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MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 217
VI. AVALIAÇÃO DO PMF/PSF POR GESTORES, PROFISSIONAIS
DAS ESF E FAMÍLIAS USUÁRIAS
1. AVALIAÇÃO DOS GESTORES
A avaliação dos gestores entrevistados sobre os pontos negativos e positivos do PSF em
Manaus não foi uniforme. Alguns consideraram que não existiam pontos negativos ou que
eram tão fáceis de resolver que não constituiriam dificuldades. O principal problema
assinalado foi a baixa institucionalidade do programa definida como a falta de integração
ao interior da SEMSA que estabelecia paralelismo de ações, “duas redes, duas
coordenações”, mas o gestor municipal considerou que a integração com a rede tradicional
e o estabelecimento de comando único eram obstáculos passíveis de remoção.
Como ponto fraco foi apontada também a ausência de sistema de informação para
acompanhamento epidemiológico das doenças e indicadores de saúde da população. Este
ponto foi ressaltado como fragilidade que poderia tornar o programa vulnerável no futuro
por não ter indicadores para comparar e acompanhar as mudanças. Para a sua resolução foi
considerado necessário criar sistema informatizado.
Dentre os pontos positivos os gestores salientaram a alta aceitação do programa por parte
da comunidade, do Conselho Municipal de Saúde e dos profissionais das ESF. A
motivação dos profissionais permitia uma perspectiva otimista de melhorar a atuação do
programa. Características dessa motivação seriam a integração das equipes, a vontade de
trabalhar “desde o agente até o médico, constituindo essa família que se fez dentro do
programa”. Considerando o agente como “representante da comunidade na Casa de
Saúde” a integração médico, agente e comunidade foi valorizada como ponto positivo e
muito importante para o desenvolvimento do PSF.
Outro aspecto mencionado como de grande relevância e inovador foi a própria proposta do
PMF/PSF como meio de oferecer atenção básica à população: “esta estratégia foi pensada
por alguém muito inteligente cansado de tentar mudar o sistema tradicional pois o que o
PMF/PSF faz poderia ser feito dentro da unidade tradicional se fosse outra a
mentalidade”. O grande diferencial seria a saída das equipes das unidades de saúde para os
domicílios. “É um programa simples mas com uma alta complexidade. É uma estrutura
pequena, com uma equipe pequena, mas com objetivos muito ambiciosos e precisa de
apoio para produzir uma mudança efetiva nas condições de saúde e de atendimento da
população manauense”.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 218
Neste sentido, destacou-se a ampliação do acesso da população à assistência médica.
Foram relatados casos de alguns moradores que nunca haviam tido qualquer tipo de
contato com esse profissional antes da implantação do programa. O PMF/PSF possibilitou
prestar assistência em locais anteriormente desprovidos de qualquer tipo de atenção à
saúde.
Uma das grandes vantagens apontadas pela coordenação municipal do programa referiu-se
à dimensão “social”, entendida como a realização por parte da ESF de ações que
transcendem o campo da saúde stricto sensu. O profissional de saúde da família passou a
ser referência para a população em assuntos relativos ao esgotamento sanitário, violência
doméstica, entre outros: “O médico é como se fosse um vice-prefeito daquela comunidade.
E essa é a grande vantagem do programa”. Neste sentido, o programa teria contribuído
para a melhoria da qualidade de vida da população assistida ao proporcionar aumento da
cobertura vacinal, redução da mortalidade infantil e conscientização sobre noções de
higiene e prevenção de doenças.
A reorganização da demanda foi apontada como outro ponto positivo da implantação do
PMF/PSF. Na opinião de um dos coordenadores o usuário passou a ter no médico do
programa e nas Casas de Saúde seu primeiro referencial, em contraposição à relação
anteriormente estabelecida com o hospital. O resgate da relação médico-paciente, na
perspectiva de uma atenção integral à saúde, também seria uma das maiores vantagens do
programa.
Na percepção dos gestores, haveria perspectivas de mudar o perfil de saúde dos habitantes
de Manaus desde que as ações fossem implementadas em maior escala, retirando do
PMF/PSF a característica de ser “amostra dos programas”.
Perguntados quanto à repercussão sobre a assistência e ao impacto do PMF/PSF sobre
alguns indicadores de saúde os gestores fizeram, em geral avaliações positivas. A relação
de afirmativas do quadro abaixo foi apresentada a sete gestores municipais da SEMSA
entrevistados.
As opiniões dos gestores basearam-se em suas percepções de mudança e avaliação quanto
às potencialidades do PSF. Todos os gestores apontaram um alto impacto do programa na
ampliação do acesso da população à atenção à saúde, aumento da cobertura vacinal,
aumento no número de consultas médicas por habitante e maior resolutividade do sistema
público de saúde. Um dos coordenadores observou que o impacto sobre a ampliação do
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 219
acesso da população à saúde ainda era regular visto que a cobertura do PSF/PMF era de
cerca de 50% da população total do município.
Embora avaliassem os resultados como positivos, não houve consenso entre os gestores
entrevistados quanto à intensidade do impacto do PSF/PMF na: melhoria da qualidade da
atenção prestada, mudança no perfil epidemiológico em decorrência da redução de
doenças, redução da mortalidade infantil, redução da mortalidade materna, aumento da
cobertura de pré-natal e no aumento do número de consultas de enfermagem. Para estes
aspectos o impacto foi considerado por parte dos gestores como médio e para outros como
alto. Quanto ao impacto do PMF/PSF na redução da mortalidade infantil, o Secretário
Municipal de Saúde considerou o resultado médio pois a redução da mortalidade infantil
envolveria um conjunto de fatores dentre os quais a ampliação do saneamento básico. O
impacto sobre a redução da mortalidade materna foi considerado como médio e alto pela
maioria dos gestores devido à provável ampliação da cobertura de pré-natal. Em relação ao
aumento no número de consultas de enfermagem parte dos gestores considerou o resultado
médio devido à incorporação recente destes profissionais nas ESF.
Em relação às outras repercussões interrogadas, as avaliações do conjunto dos gestores
foram menos positivas. Na opinião dos gestores o programa exerceu médio impacto sobre
o aumento da satisfação dos usuários com o sistema público de saúde. O impacto do
PSF/PMF no aumento do número de pacientes referenciados e efetivamente atendidos foi
considerado baixo e médio segundo a opinião dos gestores.
Não foi possível agrupar as respostas segundo a avaliação da maioria dos gestores quanto
ao impacto do PSF/PMF na redução da pressão da demanda sobre serviços de emergência
e no número de atendimentos por pessoal de nível médio. As avaliações variaram desde as
que apontaram que o programa não apresentara impacto, como no caso da redução da
pressão sobre os serviços de urgência e emergência, até aquelas que consideraram que o
PSF/PMF tivera um alto impacto sobre os indicadores apresentados. No que se refere ao
aumento no número de atendimentos por pessoal de nível médio, parte dos gestores,
inclusive o Secretário Municipal de Saúde, avaliou que o PSF teve baixo impacto.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 220
Quadro 57 – Opinião dos gestores da Secretaria Municipal de Saúde entrevistados
quanto ao impacto do PSF/PMF em Manaus (AM), 2002
Impacto sobre Sem Baixo Médio Alto Não
sabe
Ampliação do acesso da população à atenção à saúde X
Melhoria da qualidade da atenção prestada X X
Redução da pressão da demanda sobre serviços de emergência X X
Mudança no perfil epidemiológico em decorrência da redução de
doenças X X
Redução da mortalidade infantil X X
Aumento da cobertura vacinal X
Redução da mortalidade materna X X
Aumento no número de consultas médicas por habitante X
Aumento no número de consultas de enfermagem X X
Aumento no número de atendimentos por pessoal de nível médio X X X
Aumento da cobertura de pré-natal X X
Aumento no número pacientes referenciados e efetivamente
atendidos X X
Redução do número de internações hospitalares X X
Maior satisfação dos usuários com o sistema público de saúde X
Maior resolutividade do sistema público de saúde X
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
2. AVALIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DAS ESF
Foi solicitado a uma amostra de 376 profissionais das ESF, englobando as distintas
categorias (médicos, odontólogos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ACS), que
avaliassem alguns aspectos referentes ao processo de implantação do PMF/PSF em
Manaus, bem como identificassem livremente um fator positivo e outro negativo de sua
experiência de trabalho no programa.
A avaliação consistiu na concordância ou não com aspectos relacionados à ampliação do
acesso promovida pelo PMF/PSF, modelo assistencial introduzido pelo programa,
integração do programa à rede de serviços de saúde, possíveis inovações e dificuldades
enfrentadas. Para os ACS e auxiliares de enfermagem foi solicitado ainda que avaliassem
com que freqüência se deparavam com alguns possíveis obstáculos na realização de suas
atividades.
Os resultados destas avaliações foram agrupados por categoria profissional e ao final
busca-se proceder a uma sucinta análise da correlação entre as diversas percepções.
Profissionais de nível superior
As percepções dos 56 profissionais de nível superior sobre os resultados de seus trabalhos
e o alcance de alguns objetivos do PMF/PSF foram, em geral, semelhantes entre as três
categorias profissionais. Os aspectos positivos mais assinalados foram a ampliação do
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 221
acesso e a configuração do programa como porta de entrada para o sistema de saúde. As
dificuldades mais mencionadas foram relativas à integração do programa na rede de
serviços de saúde e ao impacto da precariedade das condições de vida da população no
processo de trabalho.
O grau de concordância de médicos e odontólogos em relação à ampliação do acesso de
novas parcelas da população aos serviços de saúde promovida pelo PMF/PSF foi bastante
elevado (71 e 86%, respectivamente), sendo um pouco menor entre os enfermeiros (67%).
Observou-se que no conjunto de profissionais de nível superior apenas um médico
discordou completamente desta afirmação. Isto foi compatível com a percepção de grande
parte destes profissionais (médicos – 61%; enfermeiros – 52% e odontólogos – 43%) que
discordaram da afirmação de que o PMF/PSF tinha ainda uma pequena área de
abrangência.
A maior parte dos médicos e enfermeiros concordou muito com a avaliação de que a USF
tornou-se porta de entrada do sistema enquanto entre os odontólogos a maioria concordou
parcialmente. Nenhum profissional discordou dessa idéia. No entanto, observou-se que
uma parcela significativa dos enfermeiros (48%) concordou em parte com o fato de a
população ainda procurar primeiro a rede convencional de atenção básica ou hospitalar.
Mesmo entre médicos e odontólogos alguns profissionais consideraram que a população
procurava a rede convencional de atenção básica ou hospitalar em primeiro lugar (11 e
14%, respectivamente).
Em relação à integração do PMF/PSF à rede, cerca da metade dos profissionais de nível
superior concordou em parte com a assertiva de que a ESF contava com um sistema de
referência e contra-referência que permite ampliar a confiança no trabalho e na
resolutividade da atenção básica. Outra parcela de profissionais (30%) discordou deste
aspecto e apenas um profissional concordou muito com a existência de um sistema de
referência e contra-referência para o PMF/PSF.
Um obstáculo ao trabalho desenvolvido pelas ESF pôde ser inferido do alto grau de
concordância quanto à persistência da demanda da população por atendimento médico,
pressionando as ESF para o atendimento da demanda espontânea. Apenas quatro dos 56
profissionais de nível superior discordaram desta afirmativa.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 222
A percepção quanto à resolutividade do PMF/PSF, expressa na oferta de recursos
adequados ao enfrentamento dos problemas de saúde na comunidade, teve concordância
parcial da maior parte dos médicos (86%), enfermeiros (71%) e odontólogos (100%).
Houve concordância parcial dos diversos profissionais de nível superior com a assertiva de
que a população sentia-se esclarecida sobre os cuidados rotineiros com a saúde. Apenas
uma pequena parcela concordou plenamente e uma minoria discordou por completo desse
aspecto.
Quanto à interferência da condição socioeconômica da população na qualidade da atenção
prestada, a esmagadora maioria dos profissionais concordou inteiramente que os fatores
socioeconômicos prevaleceram sobre a qualidade da atenção, prejudicando a melhoria da
qualidade de vida. Nenhum dos profissionais discordou desta noção.
Quadro 58 – Percepção dos médicos sobre o PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Percepção sobre PMF/PSF Concorda
muito
Concorda
em parte
Não concorda Não
respondeu
Total
N % N % N % N % N %
A ESF ampliou o acesso de novas parcelas da
população aos serviços de saúde no município
20 71,4 6 21,4 1 3,6 1 3,6 28 100,0
A USF tornou-se a porta de entrada do sistema de
atenção à saúde
18 64,3 8 28,6 - - 2 7,1 28 100,0
A população ainda procura primeiro a rede
convencional ou hospitalar
3 10,7 11 39,3 13 46,4 1 3,6 28 100,0
O PSF tem uma área de abrangência ainda pequena 5 17,9 5 17,9 17 60,7 1 3,6 28 100,0
A ESF conta com um sistema de referência e
contra-referência que permite ampliar a confiança
no trabalho e na resolutividade da rede básica
1 3,6 14 50,0 11 39,3 2 7,1 28 100,0
A população ainda tem uma forte demanda por
atendimento médico, pressionando a ESF para o
atendimento da demanda espontânea
21 75,0 3 10,7 3 10,7 1 3,6 28 100,0
A ESF oferece recursos adequados para ao
enfrentamento dos problemas de saúde na
comunidade
1 3,6 24 85,7 1 3,6 2 7,1 28 100,0
A população se sente esclarecida sobre cuidados
rotineiros com a saúde
5 17,9 20 71,4 2 7,1 1 3,6 28 100,0
Os fatores socioeconômicos que determinam a
condição de carência da comunidade ainda
prevalecem sobre a qualidade da atenção,
prejudicando a melhoria da qualidade de vida
22 78,6 5 17,9 - - 1 3,6 28 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 223
Quadro 59 – Percepção dos odontólogos sobre o PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Percepção sobre PMF/PSF Concorda
muito
Concorda
em parte
Não
concorda
Não
respondeu
Total
N % N % N % N % N %
A ESF ampliou o acesso de novas parcelas da
população aos serviços de saúde no município
6 85,7 1 14,3 - - - - 7 100,0
A USF tornou-se a porta de entrada do sistema de
atenção à saúde
2 28,6 4 57,1 - - 1 14,3 7 100,0
A população ainda procura primeiro a rede
convencional ou hospitalar
1 14,3 3 42,9 2 28,6 1 14,3 7 100,0
O PSF tem uma área de abrangência ainda
pequena
2 28,6 1 14,3 3 42,9 1 14,3 7 100,0
A ESF conta com um sistema de referência e
contra-referência que permite ampliar a confiança
no trabalho e na resolutividade da rede básica
2 28,6 5 71,4 - - - - 7 100,0
A população ainda tem uma forte demanda por
atendimento médico, pressionando a ESF para o
atendimento da demanda espontânea
5 71,4 2 28,6 - - - - 7 100,0
A ESF oferece recursos adequados para o
enfrentamento dos problemas de saúde na
comunidade
- - 7 100,0 - - - - 7 100,0
A população se sente esclarecida sobre cuidados
rotineiros com a saúde
2 28,6 5 71,4 - - - - 7 100,0
Os fatores socioeconômicos que determinam a
condição de carência da comunidade ainda
prevalecem sobre a qualidade da atenção,
prejudicando a melhoria da qualidade de vida.
5 71,4 1 14,3 - - 1 14,3 7 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 224
Quadro 60 – Percepção dos enfermeiros sobre o PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Percepção sobre PMF/PSF Concorda
muito
Concorda
em parte
Não
concorda
Não
respondeu
Total
N % N % N % N % N %
A ESF ampliou o acesso de novas
parcelas da população aos serviços de
saúde no município
14 66,7 6 28,6 - - 1 4,8 21 100,0
A USF tornou-se a porta de entrada do
sistema de atenção à saúde
11 52,4 8 38,1 - - 2 9,5 21 100,0
A população ainda procura primeiro a
rede convencional ou hospitalar
3 14,3 10 47,6 7 33,3 1 4,8 21 100,0
O PSF tem uma área de abrangência
ainda pequena
3 14,3 6 28,6 11 52,4 1 4,8 21 100,0
A ESF conta com um sistema de
referência e contra-referência que permite
ampliar a confiança no trabalho e na
resolutividade da rede básica
4 19,0 9 42,9 6 28,6 2 9,5 21 100,0
A população ainda tem uma forte
demanda por atendimento médico,
pressionando a ESF para o atendimento
da demanda espontânea
14 66,7 5 23,8 1 4,8 1 4,8 21 100,0
A ESF oferece recursos adequados para o
enfrentamento dos problemas de saúde na
comunidade
1 4,8 15 71,4 4 19,0 1 4,8 21 100,0
A população se sente esclarecida sobre
cuidados rotineiros com a saúde
6 28,6 10 47,6 4 19,0 1 4,8 21 100,0
Os fatores socioeconômicos que
determinam a condição de carência da
comunidade ainda prevalecem sobre a
qualidade da atenção, prejudicando a
melhoria da qualidade de vida
12 57,1 8 38,1 - - 1 4,8 21 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Aos 56 profissionais de nível superior das ESF de Manaus foi solicitado que comentassem
livremente um fator positivo e um fator negativo de sua experiência no PMF/PSF. Do
conjunto desses profissionais, em torno de 11% não responderam ao fator positivo e 14%
ao fator negativo.
A experiência de trabalho no PMF/PSF tinha vários aspectos positivos na avaliação dos
profissionais de nível superior em Manaus. Foram assinalados com maior freqüência
mudanças no modelo de atenção e assuntos relacionados ao estreitamento de vínculos com
a população tais como a possibilidade de conhecer os problemas da população (que
engloba visitas domiciliares, trabalhar diretamente com a população e o acompanhamento
realizado pela ESF) e o bom relacionamento, entrosamento e satisfação da população.
Em primeiro lugar na freqüência das respostas apareceu a atenção à saúde prestada pelo
programa (mudanças de hábitos, prevenção, promoção e melhoria da qualidade de vida da
população). Para os odontólogos, este fator estava em segundo lugar, sendo o primeiro a
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 225
possibilidade de conhecer os problemas da população aspecto que, ocupou a segunda
posição na classificação dos enfermeiros e a terceira na dos médicos.
O vínculo com a população foi destacado em terceiro lugar pelo conjunto de profissionais
de nível superior – mas, em segundo na classificação dos médicos – enquanto que o
trabalho em equipe figurou em quarto lugar. Os odontólogos não referiram o trabalho em
equipe como uma experiência positiva no PMF/PSF.
Os profissionais de nível superior assinalaram ainda, com maior freqüência, o bom
atendimento e a eficiência das ESF (5o lugar) e, juntos em sexto lugar, a possibilidade de
trabalhar com pessoas pobres, o controle de doenças e a redução da demanda nos demais
serviços de saúde. Para os enfermeiros e odontólogos a possibilidade de trabalhar com
pessoas pobres sequer foi citada como experiência positiva, ocupando a quinta posição na
classificação feita pelos médicos.
Quadro 61 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre fatores positivos da
experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Experiência positiva Posição na percepção dos profissionais de nível
superior
Total Médicos Enfermeiros Odontólogos
Atenção à saúde, Mudança de hábitos; Prevenção;
Promoção; Melhorar a qualidade de vida da
população
1o 1o 1o 2o
Possibilidade de conhecer os problemas da
população; Visitas domiciliares; Trabalhar
diretamente com a população; Acompanhamento
2o 3o 2o 1o
Vínculo com a população; Bom relacionamento;
Entrosamento; Satisfação da população 3o 2o 3o 2o
Bom ambiente de trabalho; Entrosamento com
outros profissionais; Vínculo com outros
profissionais; Trabalho em equipe
4o 4o 3o -
Bom atendimento; Acesso fácil ao atendimento;
Atendimento organizado; Eficiência da equipe 5o 6o 5o 4o
Possibilidade de trabalhar com pessoas pobres 6o 5o - -
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
As experiências negativas assinaladas com maior freqüência foram: precariedade das
condições de trabalho, dificuldades de integração à rede de serviços de saúde e acesso a
outros níveis de assistência, pequena valorização do trabalho pela comunidade e pelos
serviços de saúde, e a precariedade das condições socioeconômicas da população
cadastrada.
A falta de estrutura física foi o aspecto com maior destaque para o conjunto de
profissionais de nível superior, sendo que na avaliação dos médicos ocupou o segundo
lugar.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 226
Os médicos, consideraram, em primeiro lugar, como fator negativo as dificuldades na
referência para os outros níveis de atenção do sistema de saúde enquanto as dificuldades na
contra-referência apareceram na segunda posição, ao lado da falta de estrutura física. Sem
dúvida, são os médicos que lidam mais diretamente com a necessidade de encaminhar
pacientes para outros níveis de complexidade do sistema de saúde.
Em relação às condições socioeconômicas da população, houve grande freqüência de
respostas considerando como aspecto negativo do trabalho no PMF/PSF a impossibilidade
de ajudar as famílias carentes em face do grau de pobreza da população (2o lugar para
enfermeiros e odontólogos) e a falta de saneamento básico.
A menção à interferência política no programa também foi recorrente entre os enfermeiros,
ocupando o terceiro lugar das respostas ao lado da falta de saneamento e das reclamações
da população. Apenas os médicos, entre os profissionais de nível superior, não apontaram a
questão política como experiência negativa no PMF/PSF.
A resistência da população ao programa e ao novo modelo assistencial e assuntos
relacionados a pouca valorização do trabalho apareceram com freqüência na opinião dos
profissionais de nível superior. Esta baixa valorização procederia, na opinião destes
profissionais, dos níveis hierárquicos superiores e incluiria a falta de apoio e de assessoria.
Quadro 62 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre a fatores negativos
da experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Experiência negativa Posição na percepção dos profissionais de
nível superior
Total Médicos Enfermeiros Odontólogos
Falta de estrutura física; Falta de unidades próprias; Falta de
espaço físico; Falta de consultórios; Falta de laboratório de
apoio
1o 2o 1o 1o
Dificuldades na referência; Dificuldades no encaminhamento
aos especialistas 2o 1o - -
Impossibilidade de ajudar as famílias carentes; Pobreza da
população 3o 4o 2o 2o
Dificuldades na contra-referência 4o 2o - -
Falta de saneamento básico 5o 8o 3o 2o
Falta de valorização (das autoridades, dos superiores); Falta
de apoio; Falta de assessoria 6o 5o 6o -
Resistência da população ao programa ao novo modelo de
atenção à saúde 7o 5o - 2o
Falta de condições para dar atendimento; Programa não está
totalmente funcionando 8o 7o - 2o
Interferência política 9o - 3o 2o
Reclamações da população 10o 9o 3o -
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 227
Auxiliares de enfermagem
Foi perguntado a 59 auxiliares de enfermagem que trabalhavam no PMF/PSF de Manaus
com que freqüência estes se deparavam com alguns obstáculos ao desempenho de suas
atividades no programa. Para 61% desses profissionais a forte demanda por atendimento
médico foi o obstáculo mais freqüente. A gravidade dos riscos sociais no âmbito da
comunidade também foi considerado como obstáculo muito freqüente na opinião de 42%
dos auxiliares de enfermagem.
Para 29% dos auxiliares, a grande densidade populacional em relação ao padrão
normatizado pelo programa constituiu um obstáculo muito freqüente, mas para outros 25%
este fator não dificultava o desenvolvimento de suas atividades. A baixa mobilização dos
usuários para participar das atividades foi considerada muito freqüente por 29% dos
auxiliares de enfermagem enquanto que o uso inadequado dos serviços de saúde foi muito
freqüente para 24% dos respondentes.
Entre os fatores que os auxiliares de enfermagem informaram constituírem-se em
obstáculos pouco freqüentes destacaram-se a fragilidade dos vínculos com a comunidade
(34%), o difícil acesso dos profissionais ao território (31%) e a baixa mobilização da
comunidade para participar dos CLS.
Parte dos auxiliares de enfermagem (22%) considerou que a quantidade excessiva de
membros individuais nos grupos familiares era um obstáculo pouco freqüente no
desempenho de suas atividades enquanto que o mesmo número avaliou que este fator não
dificultava o desenvolvimento do PMF/PSF. O mesmo ocorreu em relação à inadequação
do planejamento e programação das atividades.
Apareceu como obstáculo pouco freqüente ou que não dificultava a realização das
atividades, a fragilidade de vínculos no interior da equipe na avaliação de 29 e 31% dos
auxiliares de enfermagem respectivamente.
Mais de 30% dos auxiliares de enfermagem consideraram que a rotativilidade dos
profissionais dificultava o desempenho de suas atividades.
Os percentuais de auxiliares de enfermagem que não avaliaram cada aspecto variaram
entre o mínimo de 22% e um máximo de 34%.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 228
Quadro 63 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre fatores que dificultam o
desempenho de suas atividades, Manaus (AM), 2002
Dificuldades Muito
freqüente
Pouco
freqüente
Não
dificulta
Não sabe Não
respondeu
Total
N % N % N % N % N % N %
Forte demanda por atendimento
médico
36 61,0 4 6,8 6 10,2 - - 13 22,0 59 100,0
Gravidade dos riscos sociais no
âmbito da comunidade
25 42,4 8 13,6 10 16,9 - - 16 27,1 59 100,0
Grande densidade populacional
em relação ao padrão do
programa
17 28,9 10 16,9 15 25,4 2 3,4 15 25,4 59 100,0
Baixa mobilização dos usuários
para participar das atividades
17 28,8 12 20,3 8 13,6 2 3,4 20 33,9 59 100,0
Uso inadequado dos serviços de
saúde
14 23,7 8 13,6 11 18,6 4 6,8 22 37,3 59 100,0
Baixa mobilização da
comunidade para participar nos
CLS
13 22,0 14 23,7 6 10,2 6 10,2 20 33,9 59 100,0
Difícil acesso dos profissionais
ao território
10 16,9 18 30,6 16 27,1 1 1,7 14 23,7 59 100,0
Quantidade excessiva de
membros individuais nos grupos
familiares
9 15,3 13 22,0 13 22,0 4 6,8 20 33,9 59 100,0
Rotatividade dos profissionais 8 13,6 10 16,9 18 30,5 3 5,1 20 33,9 59 100,0
Fragilidade dos vínculos com a
comunidade
6 10,2 20 33,9 15 25,4 - - 18 30,5 59 100,0
Inadequação do planejamento e
programação das atividades
5 8,5 16 27,1 16 27,1 3 5,1 19 32,2 59 100,0
Fragilidade dos vínculos dentro
da equipe
4 6,8 17 28,8 18 30,5 3 5,1 17 28,8 59 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Foi também solicitado aos auxiliares de enfermagem que avaliassem alguns aspectos
relacionados aos resultados de seus trabalhos e o alcance de alguns dos objetivos do
PMF/PSF, por meio da concordância ou não com afirmações sobre o programa. As
avaliações em torno do acesso foram bastante positivas, mas pontos relacionados com a
integração da rede e com o próprio desenho do modelo assistencial sugeriram dificuldades.
O percentual de não respostas entre os auxiliares de enfermagem foi de 17% para o fator
positivo e 25% para o fator negativo.
Em relação à acessibilidade promovida pelo PMF/PSF, 51% dos respondentes avaliaram
que o programa ampliou o acesso de novas parcelas populacionais aos serviços de saúde e
apenas 2 não concordaram que o acesso melhorou.
O impacto do PMF/PSF no modelo de atenção à saúde no município foi percebido de
diferentes maneiras pelos auxiliares de enfermagem. Cerca de 75% destes profissionais
concordaram muito que o PMF/PSF se concentrou em áreas pobres e apenas um
profissional discordou desta proposição. Por outro lado, 41% concordaram parcialmente
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 229
que o programa substituiu as unidades básicas tradicionais de saúde, enquanto 39%
concordaram muito com esta afirmativa.
A configuração da USF como porta de entrada do sistema, expressa na assertiva de que a
população procurava primeiro a USF, obteve elevado grau de concordância de 61% dos
auxiliares de enfermagem. No entanto, as avaliações desses profissionais se dividiram
sobre a afirmação que a população procurava primeiramente os hospitais ou unidades de
saúde tradicionais: 34% concordaram parcialmente, 20% concordaram muito e 25% não
concordaram. Cerca de 40% dos auxiliares de enfermagem concordaram em parte que as
USF substituíram a rede básica tradicional e 39% concordaram muito.
A resolutividade do programa e seu impacto nos demais níveis do sistema foram, avaliados
de forma positiva na medida em que 51% dos auxiliares de enfermagem concordaram
muito e 37% concordaram parcialmente com a afirmativa de que a população atendida pelo
programa procurava menos os serviços hospitalares e especializados. Apenas 7%
discordaram de que o PMF/PSF produziu diminuição na procura da população por serviços
de maior complexidade.
As opiniões se dividiram quando o assunto foi avaliar se o PMF/PSF cumpria na prática as
funções de pronto-atendimento: 37% discordaram enquanto 34% concordaram em parte e
20% concordaram muito, o que sugere diferenças entre a organização do processo de
trabalho das ESF vis-à-vis a normatização do programa.
Apesar dos obstáculos mencionados anteriormente, a grande maioria dos auxiliares de
enfermagem (75%) discordou da afirmação de que o PMF/PSF não tinha importância na
atenção à saúde do município.
Duas dificuldades sobressaíram no grau de concordância com as afirmativas de que o
programa atraia a população vizinha, o que sobrecarregava o atendimento e na resistência
da população alvo às ações das USF. Houve alta taxa de concordância sobre a atração da
população vizinha (63%) entre os auxiliares de enfermagem mas as opiniões se dividiram
em relação à segunda afirmativa: 34% discordaram de que a população alvo resistiria às
ações das USF ao passo que outros 34% concordaram em parte e 19% concordaram muito.
Quanto à afirmativa de que o PMF/PSF atua articulado aos demais programas de saúde
existentes, 41% dos auxiliares de enfermagem concordaram muito e 39% concordaram
parcialmente. Houve também alto grau de concordância desses profissionais em relação ao
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 230
fato de o programa favorecer a atuação intersetorial no município: 49% concordaram muito
e 29% concordaram em parte.
Quadro 64 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre o PMF/PSF, Manaus
(AM), 2002
Percepção sobre PMF/PSF Concorda
muito
Concorda
em parte
Não
concorda
Não sabe Não
respondeu
Total
N % N % N % N % N % N %
Ampliou o acesso de novas
parcelas da população
30 50,8 15 25,4 2 3,4 4 6,8 8 13,6 59 100,0
Concentra-se em áreas pobres 44 74,6 12 20,3 1 1,7 - - 2 3,4 59 100,0
Substitui as unidades básicas
tradicionais de saúde
23 39,0 24 40,6 9 15,3 - - 3 5,1 59 100,0
População procura a USF
primeiro
36 61,0 10 16,9 6 10,2 - - 7 11,9 100,0
População primeiro procura
hospitais ou unidades
tradicionais de saúde
12 20,3 20 33,9 15 25,4 4 6,8 8 13,6 59 100,0
A população atendida procura
menos os serviços hospitalares
e especializados
30 50,8 22 37,3 4 6,8 - - 3 5,1 59 100,0
Cumpre na prática as funções
de pronto atendimento
12 20,3 20 33,9 22 37,3 - - 5 8,5 59 100,0
Não tem importância na
atenção à saúde do município
3 5,1 3 5,1 44 74,6 2 3,4 7 11,9 59 100,0
Atrai a população vizinha que
sobrecarrega o atendimento
37 62,7 10 16,9 4 6,8 2 3,4 6 10,2 59 100,0
População alvo resiste às ações
das USF
11 18,6 20 33,9 20 33,9 1 1,7 7 11,9 59 100,0
Atua articulado aos programas
de saúde existentes no
município
24 40,7 23 39,0 5 8,5 1 1,7 6 10,2 59 100,0
Favorece ação intersetorial no
município
29 49,2 17 28,8 3 5,1 5 8,5 5 8,5 59 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Aos 59 auxiliares de enfermagem foi solicitado que indicassem livremente um fator
positivo e um fator negativo de sua experiência de trabalho no PMF/PSF. Vários pontos
positivos foram listados, destacando-se em primeiro lugar a possibilidade de ajudar,
informar e educar a população sobre a saúde, o que, de certa forma, coincidiu com o
principal fator positivo mencionado pelos profissionais de nível superior. Os auxiliares de
enfermagem apontaram ainda, com muita freqüência, a possibilidade de conhecer os
problemas da população (incluindo visita domiciliar, aprender com a população, conhecer
os problemas in loco e trabalhar diretamente com a população) e a possibilidade de
trabalhar com pessoas pobres. O trabalho e entrosamento da equipe ocupou o quarto lugar
na percepção dos auxiliares de enfermagem quanto à experiência positiva no programa,
enquanto o controle de doenças, que envolve o acompanhamento de doentes e a
continuidade do tratamento dividiu o quinto lugar com o bom atendimento dado pela ESF.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 231
Quadro 65 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre fatores positivos da
experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Experiência positiva Posição na percepção dos
auxiliares de enfermagem
Possibilidade de ajudar, informar, educar a população sobre a saúde;
Mudança de hábitos; Prevenção; Promoção 1o
Possibilidade de conhecer os problemas da população; visita domiciliar;
Aprender com a população; Conhecer os problemas in loco; Trabalhar
diretamente com a população
2o
Possibilidade de trabalhar com as pessoas pobres 3o
Trabalho em equipe; Bom entrosamento da equipe; União da equipe 4o
Controle de doenças (hipertensão, diabetes, preventivo, etc.);
Acompanhamento de doentes; Continuidade do tratamento 5o
Pronto atendimento dado pela ESF; Bom atendimento dado pela ESF;
Qualidade das consultas; Eficiência da equipe 5o
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Entre os fatores negativos, a resistência da população ao programa e ao novo modelo
assistencial apresentaram a maior freqüência de menções do conjunto de auxiliares de
enfermagem. Em seguida, apareceram a falta de estrutura física e a falta de saneamento
básico. A descaracterização do programa com prevalência da medicina curativa dividiu o
quarto lugar com outros itens na listagem de experiências negativas do PMF/PSF. Um
aspecto também bastante mencionado estava relacionado com as condições de trabalho,
sobretudo a percepção de que o programa não estava totalmente funcionando e faltavam as
condições necessárias para prestar um bom atendimento. Falta de material, de
medicamentos e vacinas também foram freqüentes nas respostas dos auxiliares de
enfermagem bem como o insuficiente preparo de alguns profissionais.
Quadro 66 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre fatores negativos da
experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Experiência negativa Posição na percepção dos
auxiliares de enfermagem
Resistência; Hostilidade da população; Pessoas que não valorizam a
informação recebida 1o
Falta de estrutura física; Falta de consultórios; Falta de local para as atividades
com as famílias; Falta de local próprio; Falta de espaço físico 2o
Falta de saneamento básico 3o
Descaracterização do programa; Prevalência da medicina curativa 4o
Falta de condições para dar atendimento; Condições precárias de trabalho; Não
poder resolver todos os casos; Programa não está totalmente funcionando 4o
Falta de preparo de alguns profissionais 4o
Falta de material; Inadequação do material (para curativo, papel, etc.) 4o
Reclamações da população; Ser visto pela população como culpado pelos
problemas de atendimento e de falta de material 4o
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 232
Agentes comunitários de saúde
Foi solicitado a 261 ACS das ESF que apontassem com que freqüência alguns fatores
dificultavam o desempenho de suas atividades. Estes profissionais destacaram como
obstáculos muito freqüentes forte demanda por atendimento médico (66%); gravidade dos
riscos sociais no âmbito da comunidade (35%); grande densidade populacional em relação
ao padrão do programa (33%); baixa mobilização dos usuários para participar das
atividades propostas pela ESF (30%) e baixa mobilização da comunidade para participar
nos Conselhos Locais de Saúde (29%).
Para os ACS, os fatores que não dificultavam seu desempenho foram: fragilidade dos
vínculos dentro da equipe (56%) e a fragilidade dos vínculos com a comunidade (56%); o
difícil acesso ao território por falta de arruamento, o isolamento de algumas residências,
acidentes geográficos (45%); a rotatividade dos profissionais (36%) e o uso inadequado
dos serviços de saúde (32%).
A inadequação do processo de planejamento e programação das atividades foi um aspecto
que 28% dos ACS consideraram não dificultar o desenvolvimento do seu trabalho e foi
considerado como um obstáculo pouco freqüente para outros 27%.
As avaliações se dividiram na pergunta sobre com que freqüência a quantidade excessiva
de membros individuais nos grupos familiares dificultava o desenvolvimento do trabalho.
Enquanto para 26% dos ACS este aspecto não constituía um obstáculo, outros 24%
acreditavam que era uma dificuldade pouco freqüente e 23% avaliaram-no como muito
freqüente. Tal fato pode estar relacionado com diferenças na composição familiar entre as
áreas das ESF.
O índice de não respostas variou entre um mínimo de 14% e um máximo de 27%.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 233
Quadro 67 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre fatores que
dificultam o desempenho de suas atividades, Manaus (AM), 2002
Dificuldades Muito
freqüente
Pouco
freqüente
Não
dificulta
Não sabe Não
respondeu
Total
N % N % N % N % N % N %
Forte demanda por
atendimento médico
173 66,3 24 9,2 22 8,4 - - 42 16,1 261 100,0
Gravidade dos riscos
sociais no âmbito da
comunidade
90 34,5 64 24,5 63 24,1 8 3,1 36 13,8 261 100,0
Grande densidade
populacional em relação ao
padrão do programa
85 32,6 43 16,5 78 29,9 4 1,5 51 19,5 261 100,0
Baixa mobilização dos
usuários para participar das
atividades
78 29,9 73 28,0 51 19,5 3 1,1 56 21,5 261 100,0
Baixa mobilização da
comunidade para participar
nos CLS
76 29,1 64 24,5 41 15,7 26 10,0 54 20,7 261 100,0
Quantidade excessiva de
membros individuais nos
grupos familiares
61 23,4 63 24,1 67 25,7 9 3,4 61 23,4 261 100,0
Difícil acesso dos
profissionais ao território
41 15,7 48 18,4 116 44,5 9 3,4 47 18,0 261 100,0
Uso inadequado dos
serviços de saúde
42 16,1 59 22,6 84 32,2 17 6,5 59 22,6 261 100,0
Inadequação do
planejamento e
programação das atividades
20 7,7 70 26,8 74 28,3 26 10,0 71 27,2 261 100,0
Rotatividade dos
profissionais
42 16,1 44 16,9 93 35,5 14 5,4 68 26,1 261 100,0
Fragilidade dos vínculos
dentro da equipe
11 4,2 33 12,6 145 55,6 10 3,8 62 23,8 261 100,0
Fragilidade dos vínculos
com a comunidade
18 6,9 29 11,1 145 55,6 5 1,9 64 24,5 261 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
A percepção dos 261 ACS pesquisados sobre os resultados de seus trabalhos e alcance de
alguns dos objetivos do PMF/PSF foi, de modo geral, positiva. Ao mesmo tempo, houve
um reconhecimento de algumas dificuldades no desenvolvimento da estratégia do
PMF/PSF.
Nos aspectos relacionados à acessibilidade do programa, houve predominância de
avaliações positivas por parte dos ACS: 54% concordaram muito que o PMF/PSF ampliou
o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município. Tais
assertivas foram compatíveis com o alto grau de concordância dos ACS (53%) de que a
população procurava primeiro a Unidade da Saúde da Família, configurando-se como porta
de entrada prioritária ao sistema local de saúde. Por outro lado, cerca de 68% dos ACS
perceberam que o PMF/PSF concentrava-se em áreas pobres ou periféricas do município.
Embora 31% dos respondentes discordassem da afirmativa de que a população procurava
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 234
primeiro os hospitais ou as unidades tradicionais de saúde, 38% concordaram em parte.
Esta percepção ratificou, de certo modo, a divisão dos ACS quanto à concordância com as
afirmativas de que o PMF/PSF substituira as unidades básicas tradicionais de saúde no
atendimento da população e que depois da implantação do programa a população atendida
procurava menos os serviços hospitalares e especializados: 44% concordaram em parte que
o programa substituiu a rede básica tradicional enquanto 31% concordaram muito; e 45%
concordaram muito que ocorreu diminuição da procura por serviços especializados e
hospitalares ao passo que 36% concordaram em parte.
Ainda em relação ao modelo assistencial implantado pelo PMF/PSF, houve uma polaridade
de opiniões dos ACS sobre a afirmação de que o programa cumpria na prática a função de
pronto atendimento: 36% dos ACS concordaram em parte e 35% discordaram dessa
avaliação. Este dissenso pode ser atribuído à autonomia das ESF na definição das
atividades e às diferenças na organização do processo de trabalho, de cada equipe não
obstante as diretrizes do programa.
Foi alto o grau de discordância (72%) dos ACS sobre a afirmação de que o programa não
tinha importância na atenção à saúde do município, contrastando com os menos de 10%
que concordaram muito com essa assertiva.
Um aspecto positivo associado à integração do PMF/PSF à rede esteve presente na
afirmativa de que o programa atuava de modo articulado com os programas de saúde
existentes na rede, sobre o que 43% dos ACS concordara muito 29% concordaram em
parte e apenas 5% discordaram.
Diferentes opiniões se manifestaram em relação às resistências da população alvo às ações
das ESF: 35% dos ACS concordaram em parte 22% discordaram totalmente, 21%
concordaram muito com essa afirmação.
Os ACS concordaram muito (56%) com o fato do PMF/PSF atrair a população vizinha
sobrecarregando o atendimento; 22% concordaram em parte com esta afirmação.
Uma inovação que o programa pretende introduzir refere-se à intersetorialidade, aspecto
sobre o qual 45% dos ACS concordaram muito enquanto 25% concordaram em parte e
menos de 7% não concordaram.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 235
Quadro 68 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre o PMF/PSF,
Manaus (AM), 2002
Percepção sobre PMF/PSF Concorda
muito
Concorda
em parte
Não
concorda
Não sabe Não
respondeu
Total
N % N % N % N % N % N %
Ampliou o acesso de novas
parcelas da população
141 54,0 50 19,2 15 5,7 25 9,6 30 11,5 261 100,0
Concentra-se em áreas
pobres
178 68,2 56 21,5 10 3,8 - - 17 6,5 261 100,0
Substitui as unidades básicas
tradicionais de saúde
81 31,0 115 44,1 39 14,9 2 0,8 24 9,2 261 100,0
População procura a USF
primeiro
138 52,8 38 14,6 29 11,1 14 5,4 42 16,1 261 100,0
População primeiro procura
hospitais ou unidades
tradicionais de saúde
48 18,4 99 37,9 82 31,4 6 2,3 26 10,0 261 100,0
A população atendida
procura menos os serviços
hospitalares e especializados
116 44,5 94 36,0 28 10,7 - - 23 8,8 261 100,0
Cumpre na prática as
funções de pronto
atendimento
47 18,0 93 35,7 91 34,9 3 1,1 27 10,3 261 100,0
Não tem importância na
atenção à saúde do
município
24 9,2 15 5,7 189 72,4 2 0,8 31 11,9 261 100,0
População alvo resiste às
ações das USF
54 20,7 90 34,5 58 22,2 22 8,4 37 14,2 261 100,0
Atrai a população vizinha
que sobrecarrega o
atendimento
145 55,6 57 21,8 24 9,2 8 3,1 27 10,3 261 100,0
Atua articulado aos
programas de saúde
existentes no município
112 42,9 76 29,1 13 5,0 24 9,2 36 13,8 261 100,0
Favorece ação intersetorial
no município
117 44,9 66 25,3 18 6,9 27 10,3 33 12,6 261 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Na identificação de fatores positivos e negativos de suas experiências de trabalho no
PMF/PSF, cerca de 22% dos ACS não anotaram ao fator positivo enquanto 27% não
mencionaram o fator negativo.
Muitos foram os fatores positivos apontados por esses profissionais. De modo semelhante
à avaliação dos auxiliares de enfermagem, na classificação dos ACS figurou em primeiro
lugar a possibilidade de ajudar, informar e educar a população sobre a saúde, envolvendo
mudanças de hábitos e ênfase nas ações de prevenção e promoção. Em seguida apareceu a
possibilidade de conhecer os problemas da comunidade ao trabalhar diretamente com a
população, seguida da oportunidade de aprendizado proporcionada pelo PMF/PSF que foi
mencionada tanto quanto o controle e acompanhamento de doenças como diabetes e
hipertensão. Em quinto lugar foi apontado o trabalho em equipe, envolvendo o bom
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 236
entrosamento e a união da ESF e em sexto lugar a formação de grupos (gestantes,
hipertensos) e seu acompanhamento.
Quadro 69 – Percepção dos profissionais de nível elementar – ACS quanto ao fator
positivo da experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Experiência positiva Posição na
percepção dos ACS
Possibilidade de ajudar, informar, educar a população sobre a saúde; Mudança de
hábitos; Prevenção; Promoção 1o
Possibilidade de conhecer os problemas da população; Visitas domiciliares; Trabalhar
diretamente com a população 2o
Aprender (com os colegas, com leituras, troca de experiência, etc.) 3o
Controle de doenças (hipertensão, diabetes, preventivo, etc.); Acompanhamento de
doentes; Continuidade do tratamento 3o
Trabalho em equipe; Bom entrosamento da equipe; União da equipe 5o
Formação de grupos (idosos, gestantes, etc.); Acompanhamento dessas pessoas 6o
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Quanto ao fator negativo, houve forte concordância dos agentes comunitários de saúde
com a avaliação dos auxiliares de enfermagem. A falta de estrutura física ficou em
primeiro lugar na percepção dos ACS, seguida de perto pela resistência e hostilidade da
população ao trabalho desenvolvido no PMF/PSF. O valor dos salários apareceu em
terceiro lugar no conjunto dos fatores negativos mencionados e aspectos relacionados à
falta de material e de medicamentos ocuparam o quarto e o quinto lugares.
As reclamações da população, considerando-os responsáveis pelos problemas de
atendimento, foram também apontadas pelos ACS como um dos principais fatores
negativos da experiência de trabalho no PMF/PSF.
Quadro 70 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre fatores negativos da
experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Experiência negativa Posição na
percepção dos ACS
Falta de estrutura física; Falta de consultórios; Falta de local para as atividades com as
famílias; Falta de local próprio; Falta de espaço físico; Falta de laboratório de apoio 1o
Resistência da população ao programa; Hostilidade da população; Pessoas que não
valorizam a informação recebida 2o
Valor do salário 3o
Falta de material; Inadequação do material (para curativo, papel, etc.) 4o
Falta de medicamentos, e vacinas 5o
Reclamações da população; Ser visto pela população como culpado pelos problemas
de atendimento e de falta de material 6o
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Em linhas gerais, pode-se dizer que as avaliações das trê categorias de profissionais se
aproximaram e foram bastante positivas nos aspectos da ampliação do acesso da população
aos serviços, estabelecimento de vínculos com a comunidade e desenvolvimento do
trabalho em equipe propiciados pelo PMF/PSF. Houve uma tendência a identificar o
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 237
programa como porta de entrada para o sistema local de saúde, ainda que parte dos
entrevistados avaliasse que a população ainda procurava primeiramente a rede básica
tradicional ou a hospitalar.
A não integração do programa à rede de serviços de saúde e ausência de referência para
outros níveis de atenção foram apontados como as grandes dificuldades do PMF/PSF,
restringindo a resolutividade da assistência prestada.
Da mesma forma, a precariedade das condições de vida da população foi assinalada como
um obstáculo à efetividade das ações de saúde das ESF, limitando o alcance do programa.
A não valorização do trabalho no PMF/PSF foi um aspecto comum na avaliação do
conjunto dos profissionais. Para os de nível superior, esta não valorização adviria,
sobretudo, dos níveis hierárquicos superiores e se expressaria na falta de apoio técnico-
político e de assessoria para a realização das atividades. Na opinião de auxiliares de
enfermagem e ACS, a não valorização seria proveniente do não reconhecimento por parte
de segmentos da população do trabalho desenvolvido e da freqüente responsabilização
desses profissionais pelas falhas do programa e do próprio sistema de saúde como um todo.
Os ACS queixaram-se também de baixos salários.
Uma unanimidade entre as várias categorias de profissionais foi a falta de adequadas
condições de trabalho, relacionada tanto com a estrutura física das USF quanto com a falta
de materiais e medicamentos básicos.
Outros aspectos ressaltados pelo conjunto dos integrantes das USF foram a forte demanda
da população por atendimento médico, sobretudo em termos de pronto-atendimento, e a
sobrecarga imposta pela população não adscrita ao programa, que com freqüência procura
as USF em busca de assistência.
3. AVALIAÇÃO DAS FAMÍLIAS
As 241 famílias entrevistadas consideraram, em sua maioria (81%), que depois que o
PMF/PSF foi criado as condições de saúde do bairro melhoraram, cerca de 15% avaliaram
que estas não se modificaram e na opinião de apenas 2 famílias (0,8%), moradoras das
áreas sob responsabilidade das equipes 01 e 05, as condições de saúde na localidade
haviam piorado. As avaliações mais positivas em relação ao bom resultado da
implementação do PMF/PSF nas condições de saúde do bairro em que residem foram das
famílias adscritas às equipes 02 (87%), 04 (97%), 06 (97%) e 07 (93%) enquanto as
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 238
famílias vinculadas, principalmente à equipe 01, e também às equipes 03 e 08 foram as
que, relativamente, mais consideraram que as condições de saúde do bairro não haviam
sido modificadas pelo PMF/PSF.
Os entrevistados foram mais críticos em relação à interferência do PMF/PSF nas condições
de saúde de suas famílias pois 67% consideraram que estas haviam melhorado a partir do
funcionamento do programa, 31% avaliaram que as condições de saúde de suas famílias
permaneceram iguais e três famílias (1%), vinculadas às equipes 01, 02 e 08, informaram
que haviam piorado. As avaliações mais positivas das conseqüências do PMF/PSF sobre as
condições de saúde de suas famílias foram dos moradores nas áreas sob responsabilidade
das equipes 04 (77%) e 06 (90%) enquanto aquelas que mais consideraram,
proporcionalmente, que a saúde de suas famílias se modificara estavam adscritas às
equipes 01 (43%), 05 (37%) e, principalmente, 08 (57%).
Mais da metade das famílias entrevistadas (60%) avaliou que com a criação do PMF/PSF
passaram a procurar menos serviços hospitalares e especialistas, cerca de 25%
consideraram que a demanda por estes serviços permanecera igual e 14% que aumentou.
Estas últimas concentravam-se nas equipes 01 e 05, nas quais cerca de 27% das famílias de
cada área consideraram que procuravam mais hospitais e especialistas assim como na
equipe 08 (23%), embora em todas as áreas, excetuando-se a sob responsabilidade da
equipe 07, existiram entre 2 e 8 famílias que opinaram que a procura por hospitais e
especialistas aumentou. As famílias que informaram precisar menos de serviços
hospitalares ou especialistas desde a criação do PMF/PSF concentraram-se nas áreas sob
responsabilidade das equipes 02 (70%) e 04 (78%) e as que mais consideraram,
proporcionalmente, não ter ocorrido nenhuma mudança neste aspecto estavam adscritas às
equipes 01, 03, 07 e 08.
Para analisar melhor este item foi considerada como avaliação negativa a soma das
famílias que informaram que a demanda por hospitais e especialistas aumentara e as que
declararam que esta procura não havia sido modificada com a implantação do PMF/PSF,
opinião de 39% do total das famílias entrevistadas. Os percentuais de avaliação negativa
foram superiores à média entre as famílias adscritas às equipes 01 (57%), 03 (40%), 05
(43%) e 08 (57%), e inferiores à média nas famílias vinculadas às equipes 02 (30%), 04
(23%), 06 (33%) e 07 (30%).
Embora em percentual menor, 54% das famílias também consideraram que depois da
criação do PMF/PSF procuram menos serviços de urgência/emergência. Ao redor de 30%
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 239
das famílias informaram não ter ocorrido mudança nesse aspecto e 14% avaliaram que
procuram mais serviços de emergência. Estas últimas estavam vinculadas, principalmente,
às equipes 01 (30%), 05 (23%) e 08 (20%). As áreas que apresentaram maiores percentuais
de famílias que com a implantação do PMF/PSF passaram a demandar menos serviços de
urgência e emergência estavam sob responsabilidade das equipes 02, 04 e 07 enquanto as
famílias para as quais a procura de serviços de emergência não se alterou estavam
concentradas nas áreas das equipes 03 e 08.
Com a implantação do PMF/PSF o atendimento nos casos de doenças melhorou muito para
44% e melhorou um pouco para 38% das famílias entrevistadas em Manaus, congregando
82% das famílias que consideraram ter melhorado a assistência aos doentes. Por outro
lado, 15% das famílias consideraram que o atendimento em caso de doença não melhorou
e 2% que havia piorado. Estas últimas quatro famílias relacionavam-se com as equipes 01
(2), 02 (1) e 05 (1). As avaliações mais positivas foram de famílias adscritas às equipes 04
(55%), 06 (73%) e 07 (64%) que consideraram que a assistência nos casos de doenças
melhorara muito com a criação do PMF/PSF. As famílias vinculadas às equipes 03 e 08
foram as que, proporcionalmente, mais mencionaram que a assistência ao doente melhorou
um pouco, respectivamente, 47% e 50%. As famílias que mais consideraram que o
atendimento em caso de doença não melhorou residiam nas áreas sob responsabilidade das
equipes 01 (33%), 03, 05 e 08 (opinião de 20% das famílias em cada).
Considerando o conjunto dos cinco itens de avaliação foi possível verificar coerências e
contradições entre a característica assinalada pela Coordenação Municipal do PMF/PSF de
ser a equipe bem sucedida ou com dificuldades e as opiniões das famílias atendidas.
Embora a Coordenação considerasse a equipe 01 como bem sucedida as famílias
entrevistadas apresentaram percentuais de avaliação positiva abaixo da média do conjunto
das equipes nos cinco itens, além de incluir famílias que achavam que as condições de
saúde do bairro e de sua família tinham piorado assim como a assistência em caso de
doença, e que a demanda por assistência em hospitais, com especialistas e nos serviços de
urgência/emergência tinham aumentado. A soma das famílias entrevistadas que
consideraram que a procura por hospitais e especialistas aumentou com aquelas que
avaliaram que a demanda por estes serviços não se modificou atingiu a taxa mais elevada
(57%) entre todas as equipes.
Por sua vez as famílias adscritas à equipe 02, considerada como apresentando dificuldades
pela Coordenação Municipal, avaliaram todos os itens com percentuais positivos acima da
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 240
média embora existissem entrevistados que consideraram que as condições de saúde de
suas famílias e a assistência ao doente haviam piorado assim como que a demanda por
hospitais e especialistas aumentaram depois da implantação do PMF/PSF.
As famílias sob responsabilidade da equipe 03, também indicada pela Coordenação
Municipal como uma ESF com dificuldades, manifestaram percentuais próximos à média
de avaliação positiva da implantação do PMF/PSF nas condições de saúde de seus
integrantes e na diminuição da demanda por hospitais e especialistas todavia foi mais
crítica quanto à melhora das condições de saúde do bairro assim como na diminuição da
procura por serviços de emergência e mais positiva que a média em relação a assistência
em caso de doenças.
A avaliação da Coordenação Municipal que considerou a equipe 04 como bem sucedida foi
reiterada pelas famílias a ela adscritas que avaliaram com percentuais acima da média
todos os itens. Embora algumas famílias tenham informado que a procura por hospitais e
especialistas aumentou depois da criação do PMF/PSF, a soma das porcentagens de
famílias que informaram que aumentou a demanda por hospitais e especialistas com as que
declararam que a procura por estes serviços e profissionais manteve-se igual foi a menor
(23%) entre todas as equipes.
A opinião das famílias vinculadas à equipe 05 foi coerente com a definição feita pela
Coordenação Municipal do PMF/PSF de ser uma equipe com dificuldades na medida em
que excetuando-se o item de melhoria das condições de saúde do bairro que obteve um
percentual de respostas positivas similar à media, os demais itens foram avaliados de
maneira mais crítica, inclusive por famílias que consideraram que a assistência em caso de
doença piorara.
A coerência entre a avaliação da Coordenação Municipal do programa e as famílias
usuárias também ocorreu em relação à equipe 06, bem sucedida na opinião da coordenação
e com porcentagens de opiniões positivas das famílias bem acima da média do conjunto
das equipes em todos os itens exceto em relação à diminuição da demanda por serviços de
emergência em que a taxa é apenas discretamente superior à média.
No caso da equipe 07 considerada pela Coordenação Municipal como apresentando
dificuldades as famílias a ela vinculadas manifestaram-se de forma bem positiva em todos
os itens com percentuais acima da média e, inclusive, esta foi a única equipe em que
nenhuma família manifestou piora nas condições de saúde do bairro ou da família ou no
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 241
atendimento aos doentes nem aumento na demanda por hospitais, especialistas ou serviços
de emergência.
A avaliação da Coordenação Municipal da equipe 08, caracterizada como bem sucedida,
não foi ratificada pelas famílias que manifestaram-se com percentuais bem menores de
positividade em relação à media em todos os itens exceto a assistência aos doentes que
recebeu porcentagem de respostas positivas discretamente inferior à média. Adscritas a
esta equipe estavam famílias que consideraram que a saúde de seus integrantes piorou e a
soma das famílias que opinaram que a procura por hospitais e especialistas aumentou com
aquelas que avaliaram que a demanda por estes serviços não se modificou atingiu a taxa
mais elevada (57%) entre todas as equipes.
Quadro 71 – Avaliação positiva das famílias sobre condições de saúde, diminuição da
demanda de hospitais, especialistas e serviços de emergência, e assistência
em caso de doença depois da implantação do PMF/PSF, Manaus (AM),
2002
Equipe Característica Condições
saúde bairro
melhoraram
Condições
saúde
família
melhoraram
Demanda de
hospitais e
especialistas
diminuíram
Demanda
serviços de
emergência
diminuiu (1)
Assistência ao
doente
melhorou
muito e um
pouco
Todas as equipes 80,0 66,5 **60,2 54,4 82,1
01 Bem sucedida *53,4 *50,1 **40,0 40,0 *56,7
02 Com dificuldades 86,6 *70,0 **70,0 66,6 *83,4
03 Com dificuldades 73,4 66,7 **60,0 53,3 76,7
04 Bem sucedida 96,8 77,4 **77,4 67,8 93,6
05 Com dificuldades *80,0 63,3 **56,6 50,0 *76,7
06 Bem sucedida 96,7 90,0 **66,7 56,6 93,3
07 Com dificuldades 93,3 76,7 66,7 63,4 96,3
08 Bem sucedida 66,6 *36,7 **43,4 36,7 80,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
* Existência de famílias que declararam que as condições de saúde do bairro ou de sua família ou que o
atendimento em caso de doença pioraram depois da implantação do PMF/PSF.
** Existência de famílias que declararam que depois da implantação do PMF/PSF procuram mais hospitais e
serviços de emergência.
(1) Em todas as equipes existiram famílias que informaram procurar mais serviços de urgência e emergência
depois da implantação do PMF/PSF.
Foi solicitado aos entrevistados que comparassem o atendimento recebido nas USF com o
prestado anteriormente em Postos ou Centros de Saúde. Um pouco mais da metade das
famílias (125) afirmou que antes do PMF/PSF existiam unidades de saúde no bairro ou
comunidade, concentradas nas áreas das equipes 03, 04, 06, 07 e 08. Poucas famílias (uma
ou duas) adscritas às equipes 01 e 02 e nenhuma vinculada à equipe 05 informaram a
existência anterior de unidades de saúde na localidade.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 242
Entre as famílias que confirmaram a existência de postos ou centros de saúde antes da
implementação do programa, pouco mais da metade (67) eram atendidas com freqüência
nestas unidades mas nenhuma delas estava vinculada às equipes 01, 02 e 05. Entre as
famílias que moravam nas áreas sob responsabilidade das equipes 03 e 04 predominaram
as que eram atendidas com pouca freqüência nos postos ou centros de saúde, situação
oposta a verificada entre as famílias adscritas às equipes 06, 07 e 08.
A avaliação comparativa entre o atendimento prestado pela USF e os centros e postos de
saúde das 67 famílias entrevistadas que anteriormente ao PMF/PSF utilizavam com
freqüência as unidades básicas tradicionais foi favorável ao programa: 32 famílias (48%)
consideraram que o atendimento na USF era melhor, 20 famílias (30%) opinaram que era
igual e 15 famílias (22%) informaram que o atendimento era pior que o recebido em
centros e postos de saúde. Nas famílias vinculadas a equipe 03 predominou a opinião que a
atenção da ESF era pior que a dos centros e postos. As famílias sob responsabilidade da
equipe 04 manifestaram de forma equivalente que o atendimento era melhor e que o
atendimento era igual nos dois tipos de unidades. Nas famílias adscritas às equipes 06 e 07
predominaram as que consideraram que a assistência no PMF/PSF era melhor que a
recebida nas unidades básicas tradicionais. Entre as famílias moradoras da área da equipe
08 as respostas que consideraram o atendimento na USF melhor e as que referiram ser pior
foram equivalentes.
As 67 famílias que informaram que antes da existência do PMF/PSF na localidade eram
atendidas com freqüência em postos ou centros de saúde existentes no bairro foram
solicitadas a realizar uma avaliação comparativa entre os dois tipos de serviços de saúde
em relação a nove itens. A participação da ESF nas atividades do bairro foi considerada
melhor por 58% dos entrevistados, igual por 19% e pior por 22% das famílias. A avaliação
positiva da ESF predominou entre as famílias atendidas pelas equipes 04, 06 e 08,
respectivamente 82%, 77% e 64%. As famílias que consideraram que a participação da
ESF nas atividades do bairro era pior que a dos profissionais das unidades de atenção
básica freqüentadas anteriormente concentraram-se na equipe 03 (58%). Nas famílias
adscritas à equipe 07 embora a avaliação positiva congregasse maior número de respostas
(44%), 31% consideraram que a participação da ESF nas atividades do bairro era igual a da
equipe dos centros e postos de saúde e 25% afirmaram ser pior. Entre as famílias
vinculadas à equipe 08 27% consideraram que o envolvimento da ESF nas atividades do
bairro era pior que o dos profissionais de saúde da rede básica tradicional.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 243
As famílias entrevistadas avaliaram que a atuação da USF era melhor (67%) que os centros
ou postos de saúde existentes anteriormente quanto ao conhecimento dos problemas da
comunidade embora 19% tenham afirmado ser pior neste aspecto e 12% consideraram ser
igual. A predominância de avaliação positiva das ESF sobre o conhecimento dos
problemas da comunidade foi verificada entre as famílias adscritas às equipes 04 (91%), 06
(71%), 07 (56%) e 08 (73%) mas 24% das famílias moradoras na área da equipe 06
afirmaram que o conhecimento era igual e 25% das que estavam sob responsabilidade da
equipe 07 avaliaram que era pior. Entre as famílias vinculadas à equipe 03 as opiniões se
dividiram entre as que consideraram que ESF conhecia melhor os problemas da
comunidade e as que avaliaram como pior.
O conhecimento técnico dos profissionais de saúde para interferir nos problemas foi
avaliado como melhor (46%), igual (28%) e pior (22%) na USF que nos centros e postos
de saúde existentes anteriormente. A avaliação negativa do conhecimento técnico da ESF
predominou entre as famílias adscritas à equipe 03 (50%) enquanto a maioria das famílias
vinculadas às equipes 04 (55%), 06 (59%) e 08 (55%) considerou o conhecimento técnico
das ESF melhor. As famílias atendidas pela equipe 07 avaliaram como melhor (44%), igual
(31%) e pior (19%) o conhecimento técnico para interferir nos problemas da ESF em
relação ao das unidades de atenção básica que freqüentavam antes da existência do
PMF/PSF no bairro.
O senso de responsabilidade dos profissionais das ESF em relação aos moradores do bairro
foi considerado como maior por 60% das famílias entrevistadas que puderam realizar a
avaliação comparativa entre as USF e as unidades básicas de saúde. No entanto, 21% das
famílias informaram que as duas equipes de profissionais eram iguais na responsabilidade
em relação aos moradores do bairro, opinião compartilhada por 24% das famílias adscritas
à equipe 06 e 25% das famílias vinculadas à equipe 07. Os entrevistados que informaram
perceber como pior a responsabilidade da ESF em relação aos habitantes da localidade
comparativamente às equipes dos centros e postos de saúde representaram 18% do total de
famílias concentradas principalmente na equipe 03 (50%) e na equipe 07 (31%).
Na comparação da facilidade em obter consulta agendada 54% das famílias consideraram
que na USF era mais fácil mas 28% afirmaram que era pior e 15% que era igual a
verificada nos centros e postos de saúde que existiam no bairro anteriormente. A avaliação
negativa da USF em relação à facilidade de obtenção de consulta marcada foi
predominante entre as famílias adscritas à equipe 03 (58%) assim como a avaliação
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 244
positiva foi a posição da maioria das famílias da equipe 06 (56%). Nas demais equipes,
embora com predomínio de famílias que consideravam mais fácil obter consulta quando
estava marcada na USF que nas unidades tradicionais de atenção básica, outras opiniões
também foram assinaladas com freqüência. Nas famílias adscritas à equipe 04, 45%
consideraram ser melhor na USF mas 36% avaliaram como igual e 18% como pior. Nas
áreas sob responsabilidade da equipe 07, 56% informaram ser melhor e 31% ser pior e
entre as famílias vinculadas à equipe 08, 54% percebiam ser mais fácil obter consulta
agendada na USF enquanto 36% afirmaram ser mais difícil.
O quadro se modifica quando as famílias avaliaram a facilidade de obter consulta sem
marcar na USF em relação ao que acontecia nos centros e postos de saúde que
freqüentavam antes da implantação do PMF/PSF no bairro. Menos da metade das famílias
entrevistadas (43%) afirmaram que na USF era mais fácil obter consulta não agendada,
enquanto 24% informaram ser igual e 31% consideraram ser pior. Neste aspecto também
as famílias adscritas à equipe 03 foram as que concentraram a avaliação negativa da USF –
67% consideraram que na USF era mais difícil conseguir consulta quando não estava
marcada do que nas unidades básicas que existiam anteriormente no bairro, embora 25%
das famílias vinculadas a essa equipe apresentassem avaliação positiva da USF nesse
aspecto. As famílias sob responsabilidade da equipe 04 dividiram-se entre as opiniões que
na USF a facilidade em obter consulta sem agendamento era maior (46%) e era igual
(46%) ao que acontecia antes nos centros e postos de saúde. Embora com predominância
da avaliação positiva da USF (41%) as famílias vinculadas à equipe 06 consideraram
também que na USF era igual (29%) e na USF era pior (29%) que nas unidades
tradicionais de atenção básica. A equipe 07 foi predominantemente avaliada de forma
positiva (56%) e a equipe 08 foi considerada ser tanto melhor (46%) quanto pior (46%) no
que diz respeito à facilidade de obter consulta sem agendamento prévio.
As 67 famílias entrevistadas que freqüentavam postos e centros de saúde regularmente
antes da criação da USF no bairro dividiram-se quanto à avaliação das condições da USF
para oferecer um bom atendimento à população: 45% consideraram que eram melhores,
34% iguais e 19% piores. A avaliação negativa da USF predominou entre as famílias
adscritas à equipe 03 (58%), a avaliação positiva foi preponderante entre as famílias
vinculadas à equipe 07 (56%) e a avaliação de equivalência – as condições para oferecer
bom atendimento eram iguais na USF e nas unidades básicas de saúde – foi mais freqüente
nas famílias sob responsabilidade da equipe 08 (55%). As famílias moradoras nas áreas das
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 245
equipes 04 e 07 dividiram-se entre as que consideraram que a USF tinha melhores
condições de dar bom atendimento e as que avaliaram que as condições eram iguais
(respectivamente, 46% e 47%).
Em relação à obtenção de medicamentos a maior parte das famílias avaliou que a
facilidade era igual na USF (42%) e nos centros e postos de saúde, enquanto 39%
consideraram ser mais fácil obter medicamentos na USF e 16% consideraram ser mais
difícil. As famílias adscritas à equipe 03 acompanharam a opinião predominante no
conjunto das famílias entrevistadas assinalando ser igual (42%) a facilidade de obtenção de
medicamentos nos dois tipos de unidades mas a avaliação negativa da USF neste aspecto
foi o mais elevado (33%). Apenas as famílias vinculadas à equipe 04 avaliaram que na
USF era mais fácil (55%) obter medicamentos enquanto nas famílias sob a
responsabilidade das equipe 06 e 08 as opiniões dividiram-se entre ser mais fácil na USF e
ser igual (respectivamente, 42% e 46%) na USF e nos centros e postos de saúde. Metade
das famílias adscritas à equipe 07 considerou que a facilidade de obtenção de
medicamentos era igual.
A obtenção de outros serviços e benefícios como cestas de alimentos e leite foi avaliado
por um número reduzido de famílias pois a maior parte (49%) declarou não saber informar.
Cerca de 27% das famílias consideraram que na USF era mais fácil, 19% opinaram ser
igual e 5% avaliaram que na USF era mais difícil obter esses outros benefícios do que nos
centros e postos de saúde que freqüentavam anteriormente. Essas também foram as
opiniões das famílias quando analisadas segundo as equipes às quais estavam vinculadas
sobressaindo as famílias sob responsabilidade das equipes 04 e 07 que consideraram ser
mais fácil a obtenção de benefícios na USF do que em unidades tradicionais de atenção
básica à saúde (respectivamente, 64% e 37%) e as famílias adscritas à equipe 08 que
avaliaram ser mais difícil (55%).
De modo geral, a USF foi considerada melhor pelas famílias entrevistadas do que os
centros e postos de saúde freqüentados anteriormente excetuando-se os aspectos
relacionados à facilidade de obtenção de medicamentos – que a maior parte das famílias
considerou ser igual entre os dois tipos de unidades de saúde – e a facilidade de obtenção
de outros serviços e benefícios que a maior parte das famílias não soube comparar. No
entanto, podem ser observadas variações entre as opiniões positivas das famílias sobre a
USF: enquanto 67% das famílias declararam que as ESF conheciam melhor os problemas
da comunidade e 60% que tinham maior responsabilidade em relação aos moradores do
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 246
bairro, menos da metade avaliou que a ESF tinha maior conhecimento técnico para
interferir nos problemas (46%) e que era mais fácil obter consulta na USF sem marcar
(43%).
Quadro 72 – Avaliação comparativa entre a Unidade de Saúde da Família e centros
ou postos de saúde anteriormente existentes em relação a aspectos
selecionados por famílias usuárias do PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Avaliação da USF em relação aos centros e postos
de saúde anteriormente existentes
Melhor Igual Pior Não sabe
N % N % N % N %
Participação nas atividades do bairro 39 58,2 13 19,4 15 22,4 - -
Conhecimento dos problemas da comunidade 45 67,2 8 11,9 13 19,4 1 1,5
Conhecimento técnico para interferir nos problemas 31 46,2 19 28,4 15 22,4 2 3,0
Responsabilidade em relação aos moradores do bairro 40 59,7 14 20,9 12 17,9 1 1,5
Facilidade de obter consulta quando está marcada 36 53,7 10 14,9 19 28,4 2 3,0
Facilidade de obter consulta sem marcar 29 43,3 16 23,9 21 31,1 1 1,5
Condições de oferecer bom atendimento 30 44,8 23 34,3 13 19,4 1 1,5
Facilidade de obtenção de medicamentos 26 38,8 28 41,8 11 16,4 2 3,0
Facilidade de obtenção de outros serviços (cestas
básicas, leite, etc.)
18 26,9 13 19,4 3 4,5 33 49,2
Total* 294 48,8 144 23,9 122 20,2 43 7,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
* Foram consideradas 67 famílias entrevistadas que utilizavam com freqüência postos ou centros de saúde
existentes no bairro antes da instalação da USF e o percentual calculado entre a possibilidade total de
respostas (67 x 9 aspectos avaliados = 603 opiniões).
A análise das famílias entrevistadas segundo a ESF a que estavam adscritas identificou que
a atenção à saúde ofertada pela equipe 03 foi considerada, de maneira geral, pior que a
recebida em postos e centros de saúde anteriormente existentes no bairro, corroborando a
avaliação feita pela coordenação municipal do PMF/PSF. Embora as famílias vinculadas às
equipes 04 e 06 também ratificassem a avaliação realizada pela coordenação municipal do
programa, manifestando-se no geral que a atenção à saúde era melhor na USF que nas
unidades tradicionais de atenção básica essa opinião foi atenuada, principalmente em
relação à equipe 06, por mais de 30% das famílias que consideraram, no conjunto dos
aspectos selecionados, a USF como igual ou pior aos centros e postos de saúde
freqüentados anteriormente. As famílias sob responsabilidade da equipe 07 também
corroboraram a avaliação da coordenação municipal do PMF/PSF que a considerou como
uma equipe com dificuldades pois do conjunto de aspectos da atenção à saúde, menos da
metade foi considerado melhor na USF e percentual equivalente foi considerado igual ou
pior. E as famílias adscritas à equipe 08 também atenuaram a caracterização de bem
sucedida feita pela coordenação municipal do programa ao manifestarem em mais de 40%
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 247
opiniões que avaliaram como igual ou pior a atenção recebida na USF em relação à
oferecida pelos centros e postos de saúde.1
Quadro 73 – Síntese da avaliação dos serviços prestados na USF em comparação aos
postos ou centros de saúde por famílias em que pelo menos um integrante
era atendido com freqüência em centros ou postos de saúde existentes no
bairro antes da criação da USF por equipe, Manaus (AM), 2002
Equipe Avaliação da
coordenação
municipal
PMF/PSF
Avaliação da USF em relação aos centros e postos de saúde
anteriormente existentes sobre todos os aspectos selecionados*
Melhor Igual Pior Não sabe
N % N % N % N %
03 Com dificuldades 28 25,9 16 14,8 52 48,2 12 11,1
04 Bem sucedida 62 62,6 25 25,3 8 8,1 4 4,1
06 Bem sucedida 84 54,9 45 29,4 13 8,5 11 7,2
07 Com dificuldades 69 47,9 36 25,0 30 20,8 9 6,3
08 Bem sucedida 51 51,6 22 22,2 19 19,1 7 7,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
* Em cada equipe foram consideradas o total de famílias entrevistadas que utilizavam com freqüência postos
ou centros de saúde existentes no bairro antes da instalação da USF e o percentual calculado entre a
possibilidade total de respostas (n famílias x 9 aspectos avaliados).
A avaliação sobre atividades e serviços prestados na Unidade de Saúde da Família e
utilizados pelas 241 famílias entrevistadas em Manaus foi maioritariamente boa, em ordem
decrescente, em relação a: atendimento médico (78%), recepção (66%), triagem (59%),
acesso ao atendimento médico (56%), atendimento de enfermagem (56%) e
encaminhamento para outros serviços (54%). Nenhuma atividade foi avaliada pela maioria
das famílias como ruim, opinião mais assinalada no acesso ao atendimento médico (15%).
As atividades que mais da metade das famílias afirmaram não serem realizadas pelas USF
e que, portanto, não puderam avaliar foram: exames laboratoriais (69%), acesso ao
atendimento odontológico (66%), atendimento odontológico (66%). Também foram
mencionadas as atividades do teste do pezinho (32%) e exame preventivo de câncer de
colo uterino (31%).
Muitas atividades, as famílias informaram não saber avaliar entre as quais algumas que
além de integrarem o leque de ações da atenção básica são priorizadas no PMF/PSF,
segundo informações dos gestores. Em ordem decrescente de porcentagem de famílias que
não souberam a avaliar, as atividades foram: planejamento familiar (77%), programa de
leite (77%), acompanhamento de pré-natal (75%), teste do pezinho (64%),
________________________ 1 Os quadros de avaliação das famílias específicos para cada equipe encontram-se no anexo 5.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 248
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças (63%), curativos (62%),
exame preventivo de câncer de colo de útero (54%), vacinação (53%) e inalação (52%).2
Quadro 74 – Avaliação das famílias quanto a qualidade de atividades e serviços
prestados na USF (em %), Manaus (AM), 2002
Serviços ou atividades Bom Regular Ruim Não tem a
atividade
Não sabe
Recepção 66,1 12,0 2,9 1,2 17,8
Triagem 59,3 6,2 2,1 2,1 30,3
Acesso ao atendimento médico 56,0 15,8 15,8 0,4 12,0
Atendimento médico 78,4 5,0 2,5 0,4 13,7
Acesso ao atendimento odontológico 5,4 1,7 4,6 66,3 22,0
Atendimento odontológico 7,5 0,8 0,4 66,0 25,3
Atendimento de enfermagem 56,0 4,6 1,7 4,6 33,2
Acompanhamento crescimento e desenvolvimento 27,4 3,7 1,7 4,6 62,6
Curativos 28,6 2,9 2,5 4,1 61,9
Encaminhamento para outros serviços 54,4 3,7 3,3 0,8 37,8
Inalação 41,1 1,2 2,1 3,3 52,3
Laboratório (exames) 3,3 0,4 - 68,5 27,8
Teste do pézinho 2,9 0,4 - 32,4 64,3
Planejamento familiar 10,0 1,2 0,8 10,8 77,2
Pré-natal 17,4 0,8 0,8 6,2 74,6
Exame preventivo 13,3 0,8 0,4 31,1 54,4
Programa de leite 2,5 0,4 0,8 19,1 77,2
Vacinação 40,2 1,2 0,8 4,6 53,2
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Perguntados se, de modo geral, estavam satisfeitos ou não com o PMF/PSF as respostas
foram: 73% estavam satisfeitos, 15% estavam mais ou menos satisfeitos e 11% não
estavam satisfeitos com o PMF/PSF. Mas, 69% consideraram que o PMF/PSF deveria
realizar mudanças enquanto 31% opinaram que deveria permanecer funcionando tal como
estava e 74% assinalaram que o PMF/PSF precisava oferecer novas atividades enquanto
26% achavam não ser necessária a oferta de outras atividades.
A satisfação das famílias atendidas pelo PMF/PSF variou segundo as equipes responsáveis
por seu atendimento observando-se elevados percentuais de respostas satisfatórias entre as
famílias adscritas às equipes 02 (93%), 06 (93%) e 07 (90%) e percentuais
proporcionalmente maiores de famílias insatisfeitas com o programa naquelas vinculadas
às equipes 01 (30%) e 03 (20%). Embora com predomínio de famílias satisfeitas com o
PMF/PSF, as que moravam nas áreas das equipes 01, 03, 04, 05 e 08 apresentaram
percentuais mais baixos de famílias satisfeitas (entre 50 e 68%) e percentuais mais altos de
famílias que informaram estarem mais ou menos satisfeitas ou insatisfeitas (entre 32 e
50%).
________________________ 2 A avaliação das famílias sobre as atividades realizadas nas USF segundo as ESF às quais estavam adscritas
encontra-se no anexo 6.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 249
Os entrevistados foram solicitados a expressar-se livremente sobre aspectos positivos (“o
que o(a) senhor(a) mais gosta no PMF/PSF?”) e sobre aspectos negativos (“o que o(a)
senhor(a) não gosta no PMF/PSF?”). Oitenta e duas famílias (34%) entrevistadas em
Manaus manifestaram que não havia nada de que não gostassem no programa e 6% não
responderam. As opiniões desfavoráveis concentraram-se nos aspectos relativos à
dificuldades de acesso ao atendimento e marcação de consultas (53 entrevistados, 22%),
aos profissionais de nível superior englobando opiniões sobre falta de especialistas,
número baixo de profissionais existentes, tipos de atendimento oferecidos e qualidade do
atendimento (28 entrevistados, 12%), acesso aos serviços de saúde e de emergência (19
entrevistados, 8%) e pontos relacionados com agentes comunitários de saúde (18
entrevistados, 8%). Foram pouco mencionados (por duas ou três famílias) os aspectos
relacionados com orientação e prevenção, e aos equipamentos e recursos materiais.
Dificuldades no acesso a medicamentos e exames laboratoriais foram mencionadas por 16
famílias (7%), falta de humanização no atendimento por 5 famílias (2%) e sobre as
condições físicas e de localização da unidade por 10 famílias (4%).
Tabela 117 – Opiniões desfavoráveis ao PMF/PSF das famílias entrevistadas, Manaus
(AM), 2002
Opiniões desfavoráveis ao PMF/PSF N %
Não tem nada que não gosta 82 34,0
Acesso ao atendimento e marcação de consultas 53 22,2
Relacionado com profissionais de nível superior 28 11,6
Acesso aos serviços de saúde e de emergência 19 7,9
Relacionado com ACS 18 7,5
Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 16 6,6
Condições físicas e de localização da unidade de saúde 10 4,1
Falta de humanização no atendimento 5 2,1
Equipamentos e recursos materiais 3 1,2
Orientação e prevenção 2 0,8
Outros 2 0,8
Não respondeu 14 5,8
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de 241 domicílios e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma resposta.
Na análise das opiniões desfavoráveis sobre PMF/PSF entre as famílias entrevistadas
segundo a ESF às quais estavam adscritas pode-se observar maior satisfação com o
programa naquelas que habitavam áreas sob a responsabilidade da equipe 06: 67%
responderam que não havia nada de que não gostassem no PMF/PSF. Nenhuma equipe
concentrou maior freqüência de opiniões desfavoráveis sobre mais de um aspecto avaliado.
Os demais aspectos desfavoráveis assinalados evidenciaram a insatisfação de cerca de
metade das famílias vinculadas à equipe 08 em relação ao acesso ao atendimento e
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 250
marcação de consultas. A análise das características que não foram mencionadas como
problemas em algumas equipes ou que foram assinaladas por percentual reduzido das
famílias adscritas evidenciaria, hipoteticamente, a maior satisfação das famílias ou a
ausência de dificuldades naquele aspecto.
Quadro 75 – Opiniões desfavoráveis ao PMF/PSF das famílias entrevistadas segundo
ESF de adscrição, Manaus (AM), 2002
Opiniões desfavoráveis Mais freqüente Menos freqüente
Equipe % famílias Não
mencionado
Equipe % famílias
Não tem nada de que não gosta 06 66,7 - 03 10,0
Acesso ao atendimento e marcação de
consultas
08 46,7 - 06 6,7
Relacionado com ACS 03 23,3 02,06,08 04 3,2
Relacionado com profissionais de nível
superior
02 23,3 06,07 3,3
Acesso a outros serviços de saúde e de
emergência
01 16,7 02,07 05 3,3
Acesso a medicamentos e exames
laboratoriais
04 12,9 05 08 3,3
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Dentre as opiniões favoráveis ao PMF/PSF observa-se que a maior parte (cerca de 20% das
respostas) esteve relacionada com a humanização do atendimento e com aspectos
relacionados aos profissionais de nível superior que englobaram opiniões sobre a
qualidade do atendimento do profissional, assiduidade e as relações interpessoais. A seguir,
em ordem decrescente, foram assinaladas pelas famílias atividades dos agentes
comunitários de saúde (31 entrevistados, 13%) e o acesso ao atendimento, marcação de
consultas e encaminhamentos (12 entrevistados, 12%). O acesso aos medicamentos e
exames laboratoriais foi mencionado favoravelmente por 18 entrevistados (8%), a visita
domiciliar por 24 entrevistados (10%), orientação e prevenção por 14 entrevistados (6%) e
programas e atividades realizadas agrupando opiniões referentes ao tratamento,
acompanhamento e cuidado com doentes, gestantes, idosos, adolescentes, etc. foram
mencionados por 6 entrevistados (3%). Cerca de 7% dos entrevistados não responderam a
pergunta, 5% mencionaram que “não tem nada de que goste mais” e 4% que “não gostam
de nada”.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 251
Tabela 118 – Opiniões favoráveis ao PMF/PSF das famílias entrevistadas, Manaus
(AM), 2002
Opiniões favoráveis ao PSF N %
Relacionado com profissionais de nível superior 63 26,1
Humanização do atendimento 54 22,4
Relacionado com ACS 31 12,9
Acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamento 30 12,4
Visita domiciliar 24 10,0
Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 18 7,5
Orientação e prevenção 14 5,8
Não tem nada que gosta mais 12 5,0
Não gosta de nada 9 3,7
Programas e atividades realizadas 6 2,5
Outros 4 1,7
Não respondeu 17 7,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de 241 domicílios e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma resposta.
Na análise das opiniões favoráveis sobre PMF/PSF entre as famílias entrevistadas segundo
a ESF às quais estavam adscritas pode-se observar maior insatisfação com o programa
naquelas que habitavam áreas sob a responsabilidade da equipe 03: 17% responderam que
não havia nada de que gostassem mais ou que não gostavam de nada no PMF/PSF. A
equipe 08 concentrou maior freqüência de opiniões favoráveis sobre três aspectos
avaliados embora com percentuais inferiores a 15%. As equipes 01, 02 e 05 concentraram
maior freqüência de opiniões favoráveis sobre outros dois aspectos, alguns deles
mencionados por 40% das famílias – a humanização do atendimento na equipe 02 e
aspectos relacionados com profissionais de nível superior na equipe 05. A análise das
características que não foram mencionadas como positivas em algumas equipes ou que
foram assinaladas por percentual reduzido das famílias adscritas evidenciariam,
hipoteticamente, a menor satisfação das famílias ou a presença de dificuldades naquele
aspecto.
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 252
Quadro 76 – Opiniões favoráveis ao PMF/PSF das famílias entrevistadas segundo
ESF de adscrição, Manaus (AM), 2002
Opiniões favoráveis Mais freqüente Menos freqüente
Equipe % famílias Não
mencionado
Equipe % famílias
Humanização do atendimento 02 40,0 - 08 6,7
Relacionado com profissionais de nível
superior
05 40,0 - 08 10,0
Relacionado com ACS 06 30,0 - 04 3,2
Acesso ao atendimento e marcação de
consultas
04 19,4 - 02 3,3
Não tem nada de que goste mais e não
gosta de nada
03 16,7 05 07 3,3
Visita domiciliar 02,08 16,7 01 03,07 6,7
Orientação e prevenção 01,08 16,7 04,05,07 02,06 3,3
Acesso a medicamentos e exames
laboratoriais
01,05,08 10,0 - 02 3,3
Consultados sobre mudanças que deveriam ser realizadas no PMF/PSF 166 propostas
foram informadas. A maior parte (60 entrevistados) referiram-se aos profissionais das ESF
sugerindo: aumento do número de profissionais, inclusão de especialistas na ESF
(ginecologista, pediatra), ampliação do espectro de atividades realizadas pelos ACS,
humanizar o atendimento e maior resolutividade da atenção à saúde. A seguir, as propostas
concentraram-se na ampliação do acesso ao atendimento e marcação de consultas (40
propostas), visitas domiciliares (24 propostas), acesso aos medicamentos e exames
laboratoriais (18 propostas), equipamentos e recursos materiais (17 propostas), nas
condições físicas e de localização da USF (17 propostas) e acesso aos serviços de
emergência (14 propostas). Quase todos os tipos de propostas, foram assinalados por
famílias de todas as equipes selecionadas exceto o acesso aos serviços de emergência não
mencionado por famílias das equipes 02 e 05, equipamentos e recursos materiais não
mencionado por famílias da equipe 03 e visitas domiciliares não mencionado por famílias
da equipe 06. Um entrevistado, adscrito à equipe 01, apresentou a proposta de “acabar com
o PMF/PSF”.
Nas famílias adscritas às equipes 06 e 07 mais da metade opinou que o PMF/PSF deveria
ser mantido tal como estava, sem apresentar propostas de mudança, opinião que foi
minoritária (13%) entre as famílias da equipe 08 que apresentaram maior número (26) de
propostas de mudanças no programa junto com as famílias vinculadas às equipes 01 e 04
(25). O maior número de sugestões sobre os profissionais das ESF foi realizado por
famílias sob responsabilidade da equipe 03 (11). As famílias adscritas à equipe 08
apresentaram maior número de propostas relativas ao acesso tanto ao atendimento e
marcação de consultas (11) quanto aos medicamentos e exames laboratoriais (5); as
MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 253
famílias vinculadas à equipe 05 apresentaram 7 propostas sobre as visitas domiciliares;
equipamentos e recursos materiais foram assinalados por maior número de famílias da
equipe 04 (4 propostas); as condições físicas e de localização da USF foram mais
mencionados por famílias adscritas à equipe 06 (4 propostas) e propostas sobre o acesso
aos serviços de emergência concentraram-se nas famílias da equipe 01 (5 propostas).
Em relação às novas atividades que as USF deveriam oferecer foram apresentadas 177
sugestões, originárias principalmente das famílias adscritas às equipes 03 (27 sugestões),
08 (26 sugestões) e 02 (23 sugestões). A maior parte das sugestões foram referentes aos
profissionais de nível superior (39% do total de sugestões apresentadas) como inclusão de
médicos especialistas, outros profissionais de nível superior e ampliação da abrangência de
atuação de profissionais existentes; a maior parte oriunda das famílias adscritas às equipes
03 e 04. Quarenta e três medidas (24%) referiram a criação de novos serviços de saúde ou
novas atividades para a ESF apresentadas, principalmente, por famílias vinculadas à equipe
02. A realização de exames laboratoriais foi sugerida 29 vezes (16%) e atividades de
prevenção, promoção de saúde e educação em saúde 22 vezes (12%), ambas com maior
freqüência por famílias sob responsabilidade da equipe 08. Quinze sugestões foram
relativas ao acesso a medicamentos, seis referiram o acesso a serviços de emergência e
tanto aspectos da humanização do atendimento quanto das visitas domiciliares receberam
duas menções. Doze entrevistados consideraram ser necessário que as USF ofertassem
novas atividades mas não apresentaram sugestões específicas.