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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIENCIAS CURSO DE GEOLOGIA
RICARDO LACERDA GOMES
ANÁLISE GEOQUÍMICA DOS SEDIMENTOS DE FUNDO DO SETOR NOROESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS.
Salvador 2011
RICARDO LACERDA GOMES
ANÁLISE GEOQUÍMICA DOS SEDIMENTOS DE FUNDO DO
SETOR NOROESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS.
Monografia apresentada ao Curso de graduação em Geologia,
Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Geologia.
Orientadora: Profa. Dra. Olívia Maria Cordeiro de Oliveira
Co-Orientadora: Profa. Dra. Karina Santos Garcia
Salvador
2011
______________________________________________________________
G633 Gomes, Ricardo Lacerda Análise geoquímica dos sedimentos de fundo do setor noroeste
da Baia de Todos os Santos / Ricardo Lacerda Gomes. – Salvador, 2011.
XXf ; il. Orientadora: Profa. Dra. Olívia Maria Cordeiro de Oliveira Monografia (graduação em geologia) – Universidade Federal da
Bahia. Instituto de Geociências, 2011.
1. Sedimentos – Baia de Todos Santos. 2. Metais. 3. Geoquímica. 4. Geologia costeira. I. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Geociências. II. Cordeiro, Olívia. III. Título.
CDU: 551.351 ________________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
Dentre todos que contribuíram para esse momento especial, faço uma ressalva especial a Deus que sempre me acompanhou, nunca me deixando sem o seu amparo. Minha querida mãe, pela compreensão e o amor, sempre dispostas a me fornecer o abraço incentivador e o sorriso mostrado que todo o esforço vale à pena. Nunca deixando de ver em mim os sonhos que eles por hora, adiaram. Ao meu irmão Clóvis Emanuel, que com certeza foi uma peça fundamental, pois sempre me forneceu ferramenta necessária, possibilitando que eu chegasse até aqui. A Beth pelo apoio moral sempre nos momentos difíceis. A Rosana minha noiva com todo carinho me ajudando sempre nos momentos de stress. Aos Professores do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia que sempre tem se dedicado a geologia. À minha orientadora, Dr. Olívia Maria Cordeiro de Oliveira pela ajuda, orientação, paciência, sugestões e críticas para realização deste trabalho. À minha co-orientadora Prof. Dra. Karina Santos Garcia, pela orientação, ensinamentos e auxílio constante durante minha permanência no Laboratório de Geoquímica NEA para realização das análises químicas. A todo grupo do Núcleo de Estudos Ambientais – NEA; Cícero, Célia Izabel, Marcos. Ao Prof. Dr. Antônio Fernando Queiroz, pela oportunidade de ter sido bolsista no projeto do CNPq. A toda equipe do Laboratório (Sarah, Jorginho, Sales e Marcos) por toda colaboração e apoio, no dia a dia. Aos funcionários da biblioteca do IGEO, em especial Aldaci e Evandro por ter sempre disponibilizado teses e artigos fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho e durante todo curso. IN MEMORIAN: Ao Professor amigo Lamarck Argôlo. Aos (as) amigos (as) e colegas: Lia, Rogério, Neto, Dário, Renilda e Tarcísio. Aos Profs. Vilton Fernandes, Osmário Leite, Iracema, Marcelo e ao Grande Mestre filósofo Joaquim Xavier.
“A ciência não é uma ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos
encontrar noutro lugar o que ela não nos pode dar.”
HUSigmund FreudU
RESUMO
A Baía de Todos os Santos, localizada no Recôncavo Baiano, é a maior baía
navegável do Brasil. As regiões também de manguezal que compõem essa baía
assistiram à implantação de indústrias e das primeiras unidades de exploração,
produção e refino de petróleo em território brasileiro. Como consequência desse
pioneirismo, um grande passivo ambiental se faz sentir pela biota local e está
registrado nos sedimentos, sob a forma de contaminação. O objetivo deste trabalho
foi avaliar a qualidade do sedimento de fundo da porção Noroeste da Baía de Todos
os Santos. Para isso foram coletadas três amostras em triplicata e determinou-se a
distribuição espacial de Sulfetos Voláteis em Ácidos (AVS) e Metais Extraídos (Cu,
Ni, Zn, Cr, Fe e Mn) Simultaneamente (MES). Também foram avaliados
texturalmente a granulometria dos sedimentos. O AVS foi extraído do sedimento
anaeróbio com ácido clorídrico 6mol L-1, a frio, e os metais bivalentes liberados
durante este tratamento são referidos como metais extraídos simultaneamente
(SEM). Os resultados obtidos pela razão AVS/MES, foram correlacionados com as
frações granulométricas e os metais [ Ni (3,15 a 3,56 mg.K-1), Cr ( 3,37 a 4,11 mg.K-
1), Cu (2,12 a 6,73 mg.K-1), Zn (12,17 a 18,75 mg.K-1), Mn ( 137 a 330 mg.K-1), Fe (
5340 a 6851 mg.K-1)], para entender os processos referentes a biodisponibilidade
dos metais em associação com os sulfetos. Comparando-se esses resultados com
valores de referências internacionais (National Oceanic and Atmosferic
Administration – NOAA) e nacionais (Garcia, (2009) e Onofre, (2007), verificou-se
estarem abaixo do “background” ou valores estabelecidos, mesmo quando
comparados com aqueles encontrados em áreas diferentes do Brasil. Encontrou-se
valores > 1 para a relação [MES]/[AVS] em todas as estações. Indicando que os
metais poderão estar biodisponíveis, os sedimentos não apresentam
necessariamente toxicidade. Com estes resultados obtidos em níveis referenciados
dos teores de metais em sedimento, pode-se concluir que a região de coleta não
apresenta efeitos adversos à biota.
Palavras-chave: sedimentos, Baía de Todos os Santos, Metais, Geoquímica.
ABSTRACT
The Bay of All Saints, located in Recôncavo, is the largest navigable bay in Brazil.
The regions also constituting the mangrove bay watched the implementation of
Industries and the first units of exploration, production and petroleum refining in
Brazil. As a result of this pioneering work, a large environmental liability is felt by the
place biota and is recorded in sediments in the form of contamination. The aim of this
study was to evaluate the quality of bottom sediment from northeast portion of the
Bay of All Saints. For this three samples were collected in triplicate and determined
the spatial distribution of acid volatile sulfides (AVS) and Extracted Metals (Cu, Ni,
Zn, Cr, Fe and Mn) Simultaneously (SEM). Also evaluated were the sizes of the
sediment texturally. AVS was extracted from the anaerobic sediment with
hydrochloric acid 6mol L-1, the cold, and the divalent metals released during this
treatment are referred to as simultaneously extracted metals (SEM). The results
obtained by reason AVS / SEM, were correlated with the fractions and metals [Ni
(3.15 to 3.56 mg.K-1), Cr (3.37 to 4.11 mg.K-1) , Cu (2.12 to 6.73 mg.K-1), Zn (12.17
to 18.75 mg.K-1), Mn (137-330 mg.K-1), Fe (5340 to 6851 mg.K-1)], to understand
the proceedings concerning the bioavailability of metals in association with sulfides.
Comparing these results with international references (National Oceanic and
Atmospheric Administration - NOAA) and national (Garcia (2009) and Onofre, (2007).
It is being below the "background" or established values, even when compared with
those found in different areas of Brazil. Met values> 1 for the ratio [SEM] / [AVS] in all
estações.Indicando that metals may be bioavailable and the sediments are not
necessarily toxicidade.Com these results referenced in levels of the metal levels in
sediment, can conclude that the region of collection will not have adverse effects
biota.
Keywords: sediment, Baìa de Todos os Santos, Metals, Geochemistry.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo de circulação estuarina e rotas dos sedimentos de acordo com a
distribuição de fluxos fluviais e marinho....................................................,... 18
Figura 2 - Mapa de fácies texturais de sedimentos da BTS........................... 19
Figura 3 - Principais focos de contaminação e deslocamento de partículas flutuantes
em vazões fluviais médias.............................................................................. 24
Figura 4 - Quadro de Síntese dos Efeitos Causado Pela Contaminação dos Metais
Pesados em Regiões Costeiras...................................................................... 34
Figura 5 - Mapa de localização do Campo de Manati e em destaque a área a ser
monitorada na Baía de Todos os Santos – Bahia, no entorno de parte do gasoduto
para escoamento da produção do referido Campo........................................ 38
Figura 6 - Batimetria Média da Baía de Todos os Santos, reconstituída a partir dos
valores de profundidade dados nos nós da malha de discretização............ 40
Figura 7 - Diagrama esquemático sugerindo o modelo geral para circulação de água
e direção do transporte líquido de sedimentos por arrastamento da Baía de Todos
os Santos e região costeira vizinha................................................................ 41
Figura 8 - Mapa geológico da área em superfície ao redor da Baía de Todos os
Santos............................................................................................................. 46
Figura 9 - Imagem de satélite dos pontos de Amostragem entre Salinas da
Margarida – BA. e São Francisco do Conde – BA......................................... 47
Figura 10 - Amostragem de sedimento com auxilio do Box Core.................. 48
Figura 11 - Sedimento sendo retirado do Box Corer........................................48
Figura 12 - Amostra de sedimento na estação de amostragem.................... 49
Figura 13 - Sistema de destilação de AVS..................................................... 52
Figura 14 - Sistema de filtração da amostra após digestão do sistema AVS. 52
Figura 15 - Extração de sulfeto...................................................................... 53
Figura 16 - Espectrometro de Absorção Atômica ou Espectrometria de Emissão
(FAAS)..............................................................................................................54
Figura 17 - Diagrama ternário de classificação textural....................................56
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Metais associados a alguns processos industriais...........................26
Tabela 2 - Principais fontes de poluição inserida na BTS.................................35
Tabela 3 - Pontos de amostragem entre Salinas das Margaridas e São Francisco do
Conde...............................................................................................................47
Tabela 4 - Distribuição granulométrica em porcentagem (%) dos sedimentos nas
estações de coleta da BTS..............................................................................55
Tabela 5 - Comparação dos teores de metais, análises granulométricas, MES e
AVS..................................................................................................................59
Tabela 6 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de
sedimento de fundo da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos-
BA....................................................................................................................66
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...............................................................................................13
1.1 SEDIMENTOS MARINHOS........................................................................16
1.2 IMPACTOS NO ECOSSISTEMA MARINHO..............................................20
1.3 CARACTERIZAÇÃO E CONTAMINAÇÃO POR METAIS..........................24
1.4 IMPACTOS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS........................................26
2 OBJETIVO GERAL.......................................................................................37
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................37
3 LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO..............38
3.1 CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS.....................................................38
3.2 CLIMA.........................................................................................................42
3.3 VEGETAÇÃO..............................................................................................42
3.4 GEOMORFOLOGIA....................................................................................43
3.5 SOLOS........................................................................................................43
3.6 HIDROGRAFIA...........................................................................................44
3.7 GEOLOGIA.................................................................................................45
4 MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................47
4.1 TRABALHOS DE LABORATÓRIO..............................................................47
4.1.1 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA...............................................................49
4.1.2 ANÁLISE ESPECTROMÉTRICA..............................................................49
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................55
5.1 GRANULOMETRIA......................................................................................55
5.2 ANALISES DE SULFETOS VOLATILIZADOS POR ÁCIDOS (AVS) E METAIS
EXTRAÍDOS SIMULTANEAMENTE (SEM) PARA A POTENCIALIDADE DE
TOXICIDADE EM SEDIMENTOS DE FUNDO DA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE
TODOS OS SANTOS – BAHIA
5.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA..............................................................................65
6 CONCLUSÃO.................................................................................................67
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................69
REFERÊNCIAS................................................................................................70
1 INTRODUÇÃO A região costeira brasileira exibe um quadro preocupante em relação á degradação
ambiental, especialmente em regiões próximas aos grandes centros. Inúmeras baías
e estuários estão com seus habitats naturais comprometidos pela poluição e
exploração dos recursos naturais.
Os estuários integram a bacia hidrográfica com a zona costeira, ou seja, funcionam
tanto como uma região para o movimento e transporte ao longo da costa como
também de deposição. Em função disso, eles têm despertado grande interesse
como “pulmão marinho” agindo como berçário e refúgio para muitos organismos e
fornecendo recursos para o crescimento urbano e industrial (PAIVA et al.,1999).
Silveira (1964), baseado em critérios oceanográficos, climáticos e continentais
dividiu a costa brasileira em cinco setores: norte, nordeste, sudeste e sul. A costa
norte e nordeste recebe ondas geradas pelos ventos alísios de NE, enquanto que a
costa leste, sudeste e sul é submetida à ação das ondas provenientes de SE
geradas pelos ventos da zona subpolar do Atlântico Sul. Com relação às marés, a
costa norte e parte da nordeste têm regime de macromarés (amplitude > 4 m), parte
da nordeste e leste exibem mesomarés (entre 2-4 m) e a costa sudeste e sul
possuem micromarés (< 2 m). A plataforma continental estreita e rasa da costa
nordeste, com largura variando de 15 a 75 km e profundidade máxima de 70 m, é
quase que totalmente recoberta por sedimentos biogênicos e siliclásticos (algas
calcárias, areias e cascalhos).
O reconhecimento dos ambientes sedimentares não é só de interesse acadêmico,
mas também apresenta grande interesse na prospecção de recursos naturais
associados às coberturas sedimentares e rochas de várias idades. Por outro lado,
quando associados ao Período Quaternário (1,81 milhões de anos), os estudos dos
ambientes de sedimentação constituem uma etapa essencial nas pesquisas de
problemas ambientais, tanto introduzidos por atividades antrópicas como de origem
natural (SUGUIO et al., 2003).
Segundo Suguio (2003), tendo em vista a relevância dos estudos sobre os
ambientes de sedimentação, a determinação dos modelos de fácies pode contribuir
significativamente para a compreensão destes ambientes, pois as fácies
sedimentares constituem uma ferramenta bastante eficiente na interpretação dos
diferentes paleoambientes no modelo deposicional. Assim elas podem fornecer as
características físicas, químicas, biológicas e geológicas tanto da região estudada
quanto das áreas adjacentes.
Os crescentes níveis de urbanização na região estuarina que circunda a Baía de
Todos os Santos se devem ao aumento da densidade populacional e como
consequência há despejo de esgoto e lixo, modificando, portanto a qualidade das
águas e sedimentos.
A vulnerabilidade da Baía de Todos os Santos – BTS, tem chamado a atenção das
autoridades, por se tratar de uma região costeira que abriga quatro complexos
industriais - o Centro Industrial de Aratu e o de Subaé, o pólo Petroquímico e o
Complexo Petrolífero (a Refinaria de Petróleo Landulfo Alves; a TRANSPETRO, uma
Fábrica de asfalto e mais recentemente o Gasoduto).
A implantação do parque industrial e a exploração de recursos naturais do substrato
da baía e entorno, favoreceu a expansão demográfica e, consequentemente,
modificações sócio-ambientais na área, o que provocou mudanças nas
características físicas, químicas e biológicas dessa área.
Segundo Queiroz (1992 apud VIANA, 2000), a Baía de Todos os Santos representa
uma importante fonte de alimentação para toda a população do Estado da Bahia e
apresenta um grande potencial para a pesca, porém os processos industriais desses
complexos produzem resíduos que pode pôr em risco o ambiente. Mesmo com todo
avanço tecnológico de segurança operacional na exploração de petróleo, bem como
no transporte e beneficiamento desse produto, existe o risco de acidentes, que
podem ser ocasionados tanto pelo derrame quanto pelos procedimentos de limpeza,
e os danos decorrentes são, ainda, uma ameaça às áreas costeiras em todo o
mundo (MARZANI) F
1F, a exemplo do derrame ocorrido recentemente no Golfo do
México, que tem matado milhares de espécies e gerado bilhões de prejuízo para
todo o mundo, e esse derrame causou um impacto ainda bem maior do que o
ocorrido na Baía de Guanabara.
Segundo Tavares (1996), o petróleo é uma fonte de hidrocarbonetos alifáticos,
policíclicos aromáticos e poliaromáticos, além de metais pesados como: cobre, ferro,
vanádio, bário, níquel, cromo, zinco, manganês. Essa substância é formada
basicamente, por hidrocarbonetos (hidrogênio 11 a 14 % e carbono 83 a 87%) além
de compostos sulfurados (0,06 -8 %), nitrogenados (0,11 -1,7 %), oxigenados (0,1 –
2 %) e metálicos (0,3). Os compostos metálicos se apresentam como sais orgânicos
dissolvidos na água emulsionada ao petróleo, e na forma de compostos
organometálicos complexos.
As concentrações de metais pesados em sedimentos nas diversas áreas da baía
variam em função dos diferentes agentes físicos, químicos e biológicos presentes
em suas águas. Para Lacerda (1994), a presença de metais pesados no ambiente
marinho ocorre através da deposição atmosférica, por entradas fluviais e por
lançamentos diretos, sendo um dos mais perigosos poluentes dos recursos hídricos.
Partes desses metais se acumulam nos sedimentos formando altas concentrações
de íons pesados, a outra sob a ação de certas bactérias sofre transformações
formando substâncias tóxicas que são incorporadas aos tecidos dos organismos
vivos, seja por bioacumulação ou biomagnificação.
Recentemente as autoridades em diversos países têm investigado a poluição
marinha, particularmente no que se refere aos elementos traço. As mais altas
concentrações destes elementos são encontradas nos sedimentos e em algumas
regiões suas emissões são uma impressão digital antropogênica nos depósitos de
fundo. O reconhecimento da concentração e da distribuição dos elementos traço no
sedimento, podem ter um papel importante na detecção das fontes de poluição nos
1 2º Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo &Gás. Disponível em: HUhttp://www.ie.ufrj.br/2pdpetro/pdfs/2PDPetro_8003_artigo.pdfUH. Acesso em: 20 abr. 2010.
sistemas aquáticos, por esta razão os sedimentos devem ser incluídos entre os
parâmetros ambientais nos programas de monitoramento (LAIST et al.,1987)
De acordo Cohen (1985 apud VIANA, 2000), a bioacumulação é o processo em que
ocorre a transferência de uma determinada quantidade de elementos químicos que
se encontram no ambiente para os organismos. Muitos pesquisadores utilizam-se de
bioindicadores em programas de monitoramento de contaminação por metais
pesados para a quantificação química desses. Já o fenômeno da biomagnificação
acontece ao longo da cadeia trófica sendo mais frequente e pronunciada no
ambiente aquático. A importância desse último depende da taxa de metabolismo e
do grau de eliminação dos produtos por cada organismo aquático que será
consumido pelos predadores naturais, inclusive o homem.
Conforme Forstner (1981), a remobilização por influência química dos íons de
metais pesados em sedimentos, ocorre devido os seguintes fatores:
a) Elevação da concentração salina – os metais alcalinos e alcalino-terrosos, característicos da química aquática marinha, podem competir com os íons de metais pesados adsorvidos nas partículas sólidas. Sendo os principais processos que influenciam a distribuição dos metais dissolvidos a sorção/dessorção, precipitação, coagulação, floculação e complexação;
b) variação das condições redox, em virtude do decréscimo do potencial de oxigenação e eutrofização avançada, os hidróxidos de Fe3+, Mn e Al;
c) diminuição do pH devido à competição com os íons H+, os cátions de metais pesados podem ser liberados;
d) concentrações aumentadas de agentes complexantes naturais ou sintéticos que podem formar complexos metálicos solúveis de alta estabilidade;
e) transformações bioquímicas que podem transferir metais para os sedimentos através da cadeia alimentar de organismos animais, vegetais e produtos de decomposição na água.
Observa-se que a matéria orgânica e as fases oxidadas de Fe e Mn são os
principais fatores que governam a velocidade do processo de transporte dos metais
nos sedimentos e na água, levando em conta a granulometria, a densidade, a forma
e o tamanho desses sedimentos. Essas características podem permitir uma
interpretação do ambiente em que os sedimentos foram produzidos, bem como o
modo de transporte e/ou remobilização a que foram submetidos.
1.1 SEDIMENTOS MARINHOS
O Brasil possui um litoral com 7.367 Km, banhado a leste pelo Oceano Atlântico, o
contorno da costa brasileira aumenta para 9.200 km se forem consideradas as
saliências e reentrâncias do litoral (LESSA et al., 2000). Toda extensão lhe confere
uma diversidade de paisagens ao longo da costa, onde se alternam dunas, falésias,
praias, mangues, recifes, baías, restingas, estuários, recifes de corais e, além disso,
existem grandes reservas de petróleo – cerca de 70% da exploração brasileira
ocorre na plataforma continental (FAIRBRIDGE et al.,1980).
Os sedimentos transportados para dentro do estuário derivam principalmente do
influxo fluvial, da plataforma continental, da erosão do fundo do estuário e de
atividades biológicas. Estes podem ser transportados por um longo tempo para
frente e para trás, pela interação complexa entre o fluxo fluvial, correntes de maré
cheia e vazante. Quando depositados, os sedimentos podem ser novamente
suspensos, passando por novos ciclos de deposição e erosão (figura 01), o influxo
fluvial tem enorme efeito na hidrodinâmica desse ambiente de sedimentação por
trazerem uma grande quantidade de sedimentos e por influenciarem diretamente na
salinidade. O sedimento de fundo é transportado em direção ao mar, sendo
depositado na zona de convergência (ALLEN, J.R.L et al.,1982 apud GARCIA,
2009).
No fluxo de detrito os sedimentos finos são mantidos em suspensão na coluna
d’água, sendo sedimentados nesses ambientes durante períodos de baixa descarga
do rio, ou em áreas de mangues, onde formam pacotes de sedimentos (areia, silte e
argila) ricos em matéria orgânica .
Darlrymple et al. (1992) define um estuário como... [...] porção em direção ao mar, de um sistema de vales afogados na qual recebe sedimentos tanto de fontes marinhas quanto fluvial e, por seguinte, contém fácies influenciada pela maré, por onda e por processos fluviais.
Alguns autores acreditam que os estuários contribuem significativamente na
composição sedimentar dos sistemas costeiros, ou na estrutura dos próprios
ambientes estuarinos, sendo assim, um segmento relevante para o ciclo sedimentar
(DAVIS et al.,1985).
Segundo Miranda (2002) os estuários estão entre os mais importantes ambientes de
zonas costeiras, os quais estão inseridos numa zona de transição entre ambientes
costeiros marinhos. Essas áreas são consideravelmente uma das mais produtivas
do planeta.
Assim, os sedimentos podem ser considerados como o resultado da integração de
todos os processos que ocorrem em um ecossistema aquático. Tudo que é lançado
no corpo hídrico migra para os sedimentos e aì ficam acumulados, dessa forma, os
sedimentos passam a atuar como testemunho do que ocorreu na coluna de água.
Figura 1:Modelo de circulação estuarina e rotas dos sedimentos de acordo com a distribuição de fluxos fluviais e marinho. Fonte: Ambientes de sedimentação siliciclástica do Brasil, 2008 p.197
De acordo Lessa et al. (2000), a natureza dos sedimentos de superfície de fundo da
Baìa de Todos os Santos é de origem terrígenos e biológicas (carbonáticos e
bioclastos). Os primeiros têm sua ocorrência atribuída a degradação das rochas das
bacias de drenagem e da plataforma continental, sendo transportados pelas ondas,
correntes costeiras e marés para dentro da Baía. Esse autor considera que esses
sedimentos possuem textura variada, desde argila a areia grossa, a depender da
fonte e da distância. Os sedimentos argilosos predominam na porção norte da baía
enquanto que ao sul verifica-se que as areias médias e grossas são mais
expressivas. Lessa et al. (2007) mapeando as fácies sedimentares da BTS,
classificou onze texturas sedimentares (figura 2).
Figura 2 – Mapa de fácies texturais de sedimentos da BTS ( LESSA et al., 2007)
Uma das feições deposicionais comuns do litoral baiano são os esporões arenosos
isolando áreas estuarinas longitudinais à linha de costa. A morfologia destes
estuários é comumente caracterizada pela presença de um canal bem definido
meandrando ao longo de manguezais, com movimentação de água e sedimentos
governada apenas pela movimentação das marés (LESSA et al., 2000)
Conforme estudos realizados por Bittencourt (1976), os sedimentos da Baía de
Todos os Santos são oriundos do embasamento (transportados em suspensão pelo
rio Paraguaçu) e da degradação das rochas sedimentares nas regiões marginais. Já
Macedo (1977), acredita que os sedimentos carbonáticos e bioclastos são
originados de organismos (gastrópodes, bivalves, ostrácodes, foraminíferos,
tecamebas, corais, algas calcárias, entre outros) ocorrendo em diversas áreas.
Franjas estreitas, mais ou menos contínuas, de recifes de corais bordejam as ilhas
da Baía de Todos os Santos (LEÃO & DOMINGUEZ, 2000; LEITE, 1997).
1.2 IMPACTOS NO ECOSSISTEMA MARINHO
A influência antrópica causa tanto impactos diretos como indiretos no ambiente
marinho, transformando o ambiente físico ou podem causar danos expressivos
diretamente à fauna e à flora.
A palavra poluição deriva do latim (polluere-sujar), sendo a poluição marinha
definida como a introdução de substâncias ou energia no ambiente marinho
(incluindo estuários), acarretando em efeitos deletérios, como danos aos recursos
vivos à saúde humana, e obstáculos às atividades marinhas, como por exemplo,
pesca e lazer, ocasionando uma redução da qualidade de vida (MARQUES JR. et
al., 2009).
Segundo Garcia (2008) a contaminação dos ecossistemas costeiros é originada
predominantemente das atividades antropogênicas realizadas em terra, e a
geoquímica de regiões estuarina está relacionada aos processos que ocorrem entre
seus diversos parâmetros como a ciclagem dos elementos químicos entre as partes
bióticas e abióticas.
Esta sucessão de ameaças apontadas pela poluição no bioma marinho e costeiro,
por sua vez, a vida que nela habita, é sem dúvida um dos elementos principais e
mais frágeis desse sistema. Além do que estes poluentes afetam a respiração dos
organismos marinhos pelo bloqueio de suas vias respiratórias, a alimentação e
causa uma diminuição da atividade fotossintética do fitoplâncton devido à redução
da penetração de luz na coluna d’água (MARQUES JR. et al., 2009)
Silva et al.,(1997), avaliaram o impacto da poluição por petróleo na costa brasileira
utilizando dados compilados da literatura. Segundo os dados apresentados, os
valores de concentração de óleo em sedimentos e de bioconcentração em peixes e
moluscos indicam uma contaminação entre moderada e baixa, com exceção de
amostras coletadas em eventos de poluição aguda ou moderada. Os manguezais,
por sua vez parecem sofrer bastante com a poluição por petróleo, quando atingidos
por derrames de óleo apresentam perda substancial de folhas, aumento no número
de raízes aéreas e malformações de folhas e frutos. Os autores enfatizam que os
estudos sobre os efeitos da poluição por petróleo ainda são muito escassos no
Brasil e recomendam pesquisas de longa duração para detectar mudanças na
estrutura das comunidades e efeitos subletais que possam estar ocorrendo nas
populações de locais mais sujeitos à exposição ao petróleo. A identificação dos
efeitos adversos das atividades relacionadas à produção, transporte e
processamento de óleo no Brasil tem se baseado muito em testes de toxicidade
realizados com macroalgas, camarões e moluscos. Segundo Nipper (2000), esses
estudos têm demonstrado efeitos negativos de efluentes de refinaria e águas de
produção das plataformas de petróleo.
Ecologicamente persistentes, a acumulação destes resíduos contaminantes é
generalizada em todo o mundo havendo quantidades representativas destes
poluentes que podem ser encontrados nos mais diversos ecossistemas marinhos
(LAIST et al.,1987). Estipula-se que milhões de toneladas de lixo, como o plástico,
cheguem aos oceanos com o passar de cada ano. Contudo, a ameaça desse
material e demais resíduos sólidos não biodegradáveis para o ambiente marinho foi
ignorada por muito tempo, e sua gravidade só recentemente foi reconhecida
(STEFATOS et al.,1999).
De acordo com Pozebon (2005), dentre as atividades antrópicas localizadas na
plataforma continental, a exploração de óleo e gás “offshore” é uma fonte potencial
de impactos ambientais. Além do risco de acidentes durante a operação de poços,
prospecção e perfuração. Esta atividade pode constituir-se em fonte significativa não
só de hidrocarbonetos e derivados de petróleo como também de partículas em
suspensão e outras substâncias químicas, particularmente metais pesados, que são
componentes de fluidos de perfuração.
No meio às inúmeras ameaças listadas para o ecossistema marinho, os resíduos
sólidos também podem promover impactos sobre as atividades humanas, através de
impedimentos e prejuízos à navegação, enredamento, restrições as atividades
recreativas e comerciais, proporcionando até perdas econômicas e modificação da
paisagem natural (OFIARA e SENECA, 2006 ; SPENGLER, 2009).
Segundo Acevedo Figueroa et al.,(2005) boa parte desse material particulado em
suspensão e o sedimento podem apresentar mais de 90% da carga dos metais em
ecossistemas aquáticos.
Em função dessa atual degradação de habitats, perda de biodiversidade e “estoques
marinhos” praticamente exauridos sobre efeito da intensa explotação pesqueira, é
de fundamental importância o conhecimento dos processos de intervenção e
impactos ocorrentes no habitat marinho, principalmente associado aos ecossistemas
de complexidade citando os ambientes recifais costeiros, nos quais se encontram
próximos a grandes metrópoles, servindo de apoio para conservação e manutenção
dos sistemas ecológicos de todo esse território costeiro do Brasil.
Para Nagelkerken (2001), a poluição dos oceanos foi omitida por um longo tempo
devido à falta de conhecimento e políticas de gerenciamento, em se tratando de uma
ameaça séria e crescente em todo o mundo.
As informações sobre o lixo marinho bem como a compreensão dos processos que
estes promovem em toda baía e mais especificamente nos ambientes de recifes,
aparece como uma iniciativa promissora e de fundamental importância para ratificar
a consolidação do Estado da Bahia como um local de referência nos estudos de
poluição marinha no Brasil.
Os sedimentos são carreadores e fontes potenciais de contaminantes nos sistemas
aquáticos. A aplicação da avaliação dos sedimentos em um ecossistema impactado
tem sido reconhecida, particularmente devido à sua capacidade de reter os
contaminantes na coluna d’água (HARBISON, 1986; WARNKEN et al.,2001 apud
GARCIA, 2009).Na Figura 3 mostram alguns pontos de contaminação carreado
através das drenagens fluviais.
Conforme Abreu et al. (2006) ,A qualidade química, ecotoxicológica e biológica do
sedimento, é fundamental para o levantamento de valores de referências
“background”, para qualidade dos ecossistemas regionais.
Modelos sobre a alteração de ecossistemas costeiros em um cenário de elevação do
nível do mar devido a mudanças globais têm antecipado um aumento significativo na
área total de manguezais em várias regiões tropicais. Estudos sobre a geoquímica
de metais nestes ambientes marinhos em particular têm demonstrado sua elevada
capacidade de acumulação de resíduos sólidos e metais. Entretanto, também tem
ressaltado a capacidade de transformação de alguns metais (e.g o Hg) em formas
orgânicas com maior mobilidade e biodisponibilidade.
No nordeste brasileiro, por exemplo, a expansão dos manguezais nos últimos 40
anos foi de cerca de 35% (MAIA et al., 2006), o que pode ter resultado em um
aumento da exportação de formas orgânicas de Hg para a região costeira adjacente,
como demonstrado por Marins et al.,(2002). Esta tendência se verificada ao nível
global poderá resultar numa enorme disponibilização de metais para cadeias
alimentares marinhas.
Segundo Berner et al.(1996) a decomposição da matéria orgânica provoca
modificações nas características físico-químicas do ambiente, especialmente no
sedimento, influenciando o ciclo biogeoquímico de vários elementos e determinando
a forma na qual eles estão presente. As argilas têm sua radioatividade natural
oriunda do K40 por ser rica em matéria orgânica (existe uma tendência dos
microorganismos concentrarem elementos radioativos e metais pesados em seus
corpos retirando-os da água do mar) e tem grande capacidade de realizar trocas
iônicas com as soluções intersticiais do meio ambiente onde foram depositados.
Figura 3 - Principais focos de contaminação e deslocamento de partículas flutuantes em vazões fluviais médias. Fonte: 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental.
1.3 CARACTERIZAÇÃO E CONTAMINAÇÃO POR METAIS
Os metais são geneticamente toda substância mineral que se apresenta em estado
sólido à temperatura ambiente, exceto mercúrio, que se caracteriza por brilho
característico, opacidade, dureza, ductibilidade (que permite que o material seja
esticado em arames finos) e maleabilidade ((DI TORO et al.,1992).
Outras propriedades físicas que caracterizam o metal são sua elevada densidade,
boa fusibilidade e principalmente, os altos coeficientes de condutividade térmica e
elétrica e eles constituem cerca de 75% do sistema periódico dos elementos,
possuindo em seu nível mais externo, denominado nível de Valência no máximo três
elétrons, excetuados o estanho e o chumbo que possuem quatro elétrons.
A ocorrência de metais na terra está distribuída de forma bem variada, dependendo
diretamente do arcabouço geológico e dos processos tectônicos para correrem a
concentração deles. Mas muitas vezes se encontram associados à água em forma
de cátions e solos em pequenas quantidades que são transportados a partir da
fonte, seja ela natural ou antrópica.
Analiticamente os metais possuem uma relação direta com a concentração de
matéria orgânica envolvida num ambiente. É reconhecido (LÍBES et al.,1992) que a
complexação orgânica pode ser importante na manutenção das concentrações
elevadas de metais-traço encontradas nas águas intersticiais, ocorrendo com os
ácidos húmicos, sem necessariamente representar um aumento na
biodisponibilidade.
O estuário da BTS está constantemente recebendo metais traços, dos rios que
deságuam no mar através das drenagens fluviais. Os metais dissolvidos que
chegam ao oceano são bem mais reativos do que os íons principais (Na e Cl). Como
resultado, as rochas sedimentares e as argilas marinhas são enriquecidas em
metais-traço se comparadas às rochas ígneas. Em tempos chuvosos intensifica-se
mais ainda o fluxo de água com detritos transportando os metais.
A fração dos metais nos sedimentos considerada biodisponível é aquela que se
encontra na fase dissolvida, ou seja, na água intersticial. Assim, os sedimentos ricos
em sólidos que retém os metais de interesse sob formas pouco solúveis, não devem
produzir respostas toxicológicas ou reações brandas (DI TORO et al.,1992). A
distribuição dos metais entre sedimentos e água intersticial é controlada
basicamente pela presença de partículas finas, pela quantidade e qualidade da
matéria orgânica e pela produção de sulfetos. A degradação microbiana da grande
quantidade de matéria orgânica no sedimento geralmente remove todo o oxigênio
molecular abaixo da camada superficial, criando condições ideais para a redução do
sulfato a sulfeto (HARBISON, et al.,1986). Assim, o potencial redox é um fator
importante controlador da retenção de muitos metais traços nos sedimentos e
juntamente com o pH da água intersticial, pode alterar a concentração de metais
dissolvidos e aumentar a sua disponibilidade aos organismos marinhos (CLARK et
al.,1998).
Alguns metais (níquel, zinco, cádmio, cobre, ferro entre outros) acumulam-se na fase
de sulfetos devido ao íon sulfeto competir com os outros ligantes, tanto na fase
particulada como dissolvida, para formar sulfetos insolúveis. Como os produtos de
solubilidade destes são tão baixos, a atividade do metal fica inferior aquela que
causa toxicidade aos organismos expostos. (DI TORO et al.,1992).
As atividades antropogênicas são também uma das principais fontes de
contaminação por metais, como descarga de poluentes domésticos e industriais.
Compostos de metal sólido têm menor mobilidade que compostos coloidais ou
solúveis e a distribuição deles entre várias espécies é o resultado de uma série de
reações químicas (SALOMONS et al.,1995). A Tabela 1 abaixo mostra os metais
associados a alguns processos industriais, caracterizando uma possível fonte de
contaminação.
Processos Industriais Cr Cu Ni Pb Zn
Celulose x x X
Petroquímica x x x x X
Fertilizantes x x x x X
Fundição de aço x x x x X
Fundição
de aço Metais não-ferrosos x x x X
Refino de Petróleo x x x x X
Cimento x
Curtume x Tabela 1 – Metais associados a alguns processos industriais Fonte: Bahia, (2008)
COBRE
O cobre é um metal de transição de estrutura cristalina cúbica de face centrada e
massa atômica 63,6 g mol-¹ com número atômico 29, (29 prótons e 29 elétrons), de
coloração avermelhada e bom condutor de eletricidade. Suas valências são +1 e +2,
com densidade 8,9. Não é magnético e pode ser utilizado puro ou em ligas com
outros metais que lhe conferem excelentes propriedades químicas e físicas.
Esse metal encontra-se distribuídos nas formas de óxidos representado pelo
mineral cuprita e sulfetos como a calcopirita (CuFeS2) comumente encontrados nas
jazidas. A sua distribuição no solo é bastante variável a depender do substrato o seu
valor pode oscilar entre 10 a 85 μg g-1.
Em sedimentos o cobre liga-se primariamente à matéria orgânica, a menos que os
sedimentos sejam pobres neste tipo de material. Quando a quantidade de matéria
orgânica é baixa, a concentração de minerais de ferro, manganês e óxidos de
alumínio torna-se importante na adsorção de cobre (PEDRO et al.,2001).
Essas variações de distribuição são normalmente encontradas nos deltas próximos
a zonas costeiras. O cobre pode ser considerado um nutriente que participa de uma
série de funções fisiológicas nos organismos, integrando a estrutura de algumas
proteínas e enzimas que participam na defesa contra a ação de radicais livres e na
respiração celular, além de atuar como co-fator enzimátido. A toxicidade do cobre
pode ser atribuída a disfunções resultantes de interações inapropriadas entre o
metal e estruturas celulares (NIENCHESKI & BAUMGARTEN et al. ,2002).
A alta concentração de cobre pode representar um perigo à biota e por ser um
elemento também calcófilo, eles têm boa interação com outros metais e a água. A
densidade da água pode influenciar na toxidade desses metais.
MANGANÊS O manganês é um elemento metálico de transição de número atômico 25 e massa
atômica 55. Situa-se no grupo 7B. É caracterizado por ser um metal refratário e
facilmente oxidável, e seus estados de oxidação mais comuns são +2, +3,+4,+6 e
+7, ainda que encontrados desde +1 a +7. É o terceiro metal mais abundante na
crosta terrestre, atrás do alumínio e ferro e encontra-se amplamente distribuído e
são encontrados nos minerais em destaque: pirolusita (MnO2), psilomelana
(MnO2.H2O), manganita (MnO(OH)), braunita (3Mn2O3.MnSiO3), rodonita (MnSiO3),
rodocrosita (MnCO3) e outros.
O manganês reage facilmente com o enxofre presente no ambiente formando o
sulfeto de manganês. A sua importância está relacionada à fabricação de aço e
pilhas alcalinas. Esse elemento também é encontrado em leitos marinhos, onde o
conteúdo de manganês oscila entre 15 e 30%, onde seria possível extraí-lo.
Segundo Mestrinho (1998), os elementos manganês, ferro e alumínio são
importantes como parâmetros suporte para o estudo do comportamento dos metais
pesados nas regiões estuarinas, pois junto à matéria orgânica, estão
correlacionados com a agregação ou remoção dos metais às partículas suspensas.
Os óxidos hidratados de ferro e manganês podem ser derivados do intemperismo de
minerais formadores de rocha, de minerais de minério ou de resíduos de atividades
antrópicas. Na zona de transição entre o meio oxidado e o reduzido, os oxi-
hidróxidos de Fe e Mn sofrem solubilização, liberando metais que ficam dissolvidos e
migram para as camadas redutoras através da água intersticial, rica em enxofre,
dessa forma são precipitados como sulfetos estáveis (LACERDA et al., 1998).
Nos sistemas biológicos, o cátion Mn+2 compete frequentemente com o Mg+2
(BRITSH et.al., 1985, 290: 417-4201). A química desse metal está intimamente
associada à química do oxigênio em seus estados de oxidação, nesse contexto o
manganês desempenha um papel fundamental nos processos fotossintéticos de
produção de O2, na degradação oxidativa de lignina e nas diversas reações de
hidrólise.
Os sais minerais composto por manganês são necessários para a ativação de
diversas enzimas, importantes no mecanismo de amadurecimento celular, ajuda o
selênio a eliminar os radicais livres. A exposição mais significativa a esse metal
ocorre através das poeiras de manganês, trato respiratório é a principal via de
introdução a absorção desse metal nas exposições ocupacionais.Os sintomas
causados pelo excesso do manganês são: distúrbios do sono, dores musculares,
excitabilidade mental, movimentos desajeitados, dificuldade na fala, reflexos
exagerados e psicose maníaco-depressivo (ACEITUNO, 2002).
ZINCO
Metal que apresenta estado de oxidação +2, com número atômico 30 com massa
atómica 65,4 g mol-1. Está situado no grupo 12(2B) da classificação periódica dos
elementos. O zinco é o 23° elemento mais abundante na crosta terrestre, e suas
jazidas mais ricas contém cerda de 10% de ferro e entre 40% e 50% de zinco. O
minerais de onde pode ser extraído esse tipo de metal são: esfalerita e blenda
(sulfetos), smithsonita ( carbonato ), hemimorfita (silicato) e franklinita (óxido ).
O zinco é um metal essencial encontrado na natureza em pequenas quantidades
para mamíferos e peixes, mas em quantidades maiores torna-se tóxico aos peixes e
outros organismos aquáticos (GÜNTHER, 1998). Para Oliveira (1999), o zinco é um
elemento tóxico ao homem em doses altas e o limite máximo estimados como letais
são: 10 a 15g do sulfato de zinco, 3 a 5g de cloreto de zinco e 20g do óxido de zinco
por 1kg de massa corporal semanal. Ele participa de reações na síntese ou
degradação de carboidratos, lipídeos, proteínas e ácidos nucléicos, também pode
está envolvido nos processos de transporte, função imune e expressão de
informação genética (CETESB, 1997).
De acordo com Günther (1998), entre todos os metais estruturais, esse elemento é o
que representa mais produtos e compostos comercialmente disponiveis do que
qualquer outro, sendo o óxido de zinco seu composto mais importante, devido ás
inúmeras aplicações, tanto na indústria leve como na pesada.
O efeito tóxico causado pelo zinco está relacionado com a combinação de outros
metais e durante o processo de explotação de zinco, pois o pó de zinco contém
outros elementos agregados como chumbo, cádmio, mercúrio e ferro.
FERRO
Metal de número atômico 26 e de massa atômica 55,8 g mol-1, está situado no grupo
(8B). O ferro é o segundo metal mais abundante da crosta terrestre e o quarto
elemento mais encontrado, depois do oxigênio, silício e alumínio. Porém, quando se
considera a totalidade do planeta, o ferro surge como o primeiro constituinte do
corpo sólido da terra. É encontrado na natureza fazendo parte da composição
química de diversos minerais, entre eles muitos óxidos, como o FeO (óxido de ferro
II, ou óxido ferroso ou como Fe2O3 (óxido de ferro III).
Os minerais principais de onde são extraídos o ferro são: hematita (Fe2O3), a
magnetita (Fe3O4), a limonita (FeO(OH)), a siderita (FeCO3), a pirita (FeS2) e a
ilmenita (FeTiO3). Seus estados de oxidação são +2 e +3, para se obter ferro no
estado elementar, os óxidos são reduzidos com carbono ( MYRTLE L. BROWN et
al.,1990).
Os sedimentos de fundo de quase toda costa do Estado da Bahia tem segmento
direto com as características geológicas e as relações com áreas fonte que podem
envolver reações biogeoquímicas no meio.
As contribuições mineralógicas, os íons de (Na, K, Ca e Mg) e os plâncton,
constituem a base para complexos processos biogeoquímicos que ocorrem nas
planícies lamosas, através de reações da matéria orgânica com os íons de sulfato e
os produtos de degradação de minerais detrítico (MICHALOPOULOS & ALLER et
al.,1995). Desta forma pode-se dizer que a mineralogia primària controla a
composição química dos sedimentos do estuário com formações de novos minerais
em meio redutor associado à decomposição da matéria orgânica, é o caso da pirita
(FeS2).
Oliveira (2000), estudando os sedimentos de Camamu, conclui que o
comportamento diferenciado para cada estação estudada ressalta a importância de
processos geoquímicos na retenção e a acumulação de metais nessas regiões.
Segundo ainda esse autor esses processos envolvem reações de
adsorção/absorção pelos argilominerais, complexação por moléculas orgânicas e co-
precipitação com óxidos hidróxidos de Fe e Mn.
A alta concentração de ferro está relacionada com a formação dos sulfetos,
principalmente a pirita que se dá por fornecimento de minerais detríticos
ferruginosos provenientes do intemperismo de rochas básicas associada ao
ambiente anaeróbico e rico em enxofre.
CROMO
Este elemento tem número atômico 24 e número de massa 52,0 g mol-1 ,
pertencente ao grupo (6B). O cromo é extraído do minério de cromita (FeO.Cr2O3),
que contém aproximadamente 68% de Cr2O3 e 32% de FeO. A sua aplicação é
voltada para indústrias metalúrgicas e refratários. As concentrações de Cr e Ni estão
associadas a fontes litogênicas, apresentando concentrações dentro da média ou
inferior ao “background” natural (CRA, 2004; ARGOLLO, 2001).
O Cromo é um elemento traço essencial, mas também tóxico para o ser humano. A
importância do cromo no organismo está relacionada ao controle da glicemia e
lipídeos, a ingestão diária é de 50 a 200µg. A principal função do cromo é
potencializar os efeitos da insulina, e através desta alterar o metabolismo da glicose,
aminoácidos e lipídeos. Promovendo a redução dos níveis de gordura corpórea,
controle de diabetes e pressão sangüínea. O cromo trivalente não é tóxico, a forma
hexavalente é tóxica e pode causar lesão renal, gastrointestinais e perfuração nasal
(HASTEN et al.,1992). A Figura 4 demonstra a conseqüência do efeito de
contaminação por metais pesados.
Para Manahan (1994), a degradação ambiental e suas fontes antropogênicas
principais são: indústrias particularmente relacionadas à produção de ligas de ferro –
cromo, ligada ao refino de minérios, à queima de combustíveis fósseis, indústria de
produção de petróleo que utilizam ou já utilizaram Lignosulfato de Fe e Cr e Lignito
de Cr (são compostos de cromo), ao refino de minérios e indústria de couro.
NÍQUEL
Na tabela periódica o níquel está localizado no Grupo (8B) número atômico 28 e
massa atômica 58,7 g mol-1. A fonte de níquel mais importante é o mineral
pentlandita (Fe,Ni)9S, nicolina (NiAs), Silicato de magnésio e níquel (NiMg)H2SiO4
além dos óxidos niqueloso (NiO) e dióxido (NiO2) encontrado nas rochas
ultramáficas. Além da fonte litogênica, nas perfurações de poços, emissões das
fundições e a queima de carvão podem contribuir para o teor de níquel no solo.
Utiliza-se o níquel como agente catalítico, porque em presença de hidrogênio, é
capaz de reduzir ou hidrogenar muitos compostos orgânicos e inorgânicos, haja
visto que a matéria orgânica tem forte habilidade para absorver o níquel.
Segundo a Cetesb (1997), a concentração de níquel na crosta terrestre é de
0,018%, o que o torna 25° elemento mais abundante. Os solos derivados de
serpentinitos podem conter concentrações de Ni entre 100 a 7.000mg.kg-1 associado
com altos teores de cromo, magnésio e ferro. Estima-se que o teor normal nos solos
seja 40mg.kg-1 .
Não existem muitas referências bibliográficas quanto à toxicidade do níquel, mas em
pequenas quantidades o níquel é necessário ao organismo do homem e dos outros
animais. Não é um composto tóxico cumulativo, mas quando as quantidades
ultrapassam as requeridas esse torna-se prejudicial. O homem está exposto ao
níquel através do ar que respira, da água ingerida, do fumo dos cigarros, e ingerem
o diariamente em alimentos como coco, alguns frutos secos, nabos, chocolates,
gorduras e flocos de aveia que têm altos níveis de níquel em sua constituição. As
quantidades ingeridas, diariamente são cerca do triplo das que necessitamos, os
valores atingem 100-300µg/dia, sem surgir graves problemas de toxicidade
(CETESB, 1997).
Os próprios utensílios de cozinha possuem níquel na sua constituição, que podem
está contribuindo significamente para ingestão diária. Outra fonte de níquel é o
cigarro que se acumula diretamente a nível pulmonar 23µg níquel/dia se fumar 40
cigarros num dia, o níquel proveniente do cigarro, da panela de inox e da gordura
hidrogenada pode levar a irritação respiratória, edema pulmonar e problema
gastrointestinal (CETESB, 1997).
Figura 4 - Quadro de Síntese dos Efeitos Causado Pela Contaminação dos Metais Pesados em Regiões Costeiras.
Entrada do Poluente (M. Pesados)
Imediato
Minutos a Dias
Horas a Semana
Dias a Meses
Meses a anos
Anos a Décadas
Mudanças Comportamentais, Efeitos no Sistema Neuro-Endócrino, Efeitos nas Membranas Epiteliais
Respostas Bioquímicas
Alterações no Metabolismo, Fluidos Corpóreos e Enzimas
Respostas Fisiológicas
Consumo de Oxigênio, Balanço Osmótico, Alimentação e Digestão
Alteração no Desempenho Fisiológico
Crescimento Reprodução
Impacto nas Populações
Estrutura e Dinâmica das Comunidades
Função e Estrutura dos Ecossistemas
Fonte: (BITTENCOURT & VILLAS BOAS et al., 1979)
Mudança na Qualidade da Água
1.4 IMPACTOS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS
A área objeto de estudo está situada numa localidade que sofre influência das águas
dos rios: Subaé, Paraguaçu e São Paulo, sem descartar a contribuição dos
tainheiros localizados na baía de Itapagipe. Devido á poluição transportada pelo
curso d’água desses rios. a BTS pode estar sofrendo impactos ambientais, e as
principais fontes de poluição são mostradas na Tabela 2, apontados pelo antigo
Centro de Recursos Ambientais da Bahia (CRA, BAHIA, 1984; 1997) atual IMA.
EMPRESAS QUE ATUAM COMO
FONTE POLUENTE ATIVIDADES
AGROPARMA ‐ Indústria,Comércio e Participação Ltda (Parmalat)
Produção de sucos integrais e concentrados de frutas,encontra‐se paralisado
ICESA ‐ Indústria, Comércio e Empreendimento Ltda
Beneficiamento de mármores e granitos
NEVE ‐ Indústria e Comércio de Sabão e vela Ltda
Fábrica de sabão e velas, cuja materia prima é o sebo bovino e parafina
LOCARPE S/A Produz embalagens de papel e plástico, produzida a partir do papel e polietileno
TENSIL ‐ Indústria de Bactericida e Produtos de Assepsia Ltda
Produz detergentes hospitalares e bactericida
TROMBINI ‐ Papel e Embalagens S/A Fábrica de caixas de papelão e embalagens
BRASFRUT ‐ Fruto do Brasil Ltda Produção de sucos e diversos sabores
SAPELBA ‐ Fábrica de Papel da Bahia Ltda Processa celulose para utilizar na fabricação de papel, para confecção de sacos
PIRELLI PNEUS S/A Fábricação de pneumáticos e câmaras de ar,utilizando borracha natural e sintética
FRIFEIRA ‐ Frigorífico de Feira de Santana S/A
Realiza abate de bovinos, destinado ao abastecimento de toda região
BACRAFTA S/A ‐ Indústria de Papel Fabricação de papel (higiênico toalha e guardanapo)
USINA ITAPETINGUI INDÚSTRIA AÇUCAREIRA S/A
Agroindústria destinada a fabricação de açúcar cristal
Tabela 2– Principais fontes de poluição inserida na BTS Fonte: Santos, (2002)
A BTS de um modo geral ainda apresenta aceitáveis condições de qualidade
ambiental, embora existam problemas de contaminação de águas e sedimentos em
regiões específicas, devido não só às altas concentrações populacionais e industrial
localizadas em suas margens como as baixas velocidades das correntes e
consequente capacidade restrita de renovação das águas, a Figura 3, apresenta
comportamento de plumas de contaminantes e focos localizados por lançamento
contínuos de partículas conservativas em diferentes pontos da BTS, realizado numa
simulação matemática do comportamento específico de plumas de contaminação
compostas por lançamento em diferentes pontos da BTS, então os estudos concluiu
que consegue constatar a permanência das partículas próximo as fontes, mesmo
após os 10 dias do lançamento (BAHIA, 1997; p.200a).
A Baìa de Itapagipe pode ser citada como uma das principais regiões contaminada
da BTS, o problema de contaminação se deve basicamente aos lançamentos diretos
de esgoto doméstico da população em condições favelizadas e à drenagem pluvial
contaminada. Esses lançamentos causam problemas de excesso de carga orgânica
e eutroficação, que pode levar a provocar mortandades de peixes. Além dessa
contribuição atual, existiu uma contribuição industrial antiga, a qual leva a que sejam
detectadas concentrações de mercúrios nos sedimentos. Com a implantação
industrial de grande porte na região da Baìa de Aratu, na costa de Mataripe,
Candeias e Madre de Deus, levou ao desenvolvimento de um passivo ambiental
significativo nessas áreas. Este passivo está associado ao contínuo aporte de
metais pesados (Zn e Cu) e hidrocarbonetos, que vem sendo acumulados nos
sedimentos e mesmo na biota. Na relação de empresas com atividades
potencialmente impactantes são citadas indústrias quìmicas, petroquìmicas,
atividades de transporte, armazenamento de insumos e frigoríficos (BAHIA, 1997).
2 OBJETIVO GERAL Determinar elementos metálicos: Cr, Ni, Cu, Zn, Fe e Mn em sedimentos de
fundo/corrente da Baía de Todos os Santos – Bahia – Brasil.
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Caracterizar frações granulométricas (areia, silte, argila);
• Quantificar os níveis desses metais pesados e a sua dispersão na área de
estudo (trecho entre Salinas das Margaridas - Ba e São Francisco do Conde -
Ba);
• Produzir dados que sirvam de suporte para o monitoramento ambiental e
estudos futuros na área.
Trecho Monitorado
3 LOCALIZAÇÃO E ACESSO
A Baía de Todos os Santos (BTS) é a maior Baía brasileira, localiza-se no Estado da
Bahia, sendo a segunda maior baía navegável do Brasil, com aproximadamente
1223 Km², interfaciada por 16 municípios como mostra na Figura 5.
Figura 5 – Mapa de localização do Campo de Manati e em destaque a área a ser monitorada na Baìa de Todos os Santos – Bahia, no entorno de parte do gasoduto para escoamento da produção do referido Campo.
3.1 CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS A origem da BTS tem sido associada a processos neo-tectônicos atuantes no
Quaternário, resultante de uma longa cadeia de eventos iniciados na separação dos
continentes, efeitos do progressivo resfriamento do planeta no Cenozóico, e
variações na amplitude das marés em repetidos episódios de inundação e
esvaziamento da baía, sendo determinados por esta história geológica (POGGIO et
aL., 2009), no qual permitiram configurar seu contorno e fisiografia em série de
enseadas, ilhas, sub-baías, penínsulas, recifes de corais, costões rochosos, praias e
uma variedade de ecossistemas ricos em biodiversidade como manguezais e
restingas. A sua extensão apresenta uma topografia de fundo concernentemente
plano com profundidade média de 9,8 m. Localizada na região do Recôncavo
baiano, esta inserida sobre as rochas sedimentares que preenchem a sub-bacia do
Recôncavo (POGGIO et aL., 2009).
Na entrada da baìa (canal de Salvador), onde está aproximada a localização da área
de estudo, predominam os sedimentos marinhos siliciclástico controlados pela ação
das correntes de maré (POGGIO et aL., 2009).
Segundo Nunes (2002), sua variação de salinidade na porção principal da BTS está
entre 33,0 e 36,7, sendo que estuários se restringem as áreas de influência do rio
Paraguaçu. As temperaturas variam de 24° e 30° C, se tratando de características
de ambientes abertos de mar.
Conforme Lessa (2001), a distribuição da salinidade exibe que é uma baìa dominada
por condição marinha; águas salobras e condições estuarinas são identificadas nos
canais do rio Paraguaçu e Subaé, considerados importantes fontes de água doce
para essa baía. No inverno quando há um aumento do fluxo de água doce,
variações de salinidade de 4 unidades podem ser verificadas entre as porções mais
interna da BTS e a região costeira adjacente. Já nas porções centrais da baía os
valores da salinidade podem chegar aproximadamente até 32,2 (CIRANO et
al.,2007).
Segundo Lessa et al., (2001) ao longo da extensão da baía sua batimetria média na
área de estudo era aproximadamente 6 m com irregularidades. Na Figura 6 é
demonstrada a batimetria média da BTS, exceto alguns canais e depressões que
podem alcançar até 120 m. Não apresenta variações significativas ao longo do ano,
exceto nas épocas de estações chuvosas. No geral, na maior parte da baía,
predominam condições dominantes de maré vazante e preamar, as medidas das
correntes mais fortes, da morfologia das junções de canal e dos depósitos
sedimentares, especialmente os depósitos deltaicos.
Figura 6 - Batimetria Média da Baìa de Todos os Santos, reconstituída a partir dos valores de profundidade dados nos nós da malha de discretização (LESSA, 2001).
Segundo Duchasaing e Michelotti (1960), o substrato da BTS é composto
predominantemente por fácies argilosa na região inconsolidada e por algas marinhas
(Chlorophyta, Rhodophyta e Phaeophyta) e Zoantídeos, Palythoa Caribaeorum e
UZoanthus cf. sociatusU, como também ouriço do mar, Lytechinus Variegatus e
Echinometra lucunter, Ascidiacea como Phallusia nigra Savigny e colônias de corais
como UMillepora alcicornis Linnaeus U, UNeospongodes atlântica U UKukenthal,Favia SP U.,
UMontastrea cavernosa U, UMussismilia spp U.,e USiderastrea spp U, são encontrados nas
regiões consolidadas.
De acordo Lessa et al (2001) uma avaliação do tempo de descarga também é feita e
mostra que durante o verão, o tempo de descarga pode sofrer um aumento de 60%
daquele observado durante o inverno (38 dias). Apesar da circulação não variar
sazonalmente no interior da baía, observa-se que a plataforma interna associada é
caracterizada por dois cenários. Durante o verão, os ventos de leste, que
proporcionam ressurgência, atuam para gerar correntes para sudoeste, enquanto
que durante o inverno, a maior ocorrência de frentes frias (ventos de sul). Lessa et
al. (2001) descrevem medidas de vários fluxos de correntes indicando um grande
sentido dessas correntes para oeste capaz de transportar sedimentos para fora da
baía (Figura 7).
Figura 7 -Diagrama esquemático sugerindo o modelo geral para circulação de água e direção do transporte líquido de sedimentos por arrastamento da Baía de Todos os Santos e região costeira vizinha. Fonte: Lessa et al.,(2001)
Trata-se de uma zona de baixa energia de maré, pois os ventos alísios dominantes
na área promovem a arrebentação de onda com amplitude inferior a 50 cm e
amplitude média inferior a 10 cm na parte interna da baìa, sob a influência
reguladora do Oceano Atlântico, que interfere tanto nas características térmicas
como no regime e na intensidade das chuvas (NETO et al.,1977). A velocidade de
fluxo orientada para oeste que é capaz de transportar sedimentos para fora da baìa.
Segundo o Centro de Recursos Ambientais da Bahia – CRA (2001) os ventos
possuem direção predominante, no sentido sudeste e sul, o que reflete a situação do
anticiclone subtropical do Atlântico Sul e a posição da Baìa de Todos os Santos. No
interior da baía os ventos são geralmente nordeste no verão e sudeste no inverno,
sendo agosto o mês dos temporais do sul, soprando dois ou três dias seguidos.
3.2 CLIMA
O clima é do tipo Afa, segundo a classificação de Köppen (1948), que relaciona o
clima com a vegetação, constituindo-se em um sistema tradicionalmente utilizado em
estudos regionais. A área de estudo encontra-se numa faixa de áreas sem estação
seca e com chuvas no inverno, com clima quente e úmido. A precipitação média
anual é de 1900 mm e precipitações maiores em abril e agosto (GUEDES &
SANTOS, 1997).
A temperatura média anual fica em torno de 25,3ºC, com máximas que chegam a
28,3ºC com amplitude térmica de 5,5º C e mínimas de 22, 8ºC, sendo os meses
mais chuvosos abril, maio e junho; e aqueles com menor intensidade de chuvas os
meses de outubro, novembro e dezembro (BAHIA, 1999).
3.3 VEGETAÇÃO
A vegetação que recobre a área da baìa é classificada como Região Ecológica da
Floresta Ombrófila Densa, Região Ecológica da Floresta Estacional Semidescidual e
Região Ecológica da Floresta Estacional Descidual (BRASIL, 1991).
Os principais ecossistemas da baía são a mata atlântica, os manguezais e os recifes
de coral. Segundo a CEI (1998), a vegetação primária que domina a área é a
floresta tropical úmida costeira ou floresta perenifólia latifoliada higrófila hileana
baiana, conhecida como Mata Atlântica, a qual se encontra degradada, restando
apenas bolsões de floresta secundária ou compondo ecossistemas que ocorrem em
áreas de influência fluviomarinha, ao longo das praias e dos rios e ao redor dos
lagos (CEI, 1994ª).
Quanto aos manguezais, estes se estendem desde a Baía de Aratu, Estuário do
Subaé, Foz do Rio Acupe, contra-fortes da Ilha de Itaparica. Caracterizam-se por
apresentar uma vegetação tolerante a elevados teores de salinidade na água e o
substrato, bem como concentrações elevadas de matéria orgânica (BAHIA, 1996).
Na costa leste e sudeste da Ilha de Itaparica localizam-se os recifes de corais.
3.4 GEOMORFOLOGIA
De acordo Bahia (1994), a região apresenta duas unidades bem definidas: a
primeira corresponde a Unidade Baixada Litorânea, formada por materiais do
Supergrupo Bahia e outras Formações do Cretáceo (Grupo Brotas, Santo Amaro,
Ilhas, Formação São Sebastião e Marizal), do Terciário (Formação Barreiras) e
Coberturas recentes. A segunda unidade é a Planície Marinha e Flúviomarinha,
situada na Região das Planícies Litorâneas. Essa unidade corresponde a uma
formação mais recente, na qual está inserido o ecossistema manguezal (resultado
da acumulação de sedimentos transportados pelos rios associado aos movimentos
das marés e ao clima).
Conforme Brasil (1981), atualmente a parte da superfície do entorno da BTS
encontra-se modelada com áreas de denudação, em alguns trechos bastante
dissecados, principalmente nas planícies marinhas próximo ao mar. O sistema em
graben da bacia promoveu a existência de diversos altos topográficos, além das
numerosas ilhas dentro da baía (LESSA et al., 2000).
3.5 SOLOS
Segundo O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1998), a
região possui dois tipos principais de solos:
Podzólico vermelho-amarelo álico - Apresentam cores variadas entre amarelo e
vermelho associadas aos teores de óxidos e hidróxidos de ferro, hematita (Fe2O3) e
goethita (FeOOH) presentes nesse tipo de solo. Possui natureza areno-argiloso que
ocorrem sobre o relevo plano, suave-ondulado e ondulado da área de estudo. São
solos constituídos por material mineral não hidromórficos, com gradiente textural
entre o horizonte A ou E e Bt. O horizonte Bt apresenta estrutura em blocos
angulares ou subangulares, com presença de cerosidade, decorrente da
translocação de argilas do horizonte A.
Esses argissolos apresentam argilas com atividade alta (ta) e apresentam saturação
com alumínio superior a 50%, principalmente no Recôncavo Baiano, com áreas
relacionadas geologicamente ao cretáceo (RADAMBRASIL, 1981) e argilas de cores
vermelhas a amarelas. Apresentam teores de Fe2O3 < 11% (OLIVEIRA, 2000). Suas
limitações de natureza pedológica e agrícola são caracterizadas como baixa
fertilidade, mudança textural abrupta, alta erodibilidade, principalmente pela retirada
da cobertura vegetal e intensos processos intempéricos.
Solos indiscriminados de mangue – esse tipo de solo ocorre no litoral, nas
proximidades da desembocadura de rios, com influência direta das marés.
Apresentam elevados teores de sais, alta concentração de matéria orgânica e
compostos de enxofre. Estão sujeitos a inundações constantes, o que os tornam
geralmente inviáveis para o aproveitamento agrícola, segundo o sistema de
agricultura brasileiro. Esses terrenos correspondem às zonas de manguezal e são
comumente denominados de forma errônea como sendo indiscriminados de
mangue, por especialistas que desconhecem suas características
intrínsecas.(EMBRAPA,1998)
3.6 HIDROGRAFIA
O canal de Itaparica/Salvador é a área de maior energia sujeita ao fluxo e refluxo
das marés que apresentam baixos teores de argila, que podem está relacionados a
energia mecânica muito alta. Na área Norte a energia é menor, sendo ocupada por
fácies de lama. Dentre os principais rios que deságuam nessa Baía podemos citar
os rios Paraguaçu, Subaé, Jaguaripe, São Paulo. Sendo o rio Subaé o mais poluído
devido a instalações industriais ao longo de todo o seu percurso (GUIMARÃES et
al.,2003).
As bacias hidrográficas afluentes à Baía de Todos os Santos possuem uma área de
captação superior a 60.000 Km2 e despejam cerca de 95 m3s-1 de água doce no seu
interior (LESSA et al., 2000). Esses rios e riachos que carreiam materiais terrígenos
e matéria orgânica são responsáveis pela alta fertilização das águas desse sistema
marinho. Atualmente, essa rede de drenagem se encontra comprometida pelos
esgotos das áreas urbanas e industriais, sendo responsável pelos altos teores de
detritos, matéria orgânica e sustâncias tóxicas, as quais deram origem ao processo
de degradação dos manguezais, dos estuários e da qualidade das águas da Baía.
(GUIMARÃES et al.,2003).
3.7 GEOLOGIA
A região está inserida na Bacia Sedimentar do Recôncavo, que foi formada a partir
rifteamento intracontinental, Recôncavo-Tucano-Jatobá, durante o cretáceo no
processo de separação das placas tectônicas da África e da América do Sul.
Estruturalmente está localizada entre a Falha de Salvador a leste e a Falha de
Maragojipe a oeste. Durante o Jurássico implantou-se a grande depressão, conhecida com "Depressão Afro Brasileira", onde começou haver uma extensa sedimentação, essencialmente não marinha, acompanhada de movimentos que resultaram em falhas normais e que evoluíram no início do Cretáceo Inferior a um sistema de falhas marginais que hoje delimita ambas as bordas das bacias de Tucano e Recôncavo (INDA E BARBOSA, 1978 apud RAMOS, 1993).
A existência da Baía é atribuída a acidentes tectônicos pré-cretáceos que
deprimiram numa profunda fossa preenchida por um pacote de sedimentos
jurássico-cretácico constituído por rochas do Supergrupo Bahia que, repousam
sobre o Embasamento Pré-Cambriano, composto em sua maior parte de granulitos e
migmatitos de idade Arqueana que constituem o Cinturão Granulito Atlântico, e
sobre metassedimentos brasilianos da Formação Estância (ROSA et al., 2001).
Na área de estudo, conforme a descrição do Mapa Geológico da região (CBPM,
2002) (figura 8), ao norte e a oeste da Baía, nas ilhas e no município de São
Francisco do Conde afloram as rochas do Cretáceo Inferior dos Grupos Santo
Amaro e Ilhas, onde se encontram os reservatórios da fase rift da Bacia do
Recôncavo, além da Formação São Sebastião. Ao longo do canal de São Roque,
afloram extensamente o Grupo Brotas do Jurássico Superior. Na baía de Iguape, ao
longo da falha de Maragogipe aparecem as rochas do Grupo Santo Amaro no
contato com o embasamento Pré-Cambriano. Nas margens da baía ocorrem
abundantemente, depósitos quaternários, incluindo leques aluviais, terraços
marinhos e depósitos de manguezais.
Fonte: CBPM, 2002 apud Lessa & Dias, 2009 Figura 02: Mapa geológico da área em superfície ao redor da Baía de Todos os Santos.Figura 8: Mapa geológico da área em superfície ao redor da Baía de Todos os Santos. Fonte: CBPM, 2002 apud LESSA & DIAS, 2009.
Área de Estudo
Figura 9 - Imagem de satélite dos pontos de Amostragem entre Salinas das Margaridas - Ba e São Francisco do Conde – Ba Fonte; Google
4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 COLETA E PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS DE SEDIMENTO
A coleta do sedimento foi realizada em três estações de amostragem (Tabela 3), de
maneira a se obter a melhor representatividade possível da área (Figura 9).
Tabela 3 – Coordenadas geográficas dos pontos de amostragem entre Salinas das Margaridas - Ba e São Francisco do Conde – Ba.
BTS 1 12° 49’ 58,37834’’ 38° 44’ 58,70285’’ BTS 2 12° 44’ 58,37962’’ 38° 40’ 58,70503’’ BTS 3 12° 41’ 58,38051’’ 38° 39’ 58,70572’’
Datum: SAD 69
As amostras de sedimento de estuário foram coletadas no turno da tarde no período
de baixa-mar em pontos próximos ao gasoduto entre Salinas da Margarida e São
Francisco do Conde, com batimetria variando entre 2 m a 4 m de profundidade.
Durante a coleta não houve incidência de chuvas.
A campanha de coleta consistiu na obtenção das amostras de sedimentos
superficiais de ambiente de baixa hidrodinâmica com substrato lamoso. E para
retirada desse material sedimentar utilizou-se um equipamento chamado Box Corer
que recolheu as amostras numa profundidade de aproximadamente 20 cm (Figura
10 e 11). O Box Corer é o instrumento mais apropriado para esse tipo de coleta, pois
com ele é possível coletar um “bloco” de sedimento que pode posteriormente ser
seccionado em diversas direções, com isso mantém a preservação das estruturas
primárias e biológicas dos sedimentos coletados no mar.
Figura 10 - Box Corer sendo retirado do mar.
Figura 11 – Amostragem de sedimento com auxílio do Box Corer
Após a coleta, o material foi acondicionado em sacos plásticos previamente
descontaminados , etiquetadas e armazenadas em uma caixa térmica de isopor com
gelo (± 5° C). Devido à especificidade da análise de metais, foi retirado todo o ar do
saco plástico (Figura 12), após amostragem, para evitar a oxidação da amostra. Em
seguida as amostras foram conduzidas até o Laboratório de Estudos do Petróleo
(LEPETRO) do Núcleo de Estudos Ambientais (NEA) do Instituto de Geociências
(IGEO) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) onde foi armazenado em freezer e
mantido congelado até a realização das análises estabelecidas.
Figura 12 – Amostra de sedimento na estação de amostragem
4.2 TRABALHOS DE LABORATÓRIO
4.2.1 Análise granulométrica
A análise granulométrica consiste na determinação do tamanho das partículas que
constituem as amostras representativas do sedimento. A análise granulométrica foi
realizada no Analisador de Partículas a Laser (Modelo Cilas 1064), pelo método de
difratometria a laser do Laboratório de Geoquímica (NEA) do Instituto de
Geociências da Universidade Federal da Bahia.
Esse método consistiu em pré-tratamento das amostras utilizando peróxido de
hidrogênio para eliminar a matéria orgânica. Em seguida, acrescentou-se
Hexametafosfato de sódio e manteve-se durante 24hs sob agitação para evitar
floculação. Com a realização da análise granulométrica por esse método foi possível
obter os dados em porcentagem das frações granulométricas nas amostras dos
sedimentos.
4.2.2 Análise de AVS/SEM
Essa análise foi realizada com base na metodologia de Allen et. al (1993), com o
propósito de extrair Sulfetos Voláteis em Ácido (AVS) e Metais Extraídos
Simultaneamente (SEM). A extração foi feita com 6 mol.L-1 de HCl utilizando o
sistema de AVS, sendo a determinação dos sulfetos por Espectrofotometria de
Absorção Molecular e os metais por Espectrometria de Absorção Atômica (FAAS).
Pode-se indicar um potencial de disponibilidade de metais em ambientes aquáticos,
onde as razões < 1 indicam o excesso de enxofre para a complexação dos metais e
> 1 o excesso de metais disponíveis. De acordo com estudos realizados por Casas e
Creselius (1994), para valores inferiores a 1, o sedimento não apresenta toxicidade
aguda. Apesar de não existir valores de referência padrão ou “background” para
sedimentos de fundo. Este mesmo autor indica que concentrações de AVS em
sedimentos marinhos estão na faixa de 20-90 μmol S g-1 peso seco. Haja visto que
fatores como variação sazonal, profundidade ao qual o sedimento foi coletado e a
batimetria da lâmina d’agua, podem ter influência direta no ( AVS).
MACKEY & MACKAY et al. (1996) e LAWRA et al. (2001), mostram que a
concentração de AVS em sedimentos nos ambientes redutores é maior no verão do
que no inverno, atribuído provavelmente ao crescimento de bactérias redutoras de
sulfato.
Conforme explica Lopes et. al (2000), o método se baseia no fato que a matéria
orgânica ligada aos sedimentos de água doce e ambientes marinhos, normalmente é
oxidada por bactérias que usam sulfato como receptores de elétrons, gerando um
processo de redução do sulfato e produzindo sulfeto de hidrogênio (H2S) e outros
componentes de S reduzidos. O ferro deslocado é reduzido às formas iônicas
ferrosas, que por sua vez reagem com H2S, formando uma grande variedade de
minerais de sulfetos de ferro, incluindo a forma amorfa (FeS). A dissociação de FeS,
na fase aquosa facilita a aproximação de metais divalentes, que em concentrações
elevadas, reagem com o sulfeto, formando sulfetos mais insolúveis que o ferro,
conforme é expressa pela reação de Pesch et al.,(1995):
FeS↓ ↔ Fe 2+ + S2-
O aparelho de suporte experimental consiste em um balão de reação (Figura 13),
seguido de tubos receptores conectados para excluir as perdas do AVS. Cerca de 3
g de sedimentos úmidos foram submetidos à extração com 20ml de ácido clorídrico
6 mol.L-1 , a frio sob atmosfera de nitrogênio. O sulfeto volatilizado (H2S) foi levado
pelo fluxo de nitrogênio e retido em um tubo contendo solução de NaOH 0,5 mol.L-1..
Após uma (1) hora a solução ácida do balão de destilação foi conduzida a capela
para filtração em papel de filtro (Figura 14).
As concentrações de AVS e SEM estão expressas com base no peso seco, pois
simultaneamente foi determinada a água nos sedimentos.
Figura 14 – Sistema de filtração da amostra após digestão do Sistema AVS
Após a liberação do H2S pela acidificação, o procedimento consistiu em transferir
para um vail 25ml da amostra coletada no tubo, e avolumada para 100ml (Figura
14). Acrescentou-se 1ml do Sulfide reagent 1 e 1 ml do sulfide reagent 2, e agitou-se
amostra por um minuto. Passado cinco minutos foi feito a leitura num
espectrofotômetro de absorção molecular em comprimento de onda 665 nm. Para
calcular o sulfeto foi utilizada a seguinte fórmula:
Figura 13 - Sistema de destilação de AVS
S¯ = (Absorvância / 1,7349) – branco.
Obs: O branco foi igual a 0,12 para todas as estações de coleta
1,7349 – UXU do coeficiente angular da reta
Figura 15 - Extração de sulfeto Os metais presente em formas de íons solubilizados (SEM) foram analisados por
espectrometria de absorção atômica por chama (FAAS), (Figura 15). Nesta solução
foram determinados os metais associados ao AVS (Ni, Cu, Zn, Cr, e Ni), além de Fe
e Mn.
Os limites de detecção (LD) dos metais analisados foram calculados com 3 vezes o
valor padrão dos brancos reagentes (branco analítico).
LD = 3 x Sbranco
Sbranco = desvio padrão do branco
Observação: Não foi dimensionado um plano de amostragem suficiente para atender
requisitos estatísticos nem avaliação de fontes poluidoras (causa/efeito) e sem
estação controle. Então diante destas limitações só foi possível quantificar os níveis
desses metais pesados e sua dispersão na área de estudo.
Figura 16 - Espectrometro de Absorção Atômica ou Espectrometria de Emissão (FAAS).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 GRANULOMETRIA
O estudo da granulometria dos sedimentos coletado na campanha de amostragem
teve como objetivo a classificação das partículas de acordo com a fração areia, silte
e argila, classificados texturalmente com base no diagrama ternário de classificação
textural (LEMOS & SANTOS, 1996), (Figura 17). Na comparação das três estações
estudadas não houve praticamente nenhuma mudança significativa na
granulometria. Os sedimentos foram coletados em triplicatas em todas as estações,
e nas estações 2 e 3 foram classificados em argila síltica, enquanto que na estação
1 houve uma predominância da fácie argila arenosa com proporção de argila e areia
um pouco maior que nas demais, o que permitiu classificar em argila arenosa. Na
(Tabela 4) são apresentados os dados médios de argila, silte e areia em
porcentagem (%). Observou-se que os sedimentos encontrados são de natureza
muito fina, indicando um ambiente de baixa energia. A sedimentologia da área
caracteriza sedimentos típicos de estuário, variando de areia muito fina a argila,
onde a mineralogia é composta por minerais detriticos (quatrzo e minerais argilosos).
Tabela 4 - Distribuição granulométrica em porcentagem (%) dos sedimentos nas estações de coleta da BTS
Estações de amostragem Areia (%)
(> 63 μm)
Silte (%) (2 – 63 μm)
Argila (%) (0,04 –2μm)
Classificação Textural
BTS ‐ 01 30 15 55 Argila Arenosa BTS ‐ 02 7 44 49 Argila Síltica BTS ‐ 03 12 42 46 Argila Síltica
Essa classificação permitiu caracterizar a área em um ambiente de estuário costeiro
de baixa hidrodinâmica, sendo um forte receptor de aporte sedimentar das
formações barreiras e marizal transportados por fontes flúvio-deltaico que se
interligam através das drenagens dos rios que deságuam no mar. Nesses
sedimentos, predominam os alóctones sobre os autóctones.
A lama que ocorre em determinadas partes da BTS pode ser representada como
uma janela estratigráfica, sendo provavelmente relacionada a depósitos lamosos,
como mapeados por Carvalho (2000). Esta ocorre mais no centro da BTS, pois
estão relacionados aos sedimentos das Formações Barreiras, Marizal e do Grupo
Ilhas.
Com base nos dados apresentados na (Tabela 4), efetuando-se a classificação
granulométrica dos sedimentos com emprego do diagrama ternário de classificação
textural dos sedimentos, conforme mostrado na (Figura 17). Observa-se que a
granulometria apresenta características semelhantes com uma predominância da
fácies argila síltica e argila arenosa, de acordo a classificação de Folk e Ward
(1957). A distribuição é bimodal, com sedimentos bem selecionados e maturos.
Figura 17 - Diagrama ternário de classificação textural. Fonte: (adaptado por) LEMOS & SANTOS, 1996.
Os sedimentos é um dos melhores meios concentradores de metais no ambiente
aquático, podem funcionar como reservatório ou fontes de metais pesados,
dependendo dos agentes físicos, químicos e biológicos do meio circundante.
Processos químicos e físico-químicos como adsorção, troca catiônica, precipitação,
co-precipitação, complexação e floculação retêm no sedimento, os metais trocáveis
e os associados a diversos substratos como óxido e hidróxido de Fe e Mn,
carbonato, sulfeto e matéria orgânica (SALOMONS e FORSTNER, 1980).
Modificações nas preexistentes condições físico-químicas do meio (pH, Eh, teor
orgânico e salinidade), tendem a liberar e totalmente as frações metálicas
potencialmente móveis associadas a esses substratos sedimentares ou
ocasionariam a sua adsorção pelas partículas sólidas (TESSIER et al.,1979).
De acordo com Burone (2003), a predominância de argila e silte, principalmente silte
nas estações próximo ao litoral deve ser um fator a ser levado em consideração para
a avaliação da disponibilidade de compostos inorgânicos e orgânicos, porque grande
quantidade de matéria orgânica (carbono e nitrogênio) pode ser incorporada nos
sedimentos sofrendo remineralização ou não, e posteriormente, devido à
pertubações provocadas por mudança na velocidade no fluxo da corrente, entrada
de frente fria alterando a altura das ondas ou até mesmo por organismos, estes
compostos podem ser ressuspendidos, voltando para coluna d’água.
5.2 Sulfetos Voláteis em Ácido (AVS), Metais Extraídos Simultaneamente (SEM) e Biodisponibilidade dos Metais Cu, Ni, Zn,Cr,Fe e Mn nos sedimentos de fundo. Os resultados analíticos do AVS/SEM são apresentados na Tabela 5. Para efeito de
comparação e para se ter uma noção sobre as conseqüências das concentrações de
metais nos sedimentos na área, escolheu-se por utilizar os critérios estabelecidos na
literatura, representada pela agência ambiental internacional como a National
Oceanic and Atmosferic Administration (NOOA) e trabalhos realizados próximo a
área que utilizaram a mesma metodologia (AVS/SEM). As concentrações de metais
encontradas para cada estação estão abaixo dos valores do background do NOOAA
e dos sugeridos trabalhos da literatura (ONOFRE, 2007; GARCIA, 2009 e
CARVALHO, 2001).
Tabela 5 - Comparação dos teores de metais, análises granulométricas, SEM e AVS
Presente Trabalho
BTS 1 BTS 2 BTS 3
NOAA Onofre,2007
Garcia,* 2009
Bgd TEL PEL 1ª C 2ª C Areia 30 7 12 * * * * * Silte 15 44 42 * * * * * Argila 55 49 46 * * * * * Fe 6851 5340 5377 * * * * * Mn 137 330 249 * * * * *
Zn 12,17 15,46 18,75 48 124 271 18 17‐38 3‐34. 29 19 Cu 2,12 6,73 5,89 17 19 108 6 7‐35. 1‐30. 15 8 Cr 3,37 4,11 3,49 * * * * * * Ni 3,49 3,56 3,15 13 16 43 7 1‐6. 3‐26. 3 14 Sulfetos 0,14 0,05 0,04 * * * * 7,63 34,1 (AVS) (SEM) 0,33 0,47 0,49 * * * * 0,73 0,53 Somatório 0,14 0,05 0,04 * * * * 7,63 34,1 (AVS) USEM/AVS 2,37 9,78 11,15 * * * * 2,17 0,16 Legenda: BTS = estações de coleta; NOAA (National Oceanic and Atmosferic Administration) Bgd = Background; TEL = concentração abaixo da qual não há risco de efeitos tóxicos á biota PEL= níveis prováveis de efeito adverso a comunidade biológica. *Comparação dos teores mínimo, máximo e médios dos metais da porção Nordeste da BTS
Em relação aos resultados das concentrações de metais simultâneamente extraídos,
a concentração de cobre nos sedimentos de fundo da BTS, a estação 03 apresentou
os teores elevados (5,89 mg Kg-1), enquanto que a estação 01 apresentou o menor
valor médio (2,12 mg Kg-1) e a média aritmética do teor das três estações foi 4,9 mg
Kg-1
Em estudos realizados por Onofre et al. (2007) na região dos manguezais de São
Francisco do Conde,observou que os teores de cobre nos sedimentos variou de 2,40
a 10,27 mg Kg-1 .
Comparando-se os resultados analíticos de cobre do presente trabalho com aqueles
obtidos nos trabalhos realizados por Onofre et al. (2007), verificando-se que estes
tiveram concentrações mais elevadas. Garcia et al. (2009), utilizando mesma
metodologia AVS/SEM em sedimentos marinhos, identificou valores médios que
variou de 15 a 8 mg Kg-1 .
Os teores de zinco oscilaram de 12,17 mg Kg-1 na estação 01 a 18,75 mg Kg-1 na
estação 03. Comparando-se os resultados analíticos de zinco do presente trabalho
com os de Onofre et al.(2007) (6,01 a 37,12 mg Kg-1) e Garcia et al. (2009) (3,0 a 39
mg Kg-1). Concluindo que a concentração de zinco encontrado está dentro dos
parâmetros de referência aceitável da área.
Os teores de zinco encontrado nas estações de coleta foram bem inferiores aos
valores encontrados por Grabowski et al (2001), e significativamente menos
elevados do que os teores analisados por Wen (1999), em seu trabalho de
pesquisa. Na estação 03 houve aumento entre as concentrações do ponto de vista
analitico, até próximo a São Francisco do do Conde. A composição média de zinco
nos sedimentos dos pontos de coleta estudado, no geral, são bem menos elevadas
do que em outros pontos de coleta citados por trabalhos anteriores. Isso reflete os
diferentes tipos de aporte de sedimentos, além da contribuição antrópica nas áreas.
A coerência dos resultados apresentados mostra que a característica textural
encontrada em cada estação influenciou na absorção dos metais. Na estação 01
onde apresentou os menores valores, o seu padrão textura era um pouco mais
arenoso que as demais.
Nos sedimentos da região em estudo, as concentrações média de Fe variavam de
6851,2 mg Kg-1 na estação 01 a 5339,9 mg Kg-1 (valor mínimo) encontrado na
estação 02. (Tabela 3). Garcia et al. (2009), identificou valores que variou de 1603 a
10841 mg kg-1 mas na segunda campanha de coleta identificou valores bem
menores entre 5,4 a 11,6 mg Kg-1 , em estações relativamente próximas. As
correlações negativas entre o Fe e Mn pode indicar efeitos de precipitação/co-
precipitação desses metais com óxidos e hidróxidos de Fe e Mn ou que foram
adsorvidos aos argilo-minerais presentes na área de estudo, podendo vir a
influenciar a disponibilidade e transporte desses elementos metálicos nas trocas que
acontecem na interface água-sedimento.
Os valores das concentrações media de manganês variavam de 136,5 mg Kg-1 na
estação 01 e na estação 02 a sua concentração foi 330 mg Kg-1 .O maior valor da
concentração do teor de manganês foi no ponto 02.3 da estação 02. Para esse
mesmo elemento Garcia et al.(2009), identificou em sedimentos marinho da BTS
valores variando de 54 a 600 mg Kg-1 na primeira campanha de coleta e 33 a 554
mg Kg-1 na segunda campanha. Os comportamentos do manganês com o ferro
mostra que não houve remobilização dos sedimentos de fundo por ressuspensão e
bioturbação. Nesse sedimento superficial o ferro mostrou valores maiores que o
manganês provavelmente ao fato natural da precipitação desses metais em seu
estado natural (óxidos e hidróxidos). Este comportamento do Fe e do Mn nos
estuários é importante devido a sua influencia na remoção da matéria orgânica, na
agregação de partículas suspensas e na remoção de metais (HEAD, 1971).
O cromo não variou muito nos pontos de coleta das Estações, sendo que a estação
01 apresentou concentrações menores 3,4 mg Kg-1 enquanto que a estação 03
apresentou os valores máximos de concentração com 5,9 mg Kg-1. . Observa-se no
ponto 03 uma concentração um pouco mais elevada que nos demais ponto de coleta
provavelmente por este ponto está mais próximo da área de influência de atividade
industrial. A baixa concentração de cromo indica uma não influência das atividades
petrolíferas locais, as quais carreiam para o ambiente esses elementos químicos ao
longo do desenvolvimento de seus processos industriais. A análise dos sedimentos
mostrada na (Tabela 4) evidencia essas correlações.
Nas estações de coleta as concentrações de níquel variaram de 3,15 mg Kg-1 a 3,56
mg Kg-1 (Tabela 03), enquanto que Garcia (2009) obteve valores bem maiores
variando de 3 a 14 mg.Kg-1. As concentrações de níquel obtidas na estação 03 para
os sedimentos apontaram valores máximos de níquel menos elevados do que os
valores de referência de “background” e TEL, estabelecidos pelo NOAA, TEL e
estabelecido pelo FDEP (Florida Departamento of Environmental Protection’s, 1994),
cuja concentração média em cada estação era 12,48 mg Kg-1. Porém, quando
comparado com os estudos realizados por Carvalho (2001), 5,25 mg Kg-1 e
Grabowsk et al (2001), 10,88 mg Kg-1 no seu trabalho de pesquisa encontraram
valores próximos. Onofre et al. (2007) identificou valores médios entre 14,01 a 28,62
mg Kg-1 em pontos de coleta do manguezal de São Francisco do Conde. Os
resultados relativos das concentrações de metais dos sedimentos coletados para
estudo encontram-se na (Tabela 5).
No geral observa- se concentrações menores dos metais em relação ao trabalho de
Onofre (2007) e Garcia (2009), também realizado no setor nordeste da BTS. Os dois
trabalhos citados apresentam concentrações maiores, provavelmente por estar
próxima a área de produção, refino e transporte da indústria do petróleo localizada
na porção de estudo. Outro fator importante a ser avaliado é o aporte sedimentar e o
local de coleta desses materiais detriticos finos, principalmente nas áreas submersas
que tendem a ter uma granulometria mais fina devido a baixa hidrodinamica
predominando argila e a fração silte. As concentrações de metais se associam
preferencialmente às partículas mais finas que compõem os sedimentos de fundo do
estuário, assim favorecendo a sorção devido a sua maior superfície específica
(FÖRSTER, 1993).
De acordo com (HOWARD & EVANS, 1993) concentrações de AVS tendem a ser
mais alta entre 8 e 20 cm de profundidade. Outro fator importante é a variação
sazonal, pois altera a concentração de AVS. Nas estações de coleta do presente
trabalho as amostras foram coletas aproximadamente a 20 cm de profundidade. Os
sedimentos de fundo por apresentarem natureza fortemente redutora a expectativa
seria altos valores para o AVS, mas nestes sedimentos para todas as estações
foram baixa as concentrações.
Estudos demonstram que a concentração de AVS em sedimentos anaeróbios é
maior no verão do que inverno, em função do crescimento de bactérias redutoras de
sulfato (MACKEY e MACKAY, 1996) e primavera (LAWRA et al., 2001).
O AVS variou de 0,14 (estação 01) a 0,04 (estação 03) mg.Kg-1 , o teor mais elevado
como mostrado na Tabela foi na estação 01. Devido ao ambiente de natureza
fortemente redutora de sedimentos de fundo a expectativa seria altos valores para
AVS nestes sedimentos para todas as estações. Embora não exista valor de
referência padrão comparativo para sedimentos de fundo nem manguezais O limite
de detecção do branco analítico em torno de 0,01mg.Kg-1, portanto as
concentrações de AVS encontradas são compatíveis com as condições ambientais.
Segundo Leonard et al. (1993) indica que concentrações de AVS em sedimentos
litorais estão na faixa de 20 a 90 mg.kg-1 peso seco.
A caracterização geoquímica da relação [SEM] / [AVS] >1 dessas amostras indica
que apesar da concentração de metais (Cu, Ni, Zn, Cr, Mn e Fe) estarem abaixo do
nível da norma ambiental de qualidade de sedimentos, o potencial de disponibilidade
de metais é alto.
Segundo Onofre et al.(2007), quando o resultado da razão do Σ [SEM] / [AVS] for <
1,pode se dizer que a concentração dos metais solubilizados encontrado no
sedimento não estão biodisponíveis especialmente para a biota, podendo
apresentar perigo de toxicidade. Existe um controle da fase sulfídrica sobre os
metais, assim diminuindo sua remobilização para a coluna d’água, devido à baixa
solubilidade desses sulfetos metálicos. E quando o resultado dessa razão Σ [SEM] /
[AVS] for > 1, os metais presentes nos sedimentos poderão estar biodisponíveis,
indicando que os sedimentos não apresentam perigo de toxicidade, logo pode existir
uma complexação com o carbono orgânico total (COT) e não o sulfeto propriamente
esperado (MOZETO, 2001).
Nos estuários e manguezais, a ação de crustáceos, que acarreta a mistura de
camadas sedimentares, pode ser considerável, uma vez que estes animais migram
para até cerca de 40 cm abaixo da superfície. A bioturbação, a lavagem dos
sedimentos nos períodos de maré enchente e a liberação de oxigênio molecular
pelas raízes, são processos que podem explicar o caráter em geral, pouco anóxico
ou mesmo óxico dos sedimentos estudados. Isto determinará a baixa concentração
de AVS (CLARK et al., 1998).
De acordo com variação da estação, todas três estações existem certo
comportamento linear crescente na relação Σ [SEM] / [AVS] mas certo
decrescimento relativo em relação aos metais extraídos. O ambiente relacionado às
três estações está inserido em estuário de maré rasa, sob influencia flúvio-deltaico
com aporte de sedimentação sempre constante, típico de ambiente tropical. Pode-se
concluir que a alta concentração do Σ [SEM] / [AVS], tem relação com a
remobilização dos sedimentos que através da liberação do sulfato (SO4) disponível
há formação do sulfeto relacionado ao COT (Onofre, 2007).
De acordo com Lacerda et al. (1998), os elementos maiores (Fe, Mn e Zn)
correlaciona-se com a fração silte, indicando efeitos de precipitação/ co-precipitação
do Zn com óxidos e hidróxidos de Fe e Mn ou que foram adsorvidos aos argilo-
minerais presentes na área, podendo interferir ou influenciar a disponibilidade e
transporte desses metais nas trocas que acontecem na interface água-sedimento.
Para Cooper e Morse (1998) a correlação de metais com Fe e AVS, é um indicativo
de aporte de material diagenético, por estarem á deposição de sedimentos finos que
tendem a reter metais, indicando uma variabilidade mineralógica de metais nos
sedimentos. Machado et al., (2004) analisou a relação dos sulfetos (AVS:Fe) com os
metais no sudeste do Brasil e identificou comportamentos diferentes entre os metais
e o AVS, que foi associado a um comportamento diagenético da área. Processos
semelhantes podem estar acontecendo no setor noroeste da BTS, uma vez que a
área apresenta um ambiente redutor caracterizado por interações muito complexas
entre íons metálicos, compostos organometálicos e sulfetos.
5.3 Análise Estatística
Foram obtidos os graus de correlação de Pearson entre as variáveis dependentes
estudadas (metais, AVS e granulometria), objetivando mostrar associações que dão
informações sobre processos geoquímicos que controlaram ou influenciaram a
distribuição dos elementos nos sedimentos, calculado na (Tabela 5).
A Tabela 5 mostra a matriz de correlação para os parâmetros analisados, em
vermelho os valores representam coeficientes de correlação. Observando que a
matriz revela que os metais apresentam comportamentos heterogêneos ou
diferenciados que a fração areia e argila teria uma relativa influência na distribuição
dos metais.
É verificada uma correlação negativa entre o Fe e Mn, enquanto que o Zn
correlaciona-se positivamente com AVS, areia e argila. Isso pode vir a influenciar a
disponibilidade e transporte desses elementos metálicos nas trocas que acontecem
na interfacie sedimento-água.
A distribuição geoquímica dos metais traços nos sedimentos estudados parece não
estar ligada a interação com metais relativo aos sulfetos. E observando a correlação
Ni e Cr, existe uma fraca correlação ou até mesmo negativa com o AVS. Enquanto
que o Mn, apresenta uma correlação positiva com o Cr.
A correlação do Zn com AVS pode ser um indicativo de aporte de material
diagenético (COOPER e MORSE, 1998), uma vez que a área em estudo apresenta
um ambiente anóxido caracterizado por interações complexas entre íons metálicos,
compostos organometálicos e sulfetos.
Tabela 6 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de sedimento de fundo da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos-BA
Fe Mn Zn Cu Cr Ni AVS Areia Silte Argila Fe 1,00 Mn ‐0,97 1,00 Zn 0,99 ‐0,95 1,00 Cu ‐0,98 0,96 ‐0,99 1,00 Cr ‐0,64 0,89 ‐0,71 0,74 1,00 Ni 0,33 0,06 0,24 ‐0,19 0,51 1,00
AVS 0,99 ‐0,86 0,98 ‐0,96 ‐0,55 0,44 1,00 Areia 0,98 ‐0,97 0,99 ‐0,99 ‐0,77 0,15 0,95 1,00 Silte ‐0,99 0,93 ‐0,99 0,99 0,67 ‐0,27 ‐0,98 ‐0,99 1,00
Argila 0,94 ‐0,72 0,90 ‐0,87 ‐0,33 0,64 0,97 0,85 ‐0,92 1,00
6 CONCLUSÃO
O Estudo geoquímico dos sedimentos de fundo da Baía de Todos os Santos –
Recôncavo Baiano baseou-se na avaliação de dados obtidos em campo e em
laboratório, com amplo suporte bibliográfico.
As concentrações de metais (Cu, Ni, Zn, Cr, Mn e Fe) nos sedimentos de fundo da
Região Noroeste da Baía de Todos os Santos apresentam teores inferiores às
encontradas em sedimentos de outras áreas próximas (manguezais) e também
indiretamente em outras áreas estuarinas referenciadas do Brasil, na comparação
dos aspectos geoquímicos. As análises comparativas mostraram que os metais
alcançaram níveis menores, quando comparados com os valores estabelecidos pela
agência internacional (NOAA) e pela bibliografia consultada (Garcia, 2009 & Onofre,
2007). De acordo com as concentrações encontradas para os metais, pode-se inferir
que não apresentam efeito adverso à biota, sendo ratificado pela relação de
[SEM/AVS] maior que 1 indicando que os metais estão biodisponiveis e são
controlados pelos sulfetos.
Os elevados valores do manganês e principalmente ferro, mostraram uma
intercorrelação negativa elevada entre esses elementos e destes com os suportes
geoquímicos constituintes do substrato de estuário ferro, manganês e zinco. Essa
associação de elementos metálicos permitiu indicar que esses metais podem estar
fixados a esse substrato associados aos argilo-minerais ou co-precipitados com os
oxi-hidróxidos de ferro e o manganês associado ao sulfeto. Analiticamente pode-se
dizer que as concentrações metálicas ligadas aos sulfetos por processos
geoquímicos têm interações com o ferro (piritização), granulometria e matéria
orgânica. O Ni, Mn, Cu e Cr não revelou nenhuma correlação com AVS enquanto
que o Fe, além do Zn estão associados ao AVS. Isso sugere contribuição de outros
processos na distribuição dos mesmos, mas que envolve uma mesma litogênese.
Quanto às frações granulométricas dos sedimentos, referindo-se a argila e areia,
possuem uma maior influência na distribuição dos metais. O ambiente possui grande
influência de contribuição fluvial, apresentando elevados teores de argila+silte,
confirmando um ambiente de baixa hidrodinâmica Essas características permitem
dizer ou inferir um comportamente típico de ambiente estuarino. As características
geológicas também podem ter contribuído substancialmente para um grau elevado
na homogeneidade entre as estações de coleta.
A Baía de Todos os Santos, a exemplo da baía de Guanabara, tem vivido
constantemente na iminência de acidentes nas ultimas décadas, envolvendo
derrames de óleo e derivados com conseqüências graves para o meio ambiente e
para a população que vive no seu entorno. Os resultados apresentados nesta
Monografia para graduação mostraram que a área (região nordeste da BTS) onde foi
realizado o trabalho, está fora da influencia do complexo petrolífero e industrial e não
apresenta maiores evidências de degradação induzida por contaminação. É
necessário que as comunidades que vivem nas proximidades da Baía de Todos os
Santos, tomem para si a responsabilidade de atuarem como agentes multiplicadores
de práticas de desenvolvimento sustentável, com respeito ao meio ambiente e á
qualidade de vida, difundindo conhecimentos e exigindo dos setores da
administração pública e legisladores uma política que favoreça o crescimento.
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Para estudo da qualidade ambiental e sua caracterização para a área em questão,
contribuiu para o conhecimento deste ambiente inserido na Baía de Todos os
Santos, fornecendo dados para futuros estudos geoquímicos. Além da contribuição
deste trabalho, seria recomendável a utilização de outros níveis de abordagem na
área de estudo onde, por exemplo:
• Determinação dos Parâmetros Hidrodinâmico das Baías de Todos os Santos
e Camamu, correlacionando os Dados para um importante gerenciamento
desses estuários em áreas próximas a instalações indústriais.
• Ampliar estudos na região principalmente em áreas contaminadas, e aplicar
novas metodologias de remediação.
• Estudo de isótopos estáveis associado com parâmetros químicos em
sedimento de fundo e água.
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