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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
ROBERTO BURLE MARX: A CONTRIBUIÇÃO DO ARTISTA E PAISAGISTA NO ESTADO DE SÃO
PAULO
MARÍLIA DORADOR GUIMARÃES
contato@mdgarquitetura.com.br
São Paulo
2011
1
MARÍLIA DORADOR GUIMARÃES
ROBERTO BURLE MARX:
A CONTRIBUIÇÃO DO ARTISTA E PAISAGISTA NO ESTADO DE SÃO PAULO
ORIENTADOR: Prof. Dr. Abílio da Silva Guerra Neto
São Paulo
2011
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Universidade Presbiteriana
Mackenzie, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Arquitetura e
Urbanismo
2
G963r Guimarães, Marília Dorador
Roberto Burle Marx: a contribuição do artista e paisagista no
Estado de São Paulo. / Marília Dorador Guimarães – 2011.
262 f. : il. ; 30cm
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) -
Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo,
2011.
Bibliografia: f. 177-184.
1. Burle Marx, Roberto. 2. Arquitetura 3. Arte e Cultura.
4. Paisagismo. I. Título.
CDD 712
3
MARÍLIA DORADOR GUIMARÃES
ROBERTO BURLE MARX:
A CONTRIBUIÇÃO DO ARTISTA E PAISAGISTA NO ESTADO DE SÃO PAULO.
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________________________________
Dr. Abílio Guerra
Universidade Presbiteriana Mackenzie
____________________________________________________________________________________
Dra. Maria Assunção Ribeiro Franco
Universidade Presbiteriana Mackenzie
____________________________________________________________________________________
Dr. Renato Luiz Sobral Anelli
Instituto de Arquitetura e Urbanismo
Universidade de São Paulo
Dissertação apresentado à Universidade Presbiteriana
Mackenzie, para obtenção parcial do título de Mestre em
Arquitetura e Urbanismo.
4
João Zacheu pela presença constante, dedicação e compreensão durante este caminho.
Aos meus pais e irmãos que me ajudaram e me deram a oportunidade de concluir este trabalho e
Deus, pelos desafios desta oportunidade.
5
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Abílio Guerra, pelas valiosas contribuições durante o desenvolvimento desta pesquisa.
Pelas críticas construtivas e sutilezas de suas observações.
Aos professores das disciplinas cursadas dentro do programa de mestrado os quais, entusiasmados com o
tema, proporcionaram o enriquecimento desta pesquisa.
Prof. Dr. Maria Assunção Ribeiro Franco pelas palavras de ajuda.
Prof. Dr. Renato Anelli.
José Tabacow; Haruyoshi Ono, Isabela Ono, Julio Ono – escritório Burle Marx e Cia Ltda; Rodrigo
Ohtake – escritório Ruy Ohtake; Almir Sleiman Mihessen; Sra. Abadessa Maria Helena e à todas as irmãs da
Abadia de Santa Maria, especialmente à Irmã Agnis; Sr. José Agostinho – zelador do Edifício Macunaíma;
Marco Juliano – filho de Miguel Juliano (Acervo Técnico); E a todos que, de forma direta ou indireta,
contribuíram para este trabalho.
6
RESUMO
Tendo como tema a obra do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), a presente pesquisa pretende
analisar a produção de seus projetos paisagísticos, que englobam: jardins públicos e jardins privados no Estado
de São Paulo.
Num primeiro momento o trabalho procura comentar sobre a formação artística do paisagista Roberto
Burle Marx, observando a importância de seu desenvolvimento intelectual e as referências de outros artistas.
Através de seu paisagismo, Burle Marx concilia seu aprendizado artístico com sua prática paisagística
trabalhando com os elementos da natureza. Sua formação brasileira, com passagem na Europa corrobora para
sua vontade explícita de diálogo com o ambiente brasileiro, o saber empírico trabalhado sobre as bases da
modernidade gera um paisagismo que busca legitimidade.
PALAVRAS-CHAVE: Roberto Burle Marx, Arquitetura, Arte e Cultura, Paisagismo.
7
ABSTRACT
The theme of this research is the work of Roberto Burle Marx (1909-1994), a landscape artist.
The research intends to analyze the production of its landscaping projects, which includes public and private
gardens in the State of São Paulo.
At first, the project seeks to note the artistic development of the landscape made by Roberto Burle Marx,
highlighting importance of his intellectual development and references to other artists.
Through his landscaping, Burle Marx puts together his artistic vein with his practical knowledge of the
landscape elements. Even after studying in Europe, Burle Marx makes his dialogue with the Brazilian
environment explicit in his work; his empirical knowledge, carved by the ideals of the modernity, generates a
landscape that dwells on legitimacy.
KEYWORDS: Roberto Burle Marx, Architecture, Art and Culture, Landscaping.
8
“Nossa ação e nosso saber modificam e ao mesmo tempo são modificados pelo mundo. As ciências
exatas, as ciências biológicas, as ciências humanas e os conhecimentos da arte precisam se interligar, para que
uma compreensão abrangente estruture a capacidade de criar em paisagismo”
Roberto Burle Marx
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 12
CAPÍTULO I 16
1. A formação artística de Roberto Burle Marx 16
1.1. Escola Nacional de Belas Artes 18
1.2. Características de jardins 30
1.3. Fundação Roberto Burle Marx – antigo Sítio Santo Antônio da Bica 34
1.4. O pensamento do artista – pintura versus jardins 38
1.5. Roberto Burle Marx – projetos em São Paulo 39
CAPÍTULO II 54
2. Burle Marx e Rino Levi Arquitetos Associados 54
2.1. Residência Olivo Gomes, 1950-1965 56
2.2. Residência dos Irmãos Gomes, 1965 64
3.3. Centro Cívico de Santo André, 1967 69
4.4. Residência Clemente Gomes, 1968 79
CAPÍTULO III 83
3. Burle Marx e Marcello Fragelli 83
3.2. Edifício Macunaíma, 1976-1984 84
3.3. SEW Eurodrive, 1976-1984 96
3.3. Edifício São Luiz, 1976-1984 109
CAPÍTULO IV 117
4. Burle Marx e Hans Broos 117
4.1 Abadia de Santa Maria, 1975 118
10
4.2. Residência do arquiteto, 1978 134
CAPÍTULO V 145
5. Burle Marx e Miguel Juliano 145
5.1. Parque do Anhembi, 1968 152
5.2. Edifício Promenade, 1970
CAPÍTULO VI 157
6. Burle Marx e Ruy Ohtake 157
6.1. Residência Luiz Lucio Constabile Izzo, 1975 162
6.2. Residência José Egreja, 1975
CONSIDERAÇÕES FINAIS 172
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 175
ANEXOS 183
Anexo 01 – Ficha 01: Residência Olivo Gomes 184
Anexo 02 – Ficha 02: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 185
Anexo 03 – Ficha 03: Residência dos Irmãos Gomes 186
Anexo 04 – Ficha 04: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx. 187
Anexo 05 – Ficha 05: Centro Cívico de Santo André 188
Anexo 06 – Ficha 06: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 189
Anexo 07 – Ficha 07: Residência Clemente Gomes 190
Anexo 08 – Ficha 08: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 191
Anexo 09 – Ficha 09: Edifício Macunaíma 192
Anexo 10 – Ficha 10: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 193
Anexo 11 – Ficha 11: SEW 194
11
Anexo 12 – Ficha 12: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 195
Anexo 13 – Ficha 13: Edifício São Luiz 196
Anexo 14 – Ficha 14: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 197
Anexo 15 – Ficha 15: Abadia de Santa Maria 198
Anexo 16 – Ficha 16: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 199
Anexo 17 – Ficha 17: Residência Hans Broos 200
Anexo 18 – Ficha 18: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 201
Anexo 19 – Ficha 19: Parque Anhembi 202
Anexo 20 – Ficha 20: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 203
Anexo 21 – Ficha 21: Edifício Promenade 204
Anexo 22 – Ficha 22: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 205
Anexo 23 – Ficha 23: Residência Luiz Izzo 206
Anexo 24 – Ficha 24: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 207
Anexo 25 – Ficha 25: Residência José Egreja 208
Anexo 26 – Ficha 26: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 209
Anexo 27 – Lista de projetos paisagísticos no estado de São Paulo 210
Anexo 28 – Realizações internacionais 215
Anexo 29 – Resumo de sua trajetória 218
Anexo 30 – Entrevista com Haruyoshi Ono 219
Anexo 31 – Entrevista com José Tabacow 235
Anexo 32 – Entrevista com Maria Assunção Ribeiro Franco 240
Anexo 33 – Lista de ilustrações 243
12
INTRODUÇÃO
Os jardins do século XX no Brasil foram caracterizados pela consolidação do modernismo no país.
Segundo Lauro Cavalcanti,1 houve três figuras que realizaram importantes mediações e deram um sotaque
particular e original ao movimento trazido por Le Corbusier, em 1929: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Roberto
Burle Marx.
Segundo o autor, Lúcio Costa imprimiu uma dimensão histórica que estabeleceu uma profundidade de
dialética entre as novas formas e a tradição construtiva local. Já Oscar Niemeyer introduziu a graça formal a partir
da exploração radical da tecnologia do concreto armado. Por fim, Burle Marx criou o paisagismo tropical e uma
linguagem de jardins tão internacional quanto moderna.
Antes de Burle Marx, a organização espacial das plantas obedecia às rígidas topiárias francesas ou às
ondulantes oscilações britânicas de planos; pinheiros, ciprestes e tulipas sofriam com a umidade do calor
tropical, mas imperavam, geralmente em triste estado, nos jardins das casas brasileiras. Segundo Cavalcanti, foi
o que Bruno Zevi se referiu como a mediação entre o racionalismo e a natureza brasileira efetuada pelo “gênio
Burle Marx”.2
1 CAVALCANTI, Lauro. Ensaio: Roberto Burle Marx 100 anos: a permanência do instável, p. 3.
2 Idem, ibidem, p. 3.
13
A inclusão de espécies nativas brasileiras foi um marco diferencial nos jardins de Burle Marx. Quando em
Recife, como diretor de parques da cidade, ele introduz o mandacaru3 nos jardins da Praça Euclides da Cunha, o
que gera polêmica para a sociedade da época, e ao mesmo tempo, começa a traçar a sua carreira de sucesso.
As espécies nativas utilizadas por Roberto Burle Marx nos jardins de Recife, como o mandacaru e a
vegetação nativa do nordeste brasileiro, foram idéias derivadas do modernismo paulista. Podemos citar as
pinturas de Tarsila do Amaral e os jardins desenhados por Mina Klabin para as residências modernistas de seu
esposo, Gregori Warchavchik. Todos os três haviam aderido ao moderno regional e à busca da identidade
nacional defendidas pelos líderes do movimento, Mário e Oswald de Andrade. Warchavchik será convidado por
Lúcio Costa a ser professor da Escola Nacional de Belas Artes e ambos serão sócios em escritório que
desenvolverá os primeiros projetos modernos no Rio de Janeiro. Como partirá de Lúcio Costa o convite para
Burle Marx projetar seu primeiro jardim, o circuito de transmissão dos princípios estéticos se fecha.4
Os parques, as praças e os espaços livres no Brasil foram criados como elementos de valorização dos
edifícios mais importantes das cidades, notadamente as igrejas, e também como locais de concentração das
práticas sociais e comerciais de seus cidadãos.5
3 O mandacaru aparece como símbolo de brasilidade em diversas pinturas de Tarsila do Amaral na década de 1920, em especial no seu
período antropofágico. Este tipo de cactos aparece também em jardins de Mina Klabin, como será comentado a seguir.
4 Cf. GUERRA, Abílio. Lucio Costa, Gregori Warchavchik e Roberto Burle Marx: síntese entre arquitetura e natureza tropical.
5 BARRA, Eduardo. O homem e a paisagem construída.
Ilustração 1 – Abapuru, Tarsila do Amaral
14
A partir dos anos 1960 e 1970, as praças e parques brasileiros começaram a receber novas funções, além
de um local de ponto de sociabilidade, esses espaços recebem novas temáticas, permitindo que os usuários
respirem, mantenham contato com a natureza.
Roberto Burle Marx atuou em diversas cidades do território nacional e internacional. Ele faz parte da
história do paisagismo do século XX, marcado pelos jardins modernos, que era o seu principal destaque.
Segundo Eduardo Barra, “Burle Marx entrou com a mentalidade, a cultura e a arte, introduzindo visões muito
avançadas sobre natureza, estética e percepção do espaço livre”.6 Ele atuou em diversas frentes no território
nacional e internacional, nos deixando uma herança cultural muito valiosa.
Burle Marx teve uma formação cultural atípica para os padrões determinados de sua época. Ele era um
artista completo que se destacou na arte de fazer paisagismo. Era artista plástico, pintor, escultor, músico,
joalheiro e adorava cozinhar.
Roberto Burle Marx teve a oportunidade de morar na Europa, onde estudou pintura e descobriu de fato a
sua profissão.
De volta ao Brasil, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes e entrou em contato com os modernistas
(arquitetos, pintores, intelectuais e artistas). Fato decisivo e marcante para a sua iniciação na carreira
profissional, graças a Lucio Costa.
6 Idem, ibidem.
15
Portanto, no primeiro capítulo desta dissertação estudamos a formação artística do paisagista Roberto
Burle Marx, seus primeiros passos e a grande descoberta de sua profissão. Analisamos todo o seu percurso
intelectual, sua ida à Europa por cerca um ano e meio, o contato com as vanguardas e a sua descoberta como
paisagista.
Finalizamos o primeiro capítulo com a sua passagem por São Paulo. Suas principais obras e
comparações com outros jardins.
Nos capítulos posteriores, estudamos sobre as parcerias de trabalho entre Roberto Burle Marx e os
arquitetos. Foi desenvolvida uma análise crítica de todas as obras escolhidas, através de uma vasta pesquisa
bibliográfica e pesquisa em campo.
16
CAPÍTULO I
1. A formação artística de Roberto Burle Marx
A partir da década de 1930, as obras paisagísticas de Roberto Burle Marx começaram a ser notadas por
sua riqueza e peculiaridade de composição formal.
Na década de 1950, com a ascensão do movimento moderno na arquitetura brasileira – processo que
nasceu no Rio de Janeiro, fruto do trabalho de arquitetos como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer7 – Burle Marx
atuou como paisagista e artista em muitas regiões do Brasil inclusive no Estado de São Paulo.
Apesar de Burle Marx ter nascido em São Paulo, foi no Rio de Janeiro que se estabeleceu por toda a sua
vida.
Sua família, mãe pernambucana e pai alemão, pessoas cultas que transmitiram aos filhos o gosto pela
cultura, dando-lhes a melhor educação possível.
Em 1928, a família Marx viajou à Alemanha. A princípio para Roberto tratar de um problema
oftalmonológico e também para realizar o desejo dos pais, que os filhos tivessem contato com a cultura
européia.
7 VAZ, Carlos Eduardo. As linguagens compositivas de Roberto Burle Marx: aplicação e caracterização pela gramática da forma.
17
Burle Marx aproveitou a ebulição cultural que estava ocorrendo naquele momento na Europa e passou a
freqüentar museus, concertos de músicas, óperas, espetáculos de balé. “Descobriu” as vanguardas modernas
como Matisse, Guaguin, Van Gogh – este fizera com que Roberto decidisse tornar-se ele mesmo um pintor.8
Para Burle Marx foi um choque cultural tão brutal que não conseguia esquecer. Segundo o próprio
artista, sofreu uma paralisia, uma indigestão que levou anos para assimilar. As obras vistas na Europa seriam
absorvidas durante quase quarenta anos e iriam emergir como uma base remota para suas próprias pinturas
abstratas, quando finalmente atingiu esta fase.
Além do contato com as artes plásticas, ele visitava as estufas do jardim botânico de Dahlen, onde
observou a exuberância das espécies nativas brasileiras.
Este encantamento pela flora brasileira, observado nas estufas da Alemanha, fez com que ele iniciasse o
gosto pelo paisagismo. Freqüentador habitual do jardim botânico, onde exercitava pintura de observação,
percebeu que o que mais lhe magnetizava o olhar eram as plantas da estufa, suas velhas conhecidas, cuja pujança
e gama de tons de verde, antes quase despercebida, eram acentuadas pelo ar invernal.9
Este contato foi fundamental para Burle Marx despertar as questões artísticas e paisagísticas.
8 FLEMING, Laurence. Op. cit., p. 31.
9 CAVALCANTI, Lauro; EL-DAHDAH, Farès. Roberto Burle Marx a permanência do instável – 100 anos, p. 49.
18
A família retornou ao Rio e se instalou no bairro do Leme. Foi ali que Lúcio Costa observou os jardins
com exuberantes arranjos florais que Roberto criava. O contato com Lúcio Costa foi fundamental para a sua
vida pessoal e profissional.
1.1. Escola Nacional de Belas Artes
Em 1930, Lúcio Costa foi convidado a assumir a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes – ENBA.
Foi lá que orientou Burle Marx, na ocasião cursando arquitetura, a se rematricular no curso de pintura. Esta
orientação foi importante, pois a partir daí ele entra em contato com artistas plásticos, como: Leo Putz e Candido
Portinari.
Burle Marx foi intérprete de Putz, pintor alemão, e aprendia muito quando conversavam sobre como os
conceitos de pintura poderiam ser aplicados no paisagismo, à respeito dos ritmos e cores, sobre a harmonia,
contrastes e opostos, texturas e superfícies. Leo Putz dizia a Roberto: “é preciso organizar e interpretar a
natureza”.10
O conceito de pintura que Burle Marx conhecia era o naturalista: pintar as coisas como elas realmente
são, como nós a vemos. Em uma de suas aulas, observando Putz pintar, Burle Marx percebeu que ele pintava o
objeto de modo diferente como ele era na vida real, então o questionou, e Leo Putz respondeu: “Roberto, a
10 FLEMING, Laurence. Op. cit., p. 31.
Ilustração 2 – Prédio da antiga Escola
Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro RJ
19
natureza é somente um pretexto... Podemos dizer que a arte é uma transposição da natureza”. Essa explicação foi
suficiente para que Burle Marx começasse a mudar seu estilo de trabalhar.11
Foi então que ele passa da pintura figurativa para a pintura abstrata. Naquela época era necessário
romper com o academicismo, com a idéia de copiar aquilo que se via. Ainda que, para ele, copiar era uma prática
importante, pois podia se observar um ritmo diferente ou uma nova cor.
Na escola, recebeu orientação acadêmica e contato com as novas tendências artísticas e com intelectuais,
arquitetos e artistas plásticos que contribuíram para a criação de uma identidade nacional. A partir daí, ele
estabelece um elo entre arquitetura e paisagismo.
As aulas de alguns professores e o contato com as vanguardas européias foram valiosas para que ele
fizesse eclodir o gênio, pois um pintor não pode criar seu próprio estilo sem primeiro ter adquirido os meios de
expressão que a inspiração dos grandes mestres lhe proporciona. A fase das pinturas de Burle Marx, no final dos
anos 1920 até inicio dos anos 1940, revela-se presa ao expressionismo, seja na escolha dos temas, seja na
ordenação das figuras na tela, nas cores e na sensação psicológica que o autor deseja exprimir em seus
autorretratos, retratos de pessoas mais simples da sociedade, nus, naturezas-mortas, cais do porto e favelas.
Contudo, ele não finalizou o curso de pintura na ENBA. Como o ensino, apesar de alguns professores,
era acadêmico. Burle Marx, porém, era adepto das vanguardas modernas, o que fez com que seus professores (os
mais acadêmicos) não aceitassem sua opção, o que levou a sua expulsão do curso. O que para Lúcio Costa foi
11 Idem, ibidem, p. 35.
20
difícil lidar. A academia ficou em crise (não somente por isso, mas também por outras questões de âmbito
financeiro e político) e logo fechou. Lúcio Costa foi destituído do cargo em 1931.
Com o fim da gestão na ENBA, Lúcio Costa manteve o escritório com Gregori Warchavchik até o ano de
1933.
Em 1932, Burle Marx aceitou o convite de Lúcio Costa e de Gregori Warchavchik para realizar o projeto
do jardim da residência da família Schwartz, Burle Marx associou os dois estilos – a casa branca simples e as
florações exuberantes de cores vivas e brilhantes. Este jardim foi muito comentado na época e notado por
muitos, levando Burle Marx à indicação de diretor de Parques e Jardins de Recife.
Sua estadia em Recife foi marcada por polêmicas.12
Ao introduzir canas vermelhas nos canteiros
aquáticos da Casa Forte, o paisagista teve que renunciar o cargo e retornou ao Rio e retomou seus estudos na
escola, agora com Portinari. Também foi convidado para realizar uma de suas obras que marcariam o início de
carreira – os jardins da nova sede do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Capanema.
Burle Marx tinha um objetivo, queria livrar o paisagismo brasileiro da herança européia. Esta visão
inovadora ia de encontro com aquilo que estava radicado no Brasil, um modelo europeizante de longas décadas.
Sua vontade maior era semear o verdadeiro espírito da alma brasileira, divulgando o senso de brasilidade através
12 Era 1935, o ano da Intentona Comunista, e o prefeito de Recife demitiu Roberto. Esta época se caracteriza por um período de muitos
conflitos político-sociais.
Ilustração 4 – Praça Euclides da Cunha,
Roberto Burle Marx, Recife PE, 1935
Ilustração 3 – Praça Euclides da Cunha,
Roberto Burle Marx, Recife PE, 1935
21
da composição de seus jardins. A proposta era a criação de um paisagismo tipicamente brasileiro. Fazendo-o
através da introdução de plantas nativas, recolhidas nas redondezas de Recife.
De acordo com Vera Beatriz Siqueira, Burle Marx adaptou os modelos e conceitos europeus de se fazer
jardins melhorando e evoluindo para uma nova concepção de paisagismo.
O terraço-jardim do MES foi inovador e a partir daí sua carreira profissional só tendia a crescer.
Segundo Guilherme Mazza Dourado, Burle Marx teve no edifício do Ministério da Saúde e Educação
uma espécie de pós-graduação informal em pintura, como assistente de Portinari nos afrescos, e em paisagismo,
com a interlocução com Lucio Costa. O exame das suas três propostas para o jardim do ministério revela o lento
e discutido processo até chegar ao brilhante resultado final.13
Em 1944, Roberto estava envolvido com as obras de Pampulha. Juscelino Kubitschek prefeito de Belo
Horizonte tinha a intenção de construir um complexo cultural e de diversões no bairro da Pampulha. JK
convidou Oscar Niemeyer que projetou os edifícios e Burle Marx os jardins.
Pampulha era um projeto ambicioso. O complexo compreendia: uma igreja, um cassino, um iate clube,
um salão de baile com restaurante e um teatro (este último não construído). Integrar essas construções não foi
tarefa fácil para Burle Marx. Ele criou grupos de palmeiras e árvores que dialogassem de lados opostos do lago
com o todo da obra concebida pelo arquiteto.
13 DOURADO, Guilherme Mazza. Modernidade verde Jardins de Burle Marx, p. 53.
Ilustração 6 – Projeto para o golfe clube
da Pampulha, Burle Marx, Belo Horizonte
MG
Ilustração 5 – Ministério da Educação e
Saúde, Rio de Janeiro RJ, 1940
22
A década de 1940 foi representada por uma série de projetos no estado de Minas Gerais. A ele foi
encomendado o projeto do Parque de Araxá. Foi lá que conheceu o botânico, Henrique de Lahmayer Mello
Barreto. Sua simpatia foi imediata, juntos realizaram diversas excursões por Minas e se tornaram parceiros em
muitos projetos.
O primeiro painel de azulejo, em tons de azul, o fundo em formas geométricas, mas num desenho
orgânico – cujo tema são peixes e data do ano de 1947 – está no Instituto Oswaldo Cruz, na Avenida Brasil, Rio
de Janeiro.
Nesse mesmo ano, Roberto viaja a Europa pela segunda vez, na companhia de um grupo de amigos,
entre eles Rino Levi e sua esposa. Foi sua primeira visita à Londres, conheceu o Hyde Park e Kensigton
Gardens.
Uma das características dos anos 1950 foi a introdução das paredes decoradas, os murais, que
começaram a aparecer em seus jardins.
Também realizou trabalhos para a nova sede da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto de
Puericultura, também no Rio.
Os desenhos deste ano mostram uma crescente preocupação com a forma das plantas e ao mesmo tempo
uma tendência para o abstrato.
Em 1953, realizou o jardim da residência Odete Monteiro na Serra dos Órgãos, em Petrópolis. Neste
jardim a natureza é integrada ao jardim e à residência. Roberto utilizou espécies de plantas locais da região o que
deu um grande efeito artístico.
Ilustração 7 – Palácio de Cristal, Hyde Park,
Londres, Inglaterra
Ilustração 8– Parque do Araxá, Roberto Burle
Marx, marquise de Francisco Bolonha, Araxá
MG
23
Neste período também atuou no Estado de São Paulo, com o importante jardim da residência da família
Gomes, com quem tinha um relacionamento de intimidade, realizando diversos jardins para a família.
Suas primeiras obras em São Paulo foram para propriedades particulares, como a residência Francisco
Pignatari em 1956.
Ao mesmo tempo realizava diversas expedições ao interior do Brasil a fim de coletar inúmeras espécies
vegetais e reuni-las em seu sítio, no Rio de Janeiro, onde instalou diversas estufas como um arquivo vivo que
colaborou para as suas obras paisagísticas.
No ano de 1961, parte de suas obras são dedicadas a grandes projetos realizados no Rio de Janeiro.
Projetou o Parque do Aterro do Flamengo. A criação do Parque do Flamengo foi uma concepção arquitetônica
de governo do então governador do Rio, Carlos Frederico Wernek de Lacerda (1960–1965).
Formou-se um grupo de profissionais para a elaboração e execução do projeto. O coordenador da equipe
foi Affonso Eduardo Reidy, arquiteto que projetou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Parque
Brigadeiro Eduardo Gomes.
O paisagista Roberto Burle Marx foi chamado juntamente com seus assessores: Mello Filho e Maria
Augusta Costa Ribeiro para criar o paisagismo dessa tão extensa faixa litorânea a ser urbanizada. A engenheira
Bertha Scheidermann Leitchic também se juntou a equipe de arquitetos, paisagistas.14
14 Idem, ibidem, p. 310.
Ilustração 9 – Parque do Flamengo,
Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ,
1960
24
Burle Marx assumiu este empreendimento com todo seu fôlego criativo. No atual conjunto do Aterro do
Flamengo estão alguns dos mais importantes projetos paisagísticos de Burle Marx. 15
“O projeto paisagístico era o mais complexo e ambicioso da carreira de Burle Marx. Dividindo o
parque em onze setores, Burle Marx tencionava formalizar os espaços a partir de um vasto elenco
de arbustos, árvores e palmeiras – mais de 240 espécies diferentes do Brasil e dos trópicos em
geral –, configurando uma experiência sem precedentes em sua trajetória profissional... Afora
gramados, não haveria herbáceas em geral definindo planos horizontais e volumes de pequena
altura”.16
O projeto do parque não foi convencional. Foi uma experiência inovadora para o contexto brasileiro, em
termos de utilização de um parque como instrumento específico de urbanismo, além de gerar forte impacto
urbano para a cidade do Rio de Janeiro. O projeto foi dispare no sentido em que teve de lidar com as adversas
condições climáticas do local, como vento e maresia e solo difícil de cultivar qualquer espécie, por se tratar de
um aterro constituído por entulho.
No Aterro do Flamengo, Burle Marx não opta por uma mera repetição de formas e estilo, e sim por uma
integração de espaços, texturas, superfície, cor e, sobretudo, criando uma sensação de ritmo bem acentuado
entre as formas dos canteiros. Por conseguinte as linhas geométricas, curvas côncavas, convexas e retilíneas se
misturam nesse amalgama criado pelo artista.17
15 SIQUEIRA, Vera Beatriz. Op. cit., p. 62.
16 DOURADO, Guilherme Mazza. Op. cit., p. 312.
17 CAVALCANTI, Lauro; EL-DAHDAH, Farès. Op. cit., p. 133.
Ilustração 10 – Jardins do MAM, Roberto
Burle Marx, Rio de Janeiro RJ
Ilustração11 – Roberto Burle Marx no Aterro
do Flamengo, Rio de Janeiro RJ
25
O ano de 1964 foi um ano difícil para o escritório, devido a um desentendimento entre Roberto e seus
sócios.18
Não houve projetos paisagísticos nem pinturas desenvolvidas, o que fez com que a sociedade fosse
desfeita.
Foi em 1966 que os arquitetos Haruyoshi Ono e José Tabacow entraram para o escritório Burle Marx &
Cia. A sociedade foi um sucesso e uma nova era estava começando.
Em 1967, realizou desafiadores projetos públicos como o Centro Cívico de Santo André.
Mais uma vez, São Paulo chamaria Burle Marx para realizar um paisagismo, o Parque do Anhembi
(1968), projeto arquitetônico de Miguel Juliano e Silva e Jorge Wilheim.
Em São Paulo também atuou no segmento comercial e público, como no Banco Sul Americano do Brasil
(atual Banco do Itaú, 1963); edifício Sesi-Fiesp-Ciesp,1969; Banco Safra, 1984.
18 Nesta época, seu irmão Siegrifried e o filho deste, seu sobrinho, eram seus sócios. Cf. FLEMING, Laurence. Op. cit.
26
Ilustração 12 – Perspectiva do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP Ilustração 13 – Corte do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo
SP
27
Ilustração 14 – Perspectiva do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP
28
Nas décadas de 1970 e 1980, Roberto estava no auge de sua capacidade criativa. Pinturas, desenhos,
serigrafias e tecidos pintados à mão, com projetos de paisagismo, tanto em planta quanto em fotografia.19
Seus
principais projetos estavam no eixo Rio-São Paulo, mas é no Rio de Janeiro que Roberto possui maior
quantidade de obras.
No quesito paisagismo urbano, a obra que se tornou conhecida mundialmente por sua singularidade e
expressividade no desenho artístico foi o Calçadão de Copacabana, construído em 1970.20
Nesta obra predomina o desenho das pedras portuguesas em longas e generosas calçadas, onde
espécimes resistentes aos ventos do mar aberto foram plantados de modo a criar uma paisagem única na cidade.
Em relação à execução de parques públicos, Burle Marx não obteve tanto sucesso em São Paulo, para
citar o caso do Parque do Ibirapuera, cujos desenhos do artista não foram realizados por completo, e o caso do
Parque Ecológico do Tietê, cujo projeto foi descartado pelo Governo do Estado de São Paulo e apenas 3% do
projeto original de 1975 foi construído.
O Parque Burle Marx Panambi, na zona sul de São Paulo é um exemplo interessante da intervenção
paisagística do artista. No local que já existia uma construção e uma mata nativa, os jardins de Burle Marx são
marcantes. Ele cria murais geométricos, pérgulas de concreto para abrigar diversas espécies de vegetação,
espelhos d‟água.
19 FLEMING, Laurence. Op. cit., p. 133.
20 VIEIRA, Maria Elena Merege. O jardim e a paisagem: espaço, arte, lugar, p. 190.
Ilustração 15 – Banco Safra, Roberto Burle
Marx, São Paulo SP, 1980
29
O paisagismo acompanha a topografia do local e cria três ambientes distintos. A característica dos
jardins de Burle Marx é marcada pela presença de contrastes cromáticos intensos, espécies vegetais de
diferentes regiões do planeta criando ritmos e volumes diferentes.
No lugar de plantar em excesso, ele faz o uso de poucas espécies, sendo elas capazes de destacar as
qualidades uma das outras.
Na grande maioria de seus projetos, é essencial o uso da água. A água é aplicada através de espelhos
d‟água, cascatas de pedras e lagos artificiais.
A princípio seus jardins possuíam soluções mais assimétricas, como os jardins do MES, mas com o
tempo eles foram sofrendo modificações e evidenciando um sentido mais retilíneo e em sua última fase, os
jardins são uma mescla das duas soluções, como os jardins do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro –
MAM-RJ, a proposta para o Parque do Ibirapuera e a Residência Edmundo Cavanellas.
Sua obra é um todo indissociável, sua arte e seus jardins são uma forte correspondência.
Fernando Tábora, paisagista que foi um dos colaboradores de Burle Marx, tinha uma clareza maior da
trajetória do mestre:
“seu salto evolutivo do classicismo de Pernambuco para as amebas do MES equivale aos mesmos
passos dados pelos arquitetos da época, tal como Lúcio Costa e Villanueva na Venezuela; do
academicismo para a Modernidade. O valor de Burle Marx foi de ter dado o salto junto com eles.
A composição com formas livres, em geral ondas amebóicas coloridas que se expandem e
reverberam nas massas vegetativas, passou a conviver com uma abstração geométrica mais rígida
a partir de meados dos anos 50 e início dos anos 60. É bem provável que Burle Marx tenha
assimilado, consciente ou inconscientemente, a crítica crescente que se fazia na Europa – Max
30
Bill (protagonista do Swiss Style, artista plástico, escultor, arquiteto, designer gráfico e de
interiores, estudou na Bauhaus, contaminado pelos ideais do Funcionalismo, deixou uma extensa
obra) e Bruno Zevi, (arquiteto e historiador italiano, para fugir do fascismo foi para os Estados
Unidos onde teve contato com os arquitetos americanos, Frank Loyd Wright e a arquitetura
orgânica, sua principal obra foi projetar o Pavilhão Italiano na Exposição de Montreal em 1967.)
– principalmente à gratuidade da forma livre na arquitetura moderna brasileira.”21
Os dois vetores fonte de inspiração de sua criação artística foram:
O contato com a cultura européia, as vanguardas modernas e a “real” descoberta da natureza
brasileira nas estufas do jardim botânico de Dahlem.
Rio de Janeiro: cidade fonte de inspiraçao para as obras de Burle Marx. A paisagem carioca teve
bastante influência em sua carreira profissional. A relação entre a natureza e a cidade nos permite
observar uma perfeita interação entre montanha, mar e urbano, inserido neste contexto, fez com
que as obras de Burle Marx. se impregnassem com tais aspectos da beleza da paisagem
domesticada pelo homem desde os primórdios de nossa história.
1.2. Características dos jardins
Jacques Lenhardt observa que até meados dos anos 1950 as características centrais da concepção dos
jardins de Roberto eram: encaixe das superfícies plantadas; alternância cromática e oposição entre espécies
verticais e rasteiras. Jacques Lenhardt definiu tal marca do artista como a maneira de colocar no espaço o duplo
registro estético da experiência do corpo e da percepção visual.
21 OLIVEIRA, Ana Rosa de. Bourlemarx ou Burle Marx?
Ilustração 16 – Tela de Burle
Marx, MES, Rio de Janeiro RJ
31
Por um lado, a composição espacial se organiza previamente, permanecendo como elemento central na
legibilidade formal do jardim. Por outro, os caminhos e as formas possuem sentido de espraiamento. Não se
dirigem a um ponto, mas conduzem o olhar e o corpo a percorrer o espaço inteiro.
O jardim clássico é ordenado ao extremo, totalmente geométrico, simétrico. É o oposto das formas da
natureza. O jardim inglês, por sua vez, tenta reproduzir a natureza. A forma livre e orgânica. Já os jardins de
Burle Marx estão estritamente ordenados, porém são harmoniosamente naturais. Burle Marx foi sem dúvida,
admirador dos jardins ingleses, conforme relata Marta Iris Montero.
Para o crítico de arquitetura, Bruno Zevi, os jardins de Burle Marx são uma prolongação da arquitetura.
Os jardins não se subordinam a ela, mas sim estão em equilíbrio constante com a mesma.
Segundo Lauro Cavalcanti, o jardim não é espelho, nem cópia da natureza, uma vez que esta age de
modo diverso e independente dos conceitos do homem.
“Para Burle Marx, o jardim planejado deve estabelecer uma constante mediação com a paisagem
existente, seja em termos de eco de formas, cores, espécies, seja por contraste – quando opta por
grandes superfícies de grama e plantas de pequeno porte em região cercada por florestas – ou
ainda de refugio, ao criar um micro clima dentro de uma cidade ou de um meio inóspito.”22
Ele aprecia grandes extensões de áreas, pois lhe dá mais liberdade na escolha de soluções e permitem
encontrar novas soluções para fornecer qualidade de vida aos habitantes de grandes cidades. Seus projetos de
grande escala que se destacam são: o Parque do Aterro do Flamengo, 1961; City Centre Park de Kuala Lampur
22 CAVALCANTI, Lauro. Op. cit., p. 4-5.
32
Malásia, 1993; Parque Del Este Caracas, 1956; Calçadões de Copacabana, 1970; parte do projeto do Parque do
Ibirapuera, 1953.
Para se fazer jardins, Burle Marx diz que é preciso entender o meio-ambiente e trabalhar com diversos
ecossistemas e micro climas, criando associações. “Se eu faço um jardim para o Amazonas, esse mesmo jardim
não pode servir para o Rio de Janeiro ou São Paulo. Temos que compreender que devemos utilizar plantas da
natureza e, com elas, construir jardins feitos pelo e para o homem.”23
Roberto tentava utilizar toda a riqueza da flora brasileira em seus projetos.
De acordo com Silvestri e Alliata, as experiências de Burle Marx tiveram respeito significativo, seu
conhecimento da flora brasileira provocou uma importante mudança na consideração da natureza que
abandonou o papel de material de trabalho artístico dentro de um projeto de “arte total” – um artista completo,
realizava diversas funções, como foi citado acima. “O seu conhecimento da flora brasileira, a partir de intensas
campanhas de busca e classificação de espécies vegetais, provoca, como conseqüência ao desenvolvimento de
sua obra, uma importante mudança na consideração da natureza, que abandona o papel de material de trabalho
artístico dentro de um projeto de „arte total‟, para constituir-se em si mesma como problema global a resolver.”24
“Sempre utilizando plantas da região, devido à sua capacidade de „ler‟ a paisagem local, atualiza
a linguagem. Neste jardim, ele explícita o sentido de cada planta, de cada solução; o
23 MARX, Roberto Burle. Depoimento. XAVIER, Alberto (org). Arquitetura moderna brasileira: depoimento de uma geração, p.
309. Apud GUERRA, Abílio. Op. cit.
24 ALIATA, Fernando; SILVESTRI, Graciela. Op. cit., p. 214.
33
aproveitamento da vegetação aquática, em relação ao compromisso de sobrevivência com
determinados peixes.”25
O interesse do paisagista era transferir para o projeto de jardim, a diversidade, a instabilidade e os
complexos processos de associações naturais das plantas tropicais, para isso um árduo trabalho de observação,
compreensão e interpretação da paisagem, foi necessário.
Seus jardins estão imbuídos de originalidade e cumprem uma função social, tendo utilidade à sociedade
ele é feito para os homens, atendendo à três questões fundamentais de higiene (pulmão coletivo nas grandes
cidades); de educação (trazer para o habitante um pouco de amor pela natureza) e de arte (obedecer a uma idéia
básica, com perspectivas lógicas e subordinadas a uma determinada forma de conjunto).
As expedições ao interior do Brasil serviam para o enriquecimento de seu conhecimento e experiência
como paisagista. “Roberto Burle Marx embrenhou-se no coração da mata, e a resgatou em seus jardins, onde
reencontra-se a vegetação da caatinga, dos planaltos, das serras e das praias”.26
Burle Marx envolvia nas expedições que organizava: botânicos (com quem mantinha uma relação
bastante próxima), arquitetos, fotógrafos e amigos, que tinham como objetivo principal a descoberta e a procura
de novas espécies para aumentar o conhecimento paisagístico. O paisagista conhecia como ninguém aspectos da
flora brasileira graças à estas expedições.
25 MOTTA, Flávio L. Roberto Burle Marx e a nova visão de paisagem, p. 79.
26 Cf. REGO, José Lins. O homem e a paisagem, p. 297.
Ilustração 17 – Residência de Burle Marx.
Fundação R. Burle Marx, Rio de Janeiro RJ
34
Através das expedições pôde observar que nas florestas, as plantas vivem para e com as outras, formando
associações de micro climas. O paisagista criava associações de espécies vegetais em seus jardins, havia um
equilíbrio natural. Segundo Flavio Motta, o artista buscou recriar estas associações mesclando plantas, solo,
clima e gente.
1.3. Fundação Roberto Burle Marx – antigo Sítio Santo Antônio da Bica
O sítio Santo Antônio da Bica, atual Fundação Roberto Burle Marx, fica localizado à 60 km da cidade do
Rio de Janeiro, em Barra de Guaratiba, possui 365.000 metros quadrados e foi adquirido em 1949.
A falta de fornecedores de plantas fez com que Burle Marx e seu irmão fossem atrás de um local para
realizar o cultivo de espécies, implantar viveiros para abrigar a grande coleção de mudas coletadas nas
expedições, e que também servissem como matrizes para multiplicação de outras espécies.
Burle Marx manteve em suas estufas, um acervo de espécies vegetais, com mais de 35.000 mudas que
coletava nas expedições e eram estudadas por ele e botânicos.
A coleção não se restringia apenas a plantas brasileiras, tinha exemplares de diversas regiões do mundo,
Haiti, Índia, Porto Rico, inclusive países africanos, que se adaptavam de modo satisfatório no Brasil, devido ao
nosso clima tropical. Outra questão que se preocupava era em relação à devastação dos recursos naturais
brasileiros. Ele foi pioneiro na denúncia dos desmatamentos e da inexistência racional no uso desses recursos.
35
“A consciência ecológica aguçou-se no decorrer de sua vida.”27
Ele insistia em discutir as questões relacionadas
ao meio-ambiente.
27 “Sobre o assunto, executou inúmeros trabalhos, concedeu entrevistas, depôs no Senado, implantou um enorme viveiro e um centro
de estudos no Sitio Santo Antonio da Bica, onde morava, em Guaratiba, nos arredores da cidade do Rio de Janeiro”. CAVALCANTI
Lauro. Op. cit., p. 4-5.
Ilustração 18 – Fundação Roberto
Burle Marx, Rio de Janeiro RJ
Ilustrações 19, 20, 21 e 22 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ
36
Ilustração 23 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ
Ilustração 24 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ
37
Ilustração 25 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ
Ilustração 26 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ
38
1.4. O pensamento do Artista – pintura versus jardins
Para Burle Marx as questões de harmonia e contraste das cores, de estrutura e forma, são questões tão
importantes como pintor bidimensional, como se referia a si mesmo, como o são num jardim de três ou quatro
dimensões. “Minhas duas profissões se complementam.”28
A diferença entre o pintor bidimensional e o paisagista tridimensional, segundo Burle Marx, é que a
planta – sua matéria-prima – não é estática. Ela possui seu próprio ciclo: uma simples mudança dos efeitos da
natureza, seja na variação do tempo, do clima, já pode afetar a sua cor e até mesmo sua estrutura.
Conforme Vera Beatriz Siqueira, o interesse do paisagista era transferir para o projeto de jardim, a
diversidade, a instabilidade e os complexos processos de associações naturais das plantas tropicais, para isso um
árduo trabalho de observação, compreensão e interpretação da paisagem, foi necessário.
Burle Marx trabalha com contrastes cromáticos intensos. No lugar de plantar em excesso, Burle Marx
utilizava poucas espécies, sendo elas capazes de destacar as qualidades uma das outras.
Nos projetos eram essenciais o uso da água, sendo ela aplicada através de espelhos d‟água, lagos etc.
O valor plástico de seus jardins foi conseguido através da observação das diversas espécies vegetais.
Burle Marx descobria novas texturas, cores, ritmos e luminosidade através da paciência do olhar dessas plantas.
Durante uma etapa de seu trabalho, que compreende o período de 1930 à 1950, Guilherme Mazza
Dourado nos diz que essa sintaxe plástica podem ser vistas de duas maneiras:
28 FLEMING, Laurence. Op. cit., p. 63-64.
Ilustração 27 – Paisagem de Santa Teresa,
Rio de Janeiro RJ, Roberto Burle Marx
Ilustração 28 – Catavento. R. Burle Marx
39
1º – Questões plásticas da cor. A cor tornou-se um dado estrutural e protagonista de sua obra, a
harmonia e os contrastes cromáticos, pela herança e influência dos mestres ingleses (Gertrude
Jekyll e Willian Robinson) na arte do paisagismo, em relação à policromia das florações.
2º – Questão da forma no paisagismo.29
A estratégia do contraste – princípio central do paisagismo de Burle Marx. De certa forma essa estratégia
derivava de suas atividades como pintor.
Na verdade, Burle Marx descobriu que tudo o que o rodeava poderia ser motivo de inspiração para a sua
arte e o fato de morar no Rio como já dissemos, teve papel muito importante para a sua carreira artística.
Sua obra é um todo indissociável: sua arte e seus jardins são uma forte correspondência.
1.5. Roberto Burle Marx – projetos em São Paulo
Burle Marx realizou diversos projetos paisagísticos no Estado de São Paulo com certa regularidade.
Dentre as relações profissionais, se destacam as parcerias com os arquitetos Rino Levi, Marcello Fragelli, Ruy
Ohtake, Hans Broos e Miguel Juliano.
Aproveitando de sua convivência com pessoas influentes na sociedade paulistana, Burle Marx foi
apresentado a políticos que exerciam cargos no governo do Estado de São Paulo que coincidentemente já o
conhecia pelo seu trabalho realizado ao longo dos anos. Estes o convidaram para realizar projetos paisagísticos
29 Cf. DOURADO, Guilherme Mazza. Modernidade verde jardins de Burle Marx, p. 105-108.
Ilustração 29 – Begônias. Roberto
Burle Marx
Ilustração 29 – Abstrato. Roberto Burle
Marx
Ilustração 30 – Proposta de Burle Marx
para Parque Ecológico do Tietê, São Paulo
SP
40
em obras públicas no Estado de São Paulo; como parques, edifícios institucionais, obras de arte que seriam
expostas em recintos públicos. Estes trabalhos vieram acrescentar maior visibilidade a sua obra em curso.
Mesmo não fazendo parte do recorte desta dissertação, vale a pena mencionar três contribuições
significativas de Roberto Burle Marx para a cidade de São Paulo. A primeira delas é o Parque Ecológico do
Tietê, projetado em duas etapas, com arquitetura e urbanismo de Ruy Ohtake. A segunda seria o Parque Burle
Marx, na região sul de São Paulo. A terceira seriam os jardins verticais, hoje parte da história do paisagismo
paulista. Dentre eles se destacam os jardins verticais do entorno da Casa das Rosas (atual Museu, localizado na
Avenida Paulista), do Edifício Parque Cultural Paulista (arquitetura de Julio Neves) e do Banco Safra, 1988
(agência Bela Cintra, que se localiza na Avenida Paulista).
Em seus jardins verticais, Burle Marx cria esta composição com formas geométricas irregulares. Faz uso
de cores variadas de pedra portuguesa para criar contrastes e para sobressair os volumes do desenho ele cria
formas e jardineiras em auto-relevo, com o concreto armado.
Burle Marx, que atuava em São Paulo desde a década de 1950, realizou projetos excepcionais para
clientes particulares, com destaque para os jardins da Residência Olivo Gomes em São José dos Campos, SP,
1950-1965; Residência Clemente Gomes, São Paulo, SP, 1968; Abadia de Santa Maria, São Paulo, SP, 1975;
Residência José Egreja, Penápolis, SP, 1975, entre outros projetos.
Analisando os seus projetos, notamos que Burle Marx estudava em primeiro lugar vários aspectos
geográficos daquela micro-região inserida na macro-região. Um fator relevante nesta análise é a observação das
Ilustração 31 – Parque Ecológico do Tietê,
São Paulo SP
41
diferenças entre paisagens topográficas, climáticas e paisagísticas das diversas regiões paulistas.
Compreendendo as áreas que vão do litoral, do planalto paulista a Serra do Mar.
Compondo o seu paisagismo utilizando-se dos aspectos topográficos do terreno e da capacidade em
receber determinadas espécies vegetais para que a composição ali projetada tivesse sucesso de germinação,
harmonia da vegetação em si, etc. O seu aguçado senso de observação empírica em relação ao meio ambiente e
a arte em si, lhe dava condições para criar algo diferente, inovador, que vinha de encontro com aquilo que as
pessoas desejavam que fossem os seus jardins.
Ilustração 32 – Casa das Rosas, São Paulo
SP
42
Parque Burle Marx, 1995
Parque do Flamengo, 1960 / Residência Edmundo Cavanellas, 1950
O
Ilustrações 33, 34 e 35 – Parque Burle Marx, São Paulo SP
Ilustrações 36-37 – Parque do Flamengo, Rio de Janeiro RJ Ilustração 38 – Residência Edmundo Cavanellas, Rio de
Janeiro RJ
43
Os jardins verticais também fizeram parte de sua produção na história do paisagismo paulista. Dentre
eles se destacam os jardins verticais do entorno da Casa das Rosas (atual Museu, localizado na Avenida
Paulista), do Edifício Parque Cultural Paulista (arquitetura Julio Neves) e do Banco Safra, 1988 (agência
Bela Cintra, que se localiza na Avenida Paulista).
Em seus jardins verticais, Burle Marx cria esta composição com formas geométricas irregulares. Faz uso
de cores variadas de pedra portuguesa para criar contrastes e para sobressair os volumes do desenho ele cria
formas e jardineiras em auto-relevo, com o concreto armado.
Ilustração 39 – Casa das Rosas e Edifício
Parque Cultural Paulista, São Paulo SP
Ilustração 40 – Casa das Rosas, São Paulo SP
44
Casa das Rosas e Edifício Parque Cultural Paulista, 1990
Banco Safra (agência Bela Cintra), 1988
Ilustração 41 – Jardins verticais de Burle Marx, Casa
das Rosas, São Paulo SP
Ilustração 42 – Jardins verticais de Burle Marx, Casa
das Rosas, São Paulo SP
Ilustração 43 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco
Safra, São Paulo SP Ilustração 44 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco
Safra, São Paulo SP
Ilustração 45 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco
Safra, São Paulo SP
45
1.5. Roberto Burle Marx – projetos em São Paulo
Características das principais parcerias com os arquitetos no Estado de São Paulo
Rino Levi e Burle Marx – obras paisagísticas em Santo André, São José dos Campos, São Paulo e
Ubatuba
Desta parceria com Rino Levi, por exemplo, em Ubatuba, Burle Marx criou uma simbiose entre
natureza, Serra do Mar e a praia no entorno do terreno onde ele executou o seu projeto, com destaque para o tipo
de vegetação, o uso da areia, pedra e água e amplitude dos espaços. Este terreno se situa defronte a Praia Grande
em Ubatuba, SP, onde ele tinha todos estes elementos a sua disposição no entorno deste local. Ele organizou
estes elementos de uma forma sistemática, estética e criativa, dando origem ao jardim da Residência dos Irmãos
Gomes.
Em São Paulo, capital, o seu trabalho apresenta características peculiares de uma arte urbana interagindo
com o meio social. Como exemplo podemos citar os painéis do Edifício do Sesi-Fiesp em São Paulo, SP e do
Centro Cívico de Santo André, SP – ambos projetos de Rino Levi. Os painéis projetados por Burle Marx, com
motivos abstratos geométricos – verdadeiras esculturas em autos e baixos relevos – se integram com o projeto de
paisagismo que seguem a mesma linha de criação desses painéis. Isto tudo vem conferir uma magnitude técnica,
estética, criativa aos dois projetos, o projeto criado por Burle Marx e o de Rino Levi.
Ilustração 46 – Painel do Edifício do
Sesi-Fiesp. Roberto Burle Marx, São Paulo SP
Ilustração 47 – Maquete do Edifício do
Sesi-Fiesp. Painel de Roberto Burle Marx e
arquitetura de Rino Levi, São Paulo SP
46
Marcello Fragelli e Burle Marx– obras paisagísticas em São Paulo
Era usual na arquitetura paulista, deste período, década de 1970, o intenso uso do concreto e do tijolo
aparente. Era comum nesta década que os arquitetos Marcello Fragelli, Ruy Ohtake, Hans Broos, Miguel
Juliano e outros lançassem mão destes materiais em seus projetos.
Marcello Fragelli projetou o Edifício Macunaíma, 1976-1984, alto de Pinheiros, São Paulo, SP. Neste
projeto, Burle Marx e Fragelli inovam com o desenho e execução de montículos de terra recobertos com pedras
portuguesas, que conferem uma interação entre o meio urbano com a obra arquitetônica através destes
elementos. A pedra lembra a urbanidade, as bromeliáceas o meio ambiente natural e os famosos montículos de
terra – denominados por Burle Marx de “cupins” – remetem a um Brasil rural, onde ele busca inspiração.
Podemos aventar uma hipótese, sem possibilidade de confirmação, que há aqui uma referência ao movimento
antropofágico brasileiro, em especial a Macunaíma, de Mario de Andrade, publicado em 1928. Se a relação faz
algum sentido, os cupinzeiros criados por Burle Marx nos remetem a uma interpretação lúdica da obra de Mário
de Andrade – um Brasil rural que em breve sofreria transformações peculiares de transição do ruralismo para o
desenvolvimento industrial.
Tanto Fragelli quanto Burle Marx souberam captar o espírito de brasilidade nesta obra. Trazendo para
este projeto algo inusitado, fazendo com que os jardins projetados adentrassem ao projeto do edifício criando
ambientes paisagísticos que confortavam a natureza criada por Burle Marx com as formas arquitetônicas em
concreto projetadas por Fragelli, como ocorreu também no projeto do Edifício São Luiz, Vila Olímpia, São
Paulo, SP.
47
Em relação aos jardins da fabrica de motores Sew, Guarulhos, SP, Burle Marx se repete em algumas
soluções, como do desenho do piso, desenho geométrico abstrato como ele já havia projetado para os jardins do
MAM no Rio de Janeiro, canteiros elevados entre outros traços característicos da obra de Burle Marx. Como o
edifício está em um amplo terreno livre, as pedras portuguesas servem para criar uma espécie de ilha urbana em
meio à extensão rural.
Hans Broos e Burle Marx – obras paisagísticas em São Paulo
No projeto da sua residência particular, Broos inovou ao projetar utilizando materiais construtivos no seu
estilo bruto, criando espaços arquitetônicos originais e que nos dá a noção de praticidade aos espaços projetados
para o seu devido uso. O uso de concreto aparente e a transparência do vidro se integram ao projeto paisagístico
criado por Burle Marx.
Burle Marx inspirando-se no projeto de Broos recria outra obra de arte inserida neste contexto. Partindo
da idéia de um oasis Burle Marx transpôs para o meio urbano esta concepção. Possivelmente, observando esta
obra, foi este o questionamento inicial que Burle Marx fez. Harmonia, repouso, busca de um ambiente bucólico
e aprazível, acolhedor integrado ao projeto desta residência.
Em relação ao projeto da Abadia de Santa Maria localizado na Serra da Canteira, São Paulo, SP, Broos
utiliza o concreto armado em toda sua concepção plástica. Explora formas retilíneas, espaços verticais amplos,
rampas de acesso, pérgulas, e a concepção do campanário em concreto aparente. Para quebrar a frieza e a rigidez
do concreto, Burle Marx projeta jardins que faz com que estas formas se harmonizem através da sua composição
que utiliza cores, texturas e volumes variados através da vegetação.
48
O solário no pátio interno da Abadia traz a luz para o interior. Dando a idéia de claridade e leveza aos
ambientes.
Burle Marx complementa os amplos espaços internos da Abadia, como o da entrada para o interior da
capela da Abadia que são integrados através de um painel em baixo relevo com motivos de inspiração bíblica
que ameniza a rigidez das formas em concreto. Ele opta por um chapado vermelho, que se contrapõem a um
chapado azul em paredes distintas em um ambiente onde se situa o coro e o sacrário da Capela.
Broos, de origem alemã, recria o espírito monacal nesta concepção arquitetônica moderna onde notamos
que esta arquitetura não agride ao espírito monacal de busca de uma interioridade e contemplação do sagrado
através desta materialidade.
Miguel Juliano e Burle Marx – obras paisagísticas em São Paulo
O Parque Anhembi e o edifício Promenade, ambos em São Paulo, são concepções do arquiteto Miguel
Juliano (o primeiro em parceria com Jorge Wilheim). Juliano – que tinha um amplo conhecimento prévio do
trabalho de Burle Marx – convidou Burle Marx para uma parceria para que realizasse o paisagismo do entorno
do edifício e do parque.
No Parque do Anhembi foram projetados diversos edifícios: o centro de convenções e exposição,
auditório e teatro, além do hotel, hoje denominado Holiday Inn. O que se destaca como obra arquitetônica de
maior visibilidade é o edifício do hotel que se apresenta possuidor de uma modernidade na sua concepção, onde
predominam as linhas retas presentes na estrutura que se expressa nas fachadas. No imenso vão livre do centro
de convenções e exposições foi empregada uma tecnologia avançada para época da sua execução. A cobertura
49
do edifício foi executada em estrutura metálica modular e foi erguida através de macacos hidráulicos de uma
única só vez, uma grande novidade para a época.
No entorno destas obras foram projetados os jardins e os estacionamentos de veículos nos espaços
restantes, criando uma idéia de magnitude arquitetônica.
Neste projeto, que se localiza a margem do emblemático rio Tietê, Burle Marx se inspirou na urbanidade
de São Paulo.
É uma das poucas obras na qual Burle Marx economiza nas formas para restar o máximo possível de
espaço livre de circulação. Trata-se de uma obra onde haveria um intenso fluxo de pedestres e automóveis.
Burle Marx concebeu esculturas em concreto e relevos nos canteiros do entorno do Pavilhão de
exposição que compunha com o projeto arquitetônico de Miguel Juliano.
Ruy Ohtake e Burle Marx – obras paisagísticas em São Paulo, Penápolis, SP
Ruy Ohtake realizou diversos projetos onde convidou o escritório de Burle Marx para projetar os jardins,
dentre eles as casas para Luiz Izzo, Morumbi, São Paulo, SP, 1975, e José Egreja, Penápolis, SP, 1975.
Observando os projetos de Burle Marx nota-se certa similitude com projetos anteriores da mesma
década, principalmente em seus projetos em São Paulo, onde temos o uso recorrente de canteiros elevados, piso
com desenhos geométricos em pedra portuguesa, espelhos d‟água etc.
Por se tratar de espaços de dimensões menores, Burle Marx concebe uma composição que dá um caráter
de ampliação a esta paisagem. Utilizando-se de uma vegetação de cobertura com grupos de bromeliáceas, entre
outras espécies vegetais.
50
Na residência de Luiz Izzo, Burle Marx aproveita a inspiração de Ruy Ohtake – que criou um espaço
vazado com amplas jardineiras em concreto – para conceber um jardim elevado que,. ao mesmo tempo,
complementa e ameniza as formas rígidas do projeto arquitetônico original.
No projeto da residência de José Egreja encontramos outra concepção de espaço e volume. Situa-se no
meio rural, sede de uma fazenda no interior de São Paulo. Neste projeto Burle Marx usa somente linhas curvas
para compor o seu jardim, que vão contrastar com as linhas retas do projeto e Ruy Ohtake. Ele insere um espelho
d‟água para amenizar o clima da região que é muito quente e seco. Os jardins são compostos por arbustos e
forrações. Os caminhos por onde circulam as pessoas são em linhas sinuosas acompanhando a topografia do
terreno criando um complemento nesta composição entre canteiros e espaço de circulação.
Características principais dos projetos
Residência Olivo Gomes – o projeto paisagístico interage com o entorno da fazenda onde está situada.
Nesta obra, Burle Marx faz uso de grandes manchas vegetais, criando contrastes e volumes, espelhos d‟água,
painéis em cerâmica, piso com forração. Utiliza-se de formas curvilíneas, que é uma das características do inicio
da sua carreira como paisagista. Há similitude com o projeto executado na Fazenda Marambaia, Petrópolis, RJ,
1947, utiliza-se da mesma técnica de projeto.
Residência dos irmãos Gomes – o jardim projetado por Burle Marx interage com o entorno, sendo ele
composto por montanhas e praia. Burle Marx cria o paisagismo recriando o próprio entorno natural que ali se
encontra. Através do emprega da água, das pedras (seixos retirados das montanhas do local) e vegetação da mata
Atlântica.
Ilustração 49 – Fazenda Marambaia,
Petrópolis RJ, 1947
Ilustração 48 – jardins residência Olivo
Gomes, são José dos campos SP
51
Centro Cívico de Santo André – Burle Marx cria o desenho do piso induzindo o observador a adentrar o
espaço composto por pedra portuguesa e cria um dialogo com a cidade ao redor dos edifícios do Centro Cívico,
podemos dizer que existe uma ligação entre o passeio público e a arquitetura situada neste lote. Ele criou três
painéis temáticos em concreto, baixo relevo. A ligação entre o meio urbano e a arquitetura paisagística foi uma
das preocupações deste projeto com o do edifício da sede da Petrobras, Rio de Janeiro, RJ.
Residência Clemente Gomes – por se tratar de um jardim em menor escala e inserido dentro de um
contexto urbano, no bairro do Pacaembu, em São Paulo, SP. Burle Marx tenta criar um verdadeiro oasis,
utilizando-se de vegetação nativa do estado de São Paulo, e elementos naturais como água, pedra e canteiros.
Edifício Macunaíma – Burle Marx cria o desenho do piso com formas abstratas e o executa com pedra
portuguesa colorida. O projeto paisagístico dialoga com o traçado da rua do bairro de Pinheiros, fazendo com
que o projeto interaja com o meio urbano. Este é o único projeto onde Burle Marx utiliza-se de um tema
literário-filosófico para criar o seu projeto.
Indústria Sew – neste projeto Burle Marx se repete em sua composição. Uso de pedra portuguesa para a
paginação do piso, canteiros elevados e vegetação nativa e exuberante.
Edifício São Luiz – o projeto paisagístico interage com a cidade. Por meio do desenho do piso que
interliga o passeio publico a circulação interna do conjunto arquitetônico. Aproveita-se dos vazados
arquitetônicos preenchendo-os com o paisagismo. Ilustração 51 – Edifício sede da Petrobras,
Rio de Janeiro RJ Fonte:
Ilustração 50 – Centro Cívico de Santo
André, Rino Levi, Santo André SP
52
Residência Hans Broos – Burle Marx tenta recriar o ambiente de oasis no meio da cidade utilizando-se
desta idéia geográfica. Ele compõe o paisagismo com elementos naturais e vegetais, e espelho d‟água. Ele criou
um painel com formas geométricas em concreto, baixo relevo no interior da residência.
Abadia de Santa Maria – por se tratar de um projeto religioso, Burle Marx buscou inspiração no ato da
contemplação monacal, recriando um ambiente inspirador onde a interpenetração do paisagismo com a
arquitetura nos da esta noção. Ele criou um painel em concreto, baixo relevo, com inspiração religiosa.
Parque Anhembi – observamos que existe um dialogo com a cidade por meio do uso do concreto nos
volumes arquitetônicos e nos desenhos do piso de Burle Marx e do jardim em si. É um dos poucos projetos onde
ele projetou esculturas. Infelizmente este projeto não foi executado na sua totalidade pela prefeitura de São
Paulo.
Edifício Promenade – por se tratar de uma obra particular e um jardim menor, Burle Marx observa o
entorno urbano e tenta interagir com este meio. Ele compõe o paisagismo com o uso de pedra portuguesa e
canteiros elevados e utilizando-se de exuberante vegetação.
Residência Luiz Izzo – Burle Marx tenta criar um ambiente oposto em que o volume arquitetônico esta
inserido, no caso é um ambiente urbano. Se assimila a um oasis. Ele repete o uso de pisos, canteiros e vegetação
de cobertura com bromeliáceas.
Residência José Egreja – neste projeto sobressai uma característica peculiar da sua criação. O abuso do
uso das linhas curvas e convexas em contraste com as retilíneas. Ele se repete ao utilizar-se de espelhos d‟água e
gramados.
Ilustração 53 – Fábrica da Unilever,
Vinhedo SP, Rino Levi
Ilustração 52 – Abadia de Santa Maria.
Foto: José Moscardi
53
Com relação a estes arquitetos mencionados que fizeram parcerias com Burle Marx, todos são
influenciados pela escola paulista (alguns da escola brutalista) que é marcada pela ênfase na questão técnica,
que se expressam pela adoção do concreto armado aparente e valorização da estrutura. É uma arquitetura que
nos transmite sensação de frieza. Burle Marx soube empregar sua criatividade e técnica em projeção de jardins,
amenizando a impressão de excesso e frieza do concreto nas obras dos seus parceiros.
54
CAPÍTULO II
2. Burle Marx e Rino Levi Arquitetos Associados
Em 1950 Burle Marx foi convidado para criar um jardim ao redor de uma casa projetada por Rino Levi,
em São José dos Campos, Vale do Paraíba, Estado de São Paulo.
Burle Marx e Rino Levi, se conheceram em 1935 e mantiveram uma longa parceria de trabalhos e de
amizade ao longo de suas vidas, realizando diversas obras importantes.30
Havia uma preocupação com a questão estética entre o s artistas daquela época, que possuídos de ideais
criativos contavam com a complexidade e apoio da mesma. Para Rino Levi a obra arquitetônica era a resultante
de um conjunto de fatores que o levavam a considerar todos os detalhes necessários para que o projeto não fosse
apenas uma solução estética, mas uma interação da beleza e da forma aliada à função; no jogo de volumes, a
forma e a cor tinham objetivos não só estéticos, mas também sociais e psicológicos.31
Eles estavam imbuídos de uma busca da identidade nacional, em todos os campos das artes.
A necessidade do paisagista querer descobrir novas espécies da flora nativa revela a intensa preocupação
por essa busca e criação de uma identidade nacional, que se extrapola na estética paisagística de Roberto Burle
30 “A amizade que nos ligou desde aquela época, fortaleceu-se não somente através de uma grande admiração pelo seu espírito de
observação, pela compreensão e participação profunda em todas as suas ações e opiniões, como, e principalmente, por seu respeito e
amor à natureza e pelas plantas em particular”. MARX, Roberto Burle. Depoimento, p. 341-342.
31 Idem, ibidem, p. 341-342.
Ilustração 54 –
Roberto Burle Marx
Ilustração 55 – Rino
Levi
55
Marx, ele consegue exprimir dois fatores fundamentais, que são a beleza das formas e a funcionalidade de seus
jardins.
Segundo o próprio Burle Marx, inúmeras foram as viagens que realizaram juntos. Sempre à procura de
novas espécies de plantas, pois Rino Levi queria introduzir-las em seus projetos.
Rino Levi faleceu em 1965, acompanhando Burle Marx em uma expedição ao interior da Bahia,
deixando o escritório Rino Levi Arquitetos Associados, fundado em 1945, para os seus sócios Roberto
Cerqueira César e Luiz Roberto Carvalho Franco.
Obras escolhidas
São Paulo, apesar de não ser o Estado de que abriga o maior número de obras paisagísticas de Burle
Marx, conta com um número bastante significativo de obras importantes, algumas delas fruto da parceria Burle
Marx – Rino Levi. As obras escolhidas estão localizadas no Estado de São Paulo, em diferentes regiões e
condições geográficas: São José dos Campos, no Vale do Paraíba; Ubatuba, no Litoral Norte; Santo André, no
ABC paulista; e na própria capital.
Dessa parceria de trabalho foram selecionados alguns projetos privados – três residências (os jardins
residenciais estão entre as principais realizações do paisagista) e um projeto público.
Os quatro projetos que foram selecionados estão determinados abaixo, são eles:
jardins para a Tecelagem Parahyba e para Residência Olivo Gomes, São José dos Campos, SP,
1950/1965;
residência dos irmãos Gomes, Ubatuba, SP, 1965;
Ilustração 56 – Residência Olivo Gomes,
Rino Levi, São José dos Campos SP
56
jardim, escultura, tapeçarias e murais para o Centro Cívico de Santo André, SP,1967;
residência Clemente Gomes, Pacaembu, São Paulo, SP, 1968.
2.1. Residência Olivo Gomes, 1950 – 1965
Os jardins da Residência Olivo Gomes, com uma área total de 7.491,00 metros quadrados, estão
localizados dentro da sede da antiga Fazenda Parahyba, fundada em 1925. A propriedade abrigava, além da
residência do proprietário, diversas atividades, dentre elas um complexo industrial, que tinha nos cobertores
Parahyba seu principal produto.
Em 1996, após longo processo de falência e litígio em relação às propriedades, a antiga fazenda foi
transformada em parque municipal aberto ao público, batizado de Parque Roberto Burle Marx. O parque possui
a área de 516 mil metros quadrados, com diversos atrativos culturais.
O período de concepção do paisagismo foi realizado em duas etapas, a primeira em 1950, diretamente
ligada ao edifício residencial e a segunda, em 1965, a área de lazer, piscina, playground.
Burle Marx tornou-se amigo de Olivo Gomes e teve grande participação em diversos projetos para a
família, com seus jardins e painéis decorativos, acompanhando Rino Levi, que projetou outras obras além da
residência.
A residência de Olivo Gomes foi construída em 1950 e é uma obra moderna, com planta binucleada
(evidente influência de Marcel Breuer), cobertura de telhas de fibrocimento sobre laje de concreto armado. No
pavimento superior se encontram o estar, dormitórios e serviços; no pavimento inferior, a área de lazer com
grandes varandas e sala de jogos. A planta se distribui em três setores distintos:
Ilustração 57– Foto aérea do terreno da
Fazenda Parahyba, São José dos
Campos SP
Ilustração 58 – Residência Olivo Gomes,
Rino Levi, São José dos Campos SP
57
área intima – dormitórios e banheiros;
área social – salas de jantar, estar e diversão;
área de serviços – cozinha e dependências de empregados.
A planta da casa está localizada em dois níveis do terreno. A topografia contribui para enriquecer a
arquitetura, que se projeta na direção do jardim, apoiada sobre pilotis. O interior dialoga com o exterior.
Desta maneira Burle Marx utiliza a vegetação acompanhando as idéias do projeto de Rino Levi. Ele
organiza os jardins em diferentes zonas distribuídas segundo as funções associadas a elas. A vegetação tem o
papel de delimitar essas zonas. Observa-se que as zonas mais controladas do jardim, possuem uma definição
mais minuciosa, ou seja, as que estão próximas da casa e na medida em que vão se distanciando vão se
simplificando e se diluindo aos poucos na paisagem.
Na frente da casa, Burle Marx isola, através de uma “parede” de eucaliptos, a residência da fábrica de
laticínios e na parte de trás da casa, ele configura o jardim com espelho d'água com espécies aquáticas – Victoria
amazonica, Typhodorum lindleyanum e Nymphaea, dispõe grupos de vegetações e forrações e árvores de grande
porte, Guapuruvu – Schizolobium parahyba.
A utilização de painéis decorativos está intimamente associada à arquitetura e paisagismo. Rino Levi
tem a preocupação de integrar outras modalidades artísticas à sua arquitetura. Integrando paredes cobertas com
azulejos e murais assinados por artistas plásticos e o próprio paisagismo. Em diversos locais ele aplicou esta
questão, no Edifício Prudência (painéis e jardins de Burle Marx), no Teatro Cultura Artística (painel de
Emiliano Di Cavalcanti), no edifício Fiesp-Ciesp (painel de Burle Marx).
Ilustração 59 – Painel da residência Olivo
Gomes, Burle Marx, São José dos Campos SP
Ilustração 60 – Painel da residência Olivo
Gomes, Burle Marx, São José dos Campos SP
58
Na parte da frente da casa, Burle Marx realiza um painel de azulejo, com formas geométricas –
quadrados e retângulos, grandes e pequenos em tons de azul que se une aos tons de ocre da residência, e por sua
vez aos maciços de lírios amarelos, circundados por uma mancha de Setcrease purpúrea, com folhas roxas.
Aqui ele abandona as formas orgânicas e substitui por formas geométricas, provavelmente influenciado pela
repercussão da I Bienal de São Paulo.32
Para a fachada da parte de trás da casa, Burle Marx projeta um painel de cerâmica com vários tons de
azul, ocre, verde e cinza, que dialogam com as cores da arquitetura e da vegetação aplicada naquele setor. Neste
caso, o paisagismo e a arquitetura foram concebidos no mesmo momento, simultaneamente.
Burle Marx cria uma imagética única que associa formas, linhas e volumes às tonalidades das espécies
nativas associadas à outros elementos da natureza, que são a água dos espelhos d‟água, as pedras dos pisos.
Elementos naturais, água, vegetação e pedra. Os espelhos d'água e os pequenos lagos trazem um pouco de céu
para dentro do arvoredo. E os grandes conjuntos de bambus, entre as árvores de maior porte, formam uma
cortina, cuja transparência permite uma luminosidade variada e acolhedora.33
Segundo Flávio Motta, as cores dos painéis estão relacionadas às tonalidades da vegetação do local,
como é o caso de um painel de cerâmica, cujas cores estão relacionadas à da vegetação mais próxima.34
32 Cf. OLIVEIRA, Ana Rosa. Op. cit., p. 341.
33 MOTTA, Flávio Licht. Roberto Burle Marx e a nova visão da paisagem, p. 79.
34 MOTTA, Flávio Licht. Op.cit., p.79.
Ilustração 61 – Residência Olivo Gomes São
José dos Campos SP
Ilustração 62 – Residência Olivo Gomes, São
José dos Campos SP
59
Burle Marx sabia compreender muito bem o contexto do local onde iria realizar os seus projetos, tanto
que ele empregava os seus conhecimentos de artista, pintor, paisagista, ceramista e joalheiro na arte paisagística,
mesclando a arte natural e a arte artificial. Os jardins são uma continuidade da obra arquitetônica, no caso todo o
conjunto da residência. A obra dialoga com uma natureza “construída e transformada” pelas mãos de Roberto
Burle Marx.
Ilustração 64 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos SP
Ilustração 63 – Residência Olivo Gomes, São
José dos Campos SP
60
Ilustração 65– Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi,
São José dos Campos SP
Ilustração 66 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos SP
61
Ilustração 68 – Implantação Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos SP
Ilustração 67 – Plantas e cortes
residência Olivo Gomes, São José dos
Campos SP
62
Ilustração 69 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos SP
63
A gramática das formas35
Notamos uma enorme diversidade de padrões lingüísticos se fizermos uma comparação das linguagens
presentes nos projetos paisagísticos de Roberto Burle Marx.
Através do podemos notar que a partir de 1938, Burle Marx abandona a linguagem clássica que utilizou
em Recife no cargo de diretor de Parques e Jardins, no período de 1934-1937. Ao criar o jardim da Casa Forte,
Burle Marx projetou o jardim com traços mais geométricos e simétricos, apesar da vegetação quebrar o
paradigma do paisagismo clássico (uso de espécies nativas do sertão nordestino, como é o caso do mandacaru).
Nos jardins do MES ele opta por trocar a linguagem clássica, utilizada em Recife, pela linguagem com
canteiros amebóicos constituídos por arcos de curvas complexas. A linguagem formal utilizada neste jardim é
semelhante à dos jardins da residência da família Schwartz no Rio de Janeiro.
Na Residência Olivo Gomes ele faz uso da forma orgânica e assimétrica para a composição do jardim.
cor – folhas: violetas, flores: amarelas e vermelhas, espécies vegetais nativas: (herbáceas e
arbustivas). Até 1950 – a policromia tornou-se um dado estrutural e protagonista nos projetos. A
partir da década de 40 – herbáceas (tons de verde), arbustos ou árvores. Estratégia do contraste –
principio central do seu paisagismo. Jogo de massas de cores únicas e vibrantes (verde,
35 VAZ, Carlos Eduardo. As linguagens compositivas de Roberto Burle Marx: aplicação e caracterização pela gramática da forma.
Anexo-01-Ficha 01 e Anexo-02-Ficha 02, p.172-173.
Ilustração 70– Jardim da Casa Forte,
Roberto Burle Marx, Recife PE
Ilustração 71 – Fazenda Vargem
Grande, Burle Marx, Areias SP
64
vermelho-escuro, amarelo) PLANO / COR / FORMA – em grandes áreas verdes, Burle Marx
coloca tapetes de cor.
topografia – “decidi-me a usar a topografia natural como uma superfície para a composição e os
elementos da natureza – minerais e vegetais – como materiais de organização plástica”;36
forma orgânica – década de 1950 – curvas livres – “Ao contrário, os traçados curvos que o
paisagista testava na composição dos recintos ajardinados, no período de sua maturidade
profissional, originam-se de um exercício plástico abstrato e auto referente, embora ajustado às
características dos sítios naturais que intervinha. Uma síntese pessoal, inspirada bem mais nas
soluções formais do surrealismo do que nas praticas inglesas do século XVIII, cuja simulação de
paisagens originais nos jardins era uma tentativa de reparar a perda do próprio ambiente natural,
corroído pelo avanço do puro extrativismo e dos campos agricultáveis.”37
2.2. Residência dos Irmãos Gomes, 1965
A residência dos irmãos Gomes está localizada num grande terreno plano entre a montanha e a praia em
Ubatuba, litoral norte de São Paulo.
Esta casa tenta conjugar a introspecção das casas urbanas com uma grande abertura para a paisagem.
36 DOURADO, Guilherme Mazza. Op. cit., p.108.
37 Idem ibidem, p. 171 e 172.
Ilustração 72– Residência Irmãos Gomes,
Rino Levi, Ubatuba SP
65
O partido arquitetônico desse projeto é todo horizontal, setorizado com princípios da arquitetura
racional, sempre considerando a continuidade espacial com a natureza.
Esse projeto foi encomendado pelo então senador Severo Gomes ao arquiteto Rino Levi.
A planta é retangular e tem nas faces menores os dormitórios, e na outra, os serviços. A sala está ao
centro do projeto e integra-se ao jardim através de grandes portas de correr de vidro. A sala ainda abriga um
grande espelho d‟água com cascata natural e jardim interno, projetado por Roberto Burle Marx.
O projeto da residência de veraneio foi concebido no ano de 1958 e somente realizado quatro anos após,
em 1962.
As paredes dos lados maiores da planta são constituídas por um plano opaco de tijolo aparente, que se
interrompe na parte correspondente à sala para permitir a sua completa abertura. Toda a extensão dos dois lados
da sala se abre por grandes portas de correr. Quando abertas, vazam totalmente o volume na direção da praia e da
mata.38
38 http://www.cultura.sp.gov.br.
Ilustração 74 – Residência Irmãos Gomes,
Rino Levi, Ubatuba SP
Ilustrações 75-76 – Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba SP
Ilustração 73 – Residência Irmãos Gomes,
Rino Levi, Ubatuba SP
66
Características do paisagismo39
Através do projeto podemos identificar que Burle Marx adota, na Residência dos irmãos Gomes, uma
linguagem que mescla as formas orgânicas com as formas geométricas para a composição do jardim.
Burle Marx cria um jardim vertical interno (muro e cascata de pedras).
cor – folhas: diversas nuances de verde, flores: amarelas e vermelhas, espécies vegetais nativas:
(herbáceas e arbustivas). Árvores de grande porte: palmeiras.
topografia – O projeto paisagístico acompanha a topografia do sitio que é totalmente plana.
mescla a forma orgânica e a geométrica – período de transição do artista.
39 Vide em Anexo 3 – ficha 3 e Anexo 04 – ficha 4, p. 186-187.
Ilustração 77-78 – Residência Irmãos
Gomes, Rino Levi, Ubatuba SP
67
Ilustração 79 – Projeto paisagístico da residência dos irmãos Gomes, Burle Marx, Ubatuba SP
68
Ilustração 80 – Cortes do projeto da residência dos Irmãos Gomes, Rino Levi,
Ubatuba SP
Ilustração 81– Projeto paisagístico da residência dos irmãos Gomes, Burle Marx,
Ubatuba SP
69
2.3. Centro Cívico de Santo André, 1967
O terreno onde está implantado todo o conjunto arquitetônico e o projeto paisagístico possui uma
superfície de 110 mil m2 e está localizado em Santo André.
O projeto para desenvolver o Centro Cívico de Santo André foi o projeto vencedor de um concurso, no
qual Haruyoshi Ono e José Tabacow também participaram. O escritório do Rino Levi foi o escolhido e logo o
próprio Rino Levi encomendou o projeto ao escritório do Burle Marx. Em relação à contratação, Haruyoshi
Ono, em entrevista à Marília Dorador, afirma: “não sei se foi uma encomenda, pois o pagamento foi feito através
da Prefeitura de Santo André”.40
O projetou paisagístico, a principio, previa apenas os jardins, mas nas
conversas de desenvolvimento, Burle Marx começou a pensar em incluir painéis, o que acabou resultando em
três estudos para o foyer do Teatro Municipal, conforme Haruyoshi Ono.
O Centro Cívico abriga os edifícios institucionais. A prefeitura, câmara e fórum, além de importantes
equipamentos culturais como biblioteca, salão de exposições, teatro e auditório municipal. O paisagismo que
integra esses diferentes prédios humanizando todo o espaço, tornando-o propício ao convívio e favorecendo a
sociabilidade, são méritos de Roberto Burle Marx.
Características do paisagismo41
40 GUIMARÃES, Marília Dorador. Entrevista com Haruyoshi Ono. Anexo (05/05/2011) – Anexo p. 219-234.
41 Vide em Anexo 5-Ficha5 e Anexo 6-Ficha 6, p.188-189.
Ilustração 82– Foto aérea do terreno.
Centro Cívico de Santo André SP
Ilustração 83-84 – Centro Cívico de
Santo André, Rino Levi, Santo André SP
70
Burle Marx faz uso de formas geométricas para a criação do paisagismo do entorno do Centro Cívico de
Santo André.
Além de jardins que possuem canteiros, vegetação, espelhos d‟água e mosaicos com pedras portuguesas
no piso, Burle Marx realizou – um pouco depois, mas ainda com o mesmo prefeito – uma enorme tapeçaria, que
foi pensada para o prédio da Prefeitura. Segundo Haruyoshi Ono, a tapeçaria foi feita na Fazenda da família
Gomes, mais especificamente na tecelagem Parahyba, que possuía um grande tear.
Membros do atual escritório Burle Marx e Cia estiveram há pouco tempo em Santo André e notaram que
o local está abandonado e mal conservado. Contudo, o painel foi restaurado e pôde ser emprestada para as
exposições realizadas para o centenário do paisagista Roberto Burle Marx. Segundo Haruyoshi Ono, a
exposição foi um sucesso, pois a tapeçaria é muito bonita.42
De acordo com Lauro Cavalcanti, a presença dessa tapeçaria sugere a interface entre a indústria e o
artesanato, uma maneira de preservar a idéia de criação artística em meio à produção industrial daquela cidade.43
Neste projeto, Burle Marx dizia que a paisagem urbana do entorno não merecia participar do jardim44
. E
se examinarmos a concepção daquele espaço, ele é totalmente dissociado da paisagem do entorno. Neste sentido
42 Idem, ibidem, p. 217. Esta tapeçaria, considerada uma das maiores já feitas no Brasil, esteve presente na exposição “Roberto Burle
Marx 100 anos: a permanência do instável”, com curadoria de Lauro Cavalcanti, Paço Imperial do Rio de Janeiro, de 12 de dezembro
de 2008 a 19 de abril de 2009. A exposição ganhou itinerância em São Paulo, no MAM, de 17 de julho a 13 de setembro de 2009.
43 CAVALCANTI, Lauro. Roberto Burle Marx 100 anos: a permanência do instável. Exposição MAM-SP.
Ilustração 85, 86, 87 – Centro Cívico de
Santo André, Rino Levi, Santo André SP
71
o jardim tem fortes conotações de uma concepção do barroco francês: geometria rígida, dissociação da paisagem
do entorno, pouca compartimentação e visualização a um só tempo de todo o conjunto. Isso pode parecer
especulativo, mas o próprio Roberto chamava o jardim ao lado da torre da Prefeitura de parterre.
Roberto Burle Marx explicava que a concepção daquele espaço apenas diferia dos originais franceses
porque permitia que o observador caminhasse em seu interior. Há aqui uma nova proposição em que os pisos,
com seus desenhos, não cumprem apenas um papel funcional, mas interagem com as superfícies coloridas das
plantas de cobertura dos canteiros adjacentes”45
, segundo José Tabacow em entrevista a Abílio Guerra para
Vitruvius.
Este projeto arquitetônico de Rino Levi foi e é até os dias atuais um marco na arquitetura moderna.
44 GUIMARÃES, Marília Dorador. Entrevista com José Tabacow. Anexo 31 (01/03/2011) – Anexo p. 235-239.
45 GUERRA, Abilio entrevista José Tabacow. Op. Cit.
Ilustração 88 – Centro Cívico de Santo André,
Rino Levi, Santo André SP
72
Ilustração 89 – Projeto paisagístico Centro Cívico de Santo André, Burle Marx, Santo André, SP
73
No Centro Cívico de Santo André, o artista faz uso da forma geométrica para a composição dos
canteiros, espelho d‟água e dos jardins.
Nas folhas das espécies vegetais, Burle Marx mescla nuances diversas de verde com flores nos tons de
amarelo, rosa, vermelho, laranja. Ele insere espécies vegetais nativas e exóticas, tanto para herbáceas quanto
para arbustivas. Emprega árvores de grandes portes, como palmeiras, manacás da serra, quaresmeiras.
Neste projeto, Burle Marx aplica a estratégia do contraste que é um dos princípios centrais do seu
paisagismo. Ou seja, opta pelo jogo de massas de cores únicas e vibrantes, opção exemplificada pelo uso de
cores nos tons verde, vermelho-escuro, amarelo. É a experimentação do plano, da cor e da forma em grandes
áreas verdes, criando-se tapetes de cores.
O projeto paisagístico acompanha a topografia do sítio, que foi modificada. Foi executada uma
movimentação de terra para possibilitar a criação de três platôs de diferentes níveis. No primeiro, mais baixo,
estão o estacionamento e alguns caminhos que integram o passeio público da cidade com o Centro Cívico; no
nível intermediário, está á área cultural, com o Teatro Municipal e o Auditório; e no último nível – que é o mais
alto do Centro Cívico e o mais integrado à cidade – estão a Prefeitura, o Fórum e a Câmara.
Com o uso de formas geométricas, Burle Marx desenvolve o desenho dos pisos, dos canteiros e espelho
d‟água.
Ilustração 90 – Centro Cívico de Santo André SP
74
Ilustrações 91, 92, 93, 94 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle Marx, Santo André SP
75
Ilustrações 95, 96, 97, 98 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle Marx, Santo André SP
76
Ilustrações 99, 100, 101, 102 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle Marx, Santo André SP
77
Ilustrações 103, 104, 105 – Painéis em auto-relevo, Centro Cívico de Santo André,
Roberto Burle Marx, Santo André SP
78
Tapeçaria
A tapecaria chama atencao pela sua dimensao. Foi realizada por Burle Marx em 1967, para a Prefeitura
de Santo André. Ela mede 3,27 por 26,38 metros e é acompanhada de outras duas confeccoes texteis. Segundo o
catalogo da exposição: “Roberto Burle Marx 100 anos: a permanência do instável, realizada no Paço Municipal,
no Rio de Janeiro no ano de 2009.”
Ilustração 106 – Tapeçaria Centro Cívico Santo André, Roberto Burle Marx, Santo André SP
79
2.4. Residência Clemente Gomes, 1968
A residência Clemente Gomes está situada na cidade de São Paulo, no bairro do Pacaembu. A área
construída é de 708,00 metros quadrados. Esta é uma das poucas criações de Rino Levi que ainda resiste até os
dias atuais sem maiores adulterações. Muitas das obras residenciais foram demolidas ou estão mal conservadas.
Haruyoshi Ono mencionou em entrevista que só conhecia a residência de Clemente Gomes – uma casa
pequena, com um jardim igualmente pequeno – pelo projeto, em desenho, pois nunca esteve pessoalmente no
local, mas se recorda que o projeto previa pequenas jardineiras, um painel em concreto.
A casa revela uma das questões que Rino Levi sempre se preocupou: o conforto ambiental. Existe a
presença de elementos vazados que funcionam como uma espécie de brise-soleil, deixando vazar a luz solar que
ilumina de forma discreta o interior da casa, mantendo uma temperatura agradável.
A distribuição interna é dividida em três alas. A ala social, a íntima e a de serviços. Setorizado dessa
forma o projeto, os espaços não interferem uns nos outros. As salas de estar e de jantar se integram por portas de
correr laterais. Os dormitórios estão alinhados e se abrem para um dos jardins de Burle Marx., que fica isolado
do restante da casa. Neste projeto, há uma integração dos jardins externos com as áreas internas.
O jardim projetado pelo paisagista Burle Marx se integra a casa por meio dos elementos vazados da
fachada, que evitam a forte incidência solar no interior. O espelho d‟água, que era de concreto e estava mal
conservado, foi restaurado e recebeu revestimento de mosaico de vidro.
Ilustrações 107-108 – Residência
Clemente Gomes, Rino Levi,
Pacaembu, São Paulo SP
80
Ilustração 109 – Projeto arquitetônico de Rino Levi para Residência Clemente Gomes, São Paulo SP
Ilustração 110 – Projeto arquitetônico de Rino Levi para Residência Clemente
Gomes, São Paulo SP
81
Características do paisagismo46
Nos jardins da Residência Clemente Gomes, Burle Marx faz uso de formas geométricas irregulares para
a composição do projeto paisagístico.
Segundo Haruyoshi Ono, o paisagista coloca-se no lugar do observador e quando vai projetar um jardim
ele cria diferentes pontos de vistas, mesmo em um jardim pequeno, como é o caso da residência Clemente
Gomes. O paisagista vai criando umas espécies de “obstáculo”, colocando anteparos, e quando o usuário
daquele espaço chega realmente ao jardim se impressiona e diz: “Olha que coisa bonita, tudo se abre”. No meio
dos acessos, pode se criar uma fonte d‟água, e outras referências, como um laguinho, um mural. Segundo Ono,
quando Burle Marx criava, ele sempre pensava nisso. Criava caminhos sinuosos (com ou sem elevações),
pequenas sinuosidades no terreno etc.
“Muita gente não quer ver tudo de uma só vez. Os jardins são para serem desfrutados aos poucos.
Vai dando água na boca e devagarzinho dá vontade de ver mais e mais. Mas muitas vezes o
cliente não entende esta questão proposta”. 47
A amizade com Rino Levi rendeu a Roberto Burle Marx excelentes trabalhos. Eles eram amigos muito
próximos mesmo, tanto é que tinham os mesmos interesses pela botânica, pelas viagens, sendo que numa delas
Rino Levi veio a falecer. Segundo a lembrança de Haruyoshi Ono:
46 Vide em Anexo-07-Ficha 07 Anexo-08-Ficha 08, p. 190-191.
47 GUIMARÃES, Marília Dorador. Entrevista com Haruyoshi Ono. Anexo (05/05/2011) – Anexo p. 235-239.
Ilustração 111 – Residência Clemente
Gomes, Pacaembu, São Paulo SP
Ilustração 112– Residência
Clemente Gomes, Rino Levi,
Pacaembu, São Paulo SP
82
“Eu estava entrando no escritório e Roberto estava saindo para esta excursão. Inclusive quando
Roberto ia para São Paulo ele se hospedava na casa de Rino Levi (acho que na Rua Bélgica, eu
acho), tinha a mulher dele, Ivone Levi, a filha Barbara e outras criancinhas das quais não me
lembro o nome”. 48
Basicamente os projetos paisagísticos (junto com Rino Levi) eram elaborados e executados sempre em
simultâneo ao projeto arquitetônico. “São poucos os projetos que entramos depois, a não ser uma reforma, mas
quase todos são juntos”, conforme Haruyoshi Ono. 49
48 Idem ibidem, Anexo p. 235-239.
49 Idem ibidem, Anexo p. 235-239.
Ilustração 113 – Residência Clemente
Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São
Paulo SP
Ilustrações 115– Residência
Clemente Gomes, Rino Levi,
Pacaembu, São Paulo SP
Ilustração 114 - Residência Clemente
Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São
Paulo SP
83
CAPÍTULO III
3. Burle Marx e Marcello Fragelli
Marcello Fragelli, arquiteto formado na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, mudou-se em
1961 para São Paulo. Os primeiros projetos de Fragelli foram marcados pela convivência com os irmãos
Roberto, dos quais foi estagiário. A influência dos Roberto é notável nos projetos de edifícios, pela presença de
pilotis delgados e aplicação de pastilha de vidro. Contudo, é em São Paulo que a fase mais madura do arquiteto
é atingida. O amadurecimento ocorre nos anos 1970 e 1980. Diferente dos seus projetos cariocas, com linhas
racionais e elegantes e desenvolvidas em materiais naturais ou até mesmo artesanais, em São Paulo Fragelli se
volta mais para o espaço do que para a forma, ou seja, o projeto nasce de dentro para fora e não de fora para
dentro.50
Ele atuou no escritório da Promon Engenharia, como consultor no setor de arquitetura e engenharia para
a construção do Metrô de São Paulo. Nesta fase, Fragelli realizou grandes projetos como hidroelétricas,
desenvolveu a sede administrativa de Furnas, Rio de Janeiro, 1972; indústria Piraquê, Rio de Janeiro,
1964-1980; um dos edifícios do conglomerado, o Jerônimo Ometto, 1974; edifício São Luiz, São Paulo,
1976-84; edifício Macunaíma, São Paulo,1980.
50 BARIANI, Márcio. Marcello Fragelli: arquitetura entre Rio de Janeiro e São Paulo. Arquitextos, São Paulo, 05.057, Vitruvius, fev
2005 < www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.057/499>.
Ilustração 116 – Arquiteto
Marcello Fragelli
84
Em meados dos anos 1980, Fragelli desliga-se da Promon e retoma suas atividades como autônomo,
quando projeta o restaurante da indústria SEW Motors em Guarulhos, SP.
“A arquitetura de Marcello Fragelli é bastante coerente com seu discurso. Critica o formalismo
inconseqüente, voltado às câmeras, aos desavisados, ao mesmo tempo em que faz uma
arquitetura que nunca sacrifica a poesia e a beleza. Lutou por suas idéias, defendeu de forma
radical a integridade de alguns projetos, às vezes até comprometendo a relação com o cliente,
mas foi ainda mais radical na defesa do usuário, do homem como ele de fato é. Fragelli não nos
lega definições unívocas, prontas para uso, mas sim possíveis caminhos que podem ser trilhados
para se chegar à boa arquitetura.”51
As três obras do arquiteto Marcello Fragelli com Burle Marx, que selecionamos para analisarmos
criticamente são:
Edifício São Luiz, São Paulo SP;
Edifício Macunaíma, São Paulo SP;
SEW Motors Eurodrive, Guarulhos SP.
3.1. Edifício Macunaíma, 1979
Quando se pensou em construir em 1979, na Av. Arruda Botelho52
, no bairro de Alto de Pinheiros, em
São Paulo SP, os primos53
de Maria Amália, esposa de Marcello Fragelli, juntamente com um grupo de amigos
51 Idem ibidem.
52 No lado par desta avenida podiam-se construir edifícios com vista garantida, pois o lado impar já fazia parte da área com as
restrições da Companhia City, estritamente familiar. Op. cit., p. 349.
Ilustrações 117-118 – Ed. Macunaíma, São
Paulo. Ed. Rossi Leste, Marcello Fragelli, São
Paulo SP
Ilustração 119 – Edifício
Macunaíma, Marcello Fragelli,
São Paulo SP
85
pediu-lhe se poderia projetar um edifício e que a Promon – escritório onde Fragelli trabalhava – o construísse.
Como a Promon não era incorporadora, o arquiteto indicou outra construtora, mas aceitou realizar o projeto.
Os clientes queriam que o programa do edifício tivesse doze pavimentos tipo e mais um duplex de
cobertura. Como a frente dava para uma avenida e a visão seria limitada, Fragelli percebeu que para a avenida só
poderia projetar o espaço das salas e das suítes. Mas recortando a fachada lateral norte poderia, no fundo, abrir
uma janela da suíte principal para o mesmo lado, deixando esta suíte com as mesmas características
arquitetônicas e se beneficiando da insolação do poente.
Na fachada sul, dando para a rua lateral, estão a área de serviço, a cozinha e a sala de jantar. Como essas
duas poderiam facilmente ser devassadas por construções em frente da avenida, Fragelli criou jardineiras em
balanço na fachada, fechando-as por fora com vidro translúcido. O arquiteto criou volumes com as jardineiras e
marquises protetoras de chuva. Ele criou neste edifício outras soluções arquitetônicas inteligentes que deram a
fachada uma linguagem volumétrica que harmonizava o todo. Por exemplo, na área das lavanderias e cozinhas,
ele estabeleceu este critério na fachada.
Marcello Fragelli baseou a plástica do prédio no jogo dos elementos construtivos, estruturais e de
vedação (uso do concreto aparente, vidro, elementos vazados, tijolo, entre outros materiais) aproveitando as
cores e texturas naturais originários destes materiais. Na fachada da avenida, colocou jardineiras na frente da
janela da sala. Usou desse artifício para que o verde das folhagens ali colocadas pudesse se fundir com a
53 Coleta e Fernando Albino de Oliveira.
Ilustrações 120, 121, 122 – Ed. Macunaíma,
Marcello Fragelli, São Paulo SP
86
paisagem do entorno. Utilizou-se de brise-soleil pendurados em cima das jardineiras, para amenizar o calor e a
luminosidade do sol matutino e ao longo do dia. Esse recurso valoriza a composição volumétrica da fachada.
O arquiteto usou a mesma solução no prédio da praia do Botafogo, Rio de Janeiro, em 1958.
No Edifício Macunaíma, na fachada dos fundos, o arquiteto criou placas fixas de venezianas
pré-fabricadas, de concreto. Isto permite, segundo depoimento de Fragelli, a abertura das janelas no fim da
tarde, que é a do sol poente. Na cobertura criou um espaço diferenciado – o salão. Deixando-o parcialmente com
o com o pé-direito duplo, mas também para modular o volume superior do prédio e estabelecendo o seu
coroamento.
Características do Paisagismo54
Para o paisagismo, desde o começo Fragelli e o primo de sua esposa, Fernando Albino de Oliveira,
pediram a Roberto Burle Marx que fizesse o projeto paisagístico que contou com a colaboração de Haruyoshi
Ono, sócio de Roberto Burle Marx.
Fragelli aprovou o projeto proposto por Roberto Burle Marx, mas este sugeriu que houvessem
modificações no projeto arquitetônico – modificação da posição dos pilotis para que houvesse uma
harmonização com o paisagismo proposto para compor e integrar melhor os dois projetos –, proposta logo aceita
pelo arquiteto.
54 Vide em Anexo-09-Ficha 09 e Anexo-10-Ficha 10, p.192-193. Ilustrações 123, 124, 125 – Edifício
Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo
SP
87
Burle Marx, “com carta branca para solucionar e criar o que desejava, incluiu nesse trabalho uma idéia
antiga, que nunca havia executado nos projetos anteriores: criou uma série de vulcões – ou seios – que,
revestidos da pedra portuguesa do piso, em um desenho de curvas em três cores, elevam-se a dois ou três metros
de altura, dando continuidade ao piso, contendo jarros de bromélias embutidos”.55
55 FRAGELLI, Marcelo. Op. cit., p.351.
Ilustração 126 – Projeto paisagístico do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo SP
88
Em relação aos montículos (vulcões), em carta a José Tabacow, Marcello Fragelli explica que Burle
Marx os projetou para o acesso à piscina, mas que gostaria que Burle Marx os revisse. Ele entendia que a
circulação ficaria comprometida, prejudicando as florações (bromélias), e sugeriu que seria melhor deixar livre
esta área frontal aos degraus que dão acesso à piscina.56
Nesta mesma carta, Fragelli queria também alterar a piscina de lugar, porem Burle Marx deveria manter
a queda d‟água.
Em relação ao piso, Fragelli aceitou a idéia de pedra portuguesa, mas solicitou que este calçamento fosse
até a garagem do edifício, que se encontra no subsolo.
A inovação de Burle Marx – os “vulcões” ou “seios” – era algo diferente e até meio esquisito, conforme
depoimento Haruyoshi em entrevista para esta dissertação foi difícil para os clientes aceitarem esta solução. Em
depoimento, Fragelli comentou: “No começo da construção dos seios do jardim de Burle Marx, novos
problemas apareceram. Muitos condôminos se assustaram com aqueles volumes grandes, brotando do piso do
jardim de acesso, ainda com sua armação de ferros amarrados por arames. Telefonaram-me, pedindo o
56 Carta de Marcello Fragelli a José Tabacow, 30 ago. 1979.
Ilustração 127 – Ed. Macunaíma,
Marcello Fragelli, São Paulo SP
Ilustração 128 – Ed. Macunaíma,
Marcello Fragelli, São Paulo SP
89
cancelamento, e como o Fernando foi contra e exigiu que continuasse, fizeram uma reunião para tratar do
assunto”.57
Em uma mesma reunião Fragelli comentou sobre a diferença entre o aspecto atual passageiro (fase de
construção dos vulcões), deveras feio, pois para executá-los tinham várias ferragens amarradas por arames
espalhadas pelo terreno, sem nada, ocas, e o que resultaria no final, com os jarros embutidos e as bromélias.
Fragelli propôs que deixassem se completar a obra, para daí sim julgá-la como fora idealizado pelo Roberto. O
arquiteto quis que os clientes percebessem que Burle Marx era reconhecido internacionalmente através de
diversas obras paisagísticas. Sendo assim, os condôminos decidiram respeitar o projeto de Burle Marx, que se
encontra até hoje muito bem conservado.
Obra
De acordo com o depoimento de Fragelli, “A luta pela defesa do projeto do edifício Macunaíma
começou logo no inicio da obra”.58
Fragelli comenta que na fase da alvenaria, foi muito difícil, pois o projeto determinava paredes fora das
medidas padrões e o engenheiro da construtora detestava consultar os desenhos de Fragelli. Para isto Fernando,
como líder do grupo, era o recurso de Marcello Fragelli na defesa do projeto. A incorporadora fazia uma série de
modificações nas esquadrias para baratear o custo. Fragelli regia e fazia questão que nas quinas, na varanda e na
57 FRAGELLI, Marcello. Op. cit., p. 355.
58 Idem, ibidem, p. 351.
Ilustração 129 – Desenhos de Burle Marx,
edifício. Macunaíma, São Paulo SP
Ilustração 130-131 – Ed. Macunaíma,
Marcello Fragelli, São Paulo SP
90
sala, não ficassem montantes fixos quando abertas as folhas. Como isso encarecia um pouco a janela, o caso foi
levado aos condôminos que, alertados por Fernando, exigiram a manutenção do projeto.
Assim, o projeto arquitetônico de Fragelli e o projeto paisagístico de Burle Marx foram respeitados.
O anteprojeto de Burle Marx previa alguns vulcões, montículos na área livre entre a piscina e o edifício,
ou seja, na parte posterior do terreno. De acordo com a carta citada, Burle Marx teve que alterar o projeto
excluindo e deixando apenas esses montículos para a parte da frente do projeto.
Os canteiros com espécies vegetais são em formas geométricas irregulares, anatômicas, criando uma
composição abstrata conforme também ocorre no projeto paisagístico da Residência José Egreja, arquitetura de
Ruy Ohtake.
As espécies vegetais utilizadas foram:
1. Erythina speciosa
2. Philodendron speciosum – Gaimbe *
3. Scindapsus aureus
4. Púnica gronatum
5. Plumeria Alba
6. Bauhinia blakeana – pata de vaca*59
59 *Espécies muito utilizadas por Roberto Burle Marx.
7. Philodendron bipinnatifidum – babosa de pau*
8. Lantana camara*
9. Russelia equisetiformis
10. Wedelia paludosa – vedelia *
11. Agapanthus umbellatus*
12. Tibouchina mutabilis – manca da serra*
13. Cassia bicapsularis – cássia *
Ilustração 132, 133, 134 – Ed.
Macunaíma, Marcello Fragelli, São
Paulo SP
91
14. Cordyline terminalis
15. Zebrina pendula – lambari*
16. Nolina recurvata
17. Zoysia matrella – grama coreana *
18. Liriope muscari – Barba de serpente*
19. Tibouchina holosericea – Quaresmeira*
20. Clusia fluminensis – Clusia*
21. Dracena marginata – Dracena*
22. Tibouchina radula – Quaresmeira *
23. Allamanda cathartica – Alamanda*
24. Hemerocallis flava – Lírio *
25. Pachystachys lútea
26. Spilanthes stolonifera
27. Hemerocallis hibrido vermelho*
28. Pandanus veitchi
29. Pachystachys lútea
30. Spilanthes stolonifera
31. Bulbine frutenscis – Bulbine*
32. Plumbago capensis – Bela Emilia *
33. Rhododendron indicum – Azaléia*
34. Dracaena fragans – Dracena*
35. Kalanchoe gastonis – bonieri
36. Crinum asiaticum
37. Brunfelsia hopeana
38. Crinum powellii
39. Aphelandra sprengeri
40. Asparagus sprengeri
41. Cortaderia argêntea
42. Hemerocallis fulva*
43. Vriesia imperialis – Gravatá, Bromélia *
44. Vriesia reginae – Gravatá, Bromélia*
45. Neoregelia carolinae
46. Neoregelia marmorata
47. Dyckia sulphurea
48. Cyrtopodium andersonii
49. Vriesia glutinosa – Bromélia *
50. Vriesia bituminosa – Bromélia*
51. Aechmae fasteiana
52. Nidularium innocentii, Euphorbia splendens
53. Neomarica coerulea
Ilustração 135, 136, 137 – Ed.
Macunaíma, Marcello Fragelli, São
Paulo SP
92
Ilustração 138 – Projeto paisagístico do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo SP
93
As espécies vegetais utilizadas nos canteiros do entorno das piscinas foram:
1. Plumeria Alba
2. Bauhinia blakeana – Pata de vaca*
3. lantana camara – Cambará*
4. Russelia equisetiformis
5. Zebrina pendula – Lambari*
6. Zoysia matrella – Grama coreana*
7. Clusia fluminensis – Clusia *
8. Draceana marginata – Dracena *
9. Tibouchina rodula – Quaresmeira*
10. Allamanda Cathartica – Alamanda*
11. Hemerocallis – Lírio *
12. Pandanus weitchi
13. Paschystachys lútea
14. Spilanthes stalonifera
15. Bulbine frutensces – Bulbine *
16. Plumbago capensi – Bela Emilia s*
17. Rhododendron indicum – Azaléia *
18. Draceana fragans – Dracena *
19. kalanchoe gastonis
20. Crinum asiatiacum
21. Brunfelsia hospeana
22. Crinum powellii
23. Asparagus sprengeri – Aspargo *
Ilustração 139 – Ed. Macunaíma,
Marcello Fragelli, São Paulo SP
Ilustração 140– Ed. Macunaíma,
Marcello Fragelli, São Paulo SP Ilustrações 141, 142, 143, 144 – Bulbine, Alamanda, Aspargo, Bela Emilia
95
O projeto abaixo representa as especificações técnicas da queda d‟água projetada por Roberto Burle
Marx.
Ilustração 145– Ed. Macunaíma, Marcello
Fragelli, São Paulo SP
Ilustração 146 – Ed. Macunaíma, Marcello
Fragelli, São Paulo SP
Ilustração 147 – Detalhe da cascata do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo SP
96
3.2. SEW Eurodrive, 1976-1984
Conforme entrevista de Haruyoshi Ono, o projeto paisagístico da SEW foi contratado antes do que o
projeto arquitetônico, invertendo a ordem mais comum de encomendas que envolvem arquitetura e paisagismo.
A esposa do presidente, Dona Úrsula Bickle Marx, tinha muita admiração pela obra de Burle Marx e
solicitou que ele fosse contratado e executasse o projeto paisagístico.
“A gente começou a fazer o jardim para a sede e depois mais tarde eles (SEW) precisavam de
uma ampliação, precisavam de um refeitório maior com restaurante. E daí o Roberto sugeriu o
nome do arquiteto Marcello Fragelli, ele foi contratado e daí ele projetou e teve que fazer uma
readaptação do jardim. E a gente se entrosou bem com Marcello, foi uma grande época, ele vinha
muito para o Rio, para as festas de Roberto, vinha com a senhora dele, Maria Amália, que tocava
piano. Foi uma época boa”.60
Características do paisagismo61
O projeto paisagístico consistiu em desenvolver um desenho geometrizado para o piso, utilizando pedras
portuguesas nas cores branco e preto, e desenvolveram-se canteiros com espécies vegetais de três tipos
diferentes, sendo árvores, palmeiras e arbustos.
De acordo com a Ata de Reunião do Grêmio da SEW do dia 26/06/1984, referente à discussão do
anteprojeto apresentado por Burle Marx, os representantes da SEW aprovaram o projeto inicial, afirmando que
60 GUIMARÃES, Marília Dorador. Entrevista com Haruyoshi Ono. Anexo (05/05/2011) – Anexo p. 219-234
61 Vide em Anexo-11-Ficha 11 e Anexo-12-Ficha 12, p.194-195.
97
todos os equipamentos estavam bem posicionados, mas fizeram algumas ressalvas. Eles solicitaram a colocação
de uma churrasqueira central, bem como bancos em madeira, iluminação e quatro pontos de água. Burle Marx
criou esses elementos, atendendo ao pedido dos responsáveis pela SEW.
98
Ata de Reunião – SEW
Ilustração 148-149 – Ata de Reunião, SEW, Guarulhos SP
99
As espécies utilizadas no projeto paisagístico foram:
1. Caesalpinia peitophoroides
2. Chorisia speciosa
3. Tipuana tipu
4. Holocalyx glaziowii
5. Erythrina faicata
6. Tibouchina mutabilis – Quaresmeira *
7. Tibouchina granulosa – Quaresmeira *
8. Cassia grandis – Chuva de ouro*
9. Arecastrum romanzoffianum
10. Seaforthia elegans Hook
11. Basiloxylon brasiliensis
12. Tecoma chysotricha
13. Jacarandá mimosaefolia
14. Tecoma stans
15. Tecoma heptaphylla
16. Wedelia paludosa – vedelia *
17. Schizolobium parahybum
18. Bauhinia galpini – Pata de Vaca *
19. Peltophorum dubium
20. Enterolobium contortisiliquum
21. Piptadenia colubrina Benth
Ilustração 150 – Quaresmeira
roxa
Ilustração 151 – Manacá da Serra
Ilustração 152 –Chuva
de ouro
Ilustração 153 – Vedélia
Ilustração 154 – Pata de
vaca
100
22. Hymenaea copanemae
23. Caessalpinia echinata
24. Euphorbia pulcherrima
25. Bouganvillea spectabilis – Primavera *
26. Bouganvillea aurantiaca – Primavera *
27. Bouganvillea glabra Choisy – Primavera *
28. Allamanda cathartica – Alamanda *
29. Bulbine SP (amarela) – Bulbine *
30. Bulbine SP (laranja) – Bulbine *
31. Schizocentron elegans meissn*
32. Hemerocallis flava – Lírio *
33. Hemerocallis fulva – Lírio *
34. Asystasia coromandeliana
35. Plumbago capensis – Bela Emilia *
36. Lantana camara – Cambará *
37. Setcreasea purpúrea boom
38. Paspalum notatum Fluegge
39. Thunbergia grandiflora Roxb.
Ilustração 155 – Primavera
Ilustração 156–
Bulbine
Ilustração 157 – Allamanda
Ilustração 158 – Lírio vermelho
Ilustração 159– Cambara
Ilustração 160 – Bela Emilia
101
Arquitetura como obra de arte
“Em 1984, fui procurado por Haruyoshi Ono, anunciando o chamado de um industrial para que
lhe projetasse um edifício. Convocou-me para uma reunião em Guarulhos, na sede da indústria
SEW. O proprietário voaria para Cumbica, onde eu o apanharia. O cliente, Sr. Rainer Hartmut
Blickle, filho do presidente e o maior acionista de uma multinacional sediada na Alemanha –
queria construir, no jardim, um prédio para servir como restaurante a todos os funcionários, de
operários a diretores. Para que o prédio pudesse se inserir no jardim, que o cliente e sua mulher –
diretora encarregada da imagem da indústria – tanto apreciavam, queriam que fosse uma obra de
arte, algo que se parecesse mais com uma escultura do que arquitetura.”62
Fragelli discordou afirmando que seria uma obra de arquitetura e não uma escultura, mas o senhor
Bickle, mal entendendo, disse que estavam dispostos a gastar o necessário para construir um prédio digno do
jardim criado por Burle Marx. Não queriam um prédio comum em meio ao jardim do Burle Marx, queriam uma
obra de arte arquitetônica!
Essa arquitetura, antes de tudo, teria que ter um caráter compatível com a atividade industrial. Por mais
bonito e artístico que fosse, o projeto deveria atender algumas necessidades básicas. Uma situação inusitada,
pois, depois de tantos anos posicionando contra clientes que não se interessavam pelo belo ou pelo estético
arquitetônico ou se preocupavam em apenas fazer economia, Marcello Fragelli se viu defendendo o direito de
62 FRAGELLI, Marcello. Op cit., p.404.
Ilustração 161 – SEW, Marcello Fragelli,
Guarulhos SP
Ilustração 162 – SEW, Marcello Fragelli,
Guarulhos SP
102
fazer uma arquitetura estritamente funcional, ainda que gastando menos do que o autorizado pelos contratantes
da indústria SEW.
A preocupação dos proprietários era manter a qualidade e conseqüente liberalidade orçamentária que
animaram Marcello Fragelli.
Para minimizar a ocupação do jardim, o arquiteto localizou o prédio numa extremidade do terreno que
faz limite com a Avenida Amâncio Gaiolli. Situou sobre o talude de seis metros de altura, a área dos serviços
essenciais à industria. Ali estavam
“localizados a cozinha, despensas, vestiários e anexo em balanço, sobre cachorros estruturais
bem massudos, o engenheiro estrutural insistiu na impossibilidade de tais apoios, que substituiu
por mãos francesas cheias, o que não correspondeu ao planejado inicialmente.
A cobertura é formada por uma grelha ortogonal de vigas de concreto aparente, com uma
hierarquia de alturas, segundo os vãos, criando um espaço mais variado e talvez mais rico que o
definido pela grelha de altura constante”.63
63 As informações foram publicadas na revista Projeto 121, no ano de 1989, p.79-83.
103
Ilustrações 163-164 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos SP
104
Ilustração 165 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos SP
Ilustração 166–SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos SP Ilustração 167 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos SP
105
Ilustrações 168 - 169 – Primeiros estudos para projeto paisagístico da SEW, Guarulhos SP. Roberto Burle Marx
106
Ilustrações 170 - 171 – Projeto
paisagístico SEW, Roberto Burle Marx
107
Ilustrações 172 - 173 – Projeto
paisagístico SEW, Roberto Burle Marx
108
Ilustrações 174 - 175 – Projeto
paisagístico SEW, Roberto Burle Marx
109
3.3. Edifício São Luiz, 1974-1984
O edifício São Luiz – sede da Promon, empresa em que Marcello Fragelli prestou consultoria – está
localizado na zona sul de São Paulo, no bairro Itaim Bibi, na antiga avenida denominada do Córrego do
Sapateiro, atual Juscelino Kubitschek, ocupando uma quadra de esquina.
Segundo Haruyoshi Ono, o projeto de paisagismo foi uma encomenda do arquiteto Marcello Fragelli,
que solicitou a participação do Burle Marx para execução do jardim. O escritório de Burle Marx fez dois
estudos, sendo o segundo aprovado. Até hoje o escritório Burle Marx e Cia Ltda. dá assistência na manutenção
dos jardins do Edifício São Luiz, supervisionando a execução realizada pela empresa Promoverde, que faz a
troca das plantas e a manutenção, sendo a responsável pela manutenção das características originais do jardim.
O serviço está muito realizado, pois tanto os jardins quanto o desenho do piso estão muito bem conservados
como se pode observar através das fotos,
Em relação ao projeto arquitetônico, Marcello Fragelli recebeu a seguinte instrução: projetar um prédio
que tivesse uma área total que levasse em conta a previsão de crescimento da companhia. Eles não conseguiram
atender as exigências do Código de Obras que previa ocupar seis vezes o tamanho do lote.64
O primeiro projeto arquitetônico consistia em um prédio baixo, com poucos pavimentos, recortado em
todo o seu perímetro, para que fossem evitadas grandes distâncias entre qualquer ponto de trabalho e as janelas,
64 FRAGELLI, Marcello. Op. cit. p. 357-359.
Ilustrações 176, 177, 178 – Fotos do
Edifício São Luis, Marcello Fragelli,
São Paulo SP
110
conforme depoimento de Fragelli. O módulo da estrutura ficaria de dez metros, procurando um vão que, dentro
de uma realidade econômica, minimizasse o numero de pilares.
Este seria o projeto que foi muito bem aceito por todos da companhia, porém, chegou a informação que
o então Código de Obras seria modificado, diminuindo para quatro vezes a área passível de ser construída no
novo zoneamento.
Imediatamente Fragelli modificou o projeto, aumentando a área construída, pois o anterior tinha a área
inferior a esse novo limite. Fez um projeto com plantas bastante flexíveis, pois a intenção da Promon era alugar
as áreas desocupadas.
Fragelli refez o projeto, mas o manteve com as mesmas características do anterior. A planta continuava
recortada. Devido às normas para incêndios, a planta foi dividida em quatro quadrantes, sendo estes separados
por uma cruz imaginária, cada qual com a mesma área para cada escritório.
Como dificilmente a Promon não ocuparia todo o prédio, Fragelli estudou a opção de projetar dois
edifícios num mesmo bloco, cada qual com sua entrada independente, mas com a possibilidade de
intercomunicação das áreas, caso a Promon fosse alugar mais para frente.
Na área livre em frente à fachada leste, Fragelli criou uma praça rebaixada, comunicando-se com a rua e
a futura avenida por meio de suaves rampas. Em frente a um espelho d água com repuxo decorativo, localizou a
entrada do prédio que seria alugado, procurando conferir maior nobreza às rampas, à praça e ao grande hall que,
apesar de estar abaixo do nível da rua, escaparia ao aspecto de subsolo por situar-se entre a praça e um pátio
interno. Neste hall poderiam parar os elevadores, dispostos em quatro conjuntos. Cada qual destinado a um
Ilustrações 179-180 – Fotos do
Edifício São Luis, Marcello
Fragelli, São Paulo SP
111
quadrante do pavimento. Todo o pavimento sobre pilotis ficaria para a Promon, diretamente acessível pelas duas
ruas.
Cada quadrante deveria se ater a um máximo de oitocentos metros quadrados, separados por paredes
corta-fogo.
Para conseguir áreas úteis desimpedidas, foi localizado um bloco prismático na periferia, acessos
verticais – um hall com quatro elevadores e uma escada de segurança, e em outro, de planta quadrada, sanitários,
copa, sala de equipamentos de ar-condicionado e uma escada de comunicação.
Para dar aparência de força e resistência a estes prismas fechados, que também trabalhariam pelo
contraventamento da grande estrutura, tratou o concreto com textura semelhante à de uma galeria de metrô em
Montreal, numa versão mais econômica. Essa textura também traria mais verticalidade ao conjunto, que tinha
gabarito limitado a catorze pavimentos úteis, pela proximidade do aeroporto de Congonhas. Assim também
tratou, nas escadas de segurança, as partes que se apóiam diretamente no solo. As que não se apóiam no solo
ganharam forma lisa, de tabuas – uma linguagem mais leve – aplicada também aos pilares e vigas das fachadas
e tetos, assim como às suas lajes. O sentido das tabuas acentuou o da estrutura, e sua junção foi programada para
preservar a mensagem de continuidade.
Optou pelos blocos de concreto que foram pintados em vermelho-goiaba, tornando a fachada mais viva.
Ilustração 181 – Planta do edifício São
Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo SP
Ilustração 182– Fotos do
Edifício São Luis, Marcello
Fragelli, São Paulo SP
112
Ilustração 183– Plantas do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo SP
Ilustração 184 – Elevação do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São
Paulo SP
113
Ilustrações 185, 186, 187, 188, 189, 190 – Fotos do Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo SP
114
Características do paisagismo65
Ao observarmos os desenhos de Roberto Burle Marx, notamos que o artista cria uma composição livre,
com formas côncavas e convexas compondo espaços com volumes e através dos traçados irregulares do piso,
que são executados em pedra portuguesa, nas cores branco, preto e vermelho complementam esta composição.
Os canteiros com espécies vegetais nativas e exóticas dialogam com o desenho do piso e com a
arquitetura de Marcello Fragelli.
A estética da composição de Burle Marx nos remete a uma criação madura do artista, que sem
preconceitos e sem medos estabelece este diálogo entre as linhas, formas, espaços e volumes, criando esta
composição que para um olhar desavisado pode até ser comparada com uma mandala. Esta obra estabelece a
maturidade e a segurança intelectual do artista, que cria um diálogo intenso entre o volume arquitetônico e o
paisagismo que adentra de forma contrastante no volume monumental do edifício em concreto aparente.
65 Vide em Anexo-13-Ficha 13 e Anexo-14-Ficha 14, p. 196-197.
Ilustração 191 – Detalhe dos desenhos de
Burle Marx para o edifício São Luiz,
Marcello Fragelli, São Paulo SP
Ilustrações 186,187,188 – Fotos do Edifício São Luis, São Paulo. Fotos Nelson Kon
Ilustrações 192-193 – Detalhe dos
desenhos de Burle Marx para o edifício
São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo
SP
115
Ilustração 194– Projeto paisagístico para o edifício São Luiz Burle Marx, São Paulo SP
116
Ilustrações195, 196, 197, 198 – Fotos do Edifício São Luis, São Paulo SP
117
CAPÍTULO IV
4. Burle Marx e Hans Broos
Em 1953, o arquiteto eslovaco Hans Broos veio para o Brasil e se radicou em Santa Catarina. Desde o
começo de sua carreira na Alemanha, aonde se formou, o arquiteto desenvolveu intensa atividade arquitetônica.
São aproximadamente 400 projetos realizados apenas no Brasil66
. Atuando em diversos segmentos, realizou
obras religiosas, industriais, edifícios públicos, projeto urbano e residenciais. Mas suas obras com maior
divulgação são as industriais. As unidades das indústrias têxteis Hering Blumenau, 1968-1975 e a do Nordeste,
1978-1987 foram realizadas em conjunto com o paisagista Roberto Burle Marx.
Indústrias Hering
A indústria têxtil Hering Blumenau é um projeto marcante na carreira do arquiteto. A solução dada ao
conjunto arquitetônico, tanto no que diz respeito à qualidade funcional dos edifícios e dos espaços, cria um
conjunto de altíssima qualidade arquitetônica, urbanística e paisagística. A inserção dos edifícios no terreno
impressiona pela naturalidade com que se integram ao paisagismo de Burle Marx, tornando-os indissociáveis
daquele espaço.
A Hering do Nordeste, localizada em Paratibe Paulista, Estado de Pernambuco, foi outra importante obra
deste arquiteto juntamente com o paisagista Roberto Burle Marx.
66 DAUFENBACH, Karine. Hans Broos a expressividade da forma.
Ilustração 199 – Hans Broos
Ilustrações 200-201 – Hering
do Nordeste, foto José
Moscardi
118
“Todos os edifícios obedecem a uma rigorosa modulação, que tem a estrutura lançada para as
extremidades dos blocos, obtendo vãos livres internos, através do uso de estruturas metálicas,
que não são exteriorizadas na forma do edifício. A estrutura, de concreto armado, é sempre
aparente, cumpre função expressiva também, com a marcação vertical dos pilares de quase todos
os edifícios, exceto o da Costura, embora em todos eles as características horizontais do volume
predominam. A estrutura marcada nas fachadas impõe ritmo à fachada e exterioriza a
racionalidade da planta”.67
Hans Broos cria um sistema de circulação, com ruas e passagens por entre os jardins de Burle Marx, em
que o valor não está concentrado apenas nos edifícios, mas nos espaços destinados ao uso coletivo e social.
Broos realiza um tipo de planejamento que permite maior interação entre os edifícios, ordenados segundo o
traçado das curvas de nível, com o paisagismo de Burle Marx reforçando esta questão. Os jardins esculpem o
terreno, assim como os edifícios.
O paisagismo do entorno da indústria
Burle Marx procura inovar, pois não é comum indústrias com espaços humanizados através de jardins
que objetivam o uso coletivo e social. Entenda-se por coletivo a circulação dos operários, visitantes, diretores
etc., e por uso social, a finalidade com a qual ele objetivou o coletivo: lazer e contemplação. No projeto foram
usadas formas orgânicas associadas às espécies botânicas que compõem este jardim com a paisagem do entorno,
criando harmonia estética e arquitetônica.
67 Idem, ibidem, p. 57.
Ilustrações 201-203 – Hering
do Nordeste, fotos José
Moscardi
119
4.1. Abadia de Santa Maria, 1975
A Abadia de Santa Maria se localiza na zona norte de São Paulo. É um mosteiro que abriga monjas
beneditinas. Neste projeto, Hans Broos explora a força plástica dos materiais, em especial no uso do concreto
armado, cujas características tectônicas conferem solidez ao edifício. A pujança plástica assimilada ao uso do
concreto armado só faz ostentar mais um importante ponto da nova linguagem: a tensão entre o volume e o
sistema de apoios, que concentra seus esforços na relação entre cheios e vazios.68
No momento em que Hans Broos idealizou a concepção arquitetônica da Abadia de Santa Maria ele foi
buscar referências na arquitetura moderna de Le Corbusier.
Quando Le Corbusier projetou o convento de La Tourette – França e a Capela Notre Dame Du Haut,
Rochamp – França, o arquiteto pensou na idéia de que o sagrado não pode ser dissociado do plano material.
Em alguns desses projetos, Corbusier se associou aos artistas plásticos Matisse e Marc Chagal, por
exemplo, para encomendar projetos decorativos artísticos a fim de amenizar a frieza do concreto aparente que
muitas vezes se impõem aos seus edifícios.
Para o projeto da Abadia, Hans Broos solicitou a “ajuda” de Roberto Burle Marx para projetar os paineis
decorativos do interior da capela e o paisagismo do entorno da Abadia.
68 Idem, ibidem, p. 108.
Ilustrações 204-205 – Abadia de Santa
Maria.São Paulo SP. Fotos: José
Moscardi
120
Ao percorrermos o edifício da Abadia, notamos espaços bem planejados, com rampas e pérgulas em
meio aos jardins e painéis com motivos geométricos em concreto projetados por Roberto Burle Marx. As obras
do paisagista dão um toque especial a este edifício.
“Este tratamento demonstra a preocupação na qualidade de uma arquitetura voltada à vida
interior, gerando uma surpreendente vitalidade que contrasta com a austeridade externa do
edifício.
A capela é representada por um único volume interno; a grande „caixa‟ que comporta os
ambientes é quebrada em sua regularidade e pureza geométrica pelo painel em concreto, projeto
de Roberto Burle Marx, que corta o espaço surpreendentemente em uma diagonal que conduz ao
altar e define ambientes. A monotonia do envoltório é interrompida e vencida por um elemento
que estrutura e confere dinamismo ao espaço. Na capela o concreto é usado de maneiras distintas,
como nas paredes de bloco, no piso e na laje nervurada, com suas texturas realçadas pela
iluminação zenital, em um ambiente que exala tranqüilidade e força, sendo, há um só tempo,
espaço e matéria”.69
As monjas beneditinas solicitaram a Broos um projeto arquitetônico moderno, que vem de encontro à
tradição da modernidade brasileira, que já tem em seu currículo vários prédios religiosos modernos avançados –
Catedral de Brasília, Capela da Pampulha, Convento dos dominicanos em São Paulo, entre outros. Hans Broos,
69 Idem, ibidem, p. 109.
Ilustração 206 – Convento de
Santa Maria de La Torette. Le
Corbusie, Eveux 1957-1960 –
França
Ilustração 207 – Capela de Notre Dame,
1955, Rochamp, França
121
de origem européia e que provém de uma família de tradição religiosa acentuada, mantém afinidade com os
valores presentes na vida das religiosas e que buscou transmitir a sua arquitetura.
No Brasil o grande marco da renovação foi a Igreja da Pampulha, sem duvida. Portinari foi chamado para
decorar com painéis e azulejos decorados e Burle Marx fez os jardins.
O Brasil possui uma tradição em arte-sacra. Neste projeto especifico da Abadia de Santa Maria, Burle
Marx foi chamado para criar o paisagismo e os painéis decorativos que deveria conferir ao edifício o tom
intimista que se faz necessário à contemplação religiosa. Harmonizando em si o espiritual com o temporal.
O projeto da Abadia está ligado ao programa voltado para o espaço interior como é o caso dessa
construção destinada ao uso religioso.
“O partido adotado, com um vazio central – o claustro – já reflete esta noção de espaço e o que se
pretende com ele. O claustro é o espaço vital e em torno dele se organizam quase todos os
espaços. O prédio se desenvolve em torno deste espaço de convivência, de troca, de relações. Ali
novamente a arquitetura se abre para receber a natureza – só que agora a planta não é mais
articulada, com braços e extensões para captar a luz; ela volta a ser compacta, como um grande
bloco maciço. Em nenhum outro projeto Broos empregou tamanha racionalidade na planta baixa.
Praticamente todos os ambientes obedecem a uma rigorosa modulação equivalente nos dois
sentidos da planta.”70
Criação dos painéis em auto-relevo
70 Idem, ibidem, p. 111.
Ilustração 208 – Catedral de Brasília,
Oscar Niemeyer, Brasília DF
Ilustração 209 – Igreja da Pampulha,
Oscar Niemeyer, Belo Horizonte MG
122
Roberto Burle Marx e seus sócios desenvolveram o projeto paisagístico, mas coube ao titular a
exclusividade da criação de painéis com motivos religiosos. Burle Marx se inspirou nos símbolos da Igreja
Católica – o cálice, o Espírito Santo, a cruz, os peixes, a palavra latina INRI (Jesus de Nazaré Rei dos Judeus)...
– para criar o painel do corpo da capela. Apropriou-se desses símbolos, estilizando-os através de formas
geométricas, criando um excepcional painel modular em auto-relevo executado em concreto.
A evolução dos primeiros estudos desenvolvidos pelo escritório de Burle Marx para o painel, até chegar
à conclusão definitiva, passou por varias concepções que nos dá uma visão clara do processo criativo desse
projeto.
É um painel que integra arquitetura ao meio-ambiente. Conferindo este tom intimista, já falado
anteriormente. Sugerindo a quem ali está observando que se trata de um ambiente de contemplação e sagrado.
Ilustração 210 – Abadia de Santa Maria.
Foto: José Moscardi, São Paulo SP
123
Ilustração 213 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, São Paulo SP
Ilustração 212 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, São Paulo SP
Ilustração 211 – Abadia de Santa Maria. Foto:
José Moscardi, São Paulo SP
124
Ilustração 214 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx
Ilustração 215 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx
Ilustração 216 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx
Ilustração 217 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx
125
Ilustrações 218- 219 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx
126
Ilustrações 220-221 – Painéis Abadia de Santa Maria. Fotos: José Moscardi
127
Características do paisagismo71
No levantamento planialtimétrico do terreno, notamos que este possui vários desníveis, sendo uma
topografia irregular, característica dos terrenos localizados na Serra da Cantareira. Hans Broos inseriu o volume
da Abadia na cota mais plana e mais alta do lote (ver planta).
71 Vide em Anexo-15-Ficha 15 e Anexo-16-Ficha 16, p. 198-199.
128
Ilustrações 222-223 – Implantação Abadia de Santa Maria. São Paulo SP, Hans Broos
129
Burle Marx projetou os jardins do claustro e do entorno do edifício partindo de alguns desafios.
Na parte externa, o seu projeto era composto por linhas geométricas curvas que entrelaçavam com os
planos, harmonizando a composição com o projeto arquitetônico. Infelizmente esta parte do projeto não foi
concluída.
No claustro, o projeto foi seguido à risca. No desenho, Burle Marx contrastou formas geométricas
retilíneas criando espaços associados aos desenhos dos pisos, mesclando três tipos de materiais: gramado, placas
de concreto pré-moldado e pedra portuguesa nas cores branco e vermelho.
Na entrada principal da Abadia, Broos criou rampas que dão acesso ao hall de espera, deixando vão livre
neste interior, para que Burle Marx criasse o jardim integrado ao edifício. Esta entrada prenuncia o que o
espectador irá encontrar no claustro.
Para o pátio interno – o claustro, que é descoberto – Roberto Burle Marx criou o desenho do piso em
malha utilizando os diferentes tipos de materiais já mencionados. Canteiros com árvores, arbustos e forrações
para criar a composição. No espelho d‟água com plantas aquáticas estava prevista uma escultura de cunho
sagrado, que não foi realizada. Não podemos nos esquecer que se trata de um jardim voltado para a
contemplação das monjas nos momentos de lazer.
Em uma das extremidades da planta retangular situam-se as rampas de circulação. Para quebrar a rigidez
geométrica da rampa, Burle Marx utiliza-se de um artifício, usando seixos e criando três canteiros do lado
Ilustração 224 – Planta Baixa Abadia de
Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP
130
direito – na verdade, dois canteiros menores inseridos no interior de um canteiro maior, no formato de retângulo.
(ver planta).
Segue abaixo a lista de espécies vegetais utilizadas nos canteiros dos jardins da Abadia de Santa Maria.
1. Euterpe edulis – Palmeira Jussara
2. Tibouchina radula – Manacá-da-serra-anão
3. Liriope muscari
4. Ophiopogon japonicus – grama preta
5. Hemerocallis flava – Lírio Amarelo
6. Alternanthera amoena
7. Cassia bicapsularis
8. Tibouchina holosericea
9. Asystasia coromandeliana
10. Rhododendron indicum
11. Zebrina pendula
12. Wedelia paludosa
A finalidade deste jardim é disponibilizar um espaço resguardado para a contemplação das monjas. É um
ambiente onde se sugere tranqüilidade e serenidade. Burle Marx utiliza esses conceitos psicológicos para
exprimir a força criativa de seu paisagismo.
Ilustração 225 – Projeto paisagístico Abadia
de Santa Maria, Burle Marx, São Paulo SP
131
Neste projeto nota-se a busca da harmonia, das formas materiais representadas pela geometria, pelos
volumes, pelas cores, vegetais (arbustos e arvores) dialogando com a finalidade que era o contemplativo (o
sagrado) .
Burle Marx não foge da regra máxima do paisagismo que consiste em reproduzir ecossistemas,
associando beleza estética, conhecimento de botânica, para um fim especifico – Abadia de Santa Maria.
Ilustrações 226, 227, 228, 229, 230 – Manacá da Serra, liriope, grama preta,
alternanthera amoena, lírio amarelo
132
Ilustrações 231-232 – Projeto paisagístico Abadia de Santa Maria, São Paulo SP, Roberto Burle Marx
133
Ilustração 233 – Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP
Ilustração 234 – Projeto paisagístico da Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP
134
4.2. Residência do arquiteto, 1971-1978
A residência se localiza no bairro do Morumbi em São Paulo. Ela foi projetada com o propósito de ser a
residência do arquiteto, atual acervo de projetos e documentos do escritório de Hans Broos.
Os materiais construtivos utilizados neste projeto foram concreto armado e vidro. O plano de
vidro do átrio não limita o espaço, não tem limites de contorno, é simplesmente um plano
justaposto entre os limites do piso e da cobertura.Desta forma, não representa uma barreira e a
arquitetura tem a frente todo o jardim a incorporar.72
O partido conceitual do Burle Marx se dá pela integração dos espaços externo e interno criados por Hans
Broos. O espaço externo é caracterizado pela presença dos jardins de Roberto Burle Marx. Numa das
extremidades do projeto forma-se um átrio entre os pavimentos. O segundo pavimento se desenvolve em torno
deste vão de comunicação com o espaço natural. Tem-se assim, total comunicabilidade entre os ambientes dos
diferentes pavimentos. Um espaço fluído, que se desenvolve a procura da luz que surge através do átrio.73
“O jardim lateral da casa do arquiteto, que em parte é um terraço jardim sobre o andar posterior,
por outra parte é continuação do terreno, não deixa de ser uma incorporação, já que ele é
totalmente dominado pelo ato construtivo e serve de prolongamento às salas. Na parte mais baixa
encontra-se o escritório, e acima dele, um terraço-jardim em continuidade com o lote. Os jardins
próximos à casa surgem escalonados. Todo o terreno tem o sentido de domínio frente ao lugar.
Ambos os projetos analisados apresentam movimentos opostos em relação ao espaço e, do
mesmo modo, resolvem de maneira oposta a questão entre espaço interno e externo. Mas a
72 DAUFENBACH, Karine. Op. cit., p. 77.
73 Idem, ibidem, p. 77.
Ilustração 235 – Hans Broos: Residência
do arquiteto, Hans Broos, São Paulo SP
Ilustração 236 – Hans Broos: Residência do
arquiteto, Hans Broos, São Paulo SP
135
questão que fica é a relação interior e exterior; são duas tentativas de fazer uma maior
aproximação. Ambas as arquiteturas definem um espaço; transformam-no. O espaço, aqui, é uma
realidade a se construir, de acordo com as necessidades humanas”.74
74 Idem, p.77-79
Planta baixa
1 Escritório
2 Vestíbulo
3 Lavabo
4 Banheiro
5 Dormitório
6 Sala de Jantar
7 Cozinha
8 Lavanderia
9 Despensa
10 Varanda
11 Mezanino
Ilustração 237 – Planta Baixa da
residência, Hans Broos
136
Ilustração 238 – Residência do arquiteto Hans Broos, São Paulo SP
137
Em 1978, Hans Broos solicitou a Burle Marx um projeto de dois painéis em auto-relevo, em concreto,
para ficar em cima da lareira, com algumas exigências técnicas. Broos enviou também croquis referente à parte
da entrada da residência, desejando eliminar o estacionamento de carros. O jardim ficaria com a área maior. E
consulta o paisagista sobre a possibilidade introduzir um orquidário.
Nas cartas abaixo podemos observar o que Broos desejava o que foi estabelecido como projeto
definitivo.
Ilustrações 239, 240, 241, 242 – Cartas de Hans Broos a Burle Marx
138
Características das formas do painel75
Os desenhos de Burle Marx para o painel apresentam formas irregulares e abstratas, que se assemelham
muito aos propostos pelo paisagista para os canteiros de alguns projetos paisagísticos. Ele mistura linhas rígidas
com a suavidade das curvas, buscando uma composição harmônica. Simetria e assimetria estão sempre
presentes nas obras de Burle Marx como também as curvas abertas, fechadas, côncavas, convexas e sinuosas.
As fotos abaixo representam os estudos para o painel da residência de Hans Broos.
75 Vide em Anexo-16-Ficha 16 e Anexo-17-Ficha 17 p.200-201.
139
Ilustração 243 – Primeiros estudos para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx
140
Ilustração 244 – Primeiros estudos para painel da residência de Hans Broos, Roberto Burle Marx
141
Ilustração 245 – Projeto final para painel da residência de Hans Broos Burle Marx Ilustração 246 – Estudo para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx
142
O jardim da residência projetado por Burle Marx previa canteiros com formas triangulares,
acompanhando a irregularidade do terreno.
Burle Marx selecionou árvores de médio à grande porte e nativas brasileiras, como as quaresmeiras,
manacá da Serra.
Para o jardim do entorno da piscina, ele usou formas irregulares, plantando ai espécies vegetais que cria
várias coberturas esverdeadas e outras nuances de cores.
Os demais canteiros com formas geométricas mistas harmonizando assim com o todo.
As espécies vegetais utilizadas são:
1. Zoysia matrella – Grama coreana*
2. Plumbago capensis – Bela Emilia *
3. Tibouchina rodula – Manacá da Serra*
4. Tibouchina holosericea – Manacá da Serra*
5. Cássia bicapsularis – Cássia *
6. Spartium junceum
7. Tibouchina fothergilloe – Manacá da Serra*
8. Hemerocallis flava – lírio *
9. Hemerocallis fulva – lírio *
10. Hemerocallis North Star – lírio *
11. Hemerocallis Michael Robertson – lírio *
12. Hemerocallis Pink prelude – lírio *
13. Hemerocallis Glory of Texas – lírio *
14. Strelitzia Reginae – Estrilizia *
15. Eragrostis curvula
16. Cortaderia argêntea
17. Lantana camara – cambara *
18. Kniphofia uvária
19. Crinum amabile
20. Selloginella convoluta
21. Aphelandra sinclariana
22. Megaskepasma erythrochiamys
23. Asystasia sinciariana
24. Philodendron bipinnatifidum – babosa-de-pau *
25. Bauhinia blakeana – pata de vaca*
26. Philodendron Mello-barretoanum*
Ilustração 247 – Cambara
Ilustração 248 – Alamanda
143
27. Vellozia plicata
28. Vriesea imperialis
29. Vriesea reginae
30. Pitcairnia corcovadensis
31. Clusia fluminensis
32. Caesalpinia peitophoroides
33. Tecoma chysotriaha
34. Erythrina crista
35. Tibouchina granulosa – Manacá da Serra*
36. Cássia macronthera – Acácia*
37. Tipuana tipu
38. Crescentia cujete
39. Rhododendron indicum – Azaléia rosa*
40. Brunfelsia hapeana
41. Dicksonia sellowiana
42. Liriope muscari*
43. Dracaena marginata – Dracena de Madagascar
44. Sanchezia nobilis
45. Phosomeria magnífica
46. ophiopogon japonicus
47. Bougainvillaea spectabillis – Primavera *
48. Crinum asiaticum
49. Philodendron selloum*
50. Fícus repens
51. Euphorbia splendens
52. Loea coccínea
53. Allamanda cathartica – Alamanda *
54. Beloperone guttata
55. Thunbergia grandiflora
56. Brassaia actinophyla
57. Beloperone spp
58. Impatiens holstii
59. Dracaena fragans
60. Zebrina pendula – lambari *
61. Wedelia paludosa – vedelia *
62. Setcreasea prupura
63. Cordyline terminalis
64. Curculigo capitulata
65. Clusia spp.
Ilustração 249 – Azaléia
Ilustração 250 – Dracena
Ilustração 252 – Vedelia
Ilustração 251 – Primavera
144
Primeiro estudo para o projeto paisagístico
Ilustração 253 – Projeto paisagístico da residência de Hans Broos, Roberto Burle Marx
145
CAPÍTULO V
5. Burle Marx e Miguel Juliano e Silva
5.1. Parque do Anhembi, 1968
O projeto arquitetônico do Parque Anhembi é de autoria dos arquitetos Miguel Juliano e Jorge Wilheim.
Está localizado na Zona Norte de São Paulo, em um terreno entre a Marginal do rio Tietê e o Campo de Marte.
O conjunto do Parque é composto por diversos espaços, sendo eles:
palácio de convenções;
grandes estacionamentos arborizados;
uma grande praça c/ espelhos d água;
hotel;
pavilhão de exposição.
O Pavilhão de Exposição possui uma gigantesca cobertura metálica que foi montada e erguida de uma só
vez, possuindo área de 67 mil metros quadrados.
A construção desta cobertura foi um avanço tecnológico para a época em que foi construída, pois o
içamento da estrutura espacial contou com monitoramente geo-referenciado.
Roberto Burle Marx, juntamente com seus sócios Haruyoshi Ono e José Tabacow, projetou o paisagismo
de todo o complexo.
Ilustração 255 – Foto geral Parque Anhembi,
São Paulo SP
Ilustração 254 – Maquete Parque Anhembi,
São Paulo SP
146
Análise do projeto paisagístico do Parque do Anhembi76
Analisando este projeto nota-se similitude que dá origem ao projeto dos jardins da residência de Hans
Broos. Infelizmente o projeto paisagístico do Parque Anhembi projetado por Burle Marx não saiu do papel.
Mesmo assim optamos por analisá-lo por se tratar de uma relevante criação do artista.
Este projeto difere dos demais principalmente dos projetos realizados anteriormente a esta data, 1968.
Burle Marx neste projeto cria um dialogo com a cidade de São Paulo. Compacta, dinâmica,
industrializada, cérebro condutor dos destinos de sua população.
Tudo é imenso neste vazio onde os limites de um rio, de uma marginal vicinal onde circulam por dias
milhares de automóveis que determinou a direção deste projeto.
Burle Marx utiliza-se da licença artística onde somente com a sua genialidade poderia surgir um projeto
criativo, funcional e de beleza estética inerente à concepção que ali se apresenta.
Na foto abaixo se apresenta o conjunto da sua obra.
76 Vide em Anexo-18-Ficha 18 e Anexo-19-Ficha 19, p.202-203.
Ilustração 256 – Detalhe da paginação
do piso do Parque Anhembi, São Paulo
SP
147
Ilustração 257 – Planta Geral do Parque Anhembi. Fonte: Acervo Técnico Miguel Juliano
148
Notamos que o projeto paisagístico é composto por diferentes linguagens formais do artista.
No paisagismo do entorno do Palácio de Convenções, Burle Marx opta por utilizar formas geométricas
simples e retilíneas para os canteiros e paginação do piso de modo a criar uma composição artística paisagística
com o projeto arquitetônico de Miguel Juliano.
Ilustração 258 – Paisagismo do entorno do Palácio de Convenções, Parque Anhembi, São Paulo SP
149
No caso do entorno do Hotel, Burle Marx adotou linhas geométricas mais complexas que a do projeto
paisagístico do entorno do Palácio de Convenções.
E neste caso que se localiza o entorno do Pavilhão de exposições, Burle Marx criou uma composição
mais abstratas, com linhas e curvas complexas.
Ilustração 259 – Paisagismo entre Hotel e Marginal, Parque Anhembi, São Paulo SP
150
Ilustrações 260-261 – Projeto de paisagismo para o entorno do Pavilhão de exposições,
Burle Marx, Parque Anhembi, São Paulo SP
151
O desenho abaixo é do Parque Anhembi, onde boa parte do paisagismo, infelizmente, não foi executada.
Haruyoshi comentou a foto deste desenho em entrevista e disse que se refere ao projeto de um grande lago com
esculturas de pedra que seriam colocadas dentro de ilhas.
Ilustração 262 – Projeto de paisagismo para o entorno do Pavilhão de exposições, Parque Anhembi, São Paulo SP
152
5.2. Edifício Promenade, 1970-1972
O edifício Promenade se localiza na Alameda Lorena em São Paulo. O projeto arquitetônico é de Miguel
Juliano e o projeto de paisagismo é de Burle Marx, com a colaboração de Haruyoshi Ono e José Tabacow.
O partido arquitetônico adota o esquema clássico de um apartamento por andar, com o corpo se apoiando
no solo através de duas cortinas laterais de concreto, deixando o pavimento térreo livre para acontecer o
paisagismo.
Características do projeto paisagístico77
Nos jardins do edifício Promenade, Burle Marx faz uso da forma geométrica abstrata para a composição
dos planos de piso. Utilizou-se de pedras portuguesas de três tons.
Os canteiros eram circundados por pequenas formas de concreto criando uma composição geométrica,
utilizando quinas vivas e quinas moduladas arredondadas.
O projeto paisagístico consiste em uma composição de espaços geométricos retangulares que se sobrepõem
em tamanhos diferenciados, grandes, médios e pequenos. Estas composições de espaços mistos se interpenetram
com os acabamentos arredondados que criam uma ilusão ótica dando a impressão que ali existe outro princípio
geométrico aplicado, distinto do módulo retangular inicial.
A vegetação que se aplica nos canteiros complementa esta composição.
77 Vide em Anexo-20-Ficha 20 e Anexo-21-Ficha 21, p.204-205.
Ilustração 264 – Edifício Promenade.
Miguel Juliano, São Paulo SP, 1970/1972
Ilustração 263 – Edifício Promenade.
Miguel Juliano, São Paulo SP,
1970/1972
153
Esta vegetação é composta de forração diversas, herbáceas de pequeno porte que se complementam com
uma ou outra qualidade de bromeliáceas.
Observando os diversos originais pesquisados, é possível constatar o processo de trabalho adotado por Burle
Marx em seus projetos, onde temos um estudo preliminar na forma de croqui do seu futuro projeto, que
posteriormente será passado a limpo pelos desenhistas nas escalas necessárias. Trata-se de um processo de
trabalho adotado indistintamente por Burle Marx para os seus projetos de paisagismo, esculturas, painéis, etc.
Na maioria das vezes, sua equipe desenvolvia maquetes dos projetos para uma melhor compreensão e
diálogo com os executores dos projetos. Por este motivo, segundo Haruyoshi Ono, não ficaram arquivadas em
seu escritório a maioria das maquetes, que acabaram se perdendo dentro das empresas que executaram os seus
projetos.
As características do projeto do Edifício Promenade diferem muito de outros projetos de Burle Marx.
Neste caso especifico, ele se utiliza de uma composição geométrica retilínea, a partir de formas geométricas
primárias, tais como círculo, quadrado e retângulo, se afastando das formas amebóicas do início de sua carreira
e usada constantemente em outros projetos paisagísticos.
Este projeto tanto serviria para ser executado em um jardim quanto para uma tapeçaria ou um painel.
Transitando do paisagismo por outras linguagens – como pintura, tapeçaria e escultura – Roberto Burle Marx
articulava observação entre arquitetura e espaço, criação artística, utilização das espécies botânicas adequadas
para criar micro climas, paisagens diferenciadas integradas no contexto geral, atuação que lhe conferia um status
que ultrapassava a de um simples paisagista.
Ilustração 265 – Edifício Promenade.
Miguel Juliano, São Paulo SP, 1970/1972
154
A sua permanência na Escola de Belas Artes – aonde estudou, sem concluir os estudos, conforme
mencionado no primeiro capítulo – lhe deu os subsídios suficientes para que tivesse conhecimento, a técnica e a
tenacidade de colocar em pratica sua concepção criativa com uma grande riqueza imagética. Outra fonte
importante de princípio formador foi o seu contato com a cultura européia no tempo em que lá viveu.
Ilustração 266 – Edifício
Promenade. Miguel Juliano, São
Paulo SP, 1970/1972
155
Ilustração 267 – Projeto paisagístico do Edifício Promenade, Miguel Juliano, São Paulo SP, 1970/1972
156
Ilustração 268 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo SP, 1970/1972
Ilustração 269 – Memorial descritivo do Edifício
Promenade, São Paulo SP
157
CAPÍTULO VI
6. Burle Marx e Ruy Ohtake
6.1. Residência Luiz Lucio Constabile Izzo, 1975
O terreno, localizado na avenida. Morumbi, possui forte declive da frente para os fundos da residência, o
que possibilitou ao arquiteto criar o acesso principal pelo andar superior.
No pavimento térreo, Burle Marx vai criar um paisagismo com características diferentes dos outros
projetos analisados, usando um piso acinzentado com placas de concreto no entorno da área da piscina
complementando com canteiros em diversos platôs com forrações diferenciadas. Estas forrações eram
complementadas com plantas diversas – em geral bromeliáceas, segundo Haruyoshi Ono, que esteve
recentemente nesta residência. Ono estava verificando o estado do jardim visando uma reforma e constatou que
muitas plantas já estavam deterioradas e necessitava de uma renovação, caso específico das bromélias, que se
agigantaram. A indicação foi sua substituição e retorno às especificações do projeto inicial.
Características do paisagismo78
O paisagismo não atinge grandes proporções. A diferença deste projeto para os demais está na área
pequena do projeto e o terreno em declive. Por esse motivo foram usados canteiros com formas irregulares
sobrepostos, apoiados nesse diversos níveis.
78 Vide em Anexo-22-Ficha 22 e Anexo-23-Ficha 23, p.206-207.
Ilustração 270 – Residência
Luiz Izzo. Ruy Ohtake, São
Paulo SP, 1975
Ilustração 271 – Planta da Residência Luiz
Izzo. Ruy Ohtake, São Paulo SP, 1975
158
Compondo este projeto, o paisagismo penetra por dentro da arquitetura da casa criando um jardim
interno que circunda as escadas que liga o pavimento térreo ao pavimento superior, que por sua vez se comunica
com a entrada principal da casa, que se abre para uma rua.
Este espaço interno estabelece um agradável ambiente que compõe com a arquitetura e cria uma relação
entre forma e espaço que ameniza a rigidez das linhas retas, verticais das paredes em concreto aparente.
No andar superior na frente das janelas, as jardineiras foram ali colocadas plantas trepadeiras que caiam
em direção ao solo criando uma cortina verde.
As espécies vegetais utilizadas foram:
1. Zoysia matrella – Grama coreana*
2. Philodendron – babosa-de-pau *
3. Tibouchina rodula – Manacá da Serra*
4. Agapathus – agapanthus *
5. Cássia bicapsularis – Chuva de ouro*
6. Hemerocallis flava – Lírios *
7. Tibouchina – Quaresmeira *
8. Phumbago – Bela Emilia *
9. Liriope muscari – Barba de serpente*
Ilustrações 272, 273, 274, 275 – Barba de
serpente, Agapanto, Babosa de pau, Bela
Emilia
159
Projeto paisagístico da Residência Luiz Izzo. Fonte: Acervo Burle Marx
Tiete.
Ilustração 276 – Projeto paisagístico da Residência Luiz Izzo. Burle Marx, São Paulo SP, 1975
160
Ilustração 277 – Projeto Residência Luiz Izzo. Burle Marx, São Paulo SP, 1975
161
Ilustrações 278, 279, 280 – Residência Luiz Izzo, Ruy Ohtake, São Paulo SP, 1975
162
6.2. Residência José Egreja, 1975
A planta da residência foi concebida a partir de uma forma quadrada, com dimensões de 50 metros por
50 metros, aberta em um dos lados. A residência é sede de uma fazenda de 10 mil hectares, localizada em
Penápolis, cidade situada no interior do estado de São Paulo.
Características do paisagismo79
Burle Marx desenvolve o paisagismo no entorno do quadrado reservado à residência, mas também no
seu interior, ocupando uma de suas extremidades com um grande espelho d‟água externo. Como a região de
Penápolis é muito quente durante praticamente o ano todo, o paisagismo foi concebido para amenizar um pouco
esta questão climática, colaborando com a arquitetura da casa para uma melhor climatização: o espelho d água e
a vegetação que abriga comportam-se como um verdadeiro oásis, amenizando bastante a sensação térmica da
região.
Em um terreno plano com a colocação da vegetação ele cria uma composição cuja vegetação vai
estabelecendo manchas verdes em tons diferenciados, daí a impressão de planos diversos. O que dá esta
impressão são as diferentes espécies de plantas decorativas, tais como lírio (Hemerocallis flava – amarela) de
cores amarelas com folhagens verdes, forração em tons avermelhados (Salvia splendens) que contrapõe com o
amarelo e o verde dos canteiros (ver lista completa abaixo).
79 Vide em Anexo-25-Ficha 25 e Anexo-26-Ficha 26, p.208-209.
Ilustrações 281-282 –
Residência José Egreja, Ruy
Ohtake, Penápolis SP, 1975
163
A criação deste projeto nos remete às obras pictóricas do paisagista, estas obras bidimensionais tanto
seus quadros como suas tapeçarias, nos parece indicar que foram compostas para serem utilizadas num
paisagismo. Na obra de Burle Marx não existe dissociação entre um projeto de paisagismo do resto de sua obra
artística. Ele é uno na sua criação que é aplicada em diversas técnicas e em diversas linguagens.
Segue abaixo a lista de espécies vegetais que foram utilizadas no projeto paisagístico.
1. Zoysia matrella – Grama coreana*
2. Pachystachys lútea
3. Tibouchina radula – Manacá da Serra*
4. Cássia bicapsularis – Chuva de Prata *
5. Zebrina pendula – lambari *
6. Hemerocallis fulva – Lírio *
7. Spilanthes stolonifera
8. Paspalum notatum – grama batatais *
Forração com gramado
Ilustração 283 – Lírio
Ilustrações 285, 286 – Cássia
bicapsularis, Salvia
Ilustração 284 – Lambari
Ilustrações 287, 288 – Grama coreana, Grama batatais
164
Tudo é pensado nestes termos acima descritos. Por detrás da sua concepção artística nota-se um vasto
conhecimento do exercício de um artista comprometido com uma estética, com um desenho e um conhecimento
que ultrapassa a linha teórica e se complementa com o conhecimento botânico que vai dar-lhe subsídios para
criar através das espécies botânicas a sua composição pictórica, tão importante nos projetos paisagísticos.
A sua pesquisa possui uma ênfase em espécies vegetais nativas e estrangeiras que são amplamente
utilizadas em seus canteiros, espaços e jardineiras.
Burle Marx sempre cria uma composição impar nas suas concepções paisagísticas.
Ele cria formas geométricas irregulares, anatômicas, criando uma composição abstrata que se compõe
com os seguintes elementos: água, pedra e vegetação.
Ilustração 289 – Residência José Egreja, Ruy Ohtake, Penápolis
SP, 1975
Tiete.
165
Ilustração 291 – Projeto paisagístico da Residência
José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Tiete.
Ilustração 290 – Projeto paisagístico da Residência
José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Tiete.
166
Ilustração 292 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Tiete.
167
Ilustração 293 – Projeto paisagístico da Residência
José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Tiete.
Ilustração 294 – Projeto paisagístico da Residência
José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Tiete.
168
Ilustração 295 – Projeto paisagístico da Residência
José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Ilustração 296 – Projeto paisagístico da Residência
José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Tiete.
169
Ilustração 298 – Projeto paisagístico da Residência
José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Tiete.
Ilustração 297 – Projeto paisagístico da Residência
José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Tiete.
170
Ilustração 300 – Carta enviada pelo Sr. José Egreja à José
Tabacow, Penápolis SP, 1974
Tiete.
Ilustração 299 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975
Tiete.
171
Ilustração 301 – Foto panorâmica da residência José Egreja em Penápolis SP, 1975
172
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando se analisa projetos de paisagismo, sejam eles relacionados a residências particulares, parques
públicos, jardins no entorno de um edifício ou no seu interior, torna-se imprescindível que se analise os volumes
arquitetônicos que os circundam ou os envolvem.
Em um paisagismo de uma área destinada a um parque, o autor deve conceber a sua criação levando em
conta o entorno paisagístico: a geografia, tanto urbana como rural ou litorânea. O paisagista deverá privilegiar o
seu uso, a função social à qual está sendo destinada. Os objetos arquitetônicos ou elementos artísticos –
esculturas, painéis, monumentos, entre outros – que ali comporão esse empreendimento tornam imprescindível
uma análise de todos esses elementos para poder compor e direcionar a sua criação. Isto muitas vezes inclui a
vontade, o desejo de quem encomendou tal projeto. O paisagista não cria para si, nem para um tipo de ideal
imaginário de situação artística. Quando projeta sua criação, anteriormente ele a concebe com base em
informações concretas da necessidade, da finalidade, da praticidade e para que fim se destina esse projeto. O
conhecimento da finalidade, do uso é que vai direcionar a praticidade, a viabilidade dessa ação. O bom
paisagista é aquele que observa, estuda e pesquisa a natureza e a própria natureza das coisas em si. Em suma,
observando o meio ambiente, chega-se a definição de composição, de seleção e, sobretudo, da descoberta da
necessidade de codificar as espécies botânicas para criar esta relação que irá compor o projeto paisagístico.
173
Para se criar boa estética nesse fazer de paisagismo é necessário da parte do criador uma interação com
esse meio botânico, pois somente o conhecimento do uso e aplicação de cores, formas, linhas, planos ou
conceitos estéticos não credenciam o projeto ao sucesso.
A pesquisa botânica nesta área é algo muito importante. Envolve um conhecimento da região geográfica,
adaptação das espécies nativas ou não, análise do clima, da paisagem em si, da combinação entre incidência de
luz solar e sombreamento e o conhecimento da origem das espécies. Isto se faz necessário, pois dependerá
dessas condições o sucesso desse jardim, afinal até o substrato utilizado é fator preponderante para a germinação
das espécies ali plantadas.
Em um paisagismo urbano, a análise que irá compor o princípio norteador da sua criação deverá contar
com toda essa gama de conhecimento técnico e cientifico. O paisagista vai compor a sua criação baseando-se
nos seus conhecimentos e na sua genialidade criativa. Burle Marx era um mestre. Tinha um vasto conhecimento
de botânica, pesquisava incessantemente as espécies nativas e até mesmo coletou algumas plantas raras e
desconhecidas. Conhecia bem o seu trabalho e os meandros que conduzia a sua criação artística. Transitava por
varias técnicas no mundo das artes plásticas. O paisagismo era a sua prioridade, sua grande paixão e razão de ser
na vida. O sucesso de sua trajetória pode ser observado a partir do seu legado, do interesse que sempre despertou
na sociedade e da grande quantidade de adeptos, discípulos que seguem os ensinamentos desse grande mestre do
paisagismo. Foi Roberto Burle Marx que inovou no Brasil o conceito de paisagismo.
174
Falar de paisagismo no conceito burlemarxiano é associá-lo a uma arquitetura, ao meio ambiente, ao
meio sócio-cultural. Não há dicotomia em seus projetos. O paisagismo é interligado à arquitetura, ao meio
ambiente ou ao meio sócio-cultural e participativo na medida em que compõe a ação criadora da sua obra.
Burle Marx soube criar o casamento perfeito e de sucesso integrando os seus projetos paisagísticos aos
projetos arquitetônicos.
A análise do projeto arquitetônico se torna a chave do princípio norteador da criação do projeto
paisagístico: a inspiração do paisagista conta e muito, a técnica o instrui a conectar a criação a execução prática
do seu projeto.
Uma das características de Burle Marx foi levar em consideração todos estes conceitos citados acima e
que foram descritos ao longo desta dissertação.
No caso específico de São Paulo, seu trabalho apresenta características próprias de uma arte urbana que
interage com o meio social no qual está inserido. Nas obras paisagísticas estudadas podemos identificar algumas
especificidades do modo de trabalho de Burle Marx. Por exemplo, quando se trata de trabalhos realizados na
cidade de São Paulo, notamos duas premissas recorrentes.
A primeira é o tratamento dado aos jardins de pequeno porte, caso das residências, onde o paisagista
tende a realizar um jardim fechado dentro de um ambiente bucólico, possivelmente com a intenção de que
aquele espaço criado se torne um oasis para os seus usuários. Burle Marx gostaria que as pessoas pudessem
usufruir a natureza em um espaço de refúgio, “fugindo” do caos urbano.
175
A segunda premissa recorrente é seu aporte nos jardins de grande porte, tanto os realizados para os
órgãos públicos, como os privados. Nestes Burle Marx tende a repetir o seu modus operandi tradicional, ou seja,
o paisagismo se integra à cidade por meio dos desenhos dos pisos que se conecta ao passeio público e,
conseqüentemente, à cidade.
Em ambos os casos, o paisagista seleciona, para os canteiros projetados, espécies vegetais que se
adaptam melhor àquele determinado ambiente.
Nas obras realizadas no interior do Estado de São Paulo notamos que o paisagista adota medidas
semelhantes dos casos citados acima. No entanto, observam-se algumas diferenças motivadas pelo meio no qual
os jardins estão inseridos. Muitas vezes, os trabalhos paisagísticos são residências, que por sua vez, estão
inseridas no meio rural, em fazendas, sítios, onde há presença da natureza no entorno e maiores recursos
naturais, diferentemente dos casos dos jardins inseridos na cidade. Em São José dos Campos, nos jardins da
Residência Olivo Gomes, Burle Marx faz uso da forma orgânica e assimétrica para a composição do jardim,
solução similar à solução dada para os jardins da Residência José Egreja, em Penápolis.
No meio rural, Roberto Burle Marx desenvolve um paisagismo com formas livres fazendo uso da
topografia do terreno. Ele estabelece formas geométricas irregulares criando uma composição abstrata que se
compõe com os elementos naturais: água, pedra e espécies vegetais. Nestes casos, notamos que o seu
paisagismo também se integra com o entorno, como ocorre em seus jardins de grande porte no meio urbano.
O paisagista muitas vezes se repete para que em uma nova etapa ele reapareça com uma criação
inovadora, transformadora.
176
Ë ai que reside o gênio.
177
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PROJETO. São Paulo, n. 53, julho 1983, p. 18-19.
PROJETO. São Paulo, n. 114, setembro 1988, p. 05.
PROJETO. Fragelli M. Restaurante com vista para um jardim de Burle Marx: restaurante da Sew Motors,
Guarulhos. São Paulo, n. 121, maio 1989, p. 79-83.
PROJETO. São Paulo, n. 129, jan./fev. 1990, p. 131.
PROJETO. São Paulo, n. 130, jan./fev. 1990, p. 130.
PROJETO. Praça Rodrigues de Abreu. (Paraíso); Paisagistas: Roberto Burle Marx e Haruyshi Ono. São
Paulo, n. 140, abril 1991, p. 85.
PROJETO. Burle Marx: o resgate do paraíso perdido. São Paulo, n. 146, out. 1991, p. 66-67.
183
PROJETO. São Paulo, n. 176, julho 1994, p. 69.
PROJETO. Paisagem completa: breve viagem pela obra de Burle Marx. São Paulo, n. 179, outubro 1994, p.
89-90.
PROJETO. Burlemarxmania. São Paulo, n. 186, junho 1995, p. 98-95.
PROJETO. O jardim natural: a arte heróica e trágica de Roberto Burle Marx. São Paulo, n. 186, junho 1995, p.
88-91.
PROJETO. Renascer do fênix: o paisagismo Frances atual e a contribuição de Burle Marx. São Paulo, n. 190,
outubro 1995, p. 75-76.
REGO, José Lins. O homem e a paisagem. L´Architecture d´Aujourd´hui, Boulogne, n. 42/43, 8-14, out. 1952,
p. 8-14. Republicação: REGO, José Lins. O homem e a paisagem. In XAVIER, Alberto (org).
Depoimento de uma geração. Arquitetura moderna brasileira. São Paulo, Cosac Naify, 2009. p.
293-297.
Revista FOLHA n. 19, ano XV, maio de 2009. Sociedade amigos de Roberto Burle Marx. Centenário de
Roberto Burle Marx (1909-2009). Augusto Burle, Rio de Janeiro, 2009.
SUMMA. Burle Marx en Buenos Aires. Buenos Aires, n. 126, jul. 1978.
THOMÉ, Clarissa. Palmeiras tem florada única e enfeita o Rio. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 nov.
2009.
THOMÉ, Clarissa. O arquiteto dos jardins do Rio ganha exposição. O Estado de São Paulo, São Paulo, 01 dez.
2009.
Entrevistas
GUIMARÃES, Marília Dorador; GUERRA, Abílio. Entrevista com o paisagista Haruyoshi Ono. Rio de
Janeiro, 05 maio 2011. Anexo 30.
184
GUIMARÃES, Marília Dorador; GUERRA, Abílio. Entrevista com o paisagista José Tabacow. Via email, 17
de fevereiro 2011. Anexo 31.
GUIMARÃES, Marília Dorador; GUERRA, Abílio. Entrevista com Maria Assunção Ribeiro Franco.
Universidade Mackenzie, São Paulo, 01 março 2011. Anexo 32.
185
ANEXOS
186
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS
DE PROJETO
Linhas curvas e formas orgânicas.
VEGETAÇÃO
Forração: Gramas pisoteáveis (várias nuances de verde – do mais escuro ao esbranquiçado): – Grama inglesa clara e
escura (stenotaphrum variegatum e secundatum)
Arbustos baixos: Lírio Amarelo e laranja (Hemerocallis flava ou fulva); – Agapanto Azul (Agapanthus africanus)
Árvores: Guapuruvu (Schizolobium parahyba)
PISOS Naturais: pedrisco, areia, terra
ELEMENTOS NATURAIS
Espelho d'água com espécies vegetais aquáticas.
Espécies vegetais: (Victoria amazonica, Typhodorum lindleyanum e Nymphaea,
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada para uso: residencial. Atualmente foi tombado e se tornou um parque público conhecido como
Parque da Cidade – Parque Burle Marx
.
PLANOS DE COMPOSIÇÃO
· Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura; Cores: vários nuances de verde, amarelo,
vermelho, azul e lilás.
· Plano vertical de vedação – arbustos parede até 1,70m de altura. Cores: vários nuances de verde Na segunda etapa do
paisagismo, que ocorreu em 1965 – Burle Marx projeta a área do bosque e área de lazer, playground e piscina, criando:
· Plano de teto – árvores de médio à grande porte, formando bosques – acima de 1,70m de altura. Cores: vários nuances de
verde e marrom (caules e galhos da árvores)
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: Totalmente Plana / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos: Cidade do Vale do Paraíba com grande
desenvolvimento. Zoneamento: ZR1 (Zona residencial 01 com APA – área de preservação ambiental, parque) Aspectos
Históricos: antiga sede da Fazenda Tecelegam Paraíba
EMPREGO DE ELEMENTOS
ARTÍSTICOS
Painéis em cerâmica (Azulejo). Formas geométricas.
Observações
Elementos destacáveis da paisagem: Vegetação existente (Mata Fechada)/ Rio Paraíba do Sul // Linha de Trem / Primeira
participação como desenhistas e estagiários – Tabacow e Haruyoshi Ono. A família solicitou projeto para uma nova área
(parquinho infantil, piscina e teatro ao ar livre), que fica atrás da casa. CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – Residência e jardim
em razoável estado
ANEXO 01 - FICHA 01: RESIDENCIA OLIVO GOMES
187
PROJETO ANALISADO: Residência Olivo Gomes, São José dos
Campos – SP
COMPOSIÇÃO FORMAL: ORGÂNICA (início da
carreira)
CRIAÇÕES ARTÍSTICAS: pinturas
1938 – MÊS, Rio de janeiro RJ
1950/1965 – Residência Olivo
Gomes, São José dos Campos SP
1948 – Ed. Prudência, São Paulo SP
1942 – Conjunto da
Pampulha, Belo
Horizonte MG
1942 – Duas figuras (óleo
sobre tela)
ANEXO 02 - FICHA 02: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
188
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE PROJETO
Mescla Formas orgânicas com geométricas
VEGETAÇÃO
Forração: Gramas pisoteáveis
Arbustos baixos:
Árvores: Palmeiras que resistem às intempéries.
PISOS
Passeio Público: Placas de Pedra e grama
Passeio de pedestres e automóveis, no interior do lote: placas de pedra
ELEMENTOS NATURAIS
Jardim interno constituído por uma cascata de pedra e água corrente da montanha,
reproduzindo idealmente a mata Atlântica.
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada para uso: residencial. Parcialmente tombada, foi vendida para um
restaurante.
PLANOS DE COMPOSIÇÃO · Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura;
· Plano de teto – palmeiras de grande porte – acima de 1,70m de altura.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: Totalmente Plana
Clima: Tropical (Quente e úmido)
Aspectos Urbanos: Zoneamento: Z5b (Zona de Sede municipal)
Observações
ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Montanha coberta por mata Atlântica
/Oceano Atlântico / Litoral Norte Paulista // Colaboradores – José Tabacow e Haruyoshi Ono.
CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – Residência e jardim em razoável estado. Do jardim pouco
restou do projeto original.
ANEXO 03 - FICHA 03: RESIDENCIA DOS IRMÃOS GOMES
189
PROJETO ANALISADO: Residência dos Irmãos
Gomes – Ubatuba – SP
COMPOSIÇÃO FORMAL: Mescla as formas
orgânicas e geométricas, jardim vertical CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
ANEXO 04 - FICHA 04: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX.
1969 – Ed. Petrobras, Rio de Janeiro
RJ
1965 – Residência dos irmãos Gomes,
Ubatuba SP 1985 – Jardins Verticais Casa das
Rosas, São Paulo SP
190
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Formas geométricas
VEGETAÇÃO
Forração: Grama pisoteáveis (várias nuances de verde – do mais escuro ao esbranquiçado): – Grama
inglesa clara e escura (stenotaphrum variegatum e secundatum)
Arbustos baixos: Lírio Amarelo e laranja (Hemerocallis flava ou fulva); – Agapanto Azul (Agapanthus
africanus)
Árvores: Guapuruvu (Schizolobium parahyba)
PISOS
Mosaico colorido orienta o usuário
ELEMENTOS NATURAIS Espelho d'água com espécies vegetais aquáticas.
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade pública para uso: Institucional. Prefeitura, Câmara, Biblioteca, Teatro Municipal e Fórum.
PLANOS DE COMPOSIÇÃO
· Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura; / Plano vertical de vedação –
arbustos parede até 1,70m de altura. / Plano de teto – árvores de médio à grande porte – acima de 1,70m de altura.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: movimentação de terra para criar os três platôs. / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos:
Situado no Centro de Santo André. Zoneamento: ZEIS (Zona especial de interesse social-ZEIC área central) /
Aspectos Históricos: região industrial – ABC.
EMPREGO DE ELEMENTOS ARTÍSTICOS
Painéis em concreto no Foyer do Teatro Municipal, formas geométricas.
Tapeçaria com motivos geométricos no 8 andar da Prefeitura.
Observações
ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Vegetação existente (Mata Fechada)/ Rio Paraíba
do Sul // Linha de Trem / Primeira participação como desenhistas e estagiários – Tabacow e Haruyoshi Ono.
CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – O jardim está em razoável estado
ANEXO 05 - FICHA 05: CENTRO CÍVICO DE SANTO ANDRÉ/SP
191
PROJETO ANALISADO: Centro Cívico de Santo
André – ABC – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA
CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
pinturas
1968 – Centro Cívico de Santo André SP
1971 – Esporte Clube Sírio,
São Paulo SP
1955 – Jardins do MAM, Rio de
Janeiro RJ
1948 – Catavento (óleo
sobre tela)
ANEXO 06 - FICHA 06: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
192
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Jardim pequeno com canteiros composto por formas geométricas.
VEGETAÇÃO
Forração: Grama
Arbustos baixos:
Árvores: de pequeno à médio porte
PISOS
Mosaico colorido orienta o usuário.
ELEMENTOS NATURAIS
Espelho d'água e jardim interno com pérgula.
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.
PLANOS DE COMPOSIÇÃO
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: irregular / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos: Zoneamento ZEPEC
(Zona especial de preservação cultural) / Aspectos Históricos: O bairro do Pacaembu foi loteado
pela companhia City, a mesma que loteou o bairro dos Jardins. Possui um outro conceito de
morar. Bastante Arborizado, apenas residencial.
Observações
ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /
Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO:
ANEXO 07 - FICHA 07: RESIDÊNCIA CLEMENTE GOMES, UBATUBA/SP
193
PROJETO ANALISADO: residência Clemente
Gomes, Pacaembu – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA
CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
pinturas
1946 – Paisagem de Santa
Teresa, Rio de Janeiro, RJ
– óleo sobre tela 1968 – Residência Clemente Gomes,
São Paulo SP
1970 – Ed. Petrobras, Rio de
Janeiro RJ
ANEXO 08 - FICHA 08: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
194
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE PROJETO Formas orgânicas e livres (inspiração na natureza).
VEGETAÇÃO
Forração com plantas rasteiras e arbustos: Rabo de gato (Acalypha reptans),
Bulbina, Grama preta (Ophiogon japonicus), Clorofito (Chlorophytum comosum), Vedelia
(Sphagneticola trilobata), Amendoim rasteiro (Arachis repens), Agapanto, Airis Azul,
Camarão
Grupo de Bromeliáceas
Trepadeiras: Costela de Adão (Monstera deliciosa), Ibisco
Árvores: Pata de Elefante (Beucarnea Recuvata), Dracena (Dracena Gragans),
Quaresmeiras (Tibouchina Granulosa), Manacá da serra (Tibouchina mutabilis), Pata de vaca,
Frutíferas – Romã
PISOS Toda a área externa do edifício é constituída por mosaico português nas cores preto,
vermelho e branco. As curvas livres da plástica dos pisos de Burle Marx formam uma
composição orgânica do espaço
ELEMENTOS NATURAIS Mineral: A cascata d'água é constituída por pedras (tipo seixos)
Vegetal: morros de terra com bromélias
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.
PLANOS DE COMPOSIÇÃO
Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura; / Plano
vertical de vedação – com arbustos e trepadeiras – parede até 1,70m de altura. / Plano de teto –
árvores de pequeno à grande porte, acima de 1,70m de altura.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: totalmente plano, criou alguns platôs com canteiros e deck de madeira
da área da piscina. / Clima: Temperado
Aspectos Urbanos: Zoneamento: PI ZER 01/02 (Zona exclusivamente residencial de
baixa densidade) / Aspectos Históricos:
Observações
ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Próximo ao Rio Pinheiros
(Marginal Pinheiros) / Co-autoria – José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇOES DE
CONSERVAÇÃO – ótimo estado
ANEXO 09 - FICHA 09: EDIFÍCIO MACUNAÍMA, SÃO PAULO
195
PROJETO ANALISADO: Edifício Macunaíma –
Alto de Pinheiros – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: ORGANICA
CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
pinturas abstratas
1979 – Edifício
Macunaíma, São Paulo SP
1950 – Begônias (gache
sobre papel)
1980 – Miami, Florida EUA
ANEXO 10 - FICHA 10: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
196
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Formas geométricas para os pisos e canteiros ao redor do restaurante
VEGETAÇÃO
Forração com plantas rasteiras e arbustos: lírios, Bela Emilia, Agapanto, Bulbine, cambara.
Forrações: grama preta, grama coreana
Trepadeiras: Primavera
Árvores: Quaresmeiras, Manacá da Serra, Chuva de ouro, Pata de vaca.
PISOS Mosaico colorido orienta o usuário
ELEMENTOS NATURAIS
Pedra portuguesa nos pisos.
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: industrial
PLANOS DE COMPOSIÇÃO Três níveis de composição.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: totalmente plano, criou alguns platôs com canteiros e deck de madeira da área da
piscina. / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos: Zoneamento: ZM (Zona mista) / Aspectos Históricos:
Observações
ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Rodovia Dutra / Co-autoria – Tabacow e
Haruyoshi Ono.
CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – ótimo estado
ANEXO 11 - FICHA 11: SEW, GUARULHOS/SP
197
PROJETO ANALISADO: COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
1985 – SEW, Guarulhos SP
1970 – Brasília DF
ANEXO 12 - FICHA 12: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
198
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Formas livres e orgânicas, formando um desenho abstrato.
VEGETAÇÃO
Forração: grama
Arbustos baixos: lírios, bromeliáceas, Agapanto
Árvores: Pata de elefante, dracena,
PISOS Mosaico português colorido cria complicados desenhos no piso, orientando o usuário, através
desses caminhos.
ELEMENTOS NATURAIS
Uso de seixos nos canteiros do pavimento térreo.
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada para uso: salas comerciais, salas de escritórios.
PLANOS DE COMPOSIÇÃO
Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura;
· Plano vertical de vedação – arbustos parede até 1,70m de altura. ·
Plano de teto – árvores de médio à grande porte – acima de 1,70m de altura.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: praticamente plano / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos: Situado na Zona
Sul de São Paulo. Aspectos Urbanos: Zoneamento (ZM 2/13 Zona Mista de média densidade)
Área nobre da cidade de São Paulo.
Observações
ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Próximo ao Rio Pinheiros (Marginal
Pinheiros) / Co-autoria – Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – ótimo
estado
ANEXO 13 - FICHA 13: EDIFICIO SÃO LUIZ, SÃO PAULO
199
PROJETO ANALISADO: Edifício São Luiz – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: Livre e orgânica CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
Abstrato
1976/1984 – Edifício São Luiz, São Paulo
SP 1978 – Comind – Centro Administrativo
Barueri SP
Tela abstrata
ANEXO 14 - FICHA 14: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
200
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Formas geométricas.
VEGETAÇÃO
Forração: Grama preta e grama coreana
Arbustos baixos: Agapanto, lírios
Árvores: Cássia, Manacá da Serra, Quaresmeira, Palmeira Jussara,
PISOS Desenho da paginação geométrica em forma de malha. Composto por placas de concreto
desempenado com grama.
ELEMENTOS NATURAIS Jardins da entrada principal da Abadia com pérgulas em concreto.
Uso de água, nos espelhos d‟água.
FUNÇAO DO JARDIM
Propriedade privada. Uso: Convento religioso. Jardim contemplativo
EMPREGO DE ELEMENTOS
ARTÍSTICOS
Painéis decorativos com motivos religiosos.
Em concreto armado, com formas geométricas.
PLANOS DE COMPOSIÇÃO
· Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura;
· Plano vertical de vedação – arbustos parede até 1,70m de altura. ·
Plano de teto – árvores de médio à grande porte – acima de 1,70m de altura.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: irregular
Clima: Temperado
Aspectos Urbanos: Zona de Preservação Ambiental.
Aspectos Históricos: Serra da Cantareira.
Observações
ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro residencial / Colaboradores: José
Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO: em estado razoável de
preservação.
ANEXO 15 - FICHA 15: ABADIA DE SANTA MARIA, SÃO PAULO
201
PROJETO ANALISADO: Abadia de Santa Maria,
Serra da Cantareira – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
1975 – Abadia de Santa Maria, São Paulo SP 1975 – Painel Ed. SESI-FIESP, Av. Paulista, São
Paulo SP
ANEXO 16 - FICHA 16: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
1975 – Painéis da Abadia de Santa
Maria, São Paulo SP
202
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Formas livres abstratas.
VEGETAÇÃO
Forração: Grama preta e grama coreana, lambari.
Arbustos baixos: Azaléia, Lírios, Bela Emilia, Agapanto, bromeliáceas
Árvores: de médio à grande porte. Pata de vaca, Chuva de ouro, Quaresmeiras, entre outras.
PISOS Pedras.
ELEMENTOS NATURAIS
Espelho d'água e jardim interno com pérgulas
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: irregular
Clima: Temperado
Aspectos Urbanos: Zoneamento ZEPEC (Zona especial de preservação cultural)
Aspectos Históricos: Morumbi. Possui outro conceito de morar. Bastante Arborizado.
Observações ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /
Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO:
ANEXO 17 - FICHA 17: RESIDÊNCIA HANS BROOS, SÃO PAULO
7
203
PROJETO ANALISADO:
COMPOSIÇÃO FORMAL:
GEOMÉTRICA
CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
1971/1978 – Residência do Arquiteto,
São Paulo SP
ANEXO 18 - FICHA 18: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
1949 – Residência de Burle Marx, Sitio
Santo Antonio da Bica, Rio de Janeiro RJ
1971/1978 – Projeto paisagísticos residência
do Hans Broos, Burle Marx
204
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Mescla as formas geométricas e abstratas.
VEGETAÇÃO
Forração: Grama
Arbustos baixos:
Árvores:
PISOS Mosaico colorido orienta o usuário
ELEMENTOS NATURAIS Espelho d'água e jardim interno com pérgulas.
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: irregular
Clima: Temperado
Aspectos Urbanos: Zoneamento ZEPEC (Zona especial de preservação cultural)
Aspectos Históricos: O bairro do Pacaembu foi loteado pela companhia City, a mesma que
loteou o bairro dos Jardins. Possui um outro conceito de morar. Bastante Arborizado, apenas residencial.
Observações ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /
Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO:
ANEXO 19 - FICHA 19: PARQUE ANHEMBI, SÃO PAULO
205
PROJETO ANALISADO: Parque Anhembi, Zona
Norte – SP
COMPOSIÇÃO FORMAL: MESCLA
GEOMÉTRICA E ORGANICA
CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
1968 – Parque Anhembi, São Paulo SP
1988 – Banco Safra, São
Paulo SP
1988 – Jardim vertical do Banco Safra, São
Paulo SP
1988 – Projeto do Banco Safra, São Paulo SP
ANEXO 20 - FICHA 20: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
206
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Formas geométricas abstratas.
VEGETAÇÃO
Forração: Grama
Arbustos baixos:
Árvores:
PISOS Mosaico colorido orienta o usuário
ELEMENTOS NATURAIS Espelho d'água e jardim interno com pérgulas
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: irregular
Clima: Temperado
Aspectos Urbanos: Zoneamento ZEPEC (Zona especial de preservação cultural)
Aspectos Históricos: O bairro dos Jardins foi loteado pela companhia City, a mesma que
loteou o bairro dos Pacaembu. Possui um outro conceito de morar. Bastante Arborizado.
Observações ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /
Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO:
ANEXO 21 - FICHA 21: EDIFICIO PROMENADE, SÃO PAULO
207
PROJETO ANALISADO: Edifico Promenade, Al.
Lorena – SP
COMPOSIÇÃO FORMAL: ORGANICA E
GEOMÉTRICA
CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
1970/1972 – Ed. Promenade , São Paulo SP 1970/1972 – Ed.
Promenade, São Paulo SP
ANEXO 22 - FICHA 22: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
Estudo para painel da residência do
Hans Broos, São Paulo SP, Burle
Marx
208
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Formas geométricas irregulares compondo um desenho abstrato.
VEGETAÇÃO
Espécies vegetais utilizadas: Grama, Zoysia matrella – Grama coreana*Philodendron
babosa-de-pau, Tibouchina rodula – Manacá da Serra, Agapathus – agapanthus *Cássia
bicapsularis – Chuva de ouro*Hemerocallis flava – Lírios Tibouchina – Quaresmeira
*Phumbago – Bela Emilia *Liriope muscari – Barba de serpente
PISOS
ELEMENTOS NATURAIS Jardim interno adentra a residência fazendo com que o interior interaja com o exterior.
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: irregular, lote situado em declive
Clima: Temperado
Aspectos Urbanos: Zoneamento misto (residencial e comercial)
Aspectos Históricos: bairro do Morumbi
Observações
ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /
Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO: ótimas
condições de conservação, recentemente o escritório Burle Marx e Cia ltda realizaram uma
reforma no jardim, a fim de trocar as bromélias que estavam muito grandes.
ANEXO 23 - FICHA 23: RESIDÊNCIA LUIZ IZZO, SÃO PAULO
209
PROJETO ANALISADO: Residência Luiz Izzo,
Morumbi – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
1975 – Residência Luiz Izzo, Morumbi,
São Paulo SP
1949 – Residência da
Fundação Roberto Burle
Marx, Rio de Janeiro RJ
ANEXO 24 - FICHA 24: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
1971/1978 – Residência
do arquiteto Hans Broos,
São Paulo SP
1975 – Projeto da Residência Luiz
Izzo, Morumbi, Burle Marx
210
COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE
PROJETO
Formas abstratas “quebrando” a rigidez e a frieza do concreto armado.
CARACTERISTICAS
Proprietário: José Silvestre Egreja
Ano Construção: 1975
Área construída: 940 m2
Características do terreno: lote rural, plano
Números de pavimentos: bloco único
Estrutura: laje nervurada
Seleção de materiais: concreto armado, blocos de concreto e esquadrias metálicas
Fonte de luz natural: aberturas zenitais e panos envidraçados para área do jardim
Uso de cores: interior com concreto pintado (teto, parede e elementos curvos) cores básicas
Mobiliário fixo: bancadas de concreto
Detalhes significativos: espaço cênico externo delimitado por elementos de concreto
Elementos curvos: borda da laje externa, divisória dos serviços
Volumetria: grande abrigo
PISOS Forração com gramas.
ELEMENTOS NATURAIS Espelho d'água e jardim interno.
FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.
CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO
Topografia: totalmente regular / Clima: predominante tropical (quente) / Aspectos
Urbanos: Zona rural.
Aspectos Históricos: sede de fazenda no interior de São Paulo.
PLANOS DE COMPOSIÇÃO Burle Marx cria planos de composição em diversos níveis no entorno do projeto
arquitetônico.
Observações ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro rural / Colaboradores:
José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO: ótimo estado.
ANEXO 25 - FICHA 25: RESIDENCIA JOSÉ EGREJA, PENÁPOLIS, SP
211
PROJETO ANALISADO: COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:
1975 – Residência José Egreja,
Penápolis SP
ANEXO 26 - FICHA 26: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX
1975 – Residência José Egreja, Penápolis SP 1975 – Detalhe do Projeto da
Residência José Egreja, Penápolis SP
212
Anexo 27 – Lista de projetos paisagísticos no estado de São Paulo
A contribuição do paisagista no Estado de São Paulo foi de grande relevância para a construção de sua
carreira profissional.
Na presente dissertação iremos analisar algumas dessas obras que foi possível encontrarmos material e
documentos suficientes a serem incluídos na mesma.
Portanto, segue abaixo a lista80
contendo o elenco de projetos do paisagista Roberto Burle Marx
juntamente com importantes arquitetos brasileiros e estrangeiros.
Ao todo são noventa e quatro projetos realizados no estado de São Paulo, durante o período de 1940 à
1983, são quatro décadas de contribuição para o nosso estado.
80 MOTTA, Flávio L. op. cit., p.183-192
1940
- Residência Jacques Pilon – cidade de São Paulo
1950
- Residência Olivo Gomes (arquitetos Rino Levi e Roberto
Cerqueira Cesar) São José dos Campos – SP
- Orozimbo Roxo Loureiro – São Paulo
1951
- Osmar Gonçalves – Santos – SP
1952
Residências:
- Ícaro de Castro Mello – São Paulo
- Milton Guper, Rino Levi – São Paulo
- Olavo Fontoura – São Paulo
1953
- Entrada do campus da Cidade Universitária Armando de
Salles Oliveira – São Paulo
213
- Parque Ibirapuera (arq. Oscar Niemeyer e equipe) Obs: O
projeto não foi executado por completo – São Paulo
- Universidade Comercial Conde Francisco Matarazzo (atual
Palácio do Governo) – São Paulo
1955
- Residência Eduardo Knesse de Melo – São Paulo
1956
- Parque de Lindóia – Águas de Lindóia – SP
- Residência Emma Klabin – São Paulo
- Francisco Pignatari (arquiteto Oscar Niemeyer) – São Paulo
1959
- Clube a Hebraica (arquitetos Majer Botkowsky, Israel
Galman, David Libeskind, Jorge Wilheim e Jorge Zalzuspin) –
SP
- Projeto de dois painéis (cerâmica) para o saguão Mercedes
Benz do Brasil S.A. (arquiteto Alfredo J. Duntuch) – São
Bernardo do Campo – SP
- Residência Hermenegildo Martins – São Paulo
1961
- Jardim Botânico – São Paulo
1963
- Edifício Sede do Banco Sul Americano do Brasil (Itaú)
(arquitetos Rino Levi, Roberto de Cerqueira Cesar e Luis
Roberto Carvalho Franco) – São Paulo
1965
- Centro de Pesquisas Willys – São Bernardo do Campo – SP
- Tecelagem Parahyba (Rino Levi Arquitetos Associados) –
São José dos Campos – SP
- Residência Irmãos Gomes – jardins e painéis (pastilha de
vidro e cerâmica) (Rino Levi Arquitetos Associados), Ubatuba
– SP
1966
- Cortina para o Sesc (pintado a mão) – São Paulo
1967
- Edifício Banco Mercantil de São Paulo – São Paulo
- Centro Cívico de Santo André (Rino Levi Arquitetos
Associados) – Santo André – SP
- Palácio dos Bandeirantes – São Paulo
- Residência Antonio de Pádua Rocha Diniz – São Paulo
- Residência Clovis Felippe Olga – São Paulo
1968
- Condomínio Araucária (Rino Levi Arquitetos Associados) –
São Paulo
214
- Condomínio Gravatá (Rino Levi Arquitetos Associados) –
São Paulo
- Condomínio Macaé – São Paulo
- Parque do Anhembi (Jorge Wilheim e Miguel Juliano e Silva)
– São Paulo
- Residência Clemente Gomes (Rino Levi Arquitetos
Associados) – São Paulo
- Residência Gilvan Miranda Guedes Pereira – São Paulo
1969
- Edifício Sesi/Fiesp/Ciesp (Rino Levi Arquitetos Associados)
– São Paulo
1970
- Edifício Promenade – São Paulo
- Esporte Clube Sírio (Pedro Paulo de Mello Saraiva, Miguel
Juliano e Silva e Sami Bussab) – São Paulo
- Hilton Hotel (Rino Levi Arquitetos Associados) – São Paulo
- Paisagismo da Estrada de Peruíbe (Promon Engenharia) –
Peruíbe – SP
1971
- Chácara Narciza – São Paulo
- Cond. Chácara das Flores (Veplan) – São Paulo
- Cond. Porta do Sol (Construtora Lutfalla) – Mairinque – SP
- Conj. Residencial (arquiteto Abrahão Sanovicz) – Jundiaí –
SP
1972
- Edifício Jardim America (Miguel Juliano e Silva) – São
Paulo
- Edifício Torres do Espigão (Jorge Wilheim) – São Paulo
- Sede do Clube Vale Verde – Campinas – SP
1973
- Conjunto Avenida Nações Unidas (Botti e Rubin) – São
Paulo
- Conj. Residencial (Contal) – São Paulo
- Novos Hotéis de São Paulo – São Paulo
- Residência Armando e Sarkis Semerdjian (Flavio Moliterno
e Augusto Sommacal Jr.) – São Paulo
1974
- Cemitério do Morumbi – São Paulo
- Centro Turístico do Jaraguá (Dacio A. B. Ottoni e David A.
B. Ottoni) – Atibaia – SP
- Conj. Residencial Comercial do Piqueri-Tatuapé (Cláudio
Gomes, Décio Tozzi, João Walter Toscano, Claudio Tozzi,
Odiléia Helena S. Toscano e Massayoshi Kamimura) – São
Paulo
- Quadra 46 Santana (Geraldo Serra) – São Paulo
215
- Residência Esteves de Lima Jr. (Clovis Felippe Olga) – São
Paulo
- Residência Ermírio Pereira de Moraes – São Paulo
- Res. Olga Cunha Bueno Ferreira (J. M. Ruchti e L.M.
Reiner) – São Paulo
1975
- Abadia de Santa Maria, jardins e painéis de concreto (Hans
Broos) – São Paulo
- Anteprojeto da Vera Cruz/PROSBC (Miguel Juliano e Silva)
– São Bernardo do Campo – SP
- Casa da Manchete – São Paulo
- Residência Elie Douer (Ugo di Pace) – São Paulo
- Residência Kurt Waissman (Pedro Paulo de Mello Saraiva)
– São Paulo
1976
- Bosque de Viana (Clóvis Felippe Olga) – São Paulo
- Centro de Convenções e Manifestações Culturais (Paulo
Mendes da Rocha) – Campos do Jordão – SP
- Edifício Wimblendon Park (arq. Bernardo Figueiredo) – São
Paulo
- Fábrica Elida Gibbs – Gessy Lever SA (Roberto de
Cerqueira Cesar, Luis Roberto de Carvalho Franco e Paulo
Bruna) – Vinhedo – SP
- Fazenda Ipanema (Paulo Mendes da Rocha) – Sorocaba –
SP
- Parque Ecológico do Tietê (Ruy Ohtake, Haron Cohen,
Dalton de Luca, José Roberto Graciano e Maria Teresa
Furuiti) – São Paulo
- Residência Camilo Deccache (Arquiteto Carlos B. Fongaro
e Alberto Andrade) – São Paulo
- Res. Borges de Assis (arq. Clóvis Felippe Olga) – Araçatuba
– SP
- Res. Luiz Lucio Constabile Izzo (Ruy Ohtake) – São Paulo
- Res. Renato de Toledo e Silva (Ruy Ohtake) – São Paulo
1977
- Painél (concreto aparente e placas de xaxim) Edifício
SESI-CIESP (Roberto de Cerqueira Cesar, Luis Roberto
Carvalho Franco e Paulo Bruna) – São Paulo
- Residência Artêmio Furlan Filho (Ruy Ohtake) – São Paulo
- Residência Roberto Malzoni (arquiteta Diana Malzoni) –
São Paulo
1978
- Residência no Morumbi (Hanz Broos) – painel de concreto –
São Paulo
- Praia de Itararé (Ruy Ohtake) – São Vicente – SP
216
1979
- Centro Campestre, Cultural e Desportivo do SEC de
Itaquera (Júlio Neves Arquitetos Ass.) – São Paulo
- Edifício Macunaíma (Arquiteto Marcelo Fragelli) – São
Paulo
- Residência Clemente Gomes – Areias – SP
1980
- Edifício do CREA (Ubirajara Gillioli) – São Paulo
1981
- Residência Pedro Finotti – São Paulo
1982
- Chácara Santa Helena (anteprojeto) (arquiteto Jorge
Zalszupin e José Gugliotta) – São Paulo
- Edifício Banco Safra, painéis e jardins (Roberto Loeb e
Majer Botkowski) – São Paulo
- Construção de Edifícios de Escritório São Luis
Participações S.A. – São Paulo
- Residência Peter Schaefer (Arquiteto Alfredo Talaat e
Ronaldo Racy) – Guarujá – SP
1983
- Banco Safra (Maurício Kogan) – São Paulo
- Residência José Safra (Arquiteto Sérgio Bernardes) –
Guarujá – SP
Anexo 28 –Realizações internacionais
Entrou em contato com grandes nomes da arquitetura como Richard Neutra, no projeto do jardim do
complexo arquitetônico Templo do Trabalho, em Los Angeles e também na Califórnia, com o próprio Oscar
Niemeyer na Residência Burton Tremaine.
Na Venezuela realizou uma série de trabalhos públicos, projetou o Parque Del Este, Del Oeste, realizou
a urbanização de Los Canales, Helicóide de la Roca tarpeya, do centro e projetou jardins privados também, por
exemplo a Residência Diego Cisneros, em Caracas, entre outros.
Burle Marx também realizou obras na Argentina, no Chile, no Peru, no Equador, em Porto Rico, na
Suíça, na Áustria, no Uruguai, entre outros países.
Ao longo de sua carreira profissional, que compreendeu o período de 1932 à 1989, foram mais de 2.000
obras e projetos.
Praça Peru. Buenos Aires, Argentina.
Fonte: http://2.bp.blogspot.com
Ilustração 302 – Plano del Parque del Este.
Caracas, Venezuela
218
Ilustração 304 – Praça Peru, Buenos Aires,
Argentina
Ilustração 303 – Praça Peru, Buenos Aires,
Argentina
219
.
Ilustração 305 – Biscayne Boulevard Miami, EUA
Ilustração 306 – Praça do Teatro Rosa Luxemburgo Berlim
Ilustração 307 – Residência Burton
Tremaine Califórnia, EUA
220
Anexo 29 – Resumo de sua trajetória
De acordo com Laurence Fleming, a trajetória do artista passa pelos jardins das canas vermelhas, depois
pelo jardim dos anos 40, 50, de colorido vibrante, mas com árvores emprestadas dos campos locais com grupos
isolados de rochas e sua flora relevante, aos jardins dos anos 60 e 70, um dos quais parece ser uma simples
clareira na floresta – até se começar a examinar o número de maneiras com que foi integrado o gramado ao
bosque, resultando num único, discreto e desembaraçoso passo.
Em relação às pinturas, cada vez mais abstratas, pode-se também encontrar a referência da paisagem
brasileira, sejam nas formas de pedras, árvores e folhas, como também nas obras do (período rosa) de Picasso,
de Braque ou de Leger observadas nos museus europeus em sua primeira viagem à Alemanha.
Porém, o diferencial deste artista é que ele utilizava cores e formas que eles não usavam, e as pinturas
resultantes são completamente únicas, lembrando o fato de Roberto não possuir nenhum tipo de diploma,
nenhuma qualificação profissional. Provavelmente, esse é o fato mais interessante de sua trajetória.
Ilustração 308 – Parque Rogério Phyton, em
Brasília, DF
Ilustração 309 – Projeto do Parque do
Flamengo, Rio de Janeiro
221
Anexo 30 – Entrevista com Haruyoshi Ono81
Marília Dorador Guimarães e Abílio Guerra
MDG e AG – Como foram realizadas as encomendas dos projetos do escritório em São Paulo? (Rino Levi:
Residência Olivo Gomes, Residência Irmãos Gomes, Centro Cívico Santo Andre, Res. Clemente Gomes;
Marcello Fragelli: Edifício São Luiz, Ed. Macunaíma, SEW; Hans Broos: Abadia de Santa Maria e Residência
do arquiteto; Miguel Juliano: Parque Anhembi, Ed. Promenade; Ruy Ohtake: Res. Luiz Izzo, Res. José Egreja).
Quem encomendou (setor público ou privado)?
Haruyoshi Ono – Dos projetos do Rino Levi, a Residência Olivo Gomes, eu entrei depois, em 1965, projetando
a parte do playground. Na residência dos irmãos Gomes, em Ubatuba eu só fazia os desenhos, depois tinha o
projeto de uma estrada – um Parkway e era numa dessas regiões ligada também aos Gomes. Já o Centro Cívico
eu participei, foi um concurso que eles ganharam e encomendaram o projeto ao escritório do Burle Marx e daí
participamos. Não sei se foi uma encomenda, pois o pagamento foi feito através da Prefeitura de Santo André.
Começou com o paisagismo e nas conversas, o Roberto começou a pensar em painéis e ai foi feito três estudos
para o painel, os três no teatro e depois a tapeçaria, tudo mais ou menos na mesma época, com o mesmo prefeito.
Tudo foi encomendado ao mesmo tempo, inclusive a tapeçaria foi feita nos teares da fazenda da família Gomes,
lá tinha um grande tear e esta tapeçaria é considerada uma das maiores tapeçarias do Brasil. Restauraram o
painel, até estivemos lá há pouco tempo, mas o local está muito abandonado, e esta tapeçaria eles emprestaram
81 Entrevista realizada no dia 05 de maio de 2011 no Escritório Burle Marx e Cia Ltda., Rua Alice, n. 29, Laranjeiras, Rio de Janeiro RJ
Ilustração 310 – Marília e
Haruyoshi Ono
222
para o centenário do Burle Marx aqui no Rio de Janeiro, foi um sucesso, é muito bonita. Quanto a residência de
Clemente Gomes (Pacaembu) eu só conheço pelo projeto, em desenho. Não conheci. Tivemos pequenas
jardineiras, um painel em concreto, também não sei se executaram, mas é uma residência pequena, é um jardim
menor. Marcello Fragelli, o Edifício São Luiz antigamente era chamado Parque São Luiz, Condomínio Parque
São Luiz, hoje Ed. Parque São Luiz (situa-se na Av. Juscelino Kubistchek) em concreto aparente. Também foi
uma encomenda do arquiteto que queria a participação do Burle Marx para execução do jardim. Se não me
engano era para a Promon (sede dos escritórios em que Marcello Fragelli trabalhava). A gente fez dois estudos,
o primeiro estudo e depois o segundo estudo, e o segundo que foi aprovado. E até hoje nós damos assistência na
manutenção dos jardins, a Promoverde é que faz este contato, o escritório só supervisiona. A Promoverde é
quem faz a troca das plantas, a manutenção, mantém as características do jardim. O Ed. Macunaíma (Alto de
Pinheiros – SP) também foi um convite do Marcello Fragelli para um jardim residencial. Roberto quis inovar,
ele criou espécies de vulcões e era esquisito, diferente. O jardim propriamente dito está entorno da piscina e do
edifício.
HO, vendo as fotos disse: “– Ah reformaram tudo!”
Executaram isto (os vulcões) com telas de arames, que fizeram a armação toda, por baixo, é oco. Depois
revestiram todo com pedra portuguesa, esta idéia depois é que Roberto queria utilizar nos jardins da Fazenda
Vargem Grande (Areias – RJ), com pedra portuguesa o mesmo material, mas devido a enorme quantidade de
pedras que seria utilizada na fazenda, pedra portuguesa teria que se importar e para transportar era muito caro,
tanto é que os croquis da Fazenda, nos primeiros estudos tem estes volumes com estes buracos com
Ilustrações 311, 312, 313 – Edifício
Macunaíma, Marcello Fragelli, São
Paulo
223
bromeliáceas, plantas epífitas. Daí foi alterado porque era mais fácil para eles que já tinham outra pedra e ficaria
melhor, mais integrado a paisagem. Este exemplo foi precursor que depois ele usou em Brasília, em um dos
Palácios. Num pátio interno, eu não sei se é no Ministério da Justiça ou no Tribunal de Contas da União, um dos
dois. Com estas formas livres, bem abstratas, com piso de duas cores.
“Observando as fotos, HO diz:” Tem que tirar isto aqui, apontando a cerca, o vaso!”
Mas o jardim está bem, bem conservado. As obras particulares são mais bem preservadas.
(HO quis observar as fotos que tiramos do Edifício Macunaíma e comentou que os jardins particulares estão
mais bem mantidos e bonitos que os jardins públicos como é o caso do Centro Cívico de Santo André que citou
que estava em ruim estado de conservação ao observar as fotos que lhe mostrei)
Observa o piso do Edifício Macunaíma (foto abaixo) e diz que o piso invade ou o piso interno sai para parte
externa como acontece no Edifício São Luiz. Em relação ao canteiro lateral (foto abaixo) que hoje esta com
pedras brancas, Haruyoshi comenta que é uma interpretação do sindico ou jardineiro, pois ali deveria estar uma
forração para compor juntamente com as árvores.
No caso da SEW (Indústria localizada em Guarulhos – SP), foi o contrário, a gente foi contratado pelo pessoal
da SEW – Fábrica de Motores, não me lembro mais do presidente, mas continua o mesmo presidente, não me
lembro o nome dele, mas o da esposa é Úrsula Bickle Marx, mas não tem nenhum parentesco com Burle Marx.
A gente começou a fazer o jardim para a sede e depois mais tarde eles precisavam de uma ampliação,
precisavam de um refeitório maior com restaurante. E daí o Roberto sugeriu o nome do arquiteto Marcello
Fragelli, ele foi contratado e daí ele projetou e teve que fazer uma readaptação do jardim. E a gente se entrosou Ilustrações 314, 315, 316 –
Edifício Macunaíma, Marcello
Fragelli, São Paulo
224
bem com Marcello, foi uma grande época, ele vinha muito para o Rio, para as festas de Roberto, vinha com a
senhora dele, Maria Amália que tocava piano, foi uma época boa. Tinha um pianista que é maestro hoje e não
pode reger (HO não lembra do nome do artista) ... era professor da Maria Amália. Eles se relacionavam muito
bem, inclusive no sitio tem uma espécie de candelabro que o Marcello Fragelli trabalhava com artesanato, tupia,
coisa de marcenaria. Eles eram bem amigos. A Abadia de Santa Maria está localizada na Serra da Cantareira, em
São Paulo. Esse eu lembro pouco deste jardim. Na verdade, eu nunca fui neste lugar eu me lembro mais do
projeto em si e mais da conversa do arquiteto, Hans com Roberto, eu não participava muito. Eu trabalhei mais
nos painéis da parte interna da capela, acho que fiz maquetes em auto-relevo dos painéis e a partir daí Hans
Broos estava fazendo na mesma época a casa dele no Morumbi, e ele queria um painel também para casa dele,
fizemos um outro painel, em cima da lareira, que é uma adega. O painel da capela era todo em concreto, o
negativo foi feito em isopor e colocou nas paredes. Quase sempre era feito desta maneira, as vezes utilizava-se
madeira para a confecção do negativo, foi o caso do Banco Santander.
MDG – Sempre montavam maquetes?
HO – Sempre se fazia maquetes. O traço inicial era sempre de Roberto, os rabiscos inicias depois eu
interpretava os desenhos, ele aprovava ou desaprovava até chegarmos num acordo, daí desenvolvia a maquete
que ficava, normalmente, com o construtor. A gente não tem quase nada. Porque eram formas irregulares,
fazíamos o desenho com raios, geometricamente construía o desenho e depois transpunha para maquete e fazia o
molde com ela. E este trabalho (painel da Abadia de Santa Maria) aqui foi feito assim. A casa (do arquiteto Hans
Broos) também, a gente fez o jardim. E tem uma árvore que ele gostava muito na casa dele, perto da piscina que
Ilustração 318 – Bauhinia
blakeana – pata de vaca
Ilustração 317 – Esta planta
ele usou bastante uma
época. Camarão (Justicia
brandejeana)
Ilustração 319 – Este
desenho (foto abaixo) é do
Parque Anhembi, que boa
parte não foi executado.
Tinha um grande lago e
estas esculturas seriam
colocadas dentro de ilhas
225
é uma (bauhinia blakeana) enorme, pata de vaca, quando ele plantou não acreditou que ficasse tão bonita, mas
depois que ele viu a floração ele ficava doido. Esta árvore era a peça principal do jardim dele. Em relação ao
arquiteto Miguel Juliano, a gente o conheceu sim, só não me lembro como o conhecemos. Eu sei que ele não era
arquiteto na época, ele se formou depois. Tinha escritório junto com Pedro Paulo de Melo Saraiva, depois com
Jorge Wilheim, que fez o projeto do Parque Anhembi. Depois ele saiu e foi trabalhar com Pedro Paulo e Sami
Bussab também. Eu não sei se o Sami Bussab trabalhou no Clube Hebraica, perto do aeroporto, todo circular,
tem uns arcos, o jardim todo em triângulos. E o Miguel Juliano, ele ajudava muito, era o principal do escritório.
O Promenade eu não me lembro da obra, eu me lembro do desenho. Agora me lembrei do Rino Levi. Porque
desenvolvemos alguns trabalhos na avenida. Nove de Julho, mas não com Rino, ele já havia falecido, com os
“Robertos” (sócios – Roberto Cerqueira Cesar e Luiz Roberto Carvalho Franco). O edifício Gravatá e Araucária
(Av. Nove de Julho – SP). No caso da residência Luiz Izzo, localizada no Morumbi, a gente foi varias vezes lá,
inclusive depois de muito tempo, foi feito uma reforma no jardim, depois de muitos anos, o jardim estava meio
crescido demais, principalmente as bromélias ficaram enormes. E na época quem ajudou foi o Oscar Bressani
junto com Jorge Sakai da Promoverde. Trabalharam muito com Roberto, ele tinha uma forte admiração pelo
Jorge, pois era uma pessoa muito legal, tinha muito interesse, inclusive a gente até queria que ele trabalhasse
aqui com a gente, numa época que ele tinha acabado de sair da Campineira, era uma das chácaras grandes de SP,
existe até hoje. Ele não aceitou a nossa proposta e fundou a Promoverde. Você também pode falar com Koit
Mori e Klara Keiser (professora da USP) que trabalharam muito com a gente. Flavio Motta também, mas não sei
como ele está de saúde, porque tem épocas que esta brilhante, mas outra que entra em crise, não sabe. A Klara é
Ilustração 320 – Projeto do Edifício
Promenade, São Paulo, Miguel Juliano
e paisagismo Burle Marx
226
legal que ela é teórica ajudou Motta no livro (Roberto Burle Marx e a nova visão da paisagem), era auxiliar dele.
A Klara é legal porque ela é uma grande teórica. Na parte de botânica, Nanuza Menezes. Ela é aposentada,
pesquisadora da USP. Nanuza classificou a família das Velosiáceas, que Roberto começou a se interessar.
Influenciado por Nanuza. E a gente fez muitas excursões juntos para descobrir muitas Velosiáceas. Era um
grande ponto das obras dele (Roberto), na sua fixação por botânica e as plantas no seu habitat.
MDG e AG – Como foi a relação de Burle Marx com os arquitetos de São Paulo? (Rino Levi, Marcello
Fragelli, Hans Broos, Miguel Juliano, Ruy Ohtake).
HO – Com Rino Levi era mais um amigo mesmo, tanto é que tinham os mesmos interesses pela botânica, pelas
viagens, tanto é que ele morreu em uma dessas viagens. Eu estava entrando no escritório e Roberto estava saindo
para esta excursão. Inclusive quando Roberto ia para São Paulo ele se hospedava na casa de Rino Levi (acho que
na Rua Bélgica, eu acho), tinha a mulher dele Ivone Levi, a filha Barbara e tinha outras criancinhas que não me
lembro o nome. E o Marcello Fragelli era amigo também tinha bastante contato, Hans Broos a mesma coisa,
quando se encontravam não paravam de falar, só falavam em alemão, o que, para mim, era difícil de
compreender, mas eram bem amigos. E do Miguel Juliano, no final só falavam de vinho, pois no final ele passou
a ser um vinólogo, tanto é que na reforma da casa do Sitio, tinha uma construção que era uma adega que
executou com a ajuda de Miguel Juliano, tudo climatizado, mas que nunca deu certo, pois Roberto comprava os
vinhos e bebia antes, toda a aparelhagem está lá, deve estar enterrada lá. Com Ruy Ohtake ele teve uma amizade
mais recente, mas não era amigo, amigo, como o caso do Rino Levi. Roberto admirava muito as obras da mãe
dele, da Tomie Ohtake.
Ilustração 321 – Canela de ema
Velosiácea
227
MDG – Porque muitos desses projetos não foram concluídos (Por exemplo, o Anhembi, Ibirapuera,
Parque. Ecológico do Tiete). Roberto comentava alguma questão relacionada às obras de São Paulo não
serem concluídas?
HO – Não, não. Ele tinha tantos trabalhos, não ficava muito ligado a isto. Ele ficava interessado quando
começava um jardim e se ia até o final. No Parque Anhembi, ele sempre cobrava o Miguel Juliano – “Como está
o projeto?” Neste ponto, ele acabava se desinteressando, nem ia mais lá, e o Parque Anhembi era um dos pontos
que sempre passava, na marginal, então a gente já via “ih o Clube Esperia lá vamos nós lá de novo!!” E depois
nunca mais voltamos. O relacionamento de Roberto com os arquitetos de São Paulo sempre foi muito bom,
porque quando eu o conheci, Roberto tinha um envolvimento grande com o pessoal de outra geração para mim,
o pessoal da IAB, se reuniam, tinha os arquitetos, Roberto de Carvalho que gostava de jogar xadrez, tinha um
monte de gente, mas eu não conhecia, tinha o Artigas que encontrávamos lá também, e eu acompanhava o
Roberto, mas eu era estudante e o pessoal mais velho. Mas Roberto tinha um grande relacionamento em São
Paulo, São Paulo era especial, pois tinha os amigos antigos dele, tinha o arquiteto Palanti que ele falava muito,
tinha um barzinho que não me lembro qual era o bairro, acho que na Praça da Republica, onde determinados
arquitetos iam lá a noite se reunir, Palanti era um deles, e tinha também um primo, era o Zeca, Zé Carlos Burle é
um cineasta, médico que ficou conhecido mais como cineasta, e é compositor também, tem aquela música “meu
limão meu limoeiro” é dele ninguém sabe, mas é dele. Tem um senhor que Roberto se encontrava muito, não me
lembro o primeiro nome dele, o sobrenome era Salles, não era Walter Moreira Salles, mas era uma pessoa
228
bastante importante em São Paulo. Isto nos anos 60. Não tinha nenhum problema com São Paulo. Ele era
paulista, mas adotou o Rio como cidade.
MDG e AG – Existe alguma especificidade nas obras de Burle Marx em São Paulo? Quais as
características e o caráter inovador de sua obra? Quais foram?
HO – É difícil responder, ele gostava sempre de inventar e fazer coisas novas, colocar um painel em um jardim
quando não se pensava nisso. Fazer estruturas para plantas, quando não se pensava nisto, hoje em dia todos
fazem isto, murais com jardins verticais. Em São Paulo, nas residências, no Banco Safra é o maior exemplo. Mas
antes disso ele já fazia, no Rio em 1965, foi quando eu entrei. Ele já fazia esses jardins verticais, mural. Depois
nos anos 80 ele fez os jardins da Manchete aqui no Rio. Em São Paulo fez talvez menos. Porque tinha menos
oportunidade. No inicio de 60 fez pro Banco Itaú na Paulista, fez uma série de estruturas para plantas na calçada,
depois a Paulista cresceu e se perdeu com a desapropriação, estruturas de metal galvanizado com xaxim que ele
colocava bromélia. Você pode ver essa estrutura na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, na loja de cerâmicas,
que é um showroom, perto da Av. Brasil, na loja Roca.
MDG – E um painel que tem na fachada do Banco Safra, que não tem assinatura, fica na Av. Faria Lima
em frente ao Museu da Casa Brasileira, é do Burle Marx?
HO – É meu, ele não tem assinatura. Eles não quiseram colocar, para dizer que é do Burle Marx. É uma
adaptação do painel em concreto do Banco Safra – Av. Paulista. Roberto e eu assinamos este projeto do Banco
Safra – Paulista, então eles queriam tirar um pedaço deste e colocar em todos os outros bancos (Safra) em São
Paulo. Eu disse não, eu faço outro baseado naquele. O aspecto inovador é isso aí. A questão do jardim vertical,
229
ou seja, onde não se usava substrato (terra), porque não tinha arvores, dai substitui as arvores por um elemento
vertical. Um elemento criado artificialmente – como as formas dos volumes, vulcões. Você não falou do jardim
de Areias (RJ), lá tem tudo isso. E o uso de água, ele gostava muito de usar água. Que hoje estão eliminando por
conta do mau uso.
MDG e AG – Nos projetos em questão, o projeto paisagístico foi feito em paralelo com o projeto
arquitetônico ou após?
HO – Os projetos com Rino Levi e Hans Broos eram juntos, porque desde o inicio quando já estava elaborando
o projeto arquitetônico já entrava o projeto de paisagismo, então normalmente era isso, trabalhavam juntos
desde o inicio. Com Fragelli na SEW houve um entrosamento muito grande e com Miguel Juliano não tinha
muita relação em termos de projeto, porém foi junto também. Por exemplo, o projeto para estação (metrô)
Vergueiro – SP, foi de um concurso, fizemos juntos. São poucos os projetos que entramos depois, a não ser uma
reforma, mas quase todos são juntos.
MDG – Mas como funciona? Roberto fazia um pedaço do jardim e passava seus desenhos para o
arquiteto?
HO – Normalmente o arquiteto deixa áreas determinadas para o paisagismo, daí nós fazemos o dialogo com a
arquitetura, que não prejudique a fachada. Normalmente o arquiteto comenta o quer, por exemplo, no caso de
Oscar (Niemeyer) ele não quer nada. Daí a gente já sabe. Normalmente, o arquiteto sabe o que quer (aqui eu não
quero volume aqui eu quero volume, uma coisa mais simples).
MDG – E em relação à criação de um painel?
230
HO – Em relação ao uso de painéis, quase nunca falam, isto é a gente que sugeri e vê se cola, mas não é sempre.
MDG – E há casos em que foi recusada a proposta?
HO – Não, quer dizer na redução dos custos. Não pelo arquiteto, mas pelo cliente. Mas no caso do Ruy
(Ohtake), por exemplo, tenho certa cerimônia pra colocar um painel. Se tiver uma piscina para executar eu gosto
de fazer e o Ruy também. Fica uma situação delicada mexer ou não mexer, a gente vê quem trabalha junto com
ele e já percebe que quer desta forma. Por exemplo, no Blue Tree Towers em Brasília, tem uma forma que é toda
recortada, fiz o piso externo e o coloquei também dentro da piscina. Fizemos muitos projetos juntos hoje em dia.
Eu sempre tento interferir nos desenhos dele, mas as vezes ele não gosta e bota pé firme! Tem que haver um
equilíbrio no trabalho.
MDG e AG – Nos projetos em questão, qual a relação entre a arquitetura construída e os jardins? Como
os dois objetos dialogam entre si?
HO – Sempre quando a gente faz um projeto, isto eu estou falando do Roberto também, pois ele me ensinou
assim. Você tem que observar a arquitetura e tentar valorizar esta arquitetura. Você tem que entrar dentro da
arquitetura como se fosse o ocupante da construção e usufruir a paisagem. Você tem que construir a paisagem de
acordo com o que você vai ver no local. Se colocar na pele do observador. E esta relação tem que ser uma coisa
muito equilibrada, você não pode interferir no campo do outro, pois as vezes “abafa”, o projeto paisagístico
chama mais atenção que o arquitetônico, então você pode fazer um jardim sem chamar a atenção e integrada
com a arquitetura, sem interferir. Mesmo que a arquitetura seja feia, não pode interferir.
Esse equilíbrio a gente tem que procurar manter.
Ilustrações 322, 323, 324, 325
– Blue Tree Towers Ruy
Ohtake, Brasília, DF
231
MDG e AG – Qual a concepção estética desses jardins? Quanto contribui os conhecimentos da botânica e
quanto participa os conceitos buscados à pintura?
HO – O conhecimento com a concepção estética dos jardins é justamente a procura desse equilíbrio, com as
formas, junto com os volumes da vegetação, das texturas que você dá.
E o conhecimento da botânica é imprescindível, no paisagismo a base são as plantas, a vegetação. Então você
precisa conhecer não botanicamente a planta, mas como ela se adapta, quando ela floresce. A estética da planta,
a forma, tudo isso você tem que analisar para equilibrar. Na pintura, as regras que ditam a composição artística é
a mesma quando se compõe um jardim. Mas o jardim é uma coisa bem mais diferente, porque as plantas são
efêmeras, hoje esta muito bem, amanha não esta, e também depende das condições do clima, da temperatura, da
luz, as coisas vão se transformando, são coisas imponderáveis, a natureza. Se houver uma praga a gente cuida,
saber como estas coisas se portam para compor um jardim.
MDG e AG – Como Burle Marx entende o papel do paisagismo com relação à arquitetura? A visão do
paisagista sobre este papel mudou ao longo do tempo? O senhor nota uma evolução nos projetos de Burle
Marx ou os traços são os mesmos desde o inicio de sua processo criativo?
HO – Em relação à esta questão se mudou ao longo do tempo, eu acredito que não, o paisagismo tem que estar
em equilíbrio com um volume arquitetônico, com a arquitetura. Eu acho que até hoje não mudou, continua o
mesmo (papel do paisagismo com relação à arquitetura). Em relação à evolução dos traços de Burle Marx, é
lógico que eles vão evoluindo, mas tem coisas que vão e voltam, dependendo do conhecimento que você vai
adquirindo, como ele sempre falava que uma composição é o resultado de uma soma de conhecimentos que você
232
vai tendo ao longo da sua vida. Quanto mais experiência, mais você vai se aprofundando. E com esses
conhecimentos, você quer simplificar a composição. No inicio você quer colocar tudo o que você sabe numa
planta só, fica tipo uma salada, mas com o tempo você vai simplificando quanto menos coisas melhor, isso
valoriza determinadas plantas. Mas isto faz parte da evolução de um profissional.
MDG e AG – Quais são as principais distinções na concepção de áreas livres considerando as diferenças
de escalas e programas dos projetos arquitetônicos associados aos jardins?
HO – Eu acho que cada composição paisagística vai depender de uma finalidade, para que fim você ta fazendo
paisagismo. Se for para uma área esportiva, se uma área recreativa ou se é recreativa, que faixa etária, isto vai
modificando o projeto. Você fala de função, porque tem um jardim contemplativo, de lazer, que você vai
descansar curtir, e tem o jardim que você vai participar, como tem jardins que você vai para sentir (...) um cego
por exemplo, ele não vê, mas tem várias maneiras dele poder usufruir de um jardim. Existem fins específicos
para compor um jardim.
MDG e AG – É diferente criar um jardim publico de um privado?
HO – Tem diferenças sim. Um projeto público você tem que fazer algo mais geral, porque é mais abrangente.
Então para cada uso é um tipo de jardim. Por exemplo, se você esta dentro do carro, necessita de um tipo de
jardim para circular, é um jardim que é observado em movimento. Se você estiver andando não, é outro tipo de
jardim, você vai entrando e participando. No caso do Aterro do Flamengo você tem essa idéia. Você consegue
ver os agrupamentos de arvores, as florações, você vai vendo quando vai chegando como se fosse só uma arvore,
você passa rápido, então num parque você deve colocar muitas arvores para que passando rápido ou devagar
233
você às veja. Então são estas visões que tem que prever na hora de fazer uma composição. O programa, a escala,
tudo vai depender, porque os projetos mudam.
MDG e AG – Como Burle Marx colocava o observador nos seus jardins? Quais sentimentos e/ou
sensações ele queria produzir no visitante de seus jardins?
HO – No Jardim quando você vai projetar você coloca pontos de vistas nos jardins. Mesmo num jardim
pequeno. Você vai criando um “obstáculo”, você coloca um anteparo, e quando você chega e diz: Olha que coisa
bonita, tudo se abre. No meio das rampas, uma fonte d‟água, e outras referências, um laguinho, um mural. Então
quando Burle Marx criava ele sempre pensava nisso. Criava caminhos sinuosos (com ou sem elevações)
pequenas sinuosidades no terreno,
MDG – Como nos jardins do Pignatari (atual Parque Burle Marx – São Paulo)?
Sim, em quase todos os projetos. Muita gente não quer ver tudo de uma só vez. Os jardins são para serem
desfrutados aos poucos. Vai dando água na boca e devagarzinho da vontade de ver mais e mais. Mas muitas
vezes o cliente não entende.
MDG e AG – Burle Marx tendo o escritório com os sócios, estes participavam de suas criações, dando
idéias, opiniões ou até mesmo alterando o processo criativo?
HO – Sempre! Ele dava essa liberdade. Estava sempre aberto a idéias novas. Se aceitava ou não era outra
história.
MDG – E nesses casos que estamos estudando?
Não.
234
MDG e AG – Vocês que conviveram no cotidiano com Burle Marx, qual a sua opinião sobre o processo
criativo do artista? Ele tinha um método de trabalho sistemático? Ele compunha a partir de uma
inspiração? Tinha alguém ou alguma coisa que lhe inspirava?
HO – A opinião criativa do artista é impossível definir. Porque tem dias que esta inspirado ou não esta, mas o
importante é que Roberto (...), acho que ele era inspirado o tempo todo. Eu via ele fazer mil coisas ao mesmo
tempo. Se não estava nos projetos, estava desenhando, lendo, vendo plantas, ele não tinha, não era uma coisa,
um método sistemático. Tudo era lazer, gostava de pintar, cozinhar, desenhar, comer, não era uma pessoa
regrada, se dava vontade de pintar, ele pintava até cansar. Ele era muito observador. Eu lembro que nas viagens
de avião, ele sentava sempre na janela e ele chamava a atenção dizendo “Olha aquelas formas” e ficava com
aquilo na cabeça. Mas não sabia que um dia ia usá-las.Com as plantas também, nas viagens ele comentava “Olha
que beleza esta cor, a luz, as formas.” Tudo era fonte de inspiração para ele o tempo todo.
MDG e AG – Vocês notavam que ele tinha alguma preferência por projetar jardins públicos ou
residências (geralmente há diferenças nesses espaços)?
HO – Ele dizia que tinha mais prazer em fazer jardins públicos do que jardins particulares. Pois dizia que muito
mais gente usufruía. E isso é verdade, ele sempre tinha vontade pelo coletivo. Por exemplo, o parque do
Flamengo, não é que gostava mais, mas tinha mais carinho, este e o Parque Del Este em Caracas, mas ao mesmo
tempo eram fontes de grandes aborrecimentos para ele, pois as vezes tinham pessoas que maltratavam as
plantas, quando ele via ele reclamava. E ele falava, ele tinha esta qualidade, não guardar nada para ele, ele
ligava, achava ruim e falava. É uma coisa que eu não tenho esta facilidade, mas deveria!
235
MDG e AG – Vocês notavam alguma conotação de cunho político quando ele criava os projetos?
(Formação Marxista, socialista, democrático..) visão sócio-democrático!
HO – Não, só nesta visão de gostar de fazer jardins para o publico, ele era apolítico, não se envolvia muito com
políticos. Teve uma época, mais por amizade, na juventude, era socialista. Mas depois não tinha esta
preocupação, claro ele pensava muito na população, nas dificuldades, tanto que ele ajudava muitas pessoas,
tanto que o pessoal de onde ele morava, em Guaratiba, Rio de Janeiro, ele tinha o maior carinho pelas pessoas,
ele ajudava muita gente, todos os empregados eram ajudados muito por ele. Toda vez que viajava para fora, a
preocupação dele era de sempre trazer uma lembrança para todos os empregados, ia muito para os Estados
Unidos, não era rico, mas tinha um amigo que sabia onde comprar coisas mais baratas. Ia para Miami, vamos
comprar camisas para todo mundo (tipo outlet), iam comprar camisetas. Para as meninas do escritório também.
Quando ia para Malásia, onde tinha coisas muito vistosas, era para o escritório. Ele criou uma profissão que não
existi. Lá em Barra de Guaratiba, todos que sabem lidar com plantas aprenderam com ele, saíram do Sítio
(empregados). Ele vinha (para Laranjeiras) e voltava (para Guaratiba), acordava cedo, andava o sitio todo, dava
as ordens e vinha para cá.
MDG – Ele era muito ativo?
HO – Era difícil de acompanhá-lo. Nas excursões ele era o primeiro a acordar e o ultimo a dormir. Às vezes da
saudade dele.
236
Sobre o entrevistado
Haruyoshi Ono é arquiteto e paisagista tendo sido amigo e companheiro de trabalho de Roberto Burle
Marx (1909-1994). Atualmente é diretor da empresa Burle Marx & Cia, sediada no Rio de Janeiro - RJ, que
continua a criar jardins no Brasil e no exterior.
237
Anexo 31 – Entrevista com José Tabacow82
Marília Dorador Guimarães e Abílio Guerra
MDG e AG – Dos projetos listados abaixo, quais são de co-autoria com José Tabacow e Haruyoshi Ono?
José Tabacow – Em relação às obras de Rino Levi, a residência Olivo Gomes (1950) em São José dos Campos,
SP já havia sido feita antes de nossa entrada no Escritório. Entretanto, alguns anos depois do projeto original, a
família solicitou projeto para uma nova área (parquinho infantil, piscina e teatro ao ar livre), que fica atrás da
casa. Foi nossa primeira participação como desenhistas e estagiários. A residência dos Irmãos Gomes em
Ubatuba, SP (1965), fomos colaboradores. O projeto do Centro Cívico de Santo André, SP (1967) fomos
colaboradores e a residência Clemente Gomes no Pacaembu, em São Paulo, (1968) fomos colaboradores
também.
Em relação às obras de Marcello Fragelli e Burle Marx, o edifício São Luiz, em São Paulo (1976-84), o edifício
Macunaíma, em São Paulo (1979) e a SEW, em Guarulhos, SP (1978) fomos co-autores.
No caso dos projetos em parceria com Hans Broos, a Abadia de Santa Maria, em São Paulo (1975) e a residência
do arquiteto no Morumbi, em São Paulo (1978) – co-autores.
As obras de Miguel Juliano justamente com Burle Marx, foram o Parque Anhembi, em São Paulo (1968), fomos
Colaboradores, o edifício Promenade, em São Paulo (1970-72) fomos co-autores.
82 Entrevista realizada no dia 17 de fevereiro de 2011, por email
238
E as obras de Ruy Ohtake, a residência Luiz Izzo, no Morumbi, em São Paulo (1976) e a residência José Egreja,
em Penapólis, SP (1975) fomos co-autores.
OBS.: Haruyoshi Ono e eu entramos no Escritório em agosto de 1965. Formamo-nos em 1968. A partir daí,
ganhamos o “status” de co-autores. Antes fomos sucessivamente Colaboradores, Arquitetos Colaboradores e
Arquitetos Associados.
MDG e AG – Você se recorda como foram feitas as encomendas dos projetos? O contato foi feito pelo
arquiteto, pelo proprietário ou pela construtora?
JT – Variava muito. Mas alguns arquitetos costumavam sugerir o nome de Burle Marx sistematicamente aos
seus clientes. Entre eles, Ary Garcia Roza, Rino Levi, Jorge Machado Moreira. Havia também muitos casos em
que o proprietário procurava o escritório. As construtoras, com muito menos freqüência.
MDG e AG – Como foi a relação de Burle Marx com os arquitetos dos projetos em questão? Houve um
acordo entre os projetos arquitetônicos e paisagísticos?
JT – Raramente. Em geral o escritório só era chamado quando o projeto arquitetônico já estava feito. Muitas
vezes até depois da obra concluída ou quase. As exceções foram Rino Levi e Marcelo Fragelli. É possível que
haja outros que não me lembro, mas estes foram os principais.
MDG e AG – Há algum fator que caracterize uma relação específica de Burle Marx com os arquitetos de
São Paulo?
239
JT – Não que eu identifique. Mas houve uma época em que a incidência de projetos em São Paulo era muito
maior do que no Rio e em outras cidades. Talvez algo relacionado com o poder de consumo em São Paulo e
também a cultura de contar com um paisagista, que custou muito a se firmar no País.
MDG e AG – Em relação aos projetos em questão, o projeto paisagístico se iniciou junto, durante ou após
o projeto de arquitetura?
JT – Já respondido acima.
MDG e AG – Na concepção estética desses jardins há alguma relação com a pintura?
JT – Lúcio Costa menciona, em um texto de apresentação de catálogo pára uma exposição, que o Burle Marx
pintor se alimenta do Burle Marx paisagista e vice-versa, num vaivém contínuo. Creio que seria impossível não
haver uma relação de formas, composição, etc. Mas Roberto tinha consciência de que cada manifestação
(pintura, paisagismo, etc.) tinha sua linguagem própria. Assim, estas relações são muito mais subjetivas
podendo-se, em muitos poucos casos, identificar alguma convergência de concepção, porém muito sutil.
MDG e AG – Quando isso ocorria, havia algum método de transpor a palheta da pintura para o projeto
paisagístico?
JT – Não, ao contrário. Havia uma preocupação constante em definir processos de trabalho independentes. A
simples consideração das necessidades funcionais de um parque e das três dimensões já definia atitudes distintas
no trato e elaboração das formas e composições gerais. A idéia de que o Roberto paisagista é o mesmo Roberto
pintor, que usa o terreno como tela e as plantas como tinta é apenas uma metáfora da crítica especializada.
240
MDG e AG – Burle Marx era um artista que se preocupava com a recepção? Ele tinha alguma
expectativa sobre sentimentos ou sensações por parte do usuário?
JT – Não! Acho que ele consideraria tal preocupação como desonestidade. Ele pintava da forma como ele
queria e entendia a pintura. Nunca o vi manifestar uma intenção de maior aceitação, embora ele se queixasse da
falta de reconhecimento de sua pessoa como pintor no Brasil. Mas ele não seria desonesto a ponto de tentar
atender às expectativas em moda para ser aceito.
MDG e AG – Burle Marx entendia o papel do paisagismo em relação à arquitetura de forma clara e
objetiva? Qual seria este papel?
JT – Não poderia afirmar que sim, em sã consciência. Roberto falava muito da complementaridade e integração
entre paisagismo e arquitetura. Entretanto, quando ele achava que a arquitetura não tinha valor, não se
preocupava muito com tais convergências. Lembro-me, como exemplo, que no projeto do Centro Cívico de
Santo André ele achou que a paisagem urbana do entorno “não merece participar do jardim” e, se você examinar
a concepção daquele espaço, ele é completamente dissociado da paisagem do entorno (da que existia na época,
quase uma favela, e da que existe hoje). Neste sentido, o jardim tem fortes conotações de uma concepção do
barroco francês: geometria rígida, dissociação da paisagem do entorno, pouca compartimentação e visualização
a um só tempo de todo o conjunto. Isso pode parecer especulativo, mas o próprio Roberto chamava o jardim ao
lado da torre da Prefeitura de “parterre”! Sugestivo, não?
241
Sobre o entrevistado
José Tabacow é arquiteto paisagista, professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNISUL –
Universidade do Sul de Santa Catarina, atual editor do Jornal da Paisagem (www.jornaldapaisagem.unisul.br) e
Coordenador Editorial da revista ArKitéktón (www.arkitekton.unisul.br), é especialista em Ecologia e Recursos
Naturais pela UFES – Universidade Federal do Espírito Santo e doutor em Geografia pela UFRJ – Universidade
Federal do Rio de Janeiro, na área de concentração de Geoprocessamento. É sócio-gerente de Tabacow Chamas
& Associados, escritório de projetos de paisagismo e consultoria ambiental.
242
Anexo 32 – Entrevista com Maria Assunção Ribeiro Franco83
Marília Dorador Guimarães e Abílio Guerra
MDG e AG – Burle Marx tinha uma personalidade bastante complexa, sua obra é variada e rica. Quais
seriam, em sua opinião, os fatores que contribuíram para a consolidação desta personalidade?
Maria Assunção Ribeiro Franco – É complicado lhe responder esta questão, pois para isso seria necessário um
convívio direto à ele, ou você fazer o contato com os parentes, família, amigos com quem ele viveu. Todos os
artistas que pensam têm certa complexidade.
MDG e AG – Em que medida a formação européia recebida por Burle Marx viria a condicionar sua
atuação como paisagista e como artista?
MARF – Tem tudo a ver! Embora ele tinha ido para Europa não ficou tanto tempo assim. A família era
européia. No Brasil a cultura européia, as academias seguiam as normas e os padrões franceses de Paris. Aqui se
cultuava a cultura européia. Nossa elite sempre prestigiou a França e mais para frente os EUA. Sempre o Brasil
tinha esse “olhar” para fora.
MDG e AG – A senhora comentou que a arte dos jardins é uma obra transcendental – que gera energia,
vida, é poética e que povoa o imaginário – mas por outro lado tem a parte física. Em que medida tais
questões estão presentes nos jardins que Burle Marx projeta?
83 Entrevista realizada no dia 01 de março de 2011 na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo
243
MARF – Ele era uma pessoa super sensível. Sensível às cores, as formas. Ele passou isso tudo para os seus
jardins. É uma obra poética e transcendental. Para sentir é preciso ir até lá. A energia e a vida passa pelo traço é
a energia da forma. Se você está no centro de um jardim você sente se a energia é boa ou ruim. Para você sentir
você precisa se transportar para o sitio. O arquiteto, paisagista trabalha com a energia do local. Entendendo a
obra no sitio (in loco). Aí você sente estas questões que estamos falando, transcendental, energia, vida.
MDG e AG – A senhora teve contato com Roberto Burle Marx na fase final de sua carreira. Há alguma
característica especial que explica e/ou determina a obra tardia do paisagista?
MARF – O meu contato com Burle Marx não foi tão ao final de sua carreira, na verdade foi em épocas
diferentes. No final da década de 1970, ano 1978, eu estive em um Congresso de paisagistas no Mercado
Modelo de Salvador – BA onde houve um bate papo com Burle Marx. Ele foi muito agradável, envolvia à todos.
Ele falava que tinha aversão pela elite. Contava piadas sobre políticos e religiosos. E o outro contato que tive foi
nos anos 1980 em seu Sitio, atual Fundação Roberto Burle Marx.
MDG e AG – Em relação à sua atuação em São Paulo, há curiosidades ou detalhes de interesse, que
elucidem sua atuação no Estado?
MARF – Uma vez ouvi Burle Marx dizer: “Não tenho sorte com os projetos que desenvolvo em São Paulo
(capital).” Os projetos não eram bem interpretados. A obra era quase sempre interrompida.
MDG e AG – Em relação aos diversos arquitetos paulista com os quais trabalhou Burle Marx, há
comentários de interesse que o paisagista possa ter feito?
MARF – Não houve um contato tão intimo entre nós para que eu pudesse responder esta questão.
244
MDG e AG – Qual a relação entre as artes plásticas e botânica no paisagismo de Burle Marx?
MARF – Burle Marx em seu trabalho conseguiu envolver tanto as artes plásticas como fez quando somou a
botânica com o paisagismo. A gente vê claramente que os jardins dele têm influencia das artes plásticas. Se
olhar a planta de paisagismo, ela parece uma tapeçaria. Uma coisa rebate na outra. A botânica está nos tapetes,
nos murais, pisos, são motivos fortemente inspirados na vegetação. Ele utilizava desenhos da botânica e jogava
nos murais, pisos e jardins. A botânica entra como inspiração nas artes plásticas. Não dá para dizer onde
começou um e onde termina o outro. Rebate uma coisa na outra.
Sobre a entrevistada
Maria Assunção Ribeiro Franco arquiteta e paisagista, formada pela Universidade de São Paulo,
mestrado e doutorado em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo e livre-docência em
arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor titular da Universidade de São
Paulo, professor titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie, arquiteta diretora da Ribeiro Franco
Arquitetos Associados e diretora presidente do Espaço Cultural Oikos. Coordena as atividades do Laboratório
LABVERDE na FAUUSP desde 2007. Tem experiência em projetos e consultoria na área de Arquitetura e
Urbanismo, com ênfase em Desenho Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenho
Ambiental, Planejamento Ambiental, Infraestrutura Verde, Resiliência Urbana às Mudanças Climáticas,
Paisagismo, Arquitetura Paisagística, Desenvolvimento Sustentável, Qualidade Ambiental e Certificação
Ambiental. Tem dois livros publicados: Desenho Ambiental - uma introdução à arquitetura da paisagem com o
paradigma ecológico e planejamento ambiental para a cidade sustentável.
245
Anexo 33 – Lista de ilustrações
Introdução
Ilustração 1 – Apaburu Tarsila do Amaral. Fonte:
www.acvieira.arteblog.com.br/1645/Tarsila-do-Amaral-Abaporu-1928-OST/20/
Capítulo II
Ilustração 2 – Prédio da antiga Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro RJ. Fonte:
www.imagem.ufrj.br/index.php?acao=detalhar_imagem&id_img=1063
Ilustração 3 – Prédio da antiga Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil, atual Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizado na Avenida Rio Branco, no Centro da cidade do Rio de Janeiro.
Hoje o local abriga o Museu Nacional de Belas Artes. Fonte: Universidade Federal do Rio de Janeiro RJ
Ilustração 4 – Praça Euclides da Cunha, Recife PE. Roberto Burle Marx, 1935. Fonte: SCHWARTZ, Jorge
(org.). Brasil 1920-1950: de la antropofagia a Brasília. Valência, IVAM Centre Julio Gonzalez / Generalitat
Valenciana, 2000, p. 390
Ilustração 5 – Jardim do Ministério da Educação da Saúde, Rio de Janeiro RJ. 1940. Foto Nelson Kon Site:
www.vitruvius.com.br
Ilustração 6 – Projeto para o Golfe Clube da Pampulha, Belo Horizonte MG. Fonte: Acervo técnico da USP
Ilustração 7 – Entrada principal do Palácio de Cristal no Hyde Park, lugar onde ocorreu a Grande Exposição de
1851. Fonte: www.viajeporlondres.com/londres/historia/siglo19/siglo19.html
Ilustração 8– Parque do Araxá, Roberto Burle Marx, marquise de Francisco Bolonha
Ilustração 9 – Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. Fonte: BARDI, 1968
Ilustração 10 – Jardins do MAM, Rio de Janeiro RJ. Foto: Ramon R. LLera
246
Ilustração 11 – Roberto Burle Marx no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro RJ. Fonte:
www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx.html
Ilustração 12 – Perspectiva do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP. Fonte: Acervo técnico da USP
Ilustração 13 – Corte do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP. Fonte: Acervo técnico da USP
Ilustração 14 – Perspectiva do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP. Fonte: Acervo técnico da USP
Ilustração 15 – Banco Safra, Roberto Burle Marx, São Paulo SP 1980. Fonte:
www.vivercidades.org.br/publique_222/web/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1510&sid=18&tpl=printervie
w
Ilustração 16 – Tela de Burle Marx, MES, Rio de Janeiro RJ. Fonte: www.sefa.es.gov.br, acesso em 17/10/10
Ilustração 17 – Residência de Burle Marx. Fundação R. Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador
Guimarães
Ilustração 18 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustrações 19, 20, 21, 22 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 23 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 24 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração25 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 26 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 27 – Paisagem de Santa Teresa, Rio de Janeiro RJ. Roberto Burle Marx. Fonte: www.sefa.es.gov.br,
acesso em 17/10/10
Ilustração 28 – Catavento. R. Burle Marx. Fonte: www.sefa.es.gov.br, acesso em 17/10/10
Ilustração 29 – Begônias. Roberto Burle Marx. Fonte: www.sefa.es.gov.br, acesso em 17/10/10
Ilustração 30 – Parque Ecológico do Tietê, São Paulo SP. Fonte: Google images
247
Ilustração 31 – Proposta de Burle Marx para Parque Ecológico do Tietê, São Paulo. Fonte: O Estado de São
Paulo
Ilustrações 32 – Casa das Rosas, São Paulo. Fonte: www.sampaonline.com.br/postais/casadasrosas.htm
Ilustrações 33, 34, 35 – Parque Burle Marx, São Paulo SP. Fotos: Marília Dorador Guimarães
Ilustrações 36-37 – Parque do Flamengo, Rio de Janeiro Fonte: BARDI, 1968
Ilustração 38 – Residência Edmundo Cavanellas, Rio de Janeiro. Fonte:
www.cosmotrip.blogspot.com/2011/01/roberto-burle-marx.html
Ilustração 39 – Casa das Rosas e Edifício Parque Cultural Paulista, São Paulo. Fonte:
www.flickr.com/photos/twiga_swala/3622990226/
Ilustração 40 – Casa das Rosas, São Paulo. Fonte: Google images
Ilustração 41 – Jardins verticais de Burle Marx, Casa das Rosas, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 42 – Jardins verticais de Burle Marx, Casa das Rosas, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 43 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco Safra, São Paulo. Fonte: SIQUEIRA, Vera Beatriz. Burle
Marx. Op. Cit.
Ilustração 44 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco Safra, São Paulo. Fonte: SIQUEIRA, Vera Beatriz. Burle
Marx. Op. Cit.
Ilustração 45 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco Safra, São Paulo. Fonte: SIQUEIRA, Vera Beatriz. Burle
Marx. Op. Cit.
Ilustração 46 – Ilustração 46 – Painel do Edifício do Sesi-Fiesp. Roberto Burle Marx. Fonte: ANELLI, Renato;
GUERRA Abílio; KON, Nelson. Rino Levi: arquitetura e cidade. São Paulo: Romano Guerra, 2001.
Ilustração 47 – Maquete do Edifício do Sesi-Fiesp. Painel de Roberto Burle Marx e arquitetura de Rino Levi,
São Paulo SP. Fonte: Acervo digital Rino Levi. FAU PUC-Campinas/FAPESP
248
Ilustração 48 – jardins residência Olivo Gomes, são José dos campos SP, fonte:
www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/images/20090803-burlemarx08.jpg
Ilustração 49 – Fazenda Marambaia, Petrópolis RJ, 1947. Fonte:
www.casaeimoveis.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/06/18/livro-analisa-evolucao-do-paisagismo-no-
brasil.jhtm
Ilustração 50 – Centro Cívico de Santo André, Rino Levi, Santo André SP
Ilustração 51 – Edifício sede da Petrobras, Rio de Janeiro RJ Fonte:
Ilustração 52 – Abadia de Santa Maria. Foto: José Moscardi
Ilustração 53 – Fábrica da Unilever, Vinhedo SP, Rino Levi. Fonte:
www.arcoweb.com.br/arquitetura/paulo-bruna-fabrica-unilever-17-12-2001.html
Capítulo II
Ilustração 54 – Roberto Burle Marx. Fonte:
www.ridenoraraujo.blogspot.com/2011/04/roberto-burle-marx-o-maior-paisagista.html
Ilustração 55 – Rino Levi. Fonte: www. arquiteturabrasileirav.blogspot.com/2008/11/rino-levi.html
Ilustração 56 – Residência Olivo Gomes,Rino Levi, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 57– Foto aérea do terreno da Fazenda Parahyba, São José dos Campos, SP. Fonte: Google earth
Ilustração 58 – Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador
Guimarães
Ilustração 59 – Painel da residência Olivo Gomes, Burle Marx, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador
Guimarães
Ilustração 60 – Painel da residência Olivo Gomes, Burle Marx, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador
Guimarães
Ilustração 61 – Residência Olivo Gomes São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
249
Ilustração 62 – Residência Olivo Gomes, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 63 – Residência Olivo Gomes, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 64 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo
técnico da USP
Ilustração 65– Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo
técnico da USP
Ilustração 66 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo
técnico da USP
Ilustração 67 – Plantas e cortes residência Olivo Gomes, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo técnico da
USP
Ilustração 68 – Implantação Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo
técnico da USP
Ilustração 69 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo
técnico da USP
Ilustração 70– Jardim da Casa Forte, Roberto Burle Marx, Recife, PE. Fonte: SCHWARTZ, Jorge (org.). Brasil
1920-1950: de la antropofagia a Brasília. Valência, IVAM Centre Julio Gonzalez / Generalitat Valenciana,
2000, p. 390 apud GUERRA, Abilio. Lucio Costa, Gregori Warchavchik e Roberto Burle Marx: síntese entre
arquitetura e natureza tropical. Arquitextos, São Paulo, 03.029, Vitruvius, out 2002 <
www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.029/740>
Ilustração 71 – Fazenda Vargem Grande, Burle Marx, Areias, SP. Fonte:
www.sefaz.es.gov.br/painel/BMBio39.htm
Ilustração 72– Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Fonte:
www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.bb3205c597b9e36c3664eb10e2308ca0/?Id=6f086f487aebe0
10VgnVCM1000004c03c80a____&vgnextoid=91b6ffbae7ac1210VgnVCM1000002e03c80aRCRD
250
Ilustração 73 – Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Fonte:
www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.bb3205c597b9e36c3664eb10e2308ca0/?Id=6f086f487aebe0
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Ilustração 74 – Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Fonte:
www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.bb3205c597b9e36c3664eb10e2308ca0/?Id=6f086f487aebe0
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Ilustrações 75-76 – Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 77-78– Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 79 – Projeto paisagístico da residência dos irmãos Gomes, Burle Marx, Ubatuba, SP. Fonte:
GUERRA, Abílio. Arquitetura Brasileira: viver na floresta. Op. Cit.
Ilustração 80 – Cortes do projeto da residência dos Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Fonte: GUERRA,
Abílio. Arquitetura Brasileira: viver na floresta. Op. Cit.
Ilustração 81– Projeto paisagístico da residência dos irmãos Gomes, Burle Marx, Ubatuba, SP. Fonte:
GUERRA, Abílio. Arquitetura Brasileira: viver na floresta. Op. Cit.
Ilustração 82– Foto aérea do terreno. Centro Cívico de Santo André, SP. Fonte: Google earth
Ilustração 83-84 – Centro Cívico de Santo André, Rino Levi, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 85, 86, 87 – Centro Cívico de Santo André, Rino Levi, Santo André, SP. Foto Marília Dorador
Guimarães
Ilustração 88 – Centro Cívico de Santo André, Rino Levi, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 89– Projeto paisagístico Centro Cívico de Santo André, Burle Marx, Santo André, SP. Fonte: Acervo
técnico da USP
Ilustração 90 – Centro Cívico de Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
251
Ilustrações 91, 92, 93, 94 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle
Marx, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustrações 95, 96, 97, 98 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle
Marx, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustrações 99, 100, 101, 102 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle
Marx, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustrações 103, 104, 105 – Painéis em auto-relevo, Centro Cívico de Santo André, Roberto Burle Marx, SP.
Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 106 – Tapeçaria Centro Cívico Santo André, Roberto Burle Marx, Santo André, SP. Fonte:
www.alcacuz.com.br/blog/?p=375
Ilustrações 107 – 108 – Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo. Fonte:
www.casa.abril.com.br/arquitetura/livre/edicoes/0225/casas/mt_114402.shtml
Ilustração 109 – Projeto arquitetônico de Rino Levi para Residência Clemente Gomes, São Paulo. Fonte:
Acervo técnico da USP
Ilustração 110 – Projeto arquitetônico de Rino Levi para Residência Clemente Gomes, São Paulo. Fonte:
Acervo técnico da USP
Ilustração 111 – Residência Clemente Gomes, Pacaembu, São Paulo. Fonte:
www.casa.abril.com.br/arquitetura/livre/edicoes/0225/casas/mt_114402.shtml
Ilustração 112– Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo
Ilustração 113 – Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo
Ilustração 114 – Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo. Fonte:
www.casa.abril.com.br/arquitetura/livre/edicoes/0225/casas/mt_114402.shtml
Ilustrações 115 – Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo. Fonte:
www.casa.abril.com.br/arquitetura/livre/edicoes/0225/casas/mt_114402.shtml
252
Capítulo III
Ilustração 116 – Arquiteto Marcello Fragelli. Fonte: BARIANI, Márcio. Marcello Fragelli: arquitetura entre Rio
de Janeiro e São Paulo. Arquitextos, São Paulo, 05.057, Vitruvius, fev 2005
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.057/499>
Ilustrações 117-118 – Ed. Macunaíma, São Paulo. Ed. Rossi Leste, Marcello Fragelli, São Paulo. Fonte:
BARIANI, Márcio. Marcello Fragelli: arquitetura entre Rio de Janeiro e São Paulo. Arquitextos, São Paulo,
05.057, Vitruvius, fev 2005 < www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05. 057/499>
Ilustração 119 – Edifício Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustrações 120, 121, 122 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustrações 123, 124, 125 – Edifício Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 126 – Projeto paisagístico do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do
escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 127 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 128 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 129 – Desenhos de Burle Marx, edifício. Macunaíma, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do escritório
Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 130-131 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 132, 133, 134 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 135, 136, 137 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 138 – Projeto paisagístico do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do
escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 139 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 140– Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
253
Ilustrações 141, 142, 143, 144 – Bulbine, Alamanda, Aspargo, Bela Emilia. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 145– Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 146 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães
Ilustração 147 – Detalhe da cascata do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do
escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 148-149 – Ata de Reunião, SEW, Guarulhos, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle
Marx e Cia Ltda.
Ilustração 150 – Quaresmeira roxa. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 151 – Manacá da Serra. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 152 – Chuva de ouro. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 153 – Vedélia. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 154 – Pata de vaca. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 155 – Primavera. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 156– Bulbine. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 157 – Allamanda. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 158 – Lírio vermelho. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 159 – Cambara. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 160 – Bela Emilia. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 161 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP. Fonte: Revista PROJETO
Ilustração 162 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO
Ilustrações 163-164 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO
254
Ilustração 165 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO
Ilustração 166 –SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO
Ilustração 167 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO
Ilustrações 168–169 – Primeiros estudos para projeto paisagístico SEW, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo
técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 170–171 – Projeto paisagístico SEW, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle
Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 172–173 – Projeto paisagístico SEW, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle
Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 174–175 – Projeto paisagístico SEW, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle
Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 176-177 – Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Nelson Kon
Ilustrações 178-179 – Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Nelson Kon
Ilustração 180 – Planta do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo. Fonte: FRAGELLI, Marcello. Op.
Cit.
Ilustração 181 – Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Nelson Kon
Ilustração 182 – Plantas do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo. Fonte: FRAGELLI, Marcello. Op.
Cit.
Ilustração 183 – Elevação do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo. Fonte: FRAGELLI, Marcello. Op.
Cit.
Ilustrações 184, 185, 186, 187, 188, 189 – Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo. Fotos: Nelson Kon
Ilustração 190 – Detalhe dos desenhos de Burle Marx para o edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo
255
Ilustrações 191, 192, 193 – Detalhe dos desenhos de Burle Marx para o edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São
Paulo
Ilustração 194– Projeto paisagístico para o edifício São Luiz Burle Marx, São Paulo. Fonte: FRAGELLI,
Marcello. Op. cit., p.374
Ilustrações 195, 196, 197, 198 – Edifício São Luis, São Paulo. Fotos: Nelson Kon
Capítulo IV
Ilustração 199 – Hans Broos. Fonte:
www.arcoweb.com.br/entrevista/hans-broos-arquiteto-austriaco-02-05-2005.html
Ilustrações 200-201 – Hering do Nordeste. Foto José Moscardi
Ilustrações 202-203 – Hering do Nordeste. Fotos José Moscardi
Ilustrações 204-205 – Abadia de Santa Maria. Fotos: José Moscardi
Ilustração 206 – Convento de Santa Maria de La Torette. Le Corbusie, Eveux 1957-1960 – França. Fonte:
www.flickr.com/photos/jmtp/2720156924/
Ilustração 207 – Capela de Notre Dame, 1955, Rochamp, França. Fonte:
www.arkitectos.blogspot.com/2007_02_01_archive.html
Ilustração 208 – Catedral de Brasília, Oscar Niemeyer, Brasília DF Fonte:
www.armazemdamirinha.blogspot.com/2007_12_01_archive.html
Ilustração 209 – Igreja da Pampulha, Oscar Niemeyer, Belo Horizonte MG. Fonte:
www.mtaqui.com.br/?p=17398
Ilustração 210 – Abadia de Santa Maria. Foto: José Moscardi, São Paulo SP
Ilustração 211 – Abadia de Santa Maria. Foto: José Moscardi, São Paulo SP
Ilustração 212 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, São Paulo SP
Ilustração 213 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, São Paulo SP
256
Ilustração 216 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do
escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 217 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do
escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 218- 219 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo
técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 220-221 – Painéis Abadia de Santa Maria. Fotos: José Moscardi
Ilustrações 222-223 – Implantação Abadia de Santa Maria. São Paulo SP, Hans Broos. Fonte: Acervo técnico do
escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 224 – Planta Baixa Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP. . Fonte: DAUFENBACH,
Karine. op. cit. p.112
Ilustração 225 – Projeto paisagístico Abadia de Santa Maria, Burle Marx, São Paulo SP. Fonte: Acervo técnico
do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 226, 227, 228, 229, 230 – Manacá da Serra, liriope, grama preta, alternanthera amoena, lírio amarelo
Ilustrações 231-232 – Projeto paisagístico Abadia de Santa Maria, São Paulo SP, Roberto Burle Marx
Ilustração 233 – Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP. Fonte: DAUFENBACH, Karine. op. cit.
p.112
Ilustração 234 – Projeto paisagístico da Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP. Fonte: Acervo
técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 235 – Hans Broos: Residência do arquiteto, Hans Broos, São Paulo. Fonte: DAUFENBACH, Karine.
op. cit. p.112
Ilustração 236 – Hans Broos: Residência do arquiteto, Hans Broos, São Paulo. Fonte: DAUFENBACH, Karine.
op. cit. p.112
257
Ilustração 237 – Planta Baixa da residência, Hans Broos. Fonte: DAUFENBACH, Karine. op. cit. p.112
Ilustração 238 – Residência do arquiteto Hans Broos, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle
Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 239, 240, 241, 242 – Cartas de Hans Broos a Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle
Marx e Cia Ltda.
Ilustração 243 – Primeiros estudos para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx. Fonte: Acervo técnico
do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 244 – Primeiros estudos para painel da residência de Hans Broos, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo
técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 245 – Projeto final para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do
escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 246 – Estudo para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do
escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 247 – Cambara. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 248 – Alamanda. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 249 – Azaléia. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 250 – Dracena. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 251 – Primavera. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 252 – Vedelia. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 253 – Projeto paisagístico da residência de Hans Broos, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico
do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Capítulo V
Ilustração 254 – Maquete Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano
258
Ilustração 255 – Foto geral Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano
Ilustração 256 – Detalhe da paginação do piso do Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel
Juliano
Ilustração 257 – Planta Geral do Parque Anhembi. Fonte: Acervo Técnico Miguel Juliano. Fonte: Acervo
técnico Miguel Juliano
Ilustração 258 – Paisagismo do entorno do Palácio de Convenções, Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo
técnico Miguel Juliano
Ilustração 259 – Paisagismo entre Hotel e Marginal, Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel
Juliano
Ilustrações 260-261 – Projeto de paisagismo para o entorno do Pavilhão de exposições, Burle Marx, Parque
Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano
Ilustração 262 – Projeto de paisagismo para o entorno do Pavilhão de exposições, Parque Anhembi, São Paulo.
Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano
Ilustração 263 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel
Juliano
Ilustração 264 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel
Juliano
Ilustração 265 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel
Juliano
Ilustração 266 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel
Juliano
Ilustração 267 – Projeto paisagístico do Edifício Promenade, Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte:
Acervo técnico Miguel Juliano
259
Ilustração 268 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel
Juliano
Ilustração 269 – Memorial descritivo do Edifício Promenade, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano
Capítulo VI
Ilustração 270 – Residência Luiz Izzo. Ruy Ohtake, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo técnico do escritório Ruy
Ohtake
Ilustração 271 – Planta da Residência Luiz Izzo. Ruy Ohtake, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo técnico do
escritório Ruy Ohtake
Ilustrações 272, 273, 274, 275 – Barba de serpente, Agapanto, Babosa de pau, Bela Emilia. Fonte:
www.jardineiro.net
Ilustração 276 – Projeto paisagístico da Residência Luiz Izzo. Burle Marx, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo
técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 277 – Projeto paisagístico da Residência Luiz Izzo. Burle Marx, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo
técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 278, 279, 280 – Residência Luiz Izzo, Ruy Ohtake, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo técnico do
escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustrações 281, 282 – Residência José Egreja, Ruy Ohtake, Penápolis, SP, 1975. Fonte: Acervo técnico do
escritório Ruy Ohtake
Ilustração 283 – Lírio. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 284 – Lambari. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustrações 285, 286 – Cássia bicapsularis, Salvia. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustrações 287, 288 – Grama coreana, Grama batatais. Fonte: www.jardineiro.net
260
Ilustração 289 – Residência José Egreja, Ruy Ohtake, Penápolis, SP, 1975. Fonte: Acervo técnico do escritório
Ruy Ohtake
Ilustração 290 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 291 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 292 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 293 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 294 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 295 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 296 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 297 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 298 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 299 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:
Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
Ilustração 300 – Carta enviada pelo Sr. José Egreja à José Tabacow, Penápolis, SP, 1974. Fonte: Acervo técnico
do escritório Burle Marx e Cia Ltda.
261
Ilustração 301 – Foto panorâmica da residência José Egreja em Penápolis, SP, 1975. Fonte: Acervo técnico do
escritório Ruy Ohtake
Anexo 28 – Realizações internacionais
Ilustração 302 – Plano del Parque del Este. Caracas. Fonte:
www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html
Ilustração 303 – Praça Peru, Buenos Aires, Argentina. Fonte: Acervo técnico da USP
Ilustração 304 – Praça Peru, Buenos Aires, Argentina. Fonte: Acervo técnico da USP
Ilustração 305 – Byscaine Boulevard Miami, EUA. Fonte:
www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html
Ilustração 306 – Praça do Teatro Rosa Luxemburgo Berlim. Fonte:
www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html
Ilustração 307 – Residência Burton Tremaine Califórnia, EUA. Fonte:
www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html
Anexo 29 – Resumo de sua trajetória
Ilustração 308 – Parque Rogério Phyton, em Brasília. Fonte:
www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html
Ilustração 309 – Projeto do Parque do Flamengo. Fonte:
www.urbanamente.net/blog/2010/09/07/domingo-no-parque-espaco-publico-e-urbanidade/
Anexo 30 – Entrevista com o paisagista Haruyoshi Ono
Ilustração 310 – Marília e Haruyoshi Ono. Foto: Marília Dorador Guimarães
Ilustrações 311, 312, 313 – Edifício Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Marília Dorador
Guimarães
262
Ilustrações 314, 315, 316 – Edifício Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Marília Dorador
Guimarães
Ilustração 317 – Esta planta ele usou bastante uma época. Camarão (Justicia brandejeana). Fonte:
www.jardineiro.net
Ilustração 318 – Bauhinia blakeana – pata de vaca. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustração 319 – Este desenho (foto abaixo) é do Parque Anhembi, que boa parte não foi executada. Tinha um
grande lago e estas esculturas seriam colocadas dentro de ilhas. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano
Ilustração 320 – Projeto do Edifício Promenade, São Paulo, Miguel Juliano e paisagismo de Burle Marx. Fonte:
Acervo técnico Miguel Juliano
Ilustração 321 – Canela de ema Velosiácea. Fonte: www.jardineiro.net
Ilustrações 322, 323, 324, 325 – Blue Tree Towers Ruy Ohtake, Brasília, DF. Fonte:
www.brasembottawa.org/cd/arq_6.3.4.blue_tree_park.htm