Thamires Monteiro do Carmo AVALIAÇÃO DA FACTIBILIDADE … · A Deus, que me concedeu saúde,...
Transcript of Thamires Monteiro do Carmo AVALIAÇÃO DA FACTIBILIDADE … · A Deus, que me concedeu saúde,...
Thamires Monteiro do Carmo
AVALIAÇÃO DA FACTIBILIDADE E EFETIVIDADE DE UMA INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL BREVE EM ASSOCIAÇÃO COM CUIDADO PALIATIVO PRECOCE NA REDUÇÃO DE SINTOMAS
DEPRESSIVOS EM PACIENTES COM CÂNCER AVANÇADO: ESTUDO PRELIMINAR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Área de Concentração: Oncologia Orientador: Dr. Carlos Eduardo Paiva Co-orientador: Dr.ª Bianca Sakamoto Ribeiro Paiva
Barretos, SP 2016
Thamires Monteiro do Carmo
AVALIAÇÃO DA FACTIBILIDADE E EFETIVIDADE DE UMA INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL BREVE EM ASSOCIAÇÃO COM CUIDADO PALIATIVO PRECOCE NA REDUÇÃO DE SINTOMAS
DEPRESSIVOS EM PACIENTES COM CÂNCER AVANÇADO: ESTUDO PRELIMINAR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Área de Concentração: Oncologia Orientador: Dr. Carlos Eduardo Paiva Co-orientador: Dr.ª Bianca Sakamoto Ribeiro Paiva
Barretos, SP 2016
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada por Martins Fideles dos Santos Neto CRB 8/9570
Biblioteca da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos
C287a Carmo, Thamires Monteiro do.
Avaliação da factibilidade e efetividade de uma intervenção psicossocial breve em associação com cuidado paliativo precoce na redução de sintomas depressivos em pacientes com câncer avançado. / Thamires Monteiro do Carmo. - Barretos, SP 2016.
144 f. : il.
Orientador: Dr. Carlos Eduardo Paiva.
Coorientador: Dr. Bianca Sakamoto Ribeiro Paiva.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos, 2016.
1. Neoplasias. 2. Cuidado paliativo. 3. Terapia cognitivo-comportamental. 4. Depressão. 5. Ansiedade. 6. Qualidade de vida. I. Autor. II. Paiva, Carlos Eduardo. III. Paiva, Bianca Sakamoto Ribeiro IV. Título.
CDD 616.029
FOLHA DE APROVAÇÃO
Thamires Monteiro do Carmo
Avaliação da factibilidade e efetividade de uma intervenção psicossocial breve em
associação com cuidado paliativo precoce na redução de sintomas depressivos em
pacientes com câncer avançado: Estudo preliminar
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Pio XII – Hospital de
Câncer de Barretos para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde - Área de
Concentração: Oncologia
Data da aprovação: 02/09/2016
Banca Examinadora:
Prof. Dr. João Paulo da Silveira N. Lima
Instituição: Fundação Antônio Prudente – Hospital AC Camargo
Prof. Dr. José Humberto T. G. Fregnani
Instituição: Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos
Prof. Dr. Carlos Eduardo Paiva
Orientador – Presidente da Banca
SUPORTE À PESQUISA POR AGÊNCIA DE FOMENTO
Este trabalho recebeu apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) através de Auxílio à Pesquisa – Regular (processo número 2014/22052-5).
As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de
responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a visão da FAPESP.
Esta dissertação foi elaborada e está apresentada de acordo com as normas da Pós-
Graduação do Hospital de Câncer de Barretos – Fundação Pio XII, baseando-se no Regimento
do Programa de Pós-Graduação em Oncologia e no Manual de Apresentação de Dissertações
e Teses do Hospital de Câncer de Barretos. Os pesquisadores declaram ainda que este
trabalho foi realizado em concordância com o Código de Boas Práticas Científicas (FAPESP),
não havendo nada em seu conteúdo que possa ser considerado como plágio, fabricação ou
falsificação de dados. As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas
neste material são de responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a visão
da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos. Embora o Núcleo de Apoio ao
Pesquisador do Hospital de Câncer de Barretos tenha realizado as análises estatísticas e
orientado sua interpretação, a descrição da metodologia estatística, a apresentação dos
resultados e suas conclusões são de inteira responsabilidade dos pesquisadores envolvidos.
Os pesquisadores declaram não ter qualquer conflito de interesse relacionado a este estudo.
À minha avó Nilda e minha mãe Adriana que
com muita garra e determinação me
educaram, sempre me incentivaram e me
deram condições para buscar o conhecimento:
esta dissertação de Mestrado.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me concedeu saúde, sabedoria e perspicácia para que eu pudesse executar
aquilo que me proponho. É Ele quem me dá forças e quem me dá condições de fazer o bem
e fazer de coração.
Aos meus orientadores Dr Carlos Paiva e Drª Bianca Paiva que são fontes inesgotáveis de
conhecimento, entusiasmo, foco e dedicação à pesquisa e a sempre ORIENTAR, isto mesmo,
em caixa alta, pois são VERDADEIROS ORIENTADORES que não desamparam seus alunos e
que os motivam sempre a melhorarem em direção da excelência.
Aos membros das bancas de acompanhamento e qualificação, Dr José Humberto e Dr
Alexander, que puderam pontuar a cada banca, melhorias no projeto e em sua execução,
visando uma melhor adequação deste.
À minha mãe Adriana e minha avó Nilda que são as pessoas mais especiais de minha vida, e
se hoje sou alguém que prezo pelos estudos e aprimoramento profissional, isto reflete a
educação que recebi. Mesmo sem entender o que, de fato, é um mestrado, sempre me
incentivaram a buscar e me acolheram emocionalmente nos momentos em que me sentia
incapaz de continuar.
Ao meu noivo Edmilson, que também mesmo sem entender tudo isto, compreende minha
ausência em diversas situações e me estimula a fazer sempre o meu melhor. Ele é alguém
em quem me espelho muito, por sua garra, determinação e com muito foco naquilo que se
propõe a fazer.
Ao meu irmão Arthur, que é só uma criança. Nosso tempo juntos é muito curto, e mesmo
assim aos finais de semana me dividia com a dissertação.
Ao meu padrasto Adilson que sempre esteve ao nosso lado se fazendo presente em todos os
momentos de nossas vidas, sejam eles bons ou ruins.
Às minhas amigas queridas e fundamentais para que tudo isso acontecesse, Paulinha e
Cíntia. Elas quem me receberam no meu primeiro dia para a reunião com minha futura co-
orientadora, às quais foram elas quem agendaram este encontro. Paulinha, amiga, você
esteve presente em todo este período e não me abandonou nas horas que mais precisei de
sua ajuda. Ci, era pra você que eu chorava desesperada quando me vi frente à tantas tabelas
e não tinha noção de como as interpretaria e como finalizaria todo este processo, e também
era com você que comemorava a cada parágrafo que ia tomando forma frente a todo este
turbilhão de sensações. Obrigada por estarem sempre ao meu lado e me apoiarem em tudo
isto.
Ao Hospital de Câncer de Barretos, dos quais não posso deixar de citar todo o apoio
recebido pela instituição por meio do Núcleo de Apoio ao Pesquisador que proporcionaram
um gerenciamento, rastreamento e uma coleta de dados impecável, ao Núcleo de
Epidemiologia e Bioestatística por todo apoio recebido nas randomizações, digitação e
análises estatísticas realizadas dos quais foram essenciais para a realização do estudo. À
Unidade de Pesquisa Clínica por fornecer o espaço físico necessário para a realização das
intervenções psicológicas aos participantes do estudo. E, por fim, à Unidade de Cuidados
Paliativos que participou ativamente de toda a execução do trabalho, aos médicos que lá
realizaram as consultas do estudo e se propuseram a colaborar com a ciência.
Ao Grupo de Pesquisas em Qualidade de Vida e Cuidados Paliativos (GpQual), que é
composto por uma equipe de excelência no que se diz respeito à pesquisas neste tema. É em
contato com o grupo que nos desenvolvemos como pesquisadores e nos motivamos a
realizar pesquisas de ponta e de qualidade.
E por fim, aos pacientes do Hospital de Câncer de Barretos, que sem eles nada disto seria
possível. Sem eles, não haveria motivos para pesquisarmos e buscarmos aprimoramento
profissional. A vocês que se propuseram a participar do estudo e vinham, muitas vezes de
muito longe, para se consultarem e se fazerem presente ao que se comprometeram... meu
muito obrigada!
Qualquer um que se disponha a entrar na dor de um estranho é verdadeiramente uma
pessoa notável.
Henri J. M. Nouwen
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 Câncer: breve discurso 1
1.2 Benefícios do cuidado paliativo em oncologia 1
1.2.1 Dificuldades e barreiras práticas para se oferecer CPs precoce 4
1.3 Terapia cognitivo-comportamental (TCC): intervenção psicossocial para
pacientes com câncer 5
2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO 8
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivos primários 9
3.2 Objetivos secundários 9
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Descrição do desenho do estudo 10
4.1.1 Randomização e designação do tratamento 10
4.2 População 11
4.2.1 Critérios de inclusão 11
4.2.2 Critérios de exclusão 12
4.3 Hipótese do estudo 12
4.4 Tratamentos 13
4.4.1 Intervenção psicossocial baseada em técnicas da TCC 13
4.4.1.1 Protocolo de atendimento 13
4.4.2 CP precoce 17
4.5 Especificação linear dos tratamentos 17
4.6 Instrumentos de avaliação a serem utilizados 18
4.6.1 Questionário Semiestruturado de Caracterização Sociodemográfica e Clínica 18
4.6.2 Protocolo de evolução clínica 18
4.6.3 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) 18
4.6.4 Questionário sobre a saúde do(a) paciente (PHQ-9) 18
4.6.5 Escala de Sintomas de Edmonton (ESAS-br) 19
4.6.6 European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life
Questionnaire Core 15 Pal 19
4.6.7 Protocolo de Entendimento sobre a Doença 19
4.6.8 FAMCARE-patient scale com 14 itens 19
4.7 Desfechos a serem avaliados 20
4.7.1 Desfechos principais 20
4.7.1.1 Avaliação da factibilidade das intervenções 20
4.7.1.2 Avaliação da aceitação/satisfação dos participantes sobre o tratamento
oferecido 20
4.7.1.3 Sintomas depressivos 21
4.7.2 Desfechos secundários 21
4.7.2.1 Sintomas depressivos 21
4.7.2.2 Sintomas de ansiedade 21
4.7.2.3 Entendimento sobre a doença 21
4.7.2.4 Escores de QV 21
4.7.2.5 Escores de sintomas 21
4.8 Cronograma de avaliação do estudo 21
4.9 Análise estatística 22
4.9.1 Cálculo do tamanho da amostra 22
4.10 Considerações éticas 23
5 RESULTADOS
5.1 Casuística 24
5.2 Avaliação da homogeneidade da amostra 27
5.3 Comparações longitudinais 32
5.3.1 Índices de satisfação 32
5.3.2 Sintomas depressivos e de ansiedade 33
5.3.3 Índices de QV e sintomas avaliados 36
5.4 Entendimento sobre a doença 47
5.5 Avaliação da factibilidade do estudo 51
5.5.1 Intervenção psicossocial breve 51
5.5.2 CP precoce 51
5.5.3 Taxas de contaminação 52
5.5.4 Relação de pacientes incluídos/rastrados (%) 52
5.5.5 Taxas de perdas durante o estudo (attrition rate) 52
5.6 Análise do tamanho do efeito (effect sizes) das intervenções propostas 52
6 DISCUSSÃO 55
7 CONCLUSÃO 67
8 CRONOGRAMA 68
REFERÊNCIAS 69
ANEXOS
Anexo A – Artigo publicado 74
Anexo B – CONSORT 2010 checklist of information to include when reporting a
randomized trial 89
Anexo C – ECOG Performance Status 92
Anexo D – Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS-br) 93
Anexo E – Cartilha Educativa para pacientes iniciando quimioterapia 94
Anexo F – Figura explicativa Goals of Car(e) 99
Anexo G – Cartões de enfrentamento 100
Anexo H – Questionário Semiestruturado de Caracterização Sociodemográfica e
Clínica 101
Anexo I – Protocolo de evolução clínica 103
Anexo J – Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) 104
Anexo K – Questionário sobre a saúde do/a paciente (PHQ-9) 105
Anexo L – EORTC QLQ-C15-PAL 106
Anexo M – Protocolo sobre o entendimento da doença 108
Anexo N – Escala FAMCARE para pacientes – 14 itens (FAMCARE-P14) 109
Anexo O – Carta de aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa 111
Anexo P – Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para participação em
pesquisa 118
Anexo Q – Abstract aceito (2016 ASCO Annual Meeting) 124
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Desenho do estudo 11
Figura 2 - Especificação linear dos tratamentos 18
Figura 3 - Cronograma de avaliações do estudo 21
Figura 4 - Diagrama de Fluxo CONSORT-2010 25
Figura 5 - Entendimento sobre a curabilidade da doença 50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Motivos primários para não elegibilidade 24
Tabela 2 - Caracterização sociodemográfica e clínica da amostra 26
Tabela 3 - Distribuição da amostra nos braços do estudo 28
Tabela 4 - Distribuição e comparação dos escores dos questionários no momento 0 (baseline) por braços do estudo 30
Tabela 5 - Comparação dos Escores do FAMCARE nos três momentos 32
Tabela 6 - Comparação dos escores de depressão nos três momentos 33
Tabela 7 - Comparação dos escores de sintomas de ansiedade nos três momentos 35
Tabela 8 - Escores do ESAS Depressão e Ansiedade durante a intervenção psicossocial breve 36
Tabela 9 - Comparação dos escores do EORTC nos três momentos 37
Tabela 10 - Comparação dos escores do ESAS por itens nos três momentos 42
Tabela 11 - Comparação dos escores do ESAS por domínios nos três momentos 46
Tabela 12 - Descritiva geral do Protocolo de Entendimento sobre a Doença 48
Tabela 13 - Média do tempo das sessões 51
Tabela 14 - Diferença das médias e tamanho do efeito entre os braços do estudo 54
LISTA DE ABREVIATURAS
ASCO Sociedade Americana de Oncologia Clínica
CBT Cognitive behavioral therapy
CP Cuidados paliativos
ECOG-PS Estern Cooperative Oncology Group Performance Status
ES Effect sizes
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
HCB Hospital de Câncer de Barretos
KPS Karnofsky Performance Status
OMS Organização Mundial da Saúde
PC Palliative care
PPI Palliative Prognostic Index
QT Quimioterapia
QV Qualidade de vida
TCC Terapia cognitivo-comportamental
UCP Unidade de Cuidados Paliativos
RESUMO
do Carmo TM. Avaliação da factibilidade e efetividade de uma intervenção psicossocial breve
em associação com cuidado paliativo precoce na redução de sintomas depressivos em
pacientes com câncer avançado: estudo preliminar. Dissertação (Mestrado). Barretos:
Hospital de Câncer de Barretos; 2016.
JUSTIFICATIVA: Pacientes com câncer em fase avançada reportam problemas físicos,
emocionais, sociais e existenciais, que podem ser decorrentes do próprio câncer ou de seu
tratamento. Estudos prévios demonstraram benefício da inclusão precoce do cuidado
paliativo (CP) em associação ao cuidado oncológico padrão na redução de sintomas
depressivos, melhora da qualidade de vida (QV), aumento da sobrevida e diminuição de
procedimentos invasivos desnecessários. No entanto, os pacientes continuam chegando ao
CP tardiamente, mesmo em serviços especializados em oncologia de grande porte. Uma das
barreiras é o estigma dos CPs, percebido pelos pacientes e profissionais de saúde como “um
local para morrer”. OBJETIVO: Avaliar a factibilidade e a aceitação/satisfação de pacientes
com câncer avançado a uma intervenção psicossocial breve baseada na Terapia Cognitivo
Comportamental (TCC) em adição ao CP precoce e avaliar o impacto das intervenções na
diminuição dos sintomas depressivos. MATERIAIS E MÉTODOS: Ensaio clínico randomizado,
aberto, de fase II, com dois braços de intervenção e um grupo controle. Foram incluídos
pacientes com câncer avançado iniciando quimioterapia paliativa que preencherem os
critérios de seleção. Os participantes foram recrutados nos ambulatórios de oncologia clínica
do Hospital de Câncer de Barretos (HCB) e divididos aleatoriamente nos três braços de
tratamento: braço A, cinco sessões semanais de intervenções psicossociais breves baseadas
na TCC em associação com CP precoce; braço B, apenas CP precoce; braço C, cuidado
oncológico padrão. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram o HADS, PHQ-9,
ESAS-br, FAMCARE-patient scale e o Protocolo de Entendimento sobre a Doença, os quais
foram aplicados no baseline e com 45, 90, 120 e 180 dias após a randomização.
RESULTADOS: Foram rastreados 613 pacientes; 103 eram potencialmente elegíveis; e 40 se
recusaram a participar. 19, 22 e 22 pacientes foram incluídos nos Braços A, B, e C,
respectivamente. As características basais foram bem equilibradas entre os grupos. 16 (84%)
pacientes do Braço A participaram de pelo menos 3 sessões psicossociais. As interações
entre braço e tratamento para as pontuações iniciais de depressão (PHQ-9, HADS-D),
ansiedade (HADS-A), funcionamento emocional e ESAS-emocional foram todas não
significativas. Com base na análise dos effect sizes (ES), observou-se um benefício pequeno
do Braço A sobre o braço B para o HADS-A (ES = 0,17), ESAS-emocional (ES = 0,21) e
moderado em relação ao funcionamento emocional (ES = 0,66), mas não sobre os escores de
depressão. CONCLUSÃO: Conclui-se que por conta do um grande número de pacientes
necessários para serem rastreados, a factibilidade da intervenção foi considerada
questionável. Não foi útil para a prevenção da depressão, no entanto, foi observado um
benefício potencial na redução dos níveis de ansiedade, que precisa ser melhor avaliado em
estudos futuros.
PALAVRAS-CHAVE: Neoplasias. Cuidado paliativo. Terapia cognitivo-comportamental.
Depressão. Ansiedade. Qualidade de vida.
ABSTRACT
do Carmo TM. Feasibility and effectiveness assessment of a brief psychosocial intervention in
association with early palliative care in reducing depressive symptoms in patient with
advanced cancer: a preliminary study. Dissertation (Master’s degree). Barretos: Barretos
Cancer Hospital; 2016.
BACKGROUND: Advanced stage cancer patients report physical, emotional, social and
existential problems, which may be due to the cancer itself or its treatment. Previous studies
have shown the benefit of the early inclusion of palliative care (PC) associated to the
standard oncologic care in reducing depressive symptoms, improve quality of life (QOL),
increased survival and reduction of unnecessary invasive procedures. However, patients are
still coming to PC late, even in large oncology. One of the barriers is the stigma of PC,
perceived by patients and health professionals as "a place to die". AIM: Assess the feasibility
and acceptance/satisfaction of patients with advanced cancer to a brief psychosocial
intervention based on Cognitive Behavioral Therapy (CBT) in addition to the early PC and
evaluate the impact of interventions in reducing depressive symptoms. MATERIALS AND
METHODS: Randomized controlled trial, open-label, phase II, with two intervention arms
and a control group. It were included patients with advanced cancer initiating palliative
chemotherapy that meet the selection criteria. Participants were recruited in clinical
oncology clinics of the Barretos Cancer Hospital (BCH) and randomly divided into three
treatment arms: Arm A, five weekly sessions of brief psychosocial interventions based on
CBT in combination with early PC; arm B, only early PC; C arm, standard cancer treatment.
The instruments used for data collection were the HADS, PHQ-9, ESAS-br, FAMCARE- patient
scale and the Memorandum of Understanding on the disease, which were applied at
baseline, 45, 90, 120 and 180 days after randomization. RESULTS: 613 patients were
screened; 103 were eligible; and 40 refused to participate. 19, 22 and 22 patients were
included to the arms A, B, and C, respectively. Baseline characteristics were well balanced
between the groups. 16 (84%) patients of the A arm participated in at least 3 psychosocial
sessions. The interactions between the arm and for the initial treatment of depression
scores (PHQ-9, HADS-D), anxiety (HADS-A), emotional functioning and all of ESAS-emotional
were not significant. Based on the analysis of the effect sizes (ES), there was a small benefit
on the A arm on B arm for the HADS-A (ES = 0.17), ESAS-emotional (ES = 0.21) and moderate
in relation to emotional functioning (ES = 0.66), but not on the depression scores.
CONCLUSIONS: We conclude that because of a large number of patients required to be
screened, the feasibility of the intervention was considered questionable. It was not useful
for the prevention of depression, however, a potential benefit was observed in the reduction
of anxiety levels, which should be better evaluated in further studies.
KEYWORDS: Neoplasms. Palliative care. Cognitive behavioral therapy. Depression. Anxiety.
Quality of life.
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Câncer: breve discurso
De acordo com as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2012, no
mundo, havia uma previsão de 14,1 milhões de novos casos de câncer, 8,2 milhões de
mortes e 32,6 milhões de pessoas vivendo com câncer (1). As estimativas para 2014/2015,
no Brasil, indicam o surgimento de aproximadamente 576 mil casos novos de câncer. Dentre
as neoplasias mais incidentes, encontram-se os cânceres de pele do tipo não melanoma (182
mil), próstata (69 mil), câncer de mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27
mil), estômago (20 mil) e colo de útero (15 mil) (2).
O câncer - ícone da mortalidade e limitação das capacidades do ser humano no
controle de sua própria vida - elucida sentimentos de incertezas e perigo (3, 4), provocando
dificuldades de adaptação e entendimento, desde o momento do diagnóstico ao estágio
avançado da doença. A quantidade de indivíduos vivendo acometidos por câncer continua a
aumentar (5), sendo que parcela importante destes apresenta doença em fase avançada,
incuráveis, onde o tratamento oncológico objetiva o aumento da sobrevida, mas
principalmente, a melhora/manutenção da QV dos pacientes. No entanto, na tentativa de
proporcionar benefício clínico aos pacientes com câncer avançado, o tratamento sistêmico
do câncer (especialmente com quimioterapia citotóxica) muitas vezes promove eventos
adversos graves, desconforto físico, piora da funcionalidade e, consequentemente, piora da
QV, que persistem durante o tratamento e muitas vezes se prolongam para períodos pós-
tratamento (6).
Além dos eventos adversos secundários ao tratamento, o paciente com câncer em fase
avançada reporta frequentemente sintomas desconfortáveis secundários à própria
neoplasia, que causam sofrimento físico, psicológico, social e existencial, impactando
negativamente na QV dos mesmos (7). Uma revisão sistemática agrupou os sintomas mais
prevalentes em pacientes com câncer avançado, sendo os mais comuns a fadiga (74%), dor
(71%), perda do apetite (53%), nervosismo (48%), perda de peso (46%), xerostomia (40%),
sintomas depressivos (39%), constipação intestinal (37%), preocupações (36%), náusea
(31%) e ansiedade (30%) (8).
1.2 Benefícios do cuidado paliativo em oncologia
2
Durante centenas de anos, o processo de morte ocorreu naturalmente nos próprios
domicílios dos doentes, com a presença atuante de suas famílias. Após a segunda guerra
mundial, o progresso atingido pela humanidade em relação a alguns aspectos médicos –
como, por exemplo, ressuscitação cardiopulmonar, uso de antibióticos, técnicas cirúrgicas e
anestésicas – fez com que passássemos a acreditar que a morte poderia ser vencida; assim,
iniciou-se um processo que culminou com a transferência dos óbitos para os hospitais e
incentivou a obstinação terapêutica (9).
Neste contexto, Cicely Sounders começou a se preocupar com doentes que morriam
em grande sofrimento nos leitos de hospitais Ingleses. Ela percebeu que estes doentes
marginalizados pela medicina morriam com dor, tanto de ordem física como associada com
problemas psicossociais e existenciais (9). Em 1967, Cicely fundou em Londres o St
Christhofer Hospice, o que deu início ao que chamamos hoje de Movimento Hospice
Moderno. Desde então, este novo ramo da medicina tem evoluído a partir de uma filosofia
de cuidados a uma disciplina profissional voltada ao controle de sintomas, ao apoio
psicossocial, à assistência espiritual, comunicação, tomada de decisão, apoio aos cuidadores
e cuidados de fim de vida (9, 10). Por volta de 1975, esta filosofia passou a ser denominada
de “cuidados paliativos” pelo cirurgião Canadense Baulfor Mount (11, 12).
A estimativa global do número de adultos em CP no fim da vida é aproximadamente de
19 milhões, sendo 69% correspondentes a indivíduos maiores de 60 anos. As neoplasias são
as responsáveis por 34% da inserção de pacientes em CP, atrás apenas de doenças
cardiovasculares, que ocupam 38% (13). Em 2002, a OMS definiu que “os CP consistem na
assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da QV do
paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção
e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e
demais sintomas físicos, psicossociais e espirituais” (13, 14).
Tipicamente, o diagnóstico de um câncer em fase avançada provoca sintomas de
preocupação diante de um futuro incerto, mudanças de funcionamento, além de intensas e
invasivas terapias (15). Tradicionalmente, o CP era oferecido após a suspensão do
tratamento antineoplásico, nas situações onde os pacientes se encontravam
necessariamente em fase final de vida (modelo dicotômico). Atualmente, se aceita como
mais adequado o modelo simultâneo (integrado) de cuidados, onde os pacientes podem
receber tratamento antineoplásico em conjunto com CP (16-18).
3
Zimmermann et al. (19) reportaram recentemente os efeitos do CP precoce em
pacientes com câncer avançado em diversos aspectos da QV destes em um ensaio clínico
randomizado com 461 pacientes. Embora não tenha sido observado efeito significativo na
QV espiritual (medida pelo FACIT-sp - desfecho principal do estudo), o estudo mostrou
melhora na QV global e na satisfação com os cuidados, em favor do grupo que recebeu o CP
precoce.
Outro ensaio clínico randomizado controlado avaliou a efetividade de visitas
domiciliares de enfermeiros para avaliação de sintomas e educação em saúde comparada ao
tratamento padrão fornecido. O desfecho primário era a toxicidade secundária à
quimioterapia (QT), sendo que os desfechos secundários incluíam mensuração dos índices de
QV, humor e uso de serviços de saúde. Foi observada uma menor incidência de sintomas no
grupo que recebeu educação em saúde. Além do mais, os participantes do grupo de
intervenção utilizaram menos os serviços de saúde quando comparados aos pacientes do
grupo controle (20). Estudo prévio concluiu que pacientes que receberam radioterapia e
uma intervenção multidisciplinar focada na educação, adequação comportamental e
estratégias de enfrentamento apresentaram melhor QV (21). Sendo assim, evidências
científicas denotam que uma das abordagens psicossociais efetivas para pacientes
acometidos por câncer é a psicoeducação, a qual objetiva gerar uma mudança
comportamental em pacientes e em seus familiares, buscando melhores estratégias de
enfrentamento e adaptação às dificuldades associadas à doença, para que possam
desenvolver resoluções de problemas eficazes com intuito de melhora em sua QV (22).
Um ensaio clínico de fase III, com pacientes com câncer de pulmão não pequenas
células metastático, recentemente diagnosticados, selecionou dois grupos aleatoriamente
para receber QT de primeira linha padrão em associação ou não aos CP oferecidos
precocemente. Após 12 semanas, foi evidente uma melhora na QV dos pacientes no grupo
experimental, que recebia CP precoce. Além de uma melhora significativa na QV, os autores
observaram também uma diminuição nas taxas de sintomas depressivos e na realização de
procedimentos fúteis na fase final de vida. Uma análise não planejada inicialmente mostrou
que os pacientes que receberam CP precoce sobreviveram quase três meses a mais,
resultado este significativo mesmo após análise multivariada (23).
A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) publicou uma revisão de sete
estudos anteriores sobre CP com intuito de fornecer um parecer clínico a respeito da
4
integração do CP ao tratamento oncológico padrão. Os autores concluíram que quando este
tipo de cuidado é combinado com o tratamento padrão, proporciona melhora de sintomas,
da QV, aumento da satisfação, redução de sobrecarga emocional dos cuidadores informais,
redução de cuidados agressivos desnecessários, dentre outros benefícios (24).
Assim, considerando a literatura atual, existem evidências do benefício do CP em
oncologia, especialmente quando oferecido precocemente. No entanto, ainda existem
dúvidas quanto a melhor forma de oferecê-lo: quais pacientes se beneficiam mais? Qual o
momento, durante a evolução de um câncer avançado, deve ser considerado “precoce”?
Existem outras abordagens que poderiam ser acrescidas aos CPs “padrão”? O benefício do
CP precoce pode ser generalizado para instituições de países em desenvolvimento, com
menos recursos financeiros? O impacto na diminuição das taxas de depressão é o mesmo
independente do país (culturas distintas)?
1.2.1 Dificuldades e barreiras práticas para se oferecer CPs precoce
Apesar dos conhecidos benefícios do CP quando oferecido precocemente aos
pacientes com câncer em fase avançada, na prática, o CP ainda é oferecido tardiamente,
mesmo em centros oncológicos de referência em oncologia e CP (25). Embora não tenhamos
referências objetivas em relação ao Brasil, acreditamos que muito provavelmente, o CP seja
oferecido para uma parcela pequena da população elegível e, quando oferecido, de forma
tardia.
Um estudo qualitativo, realizado na Inglaterra, objetivou elucidar as percepções de
profissionais de saúde envolvidos no processo de transição para o CP. Foi evidenciado que as
percepções dos profissionais se associavam ao fato dos pacientes serem encaminhados ao
CP quando estão bem próximos ao fim da vida. Foi possível notar sobre a importância e a
dificuldade da comunicação sobre a necessidade de CP entre médicos, profissionais da saúde
e pacientes; a dificuldade de “tomar coragem” por parte dos clínicos para iniciar a transição;
e também, sobre a importância da documentação sobre as decisões tomadas pelos
pacientes, além das preferências dos pacientes a respeito do seu fim de vida (26).
Em outro estudo qualitativo que avaliou barreiras para o encaminhamento aos CP, foi
encontrado um total de 21 barreiras, dentre elas, a imagem negativa da unidade por
pacientes e familiares, atraso de término do tratamento curativo por médicos nas
enfermarias gerais, falta de vontade de encerrar o tratamento curativo e negação da
5
natureza fatal da doença por pacientes e familiares, o desejo do paciente para receber
atendimento de médicos e enfermeiros familiares e, por fim, o conhecimento insuficiente da
equipe médica das enfermarias gerais sobre a Unidade de Cuidados Paliativos (UCP). Diante
disto, para que se possa corrigir os equívocos a respeito destas unidades, torna-se necessário
eliminar a imagem negativa da população em geral, de pacientes e seus familiares, e
também da equipe de saúde como um todo. Também se ressalta a importância do
encaminhamento precoce de pacientes aos CPs e treinamento adequado em comunicar
notícias difíceis (27).
Neste mesmo contexto, um estudo qualitativo prévio, realizado no HCB, com 20
mulheres, observou significativa falta de conhecimento sobre CP e estratégias futuras de
acompanhamento clínico, além da estigmatização de que a UCP é um “lugar para morrer”.
Os autores ressaltaram a necessidade de um encaminhamento precoce aos CPs para uma
transição terapêutica menos dolorosa para os pacientes com câncer em fase avançada (28).
1.3 Terapia cognitivo-comportamental (TCC): intervenção psicossocial para pacientes com
câncer
O surgimento das primeiras TCCs ocorreu na década de 1960 (29), sendo que os
primeiros textos relevantes abordando o tema de modificação cognitivo-comportamental
foram publicados na década posterior. Entre estes períodos, intensificou-se o interesse na
cognição e na aplicabilidade da teoria cognitiva à modificação de comportamento (30).
O início da terapia cognitiva ocorreu no ano de 1956, na Universidade de Pensilvânia,
pelo então psicanalista freudiano Aaron T. Beck, que buscava propiciar apoio empírico para
determinadas conceitualizações psicodinâmicas da depressão que acreditava serem corretas
na época. Beck encontrou algumas anomalias no modelo psicanalítico, o qual entendia que
os pacientes deprimidos apresentavam certo “masoquismo” ou uma “necessidade de
sofrer”. Beck percebeu melhora nestes pacientes submetidos à terapia cognitiva e maior
resistência por parte deles às experiências deprimidas. Iniciaram-se estudos empíricos e
observações clínicas desde então e encontraram como resultado um negativismo
significativo por parte destes pacientes na esfera pessoal e uma visão negativa do self,
contexto e futuro (31).
A teoria da terapia cognitiva entende que a atribuição de significado é a chave central
para captar o comportamento mal adaptativo, que são passíveis de modificação através de
6
suas intervenções (31). Tendo em vista que é considerada como uma “teoria de teorias”
(30), essencialmente, todas as TCCs apresentam três premissas fundamentais: “1. A cognição
afeta o comportamento; 2. A cognição pode ser monitorada e alterada; 3. A mudança
comportamental desejada pode ser efetuada por meio da mudança cognitiva” (30).
De forma sucinta, a TCC tem como fundamento proporcionar que indivíduos
identifiquem e modifiquem seus pensamentos automáticos distorcidos ou disfuncionais.
Pois se entende que, na maioria das vezes, não se têm consciência sobre eles e os aceitam
como verdadeiros, sem julgamento prévio. Também se deve ater às crenças limitantes do
indivíduo, sendo que elas resultam em pensamentos distorcidos ou disfuncionais, em um
aumento de emoções, sentimentos e sintomas mal adaptativos, além de comportamentos
inadequados (32). Tal indício vem a ser corroborado com um estudo realizado na Alemanha,
com 215 mulheres com câncer ginecológico e de mama, que mostrou uma correlação
positiva entre o nível de pessimismo e os índices de ansiedade e depressão no curso da
doença (33).
Evidências científicas têm demonstrado benefício da abordagem cognitivo-
comportamental na redução de sintomas em pacientes com câncer (6). Um ensaio clínico
randomizado e controlado com o objetivo de avaliar a técnica cognitivo-comportamental em
pacientes acometidos por câncer em estágio terminal pôde concluir que houve benefícios
das intervenções na redução dos sintomas de ansiedade e melhora na QV, ressaltando-se a
importância da adequação das intervenções às necessidades desta população específica
(15).
Outro ensaio clínico randomizado controlado avaliou o impacto de uma intervenção
psicológica breve na prevenção de ansiedade ou de transtornos depressivos em pacientes
recentemente diagnosticados com câncer. As intervenções diminuíram de forma significativa
a ocorrência de transtornos psiquiátricos, porém, o efeito positivo foi evidenciado apenas
nos pacientes com alto risco de desenvolver tais transtornos. Destaca-se que este foi o
primeiro estudo controlado randomizado para verificar o potencial de uma intervenção
psicológica com o objetivo de prevenir - ao invés de tratar tais sintomas - em indivíduos
acometidos por câncer (34).
Foi realizado um estudo com 124 pacientes com câncer avançado com o objetivo de
avaliar a eficácia da intervenção cognitivo-comportamental na redução de sintomas. Notou-
se que os pacientes que receberam instruções nas intervenções sobre a técnica de resolução
7
de problemas, técnica esta que faz parte do arsenal utilizado pela TCC, estavam aptos a
integrá-la em seus cotidianos e continuarem utilizando-as para controlar seus sintomas. Tais
benefícios puderam se fazer presente não só durante as intervenções, mas também após o
final delas (6). Ressalta-se também outro estudo que utilizou a TRP como técnica cognitivo-
comportamental para verificar sobre a diminuição dos sintomas limitantes de pacientes
diagnosticados com câncer e submetidos ao tratamento de QT. Os pesquisadores
encontraram menores índices destes sintomas no grupo experimental quando comparado
ao grupo controle, concluindo que a intervenção cognitivo-comportamental foi importante
para reduzir tais sintomas limitantes (35). A eficácia desta técnica também já foi comprovada
na melhora da percepção de saúde e na diminuição dos índices de ansiedade (36).
A psicoeducação é outra ferramenta importante utilizada na TCC, cujo benefício pôde
ser confirmado em pacientes com câncer. Dentre outros achados, os índices de
conhecimento sobre a doença melhoraram, o enfrentamento dos problemas fluiu mais
facilmente, apresentaram níveis menores de isolamento, culpa, senso de pertencimento ao
grupo, além de haver um vasto compartilhamento de experiências e aprendizados
proporcionados por outras pessoas na mesma situação (22).
Inúmeras são as evidências científicas explicitando a eficácia da abordagem cognitivo-
comportamental realizada com pacientes acometidos por câncer, dentre outras, a melhora
na saúde, mudança comportamental, diminuição de sintomas importantes e depressão,
melhora na resposta imunológica após cirurgias, melhora na eficiência do sono, maior
independência no controle sintomático e melhor percepção do suporte familiar (37-40). No
entanto, não temos conhecimento de estudo que tenha utilizado a TCC em conjunto com o
CP precoce em população com câncer em fase avançada, que consideramos de alto risco
para desenvolvimento de sintomas depressivos e de ansiedade.
8
2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
O modelo simultâneo (integrado) de cuidados é considerado o mais adequado nos dias
de hoje; nestes casos, o paciente com câncer em fase avançada recebe o tratamento
antineoplásico em conjunto com um adequado suporte paliativo. Apesar de algumas
evidências que justifiquem esta abordagem, o CP ainda não é oferecido precocemente na
prática clínica, mesmo em centros de referência internacionais. No Brasil, a realidade é
desconhecida.
Dentre as barreiras que dificultam o encaminhamento precoce ao CP está a
estigmatização do CP como um “local para morrer”. Acreditamos que, ao serem
encaminhados precocemente ao CP, muitos pacientes se sintam ansiosos, tristes,
preocupados, por medo e desconhecimento sobre o CP.
As intervenções psicossociais baseadas na TCC têm sido bastante utilizadas em
oncologia, para tratamento de variadas patologias e situações clínicas. Assim, este estudo se
justifica pela ausência de informação sobre o benefício do CP precoce oferecido a pacientes
brasileiros com câncer em geral. Além do mais, o benefício teórico do preparo emocional
precoce – antes da primeira consulta no CP – em função de uma intervenção psicossocial
breve, ainda não foi avaliado.
9
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivos primários
Avaliar a factibilidade e a aceitação/satisfação (mensurada pelo FAMCARE-P14) de
pacientes com câncer avançado a uma intervenção psicossocial breve baseada na TCC em
adição ao CP precoce.
Avaliar o impacto das intervenções na diminuição dos sintomas depressivos
mensurados pelo PHQ-9 e HADS-D em 90 dias após a randomização entre os grupos de
intervenção e o grupo controle.
3.2 Objetivos secundários
Avaliar o impacto das intervenções na diminuição dos sintomas depressivos
mensurados pelo HADS-D e PHQ-9 em 45, 120 e 180 dias após a randomização entre os
grupos de intervenção e o grupo controle.
Avaliar o impacto das intervenções na diminuição dos sintomas de ansiedade
medidos pelo HADS-A em 45, 90, 120 e 180 dias após a randomização entre os grupos de
intervenção e o grupo controle.
Avaliar a diferença no entendimento sobre a doença em 45, 90, 120 e 180 dias após a
randomização, nos três braços do estudo.
Avaliar o impacto das intervenções nos escores de QV mensurados pelo EORTC QLQ-
C15-Pal em 45, 90, 120 e 180 dias após a randomização entre os grupos de intervenção e o
grupo controle.
Avaliar o impacto das intervenções na diminuição dos escores de sintomas (dor,
fadiga, náuseas, sonolência, anorexia, dispneia e insônia) medidas pelo ESAS em 45, 90, 120
e 180 dias após a randomização entre os grupos de intervenção e o grupo controle.
10
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Descrição do desenho do estudo
Ensaio clínico randomizado, aberto, de fase II, unicêntrico, com dois braços de
intervenção e um grupo controle. O presente projeto é parte de um projeto maior,
registrado no Clinical Trials sob o identificador NCT02133274. O protocolo deste estudo foi
publicado na revista TRIALS (Qualis B1, ANEXO A). Seguiram-se as diretrizes do CONSORT
2010 para a exposição dos resultados (ANEXO B).
4.1.1 Randomização e designação do tratamento
Os participantes do estudo foram randomizados de forma 1:1:1, para os braços A, B e
C, respectivamente. Os respectivos braços do estudo se encontram discriminados abaixo:
Braço A (intervenção): Intervenção psicossocial baseada na TCC + CP precoce associado
ao tratamento oncológico padrão.
Braço B (intervenção): CP precoce associado ao tratamento oncológico padrão.
Braço C (controle): tratamento oncológico padrão.
A randomização se deu em blocos de seis e foi estratificada da seguinte maneira:
mama, ginecologia, gastrointestinal, urologia, cabeça e pescoço, tórax.
11
Rastreamento para inclusão e assinatura do TCLE
Pacientes com câncer iniciando quimioterapia paliativa de 1ª linha
Ambulatórios de oncologia clínica
Avaliações baseline Questionário Semiestruturado de Caracterização Sociodemográfica e Clínica, HADS, PHQ-9,
EORTC QLQ-C15Pal, ESAS, Protocolo de Entendimento da Doença, FAMCARE-P14
Randomização (1:1:1) N=60
BRAÇO A Intervenção psicossocial +
cuidados paliativos precoce + tratamento oncológico padrão
BRAÇO B Cuidados paliativos precoce + tratamento oncológico padrão
BRAÇO C Tratamento oncológico padrão
Reavaliações em 45, 90, 120 e 180 dias após a randomização Protocolo de Evolução Clínica, HADS, PHQ-9, EORTC QLQ-C15Pal, ESAS, Protocolo de
Entendimento da Doença, FAMCARE-P14
4.2 População
Os pacientes foram recrutados nos seguintes ambulatórios de oncologia clínica do
HCB: mama, ginecologia, urologia, digestivo, cabeça e pescoço e tórax, desde que
preenchessem todos os critérios de inclusão e nenhum dos critérios de exclusão descritos
abaixo.
4.2.1 Critérios de inclusão
(1) Idade ≥18 anos e < 75 anos; (2) Ter ciência do diagnóstico de câncer; (3) Estar
iniciando QT paliativa em primeira linha; (4) Ser classificado de acordo com a escala de
funcionalidade do Estern Cooperative Oncology Group (ECOG-PS) como ≤2 (de acordo com o
Figura 1. Desenho do estudo
12
ECOG-PS quanto maior a graduação pior a funcionalidade do paciente, variando de 0 a 5;
ANEXO C); (5) Expectativa de vida >6 meses e <24 meses (a critério do médico oncologista
clínico); (6) Apresentar um dos seguintes diagnósticos: câncer de mama metastático ou
recidivado não passível de cura; câncer de ovário estádio IIIc, IV ou recidivado não passível
de cura, platino-resistente; câncer de colo uterino metastático ou recidivado não passível de
cura; câncer de endométrio metastático ou recidivado não passível de cura; câncer de
cabeça e pescoço metastático ou recidivado não passível de cura (após falha prévia à
radioterapia); câncer de próstata metastático ou recidivado não passível de cura e
hormônio-refratário; tumor geniturinário metastático ou recidivado não passível de cura;
câncer de pulmão não pequenas células metastático ou recidivado não passível de cura;
câncer de pulmão de pequenas células disseminado ou recidivado não passível de cura;
tumores do trato gastrointestinal metastático ou recidivado não passível de cura.
4.2.2 Critérios de exclusão
(1) Estar em tratamento psicológico em função de qualquer transtorno psicológico; (2)
Estar em tratamento medicamentoso com antidepressivos, para tratamento de transtornos
depressivos e/ou de ansiedade; (3) Estar em seguimento regular (com consulta de retorno
agendada) na UCP em função de câncer avançado; (4) Necessidade imediata de consulta na
UCP de acordo com o médico assistente; (5) Déficit cognitivo ou de atenção que impeça o
participante de responder questionários ou entender o estudo (a critério do pesquisador);
(6) Diagnóstico atual ou prévio de qualquer uma das seguintes condições psíquicas:
Transtornos Relacionados a Substâncias; Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos;
Transtornos do Humor (Transtornos Depressivos, Transtornos Bipolares); Transtornos de
Ansiedade; Transtornos Dissociativos; Transtornos de Personalidade; e/ou histórico de
tentativa de suicídio – a serem identificados apenas por questionamento ao paciente, não
havendo a aplicações de determinados instrumentos comprobatórios; (7) Câncer de
qualquer tipo histológico com metástase(s) única(s) ressecada(s); (8) Presença de qualquer
comorbidade que, na opinião do investigador, proíba o paciente de participar do estudo; (9)
Indisponibilidade (por qualquer motivo) para vir ao hospital para as visitas do estudo.
4.3 Hipótese do estudo
13
Em pacientes com câncer em fase avançada, iniciando QT paliativa em primeira linha,
o CP oferecido precocemente está associado com menores índices de sintomas depressivos
em relação ao tratamento oncológico padrão. A associação de uma intervenção psicossocial
breve, baseada na TCC, é factível e ajuda a diminuir os índices de sintomas depressivos
quando associada ao CP precoce.
4.4 Tratamentos
4.4.1 Intervenção psicossocial baseada em técnicas da TCC
Sessões semanais, de forma individual, com planejamento de duração de 40 a 50
minutos, a serem realizadas em uma sala devidamente apropriada para a recepção e
acolhimento dos participantes localizadas na Unidade de Pesquisa Clínica do HCB.
A intervenção psicológica foi realizada por duas psicólogas treinadas para o estudo,
uma delas a aluna de mestrado, e supervisionadas por psicóloga com grande experiência em
TCC (Prof.ª. Dr.ª Luciana de Toledo Bernardes da Rosa, UNIP, São José do Rio Preto-SP). A
coleta de dados foi realizada pela equipe de Coordenadores de Pesquisa do Núcleo de Apoio
ao Pesquisador (NAP) do HCB (Barretos, SP). Assim, as psicólogas que fizeram a intervenção
não tiveram qualquer participação na coleta de dados.
4.4.1.1 Protocolo de atendimento
O protocolo abaixo foi construído baseado no método de estruturação de sessões
proposto por Beck (41) e também em referência prévia (34), com adaptações à realidade a
qual será aplicado.
Sessão 1
(1) Apresentação da terapeuta/paciente: Momento inicial onde terapeuta realiza o
acolhimento do paciente, se apresentando mutuamente;
(2) Estabelecimento do Rapport: Estabelecimento de vínculo, aliança terapêutica, para
que seja possível a cooperação mútua de paciente e terapeuta nas intervenções a serem
propostas;
(3) Avaliação de sintomas depressivos e de ansiedade: Realizada utilizando os itens
“depressão” e “ansiedade” da versão brasileira da Escala de Sintomas de Edmonton (ESAS-
14
br, ANEXO D), que varia de 0-10, sendo o 0 a ausência de sintomas, e 10 o máximo possível
de sintomas apresentados;
(4) Psicoeducação: Doença – Explicação sobre aspectos relativos à neoplasia
apresentada e entendimento de seu estado de saúde atual; Sintomas – Discussão sobre os
sintomas desconfortáveis secundários a neoplasia em questão; Eventos adversos –
Explicitação dos eventos adversos apresentados diante dos procedimentos a qual se
submete; CP – O que é? Pra que serve? Pra quem? Quando? Quem? Como? Onde?;
(5) Entrega da “Cartilha Educativa” (ANEXO E): Ferramenta elaborada pelos
pesquisadores envolvidos no estudo, com o objetivo de explicitar o que foi discutido em
sessão de forma que o paciente a leve consigo e sane eventuais dúvidas que surjam
posteriormente;
(6) Estabelecimento de metas terapêuticas e “Contrato de parceria”: Momento onde
terapeuta e paciente firmam o compromisso de caminharem juntos no percurso que irá ser
percorrido pelos dois durante as cinco sessões propostas;
(7) Estabelecimento de datas e horários das sessões: Determinação dos próximos
encontros, visando conciliar as sessões com consultas e exames agendados previamente;
(8) Resumo da sessão: Momento em que é feito um resumo de tudo que foi discutido
na presente sessão, com o objetivo de firmar os conceitos e elucidar eventuais dúvidas;
(9) Feedback: Ao final da sessão, é solicitado que o paciente ofereça seu feedback
sobre a sessão, colocando em pauta sua opinião e valorizando o que foi pontuado.
Sessão 2
(1) Verificação da semana: Momento inicial em que é feita uma breve atualização de
como o paciente passou durante a semana, acolhendo-o para o início da nova sessão;
(2) Avaliação de sintomas depressivos e de ansiedade: (conforme descrito previamente
na Sessão 1);
(3) Ponte com a sessão anterior: É realizada uma “repescagem” dos pontos mais
importantes discutidos na última sessão e como o paciente elaborou tais conteúdos;
(4) Reforçar as metas terapêuticas estabelecidas na sessão anterior: Aqui são
reforçadas as metas discutidas na sessão anterior com o objetivo de relembrá-lo e firmar o
conteúdo, além de reafirmar o contrato de parceria;
15
(5) CP precoce: Exposição dos benefícios do acompanhamento simultâneo por equipe
de CP em pacientes com câncer avançado quando submetidos à QT paliativa. Apresentação
da figura explicativa Goals of Car(e) (ANEXO F), desenvolvido por Eduardo Bruera, para
facilitar o entendimento dos pacientes sobre a importância dos CPs como medida eficaz de
suporte durante o tratamento sistêmico do câncer;
(6) Resumo da sessão: (conforme descrito previamente na Sessão 1);
(7) Entrega do Cartão de Enfrentamento (ANEXO G): Técnica utilizada na TCC onde o
paciente leva consigo instruções sobre o que foi aprendido durante a terapia e afirmações
que são importantes de serem lembradas com frequência. São utilizados cartões,
geralmente em tamanho pequeno, para que possa ser carregado e utilizado sempre que
necessário pelo paciente (41);
(8) Resumo da sessão: (conforme descrito previamente na Sessão 1);
(9) Feedback: (conforme descrito previamente na Sessão 1).
Sessão 3
(1) Verificação da semana: (conforme descrito previamente na Sessão 2)
(2) Avaliação de sintomas depressivos e de ansiedade: (conforme descrito previamente
na Sessão 1);
(3) Ponte com a sessão anterior: (conforme descrito previamente na Sessão 2);
(4) Funcionamento da ansiedade: Percepção de sintomas (dormência ou
formigamento, sensação de calor, tremores nas pernas, incapaz de relaxar, medo que
aconteça o pior, atordoado ou tonto, palpitação ou aceleração do coração, sem equilíbrio,
aterrorizado, nervoso, sensação de sufocação, tremores nas mãos, trêmulo, medo de perder
o controle, dificuldade de respirar, medo de morrer, assustado, indigestão ou desconforto
no abdômen, sensação de desmaio, rosto afogueado e suor (não devido ao calor)) (42) e
como monitorar;
(5) Treino de relaxamento por associação de imagens: Momento em que se realiza o
treino de respiração, induzido com fundo musical e narrativa relaxante, como técnica de
redução de ansiedade, a ser reproduzida durante a percepção de sintomas ansiosos;
(6) Resumo da sessão: (conforme descrito previamente na Sessão 1);
(7) Feedback: (conforme descrito previamente na Sessão 1).
16
Sessão 4
(1) Verificação da semana: (conforme descrito previamente na Sessão 2)
(2) Avaliação de sintomas depressivos e de ansiedade: (conforme descrito previamente
na Sessão 1);
(3) Ponte com a sessão anterior: (conforme descrito previamente na Sessão 2);
(4) Funcionamento dos sintomas depressivos: Percepção dos sintomas (tristeza,
pessimismo, fracasso passado, perda de prazer, sentimentos de culpa, sentimentos de
punição, autoestima, autocrítica, pensamentos ou desejos suicidas, choro, agitação, perda
de interesse, indecisão, desvalorização, falta de energia, alterações no padrão de sono,
irritabilidade, alterações de apetite, dificuldade de concentração, cansaço ou fadiga, perda
de interesse por sexo) (43) e como monitorar;
(5) Identificação e questionamento de Pensamentos Automáticos: Explicação sobre a
influência e papel fundamental dos pensamentos na emoção e, por consequência, no
comportamento (Pensamento > Emoção > Comportamento);
(6) Preparação da paciente para o desligamento na próxima sessão: Momento em que
o terapeuta expõe sobre o final dos atendimentos na próxima sessão, preparando o paciente
para o encerramento dos atendimentos;
(7) Resumo da sessão: (conforme descrito previamente na Sessão 1);
(8) Entrega do cartão de enfrentamento: (conforme descrito previamente na Sessão 2);
(9) Feedback: (conforme descrito previamente na Sessão 1).
Sessão 5
(1) Verificação da semana: (conforme descrito previamente na Sessão 1);
(2) Avaliação de sintomas depressivos e de ansiedade: (conforme descrito previamente
na Sessão 1);
(3) Retrospectiva das técnicas utilizadas nas sessões anteriores: Discussão da evolução
do paciente, suas maiores dificuldades e empecilhos, importância de seu empenho e
identificação do aprendizado;
(4) Discussão sobre suas capacidades de controle e entendimento do funcionamento
como forma de prevenção de sintomas importantes;
(5) Feedback geral: Conforme feito em toda sessão, nesta última o feedback engloba
todo o protocolo das cinco sessões.
17
4.4.2 CP precoce
No presente estudo, os pacientes randomizados aos braços A e B foram agendados
sistematicamente na unidade de CP e serão avaliados por médicos paliativistas, a cada 3±1
semanas, sendo que a primeira consulta deveria ocorrer após 2 a 3 semanas da
randomização. As consultas seguiram o roteiro de atendimento abaixo, que foi devidamente
registrado em prontuário médico:
(1) Diagnóstico(s) principal(is);
(2) Presença de comorbidade;
(3) Histórico prévio de tratamentos do câncer;
(4) Antecedentes; Alérgicos; Hábitos; Sociais - Heredrograma;
(5) Suporte social: AVDs - atividades de vida diária, relacionamento interpessoal,
trabalho, envolvimento paciente/familiar/cuidadores;
(6) Suporte emocional/espiritual: crenças/valores, sentimentos/estratégias de
enfrentamento, religião;
(7) Comunicação: ciência da enfermidade e suas consequências, desejo ou não de
saber sobre enfermidade e seus detalhes, detecção de “cerco do silêncio”;
(8) Dados do Cuidador: nome, vínculo empregatício, grau de parentesco, tempo
despendido nos cuidados ao paciente;
(9) Sintomas: fatores que aliviam ou pioram os sintomas, Escala de Sintomas de
Edmonton (ESAS-Br); Exame Físico: desempenho funcional medido pelo Karnofsky
Performance Status (KPS); determinação do prognóstico de acordo com Palliative Prognostic
Index (PPI), descrição dos sinais vitais, descrição do nível de consciência, aparelhos
respiratório, cardiovascular e abdome;
(10) Impressões clínicas;
(11) Meta(s) terapêutica(s);
(12) Conduta.
4.5 Especificação linear dos tratamentos
Na Figura 2 a ser demonstrada a seguir, são especificados graficamente, os
tratamentos recebidos pelos pacientes de acordo com cada braço.
18
4.6 Instrumentos de avaliação a serem utilizados
4.6.1 Questionário Semiestruturado de Caracterização Sociodemográfica e Clínica (ANEXO
H).
4.6.2 Protocolo de evolução clínica (ANEXO I).
4.6.3 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) (ANEXO J) – A HADS é uma
ferramenta bastante utilizada para rastreamento de sintomas de ansiedade e depressivos
em pacientes oncológicos (44). É composta por 14 itens que são divididos em duas
subescalas de sete itens cada: HADS-A (sintomas de ansiedade) e HADS-D (sintomas
depressivos). A pontuação de cada item varia de zero a três, sendo 0 o escore mínimo de
cada subescala e 21 o escore máximo (45). As propriedades psicométricas da HADS já foram
avaliadas em população brasileira e foram consideradas adequadas (46). O alfa de Cronbach
variou neste estudo de 0,777 a 0,910.
4.6.4 Questionário sobre a saúde do(a) paciente (PHQ-9) (ANEXO K) – O PHQ-9 foi validado
para uso no Brasil em 2013 (47), sendo considerado um instrumento bastante útil para
rastreamento de sintomas depressivos. É composto por nove questões que investigam a
Figura 2. Especificação linear dos tratamentos
19
presença de sintomas para o Episódio Depressivo Maior (DSM-IV) através de escala tipo
Likert de 4 pontos (0 a 3), totalizando 27 pontos (47, 48). Os pacientes são classificados em
função do escore final da seguinte maneira: 0-4, sem depressão; 5-9, depressão leve; 10-14,
depressão moderada; 15-19, depressão moderada a grave; >20, depressão grave(48). No
presente estudo, seu alfa de Cronbach variou de 0,766 a 0,848.
4.6.5 Escala de Sintomas de Edmonton (ESAS-br) (Anexo B) – Consiste em uma escala visual
numérica, com escores de zero a dez que avaliam dez sintomas nas últimas 24 horas, sendo
dor, cansaço, sonolência, náuseas, depressão, ansiedade, perda do apetite, sensação de bem
estar, falta de ar e insônia (49). Foi traduzido, adaptado e validado por nosso grupo de
pesquisa do HCB com adequadas características psicométricas (50). Da presente escala,
serão utilizadas para este estudo, apenas os sintomas “Depressão” e “Ansiedade” a serem
avaliados os pacientes recrutados para o braço A no início de cada intervenção psicossocial.
O alfa de Cronbach do ESAS-br total variou neste estudo de 0,777 a 0,894.
4.6.6 European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life
Questionnaire Core 15 Pal (EORTC QLQ-C15-Pal) (Anexo L) – Versão abreviada e específica
para aplicação em pacientes com câncer em fase avançada, tendo sido desenvolvido a partir
do EORTC-QLQ-C30. É composto por 15 itens, sendo 14 deles respondidos por meio de
escalas tipo Likert de 4 pontos (1 a 4), e um único item que avalia a QV global que é
mensurado por meio de em escala numérica, variando de 1 a 7. O QLQ-C15-Pal avalia duas
escalas funcionais (física e emocional), duas escalas de sintomas (fadiga e dor) e cinco
escalas de item único que avaliam náuseas/vômitos, dispneia, insônia, perda do apetite e
constipação intestinal. O EORTC-QLQ-C15-Pal foi validado para uso no Brasil em 2013, com
adequadas propriedades psicométricas. No presente estudo, seu alfa de Cronbach variou de
0,852 a 0,905.
4.6.7 Protocolo de Entendimento sobre a Doença (ANEXO M) – Versão traduzida e adaptada
por nosso grupo de pesquisa do protocolo sobre entendimento do câncer e do seu
tratamento utilizado por Temel et al. (51).
4.6.8 FAMCARE-patient scale com 14 itens (ANEXO N) – Originalmente, o FAMCARE foi
desenvolvido para avaliar a satisfação com cuidados de saúde percebidos por cuidadores
familiares de pacientes com câncer avançado (52). Posteriormente, Lo et al. (53)
modificaram os itens originais para transformá-lo em uma escala de 16 itens que avaliasse a
satisfação dos pacientes com câncer avançado em tratamento ambulatorial. A versão mais
20
atual da escala contém 13 itens, com respostas em escala tipo Likert de 5 pontos, variando
de muito insatisfeito (escore 1) a muito satisfeito (escore 5) (54). Para o presente estudo,
acrescentamos um item “suporte emocional fornecido pela equipe de saúde”, em face de
natureza da intervenção em estudo. Este instrumento foi traduzido e adaptado
culturalmente por nosso grupo de pesquisa seguindo as recomendações para tradução e
adaptação de instrumentos de avaliação em saúde (55). O alfa de Cronbach variou neste
estudo de 0,898 a 0,950.
4.7 Desfechos a serem avaliados
4.7.1 Desfechos principais
4.7.1.1 Avaliação da factibilidade das intervenções: Estes desfechos serão reportados de
forma descritiva apenas, sendo base para um ensaio clínico randomizado definitivo, a ser
conduzido posteriormente.
Intervenção psicossocial: duração média (minutos) de cada sessão de intervenção;
número de não comparecimento às intervenções (faltas); motivos referidos pelos pacientes
para faltarem.
CPs precoce: duração média (minutos) de cada consulta médica em CP; número de
não comparecimento às consultas médicas (faltas); motivos referidos pelos pacientes para
faltarem.
Taxa de contaminação (%): número de pacientes incluídos no braço C que receberam
pelo menos uma consulta por equipe de CP durante o estudo em relação ao número total de
pacientes do braço C.
Relação de pacientes incluídos/rastreados (%): Número de pacientes incluídos no
estudo em relação ao número total de pacientes rastreados.
Taxa de perdas durante o estudo (attrition rate): número de pacientes que perderam
o seguimento, por qualquer causa (retirada de consentimento, faltas, perdas de seguimento,
óbitos, etc.); valores percentuais calculados em 90 dias (objetivo primário) e 180 dias (final
do estudo).
4.7.1.2 Avaliação da aceitação/satisfação dos participantes sobre o tratamento oferecido:
Os participantes responderam ao FAMCARE-P14 e a um item adicional desenvolvido para o
presente estudo que avalia a satisfação com o apoio emocional recebido pela equipe de
21
saúde. Os participantes responderam ao instrumento adaptado no início do estudo e após
45, 90, 120 e 180 dias da randomização. Foi avaliada a diferença média entre os escores do
instrumento em relação aos escores do início do estudo.
4.7.1.3 Sintomas depressivos: Diferença média entre os escores do HADS-D e do PHQ-9 90
dias após a randomização em relação aos escores no início do estudo.
4.7.2 Desfechos secundários
4.7.2.1 Sintomas depressivos: Diferenças médias dos escores do HADS-D e do PHQ-9 após
45, 120 e 180 dias da randomização em relação ao início do estudo;
4.7.2.2 Sintomas de ansiedade: Diferenças médias dos escores do HADS-A após 45, 90, 120
e 180 dias da randomização em relação ao início do estudo;
4.7.2.3 Entendimento sobre a doença: O número de pacientes cujas respostas aos dois itens
do Protocolo de Entendimento sobre a Doença incluírem a informação irreal de que a
doença tem potencial de cura, foi comparado entre os três braços de tratamento e também
ao longo do tempo.
4.7.2.4 Escores de QV: Diferenças médias dos escores do EORTC QLQ-C15-Pal após 45, 90,
120 e 180 dias da randomização em relação ao início do estudo.
4.7.2.5 Escore de sintomas: Diferenças médias dos escores do ESAS-br após 45, 90, 120 e
180 dias da randomização em relação ao início do estudo.
4.8 Cronograma de avaliações do estudo
Tempo após a randomização (51)
Instrumentos de avaliação Baseline 7±1 14±2 21±3 28±4 35±5 45±7 90±7 120±7 180±7
Car. sociodemog. e clínica x
Protocolo de evolução clínica x x x x
ESAS-A e D (apenas braço A) x x x x x
HADS x x x x x
PHQ-9 x x x x x
Protoc. sobre o entendimento da doença
x x x x x
FAMCARE-P14 x x x x x
EORTC QLQ-C15-Pal x x x x x
ESAS-br x x x x x
Figura 3. Cronograma de avaliações do estudo
22
4.9 Análise estatística
As características demográficas e clínicas pré-tratamento foram comparadas entre os
braços do estudo usando o teste ANOVA (para variáveis contínuas) e o teste do qui-
quadrado (para variáveis categóricas). A normalidade dos dados foi avaliada por meio do
teste de Shapiro-Wilk (56) em associação com a avaliação dos padrões de distribuição dos
dados.
Foi calculado a diferença entre o momento 0 e o momento 90 para cada desfecho por
grupo, sendo eles A, B e C. Posteriormente, estas diferenças foram comparadas entre os
grupos. Com base nestas diferenças, o tamanho do efeito (Cohen’s d effect size) foi calculado
pela diferença das médias desta nova variável dividida pelo desvio padrão agrupado da
amostra. O tamanho do efeito foi calculado entre braços A versus C; B versus C e A versus B.
O tamanho do efeito entre os grupos foi considerado como pequeno (0,20-0,49), moderado
(0,5-0,79) e grande (≥0,80) (57). As diferenças das médias foram comparadas entre os braços
por meio do Teste de Mann-Withney com correção de Bonferroni; neste caso foram
considerados significativos valores de p <0,017.
Todos os escores foram comparados ao longo do tempo utilizando o Modelo Linear
Misto, sendo considerados como efeitos fixos o grupo de tratamento e o tempo, e efeito
aleatório o paciente. Desta forma, verificou-se o efeito da interação do tempo vs. braços e
os efeitos apenas do braço e apenas do tempo, sendo a variabilidade controlada pelo efeito
do paciente (ressalta-se que não houve o interesse de estimar o efeito do paciente, mas sim
como uma forma de controlar sua variabilidade). O entendimento sobre a doença foi
comparado por meio do teste do qui-quadrado (ou Exato de Fisher).
Para a comparação dos itens do ESAS ansiedade e depressão aplicados aos pacientes
do braço A durante as cinco sessões da intervenção psicossocial, utilizou-se o teste de
Friedman.
Foi considerado como estatisticamente significante um valor de p < 0,05. Para as
análises estatísticas, foi utilizado o Software estatístico SPSS v.21.
4.9.1 Cálculo do tamanho da amostra
Como se trata de um estudo preliminar, que antecede a realização de um estudo
maior, o presente ensaio clínico foi realizado com a inclusão de 60 participantes. Destes, 20
pacientes em cada um dos três braços.
23
Chegou-se a este número devido ao tempo disponível para recrutamento de acordo
com o cronograma da Pós-graduação.
4.10 Considerações éticas
O presente estudo foi desenvolvido conforme as normas da Resolução CNS 466/12 e
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer nº 699.014 de 26/06/2014),
conforme carta de aprovação (ANEXO O). Os pesquisadores responsáveis se
comprometeram com a garantia da privacidade dos participantes, cuidadosamente
preservando a confidencialidade dos dados e suas informações, além de ressaltar o
esclarecimento de que os pacientes envolvidos receberiam atendimento necessário
independente da participação no estudo, e que sua desistência ou recusa não acarretaria
nenhum prejuízo ao tratamento. Todos os indivíduos que apresentaram os critérios de
inclusão e nenhum critério de exclusão foram convidados a participar do estudo e, de forma
voluntária, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO P). As
avaliações do estudo contaram “janelas” amplificadas visando permitir que os pacientes
respondam os instrumentos de avaliação do estudo preferencialmente quando estiverem
em consultas médicas agendadas ou em dias de tratamento com QT. Desta forma, foi
evitado ao máximo que o paciente se deslocasse de seu domicílio especificamente para
questões do estudo. Nos casos em que o participante do estudo não estava mais em QT, ou
não tinha a necessidade de comparecer ao hospital nas datas de avaliação do estudo, os
mesmos foram contatados por telefone para responderem os questionários do estudo.
Visando facilitar a participação de pacientes no estudo, e considerando que muitos
deles pertencem a classes econômicas desfavoráveis, o presente estudo foi submetido à
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para financiamento.
Assim, a FAPESP concedeu o financiamento solicitado para ressarcimento de despesas dos
participantes de pesquisa. Desta forma, em atendimento à Resolução 466/2012 (item II.21),
os participantes têm acesso à ressarcimento de despesas pessoais de alimentação e
transporte quando relacionadas à procedimentos do estudo. Os participantes têm sido
indagados quanto aos gastos com alimentação e transporte e, caso não tenham nenhum
gasto, não recebem dinheiro algum. Desta forma, trata-se de ressarcimento de despesas e
não pagamento por participação no estudo.
24
5 RESULTADOS
5.1 Casuística
O período de recrutamento de participantes para a pesquisa ocorreu entre as datas de
21/08/2014 a 05/08/2015. Durante este período, foram rastreados 613 pacientes, dentre
estes, 103 potencialmente elegíveis. Entretanto, houve 23 perdas e 17 recusas, sendo
incluídos no estudo um total de 63 pacientes. Os motivos primários para os participantes
que não preencheram os critérios de elegibilidade estão demonstrados na Tabela 1.
Tabela 1 – Motivos primários para não elegibilidade (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
n %
Indisponibilidade para vir ao hospital 299 59
Uso de antidepressivo 52 10
Idade acima de 75 anos 30 6
Diagnóstico não compatível com o estudo 26 5
Expectativa de vida não compatível com o estudo 23 4
ECOG não compatível com o estudo 14 3
Tratamento psicológico 14 3
Já encaminhado para os CP 13 2
Linha de QT não compatível com o estudo 9 2
Comorbidade limitante 8 1
Transtorno psicológico 8 1
Já em acompanhamento nos CP 5 1
Déficit cognitivo e/ou de atenção 5 1
Participando de outro protocolo na Unidade de Pesquisa Clínica 3 1
Outro tratamento não compatível com o estudo 1 0
Com relação à recusa (n=17), os motivos primários foram comorbidade limitante (n=5),
por incluir atendimento psicológico (n=4), não querer assumir compromisso (n=2) e o
restante, todos com n=1, sendo recusa por parte da família, indisponibilidade para vir ao
hospital, não querer conversar, recusa simplesmente, por incluir CP e por não se situar ainda
sobre o tratamento atual. A Figura 4 ilustra este processo.
25
Figura 4. Diagrama do Fluxo - CONSORT-2010
Rastreados (n=613)
Excluídos (n=550) Não elegíveis (n=510 ) Recusas (n=17) Perdas (n=23)
Perdas de avaliações 45 dias (n=1 óbito) 90 dias (n=3 óbitos; n=1 impossibilitado) 120 dias (n=4 óbitos; n=1 impossibilitado) 180 dias (n=7 óbitos)
Braço A (n=19)
Recebeu a intervenção
psicossocial (n=17) Não recebeu a intervenção
psicossocial (n=1 recusa; 1 óbito)
Recebeu a intervenção CP
precoce (n=17) Não recebeu a intervenção CP
precoce (n=2 recusas, 1 óbito)
Perdas de avaliações 45 dias (n=3 óbitos) 90 dias (n=3 óbitos) 120 dias (n=4 óbitos; n=1 recusa; n=1 perda) 180 dias (n=6 óbitos; n=1 impossibilitado; n=1 perda)
Braço B (n=22)
Recebeu a intervenção CP
precoce (n=22) Não recebeu a intervenção CP
precoce (n=0)
Alocação
Follow-Up
Randomizados (n=63)
Recrutamento
Braço C (n=22)
Perdas de avaliações 45 dias (n=1 óbito) 90 dias (n=3 óbitos) 120 dias (n=6 óbitos) 180 dias (n=9 óbitos)
26
A Tabela 2 evidencia as características sociodemográficas da amostra. A procedência
da maioria dos participantes do estudo foi o Estado de São Paulo, com 47,6% (n=30). A maior
parte dos pacientes reportou ser casado (58,7%), e também 58,7% (n=37) eram de etnia
caucasiana. Em relação à religião, 57,1 % (n=36) eram católicos e 34,9% (n=22) evangélicos.
Grande parte da amostra era composta por indivíduos que não concluíram o ensino
fundamental (n=32, 50,8%), com renda acima de dois salários mínimos (n=26, 41,3%) e
55,6% deles (n=35) encontravam-se inativos profissionalmente.
Diante dos dados clínicos, a Tabela 2 ainda detalha os locais de tumores primários
observados; os sítios primários mais comuns foram a mama (n=18, 28,6%), colo uterino (n=9,
14,3%), pulmão (n=7, 11,1%) e cólon e reto (n=7, 11,1%). Trinta e quatro (54,8%) pacientes
já se apresentaram inicialmente com doença em estadio TNM IV, sendo que 98,3% (n=59)
apresentavam doença metastática ou recidivada.
Tabela 2 – Caracterização sociodemográfica e clínica da amostra (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
n %
Procedência (Estado) GO 6 9,5
MG 11 17,5
MS 3 4,8
MT 5 7,9
RO 5 7,9
SP 30 47,6
TO 3 4,8
Sexo Feminino 41 65,1
Masculino 22 34,9
Estado civil Solteiro 9 14,3
Casado 37 58,7
União Estável 5 7,9
Viúvo 2 3,2
Divorciado 7 11,1
Outro 3 4,8
Etnia Branca 37 58,7
Preta 13 20,6
Asiática 4 6,3
Parda 9 14,3
Religião Católica 36 57,1
Evangélica 22 34,9
Testemunha de Jeová 2 3,2
Espírita Kardecista 3 4,8
(continua na próxima página...)
27
Tabela 2 (continuação) – Caracterização sociodemográfica e clínica da amostra (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
n %
Nível educacional Analfabeto/ Sabe ler e escrever/ Fundamental incompleto
32 50,8
Fundamental completo/ Médio incompleto/ Médio completo
20 31,7
Superior incompleto/ Superior completo
11 17,5
Renda familiar (em salários mínimos)
<=1 18 28,6
>1 e <=2 19 30,2
>2 26 41,3
Situação profissional Em atividade 28 44,4
Inativo 35 55,6
Tipo de tumor Mama 18 28,6
Cólon e reto 7 11,1
Próstata 2 3,2
Pulmão 7 11,1
Cabeça e pescoço 4 6,3
Colo uterino 9 14,3
Gástrico 6 9,5
Outros 10 15,9
Estadiamento ao diagnóstico inicial (TNM)*
Estadio I 2 3,2
Estadio II A 3 4,8
Estadio II B 6 9,7
Estadio III A 2 3,2
Estadio III B 9 14,5
Estadio III C 6 9,7
Estadio IV 34 54,8
Doença metastática ou recidivada
Não 1** 1,7
Sim 62 98,3
*: 1 caso sem informação **: Paciente com doença localmente avançada não passível de curabilidade
5.2 Avaliação da homogeneidade da amostra
Inicialmente os dados foram analisados para que se pudesse verificar se os três braços
do estudo continham pacientes com características homogêneas no momento de inclusão
no estudo (baseline); as variáveis analisadas foram tipo de tumor, locais com neoplasia ativa,
nível educacional e renda familiar, conforme descrito na Tabela 3. Foi possível observar que
apenas o nível educacional diferiu-se estatisticamente (p=0,002).
28
Tabela 3 – Distribuição da amostra nos braços do estudo (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
Braço
A B C
p valor*
n % n % N %
Tipo de tumor
Mama 6 31 6 27,3 6 27,3
0,990
Coólon e reto 4 21 1 4,5 2 9,1
Próstata 0 0 1 4,5 1 4,5
Pulmão 2 10,5 2 9,1 3 13,6
Cabeça e Pescoço 1 5,3 2 9,1 1 4,5
Colo do útero 2 10,5 4 18,2 3 13,6
Gástrico 1 5,3 3 13,6 2 9,1
Outros 3 15,8 3 13,6 4 18,2
Locais com neoplasia ativa
Linfonodos Não 12 63,2 10 45,5 13 59,1 0,481
Sim 7 36,8 12 54,5 9 40,9
Pele Não 19 100 22 100 19 86,4 0,102
Sim 0 0 0 0 3 13,6
Ossos Não 13 68,4 18 81,8 11 50 0,800
Sim 6 31,6 4 18,2 11 50
Pulmão Não 15 78,9 16 72,7 14 63,6 0,549
Sim 4 21,1 6 27,3 8 36,4
Fígado Não 8 42,1 15 68,2 13 59,1 0,237
Sim 11 57,9 7 31,8 9 40,9
Cérebro Não 16 84,2 19 86,4 21 95,5 0,605
Sim 3 15,8 3 13,6 1 4,5
Glândula adrenal Não 18 94,7 22 100 22 100 0,302
Sim 1 5,3 0 0 0 0
Baço Não 19 100 22 100 21 95,5 1,000
Sim 0 0 0 0 1 4,5
Ovário(s) Não 18 94,7 20 90,9 22 100 0,512
Sim 1 5,3 2 9,1 0 0
Pleura(s) Não 17 89,5 21 95,5 21 95,5 0,676
Sim 2 10,5 1 4,5 1 4,5
Peritôneos(s) Não 13 68,4 17 77,3 21 95,5 0,701
Sim 6 31,6 5 22,7 1 4,5
Doença locorregional irressecável
Não 14 73,7 13 59,1 16 72,7 0,518
Sim 5 26,3 9 40,9 6 27,3
Nível educacional Analfabeto/Sabe ler e escrever/Fundamental incompleto
10 52,6 10 45,5 12 54,5
0,002
Fundamental completo/ Médio incompleto/Médio completo
1 5,3 11 50 8 36,4
Superior incompleto/ Superior completo
8 42,1 1 4,5 2 9,1
(continua na próxima página...)
29
Tabela 3 (continuação) – Distribuição da amostra nos braços do estudo (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
Braço
A B C
p valor*
n % n % N %
Renda familiar (em salários mínimos)
≤1 5 26,3 6 27,3 7 31,8
0,732 >1 e ≤2 4 21,1 7 31,8 8 36,4
>2 10 52,6 9 40,9 7 31,8
*: Qui Quadrado/ Exato de Fisher
A mesma análise foi realizada com os escores dos instrumentos aplicados, com o
intuito de verificar se existiam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos no
momento do baseline, visando assegurar a homogeneidade da amostra. Diante disto, a
Tabela 4 demonstra que nenhum dos sintomas e domínios avaliados apresentava diferença
antes das intervenções recebidas.
30
Tabela 4 – Distribuição e comparação dos escores dos questionários no momento 0 (baseline) por braços do estudo (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
Braços A B C
n Média DP Mediana (1Q-3Q)
n Média DP Mediana (1Q-3Q)
n Média DP Mediana (1Q-3Q)
p valor*
FAMCARE 19 61,32 7,51 65 (55-67) 22 61,91 6,94 63 (58-68) 22 63,68 6,47 64,50 (59-69) 0,470
PHQ-9 19 9,68 6,53 8 (5-14) 22 10,32 6,02 10 (6-15) 22 9,82 6,47 9,50 (4-15) 0,827
HADS-D (depressão) 19 5,11 4,51 3 (1-10) 22 7,14 4,12 7 (4-9) 22 7,18 4,92 7 (2-10) 0,327
HADS-A (ansiedade) 19 5,79 3,92 6 (3-9) 21 7,14 3,41 7 (5-9) 22 6,27 4,84 5,50 (2-9) 0,426
EORTC-Estado de Saúde Global
19 76,32 16,96 66,67 (66,67-100) 22 72,73 25,48 66,67 (50-100) 22 66,67 29,55 66,67 (50-83,33) 0,710
EORTC-Funcionamento Físico
19 89,47 12,55 88,89 (88,89-100) 22 83,33 19,62 88,89 (66,67-100) 22 88,38 20,99 100 (88,89-100) 0,242
EORTC-Funcionamento Emocional
19 70,18 32,67 83,33 (50-100) 22 73,48 21,61 83,33 (50-83,33) 22 76,52 30,71 83,33 (66,67-100) 0,517
EORTC-Fadiga 19 26,32 21,02 33,33 (0-50) 22 33,33 28,64 33,33 (16,67-33,33) 22 28,79 31,78 16,67 (0-33,33) 0,440
EORTC-Náusea e vômito 19 21,05 29,84 0 (0-33,33) 22 18,18 32,08 0 (0-33,33) 22 3,03 9,81 0 (0-0) 0,440
EORTC-Dor 19 38,60 38,11 16,67 (0-83,33) 22 40,91 27,08 33,33 (16,67-66,67) 22 39,39 33,15 33,33 (16,67-66,67) 0,809
EORTC-Dispneia 19 7,02 17,84 0 (0-0) 22 19,70 28,47 0 (0-33,33) 22 9,09 23,42 0 (0-0) 0,119
EORTC-Insônia 19 31,58 32,34 33,33 (0-33,33) 22 31,82 29,95 33,33 (0-33,33) 22 33,33 37,09 33,33 (0-66,67) 0,988
EORTC-Perda de apetite 19 42,11 42,81 33,33 (0-100) 22 39,39 37,99 33,33 (0-66,67) 22 27,27 35,09 0 (0-66,67) 0,422
EORTC-Constipação 18 33,33 36,16 33,33 (0-66,67) 22 24,24 31,17 0 (0-33,33) 22 18,18 30,39 0 (0-33,33) 0,340
ESAS-Dor 19 3,31 3,80 2 (0-6) 22 4,13 3,19 5 (1-6) 22 3,36 3,17 3 (0-5) 0,568
ESAS-Cansaço/Fraqueza 19 2,42 2,58 2 (0-4) 22 3,72 3,20 3 (0-6) 22 2,81 3,43 1 (0-5) 0,396
ESAS-Náusea/Enjoo 19 1,26 2,53 0 (0-2) 22 1,68 2,80 0 (0-2) 22 0,59 1,43 0 (0-0) 0,347
ESAS-Depressão 19 1,31 2,66 0 (0-2) 22 1,00 2,41 0 (0-0) 22 1,22 2,86 0 (0-0) 0,881
ESAS-Ansiedade 19 3,42 3,33 3 (0-6) 22 3,31 2,71 4 (0-5) 22 2,86 3,52 1 (0-5) 0,618
ESAS-Sonolência 17 2,64 3,48 1 (0-4) 22 2,72 3,28 2 (0-5) 20 2,50 2,70 3 (0-5) 0,992
ESAS-Apetite 19 4,15 3,76 4 (0-8) 22 4,40 3,71 4 (1-8) 22 2,86 3,10 2 (0-5) 0,330
ESAS-Bem estar 19 3,73 3,58 3 (0-7) 22 3,31 2,95 4 (0-5) 22 2,72 2,94 2 (0-4) 0,632
(continua na próxima página...)
3
0
31
Tabela 4 (continuação) – Distribuição e comparação dos escores dos questionários no momento 0 (baseline) por braços do estudo (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
Braços A B C
n Média DP Mediana (1Q-3Q)
n Média DP Mediana (1Q-3Q)
n Média DP Mediana (1Q-3Q)
p valor*
ESAS-Falta de ar 19 0,42 1,42 0 (0-0) 22 1,13 2,07 0 (0-2) 22 0,54 1,50 0 (0-0) 0,322
ESAS-Sono 19 3,68 2,80 4 (0-6) 22 3,54 3,54 2 (0-6) 22 2,90 3,47 2 (0-5) 0,535
ESAS-Domínio Físico 17 12,71 11,54 9 (5-13) 22 17,82 12,29 19,50 (9-25) 20 13,20 12,08 13 2,00 0,303
ESAS-Domínio Emocional 19 4,74 4,90 3 (0-8) 22 4,32 4,31 4,50 (0-5) 22 4,09 5,92 1 0,00 0,528
ESAS-Total 17 20,76 17,74 14 (10-22) 22 25,45 16,56 24,50 (16-30) 20 19,85 19,36 16,50 2,50 0,281
*: Kruskall Wallis
31
32
5.3 Comparações longitudinais
O intuito foi o de comparar se as intervenções apresentaram diferenças nos escores
avaliados de acordo com o tempo, com o braço do estudo e também com a interação de
ambos. Vale ressaltar que o termo “interação” refere-se ao efeito combinado do braço e
tempo. Caso a interação seja significativa, isto demonstra que a evolução dos grupos no
decorrer do tempo foi diferente. Quando o efeito braço demonstra diferença significativa,
equivale que de forma geral um dos tratamentos teve valores maiores que outro
tratamento, no entanto ainda permanecendo paralelos. Já quando nos referimos ao tempo,
a diferença acontece apenas no decorrer do mesmo.
5.3.1 Índices de satisfação
Com relação aos índices de satisfação, mensurados pelo instrumento FAMCARE, nota-
se que não houve evidência de que as intervenções impactaram no desfecho avaliado
(p=0,843), conforme evidenciado na Tabela 5. O mesmo acontece quando analisamos
separadamente o item adicionado ao instrumento que avalia especificamente “o apoio
emocional fornecido pelos profissionais de saúde”, que não apresenta diferença significativa
pelo teste de interação (p=0,306).
Tabela 5 – Comparação dos Escores do FAMCARE nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
n Média DP p* p** p***
FAMCARE – total D0 Braço A 19 61,316 1,606
0,843 0,526 0,231
Braço B 22 61,909 1,493
Braço C 22 63,682 1,493
D45 Braço A 18 61,434 1,639
Braço B 21 62,598 1,519
Braço C 19 63,709 1,578
D90 Braço A 14 60,227 1,789
Braço B 19 60,764 1,572
Braço C 18 64,149 1,608
D120 Braço A 14 63,084 1,789
Braço B 16 63,097 1,664
Braço C 17 63,489 1,639
D180 Braço A 12 63,042 1,884
Braço B 12 65,037 1,838
Braço C 14 64,133 1,747
(continua na próxima página...)
33
Tabela 5 (continuação) – Comparação dos Escores do FAMCARE nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
n Média DP p* p** p***
FAMCARE – Item 14 D0 Braço A 19 4,526 0,128
,306 ,072 ,330
Braço B 22 4,636 0,119
Braço C 22 4,818 0,119
D45 Braço A 18 4,491 0,131
Braço B 21 4,657 0,121
Braço C 19 4,887 0,127
D90 Braço A 14 4,504 0,146
Braço B 19 4,456 0,127
Braço C 18 4,829 0,130
D120 Braço A 14 4,647 0,146
Braço B 16 4,550 0,136
Braço C 17 4,589 0,133
D180 Braço A 12 4,810 0,156
Braço B 12 4,718 0,154
Braço C 14 4,831 0,145
Comparações obtidas através da Regressão do Modelo Linear Misto p*: interação p**: grupo p***: tempo
5.3.2 Sintomas depressivos e de ansiedade
Diante dos sintomas depressivos, avaliados pelos instrumentos PHQ-9, HADS-D e ESAS-
depressão, foi possível observar que, como demonstra a Tabela 6, a grande maioria não
apresentou diferença estatisticamente significativa de acordo com a interação, braço e
tempo, exceto em relação ao tempo quando avaliado pelo PHQ-9 (p=0,029) e HADS-D
(p=0,017), demonstrando que há uma diminuição dos sintomas no decorrer do tempo,
independentemente da intervenção recebida.
Tabela 6 – Comparação dos escores de depressão nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
PHQ-9 D0 Braço A 19 7,789 1,348
0,497 0,780 0,029
Braço B 22 8,864 1,253
Braço C 22 8,273 1,253
D45 Braço A 18 6,524 1,373
Braço B 21 7,016 1,273
Braço C 19 8,284 1,317
(continua na próxima página...)
34
Tabela 6 (continuação) – Comparação dos escores de depressão nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
PHQ-9 D90 Braço A 14 7,836 1,484
Braço B 19 6,684 1,311
Braço C 18 6,830 1,339
D120 Braço A 14 5,193 1,484
Braço B 16 5,730 1,379
Braço C 17 8,417 1,362
D180 Braço A 12 5,939 1,553
Braço B 12 5,249 1,507
Braço C 14 6,242 1,441
HADS Depressão
D0 Braço A 19 5,105 1,005
0,188 0,854 0,017
Braço B 22 7,136 0,934
Braço C 22 7,182 0,934
D45 Braço A 17 4,462 1,038
Braço B 21 5,187 0,947
Braço C 19 4,980 0,975
D90 Braço A 14 5,370 1,091
Braço B 19 6,193 0,970
Braço C 18 4,698 0,988
D120 Braço A 14 4,941 1,091
Braço B 16 5,004 1,011
Braço C 17 6,162 1,002
D180 Braço A 12 5,750 1,133
Braço B 12 5,495 1,090
Braço C 14 4,655 1,050
ESAS Depressão
D0 Braço A 19 1,316 0,517
0,393 0,650 0,520
Braço B 22 1,000 0,481
Braço C 22 1,227 0,481
D45 Braço A 18 1,459 0,527
Braço B 21 0,545 0,489
Braço C 19 0,714 0,506
D90 Braço A 14 1,387 0,571
Braço B 19 1,255 0,504
Braço C 18 1,048 0,515
D120 Braço A 14 1,030 0,571
Braço B 16 0,767 0,531
Braço C 17 1,945 0,524
(continua na próxima página...)
35
Tabela 6 (continuação) – Comparação dos escores de depressão nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
n Média DP p* p** p***
D180 Braço A 12 1,408 0,598
Braço B 12 0,345 0,581
Braço C 14 0,709 0,555
Comparações obtidas através da Regressão do Modelo Linear Misto p*: interação p**: grupo p***: tempo
Em relação aos sintomas de ansiedade, a Tabela 7 demonstra uma diminuição das
médias dos sintomas avaliados com relação ao tempo, tanto pela avaliação do HADS-A
(p<0,001) quanto pelo ESAS-ansiedade (p<0,001), independentemente da intervenção
recebida.
Tabela 7 – Comparação dos escores de sintomas de ansiedade nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
HADS Ansiedade D0 Braço A 19 5,789 0,947
0,659 0,771 <0,001
Braço B 21 7,143 0,901
Braço C 22 6,273 0,880
D45 Braço A 18 4,206 0,965
Braço B 21 5,238 0,901
Braço C 19 5,178 0,925
D90 Braço A 14 4,427 1,041
Braço B 19 6,250 1,005
Braço C 17 5,038 0,957
D120 Braço A 13 3,766 1,063
Braço B 16 4,550 0,974
Braço C 16 5,323 0,974
D120 Braço A 12 4,576 1,089
Braço B 11 3,681 1,092
Braço C 14 3,752 1,012
(continua na próxima página...)
36
Tabela 7 (continuação) – Comparação dos escores de sintomas de ansiedade nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
ESAS Ansiedade D0 Braço A 19 3,421 0,600
0,687 0,966 <0,001
Braço B 22 3,318 0,557
Braço C 22 2,864 0,557
D45 Braço A 18 1,436 0,614
Braço B 21 1,947 0,569
Braço C 19 1,693 0,595
D90 Braço A 14 2,354 0,684
Braço B 19 1,829 0,593
Braço C 18 1,405 0,609
D120 Braço A 14 1,140 0,684
Braço B 16 1,244 0,637
Braço C 17 2,064 0,623
D180 Braço A 12 1,322 0,728
Braço B 12 0,557 0,718
Braço C 14 1,351 0,675
Comparações obtidas através da Regressão do Modelo Linear Misto p*: interação p**: grupo p***: tempo
Os pacientes do braço A, em cada uma das cinco sessões da intervenção psicossocial
breve, responderam os itens depressão e ansiedade do ESAS. A Tabela 8 evidencia que não
houve uma diferença estatisticamente significativa para a diminuição dos sintomas
depressivos (p=0,069) e de ansiedade (p=0,090) no decorrer das sessões.
Tabela 8 – Escores do ESAS Depressão e Ansiedade durante a intervenção psicossocial breve (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
Depressão Ansiedade
N Média DP Mediana (1Q-3Q) p valor*
N Média DP Mediana (1Q-3Q) p valor*
1ª sessão 18 2,89 3,30 2 (0-5)
0,069
18 4,83 3,51 5 (2-8)
0,090
2ª sessão 17 2,47 2,62 1 (0-5) 17 3,70 3,05 3 (2-5)
3ª sessão 16 1,68 2,02 1 (0-3) 16 3,87 3,89 2 (0-8)
4ª sessão 15 1,26 2,34 0 (0-1) 15 2,66 2,25 2 (1-4)
5ª sessão 15 1,00 1,60 0 (0-3) 15 2,73 2,71 2 (0-4)
*: Friedman test
5.3.3 Índices de QV e sintomas avaliados
37
A Tabela 9 descreve os escores de QV avaliados pelo EORTC. Nota-se que no estado de
saúde global há diferença estatisticamente significativa de acordo com o tempo (p=0,023), o
mesmo acontecendo para funcionamento emocional (p=0,009), dor (p=0,002) e insônia
(p=0,014). Ressalta-se a diferença também para interação no domínio de insônia (p=0,056).
Tabela 9 – Comparação dos escores do EORTC nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
EORTC-Estado de Saúde Global
D0 Braço A 19 76,316 4,980
0,276 0,626 0,023
Braço B 22 72,727 4,628
Braço C 22 66,667 4,628
D45 Braço A 17 83,116 5,194
Braço B 21 79,126 4,717
Braço C 19 82,959 4,918
D90 Braço A 14 81,277 5,613
Braço B 19 78,624 4,900
Braço C 18 78,315 5,021
D120 Braço A 14 78,896 5,613
Braço B 16 75,384 5,224
Braço C 17 81,937 5,128
D180 Braço A 12 77,894 5,944
Braço B 12 69,940 5,829
Braço C 14 87,347 5,508
EORTC-Funcionamento Físico D0 Braço A 19 89,474 4,852 0,526 0,335 0,228
Braço B 22 83,333 4,509
Braço C 22 88,384 4,509
D45 Braço A 18 91,342 4,953
Braço B 21 81,083 4,590
Braço C 19 84,278 4,771
D90 Braço A 14 90,437 5,414
Braço B 19 78,783 4,751
Braço C 18 85,147 4,862
D120 Braço A 14 83,295 5,414
Braço B 16 82,696 5,036
Braço C 17 74,923 4,956
D180 Braço A 12 89,996 5,705
Braço B 12 78,905 5,569
Braço C 14 88,639 5,290
(continua na próxima página...)
38
Tabela 9 (continuação) – Comparação dos escores do EORTC nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
EORTC-Funcionamento Emocional
D0 Braço A 19 70,175 5,868
0,352 0,877 0,005
Braço B 22 73,485 5,453
Braço C 22 76,515 5,453
D45 Braço A 18 87,363 5,997
Braço B 21 81,516 5,556
Braço C 19 85,757 5,788
D90 Braço A 14 86,482 6,595
Braço B 19 78,055 5,766
Braço C 18 81,121 5,906
D120 Braço A 14 88,863 6,595
Braço B 16 82,286 6,137
Braço C 17 72,952 6,029
D180 Braço A 12 84,106 6,973
Braço B 12 91,277 6,831
Braço C 14 84,683 6,464
EORTC-Fadiga D0 Braço A 19 26,316 6,893
0,816 0,670 0,957
Braço B 22 33,333 6,406
Braço C 22 28,788 6,406
D45 Braço A 18 28,921 7,024
Braço B 21 28,923 6,511
Braço C 19 25,159 6,746
D90 Braço A 14 24,744 7,614
Braço B 19 34,579 6,717
Braço C 18 21,916 6,863
D120 Braço A 14 27,125 7,614
Braço B 16 28,556 7,078
Braço C 17 31,370 6,982
D180 Braço A 12 23,532 7,983
Braço B 12 37,238 7,758
Braço C 14 28,250 7,406
(continua na próxima página...)
39
Tabela 9 (continuação) – Comparação dos escores do EORTC nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
EORTC-Náusea e vômito D0 Braço A 19 21,053 6,938
0,076 0,770 0,551
Braço B 22 18,182 6,448
Braço C 22 3,030 6,448
D45 Braço A 18 25,053 7,101
Braço B 21 28,237 6,577
Braço C 19 8,587 6,868
D90 Braço A 14 19,289 7,862
Braço B 19 14,259 6,845
Braço C 18 19,176 7,019
D120 Braço A 14 21,670 7,862
Braço B 16 13,278 7,322
Braço C 17 23,830 7,176
D180 Braço A 12 14,264 8,348
Braço B 12 24,725 8,209
Braço C 14 23,534 7,735
EORTC-Dor D0 Braço A 19 38,596 7,566
0,937 0,884 0,002
Braço B 22 40,909 7,031
Braço C 22 39,394 7,031
D45 Braço A 18 21,530 7,728
Braço B 21 22,001 7,161
Braço C 19 27,449 7,452
D90 Braço A 14 18,482 8,477
Braço B 19 29,706 7,423
Braço C 18 25,225 7,601
D120 Braço A 14 23,244 8,477
Braço B 16 33,491 7,887
Braço C 17 30,033 7,754
D180 Braço A 12 38,053 8,950
Braço B 12 33,202 8,755
Braço C 14 33,465 8,298
(continua na próxima página...)
40
Tabela 9 (continuação) – Comparação dos escores do EORTC nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
EORTC-Dispneia D0 Braço A 19 7,018 4,702
0,324 0,207 0,628
Braço B 22 19,697 4,370
Braço C 22 9,091 4,370
D45 Braço A 18 7,278 4,817
Braço B 21 9,739 4,461
Braço C 19 8,296 4,667
D90 Braço A 14 7,135 5,364
Braço B 19 13,494 4,654
Braço C 18 3,883 4,775
D120 Braço A 14 2,373 5,364
Braço B 16 18,995 4,998
Braço C 17 1,901 4,889
D180 Braço A 12 11,366 5,716
Braço B 12 8,922 5,640
Braço C 14 12,590 5,294
EORTC-Insônia D0 Braço A 19 31,579 7,327
0,056 0,489 0,014
Braço B 22 31,818 6,809
Braço C 22 33,333 6,809
D45 Braço A 18 34,702 7,502
Braço B 21 28,597 6,948
Braço C 19 21,825 7,261
D90 Braço A 14 13,694 8,329
Braço B 19 19,140 7,240
Braço C 18 23,697 7,426
D120 Braço A 14 6,551 8,329
Braço B 16 27,698 7,759
Braço C 17 24,941 7,597
D180 Braço A 12 8,512 8,859
Braço B 12 9,215 8,727
Braço C 14 35,823 8,208
(continua na próxima página...)
41
Tabela 9 (continuação) – Comparação dos escores do EORTC nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
EORTC-Perda de apetite D0 Braço A 19 42,105 8,924
0,689 0,946 0,204
Braço B 22 39,394 8,294
Braço C 22 27,273 8,294
D45 Braço A 18 31,497 9,084
Braço B 21 29,069 8,424
Braço C 19 32,418 8,717
D90 Braço A 14 22,470 9,816
Braço B 19 32,239 8,678
Braço C 18 22,078 8,861
D120 Braço A 14 27,232 9,816
Braço B 16 34,082 9,124
Braço C 17 33,849 9,008
D180 Braço A 12 38,007 10,272
Braço B 12 33,967 9,963
Braço C 14 36,697 9,531
EORTC-Constipação D0 Braço A 18 33,654 7,746
0,617 0,828 0,061
Braço B 22 34,242 7,027
Braço C 22 18,182 7,027
D45 Braço A 18 16,043 7,746
Braço B 21 28,186 7,175
Braço C 19 29,454 7,504
D90 Braço A 14 14,804 8,634
Braço B 19 17,931 7,484
Braço C 18 10,984 7,679
D120 Braço A 14 10,042 8,634
Braço B 16 17,404 8,037
Braço C 17 11,725 7,861
D180 Braço A 12 23,997 9,198
Braço B 12 23,886 9,065
Braço C 14 19,265 8,512
Comparações obtidas através da Regressão do Modelo Linear Misto p*: interação p**: grupo p***:tempo
Quando analisamos o ESAS por itens individuais, observa-se uma significativa diferença
quando observados em função do tempo para os domínios de sonolência (p=0,033), bem
estar (p=0,013) e sono (p=0,019).
42
Tabela 10 – Comparação dos escores do ESAS por itens nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
ESAS Dor D0 Braço A 19 3,316 0,729
0,827 0,932 0,088
Braço B 22 4,136 0,678
Braço C 22 3,364 0,678
D45 Braço A 18 2,449 0,746
Braço B 21 2,113 0,691
Braço C 19 2,906 0,721
D90 Braço A 14 2,291 0,824
Braço B 19 3,328 0,718
Braço C 18 2,485 0,736
D120 Braço A 14 2,219 0,824
Braço B 16 2,590 0,767
Braço C 17 2,706 0,752
D180 Braço A 12 3,015 0,874
Braço B 12 2,532 0,858
Braço C 14 2,380 0,810
ESAS Cansaço/Fraqueza D0 Braço A 19 2,421 0,700
0,302 0,629 0,313
Braço B 22 3,727 0,651
Braço C 22 2,818 0,651
D45 Braço A 18 3,877 0,715
Braço B 21 2,863 0,662
Braço C 19 2,751 0,688
D90 Braço A 14 2,099 0,780
Braço B 19 3,355 0,712
Braço C 18 2,061 0,701
D120 Braço A 14 2,814 0,780
Braço B 16 3,096 0,726
Braço C 17 3,069 0,714
D180 Braço A 12 1,576 0,822
Braço B 12 3,059 0,802
Braço C 14 2,412 0,762
(continua na próxima página...)
43
Tabela 10 (continuação) – Comparação dos escores do ESAS por itens nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
ESAS Náusea/Enjoo D0 Braço A 19 1,263 0,595
0,120 0,876 0,620
Braço B 22 1,682 0,553
Braço C 22 0,591 0,553
D45 Braço A 18 1,797 0,607
Braço B 21 2,054 0,562
Braço C 19 1,008 0,584
D90 Braço A 14 0,801 0,661
Braço B 19 1,649 0,581
Braço C 18 1,465 0,595
D120 Braço A 14 1,230 0,661
Braço B 16 0,985 0,615
Braço C 17 2,211 0,606
D180 Braço A 12 1,219 0,695
Braço B 12 1,633 0,678
Braço C 14 2,118 0,645
ESAS Sonolência D0 Braço A 17 2,721 0,653
0,762 0,886 0,033
Braço B 22 2,727 0,579
Braço C 20 2,641 0,603
D45 Braço A 17 2,156 0,654
Braço B 21 2,441 0,591
Braço C 18 1,764 0,634
D90 Braço A 13 0,995 0,735
Braço B 19 1,591 0,617
Braço C 17 2,336 0,650
D120 Braço A 14 1,619 0,713
Braço B 16 1,180 0,664
Braço C 15 1,565 0,685
D180 Braço A 12 1,043 0,761
Braço B 11 2,102 0,780
Braço C 13 1,127 0,729
(continua na próxima página...)
44
Tabela 10 (continuação) – Comparação dos escores do ESAS por itens nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
ESAS Apetite D0 Braço A 19 4,158 0,828
0,813 0,624 0,300
Braço B 22 4,409 0,770
Braço C 22 2,864 0,770
D45 Braço A 18 3,972 0,845
Braço B 21 3,522 0,783
Braço C 19 2,937 0,813
D90 Braço A 14 3,050 0,919
Braço B 19 3,409 0,809
Braço C 18 1,830 0,827
D120 Braço A 14 3,193 0,919
Braço B 16 3,423 0,855
Braço C 17 3,587 0,842
D180 Braço A 12 3,409 0,966
Braço B 12 3,806 0,941
Braço C 14 3,219 0,896
ESAS Bem estar D0 Braço A 19 3,737 0,664
0,497 0,965 0,013
Braço B 22 3,318 0,617
Braço C 22 2,727 0,617
D45 Braço A 18 2,482 0,677
Braço B 21 2,011 0,627
Braço C 19 1,760 0,651
D90 Braço A 14 1,952 0,736
Braço B 19 2,948 0,648
Braço C 18 2,461 0,663
D120 Braço A 14 2,095 0,736
Braço B 16 2,466 0,685
Braço C 17 2,854 0,675
D180 Braço A 12 1,595 0,773
Braço B 12 2,107 0,753
Braço C 14 2,472 0,717
(continua na próxima página...)
45
Tabela 10 (continuação) – Comparação dos escores do ESAS por itens nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
ESAS Falta de ar D0 Braço A 19 0,421 0,421
0,585 0,738 0,944
Braço B 22 1,136 0,391
Braço C 22 0,545 0,391
D45 Braço A 18 1,104 0,431
Braço B 21 0,841 0,400
Braço C 19 0,764 0,418
D90 Braço A 14 0,450 0,482
Braço B 19 0,983 0,417
Braço C 18 0,711 0,428
D90 Braço A 14 0,165 0,482
Braço B 16 0,823 0,450
Braço C 17 1,320 0,439
D90 Braço A 12 0,701 0,515
Braço B 12 0,531 0,509
Braço C 14 0,773 0,477
ESAS Sono D0 Braço A 19 3,684 0,729
0,695 0,979 0,019
Braço B 22 3,545 0,677
Braço C 22 2,909 0,677
D45 Braço A 18 3,516 0,745
Braço B 21 2,370 0,690
Braço C 19 2,992 0,720
D90 Braço A 14 1,953 0,821
Braço B 19 3,133 0,717
Braço C 18 2,831 0,735
D120 Braço A 14 2,310 0,821
Braço B 16 1,958 0,764
Braço C 17 1,938 0,750
D180 Braço A 12 1,941 0,869
Braço B 12 1,621 0,853
Braço C 14 2,170 0,806
Comparações obtidas através da Regressão do Modelo Linear Misto p*: interação p**: grupo p***:tempo
Já quando analisamos o ESAS por domínios (Tabela 11) encontramos que no domínio
emocional há diferença significativa em relação ao tempo (p=0,001), o mesmo acontecendo
para o escore total (p=0,035).
46
Tabela 11 – Comparação dos escores do ESAS por domínios nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
ESAS Domínio Físico D0 Braço A 17 13,287 2,821
0,500 0,733 0,223
Braço B 22 17,818 2,548
Braço C 20 13,979 2,617
D45 Braço A 17 15,201 2,829
Braço B 21 13,974 2,585
Braço C 18 12,123 2,717
D90 Braço A 13 9,865 3,063
Braço B 19 14,455 2,658
Braço C 17 10,268 2,762
D120 Braço A 14 11,368 3,001
Braço B 16 12,439 2,786
Braço C 15 14,940 2,857
D180 Braço A 12 11,401 3,132
Braço B 11 14,411 3,111
Braço C 13 12,686 2,980
ESAS Domínio Emocional D0 Braço A 19 4,737 0,986
0,516 0,825 0,001
Braço B 22 4,318 0,916
Braço C 22 4,091 0,916
D45 Braço A 18 2,864 1,006
Braço B 21 2,465 0,932
Braço C 19 2,451 0,968
D90 Braço A 14 3,641 1,096
Braço B 19 3,069 0,964
Braço C 18 2,522 0,986
D120 Braço A 14 2,070 1,096
Braço B 16 2,012 1,020
Braço C 17 4,065 1,004
D180 Braço A 12 2,661 1,153
Braço B 12 0,912 1,124
Braço C 14 2,121 1,070
(continua na próxima página...)
47
Tabela 11 (continuação) – Comparação dos escores do ESAS por domínios nos três momentos (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
N Média DP p* p** p***
ESAS Total D0 Braço A 17 21,369 3,944
0,529 0,900 0,035
Braço B 22 23,455 3,567
Braço C 20 21,256 3,660
D45 Braço A 17 20,448 3,956
Braço B 21 18,423 3,618
Braço C 18 16,581 3,793
D90 Braço A 13 15,488 4,266
Braço B 19 20,463 3,715
Braço C 17 15,102 3,853
D120 Braço A 14 15,510 4,184
Braço B 16 16,966 3,885
Braço C 15 21,364 3,979
D180 Braço A 12 15,831 4,359
Braço B 11 17,459 4,316
Braço C 13 17,518 4,144
Comparações obtidas através da Regressão do Modelo Linear Misto p*: interação p**: grupo p***:tempo
5.4 Entendimento sobre a doença
Com o intuito de avaliar se há diferença no padrão de entendimento sobre a doença e
o tratamento atual, a Tabela 12 evidencia que não houve qualquer diferença
estatisticamente importante em nenhum momento e em nenhum dos braços avaliados com
relação à curabilidade da doença e aos objetivos do tratamento, evidenciando que a grande
maioria dos pacientes apresenta pensamento irreal sobre a doença.
48
Tabela 12 – Descritiva geral do Protocolo de Entendimento sobre a Doença (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
Braço A B C n % n % n % p valor*
Na sua opinião, a sua doença (seu câncer) é curável?
D0 Não 0 0 1 4,5 1 4,5 1,000
Sim 19 100 21 95,5 21 95,5
D45 Não 1 5,6 1 4,8 1 5,6 1,000
Sim 17 94,4 20 95,2 17 94,4
D90 Não 0 0 3 17,6 1 5,9 0,435
Sim 14 100 14 82,4 16 94,1
D120 Não 1 7,1 1 6,3 0 0 0,528
Sim 13 92,9 15 93,8 17 100
D180 Não 1 8,3 1 8,3 0 0 0,522
Sim 11 9,7 11 91,7 14 100
Objetivos do tratamento: Ajuda a viver mais?
D0 Não 1 5,3 0 0 0 0 0,302
Sim 18 94,7 22 100 22 100
D45 Não 0 0 1 4,8 0 0 1,000
Sim 18 100 20 95,2 18 100
D90 Não 0 0 0 0,0 0 0 ---
Sim 14 100 17 100 17 100
D120 Não 0 0 0 0 0 0 ---
Sim 14 100 16 100 17 100
D180 Não 1 8,3 0 0 0 0 0,632
Sim 11 91,7 12 100 14 100
Objetivos do tratamento: Fazer você se sentir melhor?
D0 Não 0 0 0 0 0 0 ---
Sim 19 100 22 100 22 100
D45 Não 0 0 1 4,8 0 0 1,000
Sim 18 100 20 95,2 18 100
D90 Não 0 0 1 5,9 0 0 1,000
Sim 14 100 16 94,1 17 100
D120 Não 0 0 0 0 0 0 ---
Sim 14 100 16 100 17 100
D180 Não 0 0 0 0 0 0 ---
Sim 12 100 12 100 14 100
(continua na próxima página...)
49
Tabela 12 (continuação) – Descritiva geral do Protocolo de Entendimento sobre a Doença (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
Braço A B C n % n % n % p valor*
Objetivos do tratamento: Curar toda a sua doença?
D0 Não 0 0 1 4,5 0 0 1,000
Sim 19 100 21 95,5 22 100
D45 Não 1 5,6 2 9,5 1 5,6 1,000
Sim 17 94,4 19 90,5 17 94,4
D90 Não 0 0 3 17,6 1 5,9 0,435
Sim 14 100 14 82,4 16 94,1
D120 Não 1 7,1 1 6,3 0 0 0,528
Sim 13 92,9 15 93,8 17 100
D180 Não 1 8,3 1 8,3 0 0 0,532
Sim 11 91,7 11 91,7 13 100
*: Exato de Fisher
A Figura 5 demonstra graficamente as respostas dos participantes que, em pelo menos
uma das avaliações realizadas, respondeu “não” para a seguinte questão: “Na sua opinião, a
sua doença (seu câncer) é curável?”.
50
*: Avaliação não finalizada decorrente de óbito “Pac”: ID do paciente no estudo
Braço B
Braço A
Braço C
Na sua opinião, a sua doença (seu câncer) é curável?
Figura 5. Entendimento sobre a curabilidade da doença
Não
Sim
51
5.5 Avaliação da factibilidade do estudo
5.5.1 Intervenção psicossocial breve
Acredita-se que o estabelecimento rigoroso quanto ao número de sessões e intervalos
previamente estabelecidos, tenha sido um grande impossibilitador de inclusão de pacientes
no estudo, conforme descrito na casuística no item 5.1. Além disso, ao final da quinta sessão
das intervenções, contou-se com 3 recusas durante o processo, impossibilitando a
continuidade de tal intervenção. De 19 pacientes incluídos, 15 (78,9%) completaram todas as
5 sessões; e 16 (84,2%) completaram 3 sessões. Um paciente (1 de 19, 5,2%) recusou
participar da intervenção.
Tendo em vista a verificação da factibilidade da intervenção psicossocial breve, faz-se
importante verificar sobre o tempo médio de cada sessão, visto que o método foi desenhado
visando a realidade da rotina hospitalar, que no campo da psicologia se restringe quanto ao
tempo para atender à demanda. A Tabela 13 evidencia que a terceira sessão obteve maior
média de tempo de duração ( =39 minutos), onde eram discutidos o “funcionamento da
ansiedade” e estratégias para detecção e normalização dos sintomas. Já a quinta e última
sessão obteve menor média de tempo de duração ( =28 minutos), onde era realizada uma
revisão do que fora discutido nas quatro sessões anteriores.
Tabela 13 – Média do tempo das sessões (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
Média DP (1Q-3Q)
1ª sessão 38 7 (7-44)
2ª sessão 30 7 (7-35)
3ª sessão 39 10 (10-40)
4ª sessão 38 7 (7-45)
5ª sessão 28 10 (10-30)
5.5.2 CP precoce
Dos 41 participantes incluídos nos braços A e B, 22 (53,6%) participaram de todas as
consultas agendadas pelo estudo no CP, 24 (58,5%) de seis consultas, 26 (63,4%) de cinco
consultas, 31 (75,6%) de quatro, 33 (80,4%) participaram de três consultas, 35 (85,3%) duas
consultas e 39 (95,1%) de pelo menos 1 consulta. Importante ressaltar que 2 (4,8%)
participantes não foram consultados por irem à óbito antes da primeira consulta agendada.
52
Todos os pacientes foram consultados por médicos da equipe de CP, delegados para o
estudo e seguindo um formulário padronizado específico do estudo (registrado e arquivado
em aba específica de pesquisa clínica nos prontuários médicos). Assim, assegurou-se que as
avaliações seguiram todas o mesmo padrão de atendimento. Embora possa ser considerado
importante para a efetividade do CP ambulatorial, o ambulatório de CP do Hospital de
Câncer de Barretos, não contemplou durante o período do estudo consultas com outros
membros não-médicos da equipe multidisciplinar.
5.5.3 Taxas de contaminação
Dos 22 participantes incluídos no braço C, apenas 1 (4,5%) foi consultado pela equipe
de psicologia do hospital no período de avaliação do estudo (até 180 dias após a
randomização). Adicionalmente, 7 (31,8%) foram consultados pela equipe de CP no mesmo
período. Sendo assim, a “contaminação” no período do estudo (ao final de 180 dias) foi de
31,8%.
5.5.4 Relação de pacientes incluídos/rastreados (%)
Foi necessário rastrear 613 pacientes para a inclusão final de 63 pacientes (63/613;
9%).
5.5.5 Taxa de perdas durante o estudo (attrition rate)
Considerando a avaliação em 90 dias, no total, 10 pacientes (10/63, 15,9%) não
foram avaliados, 9 em função de óbito e 1 sem condições clínicas. Em relação à análise de
180 dias (final do estudo), a taxa de perda foi de 38% (24/63), sendo 22 óbitos, 1 sem
condições clínicas e 1 por perda de seguimento.
5.6 Análise do tamanho do efeito (effect sizes) das intervenções propostas
Como se tratou de um estudo preliminar, mais importante que determinar valores
significativos de p foi a identificação do potencial das intervenções. A Tabela 14 mostra os
resultados dos tamanhos do efeito em 90 dias, as diferenças entre as diferenças médias e a
identificação do braço do estudo associado ao melhor desfecho (melhor QV, menor
intensidade do sintoma ou maior satisfação). Em relação aos sintomas de depressão, um dos
desfechos primários do estudo, os ES mostraram que houve a intervenção experimental
53
(braço A) seria pior que os braços B e C. Por outro lado, o braço A foi melhor que o B (ES=-
0,66) e C (ES=-0,61) em relação ao domínio funcionamento emocional. Da mesma forma, em
relação ao sintoma ansiedade, o braço A foi melhor que os braços B (ES=0,17) e C (ES=0,15),
embora com magnitude de efeito menor. O mesmo foi observado ao se comparar o braço A
com o B (ES=0,22) e com o C (ES=0,19).
Quando avaliadas as diferenças das médias por meio do teste não paramétrico de
Mann-Withney, nota-se que o domínio de HADS-depressão e EORTC/náuseas e vômitos
apresentaram valores de p <0,05. No entanto, em função da correção de Bonferroni, foram
consideradas diferenças estatisticamente não significativas (p>0,017).
54
Tabela 14 – Diferença das médias e tamanho do efeito entre os braço do estudo (Hospital de Câncer de Barretos, 2015).
Instrumento Domínio avaliado Comparação entre os braços do estudo
A vs. B A vs. C B vs. C
Δ A Δ B ES p valor*
Δ A Δ C ES p valor*
Δ B Δ C ES p valor*
EORTC QLQ-C15 Pal Saúde Global -4,76 -8,88 0,20 0,953 -4,76 -11,76 0,31 0,984 -8,88 -11,76 0,15 0,946
Funcionamento Físico -3,17 1,96 -0,24 0,739 -3,17 6,54 -0,60 0,262 1,96 6,54 -0,21 0,474
Funcionamento Emocional -20,24 -2,94 -0,66 0,200 -20,24 -2,94 -0,61 0,138 -2,94 -2,94 0,00 0,734
Fadiga 3,57 0,98 0,09 0,653 3,57 1,96 0,07 0,922 0,98 1,96 -0,03 0,838
Náusea e vômito 2,38 3,92 -0,06 0,739 2,38 -17,65 0,64 0,149 3,92 -17,65 0,98 0,022
Dor 21,43 9,80 0,37 0,316 21,43 8,82 0,40 0,128 9,80 8,82 0,03 0,658
Dispneia -2,38 3,92 -0,21 0,336 -2,38 1,96 -0,29 0,597 3,92 1,96 0,05 0,563
Insônia 19,05 3,92 0,38 0,625 19,05 5,88 0,48 0,297 3,92 5,88 -0,05 0,708
Perda do apetite 21,43 11,76 0,24 0,597 21,43 1,96 0,64 0,118 11,76 1,96 0,26 0,413
Constipação 23,81 11,76 0,28 0,570 23,81 5,88 0,45 0,336 11,76 5,88 0,14 0,634
HADS Ansiedade 1,64 0,82 0,17 0,984 1,64 0,88 0,15 0,951 0,82 0,88 -0,01 0,958
Depressão -0,43 1,06 -0,33 0,336 -0,43 2,18 -0,74 0,029 1,06 2,18 -0,25 0,394
PHQ9 Depressão 1,14 2,71 -0,26 0,356 1,14 0,88 0,05 0,710 2,71 0,88 0,32 0,231
FAMCARE Satisfação 1,00 0,65 0,04 0,891 1,00 -0,29 0,20 0,710 0,65 -0,29 0,12 0,786
ESAS Total 1,67 0,53 0,47 0,325 1,67 0,40 0,55 0,200 0,53 0,40 0,06 0,710
Físico 4,18 3,88 0,02 0,611 4,18 3,40 0,13 0,413 3,88 3,40 0,04 0,350
Emocional 1,93 0,88 0,22 0,710 1,93 0,88 0,19 0,173 0,88 0,88 0,00 0,290
Legenda: ES=effect size; Δ = diferença entre as médias dos dias 0 e 90 (d0-d90). * Teste de Mann-Witheny (correção de Bonferroni; valores estatisticamente significativos se p<0,017).
5
4
55
6 DISCUSSÃO
Neste estudo foi avaliada a factibilidade e a aceitação/satisfação dos participantes a
uma intervenção psicossocial breve em adição ao CP precoce na diminuição de sintomas
depressivos em 90 dias após a randomização do estudo. Não encontramos na literatura
algum estudo prévio que unisse uma intervenção psicossocial breve baseada na TCC
juntamente com o CP precoce, o que ressalta, portanto, a originalidade do presente estudo.
Foi possível observar que o braço do estudo que recebeu a intervenção psicossocial e CP
precoce não se diferenciou de uma maneira estatisticamente significativa para os sintomas
depressivos quando comparados aos demais braços do estudo ao longo do tempo. Outro
fator de extrema relevância é o de que não houve qualquer diferença no padrão de
entendimento sobre a doença e o tratamento atual com relação à curabilidade da doença e
aos objetivos do tratamento. Tal fato evidencia que grande maioria dos pacientes
apresentava um padrão de pensamento irreal sobre a doença.
Em relação à factibilidade do estudo, alguns aspectos necessitam discussão. Foi
necessário rastrear 613 pacientes para a inclusão de 63 participantes (10,2% de taxa de
inclusão). Assim, estudos futuros similares em nossa população necessitam rever os critérios
de elegibilidade, tornando-os menos restritivos. Outro fator limitante em relação à
factibilidade do estudo foi a alta taxa de contaminação observada; aproximadamente 30%
dos pacientes do Braço C acabaram por receber CP durante o período do estudo. Esta taxa
foi um pouco mais que o dobro do observado no estudo original de Temel et al. (23). Em
relação às perdas durante o estudo (atrittion rate), observamos taxas de 15,9% e 38% de
perdas em 90 e 180 dias, respectivamente. Apesar de poderem ser consideradas taxas
elevadas, são similares (até mesmo um pouco menores) às descritas em revisão de Hui et al.,
de 25% considerando o desfecho primário e 44% considerando o momento final do estudo
(58).
Quando analisada a homogeneidade da amostra no momento zero, apenas o item
“nível educacional” diferiu-se estatisticamente. Entretanto, o número de pacientes
classificados na categoria de menor escolaridade, que poderia eventualmente gerar viés na
capacidade de responder os questionários, foi similar entre os três braços do estudo. Do
restante, tanto com relação às características sociodemográficas e clínicas, quanto aos
56
escores dos questionários aplicados na baseline, não houve qualquer diferença
estatisticamente significativa, o que endossa a homogeneidade da amostra do estudo antes
de receberem as intervenções propostas.
Com relação aos índices de satisfação, mensurados pelo instrumento FAMCARE, não
houve qualquer diferença estatisticamente significativa no que se diz respeito aos braços
que receberam a intervenção psicossocial e o CP precoce com relação ao grupo controle. O
mesmo foi observado em relação ao item adicionado ao questionário especificamente para
o estudo, que avaliou o índice de satisfação dos pacientes frente ao “apoio emocional
fornecidos pelos profissionais de saúde”. Em um ensaio clínico randomizado controlado,
realizado por Zimmermann e colaboradores (19), foi avaliado o benefício do CP precoce em
pacientes com câncer avançado em relação aos índices de satisfação dos pacientes, dentre
outros índices avaliados. Em contrapartida aos dados encontrados neste estudo, o estudo de
Zimmermann demonstrou que houve diferença estatisticamente significativa para os escores
de satisfação (diferença média de 3,79 entre os braços do estudo após três meses da
intervenção), sendo que este e os demais resultados favoreceram o grupo de intervenção
que recebeu o CP precoce.
Um fator importante que se faz digno de nota é o de que os escores de satisfação
encontrados em nosso estudo foram elevados como um todo. Assim, provavelmente, os
pacientes do HCB tenham satisfação já elevada, não sendo possível que as intervenções
aumentassem a satisfação de pessoas já muito satisfeitas. O acolhimento dos outros
profissionais de saúde talvez seja realizado de forma humanizada e adequada, fator este que
pode diluir o impacto das intervenções frente à satisfação do tratamento recebido. Ressalta-
se que o grande diferencial da instituição constitui-se do fato de a política institucional do
HCB prezar, veementemente, a humanização e o tratamento médico humanizado, treinando
seus colaboradores no geral para que prestem atendimento de excelência com
profissionalismo e humanização (59). Além do mais, era de se esperar que o escore do item
do FAMCARE que avalia especificamente a satisfação em relação ao apoio emocional (item
14, adicional) fosse mais elevado no braço que inclui o atendimento psicológico (braço A) em
relação aos demais, fato este não observado. É possível que outros profissionais de saúde,
como por exemplo, enfermeiros e médicos, estejam de alguma forma suprindo as
necessidades psicossociais dos pacientes. Neste caso, o acréscimo da intervenção incluindo a
57
TCC não foi benéfica. Acreditamos que o impacto da intervenção do estudo deva ser mais
evidente em serviços de oncologia com menor suporte psicossocial, onde os pacientes
tenham menores índices de satisfação com o cuidado recebido.
Tendo em vista uma doença crônica, sem possibilidade de cura, que impacta
grandemente na rotina de vida, no funcionamento familiar, nos papeis desempenhados, na
funcionalidade, na atividade profissional, e dentre outras áreas, é esperado que os
pacientes, de certa forma, se deparem com desajustes psicológicos. Alguns sintomas, tais
como os depressivos e os de ansiedade, são facilmente encontrados nesta realidade (60-62).
Ressalta-se que alguns autores destacam a necessidade de se investigar a depressão em
vários momentos distintos para se distinguir um potencial ajustamento saudável associado
ao tratamento (63). No presente estudo, foi possível observar que tanto os sintomas
depressivos quanto os sintomas de ansiedade melhoraram com o tempo,
independentemente de receberem as intervenções do estudo, demonstrando ser esperado
que tais sintomas declinem naturalmente ao longo do tratamento. Importante ressaltar que
os pacientes estavam a iniciar a primeira linha de QT, ou seja, estes tinham recebido
recentemente a informação da recidiva ou progressão da doença, o que provavelmente
gerou níveis mais elevados de sintomas emocionais. Além do mais, há o medo/sensação de
algo desconhecido, que ocorre frequentemente no início do tratamento com QT (“será que
vou passar mal?”, “como vou me sentir após o tratamento?”, etc.). À medida que o
tratamento continua, acreditamos que haja uma tendência a melhora dos níveis de
depressão e ansiedade (principalmente).
Os pacientes do braço A do estudo responderam aos itens “depressão” e “ansiedade”
do questionário ESAS no início de cada uma das intervenções psicossociais e não
apresentaram diferenças estatisticamente significativas para a diminuição dos sintomas
depressivos (p=0,069) e de ansiedade (p=0,090) no decorrer das sessões. Entretanto, trata-
se de um número bem reduzido de participantes quando comparado à amostra total. É
provável que, sendo o n maior, as diminuições dos escores de ansiedade e depressão ao
longo das intervenções psicossociais fossem estatisticamente significativas. Sintomas
depressivos elevados têm sido descritos em mais de um terço dos pacientes acometidos por
câncer (62). No estudo de Lo et. al. (64), avaliando prospectivamente pacientes com câncer
de pulmão metastático e cânceres gastrointestinais, os autores observaram que mais de 20%
58
dos pacientes relataram sintomas moderados a graves de depressão, que persistiram ao
longo do tempo, aumentando no final de vida. Os sintomas depressivos no final de vida
foram associados com alta sobrecarga física, desesperança, suporte social empobrecido e
bem estar espiritual comprometido, o que sugere ser importante identificar e tratar
precocemente os sintomas de depressão em pacientes com câncer avançado. Talvez ainda
mais relevante seja prevenir os sintomas de depressão neste grupo de pacientes (o presente
estudo se embasou nesta hipótese). Pesquisadores observaram uma melhora na sobrevida
global de pacientes com câncer de pulmão que receberam CP precocemente em relação aos
que não receberam (64). Sabe-se que a depressão está associada a pior sobrevida nesta
população, e então, Pirl e colaboradores (65) se propuseram a estudar a relação entre o
diagnóstico de depressão e sobrevida global. Os autores randomizaram 151 pacientes com
câncer de pulmão não-pequenas células metastático e avaliaram a depressão no baseline e
após 12 semanas da randomização por meio do PHQ-9 e critérios diagnósticos do DSM-IV
para transtorno depressivo maior. Concluíram que o CP precoce é capaz de melhorar a
sobrevida apenas de pacientes sem depressão; apesar da intervenção ter melhorado a
depressão dos pacientes no geral, isto não esteve associado com maior sobrevida entre os
pacientes deprimidos.
Em um recente ensaio clínico randomizado de Temel e colaboradores (66), foram
randomizados 350 pacientes recém-diagnosticados com câncer de pulmão e gastrointestinal
para receberem CP precoce com uma consulta mensal ou o tratamento oncológico padrão.
Tais pacientes foram avaliados na baseline, em 12 e 24 semanas após a randomização. Os
pacientes do braço do CP precoce apresentaram melhor QV (p=0,004) e menos depressão
pelo PHQ-9 (p=0,047) em 24 semanas, mas não quando avaliados 12 semanas após a
randomização. Não se encontrou diferença para ansiedade e depressão quando avaliados
pelo HADS em nenhum dos momentos avaliados. Com relação à curabilidade da doença, 24
semanas após a randomização, uma proporção semelhante dos grupos informou a provável
incurabilidade da doença, entretanto, mais pacientes alocados ao CP precoce relataram que
discutiram suas preferências no final de vida (p=0,005). Outro achado do estudo foi o de
pacientes com cânceres de pulmão e gastrointestinais apresentarem diferentes padrões de
mudança na QV ao longo do tempo. Esses resultados, somados aos do nosso estudo,
sugerem que o CP oferecido precocemente deva impactar de maneira distinta os diferentes
59
tipos de tumores. O momento “precoce” para uma paciente com câncer de mama com um
tumor subtipo luminal A (de baixa agressividade), por exemplo, deve ser muito diferente de
um paciente com câncer de pulmão ou do trato digestivo alto. Além do mais, pacientes com
alguns tipos específicos de tumor (como câncer de mama) apresentam-se mais
frequentemente diagnosticados com depressão e outros transtornos psiquiátricos (67, 68). O
perfil de sintomas de doença avançada (dor, anorexia, dispneia, etc.) também é muito
distinto em função do tipo de tumor primário. Assim, acreditamos que a mensuração do
benefício do CP precoce seja mais apropriado ao se estudar grupos com o mesmo tipo de
tumor, e não amostras como a do presente estudo.
Assim como os sintomas depressivos e de ansiedade, também os índices de QV -
“estado de saúde global”, “dor” e “funcionamento emocional” - apresentaram melhoras no
decorrer do tempo, independentemente do braço do estudo analisado. Além destes, os
sintomas mensurados pelo ESAS, como “dor”, “sonolência”, “bem estar” e o “domínio
emocional”, também apresentaram melhora dos escores ao longo do tempo. Após o início
de um tratamento oncológico efetivo, espera-se que a QV e os sintomas melhorem
naturalmente. No presente estudo, os pacientes estavam iniciando QT paliativa, sendo este
fator provavelmente importante na melhora da QV e dos sintomas observados (69, 70). O
ensaio clínico randomizado e controlado, conduzido por Bakitas e colaboradores, tinha como
objetivo determinar o efeito de uma intervenção de CP na QV, intensidade de sintomas,
humor e utilização de recursos em saúde. Participaram do estudo 322 pacientes com câncer
avançado e seus respectivos cuidadores. As intervenções recebidas foram os CPs e uma
psicoeducação realizada por uma enfermeira, que consistia em quatro sessões educacionais
semanais, além do acompanhamento mensal até o óbito do paciente ou término do estudo.
Foi possível observar que, em comparação com os participantes que receberam o
tratamento oncológico padrão, os participantes constituintes do braço da intervenção
apresentaram melhores QV e humor, entretanto, a intensidade dos sintomas e o número de
dias que permaneceram no hospital, UTI e emergência não foram diferentes (71).
Outro estudo de extrema relevância no contexto do CP precoce é o de Temel e
colaboradores (23) realizado com pacientes com câncer de pulmão não-pequenas-células
metastático. Tal estudo tinha como objetivo avaliar o efeito da introdução do CP logo após
do diagnóstico sobre os sintomas e cuidados de fim de vida de pacientes ambulatoriais.
60
Foram distribuídos aleatoriamente os pacientes para receber CP integrado ao tratamento
oncológico padrão ou receber o tratamento oncológico padrão, apenas. As avaliações do
estudo foram feitas no baseline e após 12 semanas da randomização. Encontrou-se que os
pacientes designados para os CPs precoce apresentaram melhor QV (p=0,03) e, além disso,
menos pacientes no grupo de intervenção reportaram sintomas depressivos (16% vs 38%,
p=0,01), além de receberem menos cuidados agressivos no final da vida.
El-Jawahri et. al. (72) realizaram um ensaio clínico randomizado também comparando
o CP precoce (consultas mensais) com relação ao tratamento oncológico padrão com 350
pacientes considerados com doenças incuráveis, recém-diagnosticados com câncer de
pulmão e câncer gastrointestinal e seus respectivos cuidadores (275). À 12ª semana após a
randomização, cuidadores de pacientes alocados ao CP precoce reportaram melhores
vitalidade (p=0,05) e funcionamento social (p=0,02) e baixa sintomatologia depressiva
(p=0,03). Após 24 semanas da randomização, os cuidadores do braço de intervenção
mantiveram os baixos sintomas depressivos (p=0,05), mas não houve diferença na vitalidade
ou funcionamento social, conforme observados na última avaliação. Frente à QV e sintomas
de ansiedade, não houve diferenças.
Encontrou-se no presente estudo que a dor melhorou ao longo do tempo nos três
braços. Infere-se que os tumores possam ter melhorado com a QT paliativa (resposta
terapêutica). Adicionalmente, pode-se considerar possível que os oncologistas estejam
tratando a dor de forma adequada, sem a necessidade de intervenção dos paliativistas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (73), por meio de uma campanha global
da IASP (International Association for the Study of Pain), EFIC (European Federation of
Chapters of the IASP) e da OMS, desde 2004, o alívio da dor tem sido considerado um direito
humano. Infelizmente, nos países em desenvolvimento ainda ocorre um grande número de
pacientes que sofrem por dor. Dentre as razões para isto, encontram-se a falta de
profissionais de saúde com formação adequada, a resistência quanto ao uso de opioides e
também a carência de medicamentos no sistema de saúde.
O grande highlight do presente estudo foi a identificação de entendimento
inadequado em relação ao câncer e seu tratamento, que se manteve ao longo do estudo
independentemente do braço ao qual o paciente foi alocado. Não foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas entre os braços do estudo quando relacionado à
61
concepção e entendimento sobre a doença e o tratamento atual com relação à curabilidade
e aos objetivos do tratamento, evidenciando o predomínio do pensamento irreal sobre a
doença. Infere-se que vários fatores poderiam explicar tal resistência... Seria um mecanismo
de defesa do ego? Negação propriamente dita? Distorção cognitiva? Uma estratégia de
enfrentamento inadequada? Espiritualidade e religiosidade? Diversas podem ser as causas
que originaram tais resultados. Importante enfatizar que os pacientes dos braços de
intervenção (braços A e B) necessariamente entraram em contato com a informação da
incurabilidade da doença, pois isso fazia parte da abordagem psicossocial e do roteiro de
consulta clínica do CP.
Tendo em vista o embasamento teórico da TCC, esta se baseia no modelo cognitivo,
levantando a hipótese de que as emoções e comportamentos das pessoas são influenciados
por sua percepção da realidade. Ou seja, a situação em si não determina diretamente como
o indivíduo vai se sentir, sua resposta emocional é intermediada por sua percepção da
situação que está inserido (41).
Os esquemas (formas interpretativas) de indivíduos com bom ajustamento permitem
avaliações realistas. Em contrapartida, indivíduos mal ajustados levam a distorções da
realidade, que, por sua vez, podem desencadear algum transtorno psicológico. Os esquemas
variam em suas propriedades, tais como a permeabilidade, se são flexíveis ou não, sua
extensão, consistência e também um nível de carga emocional, que podem ser
determinantes de barreiras ou facilidades encontradas em um processo de tratamento. A
ativação de alguns esquemas disfuncionais interfere na capacidade da avaliação objetiva de
situações específicas sendo que o raciocínio do indivíduo torna-se prejudicado (74).
As distorções cognitivas acontecem à medida que esquemas disfuncionais tornam-se
ativados, como estratégias de enfrentamento com o objetivo de esquivarem-se de entrar em
contato com crenças que julgam desconfortáveis, fazendo assim com que os pacientes
empreguem estratégias compensatórias inadequadas (74). Ilustremos o fato de que os
pacientes do presente estudo relatam que suas doenças são curáveis. Pensar “meu câncer é
curável”, mesmo após serem informados sobre o contrário, é considerada uma distorção
cognitiva, ao passo que distorcem a realidade do contexto que estão inseridos como uma
forma e uma estratégia para compensar, evitando entrar em contato com o fato de que
realmente sua doença é incurável. Apesar destas manobras cognitivas e comportamentais
62
amenizarem seu sofrimento emocional momentaneamente, ao longo prazo tais estratégias
compensatórias podem reforçar e piorar crenças disfuncionais (74).
Além de outros fatores, a TCC tem como foco de atuação e trabalho identificar e
corrigir pensamentos disfuncionais, procurando a melhor forma de auxiliar o indivíduo a
observar a maneira equivocada na qual se processa as informações e as interpretações da
realidade (75). A intervenção psicossocial proposta no presente estudo limitou-se, em
apenas uma sessão, a discutir sobre a identificação e questionamentos de pensamentos
automáticos com o intuito de rastrear e manejar sintomas depressivos. Talvez um desenho
das intervenções voltadas a unicamente discutir as distorções cognitivas de pacientes em
relação ao processo do tratamento como um todo, poderia ter sido efetiva para melhora
deste resultado.
Partindo de uma vertente psicanalítica, proposta por seu criador Freud, um fator que
pode também ter influenciando a forma da crença da curabilidade da doença dos pacientes
é a ocorrência de um mecanismo de defesa do Ego; onde o processo se daria pelas
manifestações do Ego frente às outras estruturas psíquicas (Id e Superego) (76). Vivenciar
determinadas situações podem desencadear sentimentos inconscientes, responsáveis por
promover reações menos racionais e objetivas. Tal fato fomenta os diferentes mecanismos
de defesa que tem como finalidade proteger o Ego de um possível desprazer psíquico, que
são evidenciados por tais sintomas, sendo eles ansiedade, medo, culpa, dentre outros. De
forma sucinta, podem-se definir os mecanismos de defesa como um funcionamento
psicológico que objetiva diminuir manifestações que possam ser danosas ao Ego. Um dos
mecanismos de defesa que se faz digno de evidência neste contexto é a negação, que
consiste em um processo mental através do qual o indivíduo, ao mesmo tempo, expressa
algum desejo reprimido e dele se defende negando que lhe pertença (77).
Um câncer avançado sem possibilidade de cura faz com que emerja a ideia de finitude,
podendo ser um importante motivo de conflitos psíquicos para os pacientes e seus
familiares (78). Não se deve isolar a experiência pessoal de uma doença crônica da história
de vida familiar dos indivíduos, uma vez que a experiência pessoal está imersa na cultura
particular do contexto espiritual/religioso e está impregnado pelos valores relacionados com
a percepção do processo de adoecer (79). Tendo em consideração a transição de um
tratamento curativo para o CP, também a espiritualidade/religiosidade pode constar-se de
63
uma estratégia para auxiliar os pacientes e seus familiares a lidarem com a situação atual,
além de exercerem um possível impacto sobre os sintomas emocionais (80).
Em um ensaio clínico randomizado americano explorou-se o entendimento sobre a
doença com 120 pacientes com câncer de pulmão avançado. Aproximadamente um terço
dos pacientes acreditava na curabilidade de sua doença, ao passo que a maioria dos
pacientes relatou que os objetivos do tratamento eram o de ajudá-los a viver por mais
tempo (97,3%) e se sentir melhor (100%). Além disso, 66% acreditavam que se livrar de toda
a doença era também um dos objetivos do tratamento. Uma minoria de pacientes (13,9%)
acreditavam que seu estado de saúde atual era complexo e que consistiam de doentes
terminais. Os pacientes que reportaram maiores sintomas de depressão e ansiedade eram
mais prováveis a acreditar na curabilidade da doença (OR=2,47) e que um dos objetivos do
tratamento era livrar-se de todo de seu câncer (OR=3,83) (81). Observou-se que, assim como
no presente estudo, apesar de possuírem uma doença incurável, a maioria dos pacientes não
se vê como doentes terminais ou tem uma compreensão exata dos objetivos da terapia
anticâncer. Desta forma, levando em consideração que muitas vezes os pacientes tomam
decisões baseados em sua consciência do prognóstico, muitos desses indivíduos,
particularmente aqueles com sintomas de humor comórbidos, podem estar em risco de
perseguir escolhas inadequadas para os seus cuidados.
A princípio, esperava-se uma recusa maior por parte dos pacientes para participarem
do estudo em função deste incluir o CP entre as intervenções. No entanto, observou-se mais
recusas para aceitarem a participação no estudo em decorrência de o mesmo conter
atendimento psicológico (n=4) do que pelo fato de incluir o CP (n=1). Já se sabe sobre a
grande estigmatização e dificuldade de entendimento que envolve os CP, o que acaba por
gerar concepções distorcidas e disfuncionais frente ao que realmente compõem o serviço
(28). O fato de a UCP ser localizada em um espaço físico diferente e não integrado
fisicamente à unidade “curativa” do HCB acaba por gerar especulações e tais distorções
sobre a “famosa Rua Vinte”, sendo que lá seria “um local para morrer” (28). Em
contrapartida, da mesma forma que notamos uma estigmatização do que se refere aos CP, é
notório que também há concepções distorcidas sobre o serviço de psicologia. Não é raro
encontrarmos na prática clínica afirmações do tipo “psicólogo é para louco”, “não sou louco
pra conversar com psicólogo”, dentre outras. Um estudo clássico realizado por Leme, Bussab
64
e Otta (82) sobre a representação social da psicologia e do psicólogo, demonstrou que
acreditam que tal profissional se baseia em uma relação onde há a invasão indevida de
privacidade, levando a acreditarem que possa haver a possibilidade de “radiografar” a
mente das pessoas, descobrir seus segredos, gerar uma dependência. De acordo com os
referidos autores (80), tal relação entre psicólogo e paciente se dá pelo dom, pela intuição,
pelo jeito e não constituinte de algo baseado no racional, com rigor científico. Muitos
identificam os psicólogos como “abelhudo”, “louco”, “pirado”, “encucado”, “amigo pago” e,
ainda mais, desonesto, em decorrência da cobrança dos atendimentos clínicos não “tão
especializados assim”. Desta forma, tais concepções fundamentam o fato de esquivarem-se
de tal relação.
Quando nos deparamos que as análises dos ES demonstraram que houve uma
tendência de o braço A do estudo apresentar pior desempenho dos sintomas depressivos
quando comparados com os outros braços. Faz-se importante ressaltar que os índices dos
sintomas já são muito baixos, fazendo com que tenha menos espaço para melhora e que
qualquer piora aumentaria. Tal fato pode ser explicado pelo fenômeno estatístico
denominado efeito de regressão à média – que traz implicações potencialmente importantes
para as interpretações de condutas relacionadas à saúde. Quando uma amostra não
randomizada é selecionada partindo-se de uma população e duas variáveis imperfeitamente
correlacionadas são avaliadas, quanto menos as duas variáveis são correlacionadas, maior o
efeito de regressão à média. Além de que, quanto maior o extremo dos valores médios da
população há mais espaço para a regressão à média. Interpretações equivocadas frente ao
desconhecimento deste fenômeno resultam em erros de tomadas de decisão em saúde em
seus diversos aspectos (83).
Tendo em vista o fato de que as análises dos ESs demonstraram que o braço que
recebeu a intervenção psicossocial piorava a depressão, alguns estudos têm considerado que
a prática do debriefing, ou seja, falar sobre algum trauma logo após este ter ocorrido, pode
intensificar sintomas desconfortáveis. Deve-se considerar o fato do diagnóstico de um
câncer, sem possibilidades de cura, estar relacionado a um evento significativamente
traumático. Um estudo recente demonstrou que quase uma em cada quatro mulheres
diagnosticadas com câncer de mama apresentaram transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT) (84, 85). Os aspectos que podem ser desencadeantes do TEPT incluem o diagnóstico
65
da doença, o diagnóstico da doença em um estadio avançado, exames e tratamentos
dolorosos, dor e problemas físicos, resultados de exames, internações longas e recidiva ou
potencial recidiva da doença. Assim, o momento da abordagem psicossocial (Braço A), logo
após o diagnóstico da recidiva/progressão do câncer, no presente estudo, pode ter piorado
alguns aspectos psíquicos.
Copeland e Liska (86) desenvolveram um protocolo de esclarecimento para
eventos/código de trauma em um departamento de emergência. Profissionais que atuam
em um setor de emergência podem estar sujeitos a passarem por diversos contextos de
trauma. Assim, incorporaram um processo de “pausa após o evento”, ou seja, utilizando o
silêncio e apenas duas perguntas tradicionais operacionais simples. Após um período de um
ano, os colaboradores reportaram melhora no sentimento de suporte de seus colegas e
líderes, sua capacidade de interação com os pacientes e tempo para se reagrupar antes de
retornarem às suas atribuições. Também houve uma diminuição no número de participantes
que reportaram ter pensamentos e sentimentos associados ao evento traumático dentro do
período de 24 horas. Entendeu-se que a pausa após o evento traumático pode ser funcional
e trazer benefícios no funcionamento emocional de quem o vivencia. Infere-se que “falar de
algum evento traumático” incisivamente, ao invés de melhorar, pode trazer complicações a
forma com que vivenciam tal evento.
Em outro estudo relacionado ao tema, autores tinham o objetivo de avaliar o estado
atual das evidências a respeito primeiras intervenções psicológicas após o trauma através de
uma revisão sistemática entre os anos de 2005 e 2015. Dos vinte e um ensaios clínicos
encontrados, seis deles apresentavam intervenções imediatistas, ou seja, dentro do prazo de
72 horas após o evento traumático. O restante dos estudos constava-se de intervenções em
um prazo de um mês após o evento. Concluiu-se que intervenções imediatas não são
eficazes, enquanto sessões com base na TCC poderiam ser eficazes na redução dos sintomas
do TEPT (87).
Por outro lado, o braço A foi melhor que o B e C em relação ao domínio funcionamento
emocional. Da mesma forma, em relação ao sintoma ansiedade, mesmo com a magnitude de
efeito menor. Embora não tenha havido melhora nos sintomas de depressão, a intervenção
pode ser promissora quando considerado os sintomas emocionais como um todo.
66
As limitações do estudo consistem, primeiramente, no fato de ser um estudo
unicêntrico, realizado em uma instituição de grande porte no Brasil. Assim, os resultados não
podem ser generalizados para outros centros, nem mesmo dentro do Brasil. Neste sentido, o
fato de ter sido conduzido em um hospital com adequado suporte psicossocial “de rotina” é
um fator limitante das análises. Conforme discutido previamente, os pacientes já se
mostram naturalmente muito satisfeitos com os cuidados recebidos e, provavelmente,
sentem-se satisfeitos com os cuidados emocionais recebidos por outros profissionais não-
psicólogos. Estes resultados poderiam ser distintos em hospitais menos especializados.
Outro fator limitante é o tamanho amostral. Por se constar de um estudo preliminar, a
amostra foi pequena, o que pode ter prejudicado algumas análises estatísticas. O fato de
alguns pacientes terem respondido determinadas avaliações por telefone podem ter gerado
algum viés no momento da aplicação. No entanto, estas aplicações por telefone foram
essenciais, visto que muitos pacientes estavam impossibilitados de comparecer ao hospital
para as entrevistas in loco. Outra importante limitação foi a “contaminação” de pacientes do
Braço C que receberam CP durante o período do estudo. Aproximadamente 30% da amostra
do Braço C foi consultado pelo CP durante o estudo, percentual este quase o dobro do
observado no estudo de Temel et al. (23). Por outro lado, este dado sugere que os pacientes
do HCB estejam sendo encaminhados mais precocemente aos CPs do que se imaginava antes
do estudo.
67
7 CONCLUSÃO
Por se tratar de um estudo de factibilidade, esta pode ser questionada, pelo fato da
necessidade de um rastreamento ativo para poucas inclusões de participantes, consultas
psicológicas consideravelmente longas e alta taxa de contaminação do grupo controle
(31,8%).
Como resultado inesperado, identificou-se que os pacientes, mesmo após de
informados sobre sua situação clínica atual, ainda apresentaram pensamento irreal sobre a
doença, acreditando em sua curabilidade.
Não foi observado melhora dos escores de depressão (desfecho primário do estudo)
nos braços de intervenção em relação ao braço controle.
Por meio de avaliação dos ES, foi observado um possível impacto das intervenções no
domínio funcionamento emocional (principalmente) e também frente aos sintomas de
ansiedade, que precisam ser melhor avaliados em estudos futuros.
Foi possível evidenciar que há uma tendência dos escores de sintomas e de QV
melhorarem ao longo do tempo, independentemente de qual intervenção recebam. Já os
escores que avaliaram a satisfação do paciente também não se diferenciaram entre os
braços do estudo durante as avaliações.
68
8 CRONOGRAMA
Atividades 2014 2015 2016
06 07 08 09 10 11 12 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 01 02 03 04 05 06 07 08 09
Revisão bibliográfica x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Aprovação pelo CEP x x
Disciplinas x x x x x x x x x x
Coleta de dados x x x x x x x x x x x x x x
Análise dos dados x x x x x x x x x
Redação da dissertação x x x x x x x x x x x x
Preparação e encaminhamento
do artigo para publicação x x x x x x x
Defesa da dissertação x
68
69
REFERÊNCIAS
1. World Health Organization, IARC. All Cancers (excluding non-melanoma skin cancer) Estimated Incidence, Mortality and Prevalence Worldwide in 2012. GLOBOCAN 2012: Estimated Cancer Incidence: World Health Organization; 2014. 2. InstitutoNacionaldeCâncerJoséAlencarGomesdaSilva. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2014. 3. Holland J. Principles of psycho-oncology. In: Holland J, Bast R, al. MDe, editors. Cancer Medicine. USA: Lippincott Williams and Wilkins; 1997. p. 1327-43. 4. Ozkan S. Psychiatric and psychosocial aspects of cancer. Consultation-Liaison Psychiatry Congress Book 1998- 1999; Instanbul1999. p. 140-52. 5. World Health Organization, IARC. All Cancers (excluding non-melanoma skin cancer) Estimated Incidence, Mortality and Prevalence Worldwide in 2012. France: World Health Organization; 2014. 6. Sherwood P, Given BA, Given CW, Champion VL, Doorenbos AZ, Azzouz F, et al. A cognitive behavioral intervention for symptom management in patients with advanced cancer. Oncol Nurs Forum. 2007 Nov;32(6):1190-8. 7. McMillan SC, Small BJ. Symptom distress and quality of life in patients with cancer newly admitted to hospice home care. Oncol Nurs Forum. 2002 Nov-Dec;29(10):1421-8. 8. Teunissen SC, Wesker W, Kruitwagen C, de Haes HC, Voest EE, de Graeff A. Symptom prevalence in patients with incurable cancer: a systematic review. J Pain Symptom Manage. 2007 Jul;34(1):94-104. 9. Clark D. From margins to centre: a review of the history of palliative care in cancer. The Lancet Oncology. 2007;8(5):430-8. 10. Loscalzo MJ. Palliative care: an historical perspective. Hematology / the Education Program of the American Society of Hematology American Society of Hematology Education Program. 2008:465. 11. Fallon M, Smyth J. Terminology: the historical perspective, evolution and current usage--room for confusion? Eur J Cancer. 2008 May;44(8):1069-71. 12. Hui D, De La Cruz M, Mori M, Parsons HA, Kwon JH, Torres-Vigil I, et al. Concepts and definitions for "supportive care," "best supportive care," "palliative care," and "hospice care" in the published literature, dictionaries, and textbooks. Support Care Cancer. 2013 Mar;21(3):659-85. 13. World Health Organization, WorldwidePalliativeCareAlliance. Global Atlas of Palliative Care at the End of Life. London: World Health Organization; 2014. 14. InstitutoNacionaldeCâncerJoséAlencarGomesdaSilva. Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: INCA; 2014 [cited 2014 Mar 20]; Available from: http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=474. 15. Greer JA, Traeger L, Bemis H, Solis J, Hendriksen ES, Park ER, et al. A pilot randomized controlled trial of brief cognitive-behavioral therapy for anxiety in patients with terminal cancer. Oncologist. 2012;17(10):1337-45. 16. Meyers FJ, Linder J. Simultaneous care: disease treatment and palliative care throughout illness. J Clin Oncol. 2003 Apr 1;21(7):1412-5. 17. Meyers FJ, Linder J, Beckett L, Christensen S, Blais J, Gandara DR. Simultaneous care: a model approach to the perceived conflict between investigational therapy and palliative care. J Pain Symptom Manage. 2004 Dec;28(6):548-56.
70
18. Hui D, Elsayem A, Li Z, De La Cruz M, Palmer JL, Bruera E. Antineoplastic therapy use in patients with advanced cancer admitted to an acute palliative care unit at a comprehensive cancer center: a simultaneous care model. Cancer. 2010 Apr 15;116(8):2036-43. 19. Zimmermann C, Swami N, Krzyzanowska M, Hannon B, Leighl N, Oza A, et al. Early palliative care for patients with advanced cancer: a cluster-randomised controlled trial. Lancet. 2014 Feb 18. 20. Molassiotis A, Brearley S, Saunders M, Craven O, Wardley A, Farrell C, et al. Effectiveness of a home care nursing program in the symptom management of patients with colorectal and breast cancer receiving oral chemotherapy: a randomized, controlled trial. J Clin Oncol. 2009 Dec 20;27(36):6191-8. 21. Rummans TA, Clark MM, Sloan JA, Frost MH, Bostwick JM, Atherton PJ, et al. Impacting quality of life for patients with advanced cancer with a structured multidisciplinary intervention: a randomized controlled trial. J Clin Oncol. 2006 Feb 1;24(4):635-42. 22. Dastan NB, Buzlu S. Psychoeducation intervention to improve adjustment to cancer among Turkish stage I-II breast cancer patients: a randomized controlled trial. Asian Pac J Cancer Prev. 2012/12/19 ed2012. p. 5313-8. 23. Temel JS, Greer JA, Muzikansky A, Gallagher ER, Admane S, Jackson VA, et al. Early palliative care for patients with metastatic non-small-cell lung cancer. N Engl J Med. 2010 Aug 19;363(8):733-42. 24. Smith TJ, Temin S, Alesi ER, Abernethy AP, Balboni TA, Basch EM, et al. American Society of Clinical Oncology provisional clinical opinion: the integration of palliative care into standard oncology care. J Clin Oncol. 2012 Mar 10;30(8):880-7. 25. Hui D, Kim SH, Kwon JH, Tanco KC, Zhang T, Kang JH, et al. Access to palliative care among patients treated at a comprehensive cancer center. Oncologist. 2012;17(12):1574-80. 26. Gott M, Ingleton C, Bennett MI, Gardiner C. Transitions to palliative care in acute hospitals in England: qualitative study. BMJ. 2011;342:d1773. 27. Miyashita M, Hirai K, Morita T, Sanjo M, Uchitomi Y. Barriers to referral to inpatient palliative care units in Japan: a qualitative survey with content analysis. Support Care Cancer. 2008 Mar;16(3):217-22. 28. Rugno FC, Paiva BS, Nunes JS, Paiva CE. "There won't' be anything else...it's over": Perceptions of women referred to palliative care only. Eur J Oncol Nurs. 2014 Jan 29. 29. Ellis A. Reason and emotion in psychoterapy. New York: Stuart; 1962. 30. Dobson KS, Dozois DJA. Fundamentos históricos e filosóficos das terapias cognitivo-comportamentais. In: Dobson KS, editor. Manual de Terapias Cognitivo-Comportamentais. Porto Alegre: Artmed; 2006. 31. Beck AT, Alford BAA. O Poder Integrador da Terapia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 2000. 32. Guimarães SS. Técnicas cognitivas e comportamentais. In: Rangé BP, editor. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed; 2011. p. 800. 33. Zenger M, Glaesmer H, Hockel M, Hinz A. Pessimism predicts anxiety, depression and quality of life in female cancer patients. Jpn J Clin Oncol. 2011 Jan;41(1):87-94. 34. Pitceathly C, Maguire P, Fletcher I, Parle M, Tomenson B, Creed F. Can a brief psychological intervention prevent anxiety or depressive disorders in cancer patients? A randomised controlled trial. Ann Oncol. 2009 May;20(5):928-34.
71
35. Doorenbos A, Given B, Given C, Verbitsky N, Cimprich B, McCorkle R. Reducing symptom limitations: a cognitive behavioral intervention randomized trial. Psychooncology. 2005 Jul;14(7):574-84. 36. Trask PC, Paterson AG, Griffith KA, Riba MB, Schwartz JL. Cognitive-behavioral intervention for distress in patients with melanoma: comparison with standard medical care and impact on quality of life. Cancer. 2003 Aug 15;98(4):854-64. 37. Dobson KS. Handbook of Cognitive-Behavioral Therapies. New York: Guilford Press; 2001. 38. Given CW, Given B, Champion VL, Kozachik S, DeVoss DN. Evidence-based Behavioral Interventions on Oncology: State of the Knowledge Across the Cancer Care Continuum. New York: Springer; 2003. 39. Quesnel C, Savard J, Simard S, Ivers H, Morin CM. Efficacy of cognitive-behavioral therapy for insomnia in women treated for nonmetastatic breast cancer. J Consult Clin Psychol. 2003 Feb;71(1):189-200. 40. Benor DE, Delbar V, Krulik T. Measuring impact of nursing intervention on cancer patients' ability to control symptoms. Cancer Nurs. 1998 Oct;21(5):320-34. 41. Beck JS. Terapia Cognitiva: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed; 1997. 42. Cunha JA. Manual da versão em português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2001. 43. Beck AT, Brown GK. BDI-II: Inventário de Depressão de Beck II / adaptação para o português. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2011. 44. Snaith RP. The Hospital Anxiety And Depression Scale. Health Qual Life Outcomes. 2003;1:29. 45. Zigmond AS, Snaith RP. The hospital anxiety and depression scale. Acta Psychiatr Scand. 1983 Jun;67(6):361-70. 46. Botega NJ, Bio MR, Zomignani MA, Garcia Jr C, Pereira WAB. Transtornos do humor em enfermaria de clínica médica e validação de escala de medida (HAD) de ansiedade e depressão. Rev Saúde Pública. 1995;29. 47. Santos IS, Tavares BF, Munhoz TN, Almeida LSP, Silva NTB, Tams BD, et al. Sensibilidade e especificidade do Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) entre adultos da população geral. Cad Saúde Pública. 2013;29:10. 48. Abrahamian R. Uma experiência de psicoterapia de grupo dentro da Estratégia Saúde da Família. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2011;6:4. 49. Bruera E, Kuehn N, Miller MJ, Selmser P, Macmillan K. The Edmonton Symptom Assessment System (ESAS): a simple method for the assessment of palliative care patients. J Palliat Care. 1991 Summer;7(2):6-9. 50. Paiva CE, Manfredini LL, Paiva BS, Hui D, Bruera E. The Brazilian Version of the Edmonton Symptom Assessment System (ESAS) Is a Feasible, Valid and Reliable Instrument for the Measurement of Symptoms in Advanced Cancer Patients. PLoS One. 2015;10(7):e0132073. 51. Temel JS, Lynch TJ, Pirl WF, Fidias P, Sequist L, Suk R, et al. A randomized controlled trial of integrated versus standard palliative care in patients with advanced non-small cell lung cancer. 2008:47. 52. Kristjanson LJ. Validity and reliability testing of the FAMCARE Scale: measuring family satisfaction with advanced cancer care. Soc Sci Med. 1993 Mar;36(5):693-701.
72
53. Lo C, Burman D, Rodin G, Zimmermann C. Measuring patient satisfaction in oncology palliative care: psychometric properties of the FAMCARE-patient scale. Qual Life Res. 2009 Aug;18(6):747-52. 54. Lo C, Burman D, Hales S, Swami N, Rodin G, Zimmermann C. The FAMCARE-Patient scale: measuring satisfaction with care of outpatients with advanced cancer. Eur J Cancer. 2009 Dec;45(18):3182-8. 55. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976). 2000 Dec 15;25(24):3186-91. 56. Shapiro SS, Wilk MB. An Analysis of Variance Test for Normality (Complete Samples). Biometrika. 1965;52. 57. Cohen J. Statistical Power Analysis for the Behavioral Sciences. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates; 1988. 58. Hui D, Glitza I, Chisholm G, Yennu S, Bruera E. Attrition rates, reasons, and predictive factors in supportive care and palliative oncology clinical trials. Cancer. 2013 Mar 1;119(5):1098-105. 59. HospitaldeCâncerdeBarretos. Política Institucional. Barretos: Hospital de Câncer de Barretos; 1999-2016 [cited 2016 Jul 07]; Available from: https://hcancerbarretos.com.br/politica-institucional. 60. Brenne E, Loge JH, Lie H, Hjermstad MJ, Fayers PM, Kaasa S. The Edmonton Symptom Assessment System: Poor performance as screener for major depression in patients with incurable cancer. Palliat Med. 2016 Jun;30(6):587-98. 61. Hwang KH, Cho OH, Yoo YS. Symptom clusters of ovarian cancer patients undergoing chemotherapy, and their emotional status and quality of life. Eur J Oncol Nurs. 2016 Apr;21:215-22. 62. Irwin KE, Greer JA, Khatib J, Temel JS, Pirl WF. Early palliative care and metastatic non-small cell lung cancer: potential mechanisms of prolonged survival. Chron Respir Dis. 2013 Feb;10(1):35-47. 63. Giese-Davis J, Collie K, Rancourt KM, Neri E, Kraemer HC, Spiegel D. Decrease in depression symptoms is associated with longer survival in patients with metastatic breast cancer: a secondary analysis. J Clin Oncol. 2011 Feb 1;29(4):413-20. 64. Lo C, Zimmermann C, Rydall A, Walsh A, Jones JM, Moore MJ, et al. Longitudinal study of depressive symptoms in patients with metastatic gastrointestinal and lung cancer. J Clin Oncol. 2010 Jun 20;28(18):3084-9. 65. Pirl WE, Greer JA, Gallagher ER, Jackson VA, Lennes IT, Temel JS. Early palliative care, depression, and survival in metastatic NSCLC. 2011 ASCO Annual Meeting: J Clin Oncol; 2011. 66. Temel JS, El-Jawahri A, Greer JA, Pirl WF, Jackson VA, Park ER, et al. Randomized trial of early integrated palliative and oncology care. 2016 ASCO Annual Meeting: J Clin Oncol; 2016. 67. Polidoro Lima M, Osorio FL. Indicators of psychiatric disorders in different oncology specialties: a prevalence study. J Oncol. 2014;2014:350262. 68. Lima MP, Longatto-Filho A, Osorio FL. Predictor Variables and Screening Protocol for Depressive and Anxiety Disorders in Cancer Outpatients. PLoS One. 2016;11(3):e0149421. 69. De Vita Jr V, Lawrence TS, Rosenberg SA. Cancer. Principles and Practice of Oncology. Philadelphia: Lippincot Williams & Wilkins; 2008.
73
70. Hong WK, Bast Jr RC, Hait WN, Kufe DW, Pollock RE, Weichselbaum RR, et al. Holland – Frei Cancer Medicine. Hamilton: BC Decker; 2010. 71. Bakitas M, Lyons KD, Hegel MT, Balan S, Barnett KN, Brokaw FC, et al. The project ENABLE II randomized controlled trial to improve palliative care for rural patients with advanced cancer: baseline findings, methodological challenges, and solutions. Palliat Support Care. 2009 Mar;7(1):75-86. 72. El-Jawahri A, Jackson VA, Greer JA, Pirl WF, Park ER, Back A, et al. Early integrated palliative care to improve family caregivers (FC) outcomes for patients with gastrointestinal and lung cancer. 2016 ASCO Annual Meeting: J Clin Oncol 2016. 73. SociedadeBrasileiradeOncologiaClínica. Consenso da Dor Oncológica. Belo Horizonte: SBOC; 2016 [cited 2016 Jul 07]; Available from: http://www.sboc.org.br/consenso-da-dor-oncologica/. 74. Knapp A, Beck AT. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da terapia cognitiva. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2008;30. 75. Knapp A. Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed; 2004. 76. Freud S. O Eu e o ID - Autobiografia e Outros Textos / 1923-1925. São Paulo: Companhia das Letras; 2011. 77. Volpi JH. Mecanismos de defesa. Curitiba: Centro Reichiano2008. 78. Utne I, Miaskowski C, Paul SM, Rustoen T. Association between hope and burden reported by family caregivers of patients with advanced cancer. Support Care Cancer. 2013 Sep;21(9):2527-35. 79. Surbone A, Baider L, Weitzman TS, Brames MJ, Rittenberg CN, Johnson J. Psychosocial care for patients and their families is integral to supportive care in cancer: MASCC position statement. Support Care Cancer. 2010 Feb;18(2):255-63. 80. Edwards A, Pang N, Shiu V, Chan C. The understanding of spirituality and the potential role of spiritual care in end-of-life and palliative care: a meta-study of qualitative research. Palliat Med. 2010 Dec;24(8):753-70. 81. Temel JS, Greer JA, Admane S, Jackson VA, Billings JA, Dahlin CM, et al. Illness understanding in patients with advanced lung cancer. J Clin Oncol. 2009;27. 82. Leme MAVS, Bussab VSR, Otta E. A representação social da Psicologia e do psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão. 1989;9(1). 83. Morton V, Torgerson DJ. Effect of regression to the mean on decision making in health care. BMJ. 2003 May 17;326(7398):1083-4. 84. AmericanSocietyofClinicalOncology(ASCO). Post-Traumatic Stress Disorder and Cancer. Alexandria: Cancer.Net; 2005-2016 [cited 2016 Jul 7]; Available from: http://www.cancer.net/survivorship/life-after-cancer/post-traumatic-stress-disorder-and-cancer. 85. NationalCancerInstitute. Assessment of Post-traumatic Stress and Post-traumatic Stress Disorder in the Cancer Setting. National Cancer Institute; 2016 [cited 2016 Jul 07]; Available from: http://www.cancer.gov/about-cancer/coping/survivorship/new-normal/ptsd-hp-pdq#section/_146. 86. Copeland D, Liska H. Implementation of a Post-Code Pause: Extending Post-Event Debriefing to Include Silence. J Trauma Nurs. 2016 Mar-Apr;23(2):58-64. 87. Fodor KE, Bitter I. [Psychological interventions following trauma to prevent posttraumatic stress disorder. A systematic review of the literature]. Orv Hetil. 2015 Aug 16;156(33):1321-34.
74
Anexo A
Journal ListTrialsv.16; 2015PMC4413544
Trials. 2015; 16: 160.
Published online 2015 Apr 12. doi: 10.1186/s13063-015-0655-8
PMCID: PMC4413544
A phase II study in advanced cancer patients to evaluate the early
transition to palliative care (the PREPArE trial): protocol study for a
randomized controlled trial
Thamires Monteiro do Carmo, Bianca Sakamoto Ribeiro Paiva, Milena Ruas de Siqueira, Luciana de Toledo Bernardes da Rosa, Cleyton Zanardo de Oliveira, Maria Salete de Angelis Nascimento, and Carlos
Eduardo Paiva
Author information ► Article notes ► Copyright and License information ►
Abstract
Go to:
Background
Approximately 32.6 million people worldwide are living with cancer that has been diagnosed
within the last five years [1]. Many cancer cases are diagnosed as metastatic disease despite
advances in cancer prevention strategies. Furthermore, a significant portion of these cases are
associated with disease recurrence during the monitoring period. These advanced disease
cases are eligible for concurrent or exclusive monitoring by specialized palliative care (PC)
teams. Approximately 6.5 million cancer patients are in PC worldwide [2].
The World Health Organization has defined PC as ‘an approach that improves the quality of
life (QL) of patients and families who face a life-threatening illness through the prevention
and relief of suffering. This approach is based on the early identification, assessment, and
treatment of pain and other physical, psychosocial, and spiritual problems’ [3]. Therefore, PC
should be provided by a multidisciplinary team that acts integrally in outpatient, hospital,
and/or home environments [4,5].
Temel et al. [6] evaluated the early integration of PC in non-small cell lung cancer patients
who were starting first-line palliative chemotherapy. An improvement in the QL scores and a
decrease in the symptoms of depression were evident 12 weeks after randomization.
Furthermore, they found that the patients who received early PC were submitted to fewer
aggressive treatments in the final stages of life. A post-hoc analysis inclusively demonstrated
75
a 2.7-month increase in the overall survival rate of patients who received PC. A study by
Bakitas et al. [7] evaluated the early introduction of a psychoeducational program in the
treatment of cancer patients from rural areas in the United States. The authors observed
improved QL scores and reduced symptoms of depression over time. More recently, a cluster
randomized clinical trial [8] evaluated the early introduction of PC in a general oncology
population in Canada. The main objective of this study was to improve the spiritual QL of
patients 3 months after randomization. Improvements in the overall QL at 3 and 4 months
after randomization, the spiritual QL after 4 months and patient satisfaction were observed in
the patients who received early PC.
Despite evidence of the positive impact of early PC on the progress of cancer patients, PC is
often provided to patients at later stages even at oncology and PC reference centers [9]. In
Brazil, reliable information on how and when cancer patients are referred to PC is lacking;
however, we believe that patients are referred late to PC. The inadequate awareness and
stigmatization of PC, which is perceived as a place to die, are barriers that complicate the
early referral of patients to PC [10,11]. The title ‘Palliative Care’, which implies
improvisation or something provisional, has complicated patient acceptance of PC within the
context of early cancer support during chemotherapy. Patients who are referred to PC are
often anxious at the first appointment [12], which leads to a high absenteeism rate.
Therefore, the main hypothesis of the present study is that patients with advanced cancer may
benefit from a psychosocial and educational strategy that adequately prepares them for initial
PC appointments after an early referral to PC.
Go to:
Methods/design
Main objectives
The main objectives of this study are as follows:
1. To assess the feasibility of a brief psychosocial intervention based on cognitive
behavioral therapy (CBT) and early PC in advanced cancer patients, including patient
acceptance and satisfaction.
2. To assess the impact of the intervention on symptoms of depression at 90 days after
randomization and to compare the differences between the intervention groups and the
control group and between the intervention groups.
Secondary objectives
The secondary objectives of the study are as follows:
76
1. To assess the impact of the interventions on symptoms of depression at 45, 120 and
180 days after randomization and to compare the differences between the intervention
groups and the control group and between the intervention groups.
2. To assess the impact of the interventions on anxiety symptoms at 45, 90, 120 and
180 days after randomization and to compare the differences between the intervention
groups and the control group and between the intervention groups.
3. To assess the impact of the interventions on the QL scores at 45, 90, 120 and 180 days
after randomization and to compare the differences between the intervention groups
and the control group and between the intervention groups;
4. To assess the impact of the interventions on symptom scores (pain, fatigue, nausea,
drowsiness, anorexia, dyspnea, and insomnia) at 45, 90, 120 and 180 days after
randomization and to compare the differences between the intervention groups and the
control group and between the intervention groups.
5. To assess the differences in disease awareness at 45, 90, 120 and 180 days after
randomization in the three arms of the trial.
6. To assess the differences in the number of invasive procedures at the end of life, such
as intensive care unit admissions and chemotherapy during the last 14 to 28 days of
life, between the treatment arms.
Study design
This study will be a randomized open-label, phase II clinical trial with two intervention arms
and a control group. Figure 1 summarizes the study design.
Figure 1
77
Study flowchart.
Eligibility criteria
Inclusion criteria
Age ≥18 years and <75 years.
Adequate knowledge about the cancer diagnosis.
First-line palliative chemotherapy.
Eastern Cooperative Oncology Group Performance Status (ECOG-PS) ≤2.
Life expectancy >6 months and <24 months (according to the medical oncologist).
One of the following diagnoses: metastatic or unresectable recurrent breast cancer,
stage IIIC or IV recurrent platinum-resistant ovarian cancer, metastatic or unresectable
recurrent cervix cancer, metastatic or unresectable recurrent endometrial cancer,
metastatic or unresectable recurrent head and neck cancer (after previous
radiotherapy), hormone-refractory metastatic or unresectable recurrent prostate cancer,
metastatic or unresectable recurrent genitourinary cancer, metastatic or unresectable
recurrent non-small cell lung cancer, extensive-stage or recurrent small cell lung
cancer, or metastatic or unresectable recurrent gastrointestinal cancer.
Exclusion criteria
Patients can be excluded from the study for any of the following:
1. Any current psychological treatment due to a psychological disorder.
2. Current antidepressant use to treat depressive disorders and/or anxiety.
3. Regular follow-up in the PC department due to advanced cancer or an immediate
referral to PC by the assistant physician.
4. Any cognitive deficit or attention problem that could interfere with the ability of
patients to answer questionnaires or understand the study aims (according to the
investigator).
5. A current or previously established diagnosis of any of the following psychological
conditions: substance-related disorders, schizophrenia and other psychotic disorders,
mood disorders (depressive disorders, bipolar disorders), anxiety disorders,
dissociative disorders, personality disorders, and/or a history of a suicide attempt.
6. Single resected metastasis.
7. Any comorbid condition that would interfere with patient safety, compliance with the
study, or the interpretation of the results according to the investigator.
78
Data collection and randomization
The psychological intervention will be conducted by psychologists trained for the study. Data
collection will be conducted by a team of research coordinators from the Center for Research
Support at Barretos Cancer Hospital (BCH; Barretos, SP, Brazil).
A trained member of the Center for Research Support, not involved in data collection or
statistical analysis, was assigned to handle the randomization process, using tables of random
numbers. The study participants will be randomized (1:1:1) into arms A, B or C.
Randomization will be based on blocks of six patients and will be stratified as follows: breast,
gynecological, gastrointestinal, urological, head and neck, and thoracic. The study arms will
be as follows:
1. Arm A (experimental): psychosocial plus early PC, including five weekly
psychosocial interventions based on CBT plus early PC (a first medical consult at the
Palliative Care Service will be scheduled for 2 to 3 weeks from the study inclusion
date and every 3 to 4 weeks thereafter).
2. Arm B (experimental): early PC (a first medical consult at the Palliative Care Service
will be scheduled for 2 to 3 weeks from the study inclusion date and every 3 to
4 weeks thereafter).
3. Arm C (no intervention): standard oncologic care.
Measures
The Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) is a widely used tool for screening
cancer patients for anxiety and depression [13]. The HADS consists of 14 items that are
divided into two subscales of seven items each (HADS-A and HADS-D). The score for each
item ranges from 0 to 3. A score of 0 is the minimum score for each subscale, and 21 is the
maximum score. The psychometric properties of HADS have previously been assessed in the
Brazilian population and are considered adequate [14].
The Patient Health Questionnaire (PHQ-9) is derived from the Primary Care Evaluation of
Mental Disorders (PRIME-MD) screening questionnaire for depressive symptoms, which was
originally developed to screen patients for depression, anxiety, alcohol abuse, somatoform
disorders, and eating disorders [15]. The PHQ-9 was validated for use in Brazil in 2013 and is
considered a useful tool for screening depression symptoms [16]. The PHQ-9 consists of nine
questions that examine the presence of major depressive episode symptoms (Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders IV, DSM-IV) using the 4-point Likert scale (0 to 3)
for a total of 27 points.
The European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life
Questionnaire Core 15 Pal (EORTC QLQ-C15-Pal) consists of 15 items, and 14 of these
items are answered using 4-point Likert-type scales (1 to 4). In addition, a single item
assesses overall QL, which is measured using a numerical scale that ranges from 1 to 7. The
QLQ-C15-Pal assesses two functional scales (physical and emotional), two symptom scales
79
(fatigue and pain), and five single-item scales (nausea/vomiting, dyspnea, insomnia, loss of
appetite, and constipation) [17]. The EORTC-QLQ-C15-Pal was validated for use in Brazil in
2013 with adequate psychometric properties [18].
The Brazilian version of the Edmonton Symptom Assessment Scale (ESAS-br) consists of a
visual numeric scale with scores of 0 to 10 to assess ten symptoms, including pain, fatigue,
drowsiness, nausea, depression, anxiety, loss of appetite, feeling of wellness, breathlessness,
and insomnia [19]. The ESAS-br was associated with adequate psychometric properties when
used in a Brazilian population (Paiva et al., unpublished data).
The Disease Awareness Protocol is a translated version of the protocol on cancer awareness
and treatment that was used by Temel et al. and was adapted for this study [6]. This protocol
assesses patient perception regarding their chance of a cure and the objective of chemotherapy
(see Additional file 1).
The Family Satisfaction with End-of-Life Care (FAMCARE)-Patient scale, originally titled
FAMCARE, was developed to assess the satisfaction of family caregivers of advanced cancer
patients with healthcare [20]. Subsequently, Lo et al. [21] modified the original items to
transform this instrument into a 16-item scale for assessing the satisfaction of patients with
advanced cancer who undergo outpatient treatment. The most current version of the scale
includes 13 items with 5-point Likert-type scale responses that range from ‘very dissatisfied’
(a score of 1) to ‘very satisfied’ (a score of 5) [22]. One item, ‘emotional support provided by
the healthcare team’, was added to this questionnaire in the present study because of the
nature of the intervention under study. The Portuguese version that was used in the study
underwent translation, cultural adaptation, and pre-testing according to Beaton et al. [23].
Interventions
Psychosocial intervention based on cognitive behavioral therapy methods
Weekly individual sessions of 40 to 50 minutes in duration will be performed in a properly
equipped room for the reception and accommodation of participants. The care protocol that
was developed for the present study was based on the method of structuring sessions as
proposed by Beck [24] and was adapted from a previous study [25]. The psychosocial
intervention is described in detail in Table 1.
Table 1
80
Detailed structured psychosocial and educational intervention
Early palliative care
The Palliative Care Unit of BCH offers an outpatient clinic and an inpatient ward with 52
beds that are dedicated to cancer patients who are receiving PC. Six PC doctors were asked to
participate in this study and have received training. The Palliative Care Unit includes a
medical team and a multidisciplinary team of nurses, nurse assistants, nutritionists, physical
therapists, psychologists, speech therapists, occupational therapists, music therapists, dentists,
and social workers. An evaluation of the research participants by members of the
multidisciplinary team may be requested according to the evaluation by the primary physician
of the study.
All of the patients will be evaluated by PC physicians every 3 ± 1 weeks, and the first
appointment should occur 2 to 3 weeks after randomization. Therefore, the first PC
appointment will occur after the first two sessions of the psychosocial and educational
intervention for participants who are allocated to Arm A. The appointments will follow a
standard care protocol, which shall be duly recorded in medical records using a standardized
protocol for filling out the forms.
The participants in Arm C may receive a routine PC evaluation depending on the indication
from the attending oncologist. The patients in Arms A and B who have not undergone at least
one session of PC and the patients in Arm A who have not participated in the first two
sessions of the psychosocial and educational intervention will be excluded from the statistical
analyses.
Primary outcome measures
The primary outcome measures are listed below:
1. Descriptive results about the feasibility of the interventions (the average duration of
each intervention session in minutes, the number of absences and the reasons for non-
attendance in the intervention groups, the accrual rate, and the reasons for
ineligibility).
2. Changes in satisfaction with care from baseline according to the FAMCARE-Patient
scale at days 45, 90, 120 and 180.
3. Changes in depression symptoms from baseline according to the HADS-D and PHQ-9
at day 90.
Secondary outcome measures
The secondary outcome measures are listed below:
1. Changes in depressive symptoms from baseline according to the HADS-D and PHQ-9
at days 45, 120 and 180.
81
2. Changes in anxiety symptoms from baseline according to the HADS-A at days 45, 90,
120 and 180; the proportion of patients who believe that their cancer is curable as
measured using an adapted instrument to evaluate patient awareness (all of the patients
will have incurable advanced cancers; therefore, patients who claim that their disease
is curable will be interpreted as not being adequately aware of their prognosis).
3. Changes in cancer symptoms from baseline according to the ESAS-br at days 45, 90,
120 and 180; changes in QL from baseline according to the EORTC QLQ-C15-Pal at
days 45, 90, 120 and 180.
Statistical analysis
The demographic and clinical pretreatment characteristics of the patients will be compared
between the study arms (A versus B versus C) using the analysis of variance (ANOVA) test
for independent measurements (for the continuous variables) and the chi-squared test (for the
categorical variables). Data normality will be assessed using the Shapiro-Wilk test [26] and
the data distribution patterns. Cohen’s d effect size will be calculated according to the mean
difference between the two treatment evaluations divided by the pooled standard deviation of
the sample. The analysis of repeated measurements will be performed for each type of
outcome at 45, 90, 120 and 180 days after randomization, and these results will be compared
to those at the beginning of the study. The effect size will be calculated between Arms A
versus C, B versus C, A versus B, and also Arms A plus B versus C. The effect size between
the groups will be considered small (0.20 to 0.49), moderate (0.5 to 0.79) or large (≥0.80)
[27]. The scores for depression and anxiety symptoms and QL will be compared over time
using a mixed model analysis of variance (ANOVA) for repeated measurements. The disease
awareness scores and the rate of end-of-life invasive procedures will be compared using the
chi-squared test (or Fisher’s exact test). A P value <0.05 will be considered statistically
significant. The statistical software SPSS v.21 will be used for the statistical analyses.
Sample size calculation
For the a priori power analysis, GPower software v.3.0 (Heinrich-Heine-Universität,
Düsseldorf, Germany) [28] was used to calculate the minimum sample size required for this
study. Cohen’s effect size was randomly considered moderate to large (Cohen’s d = 0.65)
according to decreased HADS-D and PHQ-9 scores when the experimental arms (A or B)
were compared with the control group (Arm C). The estimated sample size would be 39
participants in each arm for a difference between independent means, α of 5% (two-tailed
hypothesis) and a power of 80%. Each group shall have a total of 50 patients considering a
monitoring loss rate of 25% to 30%. A study of this size will have 80% power to detect
differences between Arms A plus B versus Arm C on the depression symptom scores
associated with an effect size of 0.5 and alpha of 5%. This study is preliminary in nature, and
a key objective of this study is to assess the feasibility and acceptability of a new clinical
intervention. Furthermore, this study aims to assess the magnitude of the effect of adding a
82
psychosocial intervention to early PC, which has not been determined according to the
literature and would be useful in planning a future definitive phase III trial.
Monitoring committee
An independent monitoring committee that consists of staff from the Center for Research
Support (Coordenadores de Pesquisa do Núcleo de Apoio ao Pesquisador, NAP) of BCH will
monitor the collection and analysis of the study data.
Interim data analysis
An interim analysis is planned for 90 days after the inclusion of 20 participants with complete
data in each arm. If Cohen’s effect size between Arms A and B is <0.2 the authors will
consider ways to strengthen the psychosocial intervention.
Ethical aspects
All of the individuals who meet the inclusion criteria will be invited to participate in the
study. Each participant will voluntarily sign an informed consent form. The research protocol
for this study was developed according to the standards of the National Health Council
Resolution number 466/12 and the guidelines of the Declaration of Helsinki. The study
protocol was approved by the Research Ethics Committee of the Barretos Cancer Hospital (n°
699/014).
Go to:
Discussion
The feasibility and impact of a brief psychosocial and educational strategy, which is based on
CBT, will be evaluated in patients with advanced cancer who start palliative chemotherapy to
determine whether the patients will be in a better condition when assessed for the first time by
a PC team. We believe that the benefits of psychological intervention shall be synergistic to
secondary emotional benefits from the early integration of PC. Therefore, this study will
evaluate a new strategy for the transition into PC. Furthermore, the inclusion of early PC with
or without a brief psychosocial and educational strategy will be compared to standard
oncological care in a control arm (first-line palliative chemotherapy) in which patients are
referred to PC by the attending physician.
Identifying the reasons patients are referred to PC services is essential because of the benefits
of early PC in patients with advanced cancer [6-8,29]. Patients are most likely referred to PC
too late even at oncology reference centers [9]. Two randomized phase III trials [6,7] found
that early PC was associated with lower levels of depression symptoms compared with
standard oncologic treatment. This study aims to confirm this benefit and to examine whether
the psychosocial and educational strategy can reduce depression symptoms over time. This
original approach may be useful in hospitals with settings similar to those at BCH. This large
hospital is dedicated exclusively to oncology and has a well-structured PC service; however,
83
this service is associated with significant patient stigmatization. Patients often perceive the PC
unit as being exclusively for dying patients, which complicates their acceptance of early
referral to PC.
The attribution of meaning is important for detecting maladaptive behaviors, which are
modifiable through interventions according to CBT [30]. CBT is based on the premise that
cognition affects behavior; however, cognition may be monitored and changed and the
desired behavioral change may be achieved through cognitive change [31]. CBT aims to
enable individuals to identify and modify their distorted or dysfunctional automatic thoughts
[32]. Evidence suggests that CBT may benefit advanced-stage cancer patients by reducing
anxiety symptoms, improving QL [33], and decreasing psychiatric disorders, which have been
observed in cancer patients who were classified as high-risk for the development of such
disorders [25]. Therefore, the study population in the present study (advanced-stage cancer
patients who start palliative chemotherapy) may be considered at a high risk for developing
depression. Psychoeducation is another key tool used in CBT. In a previous clinical trial,
cancer patients were submitted to a psychoeducational intervention. This strategy was
effective in improving disease awareness rates, and the patients were better equipped to deal
with problems, had lower levels of isolation and guilt, and felt a sense of belonging to the
group. A broad sharing of experiences and lessons by other patients with advanced cancer
was observed [34].
The strategy that has been proposed in this study is novel and has not yet been assessed in this
context. BCH receives patients from all of the states in Brazil, particularly patients from the
Southeast, Midwest and North regions because this hospital is recognized as a reference
institution in the Brazilian public health system. Despite being monocentric, this study will
assess the impact of the intervention in a culturally heterogeneous population with different
needs, and the results of this study may be generalized to the entire Brazilian population.
The study has several limitations and challenges. The main limitation is the small sample size.
This study is preliminary and will assess the feasibility of a new intervention and provide
initial data on the magnitude of its benefit. Therefore, the statistical significance of this
intervention is less important than the main objectives of the study. A larger confirmatory
study may be necessary depending on the results of this phase II study. This study will
include patients without underlying psychological problems. We anticipate difficulties in
enrolling patients because many advanced cancer patients receive psychological support and
use antidepressants as part of standard care. Another difficulty in enrolling patients may be
the stigma regarding the PC unit and psychological approaches. However, those difficulties
will be analyzed in the feasibility assessment.
Go to:
84
Trial status
Patient enrollment in the study began in August 2014. The last patient is expected to be
included in January 2017.
Go to:
Acknowledgements
We acknowledge financial support from the São Paulo Research Foundation (FAPESP; grant
no. 2014/22052-5). Additionally, the authors would like to thank Ms. Marielle Reis Borges
(research coordinator), Nathalia Campacci (research coordinator), and Joyce Ramos de
Almeida (research assistant) from the Research Support Group who are actively working on
the study and also the physicians from the Palliative Care Department for their valuable help
with the palliative care medical consults for the study.
Go to:
Abbreviations
BCH Barretos Cancer Hospital
CBT cognitive behavioral therapy
ECOG-OS Eastern Cooperative Oncology Group performance status
ESAS-Br Brazilian version of the Edmonton Symptom Assessment System
FAMCARE Family Satisfaction with End-of-life Care
HADS Hospital Anxiety and Depression Scale
PC Palliative Care
85
PHQ-9 Patient Health Questionnaire
PREPArE trial Pre-palliative Emotional Care Trial
QL quality of life
Additional file
Additional file 1:(18K, pdf)
Disease awareness protocol. Description of the disease awareness protocol used in the study.
Go to:
Footnotes
Competing interests
The authors declare that they have no competing interests.
Authors’ contributions
CEP and BSRP designed the study. TMC, MRS, LTBR, and CEP designed the psychosocial and educational intervention. MSAN and CEP designed the palliative care protocol. CZO provided guidance for the design of the statistical component of the trial. CEP and TMC drafted the manuscript. All authors have read and approved the final version of this manuscript.
Go to:
Contributor Information
Thamires Monteiro do Carmo, Email: [email protected].
Bianca Sakamoto Ribeiro Paiva, Email: moc.liamg@aviaprsb.
Milena Ruas de Siqueira, Email: rb.moc.lou@saurim.
Luciana de Toledo Bernardes da Rosa, Email: rb.moc.arret@asorbtul.
Cleyton Zanardo de Oliveira, Email: rb.moc.soterrabrecnach@acitsitatseoib.
Maria Salete de Angelis Nascimento, Email: rb.moc.lou@otnemicsanetelas.
Carlos Eduardo Paiva, Email: moc.liamg@iapuderac.
Go to:
86
References
1. GLOBOCAN 2012: Estimated Incidence, Mortality and Prevalence Worldwide in 2012.
Cancer fact sheets. http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_cancer.aspx. Accessed 28
November 2014.
2. Connor SR, Bermedo MCS. Global Atlas of Palliative Care at the End of Life. London:
Worldwide Palliative Care Alliance; 2014.
3. WHO Definition of Palliative Care. http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/.
Accessed 28 November 2014.
4. Crawford GB, Price SD. Team working: palliative care as a model of interdisciplinary
practice. Med J Aust. 2003;179(6 Suppl):S32–4. [PubMed]
5. Wiebe LA, Von Roenn JH. Working with a palliative care team. Cancer J. 2010;16:488–92.
doi: 10.1097/PPO.0b013e3181f28ae6. [PubMed] [Cross Ref]
6. Temel JS, Greer JA, Muzikansky A, Gallagher ER, Admane S, Jackson VA, et al. Early
palliative care for patients with metastatic non-small-cell lung cancer. N Engl J
Med. 2010;363:733–42. doi: 10.1056/NEJMoa1000678. [PubMed] [Cross Ref]
7. Bakitas M, Lyons KD, Hegel MT, Balan S, Brokaw FC, Seville J, et al. Effects of a
palliative care intervention on clinical outcomes in patients with advanced cancer: the Project
ENABLE II randomized controlled trial. JAMA. 2009;302:741–9. doi:
10.1001/jama.2009.1198. [PMC free article] [PubMed][Cross Ref]
8. Zimmermann C, Swami N, Krzyzanowska M, Hannon B, Leighl N, Oza A, et al. Early
palliative care for patients with advanced cancer: a cluster-randomised controlled
trial. Lancet. 2014;383:1721–30. doi: 10.1016/S0140-6736(13)62416-2. [PubMed] [Cross
Ref]
9. Hui D, Kim S-H, Kwon JH, Tanco KC, Zhang T, Kang JH, et al. Access to palliative care
among patients treated at a comprehensive cancer center. Oncologist. 2012;17:1574–80. doi:
10.1634/theoncologist.2012-0192. [PMC free article] [PubMed] [Cross Ref]
10. Gott M, Ingleton C, Bennett MI, Gardiner C. Transitions to palliative care in acute
hospitals in England: qualitative study. BMJ. 2011;342:d1773. [PMC free article] [PubMed]
11. Miyashita M, Hirai K, Morita T, Sanjo M, Uchitomi Y. Barriers to referral to inpatient
palliative care units in Japan: a qualitative survey with content analysis. Support Care
Cancer. 2008;16:217–22. doi: 10.1007/s00520-007-0215-1. [PubMed] [Cross Ref]
12. Paiva CE, Faria CB, Nascimento MSDA, Dos Santos R, Scapulatempo HHLRC, Costa E,
et al. Effectiveness of a palliative care outpatient programme in improving cancer-related
symptoms among ambulatory Brazilian patients. Eur J Cancer Care (Engl) 2012;21:124–30.
doi: 10.1111/j.1365-2354.2011.01298.x. [PubMed] [Cross Ref]
13. Zigmond AS, Snaith RP. The hospital anxiety and depression scale. Acta Psychiatr
Scand. 1983;67:361–70. doi: 10.1111/j.1600-0447.1983.tb09716.x. [PubMed] [Cross Ref]
14. Botega NJ, Bio MR, Zomignani MA, Garcia C. Pereira WA [Mood disorders among
inpatients in ambulatory and validation of the anxiety and depression scale HAD] Rev Saude
Publica. 1995;29:355–63. doi: 10.1590/S0034-89101995000500004. [PubMed] [Cross Ref]
87
15. Kroenke K, Spitzer RL, Williams JB. The PHQ-9: validity of a brief depression severity
measure. J Gen Intern Med. 2001;16:606–13. doi: 10.1046/j.1525-
1497.2001.016009606.x. [PMC free article] [PubMed][Cross Ref]
16. Santos IS, Tavares BF, Munhoz TN. Almeida LSP d, Silva NTB d, Tams BD, et al.
[Sensitivity and specificity of the Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) among adults from
the general population] Cad Saude Publica. 2013;29:1533–43. doi: 10.1590/S0102-
311X2013001200006. [PubMed] [Cross Ref]
17. Groenvold M, Petersen MA, Aaronson NK, Arraras JI, Blazeby JM, Bottomley A, et al.
The development of the EORTC QLQ-C15-PAL: a shortened questionnaire for cancer
patients in palliative care.Eur J Cancer. 2006;42:55–64. doi:
10.1016/j.ejca.2005.06.022. [PubMed] [Cross Ref]
18. Nunes NAH. The quality of life of Brazilian patients in palliative care: validation of the
European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Questionnaire
Core 15 PAL (EORTC QLQ-C15-PAL) Support Care Cancer. 2014;22:1595–600. doi:
10.1007/s00520-014-2119-1. [PubMed][Cross Ref]
19. Bruera E, Kuehn N, Miller MJ, Selmser P, Macmillan K. The Edmonton Symptom
Assessment System (ESAS): a simple method for the assessment of palliative care patients. J
Palliat Care. 1991;7:6–9. [PubMed]
20. Kristjanson LJ. Validity and reliability testing of the FAMCARE Scale: measuring family
satisfaction with advanced cancer care. Soc Sci Med. 1993;36:693–701. doi: 10.1016/0277-
9536(93)90066-D.[PubMed] [Cross Ref]
21. Lo C, Burman D, Rodin G, Zimmermann C. Measuring patient satisfaction in oncology
palliative care: psychometric properties of the FAMCARE-patient scale. Qual Life
Res. 2009;18:747–52. doi: 10.1007/s11136-009-9494-y. [PubMed] [Cross Ref]
22. Lo C, Burman D, Hales S, Swami N, Rodin G, Zimmermann C. The FAMCARE-Patient
scale: measuring satisfaction with care of outpatients with advanced cancer. Eur J
Cancer. 2009;45:3182–8. doi: 10.1016/j.ejca.2009.09.003. [PubMed] [Cross Ref]
23. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality
of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol. 1993;46:1417–
32. doi: 10.1016/0895-4356(93)90142-N. [PubMed] [Cross Ref]
24. Beck J. Terapia Cognitiva: Teoria E Prática. Porto Alegre: Artmed; 1997.
25. Pitceathly C, Maguire P, Fletcher I, Parle M, Tomenson B, Creed F. Can a brief
psychological intervention prevent anxiety or depressive disorders in cancer patients? A
randomised controlled trial. Ann Oncol. 2009;20:928–34. doi:
10.1093/annonc/mdn708. [PubMed] [Cross Ref]
26. Shapiro SS, Wilk MB. An Analysis of Variance Test for
Normality. Biometrika. 1965;52:591–611. doi: 10.1093/biomet/52.3-4.591. [Cross Ref]
27. Cohen J. Statistical Power Analysis for the Behavioral Sciences. Hillsdale: Lawrence
Erlbaum Associates; 1988.
88
28. Faul F, Erdfelder E, Lang A-G, Buchner A. G*Power 3: a flexible statistical power
analysis program for the social, behavioral, and biomedical sciences. Behav Res
Methods. 2007;39:175–91. doi: 10.3758/BF03193146. [PubMed] [Cross Ref]
29. Greer JA, Jackson VA, Meier DE, Temel JS. Early integration of palliative care services
with standard oncology care for patients with advanced cancer. CA Cancer J
Clin. 2013;63:349–63. doi: 10.3322/caac.21192. [PubMed] [Cross Ref]
30. Beck AT, Alford BA. O Poder Integrador Da Terapia Cognitiva. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul; 2000.
31. Hofmann SG, Asmundson GJG, Beck AT. The science of cognitive therapy. Behav
Ther. 2013;44:199–212. doi: 10.1016/j.beth.2009.01.007. [PubMed] [Cross Ref]
32. Rangé BP. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. In:
Psicoter Cogn um diálogo com a Psiquiatr. Porto Alegre: Artmed; 2011.
33. Greer JA, Traeger L, Bemis H, Solis J, Hendriksen ES, Park ER, et al. A pilot randomized
controlled trial of brief cognitive-behavioral therapy for anxiety in patients with terminal
cancer. Oncologist.2012;17:1337–45. doi: 10.1634/theoncologist.2012-0041. [PMC free
article] [PubMed] [Cross Ref]
34. Dastan NB, Buzlu S. Psychoeducation intervention to improve adjustment to cancer
among Turkish stage I-II breast cancer patients: a randomized controlled trial. Asian Pac J
Cancer Prev. 2012;13:5313–8. doi: 10.7314/APJCP.2012.13.10.5313. [PubMed] [Cross Ref]
35. Bruera E, Hui D. Integrating supportive and palliative care in the trajectory of cancer:
establishing goals and models of care. J Clin Oncol. 2010;28:4013–7. doi:
10.1200/JCO.2010.29.5618. [PubMed] [Cross Ref]
Articles from Trials are provided here courtesy of BioMed Central
89
CONSORT 2010 checklist of information to include when reporting a randomised trial*
Section/Topic Item No Checklist item
Reported on page No
Title and abstract 1a Identification as a randomised trial in the title
1b Structured summary of trial design, methods, results, and conclusions (for specific guidance see CONSORT for abstracts) **
Introduction Background and objectives
2a Scientific background and explanation of rationale 1-7
2b Specific objectives or hypotheses 9
Methods Trial design 3a Description of trial design (such as parallel, factorial) including allocation ratio 10-11
3b Important changes to methods after trial commencement (such as eligibility criteria), with reasons -
Participants 4a Eligibility criteria for participants 11-12
4b Settings and locations where the data were collected 11, 13
Interventions 5 The interventions for each group with sufficient details to allow replication, including how and when they were actually administered 13-18
Outcomes 6a Completely defined pre-specified primary and secondary outcome measures, including how and when they were assessed 20-21
6b Any changes to trial outcomes after the trial commenced, with reasons -
Sample size 7a How sample size was determined 23, 24
7b When applicable, explanation of any interim analyses and stopping guidelines -
Randomisation:
Sequence generation
8a Method used to generate the random allocation sequence 10-11
8b Type of randomisation; details of any restriction (such as blocking and block size) 10
Allocation concealment mechanism
9 Mechanism used to implement the random allocation sequence (such as sequentially numbered containers), describing any steps taken to conceal the sequence until interventions were assigned
-
Anexo B 8
9
90
Implementation 10 Who generated the random allocation sequence, who enrolled participants, and who assigned participants to interventions
-
Blinding 11a If done, who was blinded after assignment to interventions (for example, participants, care providers, those assessing outcomes) and how -
11b If relevant, description of the similarity of interventions -
Statistical methods 12a Statistical methods used to compare groups for primary and secondary outcomes 21-22
12b Methods for additional analyses, such as subgroup analyses and adjusted analyses -
Results Participant flow (a diagram is strongly recommended)
13a For each group, the numbers of participants who were randomly assigned, received intended treatment, and were analysed for the primary outcome 25
13b For each group, losses and exclusions after randomisation, together with reasons 25
Recruitment 14a Dates defining the periods of recruitment and follow-up 24
14b Why the trial ended or was stopped -
Baseline data 15 A table showing baseline demographic and clinical characteristics for each group 26-27
Numbers analysed 16 For each group, number of participants (denominator) included in each analysis and whether the analysis was by original assigned groups 32-49
Outcomes and estimation
17a For each primary and secondary outcome, results for each group, and the estimated effect size and its precision (such as 95% confidence interval) 32-49
17b For binary outcomes, presentation of both absolute and relative effect sizes is recommended -
Ancillary analyses 18 Results of any other analyses performed, including subgroup analyses and adjusted analyses, distinguishing pre-specified from exploratory -
Harms 19 All important harms or unintended effects in each group (for specific guidance see CONSORT for harms) -
Discussion Limitations 20 Trial limitations, addressing sources of potential bias, imprecision, and, if relevant, multiplicity of analyses 66
Generalisability 21 Generalisability (external validity, applicability) of the trial findings 66
Interpretation 22 Interpretation consistent with results, balancing benefits and harms, and considering other relevant evidence 55-66
Other information
Registration 23 Registration number and name of trial registry 10
Protocol 24 Where the full trial protocol can be accessed, if available 10
90
91
Funding 25 Sources of funding and other support (such as supply of drugs), role of funders **, 23
*We strongly recommend reading this statement in conjunction with the CONSORT 2010 Explanation and Elaboration for important clarifications on all the items. If
relevant, we also recommend reading CONSORT extensions for cluster randomised trials, non-inferiority and equivalence trials, non-pharmacological treatments, herbal
interventions, and pragmatic trials. Additional extensions are forthcoming: for those and for up to date references relevant to this checklist, see www.consort-statement.org.
**Conforme norma de padronização vigente do HCB, esta página ainda não recebe numeração dentro da dissertação.
91
92
Anexo C
ECOG Performance Status
Grau ECOG
0 Totalmente ativo, capaz de exercer todas as atividades pré-doença, sem restrições.
1 Restrito na atividade física extenuante, porém capaz de realizar um trabalho de
natureza leve ou sedentária, por exemplo, o trabalho de casa, o trabalho de escritório.
2 Paciente de ambulatório e capaz de todas as atividades do autocuidado, mas incapaz de
realizar qualquer atividade de trabalho. Acordado em cerca de mais de 50% das horas.
3 Capacidade de autocuidado apenas limitado, confinado ao leito ou cadeira mais de 50%
das horas de vigília
4 Completamente desativado. Não pode exercer qualquer autocuidado. Totalmente
confinado à cama ou cadeira.
93
Anexo D Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS-br)
Esta é uma escala de avaliação de sintomas. Você responderá a 10 itens com respostas que variam de 0 (mínima intensidade) a 10 (máxima intensidade). Por favor, circule o número que melhor descreve
os seus sintomas nas últimas 24 horas:
Sem Dor
________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior Dor possível
Sem cansaço (fraqueza)
________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior cansaço (fraqueza) possível
Sem náusea (enjoo)
________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior náusea (enjoo) possível
Sem depressão
________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior depressão possível
Sem ansiedade
________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior ansiedade possível
Sem sonolência
________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior sonolência possível
Melhor apetite
________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior apetite possível
Melhor sensação de bem estar
________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior sensação de mal estar
possível
Sem falta de ar
________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior falta de ar possível
Melhor sono ________________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior sono possível
101
Anexo H
Cole aqui a etiqueta do paciente
Thamires Monteiro do Carmo
ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO DE FASE II PARA AVALIAR A FACTIBILIDADE, ACEITAÇÃO E POTENCIAL EFETIVIDADE DE
UMA INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL BREVE EM ASSOCIAÇÃO COM CUIDADO PALIATIVO PRECOCE NA REDUÇÃO DE SINTOMAS DEPRESSIVOS EM PACIENTES COM CÂNCER AVANÇADO
CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
1 ID
1
2 Braço de estudo
1- Intervenção psicossocial+cuidado paliativo precoce; 2- Cuidado paliativo precoce; 3- Tratamento oncológico padrão
2
3 Nome Descrever; 99- Ignorado
3
4 RH 4
5 Data da coleta DD/MM/AAAA
5 ___/___/______
6 Entrevistador Descrever
6
7 Data de nascimento DD/MM/AAAA
7 ___/___/______
8 Cidade em que reside atualmente Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
8
9 Estado em que reside atualmente Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
9
10 Telefone 1
88- Não se aplica; 99- Ignorado 10 ( _ _) _ _ _ _ _ _ _ _ _
11 Telefone 2
88- Não se aplica; 99- Ignorado 11 ( _ _) _ _ _ _ _ _ _ _ _
12 Telefone 3
88- Não se aplica; 99- Ignorado 12 ( _ _) _ _ _ _ _ _ _ _ _;
13 Estado civil:
1- Solteiro(a); 2- Casado(a); 3- União estável; 4-Viúvo(a); 5-Divorciado(a); 6-Outro
13
14 Se outro estado civil, detalhar: Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
14
15 Etnia: 1- Caucasiana; 2- Negra; 3- Asiática;99- Não classificável/Ignorado
15
16 Religião:
1- Católica; 2- Evangélica; 3- Testemunha de Jeová; 4- Espírita Kardecista; 5- Ateu; 6-Outra
16
17 Se outra religião, especificar: Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
17
18
Nível educacional: 1- Analfabeto; 2- Sabe ler e escrever; 3- Ensino Fundamental Incompleto; 4- Ensino Fundamental Completo; 5- Ensino Médio Incompleto; 6- Ensino Médio Completo; 7- Superior Incompleto; 8- Superior Completo; 9- Pós-graduação; 99- Ignorado
18
19 Renda familiar (em salários-mínimos) Número; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
19
20 Profissão Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
20
21 Atividade profissional
1-Em atividade; 2-Inativo-Incluindo o trabalho em casa (do lar); 99- Ignorado
21
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
22 Medicamentos de uso contínuo (uso atual) Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
22
102
23
Comorbidades: 1- Hipertensão arterial; 2- Diabetes mellitus; 3- Insuficiência cardíaca; 4- Coronariopatias; 5-DPOC; 6- Doença vascular cerebral; 7- Outra; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
23
24 Se outra comorbidade: Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
24
25 Paciente é acompanhando por algum médico fora do hospital de Câncer de Barretos? (Incluindo médico das Unidades Básicas de Saúde)
0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado 25
26
Se a resposta à questão anterior foi sim, especifique qual especialidade: 1-Clínica geral; 2-Cardiologista; 3-Pneumologista; 4-Ortopedista; 5-Endocrinologista; 6-Nefrologista; 7-Gastroenterologista; 8-Outro; 88-Não se aplica; 99- Ignorado
26
27 Se outra especialidade, especificar: Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
27
28 Tipo de tumor:
1-Mama; 2-Coloretal; 3-Próstata; 4-Pulmão; 5-Cabeça e pescoço; 6-Colo uterino; 7-Gástrico; 8-Outros
28
29 Se outro tipo de tumor, especificar: Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
29
30 Estadiamento inicial (TNM):
1-Estádio 0; 2-Estádio I; 3-Estádio II A; 4-Estádio II B; 5-Estádio III A; 6-Estádio III B; 7-Estádio III C; 8-Estádio IV; 99- Ignorado
30
31 Data do diagnóstico inicial DD/MM/AAAA
31 ___/___/______
32 Tem doença metastática ou recidivada? 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
32
33 Data do diagnóstico de doença metastática ou recidivada DD/MM/AAAA
33 ___/___/______
34 Primeiro sítio de metástase (especifique o local) Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
34
35 Locais com neoplasia ativa atual: linfonodos 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
35
36 Locais com neoplasia ativa atual: pele 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
36
37 Locais com neoplasia ativa atual: osso(s) 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
37
38 Locais com neoplasia ativa atual: pulmão(ões) 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
38
39 Locais com neoplasia ativa atual: fígado 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
39
40 Locais com neoplasia ativa atual: cérebro 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
40
41 Locais com neoplasia ativa atual: glândula adrenal 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
41
42 Locais com neoplasia ativa atual: baço 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
42
43 Locais com neoplasia ativa atual: ovário(s) 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
43
44 Locais com neoplasia ativa atual: doença locoregional irressecável 0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
44
45 Locais com neoplasia ativa atual: outros locais Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
45
46 Data da primeira consulta pela equipe de Cuidados paliativos DD/MM/AAAA
46 ___/___/______
103
Anexo I
Cole aqui a etiqueta do paciente
Thamires Monteiro do Carmo
ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO DE FASE II PARA AVALIAR A FACTIBILIDADE, ACEITAÇÃO E POTENCIAL EFETIVIDADE DE UMA INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL BREVE EM ASSOCIAÇÃO COM CUIDADO PALIATIVO PRECOCE NA REDUÇÃO DE SINTOMAS
DEPRESSIVOS EM PACIENTES COM CÂNCER AVANÇADO
PROTOCOLO DE EVOLUÇÃO CLÍNICA
1 Avaliação 1- d45; 2- d-90; 3- d120; 4- d180
1
2 Entrevistador Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
2
3 Data de coleta DD/MM/AAAA
3 ___/___/______
4 ID 4
5 Braço de estudo
1- Intervenção psicossocial + cuidado paliativo precoce; 2- Cuidado paliativo precoce; 3- Tratamento oncológico padrão
5
6 Nome
6
7 RH 7
8 Medicamentos de uso contínuo (uso atual)
Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado 8
9 Desde a última avaliação no estudo, o paciente foi diagnosticado com outro problema de saúde? qualquer que seja o problema:
0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
9
10 Se foi diagnosticado com algum outro problema de saúde, especificar:
Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado 10
11
Paciente é acompanhando atualmente por algum médico fora do hospital de Câncer de Barretos? (Incluindo médico das Unidades Básicas de Saúde)
0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado 11
12
Se a resposta à questão anterior foi sim, especifique qual especialidade: 1-Clínica geral; 2- Cardiologista; 3-Pneumologista; 4-Ortopedista; 5-Endocrinologista; 6-Nefrologista; 7-Gastroenterologista; 8-Outro; 88-Não se aplica
12
13 Se outra especialidade, especificar: Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado
13
14 Desde a última avaliação no estudo, o paciente foi consultado por psiquiatra ou psicólogo fora do Hospital de câncer?
0-Não; 1-Sim; 99- Ignorado
14
15 Se a resposta à questão anterior foi sim, por favor explique o motivo da consulta:
Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado 15
106
Anexo L
EORTC QLQ-C15-PAL (versão 1)
Nós estamos interessados em alguns dados sobre você e sua saúde. Responda, por favor, a todas as
perguntas fazendo um círculo no número que melhor se aplica a você. Não há respostas certas ou
erradas. A informação que você fornecer permanecerá estritamente confidencial.
Por favor, preencha suas iniciais:
Sua data de nascimento (dia, mês, ano):
Data de hoje (dia, mês, ano):
Não
Pouco
Modera-
damente
Muito
1.
Você tem qualquer dificuldade quando faz uma
curta caminhada fora de casa? 1 2 3 4
2.
Você tem que ficar numa cama ou na cadeira durante o dia?
1
2
3
4
3.
Você precisa de ajuda para se alimentar, se vestir,
se lavar ou usar o banheiro? 1 2 3 4
Durante a última semana: Não Pouco Modera-
damente
Muito
4.
Você teve falta de ar?
1
2
3
4
5.
Você tem tido dor?
1
2
3
4
6.
Você tem tido problemas para dormir?
1
2
3
4
7.
Você tem se sentido fraco/a?
1
2
3
4
8.
Você tem tido falta de apetite?
1
2
3
4
9.
Você tem se sentido enjoado/a?
1
2
3
4
10.
Você tem tido prisão de ventre?
1
2
3
4
11.
Você esteve cansado/a?
1
2
3
4
12.
A dor interferiu em suas atividades diárias?
1
2
3
4
13.
Você se sentiu nervoso/a?
1
2
3
4
14.
Você se sentiu deprimido/a?
1
2
3
4
Por favor, passe à pagina seguinte
107
Para as seguintes perguntas, por favor, faça um círculo em volta do
número entre 1 e 7 que melhor se aplica a você.
15. Como você classificaria a sua qualidade de vida geral, durante a última semana?
1 2 3 4 5 6 7
Péssima Ótima
© Copyright 1995, and 2005 EORTC Study Group on Quality of Life. Todos os direitos reservados. Versão 1.0
108
Anexo M
Protocolo sobre o entendimento da doença
As questões abaixo irão avaliar o seu entendimento sobre a doença que trata neste hospital.
Por favor, seja sincero e responda o que realmente pensa.
1. Na sua opinião, a sua doença (seu câncer) é curável?
Sim Não
2. Quais são os objetivos do seu tratamento:
Pode marcar quantas respostas você achar apropriadas
a. Ajudar você a viver mais Sim Não
b. Fazer você se sentir melhor Sim Não
c.Curar toda a sua doença Sim Não
109
Anexo N
Escala FAMCARE para pacientes - 14 itens
(FAMCARE-P14)
Por favor, marque o seu grau de SATISFAÇÃO em relação às frases abaixo:
Muito
insatisfeito/a
Insatisfeito/a
Mais ou
menos
satisfeito/a
Satisfeito/a
Muito
satisfeito/a
1. A avaliação detalhada que o médico fez dos seus
sintomas. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
2. As explicações dadas sobre como controlar a dor. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
3. A disponibilidade (atenção e tempo) das enfermeiras
para responder às suas perguntas. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
4. As explicações dadas sobre o seu prognóstico
(parecer do médico sobre a sua saúde). □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
5. A velocidade com que os seus sintomas são tratados. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
6. As explicações dadas sobre os resultados dos seus
exames. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
10
9
110
Muito
insatisfeito/a
Insatisfeito/a
Mais ou menos
satisfeito/a
Satisfeito/a
Muito
satisfeito/a
7. A maneira com que os exames e tratamentos são
realizados. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
8. A disponibilidade (atenção e tempo) dos médicos
para responderem às suas perguntas. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
9. As respostas dos profissionais de saúde às suas
dúvidas ou questionamentos □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
10. Os encaminhamentos aos outros profissionais de
saúde. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
11. A maneira com que os exames e tratamentos são
acompanhados pelo médico. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
12. As explicações dadas sobre os efeitos colaterais
(reações ruins causadas pelo tratamento). □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
13. A maneira com que a família é incluída em decisões
sobre o tratamento e cuidados. □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
14. O apoio emocional fornecido pelos profissionais de
saúde □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5
11
0
FUNDAÇÃO PIO XII -
HOSPITAL DE CÂNCER DE
BARRETOS
111
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: Avaliação da factibilidade, aceitação e efetividade de uma intervenção
psicossocial em associação com Cuidado Paliativo precoce na redução de
sintomas depressivos em pacientes com câncer avançado
Pesquisador: CARLOS EDUARDO PAIVA
Área Temática:
Versão: 1
CAAE: 32371714.8.0000.5437
Instituição Proponente: Fundação Pio XII
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 699.014
Data da Relatoria: 26/06/2014
Apresentação do Projeto:
Ensaio clínico randomizado, aberto, de fase II, com dois braços de intervenção e um grupo controle.
O pesquisador levanta questionamentos a respeito de pacientes com câncer em fase avançada que
reportam problemas físicos, emocionais, sociais e existenciais, com grande potencial de interferir
negativamente em sua qualidade de vida. Em sequencia declara que tais dificuldades podem ser
decorrentes do próprio câncer ou de seu tratamento. Fundamenta que estudos prévios consagrados na
literatura trazem o benefício da inclusão precoce do cuidado paliativo em associação ao cuidado
oncológico padrão na redução de sintomas depressivos, melhora da qualidade de vida, aumento da
sobrevida e diminuição de procedimentos invasivos desnecessários. No entanto, os pacientes continuam
chegando ao cuidado paliativo tardiamente, mesmo em serviços especializados em oncologia de grande
porte. Aponta que uma das barreiras é o estigma dos CPs, percebido pelos pacientes e profissionais de
saúde como “um local para morrer”.
Justifica que o modelo simultâneo (integrado) de cuidados é considerado o mais adequado nos dias de
Anexo O
FUNDAÇÃO PIO XII -
HOSPITAL DE CÂNCER DE
BARRETOS
112
hoje; nestes casos, o paciente com câncer em fase avançada recebe o tratamento antineoplásico em
conjunto com um adequado suporte paliativo. Apesar de algumas evidências que justifiquem esta
abordagem, o CP ainda não é oferecido precocemente na prática clínica, mesmo em centros de
referência internacionais. No Brasil, a realidade é desconhecida.
Dentre as barreiras que dificultam o encaminhamento precoce ao cuidado paliativo está a estigmatização
do cuidado paliativo. O autor acredita que, ao serem encaminhados precocemente ao cuidado paliativo,
muitos pacientes se sintam ansiosos, tristes, preocupados, por medo e desconhecimento.
As intervenções psicossociais baseadas na TCC têm sido bastante utilizadas em oncologia, para
tratamento de variadas patologias e situações clínicas. Assim, este estudo se justifica pela ausência de
informação sobre o benefício do cuidado paliativo precoce oferecido a pacientes brasileiros com câncer
em geral. Além do mais, o benefício teórico do preparo emocional precoce – antes da primeira consulta
no cuidado paliativo – em função de uma intervenção psicossocial breve, ainda não foi avaliado.
Serão incluídos 150 pacientes com câncer avançado iniciando quimioterapia paliativa que preencherem
os critérios de seleção. Os participantes serão recrutados nos ambulatórios de oncologia clínica do
Hospital de Câncer de Barretos (HCB) e divididos aleatoriamente nos três braços de tratamento: braço
A, cinco sessões semanais de intervenções psicossociais breves baseadas na TCC em associação
com CP precoce; braço B, apenas CP precoce; braço C, cuidado oncológico padrão. Os instrumentos
utilizados para a coleta de dados serão: Questionário Semiestruturado de Caracterização
Sociodemográfica e Clínica, HADS, PHQ-9, EORTC QLQ-C15-Pal, ESAS-br e FAMCARE-Patient
scale, os quais serão aplicados em quatro momentos (45, 90, 120 e 180 dias após a randomização).
Uma análise interina encontra-se planejada para após 20 participantes com dados completos em cada
braço; caso o tamanho do efeito de Cohen entre os braços A e B seja <0,2, o estudo continuará apenas
com os braços B e C.
Os pacientes serão recrutados nos seguintes ambulatórios de oncologia clínica do HCB: mama,
ginecologia, urologia, digestivo, cabeça e pescoço e tórax. Deverão preencher todos os critérios de
inclusão:
Critérios de inclusão:
- Idade 18 anos e < 75 anos;
- Ter ciência do diagnóstico de câncer;
- Estar iniciando tratamento antineoplásico em 1ª linha paliativa;
- ECOG-PS2;
- Expectativa de vida >6 meses e <24 meses (a critério do médico oncologista
FUNDAÇÃO PIO XII -
HOSPITAL DE CÂNCER DE
BARRETOS
113
clínico); Apresentar um dos seguintes diagnósticos:
- Câncer de mama metastático ou recidivado;
- Câncer de ovário estádio IIIc, IV ou recidivado, platino-resistente; Câncer de colo uterino metastático
ou recidivado;
- Câncer de endométrio metastático ou recidivado;
- Câncer de cabeça e pescoço metastático ou recidivado (após falha prévia à radioterapia);
- Câncer de próstata metastático ou recidivado, hormônio-refratário;
- Tumor genitourinário metastático ou recidivado;
- Câncer de pulmão não pequenas células metastático ou recidivado;
- Câncer de pulmão de pequenas células disseminado ou recidivado;
- Tumores do trato gastrointestinal metastático ou recidivado.
Critérios de exclusão:
- Estar em tratamento psicológico em função de qualquer transtorno psicológico;
- Estar em tratamento medicamentoso com antidepressivos, para tratamento de transtornos
depressivos e/ou de ansiedade;
- Déficit cognitivo ou de atenção que impeça o participante de responder questionários ou entender o
estudo (a critério do pesquisador);
- Diagnóstico atual ou prévio de qualquer uma das seguintes condições psíquicas: Transtornos
Relacionados a Substâncias; Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos; Transtornos do
Humor (Transtornos Depressivos, Transtornos Bipolares); Transtornos de Ansiedade; Transtornos
Dissociativos; Transtornos de Personalidade; e/ou histórico de tentativa de suicídio;
- Câncer de qualquer tipo histológico com metástase(s) única(s) ressecada(s);
- Presença de qualquer comorbidade que, na opinião do investigador, proíba o paciente de participar
do estudo;
- Indisponibilidade (por qualquer motivo) para vir ao hospital para as visitas do estudo.
A hipótese levantada pelo autor do estudo é que em pacientes com câncer em fase avançada, iniciando
quimioterapia paliativa em primeira linha, o CP oferecido precocemente está associado com menores
índices de sintomas depressivos em relação ao tratamento oncológico padrão. A associação de uma
intervenção psicossocial breve, baseada na TCC, é factível e ajuda a diminuir os índices de sintomas
FUNDAÇÃO PIO XII -
HOSPITAL DE CÂNCER DE
BARRETOS
114
depressivos quando associada ao CP precoce.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivos principais
- Avaliar a factibilidade e a aceitação/satisfação de pacientes com câncer avançado a uma
intervenção psicossocial breve baseada na TCC em adição aos CPs precoce;
- Avaliar o impacto das intervenções na diminuição dos sintomas depressivos mensurados pelo HADS-
D e PHQ-9 em 90 dias após a randomização entre os grupos de intervenção e o grupo controle e
entre os grupos de intervenção.
Objetivos secundários
- Avaliar a diferença no número de faltas (não adesão) às consultas nos cuidados paliativos entre os
dois grupos de intervenção;
- Avaliar o impacto das intervenções na diminuição dos sintomas depressivos mensurados pelo HADS-
D e PHQ-9 em 45, 120 e 180 dias após a randomização entre os grupos de intervenção e o grupo
controle e entre os grupos de intervenção;
- Avaliar o impacto das intervenções na diminuição dos sintomas de ansiedade medidos pelo HADS-A
em 45, 90, 120 e 180 dias após a randomização entre os grupos de intervenção e o grupo controle e
entre os grupos de intervenção;
- Avaliar o impacto das intervenções nos escores de QV mensurados pelo EORTC QLQ-C15-Pal em
45, 90, 120 e 180 dias após a randomização entre os grupos de intervenção e o grupo controle e entre
os grupos de intervenção;
- Avaliar o impacto das intervenções na diminuição dos escores de sintomas (dor, fadiga, náuseas,
sonolência, anorexia, dispneia e insônia) medidas pelo ESAS em 45, 90, 120 e 180 dias após a
randomização entre os grupos de intervenção e o grupo controle e entre os grupos de
intervenção;
- Avaliar a diferença no entendimento sobre a doença em 45, 90, 120 e 180 dias após a randomização,
nos três braços do estudo;
- Avaliar a diferença no número de procedimentos invasivos em final de vida (internações em UTI,
quimioterapia nos últimos 14 e 28 dias de vida) entre os braços de tratamento.
FUNDAÇÃO PIO XII -
HOSPITAL DE CÂNCER DE
BARRETOS
115
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
No TCLE lê-se: "RISCOS E DESCONFORTOS PARA OS PARTICIPANTES” Os riscos do estudo são
considerados pequenos. BENEFÍCIOS ESPERADOS É possível que este estudo não traga benefícios
diretos a você. Mas, ao final do estudo, as informações que ele gerar, poderão trazer benefícios a outros
pacientes".
"QUAIS SERÃO OS BENEFÍCIOS SE EU DECIDIR PARTICIPAR DO ESTUDO?”
Caso você seja sorteado para receber o tratamento dos grupos A ou B, receberá a inclusão do Cuidado
Paliativo precoce. Neste caso, acreditamos que deverá se beneficiar de uma melhora na qualidade de
vida e diminuição dos sintomas de ansiedade e depressão, além de outros potenciais benefícios. Caso
receba também o tratamento psicossocial e educativo (tratamento do grupo A), acreditamos que poderá
diminuir os sintomas de depressão e ansiedade, por conseguir enfrentar mais adequadamente a
doença e os seus sintomas associados. Caso seja sorteado para o grupo de tratamento C (controle;
sem cuidados paliativos precoce e sem tratamento psicossocial) é possível que este estudo não traga
benefícios diretos a você. No entanto, no mínimo, ao final do estudo, as informações que ele gerar
poderão trazer benefícios a outros pacientes".
Porém na descrição do projeto o pesquisador não declara nada a respeito.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
O protocolo possui uma redação fundamentada na literatura e associada a hipótese levantada pelo
pesquisador. Os instrumentos de coleta de dados apresentados contemplam o objetivo proposto no
estudo. O pesquisador apresenta um tópico de considerações éticas extremamente pertinente e
esclarecedor na página 23.
Conforme relatoria do revisor técnico a proposta de desenho estatístico está adequada.
Sugiro a inclusão da descrição dos riscos e benefícios no texto do projeto.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
O TCLE apresentado no projeto é diferente do TCLE anexado na plataforma brasil. O TCLE anexado na
plataforma brasil apresenta-se escrito de forma clara e objetiva. O pesquisador apontou todas as etapas
do estudo de maneira detalhada e esclarecedora.
O revisor técnico do TCLE aponta o seguinte questionamento: "Será que informar o participante da
pesquisa que: primeiro será avaliado se preenche os critérios necessários para participação, não
FUNDAÇÃO PIO XII -
HOSPITAL DE CÂNCER DE
BARRETOS
116
seria frustante àquele que não se enquadrar ao critérios?"
Eu avalio este tópico como esclarecedor não como um tópico de possível constrangimento para o
participante de pesquisa. Todo estudo possui critérios de elegibilidade nos quais os candidatos devem
se enquadrar.
A única observação que eu faço é que são muitos os instrumentos e o pesquisador pontua de maneira
otimista e dinâmica a previsão de tempo gasto para responder aos instrumentos. O que é
compreensível visto que se trata de uma estimativa.
Recomendações:
Vide item o tópico: Comentários e considerações sobre a pesquisa.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Protocolo coerente bem escrito com uma hipótese fundamentada na literatura.
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Considerações Finais a critério do CEP:
O Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Pio XII – Hospital do Câncer de Barretos ANALISOU o
referido projeto e decidindo que o mesmo encontra-se APROVADO.
Solicitamos que sejam encaminhados ao CEP:
1. Relatórios semestrais, sendo o primeiro previsto para 26/12/2014.
2. Comunicar toda e qualquer alteração do Projeto e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Nestas circunstâncias a inclusão de participantes deve ser temporariamente interrompida até a
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.
3. Comunicar imediatamente ao Comitê qualquer Evento Adverso Grave ocorrido durante o
desenvolvimento do estudo.
FUNDAÇÃO PIO XII -
HOSPITAL DE CÂNCER DE
BARRETOS
117
4. Os dados individuais de todas as etapas da pesquisa devem ser mantidos em local seguro por 5
anos, após conclusão da pesquisa, para possível auditoria dos órgãos competentes.
5. Este projeto está cadastrado no CEP-HCB sob o número 821/2014.
BARRETOS, 26 de Junho
de 2014
Assinado por:
Sergio Vicente Serrano
(Coordenador)
118
Anexo P
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
PARA PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA
Título do Projeto: Ensaio clínico randomizado de fase II para avaliar a factibilidade, aceitação e potencial efetividade de uma intervenção psicossocial breve em associação com cuidado paliativo precoce na redução de sintomas depressivos em pacientes com câncer avançado.
INVESTIGADORES DO ESTUDO
Hospital de Câncer de Barretos, Brasil Investigador principal: Carlos Eduardo Paiva, Subinvestigadores: Thamires Monteiro do Carmo, Milena Ruas, Luciana de Toledo Bernardes da Rosa, Maria Salete de Angelis Nascimento, Michele Uchida, Cleyton Zanardi, Bianca Sakamoto Ribeiro Paiva.
Identificação do participante
Número do prontuário médico (se pertinente)
Você está sendo convidado (a) participar deste estudo que será realizado no Hospital de Câncer de Barretos - Fundação Pio XII. Este Termo de Consentimento explica porque este estudo está sendo realizado e qual será a sua participação, caso você aceite o convite. Este documento também descreve os possíveis riscos e benefícios se você quiser participar. Após analisar as informações com a pessoa que explica este Termo de Consentimento, e esclarecer suas dúvidas, você deverá ter o conhecimento necessário para tomar uma decisão esclarecida sobre sua participação ou não neste estudo. POR QUE ESTE ESTUDO ESTÁ SENDO REALIZADO? Para que você entenda o motivo deste estudo, precisa conhecer algumas informações a respeito dos Cuidados Paliativos.
119
O Cuidado Paliativo é uma forma de tratamento oferecido a pacientes com doenças crônicas cujo objetivo principal é manter ou melhorar a qualidade de vida. Ele se originou inicialmente na Inglaterra em 1969, tendo sido proposto como uma forma de cuidados para pacientes com câncer em fase avançada que sofriam com dores físicas e emocionais, sem o devido tratamento, e que morriam isolados em leitos de hospitais. Durante muitos anos foi oferecido apenas para pacientes com doenças graves em fase final de vida, onde os tratamentos da doença já tinham sido suspensos. Assim, ao longo de décadas, o Cuidado Paliativo se tornou sinônimo de cuidados de final de vida, o que gerou uma estigmatização (medo, receio, repulsa) em pacientes, familiares e profissionais de saúde. No entanto, alguns estudos importantes publicados nos últimos 5 anos mostraram que os pacientes com câncer avançado apresentavam melhor qualidade de vida, desenvolviam menos depressão, recebiam menos tratamentos desnecessários, se sentiam mais satisfeitos com o tratamento recebido, e provavelmente viviam mais tempo, quando eram tratados por equipes especializadas em Cuidados Paliativos precocemente, ou seja, quando estavam iniciando a quimioterapia. Embora seja conhecido o benefício do seguimento precoce nos Cuidados Paliativos, na prática, os pacientes continuam sendo consultados por equipe de Cuidados Paliativos apenas tardiamente, o que faz com que o Cuidado Paliativo seja menos eficaz. Pouco se sabe sobre o momento em que os pacientes brasileiros têm sido encaminhados ao Cuidado Paliativo, porém, acreditamos que não seja precocemente, como deveria ser. A hipótese do presente estudo é a de que uma avaliação precoce por psicólogos treinados possa ajudar, dentre outras coisas, no entendimento do benefício do Cuidado Paliativo precoce e na diminuição do estigma relacionado ao Cuidado Paliativo. Além do mais, acreditamos que o tratamento psicológico, quando associado ao Cuidado Paliativo oferecido precocemente, poderá diminuir ainda mais o desenvolvimento de sintomas de depressão. QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DESTE ESTUDO? O estudo tem vários objetivos, no entanto, os principais são: - avaliar se o tratamento psicológico, em associação ou não ao cuidado paliativo, sendo ambos realizados precocemente (junto com o início da quimioterapia) pode ser realizado na prática; - avaliar a satisfação dos pacientes com os cuidados recebidos pelos médicos e equipe de saúde; - avaliar se os tratamentos do estudo são capazes de diminuir as taxas de sintomas de depressão nos pacientes. QUAIS SÃO OS PROCEDIMENTOS DO ESTUDO? Caso concorde em participar do estudo, um membro da equipe do estudo ira avaliar se você preenche todos os critérios necessários para participação. Antes de quaisquer procedimentos do estudo serem realizados, você será solicitado a revisar e assinar este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Você receberá ao acaso (por sorteio) um dos três tratamentos citados abaixo: Grupo A – Tratamento psicossocial e educativo precoce, associado a Cuidados paliativos precoce; Grupo B – Cuidados Paliativos precoce; Grupo C - Tratamento oncológico padrão (grupo controle).
120
Cada grupo de tratamento deverá ser composto de 50 participantes, sendo 150 participantes no total. Abaixo estão descritos detalhadamente o que deverá fazer em cada momento do estudo, independente do grupo de tratamento que receber: Na visita inicial do estudo, assim como nas visitas de 45 dias, 90 dias, 120 dias e 180 dias após o início do estudo, você deverá responder os seguintes questionários:
EORTC QLQ-C15-Pal – utilizado para medir a qualidade de vida; contém 15 itens; é respondido em 5 a 10 minutos;
Escala de Sintomas de Edmonton (ESAS) – utilizada para medir alguns sintomas comuns, tem 10 itens, respondida em 1 a 3 minutos;
Escala Hospital de Ansiedade e Depressão (HADS) – utilizada para medir os níveis de ansiedade e depressão, tem 14 itens, é respondido em 5 a 10 minutos;
Questionário de Saúde do Paciente (PHQ-9) – para avaliar os sintomas de depressão, com 9 itens, respondido em 3 a 5 minutos;
FAMCARE-P13 – para avaliar a satisfação com o tratamento, com 13 itens originais, respondido em 3 a 5 minutos.
Protocolo de entendimento da doença e do tratamento – que irá avaliar qual é o seu entendimento sobre sua condição de saúde atual, 2 itens, respondido em 1 a 2 minutos.
O tempo total para preenchimento dos questionários deverá ser de aproximadamente 20 a 35 minutos. Caso não tenha condições de vir ao hospital para responder aos questionários, e se for autorizado por você, entraremos em contato por telefone em dia e hora previamente combinados. Neste caso, poderão ser feitas ligações em 2 dias seguidos para que não seja cansativo ou desgastante para você. Você concorda em receber ligações por telefone para responder aos questionários, caso seja necessário? □ Sim, autorizo □ Não, gostaria de não receber ligações Caso você seja sorteado para receber o tratamento que inclui o tratamento psicossocial e educativo: Neste caso, você será consultado por psicólogo cinco vezes, sendo 1 sessão por semana, com duração aproximada de 30 a 40 minutos. Nestas consultas, dentre outras coisas, os psicólogos irão fornecer informações sobre como identificar e prevenir sintomas de ansiedade e depressão. Além do mais, irão explicar o que são os Cuidados Paliativos, para que serve e quais são as recomendações de utilização. Caso você seja sorteado para receber o tratamento que inclui Cuidado Paliativo precoce: Neste caso, você terá agendado consultas com a equipe de Cuidados Paliativos a cada 21 a 28 dias, sendo que a primeira consulta deverá acontecer daqui a três semanas. O atendimento nos Cuidados Paliativos deverá ocorrer conforme o protocolo assistencial de rotina, porém com retornos a cada 21 a 28 dias. QUAIS SERÃO OS RISCOS E DESCONFORTOS SE EU DECIDIR PARTICIPAR DO ESTUDO?
121
Os riscos do estudo são considerados pequenos. É possível que, ao responder algumas questões dos questionários, você se sinta angustiado ou triste, por se lembrar de situações desagradáveis. Caso você se sinta muito triste, o médico do estudo será avisado e tomará a conduta clínica mais adequada. Não existem eventos adversos conhecidos relacionados ao tratamento por equipe especializada em Cuidados Paliativos, assim como não são definidos eventos adversos relacionados ao tratamento psicológico. No entanto, algumas pessoas, por terem receio ou medo (estigma), tanto dos cuidados paliativos quanto do tratamento com psicólogos, podem se sentir constrangidas ou entristecidas ao serem encaminhadas a estes serviços. No entanto, você tem a autonomia de aceitar participar do estudo e a liberdade de recusar participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer prejuízo no seu tratamento do câncer. No grupo C, você não receberá Cuidados Paliativos precoce ou tratamento psicossocial e educativo, mas apenas o tratamento oncológico padrão, a critério do seu médico oncologista (o médico que lhe acompanha fora desta pesquisa). Ou seja, a sua quimioterapia ocorrerá independente de sua participação neste estudo, sendo que não será modificada de forma alguma em função de sua participação ou não no estudo. QUAIS SERÃO OS BENEFÍCIOS SE EU DECIDIR PARTICIPAR DO ESTUDO? Caso você seja sorteado para receber o tratamento dos grupos A ou B, receberá a inclusão do Cuidado Paliativo precoce. Neste caso, acreditamos que deverá se beneficiar de uma melhora na qualidade de vida e diminuição dos sintomas de ansiedade e depressão, além de outros potenciais benefícios. Caso receba também o tratamento psicossocial e educativo (tratamento do grupo A), acreditamos que poderá diminuir os sintomas de depressão e ansiedade, por conseguir enfrentar mais adequadamente a doença e os seus sintomas associados. Caso seja sorteado para o grupo de tratamento C (controle; sem cuidados paliativos precoce e sem tratamento psicossocial) é possível que este estudo não traga benefícios diretos a você. No entanto, no mínimo, ao final do estudo, as informações que ele gerar poderão trazer benefícios a outros pacientes. QUANDO O ESTUDO PODERÁ SER INTERROMPIDO? Após a inclusão de 20 participantes em cada grupo de tratamento (60 participantes no total), realizaremos uma análise preliminar dos resultados do estudo. Caso o benefício do acréscimo do tratamento psicossocial e educativo em relação ao grupo recebendo cuidados paliativos precoce seja considerado pequeno (tratamento do grupo A em comparação com o grupo B), o estudo poderá continuar incluindo novos participantes apenas para os grupos B e C, com parada de inclusão no grupo A. O Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos será informado dos resultados preliminares e autorizará a suspensão do tratamento do grupo A, caso os pesquisadores achem necessário. Este estudo poderá ser encerrado antes do prazo se houver dúvidas relativas à sua segurança ou por razões administrativas. Qualquer que seja o motivo, o estudo somente será interrompido depois da avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos que o aprovou, a não ser que existam razões de segurança que exijam a interrupção imediata do estudo. TENHO LIBERDADE PARA RECUSAR PARTICIPAR?
122
A sua participação neste estudo é voluntária e não é obrigatória. Você pode aceitar participar do estudo e depois desistir a qualquer momento. Isto não tirará nenhum direito do seu tratamento e assistência neste hospital. Você também poderá pedir a qualquer momento que as suas informações sejam excluídas completamente deste estudo e que elas não sejam usadas para mais nada. Você tem o direito de recusar-se a responder as perguntas que ocasionem constrangimentos de alguma natureza. QUAIS SÃO MINHAS GARANTIAS DE SIGILO? O pesquisador tomará todas as medidas para manter suas informações pessoais (como nome, endereço e outras) em sigilo. Durante todo o estudo e mesmo depois que terminar, quando os resultados deste estudo forem publicados em revistas científicas ou apresentados em congressos ou reuniões, a sua identidade será guardada em segredo, não sendo revelada qualquer informação a seu respeito que possa identificar você publicamente. Contudo, durante o estudo, algumas pessoas do Hospital de Câncer de Barretos envolvidas diretamente na pesquisa poderão ter acesso aos seus dados. Mesmo assim, os seus dados serão preservados e não serão divulgados publicamente. CUSTOS, REMUNERAÇÃO E INDENIZAÇÃO A participação neste estudo não terá custos a mais para você. Os custos relacionados diretamente com o estudo serão pagos pela(s) instituição (ões) que está (ão) participando deste estudo. Também não haverá qualquer tipo de pagamento devido à sua participação (mesmo que haja patentes ou descobertas). Se você sofrer algum dano a sua saúde como resultado da sua participação nesse estudo nesta instituição, o Hospital de Câncer de Barretos será responsável por lhe dar todo o tratamento necessário e de forma gratuita. Ao assinar este Termo de Consentimento, você não perderá nenhum direito, inclusive o de obter indenização por dano a sua saúde se isto acontecer. ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS, CRÍTICAS, SUGESTÕES E RECLAMAÇÕES Você poderá tirar qualquer dúvida sobre o estudo, fazer críticas, sugestões e reclamações diretamente com o pesquisador no Hospital de Câncer de Barretos, Carlos Eduardo Paiva, no telefone (17) 3321-6600, ramal 7009. Você também poderá entrar em contato com o coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos (CEP-HCB), Dr. Sérgio Vicente Serrano, localizado na Rua Antenor Duarte Vilela, 1331 – telefone (17) 3321-6600, ramal 6894 – e-mail [email protected]. DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO Entendi o estudo. Tive a oportunidade de ler o Termo de Consentimento ou alguém o leu para mim. Tive a oportunidade de pensar, fazer perguntas e falar a respeito do documento com outras pessoas quando precisei. Autorizo a minha inclusão neste estudo. Ao assinar este Termo de Consentimento, não renuncio a nenhum dos meus direitos legais. Este documento será assinado em duas vias, sendo que uma via ficará comigo e outra com o pesquisador.
123
Nome por extenso do participante de pesquisa ou
do representante legal
Data Assinatura
Nome por extenso do responsável que explicou e obteve o Termo de Consentimento
Data Assinatura
Nome por extenso da testemunha imparcial (para casos de analfabetos, semi-analfabetos ou
portadores de deficiência auditiva ou visual)
Data Assinatura