UNISALESIANO · Dedico a Deus que durante esses cinco anos, me concedeu saúde, força, coragem e...

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Psicologia Adriana Keila Andriotti Poliane Gomes Afonso Victória Caroline Alves da Silva A VIDA DEPOIS DA UTIN: EXPECTATIVAS DE MÃES COM FILHOS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL QUANTO AO SEU FUTURO. LINS SP 2016

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Psicologia

Adriana Keila Andriotti

Poliane Gomes Afonso

Victória Caroline Alves da Silva

A VIDA DEPOIS DA UTIN: EXPECTATIVAS DE MÃES

COM FILHOS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA NEONATAL QUANTO AO SEU FUTURO.

LINS – SP

2016

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ADRIANA KEILA ANDRIOTTI

POLIANE GOMES AFONSO

VICTÓRIA CAROLINE ALVES DA SILVA

A VIDA DEPOIS DA UTIN: EXPECTATIVAS DE MÃES COM FILHOS

INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL QUANTO

AO SEU FUTURO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Psicologia sob a orientação do Prof.º Dr. José Ricardo Lopes Garcia e orientação técnica da Prof.ª Ma. Jovira Maria Sarraceni.

LINS – SP

2016

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ADRIANA KEILA ANDRIOTTI

POLIANE GOMES AFONSO

VICTÓRIA CAROLINE ALVES DA SILVA

A VIDA DEPOIS DA UTIN: EXPECTATIVAS DE MÃES COM FILHOS

INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL QUANTO

AO SEU FUTURO.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em: _____/______/_____

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Orientador: José Ricardo Lopes Garcia

Titulação: Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo, USP,

Brasil

Assinatura: __________________________

1º Prof.(a) ________________________________________________

Titulação: _________________________________________________

_________________________________________________________

Assinatura: __________________________

2º Prof.(a): ________________________________________________

Titulação: _________________________________________________

_________________________________________________________

Assinatura: __________________________

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“Quem olha para fora sonha, quem olha

para dentro desperta”.

Carl Jung

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Dedico este trabalho а Deus, por conceder-me o fôlego de vida e permitir qυе

tudo isso acontecesse ао longo dе minha vida. Nãо somente nestes anos como

universitária, mаsеmtodosmomentos. Porquanto entreguei minha vida nas mãos do

Senhor, que sempre me concedeu saúde, força diante as lutas e coragem para

questionar realidades е propor sempre υm mundo justo e dе possibilidades.

À minha família, pela capacidade dе acreditar е investir еm mim. Minha mãe

Cleuza Andriotti, que sempre foi guerreira e me deu incentivo nas horas de desânimo

e cansaço, pelo sеυ cuidado е dedicação a mim, onde em alguns momentos, foi a

esperança pаrа que eu seguisse em frente. Meu filho Gabriel Andriotti Nascimento,

por sυа presença que significou segurança е a certeza, dеqυе não estou sozinha nessa

caminhada. Minha irmã Juliana Andriotti, por sua alegria e carisma, me iluminando

de maneira especial.

ADRIANA ANDRIOTTI

Dedico a Deus que durante esses cinco anos, me concedeu saúde, força,

coragem e fé na realização deste sonho, me fortalecendo a cada obstáculo. A minha

mãe querida , Alzira Gomes Pereira, que sempre em suas orações estava meus

estudos esse sonho que sonhamos juntas e graças ao bom Deus se realizou. Ao meu

esposo Marcio Paiva, pelos dias de mau humor que me acalmou e me deu colo, por

acreditar, apoiar, incentivar, respeitar e, principalmente, por não medir esforços

para que meu sonho se realizasse. Aos meus irmãos Fabiano Gomes Afonso, Vanina

Gomes Afonso e sobrinha Gabriela Gomes Godoy, pois quantas vezes me ajudaram

em pequenos detalhes sem ao menos perceberem, vocês foram essenciais para tudo

isso acontecer e a minha família Cristo Jovem que a cada dificuldades estavam

rezando por mim.

POLIANE AFONSO

Minha real e profunda dedicação é para Deus em primeiro lugar, porque sem

Ele, eu não teria chegado até aqui.Ele é Justo, Fiel e Verdadeiro, me sustentou de

uma forma tão linda e me capacitou para chegar até aqui.

Aos meus pais, Edna e Messias, pela força, pelo incentivo, e pelos inúmeros

esforços para me auxiliar em todos esses anos e fazer sempre, sempre mesmo, o

melhor por mim.

E as minhas avós, uma delas, está morando em um lugar especial: no céu, com

Deus. E a outra, com a saúde limitada, mas nunca deixou de sorrir pra mim,

demonstrando estar ao meu lado, independente de sua situação física, pois o seu

amor está comigo, guardado dentro de mim.

VICTÓRIA SILVA

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AGRADECIMENTOS

A Jesus Cristo, em especial, por ser o maior mestre a quem pude conhecer, o

qual me ensinou a amar ao próximo como a mim mesmo.

À professora e orientadora, mestra Jovira Maria Sarraceni, sempre

disponível em nos auxiliar na realização de nosso trabalho.

Ao meu orientador Professor Doutor José Ricardo Lopes Garcia, pelo suporte

nо pouco tempo qυе lhe coube e pelas suas correções е incentivos.

Ao professor Oscar Xavier Aguiar, que sempre nos acompanhou no decorrer

do curso, dividindo conosco seus conhecimentos e suas vivências.

Agradeço а todos оs professores pоrmе proporcionarem о conhecimento nãо

apenas racional, mas а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо

processo de formação profissional.

Aos colegas de Turma da Psicologia, pelo convívio durante esses cinco anos,

em especial minhas companheiras de TCC, Poliane e Victória e meu querido amigo

Rafael Rivera Alves dos Santos, por sua amizade, companheirismo, altruísmo e

dedicação.

À minha amiga Priscila Ribeiro, sempre disposta a ajudar, aconselhar e que

sempre estará presente em minha vida.

À minha prima-irmã Graziela Andrioti, que sempre me incentivou e torceu por

mim.

Às minhas colegas de trabalho, que sempre me incentivaram no momento de

cansaço e desânimo.

ADRIANA ANDRIOTTI

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A minha gratidão a todos os professores que colaboraram passando seus

conhecimentos para o meu crescimento e formação. Levarei por toda vida esse

aprendizado. Aos amigos e pessoas especiais que tive a oportunidade de conviver e

vou levar pra sempre em meu coração, em especiais minha turma de trabalhos e

amigas de TCC. Em especial agradeço ao nosso orientador e professor José Ricardo

por toda dedicação e carinho para conosco, nos passando todo conhecimento e

sabedoria e todos os professores que de uma forma ou outra contribuíram para nosso

crescimento e amadurecimento. Todos os amigos a quem pedi socorro nos momentos

de desespero e preocupação, que foram muitos ao longo desses cinco anos, quantos

choros e risadas e sem eles nada seria fácil de ser superado.

POLIANE AFONSO

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Agradeço a Deus de todo o meu coração porque através da faculdade, pude

verdadeiramente crescer em sabedoria e conhecimento.

Agradeço aos meus pais, que são minha maior riqueza, sempre com me apoio

infinitamente e se desdobrando para que tudo sempre se concluísse de forma

positiva. Agradeço pela paciência nos momentos difíceis, em que cheguei a pensar se

tudo valeria a pena e vocês sempre com uma palavra de força para me incentivar a

seguir em frente, independentemente do que fosse acontecer.

Ao meu amor, pelo lindo apoio em toda a trajetória, sempre ao meu lado, se

esforçando para fazer tudo para me ajudar, se desdobrando em vários momentos e

me apoiando sempre, mesmo quando parecia que eu ia enlouquecer com tantas tarefas

e tantas responsabilidades para cumprir.

Agradeço aos meus professores por serem tão brilhantes e tão cheios de vida

para me ensinar. Sem eles, chegar até aqui não seria possível. Em especial, aos

orientadores, Jovira e José Ricardo, que Deus lhes dê sabedoria sempre!

Vocês foram meus mestres, todos, desde o primeiro ano de faculdade até

esse momento de conclusão. Pude aprender a me desenvolver melhor porque vocês

trilharam um longo caminho comigo.

Aos meus familiares queridos e amigos especiais que sempre buscaram me dar

uma palavra de incentivo, de motivação.

Ah e claro: agradeço às minhas parceiras de TCC, lindas e dedicadas, obrigada

pela força, por todos os momentos de união, de decisão e mesmo de dificuldades, foi

através deles que crescemos e viram? Deu tudo certo!

Sinto que amadureci graças a cada um que realmente torceu por mim, vibrou

por mim e esteve comigo de alguma forma.

Concluir esse ciclo da minha vida é a realização de um sonho, que só foi

possível porque um conjunto de pessoas abençoadas e queridas esteve comigo, em

pensamento, no dia a dia, de uma forma linda e especial!

Sei que essa será um das muitas conquistas que terei em nome de Jesus!

Verdadeiramente, me sinto uma vitoriosa!

Gratidão, amor e felicidade... é tudo o que estou sentindo!

VICTÓRIA SILVA

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo identificar quais são as expectativas que uma mãe tem em relação a um filho que se encontra internado em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), buscando analisar e compreender quais são as reações psicológicas dessas mães quanto à perspectiva de alta hospitalar. A UTIN é um local destinado ao atendimento especializado de recém-nascidos prematuros que devido alguma patologia se encontram em estado crítico e necessitam de atendimento contínuo e especializado. Desta forma a perspectiva quanto ao futuro de seu filho pode sofrer alterações, devido ao impacto da hospitalização. O método de abordagem utilizado foi clínico-qualitativo, com aplicação de entrevistas semi-estruturadas como instrumento de coleta de dados, obtidas através da gravação de áudio, que foram realizadas com mães em que os filhos se encontravam hospitalizados em UTIN na Associação Hospitalar Santa Casa de Lins (AHSCL) onde posteriormente foi realizada análise dos conteúdos categorizados nas entrevistas. Contudo, consideramos que o processo de hospitalização de um bebê pode causar impactos traumáticos na vida dos pais, podendo gerar conflitos internos e alterações quanto aos sentimentos vivenciados, já que lidam com o medo de perda e também de como será a vida familiar após a alta hospitalar, ou seja, como será o futuro de seu filho. Evidenciando então a importância de uma assistência de qualidade não só com os neonatos, como também para com os pais ou responsáveis, que pode ser realizada por uma equipe multiprofissional, que deve estar atenta a todos os acontecimentos, visando prestar principalmente uma assistência psicológica adequada, devido aos traumas em que foram acometidos.

Palavras-chaves: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Expectativa.Maternidade.Psicologia.

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ABSTRACT

This research aimed to identify what are the expectations that a mother has in relation to a child who is admitted to a Neonatal Intensive Care Unit (NICU), trying to analyze and understand what are the psychological reactions these mothers about the prospect hospital discharge. The NICU is a place for the specialized care of premature newborns because some pathology are critically ill and need care continue and specialized. Thus the outlook for the future of your child may change due to the impact of hospitalization. The approach method was clinical-qualitative, with application of semi-structured interviews as a data collection instrument, obtained by audio recording, which were conducted with mothers when the children were hospitalized in the NICU at the AssociaçãoHospitalarSanta Casa deLins (AHSCL) which was later performed analysis of content categorized in interviews. However, we consider that a baby's hospitalization process can cause traumatic impact on the lives of parents and may generate internal conflicts and changes as the feelings experienced, since they deal with the fear of loss, and how will family life after discharge hospital that is how will the future of his son. Then highlighting the importance of quality care not only with newborns, as well as to parents or guardians that can be performed by a multidisciplinary team, which must be aware of all the events, aimed at providing mainly adequate psychological care, due to traumas that were affected.

Keywords: Neonatal Intensive Care Unit (NICU). Expectations. Maternity. Psychology.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

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AHSCL: Associação Hospitalar Santa Casa de Lins

BT: Bilirrubina total

CNES: Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde

DATASUS: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil

ICC: Insuficiência Cardíaca Congestiva

IH: Infecção Hospitalar

MS: Ministério da Saúde

RN: Recém-nascido

RNPT: Recém-nascido pré-termo

SAM: Síndrome de aspiração do mecônio

SDR: Síndrome do desconforto respiratório

TTRN: Taquipneia transitória do recém-nascido

UCI: Unidade de Cuidados Intermediários

UTIN: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14

CAPÍTULO I – UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL (UTIN) ...... 16

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 16

1.1 Histórico .................................................................................................... 16

1.1.2 Histórico no Brasil ..................................................................................... 17

1.2 Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ......................................................... 18

1.3 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)....................................... 19

1.3.1 Público alvo na UTIN ................................................................................ 20

1.3.2 Estrutura física e algumas características do ambiente .......................... 20

1.3.3 Rotina da unidade ..................................................................................... 21

1.3.4 Controle de Infecção ................................................................................. 21

1.3.5 Principais complicações que levam o RN à internação em UTIN ........... 22

1.3.6 Dados epidemiológicos............................................................................. 25

1.4 Relação materno-infantil frente à internação em unidade intensiva ....... 26

1.4.1 Método Canguru ....................................................................................... 27

1.4.2 Expectativas quanto ao futuro do bebê ................................................... 28

1.4.3 Vida pós-alta ............................................................................................. 29

1.5 UTI antigamente x UTI atual..................................................................... 29

CAPÍTULO II – AS EXPECTATIVAS DA MATERNIDADE E O DESEJO DE

CUIDAR ............................................................................................................... 31

2.1 Expectativas maternas ............................................................................. 31

2.2 As mudanças na vida da gestante ........................................................... 32

2.3 A mulher que vai se tornar mãe ............................................................... 33

2.4 A perspectiva da mulher na infância em relação à maternidade ............ 35

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2.5 Histórico da mulher/mãe ........................................................................... 36

2.6 A vida familiar............................................................................................ 38

2.7 Valores familiares ..................................................................................... 39

2.8 A dificuldade da mulher como mãe .......................................................... 41

CAPÍTULO III– SENTIMENOS E VIVÊNCIAS DE MÃES COM FILHO NA

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL .......................................... 42

3.1 Vivências da mãe...................................................................................... 42

3.2 A relação da mãe e do bebê com o ambiente da UTIN .......................... 44

3.3 A dinâmica familiar diante da hospitalização do bebê ............................ 45

3.4 A amamentação do bebê na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ... 46

3.5 A hospitalização do bebê e a interação mãe-filho ................................... 48

CAPÍTULO IV – METODOLOGIA ...................................................................... 52

4.1 Método Clínico-Qualitativo ....................................................................... 52

4.2 Instrumento ............................................................................................... 53

4.3 Participantes da pesquisa ........................................................................ 53

4.4 Aspecto ético............................................................................................. 54

4.5 Análise de dados ...................................................................................... 54

CAPÍTULO V – ANÁLISE DE RESULTADOS .................................................. 56

CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................... 66

CAPÍTULO VII – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .......................................... 68

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 70

APÊNDICES ........................................................................................................ 77

ANEXOS ............................................................................................................. 77

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INTRODUÇÃO

O nascimento de um bebê é considerado um momento de muita alegria

para a família, que nutre as melhores expectativas com sua chegada, porém em

alguns casos quando ocorrem intercorrências no nascimento este momento de

alegria acaba sendo transformado em momentos que geram medo, angústia e

tristeza. Pois, quando ocorre um nascimento prematuro devido alguma

intercorrência no parto ou alguma patologia, o Recém-nascido (RN) é

encaminhado para internação em uma UTIN.

A notícia da chegada de um bebê determina mudanças importantes tanto

nos diferentes membros da família como no grupo social dos pais, avós e irmãos.

Surgem expectativas, planos e projetos junto a novas exigências de tarefas e de

funções para cada uma dessas pessoas, provocando a reorganização desse

grupo que possui a familiaridade como seu grande elo de ligação. (BRASIL,

2000).

A falta de oportunidade da mãe interagir afetivamente com seu filho

hospitalizado pode levar a um prejuízo do apego e ocasionar desordens no

relacionamento futuro de ambos. Podendo até mesmo alterar as expectativas

das mães em relação à alta hospitalar, onde o futuro do bebê ainda é incerto.

Com isso o objetivo desse trabalho é o de identificar e analisar quais as

expectativas que as mães têm quanto ao futuro de seus filhos que se encontram

hospitalizados em UTIN. Através da coleta de dados surgiu o seguinte

questionamento, qual é a expectativa que envolve a mãe durante a possibilidade

de saída de seu filho da UTIN?

Com o intuito de percorrer esse caminho distribuímos o trabalho em 5

capítulos em que procuramos resgatar a temática central do tema e a referência

metodológica que nos orientou.

O capítulo I descreve o conceito e o histórico da UTIN, mostrando como

é o funcionamento e a rotina da unidade, qual o público alvo, quais os principais

motivos que levam a internação e também a importância da realização do

método canguru.

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O capitulo II é composto pela compreensão das expectativas das mães

quanto ao desejo de cuidar do seu filho, quais as mudanças que ocorrem nesse

período, mostrando também o desejo de ser mãe desde a sua infância e que

passa a ter sua própria família, elencando as dificuldades que elas sofrem.

O capítulo III expõe quais os sentimentos e como as mães vivenciam a

experiência de ter um filho em uma UTIN, qual a relação entre eles, como fica a

dinâmica familiar diante da hospitalização e como elas lidam com a

amamentação, principalmente qual a interação entre mãe e filho durante esse

período de internação.

O capítulo IV retratamos a metodologia clínico-quantitativo, onde

apresentamos os instrumentos de pesquisa e o método de análise dosdados

mais relevantes que emergiram nas entrevistas.

E por fim, no capítulo V elaboramos a análise das entrevistas apoiados na

literatura que relaciona a psicologia e os estudos sobre a UTIN, baseando-se

nos levantamentos teóricos deste estudo. Finalizando com a proposta de

intervenção e conclusão do trabalho.

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CAPÍTULO I

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL (UTIN)

1 INTRODUÇÃO

O período neonatal é aquele que abrange os primeiros 28 dias de vida do

recém-nascido, onde ele deve se adaptar da vida intrauterina à vida extrauterina,

período esse em que ocorrem diversas transformações anatômicas e

fisiológicas; e para estudar esse período utiliza-se a Neonatologia. Este termo

só começou a ser usado em 1960, pelo médico Alexander Schaffe; porém, é

Pierre Budin, um pediatra francês que é considerado como o pai da neonatologia,

onde escreveu um livro sobre o assunto em 1892. Sendo assim a palavra

neonatologia vem do latim: ne(o): novo; nat(o): nascimento elogia: estudo.

(ROCHA; FERREIRA, 2013).

1.1 Histórico

Antigamente os partos aconteciam na residência da própria gestante,

sendo realizado pelas parteiras, e os bebês eram entregues as mães logo após

o nascimento, passando a ter contato imediato com todos os familiares.

A neonatologia teve inicio em 1892, na França, através do médico obstetra

Pierre Budin, que estabeleceu princípios e métodos para desenvolver a medicina

neonatal, acreditando que o papel da mãe ao exercer os cuidados com o filho

era essencial na criação de um vínculo afetivo. Mas com a chegada dos

berçários, criado em Paris, em 1893, as mães acabavam sendo exclusas,

levando a separação de mãe-bebê, prejudicando este vínculo afetivo. (DIAS,

2009).

Essa exclusão ficou ainda mais fortalecida com o aumento das taxas de

morbidade e mortalidade em recém-nascidos prematuros no ano de 1910, onde

as visitas eram controladas para impedir a disseminação de infecção. (AVERY,

1994).

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Em 1986, na cidade de Berlin, um discípulo de Budin chamado Martin

Couney mudou a história da assistência ao recém-nascido, sendo responsável

pela primeira unidade de cuidados intensivos: as incubadoras; onde os bebês

prematuros eram colocados para se desenvolver. Assim ele cuidou de mais de

5 mil prematuros, mas ainda assim os pais continuavam sem permissão para

estar com seus filhos. (FERRAZ; GUIMARÃES, [s.d]).

Na década de 20 ocorre a consolidação e organização dos avanços tecnológicos. Em 1921, um ato social buscou promover o bem estar materno e infantil, e em 1922, inaugura-se a primeira e única unidade para crianças prematuras do Sarah Morris Premature Center, o pediatra Julius Hess publica seu compêndio intitulado “Doenças de crianças prematuras e congênitas. (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004, p. 288).

Através do pediatra Hess o tratamento neonatal passou a fazer parte da

área acadêmica, onde ele também criou à incubadora Hess, ficando conhecido

com uma autoridade americana em prematuridade.

Os hospitais Sarah Morris e Michael Reese com o avanço tecnológico

promoveram técnicas assépticas, controlando a infecção hospitalar e diminuindo

as taxas de mortalidade. Mas a separação entre pais e bebês só teve fim nos

anos 60, onde identificaram que os bebês podiam apresentar diversos tipos de

alterações devido ao distanciamento com os pais após o tratamento; e assim

teve início estudos sobre o quão prejudicial era a separação entre pais-filhos no

período em que estavam na UTIN. (DIAS, 2009).

1.1.2 Histórico no Brasil

No Brasil, em 1882, foi inaugurada a Policlínica Geral no Rio de Janeiro,

onde era realizadas consultas e cursos sobre doenças que acometiam crianças,

pelo médico Artur Moncorvo de Figueiredo, ficando como um marco da história

da pediatria brasileira. Após realizar estudos da mortalidade no Rio de Janeiro,

Figueiredo pede ao governo que crie uma cadeira de Clínica de Moléstia de

Criança em faculdades que possuíam o curso de medicina no país, entre o Rio

de Janeiro e Bahia. (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004).

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No ano de 1899, o Instituto de Proteção e Assistência a Infância do Rio de Janeiro, foi criado pelo médico Arthur Moncorvo Filho, tendo seu funcionamento efetivo iniciado no ano de 1901. Este era destinado à assistência de crianças até 14 anos sem distinção de raça ou nacionalidade, desde a sua vida intrauterina. Como parte deste Instituto criou-se o Dispensário de Moncorvo, que foi instalado em 14 de julho do ano de 1901, e a creche Senhor Alfredo Pinto, que somente foi instalada no ano de 1908, sendo considerada a primeira creche popular da cidade do Rio de janeiro, ela possuía 21 leitos e 2 incubadoras da marca Lyon para os débeis e prematuros. (ANUÁRIO DO BRASIL apud RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004, p. 289-290).

A neonatologia no Brasil era influenciada pelos países mais

desenvolvidos, que já possuíam diversos estudos na área, incluindo métodos de

tratamento e equipamentos específicos, e no iníciodo século XX foi decidido que

todo tipo de assistência prestada ao recém-nascido (RN) seria fundamentada em

métodos estrangeiros. (DIAS, 2009).

1.2 Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um local destinado ao atendimento

especializado a pacientes que se encontram em estado critico e que necessitam

de acompanhamento contínuo dos parâmetros vitais em conjunto com a

assistência de enfermagem. O ambiente é preparado para atender qualquer tipo

de emergência através de equipamentos com tecnologia avançada que

fornecem suporte adequado para o atendimento com alta complexidade e de

maneira reservada. A equipe profissional deve ser habilitada para trabalhar em

sintonia, visando um só objetivo, devendo sempre discutir ações a serem

tomadas para uma conclusão em comum. (BOLELA; JERICÓ, 2006).

A equipe multiprofissional que atua nas UTIs é composta por: Médicos Intensivistas, responsáveis pela assistência médica durante a permanência do paciente na UTI, que, juntamente com o médico responsável pela internação do paciente, elabora um plano para diagnóstico e tratamento; Enfermeiras são responsáveis pela avaliação e elaboração de um plano de cuidados de enfermagem individualizado e sistematizado. A equipe multidisciplinar da UTI ainda é composta por Auxiliar de Enfermagem, Agente de Transporte, Auxiliar Administrativo, Auxiliar de Higiene Hospitalar, Fisioterapeutas, Nutricionistas e Voluntárias. (SANTOS apud BOLELA; JERICÓ, 2006, p. 302).

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Mas com os avanços tecnológicos, em 1930, os prognósticos sobre as

diversas doenças que levavam o paciente a internação na UTI sofreram

alterações, reduzindo o índice de óbitos em 70%, ou seja, a tecnologia favoreceu

os pacientes que até então não tinham expectativas de vida ao dar entrada em

uma UTI, pois assim surgiram diversas especialidades clínicas específicas para

atender os pacientes de acordo com sua necessidade. (BROSTEL, 2011).

1.3 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)

Levando em consideração os altos índices de morbimortalidade no

período neonatal, com o mesmo objetivo de uma UTI habitual surgiu a Unidade

de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), destinada a atender especificamente

recém-nascidos prematuros que por alguma patologia correm algum risco de

vida ou que tiveram problemas ao nascimento, necessitando assim de cuidados

24 horas por dia. (BRASIL, 2011).

A partir da década de 70 os pediatras, cirurgiões e anestesiologistas infantis defenderam a idéia do agrupamento de lactentes com patologias severas em unidades especiais, visando o tratamento mais eficaz. As maternidades para prematuros passam a ser denominadas maternidade de tratamento especial, e desta para unidade de tratamento intensivo para recém-nascido. (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004, p. 289).

O surgimento da UTIN mudou todo o contexto de assistência ao recém-

nascido, trazendo um universo mais amplo, onde aqueles bebês que não tinham

chances de sobrevivência passam a ter novas expectativas de vida, com

cuidados especializados e com técnicas e equipamentos sofisticados.

(REICHERT; LINS; COLLET, 2007).

Os cuidadores da UTIN tiveram que aprender com os prematuros e os recém-nascidos de risco a aliar em seus cuidados a delicada interface entre os aspectos técnicos e os afetivos necessários para administrar a terapia que promova não somente a sobrevida de bebês organicamente sadios, mas também o seu desenvolvimento neurológico e a sua integração ao convívio familiar. (COSTA; PADILHA, 2011, p. 249)

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Além de todo atendimento prestado, na UTIN é necessário uma

sistematização estruturada que deve dar suporte ao recém-nascido e família,

onde eles são o foco principal das ações assistenciais do setor. (BOTTOSSO;

ORMOND, 2006).

1.3.1 Público alvo na UTIN

As UTINs na maioria das vezes atendem bebês prematuros, que são

aqueles nascidos antes do 9º mês de gestação ou que apresentam baixo peso,

ou seja, menos de 2,5 kg. No entanto nem sempre os bebês inseridos na UTIN

estão doentes, simplesmente estão ali para crescer, se tornando apto para

respirar, deglutir e sugar. Para ter alta é preciso que algumas condições

fundamentais de sobrevivência estejam apropriadas ao estado em que o bebê

se encontrava anteriormente, além de condições básicas como, peso acima de

2 kg, não depender de oxigênio, respirar sem dificuldade a mais de uma semana,

entre outras. (CRUZ et al., 2011).

1.3.2 Estrutura física e algumas características do ambiente

A UTI deve ser localizada em um hospital que esteja cadastrado no

sistema público, para alimentar informações e manter atualizados os dados para

a Unidade no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Deve

ocupar uma área física própria com acesso restrito e entrada facilitada ao Centro

Cirúrgico e Unidades de Tratamento Semi-Intensivo, de Urgência e Emergência;

incluindo ao Centro Obstétrico, Ambulatório, quando houver no hospital. Deve

existir controle de circulação interna e externa, com instalações prediais

ordinárias e especiais (fluído-mecânicas; hidro sanitárias; elétricas e eletrônicas;

de oxigênio e ar comprimido), de condições de controle de infecções, de

condições ambientais de conforto e de condições de segurança contra incêndio.

(AMIB, 2009).

Contudo, o ambiente das UTIN é bastante distinto do intrauterino, com excesso de luminosidade, ruídos e procedimentos invasivos. Além disso, quanto mais prematuro é o RN, maior a quantidade de manipulações a que é submetido. Tudo isto pode acarretar em sequelas, tanto físicas como do

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sistema neuromotor, com grande risco de desenvolver distúrbios comportamentais relacionados ao estresse. Assim, o ambiente da UTIN pode contribuir significativamente para essas alterações, que podem persistir por toda a vida e se tornar incapacitantes. (CRUZ et al., 2011, p. 142).

No entanto este é o ambiente ideal para o crescimento e desenvolvimento

fetal, possuindo algumas características distintas importantes para existir no

local, como a temperatura agradável e constante, aconchego, sons extrauterinos

filtrados e diminuídos e maciez. Mas contraditoriamente se torna um ambiente

nervoso, e temeroso para aqueles que não estão acostumados com a rotina, já

que são necessárias repetidas avaliações e procedimentos.(REICHERT; LINS;

COLLET, 2007).

1.3.3 Rotina da unidade

A UTIN oferece assistência ao RN com médio e alto risco conforme

diagnóstico médico e critérios pré-estabelecidos, com horário de funcionamento

de 24 horas por dia com acompanhamento de equipe multiprofissional. O horário

das visitas é estabelecido de acordo com o padrão da unidade e também de

regras institucionais, assim como o fornecimento de informações médica através

do boletim diário. A rotina é realizada de acordo com a situação clínica

apresentada pelo RN, porém a maioria das unidades apresentam protocolos de

atendimento a serem seguidos, mas todos são monitorados continuamente.

(CARMO;et al, 2004).

1.3.4 Controle de Infecção

Os bebês que estão internados na UTIN correm um risco maior de

desenvolver infecções nosocomiais, que são aquelas desenvolvidas no meio

hospitalar; por isso é importante adquirir padrões de práticas de todas as

técnicas utilizadas como prevenção de doenças que podem prejudicar ainda

mais seu estado de saúde e que acabam prolongando o tempo de internação,

consequentemente o afastamento com os pais. (LOISEL; KOVZELOVE; SHATZ,

1994).

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As taxas gerais de infecção hospitalar em unidades neonatais de países desenvolvidos variam de 8,4 a 26%. No Brasil, Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de nível terciário possuem taxas de infecção entre 18,9 a 57,7%, havendo referência de causas possíveis das elevadas taxas de infecção: condições de trabalho, estrutura física da UTIN e número de profissionais de enfermagem por leito. (PINHEIRO et al., 2009, p. 7).

De acordo com dados do Ministério da Saúde (2005) depois de todo

progresso na neonatologia que proporcionaram sobrevida aos recém-nascidos

que eram internados na UTIN, começaram surgir novos problemas, incluindo o

aumento das infecções hospitalares. Os principais riscos de infecção hospitalar

no RN são:

Dentre os fatores de risco para IH inerentes ao RN ressaltamos: • Peso ao nascimento - quanto menor o peso maior o risco de IH. • Defesa imunológica diminuída - quanto mais prematuro, menor é a imunidade humoral e celular do recém-nascido. • Necessidade de procedimentos invasivos - quanto mais prematuro ou doente o recém-nascido, maior é a necessidade de procedimentos invasivos, tanto os mais simples como uma coleta de sangue para dosagem da glicemia, quanto os mais complexos como intubação traqueal para ventilação mecânica, uso de cateter central, drenagem de tórax e tratamento cirúrgico. • Alteração da flora bacteriana, uma vez que, durante a internação, os recém nascidos são colonizados por bactérias do ambiente hospitalar, muitas vezes resistentes aos antibióticos e altamente virulentas. (BRASIL, 2005, p. 40).

Para evitar as infecções é preciso instruções claras e medidas práticas de

controle, como: técnica de lavagem das mãos, até mesmo para visitantes;

manutenção da incubadora com troca de roupa pela menos 1 vez na semana;

uso de avental sem qualquer tipo de adorno; e por fim a supervisão do enfermeiro

epidemiológico; que adota medidas eficazes no controle de infecção quando

necessário. (LOISEL; KOVZELOVE; SHATZ, 1994).

1.3.5 Principais complicações que levam o RN à internação em UTIN

Os recém-nascidos que mais precisam de atendimento na unidade

intensiva são os com problemas cardíacos; apresentação de icterícia; problemas

respiratórios ou procedimentos cirúrgicos que exigem cuidados intensivos. Mas

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os casos mais comuns são de RN prematuros e/ou com baixo peso ao nascer.

(CRUZ et al., 2011).

a) Cardiopatias congênitas

Cardiopatia congênita é uma alteração na estrutura do coração presente

antes do nascimento. Devido a maior precisão do diagnostico e de avanços

tecnológicos em busca de melhores tratamentos cirúrgicos e de cateterização,

as taxas de mortalidade caíram. Porém, a incidência tem sido medida em cerca

de 7,5 por 1.000 nascidos vivos. (FLANAGAN; FYLER, 1994).

O diagnóstico das cardiopatias congênitas é feito por meio da observação criteriosa de alguns sinais clínicos, sendo os principais a cianose, a taquipneia e a presença de sopro cardíaco. Na presença de um ou mais desses sinais deve-se sempre suspeitar de cardiopatia congênita. Entretanto, um RN com cianose pode ser portador de doença pulmonar e outro com taquipneiapode ter um quadro de acidose metabólica. (BRASIL, 2011, p. 83).

As formas mais presentes de cardiopatias são: cianose; insuficiência

cardíaca congestiva (ICC); sopro cardíaco assintomático e arritmias. Podendo

ser diagnosticada antes do parto através do ecorcardiograma fetal ou após o

parto. Normalmente as correções cirúrgicas são realizadas nos período

neonatal, mesmo que esses neonatos apresentam uma taxa de mortalidade

mais alta do que os neonatos a termo, já que a não realizam cirúrgica pode

prejudicá-los ainda mais. E com isso os RN passam mais tempo na UTIN.

(WECHSLER; WERNOVSKY, 2011).

b) Icterícia

A icterícia é considerada o problema mais frequente que ocorre no período

neonatal, onde a maioria que apresentam este problema possui saúde em

perfeito estado, mas causam preocupação pela alta toxicidade de bilirrubina no

sistema nervoso. (MAISELS, 1994).

A icterícia é definida como coloração amarelada da pele, escleróticas e membranas mucosas consequentes à deposição, nesses locais, de pigmento biliar (bilirrubina), o qual se encontra em níveis elevados no plasma (hiperbilirrubinemia). A icterícia é

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clinicamente detectada quando a concentração sérica de bilirrubina ultrapassa 2-3mg/100ml (valor normal: 0,3-1,0mg/100ml). (MARTINELLI, 2004, p. 426).

Os RNs prematuros com icterícia o tratamento com fototerapia vai

depender dos níveis de bilirrubina total (BT) e do peso ao nascer. Já os RNspré-

termo que apresentem menos de 2 kg ao nascer é indicado a permanecerem na

incubadora, com fototerapia convencional superior. Assim o tempo de internação

é prolongado e o distanciamento com familiares também. (BRASIL, 2013).

c) Problemas respiratórios

Logo após o nascimento o RN iniciara sua respiração em poucos

segundos, e para que haja um processo de adaptação imediato ele dependerá

exclusivamente da presença de uma função cardiopulmonar adequada. E

quando há qualquer sinal ou sintoma de que exista uma dificuldade respiratória

os profissionais devem agir imediatamente. O diagnóstico também é feito com

uma análise criteriosa da história clínica materna e do parto, através dos sinais

e sintomas apresentados, em parceria com os diagnósticos de imagens.

Normalmente essas alterações respiratórias ocorrem nas primeiras horas de

vida, por exemplo, a síndrome do desconforto respiratório (SDR); síndrome de

aspiração do mecônio (SAM); taquipneia transitória do RN (TTRN);

malformações pulmonares, entre outras. (BRASIL, 2011).

Em geral, essas doenças respiratórias são o principal motivo de

internação de neonatos, onde algumas podem exigir monitorização prolongada,

que muitas vezes inclui internação em UTIN, tirando o RN do convívio familiar.

(MOREIRA; LOPES, 2005).

d) Procedimentos cirúrgicos

Depois de muito avanço na tecnologia, algumas alterações apresentadas

pelo feto que indiquem necessidade de procedimento cirúrgico podem ser

diagnosticadas no pré-natal através de ultrassonografia; permitindo assim

intervenções imediatas no momento do parto. Em alguns casos os RNs

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apresentam patologias pós-parto e necessitam de intervenção cirúrgica.

(BOECHAT, 2004)

E como de habitual, procedimentos cirúrgicos requerem preparo do RN,

com, por exemplo, o jejum. Algumas patologias que necessitam de cirurgia são

as lesões da cabeça e do pescoço; obstrução das vias aéreas; lesões do esôfago

e outras. E no pós-operatório esse RN deverá ser monitorizando 24 horas por

dia, permanecendo em terapia intensiva. Assim, ele fica mais frágil e susceptível

a infecções, então é importante o controle de visitas, mesmo que seja dos pais

ou responsáveis. (GUZZETTA et al., 1994).

1.3.6 Dados epidemiológicos

Os dados epidemiológicos de morbimortalidade são importantes em toda

área da saúde, pois através de seu conhecimento é possível tomar decisões

estratégicas para melhorar a qualidade de atenção. E a coleta desses dados

permite comparações com outras unidades, visando sempre aperfeiçoar a

qualidade do serviço da busca de redução desses fatores causais. Sabe-se que

durante os anos de 2006 a 2009 em todo o mundo houve uma queda do número

de mortes em crianças com menos de 1 ano internadas em UTIN. (LANETZKI,

2012).

A prematuridade é um dos fatores determinantes mais importantes da mortalidade infantil. No Brasil, 7,2% dos NVs foram pré-termo em 2010, variando entre 5,6% e 8,2% nas regiões Norte e Sudeste, respectivamente, e 0,8% foi pós-termo. Vem sendo registrado aumento da incidência da prematuridade e do baixo peso ao nascer em capitais e cidades de maior porte no País, como Rio de Janeiro (12%) e Pelotas (16%), o que tem sido fonte de grande preocupação. (BRASIL, 2012, p. 14).

No mundo nascem anualmente cerca de 20 milhões de crianças

prematuras (<37 semanas de gestação) e com baixo peso (<1500g), que são

encaminhadas aos cuidados intensivos, porém, um terço não consegue alcançar

o primeiro ano de vida. Com isso as unidades encontram-se sobrecarregadas,

mas precisam adequar a situação para oferecer atendimento individualizado

tanto ao bebe como para a família. (CRUZ et al, 2011).

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“Na caracterização dos RNs que internaram em UTIN em 2003, destaca-se que 57% pertenciam ao sexo masculino e 66% eram prematuros, e 2% encontravam-se na faixa da pós-maturidade. Com base no peso ao nascer, 39% dos RNs apresentaram baixo peso, 16% muito baixo peso e 7% extremo baixo peso. Quanto aos motivos de internação dos RNs na UTIN, evidenciaram-se a prematuridade (53,3%) o desconforto respiratório (50,5%), e infecção neonatal (12,8%). Destaca-se que o elevado percentual verificou-se pela associação de mais de um fator casual”. (TADIELO, 2013, p. 9).

De acordo com o Departamento de Informática do Sistema Único de

Saúde do Brasil – DATASUS - (2015), a taxa de mortalidade neonatal nas

regiões do Brasil para cada 1.000 nascidos vivos no ano de 2011 foi de 10,6%.

O acompanhamento adequado do pré-natal facilita a identificação precoce

de problemas e riscos para realização de intervenções, já que muitos problemas

que levam o recém-nascido a internação na UTIN podem ser evitados.

Lembrando que toda vez que um bebê fica em unidade intensiva interfere no

relacionamento pais/filhos. (BRASIL, 2012).

1.4 Relação materno-infantil frente à internação em unidade intensiva

Alguns autores descrevem que a relação existente entre mãe e filho talvez

possa ser a mais forte e profunda ligação entre os seres humanos, e que a base

para isso acontece muitas vezes antes da própria concepção, através do carinho

e cuidados que os futuros pais receberam de seus pais. E com a confirmação da

gestação a vida da mãe é marcada com o início de uma responsabilidade sobre

outra vida, enfrentando medo e criando fantasias. Com isso criam dentro de si

uma imagem de uma criança normal, tentando não pensar na possibilidade de

uma criança deformada ou que venha a óbito, apesar desses sentimentos

causarem certa ansiedade e aflição em alguns períodos. Assim, todos os

próximos momentos tentam ser planejados pelos pais, e quando ocorre alguma

intercorrência, como o nascimento de uma criança prematura, doente ou

deformada, este momento especial do primeiro contato é marcado por certa

frustração. (WIGGINS, 1994).

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A separação do bebê de seus pais logo após o nascimento devido uma patologia, gera reações diferentes e imprevisíveis, especialmente quando esse bebê é internado em uma UTIN. Tal experiência representa aos pais um momento conflituoso em suas vidas, gerando alterações no seu cotidiano, trazendo sentimentos de angústia, dúvidas, medo do prognóstico e dificuldade na aceitação da separação e condição do filho. (REICHERT; COLLET, 2007, p. 206).

Assim percebem que todo cuidado relacionado ao bebê passa a ser

realizado pela equipe de saúde, e mesmo com a orientação de que essa

separação necessária não deve interferir na proximidade e nos cuidados

realizados pelos familiares, muitas vezes não conseguem associar essa

informação. (LOUREIRO; CASTILHO; SILVA, 2009).

1.4.1 Método Canguru

Foi criado em 1979 na Colômbia, pelo médico Edgar Rey Sanabria e

Hector Martinez um método desenvolvido para o tratamento de recém-nascido

pré-termo (RNPT), com o objetivo de diminuir o tempo de permanência

hospitalar. Neste método há um posicionamento específico para o RN, que deve

ser envolvido e amarrado através de um manta ou faixa juntamente ao tórax dos

pais (ou responsáveis), na posição vertical, para manter o contato materno.

(SILVA; GARCIA; GUARIGLIA, 2013).

Com o objetivo de contribuir para a mudança de postura dos profissionais e visando à humanização da assistência ao recém-nascido, o Ministério da Saúde lançou, por meio da Portaria nº 693, de 5 de julho de 2000, a Norma de Atenção Humanizada ao Recém-nascido de Baixo Peso (Método Canguru). Com essa Norma, atualizada pela Portaria nº 1.683, de 12 de julho de 2007, os hospitais têm em mãos as informações necessárias à aplicação do Método Canguru. Nela estão especificados: a população-alvo, os recursos necessários para a adoção do Método, as normas gerais e as vantagens para a promoção da saúde do bebê. (BRASIL, 2011, p. 12-13).

O método é composto por 3 fases: a primeira é quando o recém-nascido

não pode ficar junto à mãe, pois necessita de internação da unidade neonatal,

onde tem início o contato direto entre a pele da mãe e do bebê, até chegar o

momento em que se coloca o bebê no tórax do pai ou da mãe. Na segunda fase

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este bebê se encontra mais estabilizado, podendo ter o acompanhamento

contínuo da mãe, mantendo a posição canguru pelo maior tempo possível,

funcionando como um treino para alta hospitalar. E por fim a terceira e última

fase este bebê já teve alta hospital, porém, ainda precisa de acompanhamento

ambulatorial, para avaliar seu desenvolvimento físico e psicológico, onde o

método ainda deve ser realizado. (INFORME SAÚDE, 2003).

[...] reduz o tempo de separação entre mãe e recém-nascido e favorece o vínculo; permite um controle térmico adequado; contribui para a redução do risco de infecção hospitalar; reduz o estresse e a dor do recém-nascido; aumenta as taxas de aleitamento materno; melhora a qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psicoafetivo do recém-nascido; propicia um melhor relacionamento da família com a equipe de saúde; possibilita maior competência e confiança dos pais no cuidado do seu filho inclusive após a alta hospitalar; reduz o número de reinternações; e contribui para a otimização dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva e de Cuidados Intermediários Neonatais. (BRASIL, 2011, p. 7)

São inúmeros os benefícios apresentados pelo método, como redução do

tempo hospitalar pelo RN: favorecimento ao aleitamento materno (que protege

contra infecção e nutre); aumenta o vínculo e diminui o tempo de separação entre

mãe / filho; favorece a estimulação sensorial; ganho de peso e menor tempo em

UTI; melhor a confiança dos pais ao cuidado de seu filho de baixo peso, entre

outros. Desta forma esse método apresentasse afetivo, visando criar um laço

entre mãe e filho, para que após a alta não haja barreira de sentimentos e

cuidados entre eles. (SILVA; GARCIA; GUARIGLIA, 2013).

1.4.2 Expectativas quanto ao futuro do bebê

Quando os pais conseguem enxergar a real situação de seu bebê, e talvez

não possa tocá-lo da maneira desejada, surge à preocupação e o medo quanto

à sobrevivência do mesmo, e pensam se são os culpados pelo que esta

acontecendo, se o motivo foi algo que fizeram ou deixaram de fazer, e se isso

prejudicará a saúde de seu filho no futuro. Mas ao mesmo tempo os sentimentos

de confundem, já que buscam todas as maneiras de enfrentar o problema,

criando esperanças e sentindo-se encorajados a fazer o melhor para que o bebê

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tenha uma boa recuperação, sem qualquer sequela que possa interferir na

qualidade de vida no futuro. (BRASIL, 2011).

Por isso é importante à participação de toda equipe no auxílio aos

familiares, através de ações humanizadas frente ao processo de internação de

seu filho, realizando medidas essenciais para a criação de um vínculo afetivo

dentro da unidade e após a alta; como por exemplo, facilitando a entrada dos

pais na unidade, tornando o ambiente mais acolhedor, escutando

atenciosamente o que eles têm a dizer, tirando as dúvidase explicando a

situação e iniciar a posição canguru assim que possível. (REICHERT; COLLET,

2007).

1.4.3 Vida pós-alta

É importante que antes da alta alguns ensinamentos sejam passados à

mãe, facilitando o cuidado em casa e consequentemente estimulando uma

ligação entre mãe e filho. Assegurando que com a prática ela será capaz de

cuidar do seu bebê como ninguém seria capaz, e que sua participação é

essencial, principalmente após a alta. Porque muitas desacreditaram que teriam

seus filhos em casa com saúde a partir do momento que os veem em uma UTI,

criando expectativas negativas que devem ser esquecidas. (WIGGINS, 1994).

No entanto alguns estudos mostram que a equipe da UTIN começou

observar a reincidência dos bebês que tiveram alta ao serviço de emergência, e

as causas era a falta de ganho de peso e do desenvolvimento, ocorridos

provavelmente por maus tratos; mostrando que não havia laço afetivo entre

pais/filhos; ou que durante o período de internação a mãe não se preparou para

a adaptação que deveria acontecer quando o filho recebesse alta hospitalar.

(BRASIL, 2011).

.

1.5 UTI antigamente x UTI atual

O pai da neonatologia, Pierre Budin, em 1907 já estimulava a participação

da mãe nos cuidados com seu bebê e ao aleitamento materno mesmo que ele

estivesse com alguma enfermidade, mas este conceito não vigorou nos

berçários americanos, onde os hospitais só se preocupavam com as infecções

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e excluíam os pais desse processo. Tal processo só durou até o ano de 1960,

onde os pais deixaram de ser excluídos da vida do filho internado, pois começou

ficar evidente que as crianças separadas de seus pais por longo período tinham

maiores chances de retornar ao hospital, com dificuldade de crescimento e

desenvolvimento, e até mesmo vítimas de maus tratos. (WIGGINS, 1994).

Atualmente, no século XXI, já é reconhecido que a relação estável e

permanente entre o bebê e seus pais nos primeiros anos de vida, incluindo no

período de internação, é vital para toda relação social futura. Sendo assim é

necessário utilizar todas as medidas que desenvolvam uma ligação afetiva entre

os bebês e seus pais, sem deixar que o ambiente hospitalar influencie nos

sentimentos, permitindo a participação dos pais nos cuidados dispensados ao

seu filho, dando continuidade ao tratamento e oferecendo toda humanização

possível entre eles. (BRASIL, 2011).

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CAPÍTULO II

AS EXPECTATIVAS DA MATERNIDADE E O DESEJO DE CUIDAR

2.1 Expectativas maternas

Quando a mãe descobre a gravidez, já há nela e no pai muitas

dúvidas,fantasias e grandes expectativas ligadas ao desenvolvimento da

criança. Isso ocorrenas gestações programadas ou não. Dúvidas em relação ao

nome, preferência ao sexo, expectativas futuras com relação desenvolvimento

físico, o que será quando crescer, dentre outras. (RAPPAPORT; FIORI;

HERZBERG, 2015).

Pode-se observar que ocorrem, também, grandes fantasias dos pais em

relação aos seus filhos, acarretando preocupações exacerbadas possibilitando

prejudicar a gestação e influenciando no crescimento dessa criança.

A maternidade pode ser uma experiência única com muitas novidades em

meio a todas as emoções, positivas e negativas.Normalmente é considerado um

estágio de crise na vida da mulher.

Em todo período de gestação podem emergir uma série de conflitos que

devem refletir no período do nascimento de um bebê. Como, por exemplo, o

medo da morte e de possíveis sequelas, tanto para a mãe quanto para a criança

em decorrência do parto. Tendem a ser potencializados quando o nascimento

acontece prematuramente. Mas, o desejo de ser mãe e formar uma família pode

falar mais forte.(PRATA; BARROS, 2012).

É normal a angústia e a insegurança que antecede ao nascimento de um

filho, principalmente se tratando do filho primogênito. A chegada do bebê faz com

que os pais se reúnam em sua própria história e revisitem suas próprias

identificações: a ansiedade em saber como será o rosto de seu filho,se nascerá

perfeito e, a partir desse momento, para o resto de sua vida, como será ao

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crescer. Uma ansiedade e preocupação que não se cessam jamais (PRATA;

BARROS, 2012).

A chegada do bebê é um marco na vida de uma mãe, pois o nascimento

é o momento onde mãe e filho se veem pela primeira vez. Para a mãe é o

momento de idealizar o que tanto sonhou e esperou por meses, um presente

gerado por si, dentro do seu corpo real. A partir desse momento, a mãe se torna

cada vez mais forte, capaz de resistir a todos os obstáculos. A mulher passa,

então, ao papel de mãe e não mais filha. Começa, então, a entender toda a

mistura de sentimentos que a acomete. (LOPES et al., 2005).

2.2 As mudanças na vida da gestante

A gravidez é um momento de mudanças na vida da mulher e nos papéis

que esta exerce. Durante esse período ela tem que passar da condição de filha

para a demãe também, e reviver experiências anteriores, as já vividas com sua

mãe, além de adequar todas as outras funções esperadas de mulher, esposa e

suas atividades profissionais.

Ocorrem junto com essas mudanças as situações biológicas, somáticas,

psicológicas e sociais, representando uma experiência única e intensa que

influencia tanto a dinâmica psíquica individual como as demais relações sociais

da mulher. Neste processo, ocorrem mudanças inconscientes que podem se

tornar conscientes ou aparecer disfarçados sob a forma de sonhos e sintomas,

fazendo com que a identidade da mulher passe por transformações (PICCININI

et al., 2008).

Diante de todas estas mudanças psíquicas, a mulher se torna mais

sensível, seus sentimentos ficam mais aflorados suscetíveis a vários distúrbios

emocionais. Assim, a gravidez pode tanto desencadear uma crise emocional

para as gestantes como inaugurar um potencial de adaptação e resolução de

conflitos até então desconhecidos.

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Todas essas mudanças que ocorrem com a mulher podem influenciar o

futuro da criança. Por isso, deve-se cuidar de todo esse processo gestacional. É

importante que se busque compreender a dinâmica psíquica desse momento e

sua contribuição para a constituição da maternidade (PICCININI et al., 2008).

A autora também aponta que o processo de constituição da maternidade

inicia-se muito antes da concepção, a partir das primeiras relações e

identificações da mulher, passando pela atividade lúdica infantil, quando a

criança brinca com sua boneca já dizendo ser seu filho, a adolescência, o desejo

de ter um filho e a gravidez, propriamente dita. Contribuem, também, para este

processo aspectos culturais, associados ao que se espera da mulher perante a

sociedade.

As gestantes mostraram-se, também, insatisfeitas diante das mudanças

corporais. Pois, a mudança não é só interna, mas visivelmente externa. Como,

por exemplo, a barriga que cresce, aumenta dificuldades para caminhar, para

tomar banho, o cansaço, deixando sua autoestima baixa, se sentindo impotente

e insegura com as transformações físicas ocorridas em seu corpo, se

questionando como ficará após o nascimento do seu filho.

Segundo Picinniniet al., (2008), as gestantes referiram, ainda, um

sentimento de conformidade diante das transformações físicas, passando a

enxergar outros aspectos que poderiam amenizar e, até compensar as

repercussões negativas, tais como: o caráter transitório das alterações e o bebê

como o mais importante de tudo, pois quando se torna mãe é normal essas

transformações, afinal tem uma vida crescendo dentro dela, e passa a refletir um

desejo da mãe, caracterizando-se como um sonho a ser realizado que a faz

suportarmuitas dessas mudanças.

2.3 A mulher que vai se tornar mãe

Tem-se observado a tendência em interpretar-se a vivência da gravidez

como um acontecimento privado, focando na família e os fatos emocionais. Por

outro lado, o conhecimento das experiências foi substituído pela facilidade de

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acesso à informação especializada nessas temáticas, o que permitiu à mulher

recuperar algum controle e poder de decisão (PEDREIRA; LEAL, 2015).

O que era tratado como uma questão familiar passou a ser vivido mais

facilmente após novas experiências e conquistas da mulher tornando-a menos

vulnerável a novos desafios.

Deste modo, parecem existir indícios de ocorrer progressivamente a

inversão da preponderância da perspectiva fisiológica para uma perspectiva

psicossocial do parto. Estes desafios implicam que haja redefinições nas

vivências e expetativas associadas ao parto.

Nesse sentido torna-se relevante aprofundar esta temática através da

perspectiva da gravidez. Há muitas expectativas em relação à gestação,

principalmente, quando se é o primeiro filho. Muitas mulheres que já foram mães

contam suas experiências boas ou não, contribuindo para uma ansiedade e

desconforto gestacional. (PEDREIRA; LEAL, 2015).

Pedreira e Leal (2015) complementam ainda dizendo que mesmo que a

mulher tenha uma gestação bem-sucedida, não há garantias de que se evite um

elevado nível de ansiedade. A ansiedade centra-se no receio de não ser capaz

de identificar antecipadamente os primeiros sinais de trabalho de parto e, assim,

colocar em risco a vida do bebê. Deste modo, a ansiedade vivenciada reflete a

pressão sentida em confirmar a sua competência feminina de gerar, de cuidar e

de nutrir outro ser.

Podemos observar quando a mãe passa por conflitos em sua gestação

pode ser prejudicial ao seu bebê ao longo da gravides e trazendo problemas

futuros para a mãe.

Para que este sentimento não seja mais difícil na vivência dos últimos

meses, a grávida tem a necessidade de sobrevalorizar as interações do bebê e

assumi-lo como um ser separado de si.

Contudo, o medo vivenciado, também, é direcionado para si própria. Pode

existir com isso o medo de castração, o medo de, após o parto, proporcionar um

vazio interno e o medo da morte. Tudo a sua volta reflete nesses sentimentos e

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o que outras mães falam de suas vivências e experiências também a influenciam.

Todos estes medos não são resultado apenas da experiência presente, podem

refletir, também, experiências passadas, interpretadas como eventos negativos,

caso tenha ocorrido uma perda na família ou próximo de si (PEDREIRA; LEAL,

2015).

No entanto a gestação deve ser bem acompanhada com profissionais da

área. Ter o apoio familiar é de suma importância, principalmente, o pai. Não

deixar que os conflitos internos e do passado venham à tona prejudicando o

bebê, nem deixando que os medos que são normais de uma gestação tornem-

se maiores do que o desejo de se tornar mãe, embora algumas situações sejam

inevitáveis.

2.4 A perspectiva da mulher na infância em relação à maternidade

As mulheres apresentam-se condicionadas a esse papel desde a infância,

mas não somente nela, todo seu desenvolvimento é norteado para esse

condicionamento, mesmo que ela nunca chegue a ser mãe. O que ocorre é que,

na infância, tendem a se estruturar bases sólidas de construção e diferenciação

de gênero a serem reforçadas no decorrer da vida.

A partir da infância, nota-se que as intervenções mostram-se mais sutis,

mas nem por isso menos acirradas, em nível de cobranças quanto à execução

desse papel da infância. As mulheres cuidam de seus irmãos mais novos,

trabalham como babás, com isso fica então determinado o futuro papel a

desempenhar (PEDREIRA; LEAL, 2015).

Com todas as experiências da infância se dá a aprendizagem de tornar-

se mãe. No entanto, enquanto processo, surge relegado ao esquecimento em

suas vidas adultas, prevalecendo apenas o conteúdo que ele transmite de que

ser mãe é uma condição natural. Essa é uma possibilidade explicativa ao fato

das mulheres atribuírem ao nascimento de seus filhos uma causa mágica, como

consequência de algo não localizável, ou a crença numa vontade eterna de

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serem mães, seguida da necessidade do cumprimento de um dever para com a

vida que extrapola sua própria existência (PEDREIRA, LEAL, 2015).

Esses autores acreditam que uma vez socializadas, essas mulheres

tornam-se socializadoras dos filhos, o que se constitui como uma de suas mais

importantes funções. Algumas mulheres com preferências por filhos homens,

acreditando ser mais fácil de serem criados, apesar de meninas serem mais

apegadas e carinhosas e o fato de que homem deve usar azul e mulher cor de

rosa.

Ao tornarem-se mães, as mulheres lidam com a maternidade com

dimensões imaginárias que elas próprias constroem, nem sempre como suas

mães foram para si. Englobam condicionamentos menos rígidos para com as

crianças e maior liberdade de expressão para si próprias.(PEDREIRA; LEAL,

2015).

Eles coletam dizendo que o amor materno, por sua vez, constitui-se numa

das mais delicadas facetas no entendimento da ideologia em relação à mulher-

mãe, pois para ele converge a dimensão santificada atribuída à maternidade.

Embora, constantemente, propagado como algo dado e imutável entre as

mulheres-mães, ocorrem algumas peculiaridades a seu respeito. Ele dinamiza-

se, basicamente, de três maneiras de acordo com Pedreira e Leal (2015): amor

que só uma mãe pode sentir e é incomparável a qualquer outro sentimento já

vivido;o amor investimento; e o amor construído pela relação, que se dá no início

do nascimento e se constrói no decorrer de seu crescimento.

2.5 Histórico da mulher/mãe

A partir dos anos de 1960, tem-se assistido a uma grande valorização do

trabalho feminino por parte das mulheres das camadas médias. Embora sempre

estivessem presentes assim, as mães trabalhadoras das camadas médias se

veem diante de um processo já conhecido pelas mães trabalhadoras das

camadas populares, a necessidade de integrar à sua identidade mais um papel,

o de trabalhadora.

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Sabe-se que o papel de mãe, desde o século XVIII, evoca o lar e os

cuidados infantis. Porém, papel de trabalhadora atual requer o afastamento do

lar, pois as mães não são mais aquelas que ficam somente em casa cuidando

de seus filhos e marido e sim, contribuem para uma renda a mais, pois é comum

definir a família como a instituição social que reflete a estrutura econômica e

política de uma determinada sociedade. No entanto, ela também atua na

formação e organização da sociedade (ALMEIDA, 2007).

Através do convívio familiar e, em um nível mais amplo, do processo de

interação social, as pessoas se constituem, enquanto sujeitos e cidadãos,

membros da sociedade. Algumas breves considerações sobre a história social

da família apontarão normas e valores atribuídos às mulheres, aos cuidados

infantis e ao trabalho feminino ao longo do tempo.

Pode-se observar a grande mudança ocorrida na história

brasileira.Segundo Almeida (2007), a família patriarcal do Brasil Colônia era

maior, além dos pais, filhos, também outros parentes, agregados e serviçais que

circulavam livremente no seio familiar. O pai era a figura de incontestável

autoridade na família. À mãe, cabia a educação dos filhos, a administração da

rotina doméstica e o comando dos serviçais. Os filhos não eram separados dos

adultos e, portanto, observavam e compartilhavam experiências diversas.

O autor complementa dizendo que as crianças acompanhavam seus pais

nas suas atividades ou ficavam em casa com um irmão mais velho. Ao longo da

história da sociedade brasileira, mudanças sociais e demandas familiares

conduziram a transformação da família patriarcal em um modelo de família

nuclear, formada por pais e filhos somente.

Em meados do século XIX, com a valorização da intimidade no lar, emergiu este novo arranjo familiar, formado por pai, mãe e filhos, e que limitava suas trocas sociais aos avós, tios e primos. As atribuições dos papéis familiares pouco mudaram em relação ao modelo patriarcal. A mulher deveria desempenhar o papel de boa mãe, cuidando e educando os filhos, e de boa esposa, dando suporte para o trabalho do marido fora do lar. O trabalho ainda era um encargo masculino (ALEMIDA, 2007, p. 412-13).

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Contudo, cuidando e educando os filhos, além de ser boa esposa, dando

suporte para o trabalho do marido fora do lar. Até hoje, ainda, é difundido em

nossa sociedade que cabe apenas à família conjugal a criação e educação dos

filhos, sendo os cuidados infantis atribuídos à mulher, embora ela, também,

trabalhe fora.

2.6 A vida familiar

A representação da família nuclear ainda é predominante na atualidade,

apesar da família também assumir outras configurações A valorização dada ao

seu modelo e às atribuições dos pais alcança e permanece nas famílias em todas

as camadas populares como um ideal almejado.

É o modelo pensado no cotidiano das famílias que vivem na pobreza,

revelando-se, especialmente, nos momentos de autocrítica sobre o próprio modo

de vida. Tomando-se, agora, especificamente a questão do trabalho feminino,

mulheres de diferentes camadas sociais têm objetivos diversos em relação a

essa atividade. De modo que, nomeá-la como uma atividade extrafamiliar pode

ser um tanto impreciso (ALMEIDA, 2007).

O autor diz ainda que nas camadas médias, o trabalho feminino é um

projeto individual, elaborado no interior de uma história familiar, apesar de

circunscrito pela cultura. É uma atividade voltada para a satisfação pessoal que,

além de proporcionar status, leva ao crescimento individual.

Faz parte, segundo essa leitura, do processo de constituição da

identidade. No entanto, mesmo tendo as mulheres das camadas médias

conquistado o direito ao trabalho e à escolarização, continuam a lhes ser

atribuídos antigos valores e funções, tais como: submissão, abnegação, tarefas

domésticas, cuidados infantis, entre outros.

Mesmo que trabalhem fora, suas obrigações continuam sendo os serviços

domésticos. Estes valores, chocando-se com suas recentes conquistas, fazem

com que elas se sintam responsáveis e culpadas pelas mudanças e

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acontecimentos indesejáveis no âmbito de suas relações familiares (ALMEIDA,

2007).

Contudo, observou-se que a mãe que é trabalhadora acaba assumindo

diversos papeis e está sempre em um processo de mudança.

Nas famílias das camadas populares, o trabalho feminino assume muito

mais o sentido de um benefício para a família do que uma afirmação da

individualidade, pois contribui para uma renda a mais. As relações familiares

seguem um padrão de autoridade e hierarquia, o que dificulta a afirmação

individual.

Há nesse contexto uma predominância dos deveres em relação aos

familiares sobre os projetos individuais. Melhorar de vida é um projeto familiar, é

observar a família progredir, afinal todos trabalham para esse objetivo. O

trabalho individual é o instrumento que torna possível esse projeto e, no caso

das mulheres, não tira ainda o lugar de autoridade do homem. De um modo

geral, vê-se que as relações familiares têm uma base moral. Os papéis sociais

que as constituem, com suas atribuições e funções, vinculam-se a um sistema

de valores que norteia a concepção do mundo social e o comportamento dos

integrantes familiares nesse mundo.

2.7 Valores familiares

O processo de significação e a construção de sentidos, os valores sociais

associados ao trabalho, à maternidade e aos cuidados infantis fazem parte de

um vasto conjunto de significados historicamente produzidos e constituem a

matriz sócio histórica do sujeito.

Assim, os sentidos e significados que uma mulher atribui a essas questões

ainda vão de encontro com as vivências diárias tanto no trabalho quanto na

questão da maternidade, envolvendo toda sua vida. A construção de sentidos

envolve vários aspectos na vida da mulher, dentre eles os contextos sociais,

econômicos, políticos, históricos e culturais e é mediada por pessoas que

desempenham vários papéis (ALMEIDA, 2007).

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À medida que o homem utiliza e se apropria das diversas linguagens existentes, como gestual, oral e escrita, passou a ter acesso a um vasto conjunto de significados historicamente produzidos, que integram a sua cognição. Contudo, enquanto um ser ativo, ao se apropriar dessas linguagens, desses significados presentes em uma determinada cultura, um outro sentido individual que existe com o significado sócio-histórico. No entanto, não se deve desconsiderar que os próprios significados sócio-históricos, transmitidos por valores, crenças e normas sociais, são instáveis, e podem mudar. Isto porque eles remetem a pessoa a outros significados, que são mobilizados no processo de significação, em função do contexto, das atividades e relações do indivíduo (ALMEIDA, 2007, p. 415).

Com isso a partir do momento que essas mães fazem parte de um outro

espaço cotidiano muito se modifica. A linguagem que tinha somente quando

ficava em casa se mistura com seus aprendizados e convivências com outros

meios e, sua postura e atitudes, se moldam às suas crenças, passam a confiar

mais em si através de suas novas experiências.

Existe uma atribuição no sentido de maternidade que se mostrou comum

entre as mulheres trabalhadoras das camadas média e popular, o cuidado e a

educação dos filhos.

Provavelmente, isto integra os significados construídos ao longo do

contexto social e histórico das mulheres estudadas aqui nesse trabalho.

Atualmente, no século XXI, as mães continuaram a se ver como as responsáveis

pela educação e cuidados infantis, mesmo quando podiam contar ou dividir

essas tarefas com uma rede social de apoio, como o marido ou avó. Pois, ela é

colocada ainda diante da obrigação de educar seu filho e vê-lo crescer ao seu

lado.

No entanto Almeida (2007) entende que algumas mães, especialmente

nas camadas populares, parecem conseguir dividir e, algumas, até mesmo

delegam a educação e o cuidado dos filhos a um membro da família ou a alguma

outra instituição, como creche ou escola. Pois sua preocupação era em dar um

futuro melhor aos seus filhos.

Nós entendemos que esse é um fenômeno que não se restringe à

compreensão de classes, mas de um fato histórico, próprio da

contemporaneidade. As mudanças históricas ocorridas e refletidas na atualidade

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faz a mulher buscar outra posição nos cuidados e na maternidade. Uma posição

que responda às demandas múltiplas da qual a mulher é exigida hoje. Talvez

estejamos falando de uma nova forma de se dispor ao cuidado.

2.8 A dificuldade da mulher como mãe

Acredita-se que, em parte, o maior nível de dificuldade apresentado pelas

mães trabalhadoras em conciliar a maternidade com os cuidados infantis seja

devido ao significado dado ao trabalho por essas mulheres é um projeto

individual, que é de grande quantidade de tempo fora do lar, implicando em

menor participação direta na vida familiar, contudo via seus filhos somente um

período do dia, destinando a terceiros, parte das obrigações que antes eram

somente suas.

Víamos antes que essa era uma experiência mais comum nas camadas

populares, trabalhar acima de tudo para garantir as necessidades básicas da

família e não a satisfação pessoal. Não havia essa necessidade do trabalho fora

de casa e se contentava apenas com o que o marido lhe oferecia (ALMEIDA,

2007). Hoje, no entanto essa necessidade se ampliou para as diversas mulheres.

Contudo, para as diversas mães, o significado atribuído à maternidade

antagonizava-se e coexistia com os sentidos construídos sobre trabalho, o que

em muitos casos gerou explicitamente um sentimento de culpa em relação aos

cuidados dispensados aos filhos.

Por fim, de um modo geral, as mulheres pareceram não conseguir integrar

em uma identidade única os papéis de mãe e trabalhadora. Seu selfé constituído

de identidades que se deslocam. As mulheres trabalhadoras tanto assumem

como lhes são atribuídos diversos papéis e posições que por vezes lhes parecem

contraditórios.

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CAPÍTULO III

SENTIMENTOS E VIVÊNCIAS DE MÃES COM FILHO NA UNIDADE DE

TERAPIA INTENSIVA NEONATAL

3.1 Vivências da mãe

A mulher durante a gestação passa por momentos que ela tem diversos

sentimentos em relação ao bebê, que é um ser que ela ainda não conhece, mas

pode senti-lo dentro dela. Ela fica imaginando como será esse bebê e também

tem algumas dúvidas em relação ao cuidado com ele, tem medo de fazer algo

de errado e prejudicá-lo. (MELO et al., 2013).

Por mais planejada e desejada que tenha sido uma gravidez, surgem sentimentos que sempre assombram a gestante como o medo deste bebê não ser saudável, medo de fazer algum mal para ele; ao mesmo tempo, possui muitas expectativas quanto às suas características físicas, o desejo que seja um bebê saudável, gordo, idealizado. (MELO et al., 2013, p.740).

Ela cria expectativas em relação à saúde dele, preocupando-se se ele

será um bebê saudável. E quando há uma situação diferente da que foi planejada

e desejada, por diversos motivos, tais como prematuridade, doença ou má

formação, o bebê tem que ser encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal (UTIN), para a mãe, confirma-se aqueles temores que ela tinha durante

a gestação. (MELO et al., 2013).

Desde que a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) surgiu, foi

feito todo um preparo para um cuidado especializado do recém-nascido que está

enfermo e este cuidado envolve vários equipamentos e procedimentos feitos

com ele. Já existem algumas UTIN's que fazem um acolhimento dos pais para

os ajudarem a enfrentar toda a situação de hospitalização do filho. Visando

assim, auxiliá-los a retomarem o relacionamento com o filho. (TAMEZ, SILVA,

2006).

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O cuidado e a assistência ao prematuro na UTIN tem passado por

transformações. Tem sido feitas algumas intervenções tais como, a permanência

dos pais junto ao filho internado, incentivo a mãe para participar no cuidado ao

bebê e na tomada de decisão do tratamento e outras mais. (GAÍVA; SCOCHI,

2005).

Diante de toda essa situação, é importante que os pais, principalmente a

mãe, façam parte desse momento na vida do bebê, que é a hospitalização, pois

a relação da mãe com o bebê é de grande importância e colabora para a

recuperação dele. (TAMEZ; SILVA, 2006).

A participação materna na recuperação do filho é direcionada ao hábito de amamentar e de participar dos cuidados na hospitalização. Sendo assim, os pais, quando envolvidos ativamente no cuidado, apresentam maior confiança e menor ansiedade para ajudar no cuidado, que antes era restrito aos profissionais de saúde. Desta forma, corrobora-se que o conhecimento real da situação do filho é necessário para que a mãe desenvolva confiança no cuidado do RN. (ROSO et al., 2014, p. 51).

O primeiro contato dos pais com a UTIN acaba causando medo e espanto,

por conta dos aparelhos que estão ligados ao seu filho e também pelo fato da

necessidade de vários profissionais estarem supervisionando-o, desta forma,

cuidando de sua vida, caso haja alguma ocorrência.

Para os pais, a UTIN representa uma mistura de esperança e medo, pois

eles têm esperança pelo fato de que eles sabem que é um local preparado para

atender as necessidades que o filho deles tem no momento e sentem medo por

saberem que o filho corre risco de sobreviver ou não.

Esse local é visto por muitas mães como um lugar que as assusta por

conta dos aparelhos ligados ao seu filho e também pelo momento que estão

vivenciando. Já para outras mães, a UTIN não é um local que lhes causa

transtorno e elas não têm receio em tocá-los e acariciá-los. O que elas querem

mesmo é estar perto do filho prematuro. (SANTOS et al., 2013).

As circunstâncias acabam exigindo uma atenção especial, porque a

internação do bebê em uma UTIN é composta por muitas expectativas,

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principalmente em relação ao tempo que ele vai permanecer internado. Separar

mãe e filho causa danos, pois a relação fica comprometida. (ELEUTÉRIO et al.,

2008).

Geralmente as mães sentem ansiedade de levar seus filhos para casa, o

que desperta sentimentos de felicidade, alegria e conforto por estarem sendo

assistidas. O envolvimento da equipe de saúde, que cuida das crianças, é visto

como forma de garantir a assistência integral e educativa às mães, dando

continuidade aos cuidados prestados.

E para o bebê, o toque é muito importante, pois ele o sente em seu

organismo e colabora para uma melhora em seu quadro. E o contato efetivo com

a família, pode antecipar a alta hospitalar do recém-nascido. (ROSO et al., 2014).

3.2 A relação da mãe e do bebê com o ambiente da Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal.

A assistência terapêutica ao bebê em conjunto com as inovações

tecnológicas possibilitam um diagnóstico preventivo e isso os favorece em sua

sobrevivência. O cuidado com o bebê tem sido diferente, tem sido melhor. Isto

tem ajudado a salvar a vida de bebês que dependem totalmente do cuidado de

outras pessoas e de equipamentos.

Dependendo da situação, algumas vezes, os bebês são submetidos a

procedimentos dolorosos como cateterismo, intubação, aspiração traqueal,

punções lombares, arteriais, venosas e outros. Isso acaba desencadeando

reações psicológicas e fisiológicas no bebê, deixando o cansado fisicamente,

estressado e com dor.(OLIVEIRA; LEITÃO, 2005).

Os RN vivenciam enorme desconforto, tanto por causa do novo ambiente onde se encontram, como em razão da separação dos pais e também a quantidade de pessoas que o tocam e manuseiam na finalidade de realizar diversos procedimentos. À medida que a internação se prolonga, ameaça-se a integridade do bebê, possibilitando a predisposição as iatrogênicas, infecções e demais complicações clínicas. (OLIVEIRA; LEITÃO, 2005, p.110).

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Para o recém-nascido, o ambiente da UTIN traz a ele sensações bem

diferentes das que ele sentia no ventre de sua mãe, sendo este, o mais

adequado para o seu desenvolvimento, pois o ambiente uterino lhe proporciona

aconchego, temperatura agradável e os sons externos ao ventre, são

minimizados a ele quando está lá dentro. (ALMEIDA, [s.d.]).

Como visto, o bebê passa por diversas situações durante sua internação

na UTIN. E para ajudá-lo a melhorar, é muito importante que a família,

principalmente a mãe, tenha contato com ele.

Entende-se que a presença familiar, especialmente da mãe, o toque, o colo e o carinho fazem parte das necessidades humanas básicas dos recém-nascidos, com fortes tendências para a afetividade e, consequentemente, para a melhoria de sua saúde. (ROSO et al., 2014, p. 52-53).

A presença contínua da mãe no ambiente hospitalar e quando possível, o

seu envolvimento nos cuidados hospitalares, somado aos cuidados oferecidos

pela equipe de enfermagem, podem promover a formação do vínculo. (ROSO et

al., 2014).

3.3 A dinâmica familiar diante da hospitalização do bebê

Com a internação do prematuro na UTIN, muitas vezes, é necessário que

os pais mudem sua rotina para melhor se adequarem a situação. Situação essa,

de crise, pra toda a família, principalmente para a mãe, por ser um lugar que

causa susto e estranheza, porque o bebê real é diferente do que foi idealizado.

Juntos, mãe e filho vivenciam uma série de eventos sensoriais, hormonais, fisiológicos, imunológicos e comportamentais, que contribuem positivamente na ligação do binômio mãe e filho. Esse binômio necessita de atendimento multiprofissional e transdisciplinar, e em particular, no que diz respeito à humanização da assistência que tem papel fundamental no fortalecimento das relações interpessoais com o cliente e família. (CRUZ et al., 2010, p. 134).

A hospitalização envolve muitos aspectos de mudanças e altera toda a

dinâmica familiar, principalmente quando o filho vai para uma Unidade de

Terapia Intensiva. Pois, para a maioria das pessoas que não tem muito

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entendimento sobre a UTIN, para eles, esse lugar representa um ambiente de

morte Os pais acabam vivenciando momentos de preocupação, insegurança,

medo; mas ao conviver com os filhos dentro da própria unidade passam a sentir

mais segurança e sentem-se gratificados. (MOLINA et al., 2009).

3.4 A amamentação do bebê na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Um dos principais fatores que unem a mãe e o bebê é o aleitamento

materno. Logo quando nasce, por instinto, o bebê já começa a procurar o seio

da mãe para alimentá- lo. Este é um alimento não só de saciar sua fome, mas o

alimenta com carinho e afeto.

O leite materno é uma fonte de energias e de proteínas, mas há muitos

aspectos a serem analisados e que estão envolvidos na amamentação.

Cada mãe tem sua particularidade, suas dúvidas e expectativas em

relação a esse momento e isto deve ser levado em consideração, principalmente

no caso de mães com bebês prematuros.

Sua condição emocional, seu desejo de amamentar e o esclarecimento

de muitas questões, influenciam diretamente na eficiência desse momento de

amamentação. (GORGULHO; PACHECO, 2008).

A questão da amamentação na UTIN nem sempre depende só da mãe, no caso de bebês prematuros. Além do desejo da mãe, as condições e imaturidade do bebê interferem. O processo de amamentar nessa situação não deve ser visto e tratado como de responsabilidade somente materna, pois para ter sucesso nessa prática a mãe precisa de uma rede de apoio formal e informal.

(GAÍVA, SCOCHI; 2005, [s.p.]).

Separar a mãe do filho prejudica o vínculo entre eles e esse é um fator

essencial para que a mãe tenha sucesso ao amamentar o seu filho. São muitos

aspectos que envolvem o fato da mãe parar de amamentar o filho de maneira

precoce como, por exemplo, a falta de conhecimento sobre os benefícios que o

leite materno oferece ao bebê, a separação da mãe e do bebê e a restrição do

cuidado dela para com ele, por causa da internação. Esses são alguns fatores

que influenciam na limitação da amamentação. (COUTINHO; KAISER, 2015).

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Prematuros e bebês de baixo peso, amamentados no peito da mãe, apresentam menor tempo de internação hospitalar, melhor prognóstico para o desenvolvimento neurológico, diminuição da perda de peso, diminuição do índice de doenças crônicas e agudas e aumento de sobrevida, em relação àqueles amamentados com leite industrializado. (PAIVA et al., 2013, p. 925).

A mãe não apenas amamenta o filho, mas outras coisas estão envolvidas

nesse momento, pois o bebê reconhece mais a mãe pelo cheiro e pela voz do

que pelo olhar, pois para ele, a identificação do rosto só será possível a partir do

quarto mês de vida. (RAPPAPORT; FIORI; HERZBERG, 2015).

As carícias da mãe não só proporcionam intensa sensação de prazer como vão progressivamente dando à criança a configuração do esquema corporal. O eu da criança começa a configurar limites, ou seja, a ter existência própria pelo contorno que lhe é dado pelo corpo materno. (RAPPAPORT; FIORI; HERZBERG, 2015, p. 38).

Mesmo quando a mãe não possui o leite materno para dar ao bebê, é

possível que ela vivencie junto ao mesmo, momentos de interação e se ela o

envolver em seus braços e fazer como deve ser feito em um processo de

amamentação, o bebê se sentirá amado, protegido e vai desenvolver o

reconhecimento da mãe e do próprio corpo também.

O relacionamento com a mãe é extremamente essencial. O importante é

a forma com que a amamentação é feita, o bebê solicita essa mãe e no momento

da amamentação, outros aspectos estão envolvidos, tais como, a voz da mãe, o

seu toque e a forma com que ela o acolhe.RAPPAPORT; FIORI; HERZBERG,

2015).

O leite materno promove ganho de peso adequado, é livre de contaminação, promovendo proteção imunológica, e estimula o vínculo afetivo entre mãe e filho. A hospitalização de um filho tanto na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) como na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) é uma situação que pode gerar danos emocionais para toda a família, principalmente para a mãe, por tratarse de um ambiente assustador que inibe o contato espontâneo entre mãe e filho. (PAIVA et al., 2013, p. 925).

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O seio só pode ser substituído por outras fontes de satisfação que o

compensem. Por isso, o mais indicado, é o desmame progressivo, para que o

desenvolvimento do bebê não seja prejudicado. Por isso, é de grande

importância que a mãe busque compreender a importância desse elo entre ela

e o filho e também conhecer ao próprio corpo e as questões emocionais, para

não prejudicar esses momentos de grande importância, que são os momentos

da amamentação. (RAPPAPORT; FIORI; HERZBERG, 2015).

A vinculação da mãe ao filho não é inata e a amamentação é uma oportunidade de se instalar esse vínculo ou de aprofundá-lo, pois hoje se sabe que há muito mais no ato de amamentar do que simplesmente garantir a sobrevivência da espécie. O leite materno, além de ser aceito como o melhor alimento para os bebês, é reconhecido por oferecer vantagens no fortalecimento do vínculo mãe-filho. (PAIVA et al., 2013, p. 927).

Mãe e bebê ficam separados por causa da internação do recém-nascido.

Porém, elas têm um momento para fazer a ordenha e esse momento é

importante, pois mesmo que elas não consigam ainda amamentar diretamente o

bebê, o cheiro dela está presente no leite e ele tem grandes benefícios para o

bebê. Depois de certo tempo, através da evolução do quadro do recém-nascido,

elas podem amamentar e essa é uma oportunidade de instalar ou fortalecer o

vínculo com o filho. (PAIVA et al., 2013).

3.5 A hospitalização do bebê e a interação mãe-filho

Tão grande e essencial é a interação da mãe com o seu filho, que já faz

um tempo que os psicólogos se preocupam com esta questão e a consideram

fundamental no desenvolvimento de algumas características de personalidade,

parcialmente permanentes e que vão se manifestar na criança, conforme ela for

crescendo. (RAPPAPORT; FIORI; HERZBERG, 2015).

Os laços afetivos mãe-filho começam a se desenvolver durante a

gravidez, bem antes do nascimento. Para a mãe e o recém-nascido, é após o

nascimento que começa uma interação recíproca, esse apego se fortalece a

cada momento. Quando ocorre a separação do binômio nesse período, haverá

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interferência no processo de apego, que afetará o relacionamento mãe-filho no

futuro. (TAMEZ; SILVA, 2006).

Quando o bebê nasce, ele precisa se adaptar ao ambiente extrauterino,

um ambiente novo e estranho para eles. O meio também se depara com um

bebê e é a mãe que assume a tarefa de adaptar-se ao bebê também,

proporcionando a ele o necessário para recebê-lo e fazê-lo interagir com o

ambiente, para que o desenvolvimento que se iniciou no universo intrauterino

possa continuar.

O ser humano usa como uma das ferramentas principais, a comunicação

verbal e com o nascimento de um bebê, ele precisa ampliar sua consciência para

compreender a linguagem dos bebês, que é uma linguagem não verbal. E a

pessoa principal para fazer e vivenciar essa ampliação de consciência e

compreensão é a mãe, pois ela está conectada ao bebê. Está é a interação mãe-

bebê que ocorre de diferentes formas, dependendo de cada cultura, de cada

história.(SILVA; PORTO, 2016).

O nascimento de um recém-nascido prematuro acarreta, na maioria das vezes, a necessidade de internação em uma unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). Esta situação pode gerar problemas emocionais para toda a família, visto que é um ambiente assustador e que não permite o contato espontâneo entre família e bebê. Nesse aspecto, o nascimento de um recém-nascido prematuro pode ser considerado como um momento de crise familiar, com vivências de intensa ansiedade e apreensão, o que poderá vir a interferir na formação de vínculo afetivo seguro entre os pais e o bebê. (RIBEIRO et al., 2014, p. 3107).

Há mudanças significativas na interação da mãe com o filho diante da

internação dele. Quando esta vai visitar o seu filho na UTIN, é fundamental que

ela seja acolhida pela equipe de profissionais ligada ao tratamento do filho,

sendo orientada sobre os cuidados que deve ter em relação a ele. Esses

profissionais devem focar no acolhimento e comunicação com essa mãe. Tudo

isso pode auxiliá-la no cuidado com o filho depois que ele tiver alta hospitalar.

Ressalta-se a necessidade de acolhimento e de uma comunicação efetiva e contínua a essas mães que se aproximam do filho pré-termo e/ou enfermo neste ambiente considerado tão estressante. Na maioria das vezes, as mães

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desejam apenas um gesto de atenção, um olhar de carinho, uma palavra de encorajamento, de incentivo, enfim, de serem olhadas face a face, em relação à equipe de profissionais. (CRUZ et al., 2010, p. 136).

A hospitalização do filho exige que a mãe se afaste do convívio familiar e

se submeta a uma rotina hospitalar e presencie, algumas vezes, intervenções

dolorosas feitas com o bebê. Isto aumenta o sentimento de medo, insegurança

e incerteza em relação à sobrevivência do bebê. Vivenciar isto, não é fácil, visto

que ela já tem que lidar com a separação de seu bebê e também de

procedimentos invasivos durante a assistência médica prestada a ele. (PAIVA et

al., 2013).

Em geral, esse tipo de situação está ocorrendo pela primeira vez na família, que, portanto, não conhece regras para cuidar de um bebê que nasceu de um jeito ou em um tempo diferente. Por causa disso, encontra-se muito fragilizada e procura outros caminhos para tornar mais tranquila a busca de habilidades para 'maternar' e 'paternar' o filho prematuro. (MOREIRA; LOPES; CARVALHO, 2004, p. 550).

Nem sempre a mãe exerce funções de cuidados diretos com o filho

durante a internação na UTI neonatal, por isso, é necessário que haja uma

preparação para que ela saiba cuidar do filho, após a alta hospitalar.

Esse preparo tem que ser feito de forma individual e tudo depende do

interesse demonstrado pela mãe em aprender a cuidar do bebê, que

futuramente, dependerá de seus cuidados em casa. Quando está chegando

perto do bebê ter alta, a mãe é direcionada a fazer alguns procedimentos

necessários para cuidar dele.

Algumas vezes, as mães apresentam certa dificuldade em lidar com essas

situações de aprendizagem, pois não é um momento de dinâmica familiar, onde

todos aprendem. Ela tem que ter atenção no que está sendo feito, direcionada

por profissionais que costumam fazer isso na UTIN. (GAIVA; SCOCHI, 205).

A necessidade de apoio torna-se ainda mais premente entre as puérperas cujos filhos são encaminhados para a UTI neonatal, porque estas muitas vezes são obrigadas a percorrer caminhos que nada têm a ver com o imaginado ou trilhado por outras figuras familiares e próximas. Num primeiro momento, a forma de maternagem oferecida numa unidade intensiva lhe é muito

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estranha. Ajudar a mulher/mãe a entender o que se passa com seu filho e a identificá-lo nessa história singular atenderá tanto as suas demandas quanto às do bebê. (MOREIRA; LOPES; CARVALHO, 2004, p. 556).

Portanto, é indispensável que se olhe para o bebê como uma pessoa e

comunique a ele também o que vai ser feito, sobre os procedimentos que irão

ser realizados nele. Isso é de grande importância, ele ainda não pode fazer uso

de seus pensamentos, mas é um ser que possui muita sensorialidade, e os seus

pensamentos vão surgir mediante esse cuidado, esse olhar e essa comunicação

realizada com ele. Quem cuida do bebê, representa o mundo para ele. Quanto

melhor for transmitido esse cuidado para ele, melhor ele vai perceber o ambiente

externo.

Nesse período inicial da vida, ele não possui a linguagem verbal, mas

possui a linguagem analógica e é capaz de sentir e apreender os sentimentos

de quem está falando com ele. Por isso, a comunicação diretamente com ele e

com seus pais, faz com que haja uma aproximação de todos e ambos se sintam

acolhidos. (MOREIRA; LOPES; CARVALHO, 2004).

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CAPÍTULO IV

METODOLOGIA

4.1 Método clínico-qualitativo

A metodologia aplicada foi baseado na pesquisa qualitativa em psicologia

clínica, utilizando-se do método clínico-qualitativo. Esse preocupa-se com a

universalização dos significados, fenômenos, manifestações, ocorrências, fatos,

eventos, vivências, ideias, sentimentos, crenças, valores, compreendendo que

esses não podem ser enquadrados a uma única terminologia, valorizando todos

em sua particularidade e ramificações para investigação do paciente na sua

totalidade.

Essa metodologia de investigação visa principalmente a detectar as regularidades contidas em um conjunto de elementos que, direta ou indiretamente, poderão adquirir uma significação para a teoria, seja porque ainda não foram integradas na construção teórica ou vêm a confirmar hipóteses teóricas específicas. Assim, essa forma de pesquisa científica busca realizar uma integração teórica sobre as relações entre eventos ou processos. Alguns sentidos de tais relações podem ser particularidades que só fazem sentido dentro do processo específico. (PINTO, 2004, p. 75).

O pesquisador torna-se um ser dinâmico ao utilizar-se do método de

pesquisa qualitativa, no qual é possível observar a evolução do processo de

diferentes posições, como por exemplo, o executor, o cientista, o observador, o

analista e o instrumento de pesquisa. Ele irá realizar a construção de informação,

visando não somente a forma e o desenvolvimento de um determinado

acontecimento, como também o significado e a representação da experiência

vivenciada pelo sujeito em questão. (PINTO, 2004)

Segundo a visão de TURATO (2000), o pesquisador qualitativo se

favorece de uma interação face a face e de uma comunicação verbal, corporal

e/ou comportamental, sendo possível captar as emoções, sentimentos,

significados e representações envolvidas.

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O método da pesquisa qualitativa é multimetodológico quanto ao seu foco,

envolvendo abordagens interpretativas e naturalísticas dos assuntos. Isto

significa que o pesquisador qualitativo estuda coisas em seu ambiente natural,

tentando dar sentido ou interpretar os fenômenos, segundo o significado que as

pessoas lhe atribuem.

Entendendo essa diversidade de aspectos que podem ser observados por

essa proposta metodológica, a investigação das representações psíquicas dos

sujeitos de nossa pesquisa pode ser compreendida de forma a abarcar uma

amplitude maior de aspectos correspondentes ao sofrimento das mães na

relação com seu bebê.

4.2 Instrumento

Para a coleta de dados foi utilizado o instrumento de entrevista

semiestruturada (APÊNDICEB) com áudio da gravação, que levantou questões

ligadas ao fenômeno estudado, a fim de análise dos dados apoiados na literatura

que relaciona a psicologia e os estudos sobre a UTIN, evidenciando sua

linguagem, compreensão, e correlação de dados para interpretar conteúdos

subjacentes ao manifesto no discurso das mães entrevistadas.

A escolha pela entrevista semidirigida, como instrumento auxiliar para a pesquisa clínico-qualitativa, dá-se então pelo motivo de que ambos os integrantes da relação têm momentos para dar alguma direção, representando ganho para reunir os dados segundo os objetivos propostos. (TURATO, 2003, p. 313).

Desta forma a elaboração das entrevistas teve como objetivo abordar

temas pertinentes aos objetivos da pesquisa.

4.3 Participantes da pesquisa

A pesquisa foi realizada com 07 mães com filhos internados na UTIN da

Associação Hospitalar Santa Casa de Lins(AHSCL), que foram selecionadas

aleatoriamente, durante o período do estudo, conforme disponibilidade e

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anuência das mesmas em participar, com idade variando entre 17 e 40 anos de

idade.

4.4 Aspecto ético

A pesquisa foi submetida à Plataforma Brasil, juntamente com os termos

necessários, através do endereço de rede,

http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil, e posteriormente ao Comitê de

Ética e Pesquisa do UNISALESIANO, Protocolo nº 1.626.061, e após aprovação

em 06 de julho de 2016, foi iniciada a coleta de dados.

Segundo a resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, os participantes

de pesquisa científica que envolvem seres humanos necessitam de respeito e

proteção pela sua dignidade humana, que é garantido através do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A), que contém

informações e assinaturas dos participantes, onde o sigilo e a privacidade foram

mantidos com segurança, dignidade, respeitando sua autonomia e

vulnerabilidade. (BRASIL, 2012).

4.5 Análise de dados

Para realizar a análise de dados desta pesquisa as entrevistas foram

transcritas e depois categorizadas de acordo com as temáticas centrais, visando

fundamentar os principais objetivos dessa pesquisa, sendo elas:as expectativas

das mães quanto ao futuro de seu filho após a alta da UTIN; o impacto

psicológico na mãe causado pela hospitalização do filho; sentimentos frente ao

filho idealizado; reações a um eventual planejamento familiar.

Após a categorização foram realizadas análise dos conteúdos

evidenciados nas entrevistas como próprias dos discursos formados pelas

entrevistadas, que compuseram a base da interpretação dada nesse estudo para

a compreensão das expectativas que as mães têm quanto ao futuro de seus

filhos que se encontram hospitalizados em UTIN.

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Posteriormente a coleta de dados, e análise, foi possível descobrir

singularidades de forma que ampliaram o conhecimento para nos familiarizar

com a técnica apresentada.

O principal ponto de partida para realizar a analise é através da

comunicação, que tem como mensagem e objetivo a produção de inferências.

Para melhor compreensão inferência tem por significado fundamentar um

argumento de acordo com as situações reais dos produtos ou de seus

receptores. (CAMPOS, 2004).

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CAPÍTULO V

ANÁLISE DE RESULTADOS

A análise de resultados foi realizada através da ordenação dos dados

mediante a transcrição integral das entrevistadas gravadas, que posteriormente

foram analisados por meio de categorizações e subcategorizações, seguindo a

metodologia de Pesquisa Clínico-Qualitativa de Turato (2000). Participaram

deste estudo07 mães de idade variável, escolhidas de forma aleatória, que

tinham filhos internados em UTIN da Associação Hospitalar Santa Casa de

Misericórdia de Lins.

A hospitalização é uma experiência estressante, dadas às situações em

que ela ocorre, e envolve profunda adaptação do paciente às várias mudanças

decorrentes do processo de internação, independentemente de sua idade.

Geralmente a internação de um bebê na UTIN decorre após a internação

da mãe para a realização do parto, exceto em situações especiais, tais como o

parto realizado fora do hospital, ou até mesmo em um hospital que não tenha a

UTIN, exigindo uma transferência do bebê.

A internação imediata, a separação de casa e do convívio familiar, além

dos procedimentos terapêuticos que, muitas vezes, agridem o paciente física e

emocionalmente, são fatores desorganizadores tanto para o bebê quanto para

os familiares.

As interações doença/família vêm sendo cada vez mais

estudadas, e mudanças são observadas nas práticas de saúde,

permitindo uma percepção integral, com novos enfoques

terapêuticos. Estudos apontam que a hospitalização de um filho

pode desencadear alterações emocionais e sofrimento psíquico

nos membros da família, principalmente naquele que

acompanha a criança. (COSTA, et al., 2009, p. 318).

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Com base nisso, foi possível perceber nos relatos abaixo o grande

impacto de saber que o filho seria encaminhado para a UTIN, impacto este que

pode ser enfrentado de diferentes maneiras de acordo com a informação que os

pais recebem. Isso foi observado através das nossas entrevistas:

Ah, de início dá um desespero né, um desespero [...] eu fiquei

angustiada, não sabia por que era assim.(Mãe 03)

Fiquei apavorada. Fiquei com medo porque ele não vai voltar embora

né, quem vai primeiro sou eu. (Mãe 07)

[...]eu me senti assim, sem chão né [...] demorei uns par de dia pra

cair a ficha, mais depois, eu reconheci que tinha que ser assim né,

que se deus deu ela assim pra mim eu tenho que ter força [...] (Mãe

06)

Quando existe separação de mãe e bebê logo após o nascimento pode

gerar reações diferentes e imprevisíveis, produzindo um choque emocional, e

com isso desenvolver um conflito interno, e que em alguns casos é comum a não

aceitação dessa separação, que pode se estender até ao pensamento de medo

de que o bebê possa vir a óbito, já que foi encaminhado para UTIN. (REICHERT;

COLLET, 2007).

Geralmente surge a sensação de estranheza e de certa impotência, que

vem junto com o estresse, ansiedade, temor, pois é normal que a família

correlacione a UTI com a morte, e a separação também é dolorosa, levando ao

desequilíbrio emocional e desestabilização de todos os familiares. Algumas

mães podem até acrescentar sentimentos de culpa, como se fosse responsável

por toda aquela situação. (MARCON et al., 2009).

Mas após primeiro impacto enfrentado pelas mães notou-se que algumas

já demonstravam entendimento quanto à necessidade de hospitalização,

visando o próprio bem para os filhos, conseguindo enxergar que a UTI era uma

chance de sobrevivência.

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Ah eu já tava mais sossegada porque tava bem, já tinham avisado pra

mim que tava bem [...] (Mãe 07)

Na verdade eu me aliviei [...] não deram nenhuma esperança dele

nascer vivo [...] elas falando que ele tava vivo que tava bem que ia pra

UTI pra mim foi a maior glória do mundo porque eu não tava nem

esperando. (Mãe 06)

Eu fiquei feliz depois, porque é a única neném que tá conseguindo

respirar (Mãe 04)

É somente na primeira visita que se dão conta da situação que estão

enfrentando, e passam a enxergar a UTIN como uma chance para seu filho

sobreviver, ou seja, o medo agora não é local em que se encontram, mas sim o

medo de perder o filho. (LOUREIRO; CASTILHO; SILVA, 2009).

Deve-se levar em consideração todo o processo gestacional,

compreendendo a dinâmica da situação. Sendo assim, uma mãe orientada

quanto ao quadro clínico que seu bebê se encontra consegue se adaptar melhor

a situação, buscando a resolução de conflitos que até então eram

desconhecidos.(PICCININI et al., 2008).

Não existe dúvida que a experiência de ter um filho na UTIN pode gerar

momentos conflituosos no ambiente familiar, trazendo sentimento de angústia,

de aceitação e até mesmo de medo quanto ao prognóstico, mas é essencial que

as mães procurem entender a necessidade da internação e sejam encorajadas

a ter esperança, porque qualquer sinal de melhora no estado de saúde é uma

conquista.

Porém, dentro dessa mesma categoria, em alguns relatos, foi possível

identificar a falta de conhecimento e informação sobre o que representa uma UTI

com cuidado neonatal:

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[...] não conhecia aqui, não sabia. Pra mim as crianças vinham aqui

porque tava muito, muito doente. Não tinha conhecimento (Mãe 03)

[...] não sabia como era [...] só que ele ia ficar bem cuidado aqui [...]

aí ele ia ficar bem mais aqui, porque nasceu pequeno né. (Mãe 04)

Para a maioria dos pais o ambiente da UTIN é estranho, pois são unidades

brilhantes, ruidosas e com muita tecnologia, ficando ainda mais estranha quando

há restrição de visitas ou então quando na primeira visita a aparência do paciente

está toda modificada. Tudo isso pode contribuir para o aparecimento de

sentimentos de isolamento, distúrbios psíquicos e medo. (MARCON et al., 2009).

É de grande importância que os pais sejam comunicados sobre todos os

procedimentos que serão realizados com o bebê e de como é o funcionamento

da unidade, bem como o objetivo do RN estar ali. Pois ficar sem informações a

respeito do que está acontecendo, pode lhes causar insegurança.

Os pais costumam ter muitas dúvidas a respeito do que está acontecendo

e necessitam ser informados de todos os detalhes para se sentirem seguros e

estabelecerem uma relação com a equipe de responsáveis pelo cuidado de seu

filho. (BRITTO et al., 2010).

Mesmo quando não há planejamento familiar para a vinda de um bebê

todos os pais criam expectativas, mas aqueles que esperam há tanto tempo por

um filho essas expectativas aumentam ainda mais, e ao enfrentar a situação de

internação buscam acreditar que tudo ficará bem. Vejamos em observações

feitas pelas mães:

Teve muita1, ai meu Deus, como teve. Faz 11 anos que a gente tenta

[...] tava tudo muito planejado [...] fiz dois pré-natal [...] mais aí ele

achou melhor vir assim dessa maneira e a gente sem explicação, mais

a explicação é de Deus a gente tem que aceitar e é isso aí (Mãe 02).

1 A mãe fala da expectativa de ter um filho.

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Não, porque eu tava tratamento há mais de 2 anos de tireoide com

nódulo na hipófise, então pela medicina não engravida (Mãe 06).

Ah ela foi planejada né, porque já sou casada já faz quatro anos, então

a gente desde o começo a gente vinha tentando, dai só agora a gente

conseguiu. (Mãe 01).

A expectativa é muito grande quando se trata de um primeiro filho, ainda

mais quando foi planejado há tanto tempo, e isso pode causar diversos

sentimentos na mulher, buscando meios de proporcionar as melhores condições

ao seu filho (PEDREIRA, LEAL, 2015).

Mesmo em gestações não programadas, é normal que os pais criem

expectativas quanto ao nascimento, ao sexo, ao nome, e também quanto à

saúde do bebê, onde pela expectativa e desejo criados pelos paisapós a

descoberta da gestação faz com que eles não queiram de maneira alguma que

seu filho tenha alguma doença ou que corra algum risco de vida. (RAPPAPORT

et al.,1981 ).

Devido à separação causada pela hospitalização é necessário que esses

pais sejam estimulados a manter contato direto com o filho assim que possível,

mesmo que por pouco tempo, para que o laço afetivo não seja interrompido e

não haja falta de sentimentos. Nos relatos abaixo algumas mães se mostraram

felizes e realizadas ao manter contato, mesmo que mínimo, com os filhos:

[...] ele olhava e elas falavam: "conversa com ele, põe a mão nele,

conversa com ele", aí você conversava, você via ele lutando pra viver,

aí ele olhava pra mim, as lágrimas corria no olhinho dele, ele

desesperado, se batendo, é assim, é uma coisa boa, mas quando

você se depara com certas situações é complicado. (Mãe 06)

[...] só com a mão, o sentimento é bom. (Mãe 07)

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[...] Sentimento de felicidade. (Mãe 05)

[...] aí eu pego ela, pra saber se ela tá bem, de verdade. (Mãe 03)

Quando os pais não podem tocá-lo da maneira desejada, normalmente

surgem certas preocupações e medo quanto a sua sobrevivência; podendo até

mesmo confundir os sentimentos ou até mesmo se culpar pela situação.

(BRASIL, 2011).

É importante que a equipe realize medidas humanizadas para que ocorra

a criação de um vínculoafetivo dentro da própria unidade, facilitando o contato

do RN com os pais, para que os mesmos se sintam encorajados e com

esperança quanto a uma boa recuperação e um futuro sem sequelas para o filho,

confirmando a importância do contato mesmo que a princípio seja por pouco

tempo (REICHERT; COLLET, 2007).

Percebe-se que a presença de familiares na UTIN neutraliza os efeitos

causados pela separação, consequentemente colaborando e tendo melhor

aceitação do tratamento da criança.

Lembrando que a liberação da permanência materna na unidade durante

a hospitalização do bebê é uma das estratégias que favorece a redução do

estresse emocional tanto do bebê como dos familiares, e também contribui para

diminuição do tempo de internação. (MARCON et al., 2009).

Em muitos casos a hospitalização e a separação momentânea entre pais

e filhos fazem com que o sentimento materno quando estimulado fique ainda

mais forte e a mãe sofra menos. Os relatos abaixam confirmam que o amor só

aumentou mesmo com a internação:

Ai meu Deus, inexplicável, inexplicável, é muito amor, é muito

cuidado, é muita vontade de ter forças de passar muita força pra ele

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e você vê um serzinho daquele lutando pela vida é muito, muito, muito

maravilhoso, muito. (Mãe 06)

Depois que você vê, já ama né depois que você o rostinho ama mais

ainda. (Mãe 01)

Passei a mais, a prestar mais atenção (Mãe 07)

Só aumenta, cada dia aumenta mais né, e a gente quando descobre

que a gente tá grávida, você já passa a amar sem saber como vai ser

né. E aí, cada dia, aí quando fica assim, parece que é uma coisa

assim, você não sabe nem falar. Porque é uma coisa assim, cada dia

você ama mais, cada momento você quer ficar mais junto, você quer,

não vê a hora de sair. (Mãe 02)

Observamos que a vontade que o bebê fique bem para a alta hospitalar é

esperada pelos pais desde o momento em que o filho nasce. Com o passar dos

dias de internação este desejo aumenta e as expectativas para receberem a tão

esperada notícia vai se concretizando a cada melhora que a criança apresenta.

Diante de várias mudanças subjetivas e comportamentais que ocorrem

na gestação, a mudança psíquica cria na mulher um sentimento mais profundo

e aflorado, podendo levar até a sofrerem distúrbios emocionais, porém elas se

tornam mais sensíveis e emotivas. E quando ocorre a internação e

consequentemente a separação entre mãe e filho, o sentimento pode aumentar

devido à sensação de perda, onde ela tem medo de ficar sem o filho, e também

a vontade de estar junto o tempo todo e viver os momentos tão esperados.

(PICCININI et al., 2008).

Assim como o amor é construído pela relação diária, a expectativa

também é, por isso é essencial que os pais estejam sempre presentes,

acompanhado o tratamento, para que possam nutrir boas expectativas quanto à

alta e também de um futuro melhor para o filho, sem sequelas.

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Deste modo, as entrevistas mostram a importância de manter

expectativas positivas, não deixando que a hospitalização atrapalhe nos

sentimentos e ao desejo de um futuro saudável para a criança. Vejamos os

relatos de mães que demostram que as expectativas não mudaram:

Não. Não, assim, eu acho assim, ela é muito pequenininha, às vezes

dá medo, se ela vai se desenvolver direito né. Mas aí as moças,

conversei com a médica, ela explicou que é um bebê normal igual

outro qualquer. (Mãe 03)

A não [...] esses dias a mais que ela tem que ficar se é pro bem dela

tudo bem (Mãe 01)

Não, (suspirou) ai medo, muito medo porque eu vi ele depois de dois

dias que ele nasceu, então ele nasceu na sexta eu vim vê ele só no

domingo. (Mãe 06)

Há, não ...ainda não caiu a ficha né, não tinha caído a ficha ainda,

agora que ele ficou internado caiu né, mais. (Mãe 07)

Ressalta-se a importância pela busca de um atendimento individualizado

e direcionado tanto para desenvolvimento integral do bebê como de sua família,

porque os pais que estão inseridos no processo de tratamento, com

estabelecimento do vínculo e do apego, criam somente expectativas boas. Além

do que isso prepara a família para o cuidado domiciliar, que consequentemente

aumenta a esperança de um futuro que haviam planejado anteriormente.

Os sentimentos relacionados à expectativa de vida se confundem, porque

ao se depararem com tal situação é necessário que busquem maneiras de

enfrentamento, já que a aceitação nem sempre acontece. (BRASIL, 2011).

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Ainda nessa mesma categoria, algumas mães expuseram que houve

mudanças quanto às expectativas que tinham antes da internação, conforme os

relatos abaixo:

Mudou bastante. Mudou as coisas que eu fazia né. Agora mudou

bastante coisa que eu não posso fazer. Agora tenho que ficar vindo

aqui ver ele, trazer leite (Mãe 04)

Sim né. É porque assim, toda grávida espera uma gravidez saudável,

que vá até o fim, que corra tudo bem, né. Quando você se depara com

certas situações que você tem que internar e você sabe que vai ter

que tirar a criança, é bem difícil pra gente né, a gente aceita mas ...

aceita porque tem que aceitar né, mas é difícil, você faz, planeja, tudo

um futuro, você planeja tudo, tamanho de roupa que você vai

comprando, e depois que nem, muda tudo o quadro né. O meu,

porque eu falava assim "não vou comprar RN porque o tamanho", eles

falavam que ia nascer criança grande, não comprei nada RN, não

tinha nenhuma fralda RN, tive que comprar uma na hora. Eu comprava

tudo de P pra cima. (Mãe 06)

Há, não sei ...ainda não caiu a ficha né, não tinha caído a ficha ainda,

agora que ele ficou internado caiu né mais (Mãe 07)

Destaca-se mais uma vez, a necessidade de acolhimento humanizado,

com uma comunicação efetiva com as mães que se aproximam do filho neste

ambiente considerado tão estressante. Muitas vezes elas só desejam um gesto

de carinho, de atenção, um olhar amigo. E mais importante é receberem uma

palavra de encorajamento, de incentivo, enfim, para que a internação não barre

as expectativas e todo o amor que sentem pelo filho.

As mães precisam superar as dificuldades com o apoio da família, é

preciso levar em conta o sofrimento materno como objetivo de cuidado, porque

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do contrário, só fará com que a mãe se afaste de seu bebê, muitas vezes

desacreditando em sua recuperação. (BRITTO et al., 2010)

Por fim, ressalta-se a necessidade emergente se sensibilizar todos os

profissionais sobre a importância que os pais têm na vida da criança,

principalmente neste momento conflituoso. É preciso dar o primeiro passo para

que haja mudança de comportamento e que os profissionais aceitem a presença

dos pais, e principalmente prestem uma assistência de qualidade e humanizada

dentro das unidades, mudando consequentemente a visão que os pais têm e

também a forma como enfrentar a hospitalização e enxergarem expectativas

positivas quanto à saúde da criança.

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CAPÍTULO VI

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desta pesquisa foi possível evidenciar que a internação de um RN

em UTIN pode alterar os sentimentos dos pais com os filhos e muitas vezes

influenciar nas suas expectativas quanto ao futuro após a alta.

O medo da morte e de possíveis sequelas, tanto para a mãe quanto para

o RN em decorrência do parto, podem ser potencializadas quando ocorre um

nascimento prematuro ou a emergência de uma internação em unidade

neonatal. Em alguns casos o desejo de ter o filho em seus braços faz com que

a mãe alimente a esperança de uma boa recuperação,porém, outras sofrem com

o impacto causado pela hospitalização e acabam desacreditando na

sobrevivência do RN.

Desde a descoberta da gestação várias mudanças começam a surgire a

mulher ao assumir o papel de mãe convive com uma mistura de sentimentos,

desejos e expectativas. E ao se deparar com uma necessidade de internação do

filho na UTI acaba sofrendo grande frustração, levando a confusão desses

sentimentos, sendo que muitas compreendem a necessidade de hospitalização,

mas acabam se culpando ou até inventam barreiras para não alimentar

sentimentos de amor e carinho pelo filho, que pode até mesmoser associado ao

medo de perda pelo trauma sofrido.

Após muitos estudos e observações detalhadas sobre a separação da

criança com a família diante de uma enfermidade e de uma internação em

unidade intensiva, foi constatado que o não envolvimento da mãe com o bebê a

desencoraja na prestação de cuidados e cria uma barreira afetiva entre eles,

podendo até atrapalhar no seu desenvolvimento e crescimento, e

consequentemente no tratamento de saúde, levando em conta que medidas de

prevenção contra infecção ainda são realizadas, diminuindo com isso o contato

dos pais com seus filhos internados.

Embora tenhamos na literatura uma referência à mãe vista como sujeito

da culpa, sentindo-se a responsável pelos problemas que levaram seus filhos à

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internação na UTIN, em nosso trabalho esse dado não se evidenciou. Sugere

nesse caso uma postura de distanciamento da mãeocorra por limites na

compreensão do que estava acontecendo, seja por uma reação defensiva de

distanciamento de seus filhos nesse processo.

Outro dado relevante foi que em nosso trabalho observamos uma reação

inicial de apreensão das mães, em especial com relação ao futuro de seus filhos,

imaginando eventualmente a necessidade de rever suas expectativas com

relação ao filho imaginado.

No entanto após um período de elaboração essas mães conseguem

desenvolver um novo desdobramento de suas expectativas, ora resgatando suas

expectativas iniciais, especialmente quando percebem que seus filhos poderão

viver uma vida normal ao sair da UTIN, ora buscando uma reorientação das

expectativas quando percebem que se não vão ter o filho idealizado elas poderão

reinvestir na relação com o filho por uma nova possibilidade de cuidados. Ou

seja, elas buscam uma outra possibilidade de manter a relação com os filhos e

viver novas expectativas para seu futuro.

Conclui-se que o incentivo ao contato direto e ao desenvolvimento de

laços afetivos com os pais através de medidas humanizadas pode favorecer e

auxiliar na criação de expectativas positivas quanto à internação como também

após a alta, visando um futuro feliz e saudável para o RN.

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CAPÍTULO VII

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Na tentativa de minimizar os efeitos causados pela separação entre mãe

e filho, que se encontra em uma UTIN, é necessário realizar medidas

humanizadas, onde os pais se sintam acolhidos pela equipe, de modo que o

ambiente hospitalar não se torne tão agressivo ou que acabe influenciando de

forma negativa nos sentimentos dos familiares pelo bebê.

Dentre as medidas humanizadas, inclui a facilitação do vínculo pais-

bebês, onde a equipe assume papel importante, pois é através dela que os pais

devem receber informações diárias ou assim que possível, quanto ao estado de

saúde do bebê e sobre sua rotina, para que os mesmos não sintam-se excluídos

na vida de seus filhos.

Sendo assim a comunicação de forma verbal ou não verbal, é um

elemento fundamental para o relacionamento entre a equipe, os pais e os bebês.

Já que muitas vezes os pais são “deixados de lado”, e ficam sem saber o que

fazer e sem informações, o que pode gerar o afastamento entre eles, diminuir a

expectativa quanto a alta hospitalar e em alguns casos prejudicar o

desenvolvimento da criação de afeto.

Em geral, a equipe de enfermagem deve assumir várias atribuições no

sentido de avaliar, entender e apoiar de forma segura o RN e sua família neste

período crítico, podendo também promover a facilitação dos pais de ver e tocar

a criança. Porém, a equipe deve estar capacitada para prestar tal assistência,

oferecendo cuidado singular a todos.

Sendo assim temos como proposta de intervenção a criação de grupos de

pais, com objetivo educativo, onde a equipe instruiria e ensinaria aos pais como

seriam os cuidados após alta da UTIN, esclarecendo dúvidas e passando

informações úteis, desenvolvendo assim um trabalho com foco na interação da

equipe e das mães.

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Esse grupo deveria também trabalhar os problemas que forem colocados

em pauta, buscando meios de solucioná-los e maneiras de lidar com a

problemática em questão, que deve ser escolhida de acordo com a dificuldade

encontrada na rotina. Já que os grupos podem ser realizados semanalmente,

visto a grande rotatividade do setor.

Orientado pelos dados evidenciados nessa pesquisa compreendemos

que um dos fatores importantes a ser debatido nos grupos é sobre as

expectativas das mães quanto ao futuro do filho após alta da UTIN, onde as

mães possam trocar experiências.

Concluindo que o principal objetivo da proposta de intervenção é

promover benefícios no vínculo de mãe e bebê, facilitando uma melhor

elaboração das expectativas que elas têm quanto ao futuro dos filhos.

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APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

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APÊNDICE B: Roteiro de Entrevistas

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Pesquisa: A vida depois da UTIN: expectativas de mães com filhos internados

em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal quanto ao seu futuro.

Data: Local: Nº da Entrevista:

PERFIL:

Nome: Idade:

Estado Civil: Escolaridade: Ocupação:

Nº de filhos:

ROTEIRO DE PERGUNTAS:

1- Você tem um filho(a) internado(a) na UTIN? Há quanto tempo está

internado(a)? Poderia contar o que aconteceu para que ele fosse

encaminhado para essa unidade?

2- Você está ou ficou internada por quanto tempo? Isso aconteceu nesse

mesmo hospital? Se não conte como foi.

3- Houve algum planejamento familiar para a vinda desse bebê?

4- Como foi e o que pensou quando soube que seu filho seria internado na

UTIN? Como se sentiu com isso?

5- Já teve contato com seu filho(a)? Como você fica nesse momento?

6- A internação interferiu nas expectativas que você tinha para o futuro do

seu filho?

7- Durante o período de internação do seu filho(a) houve alguma mudança

quanto ao amor que sente por ele?

8- O que você sentiu a partir do momento em que soube da hospitalização

do seu bebê na UTIN?

9- Você tem encontrado alguma dificuldade por conta da internação de seu

filho(a)? Se sim, poderia me dizer quais? Como você está lidando com

essas dificuldades?

10- O que você sentiu ao entrar pela primeira vez na UTIN para visitar seu

filho? Você continua a sentir isso?

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11- O que você faz para lidar com os sentimentos presentes na situação de

internação?

12- Durante a visita na UTIN qual sua atitude ao ver seu filho(a)? Existe algo

que você sempre faça ao vê-lo?

13- Qual expectativa de futuro para o seu filho, após a saída da UTIN?

14- O que acha que vai acontecer logo que ele sair da UTIN? Como serão os

primeiros dias e meses?

15- Consegue imaginar seu filho se desenvolvendo normalmente?

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ANEXO A: Folha de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa

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