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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ROBERTO BURLE MARX: A CONTRIBUIÇÃO DO ARTISTA E PAISAGISTA NO ESTADO DE SÃO PAULO MARÍLIA DORADOR GUIMARÃES [email protected] São Paulo 2011

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

ROBERTO BURLE MARX: A CONTRIBUIÇÃO DO ARTISTA E PAISAGISTA NO ESTADO DE SÃO

PAULO

MARÍLIA DORADOR GUIMARÃES

[email protected]

São Paulo

2011

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MARÍLIA DORADOR GUIMARÃES

ROBERTO BURLE MARX:

A CONTRIBUIÇÃO DO ARTISTA E PAISAGISTA NO ESTADO DE SÃO PAULO

ORIENTADOR: Prof. Dr. Abílio da Silva Guerra Neto

São Paulo

2011

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Universidade Presbiteriana

Mackenzie, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Arquitetura e

Urbanismo

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G963r Guimarães, Marília Dorador

Roberto Burle Marx: a contribuição do artista e paisagista no

Estado de São Paulo. / Marília Dorador Guimarães – 2011.

262 f. : il. ; 30cm

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) -

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo,

2011.

Bibliografia: f. 177-184.

1. Burle Marx, Roberto. 2. Arquitetura 3. Arte e Cultura.

4. Paisagismo. I. Título.

CDD 712

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MARÍLIA DORADOR GUIMARÃES

ROBERTO BURLE MARX:

A CONTRIBUIÇÃO DO ARTISTA E PAISAGISTA NO ESTADO DE SÃO PAULO.

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________________________

Dr. Abílio Guerra

Universidade Presbiteriana Mackenzie

____________________________________________________________________________________

Dra. Maria Assunção Ribeiro Franco

Universidade Presbiteriana Mackenzie

____________________________________________________________________________________

Dr. Renato Luiz Sobral Anelli

Instituto de Arquitetura e Urbanismo

Universidade de São Paulo

Dissertação apresentado à Universidade Presbiteriana

Mackenzie, para obtenção parcial do título de Mestre em

Arquitetura e Urbanismo.

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João Zacheu pela presença constante, dedicação e compreensão durante este caminho.

Aos meus pais e irmãos que me ajudaram e me deram a oportunidade de concluir este trabalho e

Deus, pelos desafios desta oportunidade.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Abílio Guerra, pelas valiosas contribuições durante o desenvolvimento desta pesquisa.

Pelas críticas construtivas e sutilezas de suas observações.

Aos professores das disciplinas cursadas dentro do programa de mestrado os quais, entusiasmados com o

tema, proporcionaram o enriquecimento desta pesquisa.

Prof. Dr. Maria Assunção Ribeiro Franco pelas palavras de ajuda.

Prof. Dr. Renato Anelli.

José Tabacow; Haruyoshi Ono, Isabela Ono, Julio Ono – escritório Burle Marx e Cia Ltda; Rodrigo

Ohtake – escritório Ruy Ohtake; Almir Sleiman Mihessen; Sra. Abadessa Maria Helena e à todas as irmãs da

Abadia de Santa Maria, especialmente à Irmã Agnis; Sr. José Agostinho – zelador do Edifício Macunaíma;

Marco Juliano – filho de Miguel Juliano (Acervo Técnico); E a todos que, de forma direta ou indireta,

contribuíram para este trabalho.

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RESUMO

Tendo como tema a obra do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), a presente pesquisa pretende

analisar a produção de seus projetos paisagísticos, que englobam: jardins públicos e jardins privados no Estado

de São Paulo.

Num primeiro momento o trabalho procura comentar sobre a formação artística do paisagista Roberto

Burle Marx, observando a importância de seu desenvolvimento intelectual e as referências de outros artistas.

Através de seu paisagismo, Burle Marx concilia seu aprendizado artístico com sua prática paisagística

trabalhando com os elementos da natureza. Sua formação brasileira, com passagem na Europa corrobora para

sua vontade explícita de diálogo com o ambiente brasileiro, o saber empírico trabalhado sobre as bases da

modernidade gera um paisagismo que busca legitimidade.

PALAVRAS-CHAVE: Roberto Burle Marx, Arquitetura, Arte e Cultura, Paisagismo.

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ABSTRACT

The theme of this research is the work of Roberto Burle Marx (1909-1994), a landscape artist.

The research intends to analyze the production of its landscaping projects, which includes public and private

gardens in the State of São Paulo.

At first, the project seeks to note the artistic development of the landscape made by Roberto Burle Marx,

highlighting importance of his intellectual development and references to other artists.

Through his landscaping, Burle Marx puts together his artistic vein with his practical knowledge of the

landscape elements. Even after studying in Europe, Burle Marx makes his dialogue with the Brazilian

environment explicit in his work; his empirical knowledge, carved by the ideals of the modernity, generates a

landscape that dwells on legitimacy.

KEYWORDS: Roberto Burle Marx, Architecture, Art and Culture, Landscaping.

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“Nossa ação e nosso saber modificam e ao mesmo tempo são modificados pelo mundo. As ciências

exatas, as ciências biológicas, as ciências humanas e os conhecimentos da arte precisam se interligar, para que

uma compreensão abrangente estruture a capacidade de criar em paisagismo”

Roberto Burle Marx

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

CAPÍTULO I 16

1. A formação artística de Roberto Burle Marx 16

1.1. Escola Nacional de Belas Artes 18

1.2. Características de jardins 30

1.3. Fundação Roberto Burle Marx – antigo Sítio Santo Antônio da Bica 34

1.4. O pensamento do artista – pintura versus jardins 38

1.5. Roberto Burle Marx – projetos em São Paulo 39

CAPÍTULO II 54

2. Burle Marx e Rino Levi Arquitetos Associados 54

2.1. Residência Olivo Gomes, 1950-1965 56

2.2. Residência dos Irmãos Gomes, 1965 64

3.3. Centro Cívico de Santo André, 1967 69

4.4. Residência Clemente Gomes, 1968 79

CAPÍTULO III 83

3. Burle Marx e Marcello Fragelli 83

3.2. Edifício Macunaíma, 1976-1984 84

3.3. SEW Eurodrive, 1976-1984 96

3.3. Edifício São Luiz, 1976-1984 109

CAPÍTULO IV 117

4. Burle Marx e Hans Broos 117

4.1 Abadia de Santa Maria, 1975 118

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4.2. Residência do arquiteto, 1978 134

CAPÍTULO V 145

5. Burle Marx e Miguel Juliano 145

5.1. Parque do Anhembi, 1968 152

5.2. Edifício Promenade, 1970

CAPÍTULO VI 157

6. Burle Marx e Ruy Ohtake 157

6.1. Residência Luiz Lucio Constabile Izzo, 1975 162

6.2. Residência José Egreja, 1975

CONSIDERAÇÕES FINAIS 172

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 175

ANEXOS 183

Anexo 01 – Ficha 01: Residência Olivo Gomes 184

Anexo 02 – Ficha 02: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 185

Anexo 03 – Ficha 03: Residência dos Irmãos Gomes 186

Anexo 04 – Ficha 04: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx. 187

Anexo 05 – Ficha 05: Centro Cívico de Santo André 188

Anexo 06 – Ficha 06: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 189

Anexo 07 – Ficha 07: Residência Clemente Gomes 190

Anexo 08 – Ficha 08: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 191

Anexo 09 – Ficha 09: Edifício Macunaíma 192

Anexo 10 – Ficha 10: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 193

Anexo 11 – Ficha 11: SEW 194

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Anexo 12 – Ficha 12: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 195

Anexo 13 – Ficha 13: Edifício São Luiz 196

Anexo 14 – Ficha 14: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 197

Anexo 15 – Ficha 15: Abadia de Santa Maria 198

Anexo 16 – Ficha 16: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 199

Anexo 17 – Ficha 17: Residência Hans Broos 200

Anexo 18 – Ficha 18: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 201

Anexo 19 – Ficha 19: Parque Anhembi 202

Anexo 20 – Ficha 20: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 203

Anexo 21 – Ficha 21: Edifício Promenade 204

Anexo 22 – Ficha 22: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 205

Anexo 23 – Ficha 23: Residência Luiz Izzo 206

Anexo 24 – Ficha 24: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 207

Anexo 25 – Ficha 25: Residência José Egreja 208

Anexo 26 – Ficha 26: Comparação com outras obras de Roberto Burle Marx 209

Anexo 27 – Lista de projetos paisagísticos no estado de São Paulo 210

Anexo 28 – Realizações internacionais 215

Anexo 29 – Resumo de sua trajetória 218

Anexo 30 – Entrevista com Haruyoshi Ono 219

Anexo 31 – Entrevista com José Tabacow 235

Anexo 32 – Entrevista com Maria Assunção Ribeiro Franco 240

Anexo 33 – Lista de ilustrações 243

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INTRODUÇÃO

Os jardins do século XX no Brasil foram caracterizados pela consolidação do modernismo no país.

Segundo Lauro Cavalcanti,1 houve três figuras que realizaram importantes mediações e deram um sotaque

particular e original ao movimento trazido por Le Corbusier, em 1929: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Roberto

Burle Marx.

Segundo o autor, Lúcio Costa imprimiu uma dimensão histórica que estabeleceu uma profundidade de

dialética entre as novas formas e a tradição construtiva local. Já Oscar Niemeyer introduziu a graça formal a partir

da exploração radical da tecnologia do concreto armado. Por fim, Burle Marx criou o paisagismo tropical e uma

linguagem de jardins tão internacional quanto moderna.

Antes de Burle Marx, a organização espacial das plantas obedecia às rígidas topiárias francesas ou às

ondulantes oscilações britânicas de planos; pinheiros, ciprestes e tulipas sofriam com a umidade do calor

tropical, mas imperavam, geralmente em triste estado, nos jardins das casas brasileiras. Segundo Cavalcanti, foi

o que Bruno Zevi se referiu como a mediação entre o racionalismo e a natureza brasileira efetuada pelo “gênio

Burle Marx”.2

1 CAVALCANTI, Lauro. Ensaio: Roberto Burle Marx 100 anos: a permanência do instável, p. 3.

2 Idem, ibidem, p. 3.

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A inclusão de espécies nativas brasileiras foi um marco diferencial nos jardins de Burle Marx. Quando em

Recife, como diretor de parques da cidade, ele introduz o mandacaru3 nos jardins da Praça Euclides da Cunha, o

que gera polêmica para a sociedade da época, e ao mesmo tempo, começa a traçar a sua carreira de sucesso.

As espécies nativas utilizadas por Roberto Burle Marx nos jardins de Recife, como o mandacaru e a

vegetação nativa do nordeste brasileiro, foram idéias derivadas do modernismo paulista. Podemos citar as

pinturas de Tarsila do Amaral e os jardins desenhados por Mina Klabin para as residências modernistas de seu

esposo, Gregori Warchavchik. Todos os três haviam aderido ao moderno regional e à busca da identidade

nacional defendidas pelos líderes do movimento, Mário e Oswald de Andrade. Warchavchik será convidado por

Lúcio Costa a ser professor da Escola Nacional de Belas Artes e ambos serão sócios em escritório que

desenvolverá os primeiros projetos modernos no Rio de Janeiro. Como partirá de Lúcio Costa o convite para

Burle Marx projetar seu primeiro jardim, o circuito de transmissão dos princípios estéticos se fecha.4

Os parques, as praças e os espaços livres no Brasil foram criados como elementos de valorização dos

edifícios mais importantes das cidades, notadamente as igrejas, e também como locais de concentração das

práticas sociais e comerciais de seus cidadãos.5

3 O mandacaru aparece como símbolo de brasilidade em diversas pinturas de Tarsila do Amaral na década de 1920, em especial no seu

período antropofágico. Este tipo de cactos aparece também em jardins de Mina Klabin, como será comentado a seguir.

4 Cf. GUERRA, Abílio. Lucio Costa, Gregori Warchavchik e Roberto Burle Marx: síntese entre arquitetura e natureza tropical.

5 BARRA, Eduardo. O homem e a paisagem construída.

Ilustração 1 – Abapuru, Tarsila do Amaral

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A partir dos anos 1960 e 1970, as praças e parques brasileiros começaram a receber novas funções, além

de um local de ponto de sociabilidade, esses espaços recebem novas temáticas, permitindo que os usuários

respirem, mantenham contato com a natureza.

Roberto Burle Marx atuou em diversas cidades do território nacional e internacional. Ele faz parte da

história do paisagismo do século XX, marcado pelos jardins modernos, que era o seu principal destaque.

Segundo Eduardo Barra, “Burle Marx entrou com a mentalidade, a cultura e a arte, introduzindo visões muito

avançadas sobre natureza, estética e percepção do espaço livre”.6 Ele atuou em diversas frentes no território

nacional e internacional, nos deixando uma herança cultural muito valiosa.

Burle Marx teve uma formação cultural atípica para os padrões determinados de sua época. Ele era um

artista completo que se destacou na arte de fazer paisagismo. Era artista plástico, pintor, escultor, músico,

joalheiro e adorava cozinhar.

Roberto Burle Marx teve a oportunidade de morar na Europa, onde estudou pintura e descobriu de fato a

sua profissão.

De volta ao Brasil, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes e entrou em contato com os modernistas

(arquitetos, pintores, intelectuais e artistas). Fato decisivo e marcante para a sua iniciação na carreira

profissional, graças a Lucio Costa.

6 Idem, ibidem.

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Portanto, no primeiro capítulo desta dissertação estudamos a formação artística do paisagista Roberto

Burle Marx, seus primeiros passos e a grande descoberta de sua profissão. Analisamos todo o seu percurso

intelectual, sua ida à Europa por cerca um ano e meio, o contato com as vanguardas e a sua descoberta como

paisagista.

Finalizamos o primeiro capítulo com a sua passagem por São Paulo. Suas principais obras e

comparações com outros jardins.

Nos capítulos posteriores, estudamos sobre as parcerias de trabalho entre Roberto Burle Marx e os

arquitetos. Foi desenvolvida uma análise crítica de todas as obras escolhidas, através de uma vasta pesquisa

bibliográfica e pesquisa em campo.

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CAPÍTULO I

1. A formação artística de Roberto Burle Marx

A partir da década de 1930, as obras paisagísticas de Roberto Burle Marx começaram a ser notadas por

sua riqueza e peculiaridade de composição formal.

Na década de 1950, com a ascensão do movimento moderno na arquitetura brasileira – processo que

nasceu no Rio de Janeiro, fruto do trabalho de arquitetos como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer7 – Burle Marx

atuou como paisagista e artista em muitas regiões do Brasil inclusive no Estado de São Paulo.

Apesar de Burle Marx ter nascido em São Paulo, foi no Rio de Janeiro que se estabeleceu por toda a sua

vida.

Sua família, mãe pernambucana e pai alemão, pessoas cultas que transmitiram aos filhos o gosto pela

cultura, dando-lhes a melhor educação possível.

Em 1928, a família Marx viajou à Alemanha. A princípio para Roberto tratar de um problema

oftalmonológico e também para realizar o desejo dos pais, que os filhos tivessem contato com a cultura

européia.

7 VAZ, Carlos Eduardo. As linguagens compositivas de Roberto Burle Marx: aplicação e caracterização pela gramática da forma.

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Burle Marx aproveitou a ebulição cultural que estava ocorrendo naquele momento na Europa e passou a

freqüentar museus, concertos de músicas, óperas, espetáculos de balé. “Descobriu” as vanguardas modernas

como Matisse, Guaguin, Van Gogh – este fizera com que Roberto decidisse tornar-se ele mesmo um pintor.8

Para Burle Marx foi um choque cultural tão brutal que não conseguia esquecer. Segundo o próprio

artista, sofreu uma paralisia, uma indigestão que levou anos para assimilar. As obras vistas na Europa seriam

absorvidas durante quase quarenta anos e iriam emergir como uma base remota para suas próprias pinturas

abstratas, quando finalmente atingiu esta fase.

Além do contato com as artes plásticas, ele visitava as estufas do jardim botânico de Dahlen, onde

observou a exuberância das espécies nativas brasileiras.

Este encantamento pela flora brasileira, observado nas estufas da Alemanha, fez com que ele iniciasse o

gosto pelo paisagismo. Freqüentador habitual do jardim botânico, onde exercitava pintura de observação,

percebeu que o que mais lhe magnetizava o olhar eram as plantas da estufa, suas velhas conhecidas, cuja pujança

e gama de tons de verde, antes quase despercebida, eram acentuadas pelo ar invernal.9

Este contato foi fundamental para Burle Marx despertar as questões artísticas e paisagísticas.

8 FLEMING, Laurence. Op. cit., p. 31.

9 CAVALCANTI, Lauro; EL-DAHDAH, Farès. Roberto Burle Marx a permanência do instável – 100 anos, p. 49.

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A família retornou ao Rio e se instalou no bairro do Leme. Foi ali que Lúcio Costa observou os jardins

com exuberantes arranjos florais que Roberto criava. O contato com Lúcio Costa foi fundamental para a sua

vida pessoal e profissional.

1.1. Escola Nacional de Belas Artes

Em 1930, Lúcio Costa foi convidado a assumir a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes – ENBA.

Foi lá que orientou Burle Marx, na ocasião cursando arquitetura, a se rematricular no curso de pintura. Esta

orientação foi importante, pois a partir daí ele entra em contato com artistas plásticos, como: Leo Putz e Candido

Portinari.

Burle Marx foi intérprete de Putz, pintor alemão, e aprendia muito quando conversavam sobre como os

conceitos de pintura poderiam ser aplicados no paisagismo, à respeito dos ritmos e cores, sobre a harmonia,

contrastes e opostos, texturas e superfícies. Leo Putz dizia a Roberto: “é preciso organizar e interpretar a

natureza”.10

O conceito de pintura que Burle Marx conhecia era o naturalista: pintar as coisas como elas realmente

são, como nós a vemos. Em uma de suas aulas, observando Putz pintar, Burle Marx percebeu que ele pintava o

objeto de modo diferente como ele era na vida real, então o questionou, e Leo Putz respondeu: “Roberto, a

10 FLEMING, Laurence. Op. cit., p. 31.

Ilustração 2 – Prédio da antiga Escola

Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro RJ

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natureza é somente um pretexto... Podemos dizer que a arte é uma transposição da natureza”. Essa explicação foi

suficiente para que Burle Marx começasse a mudar seu estilo de trabalhar.11

Foi então que ele passa da pintura figurativa para a pintura abstrata. Naquela época era necessário

romper com o academicismo, com a idéia de copiar aquilo que se via. Ainda que, para ele, copiar era uma prática

importante, pois podia se observar um ritmo diferente ou uma nova cor.

Na escola, recebeu orientação acadêmica e contato com as novas tendências artísticas e com intelectuais,

arquitetos e artistas plásticos que contribuíram para a criação de uma identidade nacional. A partir daí, ele

estabelece um elo entre arquitetura e paisagismo.

As aulas de alguns professores e o contato com as vanguardas européias foram valiosas para que ele

fizesse eclodir o gênio, pois um pintor não pode criar seu próprio estilo sem primeiro ter adquirido os meios de

expressão que a inspiração dos grandes mestres lhe proporciona. A fase das pinturas de Burle Marx, no final dos

anos 1920 até inicio dos anos 1940, revela-se presa ao expressionismo, seja na escolha dos temas, seja na

ordenação das figuras na tela, nas cores e na sensação psicológica que o autor deseja exprimir em seus

autorretratos, retratos de pessoas mais simples da sociedade, nus, naturezas-mortas, cais do porto e favelas.

Contudo, ele não finalizou o curso de pintura na ENBA. Como o ensino, apesar de alguns professores,

era acadêmico. Burle Marx, porém, era adepto das vanguardas modernas, o que fez com que seus professores (os

mais acadêmicos) não aceitassem sua opção, o que levou a sua expulsão do curso. O que para Lúcio Costa foi

11 Idem, ibidem, p. 35.

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difícil lidar. A academia ficou em crise (não somente por isso, mas também por outras questões de âmbito

financeiro e político) e logo fechou. Lúcio Costa foi destituído do cargo em 1931.

Com o fim da gestão na ENBA, Lúcio Costa manteve o escritório com Gregori Warchavchik até o ano de

1933.

Em 1932, Burle Marx aceitou o convite de Lúcio Costa e de Gregori Warchavchik para realizar o projeto

do jardim da residência da família Schwartz, Burle Marx associou os dois estilos – a casa branca simples e as

florações exuberantes de cores vivas e brilhantes. Este jardim foi muito comentado na época e notado por

muitos, levando Burle Marx à indicação de diretor de Parques e Jardins de Recife.

Sua estadia em Recife foi marcada por polêmicas.12

Ao introduzir canas vermelhas nos canteiros

aquáticos da Casa Forte, o paisagista teve que renunciar o cargo e retornou ao Rio e retomou seus estudos na

escola, agora com Portinari. Também foi convidado para realizar uma de suas obras que marcariam o início de

carreira – os jardins da nova sede do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Capanema.

Burle Marx tinha um objetivo, queria livrar o paisagismo brasileiro da herança européia. Esta visão

inovadora ia de encontro com aquilo que estava radicado no Brasil, um modelo europeizante de longas décadas.

Sua vontade maior era semear o verdadeiro espírito da alma brasileira, divulgando o senso de brasilidade através

12 Era 1935, o ano da Intentona Comunista, e o prefeito de Recife demitiu Roberto. Esta época se caracteriza por um período de muitos

conflitos político-sociais.

Ilustração 4 – Praça Euclides da Cunha,

Roberto Burle Marx, Recife PE, 1935

Ilustração 3 – Praça Euclides da Cunha,

Roberto Burle Marx, Recife PE, 1935

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da composição de seus jardins. A proposta era a criação de um paisagismo tipicamente brasileiro. Fazendo-o

através da introdução de plantas nativas, recolhidas nas redondezas de Recife.

De acordo com Vera Beatriz Siqueira, Burle Marx adaptou os modelos e conceitos europeus de se fazer

jardins melhorando e evoluindo para uma nova concepção de paisagismo.

O terraço-jardim do MES foi inovador e a partir daí sua carreira profissional só tendia a crescer.

Segundo Guilherme Mazza Dourado, Burle Marx teve no edifício do Ministério da Saúde e Educação

uma espécie de pós-graduação informal em pintura, como assistente de Portinari nos afrescos, e em paisagismo,

com a interlocução com Lucio Costa. O exame das suas três propostas para o jardim do ministério revela o lento

e discutido processo até chegar ao brilhante resultado final.13

Em 1944, Roberto estava envolvido com as obras de Pampulha. Juscelino Kubitschek prefeito de Belo

Horizonte tinha a intenção de construir um complexo cultural e de diversões no bairro da Pampulha. JK

convidou Oscar Niemeyer que projetou os edifícios e Burle Marx os jardins.

Pampulha era um projeto ambicioso. O complexo compreendia: uma igreja, um cassino, um iate clube,

um salão de baile com restaurante e um teatro (este último não construído). Integrar essas construções não foi

tarefa fácil para Burle Marx. Ele criou grupos de palmeiras e árvores que dialogassem de lados opostos do lago

com o todo da obra concebida pelo arquiteto.

13 DOURADO, Guilherme Mazza. Modernidade verde Jardins de Burle Marx, p. 53.

Ilustração 6 – Projeto para o golfe clube

da Pampulha, Burle Marx, Belo Horizonte

MG

Ilustração 5 – Ministério da Educação e

Saúde, Rio de Janeiro RJ, 1940

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A década de 1940 foi representada por uma série de projetos no estado de Minas Gerais. A ele foi

encomendado o projeto do Parque de Araxá. Foi lá que conheceu o botânico, Henrique de Lahmayer Mello

Barreto. Sua simpatia foi imediata, juntos realizaram diversas excursões por Minas e se tornaram parceiros em

muitos projetos.

O primeiro painel de azulejo, em tons de azul, o fundo em formas geométricas, mas num desenho

orgânico – cujo tema são peixes e data do ano de 1947 – está no Instituto Oswaldo Cruz, na Avenida Brasil, Rio

de Janeiro.

Nesse mesmo ano, Roberto viaja a Europa pela segunda vez, na companhia de um grupo de amigos,

entre eles Rino Levi e sua esposa. Foi sua primeira visita à Londres, conheceu o Hyde Park e Kensigton

Gardens.

Uma das características dos anos 1950 foi a introdução das paredes decoradas, os murais, que

começaram a aparecer em seus jardins.

Também realizou trabalhos para a nova sede da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto de

Puericultura, também no Rio.

Os desenhos deste ano mostram uma crescente preocupação com a forma das plantas e ao mesmo tempo

uma tendência para o abstrato.

Em 1953, realizou o jardim da residência Odete Monteiro na Serra dos Órgãos, em Petrópolis. Neste

jardim a natureza é integrada ao jardim e à residência. Roberto utilizou espécies de plantas locais da região o que

deu um grande efeito artístico.

Ilustração 7 – Palácio de Cristal, Hyde Park,

Londres, Inglaterra

Ilustração 8– Parque do Araxá, Roberto Burle

Marx, marquise de Francisco Bolonha, Araxá

MG

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23

Neste período também atuou no Estado de São Paulo, com o importante jardim da residência da família

Gomes, com quem tinha um relacionamento de intimidade, realizando diversos jardins para a família.

Suas primeiras obras em São Paulo foram para propriedades particulares, como a residência Francisco

Pignatari em 1956.

Ao mesmo tempo realizava diversas expedições ao interior do Brasil a fim de coletar inúmeras espécies

vegetais e reuni-las em seu sítio, no Rio de Janeiro, onde instalou diversas estufas como um arquivo vivo que

colaborou para as suas obras paisagísticas.

No ano de 1961, parte de suas obras são dedicadas a grandes projetos realizados no Rio de Janeiro.

Projetou o Parque do Aterro do Flamengo. A criação do Parque do Flamengo foi uma concepção arquitetônica

de governo do então governador do Rio, Carlos Frederico Wernek de Lacerda (1960–1965).

Formou-se um grupo de profissionais para a elaboração e execução do projeto. O coordenador da equipe

foi Affonso Eduardo Reidy, arquiteto que projetou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Parque

Brigadeiro Eduardo Gomes.

O paisagista Roberto Burle Marx foi chamado juntamente com seus assessores: Mello Filho e Maria

Augusta Costa Ribeiro para criar o paisagismo dessa tão extensa faixa litorânea a ser urbanizada. A engenheira

Bertha Scheidermann Leitchic também se juntou a equipe de arquitetos, paisagistas.14

14 Idem, ibidem, p. 310.

Ilustração 9 – Parque do Flamengo,

Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ,

1960

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Burle Marx assumiu este empreendimento com todo seu fôlego criativo. No atual conjunto do Aterro do

Flamengo estão alguns dos mais importantes projetos paisagísticos de Burle Marx. 15

“O projeto paisagístico era o mais complexo e ambicioso da carreira de Burle Marx. Dividindo o

parque em onze setores, Burle Marx tencionava formalizar os espaços a partir de um vasto elenco

de arbustos, árvores e palmeiras – mais de 240 espécies diferentes do Brasil e dos trópicos em

geral –, configurando uma experiência sem precedentes em sua trajetória profissional... Afora

gramados, não haveria herbáceas em geral definindo planos horizontais e volumes de pequena

altura”.16

O projeto do parque não foi convencional. Foi uma experiência inovadora para o contexto brasileiro, em

termos de utilização de um parque como instrumento específico de urbanismo, além de gerar forte impacto

urbano para a cidade do Rio de Janeiro. O projeto foi dispare no sentido em que teve de lidar com as adversas

condições climáticas do local, como vento e maresia e solo difícil de cultivar qualquer espécie, por se tratar de

um aterro constituído por entulho.

No Aterro do Flamengo, Burle Marx não opta por uma mera repetição de formas e estilo, e sim por uma

integração de espaços, texturas, superfície, cor e, sobretudo, criando uma sensação de ritmo bem acentuado

entre as formas dos canteiros. Por conseguinte as linhas geométricas, curvas côncavas, convexas e retilíneas se

misturam nesse amalgama criado pelo artista.17

15 SIQUEIRA, Vera Beatriz. Op. cit., p. 62.

16 DOURADO, Guilherme Mazza. Op. cit., p. 312.

17 CAVALCANTI, Lauro; EL-DAHDAH, Farès. Op. cit., p. 133.

Ilustração 10 – Jardins do MAM, Roberto

Burle Marx, Rio de Janeiro RJ

Ilustração11 – Roberto Burle Marx no Aterro

do Flamengo, Rio de Janeiro RJ

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O ano de 1964 foi um ano difícil para o escritório, devido a um desentendimento entre Roberto e seus

sócios.18

Não houve projetos paisagísticos nem pinturas desenvolvidas, o que fez com que a sociedade fosse

desfeita.

Foi em 1966 que os arquitetos Haruyoshi Ono e José Tabacow entraram para o escritório Burle Marx &

Cia. A sociedade foi um sucesso e uma nova era estava começando.

Em 1967, realizou desafiadores projetos públicos como o Centro Cívico de Santo André.

Mais uma vez, São Paulo chamaria Burle Marx para realizar um paisagismo, o Parque do Anhembi

(1968), projeto arquitetônico de Miguel Juliano e Silva e Jorge Wilheim.

Em São Paulo também atuou no segmento comercial e público, como no Banco Sul Americano do Brasil

(atual Banco do Itaú, 1963); edifício Sesi-Fiesp-Ciesp,1969; Banco Safra, 1984.

18 Nesta época, seu irmão Siegrifried e o filho deste, seu sobrinho, eram seus sócios. Cf. FLEMING, Laurence. Op. cit.

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Ilustração 12 – Perspectiva do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP Ilustração 13 – Corte do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo

SP

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Ilustração 14 – Perspectiva do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP

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28

Nas décadas de 1970 e 1980, Roberto estava no auge de sua capacidade criativa. Pinturas, desenhos,

serigrafias e tecidos pintados à mão, com projetos de paisagismo, tanto em planta quanto em fotografia.19

Seus

principais projetos estavam no eixo Rio-São Paulo, mas é no Rio de Janeiro que Roberto possui maior

quantidade de obras.

No quesito paisagismo urbano, a obra que se tornou conhecida mundialmente por sua singularidade e

expressividade no desenho artístico foi o Calçadão de Copacabana, construído em 1970.20

Nesta obra predomina o desenho das pedras portuguesas em longas e generosas calçadas, onde

espécimes resistentes aos ventos do mar aberto foram plantados de modo a criar uma paisagem única na cidade.

Em relação à execução de parques públicos, Burle Marx não obteve tanto sucesso em São Paulo, para

citar o caso do Parque do Ibirapuera, cujos desenhos do artista não foram realizados por completo, e o caso do

Parque Ecológico do Tietê, cujo projeto foi descartado pelo Governo do Estado de São Paulo e apenas 3% do

projeto original de 1975 foi construído.

O Parque Burle Marx Panambi, na zona sul de São Paulo é um exemplo interessante da intervenção

paisagística do artista. No local que já existia uma construção e uma mata nativa, os jardins de Burle Marx são

marcantes. Ele cria murais geométricos, pérgulas de concreto para abrigar diversas espécies de vegetação,

espelhos d‟água.

19 FLEMING, Laurence. Op. cit., p. 133.

20 VIEIRA, Maria Elena Merege. O jardim e a paisagem: espaço, arte, lugar, p. 190.

Ilustração 15 – Banco Safra, Roberto Burle

Marx, São Paulo SP, 1980

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O paisagismo acompanha a topografia do local e cria três ambientes distintos. A característica dos

jardins de Burle Marx é marcada pela presença de contrastes cromáticos intensos, espécies vegetais de

diferentes regiões do planeta criando ritmos e volumes diferentes.

No lugar de plantar em excesso, ele faz o uso de poucas espécies, sendo elas capazes de destacar as

qualidades uma das outras.

Na grande maioria de seus projetos, é essencial o uso da água. A água é aplicada através de espelhos

d‟água, cascatas de pedras e lagos artificiais.

A princípio seus jardins possuíam soluções mais assimétricas, como os jardins do MES, mas com o

tempo eles foram sofrendo modificações e evidenciando um sentido mais retilíneo e em sua última fase, os

jardins são uma mescla das duas soluções, como os jardins do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro –

MAM-RJ, a proposta para o Parque do Ibirapuera e a Residência Edmundo Cavanellas.

Sua obra é um todo indissociável, sua arte e seus jardins são uma forte correspondência.

Fernando Tábora, paisagista que foi um dos colaboradores de Burle Marx, tinha uma clareza maior da

trajetória do mestre:

“seu salto evolutivo do classicismo de Pernambuco para as amebas do MES equivale aos mesmos

passos dados pelos arquitetos da época, tal como Lúcio Costa e Villanueva na Venezuela; do

academicismo para a Modernidade. O valor de Burle Marx foi de ter dado o salto junto com eles.

A composição com formas livres, em geral ondas amebóicas coloridas que se expandem e

reverberam nas massas vegetativas, passou a conviver com uma abstração geométrica mais rígida

a partir de meados dos anos 50 e início dos anos 60. É bem provável que Burle Marx tenha

assimilado, consciente ou inconscientemente, a crítica crescente que se fazia na Europa – Max

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Bill (protagonista do Swiss Style, artista plástico, escultor, arquiteto, designer gráfico e de

interiores, estudou na Bauhaus, contaminado pelos ideais do Funcionalismo, deixou uma extensa

obra) e Bruno Zevi, (arquiteto e historiador italiano, para fugir do fascismo foi para os Estados

Unidos onde teve contato com os arquitetos americanos, Frank Loyd Wright e a arquitetura

orgânica, sua principal obra foi projetar o Pavilhão Italiano na Exposição de Montreal em 1967.)

– principalmente à gratuidade da forma livre na arquitetura moderna brasileira.”21

Os dois vetores fonte de inspiração de sua criação artística foram:

O contato com a cultura européia, as vanguardas modernas e a “real” descoberta da natureza

brasileira nas estufas do jardim botânico de Dahlem.

Rio de Janeiro: cidade fonte de inspiraçao para as obras de Burle Marx. A paisagem carioca teve

bastante influência em sua carreira profissional. A relação entre a natureza e a cidade nos permite

observar uma perfeita interação entre montanha, mar e urbano, inserido neste contexto, fez com

que as obras de Burle Marx. se impregnassem com tais aspectos da beleza da paisagem

domesticada pelo homem desde os primórdios de nossa história.

1.2. Características dos jardins

Jacques Lenhardt observa que até meados dos anos 1950 as características centrais da concepção dos

jardins de Roberto eram: encaixe das superfícies plantadas; alternância cromática e oposição entre espécies

verticais e rasteiras. Jacques Lenhardt definiu tal marca do artista como a maneira de colocar no espaço o duplo

registro estético da experiência do corpo e da percepção visual.

21 OLIVEIRA, Ana Rosa de. Bourlemarx ou Burle Marx?

Ilustração 16 – Tela de Burle

Marx, MES, Rio de Janeiro RJ

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Por um lado, a composição espacial se organiza previamente, permanecendo como elemento central na

legibilidade formal do jardim. Por outro, os caminhos e as formas possuem sentido de espraiamento. Não se

dirigem a um ponto, mas conduzem o olhar e o corpo a percorrer o espaço inteiro.

O jardim clássico é ordenado ao extremo, totalmente geométrico, simétrico. É o oposto das formas da

natureza. O jardim inglês, por sua vez, tenta reproduzir a natureza. A forma livre e orgânica. Já os jardins de

Burle Marx estão estritamente ordenados, porém são harmoniosamente naturais. Burle Marx foi sem dúvida,

admirador dos jardins ingleses, conforme relata Marta Iris Montero.

Para o crítico de arquitetura, Bruno Zevi, os jardins de Burle Marx são uma prolongação da arquitetura.

Os jardins não se subordinam a ela, mas sim estão em equilíbrio constante com a mesma.

Segundo Lauro Cavalcanti, o jardim não é espelho, nem cópia da natureza, uma vez que esta age de

modo diverso e independente dos conceitos do homem.

“Para Burle Marx, o jardim planejado deve estabelecer uma constante mediação com a paisagem

existente, seja em termos de eco de formas, cores, espécies, seja por contraste – quando opta por

grandes superfícies de grama e plantas de pequeno porte em região cercada por florestas – ou

ainda de refugio, ao criar um micro clima dentro de uma cidade ou de um meio inóspito.”22

Ele aprecia grandes extensões de áreas, pois lhe dá mais liberdade na escolha de soluções e permitem

encontrar novas soluções para fornecer qualidade de vida aos habitantes de grandes cidades. Seus projetos de

grande escala que se destacam são: o Parque do Aterro do Flamengo, 1961; City Centre Park de Kuala Lampur

22 CAVALCANTI, Lauro. Op. cit., p. 4-5.

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Malásia, 1993; Parque Del Este Caracas, 1956; Calçadões de Copacabana, 1970; parte do projeto do Parque do

Ibirapuera, 1953.

Para se fazer jardins, Burle Marx diz que é preciso entender o meio-ambiente e trabalhar com diversos

ecossistemas e micro climas, criando associações. “Se eu faço um jardim para o Amazonas, esse mesmo jardim

não pode servir para o Rio de Janeiro ou São Paulo. Temos que compreender que devemos utilizar plantas da

natureza e, com elas, construir jardins feitos pelo e para o homem.”23

Roberto tentava utilizar toda a riqueza da flora brasileira em seus projetos.

De acordo com Silvestri e Alliata, as experiências de Burle Marx tiveram respeito significativo, seu

conhecimento da flora brasileira provocou uma importante mudança na consideração da natureza que

abandonou o papel de material de trabalho artístico dentro de um projeto de “arte total” – um artista completo,

realizava diversas funções, como foi citado acima. “O seu conhecimento da flora brasileira, a partir de intensas

campanhas de busca e classificação de espécies vegetais, provoca, como conseqüência ao desenvolvimento de

sua obra, uma importante mudança na consideração da natureza, que abandona o papel de material de trabalho

artístico dentro de um projeto de „arte total‟, para constituir-se em si mesma como problema global a resolver.”24

“Sempre utilizando plantas da região, devido à sua capacidade de „ler‟ a paisagem local, atualiza

a linguagem. Neste jardim, ele explícita o sentido de cada planta, de cada solução; o

23 MARX, Roberto Burle. Depoimento. XAVIER, Alberto (org). Arquitetura moderna brasileira: depoimento de uma geração, p.

309. Apud GUERRA, Abílio. Op. cit.

24 ALIATA, Fernando; SILVESTRI, Graciela. Op. cit., p. 214.

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aproveitamento da vegetação aquática, em relação ao compromisso de sobrevivência com

determinados peixes.”25

O interesse do paisagista era transferir para o projeto de jardim, a diversidade, a instabilidade e os

complexos processos de associações naturais das plantas tropicais, para isso um árduo trabalho de observação,

compreensão e interpretação da paisagem, foi necessário.

Seus jardins estão imbuídos de originalidade e cumprem uma função social, tendo utilidade à sociedade

ele é feito para os homens, atendendo à três questões fundamentais de higiene (pulmão coletivo nas grandes

cidades); de educação (trazer para o habitante um pouco de amor pela natureza) e de arte (obedecer a uma idéia

básica, com perspectivas lógicas e subordinadas a uma determinada forma de conjunto).

As expedições ao interior do Brasil serviam para o enriquecimento de seu conhecimento e experiência

como paisagista. “Roberto Burle Marx embrenhou-se no coração da mata, e a resgatou em seus jardins, onde

reencontra-se a vegetação da caatinga, dos planaltos, das serras e das praias”.26

Burle Marx envolvia nas expedições que organizava: botânicos (com quem mantinha uma relação

bastante próxima), arquitetos, fotógrafos e amigos, que tinham como objetivo principal a descoberta e a procura

de novas espécies para aumentar o conhecimento paisagístico. O paisagista conhecia como ninguém aspectos da

flora brasileira graças à estas expedições.

25 MOTTA, Flávio L. Roberto Burle Marx e a nova visão de paisagem, p. 79.

26 Cf. REGO, José Lins. O homem e a paisagem, p. 297.

Ilustração 17 – Residência de Burle Marx.

Fundação R. Burle Marx, Rio de Janeiro RJ

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Através das expedições pôde observar que nas florestas, as plantas vivem para e com as outras, formando

associações de micro climas. O paisagista criava associações de espécies vegetais em seus jardins, havia um

equilíbrio natural. Segundo Flavio Motta, o artista buscou recriar estas associações mesclando plantas, solo,

clima e gente.

1.3. Fundação Roberto Burle Marx – antigo Sítio Santo Antônio da Bica

O sítio Santo Antônio da Bica, atual Fundação Roberto Burle Marx, fica localizado à 60 km da cidade do

Rio de Janeiro, em Barra de Guaratiba, possui 365.000 metros quadrados e foi adquirido em 1949.

A falta de fornecedores de plantas fez com que Burle Marx e seu irmão fossem atrás de um local para

realizar o cultivo de espécies, implantar viveiros para abrigar a grande coleção de mudas coletadas nas

expedições, e que também servissem como matrizes para multiplicação de outras espécies.

Burle Marx manteve em suas estufas, um acervo de espécies vegetais, com mais de 35.000 mudas que

coletava nas expedições e eram estudadas por ele e botânicos.

A coleção não se restringia apenas a plantas brasileiras, tinha exemplares de diversas regiões do mundo,

Haiti, Índia, Porto Rico, inclusive países africanos, que se adaptavam de modo satisfatório no Brasil, devido ao

nosso clima tropical. Outra questão que se preocupava era em relação à devastação dos recursos naturais

brasileiros. Ele foi pioneiro na denúncia dos desmatamentos e da inexistência racional no uso desses recursos.

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“A consciência ecológica aguçou-se no decorrer de sua vida.”27

Ele insistia em discutir as questões relacionadas

ao meio-ambiente.

27 “Sobre o assunto, executou inúmeros trabalhos, concedeu entrevistas, depôs no Senado, implantou um enorme viveiro e um centro

de estudos no Sitio Santo Antonio da Bica, onde morava, em Guaratiba, nos arredores da cidade do Rio de Janeiro”. CAVALCANTI

Lauro. Op. cit., p. 4-5.

Ilustração 18 – Fundação Roberto

Burle Marx, Rio de Janeiro RJ

Ilustrações 19, 20, 21 e 22 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ

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Ilustração 23 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ

Ilustração 24 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ

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Ilustração 25 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ

Ilustração 26 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ

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1.4. O pensamento do Artista – pintura versus jardins

Para Burle Marx as questões de harmonia e contraste das cores, de estrutura e forma, são questões tão

importantes como pintor bidimensional, como se referia a si mesmo, como o são num jardim de três ou quatro

dimensões. “Minhas duas profissões se complementam.”28

A diferença entre o pintor bidimensional e o paisagista tridimensional, segundo Burle Marx, é que a

planta – sua matéria-prima – não é estática. Ela possui seu próprio ciclo: uma simples mudança dos efeitos da

natureza, seja na variação do tempo, do clima, já pode afetar a sua cor e até mesmo sua estrutura.

Conforme Vera Beatriz Siqueira, o interesse do paisagista era transferir para o projeto de jardim, a

diversidade, a instabilidade e os complexos processos de associações naturais das plantas tropicais, para isso um

árduo trabalho de observação, compreensão e interpretação da paisagem, foi necessário.

Burle Marx trabalha com contrastes cromáticos intensos. No lugar de plantar em excesso, Burle Marx

utilizava poucas espécies, sendo elas capazes de destacar as qualidades uma das outras.

Nos projetos eram essenciais o uso da água, sendo ela aplicada através de espelhos d‟água, lagos etc.

O valor plástico de seus jardins foi conseguido através da observação das diversas espécies vegetais.

Burle Marx descobria novas texturas, cores, ritmos e luminosidade através da paciência do olhar dessas plantas.

Durante uma etapa de seu trabalho, que compreende o período de 1930 à 1950, Guilherme Mazza

Dourado nos diz que essa sintaxe plástica podem ser vistas de duas maneiras:

28 FLEMING, Laurence. Op. cit., p. 63-64.

Ilustração 27 – Paisagem de Santa Teresa,

Rio de Janeiro RJ, Roberto Burle Marx

Ilustração 28 – Catavento. R. Burle Marx

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1º – Questões plásticas da cor. A cor tornou-se um dado estrutural e protagonista de sua obra, a

harmonia e os contrastes cromáticos, pela herança e influência dos mestres ingleses (Gertrude

Jekyll e Willian Robinson) na arte do paisagismo, em relação à policromia das florações.

2º – Questão da forma no paisagismo.29

A estratégia do contraste – princípio central do paisagismo de Burle Marx. De certa forma essa estratégia

derivava de suas atividades como pintor.

Na verdade, Burle Marx descobriu que tudo o que o rodeava poderia ser motivo de inspiração para a sua

arte e o fato de morar no Rio como já dissemos, teve papel muito importante para a sua carreira artística.

Sua obra é um todo indissociável: sua arte e seus jardins são uma forte correspondência.

1.5. Roberto Burle Marx – projetos em São Paulo

Burle Marx realizou diversos projetos paisagísticos no Estado de São Paulo com certa regularidade.

Dentre as relações profissionais, se destacam as parcerias com os arquitetos Rino Levi, Marcello Fragelli, Ruy

Ohtake, Hans Broos e Miguel Juliano.

Aproveitando de sua convivência com pessoas influentes na sociedade paulistana, Burle Marx foi

apresentado a políticos que exerciam cargos no governo do Estado de São Paulo que coincidentemente já o

conhecia pelo seu trabalho realizado ao longo dos anos. Estes o convidaram para realizar projetos paisagísticos

29 Cf. DOURADO, Guilherme Mazza. Modernidade verde jardins de Burle Marx, p. 105-108.

Ilustração 29 – Begônias. Roberto

Burle Marx

Ilustração 29 – Abstrato. Roberto Burle

Marx

Ilustração 30 – Proposta de Burle Marx

para Parque Ecológico do Tietê, São Paulo

SP

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em obras públicas no Estado de São Paulo; como parques, edifícios institucionais, obras de arte que seriam

expostas em recintos públicos. Estes trabalhos vieram acrescentar maior visibilidade a sua obra em curso.

Mesmo não fazendo parte do recorte desta dissertação, vale a pena mencionar três contribuições

significativas de Roberto Burle Marx para a cidade de São Paulo. A primeira delas é o Parque Ecológico do

Tietê, projetado em duas etapas, com arquitetura e urbanismo de Ruy Ohtake. A segunda seria o Parque Burle

Marx, na região sul de São Paulo. A terceira seriam os jardins verticais, hoje parte da história do paisagismo

paulista. Dentre eles se destacam os jardins verticais do entorno da Casa das Rosas (atual Museu, localizado na

Avenida Paulista), do Edifício Parque Cultural Paulista (arquitetura de Julio Neves) e do Banco Safra, 1988

(agência Bela Cintra, que se localiza na Avenida Paulista).

Em seus jardins verticais, Burle Marx cria esta composição com formas geométricas irregulares. Faz uso

de cores variadas de pedra portuguesa para criar contrastes e para sobressair os volumes do desenho ele cria

formas e jardineiras em auto-relevo, com o concreto armado.

Burle Marx, que atuava em São Paulo desde a década de 1950, realizou projetos excepcionais para

clientes particulares, com destaque para os jardins da Residência Olivo Gomes em São José dos Campos, SP,

1950-1965; Residência Clemente Gomes, São Paulo, SP, 1968; Abadia de Santa Maria, São Paulo, SP, 1975;

Residência José Egreja, Penápolis, SP, 1975, entre outros projetos.

Analisando os seus projetos, notamos que Burle Marx estudava em primeiro lugar vários aspectos

geográficos daquela micro-região inserida na macro-região. Um fator relevante nesta análise é a observação das

Ilustração 31 – Parque Ecológico do Tietê,

São Paulo SP

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diferenças entre paisagens topográficas, climáticas e paisagísticas das diversas regiões paulistas.

Compreendendo as áreas que vão do litoral, do planalto paulista a Serra do Mar.

Compondo o seu paisagismo utilizando-se dos aspectos topográficos do terreno e da capacidade em

receber determinadas espécies vegetais para que a composição ali projetada tivesse sucesso de germinação,

harmonia da vegetação em si, etc. O seu aguçado senso de observação empírica em relação ao meio ambiente e

a arte em si, lhe dava condições para criar algo diferente, inovador, que vinha de encontro com aquilo que as

pessoas desejavam que fossem os seus jardins.

Ilustração 32 – Casa das Rosas, São Paulo

SP

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Parque Burle Marx, 1995

Parque do Flamengo, 1960 / Residência Edmundo Cavanellas, 1950

O

Ilustrações 33, 34 e 35 – Parque Burle Marx, São Paulo SP

Ilustrações 36-37 – Parque do Flamengo, Rio de Janeiro RJ Ilustração 38 – Residência Edmundo Cavanellas, Rio de

Janeiro RJ

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Os jardins verticais também fizeram parte de sua produção na história do paisagismo paulista. Dentre

eles se destacam os jardins verticais do entorno da Casa das Rosas (atual Museu, localizado na Avenida

Paulista), do Edifício Parque Cultural Paulista (arquitetura Julio Neves) e do Banco Safra, 1988 (agência

Bela Cintra, que se localiza na Avenida Paulista).

Em seus jardins verticais, Burle Marx cria esta composição com formas geométricas irregulares. Faz uso

de cores variadas de pedra portuguesa para criar contrastes e para sobressair os volumes do desenho ele cria

formas e jardineiras em auto-relevo, com o concreto armado.

Ilustração 39 – Casa das Rosas e Edifício

Parque Cultural Paulista, São Paulo SP

Ilustração 40 – Casa das Rosas, São Paulo SP

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Casa das Rosas e Edifício Parque Cultural Paulista, 1990

Banco Safra (agência Bela Cintra), 1988

Ilustração 41 – Jardins verticais de Burle Marx, Casa

das Rosas, São Paulo SP

Ilustração 42 – Jardins verticais de Burle Marx, Casa

das Rosas, São Paulo SP

Ilustração 43 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco

Safra, São Paulo SP Ilustração 44 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco

Safra, São Paulo SP

Ilustração 45 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco

Safra, São Paulo SP

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1.5. Roberto Burle Marx – projetos em São Paulo

Características das principais parcerias com os arquitetos no Estado de São Paulo

Rino Levi e Burle Marx – obras paisagísticas em Santo André, São José dos Campos, São Paulo e

Ubatuba

Desta parceria com Rino Levi, por exemplo, em Ubatuba, Burle Marx criou uma simbiose entre

natureza, Serra do Mar e a praia no entorno do terreno onde ele executou o seu projeto, com destaque para o tipo

de vegetação, o uso da areia, pedra e água e amplitude dos espaços. Este terreno se situa defronte a Praia Grande

em Ubatuba, SP, onde ele tinha todos estes elementos a sua disposição no entorno deste local. Ele organizou

estes elementos de uma forma sistemática, estética e criativa, dando origem ao jardim da Residência dos Irmãos

Gomes.

Em São Paulo, capital, o seu trabalho apresenta características peculiares de uma arte urbana interagindo

com o meio social. Como exemplo podemos citar os painéis do Edifício do Sesi-Fiesp em São Paulo, SP e do

Centro Cívico de Santo André, SP – ambos projetos de Rino Levi. Os painéis projetados por Burle Marx, com

motivos abstratos geométricos – verdadeiras esculturas em autos e baixos relevos – se integram com o projeto de

paisagismo que seguem a mesma linha de criação desses painéis. Isto tudo vem conferir uma magnitude técnica,

estética, criativa aos dois projetos, o projeto criado por Burle Marx e o de Rino Levi.

Ilustração 46 – Painel do Edifício do

Sesi-Fiesp. Roberto Burle Marx, São Paulo SP

Ilustração 47 – Maquete do Edifício do

Sesi-Fiesp. Painel de Roberto Burle Marx e

arquitetura de Rino Levi, São Paulo SP

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Marcello Fragelli e Burle Marx– obras paisagísticas em São Paulo

Era usual na arquitetura paulista, deste período, década de 1970, o intenso uso do concreto e do tijolo

aparente. Era comum nesta década que os arquitetos Marcello Fragelli, Ruy Ohtake, Hans Broos, Miguel

Juliano e outros lançassem mão destes materiais em seus projetos.

Marcello Fragelli projetou o Edifício Macunaíma, 1976-1984, alto de Pinheiros, São Paulo, SP. Neste

projeto, Burle Marx e Fragelli inovam com o desenho e execução de montículos de terra recobertos com pedras

portuguesas, que conferem uma interação entre o meio urbano com a obra arquitetônica através destes

elementos. A pedra lembra a urbanidade, as bromeliáceas o meio ambiente natural e os famosos montículos de

terra – denominados por Burle Marx de “cupins” – remetem a um Brasil rural, onde ele busca inspiração.

Podemos aventar uma hipótese, sem possibilidade de confirmação, que há aqui uma referência ao movimento

antropofágico brasileiro, em especial a Macunaíma, de Mario de Andrade, publicado em 1928. Se a relação faz

algum sentido, os cupinzeiros criados por Burle Marx nos remetem a uma interpretação lúdica da obra de Mário

de Andrade – um Brasil rural que em breve sofreria transformações peculiares de transição do ruralismo para o

desenvolvimento industrial.

Tanto Fragelli quanto Burle Marx souberam captar o espírito de brasilidade nesta obra. Trazendo para

este projeto algo inusitado, fazendo com que os jardins projetados adentrassem ao projeto do edifício criando

ambientes paisagísticos que confortavam a natureza criada por Burle Marx com as formas arquitetônicas em

concreto projetadas por Fragelli, como ocorreu também no projeto do Edifício São Luiz, Vila Olímpia, São

Paulo, SP.

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Em relação aos jardins da fabrica de motores Sew, Guarulhos, SP, Burle Marx se repete em algumas

soluções, como do desenho do piso, desenho geométrico abstrato como ele já havia projetado para os jardins do

MAM no Rio de Janeiro, canteiros elevados entre outros traços característicos da obra de Burle Marx. Como o

edifício está em um amplo terreno livre, as pedras portuguesas servem para criar uma espécie de ilha urbana em

meio à extensão rural.

Hans Broos e Burle Marx – obras paisagísticas em São Paulo

No projeto da sua residência particular, Broos inovou ao projetar utilizando materiais construtivos no seu

estilo bruto, criando espaços arquitetônicos originais e que nos dá a noção de praticidade aos espaços projetados

para o seu devido uso. O uso de concreto aparente e a transparência do vidro se integram ao projeto paisagístico

criado por Burle Marx.

Burle Marx inspirando-se no projeto de Broos recria outra obra de arte inserida neste contexto. Partindo

da idéia de um oasis Burle Marx transpôs para o meio urbano esta concepção. Possivelmente, observando esta

obra, foi este o questionamento inicial que Burle Marx fez. Harmonia, repouso, busca de um ambiente bucólico

e aprazível, acolhedor integrado ao projeto desta residência.

Em relação ao projeto da Abadia de Santa Maria localizado na Serra da Canteira, São Paulo, SP, Broos

utiliza o concreto armado em toda sua concepção plástica. Explora formas retilíneas, espaços verticais amplos,

rampas de acesso, pérgulas, e a concepção do campanário em concreto aparente. Para quebrar a frieza e a rigidez

do concreto, Burle Marx projeta jardins que faz com que estas formas se harmonizem através da sua composição

que utiliza cores, texturas e volumes variados através da vegetação.

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O solário no pátio interno da Abadia traz a luz para o interior. Dando a idéia de claridade e leveza aos

ambientes.

Burle Marx complementa os amplos espaços internos da Abadia, como o da entrada para o interior da

capela da Abadia que são integrados através de um painel em baixo relevo com motivos de inspiração bíblica

que ameniza a rigidez das formas em concreto. Ele opta por um chapado vermelho, que se contrapõem a um

chapado azul em paredes distintas em um ambiente onde se situa o coro e o sacrário da Capela.

Broos, de origem alemã, recria o espírito monacal nesta concepção arquitetônica moderna onde notamos

que esta arquitetura não agride ao espírito monacal de busca de uma interioridade e contemplação do sagrado

através desta materialidade.

Miguel Juliano e Burle Marx – obras paisagísticas em São Paulo

O Parque Anhembi e o edifício Promenade, ambos em São Paulo, são concepções do arquiteto Miguel

Juliano (o primeiro em parceria com Jorge Wilheim). Juliano – que tinha um amplo conhecimento prévio do

trabalho de Burle Marx – convidou Burle Marx para uma parceria para que realizasse o paisagismo do entorno

do edifício e do parque.

No Parque do Anhembi foram projetados diversos edifícios: o centro de convenções e exposição,

auditório e teatro, além do hotel, hoje denominado Holiday Inn. O que se destaca como obra arquitetônica de

maior visibilidade é o edifício do hotel que se apresenta possuidor de uma modernidade na sua concepção, onde

predominam as linhas retas presentes na estrutura que se expressa nas fachadas. No imenso vão livre do centro

de convenções e exposições foi empregada uma tecnologia avançada para época da sua execução. A cobertura

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do edifício foi executada em estrutura metálica modular e foi erguida através de macacos hidráulicos de uma

única só vez, uma grande novidade para a época.

No entorno destas obras foram projetados os jardins e os estacionamentos de veículos nos espaços

restantes, criando uma idéia de magnitude arquitetônica.

Neste projeto, que se localiza a margem do emblemático rio Tietê, Burle Marx se inspirou na urbanidade

de São Paulo.

É uma das poucas obras na qual Burle Marx economiza nas formas para restar o máximo possível de

espaço livre de circulação. Trata-se de uma obra onde haveria um intenso fluxo de pedestres e automóveis.

Burle Marx concebeu esculturas em concreto e relevos nos canteiros do entorno do Pavilhão de

exposição que compunha com o projeto arquitetônico de Miguel Juliano.

Ruy Ohtake e Burle Marx – obras paisagísticas em São Paulo, Penápolis, SP

Ruy Ohtake realizou diversos projetos onde convidou o escritório de Burle Marx para projetar os jardins,

dentre eles as casas para Luiz Izzo, Morumbi, São Paulo, SP, 1975, e José Egreja, Penápolis, SP, 1975.

Observando os projetos de Burle Marx nota-se certa similitude com projetos anteriores da mesma

década, principalmente em seus projetos em São Paulo, onde temos o uso recorrente de canteiros elevados, piso

com desenhos geométricos em pedra portuguesa, espelhos d‟água etc.

Por se tratar de espaços de dimensões menores, Burle Marx concebe uma composição que dá um caráter

de ampliação a esta paisagem. Utilizando-se de uma vegetação de cobertura com grupos de bromeliáceas, entre

outras espécies vegetais.

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Na residência de Luiz Izzo, Burle Marx aproveita a inspiração de Ruy Ohtake – que criou um espaço

vazado com amplas jardineiras em concreto – para conceber um jardim elevado que,. ao mesmo tempo,

complementa e ameniza as formas rígidas do projeto arquitetônico original.

No projeto da residência de José Egreja encontramos outra concepção de espaço e volume. Situa-se no

meio rural, sede de uma fazenda no interior de São Paulo. Neste projeto Burle Marx usa somente linhas curvas

para compor o seu jardim, que vão contrastar com as linhas retas do projeto e Ruy Ohtake. Ele insere um espelho

d‟água para amenizar o clima da região que é muito quente e seco. Os jardins são compostos por arbustos e

forrações. Os caminhos por onde circulam as pessoas são em linhas sinuosas acompanhando a topografia do

terreno criando um complemento nesta composição entre canteiros e espaço de circulação.

Características principais dos projetos

Residência Olivo Gomes – o projeto paisagístico interage com o entorno da fazenda onde está situada.

Nesta obra, Burle Marx faz uso de grandes manchas vegetais, criando contrastes e volumes, espelhos d‟água,

painéis em cerâmica, piso com forração. Utiliza-se de formas curvilíneas, que é uma das características do inicio

da sua carreira como paisagista. Há similitude com o projeto executado na Fazenda Marambaia, Petrópolis, RJ,

1947, utiliza-se da mesma técnica de projeto.

Residência dos irmãos Gomes – o jardim projetado por Burle Marx interage com o entorno, sendo ele

composto por montanhas e praia. Burle Marx cria o paisagismo recriando o próprio entorno natural que ali se

encontra. Através do emprega da água, das pedras (seixos retirados das montanhas do local) e vegetação da mata

Atlântica.

Ilustração 49 – Fazenda Marambaia,

Petrópolis RJ, 1947

Ilustração 48 – jardins residência Olivo

Gomes, são José dos campos SP

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Centro Cívico de Santo André – Burle Marx cria o desenho do piso induzindo o observador a adentrar o

espaço composto por pedra portuguesa e cria um dialogo com a cidade ao redor dos edifícios do Centro Cívico,

podemos dizer que existe uma ligação entre o passeio público e a arquitetura situada neste lote. Ele criou três

painéis temáticos em concreto, baixo relevo. A ligação entre o meio urbano e a arquitetura paisagística foi uma

das preocupações deste projeto com o do edifício da sede da Petrobras, Rio de Janeiro, RJ.

Residência Clemente Gomes – por se tratar de um jardim em menor escala e inserido dentro de um

contexto urbano, no bairro do Pacaembu, em São Paulo, SP. Burle Marx tenta criar um verdadeiro oasis,

utilizando-se de vegetação nativa do estado de São Paulo, e elementos naturais como água, pedra e canteiros.

Edifício Macunaíma – Burle Marx cria o desenho do piso com formas abstratas e o executa com pedra

portuguesa colorida. O projeto paisagístico dialoga com o traçado da rua do bairro de Pinheiros, fazendo com

que o projeto interaja com o meio urbano. Este é o único projeto onde Burle Marx utiliza-se de um tema

literário-filosófico para criar o seu projeto.

Indústria Sew – neste projeto Burle Marx se repete em sua composição. Uso de pedra portuguesa para a

paginação do piso, canteiros elevados e vegetação nativa e exuberante.

Edifício São Luiz – o projeto paisagístico interage com a cidade. Por meio do desenho do piso que

interliga o passeio publico a circulação interna do conjunto arquitetônico. Aproveita-se dos vazados

arquitetônicos preenchendo-os com o paisagismo. Ilustração 51 – Edifício sede da Petrobras,

Rio de Janeiro RJ Fonte:

Ilustração 50 – Centro Cívico de Santo

André, Rino Levi, Santo André SP

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Residência Hans Broos – Burle Marx tenta recriar o ambiente de oasis no meio da cidade utilizando-se

desta idéia geográfica. Ele compõe o paisagismo com elementos naturais e vegetais, e espelho d‟água. Ele criou

um painel com formas geométricas em concreto, baixo relevo no interior da residência.

Abadia de Santa Maria – por se tratar de um projeto religioso, Burle Marx buscou inspiração no ato da

contemplação monacal, recriando um ambiente inspirador onde a interpenetração do paisagismo com a

arquitetura nos da esta noção. Ele criou um painel em concreto, baixo relevo, com inspiração religiosa.

Parque Anhembi – observamos que existe um dialogo com a cidade por meio do uso do concreto nos

volumes arquitetônicos e nos desenhos do piso de Burle Marx e do jardim em si. É um dos poucos projetos onde

ele projetou esculturas. Infelizmente este projeto não foi executado na sua totalidade pela prefeitura de São

Paulo.

Edifício Promenade – por se tratar de uma obra particular e um jardim menor, Burle Marx observa o

entorno urbano e tenta interagir com este meio. Ele compõe o paisagismo com o uso de pedra portuguesa e

canteiros elevados e utilizando-se de exuberante vegetação.

Residência Luiz Izzo – Burle Marx tenta criar um ambiente oposto em que o volume arquitetônico esta

inserido, no caso é um ambiente urbano. Se assimila a um oasis. Ele repete o uso de pisos, canteiros e vegetação

de cobertura com bromeliáceas.

Residência José Egreja – neste projeto sobressai uma característica peculiar da sua criação. O abuso do

uso das linhas curvas e convexas em contraste com as retilíneas. Ele se repete ao utilizar-se de espelhos d‟água e

gramados.

Ilustração 53 – Fábrica da Unilever,

Vinhedo SP, Rino Levi

Ilustração 52 – Abadia de Santa Maria.

Foto: José Moscardi

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Com relação a estes arquitetos mencionados que fizeram parcerias com Burle Marx, todos são

influenciados pela escola paulista (alguns da escola brutalista) que é marcada pela ênfase na questão técnica,

que se expressam pela adoção do concreto armado aparente e valorização da estrutura. É uma arquitetura que

nos transmite sensação de frieza. Burle Marx soube empregar sua criatividade e técnica em projeção de jardins,

amenizando a impressão de excesso e frieza do concreto nas obras dos seus parceiros.

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CAPÍTULO II

2. Burle Marx e Rino Levi Arquitetos Associados

Em 1950 Burle Marx foi convidado para criar um jardim ao redor de uma casa projetada por Rino Levi,

em São José dos Campos, Vale do Paraíba, Estado de São Paulo.

Burle Marx e Rino Levi, se conheceram em 1935 e mantiveram uma longa parceria de trabalhos e de

amizade ao longo de suas vidas, realizando diversas obras importantes.30

Havia uma preocupação com a questão estética entre o s artistas daquela época, que possuídos de ideais

criativos contavam com a complexidade e apoio da mesma. Para Rino Levi a obra arquitetônica era a resultante

de um conjunto de fatores que o levavam a considerar todos os detalhes necessários para que o projeto não fosse

apenas uma solução estética, mas uma interação da beleza e da forma aliada à função; no jogo de volumes, a

forma e a cor tinham objetivos não só estéticos, mas também sociais e psicológicos.31

Eles estavam imbuídos de uma busca da identidade nacional, em todos os campos das artes.

A necessidade do paisagista querer descobrir novas espécies da flora nativa revela a intensa preocupação

por essa busca e criação de uma identidade nacional, que se extrapola na estética paisagística de Roberto Burle

30 “A amizade que nos ligou desde aquela época, fortaleceu-se não somente através de uma grande admiração pelo seu espírito de

observação, pela compreensão e participação profunda em todas as suas ações e opiniões, como, e principalmente, por seu respeito e

amor à natureza e pelas plantas em particular”. MARX, Roberto Burle. Depoimento, p. 341-342.

31 Idem, ibidem, p. 341-342.

Ilustração 54 –

Roberto Burle Marx

Ilustração 55 – Rino

Levi

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Marx, ele consegue exprimir dois fatores fundamentais, que são a beleza das formas e a funcionalidade de seus

jardins.

Segundo o próprio Burle Marx, inúmeras foram as viagens que realizaram juntos. Sempre à procura de

novas espécies de plantas, pois Rino Levi queria introduzir-las em seus projetos.

Rino Levi faleceu em 1965, acompanhando Burle Marx em uma expedição ao interior da Bahia,

deixando o escritório Rino Levi Arquitetos Associados, fundado em 1945, para os seus sócios Roberto

Cerqueira César e Luiz Roberto Carvalho Franco.

Obras escolhidas

São Paulo, apesar de não ser o Estado de que abriga o maior número de obras paisagísticas de Burle

Marx, conta com um número bastante significativo de obras importantes, algumas delas fruto da parceria Burle

Marx – Rino Levi. As obras escolhidas estão localizadas no Estado de São Paulo, em diferentes regiões e

condições geográficas: São José dos Campos, no Vale do Paraíba; Ubatuba, no Litoral Norte; Santo André, no

ABC paulista; e na própria capital.

Dessa parceria de trabalho foram selecionados alguns projetos privados – três residências (os jardins

residenciais estão entre as principais realizações do paisagista) e um projeto público.

Os quatro projetos que foram selecionados estão determinados abaixo, são eles:

jardins para a Tecelagem Parahyba e para Residência Olivo Gomes, São José dos Campos, SP,

1950/1965;

residência dos irmãos Gomes, Ubatuba, SP, 1965;

Ilustração 56 – Residência Olivo Gomes,

Rino Levi, São José dos Campos SP

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jardim, escultura, tapeçarias e murais para o Centro Cívico de Santo André, SP,1967;

residência Clemente Gomes, Pacaembu, São Paulo, SP, 1968.

2.1. Residência Olivo Gomes, 1950 – 1965

Os jardins da Residência Olivo Gomes, com uma área total de 7.491,00 metros quadrados, estão

localizados dentro da sede da antiga Fazenda Parahyba, fundada em 1925. A propriedade abrigava, além da

residência do proprietário, diversas atividades, dentre elas um complexo industrial, que tinha nos cobertores

Parahyba seu principal produto.

Em 1996, após longo processo de falência e litígio em relação às propriedades, a antiga fazenda foi

transformada em parque municipal aberto ao público, batizado de Parque Roberto Burle Marx. O parque possui

a área de 516 mil metros quadrados, com diversos atrativos culturais.

O período de concepção do paisagismo foi realizado em duas etapas, a primeira em 1950, diretamente

ligada ao edifício residencial e a segunda, em 1965, a área de lazer, piscina, playground.

Burle Marx tornou-se amigo de Olivo Gomes e teve grande participação em diversos projetos para a

família, com seus jardins e painéis decorativos, acompanhando Rino Levi, que projetou outras obras além da

residência.

A residência de Olivo Gomes foi construída em 1950 e é uma obra moderna, com planta binucleada

(evidente influência de Marcel Breuer), cobertura de telhas de fibrocimento sobre laje de concreto armado. No

pavimento superior se encontram o estar, dormitórios e serviços; no pavimento inferior, a área de lazer com

grandes varandas e sala de jogos. A planta se distribui em três setores distintos:

Ilustração 57– Foto aérea do terreno da

Fazenda Parahyba, São José dos

Campos SP

Ilustração 58 – Residência Olivo Gomes,

Rino Levi, São José dos Campos SP

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área intima – dormitórios e banheiros;

área social – salas de jantar, estar e diversão;

área de serviços – cozinha e dependências de empregados.

A planta da casa está localizada em dois níveis do terreno. A topografia contribui para enriquecer a

arquitetura, que se projeta na direção do jardim, apoiada sobre pilotis. O interior dialoga com o exterior.

Desta maneira Burle Marx utiliza a vegetação acompanhando as idéias do projeto de Rino Levi. Ele

organiza os jardins em diferentes zonas distribuídas segundo as funções associadas a elas. A vegetação tem o

papel de delimitar essas zonas. Observa-se que as zonas mais controladas do jardim, possuem uma definição

mais minuciosa, ou seja, as que estão próximas da casa e na medida em que vão se distanciando vão se

simplificando e se diluindo aos poucos na paisagem.

Na frente da casa, Burle Marx isola, através de uma “parede” de eucaliptos, a residência da fábrica de

laticínios e na parte de trás da casa, ele configura o jardim com espelho d'água com espécies aquáticas – Victoria

amazonica, Typhodorum lindleyanum e Nymphaea, dispõe grupos de vegetações e forrações e árvores de grande

porte, Guapuruvu – Schizolobium parahyba.

A utilização de painéis decorativos está intimamente associada à arquitetura e paisagismo. Rino Levi

tem a preocupação de integrar outras modalidades artísticas à sua arquitetura. Integrando paredes cobertas com

azulejos e murais assinados por artistas plásticos e o próprio paisagismo. Em diversos locais ele aplicou esta

questão, no Edifício Prudência (painéis e jardins de Burle Marx), no Teatro Cultura Artística (painel de

Emiliano Di Cavalcanti), no edifício Fiesp-Ciesp (painel de Burle Marx).

Ilustração 59 – Painel da residência Olivo

Gomes, Burle Marx, São José dos Campos SP

Ilustração 60 – Painel da residência Olivo

Gomes, Burle Marx, São José dos Campos SP

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Na parte da frente da casa, Burle Marx realiza um painel de azulejo, com formas geométricas –

quadrados e retângulos, grandes e pequenos em tons de azul que se une aos tons de ocre da residência, e por sua

vez aos maciços de lírios amarelos, circundados por uma mancha de Setcrease purpúrea, com folhas roxas.

Aqui ele abandona as formas orgânicas e substitui por formas geométricas, provavelmente influenciado pela

repercussão da I Bienal de São Paulo.32

Para a fachada da parte de trás da casa, Burle Marx projeta um painel de cerâmica com vários tons de

azul, ocre, verde e cinza, que dialogam com as cores da arquitetura e da vegetação aplicada naquele setor. Neste

caso, o paisagismo e a arquitetura foram concebidos no mesmo momento, simultaneamente.

Burle Marx cria uma imagética única que associa formas, linhas e volumes às tonalidades das espécies

nativas associadas à outros elementos da natureza, que são a água dos espelhos d‟água, as pedras dos pisos.

Elementos naturais, água, vegetação e pedra. Os espelhos d'água e os pequenos lagos trazem um pouco de céu

para dentro do arvoredo. E os grandes conjuntos de bambus, entre as árvores de maior porte, formam uma

cortina, cuja transparência permite uma luminosidade variada e acolhedora.33

Segundo Flávio Motta, as cores dos painéis estão relacionadas às tonalidades da vegetação do local,

como é o caso de um painel de cerâmica, cujas cores estão relacionadas à da vegetação mais próxima.34

32 Cf. OLIVEIRA, Ana Rosa. Op. cit., p. 341.

33 MOTTA, Flávio Licht. Roberto Burle Marx e a nova visão da paisagem, p. 79.

34 MOTTA, Flávio Licht. Op.cit., p.79.

Ilustração 61 – Residência Olivo Gomes São

José dos Campos SP

Ilustração 62 – Residência Olivo Gomes, São

José dos Campos SP

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Burle Marx sabia compreender muito bem o contexto do local onde iria realizar os seus projetos, tanto

que ele empregava os seus conhecimentos de artista, pintor, paisagista, ceramista e joalheiro na arte paisagística,

mesclando a arte natural e a arte artificial. Os jardins são uma continuidade da obra arquitetônica, no caso todo o

conjunto da residência. A obra dialoga com uma natureza “construída e transformada” pelas mãos de Roberto

Burle Marx.

Ilustração 64 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos SP

Ilustração 63 – Residência Olivo Gomes, São

José dos Campos SP

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Ilustração 65– Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi,

São José dos Campos SP

Ilustração 66 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos SP

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Ilustração 68 – Implantação Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos SP

Ilustração 67 – Plantas e cortes

residência Olivo Gomes, São José dos

Campos SP

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Ilustração 69 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos SP

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A gramática das formas35

Notamos uma enorme diversidade de padrões lingüísticos se fizermos uma comparação das linguagens

presentes nos projetos paisagísticos de Roberto Burle Marx.

Através do podemos notar que a partir de 1938, Burle Marx abandona a linguagem clássica que utilizou

em Recife no cargo de diretor de Parques e Jardins, no período de 1934-1937. Ao criar o jardim da Casa Forte,

Burle Marx projetou o jardim com traços mais geométricos e simétricos, apesar da vegetação quebrar o

paradigma do paisagismo clássico (uso de espécies nativas do sertão nordestino, como é o caso do mandacaru).

Nos jardins do MES ele opta por trocar a linguagem clássica, utilizada em Recife, pela linguagem com

canteiros amebóicos constituídos por arcos de curvas complexas. A linguagem formal utilizada neste jardim é

semelhante à dos jardins da residência da família Schwartz no Rio de Janeiro.

Na Residência Olivo Gomes ele faz uso da forma orgânica e assimétrica para a composição do jardim.

cor – folhas: violetas, flores: amarelas e vermelhas, espécies vegetais nativas: (herbáceas e

arbustivas). Até 1950 – a policromia tornou-se um dado estrutural e protagonista nos projetos. A

partir da década de 40 – herbáceas (tons de verde), arbustos ou árvores. Estratégia do contraste –

principio central do seu paisagismo. Jogo de massas de cores únicas e vibrantes (verde,

35 VAZ, Carlos Eduardo. As linguagens compositivas de Roberto Burle Marx: aplicação e caracterização pela gramática da forma.

Anexo-01-Ficha 01 e Anexo-02-Ficha 02, p.172-173.

Ilustração 70– Jardim da Casa Forte,

Roberto Burle Marx, Recife PE

Ilustração 71 – Fazenda Vargem

Grande, Burle Marx, Areias SP

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vermelho-escuro, amarelo) PLANO / COR / FORMA – em grandes áreas verdes, Burle Marx

coloca tapetes de cor.

topografia – “decidi-me a usar a topografia natural como uma superfície para a composição e os

elementos da natureza – minerais e vegetais – como materiais de organização plástica”;36

forma orgânica – década de 1950 – curvas livres – “Ao contrário, os traçados curvos que o

paisagista testava na composição dos recintos ajardinados, no período de sua maturidade

profissional, originam-se de um exercício plástico abstrato e auto referente, embora ajustado às

características dos sítios naturais que intervinha. Uma síntese pessoal, inspirada bem mais nas

soluções formais do surrealismo do que nas praticas inglesas do século XVIII, cuja simulação de

paisagens originais nos jardins era uma tentativa de reparar a perda do próprio ambiente natural,

corroído pelo avanço do puro extrativismo e dos campos agricultáveis.”37

2.2. Residência dos Irmãos Gomes, 1965

A residência dos irmãos Gomes está localizada num grande terreno plano entre a montanha e a praia em

Ubatuba, litoral norte de São Paulo.

Esta casa tenta conjugar a introspecção das casas urbanas com uma grande abertura para a paisagem.

36 DOURADO, Guilherme Mazza. Op. cit., p.108.

37 Idem ibidem, p. 171 e 172.

Ilustração 72– Residência Irmãos Gomes,

Rino Levi, Ubatuba SP

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O partido arquitetônico desse projeto é todo horizontal, setorizado com princípios da arquitetura

racional, sempre considerando a continuidade espacial com a natureza.

Esse projeto foi encomendado pelo então senador Severo Gomes ao arquiteto Rino Levi.

A planta é retangular e tem nas faces menores os dormitórios, e na outra, os serviços. A sala está ao

centro do projeto e integra-se ao jardim através de grandes portas de correr de vidro. A sala ainda abriga um

grande espelho d‟água com cascata natural e jardim interno, projetado por Roberto Burle Marx.

O projeto da residência de veraneio foi concebido no ano de 1958 e somente realizado quatro anos após,

em 1962.

As paredes dos lados maiores da planta são constituídas por um plano opaco de tijolo aparente, que se

interrompe na parte correspondente à sala para permitir a sua completa abertura. Toda a extensão dos dois lados

da sala se abre por grandes portas de correr. Quando abertas, vazam totalmente o volume na direção da praia e da

mata.38

38 http://www.cultura.sp.gov.br.

Ilustração 74 – Residência Irmãos Gomes,

Rino Levi, Ubatuba SP

Ilustrações 75-76 – Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba SP

Ilustração 73 – Residência Irmãos Gomes,

Rino Levi, Ubatuba SP

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Características do paisagismo39

Através do projeto podemos identificar que Burle Marx adota, na Residência dos irmãos Gomes, uma

linguagem que mescla as formas orgânicas com as formas geométricas para a composição do jardim.

Burle Marx cria um jardim vertical interno (muro e cascata de pedras).

cor – folhas: diversas nuances de verde, flores: amarelas e vermelhas, espécies vegetais nativas:

(herbáceas e arbustivas). Árvores de grande porte: palmeiras.

topografia – O projeto paisagístico acompanha a topografia do sitio que é totalmente plana.

mescla a forma orgânica e a geométrica – período de transição do artista.

39 Vide em Anexo 3 – ficha 3 e Anexo 04 – ficha 4, p. 186-187.

Ilustração 77-78 – Residência Irmãos

Gomes, Rino Levi, Ubatuba SP

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Ilustração 79 – Projeto paisagístico da residência dos irmãos Gomes, Burle Marx, Ubatuba SP

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Ilustração 80 – Cortes do projeto da residência dos Irmãos Gomes, Rino Levi,

Ubatuba SP

Ilustração 81– Projeto paisagístico da residência dos irmãos Gomes, Burle Marx,

Ubatuba SP

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2.3. Centro Cívico de Santo André, 1967

O terreno onde está implantado todo o conjunto arquitetônico e o projeto paisagístico possui uma

superfície de 110 mil m2 e está localizado em Santo André.

O projeto para desenvolver o Centro Cívico de Santo André foi o projeto vencedor de um concurso, no

qual Haruyoshi Ono e José Tabacow também participaram. O escritório do Rino Levi foi o escolhido e logo o

próprio Rino Levi encomendou o projeto ao escritório do Burle Marx. Em relação à contratação, Haruyoshi

Ono, em entrevista à Marília Dorador, afirma: “não sei se foi uma encomenda, pois o pagamento foi feito através

da Prefeitura de Santo André”.40

O projetou paisagístico, a principio, previa apenas os jardins, mas nas

conversas de desenvolvimento, Burle Marx começou a pensar em incluir painéis, o que acabou resultando em

três estudos para o foyer do Teatro Municipal, conforme Haruyoshi Ono.

O Centro Cívico abriga os edifícios institucionais. A prefeitura, câmara e fórum, além de importantes

equipamentos culturais como biblioteca, salão de exposições, teatro e auditório municipal. O paisagismo que

integra esses diferentes prédios humanizando todo o espaço, tornando-o propício ao convívio e favorecendo a

sociabilidade, são méritos de Roberto Burle Marx.

Características do paisagismo41

40 GUIMARÃES, Marília Dorador. Entrevista com Haruyoshi Ono. Anexo (05/05/2011) – Anexo p. 219-234.

41 Vide em Anexo 5-Ficha5 e Anexo 6-Ficha 6, p.188-189.

Ilustração 82– Foto aérea do terreno.

Centro Cívico de Santo André SP

Ilustração 83-84 – Centro Cívico de

Santo André, Rino Levi, Santo André SP

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Burle Marx faz uso de formas geométricas para a criação do paisagismo do entorno do Centro Cívico de

Santo André.

Além de jardins que possuem canteiros, vegetação, espelhos d‟água e mosaicos com pedras portuguesas

no piso, Burle Marx realizou – um pouco depois, mas ainda com o mesmo prefeito – uma enorme tapeçaria, que

foi pensada para o prédio da Prefeitura. Segundo Haruyoshi Ono, a tapeçaria foi feita na Fazenda da família

Gomes, mais especificamente na tecelagem Parahyba, que possuía um grande tear.

Membros do atual escritório Burle Marx e Cia estiveram há pouco tempo em Santo André e notaram que

o local está abandonado e mal conservado. Contudo, o painel foi restaurado e pôde ser emprestada para as

exposições realizadas para o centenário do paisagista Roberto Burle Marx. Segundo Haruyoshi Ono, a

exposição foi um sucesso, pois a tapeçaria é muito bonita.42

De acordo com Lauro Cavalcanti, a presença dessa tapeçaria sugere a interface entre a indústria e o

artesanato, uma maneira de preservar a idéia de criação artística em meio à produção industrial daquela cidade.43

Neste projeto, Burle Marx dizia que a paisagem urbana do entorno não merecia participar do jardim44

. E

se examinarmos a concepção daquele espaço, ele é totalmente dissociado da paisagem do entorno. Neste sentido

42 Idem, ibidem, p. 217. Esta tapeçaria, considerada uma das maiores já feitas no Brasil, esteve presente na exposição “Roberto Burle

Marx 100 anos: a permanência do instável”, com curadoria de Lauro Cavalcanti, Paço Imperial do Rio de Janeiro, de 12 de dezembro

de 2008 a 19 de abril de 2009. A exposição ganhou itinerância em São Paulo, no MAM, de 17 de julho a 13 de setembro de 2009.

43 CAVALCANTI, Lauro. Roberto Burle Marx 100 anos: a permanência do instável. Exposição MAM-SP.

Ilustração 85, 86, 87 – Centro Cívico de

Santo André, Rino Levi, Santo André SP

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o jardim tem fortes conotações de uma concepção do barroco francês: geometria rígida, dissociação da paisagem

do entorno, pouca compartimentação e visualização a um só tempo de todo o conjunto. Isso pode parecer

especulativo, mas o próprio Roberto chamava o jardim ao lado da torre da Prefeitura de parterre.

Roberto Burle Marx explicava que a concepção daquele espaço apenas diferia dos originais franceses

porque permitia que o observador caminhasse em seu interior. Há aqui uma nova proposição em que os pisos,

com seus desenhos, não cumprem apenas um papel funcional, mas interagem com as superfícies coloridas das

plantas de cobertura dos canteiros adjacentes”45

, segundo José Tabacow em entrevista a Abílio Guerra para

Vitruvius.

Este projeto arquitetônico de Rino Levi foi e é até os dias atuais um marco na arquitetura moderna.

44 GUIMARÃES, Marília Dorador. Entrevista com José Tabacow. Anexo 31 (01/03/2011) – Anexo p. 235-239.

45 GUERRA, Abilio entrevista José Tabacow. Op. Cit.

Ilustração 88 – Centro Cívico de Santo André,

Rino Levi, Santo André SP

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Ilustração 89 – Projeto paisagístico Centro Cívico de Santo André, Burle Marx, Santo André, SP

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No Centro Cívico de Santo André, o artista faz uso da forma geométrica para a composição dos

canteiros, espelho d‟água e dos jardins.

Nas folhas das espécies vegetais, Burle Marx mescla nuances diversas de verde com flores nos tons de

amarelo, rosa, vermelho, laranja. Ele insere espécies vegetais nativas e exóticas, tanto para herbáceas quanto

para arbustivas. Emprega árvores de grandes portes, como palmeiras, manacás da serra, quaresmeiras.

Neste projeto, Burle Marx aplica a estratégia do contraste que é um dos princípios centrais do seu

paisagismo. Ou seja, opta pelo jogo de massas de cores únicas e vibrantes, opção exemplificada pelo uso de

cores nos tons verde, vermelho-escuro, amarelo. É a experimentação do plano, da cor e da forma em grandes

áreas verdes, criando-se tapetes de cores.

O projeto paisagístico acompanha a topografia do sítio, que foi modificada. Foi executada uma

movimentação de terra para possibilitar a criação de três platôs de diferentes níveis. No primeiro, mais baixo,

estão o estacionamento e alguns caminhos que integram o passeio público da cidade com o Centro Cívico; no

nível intermediário, está á área cultural, com o Teatro Municipal e o Auditório; e no último nível – que é o mais

alto do Centro Cívico e o mais integrado à cidade – estão a Prefeitura, o Fórum e a Câmara.

Com o uso de formas geométricas, Burle Marx desenvolve o desenho dos pisos, dos canteiros e espelho

d‟água.

Ilustração 90 – Centro Cívico de Santo André SP

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Ilustrações 91, 92, 93, 94 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle Marx, Santo André SP

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Ilustrações 95, 96, 97, 98 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle Marx, Santo André SP

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Ilustrações 99, 100, 101, 102 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle Marx, Santo André SP

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Ilustrações 103, 104, 105 – Painéis em auto-relevo, Centro Cívico de Santo André,

Roberto Burle Marx, Santo André SP

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Tapeçaria

A tapecaria chama atencao pela sua dimensao. Foi realizada por Burle Marx em 1967, para a Prefeitura

de Santo André. Ela mede 3,27 por 26,38 metros e é acompanhada de outras duas confeccoes texteis. Segundo o

catalogo da exposição: “Roberto Burle Marx 100 anos: a permanência do instável, realizada no Paço Municipal,

no Rio de Janeiro no ano de 2009.”

Ilustração 106 – Tapeçaria Centro Cívico Santo André, Roberto Burle Marx, Santo André SP

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2.4. Residência Clemente Gomes, 1968

A residência Clemente Gomes está situada na cidade de São Paulo, no bairro do Pacaembu. A área

construída é de 708,00 metros quadrados. Esta é uma das poucas criações de Rino Levi que ainda resiste até os

dias atuais sem maiores adulterações. Muitas das obras residenciais foram demolidas ou estão mal conservadas.

Haruyoshi Ono mencionou em entrevista que só conhecia a residência de Clemente Gomes – uma casa

pequena, com um jardim igualmente pequeno – pelo projeto, em desenho, pois nunca esteve pessoalmente no

local, mas se recorda que o projeto previa pequenas jardineiras, um painel em concreto.

A casa revela uma das questões que Rino Levi sempre se preocupou: o conforto ambiental. Existe a

presença de elementos vazados que funcionam como uma espécie de brise-soleil, deixando vazar a luz solar que

ilumina de forma discreta o interior da casa, mantendo uma temperatura agradável.

A distribuição interna é dividida em três alas. A ala social, a íntima e a de serviços. Setorizado dessa

forma o projeto, os espaços não interferem uns nos outros. As salas de estar e de jantar se integram por portas de

correr laterais. Os dormitórios estão alinhados e se abrem para um dos jardins de Burle Marx., que fica isolado

do restante da casa. Neste projeto, há uma integração dos jardins externos com as áreas internas.

O jardim projetado pelo paisagista Burle Marx se integra a casa por meio dos elementos vazados da

fachada, que evitam a forte incidência solar no interior. O espelho d‟água, que era de concreto e estava mal

conservado, foi restaurado e recebeu revestimento de mosaico de vidro.

Ilustrações 107-108 – Residência

Clemente Gomes, Rino Levi,

Pacaembu, São Paulo SP

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Ilustração 109 – Projeto arquitetônico de Rino Levi para Residência Clemente Gomes, São Paulo SP

Ilustração 110 – Projeto arquitetônico de Rino Levi para Residência Clemente

Gomes, São Paulo SP

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Características do paisagismo46

Nos jardins da Residência Clemente Gomes, Burle Marx faz uso de formas geométricas irregulares para

a composição do projeto paisagístico.

Segundo Haruyoshi Ono, o paisagista coloca-se no lugar do observador e quando vai projetar um jardim

ele cria diferentes pontos de vistas, mesmo em um jardim pequeno, como é o caso da residência Clemente

Gomes. O paisagista vai criando umas espécies de “obstáculo”, colocando anteparos, e quando o usuário

daquele espaço chega realmente ao jardim se impressiona e diz: “Olha que coisa bonita, tudo se abre”. No meio

dos acessos, pode se criar uma fonte d‟água, e outras referências, como um laguinho, um mural. Segundo Ono,

quando Burle Marx criava, ele sempre pensava nisso. Criava caminhos sinuosos (com ou sem elevações),

pequenas sinuosidades no terreno etc.

“Muita gente não quer ver tudo de uma só vez. Os jardins são para serem desfrutados aos poucos.

Vai dando água na boca e devagarzinho dá vontade de ver mais e mais. Mas muitas vezes o

cliente não entende esta questão proposta”. 47

A amizade com Rino Levi rendeu a Roberto Burle Marx excelentes trabalhos. Eles eram amigos muito

próximos mesmo, tanto é que tinham os mesmos interesses pela botânica, pelas viagens, sendo que numa delas

Rino Levi veio a falecer. Segundo a lembrança de Haruyoshi Ono:

46 Vide em Anexo-07-Ficha 07 Anexo-08-Ficha 08, p. 190-191.

47 GUIMARÃES, Marília Dorador. Entrevista com Haruyoshi Ono. Anexo (05/05/2011) – Anexo p. 235-239.

Ilustração 111 – Residência Clemente

Gomes, Pacaembu, São Paulo SP

Ilustração 112– Residência

Clemente Gomes, Rino Levi,

Pacaembu, São Paulo SP

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“Eu estava entrando no escritório e Roberto estava saindo para esta excursão. Inclusive quando

Roberto ia para São Paulo ele se hospedava na casa de Rino Levi (acho que na Rua Bélgica, eu

acho), tinha a mulher dele, Ivone Levi, a filha Barbara e outras criancinhas das quais não me

lembro o nome”. 48

Basicamente os projetos paisagísticos (junto com Rino Levi) eram elaborados e executados sempre em

simultâneo ao projeto arquitetônico. “São poucos os projetos que entramos depois, a não ser uma reforma, mas

quase todos são juntos”, conforme Haruyoshi Ono. 49

48 Idem ibidem, Anexo p. 235-239.

49 Idem ibidem, Anexo p. 235-239.

Ilustração 113 – Residência Clemente

Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São

Paulo SP

Ilustrações 115– Residência

Clemente Gomes, Rino Levi,

Pacaembu, São Paulo SP

Ilustração 114 - Residência Clemente

Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São

Paulo SP

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CAPÍTULO III

3. Burle Marx e Marcello Fragelli

Marcello Fragelli, arquiteto formado na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, mudou-se em

1961 para São Paulo. Os primeiros projetos de Fragelli foram marcados pela convivência com os irmãos

Roberto, dos quais foi estagiário. A influência dos Roberto é notável nos projetos de edifícios, pela presença de

pilotis delgados e aplicação de pastilha de vidro. Contudo, é em São Paulo que a fase mais madura do arquiteto

é atingida. O amadurecimento ocorre nos anos 1970 e 1980. Diferente dos seus projetos cariocas, com linhas

racionais e elegantes e desenvolvidas em materiais naturais ou até mesmo artesanais, em São Paulo Fragelli se

volta mais para o espaço do que para a forma, ou seja, o projeto nasce de dentro para fora e não de fora para

dentro.50

Ele atuou no escritório da Promon Engenharia, como consultor no setor de arquitetura e engenharia para

a construção do Metrô de São Paulo. Nesta fase, Fragelli realizou grandes projetos como hidroelétricas,

desenvolveu a sede administrativa de Furnas, Rio de Janeiro, 1972; indústria Piraquê, Rio de Janeiro,

1964-1980; um dos edifícios do conglomerado, o Jerônimo Ometto, 1974; edifício São Luiz, São Paulo,

1976-84; edifício Macunaíma, São Paulo,1980.

50 BARIANI, Márcio. Marcello Fragelli: arquitetura entre Rio de Janeiro e São Paulo. Arquitextos, São Paulo, 05.057, Vitruvius, fev

2005 < www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.057/499>.

Ilustração 116 – Arquiteto

Marcello Fragelli

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Em meados dos anos 1980, Fragelli desliga-se da Promon e retoma suas atividades como autônomo,

quando projeta o restaurante da indústria SEW Motors em Guarulhos, SP.

“A arquitetura de Marcello Fragelli é bastante coerente com seu discurso. Critica o formalismo

inconseqüente, voltado às câmeras, aos desavisados, ao mesmo tempo em que faz uma

arquitetura que nunca sacrifica a poesia e a beleza. Lutou por suas idéias, defendeu de forma

radical a integridade de alguns projetos, às vezes até comprometendo a relação com o cliente,

mas foi ainda mais radical na defesa do usuário, do homem como ele de fato é. Fragelli não nos

lega definições unívocas, prontas para uso, mas sim possíveis caminhos que podem ser trilhados

para se chegar à boa arquitetura.”51

As três obras do arquiteto Marcello Fragelli com Burle Marx, que selecionamos para analisarmos

criticamente são:

Edifício São Luiz, São Paulo SP;

Edifício Macunaíma, São Paulo SP;

SEW Motors Eurodrive, Guarulhos SP.

3.1. Edifício Macunaíma, 1979

Quando se pensou em construir em 1979, na Av. Arruda Botelho52

, no bairro de Alto de Pinheiros, em

São Paulo SP, os primos53

de Maria Amália, esposa de Marcello Fragelli, juntamente com um grupo de amigos

51 Idem ibidem.

52 No lado par desta avenida podiam-se construir edifícios com vista garantida, pois o lado impar já fazia parte da área com as

restrições da Companhia City, estritamente familiar. Op. cit., p. 349.

Ilustrações 117-118 – Ed. Macunaíma, São

Paulo. Ed. Rossi Leste, Marcello Fragelli, São

Paulo SP

Ilustração 119 – Edifício

Macunaíma, Marcello Fragelli,

São Paulo SP

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pediu-lhe se poderia projetar um edifício e que a Promon – escritório onde Fragelli trabalhava – o construísse.

Como a Promon não era incorporadora, o arquiteto indicou outra construtora, mas aceitou realizar o projeto.

Os clientes queriam que o programa do edifício tivesse doze pavimentos tipo e mais um duplex de

cobertura. Como a frente dava para uma avenida e a visão seria limitada, Fragelli percebeu que para a avenida só

poderia projetar o espaço das salas e das suítes. Mas recortando a fachada lateral norte poderia, no fundo, abrir

uma janela da suíte principal para o mesmo lado, deixando esta suíte com as mesmas características

arquitetônicas e se beneficiando da insolação do poente.

Na fachada sul, dando para a rua lateral, estão a área de serviço, a cozinha e a sala de jantar. Como essas

duas poderiam facilmente ser devassadas por construções em frente da avenida, Fragelli criou jardineiras em

balanço na fachada, fechando-as por fora com vidro translúcido. O arquiteto criou volumes com as jardineiras e

marquises protetoras de chuva. Ele criou neste edifício outras soluções arquitetônicas inteligentes que deram a

fachada uma linguagem volumétrica que harmonizava o todo. Por exemplo, na área das lavanderias e cozinhas,

ele estabeleceu este critério na fachada.

Marcello Fragelli baseou a plástica do prédio no jogo dos elementos construtivos, estruturais e de

vedação (uso do concreto aparente, vidro, elementos vazados, tijolo, entre outros materiais) aproveitando as

cores e texturas naturais originários destes materiais. Na fachada da avenida, colocou jardineiras na frente da

janela da sala. Usou desse artifício para que o verde das folhagens ali colocadas pudesse se fundir com a

53 Coleta e Fernando Albino de Oliveira.

Ilustrações 120, 121, 122 – Ed. Macunaíma,

Marcello Fragelli, São Paulo SP

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paisagem do entorno. Utilizou-se de brise-soleil pendurados em cima das jardineiras, para amenizar o calor e a

luminosidade do sol matutino e ao longo do dia. Esse recurso valoriza a composição volumétrica da fachada.

O arquiteto usou a mesma solução no prédio da praia do Botafogo, Rio de Janeiro, em 1958.

No Edifício Macunaíma, na fachada dos fundos, o arquiteto criou placas fixas de venezianas

pré-fabricadas, de concreto. Isto permite, segundo depoimento de Fragelli, a abertura das janelas no fim da

tarde, que é a do sol poente. Na cobertura criou um espaço diferenciado – o salão. Deixando-o parcialmente com

o com o pé-direito duplo, mas também para modular o volume superior do prédio e estabelecendo o seu

coroamento.

Características do Paisagismo54

Para o paisagismo, desde o começo Fragelli e o primo de sua esposa, Fernando Albino de Oliveira,

pediram a Roberto Burle Marx que fizesse o projeto paisagístico que contou com a colaboração de Haruyoshi

Ono, sócio de Roberto Burle Marx.

Fragelli aprovou o projeto proposto por Roberto Burle Marx, mas este sugeriu que houvessem

modificações no projeto arquitetônico – modificação da posição dos pilotis para que houvesse uma

harmonização com o paisagismo proposto para compor e integrar melhor os dois projetos –, proposta logo aceita

pelo arquiteto.

54 Vide em Anexo-09-Ficha 09 e Anexo-10-Ficha 10, p.192-193. Ilustrações 123, 124, 125 – Edifício

Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo

SP

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Burle Marx, “com carta branca para solucionar e criar o que desejava, incluiu nesse trabalho uma idéia

antiga, que nunca havia executado nos projetos anteriores: criou uma série de vulcões – ou seios – que,

revestidos da pedra portuguesa do piso, em um desenho de curvas em três cores, elevam-se a dois ou três metros

de altura, dando continuidade ao piso, contendo jarros de bromélias embutidos”.55

55 FRAGELLI, Marcelo. Op. cit., p.351.

Ilustração 126 – Projeto paisagístico do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo SP

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Em relação aos montículos (vulcões), em carta a José Tabacow, Marcello Fragelli explica que Burle

Marx os projetou para o acesso à piscina, mas que gostaria que Burle Marx os revisse. Ele entendia que a

circulação ficaria comprometida, prejudicando as florações (bromélias), e sugeriu que seria melhor deixar livre

esta área frontal aos degraus que dão acesso à piscina.56

Nesta mesma carta, Fragelli queria também alterar a piscina de lugar, porem Burle Marx deveria manter

a queda d‟água.

Em relação ao piso, Fragelli aceitou a idéia de pedra portuguesa, mas solicitou que este calçamento fosse

até a garagem do edifício, que se encontra no subsolo.

A inovação de Burle Marx – os “vulcões” ou “seios” – era algo diferente e até meio esquisito, conforme

depoimento Haruyoshi em entrevista para esta dissertação foi difícil para os clientes aceitarem esta solução. Em

depoimento, Fragelli comentou: “No começo da construção dos seios do jardim de Burle Marx, novos

problemas apareceram. Muitos condôminos se assustaram com aqueles volumes grandes, brotando do piso do

jardim de acesso, ainda com sua armação de ferros amarrados por arames. Telefonaram-me, pedindo o

56 Carta de Marcello Fragelli a José Tabacow, 30 ago. 1979.

Ilustração 127 – Ed. Macunaíma,

Marcello Fragelli, São Paulo SP

Ilustração 128 – Ed. Macunaíma,

Marcello Fragelli, São Paulo SP

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cancelamento, e como o Fernando foi contra e exigiu que continuasse, fizeram uma reunião para tratar do

assunto”.57

Em uma mesma reunião Fragelli comentou sobre a diferença entre o aspecto atual passageiro (fase de

construção dos vulcões), deveras feio, pois para executá-los tinham várias ferragens amarradas por arames

espalhadas pelo terreno, sem nada, ocas, e o que resultaria no final, com os jarros embutidos e as bromélias.

Fragelli propôs que deixassem se completar a obra, para daí sim julgá-la como fora idealizado pelo Roberto. O

arquiteto quis que os clientes percebessem que Burle Marx era reconhecido internacionalmente através de

diversas obras paisagísticas. Sendo assim, os condôminos decidiram respeitar o projeto de Burle Marx, que se

encontra até hoje muito bem conservado.

Obra

De acordo com o depoimento de Fragelli, “A luta pela defesa do projeto do edifício Macunaíma

começou logo no inicio da obra”.58

Fragelli comenta que na fase da alvenaria, foi muito difícil, pois o projeto determinava paredes fora das

medidas padrões e o engenheiro da construtora detestava consultar os desenhos de Fragelli. Para isto Fernando,

como líder do grupo, era o recurso de Marcello Fragelli na defesa do projeto. A incorporadora fazia uma série de

modificações nas esquadrias para baratear o custo. Fragelli regia e fazia questão que nas quinas, na varanda e na

57 FRAGELLI, Marcello. Op. cit., p. 355.

58 Idem, ibidem, p. 351.

Ilustração 129 – Desenhos de Burle Marx,

edifício. Macunaíma, São Paulo SP

Ilustração 130-131 – Ed. Macunaíma,

Marcello Fragelli, São Paulo SP

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sala, não ficassem montantes fixos quando abertas as folhas. Como isso encarecia um pouco a janela, o caso foi

levado aos condôminos que, alertados por Fernando, exigiram a manutenção do projeto.

Assim, o projeto arquitetônico de Fragelli e o projeto paisagístico de Burle Marx foram respeitados.

O anteprojeto de Burle Marx previa alguns vulcões, montículos na área livre entre a piscina e o edifício,

ou seja, na parte posterior do terreno. De acordo com a carta citada, Burle Marx teve que alterar o projeto

excluindo e deixando apenas esses montículos para a parte da frente do projeto.

Os canteiros com espécies vegetais são em formas geométricas irregulares, anatômicas, criando uma

composição abstrata conforme também ocorre no projeto paisagístico da Residência José Egreja, arquitetura de

Ruy Ohtake.

As espécies vegetais utilizadas foram:

1. Erythina speciosa

2. Philodendron speciosum – Gaimbe *

3. Scindapsus aureus

4. Púnica gronatum

5. Plumeria Alba

6. Bauhinia blakeana – pata de vaca*59

59 *Espécies muito utilizadas por Roberto Burle Marx.

7. Philodendron bipinnatifidum – babosa de pau*

8. Lantana camara*

9. Russelia equisetiformis

10. Wedelia paludosa – vedelia *

11. Agapanthus umbellatus*

12. Tibouchina mutabilis – manca da serra*

13. Cassia bicapsularis – cássia *

Ilustração 132, 133, 134 – Ed.

Macunaíma, Marcello Fragelli, São

Paulo SP

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14. Cordyline terminalis

15. Zebrina pendula – lambari*

16. Nolina recurvata

17. Zoysia matrella – grama coreana *

18. Liriope muscari – Barba de serpente*

19. Tibouchina holosericea – Quaresmeira*

20. Clusia fluminensis – Clusia*

21. Dracena marginata – Dracena*

22. Tibouchina radula – Quaresmeira *

23. Allamanda cathartica – Alamanda*

24. Hemerocallis flava – Lírio *

25. Pachystachys lútea

26. Spilanthes stolonifera

27. Hemerocallis hibrido vermelho*

28. Pandanus veitchi

29. Pachystachys lútea

30. Spilanthes stolonifera

31. Bulbine frutenscis – Bulbine*

32. Plumbago capensis – Bela Emilia *

33. Rhododendron indicum – Azaléia*

34. Dracaena fragans – Dracena*

35. Kalanchoe gastonis – bonieri

36. Crinum asiaticum

37. Brunfelsia hopeana

38. Crinum powellii

39. Aphelandra sprengeri

40. Asparagus sprengeri

41. Cortaderia argêntea

42. Hemerocallis fulva*

43. Vriesia imperialis – Gravatá, Bromélia *

44. Vriesia reginae – Gravatá, Bromélia*

45. Neoregelia carolinae

46. Neoregelia marmorata

47. Dyckia sulphurea

48. Cyrtopodium andersonii

49. Vriesia glutinosa – Bromélia *

50. Vriesia bituminosa – Bromélia*

51. Aechmae fasteiana

52. Nidularium innocentii, Euphorbia splendens

53. Neomarica coerulea

Ilustração 135, 136, 137 – Ed.

Macunaíma, Marcello Fragelli, São

Paulo SP

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Ilustração 138 – Projeto paisagístico do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo SP

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As espécies vegetais utilizadas nos canteiros do entorno das piscinas foram:

1. Plumeria Alba

2. Bauhinia blakeana – Pata de vaca*

3. lantana camara – Cambará*

4. Russelia equisetiformis

5. Zebrina pendula – Lambari*

6. Zoysia matrella – Grama coreana*

7. Clusia fluminensis – Clusia *

8. Draceana marginata – Dracena *

9. Tibouchina rodula – Quaresmeira*

10. Allamanda Cathartica – Alamanda*

11. Hemerocallis – Lírio *

12. Pandanus weitchi

13. Paschystachys lútea

14. Spilanthes stalonifera

15. Bulbine frutensces – Bulbine *

16. Plumbago capensi – Bela Emilia s*

17. Rhododendron indicum – Azaléia *

18. Draceana fragans – Dracena *

19. kalanchoe gastonis

20. Crinum asiatiacum

21. Brunfelsia hospeana

22. Crinum powellii

23. Asparagus sprengeri – Aspargo *

Ilustração 139 – Ed. Macunaíma,

Marcello Fragelli, São Paulo SP

Ilustração 140– Ed. Macunaíma,

Marcello Fragelli, São Paulo SP Ilustrações 141, 142, 143, 144 – Bulbine, Alamanda, Aspargo, Bela Emilia

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O projeto abaixo representa as especificações técnicas da queda d‟água projetada por Roberto Burle

Marx.

Ilustração 145– Ed. Macunaíma, Marcello

Fragelli, São Paulo SP

Ilustração 146 – Ed. Macunaíma, Marcello

Fragelli, São Paulo SP

Ilustração 147 – Detalhe da cascata do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo SP

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3.2. SEW Eurodrive, 1976-1984

Conforme entrevista de Haruyoshi Ono, o projeto paisagístico da SEW foi contratado antes do que o

projeto arquitetônico, invertendo a ordem mais comum de encomendas que envolvem arquitetura e paisagismo.

A esposa do presidente, Dona Úrsula Bickle Marx, tinha muita admiração pela obra de Burle Marx e

solicitou que ele fosse contratado e executasse o projeto paisagístico.

“A gente começou a fazer o jardim para a sede e depois mais tarde eles (SEW) precisavam de

uma ampliação, precisavam de um refeitório maior com restaurante. E daí o Roberto sugeriu o

nome do arquiteto Marcello Fragelli, ele foi contratado e daí ele projetou e teve que fazer uma

readaptação do jardim. E a gente se entrosou bem com Marcello, foi uma grande época, ele vinha

muito para o Rio, para as festas de Roberto, vinha com a senhora dele, Maria Amália, que tocava

piano. Foi uma época boa”.60

Características do paisagismo61

O projeto paisagístico consistiu em desenvolver um desenho geometrizado para o piso, utilizando pedras

portuguesas nas cores branco e preto, e desenvolveram-se canteiros com espécies vegetais de três tipos

diferentes, sendo árvores, palmeiras e arbustos.

De acordo com a Ata de Reunião do Grêmio da SEW do dia 26/06/1984, referente à discussão do

anteprojeto apresentado por Burle Marx, os representantes da SEW aprovaram o projeto inicial, afirmando que

60 GUIMARÃES, Marília Dorador. Entrevista com Haruyoshi Ono. Anexo (05/05/2011) – Anexo p. 219-234

61 Vide em Anexo-11-Ficha 11 e Anexo-12-Ficha 12, p.194-195.

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todos os equipamentos estavam bem posicionados, mas fizeram algumas ressalvas. Eles solicitaram a colocação

de uma churrasqueira central, bem como bancos em madeira, iluminação e quatro pontos de água. Burle Marx

criou esses elementos, atendendo ao pedido dos responsáveis pela SEW.

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Ata de Reunião – SEW

Ilustração 148-149 – Ata de Reunião, SEW, Guarulhos SP

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As espécies utilizadas no projeto paisagístico foram:

1. Caesalpinia peitophoroides

2. Chorisia speciosa

3. Tipuana tipu

4. Holocalyx glaziowii

5. Erythrina faicata

6. Tibouchina mutabilis – Quaresmeira *

7. Tibouchina granulosa – Quaresmeira *

8. Cassia grandis – Chuva de ouro*

9. Arecastrum romanzoffianum

10. Seaforthia elegans Hook

11. Basiloxylon brasiliensis

12. Tecoma chysotricha

13. Jacarandá mimosaefolia

14. Tecoma stans

15. Tecoma heptaphylla

16. Wedelia paludosa – vedelia *

17. Schizolobium parahybum

18. Bauhinia galpini – Pata de Vaca *

19. Peltophorum dubium

20. Enterolobium contortisiliquum

21. Piptadenia colubrina Benth

Ilustração 150 – Quaresmeira

roxa

Ilustração 151 – Manacá da Serra

Ilustração 152 –Chuva

de ouro

Ilustração 153 – Vedélia

Ilustração 154 – Pata de

vaca

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22. Hymenaea copanemae

23. Caessalpinia echinata

24. Euphorbia pulcherrima

25. Bouganvillea spectabilis – Primavera *

26. Bouganvillea aurantiaca – Primavera *

27. Bouganvillea glabra Choisy – Primavera *

28. Allamanda cathartica – Alamanda *

29. Bulbine SP (amarela) – Bulbine *

30. Bulbine SP (laranja) – Bulbine *

31. Schizocentron elegans meissn*

32. Hemerocallis flava – Lírio *

33. Hemerocallis fulva – Lírio *

34. Asystasia coromandeliana

35. Plumbago capensis – Bela Emilia *

36. Lantana camara – Cambará *

37. Setcreasea purpúrea boom

38. Paspalum notatum Fluegge

39. Thunbergia grandiflora Roxb.

Ilustração 155 – Primavera

Ilustração 156–

Bulbine

Ilustração 157 – Allamanda

Ilustração 158 – Lírio vermelho

Ilustração 159– Cambara

Ilustração 160 – Bela Emilia

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Arquitetura como obra de arte

“Em 1984, fui procurado por Haruyoshi Ono, anunciando o chamado de um industrial para que

lhe projetasse um edifício. Convocou-me para uma reunião em Guarulhos, na sede da indústria

SEW. O proprietário voaria para Cumbica, onde eu o apanharia. O cliente, Sr. Rainer Hartmut

Blickle, filho do presidente e o maior acionista de uma multinacional sediada na Alemanha –

queria construir, no jardim, um prédio para servir como restaurante a todos os funcionários, de

operários a diretores. Para que o prédio pudesse se inserir no jardim, que o cliente e sua mulher –

diretora encarregada da imagem da indústria – tanto apreciavam, queriam que fosse uma obra de

arte, algo que se parecesse mais com uma escultura do que arquitetura.”62

Fragelli discordou afirmando que seria uma obra de arquitetura e não uma escultura, mas o senhor

Bickle, mal entendendo, disse que estavam dispostos a gastar o necessário para construir um prédio digno do

jardim criado por Burle Marx. Não queriam um prédio comum em meio ao jardim do Burle Marx, queriam uma

obra de arte arquitetônica!

Essa arquitetura, antes de tudo, teria que ter um caráter compatível com a atividade industrial. Por mais

bonito e artístico que fosse, o projeto deveria atender algumas necessidades básicas. Uma situação inusitada,

pois, depois de tantos anos posicionando contra clientes que não se interessavam pelo belo ou pelo estético

arquitetônico ou se preocupavam em apenas fazer economia, Marcello Fragelli se viu defendendo o direito de

62 FRAGELLI, Marcello. Op cit., p.404.

Ilustração 161 – SEW, Marcello Fragelli,

Guarulhos SP

Ilustração 162 – SEW, Marcello Fragelli,

Guarulhos SP

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fazer uma arquitetura estritamente funcional, ainda que gastando menos do que o autorizado pelos contratantes

da indústria SEW.

A preocupação dos proprietários era manter a qualidade e conseqüente liberalidade orçamentária que

animaram Marcello Fragelli.

Para minimizar a ocupação do jardim, o arquiteto localizou o prédio numa extremidade do terreno que

faz limite com a Avenida Amâncio Gaiolli. Situou sobre o talude de seis metros de altura, a área dos serviços

essenciais à industria. Ali estavam

“localizados a cozinha, despensas, vestiários e anexo em balanço, sobre cachorros estruturais

bem massudos, o engenheiro estrutural insistiu na impossibilidade de tais apoios, que substituiu

por mãos francesas cheias, o que não correspondeu ao planejado inicialmente.

A cobertura é formada por uma grelha ortogonal de vigas de concreto aparente, com uma

hierarquia de alturas, segundo os vãos, criando um espaço mais variado e talvez mais rico que o

definido pela grelha de altura constante”.63

63 As informações foram publicadas na revista Projeto 121, no ano de 1989, p.79-83.

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Ilustrações 163-164 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos SP

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Ilustração 165 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos SP

Ilustração 166–SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos SP Ilustração 167 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos SP

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Ilustrações 168 - 169 – Primeiros estudos para projeto paisagístico da SEW, Guarulhos SP. Roberto Burle Marx

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Ilustrações 170 - 171 – Projeto

paisagístico SEW, Roberto Burle Marx

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Ilustrações 172 - 173 – Projeto

paisagístico SEW, Roberto Burle Marx

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Ilustrações 174 - 175 – Projeto

paisagístico SEW, Roberto Burle Marx

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3.3. Edifício São Luiz, 1974-1984

O edifício São Luiz – sede da Promon, empresa em que Marcello Fragelli prestou consultoria – está

localizado na zona sul de São Paulo, no bairro Itaim Bibi, na antiga avenida denominada do Córrego do

Sapateiro, atual Juscelino Kubitschek, ocupando uma quadra de esquina.

Segundo Haruyoshi Ono, o projeto de paisagismo foi uma encomenda do arquiteto Marcello Fragelli,

que solicitou a participação do Burle Marx para execução do jardim. O escritório de Burle Marx fez dois

estudos, sendo o segundo aprovado. Até hoje o escritório Burle Marx e Cia Ltda. dá assistência na manutenção

dos jardins do Edifício São Luiz, supervisionando a execução realizada pela empresa Promoverde, que faz a

troca das plantas e a manutenção, sendo a responsável pela manutenção das características originais do jardim.

O serviço está muito realizado, pois tanto os jardins quanto o desenho do piso estão muito bem conservados

como se pode observar através das fotos,

Em relação ao projeto arquitetônico, Marcello Fragelli recebeu a seguinte instrução: projetar um prédio

que tivesse uma área total que levasse em conta a previsão de crescimento da companhia. Eles não conseguiram

atender as exigências do Código de Obras que previa ocupar seis vezes o tamanho do lote.64

O primeiro projeto arquitetônico consistia em um prédio baixo, com poucos pavimentos, recortado em

todo o seu perímetro, para que fossem evitadas grandes distâncias entre qualquer ponto de trabalho e as janelas,

64 FRAGELLI, Marcello. Op. cit. p. 357-359.

Ilustrações 176, 177, 178 – Fotos do

Edifício São Luis, Marcello Fragelli,

São Paulo SP

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conforme depoimento de Fragelli. O módulo da estrutura ficaria de dez metros, procurando um vão que, dentro

de uma realidade econômica, minimizasse o numero de pilares.

Este seria o projeto que foi muito bem aceito por todos da companhia, porém, chegou a informação que

o então Código de Obras seria modificado, diminuindo para quatro vezes a área passível de ser construída no

novo zoneamento.

Imediatamente Fragelli modificou o projeto, aumentando a área construída, pois o anterior tinha a área

inferior a esse novo limite. Fez um projeto com plantas bastante flexíveis, pois a intenção da Promon era alugar

as áreas desocupadas.

Fragelli refez o projeto, mas o manteve com as mesmas características do anterior. A planta continuava

recortada. Devido às normas para incêndios, a planta foi dividida em quatro quadrantes, sendo estes separados

por uma cruz imaginária, cada qual com a mesma área para cada escritório.

Como dificilmente a Promon não ocuparia todo o prédio, Fragelli estudou a opção de projetar dois

edifícios num mesmo bloco, cada qual com sua entrada independente, mas com a possibilidade de

intercomunicação das áreas, caso a Promon fosse alugar mais para frente.

Na área livre em frente à fachada leste, Fragelli criou uma praça rebaixada, comunicando-se com a rua e

a futura avenida por meio de suaves rampas. Em frente a um espelho d água com repuxo decorativo, localizou a

entrada do prédio que seria alugado, procurando conferir maior nobreza às rampas, à praça e ao grande hall que,

apesar de estar abaixo do nível da rua, escaparia ao aspecto de subsolo por situar-se entre a praça e um pátio

interno. Neste hall poderiam parar os elevadores, dispostos em quatro conjuntos. Cada qual destinado a um

Ilustrações 179-180 – Fotos do

Edifício São Luis, Marcello

Fragelli, São Paulo SP

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quadrante do pavimento. Todo o pavimento sobre pilotis ficaria para a Promon, diretamente acessível pelas duas

ruas.

Cada quadrante deveria se ater a um máximo de oitocentos metros quadrados, separados por paredes

corta-fogo.

Para conseguir áreas úteis desimpedidas, foi localizado um bloco prismático na periferia, acessos

verticais – um hall com quatro elevadores e uma escada de segurança, e em outro, de planta quadrada, sanitários,

copa, sala de equipamentos de ar-condicionado e uma escada de comunicação.

Para dar aparência de força e resistência a estes prismas fechados, que também trabalhariam pelo

contraventamento da grande estrutura, tratou o concreto com textura semelhante à de uma galeria de metrô em

Montreal, numa versão mais econômica. Essa textura também traria mais verticalidade ao conjunto, que tinha

gabarito limitado a catorze pavimentos úteis, pela proximidade do aeroporto de Congonhas. Assim também

tratou, nas escadas de segurança, as partes que se apóiam diretamente no solo. As que não se apóiam no solo

ganharam forma lisa, de tabuas – uma linguagem mais leve – aplicada também aos pilares e vigas das fachadas

e tetos, assim como às suas lajes. O sentido das tabuas acentuou o da estrutura, e sua junção foi programada para

preservar a mensagem de continuidade.

Optou pelos blocos de concreto que foram pintados em vermelho-goiaba, tornando a fachada mais viva.

Ilustração 181 – Planta do edifício São

Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo SP

Ilustração 182– Fotos do

Edifício São Luis, Marcello

Fragelli, São Paulo SP

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Ilustração 183– Plantas do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo SP

Ilustração 184 – Elevação do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São

Paulo SP

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Ilustrações 185, 186, 187, 188, 189, 190 – Fotos do Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo SP

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Características do paisagismo65

Ao observarmos os desenhos de Roberto Burle Marx, notamos que o artista cria uma composição livre,

com formas côncavas e convexas compondo espaços com volumes e através dos traçados irregulares do piso,

que são executados em pedra portuguesa, nas cores branco, preto e vermelho complementam esta composição.

Os canteiros com espécies vegetais nativas e exóticas dialogam com o desenho do piso e com a

arquitetura de Marcello Fragelli.

A estética da composição de Burle Marx nos remete a uma criação madura do artista, que sem

preconceitos e sem medos estabelece este diálogo entre as linhas, formas, espaços e volumes, criando esta

composição que para um olhar desavisado pode até ser comparada com uma mandala. Esta obra estabelece a

maturidade e a segurança intelectual do artista, que cria um diálogo intenso entre o volume arquitetônico e o

paisagismo que adentra de forma contrastante no volume monumental do edifício em concreto aparente.

65 Vide em Anexo-13-Ficha 13 e Anexo-14-Ficha 14, p. 196-197.

Ilustração 191 – Detalhe dos desenhos de

Burle Marx para o edifício São Luiz,

Marcello Fragelli, São Paulo SP

Ilustrações 186,187,188 – Fotos do Edifício São Luis, São Paulo. Fotos Nelson Kon

Ilustrações 192-193 – Detalhe dos

desenhos de Burle Marx para o edifício

São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo

SP

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Ilustração 194– Projeto paisagístico para o edifício São Luiz Burle Marx, São Paulo SP

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Ilustrações195, 196, 197, 198 – Fotos do Edifício São Luis, São Paulo SP

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CAPÍTULO IV

4. Burle Marx e Hans Broos

Em 1953, o arquiteto eslovaco Hans Broos veio para o Brasil e se radicou em Santa Catarina. Desde o

começo de sua carreira na Alemanha, aonde se formou, o arquiteto desenvolveu intensa atividade arquitetônica.

São aproximadamente 400 projetos realizados apenas no Brasil66

. Atuando em diversos segmentos, realizou

obras religiosas, industriais, edifícios públicos, projeto urbano e residenciais. Mas suas obras com maior

divulgação são as industriais. As unidades das indústrias têxteis Hering Blumenau, 1968-1975 e a do Nordeste,

1978-1987 foram realizadas em conjunto com o paisagista Roberto Burle Marx.

Indústrias Hering

A indústria têxtil Hering Blumenau é um projeto marcante na carreira do arquiteto. A solução dada ao

conjunto arquitetônico, tanto no que diz respeito à qualidade funcional dos edifícios e dos espaços, cria um

conjunto de altíssima qualidade arquitetônica, urbanística e paisagística. A inserção dos edifícios no terreno

impressiona pela naturalidade com que se integram ao paisagismo de Burle Marx, tornando-os indissociáveis

daquele espaço.

A Hering do Nordeste, localizada em Paratibe Paulista, Estado de Pernambuco, foi outra importante obra

deste arquiteto juntamente com o paisagista Roberto Burle Marx.

66 DAUFENBACH, Karine. Hans Broos a expressividade da forma.

Ilustração 199 – Hans Broos

Ilustrações 200-201 – Hering

do Nordeste, foto José

Moscardi

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“Todos os edifícios obedecem a uma rigorosa modulação, que tem a estrutura lançada para as

extremidades dos blocos, obtendo vãos livres internos, através do uso de estruturas metálicas,

que não são exteriorizadas na forma do edifício. A estrutura, de concreto armado, é sempre

aparente, cumpre função expressiva também, com a marcação vertical dos pilares de quase todos

os edifícios, exceto o da Costura, embora em todos eles as características horizontais do volume

predominam. A estrutura marcada nas fachadas impõe ritmo à fachada e exterioriza a

racionalidade da planta”.67

Hans Broos cria um sistema de circulação, com ruas e passagens por entre os jardins de Burle Marx, em

que o valor não está concentrado apenas nos edifícios, mas nos espaços destinados ao uso coletivo e social.

Broos realiza um tipo de planejamento que permite maior interação entre os edifícios, ordenados segundo o

traçado das curvas de nível, com o paisagismo de Burle Marx reforçando esta questão. Os jardins esculpem o

terreno, assim como os edifícios.

O paisagismo do entorno da indústria

Burle Marx procura inovar, pois não é comum indústrias com espaços humanizados através de jardins

que objetivam o uso coletivo e social. Entenda-se por coletivo a circulação dos operários, visitantes, diretores

etc., e por uso social, a finalidade com a qual ele objetivou o coletivo: lazer e contemplação. No projeto foram

usadas formas orgânicas associadas às espécies botânicas que compõem este jardim com a paisagem do entorno,

criando harmonia estética e arquitetônica.

67 Idem, ibidem, p. 57.

Ilustrações 201-203 – Hering

do Nordeste, fotos José

Moscardi

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4.1. Abadia de Santa Maria, 1975

A Abadia de Santa Maria se localiza na zona norte de São Paulo. É um mosteiro que abriga monjas

beneditinas. Neste projeto, Hans Broos explora a força plástica dos materiais, em especial no uso do concreto

armado, cujas características tectônicas conferem solidez ao edifício. A pujança plástica assimilada ao uso do

concreto armado só faz ostentar mais um importante ponto da nova linguagem: a tensão entre o volume e o

sistema de apoios, que concentra seus esforços na relação entre cheios e vazios.68

No momento em que Hans Broos idealizou a concepção arquitetônica da Abadia de Santa Maria ele foi

buscar referências na arquitetura moderna de Le Corbusier.

Quando Le Corbusier projetou o convento de La Tourette – França e a Capela Notre Dame Du Haut,

Rochamp – França, o arquiteto pensou na idéia de que o sagrado não pode ser dissociado do plano material.

Em alguns desses projetos, Corbusier se associou aos artistas plásticos Matisse e Marc Chagal, por

exemplo, para encomendar projetos decorativos artísticos a fim de amenizar a frieza do concreto aparente que

muitas vezes se impõem aos seus edifícios.

Para o projeto da Abadia, Hans Broos solicitou a “ajuda” de Roberto Burle Marx para projetar os paineis

decorativos do interior da capela e o paisagismo do entorno da Abadia.

68 Idem, ibidem, p. 108.

Ilustrações 204-205 – Abadia de Santa

Maria.São Paulo SP. Fotos: José

Moscardi

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Ao percorrermos o edifício da Abadia, notamos espaços bem planejados, com rampas e pérgulas em

meio aos jardins e painéis com motivos geométricos em concreto projetados por Roberto Burle Marx. As obras

do paisagista dão um toque especial a este edifício.

“Este tratamento demonstra a preocupação na qualidade de uma arquitetura voltada à vida

interior, gerando uma surpreendente vitalidade que contrasta com a austeridade externa do

edifício.

A capela é representada por um único volume interno; a grande „caixa‟ que comporta os

ambientes é quebrada em sua regularidade e pureza geométrica pelo painel em concreto, projeto

de Roberto Burle Marx, que corta o espaço surpreendentemente em uma diagonal que conduz ao

altar e define ambientes. A monotonia do envoltório é interrompida e vencida por um elemento

que estrutura e confere dinamismo ao espaço. Na capela o concreto é usado de maneiras distintas,

como nas paredes de bloco, no piso e na laje nervurada, com suas texturas realçadas pela

iluminação zenital, em um ambiente que exala tranqüilidade e força, sendo, há um só tempo,

espaço e matéria”.69

As monjas beneditinas solicitaram a Broos um projeto arquitetônico moderno, que vem de encontro à

tradição da modernidade brasileira, que já tem em seu currículo vários prédios religiosos modernos avançados –

Catedral de Brasília, Capela da Pampulha, Convento dos dominicanos em São Paulo, entre outros. Hans Broos,

69 Idem, ibidem, p. 109.

Ilustração 206 – Convento de

Santa Maria de La Torette. Le

Corbusie, Eveux 1957-1960 –

França

Ilustração 207 – Capela de Notre Dame,

1955, Rochamp, França

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de origem européia e que provém de uma família de tradição religiosa acentuada, mantém afinidade com os

valores presentes na vida das religiosas e que buscou transmitir a sua arquitetura.

No Brasil o grande marco da renovação foi a Igreja da Pampulha, sem duvida. Portinari foi chamado para

decorar com painéis e azulejos decorados e Burle Marx fez os jardins.

O Brasil possui uma tradição em arte-sacra. Neste projeto especifico da Abadia de Santa Maria, Burle

Marx foi chamado para criar o paisagismo e os painéis decorativos que deveria conferir ao edifício o tom

intimista que se faz necessário à contemplação religiosa. Harmonizando em si o espiritual com o temporal.

O projeto da Abadia está ligado ao programa voltado para o espaço interior como é o caso dessa

construção destinada ao uso religioso.

“O partido adotado, com um vazio central – o claustro – já reflete esta noção de espaço e o que se

pretende com ele. O claustro é o espaço vital e em torno dele se organizam quase todos os

espaços. O prédio se desenvolve em torno deste espaço de convivência, de troca, de relações. Ali

novamente a arquitetura se abre para receber a natureza – só que agora a planta não é mais

articulada, com braços e extensões para captar a luz; ela volta a ser compacta, como um grande

bloco maciço. Em nenhum outro projeto Broos empregou tamanha racionalidade na planta baixa.

Praticamente todos os ambientes obedecem a uma rigorosa modulação equivalente nos dois

sentidos da planta.”70

Criação dos painéis em auto-relevo

70 Idem, ibidem, p. 111.

Ilustração 208 – Catedral de Brasília,

Oscar Niemeyer, Brasília DF

Ilustração 209 – Igreja da Pampulha,

Oscar Niemeyer, Belo Horizonte MG

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Roberto Burle Marx e seus sócios desenvolveram o projeto paisagístico, mas coube ao titular a

exclusividade da criação de painéis com motivos religiosos. Burle Marx se inspirou nos símbolos da Igreja

Católica – o cálice, o Espírito Santo, a cruz, os peixes, a palavra latina INRI (Jesus de Nazaré Rei dos Judeus)...

– para criar o painel do corpo da capela. Apropriou-se desses símbolos, estilizando-os através de formas

geométricas, criando um excepcional painel modular em auto-relevo executado em concreto.

A evolução dos primeiros estudos desenvolvidos pelo escritório de Burle Marx para o painel, até chegar

à conclusão definitiva, passou por varias concepções que nos dá uma visão clara do processo criativo desse

projeto.

É um painel que integra arquitetura ao meio-ambiente. Conferindo este tom intimista, já falado

anteriormente. Sugerindo a quem ali está observando que se trata de um ambiente de contemplação e sagrado.

Ilustração 210 – Abadia de Santa Maria.

Foto: José Moscardi, São Paulo SP

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Ilustração 213 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, São Paulo SP

Ilustração 212 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, São Paulo SP

Ilustração 211 – Abadia de Santa Maria. Foto:

José Moscardi, São Paulo SP

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Ilustração 214 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx

Ilustração 215 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx

Ilustração 216 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx

Ilustração 217 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx

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Ilustrações 218- 219 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx

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Ilustrações 220-221 – Painéis Abadia de Santa Maria. Fotos: José Moscardi

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Características do paisagismo71

No levantamento planialtimétrico do terreno, notamos que este possui vários desníveis, sendo uma

topografia irregular, característica dos terrenos localizados na Serra da Cantareira. Hans Broos inseriu o volume

da Abadia na cota mais plana e mais alta do lote (ver planta).

71 Vide em Anexo-15-Ficha 15 e Anexo-16-Ficha 16, p. 198-199.

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Ilustrações 222-223 – Implantação Abadia de Santa Maria. São Paulo SP, Hans Broos

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Burle Marx projetou os jardins do claustro e do entorno do edifício partindo de alguns desafios.

Na parte externa, o seu projeto era composto por linhas geométricas curvas que entrelaçavam com os

planos, harmonizando a composição com o projeto arquitetônico. Infelizmente esta parte do projeto não foi

concluída.

No claustro, o projeto foi seguido à risca. No desenho, Burle Marx contrastou formas geométricas

retilíneas criando espaços associados aos desenhos dos pisos, mesclando três tipos de materiais: gramado, placas

de concreto pré-moldado e pedra portuguesa nas cores branco e vermelho.

Na entrada principal da Abadia, Broos criou rampas que dão acesso ao hall de espera, deixando vão livre

neste interior, para que Burle Marx criasse o jardim integrado ao edifício. Esta entrada prenuncia o que o

espectador irá encontrar no claustro.

Para o pátio interno – o claustro, que é descoberto – Roberto Burle Marx criou o desenho do piso em

malha utilizando os diferentes tipos de materiais já mencionados. Canteiros com árvores, arbustos e forrações

para criar a composição. No espelho d‟água com plantas aquáticas estava prevista uma escultura de cunho

sagrado, que não foi realizada. Não podemos nos esquecer que se trata de um jardim voltado para a

contemplação das monjas nos momentos de lazer.

Em uma das extremidades da planta retangular situam-se as rampas de circulação. Para quebrar a rigidez

geométrica da rampa, Burle Marx utiliza-se de um artifício, usando seixos e criando três canteiros do lado

Ilustração 224 – Planta Baixa Abadia de

Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP

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direito – na verdade, dois canteiros menores inseridos no interior de um canteiro maior, no formato de retângulo.

(ver planta).

Segue abaixo a lista de espécies vegetais utilizadas nos canteiros dos jardins da Abadia de Santa Maria.

1. Euterpe edulis – Palmeira Jussara

2. Tibouchina radula – Manacá-da-serra-anão

3. Liriope muscari

4. Ophiopogon japonicus – grama preta

5. Hemerocallis flava – Lírio Amarelo

6. Alternanthera amoena

7. Cassia bicapsularis

8. Tibouchina holosericea

9. Asystasia coromandeliana

10. Rhododendron indicum

11. Zebrina pendula

12. Wedelia paludosa

A finalidade deste jardim é disponibilizar um espaço resguardado para a contemplação das monjas. É um

ambiente onde se sugere tranqüilidade e serenidade. Burle Marx utiliza esses conceitos psicológicos para

exprimir a força criativa de seu paisagismo.

Ilustração 225 – Projeto paisagístico Abadia

de Santa Maria, Burle Marx, São Paulo SP

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Neste projeto nota-se a busca da harmonia, das formas materiais representadas pela geometria, pelos

volumes, pelas cores, vegetais (arbustos e arvores) dialogando com a finalidade que era o contemplativo (o

sagrado) .

Burle Marx não foge da regra máxima do paisagismo que consiste em reproduzir ecossistemas,

associando beleza estética, conhecimento de botânica, para um fim especifico – Abadia de Santa Maria.

Ilustrações 226, 227, 228, 229, 230 – Manacá da Serra, liriope, grama preta,

alternanthera amoena, lírio amarelo

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Ilustrações 231-232 – Projeto paisagístico Abadia de Santa Maria, São Paulo SP, Roberto Burle Marx

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Ilustração 233 – Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP

Ilustração 234 – Projeto paisagístico da Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP

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4.2. Residência do arquiteto, 1971-1978

A residência se localiza no bairro do Morumbi em São Paulo. Ela foi projetada com o propósito de ser a

residência do arquiteto, atual acervo de projetos e documentos do escritório de Hans Broos.

Os materiais construtivos utilizados neste projeto foram concreto armado e vidro. O plano de

vidro do átrio não limita o espaço, não tem limites de contorno, é simplesmente um plano

justaposto entre os limites do piso e da cobertura.Desta forma, não representa uma barreira e a

arquitetura tem a frente todo o jardim a incorporar.72

O partido conceitual do Burle Marx se dá pela integração dos espaços externo e interno criados por Hans

Broos. O espaço externo é caracterizado pela presença dos jardins de Roberto Burle Marx. Numa das

extremidades do projeto forma-se um átrio entre os pavimentos. O segundo pavimento se desenvolve em torno

deste vão de comunicação com o espaço natural. Tem-se assim, total comunicabilidade entre os ambientes dos

diferentes pavimentos. Um espaço fluído, que se desenvolve a procura da luz que surge através do átrio.73

“O jardim lateral da casa do arquiteto, que em parte é um terraço jardim sobre o andar posterior,

por outra parte é continuação do terreno, não deixa de ser uma incorporação, já que ele é

totalmente dominado pelo ato construtivo e serve de prolongamento às salas. Na parte mais baixa

encontra-se o escritório, e acima dele, um terraço-jardim em continuidade com o lote. Os jardins

próximos à casa surgem escalonados. Todo o terreno tem o sentido de domínio frente ao lugar.

Ambos os projetos analisados apresentam movimentos opostos em relação ao espaço e, do

mesmo modo, resolvem de maneira oposta a questão entre espaço interno e externo. Mas a

72 DAUFENBACH, Karine. Op. cit., p. 77.

73 Idem, ibidem, p. 77.

Ilustração 235 – Hans Broos: Residência

do arquiteto, Hans Broos, São Paulo SP

Ilustração 236 – Hans Broos: Residência do

arquiteto, Hans Broos, São Paulo SP

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questão que fica é a relação interior e exterior; são duas tentativas de fazer uma maior

aproximação. Ambas as arquiteturas definem um espaço; transformam-no. O espaço, aqui, é uma

realidade a se construir, de acordo com as necessidades humanas”.74

74 Idem, p.77-79

Planta baixa

1 Escritório

2 Vestíbulo

3 Lavabo

4 Banheiro

5 Dormitório

6 Sala de Jantar

7 Cozinha

8 Lavanderia

9 Despensa

10 Varanda

11 Mezanino

Ilustração 237 – Planta Baixa da

residência, Hans Broos

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Ilustração 238 – Residência do arquiteto Hans Broos, São Paulo SP

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Em 1978, Hans Broos solicitou a Burle Marx um projeto de dois painéis em auto-relevo, em concreto,

para ficar em cima da lareira, com algumas exigências técnicas. Broos enviou também croquis referente à parte

da entrada da residência, desejando eliminar o estacionamento de carros. O jardim ficaria com a área maior. E

consulta o paisagista sobre a possibilidade introduzir um orquidário.

Nas cartas abaixo podemos observar o que Broos desejava o que foi estabelecido como projeto

definitivo.

Ilustrações 239, 240, 241, 242 – Cartas de Hans Broos a Burle Marx

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Características das formas do painel75

Os desenhos de Burle Marx para o painel apresentam formas irregulares e abstratas, que se assemelham

muito aos propostos pelo paisagista para os canteiros de alguns projetos paisagísticos. Ele mistura linhas rígidas

com a suavidade das curvas, buscando uma composição harmônica. Simetria e assimetria estão sempre

presentes nas obras de Burle Marx como também as curvas abertas, fechadas, côncavas, convexas e sinuosas.

As fotos abaixo representam os estudos para o painel da residência de Hans Broos.

75 Vide em Anexo-16-Ficha 16 e Anexo-17-Ficha 17 p.200-201.

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Ilustração 243 – Primeiros estudos para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx

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Ilustração 244 – Primeiros estudos para painel da residência de Hans Broos, Roberto Burle Marx

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Ilustração 245 – Projeto final para painel da residência de Hans Broos Burle Marx Ilustração 246 – Estudo para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx

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O jardim da residência projetado por Burle Marx previa canteiros com formas triangulares,

acompanhando a irregularidade do terreno.

Burle Marx selecionou árvores de médio à grande porte e nativas brasileiras, como as quaresmeiras,

manacá da Serra.

Para o jardim do entorno da piscina, ele usou formas irregulares, plantando ai espécies vegetais que cria

várias coberturas esverdeadas e outras nuances de cores.

Os demais canteiros com formas geométricas mistas harmonizando assim com o todo.

As espécies vegetais utilizadas são:

1. Zoysia matrella – Grama coreana*

2. Plumbago capensis – Bela Emilia *

3. Tibouchina rodula – Manacá da Serra*

4. Tibouchina holosericea – Manacá da Serra*

5. Cássia bicapsularis – Cássia *

6. Spartium junceum

7. Tibouchina fothergilloe – Manacá da Serra*

8. Hemerocallis flava – lírio *

9. Hemerocallis fulva – lírio *

10. Hemerocallis North Star – lírio *

11. Hemerocallis Michael Robertson – lírio *

12. Hemerocallis Pink prelude – lírio *

13. Hemerocallis Glory of Texas – lírio *

14. Strelitzia Reginae – Estrilizia *

15. Eragrostis curvula

16. Cortaderia argêntea

17. Lantana camara – cambara *

18. Kniphofia uvária

19. Crinum amabile

20. Selloginella convoluta

21. Aphelandra sinclariana

22. Megaskepasma erythrochiamys

23. Asystasia sinciariana

24. Philodendron bipinnatifidum – babosa-de-pau *

25. Bauhinia blakeana – pata de vaca*

26. Philodendron Mello-barretoanum*

Ilustração 247 – Cambara

Ilustração 248 – Alamanda

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27. Vellozia plicata

28. Vriesea imperialis

29. Vriesea reginae

30. Pitcairnia corcovadensis

31. Clusia fluminensis

32. Caesalpinia peitophoroides

33. Tecoma chysotriaha

34. Erythrina crista

35. Tibouchina granulosa – Manacá da Serra*

36. Cássia macronthera – Acácia*

37. Tipuana tipu

38. Crescentia cujete

39. Rhododendron indicum – Azaléia rosa*

40. Brunfelsia hapeana

41. Dicksonia sellowiana

42. Liriope muscari*

43. Dracaena marginata – Dracena de Madagascar

44. Sanchezia nobilis

45. Phosomeria magnífica

46. ophiopogon japonicus

47. Bougainvillaea spectabillis – Primavera *

48. Crinum asiaticum

49. Philodendron selloum*

50. Fícus repens

51. Euphorbia splendens

52. Loea coccínea

53. Allamanda cathartica – Alamanda *

54. Beloperone guttata

55. Thunbergia grandiflora

56. Brassaia actinophyla

57. Beloperone spp

58. Impatiens holstii

59. Dracaena fragans

60. Zebrina pendula – lambari *

61. Wedelia paludosa – vedelia *

62. Setcreasea prupura

63. Cordyline terminalis

64. Curculigo capitulata

65. Clusia spp.

Ilustração 249 – Azaléia

Ilustração 250 – Dracena

Ilustração 252 – Vedelia

Ilustração 251 – Primavera

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Primeiro estudo para o projeto paisagístico

Ilustração 253 – Projeto paisagístico da residência de Hans Broos, Roberto Burle Marx

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CAPÍTULO V

5. Burle Marx e Miguel Juliano e Silva

5.1. Parque do Anhembi, 1968

O projeto arquitetônico do Parque Anhembi é de autoria dos arquitetos Miguel Juliano e Jorge Wilheim.

Está localizado na Zona Norte de São Paulo, em um terreno entre a Marginal do rio Tietê e o Campo de Marte.

O conjunto do Parque é composto por diversos espaços, sendo eles:

palácio de convenções;

grandes estacionamentos arborizados;

uma grande praça c/ espelhos d água;

hotel;

pavilhão de exposição.

O Pavilhão de Exposição possui uma gigantesca cobertura metálica que foi montada e erguida de uma só

vez, possuindo área de 67 mil metros quadrados.

A construção desta cobertura foi um avanço tecnológico para a época em que foi construída, pois o

içamento da estrutura espacial contou com monitoramente geo-referenciado.

Roberto Burle Marx, juntamente com seus sócios Haruyoshi Ono e José Tabacow, projetou o paisagismo

de todo o complexo.

Ilustração 255 – Foto geral Parque Anhembi,

São Paulo SP

Ilustração 254 – Maquete Parque Anhembi,

São Paulo SP

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Análise do projeto paisagístico do Parque do Anhembi76

Analisando este projeto nota-se similitude que dá origem ao projeto dos jardins da residência de Hans

Broos. Infelizmente o projeto paisagístico do Parque Anhembi projetado por Burle Marx não saiu do papel.

Mesmo assim optamos por analisá-lo por se tratar de uma relevante criação do artista.

Este projeto difere dos demais principalmente dos projetos realizados anteriormente a esta data, 1968.

Burle Marx neste projeto cria um dialogo com a cidade de São Paulo. Compacta, dinâmica,

industrializada, cérebro condutor dos destinos de sua população.

Tudo é imenso neste vazio onde os limites de um rio, de uma marginal vicinal onde circulam por dias

milhares de automóveis que determinou a direção deste projeto.

Burle Marx utiliza-se da licença artística onde somente com a sua genialidade poderia surgir um projeto

criativo, funcional e de beleza estética inerente à concepção que ali se apresenta.

Na foto abaixo se apresenta o conjunto da sua obra.

76 Vide em Anexo-18-Ficha 18 e Anexo-19-Ficha 19, p.202-203.

Ilustração 256 – Detalhe da paginação

do piso do Parque Anhembi, São Paulo

SP

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Ilustração 257 – Planta Geral do Parque Anhembi. Fonte: Acervo Técnico Miguel Juliano

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Notamos que o projeto paisagístico é composto por diferentes linguagens formais do artista.

No paisagismo do entorno do Palácio de Convenções, Burle Marx opta por utilizar formas geométricas

simples e retilíneas para os canteiros e paginação do piso de modo a criar uma composição artística paisagística

com o projeto arquitetônico de Miguel Juliano.

Ilustração 258 – Paisagismo do entorno do Palácio de Convenções, Parque Anhembi, São Paulo SP

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No caso do entorno do Hotel, Burle Marx adotou linhas geométricas mais complexas que a do projeto

paisagístico do entorno do Palácio de Convenções.

E neste caso que se localiza o entorno do Pavilhão de exposições, Burle Marx criou uma composição

mais abstratas, com linhas e curvas complexas.

Ilustração 259 – Paisagismo entre Hotel e Marginal, Parque Anhembi, São Paulo SP

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Ilustrações 260-261 – Projeto de paisagismo para o entorno do Pavilhão de exposições,

Burle Marx, Parque Anhembi, São Paulo SP

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O desenho abaixo é do Parque Anhembi, onde boa parte do paisagismo, infelizmente, não foi executada.

Haruyoshi comentou a foto deste desenho em entrevista e disse que se refere ao projeto de um grande lago com

esculturas de pedra que seriam colocadas dentro de ilhas.

Ilustração 262 – Projeto de paisagismo para o entorno do Pavilhão de exposições, Parque Anhembi, São Paulo SP

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5.2. Edifício Promenade, 1970-1972

O edifício Promenade se localiza na Alameda Lorena em São Paulo. O projeto arquitetônico é de Miguel

Juliano e o projeto de paisagismo é de Burle Marx, com a colaboração de Haruyoshi Ono e José Tabacow.

O partido arquitetônico adota o esquema clássico de um apartamento por andar, com o corpo se apoiando

no solo através de duas cortinas laterais de concreto, deixando o pavimento térreo livre para acontecer o

paisagismo.

Características do projeto paisagístico77

Nos jardins do edifício Promenade, Burle Marx faz uso da forma geométrica abstrata para a composição

dos planos de piso. Utilizou-se de pedras portuguesas de três tons.

Os canteiros eram circundados por pequenas formas de concreto criando uma composição geométrica,

utilizando quinas vivas e quinas moduladas arredondadas.

O projeto paisagístico consiste em uma composição de espaços geométricos retangulares que se sobrepõem

em tamanhos diferenciados, grandes, médios e pequenos. Estas composições de espaços mistos se interpenetram

com os acabamentos arredondados que criam uma ilusão ótica dando a impressão que ali existe outro princípio

geométrico aplicado, distinto do módulo retangular inicial.

A vegetação que se aplica nos canteiros complementa esta composição.

77 Vide em Anexo-20-Ficha 20 e Anexo-21-Ficha 21, p.204-205.

Ilustração 264 – Edifício Promenade.

Miguel Juliano, São Paulo SP, 1970/1972

Ilustração 263 – Edifício Promenade.

Miguel Juliano, São Paulo SP,

1970/1972

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Esta vegetação é composta de forração diversas, herbáceas de pequeno porte que se complementam com

uma ou outra qualidade de bromeliáceas.

Observando os diversos originais pesquisados, é possível constatar o processo de trabalho adotado por Burle

Marx em seus projetos, onde temos um estudo preliminar na forma de croqui do seu futuro projeto, que

posteriormente será passado a limpo pelos desenhistas nas escalas necessárias. Trata-se de um processo de

trabalho adotado indistintamente por Burle Marx para os seus projetos de paisagismo, esculturas, painéis, etc.

Na maioria das vezes, sua equipe desenvolvia maquetes dos projetos para uma melhor compreensão e

diálogo com os executores dos projetos. Por este motivo, segundo Haruyoshi Ono, não ficaram arquivadas em

seu escritório a maioria das maquetes, que acabaram se perdendo dentro das empresas que executaram os seus

projetos.

As características do projeto do Edifício Promenade diferem muito de outros projetos de Burle Marx.

Neste caso especifico, ele se utiliza de uma composição geométrica retilínea, a partir de formas geométricas

primárias, tais como círculo, quadrado e retângulo, se afastando das formas amebóicas do início de sua carreira

e usada constantemente em outros projetos paisagísticos.

Este projeto tanto serviria para ser executado em um jardim quanto para uma tapeçaria ou um painel.

Transitando do paisagismo por outras linguagens – como pintura, tapeçaria e escultura – Roberto Burle Marx

articulava observação entre arquitetura e espaço, criação artística, utilização das espécies botânicas adequadas

para criar micro climas, paisagens diferenciadas integradas no contexto geral, atuação que lhe conferia um status

que ultrapassava a de um simples paisagista.

Ilustração 265 – Edifício Promenade.

Miguel Juliano, São Paulo SP, 1970/1972

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A sua permanência na Escola de Belas Artes – aonde estudou, sem concluir os estudos, conforme

mencionado no primeiro capítulo – lhe deu os subsídios suficientes para que tivesse conhecimento, a técnica e a

tenacidade de colocar em pratica sua concepção criativa com uma grande riqueza imagética. Outra fonte

importante de princípio formador foi o seu contato com a cultura européia no tempo em que lá viveu.

Ilustração 266 – Edifício

Promenade. Miguel Juliano, São

Paulo SP, 1970/1972

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Ilustração 267 – Projeto paisagístico do Edifício Promenade, Miguel Juliano, São Paulo SP, 1970/1972

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Ilustração 268 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo SP, 1970/1972

Ilustração 269 – Memorial descritivo do Edifício

Promenade, São Paulo SP

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CAPÍTULO VI

6. Burle Marx e Ruy Ohtake

6.1. Residência Luiz Lucio Constabile Izzo, 1975

O terreno, localizado na avenida. Morumbi, possui forte declive da frente para os fundos da residência, o

que possibilitou ao arquiteto criar o acesso principal pelo andar superior.

No pavimento térreo, Burle Marx vai criar um paisagismo com características diferentes dos outros

projetos analisados, usando um piso acinzentado com placas de concreto no entorno da área da piscina

complementando com canteiros em diversos platôs com forrações diferenciadas. Estas forrações eram

complementadas com plantas diversas – em geral bromeliáceas, segundo Haruyoshi Ono, que esteve

recentemente nesta residência. Ono estava verificando o estado do jardim visando uma reforma e constatou que

muitas plantas já estavam deterioradas e necessitava de uma renovação, caso específico das bromélias, que se

agigantaram. A indicação foi sua substituição e retorno às especificações do projeto inicial.

Características do paisagismo78

O paisagismo não atinge grandes proporções. A diferença deste projeto para os demais está na área

pequena do projeto e o terreno em declive. Por esse motivo foram usados canteiros com formas irregulares

sobrepostos, apoiados nesse diversos níveis.

78 Vide em Anexo-22-Ficha 22 e Anexo-23-Ficha 23, p.206-207.

Ilustração 270 – Residência

Luiz Izzo. Ruy Ohtake, São

Paulo SP, 1975

Ilustração 271 – Planta da Residência Luiz

Izzo. Ruy Ohtake, São Paulo SP, 1975

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Compondo este projeto, o paisagismo penetra por dentro da arquitetura da casa criando um jardim

interno que circunda as escadas que liga o pavimento térreo ao pavimento superior, que por sua vez se comunica

com a entrada principal da casa, que se abre para uma rua.

Este espaço interno estabelece um agradável ambiente que compõe com a arquitetura e cria uma relação

entre forma e espaço que ameniza a rigidez das linhas retas, verticais das paredes em concreto aparente.

No andar superior na frente das janelas, as jardineiras foram ali colocadas plantas trepadeiras que caiam

em direção ao solo criando uma cortina verde.

As espécies vegetais utilizadas foram:

1. Zoysia matrella – Grama coreana*

2. Philodendron – babosa-de-pau *

3. Tibouchina rodula – Manacá da Serra*

4. Agapathus – agapanthus *

5. Cássia bicapsularis – Chuva de ouro*

6. Hemerocallis flava – Lírios *

7. Tibouchina – Quaresmeira *

8. Phumbago – Bela Emilia *

9. Liriope muscari – Barba de serpente*

Ilustrações 272, 273, 274, 275 – Barba de

serpente, Agapanto, Babosa de pau, Bela

Emilia

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Projeto paisagístico da Residência Luiz Izzo. Fonte: Acervo Burle Marx

Tiete.

Ilustração 276 – Projeto paisagístico da Residência Luiz Izzo. Burle Marx, São Paulo SP, 1975

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Ilustração 277 – Projeto Residência Luiz Izzo. Burle Marx, São Paulo SP, 1975

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Ilustrações 278, 279, 280 – Residência Luiz Izzo, Ruy Ohtake, São Paulo SP, 1975

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6.2. Residência José Egreja, 1975

A planta da residência foi concebida a partir de uma forma quadrada, com dimensões de 50 metros por

50 metros, aberta em um dos lados. A residência é sede de uma fazenda de 10 mil hectares, localizada em

Penápolis, cidade situada no interior do estado de São Paulo.

Características do paisagismo79

Burle Marx desenvolve o paisagismo no entorno do quadrado reservado à residência, mas também no

seu interior, ocupando uma de suas extremidades com um grande espelho d‟água externo. Como a região de

Penápolis é muito quente durante praticamente o ano todo, o paisagismo foi concebido para amenizar um pouco

esta questão climática, colaborando com a arquitetura da casa para uma melhor climatização: o espelho d água e

a vegetação que abriga comportam-se como um verdadeiro oásis, amenizando bastante a sensação térmica da

região.

Em um terreno plano com a colocação da vegetação ele cria uma composição cuja vegetação vai

estabelecendo manchas verdes em tons diferenciados, daí a impressão de planos diversos. O que dá esta

impressão são as diferentes espécies de plantas decorativas, tais como lírio (Hemerocallis flava – amarela) de

cores amarelas com folhagens verdes, forração em tons avermelhados (Salvia splendens) que contrapõe com o

amarelo e o verde dos canteiros (ver lista completa abaixo).

79 Vide em Anexo-25-Ficha 25 e Anexo-26-Ficha 26, p.208-209.

Ilustrações 281-282 –

Residência José Egreja, Ruy

Ohtake, Penápolis SP, 1975

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A criação deste projeto nos remete às obras pictóricas do paisagista, estas obras bidimensionais tanto

seus quadros como suas tapeçarias, nos parece indicar que foram compostas para serem utilizadas num

paisagismo. Na obra de Burle Marx não existe dissociação entre um projeto de paisagismo do resto de sua obra

artística. Ele é uno na sua criação que é aplicada em diversas técnicas e em diversas linguagens.

Segue abaixo a lista de espécies vegetais que foram utilizadas no projeto paisagístico.

1. Zoysia matrella – Grama coreana*

2. Pachystachys lútea

3. Tibouchina radula – Manacá da Serra*

4. Cássia bicapsularis – Chuva de Prata *

5. Zebrina pendula – lambari *

6. Hemerocallis fulva – Lírio *

7. Spilanthes stolonifera

8. Paspalum notatum – grama batatais *

Forração com gramado

Ilustração 283 – Lírio

Ilustrações 285, 286 – Cássia

bicapsularis, Salvia

Ilustração 284 – Lambari

Ilustrações 287, 288 – Grama coreana, Grama batatais

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Tudo é pensado nestes termos acima descritos. Por detrás da sua concepção artística nota-se um vasto

conhecimento do exercício de um artista comprometido com uma estética, com um desenho e um conhecimento

que ultrapassa a linha teórica e se complementa com o conhecimento botânico que vai dar-lhe subsídios para

criar através das espécies botânicas a sua composição pictórica, tão importante nos projetos paisagísticos.

A sua pesquisa possui uma ênfase em espécies vegetais nativas e estrangeiras que são amplamente

utilizadas em seus canteiros, espaços e jardineiras.

Burle Marx sempre cria uma composição impar nas suas concepções paisagísticas.

Ele cria formas geométricas irregulares, anatômicas, criando uma composição abstrata que se compõe

com os seguintes elementos: água, pedra e vegetação.

Ilustração 289 – Residência José Egreja, Ruy Ohtake, Penápolis

SP, 1975

Tiete.

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Ilustração 291 – Projeto paisagístico da Residência

José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Tiete.

Ilustração 290 – Projeto paisagístico da Residência

José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Tiete.

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Ilustração 292 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Tiete.

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167

Ilustração 293 – Projeto paisagístico da Residência

José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Tiete.

Ilustração 294 – Projeto paisagístico da Residência

José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Tiete.

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Ilustração 295 – Projeto paisagístico da Residência

José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Ilustração 296 – Projeto paisagístico da Residência

José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Tiete.

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169

Ilustração 298 – Projeto paisagístico da Residência

José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Tiete.

Ilustração 297 – Projeto paisagístico da Residência

José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Tiete.

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Ilustração 300 – Carta enviada pelo Sr. José Egreja à José

Tabacow, Penápolis SP, 1974

Tiete.

Ilustração 299 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis SP, 1975

Tiete.

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Ilustração 301 – Foto panorâmica da residência José Egreja em Penápolis SP, 1975

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se analisa projetos de paisagismo, sejam eles relacionados a residências particulares, parques

públicos, jardins no entorno de um edifício ou no seu interior, torna-se imprescindível que se analise os volumes

arquitetônicos que os circundam ou os envolvem.

Em um paisagismo de uma área destinada a um parque, o autor deve conceber a sua criação levando em

conta o entorno paisagístico: a geografia, tanto urbana como rural ou litorânea. O paisagista deverá privilegiar o

seu uso, a função social à qual está sendo destinada. Os objetos arquitetônicos ou elementos artísticos –

esculturas, painéis, monumentos, entre outros – que ali comporão esse empreendimento tornam imprescindível

uma análise de todos esses elementos para poder compor e direcionar a sua criação. Isto muitas vezes inclui a

vontade, o desejo de quem encomendou tal projeto. O paisagista não cria para si, nem para um tipo de ideal

imaginário de situação artística. Quando projeta sua criação, anteriormente ele a concebe com base em

informações concretas da necessidade, da finalidade, da praticidade e para que fim se destina esse projeto. O

conhecimento da finalidade, do uso é que vai direcionar a praticidade, a viabilidade dessa ação. O bom

paisagista é aquele que observa, estuda e pesquisa a natureza e a própria natureza das coisas em si. Em suma,

observando o meio ambiente, chega-se a definição de composição, de seleção e, sobretudo, da descoberta da

necessidade de codificar as espécies botânicas para criar esta relação que irá compor o projeto paisagístico.

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Para se criar boa estética nesse fazer de paisagismo é necessário da parte do criador uma interação com

esse meio botânico, pois somente o conhecimento do uso e aplicação de cores, formas, linhas, planos ou

conceitos estéticos não credenciam o projeto ao sucesso.

A pesquisa botânica nesta área é algo muito importante. Envolve um conhecimento da região geográfica,

adaptação das espécies nativas ou não, análise do clima, da paisagem em si, da combinação entre incidência de

luz solar e sombreamento e o conhecimento da origem das espécies. Isto se faz necessário, pois dependerá

dessas condições o sucesso desse jardim, afinal até o substrato utilizado é fator preponderante para a germinação

das espécies ali plantadas.

Em um paisagismo urbano, a análise que irá compor o princípio norteador da sua criação deverá contar

com toda essa gama de conhecimento técnico e cientifico. O paisagista vai compor a sua criação baseando-se

nos seus conhecimentos e na sua genialidade criativa. Burle Marx era um mestre. Tinha um vasto conhecimento

de botânica, pesquisava incessantemente as espécies nativas e até mesmo coletou algumas plantas raras e

desconhecidas. Conhecia bem o seu trabalho e os meandros que conduzia a sua criação artística. Transitava por

varias técnicas no mundo das artes plásticas. O paisagismo era a sua prioridade, sua grande paixão e razão de ser

na vida. O sucesso de sua trajetória pode ser observado a partir do seu legado, do interesse que sempre despertou

na sociedade e da grande quantidade de adeptos, discípulos que seguem os ensinamentos desse grande mestre do

paisagismo. Foi Roberto Burle Marx que inovou no Brasil o conceito de paisagismo.

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Falar de paisagismo no conceito burlemarxiano é associá-lo a uma arquitetura, ao meio ambiente, ao

meio sócio-cultural. Não há dicotomia em seus projetos. O paisagismo é interligado à arquitetura, ao meio

ambiente ou ao meio sócio-cultural e participativo na medida em que compõe a ação criadora da sua obra.

Burle Marx soube criar o casamento perfeito e de sucesso integrando os seus projetos paisagísticos aos

projetos arquitetônicos.

A análise do projeto arquitetônico se torna a chave do princípio norteador da criação do projeto

paisagístico: a inspiração do paisagista conta e muito, a técnica o instrui a conectar a criação a execução prática

do seu projeto.

Uma das características de Burle Marx foi levar em consideração todos estes conceitos citados acima e

que foram descritos ao longo desta dissertação.

No caso específico de São Paulo, seu trabalho apresenta características próprias de uma arte urbana que

interage com o meio social no qual está inserido. Nas obras paisagísticas estudadas podemos identificar algumas

especificidades do modo de trabalho de Burle Marx. Por exemplo, quando se trata de trabalhos realizados na

cidade de São Paulo, notamos duas premissas recorrentes.

A primeira é o tratamento dado aos jardins de pequeno porte, caso das residências, onde o paisagista

tende a realizar um jardim fechado dentro de um ambiente bucólico, possivelmente com a intenção de que

aquele espaço criado se torne um oasis para os seus usuários. Burle Marx gostaria que as pessoas pudessem

usufruir a natureza em um espaço de refúgio, “fugindo” do caos urbano.

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A segunda premissa recorrente é seu aporte nos jardins de grande porte, tanto os realizados para os

órgãos públicos, como os privados. Nestes Burle Marx tende a repetir o seu modus operandi tradicional, ou seja,

o paisagismo se integra à cidade por meio dos desenhos dos pisos que se conecta ao passeio público e,

conseqüentemente, à cidade.

Em ambos os casos, o paisagista seleciona, para os canteiros projetados, espécies vegetais que se

adaptam melhor àquele determinado ambiente.

Nas obras realizadas no interior do Estado de São Paulo notamos que o paisagista adota medidas

semelhantes dos casos citados acima. No entanto, observam-se algumas diferenças motivadas pelo meio no qual

os jardins estão inseridos. Muitas vezes, os trabalhos paisagísticos são residências, que por sua vez, estão

inseridas no meio rural, em fazendas, sítios, onde há presença da natureza no entorno e maiores recursos

naturais, diferentemente dos casos dos jardins inseridos na cidade. Em São José dos Campos, nos jardins da

Residência Olivo Gomes, Burle Marx faz uso da forma orgânica e assimétrica para a composição do jardim,

solução similar à solução dada para os jardins da Residência José Egreja, em Penápolis.

No meio rural, Roberto Burle Marx desenvolve um paisagismo com formas livres fazendo uso da

topografia do terreno. Ele estabelece formas geométricas irregulares criando uma composição abstrata que se

compõe com os elementos naturais: água, pedra e espécies vegetais. Nestes casos, notamos que o seu

paisagismo também se integra com o entorno, como ocorre em seus jardins de grande porte no meio urbano.

O paisagista muitas vezes se repete para que em uma nova etapa ele reapareça com uma criação

inovadora, transformadora.

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Ë ai que reside o gênio.

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BIBLIOGRAFIA

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PROJETO. São Paulo, n. 129, jan./fev. 1990, p. 131.

PROJETO. São Paulo, n. 130, jan./fev. 1990, p. 130.

PROJETO. Praça Rodrigues de Abreu. (Paraíso); Paisagistas: Roberto Burle Marx e Haruyshi Ono. São

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PROJETO. Paisagem completa: breve viagem pela obra de Burle Marx. São Paulo, n. 179, outubro 1994, p.

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PROJETO. Burlemarxmania. São Paulo, n. 186, junho 1995, p. 98-95.

PROJETO. O jardim natural: a arte heróica e trágica de Roberto Burle Marx. São Paulo, n. 186, junho 1995, p.

88-91.

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Entrevistas

GUIMARÃES, Marília Dorador; GUERRA, Abílio. Entrevista com o paisagista Haruyoshi Ono. Rio de

Janeiro, 05 maio 2011. Anexo 30.

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184

GUIMARÃES, Marília Dorador; GUERRA, Abílio. Entrevista com o paisagista José Tabacow. Via email, 17

de fevereiro 2011. Anexo 31.

GUIMARÃES, Marília Dorador; GUERRA, Abílio. Entrevista com Maria Assunção Ribeiro Franco.

Universidade Mackenzie, São Paulo, 01 março 2011. Anexo 32.

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185

ANEXOS

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186

COMPOSIÇÃO DAS FORMAS

DE PROJETO

Linhas curvas e formas orgânicas.

VEGETAÇÃO

Forração: Gramas pisoteáveis (várias nuances de verde – do mais escuro ao esbranquiçado): – Grama inglesa clara e

escura (stenotaphrum variegatum e secundatum)

Arbustos baixos: Lírio Amarelo e laranja (Hemerocallis flava ou fulva); – Agapanto Azul (Agapanthus africanus)

Árvores: Guapuruvu (Schizolobium parahyba)

PISOS Naturais: pedrisco, areia, terra

ELEMENTOS NATURAIS

Espelho d'água com espécies vegetais aquáticas.

Espécies vegetais: (Victoria amazonica, Typhodorum lindleyanum e Nymphaea,

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada para uso: residencial. Atualmente foi tombado e se tornou um parque público conhecido como

Parque da Cidade – Parque Burle Marx

.

PLANOS DE COMPOSIÇÃO

· Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura; Cores: vários nuances de verde, amarelo,

vermelho, azul e lilás.

· Plano vertical de vedação – arbustos parede até 1,70m de altura. Cores: vários nuances de verde Na segunda etapa do

paisagismo, que ocorreu em 1965 – Burle Marx projeta a área do bosque e área de lazer, playground e piscina, criando:

· Plano de teto – árvores de médio à grande porte, formando bosques – acima de 1,70m de altura. Cores: vários nuances de

verde e marrom (caules e galhos da árvores)

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: Totalmente Plana / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos: Cidade do Vale do Paraíba com grande

desenvolvimento. Zoneamento: ZR1 (Zona residencial 01 com APA – área de preservação ambiental, parque) Aspectos

Históricos: antiga sede da Fazenda Tecelegam Paraíba

EMPREGO DE ELEMENTOS

ARTÍSTICOS

Painéis em cerâmica (Azulejo). Formas geométricas.

Observações

Elementos destacáveis da paisagem: Vegetação existente (Mata Fechada)/ Rio Paraíba do Sul // Linha de Trem / Primeira

participação como desenhistas e estagiários – Tabacow e Haruyoshi Ono. A família solicitou projeto para uma nova área

(parquinho infantil, piscina e teatro ao ar livre), que fica atrás da casa. CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – Residência e jardim

em razoável estado

ANEXO 01 - FICHA 01: RESIDENCIA OLIVO GOMES

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PROJETO ANALISADO: Residência Olivo Gomes, São José dos

Campos – SP

COMPOSIÇÃO FORMAL: ORGÂNICA (início da

carreira)

CRIAÇÕES ARTÍSTICAS: pinturas

1938 – MÊS, Rio de janeiro RJ

1950/1965 – Residência Olivo

Gomes, São José dos Campos SP

1948 – Ed. Prudência, São Paulo SP

1942 – Conjunto da

Pampulha, Belo

Horizonte MG

1942 – Duas figuras (óleo

sobre tela)

ANEXO 02 - FICHA 02: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

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COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE PROJETO

Mescla Formas orgânicas com geométricas

VEGETAÇÃO

Forração: Gramas pisoteáveis

Arbustos baixos:

Árvores: Palmeiras que resistem às intempéries.

PISOS

Passeio Público: Placas de Pedra e grama

Passeio de pedestres e automóveis, no interior do lote: placas de pedra

ELEMENTOS NATURAIS

Jardim interno constituído por uma cascata de pedra e água corrente da montanha,

reproduzindo idealmente a mata Atlântica.

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada para uso: residencial. Parcialmente tombada, foi vendida para um

restaurante.

PLANOS DE COMPOSIÇÃO · Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura;

· Plano de teto – palmeiras de grande porte – acima de 1,70m de altura.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: Totalmente Plana

Clima: Tropical (Quente e úmido)

Aspectos Urbanos: Zoneamento: Z5b (Zona de Sede municipal)

Observações

ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Montanha coberta por mata Atlântica

/Oceano Atlântico / Litoral Norte Paulista // Colaboradores – José Tabacow e Haruyoshi Ono.

CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – Residência e jardim em razoável estado. Do jardim pouco

restou do projeto original.

ANEXO 03 - FICHA 03: RESIDENCIA DOS IRMÃOS GOMES

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PROJETO ANALISADO: Residência dos Irmãos

Gomes – Ubatuba – SP

COMPOSIÇÃO FORMAL: Mescla as formas

orgânicas e geométricas, jardim vertical CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

ANEXO 04 - FICHA 04: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX.

1969 – Ed. Petrobras, Rio de Janeiro

RJ

1965 – Residência dos irmãos Gomes,

Ubatuba SP 1985 – Jardins Verticais Casa das

Rosas, São Paulo SP

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COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Formas geométricas

VEGETAÇÃO

Forração: Grama pisoteáveis (várias nuances de verde – do mais escuro ao esbranquiçado): – Grama

inglesa clara e escura (stenotaphrum variegatum e secundatum)

Arbustos baixos: Lírio Amarelo e laranja (Hemerocallis flava ou fulva); – Agapanto Azul (Agapanthus

africanus)

Árvores: Guapuruvu (Schizolobium parahyba)

PISOS

Mosaico colorido orienta o usuário

ELEMENTOS NATURAIS Espelho d'água com espécies vegetais aquáticas.

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade pública para uso: Institucional. Prefeitura, Câmara, Biblioteca, Teatro Municipal e Fórum.

PLANOS DE COMPOSIÇÃO

· Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura; / Plano vertical de vedação –

arbustos parede até 1,70m de altura. / Plano de teto – árvores de médio à grande porte – acima de 1,70m de altura.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: movimentação de terra para criar os três platôs. / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos:

Situado no Centro de Santo André. Zoneamento: ZEIS (Zona especial de interesse social-ZEIC área central) /

Aspectos Históricos: região industrial – ABC.

EMPREGO DE ELEMENTOS ARTÍSTICOS

Painéis em concreto no Foyer do Teatro Municipal, formas geométricas.

Tapeçaria com motivos geométricos no 8 andar da Prefeitura.

Observações

ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Vegetação existente (Mata Fechada)/ Rio Paraíba

do Sul // Linha de Trem / Primeira participação como desenhistas e estagiários – Tabacow e Haruyoshi Ono.

CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – O jardim está em razoável estado

ANEXO 05 - FICHA 05: CENTRO CÍVICO DE SANTO ANDRÉ/SP

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PROJETO ANALISADO: Centro Cívico de Santo

André – ABC – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA

CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

pinturas

1968 – Centro Cívico de Santo André SP

1971 – Esporte Clube Sírio,

São Paulo SP

1955 – Jardins do MAM, Rio de

Janeiro RJ

1948 – Catavento (óleo

sobre tela)

ANEXO 06 - FICHA 06: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

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COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Jardim pequeno com canteiros composto por formas geométricas.

VEGETAÇÃO

Forração: Grama

Arbustos baixos:

Árvores: de pequeno à médio porte

PISOS

Mosaico colorido orienta o usuário.

ELEMENTOS NATURAIS

Espelho d'água e jardim interno com pérgula.

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.

PLANOS DE COMPOSIÇÃO

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: irregular / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos: Zoneamento ZEPEC

(Zona especial de preservação cultural) / Aspectos Históricos: O bairro do Pacaembu foi loteado

pela companhia City, a mesma que loteou o bairro dos Jardins. Possui um outro conceito de

morar. Bastante Arborizado, apenas residencial.

Observações

ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /

Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO:

ANEXO 07 - FICHA 07: RESIDÊNCIA CLEMENTE GOMES, UBATUBA/SP

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PROJETO ANALISADO: residência Clemente

Gomes, Pacaembu – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA

CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

pinturas

1946 – Paisagem de Santa

Teresa, Rio de Janeiro, RJ

– óleo sobre tela 1968 – Residência Clemente Gomes,

São Paulo SP

1970 – Ed. Petrobras, Rio de

Janeiro RJ

ANEXO 08 - FICHA 08: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

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COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE PROJETO Formas orgânicas e livres (inspiração na natureza).

VEGETAÇÃO

Forração com plantas rasteiras e arbustos: Rabo de gato (Acalypha reptans),

Bulbina, Grama preta (Ophiogon japonicus), Clorofito (Chlorophytum comosum), Vedelia

(Sphagneticola trilobata), Amendoim rasteiro (Arachis repens), Agapanto, Airis Azul,

Camarão

Grupo de Bromeliáceas

Trepadeiras: Costela de Adão (Monstera deliciosa), Ibisco

Árvores: Pata de Elefante (Beucarnea Recuvata), Dracena (Dracena Gragans),

Quaresmeiras (Tibouchina Granulosa), Manacá da serra (Tibouchina mutabilis), Pata de vaca,

Frutíferas – Romã

PISOS Toda a área externa do edifício é constituída por mosaico português nas cores preto,

vermelho e branco. As curvas livres da plástica dos pisos de Burle Marx formam uma

composição orgânica do espaço

ELEMENTOS NATURAIS Mineral: A cascata d'água é constituída por pedras (tipo seixos)

Vegetal: morros de terra com bromélias

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.

PLANOS DE COMPOSIÇÃO

Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura; / Plano

vertical de vedação – com arbustos e trepadeiras – parede até 1,70m de altura. / Plano de teto –

árvores de pequeno à grande porte, acima de 1,70m de altura.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: totalmente plano, criou alguns platôs com canteiros e deck de madeira

da área da piscina. / Clima: Temperado

Aspectos Urbanos: Zoneamento: PI ZER 01/02 (Zona exclusivamente residencial de

baixa densidade) / Aspectos Históricos:

Observações

ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Próximo ao Rio Pinheiros

(Marginal Pinheiros) / Co-autoria – José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇOES DE

CONSERVAÇÃO – ótimo estado

ANEXO 09 - FICHA 09: EDIFÍCIO MACUNAÍMA, SÃO PAULO

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PROJETO ANALISADO: Edifício Macunaíma –

Alto de Pinheiros – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: ORGANICA

CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

pinturas abstratas

1979 – Edifício

Macunaíma, São Paulo SP

1950 – Begônias (gache

sobre papel)

1980 – Miami, Florida EUA

ANEXO 10 - FICHA 10: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

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196

COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Formas geométricas para os pisos e canteiros ao redor do restaurante

VEGETAÇÃO

Forração com plantas rasteiras e arbustos: lírios, Bela Emilia, Agapanto, Bulbine, cambara.

Forrações: grama preta, grama coreana

Trepadeiras: Primavera

Árvores: Quaresmeiras, Manacá da Serra, Chuva de ouro, Pata de vaca.

PISOS Mosaico colorido orienta o usuário

ELEMENTOS NATURAIS

Pedra portuguesa nos pisos.

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: industrial

PLANOS DE COMPOSIÇÃO Três níveis de composição.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: totalmente plano, criou alguns platôs com canteiros e deck de madeira da área da

piscina. / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos: Zoneamento: ZM (Zona mista) / Aspectos Históricos:

Observações

ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Rodovia Dutra / Co-autoria – Tabacow e

Haruyoshi Ono.

CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – ótimo estado

ANEXO 11 - FICHA 11: SEW, GUARULHOS/SP

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197

PROJETO ANALISADO: COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

1985 – SEW, Guarulhos SP

1970 – Brasília DF

ANEXO 12 - FICHA 12: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

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198

COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Formas livres e orgânicas, formando um desenho abstrato.

VEGETAÇÃO

Forração: grama

Arbustos baixos: lírios, bromeliáceas, Agapanto

Árvores: Pata de elefante, dracena,

PISOS Mosaico português colorido cria complicados desenhos no piso, orientando o usuário, através

desses caminhos.

ELEMENTOS NATURAIS

Uso de seixos nos canteiros do pavimento térreo.

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada para uso: salas comerciais, salas de escritórios.

PLANOS DE COMPOSIÇÃO

Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura;

· Plano vertical de vedação – arbustos parede até 1,70m de altura. ·

Plano de teto – árvores de médio à grande porte – acima de 1,70m de altura.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: praticamente plano / Clima: Temperado / Aspectos Urbanos: Situado na Zona

Sul de São Paulo. Aspectos Urbanos: Zoneamento (ZM 2/13 Zona Mista de média densidade)

Área nobre da cidade de São Paulo.

Observações

ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: Próximo ao Rio Pinheiros (Marginal

Pinheiros) / Co-autoria – Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇOES DE CONSERVAÇÃO – ótimo

estado

ANEXO 13 - FICHA 13: EDIFICIO SÃO LUIZ, SÃO PAULO

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199

PROJETO ANALISADO: Edifício São Luiz – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: Livre e orgânica CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

Abstrato

1976/1984 – Edifício São Luiz, São Paulo

SP 1978 – Comind – Centro Administrativo

Barueri SP

Tela abstrata

ANEXO 14 - FICHA 14: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

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200

COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Formas geométricas.

VEGETAÇÃO

Forração: Grama preta e grama coreana

Arbustos baixos: Agapanto, lírios

Árvores: Cássia, Manacá da Serra, Quaresmeira, Palmeira Jussara,

PISOS Desenho da paginação geométrica em forma de malha. Composto por placas de concreto

desempenado com grama.

ELEMENTOS NATURAIS Jardins da entrada principal da Abadia com pérgulas em concreto.

Uso de água, nos espelhos d‟água.

FUNÇAO DO JARDIM

Propriedade privada. Uso: Convento religioso. Jardim contemplativo

EMPREGO DE ELEMENTOS

ARTÍSTICOS

Painéis decorativos com motivos religiosos.

Em concreto armado, com formas geométricas.

PLANOS DE COMPOSIÇÃO

· Plano de piso – com forração e herbáceas medindo até 1,30m de altura;

· Plano vertical de vedação – arbustos parede até 1,70m de altura. ·

Plano de teto – árvores de médio à grande porte – acima de 1,70m de altura.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: irregular

Clima: Temperado

Aspectos Urbanos: Zona de Preservação Ambiental.

Aspectos Históricos: Serra da Cantareira.

Observações

ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro residencial / Colaboradores: José

Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO: em estado razoável de

preservação.

ANEXO 15 - FICHA 15: ABADIA DE SANTA MARIA, SÃO PAULO

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201

PROJETO ANALISADO: Abadia de Santa Maria,

Serra da Cantareira – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

1975 – Abadia de Santa Maria, São Paulo SP 1975 – Painel Ed. SESI-FIESP, Av. Paulista, São

Paulo SP

ANEXO 16 - FICHA 16: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

1975 – Painéis da Abadia de Santa

Maria, São Paulo SP

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202

COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Formas livres abstratas.

VEGETAÇÃO

Forração: Grama preta e grama coreana, lambari.

Arbustos baixos: Azaléia, Lírios, Bela Emilia, Agapanto, bromeliáceas

Árvores: de médio à grande porte. Pata de vaca, Chuva de ouro, Quaresmeiras, entre outras.

PISOS Pedras.

ELEMENTOS NATURAIS

Espelho d'água e jardim interno com pérgulas

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: irregular

Clima: Temperado

Aspectos Urbanos: Zoneamento ZEPEC (Zona especial de preservação cultural)

Aspectos Históricos: Morumbi. Possui outro conceito de morar. Bastante Arborizado.

Observações ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /

Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO:

ANEXO 17 - FICHA 17: RESIDÊNCIA HANS BROOS, SÃO PAULO

7

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203

PROJETO ANALISADO:

COMPOSIÇÃO FORMAL:

GEOMÉTRICA

CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

1971/1978 – Residência do Arquiteto,

São Paulo SP

ANEXO 18 - FICHA 18: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

1949 – Residência de Burle Marx, Sitio

Santo Antonio da Bica, Rio de Janeiro RJ

1971/1978 – Projeto paisagísticos residência

do Hans Broos, Burle Marx

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204

COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Mescla as formas geométricas e abstratas.

VEGETAÇÃO

Forração: Grama

Arbustos baixos:

Árvores:

PISOS Mosaico colorido orienta o usuário

ELEMENTOS NATURAIS Espelho d'água e jardim interno com pérgulas.

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: irregular

Clima: Temperado

Aspectos Urbanos: Zoneamento ZEPEC (Zona especial de preservação cultural)

Aspectos Históricos: O bairro do Pacaembu foi loteado pela companhia City, a mesma que

loteou o bairro dos Jardins. Possui um outro conceito de morar. Bastante Arborizado, apenas residencial.

Observações ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /

Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO:

ANEXO 19 - FICHA 19: PARQUE ANHEMBI, SÃO PAULO

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205

PROJETO ANALISADO: Parque Anhembi, Zona

Norte – SP

COMPOSIÇÃO FORMAL: MESCLA

GEOMÉTRICA E ORGANICA

CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

1968 – Parque Anhembi, São Paulo SP

1988 – Banco Safra, São

Paulo SP

1988 – Jardim vertical do Banco Safra, São

Paulo SP

1988 – Projeto do Banco Safra, São Paulo SP

ANEXO 20 - FICHA 20: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

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206

COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Formas geométricas abstratas.

VEGETAÇÃO

Forração: Grama

Arbustos baixos:

Árvores:

PISOS Mosaico colorido orienta o usuário

ELEMENTOS NATURAIS Espelho d'água e jardim interno com pérgulas

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: irregular

Clima: Temperado

Aspectos Urbanos: Zoneamento ZEPEC (Zona especial de preservação cultural)

Aspectos Históricos: O bairro dos Jardins foi loteado pela companhia City, a mesma que

loteou o bairro dos Pacaembu. Possui um outro conceito de morar. Bastante Arborizado.

Observações ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /

Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO:

ANEXO 21 - FICHA 21: EDIFICIO PROMENADE, SÃO PAULO

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207

PROJETO ANALISADO: Edifico Promenade, Al.

Lorena – SP

COMPOSIÇÃO FORMAL: ORGANICA E

GEOMÉTRICA

CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

1970/1972 – Ed. Promenade , São Paulo SP 1970/1972 – Ed.

Promenade, São Paulo SP

ANEXO 22 - FICHA 22: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

Estudo para painel da residência do

Hans Broos, São Paulo SP, Burle

Marx

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208

COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Formas geométricas irregulares compondo um desenho abstrato.

VEGETAÇÃO

Espécies vegetais utilizadas: Grama, Zoysia matrella – Grama coreana*Philodendron

babosa-de-pau, Tibouchina rodula – Manacá da Serra, Agapathus – agapanthus *Cássia

bicapsularis – Chuva de ouro*Hemerocallis flava – Lírios Tibouchina – Quaresmeira

*Phumbago – Bela Emilia *Liriope muscari – Barba de serpente

PISOS

ELEMENTOS NATURAIS Jardim interno adentra a residência fazendo com que o interior interaja com o exterior.

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: irregular, lote situado em declive

Clima: Temperado

Aspectos Urbanos: Zoneamento misto (residencial e comercial)

Aspectos Históricos: bairro do Morumbi

Observações

ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro basicamente residencial /

Colaboradores: José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO: ótimas

condições de conservação, recentemente o escritório Burle Marx e Cia ltda realizaram uma

reforma no jardim, a fim de trocar as bromélias que estavam muito grandes.

ANEXO 23 - FICHA 23: RESIDÊNCIA LUIZ IZZO, SÃO PAULO

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209

PROJETO ANALISADO: Residência Luiz Izzo,

Morumbi – SP COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

1975 – Residência Luiz Izzo, Morumbi,

São Paulo SP

1949 – Residência da

Fundação Roberto Burle

Marx, Rio de Janeiro RJ

ANEXO 24 - FICHA 24: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

1971/1978 – Residência

do arquiteto Hans Broos,

São Paulo SP

1975 – Projeto da Residência Luiz

Izzo, Morumbi, Burle Marx

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210

COMPOSIÇÃO DAS FORMAS DE

PROJETO

Formas abstratas “quebrando” a rigidez e a frieza do concreto armado.

CARACTERISTICAS

Proprietário: José Silvestre Egreja

Ano Construção: 1975

Área construída: 940 m2

Características do terreno: lote rural, plano

Números de pavimentos: bloco único

Estrutura: laje nervurada

Seleção de materiais: concreto armado, blocos de concreto e esquadrias metálicas

Fonte de luz natural: aberturas zenitais e panos envidraçados para área do jardim

Uso de cores: interior com concreto pintado (teto, parede e elementos curvos) cores básicas

Mobiliário fixo: bancadas de concreto

Detalhes significativos: espaço cênico externo delimitado por elementos de concreto

Elementos curvos: borda da laje externa, divisória dos serviços

Volumetria: grande abrigo

PISOS Forração com gramas.

ELEMENTOS NATURAIS Espelho d'água e jardim interno.

FUNÇAO DO JARDIM Propriedade privada, uso: residencial.

CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO

Topografia: totalmente regular / Clima: predominante tropical (quente) / Aspectos

Urbanos: Zona rural.

Aspectos Históricos: sede de fazenda no interior de São Paulo.

PLANOS DE COMPOSIÇÃO Burle Marx cria planos de composição em diversos níveis no entorno do projeto

arquitetônico.

Observações ELEMENTOS DESTACÁVEIS DA PAISAGEM: bairro rural / Colaboradores:

José Tabacow e Haruyoshi Ono. CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO: ótimo estado.

ANEXO 25 - FICHA 25: RESIDENCIA JOSÉ EGREJA, PENÁPOLIS, SP

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PROJETO ANALISADO: COMPOSIÇÃO FORMAL: GEOMÉTRICA CRIAÇÕES ARTÍSTICAS:

1975 – Residência José Egreja,

Penápolis SP

ANEXO 26 - FICHA 26: COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DE BURLE MARX

1975 – Residência José Egreja, Penápolis SP 1975 – Detalhe do Projeto da

Residência José Egreja, Penápolis SP

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212

Anexo 27 – Lista de projetos paisagísticos no estado de São Paulo

A contribuição do paisagista no Estado de São Paulo foi de grande relevância para a construção de sua

carreira profissional.

Na presente dissertação iremos analisar algumas dessas obras que foi possível encontrarmos material e

documentos suficientes a serem incluídos na mesma.

Portanto, segue abaixo a lista80

contendo o elenco de projetos do paisagista Roberto Burle Marx

juntamente com importantes arquitetos brasileiros e estrangeiros.

Ao todo são noventa e quatro projetos realizados no estado de São Paulo, durante o período de 1940 à

1983, são quatro décadas de contribuição para o nosso estado.

80 MOTTA, Flávio L. op. cit., p.183-192

1940

- Residência Jacques Pilon – cidade de São Paulo

1950

- Residência Olivo Gomes (arquitetos Rino Levi e Roberto

Cerqueira Cesar) São José dos Campos – SP

- Orozimbo Roxo Loureiro – São Paulo

1951

- Osmar Gonçalves – Santos – SP

1952

Residências:

- Ícaro de Castro Mello – São Paulo

- Milton Guper, Rino Levi – São Paulo

- Olavo Fontoura – São Paulo

1953

- Entrada do campus da Cidade Universitária Armando de

Salles Oliveira – São Paulo

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213

- Parque Ibirapuera (arq. Oscar Niemeyer e equipe) Obs: O

projeto não foi executado por completo – São Paulo

- Universidade Comercial Conde Francisco Matarazzo (atual

Palácio do Governo) – São Paulo

1955

- Residência Eduardo Knesse de Melo – São Paulo

1956

- Parque de Lindóia – Águas de Lindóia – SP

- Residência Emma Klabin – São Paulo

- Francisco Pignatari (arquiteto Oscar Niemeyer) – São Paulo

1959

- Clube a Hebraica (arquitetos Majer Botkowsky, Israel

Galman, David Libeskind, Jorge Wilheim e Jorge Zalzuspin) –

SP

- Projeto de dois painéis (cerâmica) para o saguão Mercedes

Benz do Brasil S.A. (arquiteto Alfredo J. Duntuch) – São

Bernardo do Campo – SP

- Residência Hermenegildo Martins – São Paulo

1961

- Jardim Botânico – São Paulo

1963

- Edifício Sede do Banco Sul Americano do Brasil (Itaú)

(arquitetos Rino Levi, Roberto de Cerqueira Cesar e Luis

Roberto Carvalho Franco) – São Paulo

1965

- Centro de Pesquisas Willys – São Bernardo do Campo – SP

- Tecelagem Parahyba (Rino Levi Arquitetos Associados) –

São José dos Campos – SP

- Residência Irmãos Gomes – jardins e painéis (pastilha de

vidro e cerâmica) (Rino Levi Arquitetos Associados), Ubatuba

– SP

1966

- Cortina para o Sesc (pintado a mão) – São Paulo

1967

- Edifício Banco Mercantil de São Paulo – São Paulo

- Centro Cívico de Santo André (Rino Levi Arquitetos

Associados) – Santo André – SP

- Palácio dos Bandeirantes – São Paulo

- Residência Antonio de Pádua Rocha Diniz – São Paulo

- Residência Clovis Felippe Olga – São Paulo

1968

- Condomínio Araucária (Rino Levi Arquitetos Associados) –

São Paulo

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214

- Condomínio Gravatá (Rino Levi Arquitetos Associados) –

São Paulo

- Condomínio Macaé – São Paulo

- Parque do Anhembi (Jorge Wilheim e Miguel Juliano e Silva)

– São Paulo

- Residência Clemente Gomes (Rino Levi Arquitetos

Associados) – São Paulo

- Residência Gilvan Miranda Guedes Pereira – São Paulo

1969

- Edifício Sesi/Fiesp/Ciesp (Rino Levi Arquitetos Associados)

– São Paulo

1970

- Edifício Promenade – São Paulo

- Esporte Clube Sírio (Pedro Paulo de Mello Saraiva, Miguel

Juliano e Silva e Sami Bussab) – São Paulo

- Hilton Hotel (Rino Levi Arquitetos Associados) – São Paulo

- Paisagismo da Estrada de Peruíbe (Promon Engenharia) –

Peruíbe – SP

1971

- Chácara Narciza – São Paulo

- Cond. Chácara das Flores (Veplan) – São Paulo

- Cond. Porta do Sol (Construtora Lutfalla) – Mairinque – SP

- Conj. Residencial (arquiteto Abrahão Sanovicz) – Jundiaí –

SP

1972

- Edifício Jardim America (Miguel Juliano e Silva) – São

Paulo

- Edifício Torres do Espigão (Jorge Wilheim) – São Paulo

- Sede do Clube Vale Verde – Campinas – SP

1973

- Conjunto Avenida Nações Unidas (Botti e Rubin) – São

Paulo

- Conj. Residencial (Contal) – São Paulo

- Novos Hotéis de São Paulo – São Paulo

- Residência Armando e Sarkis Semerdjian (Flavio Moliterno

e Augusto Sommacal Jr.) – São Paulo

1974

- Cemitério do Morumbi – São Paulo

- Centro Turístico do Jaraguá (Dacio A. B. Ottoni e David A.

B. Ottoni) – Atibaia – SP

- Conj. Residencial Comercial do Piqueri-Tatuapé (Cláudio

Gomes, Décio Tozzi, João Walter Toscano, Claudio Tozzi,

Odiléia Helena S. Toscano e Massayoshi Kamimura) – São

Paulo

- Quadra 46 Santana (Geraldo Serra) – São Paulo

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- Residência Esteves de Lima Jr. (Clovis Felippe Olga) – São

Paulo

- Residência Ermírio Pereira de Moraes – São Paulo

- Res. Olga Cunha Bueno Ferreira (J. M. Ruchti e L.M.

Reiner) – São Paulo

1975

- Abadia de Santa Maria, jardins e painéis de concreto (Hans

Broos) – São Paulo

- Anteprojeto da Vera Cruz/PROSBC (Miguel Juliano e Silva)

– São Bernardo do Campo – SP

- Casa da Manchete – São Paulo

- Residência Elie Douer (Ugo di Pace) – São Paulo

- Residência Kurt Waissman (Pedro Paulo de Mello Saraiva)

– São Paulo

1976

- Bosque de Viana (Clóvis Felippe Olga) – São Paulo

- Centro de Convenções e Manifestações Culturais (Paulo

Mendes da Rocha) – Campos do Jordão – SP

- Edifício Wimblendon Park (arq. Bernardo Figueiredo) – São

Paulo

- Fábrica Elida Gibbs – Gessy Lever SA (Roberto de

Cerqueira Cesar, Luis Roberto de Carvalho Franco e Paulo

Bruna) – Vinhedo – SP

- Fazenda Ipanema (Paulo Mendes da Rocha) – Sorocaba –

SP

- Parque Ecológico do Tietê (Ruy Ohtake, Haron Cohen,

Dalton de Luca, José Roberto Graciano e Maria Teresa

Furuiti) – São Paulo

- Residência Camilo Deccache (Arquiteto Carlos B. Fongaro

e Alberto Andrade) – São Paulo

- Res. Borges de Assis (arq. Clóvis Felippe Olga) – Araçatuba

– SP

- Res. Luiz Lucio Constabile Izzo (Ruy Ohtake) – São Paulo

- Res. Renato de Toledo e Silva (Ruy Ohtake) – São Paulo

1977

- Painél (concreto aparente e placas de xaxim) Edifício

SESI-CIESP (Roberto de Cerqueira Cesar, Luis Roberto

Carvalho Franco e Paulo Bruna) – São Paulo

- Residência Artêmio Furlan Filho (Ruy Ohtake) – São Paulo

- Residência Roberto Malzoni (arquiteta Diana Malzoni) –

São Paulo

1978

- Residência no Morumbi (Hanz Broos) – painel de concreto –

São Paulo

- Praia de Itararé (Ruy Ohtake) – São Vicente – SP

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1979

- Centro Campestre, Cultural e Desportivo do SEC de

Itaquera (Júlio Neves Arquitetos Ass.) – São Paulo

- Edifício Macunaíma (Arquiteto Marcelo Fragelli) – São

Paulo

- Residência Clemente Gomes – Areias – SP

1980

- Edifício do CREA (Ubirajara Gillioli) – São Paulo

1981

- Residência Pedro Finotti – São Paulo

1982

- Chácara Santa Helena (anteprojeto) (arquiteto Jorge

Zalszupin e José Gugliotta) – São Paulo

- Edifício Banco Safra, painéis e jardins (Roberto Loeb e

Majer Botkowski) – São Paulo

- Construção de Edifícios de Escritório São Luis

Participações S.A. – São Paulo

- Residência Peter Schaefer (Arquiteto Alfredo Talaat e

Ronaldo Racy) – Guarujá – SP

1983

- Banco Safra (Maurício Kogan) – São Paulo

- Residência José Safra (Arquiteto Sérgio Bernardes) –

Guarujá – SP

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Anexo 28 –Realizações internacionais

Entrou em contato com grandes nomes da arquitetura como Richard Neutra, no projeto do jardim do

complexo arquitetônico Templo do Trabalho, em Los Angeles e também na Califórnia, com o próprio Oscar

Niemeyer na Residência Burton Tremaine.

Na Venezuela realizou uma série de trabalhos públicos, projetou o Parque Del Este, Del Oeste, realizou

a urbanização de Los Canales, Helicóide de la Roca tarpeya, do centro e projetou jardins privados também, por

exemplo a Residência Diego Cisneros, em Caracas, entre outros.

Burle Marx também realizou obras na Argentina, no Chile, no Peru, no Equador, em Porto Rico, na

Suíça, na Áustria, no Uruguai, entre outros países.

Ao longo de sua carreira profissional, que compreendeu o período de 1932 à 1989, foram mais de 2.000

obras e projetos.

Praça Peru. Buenos Aires, Argentina.

Fonte: http://2.bp.blogspot.com

Ilustração 302 – Plano del Parque del Este.

Caracas, Venezuela

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218

Ilustração 304 – Praça Peru, Buenos Aires,

Argentina

Ilustração 303 – Praça Peru, Buenos Aires,

Argentina

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219

.

Ilustração 305 – Biscayne Boulevard Miami, EUA

Ilustração 306 – Praça do Teatro Rosa Luxemburgo Berlim

Ilustração 307 – Residência Burton

Tremaine Califórnia, EUA

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Anexo 29 – Resumo de sua trajetória

De acordo com Laurence Fleming, a trajetória do artista passa pelos jardins das canas vermelhas, depois

pelo jardim dos anos 40, 50, de colorido vibrante, mas com árvores emprestadas dos campos locais com grupos

isolados de rochas e sua flora relevante, aos jardins dos anos 60 e 70, um dos quais parece ser uma simples

clareira na floresta – até se começar a examinar o número de maneiras com que foi integrado o gramado ao

bosque, resultando num único, discreto e desembaraçoso passo.

Em relação às pinturas, cada vez mais abstratas, pode-se também encontrar a referência da paisagem

brasileira, sejam nas formas de pedras, árvores e folhas, como também nas obras do (período rosa) de Picasso,

de Braque ou de Leger observadas nos museus europeus em sua primeira viagem à Alemanha.

Porém, o diferencial deste artista é que ele utilizava cores e formas que eles não usavam, e as pinturas

resultantes são completamente únicas, lembrando o fato de Roberto não possuir nenhum tipo de diploma,

nenhuma qualificação profissional. Provavelmente, esse é o fato mais interessante de sua trajetória.

Ilustração 308 – Parque Rogério Phyton, em

Brasília, DF

Ilustração 309 – Projeto do Parque do

Flamengo, Rio de Janeiro

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Anexo 30 – Entrevista com Haruyoshi Ono81

Marília Dorador Guimarães e Abílio Guerra

MDG e AG – Como foram realizadas as encomendas dos projetos do escritório em São Paulo? (Rino Levi:

Residência Olivo Gomes, Residência Irmãos Gomes, Centro Cívico Santo Andre, Res. Clemente Gomes;

Marcello Fragelli: Edifício São Luiz, Ed. Macunaíma, SEW; Hans Broos: Abadia de Santa Maria e Residência

do arquiteto; Miguel Juliano: Parque Anhembi, Ed. Promenade; Ruy Ohtake: Res. Luiz Izzo, Res. José Egreja).

Quem encomendou (setor público ou privado)?

Haruyoshi Ono – Dos projetos do Rino Levi, a Residência Olivo Gomes, eu entrei depois, em 1965, projetando

a parte do playground. Na residência dos irmãos Gomes, em Ubatuba eu só fazia os desenhos, depois tinha o

projeto de uma estrada – um Parkway e era numa dessas regiões ligada também aos Gomes. Já o Centro Cívico

eu participei, foi um concurso que eles ganharam e encomendaram o projeto ao escritório do Burle Marx e daí

participamos. Não sei se foi uma encomenda, pois o pagamento foi feito através da Prefeitura de Santo André.

Começou com o paisagismo e nas conversas, o Roberto começou a pensar em painéis e ai foi feito três estudos

para o painel, os três no teatro e depois a tapeçaria, tudo mais ou menos na mesma época, com o mesmo prefeito.

Tudo foi encomendado ao mesmo tempo, inclusive a tapeçaria foi feita nos teares da fazenda da família Gomes,

lá tinha um grande tear e esta tapeçaria é considerada uma das maiores tapeçarias do Brasil. Restauraram o

painel, até estivemos lá há pouco tempo, mas o local está muito abandonado, e esta tapeçaria eles emprestaram

81 Entrevista realizada no dia 05 de maio de 2011 no Escritório Burle Marx e Cia Ltda., Rua Alice, n. 29, Laranjeiras, Rio de Janeiro RJ

Ilustração 310 – Marília e

Haruyoshi Ono

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para o centenário do Burle Marx aqui no Rio de Janeiro, foi um sucesso, é muito bonita. Quanto a residência de

Clemente Gomes (Pacaembu) eu só conheço pelo projeto, em desenho. Não conheci. Tivemos pequenas

jardineiras, um painel em concreto, também não sei se executaram, mas é uma residência pequena, é um jardim

menor. Marcello Fragelli, o Edifício São Luiz antigamente era chamado Parque São Luiz, Condomínio Parque

São Luiz, hoje Ed. Parque São Luiz (situa-se na Av. Juscelino Kubistchek) em concreto aparente. Também foi

uma encomenda do arquiteto que queria a participação do Burle Marx para execução do jardim. Se não me

engano era para a Promon (sede dos escritórios em que Marcello Fragelli trabalhava). A gente fez dois estudos,

o primeiro estudo e depois o segundo estudo, e o segundo que foi aprovado. E até hoje nós damos assistência na

manutenção dos jardins, a Promoverde é que faz este contato, o escritório só supervisiona. A Promoverde é

quem faz a troca das plantas, a manutenção, mantém as características do jardim. O Ed. Macunaíma (Alto de

Pinheiros – SP) também foi um convite do Marcello Fragelli para um jardim residencial. Roberto quis inovar,

ele criou espécies de vulcões e era esquisito, diferente. O jardim propriamente dito está entorno da piscina e do

edifício.

HO, vendo as fotos disse: “– Ah reformaram tudo!”

Executaram isto (os vulcões) com telas de arames, que fizeram a armação toda, por baixo, é oco. Depois

revestiram todo com pedra portuguesa, esta idéia depois é que Roberto queria utilizar nos jardins da Fazenda

Vargem Grande (Areias – RJ), com pedra portuguesa o mesmo material, mas devido a enorme quantidade de

pedras que seria utilizada na fazenda, pedra portuguesa teria que se importar e para transportar era muito caro,

tanto é que os croquis da Fazenda, nos primeiros estudos tem estes volumes com estes buracos com

Ilustrações 311, 312, 313 – Edifício

Macunaíma, Marcello Fragelli, São

Paulo

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bromeliáceas, plantas epífitas. Daí foi alterado porque era mais fácil para eles que já tinham outra pedra e ficaria

melhor, mais integrado a paisagem. Este exemplo foi precursor que depois ele usou em Brasília, em um dos

Palácios. Num pátio interno, eu não sei se é no Ministério da Justiça ou no Tribunal de Contas da União, um dos

dois. Com estas formas livres, bem abstratas, com piso de duas cores.

“Observando as fotos, HO diz:” Tem que tirar isto aqui, apontando a cerca, o vaso!”

Mas o jardim está bem, bem conservado. As obras particulares são mais bem preservadas.

(HO quis observar as fotos que tiramos do Edifício Macunaíma e comentou que os jardins particulares estão

mais bem mantidos e bonitos que os jardins públicos como é o caso do Centro Cívico de Santo André que citou

que estava em ruim estado de conservação ao observar as fotos que lhe mostrei)

Observa o piso do Edifício Macunaíma (foto abaixo) e diz que o piso invade ou o piso interno sai para parte

externa como acontece no Edifício São Luiz. Em relação ao canteiro lateral (foto abaixo) que hoje esta com

pedras brancas, Haruyoshi comenta que é uma interpretação do sindico ou jardineiro, pois ali deveria estar uma

forração para compor juntamente com as árvores.

No caso da SEW (Indústria localizada em Guarulhos – SP), foi o contrário, a gente foi contratado pelo pessoal

da SEW – Fábrica de Motores, não me lembro mais do presidente, mas continua o mesmo presidente, não me

lembro o nome dele, mas o da esposa é Úrsula Bickle Marx, mas não tem nenhum parentesco com Burle Marx.

A gente começou a fazer o jardim para a sede e depois mais tarde eles precisavam de uma ampliação,

precisavam de um refeitório maior com restaurante. E daí o Roberto sugeriu o nome do arquiteto Marcello

Fragelli, ele foi contratado e daí ele projetou e teve que fazer uma readaptação do jardim. E a gente se entrosou Ilustrações 314, 315, 316 –

Edifício Macunaíma, Marcello

Fragelli, São Paulo

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bem com Marcello, foi uma grande época, ele vinha muito para o Rio, para as festas de Roberto, vinha com a

senhora dele, Maria Amália que tocava piano, foi uma época boa. Tinha um pianista que é maestro hoje e não

pode reger (HO não lembra do nome do artista) ... era professor da Maria Amália. Eles se relacionavam muito

bem, inclusive no sitio tem uma espécie de candelabro que o Marcello Fragelli trabalhava com artesanato, tupia,

coisa de marcenaria. Eles eram bem amigos. A Abadia de Santa Maria está localizada na Serra da Cantareira, em

São Paulo. Esse eu lembro pouco deste jardim. Na verdade, eu nunca fui neste lugar eu me lembro mais do

projeto em si e mais da conversa do arquiteto, Hans com Roberto, eu não participava muito. Eu trabalhei mais

nos painéis da parte interna da capela, acho que fiz maquetes em auto-relevo dos painéis e a partir daí Hans

Broos estava fazendo na mesma época a casa dele no Morumbi, e ele queria um painel também para casa dele,

fizemos um outro painel, em cima da lareira, que é uma adega. O painel da capela era todo em concreto, o

negativo foi feito em isopor e colocou nas paredes. Quase sempre era feito desta maneira, as vezes utilizava-se

madeira para a confecção do negativo, foi o caso do Banco Santander.

MDG – Sempre montavam maquetes?

HO – Sempre se fazia maquetes. O traço inicial era sempre de Roberto, os rabiscos inicias depois eu

interpretava os desenhos, ele aprovava ou desaprovava até chegarmos num acordo, daí desenvolvia a maquete

que ficava, normalmente, com o construtor. A gente não tem quase nada. Porque eram formas irregulares,

fazíamos o desenho com raios, geometricamente construía o desenho e depois transpunha para maquete e fazia o

molde com ela. E este trabalho (painel da Abadia de Santa Maria) aqui foi feito assim. A casa (do arquiteto Hans

Broos) também, a gente fez o jardim. E tem uma árvore que ele gostava muito na casa dele, perto da piscina que

Ilustração 318 – Bauhinia

blakeana – pata de vaca

Ilustração 317 – Esta planta

ele usou bastante uma

época. Camarão (Justicia

brandejeana)

Ilustração 319 – Este

desenho (foto abaixo) é do

Parque Anhembi, que boa

parte não foi executado.

Tinha um grande lago e

estas esculturas seriam

colocadas dentro de ilhas

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é uma (bauhinia blakeana) enorme, pata de vaca, quando ele plantou não acreditou que ficasse tão bonita, mas

depois que ele viu a floração ele ficava doido. Esta árvore era a peça principal do jardim dele. Em relação ao

arquiteto Miguel Juliano, a gente o conheceu sim, só não me lembro como o conhecemos. Eu sei que ele não era

arquiteto na época, ele se formou depois. Tinha escritório junto com Pedro Paulo de Melo Saraiva, depois com

Jorge Wilheim, que fez o projeto do Parque Anhembi. Depois ele saiu e foi trabalhar com Pedro Paulo e Sami

Bussab também. Eu não sei se o Sami Bussab trabalhou no Clube Hebraica, perto do aeroporto, todo circular,

tem uns arcos, o jardim todo em triângulos. E o Miguel Juliano, ele ajudava muito, era o principal do escritório.

O Promenade eu não me lembro da obra, eu me lembro do desenho. Agora me lembrei do Rino Levi. Porque

desenvolvemos alguns trabalhos na avenida. Nove de Julho, mas não com Rino, ele já havia falecido, com os

“Robertos” (sócios – Roberto Cerqueira Cesar e Luiz Roberto Carvalho Franco). O edifício Gravatá e Araucária

(Av. Nove de Julho – SP). No caso da residência Luiz Izzo, localizada no Morumbi, a gente foi varias vezes lá,

inclusive depois de muito tempo, foi feito uma reforma no jardim, depois de muitos anos, o jardim estava meio

crescido demais, principalmente as bromélias ficaram enormes. E na época quem ajudou foi o Oscar Bressani

junto com Jorge Sakai da Promoverde. Trabalharam muito com Roberto, ele tinha uma forte admiração pelo

Jorge, pois era uma pessoa muito legal, tinha muito interesse, inclusive a gente até queria que ele trabalhasse

aqui com a gente, numa época que ele tinha acabado de sair da Campineira, era uma das chácaras grandes de SP,

existe até hoje. Ele não aceitou a nossa proposta e fundou a Promoverde. Você também pode falar com Koit

Mori e Klara Keiser (professora da USP) que trabalharam muito com a gente. Flavio Motta também, mas não sei

como ele está de saúde, porque tem épocas que esta brilhante, mas outra que entra em crise, não sabe. A Klara é

Ilustração 320 – Projeto do Edifício

Promenade, São Paulo, Miguel Juliano

e paisagismo Burle Marx

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legal que ela é teórica ajudou Motta no livro (Roberto Burle Marx e a nova visão da paisagem), era auxiliar dele.

A Klara é legal porque ela é uma grande teórica. Na parte de botânica, Nanuza Menezes. Ela é aposentada,

pesquisadora da USP. Nanuza classificou a família das Velosiáceas, que Roberto começou a se interessar.

Influenciado por Nanuza. E a gente fez muitas excursões juntos para descobrir muitas Velosiáceas. Era um

grande ponto das obras dele (Roberto), na sua fixação por botânica e as plantas no seu habitat.

MDG e AG – Como foi a relação de Burle Marx com os arquitetos de São Paulo? (Rino Levi, Marcello

Fragelli, Hans Broos, Miguel Juliano, Ruy Ohtake).

HO – Com Rino Levi era mais um amigo mesmo, tanto é que tinham os mesmos interesses pela botânica, pelas

viagens, tanto é que ele morreu em uma dessas viagens. Eu estava entrando no escritório e Roberto estava saindo

para esta excursão. Inclusive quando Roberto ia para São Paulo ele se hospedava na casa de Rino Levi (acho que

na Rua Bélgica, eu acho), tinha a mulher dele Ivone Levi, a filha Barbara e tinha outras criancinhas que não me

lembro o nome. E o Marcello Fragelli era amigo também tinha bastante contato, Hans Broos a mesma coisa,

quando se encontravam não paravam de falar, só falavam em alemão, o que, para mim, era difícil de

compreender, mas eram bem amigos. E do Miguel Juliano, no final só falavam de vinho, pois no final ele passou

a ser um vinólogo, tanto é que na reforma da casa do Sitio, tinha uma construção que era uma adega que

executou com a ajuda de Miguel Juliano, tudo climatizado, mas que nunca deu certo, pois Roberto comprava os

vinhos e bebia antes, toda a aparelhagem está lá, deve estar enterrada lá. Com Ruy Ohtake ele teve uma amizade

mais recente, mas não era amigo, amigo, como o caso do Rino Levi. Roberto admirava muito as obras da mãe

dele, da Tomie Ohtake.

Ilustração 321 – Canela de ema

Velosiácea

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MDG – Porque muitos desses projetos não foram concluídos (Por exemplo, o Anhembi, Ibirapuera,

Parque. Ecológico do Tiete). Roberto comentava alguma questão relacionada às obras de São Paulo não

serem concluídas?

HO – Não, não. Ele tinha tantos trabalhos, não ficava muito ligado a isto. Ele ficava interessado quando

começava um jardim e se ia até o final. No Parque Anhembi, ele sempre cobrava o Miguel Juliano – “Como está

o projeto?” Neste ponto, ele acabava se desinteressando, nem ia mais lá, e o Parque Anhembi era um dos pontos

que sempre passava, na marginal, então a gente já via “ih o Clube Esperia lá vamos nós lá de novo!!” E depois

nunca mais voltamos. O relacionamento de Roberto com os arquitetos de São Paulo sempre foi muito bom,

porque quando eu o conheci, Roberto tinha um envolvimento grande com o pessoal de outra geração para mim,

o pessoal da IAB, se reuniam, tinha os arquitetos, Roberto de Carvalho que gostava de jogar xadrez, tinha um

monte de gente, mas eu não conhecia, tinha o Artigas que encontrávamos lá também, e eu acompanhava o

Roberto, mas eu era estudante e o pessoal mais velho. Mas Roberto tinha um grande relacionamento em São

Paulo, São Paulo era especial, pois tinha os amigos antigos dele, tinha o arquiteto Palanti que ele falava muito,

tinha um barzinho que não me lembro qual era o bairro, acho que na Praça da Republica, onde determinados

arquitetos iam lá a noite se reunir, Palanti era um deles, e tinha também um primo, era o Zeca, Zé Carlos Burle é

um cineasta, médico que ficou conhecido mais como cineasta, e é compositor também, tem aquela música “meu

limão meu limoeiro” é dele ninguém sabe, mas é dele. Tem um senhor que Roberto se encontrava muito, não me

lembro o primeiro nome dele, o sobrenome era Salles, não era Walter Moreira Salles, mas era uma pessoa

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bastante importante em São Paulo. Isto nos anos 60. Não tinha nenhum problema com São Paulo. Ele era

paulista, mas adotou o Rio como cidade.

MDG e AG – Existe alguma especificidade nas obras de Burle Marx em São Paulo? Quais as

características e o caráter inovador de sua obra? Quais foram?

HO – É difícil responder, ele gostava sempre de inventar e fazer coisas novas, colocar um painel em um jardim

quando não se pensava nisso. Fazer estruturas para plantas, quando não se pensava nisto, hoje em dia todos

fazem isto, murais com jardins verticais. Em São Paulo, nas residências, no Banco Safra é o maior exemplo. Mas

antes disso ele já fazia, no Rio em 1965, foi quando eu entrei. Ele já fazia esses jardins verticais, mural. Depois

nos anos 80 ele fez os jardins da Manchete aqui no Rio. Em São Paulo fez talvez menos. Porque tinha menos

oportunidade. No inicio de 60 fez pro Banco Itaú na Paulista, fez uma série de estruturas para plantas na calçada,

depois a Paulista cresceu e se perdeu com a desapropriação, estruturas de metal galvanizado com xaxim que ele

colocava bromélia. Você pode ver essa estrutura na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, na loja de cerâmicas,

que é um showroom, perto da Av. Brasil, na loja Roca.

MDG – E um painel que tem na fachada do Banco Safra, que não tem assinatura, fica na Av. Faria Lima

em frente ao Museu da Casa Brasileira, é do Burle Marx?

HO – É meu, ele não tem assinatura. Eles não quiseram colocar, para dizer que é do Burle Marx. É uma

adaptação do painel em concreto do Banco Safra – Av. Paulista. Roberto e eu assinamos este projeto do Banco

Safra – Paulista, então eles queriam tirar um pedaço deste e colocar em todos os outros bancos (Safra) em São

Paulo. Eu disse não, eu faço outro baseado naquele. O aspecto inovador é isso aí. A questão do jardim vertical,

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ou seja, onde não se usava substrato (terra), porque não tinha arvores, dai substitui as arvores por um elemento

vertical. Um elemento criado artificialmente – como as formas dos volumes, vulcões. Você não falou do jardim

de Areias (RJ), lá tem tudo isso. E o uso de água, ele gostava muito de usar água. Que hoje estão eliminando por

conta do mau uso.

MDG e AG – Nos projetos em questão, o projeto paisagístico foi feito em paralelo com o projeto

arquitetônico ou após?

HO – Os projetos com Rino Levi e Hans Broos eram juntos, porque desde o inicio quando já estava elaborando

o projeto arquitetônico já entrava o projeto de paisagismo, então normalmente era isso, trabalhavam juntos

desde o inicio. Com Fragelli na SEW houve um entrosamento muito grande e com Miguel Juliano não tinha

muita relação em termos de projeto, porém foi junto também. Por exemplo, o projeto para estação (metrô)

Vergueiro – SP, foi de um concurso, fizemos juntos. São poucos os projetos que entramos depois, a não ser uma

reforma, mas quase todos são juntos.

MDG – Mas como funciona? Roberto fazia um pedaço do jardim e passava seus desenhos para o

arquiteto?

HO – Normalmente o arquiteto deixa áreas determinadas para o paisagismo, daí nós fazemos o dialogo com a

arquitetura, que não prejudique a fachada. Normalmente o arquiteto comenta o quer, por exemplo, no caso de

Oscar (Niemeyer) ele não quer nada. Daí a gente já sabe. Normalmente, o arquiteto sabe o que quer (aqui eu não

quero volume aqui eu quero volume, uma coisa mais simples).

MDG – E em relação à criação de um painel?

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HO – Em relação ao uso de painéis, quase nunca falam, isto é a gente que sugeri e vê se cola, mas não é sempre.

MDG – E há casos em que foi recusada a proposta?

HO – Não, quer dizer na redução dos custos. Não pelo arquiteto, mas pelo cliente. Mas no caso do Ruy

(Ohtake), por exemplo, tenho certa cerimônia pra colocar um painel. Se tiver uma piscina para executar eu gosto

de fazer e o Ruy também. Fica uma situação delicada mexer ou não mexer, a gente vê quem trabalha junto com

ele e já percebe que quer desta forma. Por exemplo, no Blue Tree Towers em Brasília, tem uma forma que é toda

recortada, fiz o piso externo e o coloquei também dentro da piscina. Fizemos muitos projetos juntos hoje em dia.

Eu sempre tento interferir nos desenhos dele, mas as vezes ele não gosta e bota pé firme! Tem que haver um

equilíbrio no trabalho.

MDG e AG – Nos projetos em questão, qual a relação entre a arquitetura construída e os jardins? Como

os dois objetos dialogam entre si?

HO – Sempre quando a gente faz um projeto, isto eu estou falando do Roberto também, pois ele me ensinou

assim. Você tem que observar a arquitetura e tentar valorizar esta arquitetura. Você tem que entrar dentro da

arquitetura como se fosse o ocupante da construção e usufruir a paisagem. Você tem que construir a paisagem de

acordo com o que você vai ver no local. Se colocar na pele do observador. E esta relação tem que ser uma coisa

muito equilibrada, você não pode interferir no campo do outro, pois as vezes “abafa”, o projeto paisagístico

chama mais atenção que o arquitetônico, então você pode fazer um jardim sem chamar a atenção e integrada

com a arquitetura, sem interferir. Mesmo que a arquitetura seja feia, não pode interferir.

Esse equilíbrio a gente tem que procurar manter.

Ilustrações 322, 323, 324, 325

– Blue Tree Towers Ruy

Ohtake, Brasília, DF

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MDG e AG – Qual a concepção estética desses jardins? Quanto contribui os conhecimentos da botânica e

quanto participa os conceitos buscados à pintura?

HO – O conhecimento com a concepção estética dos jardins é justamente a procura desse equilíbrio, com as

formas, junto com os volumes da vegetação, das texturas que você dá.

E o conhecimento da botânica é imprescindível, no paisagismo a base são as plantas, a vegetação. Então você

precisa conhecer não botanicamente a planta, mas como ela se adapta, quando ela floresce. A estética da planta,

a forma, tudo isso você tem que analisar para equilibrar. Na pintura, as regras que ditam a composição artística é

a mesma quando se compõe um jardim. Mas o jardim é uma coisa bem mais diferente, porque as plantas são

efêmeras, hoje esta muito bem, amanha não esta, e também depende das condições do clima, da temperatura, da

luz, as coisas vão se transformando, são coisas imponderáveis, a natureza. Se houver uma praga a gente cuida,

saber como estas coisas se portam para compor um jardim.

MDG e AG – Como Burle Marx entende o papel do paisagismo com relação à arquitetura? A visão do

paisagista sobre este papel mudou ao longo do tempo? O senhor nota uma evolução nos projetos de Burle

Marx ou os traços são os mesmos desde o inicio de sua processo criativo?

HO – Em relação à esta questão se mudou ao longo do tempo, eu acredito que não, o paisagismo tem que estar

em equilíbrio com um volume arquitetônico, com a arquitetura. Eu acho que até hoje não mudou, continua o

mesmo (papel do paisagismo com relação à arquitetura). Em relação à evolução dos traços de Burle Marx, é

lógico que eles vão evoluindo, mas tem coisas que vão e voltam, dependendo do conhecimento que você vai

adquirindo, como ele sempre falava que uma composição é o resultado de uma soma de conhecimentos que você

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vai tendo ao longo da sua vida. Quanto mais experiência, mais você vai se aprofundando. E com esses

conhecimentos, você quer simplificar a composição. No inicio você quer colocar tudo o que você sabe numa

planta só, fica tipo uma salada, mas com o tempo você vai simplificando quanto menos coisas melhor, isso

valoriza determinadas plantas. Mas isto faz parte da evolução de um profissional.

MDG e AG – Quais são as principais distinções na concepção de áreas livres considerando as diferenças

de escalas e programas dos projetos arquitetônicos associados aos jardins?

HO – Eu acho que cada composição paisagística vai depender de uma finalidade, para que fim você ta fazendo

paisagismo. Se for para uma área esportiva, se uma área recreativa ou se é recreativa, que faixa etária, isto vai

modificando o projeto. Você fala de função, porque tem um jardim contemplativo, de lazer, que você vai

descansar curtir, e tem o jardim que você vai participar, como tem jardins que você vai para sentir (...) um cego

por exemplo, ele não vê, mas tem várias maneiras dele poder usufruir de um jardim. Existem fins específicos

para compor um jardim.

MDG e AG – É diferente criar um jardim publico de um privado?

HO – Tem diferenças sim. Um projeto público você tem que fazer algo mais geral, porque é mais abrangente.

Então para cada uso é um tipo de jardim. Por exemplo, se você esta dentro do carro, necessita de um tipo de

jardim para circular, é um jardim que é observado em movimento. Se você estiver andando não, é outro tipo de

jardim, você vai entrando e participando. No caso do Aterro do Flamengo você tem essa idéia. Você consegue

ver os agrupamentos de arvores, as florações, você vai vendo quando vai chegando como se fosse só uma arvore,

você passa rápido, então num parque você deve colocar muitas arvores para que passando rápido ou devagar

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você às veja. Então são estas visões que tem que prever na hora de fazer uma composição. O programa, a escala,

tudo vai depender, porque os projetos mudam.

MDG e AG – Como Burle Marx colocava o observador nos seus jardins? Quais sentimentos e/ou

sensações ele queria produzir no visitante de seus jardins?

HO – No Jardim quando você vai projetar você coloca pontos de vistas nos jardins. Mesmo num jardim

pequeno. Você vai criando um “obstáculo”, você coloca um anteparo, e quando você chega e diz: Olha que coisa

bonita, tudo se abre. No meio das rampas, uma fonte d‟água, e outras referências, um laguinho, um mural. Então

quando Burle Marx criava ele sempre pensava nisso. Criava caminhos sinuosos (com ou sem elevações)

pequenas sinuosidades no terreno,

MDG – Como nos jardins do Pignatari (atual Parque Burle Marx – São Paulo)?

Sim, em quase todos os projetos. Muita gente não quer ver tudo de uma só vez. Os jardins são para serem

desfrutados aos poucos. Vai dando água na boca e devagarzinho da vontade de ver mais e mais. Mas muitas

vezes o cliente não entende.

MDG e AG – Burle Marx tendo o escritório com os sócios, estes participavam de suas criações, dando

idéias, opiniões ou até mesmo alterando o processo criativo?

HO – Sempre! Ele dava essa liberdade. Estava sempre aberto a idéias novas. Se aceitava ou não era outra

história.

MDG – E nesses casos que estamos estudando?

Não.

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MDG e AG – Vocês que conviveram no cotidiano com Burle Marx, qual a sua opinião sobre o processo

criativo do artista? Ele tinha um método de trabalho sistemático? Ele compunha a partir de uma

inspiração? Tinha alguém ou alguma coisa que lhe inspirava?

HO – A opinião criativa do artista é impossível definir. Porque tem dias que esta inspirado ou não esta, mas o

importante é que Roberto (...), acho que ele era inspirado o tempo todo. Eu via ele fazer mil coisas ao mesmo

tempo. Se não estava nos projetos, estava desenhando, lendo, vendo plantas, ele não tinha, não era uma coisa,

um método sistemático. Tudo era lazer, gostava de pintar, cozinhar, desenhar, comer, não era uma pessoa

regrada, se dava vontade de pintar, ele pintava até cansar. Ele era muito observador. Eu lembro que nas viagens

de avião, ele sentava sempre na janela e ele chamava a atenção dizendo “Olha aquelas formas” e ficava com

aquilo na cabeça. Mas não sabia que um dia ia usá-las.Com as plantas também, nas viagens ele comentava “Olha

que beleza esta cor, a luz, as formas.” Tudo era fonte de inspiração para ele o tempo todo.

MDG e AG – Vocês notavam que ele tinha alguma preferência por projetar jardins públicos ou

residências (geralmente há diferenças nesses espaços)?

HO – Ele dizia que tinha mais prazer em fazer jardins públicos do que jardins particulares. Pois dizia que muito

mais gente usufruía. E isso é verdade, ele sempre tinha vontade pelo coletivo. Por exemplo, o parque do

Flamengo, não é que gostava mais, mas tinha mais carinho, este e o Parque Del Este em Caracas, mas ao mesmo

tempo eram fontes de grandes aborrecimentos para ele, pois as vezes tinham pessoas que maltratavam as

plantas, quando ele via ele reclamava. E ele falava, ele tinha esta qualidade, não guardar nada para ele, ele

ligava, achava ruim e falava. É uma coisa que eu não tenho esta facilidade, mas deveria!

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MDG e AG – Vocês notavam alguma conotação de cunho político quando ele criava os projetos?

(Formação Marxista, socialista, democrático..) visão sócio-democrático!

HO – Não, só nesta visão de gostar de fazer jardins para o publico, ele era apolítico, não se envolvia muito com

políticos. Teve uma época, mais por amizade, na juventude, era socialista. Mas depois não tinha esta

preocupação, claro ele pensava muito na população, nas dificuldades, tanto que ele ajudava muitas pessoas,

tanto que o pessoal de onde ele morava, em Guaratiba, Rio de Janeiro, ele tinha o maior carinho pelas pessoas,

ele ajudava muita gente, todos os empregados eram ajudados muito por ele. Toda vez que viajava para fora, a

preocupação dele era de sempre trazer uma lembrança para todos os empregados, ia muito para os Estados

Unidos, não era rico, mas tinha um amigo que sabia onde comprar coisas mais baratas. Ia para Miami, vamos

comprar camisas para todo mundo (tipo outlet), iam comprar camisetas. Para as meninas do escritório também.

Quando ia para Malásia, onde tinha coisas muito vistosas, era para o escritório. Ele criou uma profissão que não

existi. Lá em Barra de Guaratiba, todos que sabem lidar com plantas aprenderam com ele, saíram do Sítio

(empregados). Ele vinha (para Laranjeiras) e voltava (para Guaratiba), acordava cedo, andava o sitio todo, dava

as ordens e vinha para cá.

MDG – Ele era muito ativo?

HO – Era difícil de acompanhá-lo. Nas excursões ele era o primeiro a acordar e o ultimo a dormir. Às vezes da

saudade dele.

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Sobre o entrevistado

Haruyoshi Ono é arquiteto e paisagista tendo sido amigo e companheiro de trabalho de Roberto Burle

Marx (1909-1994). Atualmente é diretor da empresa Burle Marx & Cia, sediada no Rio de Janeiro - RJ, que

continua a criar jardins no Brasil e no exterior.

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Anexo 31 – Entrevista com José Tabacow82

Marília Dorador Guimarães e Abílio Guerra

MDG e AG – Dos projetos listados abaixo, quais são de co-autoria com José Tabacow e Haruyoshi Ono?

José Tabacow – Em relação às obras de Rino Levi, a residência Olivo Gomes (1950) em São José dos Campos,

SP já havia sido feita antes de nossa entrada no Escritório. Entretanto, alguns anos depois do projeto original, a

família solicitou projeto para uma nova área (parquinho infantil, piscina e teatro ao ar livre), que fica atrás da

casa. Foi nossa primeira participação como desenhistas e estagiários. A residência dos Irmãos Gomes em

Ubatuba, SP (1965), fomos colaboradores. O projeto do Centro Cívico de Santo André, SP (1967) fomos

colaboradores e a residência Clemente Gomes no Pacaembu, em São Paulo, (1968) fomos colaboradores

também.

Em relação às obras de Marcello Fragelli e Burle Marx, o edifício São Luiz, em São Paulo (1976-84), o edifício

Macunaíma, em São Paulo (1979) e a SEW, em Guarulhos, SP (1978) fomos co-autores.

No caso dos projetos em parceria com Hans Broos, a Abadia de Santa Maria, em São Paulo (1975) e a residência

do arquiteto no Morumbi, em São Paulo (1978) – co-autores.

As obras de Miguel Juliano justamente com Burle Marx, foram o Parque Anhembi, em São Paulo (1968), fomos

Colaboradores, o edifício Promenade, em São Paulo (1970-72) fomos co-autores.

82 Entrevista realizada no dia 17 de fevereiro de 2011, por email

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E as obras de Ruy Ohtake, a residência Luiz Izzo, no Morumbi, em São Paulo (1976) e a residência José Egreja,

em Penapólis, SP (1975) fomos co-autores.

OBS.: Haruyoshi Ono e eu entramos no Escritório em agosto de 1965. Formamo-nos em 1968. A partir daí,

ganhamos o “status” de co-autores. Antes fomos sucessivamente Colaboradores, Arquitetos Colaboradores e

Arquitetos Associados.

MDG e AG – Você se recorda como foram feitas as encomendas dos projetos? O contato foi feito pelo

arquiteto, pelo proprietário ou pela construtora?

JT – Variava muito. Mas alguns arquitetos costumavam sugerir o nome de Burle Marx sistematicamente aos

seus clientes. Entre eles, Ary Garcia Roza, Rino Levi, Jorge Machado Moreira. Havia também muitos casos em

que o proprietário procurava o escritório. As construtoras, com muito menos freqüência.

MDG e AG – Como foi a relação de Burle Marx com os arquitetos dos projetos em questão? Houve um

acordo entre os projetos arquitetônicos e paisagísticos?

JT – Raramente. Em geral o escritório só era chamado quando o projeto arquitetônico já estava feito. Muitas

vezes até depois da obra concluída ou quase. As exceções foram Rino Levi e Marcelo Fragelli. É possível que

haja outros que não me lembro, mas estes foram os principais.

MDG e AG – Há algum fator que caracterize uma relação específica de Burle Marx com os arquitetos de

São Paulo?

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JT – Não que eu identifique. Mas houve uma época em que a incidência de projetos em São Paulo era muito

maior do que no Rio e em outras cidades. Talvez algo relacionado com o poder de consumo em São Paulo e

também a cultura de contar com um paisagista, que custou muito a se firmar no País.

MDG e AG – Em relação aos projetos em questão, o projeto paisagístico se iniciou junto, durante ou após

o projeto de arquitetura?

JT – Já respondido acima.

MDG e AG – Na concepção estética desses jardins há alguma relação com a pintura?

JT – Lúcio Costa menciona, em um texto de apresentação de catálogo pára uma exposição, que o Burle Marx

pintor se alimenta do Burle Marx paisagista e vice-versa, num vaivém contínuo. Creio que seria impossível não

haver uma relação de formas, composição, etc. Mas Roberto tinha consciência de que cada manifestação

(pintura, paisagismo, etc.) tinha sua linguagem própria. Assim, estas relações são muito mais subjetivas

podendo-se, em muitos poucos casos, identificar alguma convergência de concepção, porém muito sutil.

MDG e AG – Quando isso ocorria, havia algum método de transpor a palheta da pintura para o projeto

paisagístico?

JT – Não, ao contrário. Havia uma preocupação constante em definir processos de trabalho independentes. A

simples consideração das necessidades funcionais de um parque e das três dimensões já definia atitudes distintas

no trato e elaboração das formas e composições gerais. A idéia de que o Roberto paisagista é o mesmo Roberto

pintor, que usa o terreno como tela e as plantas como tinta é apenas uma metáfora da crítica especializada.

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MDG e AG – Burle Marx era um artista que se preocupava com a recepção? Ele tinha alguma

expectativa sobre sentimentos ou sensações por parte do usuário?

JT – Não! Acho que ele consideraria tal preocupação como desonestidade. Ele pintava da forma como ele

queria e entendia a pintura. Nunca o vi manifestar uma intenção de maior aceitação, embora ele se queixasse da

falta de reconhecimento de sua pessoa como pintor no Brasil. Mas ele não seria desonesto a ponto de tentar

atender às expectativas em moda para ser aceito.

MDG e AG – Burle Marx entendia o papel do paisagismo em relação à arquitetura de forma clara e

objetiva? Qual seria este papel?

JT – Não poderia afirmar que sim, em sã consciência. Roberto falava muito da complementaridade e integração

entre paisagismo e arquitetura. Entretanto, quando ele achava que a arquitetura não tinha valor, não se

preocupava muito com tais convergências. Lembro-me, como exemplo, que no projeto do Centro Cívico de

Santo André ele achou que a paisagem urbana do entorno “não merece participar do jardim” e, se você examinar

a concepção daquele espaço, ele é completamente dissociado da paisagem do entorno (da que existia na época,

quase uma favela, e da que existe hoje). Neste sentido, o jardim tem fortes conotações de uma concepção do

barroco francês: geometria rígida, dissociação da paisagem do entorno, pouca compartimentação e visualização

a um só tempo de todo o conjunto. Isso pode parecer especulativo, mas o próprio Roberto chamava o jardim ao

lado da torre da Prefeitura de “parterre”! Sugestivo, não?

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Sobre o entrevistado

José Tabacow é arquiteto paisagista, professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNISUL –

Universidade do Sul de Santa Catarina, atual editor do Jornal da Paisagem (www.jornaldapaisagem.unisul.br) e

Coordenador Editorial da revista ArKitéktón (www.arkitekton.unisul.br), é especialista em Ecologia e Recursos

Naturais pela UFES – Universidade Federal do Espírito Santo e doutor em Geografia pela UFRJ – Universidade

Federal do Rio de Janeiro, na área de concentração de Geoprocessamento. É sócio-gerente de Tabacow Chamas

& Associados, escritório de projetos de paisagismo e consultoria ambiental.

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Anexo 32 – Entrevista com Maria Assunção Ribeiro Franco83

Marília Dorador Guimarães e Abílio Guerra

MDG e AG – Burle Marx tinha uma personalidade bastante complexa, sua obra é variada e rica. Quais

seriam, em sua opinião, os fatores que contribuíram para a consolidação desta personalidade?

Maria Assunção Ribeiro Franco – É complicado lhe responder esta questão, pois para isso seria necessário um

convívio direto à ele, ou você fazer o contato com os parentes, família, amigos com quem ele viveu. Todos os

artistas que pensam têm certa complexidade.

MDG e AG – Em que medida a formação européia recebida por Burle Marx viria a condicionar sua

atuação como paisagista e como artista?

MARF – Tem tudo a ver! Embora ele tinha ido para Europa não ficou tanto tempo assim. A família era

européia. No Brasil a cultura européia, as academias seguiam as normas e os padrões franceses de Paris. Aqui se

cultuava a cultura européia. Nossa elite sempre prestigiou a França e mais para frente os EUA. Sempre o Brasil

tinha esse “olhar” para fora.

MDG e AG – A senhora comentou que a arte dos jardins é uma obra transcendental – que gera energia,

vida, é poética e que povoa o imaginário – mas por outro lado tem a parte física. Em que medida tais

questões estão presentes nos jardins que Burle Marx projeta?

83 Entrevista realizada no dia 01 de março de 2011 na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo

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MARF – Ele era uma pessoa super sensível. Sensível às cores, as formas. Ele passou isso tudo para os seus

jardins. É uma obra poética e transcendental. Para sentir é preciso ir até lá. A energia e a vida passa pelo traço é

a energia da forma. Se você está no centro de um jardim você sente se a energia é boa ou ruim. Para você sentir

você precisa se transportar para o sitio. O arquiteto, paisagista trabalha com a energia do local. Entendendo a

obra no sitio (in loco). Aí você sente estas questões que estamos falando, transcendental, energia, vida.

MDG e AG – A senhora teve contato com Roberto Burle Marx na fase final de sua carreira. Há alguma

característica especial que explica e/ou determina a obra tardia do paisagista?

MARF – O meu contato com Burle Marx não foi tão ao final de sua carreira, na verdade foi em épocas

diferentes. No final da década de 1970, ano 1978, eu estive em um Congresso de paisagistas no Mercado

Modelo de Salvador – BA onde houve um bate papo com Burle Marx. Ele foi muito agradável, envolvia à todos.

Ele falava que tinha aversão pela elite. Contava piadas sobre políticos e religiosos. E o outro contato que tive foi

nos anos 1980 em seu Sitio, atual Fundação Roberto Burle Marx.

MDG e AG – Em relação à sua atuação em São Paulo, há curiosidades ou detalhes de interesse, que

elucidem sua atuação no Estado?

MARF – Uma vez ouvi Burle Marx dizer: “Não tenho sorte com os projetos que desenvolvo em São Paulo

(capital).” Os projetos não eram bem interpretados. A obra era quase sempre interrompida.

MDG e AG – Em relação aos diversos arquitetos paulista com os quais trabalhou Burle Marx, há

comentários de interesse que o paisagista possa ter feito?

MARF – Não houve um contato tão intimo entre nós para que eu pudesse responder esta questão.

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MDG e AG – Qual a relação entre as artes plásticas e botânica no paisagismo de Burle Marx?

MARF – Burle Marx em seu trabalho conseguiu envolver tanto as artes plásticas como fez quando somou a

botânica com o paisagismo. A gente vê claramente que os jardins dele têm influencia das artes plásticas. Se

olhar a planta de paisagismo, ela parece uma tapeçaria. Uma coisa rebate na outra. A botânica está nos tapetes,

nos murais, pisos, são motivos fortemente inspirados na vegetação. Ele utilizava desenhos da botânica e jogava

nos murais, pisos e jardins. A botânica entra como inspiração nas artes plásticas. Não dá para dizer onde

começou um e onde termina o outro. Rebate uma coisa na outra.

Sobre a entrevistada

Maria Assunção Ribeiro Franco arquiteta e paisagista, formada pela Universidade de São Paulo,

mestrado e doutorado em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo e livre-docência em

arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor titular da Universidade de São

Paulo, professor titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie, arquiteta diretora da Ribeiro Franco

Arquitetos Associados e diretora presidente do Espaço Cultural Oikos. Coordena as atividades do Laboratório

LABVERDE na FAUUSP desde 2007. Tem experiência em projetos e consultoria na área de Arquitetura e

Urbanismo, com ênfase em Desenho Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenho

Ambiental, Planejamento Ambiental, Infraestrutura Verde, Resiliência Urbana às Mudanças Climáticas,

Paisagismo, Arquitetura Paisagística, Desenvolvimento Sustentável, Qualidade Ambiental e Certificação

Ambiental. Tem dois livros publicados: Desenho Ambiental - uma introdução à arquitetura da paisagem com o

paradigma ecológico e planejamento ambiental para a cidade sustentável.

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Anexo 33 – Lista de ilustrações

Introdução

Ilustração 1 – Apaburu Tarsila do Amaral. Fonte:

www.acvieira.arteblog.com.br/1645/Tarsila-do-Amaral-Abaporu-1928-OST/20/

Capítulo II

Ilustração 2 – Prédio da antiga Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro RJ. Fonte:

www.imagem.ufrj.br/index.php?acao=detalhar_imagem&id_img=1063

Ilustração 3 – Prédio da antiga Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil, atual Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizado na Avenida Rio Branco, no Centro da cidade do Rio de Janeiro.

Hoje o local abriga o Museu Nacional de Belas Artes. Fonte: Universidade Federal do Rio de Janeiro RJ

Ilustração 4 – Praça Euclides da Cunha, Recife PE. Roberto Burle Marx, 1935. Fonte: SCHWARTZ, Jorge

(org.). Brasil 1920-1950: de la antropofagia a Brasília. Valência, IVAM Centre Julio Gonzalez / Generalitat

Valenciana, 2000, p. 390

Ilustração 5 – Jardim do Ministério da Educação da Saúde, Rio de Janeiro RJ. 1940. Foto Nelson Kon Site:

www.vitruvius.com.br

Ilustração 6 – Projeto para o Golfe Clube da Pampulha, Belo Horizonte MG. Fonte: Acervo técnico da USP

Ilustração 7 – Entrada principal do Palácio de Cristal no Hyde Park, lugar onde ocorreu a Grande Exposição de

1851. Fonte: www.viajeporlondres.com/londres/historia/siglo19/siglo19.html

Ilustração 8– Parque do Araxá, Roberto Burle Marx, marquise de Francisco Bolonha

Ilustração 9 – Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. Fonte: BARDI, 1968

Ilustração 10 – Jardins do MAM, Rio de Janeiro RJ. Foto: Ramon R. LLera

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Ilustração 11 – Roberto Burle Marx no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro RJ. Fonte:

www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx.html

Ilustração 12 – Perspectiva do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP. Fonte: Acervo técnico da USP

Ilustração 13 – Corte do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP. Fonte: Acervo técnico da USP

Ilustração 14 – Perspectiva do Banco Sul americano, Rino Levi, São Paulo SP. Fonte: Acervo técnico da USP

Ilustração 15 – Banco Safra, Roberto Burle Marx, São Paulo SP 1980. Fonte:

www.vivercidades.org.br/publique_222/web/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1510&sid=18&tpl=printervie

w

Ilustração 16 – Tela de Burle Marx, MES, Rio de Janeiro RJ. Fonte: www.sefa.es.gov.br, acesso em 17/10/10

Ilustração 17 – Residência de Burle Marx. Fundação R. Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador

Guimarães

Ilustração 18 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustrações 19, 20, 21, 22 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 23 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 24 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração25 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 26 – Fundação Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro RJ. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 27 – Paisagem de Santa Teresa, Rio de Janeiro RJ. Roberto Burle Marx. Fonte: www.sefa.es.gov.br,

acesso em 17/10/10

Ilustração 28 – Catavento. R. Burle Marx. Fonte: www.sefa.es.gov.br, acesso em 17/10/10

Ilustração 29 – Begônias. Roberto Burle Marx. Fonte: www.sefa.es.gov.br, acesso em 17/10/10

Ilustração 30 – Parque Ecológico do Tietê, São Paulo SP. Fonte: Google images

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Ilustração 31 – Proposta de Burle Marx para Parque Ecológico do Tietê, São Paulo. Fonte: O Estado de São

Paulo

Ilustrações 32 – Casa das Rosas, São Paulo. Fonte: www.sampaonline.com.br/postais/casadasrosas.htm

Ilustrações 33, 34, 35 – Parque Burle Marx, São Paulo SP. Fotos: Marília Dorador Guimarães

Ilustrações 36-37 – Parque do Flamengo, Rio de Janeiro Fonte: BARDI, 1968

Ilustração 38 – Residência Edmundo Cavanellas, Rio de Janeiro. Fonte:

www.cosmotrip.blogspot.com/2011/01/roberto-burle-marx.html

Ilustração 39 – Casa das Rosas e Edifício Parque Cultural Paulista, São Paulo. Fonte:

www.flickr.com/photos/twiga_swala/3622990226/

Ilustração 40 – Casa das Rosas, São Paulo. Fonte: Google images

Ilustração 41 – Jardins verticais de Burle Marx, Casa das Rosas, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 42 – Jardins verticais de Burle Marx, Casa das Rosas, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 43 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco Safra, São Paulo. Fonte: SIQUEIRA, Vera Beatriz. Burle

Marx. Op. Cit.

Ilustração 44 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco Safra, São Paulo. Fonte: SIQUEIRA, Vera Beatriz. Burle

Marx. Op. Cit.

Ilustração 45 – Jardins verticais de Burle Marx, Banco Safra, São Paulo. Fonte: SIQUEIRA, Vera Beatriz. Burle

Marx. Op. Cit.

Ilustração 46 – Ilustração 46 – Painel do Edifício do Sesi-Fiesp. Roberto Burle Marx. Fonte: ANELLI, Renato;

GUERRA Abílio; KON, Nelson. Rino Levi: arquitetura e cidade. São Paulo: Romano Guerra, 2001.

Ilustração 47 – Maquete do Edifício do Sesi-Fiesp. Painel de Roberto Burle Marx e arquitetura de Rino Levi,

São Paulo SP. Fonte: Acervo digital Rino Levi. FAU PUC-Campinas/FAPESP

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Ilustração 48 – jardins residência Olivo Gomes, são José dos campos SP, fonte:

www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/images/20090803-burlemarx08.jpg

Ilustração 49 – Fazenda Marambaia, Petrópolis RJ, 1947. Fonte:

www.casaeimoveis.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/06/18/livro-analisa-evolucao-do-paisagismo-no-

brasil.jhtm

Ilustração 50 – Centro Cívico de Santo André, Rino Levi, Santo André SP

Ilustração 51 – Edifício sede da Petrobras, Rio de Janeiro RJ Fonte:

Ilustração 52 – Abadia de Santa Maria. Foto: José Moscardi

Ilustração 53 – Fábrica da Unilever, Vinhedo SP, Rino Levi. Fonte:

www.arcoweb.com.br/arquitetura/paulo-bruna-fabrica-unilever-17-12-2001.html

Capítulo II

Ilustração 54 – Roberto Burle Marx. Fonte:

www.ridenoraraujo.blogspot.com/2011/04/roberto-burle-marx-o-maior-paisagista.html

Ilustração 55 – Rino Levi. Fonte: www. arquiteturabrasileirav.blogspot.com/2008/11/rino-levi.html

Ilustração 56 – Residência Olivo Gomes,Rino Levi, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 57– Foto aérea do terreno da Fazenda Parahyba, São José dos Campos, SP. Fonte: Google earth

Ilustração 58 – Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador

Guimarães

Ilustração 59 – Painel da residência Olivo Gomes, Burle Marx, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador

Guimarães

Ilustração 60 – Painel da residência Olivo Gomes, Burle Marx, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador

Guimarães

Ilustração 61 – Residência Olivo Gomes São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

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Ilustração 62 – Residência Olivo Gomes, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 63 – Residência Olivo Gomes, São José dos Campos, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 64 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo

técnico da USP

Ilustração 65– Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo

técnico da USP

Ilustração 66 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo

técnico da USP

Ilustração 67 – Plantas e cortes residência Olivo Gomes, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo técnico da

USP

Ilustração 68 – Implantação Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo

técnico da USP

Ilustração 69 – Anteprojeto para Residência Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, SP. Fonte: Acervo

técnico da USP

Ilustração 70– Jardim da Casa Forte, Roberto Burle Marx, Recife, PE. Fonte: SCHWARTZ, Jorge (org.). Brasil

1920-1950: de la antropofagia a Brasília. Valência, IVAM Centre Julio Gonzalez / Generalitat Valenciana,

2000, p. 390 apud GUERRA, Abilio. Lucio Costa, Gregori Warchavchik e Roberto Burle Marx: síntese entre

arquitetura e natureza tropical. Arquitextos, São Paulo, 03.029, Vitruvius, out 2002 <

www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.029/740>

Ilustração 71 – Fazenda Vargem Grande, Burle Marx, Areias, SP. Fonte:

www.sefaz.es.gov.br/painel/BMBio39.htm

Ilustração 72– Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Fonte:

www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.bb3205c597b9e36c3664eb10e2308ca0/?Id=6f086f487aebe0

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Ilustração 73 – Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Fonte:

www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.bb3205c597b9e36c3664eb10e2308ca0/?Id=6f086f487aebe0

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Ilustração 74 – Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Fonte:

www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.bb3205c597b9e36c3664eb10e2308ca0/?Id=6f086f487aebe0

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Ilustrações 75-76 – Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 77-78– Residência Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 79 – Projeto paisagístico da residência dos irmãos Gomes, Burle Marx, Ubatuba, SP. Fonte:

GUERRA, Abílio. Arquitetura Brasileira: viver na floresta. Op. Cit.

Ilustração 80 – Cortes do projeto da residência dos Irmãos Gomes, Rino Levi, Ubatuba, SP. Fonte: GUERRA,

Abílio. Arquitetura Brasileira: viver na floresta. Op. Cit.

Ilustração 81– Projeto paisagístico da residência dos irmãos Gomes, Burle Marx, Ubatuba, SP. Fonte:

GUERRA, Abílio. Arquitetura Brasileira: viver na floresta. Op. Cit.

Ilustração 82– Foto aérea do terreno. Centro Cívico de Santo André, SP. Fonte: Google earth

Ilustração 83-84 – Centro Cívico de Santo André, Rino Levi, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 85, 86, 87 – Centro Cívico de Santo André, Rino Levi, Santo André, SP. Foto Marília Dorador

Guimarães

Ilustração 88 – Centro Cívico de Santo André, Rino Levi, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 89– Projeto paisagístico Centro Cívico de Santo André, Burle Marx, Santo André, SP. Fonte: Acervo

técnico da USP

Ilustração 90 – Centro Cívico de Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

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251

Ilustrações 91, 92, 93, 94 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle

Marx, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustrações 95, 96, 97, 98 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle

Marx, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustrações 99, 100, 101, 102 – Centro Cívico de Santo André, arquitetura Rino Levi, paisagismo Roberto Burle

Marx, Santo André, SP. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustrações 103, 104, 105 – Painéis em auto-relevo, Centro Cívico de Santo André, Roberto Burle Marx, SP.

Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 106 – Tapeçaria Centro Cívico Santo André, Roberto Burle Marx, Santo André, SP. Fonte:

www.alcacuz.com.br/blog/?p=375

Ilustrações 107 – 108 – Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo. Fonte:

www.casa.abril.com.br/arquitetura/livre/edicoes/0225/casas/mt_114402.shtml

Ilustração 109 – Projeto arquitetônico de Rino Levi para Residência Clemente Gomes, São Paulo. Fonte:

Acervo técnico da USP

Ilustração 110 – Projeto arquitetônico de Rino Levi para Residência Clemente Gomes, São Paulo. Fonte:

Acervo técnico da USP

Ilustração 111 – Residência Clemente Gomes, Pacaembu, São Paulo. Fonte:

www.casa.abril.com.br/arquitetura/livre/edicoes/0225/casas/mt_114402.shtml

Ilustração 112– Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo

Ilustração 113 – Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo

Ilustração 114 – Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo. Fonte:

www.casa.abril.com.br/arquitetura/livre/edicoes/0225/casas/mt_114402.shtml

Ilustrações 115 – Residência Clemente Gomes, Rino Levi, Pacaembu, São Paulo. Fonte:

www.casa.abril.com.br/arquitetura/livre/edicoes/0225/casas/mt_114402.shtml

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252

Capítulo III

Ilustração 116 – Arquiteto Marcello Fragelli. Fonte: BARIANI, Márcio. Marcello Fragelli: arquitetura entre Rio

de Janeiro e São Paulo. Arquitextos, São Paulo, 05.057, Vitruvius, fev 2005

<www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.057/499>

Ilustrações 117-118 – Ed. Macunaíma, São Paulo. Ed. Rossi Leste, Marcello Fragelli, São Paulo. Fonte:

BARIANI, Márcio. Marcello Fragelli: arquitetura entre Rio de Janeiro e São Paulo. Arquitextos, São Paulo,

05.057, Vitruvius, fev 2005 < www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05. 057/499>

Ilustração 119 – Edifício Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustrações 120, 121, 122 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustrações 123, 124, 125 – Edifício Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 126 – Projeto paisagístico do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do

escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 127 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 128 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 129 – Desenhos de Burle Marx, edifício. Macunaíma, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do escritório

Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 130-131 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 132, 133, 134 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 135, 136, 137 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 138 – Projeto paisagístico do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do

escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 139 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 140– Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

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Ilustrações 141, 142, 143, 144 – Bulbine, Alamanda, Aspargo, Bela Emilia. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 145– Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 146 – Ed. Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto Marília Dorador Guimarães

Ilustração 147 – Detalhe da cascata do Edifício Macunaíma, Burle Marx, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do

escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 148-149 – Ata de Reunião, SEW, Guarulhos, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle

Marx e Cia Ltda.

Ilustração 150 – Quaresmeira roxa. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 151 – Manacá da Serra. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 152 – Chuva de ouro. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 153 – Vedélia. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 154 – Pata de vaca. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 155 – Primavera. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 156– Bulbine. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 157 – Allamanda. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 158 – Lírio vermelho. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 159 – Cambara. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 160 – Bela Emilia. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 161 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP. Fonte: Revista PROJETO

Ilustração 162 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO

Ilustrações 163-164 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO

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Ilustração 165 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO

Ilustração 166 –SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO

Ilustração 167 – SEW, Marcello Fragelli, Guarulhos, SP Fonte: Revista PROJETO

Ilustrações 168–169 – Primeiros estudos para projeto paisagístico SEW, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo

técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 170–171 – Projeto paisagístico SEW, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle

Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 172–173 – Projeto paisagístico SEW, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle

Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 174–175 – Projeto paisagístico SEW, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle

Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 176-177 – Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Nelson Kon

Ilustrações 178-179 – Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Nelson Kon

Ilustração 180 – Planta do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo. Fonte: FRAGELLI, Marcello. Op.

Cit.

Ilustração 181 – Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Nelson Kon

Ilustração 182 – Plantas do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo. Fonte: FRAGELLI, Marcello. Op.

Cit.

Ilustração 183 – Elevação do edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo. Fonte: FRAGELLI, Marcello. Op.

Cit.

Ilustrações 184, 185, 186, 187, 188, 189 – Edifício São Luis, Marcello Fragelli, São Paulo. Fotos: Nelson Kon

Ilustração 190 – Detalhe dos desenhos de Burle Marx para o edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São Paulo

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Ilustrações 191, 192, 193 – Detalhe dos desenhos de Burle Marx para o edifício São Luiz, Marcello Fragelli, São

Paulo

Ilustração 194– Projeto paisagístico para o edifício São Luiz Burle Marx, São Paulo. Fonte: FRAGELLI,

Marcello. Op. cit., p.374

Ilustrações 195, 196, 197, 198 – Edifício São Luis, São Paulo. Fotos: Nelson Kon

Capítulo IV

Ilustração 199 – Hans Broos. Fonte:

www.arcoweb.com.br/entrevista/hans-broos-arquiteto-austriaco-02-05-2005.html

Ilustrações 200-201 – Hering do Nordeste. Foto José Moscardi

Ilustrações 202-203 – Hering do Nordeste. Fotos José Moscardi

Ilustrações 204-205 – Abadia de Santa Maria. Fotos: José Moscardi

Ilustração 206 – Convento de Santa Maria de La Torette. Le Corbusie, Eveux 1957-1960 – França. Fonte:

www.flickr.com/photos/jmtp/2720156924/

Ilustração 207 – Capela de Notre Dame, 1955, Rochamp, França. Fonte:

www.arkitectos.blogspot.com/2007_02_01_archive.html

Ilustração 208 – Catedral de Brasília, Oscar Niemeyer, Brasília DF Fonte:

www.armazemdamirinha.blogspot.com/2007_12_01_archive.html

Ilustração 209 – Igreja da Pampulha, Oscar Niemeyer, Belo Horizonte MG. Fonte:

www.mtaqui.com.br/?p=17398

Ilustração 210 – Abadia de Santa Maria. Foto: José Moscardi, São Paulo SP

Ilustração 211 – Abadia de Santa Maria. Foto: José Moscardi, São Paulo SP

Ilustração 212 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, São Paulo SP

Ilustração 213 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, São Paulo SP

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Ilustração 216 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do

escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 217 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do

escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 218- 219 – Estudo para painel da Abadia de Santa Maria, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo

técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 220-221 – Painéis Abadia de Santa Maria. Fotos: José Moscardi

Ilustrações 222-223 – Implantação Abadia de Santa Maria. São Paulo SP, Hans Broos. Fonte: Acervo técnico do

escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 224 – Planta Baixa Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP. . Fonte: DAUFENBACH,

Karine. op. cit. p.112

Ilustração 225 – Projeto paisagístico Abadia de Santa Maria, Burle Marx, São Paulo SP. Fonte: Acervo técnico

do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 226, 227, 228, 229, 230 – Manacá da Serra, liriope, grama preta, alternanthera amoena, lírio amarelo

Ilustrações 231-232 – Projeto paisagístico Abadia de Santa Maria, São Paulo SP, Roberto Burle Marx

Ilustração 233 – Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP. Fonte: DAUFENBACH, Karine. op. cit.

p.112

Ilustração 234 – Projeto paisagístico da Abadia de Santa Maria, Hans Broos, São Paulo SP. Fonte: Acervo

técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 235 – Hans Broos: Residência do arquiteto, Hans Broos, São Paulo. Fonte: DAUFENBACH, Karine.

op. cit. p.112

Ilustração 236 – Hans Broos: Residência do arquiteto, Hans Broos, São Paulo. Fonte: DAUFENBACH, Karine.

op. cit. p.112

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Ilustração 237 – Planta Baixa da residência, Hans Broos. Fonte: DAUFENBACH, Karine. op. cit. p.112

Ilustração 238 – Residência do arquiteto Hans Broos, São Paulo. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle

Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 239, 240, 241, 242 – Cartas de Hans Broos a Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do escritório Burle

Marx e Cia Ltda.

Ilustração 243 – Primeiros estudos para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx. Fonte: Acervo técnico

do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 244 – Primeiros estudos para painel da residência de Hans Broos, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo

técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 245 – Projeto final para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do

escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 246 – Estudo para painel da residência de Hans Broos, Burle Marx. Fonte: Acervo técnico do

escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 247 – Cambara. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 248 – Alamanda. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 249 – Azaléia. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 250 – Dracena. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 251 – Primavera. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 252 – Vedelia. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 253 – Projeto paisagístico da residência de Hans Broos, Roberto Burle Marx. Fonte: Acervo técnico

do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Capítulo V

Ilustração 254 – Maquete Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano

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Ilustração 255 – Foto geral Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano

Ilustração 256 – Detalhe da paginação do piso do Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel

Juliano

Ilustração 257 – Planta Geral do Parque Anhembi. Fonte: Acervo Técnico Miguel Juliano. Fonte: Acervo

técnico Miguel Juliano

Ilustração 258 – Paisagismo do entorno do Palácio de Convenções, Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo

técnico Miguel Juliano

Ilustração 259 – Paisagismo entre Hotel e Marginal, Parque Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel

Juliano

Ilustrações 260-261 – Projeto de paisagismo para o entorno do Pavilhão de exposições, Burle Marx, Parque

Anhembi, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano

Ilustração 262 – Projeto de paisagismo para o entorno do Pavilhão de exposições, Parque Anhembi, São Paulo.

Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano

Ilustração 263 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel

Juliano

Ilustração 264 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel

Juliano

Ilustração 265 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel

Juliano

Ilustração 266 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel

Juliano

Ilustração 267 – Projeto paisagístico do Edifício Promenade, Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte:

Acervo técnico Miguel Juliano

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Ilustração 268 – Edifício Promenade. Miguel Juliano, São Paulo, 1970/1972. Fonte: Acervo técnico Miguel

Juliano

Ilustração 269 – Memorial descritivo do Edifício Promenade, São Paulo. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano

Capítulo VI

Ilustração 270 – Residência Luiz Izzo. Ruy Ohtake, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo técnico do escritório Ruy

Ohtake

Ilustração 271 – Planta da Residência Luiz Izzo. Ruy Ohtake, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo técnico do

escritório Ruy Ohtake

Ilustrações 272, 273, 274, 275 – Barba de serpente, Agapanto, Babosa de pau, Bela Emilia. Fonte:

www.jardineiro.net

Ilustração 276 – Projeto paisagístico da Residência Luiz Izzo. Burle Marx, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo

técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 277 – Projeto paisagístico da Residência Luiz Izzo. Burle Marx, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo

técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 278, 279, 280 – Residência Luiz Izzo, Ruy Ohtake, São Paulo, 1975. Fonte: Acervo técnico do

escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustrações 281, 282 – Residência José Egreja, Ruy Ohtake, Penápolis, SP, 1975. Fonte: Acervo técnico do

escritório Ruy Ohtake

Ilustração 283 – Lírio. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 284 – Lambari. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustrações 285, 286 – Cássia bicapsularis, Salvia. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustrações 287, 288 – Grama coreana, Grama batatais. Fonte: www.jardineiro.net

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Ilustração 289 – Residência José Egreja, Ruy Ohtake, Penápolis, SP, 1975. Fonte: Acervo técnico do escritório

Ruy Ohtake

Ilustração 290 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 291 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 292 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 293 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 294 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 295 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 296 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 297 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 298 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 299 – Projeto paisagístico da Residência José Egreja, Burle Marx, Penápolis, SP, 1975. Fonte:

Acervo técnico do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

Ilustração 300 – Carta enviada pelo Sr. José Egreja à José Tabacow, Penápolis, SP, 1974. Fonte: Acervo técnico

do escritório Burle Marx e Cia Ltda.

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Ilustração 301 – Foto panorâmica da residência José Egreja em Penápolis, SP, 1975. Fonte: Acervo técnico do

escritório Ruy Ohtake

Anexo 28 – Realizações internacionais

Ilustração 302 – Plano del Parque del Este. Caracas. Fonte:

www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html

Ilustração 303 – Praça Peru, Buenos Aires, Argentina. Fonte: Acervo técnico da USP

Ilustração 304 – Praça Peru, Buenos Aires, Argentina. Fonte: Acervo técnico da USP

Ilustração 305 – Byscaine Boulevard Miami, EUA. Fonte:

www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html

Ilustração 306 – Praça do Teatro Rosa Luxemburgo Berlim. Fonte:

www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html

Ilustração 307 – Residência Burton Tremaine Califórnia, EUA. Fonte:

www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html

Anexo 29 – Resumo de sua trajetória

Ilustração 308 – Parque Rogério Phyton, em Brasília. Fonte:

www.nucleoap.blogspot.com/2009/06/roberto-burle-marx-100-anos-2-de-12.html

Ilustração 309 – Projeto do Parque do Flamengo. Fonte:

www.urbanamente.net/blog/2010/09/07/domingo-no-parque-espaco-publico-e-urbanidade/

Anexo 30 – Entrevista com o paisagista Haruyoshi Ono

Ilustração 310 – Marília e Haruyoshi Ono. Foto: Marília Dorador Guimarães

Ilustrações 311, 312, 313 – Edifício Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Marília Dorador

Guimarães

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Ilustrações 314, 315, 316 – Edifício Macunaíma, Marcello Fragelli, São Paulo. Foto: Marília Dorador

Guimarães

Ilustração 317 – Esta planta ele usou bastante uma época. Camarão (Justicia brandejeana). Fonte:

www.jardineiro.net

Ilustração 318 – Bauhinia blakeana – pata de vaca. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustração 319 – Este desenho (foto abaixo) é do Parque Anhembi, que boa parte não foi executada. Tinha um

grande lago e estas esculturas seriam colocadas dentro de ilhas. Fonte: Acervo técnico Miguel Juliano

Ilustração 320 – Projeto do Edifício Promenade, São Paulo, Miguel Juliano e paisagismo de Burle Marx. Fonte:

Acervo técnico Miguel Juliano

Ilustração 321 – Canela de ema Velosiácea. Fonte: www.jardineiro.net

Ilustrações 322, 323, 324, 325 – Blue Tree Towers Ruy Ohtake, Brasília, DF. Fonte:

www.brasembottawa.org/cd/arq_6.3.4.blue_tree_park.htm