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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
ROSEMEIRE KUCHINISKI GOMES
SINTOMAS MENTAIS E SUPORTE SOCIAL EM
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2012
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
ROSEMEIRE KUCHINISKI GOMES
SINTOMAS MENTAIS E SUPORTE SOCIAL EM
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade
Metodista de São Paulo, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Psicologia da Saúde.
Área de concentração: Processos Psicossociais
Orientação: Profª Drª Vera Maria Barros de Oliveira
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2012
FICHA CATALOGRÁFICA
G585s
Gomes, Rosemeire Kuchininski
Sintomas mentais e suporte social em profissionais de enfermagem
/ Rosemeire Kuchininski Gomes. 2012.
104 f.
Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) –Faculdade de
Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do
Campo, 2012.
Orientação de: Vera Maria Barros de Oliveira.
1. Depressão 2. Ansiedade 3. Suporte social 4. Profissionais de
enfermagem I. Título
CDD 157.9
A dissertação de mestrado sob o título “SINTOMAS MENTAIS E SUPORTE SOCIAL
EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM”, elaborada por Rosemeire Kuchiniski
Gomes foi apresentada e aprovada em 28 de fevereiro de 2012, perante banca examinadora
composta por Profa. Dra. Vera Maria Barros de Oliveira (Presidente/UMESP), Prof. Dr.
Manuel Morgado Rezende (Titular/UMESP) e Prof. Dr. Luiz Gonzaga Leite
(Titular/UNISAOPAULO).
__________________________________________
Profa. Dra. Vera Maria Barros de Oliveira
Orientadora e Presidente da Banca Examinadora
__________________________________________
Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação
Programa: Pós-Graduação em Psicologia da Saúde
Área de Concentração: Psicologia da Saúde
Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais
Aos meus filhos, pela compreensão
e respeito a minha profissão.
AGRADECIMENTOS
À Deus e aos meus pais pela vida.
À minha orientadora: Professora Dra Vera Maria Barros de Oliveira pela
sua dedicação e contribuição ao meu aprimoramento profissional.
À grande amiga e Mestre Maria Aparecida Mello, pelo apoio
incondicional e incentivo.
Ao Professor Dr. Manuel Morgado Rezende, pelas contribuições
acadêmicas e incentivo.
À Professora Mestre Cecilia Aparecida Vaiano Farhat pela contribuição
na execução da análise de dados.
Ao Professor Dr. Luiz Gonzaga Leite, pelas oportunidades oferecidas e
confiança na minha jornada profissional.
A minha filha Carolina, pelo apoio e carinho.
Aos amigos especiais, que estiveram comigo nessa jornada, que
contribuíram e me auxiliaram nos momentos decisivos: Sueli, Marcello Portela,
Nathanael, Yury, Dilma, Paula, Sérgio Luiz, Janete.
Ao eterno amigo Paulo, pela sua presença na minha vida.
À Débora G.N. Mansur, por mais uma vez, possibilitar e contribuir para
minha formação acadêmica.
À bibliotecária Rosangela, pela colaboração e atenção dispensada.
Aos profissionais de enfermagem que participaram desse estudo, o meu
muito obrigada!
Bola de Meia, Bola de Gude
“Há um menino, há um moleque,
morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente,
o sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra o menino me dá a mão
Ele fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de
existir
Amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor
Pois não posso, não devo, não quero viver
como toda essa gente insiste em viver
Não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa
normal
Bola de meia, bola de gude, o solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão
Há um menino, há um moleque morando sempre no meu
coração
toda vez que o adulto fraqueja ele vem pra me dar a mão...”
Milton Nascimento e Fernando Brant
RESUMO
Esta pesquisa investiga a possível correlação entre os níveis de depressão e ansiedade e a
percepção de suporte social em profissionais de enfermagem em ambiente hospitalar. Utiliza-
se de método descritivo exploratório de caráter quantitativo comparativo. Foram aplicados: A
Escala Beck de Depressão – BDI total e as subescalas S1 cognitivo-afetiva, S2 somática e de
desempenho; o Inventário de Ansiedade – BAI (Beck Anxiety Inventory) ; a Escala de
Percepção de Suporte Social (EPSS) e questionário sócio-demográfico-clínico em 39
profissionais de enfermagem, auxiliares e técnicos de hospital particular de médio porte. Os
dados da BAI revelaram uma freqüência média de 6,10 (DP=5,826) ; a BDI total, média de
7,36 (DP=5,163), com média de 4,31 (DP= 3,764) na subescala cognitivo-afetiva e média de
3,03 (DP= 2,323) na subescala somática e de desempenho. Os dados evidenciam sintomas de
ansiedade em 15% dos participantes e depressão em 18%, na faixa de intensidade leve, sem
comprometimento funcional significativo. O escore médio fatorial da percepção de suporte
social emocional, verificado é de 2,61(DP=0,781), obtendo no suporte prático frequência
média de 2,28 (DP=0,686). . Foi verificada uma relação significante positiva (P=0,004) entre
os escores das escalas BAI e BDI– BDIS1 e BDIS2. Por outro lado, a correlação entre a
Percepção de Suporte Social Emocional e o nível de ansiedade verificado pela Escala BAI
apresenta uma relação negativa e inversa com BAI e significante (P=0,022), ou seja,
enquanto a percepção de suporte emocional aumenta, o escore da escala de ansiedade diminui.
Também uma foi verificada uma correlação negativa inversa significante entre a Percepção
de Suporte Social Emocional e o nível de depressão verificado pela escala BDI total
(P=0,012), e com BDI S1 (P=0,019). A correlação entre a percepção de Suporte Social Prático
e o nível de depressão verificado pela Escala BDI Total (P=0,016) e BDI – S1(P=0,014)
apresenta um relação negativa e inversa, significante , ou seja, enquanto a percepção de
suporte social prático aumenta, o escore da escala de depressão diminui. Esses dados apontam
para que a percepção de suporte social tenha efeitos mediadores na proteção de saúde, agindo
como moderador do impacto negativo de possíveis condições adversas de trabalho do
profissional de enfermagem.
Palavras-chave: Depressão; Ansiedade; Suporte social; Profissionais de enfermagem.
ABSTRACT
This research investigates the possible correlation between the anxiety and depression levels
and the perception of social support in the nursing staff at the hospital environment. A
descriptive exploratory method of quantitative comparative character is utilized. The entire
Beck Depression Inventory (BDI), together with the S1 cognitive-affective, S2 somatic and
performance subscales; the Beck Anxiety Inventory (BAI); the Perceived Social Support
Scale (EPSS) and a socio-demographic-clinical questionnaire were applied in 39 nursing
professionals, assistants and technicians of a medium-sized private hospital. BAI data
presented an average frequency of 6.10 (DP=5.826); the total BDI, average of 7.36
(DP=5.163), with the average of 4.31 (DP=3.764) in the cognitive-affective subscale and
average of 3.03 (DP=2.323) in the somatic and performance subscale. Data indicated anxiety
symptoms in 15% and depression in 18% of the participants, in a mild intensity range,
without significant functional impairment. The average factorial score presented of the
perception of emotional social support is of 2.61 (DP=0.781), reaching in the practical support
an average frequency of 2.28 (DP=0.686). A significant positive relation was verified
(P=0.004) between the scores BAI and BDI – BDIS1 and BDIS2. On the other hand, the
correlation between the Perception of Emotional Social Support and the anxiety level verified
by the BAI Scale presents a negative and inverse relation with BAI and the significant
(P=0.022), i.e., while the perception of emotional support increases, the anxiety scale score
decreases. A significant inverse negative correlation was also verified between the Perception
of Emotional Social Support and the depression level verified by the total BDI scale
(P=0.012), and with BDI S1 (P=0.019). The correlation between Perception of Practical
Social Support and level depression found by the total BDI scale (P=0.016),and BDI S1
(P=0.014)has a negative and inverse significant, while the perception of practical support
increases, the depression scale score decreases. These data indicate that the perception of
social support has mediating effects in health protection, acting as moderator of the negative
impact of possible adverse working conditions of the nursing professional.
Key-words: Depression; Anxiety; Social support; Nursing professionals.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Níveis de depressão ansiedade e percepção de suporte social .......................... 74
Tabela 2 Dados da Escala BAI ........................................................................................ 75
Tabela 3 Dados da Escala BDI total ................................................................................ 76
Tabela 4 Níveis dos Escores do BDI total ....................................................................... 77
Tabela 5 Correlação entre níveis de ansiedade – BAI, depressão – BDI e percepção de
suporte social - Emocional e Pratico (EPSS) – Média, desvio padrão e índices de
correlação (r de Pearsson)(n=39) .....................................................................................
81
Tabela 6 Estimativa de correlação entre BAI e BDI, em grupos da amostra não
clinica, dos dados utilizados para a validação de constructo ............................................
84
Tabela 7 Estimativa de correlação entre BAI e BDI da amostra pesquisada .................. 85
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Faixa etária ..................................................................................................... 60
Gráfico 2 – Gênero ........................................................................................................... 61
Gráfico 3 - Estado civil ..................................................................................................... 61
Gráfico 4 - Com quem reside ............................................................................................ 62
Gráfico 5 - Número de filhos ............................................................................................ 62
Gráfico 6 - Renda familiar ................................................................................................ 63
Gráfico 7 - Renda individual ............................................................................................ 63
Gráfico 8 - Nível de escolaridade ..................................................................................... 64
Gráfico 9 - Tempo de formação ........................................................................................ 64
Gráfico 10 - Atividade profissional .................................................................................. 65
Gráfico 11 - Clínicas de atuação ....................................................................................... 66
Gráfico 12 - Carga horária ................................................................................................ 66
Gráfico 13 - Período da atividade profissional ................................................................. 67
Gráfico 14 - Quantidade de empregos .............................................................................. 67
Gráfico 15 - Tempo de atuação no hospital ...................................................................... 68
Gráfico 16 - Tempo de atuação profissional na profissão escolhida ................................ 68
Gráfico 17 - Gráfico 19 X Gráfico 20 ............................................................................... 69
Gráfico 18 - Avaliação do estado de saúde ....................................................................... 69
Gráfico 19 - Possuem problemas de saúde ....................................................................... 70
Gráfico 20 - Utilização de medicamentos ......................................................................... 70
Gráfico 21 - Tratamentos de saúde ................................................................................... 71
Gráfico 22 - Procedimentos cirúrgicos ............................................................................. 71
Gráfico 23 - Tratamento psicológico ................................................................................ 72
Gráfico 24 - Tratamento psiquiátrico ................................................................................ 72
Gráfico 25 – Religião ........................................................................................................ 73
Gráfico 26 - Pratica da religião ......................................................................................... 73
Gráfico 27 - Níveis dos escores do BAI individual .......................................................... 76
Gráfico 28 - Níveis dos escores do BDI total ................................................................... 77
Gráfico 29 - Níveis dos escores do BDI total individual em ordem crescente ................. 78
Gráfico 30 - Níveis dos escores do BDI e do BAI ............................................................ 78
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 13
1.1 HOSPITAL E PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ............................................ 15
1.1.1 Profissionais de Enfermagem – Definição, Aspectos Históricos, Regulamentação
e Características ................................................................................................................
19
1.2 SINTOMAS MENTAIS: ANSIEDADE E DEPRESSÃO ......................................... 32
1.3 SUPORTE SOCIAL ................................................................................................... 48
1.4 OBJETIVOS ............................................................................................................... 52
2 MÉTODO ..................................................................................................................... 53
2.1 PARTICIPANTES ...................................................................................................... 53
2.2 LOCAL ....................................................................................................................... 53
2.3 MATERIAL E INSTRUMENTOS ............................................................................ 54
2.3.1 Escalas Beck de Depressão e Ansiedade (Inventário de Depressão – BDI,
Inventário de ansiedade – BAI) – Cunha (2001) e respectivos Formulários ....................
54
2.3.1.1 Inventário de depressão – BDI (Beck Depression Inventory) .............................. 54
2.3.1.2 Inventário de ansiedade – BAI (Beck Anxiety Inventory) ................................... 55
2.3.2. Escala de Percepção de Suporte Social (EPSS) ...................................................... 56
2.3.3 Questionário Complementar .................................................................................... 56
2.4 PROCEDIMENTOS ................................................................................................... 57
2.4.1 Apresentação dos Instrumentos ............................................................................... 57
2.4.2 Seleção ..................................................................................................................... 57
2.5 TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................. 58
2.6 ASPECTOS ÉTICOS: RISCOS E BENEFÍCIOS ...................................................... 58
3 RESULTADO E DISCUSSÃO .................................................................................. 60
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 86
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 88
ANEXOS .......................................................................................................................... 93
13
1 INTRODUÇÃO
No hospital, profissionais de saúde atuam em ambiente de alto risco, com
multiplicidade e complexidade de aspectos que caracterizam sua atuação. Apesar de
contarem com moderna tecnologia e desenvolvimento dos recursos científicos da medicina,
esses profissionais da saúde, são cuidadores, e, como seres humanos, lidam com o impacto
deste ambiente em sua complexidade psicológica.
A equipe de enfermagem trabalha freqüentemente em ambiente de trabalho
insalubre, caracterizado por um complexo de exigências de natureza ambiental, fisiológica,
psicológica e social, onde podemos citar as jornadas de trabalhos extensas, turnos
alternados, onde se exige subordinação e hierarquização. Os horários são rígidos, podem ser
observados também fatores comprometedores como, falta de autonomia, alto índice de
rotatividade, desarticulação de defesas coletivas, esforços físicos constantes, exposição do
profissional a agentes biológicos, riscos químicos e físicos, assim como o contato constante
com o sofrimento, a dor e muitas vezes a morte. O trabalho com a doença e a exposição ao
sofrimento humano rotineiramente podem ser causas de estresse físico e psicológico.
Através da minha experiência profissional, como psicóloga hospitalar em hospital
privado de médio porte, em atendimentos clínicos a profissionais de enfermagem em
psicoterapia, foi possível verificar que muitos destes possuem dificuldade em expressar
verbalmente suas emoções e sentimentos e lidar com elas, contribuindo para seu
adoecimento tanto psíquico como físico. Pude também constatar que sua satisfação
profissional esbarrava em sua impotência frente à impossibilidade de cura de pacientes em
estado grave ou frente às dificuldades nos cuidados paliativos do dia-a-dia e à vivencia do
agravamento das condições clínicas dos pacientes, fatos que contribuem para o desgaste
físico e psíquico dos profissionais, o que pode interferir em sua qualidade de vida, em suas
relações interpessoais, em seu seu desempenho profissional, refletindo no atendimento e na
qualidade de vida dos pacientes.
Presenciei também profissionais de saúde sendo afetados, de alguma forma, e em
diversas intensidades, à perda de um paciente, à morte, ‘alta celestial’ (expressão
comumente usada no ambiente hospitalar), com reações diferenciadas. A finitude do outro,
muitas vezes pode-se também refletir no cuidador na forma de questionamentos sobre a
própria finitude, sobre sua qualidade de vida, seus valores pessoais e profissionais, seus
relacionamentos interpessoais. Pude constatar que profissionais em contato com pacientes
14
graves e terminais podem sofrer um desgaste físico e psíquico, com prejuízo biopsicossocial,
podendo colocar em risco o equilíbrio de suas emoções e sentimentos, o que pode refletir-
se no atendimento ao paciente, no seu desempenho profissional e na qualidade de vida dos
pacientes envolvidos.
Nesse sentido, pesquisas têm demonstrado vários aspectos comprometedores, como
a ansiedade, o estresse e a síndrome de burnout do enfermeiro, nas diversas áreas de atuação
e o fato de ser subestimada a importância da sua depressão no entendimento da Saúde
Ocupacional Mental (BABA; GALPERIN; LITUCHY, 1999). Fato que demonstra a
necessidade da realização de novos estudos direcionados à população dos profissionais de
enfermagem (FRANCO et al., 2005), sobretudo diante da constatação empírica do aumento
de número de trabalhadores de enfermagem com depressão. Tais pesquisas denotam a
necessidade de aprofundamento na investigação dos aspectos psicológicos dos profissionais
de enfermagem, pois apesar da literatura cientifica apresentar inúmeros trabalhos
relacionados à depressão nesse público, em contrapartida, existem poucos estudos
sistematizados a respeito dessa problemática nessa população.
Os sintomas de depressão e ansiedade muitas vezes coincidem, sendo freqüente a
superposição de sintomas, conforme referido por Cunha (2001) e proposto por Kaplan
(1984) sendo a ansiedade, característica central da maioria das doenças psiquiátricas,
existindo sozinha, como sintoma predominante ou juntamente com outras manifestações de
perturbação emocional.
Considerando-se a visão biopsicosocial apresentada para a definição de saúde, pela
Organização Mundial de Saúde (World Health Organizattion, 1948), e modificada na
Assembléia Mundial de Saúde, de 1983, de que “saúde é um estado dinâmico de completo
bem-estar físico, mental, espiritual e social e não apenas a ausência de doença ou
enfermidade”, o individuo é um ser social influenciado pelo contexto complexo em que está
inserido, o que norteia as várias concepções acerca das relações entre saúde, doença e vida
social, no campo da saúde. Assim sendo, o suporte social aparece como um conceito central
no campo da psicologia da saúde, possibilitando e valorizando pesquisas entre eventos
estressores e saúde, assim como entre fatores de proteção e promoção de saúde.
Neste sentido, esta pesquisa se propõe a investigar os níveis de sintomas de depressão,
ansiedade e percepção de suporte social em profissionais de enfermagem de um hospital
privado e suas relações, utilizando-se de abordagem teórica psicanalítica.
A fim de fundamentar o trabalho a ser desenvolvido, inicialmente, no capítulo:
Hospital e Profissionais de Enfermagem, abordam-se aspectos históricos, definições,
15
características da equipe de enfermagem e do ambiente hospitalar, as relações de trabalho,
aspectos psicodinâmicos e emocionais dos profissionais de enfermagem, entre eles, o binômio
onipotência versus impotência, o estresse, o sofrimento psíquico e a necessidade do
profissional ser cuidado. Logo após, em Sintomas Mentais: Ansiedade e Depressão, são
elencadas algumas definições, etiologias, aspectos históricos, características dos sintomas da
depressão e ansiedade e estudos que ressaltam dados e evidenciam o risco e a ocorrência de
depressão e ansiedade na equipe de enfermagem. Por último, em Suporte Social, são tratados
definição, características, aspectos históricos e pesquisas sobre o tema.
1.1 HOSPITAL E PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
O hospital tem caráter funcionalista. A instituição prevê que determinadas tarefas têm
de ser cumpridas e registradas e a equipe de enfermagem tem que se adaptar e realizar as
tarefas. O médico toma as decisões e a enfermeira (o) coloca as decisões em prática, mesmo
que tenha opiniões divergentes. A equipe de enfermagem está mais próxima à família, tendo
de lidar com os sentimentos dos parentes, com as duvidas, as angustias, os temores, e, quando
o paciente falece, é quem tem que tomar as primeiras providências. A relação paciente e
enfermeira é fundamental, e, muitas vezes, a enfermeira, ou seus auxiliares, técnicos e
atendentes, são as pessoas mais próximas e são quem cuida das necessidades básicas, quem
melhor conhece o paciente como pessoa, e, nos momentos mais difíceis, é quem o paciente
busca para conversar sobre seus temores, inclusive quando está morrendo (KOVACS, 2002).
Ferreira (2008) define hospital: estabelecimento onde se tratam doentes, internados ou
não. Para Neder Filha e Monteiro (2003), o hospital, segundo o Ministério da Saúde do Brasil,
pode ser definido como parte integrante de uma organização médica e social, cuja função
básica consiste em proporcionar à população a assistência médica integral, curativa e
preventiva, sob qualquer regime de atendimento inclusive o domiciliar. É também centro de
educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de
encaminhamento de pacientes. Segundo estes autores, acompanhando a trajetória hospitalar,
verifica-se que esta possui uma história própria, a qual pode interferir no imaginário do
paciente e, conseqüentemente, em seu processo de hospitalização. A palavra hospital vem do
latim hospitalis, adjetivo derivado de hospes (hóspede, estrangeiro, viajante, conviva)
significando também o que hospeda e não o que tem por objetivo o tratamento.
16
Na Grécia antiga, segundo os autores, templos eram dedicados à assistência da época,
chamados de Esculapia. No mundo ocidental a civilização greco-romana estabeleceu uma
primeira instituição visando a proteção de algumas categorias de cidadãos escravos, os
lutadores e soldados, chamada de valetudinária (cômodos com dimensões limitadas e em volta
de um pátio que comportava um grupo de doentes). Com o aparecimento do cristianismo, a
assistência caritativa prestada pelos religiosos tornou-se obrigatória, sendo construídas junto
aos mosteiros o infirmitorium (salas para doentes ou enfermos).O hospital caracterizou-se
como uma casa sob a proteção de Deus, destinado à salvação da alma, não à cura do corpo,
onde os enfermos suportavam resignadamente seus sofrimentos e os profissionais
demonstravam sua resignação perante este sofrimento.
De acordo com os autores, Neder Filha e Monteiro (2003) com o passar do tempo, as
guerras e epidemia multiplicara-se, aumento o numero de estabelecimentos pela Europa e os
principios da assistência caritativa permaneceram juntamente com a presença ou disciplina
religiosa nessas instituições, o hospital torna-se um estabelecimento próprio a discriminação
social e de onde raramente as pessoas saiam com vida.
Nos séculos XIV e XV, através da divulgação dos textos em latim e o questionamento
de alguns mestres medievais, ocorreu uma transição onde importantes descobertas sobre a
fisiologia humana influenciaram o campo médico segundo a obra de Claudius Galeno.No
século XVII o hospital continuou desempenhando o papel de uma instituição onde a
assistência aos pobres era realizada, promovendo a separação e exclusão social. Entre os
séculos XVII e XVIII, a medicina tem caráter individualista, onde o enfermo é tratado em
casa, sendo que as visitas ao hospital eram poucas e as atividades cotidianas realizadas por
leigos ou religiosos não ocorrendo ainda uma medicina hospitalar. O hospital e a medicina
permanecem independentes até o meado do século XVIII. As enfermarias eram coletivas, as
cirurgias e agonia presenciadas por outros enfermos.
Na era Moderna, acompanhando esta trajetória traçada pelos autores, a partir do século
XVIII, os hospitais foram marcados por avanços em relação às enfermarias medievais,
surgiram as preocupações com privacidade e isolamento e criação de enfermarias menores,
cômodos privados e alguns com caráter prisional. Nesse período, a instituição hospitalar
assimilou a intervenção médica, passando a ter uma função terapêutica, tornando-se um meio
de intervenção sobre os doentes. Surgem soluções modernas e compatíveis com a visão
humanista e cientificista da época , soluções essas que marcam o nascimento do hospital
moderno apresentando uma medicina hospitalar de caráter medicalizador. A organização no
17
espaço físico é melhorada, os pavilhões são divididos em enfermarias especificas,
individualizadas e protegidas do contágio.
No ultimo quarto do século XIX, os avanços médico-científicos eletromecânicos
juntamente com a contribuição da enfermeira inglesa Florence Nightingale, os conhecimentos
são ampliados objetivando o alivio da dor e proteção das infecções contraídas no ato
cirúrgico, intensificando a evolução do hospital, o qual se converte em centro de diagnóstico e
tratamento com serviços e espaços físico e organizados, fazendo surgir o Hospital Geral, uma
instituição complexa e multidisciplinar vista como Casa de Curar. O hospital passa então a
exigir a presença constante do médico, de auxiliares e enfermeiras, todos atuando de forma
coordenada, sendo a medicina entendida como a arte de curar. As práticas diversificadas e o
conhecimento médico avançam pelos domínios da ciência, o conceito de assistência a saúde e
suas ações são ampliados para a prevenção da saúde e o avanço tecnológico na área da saúde
continua crescendo.
Os autores consideram que, na historia da hospitalização, as vivencias que se têm no
processo de adoecer, incidem sobre os indivíduos como vetores do contexto do sistema
inserido, podendo interferir no imaginário do paciente e em seu processo de hospitalização, na
sua internalização-hospedagem, na sua convivência com os familiares, com os anônimos
membros da equipe de saúde, causando implicações psicológicas e sociais aos pacientes:
O paciente ao entrar no hospital encontra-se frente a uma instituição repleta de
simbolismos históricos que produz no imaginário do individuo sensações e
sentimentos que se confundem com o próprio processo do adoecer: o medo de entrar
e não sair, a exclusão do seu meio, a imagem da morte, a perda de sua identidade, de
sua função no mundo e fundamentalmente, a perda da sua liberdade (NEDER
FILHA; MONTEIRO, 2003, p. 355).
De acordo com Helman (2003), uma das principais estruturas institucionais da
medicina cientifica é o hospital, e, como o restante do sistema médico, em si também é
influenciado por fatores culturais, sociais e econômicos, tanto em nível local como em nível
nacional.
No hospital, para este autor, a pessoa doente é separada de sua família, de seus amigos
e de sua comunidade num momento de crise pessoal. O paciente é submetido a um ritual de
despersonalização, transformado num caso numerado e colocado numa ala classificado
geralmente por sua idade (adultos, pediátricos, geriátricos), gênero (masculino ou feminino),
condição (clinica, cirúrgica, ou outras), órgão ou sistema envolvido (traumatologia, oncologia,
etc) ou gravidade (unidade de tratamento intensivo, emergência, etc.). Pacientes são afastados
18
do constante apoio emocional da família e comunidade ficando aos cuidados de profissionais
desconhecidos, que nunca viram. O hospital pode ser visto segundo diferentes maneiras e
diversos papeis, de acordo co o que ele desempenha dentro da cultura vivida, junto a pais ou a
comunidade, como por exemplo, local de refugio, templo, cidade, universidade, etc.
Ainda de acordo com o autor, os hospitais concentram a tecnologia médica,
fornecendo meios para que se disponha de maneiras mais eficientes de ver e ouvir o corpo
humano e seus processos internos. As tecnologias médicas são produtos culturais que nos
dizem algo sobre os valores sociais, econômicos, históricos em que foram produzidos, no
tempo e no determinado espaço expressando o desejo da medicina ocidental de dominar e
controlar o corpo, seus processos naturais e suas várias doenças influenciando na medicina
exercida.
As tecnologias, para o autor, influenciam o modo como os médicos diagnosticam e
tratam os problemas de saúde como se relacionam com os pacientes, podendo contribuir para
o distanciamento entre pacientes e profissionais da saúde. A biomedicina é a ideologia de
tratamento e de cura dominante obtendo sucesso na prevenção e tratamento de doenças, no
alivio do sofrimento e no aumento da expectativa de vida. Muitas vezes, a tecnologia oferece
uma maior expectativa de quantidade de vida, nem sempre qualidade, especialmente nos
casos em que a ressuscitação do paciente envolve formas de tratamento heróicas, agressivas,
desconfortáveis e dolorosas. A moderna tecnologia médica tem exercido forte influencia
sobre a natureza da morte. Em alguns casos de doenças graves ou velhice avançada, essa
tecnologia permite aos médicos controlar o tempo exato da morte. Os modernos equipamentos
dão suporte a vida, possibilitam estender o momento da morte biológica e adiar a morte
social, muitas vezes, infinitamente.
No entanto a organização hospitalar difere de outras instituições por sua
complexidade, considerando que as demandas e necessidades dos clientes não podem ser
adiadas e não permitem padronizações excessivas, em vista das exigências de tratamento
personalizado e efetivo integração entre os diversos serviços. Sendo que a intensificação do
trabalho organizacional ocorre em todos os ramos de atividades, em particular a empresa
hospitalar que apresenta uma especificidade e complexidade, o qual gera, de acordo com os
estímulos ambientais, aumento da carga de trabalho e condições desfavoráveis de trabalho. As
relações entre trabalho e saúde do trabalhador conformam um mosaico que se caracteriza por
diferentes formas de organização e gestão, relações e formas de contrato de trabalho, que
refletem sobre o viver, o adoecer e o morrer do trabalhador. (ALVES; GODOY; SANTANA,
2006).
19
1.1.1 Profissionais de Enfermagem – Definição, Aspectos Históricos, Regulamentação e
Características
A palavra enfermagem deriva da palavra nurse, que significa aquela que nutre, que
cuida de crianças e assiste o enfermo. O termo enfermeira é designado para pessoas que
cuidam dos infirmus, ou seja, daquelas que não estão firmes, como crianças, velhos e doentes
(SILVA, 1986).
Em relação aos aspectos históricos, definição e características dos profissionais e
equipe de enfermagem, é importante ressaltar que enfermagem é a arte de cuidar e também
uma ciencia cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano de forma autônoma e
em equipe realizando atividades de promoção, proteção, prevenção e recuperação da saúde,
sendo definida por Ferreira (2008) como a arte ou função de cuidar dos enfermos.
A equipe de enfermagem enquanto equipe teve sua origem entre 1950 e 1960,
envolvendo a participação de um líder e os membros na equipe para proporcionar vários
aspectos do cuidado de enfermagem a um grupo de pacientes. Na equipe de enfermagem, as
medicações podem ser ministradas por uma enfermeira, enquanto o banho e os cuidados
fisicos por um auxiliar ou técnico de enfermagem sob supervisão da enfermeira que lidera a
equipe. Quanto à definição de enfermagem, desde que Florence Nightingale, em 1858
escreveu que a meta da enfermagem era colocar o paciente na melhor condição para que a
natureza pudesse agir sobre ele, as lideranças de enfermagem têm descrito esse mister como
arte e como ciência (BARE; SMELTZER, 2002).
Segundo Silva (1986), até o inicio do século XIX, o cuidar de enfermos não era
reconhecido como trabalho que exigia treinamento especifico para sua realização. Florence
Nightingale iniciou seu trabalho como voluntária em hospitais militares ingleses em período
de guerra. Após seis anos, houve reconhecimento de seu trabalho , sendo financiada a
primeira escola para formação de trabalhadores de enfermagem, cuja diferenciação foi
estabelecida entre enfermeiras administradoras e prestadoras de cuidados.
Ainda para o autor, no Brasil, somente nas ultimas décadas de XIX é que se inicia a
profissionalização da enfermagem, com o aumento dos doentes e o aumento significativo dos
doentes que necessitavam de internações. A presença feminina constitui a maioria dos
profissionais de enfermagem, tendo como principal característica ä caridade, entretanto,
diferenciam-se as exigências de treinamento e a remuneração no ato de cuidar.
20
No Brasil, a regulamentação profissional da enfermagem foi instituída pela lei 5.905,
de 12 de julho de 1973, sendo que o enfermeiro é um profissional de nível superior da área
da saude, responsável inicialmente pela promoção, prevenção e na recuperação da saúde dos
indivíduos, dentro de sua comunidade. O enfermeiro é um profissional preparado para atuar
em todas as áreas da saúde: assistencial, administrativa e gerencial. Dentro da enfermagem,
encontramos o auxiliar de enfermagem (nível fundamental) e o técnico de enfermagem, (nível
médio) ambos confundidos com o enfermeiro, entretanto com funções distintas, possuindo
qualificações específicas. Essa lei dispõe também sobre a criação dos Conselhos Federal e
Regionais de Enfermagem, são órgãos disciplinadores do exercício da profissão de enfermeiro
e das demais profissões compreendidas nos sserviços de enfermagem. A lei 7.498, de 25 de
junho de 1986, regulamenta o exercicio da atividade de Enfermagem e respeita os graus de
habilitação é privativo de Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem só
será permitido ao profissional inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva
região. São Enfermeiros o titular do diploma de Enfermeiro, obstetriz ou Enfermeira
obstétrica conferido por instituição de ensino nos termos da lei; ou equivalente, conferido
por escola estrangeira segundo as respectivas leis, registrado em virtude de acordo de
intercâmbio cultural ou validado no Brasil (SILVA, C.; SILVA, R.; VIANA, 2009).
Esclarecem os autores que são técnicos de enfermagem o titular do diploma ou do
certificado de técnico de enfermagem, expedido de acordo com a legislação e registrado no
órgão competente; o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou
curso estrangeiro, registrado em virtude do acordo de intercambio cultural ou revalidado no
Brasil como diploma de técnico de Enfermagem.
São Auxiliares de Enfermagem: o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem
conferido por instituição de ensino, nos termos da lei e registrado no órgão competente; o
titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do
país, registrado em virtude do acordo de intercambio cultural ou revalidado no Brasil como
certificado de Auxiliar de enfermagem.
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem publicado pelo Conselho
Regional de Enfermagem de São Paulo, COREN-SP, de 2007, define enfermagem e descreve
os princípios fundamentais da enfermagem:
A Enfermagem compreende um componente próprio de conhecimento científicos e
técnicos, construído e reproduzido por um conjunto de práticas sociais, éticas e
politicas que se processa pelo ensino, pesquisa e assistencia, Realiza-se na prestação
de serviços à pessoa, familia, coletividade, no seu contexto e circunstancias de
vida.[...] Os princípios fundamentais: A enfermagem é uma profissão comprometida
21
com a saúde e qualidade de vida da pessoa, familia e coletividade. O profissional de
enfermagem atua na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde,
com autonomia e em consonãncia com os preceitos éticos e legais. O profissional de
enfermagem participa , como integrante da equipe de saúde, das ações que visem
satisfazer as necessidades de saúde da população e da defesa dos principios das
politicas publicas de saúde e ambientais, que garantam a universalidade de acesso
aos serviços de saúde, integralidade da assitencia, resolutividade, preservação da
autonomia das pessoas, participaçãoo da comunidade, hierarquização e
descentralização politico-administrativa dos serviços de saúde. O profissional de
enfermagem respeita a vida, a dignidade e os direitos humanos em todas as suas
dimensões. O profissional de enfermagem exerce suas atividades com competencia
para a promoção da saúde do ser humano na sua integridade, de acordo com os
principios da ética e da bioética. ( SILVA, C.; SILVA, R.; VIANA, 2009, p. 26 -27).
De acordo com o COREN–SP (2007), órgão que fiscaliza e disciplina o exercício
profissional de enfermagem privilegia a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, Lei n.
7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da atividade de Enfermagem é
privativo aos profissionais habilitados e regularizados perante o COREN-SP: Enfermeiro,
Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiro, sendo que só será permitido ao
profissional inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva região, podendo
exercer as funções especificas da enfermagem resumidamente descritas abaixo:
1. Direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição
de saúde e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem.
2. Organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades
técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços.
3. Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de
assistência de Enfermagem;
4. Consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem;
5. Consulta de enfermagem;
6. Prescrição da assistência de Enfermagem;
7. Cuidados diretos da Enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
8. Cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam
conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões
imediatas.
Segundo o COREN—SP, como integrante de equipe de saúde, o enfermeiro participa
no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde, participação na elaboração,
execução e avaliação dos planos assistenciais, prescrição de medicamentos previamente
estabelecidos em programa de saúde publica e em rotina aprovada pela instituição de saúde,
22
prestação de assistência de enfermagem a gestante, parturiente, puerpera e ao recém nascido,
participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação, prevenção e
controle sistemático de danos, de doenças transmissíveis, de infecção hospitalar durante a
assistência de Enfermagem, entre outras tarefas participativas e de assistência de
Enfermagem.
O técnico de enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio técnico,
atribuídas ä equipe de enfermagem cabendo-lhe:
1. Assistir ao enfermeiro, no planejamento, programação orientação e supervisão
das atividades de assistência de Enfermagem; na prestação de cuidados diretos
de Enfermagem a pacientes em estado grave; na prevenção e controle de
doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância epidemiológicas;
na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de danos físico
que possam ser causadas a pacientes durante a assistência de saúde.
2. Executar atividades de assistência de enfermagem, excetuadas as privativas do
Enfermeiro e as atividades associadas a prestação de assistência à parturiente e
ao parto normal, identificação das distocias obstétricas e tomadas de
providencias até a chegada do médico e a realização de episiotomia e
episiorrafia com aplicação de anestesia quando necessária.
3. Integrar a equipe de saúde.
O auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível médio atribuída a
equipe de enfermagem cabendo-lhe:
1. Preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos;
2. Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas ao nível de sua
qualificação;
3. Executar tratamentos prescritos ou de rotina (ministrar medicamentos, realizar
controle hídrico, fazer curativos, colher material para exames laboratoriais,
prestar cuidados de enfermagem pré e pós operatório);
4. Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua segurança
inclusive;
5. Integrar a equipe de saúde;
6. Participar de atividades em educação de saúde;
23
7. Executar os trabalhos de rotina vinculadas a alta dos pacientes
8. Participar dos procedimentos pós –morte.
As atividades relacionadas aos técnicos e aos auxiliares somente poderão ser exercidas
sob supervisão, orientação e direção do enfermeiro.
O enfermeiro de cuidados gerais exerce todas as funções inerentes ao seu cargo,
previsto na carreira de enfermagem, não existindo desta forma duvidas quanto à função de
cada elemento da equipe multidisciplinar.Prestam assistência ao paciente ou cliente em
clínicas, hospitais, ambulatórios, empresas de grande porte, transportes aéreos, navios, postos
de saude e em domicílio, realizando atendimento de enfermagem; coordenam e auditam
serviços de enfermagem, implementam ações para a promoção da saúde junto à comunidade.
Para Sebastiani (2002), em relação às características dos profissionais da enfermagem,
pode-se afirmar que o elevado grau de sobrecarga que a maioria das equipes hospitalares
vivem em nosso país, resulta também na imposição a estes profissionais de um grau de
estresse que os coloca muitas vezes em estado de resistência, propiciando, assim, uma
condição de respostas adaptativas mais comprometidas. A equipe de profissionais de saúde
está exposta a situações de crises e ao medo da morte, podendo se destacar o binômio
onipotência versus impotência como um fator ansiógeno, e o profissional de saúde tem sua
dimensão humana, sente, sofre, se identifica, tem uma estória de vida e sabe (mesmo que
negue sucessivamente) que todas aquelas ocorrências que protagoniza no papel de cuidador,
de técnico, poderá acontecer consigo ou com seus familiares a qualquer momento da vida .
Para o autor, o profissional de saúde está exposto ao mesmo sentimento de
descontinuidade que vive o paciente e sugere que ocorra permanente manutenção na fase de
resistência, intermitentes por fases de alarme a cada nova urgência, a cada novo óbito e assim
sucessivamente, além de ser imprescindível preservar a qualidade de vida, o lazer, o
sentimento de produtividade e crescimento, o uso do potencial criativo para busca de
adaptações saudáveis dos profissionais de saúde. Os profissionais de saúde passam pelas
mesmas reações psicobiológicas de enfrentamento e estresse, experenciando os mesmos tipos
de solicitação adaptativa que os pacientes, porém em condições diferentes as do paciente e da
família, com outros tipos de agravantes. Vários profissionais de saúde sofrem um grau notório
de prejuízo biopsicosocial.
Ainda segundo o autor, a formação profissional e os modelos transmitidos pela
formação acadêmica reforçam esses sentimentos e posturas, pois a fragilidade do ser humano
mal administrada acaba por desencadear inúmeros fenômenos patológicos sobre os
24
profissionais de saúde e existe uma grande dificuldade de identificação desse problema em
função de posturas onipotentess e relações paradoxais criadas pelo próprio cuidador . O
cuidador cuida dos outros e descuida de si mesmo, acreditando que existe uma esfera superior
que está para além do bem e do mal.
O autor conclui que existem alguns estressores que contribuem para o desgaste
emocional do profissional de saúde, resumidos como os seguintes:
1. limitações técnicas, pessoais e materiais;
2. alto grau de expectativa e cobrança profissional pela equipe, paciente e
familiares na instituição hospitalar e até mesmo dele próprio;
3. atitude (muitas vezes interpretada como agressiva e/ou invasiva) de lidar com a
intimidade corporal e emocional do paciente e jornadas de trabalho extensas e
muitas vezes duplas.
Segundo Bromberg (1998), diante do paciente sem possibilidade de cura, a unidade
família-paciente deve ser considerada, mesmo que as necessidades sejam especificas e
presentes em ambos os grupos, o controle de sintomas proporciona alivio ao paciente e
permite a família estar menos ansiosa sobre suas limitações e expectativas no papel de
cuidador.O paciente ao se deparar com o prognóstico da morte e com a ansiedade promovida
pela situação de encarar as imprevisibilidades, terá reações que influenciaram na relação com
a família e a equipe de profissionais de saúde.
Os profissionais mais suscetíveis aos problemas da saúde mental são aqueles que
interagem, a maior parte do tempo, com indivíduos que necessitam de sua ajuda, como as
enfermeiras, os professores, as assistentes sociais, entre outras profissões. As pressões no
trabalho, como o conflito de interesses e a sobrecarga, contribuem para o desequilíbrio, e o
estresse não resolvido leva à deterioração da saúde mental, manifestada por depressão e pela
síndrome de burnout (BABA; GALPERIN; LITUCHY, 1999).
Os profissionais que atuam nos hospitais recebem formação para curar, morrer é
extremamente ameaçador ao ideal de vida e cura, ameaçando as funções dos profissionais de
saúde, podendo criar sentimentos de impropriedade incompatíveis com suas funções definidas
e associadas a finalidade curativa da doença (CHIATTONE, 2000).
Haddad (2000) postula que a enfermagem é uma das profissões essencialmente
femininas, relacionadas ao ato de cuidar do outro. Segundo Kovacs (2002) a equipe de
enfermagem está mais próxima a família, tendo de lidar com os sentimentos dos parentes, as
25
duvidas, as angustias, temores e quando o paciente falece é quem tem que tomar as primeiras
providencias. A relação paciente e enfermeira é fundamental, muitas vezes a enfermeira, ou
seus auxiliares, técnicos e atendentes, são as pessoas mais próximas que cuidam de suas
necessidades básicas e que melhor o conhece como pessoa, nos momentos mais difíceis é
quem o paciente busca para conversar sobre os temores ou quando está morrendo.
De acordo com Bare e Smeltzer (2002) uma das mais importantes funções da
enfermagem na oferta de atenção a saúde é identificar as necessidades imediatas do paciente e
tomar medidas para aliviá-las, pois o paciente busca atenção para um problema ou vários
problemas de saúde, é um indivíduo, um membro de uma família e um cidadão da
comunidade. Dependendo do problema, características associadas e experiências anteriores as
necessidades dos pacientes irão variar, como por exemplo, no paciente sem possibilidade de
cura.
Segundo Kovacs (2002) a função da enfermagem é assistir o doente, promover sua
recuperação, ajudá-lo a fazer o que não tem condições de realizar só. A relação paciente
enfermeira é fundamental na recuperação dos pacientes. Algumas necessidades são básicas
para todos os pacientes e requerem adequada satisfação seguindo uma escala de prioridades
sugerida por Maslow: necessidade fisiológica, segurança e seguridade, pertencer e aflição,
estima e autorrespeito, autorrealização (que inclui auto-satisfação, desejo de conhecer e
entender e necessidades estéticas).
Diante dos pacientes sem possibilidade de cura, os profissionais de saúde têm a difícil
tarefa de lidar com a morte e o morrer:
A diferença básica entre as pessoas em geral e os profissionais da área de saúde,
médicos, enfermeiras e psicólogos, é que na vida destes, a morte faz parte do
cotidiano e pode se tornar sua companheira de trabalho diária. Toda doença é uma
ameaça a vida e, portanto pode aparecer como um aceno à morte (KOVACS, 2002,
p. 235).
Ainda para a autora, a equipe clínica enfrenta sentimentos de impotência, tristeza e
angústia perante a luta entre a vida e a morte dos pacientes atendidos, situações que
necessitam de apoio efetivo a esses profissionais. Nos profissionais de saúde podem surgir
alguns sentimentos: a impotência associada a perda dos pacientes, culpa, raiva. Os
profissionais de saúde podem re-experimentar medos infantis de separação, abandono e o
medo da sua própria mortalidade. Postula que o afastamento do paciente e a delegação de
funções aos outros membros da equipe podem estar relacionados a problemas
26
contratransferenciais diante do individuo que está morrendo e a ambivalência entre tentar uma
medida heróica e a raiva do fracasso. Numa unidade de paciente com câncer, onde a morte é
lenta e muitas vezes sofrida, quando ocorre pode ser vista como um alivio. Surge a frustração
de nada poder fazer diante dos imprevisíveis processos biológicos e sentimentos de
impotência, tristeza angustia perante a luta entre a vida e morte dos pacientes.
O sofrimento psíquico é inerente ao trabalho no ambiente hospitalar e é comum a
todos os profissionais de saúde, embora algumas características próprias de cada profissão
sejam preservadas, é compartilhado por todos os profissionais, entre eles, médicos,
enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos. (NOGUEIRA-MARTINS, 2003).
O ambiente hospitalar tem fatores estressantes tanto para os pacientes como para a
equipe de profissionais, podendo ser considerado um ambiente de risco. A própria natureza
dessas instituições, o tipo de atendimento proporcionado, as condições de saúde física e
emocional dos pacientes atendidos provocam por si só a ocorrência de situações estressantes
que afetam os funcionários que prestam serviço nos hospitais. O impacto causado aos
profissionais de saúde pelo contato com pacientes portadores de enfermidades das mais
diversas, muitas vezes graves e sem perspectiva de cura, confrontando com as manifestações
angustiantes de sofrimento, dor, aflição, tristeza, desesperança, perante a doença e a própria
morte pode gerar tensões, o fenômeno do estresse e o burnout (estado de exaustão). Sendo
que as clinicas consideradas mais estressantes são psiquiatria, geriátricas, oncológicas, terapia
intensiva (UTI) e centros cirúrgicos, alguns hospitais possuem a denominada: Terapia da dor
e Cuidados Paliativos para atendimentos a pacientes oncológicos (RAMOS, 2004).
Todos os cuidadores, profissionais de saúde ou familiares, ao acompanhar um
processo de doença evolutiva e a triste realidade da morte próxima, sofrem um grande
desgaste tanto físico como emocional, muitas vezes compartilham um dia-a-dia penoso no
caminho da morte com sofrimentos e despedidas enfrentados pelo pacientes e familiares ou
pessoas próximas e estimadas, podendo chegar a um grave quadro de estresse (CARVALHO,
2004).
Silva (2004) refere que é comum o relato de profissionais que afirmam se sentirem
impotentes diante do paciente incurável: não tenho nada a fazer. Aparecendo muitas vezes a
negação, o distanciamento, como resposta para não lidar com o sentimento de fragilidade,
com a reflexão sobre a própria finitude e relata que:
27
Os pacientes à morte são uma ameaça ao poder médico. Portanto a morte é
silenciada também nos hospitais. A linguagem nessa instituição denuncia esse fato.
Não se morre no hospital, vai a óbito, perde-se na mesa, tem-se alta celestial.
(SILVA, 2004, p.146-147).
De acordo com Carvalho (2004), todos os cuidadores, profissionais de saúde ou
familiares, ao acompanhar um processo de doença evolutiva e a triste realidade da morte estar
próxima, sofrem um grande desgaste tanto físico como emocional, muitas vezes compartilham
um dia-a-dia penoso no caminho da morte com sofrimentos e despedidas enfrentados pelo
paciente e familiares ou pessoas próximas e estimadas. O cuidador sofre pela sua impotência
na impossibilidade de reverter o processo, pela sua perda no acompanhar alguém que vai
embora, pelas culpas por alguma omissão ou engano no tratamento e tantas outras
dificuldades presentes nos cuidados paliativos. A medicina moderna possui recursos
científicos e tecnológicos de alta precisão, mas os cuidadores são seres humanos, nas suas
falhas na sua grandeza. Seres humanos com necessidades e limites, medos e frustrações. A
dor e o luto do cuidador não podem ser negligenciados por ele. Nem os familiares, nem os
profissionais de saúde estão isentos de sofrer no compartilhar o sofrimento de um paciente na
fase final de vida.
Segundo Pessini e Bertachini (2005), referindo-se a cuidados paliativos, pacientes e
familiares com muita freqüência vivem sob intenso estresse, o que faz com que não raro
exista pouca comunicação entre as várias partes envolvidas, gerando espaços para
desentendimento e ressentimento. As pessoas sentem que estão carregando injustamente o
peso de cuidar. Velhas rivalidades e ciúmes podem vir à tona, e o processo pode rapidamente
escapar do controle. Pode-se afirmar que os profissionais de saúde têm o dever de cuidar,
identificar essas dinâmicas e responder a essa realidade. Ao menos podem “modelar” o fato
de modo que a informação seja partilhada e que as pessoas manifestem “sinceridade” com
elas próprias e com os outros, a despeito de seus sentimentos e emoções ou seja facilitar a
comunicação entre pacientes e familiares. Diante as tarefas do dia a dia, os profissionais de
enfermagem utilizam seus recursos de enfrentamento, entre eles, seus mecanismos de defesas.
Em relação ao estresse e o trabalho dos profissionais de enfermagem, Áries (1981)
postula que o cotidiano dos profissionais de saúde é árduo e que os mesmos necessitam ter
muita sensibilidade e vários mecanismos de defesas para suportar esse cotidiano árduo e
muitas vezes erroneamente são considerados como “atos de frieza”. Os procedimentos de
enfermagem são para que os vivos não morram.
28
Roudinesco e Plon (1988) postulam que Freud utilizou a expressão mecanismos de
defesa em 1894 designando por esse termo o conjunto de manifestações de proteção do eu
contra as agressões internas (de ordem pulsional) e externas, suscetíveis de constituir fontes
de excitação e, por conseguinte, de serem fatores de desprazer.
Fenichel (1981) refere que a função básica do aparelho psíquico consiste em
reestabelecer a estabilidade após transtorno produzido por estímulos externos e que as defesas
do ego compõem os mecanismos de defesas. Compreende que o efeito dos mecanismos de
defesa do ego altere, especificamente a qualidade das experiências afetivas, os afetos podem
sofrer isolamento das suas conexões psíquicas totais mediante gasto de contracatexias; podem
ser projetados, ou seja, percebidos em outra pessoa, a fim de evitar a percepção de si mesmo;
podem ainda sofrerem repressão (bloqueio), postergação(explosões retardadas de afetos) e
deslocamento (afeto contido a um objeto , é colocado contra outro objeto).
Segundo Ballone (1999) estar estressado significa estar sob pressão, estar sob a ação
de estímulo persistente, porém não apenas estar em contato com algum estímulo, mas
sobretudo significa um conjunto de alterações acontecidas num organismo em resposta a um
determinado estímulo capaz de colocá-lo sob tensão. O estresse produz uma vasta série de
modificações na composição química e na estrutura funcional do organismo. Algumas dessas
modificações são necessárias á adaptação do individuo a situação atual, podem resultar em
dano ou lesão contribuindo para desaptação e desequilíbrio do individuo.
De acordo com o mesmo autor, os fatores estressantes variam quanto a natureza,
envolvendo componentes emocionais (como frustração, ansiedade), componentes de origem
ambiental, biológicos e físicos. Quando o cérebro interpreta alguma situação como
ameaçadora (fator estressante), o organismo passa a desenvolver uma série de alterações
denominadas em seu conjunto Síndrome Geral da Adaptação ao Estresse ( reação de alarme,
de resistência e adaptação ) , podendo ocorrer uma fase de esgotamento, ou seja, uma queda
acentuada de nossa capacidade adaptativa ao longo do tempo, sendo que os efeitos da
Síndrome Geral de Adaptação sobre o individuo cronicamente podem compor o substrato
fisiopatológico das doenças psicossomáticas.
Ainda de acordo com o autor, nossa capacidade de conhecer o mundo decorre de nossa
percepção pessoal da realidade, diferente em cada um de nós, de acordo com a sensibilidade
afetiva de cada um, ou seja, a realidade sempre será representada intimamente e de acordo
com os filtros afetivos de cada um. Essa percepção pessoal da realidade engloba toda nossa
maneira de ver e sentir o mundo. A forma como o individuo percebe os fatos depende de seu
psiquismo, de seu ego, do sistema de valores, da percepção pessoal que cada um tem de si e
29
até mesmo da sua hereditariedade. Acrescenta que o ego possui recursos, mecanismos de
defesas para garantir a estabilidade adaptativa. O conjunto de estratégias utilizados pelas
pessoas para adaptarem-se a circunstancias adversas ou estressantes pode ser denominado de
coping, e envolve os mecanismos de defesas, o tipo de personalidade e o nível de maturidade
de cada individuo.
Determinadas crenças, valores e praticas culturais podem influenciar na relação dos
indivíduos com o estresse, aumentando ou diminuindo os fatores de estresse aos quais o
individuo se expõe e interferir sobre a saúde do individuo.
As crenças e os comportamentos que contribuem para o estresse e que são
adquiridos pela experiência de crescer em uma determinada sociedade podem ser
considerados como uma forma de estresse culturalmente induzido ou culturogenico.
Esse tipo de estresse também constitui um exemplo do fenômeno nocebo (da raiz
latina noceo,sofro de dor) que é o efeito negativo sobre a saúde produzido por
crenças e expectativas – e portanto, o inverso exato do fenômeno placebo.
(HELMAN, 2003 p.269).
Quanto as relações de trabalho e aspectos psicodinâmicos da relação homem-trabalho
envolvendo o prazer e sofrimento é histórico o nexo causal entre trabalho e sofrimento físico,
colocando a ênfase da discussão sobre o corpo como lugar depositário de doenças provocadas
pelas condições de trabalho.
Ramos (2004) adota a concepção interacionista do estresse, por se considerada a mais
atual e por integrar-se melhor ao assunto em pauta, os fatores de estresse que ocorrem no
ambiente hospitalar.Com esse fim, utiliza-se do Paradigma SOR, S(estimulo) , O(organismo)
e R(reação), que compreende a relação entre agentes estressantes que incidem no organismo
humano, extrapolando as reservas adaptativas destes e dando origem a transtornos emocionais
e/ou fisiológicos específicos. O estresse assim concebido é resultante do confronto entre
recursos individuais (equilíbrio emocional, capacidade cognitiva e fatores de proteção, de
resiliência, entre outros) e certas variáveis ambientais identificadas como estressantes, de
estratégias de superação.
Segundo este autor, interpretando o modelo acima citado, considera-se S (estimulo) o
contexto estressante de ambiente hospitalar, tanto para aqueles que ai trabalham, quanto para
os que usufruem de seus serviços. A própria natureza dessas instituições, o tipo de
atendimento que proporcionam e a condição de saúde física e emocional dos clientes
atendidos provocam a ocorrência de situações estressantes que afetam a estes e a qualquer
funcionário que presta os seus serviços nesse contexto. O momento histórico em que o
contexto hospitalar está inserido é também fator condicionante. Considera-se O (organismo)
30
os profissionais da equipe de saúde e R (reações), as manifestações emocionais e/ou
fisiológicas resultantes da incidência dos estressores próprios do ambiente hospitalar.
Acrescem-se, como reação, as estratégias defensivas, o coping, que permitem a esses
profissionais alcançarem um razoável equilibro na sua saúde mental. Tais profissionais estão
submetidos a maiores efeitos de impacto, somente pelo fato de manterem contato direto,
regular com pacientes e familiares angustiados, nas dificuldades encontradas, muitas vezes, ao
lidar com diversos profissionais integrando uma equipe multi disciplinar e na inabilidade que
apresentam para a resolução de problemas resultantes da doença e da morte.
Segundo Merlo e Silva (2007) a psicodinâmica do trabalho estuda as representações
dos trabalhadores e suas experiências no cotidiano do trabalho, sendo influenciada fortemente
pela psicanálise e tendo Dejours como autor principal. O objetivo é compreender como os
trabalhadores conseguem manter certo equilíbrio psíquico mesmo estando submetidos a
condições de trabalho desestruturantes.
Dejours (1992) parte do principio que o modo de organização do trabalho pode
interferir no funcionamento psíquico, utiliza o conceito psicanalítico de que cada individuo é
um sujeito único, portador de desejos e projetos enraizados em sua história e que o sofrimento
implica em um estado de luta do sujeito contras as forças que o empurram em direção a
doença. Considerando-se a dimensão organizacional e as relações de trabalho. Todos os
laços humanos criados pela organização do trabalho, relação com hierarquia, com as chefias,
com a supervisão e outros trabalhadores são às vezes desagradáveis e até insuportáveis. Essa
realidade no trabalho pode fortalecer a saúde mental do trabalhador como também favorecer a
constituição de distúrbios, resultando em manifestações psicossomáticas e de condutas, no
que se refere à psicopatologia do trabalhador e o próprio trabalho. Ainda de acordo com
Dejours (1994), o desgaste no trabalho não deveria ser reduzido apenas as pressões físicas,
químicas, biológicas ou mesmo psicossociais e cognitivas do posto de trabalho habitualmente
estudadas. É fundamental considerar a dimensão organizacional, centralizada na divisão de
tarefas e nas relações de produção.
Dejours e Abdoucheli (1994), distinguem dois tipos de sofrimento: criador e
patogênico: onde o criador pode ser transformado em criatividade, beneficiando a identidade,
aumentando a resistência da pessoa ao risco de desestabilização psíquica e somática e
funciona como um mediador para a saúde. E sofrimento patogênico: aparece quando todas as
margens de liberdade na transformação, gestão e aperfeiçoamento da organização já foram
utilizadas, isto é, quando não há nada além de pressões fixas, rígidas, incontornáveis,
inaugurando a repetição, frustração, o aborrecimento, o medo, ou o sentimento de impotência.
31
Quando foram explorados todos os recursos defensivos, o sofrimento residual não
compensado, continua seu trabalho de solapar e começa a destruir o aparelho mental e o
equilíbrio psíquico do sujeito, empurrando-o lenta ou brutalmente para a descompensação
(mental ou psicossomática) e para a doença.
Merlo e Silva (2007) postulam que o sofrimento patogênico passa a funcionar como
um mediador da fragilização da saúde , quando não há nada além das pressões fixas e rígidas,
mantendo a repetição, frustração, aborrecimento, o medo ou outros sentimentos ligados a
impotência, conduz o equilíbrio psíquico do sujeito lentamente a uma descompensação
mental.
Ainda de acordo com Dejours e Abdoucheli (1994), o desafio para a psicologia do
trabalho na prática é definir as ações susceptíveis de modificar o destino do sofrimento e
favorecer sua transformação (não apenas sua eliminação). Quando as relações sociais de
trabalho e as escolhas gerenciais empregam o sofrimento no sentido patogênico, o trabalho
poderá funcionar como um mediador de desestabilização e da fragilização da saúde. Dessa
forma, sofrimento e prazer, são provenientes da dinâmica interna das situações e da
organização do trabalho, ou seja, são produtos dessa dinâmica, das relações subjetivas e de
poder, das condutas e ações dos trabalhadores permitidas pela organização do trabalho. O
trabalho é um operador fundamental na própria construção do sujeito, o sujeito produz
interpretação acerca de sua situação e as socializa através de atos intersubjetivos, reage, se
organiza e age sobre o próprio processo de trabalho, contribuindo para a construção e a
evolução das relações sociais no trabalho.
Em relação aos aspectos na formação e treinamento dos profissionais de saúde,
Kovacs (2002) refere que no treinamento do pessoal da área médica ocorre uma
dessensibilização dos elementos que possam evocar a morte. É enfatizada a objetividade
cientifica, o controle sobre a doença, o paciente vira um numero. O medo da morte se torna
uma questão intelectual..Sendo que no curso de enfermagem também são enfatizados os
aspectos técnicos e práticos da função de enfermagem.
Esslinger (2003) postula que os cursos de formação de profissionais de saúde carecem
de disciplinas que abordem os temas da morte, do luto e do morrer. Educar para a morte (que
nada mais é do que educar para a vida) deveria ser um dos objetivos dos cursos de formação
dos profissionais de saúde, sugere uma reavaliação dos currículos desses cursos. Ressalta a
necessidade de os próprios profissionais de saúde poderem ser acolhidos, para acolher, pois
relação paciente-familia-equipe de saúde, no contexto de terminalidade não é algo simples.
Trata-se de uma relação que envolve o conflito vida e morte, decisões que muitas vezes
32
precisam ser tomadas em caráter de urgência. Lidar com situações limite entre a vida e a
morte implica em repensar aspectos éticos, sociais, econômicos, políticos, religiosos e
psicológicos.
Silva (2004) refere que as formações acadêmicas na área da saúde privilegiam a
objetividade, o tecnicismo, com o desenvolvimento da ciência e a presença marcante da
racionalidade o não envolvimento emocional é defendido. Um dos aspectos importantes seria
pensar o lugar da morte nas instituições de saúde e como este aspecto pode contribuir para
melhorar a qualidade de vida e de morte presente na pratica médica e de toda a equipe de
saúde. Atualmente, diz-se que a equipe de saúde deve estar atenta aos aspectos emocionais
dos pacientes, mas não existe a mesma ênfase com o emocional da equipe, pouco é dito sobre
o cuidado com o cuidador que é atingido pelo sofrimento do seu paciente.
É imprescindível cuidar do cuidador. Estamos falando em formação acadêmica, em
medidas profiláticas, se quisermos caminhar em direção a um atendimento mais
humanitário, de maior qualidade, se quisermos caminhar para uma racionalidade que
priorize o agir terapêutico, que resgate o papel da relação médico (profissional de
saúde/ paciente); em que o paciente possa ser reconhecido como sujeito em toda sua
subjetividade, que valorize a arte de curar e, principalmente, a tarefa maior da
humanidade que, segundo Kierkergaard, é o cuidado. Uma medicina que promova o
encontro com as pessoas (SILVA, 2004, p. 147).
Pessini e Bertachini (2005) sugerem a importância de notar que os cuidados paliativos
não devem ser vistos hoje como essencialmente diferentes de outras formas ou áreas de
cuidados de saúde. Isso tornaria difícil, se não impossível, a sua integração no curso regular
dos cuidados de saúde. Muitos aspectos cruciais dos cuidados paliativos aplicam-se
perfeitamente à medicina curativa, bem como, por outro lado, o desenvolvimento dos
cuidados paliativos pode influenciar positivamente outras formas de cuidados de saúde, ao
valorizar aspectos que ficaram em segundo plano a partir do domínio da medicina chamada
científico tecnológica, tais como as dimensões humanas e ético-espirituais da pessoa humana.
Sob essa perspectiva conceitual, segue-se abordando a filosofia dos cuidados paliativos, nos
seus princípios fundamentais.
1.2 SINTOMAS MENTAIS: ANSIEDADE E DEPRESSÃO
Os transtornos mentais são definidos pelo DSM-IV-TR (2008) - Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais como:
33
[...] síndromes ou padrões comportamentais ou psicológicos clinicamente
importantes, que ocorrem num individuo e estão associados com sofrimento(p.ex.,
sintoma doloroso) ou incapacitação (p.ex. prejuízo em uma ou mais áreas
importantes do funcionamento) ou com um risco significativamente aumentado de
sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda da liberdade. Além disso, essa síndrome
ou padrão não deve constituir meramente uma resposta previsível e culturalmente
aceita diante de um determinado evento, por exemplo , a morte de um ente
querido.Qualquer que seja a causa original, a síndrome deve ser considerada no
momento como uma manifestação de uma disfunção comportamental, psicológica
ou biológica no individuo.(DSM-IV-TR, 2008, p. 25 e 26)
De acordo com DSM-IV-TR (2008), um diagnóstico em geral é aplicado ao quadro
atual do indivíduo, não sendo tipicamente usado para denotar diagnósticos anteriores das
quais o indivíduo se recuperou. Os seguintes especificadores de gravidade e curso podem ser
listados após o diagnóstico: leve, moderado, Grave, em Remissão Parcial, em Remisssão
Completa e História Prévia. Sendo que os especificadores Leve, Moderado e Grave devem ser
usados apenas quando todos os critérios requeridos para o transtorno são reunidos no
presente, onde o clinico deverá levar em consideração o número e a intensidade dos sinais e
sintomas do transtorno como quaisquer prejuízos resultantes no funcionamento ocupacional
ou social.
Em relação aos transtornos do Humor, a quarta edição do Manual diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) refere que os dois principais transtornos do
humor são o transtorno depressivo maior e o transtorno bipolar I, muitas vezes são chamados
de transtornos afetivos; entretanto a patologia crítica nesses transtornos é o humor, o estado
emocional interno mais constante de uma pessoa, e não de afeto, a expressão externa do
conteúdo emocional atual.
Segundo Kaplan, Sadock J. e Sadock V. (2007), as alterações do humor englobam um
grupo de transtornos em que esta patologia e suas perturbações associadas dominam
dominam o quadro clínico, conhecidos em algumas edições prévias do Manual de
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) como transtornos afetivos, o
transtorno do humor é preferível porque se refere a estados emocionais persistentes, e não
meramente a expressão externa (afetiva) de um estado emocional transitório. Os transtornos
do humor são considerados como síndromes (em vez de doenças distintas), consistindo num
conjunto de sinais e sintomas persistentes por semanas ou meses que representam um desvio
marcante do desempenho habitual do individuo e que tendem a recorrer, por vezes, de forma
cíclica ou periódica. Os sinais são observações e descobertas objetivas, como afetos constritos
ou retardos psicomotores do paciente enquanto que os sintomas são as experiências subjetivas
descritas e expressadas muitas vezes como suas principais queixas, como humor depressivo
34
ou falta de energia. Uma síndrome é um grupo de sinais e sintomas que, juntos formam uma
condição reconhecível, que pode ser mais ambígua do que uma doença ou transtorno
específico. Muito dos sinais e sintomas podem ser compreendidos como vários pontos em um
espectro de comportamentos que variam do normal ao anormal (patológico). E para que possa
ser considerado importante no diagnóstico, o fenômeno deve ocorrer repetidamente e ser
característico de algum transtorno conhecido.
Ainda segundo Kaplan, Sadock, J. e Sadock, V. (2007) o estado de humor pode
apresentar-se normal, elevado ou deprimido. Os indivíduos normais experimentam uma ampla
faixa de estados de humor e tem um grande repertório de expressões afetivas, sentem-se no
controle de seus estados de humor e afetos. Nos transtornos de humor, a sensação de controle
é perdida, e há uma experiência subjetiva de grande sofrimento.
De acordo com Kaplan, Sadock J. e Sadock V. (2007) em relação aos transtornos de
ansiedade, afirmam que estão entre as condições psiquiátricas mais prevalentes na maioria da
população estudada, denotando de maneira persistente que eles produzem morbidade
desordenada , uso de serviços de saúde e comprometimento do desempenho incomuns. Entre
seus aspectos podemos destacar a interação entre os fatores genéticos e a experiência,
enquanto há pouca dúvida de que genes anormais predisponham a estados patológicos de
ansiedade a evidencia indica que acontecimentos traumáticos da vida e o estresse também são
etiologias importantes.
Kaplan (1984) afirma que a ansiedade existe sozinha como sintoma predominante ou
juntamente com outras manifestações de perturbação emocional e é a característica central da
maioria das doenças psiquiátricas, ansiedade é o distúrbio principal na neurose de ansiedade,
quando ocorre de forma episódica é conhecida como um distúrbio de pânico; quando ocorre
de forma crônica e persistente, diz-se de um distúrbio de ansiedade generalizada e em relação
a epidemiologia os autores referem que a ansiedade é um componente em quase todas as
perturbações psiquiátricas, aparecendo de ambas as formas, aguda e crônica.
Em relação à história, Kaplan, Sadock, J. e Sadock, V. (2007) relatam que há cerca de
um século, Freud criou o termo neurose de ansiedade, que ele acreditava resultar da libido
contida: um aumento fisiológico da tensão sexual levava a um aumento correspondente na
libido e á representação mental desse evento fisiológico. A saída normal para essas tensões
era, segundo sua visão, a relação sexual, mas práticas sexuais como a abstinência e o coito
interrompido impediam a liberação de tensão e produziam neurose. As condições de aumento
de ansiedade relacionado ao bloqueio da libido incluíam a neurastenia, a hipocondria e as
neuroses de ansiedade, todas as quais Freud considerava como tendo uma base biológica.
35
Kaplan, Sadock e Grebb (1997) afirmam que a ansiedade historicamente foi relatada
por Sigmund Freud que criou o termo “neurose de ansiedade” e identificou duas formas de
ansiedade.
Um do tipo de ansiedade resulta da libido frustrada. [...] A segunda forma de
ansiedade é melhor caracterizada como um sentimento difuso de preocupação ou
temor que se origina de um pensamento ou desejo reprimido. Esta forma de
ansiedade responde pelas psiconeuroses – histeria, fobias e neuroses obsessivas.
Freud compreendia essas condições e a ansiedade a elas associadas como estando
relacionadas, primariamente, a fatores psicológicos, ao invés de fatores fisiológicos.
O conflito intrapsíquico é responsável pela ansiedade e psiconeuroses, e Freud
observou que a ansiedade resultante é menos intensa e dramática que a das neuroses
reais.Com a publicação de Inibições, sintoma e Angústia, em 1926, Freud criou uma
nova teoria da ansiedade que explicava tanto a ansiedade externa real quanto a
neurose interna neurótica como respostas a uma situação de perigo.Freud identificou
dois tipos de situações ansiogênicas. Uma delas envolve o excesso de estimulação
institual, cujo protótipo é a experiência do nascimento. [...] A segunda situação, mais
comum, envolve a ansiedade que se desenvolve em antecipação ao perigo, ao invés
de resultar deste. (KAPLAN;SADOCK;GREBB, 1997, p. 545).
Em relação à ansiedade patológica, Kaplan, Sadock e Grebb (1997) afirmam que as
alterações biológicas mensuráveis nos indivíduos com transtorno de ansiedade refletem os
resultados de conflitos psicológicos, ao mesmo tempo os eventos biológicos precedem os
conflitos psicológicos. Ambas as situações podem existir em indivíduos específicos, podendo
haver um espectro de sensibilidades de base biológica entre as pessoas com sintomas de
transtornos de ansiedade. Entre os fatores biológicos podemos citar o sistema nervoso
autônomo, neurotransmissores, e algumas consideraçõs anatômicas, sendo que muitos
pacientes com transtornos de ansiedade, especialmente aqueles com transtorno de pânico, tem
um Sistema Nervoso Autônomo, que exibe uma intensificação do tônus simpático, adapta-se
mais lentamente a estímulos repetidos e responde excessivamente a estímulos moderados. Os
três principais neurotransmissores associados à ansiedade com base em estudos de animais e
respostas a tratamentos medicamentosos são a noradrenalina, serotonina e ácido y-
aminobutírico (GABA). Duas áreas do sistema límbico têm recebido especial atenção na
literatura: a atividade aumentada do tracto septo hipocampal, e o giro do cíngulo têm sido
implicados, particularmente, na fisiopatologia do transtorno obsessivo-compulsivo. O córtex
cerebral frontal está conectado a região para-hipocampal, ao giro do cíngulo e ao hipotálamo,
portanto , talvez esteja envolvido na produção de ansiedade.
Afirmam ainda que os estudos genéticos têm produzido dados sólidos quanto a
existência de, pelo, menos, algum componente genético no desenvolvimento dos transtornos
de ansiedade. Cerca de 50% dos pacientes com transtorno de pânico tem pelo menos um
parente afetado.
36
Segundo Kaplan, Sadock, J. e Sadock, V. (2007) a definição de ansiedade consiste em
uma sensação difusa, desagradável e vaga de apreensão, por vezes acompanhada de sintomas
autonômicos como cefaléia, perspiração, palpitações, aperto no peito, leve mal-estar
epigástrico e inquietação, indicada pela incapacidade de ficar sentado ou de pé quieto por
muito tempo, sendo que todas as pessoas experimentam a ansiedade, podendo variar a gama
de sintomas presentes durante a ansiedade. Acrescentam que a ansiedade é um sinal de alerta,
indicando um perigo iminente e capacita a pessoa a tomar medidas para lidar com a ameaça.
O medo é um sinal de alerta semelhante, mas deve ser diferenciado da ansiedade, ele é uma
resposta a uma ameaça conhecida, externa, definida e sem conflitos; a ansiedade é uma
resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga e conflituosa. Quando considerada apenas
como sinal de alerta, a ansiedade parece ser basicamente a mesma emoção do medo. Como a
advertência de uma ameaça interna ou externa, a ansiedade é adaptativa e tem qualidades
salva-vidas. Em nível mais baixo, adverte sobre lesão corporal, dor, impotência, possível
punição ou frustração de necessidades sociais ou corporais; separação de entes queridos,
ameaça ao êxito ou status individual, e por fim, ameaças à unidade ou á integridade. Impele o
individuo a tomar as medidas necessárias para evitar a ameaça ou reduzir suas consequências.
Os autores relatam que se um acontecimento é percebido ou não como estressante
depende da natureza do acontecimento e dos recursos do individuo, das defesas psicológicas e
dos mecanismos para se lidar com a tensão. Todas essas referencias envolvem o ego, uma
abstração coletiva para o processo pelo qual o individuo percebe, pensa e atua sobre os
acontecimentos externos ou os impulsos internos. Aquele cujo ego está funcionando de
maneira apropriada está em equilíbrio adaptativo tanto com o mundo externo como com o
interno; se o ego não está funcionando adequadamente e o desequilíbrio resultante continua
por tempo suficiente, o individuo experimenta ansiedade crônica. Se o desequilíbrio é externo,
entre as pressões do mundo e o ego da pessoa, ou interno entre os impulsos e a consciência
ocorre um conflito, os conflitos de causas internas costuma ser interpessoais, enquanto que os
de causas internas são intrapsíquicos ou intrapessoais, sendo possível uma combinação dos
dois, os conflitos interpessoais e intrapsíquicos tendem a ser mesclados pelo fato de os
humanos serem sociais, seus principais conflitos envolvem, em geral outras pessoas.
A ansiedade representa um papel central no funcionamento do aparelho psíquico,
como reação do ego a uma ameaça interna, originada de impulsos instintivos proibidos,
motivando o ego a manobras defensivas com o objetivo de controlar os impulsos e enfrentar o
sofrimento mental, não sendo necessariamente patológica, pois é vista como um sinal ou
37
indicador para o ego tanto da necessidade de erigir defesas psicológicas como do sucesso do
funcionamento das mesmas.
De acordo com Kaplan, Sadock, J. e Sadock, V. (2007) em relação aos sintomas de
ansiedade relatam que a experiência da ansiedade apresenta dois componentes: a percepção
das sensações fisiológicas (como palpitações e suor) e a percepção do estar nervoso ou
assustado. Além dos efeitos motores e viscerais, a ansiedade afeta o pensamento, a percepção
e o aprendizado tendendo a produzir confusão e distorções da percepção não apenas do tempo
e espaço, mas também das pessoas e dos significados dos acontecimentos, sendo que essas
distorções podem interferir no aprendizado ao diminuir a concentração, reduzir a memória e
perturbar a capacidade de fazer relações.
Kaplan, Sadock e Grebb (1997) esclarece que a sensação de ansiedade é uma vivência
comum de virtualmente qualquer ser humano, caracterizada por um sentimento difuso,
desagradável e vago de apreensão, freqüentemente, acompanhado por sintomas autonômicos
(diarréia, tonturas, hiperidrose, hiper-reflexia, hipertensão, palpitações, midríase pupilar,
inquietação, síncope, taquicardia, formigamentos nas extremidades, tremores, desconforto
abdominal, freqüência, retenção e urgência urinária), como cefaléia, perspiração, palpitações,
aperto no peito e leve desconforto abdominal. Uma pessoa ansiosa também pode sentir
inquietação, indicada por incapacidade para permanecer sentada ou imóvel por muito tempo,
porém a constelação particular de sintomas presentes durante a ansiedade tende a variar entre
as pessoas.
Os autores afirmam que é vantajoso responder com ansiedade a certas situações
ameaçadoras, sendo que se pode falar de uma ansiedade normal, contrastando-a com uma
ansiedade anormal ou patológica. A ansiedade é um sinal de alerta, que serve para avisar
sobre um perigo iminente e possibilita a tomada de medidas para enfrentar a ameaça. A
ansiedade é um acompanhamento normal do crescimento, das mudanças, de experiências
novas e inéditas, do encontro da própria identidade e sentido da vida. A ansiedade patológica,
em comparação, é uma resposta inadequada a determinado estímulo, em virtude de sua
intensidade ou duração.
O Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) relata
as divisões entre os vários transtornos de ansiedade com base em critérios clínicos de validade
e confiabilidade reconhecida, sendo eles: transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de
pânico com e sem agorafobia, agorafobia sem histórias de transtorno de pânico, fobias
específicas e social, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós traumático,
transtorno de estresse agudo, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade
38
devido a uma condição médica geral, transtorno de ansiedade induzido por substancia, e
transtorno de ansiedade sem outra especificação, incluindo transtorno misto de ansiedade-
depressão; permite especificar, se o transtorno se caracteriza por sintomas de ansiedade
generalizada, ataques de pânico, ou sintomas obsessivos compulsivos.
Transtorno de ansiedade devido a uma condição médica geral foi listado no DSM III
R, como uma síndrome de ansiedade orgânica, um dos transtornos mentais orgânicos
associados com transtornos ou condições físicas. Assim como outras síndromes importantes,
(como por ex. psicose e sintomas de transtorno de humor, o transtorno de ansiedade devido a
uma condição médica geral foi incluído para encorajar a formulação e consideração de um
diagnóstico diferencial e completo (é necessário o diagnóstico diferencial e completo). A
ocorrência de sintomas de ansiedade relacionados a condições médicas gerais é comum,
embora a incidência do transtorno seja variável para cada condição médica específica.
Kaplan, Sadock e Grebb (1997) classificam os transtornos associados com ansiedade
como: transtornos neurológicos (neoplasmas cerebrais, traumatismo cerebral e síndromes pós-
concussão, doença cérebro-vascular, hemorragia subaracnóide, enxaqueca, encefalite, sífilis
cerebral, esclerose múltipla, doença de Wilson, doença de Huntington, epilepsia); condições
sistêmicas Hipóxica (doença cardiovascular, arritmias cardíacas, insuficiência pulmonar,
anemia); perturbações endócrinas (disfunção da hipófise, disfunção da tireóide, disfunção das
paratireóides, disfunção adrenal, feocromocitoma, transtornos virilizantes em mulheres);
transtornos inflamatórios (lúpus eritematoso, artrite reumatóide, poliarte nodosa, arterite
temporal); estados de deficiência (deficiência de vitamina b12, pelagra); condições diversas
(hipoglicemia, síndrome carcinóide, condições malignas sistêmicas, síndrome pré-menstrual,
doenças febris e infecções crônicas, porfiria, mononucleose infecciosa, síndrome pós-hepatite,
uremia); condições tóxicas (abstinência de álcool e drogas, anfetaminas, agentes
simpatomiméticos, agentes vasopressores, cafeína e abstinência de cafeína, penicilina,
sulfonamidas, cannabis, mercúrio, arsênico, fósforo, organofosfatados, dissulfeto de carbono,
benzeno, intolerância a aspirina) e transtornos psiquiátricos idiopáticos (depressão, mania,
esquizofrenia, transtorno de ansiedade, ansiedade generalizada, ataque de pânico, transtornos
fóbicos, transtorno de estresse pós traumático).
O diagnóstico diferencial é necessário, a ansiedade como sintoma pode estar associada
com muitos transtornos psiquiátricos, além dos transtornos de ansiedade propriamente ditos,
um exame do estado mental é necessário, para determinar a presença de sintomas de humor
ou psicóticos sugestivos de algum outro diagnóstico psiquiátrico.
39
Os autores refere-se ainda que algumas pessoas possuem sintomas de transtornos de
ansiedade, mas não satisfazem os critérios para qualquer transtorno de ansiedade específico
do DSM-IV, transtorno de ansiedade sem outra especificação, transtorno de ajustamento com
humor ansioso ou transtorno misto de ansiedade e depressão.
O transtorno depressivo-ansioso misto. O DSM-IV segue os passos da décima
revisão da classificação internacional de doenças (CID-10) incluindo, no apêndice
do DSM-IV, como um exemplo de transtorno de ansiedade SOE, o transtorno misto
de ansiedade e depressão. Este transtorno abrange os pacientes que apresentam
sintomas tanto de ansiedade quanto de depressão, mas não reúnem os critérios
associados para um transtorno de ansiedade ou um transtorno do humor. A
combinação de sintomas de ansiedade e depressão resulta em um comprometimento
funcional significativo para o individuo afetado.[...]a condição se situa nos limites
de normalidade e não indica a classificação como um transtorno mental.”(KAPLAN,
1997, p. 552) .
Quanto à epidemiologia, os autores referem que a coexistência de transtorno
depressivo maior com transtorno de pânico é comum. Até 60% dos pacientes com sintomas
depressivos têm sintomas proeminentes de ansiedade, 30% podem satisfazer os critérios
diagnósticos para transtorno de pânico.
Esses dados sugerem que pode ser comum a coexistência de sintomas depressivos e
ansiosos, sem que satisfação os critérios diagnósticos para outros transtornos
depressivos e de ansiedade. Contudo alguns clínicos e pesquisadores estima que a
prevalência do transtorno na população geral seja de até 10% e, nas clinicas de
atendimento primário, de até 50%, embora estimativas conservadoras sugiram uma
prevalência de cerca de 1% na população em geral. (KAPLAN; SADOCK; GREBB
1997, p. 552) .
Em relação à etiologia, o autor distingue quatro linhas principais de evidências que
sugerem uma ligação causal entre sintomas de ansiedade e sintomas depressivos em alguns
pacientes (pessoas) afetadas: alterações neuroendócrinas similares nos transtornos depressivos
e de ansiedade, incluindo embotamento da resposta do cortisol ao hormônio
adrenocorticotrópico (ACTH), um embotamento das respostas do hormônio estimulador da
tireóide (TSH) e da prolactina ao hormônio liberador de tirotropina (TRH); hiperatividade do
sistema noradrenérgico é, causalmente, relevante em alguns pacientes com transtornos
depressivos e em alguns pacientes com transtorno de pânico a serotonina e o acido y-
aminobutírico (GABA) também podem estar causalmente envolvidos no transtorno misto de
ansiedade e depressão; muitos estudos descobriram que as drogas serotonérgicas, como a
fluoxetina e a clorimipramina, são úteis no tratamento dos transtornos tanto ansiosos quanto
depressivos e diversos estudos de famílias trazem dados indicando que a ansiedade e os
sintomas depressivos estão geneticamente ligados.
40
Em relação ao diagnóstico, menciona que os critérios diagnósticos do DSM-IV são
similares aos critérios da CID-10 para transtorno misto de ansiedade e depressão, que exigem
a presença de sintomas subsindrômicos tanto de ansiedade quanto de depressão e a presença
de alguns sintomas autônomos, como tremor, palpitações, boca seca e desconforto abdominal.
Sendo que as características clínicas do transtorno misto de ansiedade e depressão envolvem
uma combinação de alguns sintomas de transtornos de ansiedade e alguns sintomas de
transtornos depressivos. Além disso, os sintomas de hiperatividade do sistema nervoso
autônomo, como queixas gastrintestinais, são comuns e contribuem para a alta freqüência com
a qual os pacientes são vistos em clínicas médicas ambulatoriais.
Diagnóstico diferencial inclui outros transtornos de ansiedade e depressivos e
transtornos de personalidade. Entre os transtornos de ansiedade, o transtorno de
ansiedade generalizada tem a maior probabilidade de sobreposição com o transtorno
misto de ansiedade e depressão. Entre os transtornos do humor, o transtorno
distímico e o transtorno depressivo menor são aqueles mais propensos a
sobreporem-se ao transtorno misto de ansiedade e depressão [...] com base nos
dados clínicos atuais, os pacientes parecem estar, igualmente, propensos a iniciarem
com sintomas proeminentes de ansiedade, sintomas proeminentes de depressão ou
uma mescla igual dos dois tipos de sintomas. (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 1997,
p. 553)
Segundo Cunha, (2001) em pacientes com ansiedade é freqüente a superposição de
sintomas de depressão sendo a depressão sempre uma possibilidade.
A ansiedade define um estado de alerta, que amplia o estado de atenção diante de uma
situação de perigo real ou imaginário. Está presente como uma sensação difusa, desagradável,
de apreensão, acompanhada por várias sensações físicas como mal-estar gástrico,
precordialgia, palpitações, sudorese excessiva e cefaléia. Os sintomas depressivos podem se
manifestar de várias formas. As alterações de humor podem ser tristeza, perda de interesse por
qualquer atividade, falta de prazer, crises de choro ou variação diurna do humor. As alterações
motoras incluem inibição ou retardo dos movimentos e agitação, principalmente em idosos.
As mudanças somáticas aparecem como alterações no sono, tais como insônia ou hipersonia,
variações do apetite e peso, perda de libido, obstipação e fadiga. As sociais incluem apatia,
isolamento e incapacitação para o desempenho das tarefas cotidianas. As alterações cognitivas
relacionam-se com desesperança, desamparo, idéias de culpa e de suicídio, indecisão e perda
de insight, isto é, do reconhecimento de que está doente. Sintomas de ansiedade, tanto
psíquica como somática e fóbica, podem aparecer, bem como sintomas de irritabilidade, que
podem se manifestar na forma de hostilidade, auto e heterodirigida (REZENDE et al., 2005).
41
Segundo Ramos (2008) dentro das descrições de ansiedade, sintomas psicológicos e
somáticos aparecem lado a lado sem nenhuma distinção hierárquica ou causal acerca de que
tipo de sintoma teria aparecido em primeiro lugar. A ansiedade é uma experiência complexa,
envolvendo sintomas físicos e psíquicos, tona-se muito difícil estabelecer uma separação
conceitual clara entre sintomas puramente psicológicos e físicos. Dessa forma, como todo
estado emocional, a ansiedade é definida por todo o conjunto de suas manifestações somáticas
e conteúdos mentais, constituindo-se um estado único, intenso e potencialmente desagradável,
para que a ansiedade seja considerada um estado emocional normal, ela deve ocorrer de forma
compreensível em respostas a diferentes estímulos e situações. Quando a intensidade ou
duração de suas manifestações torna-se intensa, a ansiedade pode ser considerada patológica,
sendo que as diferentes apresentações dos sintomas ansiosos refletem-se nos atuais sistemas
de classificação de doenças, cujos diferentes transtornos são descritos e definidos a partir de
um ou outro sintoma mais relevante.
Em relação à prevalência relatada no DSM-IV-TR, o transtorno de ansiedade
generalizada em uma amostra comunitária, em um ano, foi de aproximadamente de 3% e a
taxa de prevalência durante a vida de 5%. Nas clinicas para transtornos de ansiedade, até 25%
dos indivíduos tem transtorno de ansiedade generalizada como diagnóstico principal ou co-
mórbido.
Quanto a depressão, os critérios diagnósticos do DSM-III (American psychiatric
Association, 1974), Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Trasntornos Mentais – III) que, essencialmente, também
constituem as características sintomatológicas de um episódio de depressão maior segundo o
DSM-IV (American Psychiatric Association, 1994), Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders – DSM IV(Manual Diagnóstico e Estatístico de Trasntornos Mentais – IV) e
que podem ser assim resumidas: humor deprimido, perda de interesse ou prazer, perda de
ganho de peso, ou diminuição ou aumento do apetite, insônia ou hipersonia, fadiga ou perda
de energia, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva, capacidade diminuída de pensar ou
concentrar-se, indecisão, agitação ou retardo psicomotor, pensamentos de morte recorrentes
(CUNHA, 2001).
A depressão é definida pelo prolongamento de sentimentos negativos e a
incapacidade de concentração ou do funcionamento normal (BABA; GALPERIN; LITUCHY,
1999).
Segundo Kaplan (1984) depressão refere-se a uma emoção humana normal, a um
sintoma clinico e a um grupo de síndromes ou perturbações. O termo depressão tem diferentes
42
significados em vários campos científicos, tais como neurofisiologista, farmacologia,
psicologia e psiquiatria. Para o neurofisiologista, depressão se refere a qualquer diminuição na
atividade eletrofisiológica. Para o farmacologista, depressão refere-se ao efeito de drogas que
diminuem a atividade do órgão a ser atingido. Portanto, os depressivos do sistema nervoso
central incluem drogas, tais como os barbitúricos e os anestésicos, que diminuem a
capacidade responsiva a estímulos, através da produção de sono ou coma. Para o psicólogo,
depressão refere-se a qualquer decréscimo no desempenho cognitivo, perceptivo ou motor,
para o psiquiatra clinico, entretanto, depressão cobre uma vasta série de mudanças nos estados
emocionais variando na sua gravidade desde flutuações normais de humor na vida diária, até
episódios psicóticos graves.
Para Kaplan (1984), o uso do termo “depressão”, em uma quantidade de campos
científicos, tem-se inclinado a apoiar a opinião ou, talvez, mais exatamente, o desejo de que
mecanismos comuns estão por baixo dos fenômenos neurofisiológicos, farmacológicos,
psicológicos e clínicos. Como resultado, muitos médicos e pesquisadores têm admitido a
possibilidade de que os sintomas depressivos clínicos sejam o resultado de uma redução de
alguma função do sistema nervos central, generalizada ou especifica, e, portanto, seriam
melhor tratados com uma droga que tenha um contra-efeito – isto, é, uma droga estimulante.
Até que as novas teorias da psicobiologia das perturbações afetivas sejam confirmadas, o
termo depressão fica mais restrito a fenômenos emocionais, sem suposição de qualquer causa
subjacente, seja localizada no sistema nervoso central, seja na psique.
Assim como humor, afeto, estado sensível ou emoção, a depressão é um aspecto
difundido de experiência humana normal. Sentimentos de tristeza, desapontamento,
frustração, desanimo e emoções relacionadas são acompanhamentos freqüentes das
vicissitudes da condição humana.
Ainda de acordo com Kaplan (1984), o termo: perturbações afetivas agrupa várias
condições clinicas, cujo traço comum e essencial é um distúrbio de humor acompanhado por
dificuldades cognitivas, psicomotoras, psicofisiológicas e interpessoais, considerando-se que
o humor geralmente refere-se a estados emocionais experimentados que determinam o aspecto
total da personalidade e da vida psíquica. Afeto, algumas vezes, refere-se ao aspecto subjetivo
da emoção, à parte de seus componentes físicos. Humor refere-se à emoção difundida ou
predominante.
Em relação aos estudos epidemiológicos, afirma que estes indicam que talvez de 15 a
30 por cento dos adultos experimentam episódios depressivos clínicos, frequentemente de
43
gravidade moderada, em algum período de suas vidas e que a depressão é o tipo mais comum
de perturbações mentais entre os adultos.
Segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997 p. 267), “o humor é definido como uma
emoção abrangente e constante, que colore a percepção que a pessoa tem do mundo. [...] O
humor pode ser instável significando que flutua ou alterna rapidamente entre extremos”.
Ainda de acordo com os autores acima, o afeto pode ser definido como a expressão
externa da resposta emocional do paciente; é o que o examinador observa como expressão
facial, incluindo a quantidade e amplitude do comportamento expressivo. O afeto pode ser
congruente ou incongruente com o humor. É descrito como estando dentro da faixa normal,
constrito, embotado ou plano. Na faixa normal de afeto, existe uma variação na expressão
facial, tom de voz, uso das mãos e movimentos corporais. Quando o afeto está constrito,
existe uma clara redução na variação e na intensidade de expressões: no afeto embotado a
expressão emocional é ainda mais reduzida. Para o diagnóstico de afeto plano, não deve ser
encontrada virtualmente qualquer expressão afetiva, a voz do paciente deve ser monótona e o
rosto deve apresentar-se imóvel. Embotado, plano, e constrito são termos usados para nos
referirmos à profundidade aparente da emoção; deprimido, orgulhoso, irado, temeroso,
ansioso, culpado, eufórico, e expansivo são termos usados para nos referirmos a determinados
humores. Também é importante notar a dificuldade do paciente para iniciar, manter ou
terminar uma resposta emocional.
De acordo com Kaplan, Sadock J. e Sadock V.(2007), relacionado aos aspectos
históricos da depressão, afirmam que tem sido registrada desde a antiguidade, e descrições do
que agora, chamamos de transtornos do humor podem ser encontradas em muitos textos
antigos. A história do Rei Saul, no Antigo Testamento, descreve uma síndrome depressiva,
assim como a história do suicídio de Ajax, na Ilíada, de Homero. Cerca de 400 a.C.,
Hipócrates usou os termos “mania” e “melancolia” para perturbações mentais. Por volta do
ano 30, Aulus Cornelius Celsus descreveu a melancolia em seu trabalho De re medicina como
uma depressão causada pela bile negra. O termo continuou sendo usado por outros autores
médicos, incluindo Arateus (120-180), Galeno (129-199) e Alexandre de Tralles, no século
VI. O médico judeu, Moses Maimonides, no século XII, considerava a melancolia como uma
entidade patológica distinta. Em 1686, Bonet descreveu uma doença mental à qual chamou de
maníaco-melancholicus.
Seguindo com o autor, essa trajetória histórica da depressão, temos que em 1854, Jules
Flaret descreveu uma condição chamada de folie circulaire, na qual o paciente experiemnta
humores alternados de depressão e mania. Por volta da mesma época, um outro psiquiatra
44
francês, Jules Baillarger, descreveu a condição folie à double forme, na qual os pacientes
tornam-se profundamente deprimidos e entram em um estado de estupor do qual recuperam-
se eventualmente. Em 1882, o psiquiatra alemão Karl Kahlbaum, usando o termo
“ciclotimia”, descreveu a mania e a depressão como estágios da mesma doença.
Emil Kraepelin, em 1889, elaborando sobre os conhecimentos de psiquiatras franceses
e alemães anteriores, descreveu uma psicose maníaco depressiva que continha a maioria dos
critérios usados atualmente pelos psiquiatras, para o estabelecimento do diagnóstico de
transtorno bipolar I, para o estabelecimento do diagnóstico de transtorno bipolar I. A ausência
de um curso demenciante e deteriorante na psicose maníaco-depressiva diferenciava-a da
demência precoce (isto é, esquizofrenia). Kraepelin descreveu um tipo de depressão que
começava após a menopausa em mulheres e durante a idade adulta tardia em homens, que
veio a ser conhecida como melancolia involutiva, e, desde então, começou a ser vista como
uma forma de transtorno do humor com inicio tardio.
Em relação à epidemiologia, Kaplan, Sadock, J. e Sadock, V. (2007) referem que o
transtorno depressivo maior é um transtorno comum, com uma prevalência durante a vida de
cerca de 15 %, talvez , até de 25% em mulheres. E em homens de 5 a 12 %.
Quanto ao sexo, os autores referidos afirmam que há uma observação quase universal,
independente de pais ou cultura, é a prevalência duas vezes maior da depressão unipolar no
sexo feminino. Embora as razões para a diferença sejam desconhecidas, isso não decorre de
práticas diagnósticas socialmente tendenciosas. As razões podem incluir variados estresses,
parto, modelos comportamentais de aprendizado da impotência e efeitos hormonais.
Em relação à idade, a média de início para o transtorno depressivo maior (50 %) fica
entre 20 e 50 anos. Alguns dados epidemiológicos mais recentes sugerem que a incidência de
transtorno depressivo maior pode estar aumentando entre pessoas com menos de 20 anos de
idade, o que pode estar relacionado ao aumento do uso de álcool e outras substâncias neste
grupo etário. Quanto à raça, a prevalência dos distúrbios de humor não difere de uma raça
para outra e quanto ao estado civil, em geral, a depressão unipolar ocorre mais
freqüentemente em pessoas que não tem relações interpessoais intimas ou são divorciadas ou
separadas, seguindo os autores.
No que se referem à etiologia, os autores acima citados, apontam que a base causal
para os transtornos do humor é desconhecida. As muitas tentativas de identificarem uma
causa biológica ou psicossocial para os transtornos do humor têm sido obstruídas pela
heterogeneidade da população de pacientes definida por qualquer dos sistemas diagnósticos
disponíveis e fundamentadas na clinica, incluindo o DSM IV. Os fatores causais podem ser
45
divididos artificialmente em fatores biológicos, genéticos, e psicossociais. Esta divisão é
arbitrária em razão da probabilidade de os três campos interagirem entre si. Por exemplo, os
fatores psicossociais e genéticos podem afetar os fatores biológicos (por exemplo,
concentrações de determinado neurotransmissor) os fatores biológicos e psicossociais também
podem afetar a expressão dos gens, e os fatores biológicos e genéticos podem afetar a resposta
de uma pessoa aos fatores psicossociais, sendo que os fatores biológicos envolvem: amina
biogênicas, regulagem endócrina, anormalidade do sono, ativação dos lombos temporais,
ritmos circadianos, regulagens auto-imune e considerações anatômicas.
Kaplan, Sadock, J. e Sadock, V. (2007) afirmam que os transtornos de humor estão
associados com desregulagens heterogêneas das aminas biogênicas, sendo a noradrenalina e
serotonina dois neurotransmissores mais envolvidos na fisiopatologia dos transtornos de
humor e a dopamina, teoricamente, também desempenha um papel da depressão. A
desregulagem da acetilcolina nos transtornos de humor tem sido evidenciada, sendo o
hipotálamo essencial para a regulagem dos eixos neuroendócrinos e ele próprio recebe muitas
aferencias neuronais que usam neurotransmissores de amina biogênica, portanto a regulagem
anormal dos eixos neuroendócrinos pode decorrer de um funcionamento anormal dos
neurônios contendo aminas biogênicas.
Embora seja teoricamente possível uma determinada desregulagem de um eixo
neuroendócrino (por ex. eixo da tireóide, eixo adrenal) estar envolvido na causa de um
transtorno de humor, as desregulagens são, mais provavelmente, reflexos de um transtorno
cerebral básico. Os principais eixos neuroendócrinos de interesse nos transtornos de humor
são o adrenal, da tireóide e do hormônio de crescimento. Outras anormalidades
neuroendócrinas descritas em pacientes com transtornos do humor incluem secreção noturna
diminuída de melatonina, liberação diminuída de prolactina à administração de triptofano,
níveis basais diminuídos de hormônio folicuo-estimulante, (FSH) e hormônio luteinizante
(LH) e níveis diminuídos de testosterona em homens.
As anormalidades do sono, problemas relacionados ao sono (insonia inicial e terminal,
despertares múltiplos, hipersonia) são sintomas comuns e clássicos na depressão. Assim como
os problemas relacionados aos ritmos circadianos, onde as anormalidades na arquitetura do
sono na depressão e melhora clinica da depressão associada com a privação do sono
propiciaram teorias de que a depressão refletiria uma regulagem anormal dos ritmos
circadianos. Quanto a regulagem neuroimune, alguns pesquisadores têm descrito
anormalidades imunológicas em pessoas deprimidas e em pessoas enlutadas pela perda de um
parente, cônjuge ou amigo intimo.
46
Os autores referem-se à ativação como sendo um processo eletrofisiológico pelo qual
uma estimulação subliminar repetida de um neurônio acaba gerando um potencial de ação. No
nível do órgão, a estimulação subliminar repetida de uma área do cérebro resulta em
convulsão. A observação clinica de que os anticonvulsivantes (por ex. carbamazepina e ácido
valpróico) são úteis no tratamento dos transtornos do humor, deram origem à teoria de que a
fisiopatologia dos transtornos do humor poderia envolver a ativação dos lobos temporais.
Quanto ás considerações neuroanatômicas e os fatores genéticos, pode-se afirmar que
Tanto os sintomas dos transtornos do humor quanto os achados das pesquisas biológicas
confirmam a hipótese de que os transtornos de humor envolvem uma patologia do sistema
límbico, gânglios basais e hipotálamo. Os dados genéticos indicam fortemente que um fator
significativo no desenvolvimento de um transtorno de humor é a genética. Entretanto, o
padrão de herança genética dá-se, evidentemente, através de mecanismos complexos: não
apenas é impossível excluir efeitos psicossociais, mas fatores não genéticos provavelmente
exercem papeis causativos no desenvolvimento dos transtornos do humor, em, pelo menos,
algumas pessoas. (KAPLAN; SADOCK, J.; SADOCK, V., 2007).
Em relação aos fatores psicossociais, que os acontecimentos vitais estressantes
precedem, mais freqüentemente, os primeiros episódios de transtornos de humor do que
episódios subseqüentes. Supõe que o estresse que acompanha o primeiro episódio resultaria
em alterações duradouras na biologia do cérebro. Essas alterações duradouras poderiam
provocar alterações nos estados funcionais de vários sistemas neurotransmissores e
sinalizadores intraneuronais. As mudanças podem incluir até mesmo a perda de neurônios e
uma redução excessiva nos contatos sinápticos. O resultado bruto das alterações consiste em
um maior risco de sofrer de episódios subseqüentes de transtornos do humor, mesmo na
ausência de um estressor externo. Alguns clínicos acreditam que os acontecimentos vitais
exercem um papel primário na depressão; outros são mais conservadores, sugerindo que os
acontecimentos vitais tem um papel apenas limitado no aparecimento e época de surgimento
da depressão, segundo o autor.
Em relação a fatores da personalidade pré-mórbida, nenhum traço ou tipo de
personalidade isolado foi estabelecido como sendo singularmente predisponente à depressão.
Todos os seres humanos, com qualquer padrão de personalidade, podem e tornam-se
deprimidos sob circunstancias apropriadas; entretanto, certos tipos de personalidade
(oral-dependente, obssessivo-compulsiva, histérica) podem ter um maior risco de
depressão do que os tipos de personalidade antisocial, paranóide e outros que usam a
projeção e outros mecanismos de defesa externalizadores. (KAPLAN; SADOCK;
GREBB, 1997, p. 499).
47
De acordo com o DSM-IV-TR, relacionada às características especificas de cultura,
afirma que a cultura pode influenciar a experiência e a comunicação dos sintomas
depressivos, sendo que o subdiagnóstico ou diagnóstico incorreto podem ser reduzidos por
uma atenção maior à especificidade étnica e cultural das queixas apresentadas e, um episódio
depressivo maior. Em algumas culturas, a depressão pode ser amplamente vivenciada em
termos somáticos, em vez de tristeza ou culpa. A experiência depressiva pode ser expressa por
meio de queixas de “nervosismo” e dores de cabeça (nas culturas latinas e mediterrâneas), de
fraqueza, cansaço, ou “desequilíbrio” (nas culturas chinesas e asiáticas), de problemas do
“coração” (nas culturas do Oriente Médio) ou de coração “partido” (entre os índios hopi
americanos). Estes quadros combinam características dos transtornos depressivos, de
ansiedade e somatoforme.
Quanto à prevalência, ainda de acordo com o DSM-IV-TR o risco para transtorno
depressivo maior durante a vida em amostras comunitárias tem variado de 10 a 25% para as
mulheres e de 5 a 12 % para os homens. A prevalência-ponto do transtorno depressivo maior
em adultos, nas amostras comunitárias, tem variado de 5 a 9% para as mulheres e de 2 a 3%
para os homens. Os índices de prevalência para transtorno depressivo maior parecem não ter
relação com etnia, educação, rendimentos ou estado civil.
Na literatura, verifica-se a existência de inúmeros estudos relacionados à depressão,
mas, em contrapartida, a prevalência de depressão entre os profissionais de enfermagem tem
sido pouco pesquisada (FRANCO, BARROS, & NOGUEIRA-MARTINS, 2005).
Vários foram os fatores associados à ocorrência de depressão identificada nas
pesquisas analisadas, os quais podem ser subdivididos em fatores desencadeantes internos e
externos ao ambiente de trabalho, conseqüências para o trabalhador e/ ou a instituição
hospitalar e estratégias de prevenção propostas. Fatores desencadeantes da depressão: os
trabalhadores de enfermagem, em sua atividade laboral, encontram-se expostos a
psicopatologias, como a depressão, em decorrência da relação entre o trabalho hospitalar e a
saúde e, mais especificamente, o trabalho hospitalar e a saúde mental do profissional. Esta
relação expõe os trabalhadores fisicamente, por exposição aos riscos químicos, às radiações,
às contaminações biológicas, ao excesso de calor, ao sistema de plantões, à excessiva carga
horária de trabalho, e à organização do trabalho de enfermagem; e psiquicamente, decorrente
da convivência diuturna com o sofrimento, a dor, a doença e a morte, tendo que "digerir" tais
circunstâncias paralelamente aos seus problemas emocionais (CAMAROTTI; TEIXEIRA,
1996).
48
Na literatura destacamos um estudo realizado por Manetti e Marziale (2007) de
revisão sistematizada sobre os fatores associados à depressão relacionados ao trabalho de
enfermagem. O estudo identificou a depressão como um problema de saúde que tem
acometido, com freqüência, os trabalhadores de enfermagem. As evidências científicas
mostram que existem diversos fatores desencadeantes associados à depressão, quais sejam
desequilíbrios químicos cerebrais, características de personalidade, vulnerabilidade genética e
eventos situacionais. Entre trabalhadores de enfermagem, a literatura mostra que os fatores
desencadeantes associados podem estar relacionados a fatores internos ao ambiente e processo
de trabalho, como: os setores de atuação profissional, o turno, o relacionamento interpessoal,
a sobrecarga, serviço, os problemas na escala, a autonomia na execução de tarefas, a
assistência a clientes, o desgaste, o suporte social, a insegurança, o conflito de interesses, e as
estratégias de enfrentamento desenvolvidas; e a fatores externos ao trabalho, como: sexo,
idade, carga de trabalho doméstico, suporte e renda familiar, estado de saúde geral do
trabalhador, e as características individuais. Vários foram os fatores associados à ocorrência
de depressão identificada nas pesquisas analisadas, os quais podem ser subdivididos em
fatores desencadeantes internos e externos ao ambiente de trabalho, conseqüências para o
trabalhador e/ ou a instituição hospitalar e estratégias de prevenção propostas.
O estudo relatou também que a depressão no trabalhador de enfermagem traz
conseqüências para o trabalhador e para a instituição empregadora. Os artigos identificados
apontaram o desgaste e a tensão gerada no ambiente de trabalho (30%), a influência na saúde
física e/ ou psíquica dos profissionais (30%), o absenteísmo (10%), a insatisfação no trabalho
(10%), o prejuízo na qualidade da assistência prestada (10%) e a rotatividade (10%) e ainda
verificou-se que os recursos individuais contribuíam mais do que os fatores estressores do
trabalho para a variação dos níveis de depressão, sugerindo que as habilidades de
enfrentamento trazidas para o trabalho são importantes precursores dos sentimentos de
realização profissional, da depressão e da ansiedade.
1.3 SUPORTE SOCIAL
De acordo com Siqueira (2008), o suporte social é apontado por estudiosos de diversas
áreas do conhecimento como um fator capaz de proteger e promover a saúde. Trata-se de um
49
conceito multidimensional, que se refere aos recursos materiais e psicológicos aos quais as
pessoas têm acesso através de suas redes sociais.
Cobb (1976) define suporte social como informação pertencente a uma de três
classes: informação que conduz que o sujeito a acreditar que ele é cuidado e amado e que as
pessoas se preocupam com ele; informação que leva o individuo a acreditar que ele é
estimado e valorizado, informação que conduza o sujeito a acreditar que pertence a uma rede
de comunicação e de obrigações mutuas.
Cohen e Syme (1985) afirma que desde 1970 há um interesse crescente no estudo do
conceito de suporte social relacionado com a saúde e bem estar, refletindo num aumento de
investigações, bem como de tratamento, intervenções e assistências terapêuticas em diversos
programas relacionados com diversas áreas antropologia, epidemiologia, gerontologia,
sociologia e psicologia. O conceito de suporte social tem sido implicados na etiologia e
recuperação de ambas as doenças físicas e sofrimento psicológicos, tentando estabelecer os
efeitos benéficos do suporte social na saúde.
Os autores acima citado definem suporte social como os recursos fornecidos por outras
pessoas, entendendo apoio social em termos de recursos de informação potencialmente útil ou
coisas que permitem a possibilidade de que o apoio pode ter efeitos negativos e positivos
sobre a saúde e o bem estar.
Rodriguez e Cohen (1998) afirmam que o suporte social é considerado capaz de gerar
efeitos benéficos para a saúde tanto física como mental, guardando uma estreita relação com o
bem-estar.
Ribeiro (1999), refere que o âmbito vasto do social é importante para a saúde como
para as doenças, sendo considerado como variável social aspectos objetivos do social tais
como numero de amigos, freqüência de contatos, intensidade de contatos, existência ou não
de amigos íntimos, de redes sociais, (contatos sociais mesmo que não seja com amigos), como
a aspectos subjetivos tais como a percepção que o individuo tem da adequação e da satisfação
com a dimensão social da sua vida. Em relação aos componentes, aspectos e dimensões do
suporte social, tende haver um consenso geral que o domínio do suporte social é
multidimensional e que aspectos diferentes do suporte social têm impacto diferente nos
indivíduos ou grupos.
Ribeiro, 1999 relata que foram encontrados alguns estudos que sustentam a crença de
que o suporte social tem efeitos mediadores na proteção da saúde, entre eles: uma revisão de
investigação acerca de evidências epidemiológicas da relação entre suporte social e saúde,
realizada por Broadhead et al. (1983), concluiu-se pela existência de forte correlação entre as
50
duas variáveis. Schwarzer, e Leppin (1989, 1991), em revisão de investigações mostram,
numa meta-análise sobre 55 estudos (publicados entre 1976 e 1987) que incluíam uma
amostra total de 32739 indivíduos e 83 correlações baseadas em amostras independentes,
acerca da relação entre suporte social e saúde, valores das correlações entre suporte social e
má saúde ( mortalidade incluída) entre r = 0,60 e r= +0,23. A meta analise confirmou que a
má saúde era mais pronunciada entre os que tinham falta de suporte social, e que este estava
mais associado à saúde nas mulheres que nos homens.
Já nas décadas de 80 e 90, estudos comprovavam sua importância. Pesquisa realizada
por Sarason et al (1985) conclui que a satisfação com o suporte social disponível é uma
dimensão cognitiva com um importante papel na redução do mal estar. Ganster et al (1986),
realizaram uma investigação em que pesquisa o papel do suporte social enquanto moderador
do impacto das condições de trabalho, conclui haver relação entre os componentes do suporte
social e queixas somáticas. Thomason et al (1996) verificaram que o suporte social, embora
mediado por outras variáveis influencia a emergência de sintomas em doentes com SIDA.
Blaney et al (1997) também verificou que o aumento do suporte social tem impacto positivo
nas manifestações psicológicas associadas à SIDA. Em relação aos efeitos do suporte social
na saúde refere que os estudos tem se debruçado sobre a relação entre suporte social e saúde
podem englobar-se em quatro grandes categorias: o suporte social protege contra as
perturbações induzidas pelo estresse impedindo que o estresse afete negativamente o
individuo, sendo mediador ou moderador do estresse; não existência do suporte social é fonte
de estresse; sendo sua perda um estressor , uma vez que ele é benéfico.
Siqueira (2008) faz referências aos aspectos históricos do suporte social, com base em
vários estudos, evidenciando que a ruptura de vínculos sociais aumentava a suscetibilidade a
doenças diversas – como hipertensão arterial, depressão e tuberculose - contribuíram para
reafirmar a estreita relação entre redes sociais e saúde. A partir desta compreensão, diversos
conceitos foram utilizados para desenhar uma vida socialmente saudável, dentre eles, os que
destacam: o suporte social, o bem-estar e a integração social, avaliando seus relacionamentos
sociais e indicadores de saúde, procurando identificar tipos de relacionamento benéficos à
saúde e a analisar como as experiências nas relações sociais produziam impactos na saúde,
identificando índices mais elevados de integração social relacionados a manter o casamento,
manter contatos com amigos, pertencer a organizações sociais e religiosas, etc..Enfatiza o
suporte social como um processo interativo no qual ajudas de ordem emocional, instrumental
ou financeira são obtidas de redes sociais.
51
Atualmente, Siqueira e Padovam (2008) consideram que o suporte social aparece
como um conceito central no campo da psicologia da saúde, além de ser considerado um
medidor entre eventos estressores e saúde, ressaltando que pessoas bem integradas em suas
comunidades tendem a viver mais e também desenvolvem uma capacidade de recuperar-se
quando adoecem, indivíduos socialmente saudáveis seriam mais hábeis e teriam mais sucesso
para lidar com os desafios que se lhes apresentam diariamente no convívio social, viveriam
em famílias mais estáveis, integradas e coesas, participariam mais de atividades na
comunidade e conformar-se-iam com mais facilidades as normas sociais. Estudiosos de
diversas áreas do conhecimento apontam o suporte social como um fator de proteger e
promover a saúde, demonstraram evidencias que a ruptura de vínculos sociais aumentava a
suscetibilidade de diversas doenças.Para os autores, as pesquisas sobre saúde social deram
importância às configurações dos agrupamentos, transformando as redes sociais em um
importante fator para compreensão de uma vida saudável. Estudos epidemiológicos
demonstraram correlações positivas entre o convívio em redes e saúde, sendo que essas são as
fontes das quais emanam suporte sociais para seus integrantes transformando as redes sociais
em um importante fator para compreensão de uma vida saudável.
Os autores referem-se ainda a que o conceito de redes foi originalmente criado e
desenvolvido no âmbito da sociologia antropológica. Menciona, com base em varas pesquisas
na área, como sociólogos defendem a noção de que as redes têm algum poder sobre o
comportamento social das pessoas nelas envolvidas. A importância das redes na construção
social reside no pressuposto de que elas preenchem as necessidades individuais, criando para
seus integrantes inúmeras oportunidades de manter sua identidade social, receber apoio, ajuda
material, serviços, informações e novos contatos sociais. Redes são definidas como uma teia
identificada de relações sociais que circunda um indivíduo, bem como as características destas
ligações, compondo-se do conjunto de pessoas com quem alguém mantém contatos sociais.
As redes são as fontes donde emanam suportes sociais para seus integrantes.
Em 2008, Siqueira realizou um estudo que teve como objetivo construir e validar a
Escala de Percepção de Suporte Social (EPSS), não específica para o contexto de trabalho,
mas voltada para as relações sociais amplas, visando a apresentar aos pesquisadores
brasileiros uma medida fatorial válida e precisa. Essa escala será utilizada na pesquisa
juntamente com as Escalas Beck de Depressão e Ansiedade (Inventário de Depressão – BDI,
Inventário de ansiedade – BAI) – Cunha (2001) a fim de realizar os objetivos propostos nesse
estudo.
52
O Inventário de Depressão de Beck ("Beck Depression Inventory"; Beck et al., 1961;
BDI) é provavelmente a medida de auto-avaliação de depressão mais amplamente usada tanto
em pesquisa como em clínica, tendo sido traduzido para vários idiomas e validado em
diferentes países (GORESTEIN; ANDRADE, 2005).
Ao se examinar a intensidade da ansiedade em pacientes, é sempre conveniente
considerar que, em pacientes com ansiedade, é extremamente freqüente a superposição de
sintomas. Depressão é sempre uma possibilidade, e, daí, Beck e Steer (1993 a) lembram a
conveniência de utilizar o BAI e o BDI, “o BAI foi construído para medir sintomas de
ansiedade, que são compartilhados de forma mínima com os de depressão” (BECK e STEER,
1993 apud CUNHA, 2001).
Estudo de Manetti e Marziale (2007), o qual realizou uma revisão sistematizada nas
pesquisas publicadas entre 1995-2005 em revistas indexadas nas bases nacionais e
internacionais sobre os fatores associados à depressão relacionada ao trabalho de
enfermagem, constatou que entre os instrumentos padronizados e utilizados, 50% aplicaram
o Inventário de Depressão de Beck revisado - IDB .
1.4 OBJETIVOS
Este estudo tem como objetivo geral investigar a possível correlação entre os níveis
de depressão e ansiedade e a percepção de suporte social em profissionais de enfermagem.
E como objetivos específicos:
Descrever níveis de sintomas de depressão em profissionais de enfermagem.
Descrever níveis de sintomas de ansiedade em profissionais de enfermagem.
Descrever níveis das dimensões de suporte social (emocional e prático) em
profissionais de enfermagem.
53
2 MÉTODO
Trata-se de estudo exploratório descritivo de caráter quantitativo comparativo.
2.1 PARTICIPANTES
Os participantes selecionados foram 39 profissionais de enfermagem atuando em
hospital geral privado de porte médio, da cidade de São Paulo, nos turnos da manhã, tarde e
noite de ambos os sexos, faixa etária de 20 a 52 anos de idade, nível de escolaridade acima do
ensino fundamental, sem restrição de tempo de serviço, no período de 26 de Outubro a 07 de
Novembro de 2011. A amostra deste estudo foi do tipo não-probabilística de conveniência,
com disponibilidade imediata, trata-se do aceite do sujeito em participar por sua livre vontade
da pesquisa, respondendo aos questionários auto-aplicáveis, seguindo os seguintes critérios:
Critério de inclusão: profissionais de enfermagem que atuam nas diversas clínicas
exercendo a função de auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem.
Critério de exclusão: profissionais de enfermagem atuando na função de enfermeiro ou
cargo superior.
2.2 LOCAL
Os dados foram coletados no local de trabalho dos profissionais de enfermagem, em
um hospital geral privado de caráter particular no município de São Paulo, onde os
participantes do estudo atuam, nas diversas clínicas selecionadas: clínica médica, pronto
atendimento, unidade de terapia intensiva (UTI) e centro cirúrgico, de forma individual.
54
2.3 MATERIAL E INSTRUMENTOS
2.3.1. Escalas Beck de Depressão e Ansiedade (Inventário de Depressão – BDI, Inventário de
ansiedade – BAI) – Cunha (2001) e respectivos Formulários.
2.3.1.1 Inventário de depressão – BDI (Beck Depression Inventory)
O BDI foi desenvolvido por Beck e colaboradores(1961) no Center for Cognitive
Therapy da Universidade de Pensilvania, na Philadelphia, Estados Unidos para avaliar a
intensidade de depressão e revisado por Beck, Rush, Mock e Emery (1979/1982). A versão
em português das Escalas Beck foi traduzida, adaptada e padronizada por Cunha, em 2001. É
um instrumento para diagnóstico de quadros específicos, uma medida escalar com itens
descritivos de atitudes e sintomas que podem ser encontrados em diferentes categorias
nosológicas (Beck, Word ET AL, 1961), inicialmente desenvolvido como uma escala
sintomática de depressão.
É uma escala de auto-relato, de 21 itens, cada um com 4 alternativas, subtendendo
graus crescentes de gravidade da depressão (WILLIANS, BARLOW e AGRAS, 1972), com
escores de 0 a 3.os itens foram relacionados com base em observações e relatos de sintomas e
atitudes mais freqüentes em pacientes psiquiátricos, com transtornos depressivos, e “não
foram escolhidos para refletir qualquer teoria de depressão em particular” ( BECK e STEER,
1993 b, p.1 apud CUNHA,2001). O Escore total é o resultado da soma dos escores individuais
dos itens, que permite a classificação de níveis de intensidade da depressão, sendo mínimo de
0 a 11, leve de 12ª 19, moderado de 20 a 35 e grave de 36 a 63 ( CUNHA, 2001).
De acordo com Oliver e Simmons (1984) apud Cunha 2001, o escore acima do nível
18 no BDI, sugere uma estimativa de possível depressão.
Através da escala BDI, composta de 21 categorias que relatam sintomas e atitudes é
descritas manifestações comportamentais cognitivas, afetivas e somáticas da depressão. São
elas: humor, pessimismo, sentimentos de fracasso, insatisfação, sentimentos de culpa,
sentimentos de punição, autodepreciação, auto-acusação, desejo de autopunição, crises de
choro, irritabilidade, isolamento social, indecisão, inibição no trabalho, distúrbios do sono,
fatigabilidade, perda de apetite, perda de peso, preocupação somática e perda da libido. Esse
55
instrumento pode oferecer importantes subsídios do ponto de vista clinico, não só pelo nível
que recai o escore total, mas em relação ao conteúdo específico da configuração assumida
pelos itens assinalados, que revela o padrão sintomático que o examinando descreve.
Apresenta itens cognitivo-afetivos e outros que subentendem queixas somáticas e de
desempenho que constituem subescalas. No protocolo deve-se dar atenção especial à
avaliação feita ao item 2 que pode revelar pessimismo e ao item 9 que pode revelar idéias
suicidas/ existência de potencial suicida,l sendo que a avaliação de risco é relacionado a maior
ou igual a um no escore individual de cada item. (ANEXO B).
2.3.1.2 Inventário de ansiedade – BAI (Beck Anxiety Inventory)
O BAI foi criado por Beck, Epstein, Brown e Steer, no CCT, em 1988, com base em
vários instrumentos de auto-relatos usados no CCT para medir aspectos da ansiedade (Beck e
Steer, 1993ª), dos quais foram selecionados os itens que passaram a compor o Inventário.O
BAI é uma escala de auto-relato, que mede a intensidade de sintomas de ansiedade, composto
por itens que são “afirmações descritivas de sintomas de ansiedade”(BECK e STEER, 1993 a
apud CUNHA,2001), que devem ser avaliados pelo sujeito com referencia a si mesmo, numa
escala de 4 pontos, que, conforme o Manual, refletem níveis de gravidade crescente de cada
sintoma: 1 - absolutamente não,2 - levemente, 3 - moderadamente e 4 - gravemente .
Através da escala BAI, composto de 21 categorias que relatam os sintomas, as
manifestações comportamentais cognitivas, afetivas e somáticas da ansiedade. São elas:
dormência ou formigamento, sensação de calor, tremores nas pernas, tremores nas mãos,
incapacidade de relaxar, medo que aconteça o pior, tontura, palpitação ou aceleração do
coração, nervoso, sensação de sufocação, sensação de perda do equilíbrio, medo de perder o
controle, dificuldade de respirar, medo de morrer, indigestão ou desconforto no abdômen,
sensação de desmaio, rosto afogueado, suor.
O escore total é o resultado da soma dos escores individuais. Permite a classificação
em níveis de ansiedade, mínimo de 0 a 10, leve de 11 a 19, moderado de 20 a 30, grave de 31
a 63. È sempre conveniente considerar que, em pacientes com ansiedade, é extremamente a
superposição de sintomas ( CUNHA, STREB e SERRALTA, 1997 apud CUNHA, 2001).
Fato de que uma inspeção dos sintomas descritos pelo participante fornece um padrão das
queixas auto-relatadas, quer predominem queixas somáticas ( que podem ser consideradas de
56
um ponto de vista médico), quer queixas associadas a aspectos de ansiedade subjetiva
associada ao pânico. Portanto examinar grupos específicos de sintomas, conforme os autores
pode favorecer a realização de um diagnóstico (CUNHA, 2001). (ANEXOC).
2.3.2 Escala de Percepção de Suporte Social (EPSS)
Esta escala foi desenvolvida e validada por Siqueira (2008) e tem por objetivo avaliar
a percepção de suporte social. É constituída por 29 itens, respondidos em uma escala de
respostas de quatro pontos (1=nunca, 2=poucas vezes, 3=muitas vezes, 4= sempre), na qual o
indivíduo informa a freqüência com que percebem a possibilidade de contar com o suporte
social de alguém. É considerada uma medida válida e precisa, os seus 29 itens possuem cargas
fatoriais importantes (maiores que 0,35, positivas ou negativas) em apenas um fator, e os itens
formaram dois fatores altamente precisos (alfas superiores a 0,90) e teoricamente consistentes,
o primeiro fator possibilita avaliar suporte prático e o segundo fator permite mensurar suporte
emocional, sendo estas duas dimensões as defendidas por pesquisadores de suporte social
(Cobb;1976; Seeman, 1982 e Thoits, 1982 apud SIQUEIRA, 2008).(ANEXO D).
2.3.3 Questionário Complementar
Questionário complementar com dados sócio demográficos contendo dados cadastrais
relativo ao tempo de formação, outros empregos atuais, carga horária de trabalho exercida no
hospital e no total, idade, características da composição familiar, estado civil, e alguns
aspectos gerais do estado de saúde, como medicamentos utilizados, cirurgias, problemas de
saúde e quais tratamentos psicoterápicos e ou psiquiátricos que já realizou, formulado e
impresso pelo pesquisador responsável. (ANEXO E ), utilizado em seguida aos instrumentos
da pesquisa, servindo para caracterizar o perfil socioeconômico da amostra e como dados
complementares e comparativos.
57
2.4 PROCEDIMENTOS
2.4.1 Apresentação dos Instrumentos
Os instrumentos foram acondicionados dentro de um envelope de papel lacrado com
etiqueta adesiva, na seguinte ordem: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE
(ANEXO A), primeira e segunda vias, Inventário de Depressão – BDI (ANEXO B),
Inventário de Ansiedade – BAI (ANEXO C), Escala de Percepção de Suporte Social – EPSS
(ANEXO D) e Questionário Complementar (ANEXO E). O envelope continha informações
impressas na frente, assegurando a participação voluntariada e gratuita, que os dados seriam
mantidos sob total sigilo da pesquisadora responsável; continham também a finalidade da
pesquisa que é um estudo acadêmico e científico, objetivando identificar e aprofundar os
conhecimentos em Psicologia da Saúde sobre sintomas mentais e suporte social em
profissionais de enfermagem e instruções que deveriam ser seguidas: primeiramente ler o
TCLE , aceitar ou não participar da pesquisa, se positivo preencher e assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) sendo que a segunda via deveria permanecer com
o participante da pesquisa, em seguida: responder os questionários propostos (Escalas Beck de
Depressão e Ansiedade – BDI e BAI, Escala de Percepção de Suporte Social – SPSS) e por
ultimo devolver os questionários e a primeira via do TCLE assinado dentro do envelope
fechado e lacrado com a etiqueta sobressalente também enviada.
2.4.2 Seleção
Os envelopes descritos acima no item 4.4.1 foram distribuídos primeiramente pela
Gerencia de Enfermagem aos supervisores e chefes das clínicas de atuação selecionadas:
clínica médica, pronto atendimento, unidade de terapia intensiva (UTI) e centro cirúrgico. Os
supervisores e chefes selecionaram aleatoriamente uma amostra não probabilística por
conveniência em respeito aos diferentes horários e locais de atuação relativos às clínicas de
especialidades os profissionais de enfermagem foram convidados a participar da pesquisa
individualmente, respondendo os questionários propostos no local de trabalho. Após o
58
preenchimento e fechamento dos envelopes pelo próprio participante, os protocolos foram
enviados a Gerencia de Enfermagem e retirados pela pesquisadora responsável. Os dados
foram coletados no período de 26 de Outubro de 2011 a 07 de Novembro de 2011.
2.5 TRATAMENTO DOS DADOS
A avaliação dos dados coletados foi feita baseado na metodologia quantitativa e
descritiva de acordo com a proposta dos autores dos instrumentos utilizados na coleta da
amostra e com a consultoria e orientação da professora de Estatística da Universidade
Metodista de São Paulo. Ms. Cecilia Aparecida Vaiano Farhat. Os dados coletados no
questionário complementar foram categorizados por conteúdo, atribuindo-se codificação
específica para facilitar lançamento no programa estatístico informatizado SPSS – Statistical
Package for the Social Sciences, versão 17 para Windows, sendo este muito utilizado na área
da saúde. Esses resultados foram apresentados através de tabelas e gráficos e a discussão foi
realizada de acordo com referencial teórico da psicologia psicanalítica.
2.6 ASPECTOS ÉTICOS: RISCOS E BENEFÍCIOS
A presente investigação visou atender aos requisitos descritos na Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde de 10 de Outubro de 1996 – que trata de pesquisas que
envolvem seres humanos.
Todos profissionais de enfermagem foram orientados sobre a natureza acadêmica
deste estudo.
Foi solicitado ao profissional o preenchimento e assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A), garantindo que as informações prestadas
envolvendo as escalas de Beck, o questionário complementar serão utilizadas para fins
acadêmicos e mantidas sob total sigilo e, que os participantes não sofrerão nenhum
prejuízo de ordem física ou psicológica, além de que a sua privacidade será preservada.
59
Foi emitida uma solicitação formal de autorização à instituição onde os
profissionais de enfermagem trabalham para a realização da pesquisa em suas
dependências.
Projeto de Pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP- UMESP,
data: 24/02/2011, Prot.nº 385077-10, CAEE: 0116.214.000-10. (ANEXO E).
Salienta-se que esta pesquisa não ofereceu riscos aos seus participantes, já que se
tratou da aplicação de escalas e questionários, técnicas não evasivas e que não implicam
em intervenções apenas retratam e revelam características pessoais já existentes no sujeito.
Quanto ao compromisso ético do pesquisador é importante ressaltar que a presente
pesquisa assegurou-se o sigilo dos dados, preservação da identidade dos participantes e
como já exposto anteriormente, apenas participaram da pesquisa aqueles sujeitos que
depois de informados e esclarecidos sobre o tema e a finalidade da pesquisa concordaram
em participar conforme o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Ressalta-se ainda que os protocolos de pesquisa - Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido - TCLE (ANEXO A) primeira via, Inventário de Depressão – BDI (ANEXO
B), Inventário de Ansiedade – BAI (ANEXO C), Escala de Percepção de Suporte Social –
EPSS (ANEXO D) e Questionário Complementar (ANEXO E) - foram devolvidos dentro
do envelope lacrado pelo participante, sugerindo a orientação do pesquisador impressa no
lado externo do envelope e entregue aos participantes, a fim de preservar a identidade e o
sigilo dos dados obtidos.
Com relação aos benefícios é importante apontar as contribuições do estudo para
ampliação de conhecimento e promoção da saúde mental na área de saúde do trabalhador
dos profissionais de enfermagem.
60
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Com a finalidade de sistematizar a apresentação dos resultados e sua discussão, na
primeira parte, apresenta a caracterização sócio econômica da amostra, descrevendo seus
dados sócio-demográficos e aspectos clínicos gerais do estado de saúde obtidos, através do
questionário adicional aplicado obtendo dados complementares e comparativos.
A segunda parte apresenta os resultados das análises descritivas referentes aos níveis
de sintomas de depressão, ansiedade e de percepção de suporte social dos participantes.
A terceira parte apresenta e discute as correlações entre níveis de sintomas de
depressão, ansiedade e percepção de suporte social nos profissionais de enfermagem da
amostra.
Quanto ao questionário adicional sobre aspectos sócio-demográficos clínicos, foram
obtidos os seguintes dados:
Gráfico 1 - Faixa Etária
No gráfico 1 , podemos verificar que 51% da amostra encontra-se na faixa de 20 a 29
anos de idade ( 20 participantes) , 33% encontram-se na faixa etária de 30 a 39 anos ( 13
participantes) , 13 % encontram-se na faixa de 40 a 49 anos (5 participantes) e apenas 3%
possuem acima de 50 anos (1 participante), sendo a idade mínima de 20 anos e a máxima de
52, a média dos sujeitos estudados é de 30,81.
51%
33%
13%
3% 20 a 29
30 a 39
40 a 50
acima 50
61
Gráfico 2 – Gênero
No gráfico 2 podemos observar que 62 % dos participantes são do sexo feminino (24)
e 38% do sexo masculino (15), confirmando que Haddad (2000) postula que a enfermagem é
uma profissão essencialmente feminina relacionada ao ato de cuidar do outro.
Observa-se, portanto, a predominância do gênero feminino e a faixa etária entre 20 e
29 anos.
Gráfico 3 - Estado Civil
O gráfico quanto ao estado civil dos participantes demonstra que 41% dos
participantes são casados (16), 38% são solteiros (15), 13% são divorciados (5) e 8% tem
companheiro (3), o que dá um total de 49% de participantes casados ou vivendo com
companheiro.
62%
38%
Feminino
Masculino
62
Gráfico 4 – Com quem reside?
No gráfico 4 pode-se observar que 36 % dos participantes (14) residem com esposa,
marido, ou companheiros e ou filhos, 31% dos participantes (12) residem com pai, mãe e ou
irmãos, e 33 % dos participantes (13) residem com não-familiares ou sozinhas. Observa-se,
portanto, que a grande maioria reside com familiares (67%).
Gráfico 5 – Número de Filhos
Pode-se verificar no gráfico 5 que a maioria (54%) dos participantes não possuem
filhos, 31% possuem apenas um filho, 10% possuem dois filhos e 5% possuem 3 ou mais
filhos.
63
Gráfico 6 – Renda Familiar
Quanto a renda familiar, pode-se constatar que 13% dos participantes (5) não
declararam o valor, 38% (15 participantes) referem possuir renda de 4 a 8 salários mínimos,
enquanto que 26% (10 participantes) referem possuir renda familiar acima de 8 salários
mínimos e 23% (9 participantes) referem possuir renda familiar de apenas até 4 salários
mínimos.
Gráfico 7– Renda Individual
Observa-se, portanto que o maior índice de renda familiar (38%) fica entre 4 e 8
salários mínimos, dados que sugerem que a contribuição do auxiliar de enfermagem seja
significativa para este montante, uma vez que 72% dos participantes declararam receber entre
3 e 4 salários mínimos, remuneração esta elevada para sua categoria.
64
Constata-se também que 10% dos participantes não revelaram o valor recebido, ao
mesmo tempo em que 10% declararam receber acima de 4 salários mínimos e apenas 8%
referiram-se receber até 3 salários mínimos.
Gráfico 8 – Nível de Escolaridade
No gráfico 8 podemos observar que 51% dos participantes (20) referem ter ensino
médio/técnico enquanto 39 % dos participantes (15) referem ter superior incompleto e 10%
(4) superior completo.
Gráfico 9 – Tempo de Formação
No gráfico 9 foi possível constatar que 33% dos participantes (13) possuem de um
até cinco anos de formação, 49% (19) , referem de 6 a 10 anos de formação e 18 % (7)
referem mais de 10 anos no tempo de formação.
65
Gráfico 10 – Atividade Profissional
No que se refere à prática da atividade profissional dos participantes da amostra
estudada, a maioria 62% (24) exercem atividade de técnico de enfermagem, enquanto que
38% (15) exercem a atividade de auxiliar de enfermagem. Ambos os níveis atuam sob
supervisão dos enfermeiros, sendo que os auxiliares desempenham funções de higiene e
cuidados básicos, executam tratamentos prescritos ou de rotina (curativos, coleta de material
para exames laboratoriais, preparação para consultas), prestação de cuidados pré e pós
operatório, execução dos trabalhos de rotina vinculadas a alta dos pacientes e procedimentos
pós-morte e os técnicos de enfermagem executam atividades de assistência de enfermagem,
assistem ao enfermeiro no planejamento, programação, orientação e supervisão de assistência
de enfermagem, prestação de cuidados diretos de enfermagem a pacientes em estado grave, ou
seja, atuam em um nível intermediário. Ambos possuem um contato diário com o paciente, o
que supõe a necessidade de um controle emocional maior, uma vez que lidam com o
sofrimento em seu dia-a-dia, inclusive com óbito.
Quanto ao local de autuação, nas diferentes clínicas da instituição, foi observado que
praticamente um quarto dos participantes (9) atuam nas U.T.I.s e, portanto, lidam diariamente
com diversos estressores emocionais; da mesma forma, os que atuam no Pronto Atendimento,
que necessitam de uma prontidão ágil e qualificada para encaminhamento dos pacientes; além
dos que auxiliam no Centro Cirúrgico, onde a morte é sempre uma possibilidade. Nas clínicas
médicas, o auxiliar depara-se muitas vezes com os cuidados paliativos, o que demanda uma
adaptação criativa nas suas funções.
66
Gráfico 11 – Clínicas de Atuação
Com relação à distribuição nas clínicas de atuação, 10 participantes atuam na U.T.I.,
10 no Pronto Atendimento, 10 na Clínica Médica, e 9 participantes no Centro Cirúrgico.
Gráfico 12 – Carga Horária
No gráfico referente à carga horária exercida, podemos observar que 44% dos
participantes (17) atuam até 6 horas diárias, 33% dos participantes (13) atuam 12 horas
diárias. 13% dos participantes (5) atuam de 6 a 10 horas, e 10% dos participantes (4) atuam
mais de 12 horas diárias.
67
Gráfico 13 – Período da Atividade Profissional
No que se refere ao período da atividade profissional, 64% dos participantes (25)
atuam no período diurno enquanto que 36% dos participantes (14) atuam no noturno.
Gráfico 14 – Quantidade de Empregos
No gráfico 14 podemos observar que 87% dos participantes (34) da amostra estudada
possuem apenas um emprego enquanto que 13 % dos participantes (5) possuem dois
empregos.
Observa-se nos gráficos acima que a maioria (87% dos participantes) possui apenas
um emprego, o que constitui um dado favorecedor ao seu bem estar, além do que 64%
exercem atividade diurna e 44% trabalham até seis horas diárias. Por outro lado, 43% da
amostra atuam 12 horas ou mais, e 13% possuem dois empregos, fatores estes estressantes.
68
Gráfico 15 – Tempo de Atuação no Hospital
Nesse gráfico, podemos constatar que 69% (27 participantes) referem atuar no hospital
até cinco anos, 28% referem atuar no hospital de 5 a dez anos e 3 % referem (1 participante)
refere atuar no hospital acima de dez anos.
Gráfico 16 – Tempo de Atuação Profissional na Atividade Exercida
Podemos observar que 46% dos participantes exercem suas atividades por até cinco
anos (18 participantes), 36% (14 participantes) de cinco até dez anos e 18% (7 participantes)
acima de dez anos.
69
Gráfico 17 – Gráfico 19 x Gráfico 20
O gráfico acima demonstra o tempo de atuação no hospital (gráfico 15), juntamente
com o tempo de atuação profissional na atividade exercida (gráfico 16), onde verificamos
uma predominância de tempo na atuação no hospital em relação ao tempo de atuação
profissional na atividade exercida.
Observa-se, portanto, uma estabilidade de permanência na instituição hospitalar, o que
sugere que estes profissionais estejam encontrando apoio em seu ambiente de trabalho.
Quanto aos aspectos gerais de saúde dos participantes, ressalta-se a possibilidade de os
mesmos, apesar de cientes do caráter de resguardo ético e sigiloso de seus dados, haverem
optado por transmitir um quadro mais positivo.
Gráfico 18 – Avaliação do Estado de Saúde
0
5
10
15
20
25
30
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
tempo atuação no hospital
tempo atuação profissional na atividade exercida
70
Podemos verificar no gráfico acima que 69% dos participantes (27) referem que o seu
estado de saúde é bom, enquanto que 23% dos participantes (9) referem ao estado de saúde
ser muito bom e 8 % dos participantes (3) referem que é médio.
Gráfico 19 – Possuem problemas de saúde?
No gráfico acima podemos verificar que 69% dos participantes (27) referem não
possuir algum problema de saúde, enquanto 31% (12) referem possuir algum tipo de
problema de saúde.
Gráfico 20 - Utilização de Medicamentos
Podemos observar que em relação à utilização de medicamentos, a maioria dos
participantes da amostra estudada, 72% (28) referem não utilizar medicamentos enquanto que
28% dos participantes (11) referem utilizar medicamentos.
71
Gráfico 21 – Tratamento de saúde
No gráfico 21 em relação à realização de algum tipo de tratamento de saúde, a maioria
dos participantes da amostra estudada 69% (27) referem não ter realizado tratamento de saúde
enquanto que 31% dos participantes (12) referem já ter realizado algum tratamento de saúde.
Gráfico 22 – Procedimentos Cirúrgicos
No gráfico acima, podemos observar que 41% dos participantes (16) já realizaram
procedimentos cirúrgicos enquanto que 59% dos participantes não realizaram nenhum
procedimento cirúrgico.
Em relação às declarações relativas à problemática psicológica, o resguardo na
divulgação dos dados também foi observado, sendo que os participantes optaram por não
relatá-la, o que é sugerido pelo índice muito baixo de seu histórico de tratamento psicológico
e psiquiátrico, conforme os gráficos abaixo.
72
Gráfico 23 – Tratamento Psicológico
Em relação à realização de tratamento psicológico, 21 % dos participantes (8) referem
que já realizaram enquanto que a maioria dos participantes 79 %, (31) referem não ter
realizado tratamento psicológico. Quanto ao motivo do tratamento psicológico: três
participantes declaram o mesmo estar relacionados à depressão, e cinco, a problemas de
relacionamento familiar.
Gráfico 24 – Tratamento Psiquiátrico
No gráfico 24 podemos constatar que a maioria dos participantes da amostra estudada.
95% (37) referem não ter realizado tratamento psiquiátrico, sendo que os 5% que afirmaram
haver passado por tratamento psiquiátrico, mencionaram como causa a depressão.
Em relação à religião:
73
Gráfico 25 - Religião
Gráfico 26 – Pratica da Religião
Verifica-se que 56% dos participantes afirmam serem católicos, 33% evangélicos, 5%
espíritas, 3% protestantes e 3% não têm religião, contudo quanto à prática da religião, 51 %
dizem não praticá-la, e 31% são praticantes.
Os dados obtidos no questionário complementar, apesar de não conclusivos, fornecem
um pálido pano de fundo aos verificados quanto à possível correlação entre os níveis de
ansiedade e de depressão dos participantes e sua percepção do suporte social, uma vez que
nos possibilitam formar uma imagem mais objetiva dos mesmos.
74
A segunda parte apresenta os resultados das análises descritivas referentes aos níveis
de sintomas de depressão, ansiedade e de percepção de suporte social dos participantes.
Os níveis de sintomas mentais de depressão (cognitivo/afetivo). BDI S1, de depressão
(somática e desempenho), BDI S2, e depressão ao todo, BDI Total; os resultados obtidos
quanto aos níveis de ansiedade, BAI, ansiedade, assim como os de percepção de suporte
social emocional e prático são descritos na tabela 1, abaixo:
Tabela 1 – Níveis de Depressão, Ansiedade e Percepção de Suporte Social
Variáveis Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
BAI -
Ansiedade
0 30 6,10 5,826
BDI S1 -
Depressão
(cognitivo
afetivo)
0 13 4,31 3,764
BDI S2 –
Depressão
(somática e
desempenho)
0 07 3,03 2,323
BDI TOTAL -
Depressão
0 19 7,36 5,163
Percepção de
suporte social -
emocional
1,00 4,00 2,61 0,781
Percepção de
suporte social –
prático
1,00 3,00 2,28 0,686
Conforme esta tabela, podemos observar que a freqüência da Escala Beck de
Ansiedade – BAI teve mínimo de 0 e máximo de 30, com média de 6,10 (DP=5,826)
enquanto que a Escala Beck de Depressão – BDI total apresentou uma freqüência mínima 0 e
a máxima de 19, com média de 7,36 (DP=5,163) sendo que a subescala cognitivo-afetiva
apresentou mínimo de 0 e máximo de 13, com média de 4,31 (DP= 3,764) e a subescala
somática e de desempenho apresentou uma freqüência mínima de 0, máxima de 7, com média
de 3,03 (DP= 2,323).
Os escores médios fatoriais da percepção de suporte social apresentam em seus
níveis: suporte emocional freqüência mínima de 1,00 e a máxima de 4,00, com média de
2,61(DP=0,781) e no suporte prático a freqüência mínima de 1,00 e a máxima de 3,00, com
média de 2,28 (DP=0,686) Conforme os resultados pode-se ver que a média mais elevada
refere-se à percepção de suporte social emocional, o que indica que os profissionais de
75
enfermagem o têm encontrado, o que pode estar relacionado a poder compartilhar suas
alegrias, realizações e tristezas, a obter atenção, consolo e compreensão de suas dificuldades.
No que concerne ao suporte prático, a média apesar de mais baixa, também indica que os
mesmos têm encontrado ocasionalmente este tipo de suporte, o qual está relacionado a receber
ajuda para resolver problemas práticos, receber sugestões e conselhos, receber ajuda
financeira e apoio para a realização dos afazeres cotidianos.
A tabela 1 ainda mostra que a média da percepção do suporte emocional 2,61 (DP =
0,781) é significativamente maior do que o suporte prático 2,28 (DP=0,686) indicando que as
pessoas pesquisadas percebem que podem contar mais frequentemente com alguém que lhes
apóie compartilhando suas alegrias e realizações, compreendendo-as demonstrando carinho,
consolando-as e fazendo as se sentirem valorizados, do que com o apoio que diz respeito a
receber informações, sugestões, esclarecimentos de dúvidas, bem como ajuda para resolução
de problemas concretos.
Em relação às Escalas Beck de Ansiedade – BAI, os seguintes resultados foram
obtidos, conforme tabela abaixo:
Tabela 2 – Dados da Escala BAI
Níveis de escores Freqüência Porcentagens
0/10 – mínimo 33 85% 11/19 – leve 05 13%
20/30 – moderado 01 2% 31/63 – grave 00 0
Total 39 100%
Como descrito, 85% dos participantes (33) encontram-se no nível mínimo dos escores
do BAI enquanto que 13% dos participantes (05) encontram-se no nível leve e apenas 2% da
amostra, um participante encontra-se no nível moderado.
De acordo com a tabela 2, podemos constatar que apesar de 13% dos participantes
apresentarem intensidade leve dos sintomas de ansiedade e apenas 2% apresentaram nível
moderado dos sintomas de ansiedade, esses dados estão acima do esperado pela literatura,
confirmando que até 25% dos indivíduos podem ter transtorno de ansiedade generalizada
como diagnóstico principal (DSM-IV-TR).
Estimativas conservadoras sugerem uma prevalência de cerca de 1% na população em
geral de acordo com Kaplan, Sadock, Grebb (1997) e que até 5 % da população pode sofrer de
ansiedade aguda ou crônica. De acordo com a prevalência relatada no DSM-IV-TR, o
transtorno de ansiedade generalizada em uma amostra comunitária, em um ano, foi de
76
aproximadamente de 3% e a taxa de prevalência durante a vida de 5%. Nas clinicas para
transtornos de ansiedade, até 25% dos indivíduos tem transtorno de ansiedade generalizada
como diagnóstico principal ou co-mórbido.
Gráfico 27 – Níveis dos Escores do BAI – Individual
Em relação às Escalas Beck de Depressão – BDI, obtiveram-se os seguintes
resultados:
Tabela 3 – Dados da Escala BDI Total
Níveis de escores Freqüência Porcentagens
0/11 – mínimo 32 82% 12/19 – leve 07 18%
20/35 – moderado 00 0% 36/63 – grave 00 0
Total 39 100%
Conforme a tabela 3 podemos observar que 82% dos participantes (32) da amostra
encontram-se no nível mínimo dos escores do BDI total enquanto que 18% dos participantes
(07) encontram-se no nível leve.
Considerando-se a prevalência-ponto e a variação de 5 a 9% para as mulheres e de 2 a
3% para os homens, os dados da tabela 3 revelam que 18 % dos participantes encontram-se no
nível leve de sintomas de depressão, resultado acima da prevalência sugerida pela literatura
pesquisada (DSM-IV-TR).
0
5
10
15
20
25
30
35
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Esco
res
Participantes
77
Esses dados, portanto, evidenciam um nível mais elevado de depressão total, uma vez
que o DSM-IV-TR relata quanto a prevalência, o risco para transtorno depressivo maior
durante a vida em amostras comunitárias tem variado de 10 a 25% para as mulheres e de 5 a
12% para os homens. A prevalência-ponto do transtorno depressivo maior em adultos, nas
amostras comunitárias, tem variado de 5 a 9% para as mulheres e de 2 a 3% para os homens.
Os índices de prevalência para transtorno depressivo maior parecem não ter relação com
etnia, educação, rendimentos ou estado civil.
Tabela 4 – Níveis dos Escores do BDI Total
Níveis de escores Frequência Porcentagens
0/17 36 92%
Acima de 18 03 8%
Total 39 100%
Os dados apresentados na tabela 4, sugerindo 8% de incidência dos sintomas
depressivos encontram-se dentro da faixa de prevalência sugerida pela literatura consultada,
DSM-IV-TR e Kaplan, Sadock J. e Sadock V.(2007) que sugerem de 10 a 25% nas mulheres
e 5ª 12% nos homens.
Gráfico 28 – Níveis dos Escores do BDI Total – Individual
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Esco
res
Participantes
78
Gráfico 29 – Níveis dos Escores do BDI Total – Individual – Em Ordem Crescente
Através do gráfico 27 e da tabela 4 acima podemos constatar os níveis individuais dos
Escores do BDI total, sendo que 8% dos participantes (3) encontram-se acima do nível 18 de
acordo com Oliver e Simmons (1984) apud Cunha 2001, sugerindo uma estimativa de
possível depressão.
Gráfico 30 – Níveis dos Escores do BAI e BDI Total
Os dados dos gráficos 28, 29 e 30 confirmam Cunha, (2001) que em pacientes com
ansiedade é freqüente a superposição de sintomas de depressão sendo a depressão sempre uma
possibilidade e Kaplan (1984) sendo a ansiedade característica central da maioria das doenças
psiquiátricas, existindo sozinha, como sintoma predominante ou juntamente com outras
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Esco
res
Participantes
0
5
10
15
20
25
30
35
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Esco
res
Participantes
B A I
BDI TOTAL
79
manifestações de perturbação emocional. Kaplan, Sadock e Grebb (1997) afirmam que é
comum a coexistência de sintomas depressivos e ansiosos sem que esses sintomas satisfaçam
os critérios diagnósticos para outros transtornos mentais, depressivos ou não.
O DSM –IV segue os passos da décima revisão da classificação internacional de
doenças (CID-10) incluindo o transtorno depressivo-ansioso misto, como um exemplo de
transtorno de ansiedade, transtorno abrange os pacientes que apresentam sintomas tanto de
ansiedade quanto de depressão, mas não reúnem os critérios associados para um transtorno de
ansiedade ou um transtorno do humor. Segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997) a
combinação de sintomas de ansiedade e depressão resulta em um comprometimento funcional
significativo para o individuo afetado sendo que a condição se situa nos limites de
normalidade e não indica a classificação como um transtorno mental.
Os dados revelam que os participantes parecem estar igualmente, propensos a
iniciarem com sintomas proeminentes de ansiedade, sintomas proeminentes de depressão ou
uma mescla igual dos dois tipos de sintomas, sugerindo o que Kaplan, Sadock e Grebb
(1997) afirma que entre os transtornos de ansiedade, o transtorno de ansiedade generalizada
tem a maior probabilidade de sobreposição com o transtorno misto de ansiedade e depressão,
entre os transtornos do humor, o transtorno distímico e o transtorno depressivo menor são
aqueles mais propensos a sobreporem-se ao transtorno misto de ansiedade e depressão.
Kaplan, Sadock e Grebb (1997) refere-se ainda que algumas pessoas possuem
sintomas de transtornos de ansiedade, mas não satisfazem os critérios para qualquer transtorno
de ansiedade específico do DSM-IV, transtorno de ansiedade sem outra especificação,
transtorno de ajustamento com humor ansioso ou transtorno misto de ansiedade e depressão e
que quanto a epidemiologia, a coexistência de transtorno depressivo maior com transtorno de
pânico é comum. Até 60% dos pacientes com sintomas depressivos têm sintomas
proeminentes de ansiedade, 30% podem satisfazer os critérios diagnósticos para transtorno de
pânico. Sendo comum a coexistência de sintomas depressivos e ansiosos, sem que satisfação
os critérios diagnósticos para outros transtornos depressivos e de ansiedade. Contudo alguns
clínicos e pesquisadores estimam que a prevalência do transtorno na população geral seja de
até 10% e, nas clinicas de atendimento primário, de até 50%, embora estimativas
conservadoras sugiram uma prevalência de cerca de 1% na população em geral.
Os níveis de sintomas apresentados, apesar de maioria se encontrarem na faixa de
intensidade leve denotam que os profissionais de saúde estão suscetíveis aos problemas de
saúde mental segundo Baba, Galperin e Lituchy, 1999; onde o sofrimento psíquico é inerente
ao trabalho no ambiente hospitalar conforme afirma Nogueira-Martins, 2003; constatando que
80
o ambiente hospitalar oferece fatores estressantes tanto para os pacientes como para a equipe
de profissionais, sendo que os profissionais de enfermagem estão expostos continuamente a
situações confrontando com as manifestações angustiantes de sofrimento, dor, aflição,
tristeza, desesperança, presenciando a luta entre a vida e a morte, podendo gerar tensões e
sofrimento ao trabalhor, interagindo a maior parte do tempo com indivíduos que necessitam
de sua ajuda, conforme relatado na literatura por Aries 1981, Sebastiani, 2002; Kovacs,
2002; Carvalho, 2004, Ramos, 2004; Silva, 2004; Pessini e Bertachiniul 2005; Alves, Godoy
e Santana, 2006.
Os dados constatados na tabela 2, relativos a ansiedade dos participantes, e à 3,
relativos a depressão total, evidenciam portanto 15% de sintomas de ansiedade e 18% de
sintomas de depressão, apesar da maioria se encontrarem na faixa de intensidade leve,
encontram-se acima do índice da literatura proposta por Kaplan, Sadock e Grebb (1997) que
refere sobre a coexistência de sintomas depressivos e ansiosos de até 10% na população.
Os resultados da tabela 3 e 4 sugerem que pode ser comum a coexistência de sintomas
depressivos e ansiosos, sem que satisfação os critérios diagnósticos para outros transtornos
depressivos e de ansiedade, conforme relata Kaplan, Sadock e Grebb (1997) referindo que
alguns clínicos e pesquisadores estimam que a prevalência do transtorno na população geral
seja de até 10% e, nas clinicas de atendimento primário, de até 50%, embora estimativas
conservadoras sugiram uma prevalência de cerca de 1% na população em geral. Os dados
relatados também confirmam Cunha, (2001) que em pacientes com ansiedade é freqüente a
superposição de sintomas de depressão sendo a depressão sempre uma possibilidade.
Este estudo levantou as correlações entre as variáveis obtidas, conforme segue:
81
Tabela 5 – Correlação entre Níveis de Ansiedade - BAI, Depressão – BDI e Percepção de
Suporte Social Emocional e Prático - Média, Desvio Padrão e Índices de Correlação
(r de Pearson) (n=39)
Média Desvio
Padrão
1/ BAI -
Ansiedade
2/ BDI S1
-
Depressão
(cognitivo
afetivo)
3/BDI S2 –
Depressão
(somática e
desempenho)
4/ BDI
TOTAL-
Depressão
5/ Percepção
de suporte
social -
emocional
BAI -
Ansiedade
6,10 5,826
BDI S1 -
Depressão
(cognitivo
afetivo)
4,31 3,764 0,452**
BDI S2 –
Depressão
(somática e
desempenho)
3,03 2,323 0,451** 0,408**
BDI
TOTAL-
Depressão
7,36 5,163 0,532** 0,911** 0,748**
Percepção de
suporte
social -
emocional
2,61 0,781 -0,365* -,375** -0,270 -0,399*
Percepção de
suporte
social –
prático
2,28 0,686 -0,259 -0,392* -0,213 -0,382* 0,861**
P < 0,05 = correlação positiva, forte e significativa.
Foi verificada uma Relação Significante Positiva (P=0,004), relação esta fraca mas
existente entre os escores das escalas BAI (ansiedade) e BDI (depressão) – BDIS1 e BDIS2.
Esses dados confirmam a coexistência de sintomas depressivos e ansiosos, segundo estudos
de Kaplan (1997) e Cunha (2001).
A correlação entre a Percepção de Suporte Social Emocional e o nível de ansiedade
verificado pela Escala BAI apresentou uma relação negativa e inversa com BAI (ansiedade) e
significante (P=0,022), ou seja, enquanto a percepção de suporte emocional aumenta, o escore
da escala de ansiedade diminui.
A correlação entre a Percepção de Suporte Social Emocional e o nível de depressão
verificado pela Escala BDI apresentou uma relação negativa e inversa com BDI total
(depressão total) e significante (P=0,012), ou seja, enquanto a percepção de suporte
emocional aumenta, o escore total da escala de depressão diminui.
82
A correlação entre a Percepção de Suporte Social Emocional apresentou também uma
relação negativa e inversa com BDI S1 (depressão cognitivo e afetivo) e significante
(P=0,019), ou seja, enquanto a percepção de suporte emocional aumenta, o escore parcial da
escala de depressão referente as características/aspectos cognitivas e afetivas diminui. Da
mesma forma, a correlação entre a Percepção de Suporte Social Prático apresenta relação
negativa e inversa com BDI Total (depressão total) e significante (P=0,016) enquanto a
percepção de suporte emocional prático aumenta, o escore total da escala de depressão
diminui.
A correlação entre a Percepção de Suporte Emocional Prático também apresentou
relação negativa e inversa com BDI S1 (depressão cognitivo e afetivo) e significante
(P=0,014), ou seja, enquanto a percepção de suporte emocional prático aumenta, o escore da
escala de depressão referente aos aspectos cognitivos e afetivos diminui.
Esses dados apontam para que a percepção de suporte social tenha efeitos mediadores
na proteção de saúde como sugerido por Ribeiro (1999), sendo benéfico e protegendo contra
as perturbações induzidas pelo estresse devido a atividade profissional, conforme os estudos
confirmaram que a problemática de saúde era mais pronunciada na ausência do suporte social,
assim como o papel do suporte social como moderador do impacto negativo das condições
adversas de trabalho. Na década de 90, Thomason et al (1996) verificaram que o suporte
social, embora mediado por outras variáveis influencia a emergência de sintomas em doentes
com SIDA; Blaney et al. (1997) também verificaram que o aumento do suporte social tem
impacto positivo nas manifestações psicológicas associadas à SIDA.
A correlação negativa e inversa do suporte social emocional com o escore da escala
de ansiedade (BAI), escore total da escala de depressão (BDI total) e o escore parcial da
escala de depressão referente as características/aspectos cognitivas e afetivas (BDI S1), assim
como a relação negativa e inversa do suporte social prático com os escores total da escala de
depressão (BDI total) e da escala de depressão referente aos aspectos cognitivos e afetivos
(BDI S1), ou seja, enquanto a percepção de suporte social emocional e prático aumentam, os
escores das escala de ansiedade, de depressão e o escore parcial da escala de depressão
referente as características e aspectos cognitivos e afetivos diminuem, concordando com
Siqueira (2008) que o suporte social é um fator capaz de proteger e promover a saúde e
também de encontro com Rodriguez e Cohen (1998) afirmam que o suporte social é
considerado capaz de gerar efeitos benéficos para a saúde tanto física como mental,
guardando uma estreita relação com o bem-estar e ainda de encontro com Ribeiro (1999)
afirma que em relação aos efeitos do suporte social na saúde protege contra as perturbações
83
induzidas pelo estresse impedindo que o estresse afete negativamente o individuo, sendo
mediador ou moderador do estresse; que a não existência do suporte social é fonte de estresse;
a perda de suporte social é um estressor e por último, o suporte social é benéfico.
Os resultados acima descritos também constatam o que foi relatado por Cohen e Syme
(1985), os quais defendem que o suporte social, entendido como recursos fornecidos por
outras pessoas e recursos de informações potencialmente úteis pode ter efeito positivo sobre a
saúde, consideração que possui implicação na etiologia e recuperação de ambas as doenças
físicas e sofrimento psicológicos, tentando estabelecer os efeitos benéficos do suporte social
na saúde.
Os dados relatados pela tabela 5 ainda confirmam que o suporte social pode ser
considerado como um medidor entre eventos estressores e saúde,de acordo com Siqueira e
Padovam (2008), ressaltando que pessoas bem integradas em suas comunidades tendem a
viver mais e também desenvolvem uma capacidade de recuperar-se quando adoecem,
indivíduos socialmente saudáveis seriam mais hábeis e teriam mais sucesso para lidar com os
desafios que se lhes apresentam diariamente no convívio social, e conformar-se-iam com mais
facilidades as normas sociais.
Os resultados deste estudo ressaltam a importância da psicodinâmica do
trabalho no cotidiano do ambiente hospitalar do profissional da saúde envolve a dimensão
organizacional, as relações de trabalho (hierarquia, chefia, outros trabalhadores e nesse
contexto o paciente requerendo cuidados e ajuda, muitas vezes o pacientes sem possibilidade
de cura apresenta o contato iminente com a morte, e o profissional tem que lidar com suas
emoções e sentimentos ao lidar com o paciente sem possibilidade de cura, com o medo da
morte), como refere Dejours (1992), para quem os laços humanos criados podem ser às vezes
desagradáveis e até insuportáveis, ou por outro lado, constituírem-se em um apoio
extremamente valioso.
Considerando-se também, determinadas crenças, valores e praticas culturais que
podem influenciar na relação dos individuos com o estresse, aumentando ou diminuindo os
fatores de estresse, os níveis de sintomas depressão e ansiedade, aos quais os indivíduos se
expõe e interfere sobre sua própria saúde, pois segundo Helman 2003, as crenças e os
comportamentos que contribuem para o estresse são adquiridos pela experiência de crescer
em uma determinada sociedade podem ser considerados como uma forma de estresse
culturalmente induzido ou culturogenico.
Considerando a distinção proposta por Dejours e Abdoucheli (1994) entre dois tipos
de sofrimento: o criador e o patogênico, os dados obtidos neste estudo reforçam a questão e
84
propiciam a reflexão sobre o quanto será que essa instituição hospitalar poderá favorecer o
sofrimento criativo desses profissionais? Pois ainda de acordo com estes autores, o desafio
para a psicologia do trabalho na prática é definir as ações susceptíveis de modificar o destino
do sofrimento e favorecer sua transformação (não apenas sua eliminação). Quando as relações
sociais de trabalho e as escolhas gerenciais empregam o sofrimento no sentido patogênico, o
trabalho poderá funcionar como um mediador de desestabilização e da fragilização da saúde.
Dessa forma, sofrimento e prazer são provenientes da dinâmica interna das situações e da
organização do trabalho, ou seja, são produtos dessa dinâmica, das relações subjetivas e de
poder, das condutas e ações dos trabalhadores permitidas pela organização do trabalho. O
trabalho é um operador fundamental na própria construção do sujeito; o sujeito produz
interpretação acerca de sua situação e as socializa através de atos intersubjetivos, reage, se
organiza e age sobre o próprio processo de trabalho, contribuindo para a construção e a
evolução das relações sociais no trabalho., ou seja, transformar os desafios que causam o
sofrimento em situações positivas.
Outro ponto a ser considerado é qual a influência da formação profissional dos
participantes? A morte está presente no cotidiano dos profissionais de enfermagem, alguns
autores como Sebastiani, 1998; Bare e Smelter 2002, Kovacs 2002, Esslinger, 2003 e Silva,
2004 enfatizam a necessidade de reflexão e discussão sobre a formação desses profissionais,
sobre a formação recebida e os modelos transmitidos pela formação acadêmica, formação essa
que privilegia a objetividade , o tecnicismo e a racionalidade, esses autores questionam que
esses profissionais carecem de disciplinas que abordem o tema da morte, do luto e do morrer,
disciplinas que forneçam conhecimento e subsídios para lidar com o ser humano, não se
esquecendo do lado emocional.
O estudo verificou também a comparação r de Pearson da amostra X a
validação do constructo, segundo Cunha (2001, p.52), cujos dados são descritos nas tabelas 6
e 7 abaixo:
Tabela 6 - Estimativa de correlação entre o BAI e BDI, em grupos da amostra não clínica,
dados utilizados para a Validação de constructo.
Categoria n r p
Funcionários de
Hospital Geral
73
0,57
<0,01
85
Tabela 7 - Estimativa da correlação entre o BAI e BDI, da amostra pesquisada.
Categoria n r p
Funcionários de
Hospital Geral
39
0,53
<0,01(0,000)
Pode-se obervar que, apesar do n ser um total pequeno, os resultados foram
semelhantes aos já encontrados por Cunha (2001) e publicados, não invalidando a
confiabilidade da amostra, r = 0,57 (validação do constructo) e r = 0,53, amostra pesquisada
nesse estudo.
86
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados do presente estudo possibilitaram descrever os níveis de depressão e
ansiedade e percepção de suporte social em profissionais de enfermagem, bem como
investigar a correlação entre eles. Em relação aos níveis de sintomas de depressão, foram
encontrados que 18% dos participantes da amostra encontram-se no nível leve das Escalas
Beck de Depressão – BDI, sendo que 8% encontram-se acima do escore 18, sugerindo uma
estimativa de possível depressão, dados esses que encontram-se acima da prevalência
sugerida pela literatura (5 a 9% para mulheres e 2 a 3% para homens –DSM- IV-TR ).
Quanto aos níveis de sintomas de ansiedade, foi encontrado que 13% dos participantes
encontram-se no nível leve e 2% no nível moderado das Escalas Beck de Ansiedade - BAI,
dados em parte acima do esperado pela literatura, onde a prevalência do transtorno na
população geral seja de até 10% . Em relação aos níveis de percepção de suporte social
emocional e prático, os resultados demonstraram que a média mais elevada refere-se à
percepção de suporte social emocional, o que indica que os profissionais de enfermagem o
têm encontrado, dado que pode estar relacionado a poder compartilhar suas alegrias,
realizações e tristezas, a obter atenção, consolo e compreensão de suas dificuldades, sentirem
valorizados, do que com o apoio que diz respeito a receber informações, sugestões,
esclarecimentos de dúvidas, bem como ajuda para resolução de problemas concretos, no que
concerne ao suporte prático, a média apesar de mais baixa, também indica que os mesmos têm
encontrado ocasionalmente este tipo de suporte, o qual está relacionado a receber ajuda para
resolver problemas práticos, receber sugestões e conselhos, receber ajuda financeira e apoio
para a realização dos afazeres cotidianos.
Foi verificada uma relação significante positiva (P=0,004) entre os escores das escalas
Beck de Ansiedade - BAI e escalas Beck de Depressão - BDI– BDIS1 e BDIS2.
A correlação negativa e inversa entre o suporte social emocional e o escore de
ansiedade (BAI) e de depressão (BDI total; BDS1 e BDS2) revela que enquanto a percepção
de suporte social emocional e prático aumenta, os das escala de ansiedade e depressão,
inclusive os relativos a aspectos cognitivos e afetivos diminuem, o que indica que o suporte
social, entendido como recursos fornecidos por outras pessoas e recursos de informações
potencialmente úteis, pode ter efeito positivo sobre a saúde, com implicação em evitar
comprometimentos físicos e psicológicos, podendo ser considerado como um mediador entre
87
eventos estressores e saúde, atuando na sua proteção, sendo benéfico contra perturbações
induzidas pelo estresse devido à atividade profissional .
O profissional de saúde tem seu trabalho associado ao ato de cuidar, curar, produzir o
bem-estar, porém a realidade hospitalar, confronta o cuidador com suas limitações, o que
pode vir a fortalecer saúde mental ou a constituição de distúrbios psicossomáticas e/ou de
condutas. Os resultados deste estudo ressaltam a importância da psicodinâmica do trabalho no
cotidiano do ambiente hospitalar do profissional da saúde, a qual envolve a dimensão
organizacional, as relações de trabalho (hierarquia, chefia, outros trabalhadores) as relações
interpessoais e o suporte social, sendo este um fator mediador e de proteção a saúde do
trabalhador hospitalar, considerando-se também a utilização criativa e adequada de recursos
de enfrentamento, de mecanismos saudáveis de defesa.
O estudo levanta a necessidade de reflexão e discussão sobre a formação do
profissional de saúde, formação acadêmica que privilegia a objetividade, o tecnicismo e a
racionalidade, mas que necessita ampliar sua abordagem em relação à temática do sofrimento,
morte e luto, fornecendo conhecimento e subsídios para lidar com o ser humano, não se
esquecendo do lado emocional, uma vez que foi percebido uma necessidade desses
profissionais de saúde em serem ouvidos, o que indica a necessidade de outras pesquisas
envolvendo os aspectos emocionais do profissional de saúde.
88
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SILVA, G. S. N. A racionalidade médica ocidental e a negação da morte, do riso, do
demasiadamente humano. In: CAMON, V. A. A (Org.). Atualidades em psicologia da
saúde. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. p. 135-185.
SIQUEIRA, M. M. M. Construção e validação da escala de percepção de suporte social,
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 2, p. 381-388, abr./jun. 2008.
SIQUEIRA, M. M. M.; PADOVAM, V. A. R. Suporte social. In: Psicologia da saúde: teoria
e pesquisa. 2. ed. São Bernardo do Campo: UMESP, 2008. cap. 4, p. 65-84.
THOMASON, B. et al. Psychosocial co-factors in HIV illness: an empirical-Based motel.
Psychology and Health, n. 11, p. 385-393, 1996.
WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Preamble of the constitution of the world
health organization. WHO. Official Records of the World Organization, Geneva: World
Health Organization, 1948.
93
ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa com a finalidade da
realização de um estudo acadêmico e científico, que objetiva identificar e aprofundar os
conhecimentos em Psicologia da Saúde, sobre sintomas mentais e suporte social em
profissionais de enfermagem, contribuindo com a promoção de saúde desta categoria
profissional.
Para tanto, usamos instrumentos de pesquisas, devidamente avaliados e validados
cientificamente, que não oferecem qualquer tipo de riscos ou danos, sejam físicos, materiais
ou mentais, aos participantes da presente pesquisa.
A participação se resume em responder os questionários propostos pela pesquisadora:
Escalas Beck de Depressão e Ansiedade (Inventário de Depressão – BDI, Inventário de
ansiedade – BAI), Escala de Percepção de Suporte Social e o questionário complementar. A
participação é voluntária, gratuita, assim como, garantimos e nos responsabilizamos pelo total
sigilo dos dados apresentados pelos participantes.
Título da Pesquisa: SINTOMAS MENTAIS E SUPORTE SOCIAL EM
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM.
Pesquisador Responsável: Rosemeire Kuchiniski Gomes – Psicóloga – CRP. 35785-
6, mestranda do programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde.
Orientador: Profª Dra. Vera Maria Barros de Oliveira.
Instituição Acadêmica: UMESP-Universidade Metodista de São Paulo.
Local da Pesquisa: Hospital Santa Paula – Av. Santo Amaro, 2468 – São Paulo – SP.
94
Objetivo da Pesquisa: investigar os níveis de sintomas de depressão e ansiedade e
sua relação com percepção de suporte social em profissionais de enfermagem.
Nome do Participante: ___________________________________________
Endereço: ______________________________________________________
RG: ___________________________________________________________
Tendo sido devidamente esclarecido sobre todos os aspectos que envolvem o
trabalho de pesquisa acima descrito, venho pelo presente termo declarar, conforme o que
dispõe a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que concordo em participar,
voluntariamente, como sujeito de pesquisa.
Declaro ainda, estar ciente de que minha participação será gratuita e de que os
resultados serão utilizados e publicados, a critério exclusivo dos pesquisadores, desde que
preservada integralmente a identidade dos sujeitos participantes.
Desde já me reservo o direito de a qualquer momento, durante a realização da
pesquisa, tornar sem efeito o presente consentimento.
Telefone de contato da pesquisadora: (11) 84425325.
O presente termo está sendo assinado em duas vias de igual teor.
São Paulo, _____de_________________de__________.
_____________________________________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa.
RG.:___________________________
Pesquisadora responsável:
Rosemeire Kuchiniski Gomes - CRP.: 35.785-6
95
ANEXO B – ESCALA BECK DE DEPRESSÃO
96
97
ANEXO C – ESCALA BECK DE ANSIEDADE
98
ANEXO D - ESCALA DE PERCEPÇÃO DE SUPORTE SOCIAL
ESCALA DE PERCEPÇÃO DE SUPORTE SOCIAL
Gostaríamos de saber com que FREQÜÊNCIA você recebe apoio de outra pessoa quando
precisa. Dê suas respostas anotando, nos parênteses que antecedem cada frase, o número (de 1 a 4),
que melhor representa sua resposta, de acordo com a escala abaixo:
1= NUNCA
2= POUCAS VEZES
3= MUITAS VEZES
4= SEMPRE
QUANDO PRECISO, POSSO CONTAR COM ALGUÉM QUE...
1. ( ) Ajuda-me com minha medicação se estou doente 2. ( ) Dá sugestões de lugares para eu me divertir 3. ( ) Ajuda-me a resolver um problema prático 4. ( ) Comemora comigo minhas alegrias e realizações 5. ( ) Dá sugestões sobre cuidados com minha saúde 6. ( ) Compreende minhas dificuldades 7. ( ) Consola-me se estou triste 8. ( ) Sugere fontes para eu me atualizar 9. ( ) Conversa comigo sobre meus relacionamentos afetivos 10. ( ) Dá atenção às minhas crises emocionais 11. ( ) Dá sugestões sobre algo que quero comprar 12. ( ) Empresta-me algo de que preciso 13. ( ) Dá sugestões sobre viagens que quero fazer 14. ( ) Demonstra carinho por mim 15. ( ) Empresta-me dinheiro 16. ( ) Esclarece minhas dúvidas 17. ( ) Está ao meu lado em qualquer situação 18. ( ) Dá sugestões sobre meu futuro 19. ( ) Ajuda-me na execução de tarefas 20. ( ) Faz-me sentir valorizado como pessoa 21. ( ) Fornece-me alimentação quando preciso 22. ( ) Leva-me a algum lugar que eu preciso ir 23. ( ) Orienta minhas decisões 24. ( ) Ouve com atenção meus problemas pessoais 25. ( ) Dá sugestões sobre oportunidades de emprego para mim 26. ( ) Preocupa-se comigo 27. ( ) Substitui-me em tarefas que não posso realizar no momento 28. ( ) Dá sugestões sobre profissionais para ajudar-me 29. ( ) Toma conta de minha casa em minha ausência
99
ANEXO E – QUESTIONÁRIO COMPLEMENTAR
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE
PESQUISA: SINTOMAS MENTAIS E SUPORTE SOCIAL NOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
QUESTIONÁRIO COMPLEMENTAR
I - DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS:
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Idade:................
3. Estado civil: ( ) casado(a) ( ) divorciado(a) ( ) com companheiro(a)
( ) solteiro (a) ( ) viúvo (a)
4. Religião: ( ) Católica ( ) Evangélica ( ) Espírita ( )Budista ( ) Protestante
( ) Outra. Especifique:........................................................................
( ) Praticante ( ) Não Praticante
5. Quantos filhos você possui?
( )01 ( )02 ( )03 ( )04 ( )05 ( )06 ( ) Mais ( ) Sem filhos
6. Com quem você reside?
( )Esposa/Marido ( )Esposa/Marido e filhos
( )Companheiro(a) ( )Companheiro (a) e filhos
( ) Pai ( )Mãe ( ) Pai e Mãe ( ) Pai, Mãe e Irmãos
( ) Pai e filhos ( ) Mãe e filhos ( ) Pai, Mãe e filhos ( ) Pai, Mãe, filhos e irmãos.
( ) Outros. Especifique:........................................................
100
7. Qual sua renda familiar?.....................................
8. Qual sua renda individual ?.........:........................
9. Qual sua escolaridade?
( ) ensino médio/técnico
( ) ensino superior incompleto. Curso:............................................
( ) ensino superior completo. Curso:.................................................
10. Há quanto tempo está formado?......................................
11. Qual sua atividade profissional?
( ) auxiliar de enfermagem ( ) técnico de enfermagem
12. Qual a clínica de atuação?
( ) cardiologia ( ) oncologia ( ) UTI ( ) pronto atendimento ( ) geriatria
( ) outras. Específique....................................................................................
13. Carga horária diária?
( ) 6 horas ( ) 8 horas ( ) 10 horas ( )12 horas ( )acima de 12 horas
14. Qual o período da atividade profissional?
( ) diurno ( ) matutino ( ) noturno
15. Quantos empregos?
( ) 01 ( )02 ( ) 03 ( ) outros: especifique...........................................
16. Qual o tempo de atuação profissional no hospital?.......................................
17. Qual o tempo de atuação profissional nessa atividade?..................................
II. ASPECTOS GERAIS DO ESTADO DE SAÚDE:
SINTA-SE Á VONTADE EM RESPONDER AS QUESTÕES.
Esta Pesquisa tem caráter acadêmico e manterá o sigilo das informações.
101
1. Como você avalia o seu estado de saúde?
( ) Muito bom ( )Bom ( ) Médio ( ) Insatisfatório ( )Ruim
2. Possui algum problema de saúde ? ( ) sim ( ) não
Quais:...........................................................................................................................
3. Utiliza algum medicamento? ( ) sim ( )não
Quais?..........................................................................................................................
Motivo:........................................................................................................................
4. Já realizou algum tipo de tratamento de saúde? ( ) sim ( ) não
Quais?...................................................................................................................
Há quanto tempo?...................................................................................................
5. Já sofreu procedimentos cirúrgicos? ( ) sim ( ) não
Quais? .................................................................................................................
Há quanto tempo?................................................................................................
6. Já realizou ou realiza algum tipo de tratamento psicológico? ( ) sim ( ) não
Qual?...................................................................
Quando?................................................ Duração?.....................................................
Motivo?......................................................................................................................
102
7. Já realizou ou realiza algum tipo de tratamento psiquiátrico? ( ) sim ( ) não
Qual?.........................................................................................................................
Quando?................................................. Duração?......................................................
Motivo?...........................................................................................................................
III – GOSTARIA DE REALIZAR ALGUM COMENTÁRIO?
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
103
104
ANEXO G – ALTERAÇÃO DO TÍTULO –CEP-UMESP
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP - UMESP
Assunto: Substituição do Título do Projeto de Pesquisa.
Título Atual do Projeto de Pesquisa: Avaliação de sintomas de depressão e
ansiedade em profissionais de enfermagem: a arteterapia na promoção de saúde.
Pesquisador Responsável: Rosemeire Kuchiniski Gomes
Curso/Faculdade: Psicologia/Faculdade de Saúde.
Prot. Nº 385077-10
CAEE: 0116.0.214.000-10
Aprovado em 24/02/2011.
Solicito a alteração do atual título junto ao CEP-UMESP para: “ Sintomas
mentais e suporte social nos profissionais de enfermagem.” conforme
sugestão e aprovação da Banca do Exame de Qualificação , do aluno
pesquisador responsável: Rosemeire Kuchiniski Gomes, ocorrida no dia
16/05/2011, sob a orientação e presidente: Prof. Dra. Vera Maria Barros de
Oliveira.
Sem mais, agradeço.
São Bernardo do Campo, 16 de Junho de 2011.
Rosemeire Kuchiniski Gomes.