231 0,003885
[- 3M; + 3M] 0,000828 *** 0,000579 *** 0,001081 0,001095 [- 3M; + 3M] -0,066912 -0,049504 0,311145 0,428298 [- 3M; + 3M] 0,000454 ** 0,000280 *** 0,001044 0,000577
[- 6M; + 6M] 0,000652 *** 0,000434 *** 0,000898 0,000820 [- 6M; + 6M] -0,048896 0,011035 0,264199 0,373129 [- 6M; + 6M] 0,000450 ** 0,000161 *** 0,000922 0,000357
[- 9M; + 9M] 0,000327 * 0,000373 ** 0,000938 0,000567 [- 9M; + 9M] -0,085150 ** -0,056314 * 0,224087 0,259195 [- 9M; + 9M] 0,000199 0,000168 ** 0,000946 0,000445
[-12M; +12M] 0,000335 * 0,000244 *** 0,000918 0,000534 [-12M; +12M] -0,059383 -0,029509 0,201511 0,211762 [-12M; +12M] 0,000239 0,000102 ** 0,000938 0,000351
[-15M; +15M] 0,000117 0,000064 0,000983 0,000529 [-15M; +15M] -0,077607 * -0,067554 * 0,227021 0,274260 [-15M; +15M] 0,000052 0,000023 0,000986 0,000318
[-18M; +18M] 0,000074 0,000093 * 0,001161 0,000395 [-18M; +18M] -0,060014 -0,040963 0,223017 0,315617 [-18M; +18M] 0,000008 0,000041 0,001162 0,000278
[-21M; +21M] 0,000173 0,000185 ** 0,000851 0,000443 [-21M; +21M] -0,056675 -0,049563 * 0,228232 0,293178 [-21M; +21M] 0,000079 0,000072 0,000864 0,000358
[-24M; +24M] 0,000212 0,000210 *** 0,000769 0,000399 [-24M; +24M] -0,059604 -0,065951 * 0,211179 0,272286 [-24M; +24M] 0,000127 0,000074 * 0,000781 0,000348
[- 3M; + 3M] 0,001714 *** 0,001522 *** 0,000913 0,001141 [- 3M; + 3M] 0,228770 *** 0,236342 *** 0,258945 0,278497 [- 3M; + 3M] 0,000731 *** 0,000594 *** 0,000564 0,000598
[- 6M; + 6M] 0,001100 *** 0,000856 *** 0,000833 0,000647 [- 6M; + 6M] 0,157202 *** 0,167670 *** 0,201073 0,264619 [- 6M; + 6M] 0,000578 *** 0,000424 *** 0,000785 0,000504
[- 9M; + 9M] 0,000787 *** 0,000635 *** 0,001090 0,001125 [- 9M; + 9M] 0,067367 0,063110 0,218484 0,287339 [- 9M; + 9M] 0,000414 ** 0,000395 *** 0,001043 0,000711
[-12M; +12M] 0,000593 *** 0,000437 *** 0,000906 0,000884 [-12M; +12M] 0,049910 0,063569 0,209378 0,307761 [-12M; +12M] 0,000268 0,000290 *** 0,000876 0,000555
[-15M; +15M] 0,000543 *** 0,000364 *** 0,000744 0,000754 [-15M; +15M] 0,005994 -0,003597 0,201157 0,270603 [-15M; +15M] 0,000242 * 0,000270 *** 0,000705 0,000508
[-18M; +18M] 0,000490 *** 0,000353 *** 0,000624 0,000654 [-18M; +18M] -0,005916 -0,016947 0,193233 0,247956 [-18M; +18M] 0,000203 * 0,000218 *** 0,000584 0,000386
[-21M; +21M] 0,000535 *** 0,000448 *** 0,000563 0,000635 [-21M; +21M] -0,021512 -0,034503 0,171411 0,216706 [-21M; +21M] 0,000218 ** 0,000250 *** 0,000513 0,000385
[-24M; +24M] 0,000529 *** 0,000448 *** 0,000508 0,000625 [-24M; +24M] -0,025023 -0,046949 0,174572 0,202320 [-24M; +24M] 0,000227 ** 0,000283 *** 0,000455 0,000342
[- 3M; + 3M] 0,000941 *** 0,000930 *** 0,000872 0,000887 [- 3M; + 3M] -0,087922 * -0,058874 0,357308 0,641397 [- 3M; + 3M] 0,000432 *** 0,000375 *** 0,000480 0,000521
[- 6M; + 6M] 0,000779 *** 0,000640 *** 0,000628 0,000728 [- 6M; + 6M] -0,050836 -0,020373 0,275189 0,368075 [- 6M; + 6M] 0,000463 *** 0,000365 *** 0,000443 0,000405
[- 9M; + 9M] 0,000618 *** 0,000507 *** 0,000607 0,000664 [- 9M; + 9M] -0,053525 * -0,022809 * 0,219587 0,237248 [- 9M; + 9M] 0,000415 *** 0,000327 *** 0,000475 0,000453
[-12M; +12M] 0,000505 *** 0,000409 *** 0,000551 0,000570 [-12M; +12M] -0,068300 ** -0,052862 ** 0,212887 0,272282 [-12M; +12M] 0,000348 *** 0,000237 *** 0,000451 0,000397
[-15M; +15M] 0,000428 *** 0,000332 *** 0,000498 0,000494 [-15M; +15M] -0,076762 *** -0,081461 *** 0,199015 0,256382 [-15M; +15M] 0,000304 *** 0,000202 *** 0,000415 0,000373
[-18M; +18M] 0,000390 *** 0,000287 *** 0,000479 0,000484 [-18M; +18M] -0,081084 *** -0,074286 *** 0,193206 0,248829 [-18M; +18M] 0,000281 *** 0,000166 *** 0,000410 0,000356
[-21M; +21M] 0,000385 *** 0,000272 *** 0,000458 0,000431 [-21M; +21M] -0,104000 *** -0,077356 *** 0,182248 0,238516 [-21M; +21M] 0,000260 *** 0,000159 *** 0,000385 0,000354
[-24M; +24M] 0,000350 *** 0,000217 *** 0,000433 0,000365 [-24M; +24M] -0,104274 *** -0,087960 *** 0,179649 0,236067 [-24M; +24M] 0,000233 *** 0,000144 *** 0,000364 0,000320
GréciaGrécia Grécia
Espanha Espanha Espanha
Irlanda Irlanda Irlanda
Risco Total Risco de Mercado Risco Idiossincrático
Portugal Portugal Portugal
Tabela 3 Alterações no risco após assistência financeira (resgate)
Estatísticas descritivas para o índice bolsista de referência em cada país com referência à data da falência do banco Lehman Brothers e dos respetivos
resgates
Período Média Sig Mediana Sig Desvio Padrão Ampl. IQ Período Média Sig Mediana Sig Desvio Padrão Ampl. IQ Período Média Sig Mediana Sig Desvio Padrão Ampl. IQ
[- 3M; + 3M] -0,000453 * -0,000079 ** 0,001036 0,000512 [- 3M; + 3M] 0,006316 0,143140 0,771325 0,511234 [- 3M; + 3M] -0,000411 * -0,000056 * 0,000996 0,000464
[- 6M; + 6M] -0,000418 ** -0,000068 ** 0,000785 0,000666 [- 6M; + 6M] 0,116869 0,130970 0,695678 0,637463 [- 6M; + 6M] -0,000360 ** -0,000048 ** 0,000704 0,000499
[- 9M; + 9M] -0,000365 -0,000111 ** 0,000970 0,000598 [- 9M; + 9M] 0,126073 0,110260 0,504059 0,402937 [- 9M; + 9M] -0,000339 -0,000067 ** 0,000949 0,000583
[-12M; +12M] 0,000158 -0,000072 0,004070 0,000467 [-12M; +12M] 0,051572 0,046545 0,463621 0,300598 [-12M; +12M] 0,000150 -0,000054 0,004079 0,000353
[-15M; +15M] 0,000035 -0,000096 0,003756 0,000274 [-15M; +15M] 0,080508 0,068733 0,450823 0,261557 [-15M; +15M] 0,000034 -0,000082 0,003759 0,000245
[-18M; +18M] -0,000212 -0,000178 ** 0,003468 0,000291 [-18M; +18M] 0,056769 0,016544 0,471126 0,352295 [-18M; +18M] -0,000213 -0,000162 ** 0,003467 0,000350
[-21M; +21M] -0,000644 -0,000347 ** 0,002962 0,000692 [-21M; +21M] 0,155459 0,125984 * 0,442204 0,351007 [-21M; +21M] -0,000659 -0,000369 ** 0,002965 0,000669
[-24M; +24M] -0,000739 -0,000445 ** 0,003001 0,000717 [-24M; +24M] 0,212399 * 0,174022 ** 0,472250 0,391137 [-24M; +24M] -0,000763 -0,000505 ** 0,003009 0,000719
[- 3M; + 3M] 0,002202 0,000239 *** 0,007258 0,000482 [- 3M; + 3M] 0,118830 0,018911 0,617768 0,322146 [- 3M; + 3M] 0,002079 0,000121 *** 0,007137 0,000544
[- 6M; + 6M] 0,001801 0,000222 *** 0,006106 0,000492 [- 6M; + 6M] -0,071735 -0,085322 * 0,409456 0,356533 [- 6M; + 6M] 0,001745 0,000124 *** 0,006059 0,000540
[- 9M; + 9M] 0,002316 0,000273 *** 0,007944 0,001342 [- 9M; + 9M] -0,102107 * -0,088982 * 0,301611 0,447291 [- 9M; + 9M] 0,002251 0,000153 *** 0,007956 0,001337
[-12M; +12M] 0,002089 * 0,000198 *** 0,006843 0,001347 [-12M; +12M] -0,105065 ** -0,078065 ** 0,223024 0,392539 [-12M; +12M] 0,002075 0,000145 *** 0,006840 0,001360
[-15M; +15M] 0,002626 ** 0,000235 *** 0,007152 0,001680 [-15M; +15M] -0,125658 ** -0,120384 *** 0,293095 0,366688 [-15M; +15M] 0,002647 ** 0,000262 *** 0,007142 0,001757
[-18M; +18M] 0,002857 ** 0,000209 *** 0,007112 0,001709 [-18M; +18M] -0,113540 ** -0,123573 ** 0,249918 0,335994 [-18M; +18M] 0,002876 ** 0,000233 *** 0,007091 0,001760
[-21M; +21M] 0,002692 ** 0,000172 *** 0,006607 0,002458 [-21M; +21M] -0,117734 *** -0,117622 ** 0,235567 0,331521 [-21M; +21M] 0,002711 ** 0,000191 *** 0,006583 0,002461
[-24M; +24M] 0,002579 ** 0,000167 *** 0,006672 0,002350 [-24M; +24M] -0,108337 ** -0,131432 ** 0,221023 0,413883 [-24M; +24M] 0,002595 ** 0,000194 *** 0,006654 0,002364
[- 3M; + 3M] 0,000369 *** 0,000188 *** 0,000475 0,000575 [- 3M; + 3M] 0,043092 0,022533 0,183319 0,216277 [- 3M; + 3M] 0,000281 *** 0,000107 *** 0,000407 0,000354
[- 6M; + 6M] 0,000081 0,000033 0,000370 0,000461 [- 6M; + 6M] 0,050822 0,040535 0,166870 0,256016 [- 6M; + 6M] 0,000139 ** 0,000073 ** 0,000307 0,000262
[- 9M; + 9M] 0,000158 * 0,000070 * 0,000454 0,000397 [- 9M; + 9M] 0,036644 0,037705 0,159574 0,170653 [- 9M; + 9M] 0,000198 ** 0,000057 *** 0,000421 0,000274
[-12M; +12M] -0,000013 -0,000037 0,000321 0,000269 [-12M; +12M] -0,005095 0,008251 0,167458 0,224147 [-12M; +12M] 0,000055 -0,000013 0,000297 0,000190
[-15M; +15M] -0,000050 -0,000065 0,000318 0,000296 [-15M; +15M] -0,023222 -0,008820 0,151847 0,184124 [-15M; +15M] 0,000013 -0,000023 0,000280 0,000182
[-18M; +18M] 0,000041 0,000017 0,000488 0,000417 [-18M; +18M] -0,013743 0,000644 0,178270 0,230397 [-18M; +18M] 0,000007 -0,000008 0,000425 0,000300
[-21M; +21M] -0,000083 -0,000153 0,000505 0,000588 [-21M; +21M] -0,065747 ** -0,034226 ** 0,169239 0,215166 [-21M; +21M] -0,000009 -0,000042 0,000437 0,000354
[-24M; +24M] -0,000025 -0,000108 0,000471 0,000534 [-24M; +24M] -0,072148 ** -0,060617 ** 0,157731 0,228589 [-24M; +24M] 0,000026 -0,000019 0,000411 0,000363
[- 3M; + 3M] -0,000128 0,000117 0,000616 0,001066 [- 3M; + 3M] 0,072397 0,036939 0,284310 0,436425 [- 3M; + 3M] -0,000062 0,000012 0,000504 0,000599
[- 6M; + 6M] -0,000056 0,000033 0,000879 0,000703 [- 6M; + 6M] 0,087475 * 0,078712 0,260841 0,319811 [- 6M; + 6M] -0,000087 -0,000045 0,000603 0,000655
[- 9M; + 9M] 0,001304 0,000206 ** 0,006080 0,000604 [- 9M; + 9M] 0,060732 0,045903 0,203545 0,215010 [- 9M; + 9M] 0,001303 0,000195 *** 0,006124 0,000492
[-12M; +12M] 0,001106 0,000266 *** 0,004531 0,000660 [-12M; +12M] 0,084834 ** 0,069171 * 0,205725 0,219678 [-12M; +12M] 0,001079 0,000218 *** 0,004585 0,000476
[-15M; +15M] 0,000989 0,000269 *** 0,003748 0,000550 [-15M; +15M] 0,100041 ** 0,069240 *** 0,202598 0,174627 [-15M; +15M] 0,000912 0,000204 *** 0,003813 0,000390
[-18M; +18M] 0,000918 0,000281 *** 0,003286 0,000469 [-18M; +18M] 0,113055 *** 0,080623 *** 0,204293 0,187552 [-18M; +18M] 0,000817 0,000181 *** 0,003355 0,000343
[-21M; +21M] 0,000761 0,000247 *** 0,002809 0,000488 [-21M; +21M] 0,105569 ** 0,072631 *** 0,207234 0,192543 [-21M; +21M] 0,000693 0,000191 *** 0,002885 0,000315
[-24M; +24M] 0,000718 0,000173 ** 0,003030 0,000559 [-24M; +24M] 0,097359 ** 0,063725 *** 0,214673 0,154049 [-24M; +24M] 0,000699 0,000133 ** 0,003109 0,000263
Irlanda Irlanda
Portugal Portugal
Irlanda
Portugal
Grécia I
Grécia II Grécia II Grécia II
Grécia I Grécia I
Risco Total Risco de Mercado Risco Idiossincrático
Tabela 3 (cont.) Alterações no risco total após assistência financeira (resgate)
Nesta tabela encontram-se sumariadas as estatisticas relativas as alteracoes do risco total, idiossincratico e de mercado ocorridas nos periodo de crise
e pós-resgate em cada um dos países considerados. ***, **, e * indicam que as alteracoes medias (medianas) nas medidas de risco tem significancia
estatistica aos niveis de significancia de 1, 5, e 10 por cento, respetivamente, analisados atraves do teste t (teste nao parametrico de Wilcoxon).
Alterações no período de crise resultam da comparação entre as medidas de risco do mercado de capitais dos períodos até 24 meses depois da
falência do banco Lehman Brothers com o período até 24 meses antes dessa data. O mesmo é feito com referência às datas do resgate (assistência
financeira) em cada um dos países considerados. São ainda apresentados vários sub-períodos de 3 meses entre os 3 e os 24 meses. As alterações no
risco total são medidas pela diferença entre as variâncias da rendibilidade acionista dos períodos antes e depois de cada evento (falência do banco
Lehman Brothers e resgate em cada um dos países). As alterações no risco idiossincrático são medidas pela diferença entre as variâncias dos
resíduos gerados a partir da estimação do modelo de mercado através do método dos mínimos quadrados usuais para os períodos pré-crise e de crise,
e para os períodos pré-resgate e pós-resgate. As alterações no risco de mercado são medidas pela diferença nos betas de mercado gerados pela
estimação do modelo de mercado para esses mesmos períodos.
Período Média Sig Mediana Sig Desvio Padrão Ampl. IQ Período Média Sig Mediana Sig Desvio Padrão Ampl. IQ Período Média Sig Mediana Sig Desvio Padrão Ampl. IQ
[- 3M; + 3M] -0,001566 0,000022 0,010898 0,000445 [- 3M; + 3M] -0,110120 -0,070255 * 0,501893 0,291619 [- 3M; + 3M] -0,001510 -0,000017 0,010312 0,000340
[- 6M; + 6M] -0,000817 0,000005 0,005579 0,000260 [- 6M; + 6M] -0,080858 -0,042720 0,374476 0,295761 [- 6M; + 6M] -0,000776 0,000016 0,005360 0,000228
[- 9M; + 9M] -0,000646 -0,000042 *** 0,003765 0,000286 [- 9M; + 9M] -0,090346 ** -0,072008 ** 0,294030 0,307743 [- 9M; + 9M] -0,000589 0,000002 0,003645 0,000206
[-12M; +12M] -0,000561 -0,000117 *** 0,002820 0,000302 [-12M; +12M] -0,094726 *** -0,081440 *** 0,246151 0,265694 [-12M; +12M] -0,000458 -0,000015 ** 0,002740 0,000199
[-15M; +15M] -0,000362 -0,000088 *** 0,002328 0,000300 [-15M; +15M] -0,091477 *** -0,081739 *** 0,233427 0,262461 [-15M; +15M] -0,000272 -0,000010 0,002265 0,000184
[-18M; +18M] -0,000235 -0,000088 *** 0,002040 0,000254 [-18M; +18M] -0,075393 ** -0,061346 ** 0,231864 0,251170 [-18M; +18M] -0,000162 -0,000019 0,001986 0,000172
[-21M; +21M] -0,000231 -0,000085 *** 0,001769 0,000204 [-21M; +21M] -0,034286 -0,018820 0,223283 0,264736 [-21M; +21M] -0,000172 -0,000036 0,001724 0,000175
[-24M; +24M] -0,000217 -0,000075 *** 0,001560 0,000213 [-24M; +24M] -0,025977 -0,006106 0,227711 0,273540 [-24M; +24M] -0,000164 -0,000036 0,001518 0,000184
Espanha Espanha Espanha
Risco Total Risco de Mercado Risco Idiossincrático
Relativamente ao risco de mercado, apenas se registaram alterações
significativas ao nível da média e/ou mediana para a Grécia, quando comparados os
sub-períodos até seis meses antes e depois da crise (aumento), para Portugal, quando
considerado o sub-período [-9M; +9M] (diminuição), e para Espanha, nos os sub-
períodos entre doze e vinte e quatro meses (diminuição). Pode no entanto referir-se
que apesar de os resultados não apresentarem significância estatística na maior parte
dos períodos para a generalidade dos países (excepção feita para a Espanha), a
tendência geral parece apontar para uma redução no risco sistemático para as
empresas não financeiras dos países considerados, neste período. Significa isso, que o
risco sistemático das empresas não financeiras dos países considerados terá conhecido
menores variações do que o risco sistemático das empresas cotadas nos índices de
referência de cada um dos países, consideradas como um todo, durante este período.
Ao contrário do registado no período de crise, existem dois cenários bastante
distintos relativamente às variações das medidas de risco do mercado acionista na
sequência dos resgates financeiros a que cada um dos países foi sujeito.
Teoricamente, representando os pacotes de assistência financeira internacional um
alívio das pressões relativas ao financiamento dos países que recebem esse auxílio,
num contexto de agravamento da dívida soberana, seria expectável uma reação
favorável dos mercados acionistas a estes pacotes. Os nossos resultados confirmam
essa ideia relativamente às empresas não financeiras cotadas na bolsa de valores
irlandesa, onde o risco total registou variações negativas com significância estatística
para o período considerado e quase todos os sub-períodos (apenas não foi registada
significância estatística para as alterações ao nível da média e/ou variância quando
comparados os períodos [-12M; + 12M] e [-15M; + 15M]), e cotadas na bolsa de
valores espanhola, onde o risco total registou variações negativas com significância
estatística quando comparados os períodos com horizonte temporal superior a 6
meses. No caso da Irlanda, a diminuição do risco total parece ter resultado
essencialmente de reduções no risco idiossincrático (as variações no risco de mercado
apenas apresentam significância estatística quando considerado o período mais longo
e é com sinal positivo). As empresas não financeiras cotadas no mercado bolsista
espanhol parecem ter beneficiado essencialmente de reduções no risco de mercado,
para os períodos entre [-9M; +9M] e [-18M; +18M], e do efeito combinado de
reduções no risco de mercado e no risco idiossincrático, para os períodos superiores a
dezoito meses (antes e depois do resgate). As reações verificadas na Grécia e em
Portugal são distintas dos casos de Irlanda e Espanha. Em ambos os casos, a incerteza
parece ter aumentado na sequência dos resgates financeiros. Por um lado, verificou-se
um aumento no risco total, de mercado e idiossincrático para as empresas não
financeiras cotadas no mercado de ações português para todo o período e quase todos
os sub-períodos. A incerteza no mercado de ações grego parece ter igualmente
aumentado quer na sequência do primeiro resgate, quer na sequência do segundo
resgate. No entanto, no caso do primeiro resgate esse efeito parece ter sido mais forte
quando considerado um período relativamente mais curto (mais próximo da data do
resgate), enquanto que no caso do segundo resgate o aumento da incerteza parece ser
particularmente evidente quando considerado um período relativamente mais longo
(variações com significância estatística no risco total, de mercado e idiossincrático
para sub-períodos superiores a seis meses).
VI. Conclusão
Neste estudo são analisadas as variações ocorridas ao nível do risco total, de
mercado e idiossincrático para as empresas não financeiras cotadas em bolsa nos
países da Zona Euro que foram sujeitos a resgates financeiros na sequência da crise
financeira global (Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha), com referência a dois eventos
distintos. Por um lado, são analisadas as variações nas referidas medidas de risco do
mercado acionista na sequência da falência do banco Lehman Brothers. Os nossos
resultados confirmam a ideia de aumento da incerteza para os investidores na
sequência da crise financeira global, para as empresas não financeiras cotadas nos
quatro países considerados.
Numa tentativa de minimizar os efeitos da crise, os países mais afetados
acabaram por recorrer a empréstimos avultados que seriam, mais tarde, incapazes de
pagar, originando uma crise da dívida soberana. Embora do ponto de vista teórico se
possa assumir que os pacotes de assistência internacional terão aliviado as pressões
relativas ao financiamento da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, ajudando a reduzir
a incerteza dos investidores, os nossos resultados apontam para dois efeitos bastante
distintos. No caso das empresas não financeiras cotadas no mercado de ações de
Irlanda e Espanha, a incerteza para os investidores parece, de facto, ter registado uma
quebra, com as medidas de risco consideradas a registarem reduções na sequência dos
respetivos resgates. Efeito contrário tiveram os resgates financeiros na Grécia e em
Portugal onde todas as medidas de risco conheceram aumentos após os respetivos
resgates.
Se por um lado a crise financeira global representou um choque exógeno
comum a todos os países, o que poderá ajudar a explicar o porquê de as medidas de
risco dos mercados de ações ter apresentado variações no mesmo sentido em todos os
países para o período considerado e para quase todos os sub-períodos, as causas e a
forma como foi gerida a crise da dívida soberana variou de país para país, o que pode
ajudar a justificar as diferentes reações aos programas de assistência financeira a que
Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha foram sujeitos. Com base na literatura existente,
foram elencadas algumas causas potenciais para as diferenças nas variações das
medidas de risco do mercado acionista registadas para os diferentes países. A verdade
é que embora se possa tentar justificar as diferenças verificadas com base, por
exemplo, nas diferentes origens da crise em cada um dos países considerados, no
contexto de austeridade e de incerteza relativamente ao efeito das reformas fiscais e
estruturais que foi exacerbado na sequência dos programas de assistência financeira
internacional (aumentando a propensão dos investidores a seguir correntes de
otimismo ou pessimismo de forma irracional), ou na má gestão ao nível da
comunicação por parte de entidades responsáveis (responsáveis de governos, de
instituições supra-nacionais, de agências de notação financeira, etc.) e dos fluxos de
informação, qualquer conclusão que se possa tentar tirar relativamente a uma ligação
entre as potenciais causas apresentdas e as variações nas medidas de risco é, no
máximo, altamente preliminar, ficando no entanto claro que há um caminho de
investigação não explorado e que importa colmatar.
A conclusão mais importante que resulta deste estudo é que, ao contrário
daquilo que aconteceu no período de crise financeira global em que os efeitos na
incerteza para os investidores foram semelhantes para os diferentes países, quando se
trata de choques que não são totalmente exógenos – como é o caso da crise da dívida
soberana – os efeitos de determinados eventos, mesmo que aparentemente
conducentes a minimizar a incerteza dos mercados, não produz os mesmos efeitos
independentemente do contexto. Este contexto torna este estudo relevante para
discussão em matéria de regulação e de estabilidade financeira. Muito há a fazer do
ponto de vista político e regulatório para melhorar a gestão das expectativas dos
agentes económicos de modo a minimizar a probabilidade de ocorrência de ondas de
otimismo ou pessimismo exagerado que podem, como ficou evidente com a crise da
dívida soberana ter consequências muito profundas. Qualquer que venha a ser o
caminho seguido, uma coisa é certa. O destino dos países da periferia da Europa não
depende unicamente das suas decisões. O seu sucesso estará sempre dependente da
forma como a União Europeia vai continuar a abordar a crise atual e dos passos que
irá dar para minimizar os efeitos de crises futuras.
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