Wakeboard nas veias

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Em entrevista, o maior wakeboarder da América Latina, Marreco, fala sobre a paixão pelo esporte

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C U L T U R A & V A R I E D A D E S

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Débora Anício

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No último fim de semana, a Lagoa Silvana recebeu omaior atleta de wakeboard da América Latina, o paulistaMarcelo Giardi, conhecido como Marreco. Com 29 anos deidade e 12 de carreira, o wakeboarder conquistou seiscampeonatos nacionais, o quinto lugar na etapa brasileirado Circuito Mundial da WWA em 2009, a medalha de pratanos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara em 2011, anoem que também foi eleito o melhor atleta da categoria peloCOB (Comitê Olímpico Brasileiro). O esportista veio aIpatinga oferecer uma de suas clínicas (aulas de wake-aboard) e conversou com a reportagem do jornal VALE DOAÇO sobre a paixão pelo esporte, a emoção de ter conquis-tado a medalha de ouro no Pan do Rio de Janeiro e a ale-gria de divulgar o esporte pelo país.

JVA - De onde surgiu seu apelido?Marreco - Foi um amigo que me deu este nome. Isso foi

quando eu comecei no wake, em 1996. Eu não sabia fazer asmanobras direito e ele falava que eu era um marreco, ou seja,não sabia me virar direito na água.

JVA - Quando e por que você começou a praticar oesporte?

Marreco - Eu fazia esqui aquático desde os 5 anos, e porisso sempre tive facilidade em esportes na água, mas nessaépoca o wakeboard nem tinha chegado ao Brasil. Aos 14 anoseu vi algumas pessoas praticando wake e logo me interessei,comprei os equipamentos e cai na água para aprender. Achoque fiz uma boa troca, porque o wakeboard é muito mais fácilque o esqui. O esqui aquático é mais técnico e demanda muitotreinamento. O wake é um esporte de explosão, então meutreinamento dura uns 20 minutos, porque com mais tempo doque isso você não consegue manter a qualidade das manobras,por ser um esporte que exige muito fisicamente.

JVA - Você consegue se manter apenas com o esporte?Marreco - Sim. Eu tenho patrocínio profissional. E, além

disso, há mais de 10 anos mantenho escolas de wakeboard emJaguariúna e Bragança Paulista, e também uma loja comequipamentos para o esporte.

JVA - Com as competições e ritmo de treinamento, vocêconsegue se dedicar a ensinar a modalidade?

Marreco - Hoje eu consigo conciliar os campeonatos,treinos, clínicas e a apresentações de wake. Além de ganhartroféus, meu objetivo é propagar o esporte pelo Brasil, e porisso mantenho este ritmo intenso de trabalho. Mas claro quedurante as competições eu me afasto das outras demandas e meconcentro no campeonato. Além da felicidade de competirprofissionalmente, ensinar é algo que eu adoro, quando alguémme agradece por ter aprendido wake é uma sensação incrível.

JVA - Você já veio a Ipatinga?Marreco - Não, esta é a primeira vez que venho à região.

Gostei da cidade, e o bom é que aqui têm várias pessoas quepraticam o esporte. Tem o Wake no Vale que incentiva à práti-ca do wakeboard, e também locais adequados à modalidade,como a Lagoa. Fiquei feliz em poder vir pra cá e ensinar o quesei.

JVA - Como está o cenário do wakeboard no Brasil?Marreco - Todo mundo que passa seu tempo de lazer na

água conhece o wake e 99% das pessoas consideram o esporteuma diversão. Nas últimas semanas o Neymar praticou wake-board, e isso também ajuda a divulgar o esporte. Muita gentehoje já é familiarizada com a expressão "voando de wake".Mas profissionalmente ele também vem crescendo. Hoje oBrasil tem cerca de 15 atletas patrocinados que levam super asério a carreira.

JVA - O wakeboard pode ser praticado por qualquerpessoa?

Marreco - Com certeza. Já ensinei crianças de 4 anos e umsenhor de 70. Há muitos anos não encontro um aluno que nãoconseguiu aprender. Quase todas as cidades têm um local ade-quado à prática da modalidade e, como o esporte é uma formade entretenimento, isso incentiva as pessoas a buscarem owake.

JVA - É fácil aprender a "voar de wake"?Marreco - Claro que as pessoas que já praticam outro

esporte têm mais facilidade em aprender, mas todo mundoconsegue se manter em cima da prancha e fazer alguns movi-mentos. Geralmente as mulheres têm mais facilidade paraaprender, principalmente um dos movimentos mais difíceis: ode sair da água. Isso acontece porque elas usam mais jeito, eos homens insistem em usar a força. Mas com o tempo ohomem acaba tendo mais facilidade, já que o esporte exigemuita consistência física. O wakeboard é caracterizado porforça e equilíbrio, então quem tiver o domínio sobre esses doisquesitos vai se sair melhor.

JVA - Já pensa em encerrar a carreira?Marreco - Ainda não sei que dia vou parar de competir

profissionalmente, mas provavelmente devo me aposentar aos 35anos, ou seja, tenho mais seis anos de competições pela frente. Owake é minha paixão, então eu vou praticar o esporte pra sem-pre. Depois da aposentadoria entro para a categoria master.

JVA - O wakeboard é um esporte perigoso?Marreco - O wake tem seus riscos assim como qualquer

outra modalidade esportiva, a questão é tomar cuidado. Oíndice de acidentes em minha escola é muito reduzido.

JVA - Você conquistou a medalha de ouro no Pan doRio, em 2007, ano em que o wakeboard entrou para acompetição. Qual foi a sensação?

Marreco - Esse é o título da minha vida. Foi incrível, fiqueimuito feliz. A vontade que eu tinha era de gritar. Foi emocio-nante ver minha família e amigos torcendo por mim. O curiosoé que assim que fui classificado para participar dos jogos eume contundi. Eu tinha sete meses para me recuperar, mas avontade de participar do Pan era tanta que eu melhorei emcinco meses. E por isso eu não imaginava ganhar o ouro.Entrei para vencer, mas não pensei que ficaria em primeirolugar. Fiquei feliz porque esta medalha não marcou apenasminha carreira, mas o esporte. Hoje podemos falar do wake-board antes e depois do Pan do Rio de Janeiro. Agora a expec-tativa é de que o wake se transforme num esporte olímpico, oque tem chances de acontecer em 2020.

Em entrevista ao jornalVALE DO AÇO, o maiorwakeboarder da AméricaLatina, Marreco, falou

sobre a paixão pelo esporteO MEDALHISTA de

ouro dos Jogos Pan-Americanos do

Rio esteve em Ipatingapara ensinar "sua arte"

LAIRTO MARTINS