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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA
ARIANA M. C. LACORTE CANIATO SERRANO
Projeto de filtros de microondas passa-faixa planares
utilizando ressoadores patch dual-mode
São Paulo
2007
ARIANA M. C. LACORTE CANIATO SERRANO
Projeto de filtros de microondas passa-faixa planares
utilizando ressoadores patch dual-mode
Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica. Área de Concentração: Microeletrônica Orientadora: Dra. Fatima Salete Correra
São Paulo
2007
FICHA CATALOGRÁFICA
Serrano, Ariana Maria da Conceição Lacorte CaniatoProjeto de filtros de microondas passa-faixa planares utili-
zando ressoadores patch dual-mode / A.M.C.L.C. Serrano. -- São Paulo, 2007.
124 p.
Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrô-nicos.
1.Tecnologia de microondas 2.Dispositivos de microondas3.Filtros elétricos I.Universidade de São Paulo. Escola Politéc-nica. Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos II.t.
Dedicatória
A Gustavo, meu eterno amor, paciente amigo e incansável colega,
Traz-me um casamento perfeito,
Filtra-me a incompetência e o desalento.
Agradecimentos
À Dra. Fatima Salete Correra pela valiosa orientação, por ter me dado todo o apoio
necessário para o desenvolvimento deste trabalho, com impecável dedicação ao longo desses
anos e, ainda, por contribuir para o meu equilíbrio intelectual e profissional.
Aos técnicos do LME, Jair Pereira de Souza, da Sala de Medidas, Ana Rita Pereira dos
Santos, da Sala Limpa e Raimundo Izidro de Moura, da Oficina Mecânica, pela indispensável
ajuda.
À Omnsiys Engenharia pela valiosa oportunidade de realização do curso de mestrado.
A meus pais, Helio e Conceição, por me conduzirem pelos melhores caminhos na
busca dos meus objetivos.
Resumo
SERRANO, A. M. C. L. C. Projeto de filtros de microondas passa-faixa planares utilizando ressoadores patch dual-mode. 2007. Tese (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Esta dissertação de mestrado apresenta uma metodologia de projeto de filtros de microondas planares passa-faixa tipo patch dual-mode, que associam baixas perdas nos condutores, boa capacidade de potência, rejeição da banda de segunda harmônica e miniaturização. Utilizou-se a ferramenta computacional MATLAB para desenvolver programas de cálculo de dimensões de ressoadores patch single-mode em função da freqüência fundamental e do substrato escolhido, bem como para cálculo da distribuição de campos eletromagnéticos (EM) ao longo destes ressoadores. O simulador EM 3D Momentum/ADS foi utilizado na análise, otimização e simulação do desempenho dos filtros. A metodologia desenvolvida consiste no projeto do ressoador patch single-mode nas geometrias quadrada, triangular e circular, com perturbações tais que resultem na freqüência central e banda de passagem desejadas para o filtro, bem como na miniaturização do mesmo. A metodologia engloba a análise do posicionamento das linhas de entrada e de saída para excitação dos modos desejados e seu acoplamento ao ressoador projetado. Foram propostos três ressoadores patch com topologias originais, modificados pela inserção de fendas, os quais foram aplicados ao projeto, construção e caracterização de cinco filtros. Desses, dois filtros passa-faixa dual-mode de banda mediana utilizam a nova topologia proposta de ressoador patch quadrado. Esses filtros, com dois e com quatro pólos, operam em 2,4 GHz e 2,35 GHz, com banda de passagem fracional de 14% e 9,8%, respectivamente. Outros dois filtros passa-faixa dual-mode de banda estreita, um com dois pólos e outro com quatro pólos, utilizam a topologia original proposta de ressoador patch triangular, com fenda em forma de “T” invertido. O filtro com dois pólos opera em 7,8 GHz, com banda de passagem fracional de 4,3% e o filtro de quatro pólos, em 7,5 GHz, com banda de 3,5%. Por fim, o filtro passa-faixa circular banda larga utiliza o ressoador patch circular proposto, que foi modificado para operar como triple-mode, comportamento inédito na literatura internacional enfocando ressoadores patch. Esse filtro triple-mode com três pólos apresenta freqüência central de 2,4 GHz e banda fracional de 29%. Os resultados experimentais validam a aplicação da metodologia, que apresenta grande flexibilidade no projeto de filtros com bandas estreitas, medianas ou largas, com boa rejeição na faixa de segunda harmônica (resultados acima de 13 dB). Conseguem-se leiautes miniaturizados com redução em área maior que 50% e ao mesmo tempo sem dimensões críticas, o que resulta em facilidade de fabricação através de métodos tradicionais de fotogravação em placas de circuito impresso. Palavras-chave: Filtro patch. Filtro passa-faixa. Ressoador dual-mode. Miniaturização.
Abstract
SERRANO, A. M. C. L. C. Design of microwave planar bandpass filters using dual-mode patch resonators. 2007. Thesis (Master of Science) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. This dissertation presents a methodology for the design of microwave planar bandpass filters using dual-mode patch resonators, which have low conductor loss, high power handling, second harmonic band rejection and miniaturization. MatLab software was used to develop routines that can calculate the dimensions of the single-mode patch resonators as a function of their fundamental frequency and of the chosen substrate. Further, these routines are able to calculate the electromagnetic (EM) field patterns across these resonators. Momentum/ADS EM 3D software was used for the analysis, optimization and simulation of the performance of the filters. The developed methodology consists on the design of the single-mode patch resonator in either square, rounded or triangular shape with perturbations that result in the desired filter’s central frequency and bandwidth, and also in its miniaturization. The methodology involves the positioning of the input and output transmission lines to excite the desired modes and their coupling to the developed resonator. Three patch resonators were proposed with novel topologies that were modified by the insertion of slots, and applied to the design, fabrication, and measurements of five filters. Out of these five filters, two are dual-mode medium band filters that use the proposed new topology for the square patch resonator. These filters, with two and four poles, are centered at 2.4 GHz and 2.35 GHz, with fractional bandwidth of 14% and 9.8%, respectively. Other two filters are dual-mode narrowband filters, a two-pole and a four-pole, that use the original topology proposed for the triangular patch resonator with a “T”-shaped slot. The two-pole filter is centered at 7.8 GHz with fractional bandwidth of 4.3%, whereas the four-pole filter is centered at 7.5 GHz with 3.5% of bandwidth. The last filter is a broadband circular filter that uses the proposed circular triple-mode patch resonator, which is a brand new behavior in the international literature that focus on patch resonators. This triple-mode filter with three poles is centered at 2.4 GHz with fractional bandwidth of 29%. Experimental results validate the methodology, which presents wide filter design flexibility with narrow, medium or broad bands, and good second harmonic rejection (results better than 13 dB). Layouts can be designed with more than 50% of area reduction, and without critical dimensions at the same time, resulting in a simple fabrication that utilizes conventional PCB photopatterning process. Keywords: Patch filter. Bandpass filter. Dual-mode resonator. Miniaturization.
Sumário
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9
1.1 OBJETIVOS E MOTIVAÇÃO.............................................................................................. 9
1.2 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS......................................................................................... 11
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS........................................................................................ 13
2.1 RESSOADORES............................................................................................................. 13
2.2 FILTROS PASSA-FAIXA PLANARES................................................................................. 15
2.2.1 Filtros passa-faixa planares unidimensionais ................................................. 16
2.2.1.1 Filtros com ressoadores em microlinha acoplados pela extremidade .....................16
2.2.1.2 Filtros com ressoadores em microlinha acoplados paralelamente..........................16
2.2.1.3 Filtros hairpin......................................................................................................17
2.2.1.4 Filtros interdigitais...............................................................................................18
2.2.1.5 Filtros combline...................................................................................................19
2.2.1.6 Filtros meander loop............................................................................................20
2.2.2 Filtros passa-faixa planares bidimensionais ................................................... 21
2.2.2.1 Filtros patch........................................................................................................21
2.2.2.1.1 Ressoador patch quadrado..............................................................................23
2.2.2.1.2 Ressoador patch circular ................................................................................31
2.2.2.1.3 Ressoador patch triangular.............................................................................38
2.2.2.1.4 Ressoadores e perturbações............................................................................44
2.2.2.2 Filtros patch dual-mode.......................................................................................48
3. METODOLOGIA DE PROJETO..................................................................................... 51
3.1 ESPECIFICAÇÕES DO FILTRO......................................................................................... 51
3.2 ESCOLHA DA GEOMETRIA DO RESSOADOR E DO SUBSTRATO.......................................... 52
3.3 DETERMINAÇÃO DE DIMENSÕES DO RESSOADOR........................................................... 53
3.4 SIMULAÇÃO EM E ANÁLISE DE CORRENTES.................................................................. 54
3.5 PERTURBAÇÃO DA GEOMETRIA.................................................................................... 56
3.6 PROJETO DO FILTRO E SIMULAÇÕES EM ....................................................................... 61
3.7 FABRICAÇÃO............................................................................................................... 62
3.8 CARACTERIZAÇÃO....................................................................................................... 63
4. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA............................................................................... 64
4.1 PROJETO DE FILTRO PATCH DUAL-MODE COM RESSOADOR QUADRADO........................... 64
4.1.1 Especificações do filtro ................................................................................. 65
4.1.2 Determinação e análise do ressoador.............................................................65
4.1.3 Projeto e análise - Filtro 2-pólos.................................................................... 68
4.1.4 Resultados e discussões ................................................................................ 71
4.1.5 Projeto e análise - Filtro 4-pólos.................................................................... 74
4.1.6 Resultados e discussões ................................................................................ 74
4.2 PROJETO DE FILTRO PATCH DUAL-MODE COM RESSOADOR TRIANGULAR......................... 77
4.2.1 Especificações do filtro ................................................................................. 77
4.2.2 Determinação e análise do ressoador.............................................................78
4.2.3 Projeto e análise - Filtro 2-pólos.................................................................... 82
4.2.4 Resultados e discussões ................................................................................ 84
4.2.5 Projeto e análise - Filtro 4-pólos.................................................................... 87
4.2.6 Resultados e discussões ................................................................................ 88
4.3 PROJETO DE FILTRO PATCH DUAL-MODE COM RESSOADOR CIRCULAR............................. 90
4.3.1 Especificações do filtro ................................................................................. 91
4.3.2 Determinação e análise do ressoador.............................................................91
4.3.3 Projeto e análise - Filtro 3-pólos.................................................................... 95
4.3.4 Resultados e discussões ................................................................................ 96
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ..................................................................................... 99
5.1 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 99
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..................................................................... 102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 103
PUBLICAÇÕES DECORRENTES DESTE TRABALHO ..................................................106
APÊNDICE ............................................................................................................................107
9
1. INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS E MOTIVAÇÃO
O objetivo desta dissertação de mestrado é desenvolver uma metodologia de projeto de
filtros de microondas planares do tipo passa-faixa, utilizando novas topologias de ressoadores
patch dual-mode. Essa metodologia visa obter filtros com baixas perdas de inserção na banda
de passagem, que apresentem características de rejeição na banda de segunda harmônica,
leiaute miniaturizado e sem dimensões críticas, de fácil fabricação por meio de técnicas
tradicionais de fotogravação em placas de circuito impresso.
O presente trabalho foi desenvolvido junto ao Grupo de Microondas do Laboratório de
Microeletrônica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (LME – EPUSP), onde
são desenvolvidos projetos de circuitos ativos e passivos de microondas usando tecnologias
de Microwave Integrated Circuit (MIC) e Monolithic Microwave Integrated Circuit (MMIC),
com aplicações em telecomunicações.
Filtros em RF/Microondas são essenciais para sistemas de comunicação receptores ou
transmissores de sinais. Os filtros são utilizados para atenuar os sinais em bandas de
freqüências indesejadas, ao mesmo tempo em que permitem sua passagem na banda desejada
com perdas mínimas.
Nas últimas décadas, verificamos uma grande expansão dos sistemas de comunicação
sem fio, que transmitem sinais de microondas portadores de informação, seja ela voz, imagem
ou dados. Nesses sistemas de comunicação modernos, são cada vez mais necessários filtros
com baixas perdas, baixo custo, facilidade de fabricação, miniaturização, leveza, além de
rejeição de respostas espúrias. Particularmente nas áreas de comunicação móvel e por satélite,
onde a facilidade de integração e a redução do tamanho dos circuitos são expectativas do
mercado, os filtros planares patch dual-mode, objeto de estudo deste trabalho, se destacam
10
por apresentarem tais características.
Filtros planares são vantajosos por serem de fácil fabricação, teste e integração em
circuitos e sistemas. Os recentes avanços das ferramentas computacionais de Computer Aided
Design (CAD) e simuladores eletromagnéticos (EM) full-wave foram tais, que
revolucionaram o projeto de filtros de microondas, permitindo o estudo de novas topologias.
Além disso, a ampla variedade de substratos para circuitos planares de microondas,
disponíveis no mercado internacional, dão flexibilidade ao projetista para escolher o melhor
compromisso entre dimensões, desempenho elétrico e custo.
Com isso, diversos tipos de filtros planares com as mais variadas características vêm
sendo demonstrados, especialmente do tipo passa-faixa. Esse tipo de filtro pode ser formado
por ressoadores unidimensionais, como de linhas acopladas, meander loop, loop aberto ou
anéis [1], [2], [3], [4] ou por ressoadores bidimensionais, como os patches [5], [6], [7]. Os
filtros patch apresentam baixas perdas no condutor e boa capacidade de potência, embora
sofram perdas por irradiação, quando comparados aos filtros unidimensionais [6], [7], [8], [9].
Os filtros, em geral, podem ser projetados para operar como single-mode [10] ou dual-
mode [11]. O termo single-mode significa que cada ressoador que forma o filtro determina um
pólo em sua banda de passagem e dual-mode, cada ressoador que forma o filtro determina
dois pólos em sua banda de passagem. Filtros dual-mode têm características mais atrativas
quando comparados aos single-mode, apresentando configuração mais compacta e maior
controle de banda de passagem de sinal, [12].
O tema desta dissertação integra-se a esse panorama, objetivando desenvolver uma
metodologia de projeto de filtros de microondas planares passa-faixa utilizando ressoadores
patch dual-mode. Ademais, neste trabalho, trata-se a presença da banda de passagem espúria
na faixa da segunda harmônica, o que causa assimetria na curva de resposta em freqüência
dos filtros, aumentando a saia na banda superior de passagem. Além disso, essa banda espúria
11
degrada o desempenho de outros componentes do sistema, sensíveis à presença da segunda
harmônica, como misturadores de freqüência, por exemplo. Através do estudo dos campos
eletromagnéticos dos modos ressonantes e da alteração da geometria do filtro patch dual-
mode, é possível reduzir a magnitude da resposta da segunda harmônica a níveis aceitáveis
para o restante do sistema.
1.2 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS
Esta dissertação inicia-se com a apresentação, no Capítulo 1, dos objetivos e
motivação desta pesquisa, discutindo-se brevemente os desafios de projeto de filtros passa-
faixa utilizando ressoadores de microondas planares do tipo patch.
No Capítulo 2, são apresentados os fundamentos teóricos de ressoadores e de filtros de
microondas planares passa-faixa tradicionais operando como single-mode e dual-mode,
expandindo-se para a apresentação e estudo dos ressoadores tipo patch.
O Capítulo 3 detalha a metodologia proposta para o projeto de filtros passa-faixa de
microondas utilizando ressoadores patch. Essa metodologia identifica quais parâmetros de
projeto devem ser manipulados para a obtenção das especificações almejadas para o filtro e
utiliza simulações eletromagnéticas 3D para otimização do desempenho do mesmo.
No Capítulo 4, a metodologia é aplicada ao projeto de filtros empregando três novos
tipos de ressoadores patch propostos neste trabalho, com geometrias quadrada, triangular e
circular.
Geometria quadrada – apresenta-se uma nova topologia de ressoador patch quadrado,
modificado pela inserção de fendas e utilizado no projeto, construção e caracterização de dois
filtros passa-faixa dual-mode de banda mediana. Esses filtros, com dois e com quatro pólos,
operam em 2,4 GHz e 2,35 GHz, com banda de passagem fracional (razão entre a banda de 3
dB e a freqüência central do filtro) de 14% e 9,8%, respectivamente.
12
Geometria triangular – apresenta-se uma topologia original de ressoador patch
triangular com fenda em forma de “T” invertido, o qual foi empregado no projeto, construção
e caracterização de dois filtros passa-faixa dual-mode de banda estreita, um com dois pólos e
outro com quatro pólos. O filtro com dois pólos opera em 7,8 GHz, com banda de passagem
fracional de 4,3% e o filtro de quatro pólos, em 7,5 GHz, com banda de 3,5%.
Geometria circular – apresenta-se um ressoador patch circular modificado para operar
como triple-mode, comportamento inédito na literatura internacional, enfocando ressoadores
patch. Detalha-se o projeto, construção e caracterização de um filtro triple-mode de banda
larga com três pólos, utilizando o ressoador circular proposto, na freqüência central de
2,4 GHz e banda fracional de 29%.
Ainda nesse capítulo, o desempenho experimental dos filtros é comparado aos
resultados da simulação EM 3D planar correspondentes. A análise dessa comparação é
utilizada para discutir os limites de validade da metodologia de projeto de filtros proposta.
Finalmente, no Capítulo 5 são apresentadas as conclusões desta pesquisa, bem como
sugestões para trabalhos futuros.
Nos apêndices, foram transcritos os programas computacionais desenvolvidos,
utilizando equações teóricas, para cálculo das dimensões iniciais dos ressoadores patch
single-mode, cálculo da freqüência de cada modo ressonante presente no ressoador patch e
análise de distribuição de campos eletromagnéticos ao longo destes ressoadores.
A realização deste trabalho gerou a publicação de um artigo em simpósio
internacional, apresentando o filtro com ressoador quadrado modificado [I], e um artigo em
revista internacional, abordando o filtro com ressoador patch triangular com fenda em forma
de “T” invertido [II].
13
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Filtros são basicamente classificados em quatro tipos, de acordo com sua característica
de resposta em freqüência: filtro passa-baixa, que transmite com mínima perda as freqüências
abaixo de sua freqüência de corte, enquanto as freqüências acima dela são atenuadas; filtro
passa-faixa, que transmite uma faixa de freqüências com baixas perdas e atenua as demais
freqüências; filtro passa-alta, ao contrário do filtro passa-baixa, atenua as freqüências abaixo
de sua freqüência de corte, enquanto transmite as freqüências acima dela com mínima perda; e
filtro rejeita-faixa, que rejeita ou atenua uma faixa determinada de freqüências, transmitindo
as demais com baixas perdas.
Um filtro é formado pelo acoplamento de linhas de entrada e de saída de sinal a um ou
mais ressoadores acoplados entre si. Neste trabalho, deu-se enfoque ao filtro passa-faixa de
estrutura planar utilizando ressoador patch com o objetivo de desenvolver-se uma
metodologia de projeto do mesmo.
2.1 RESSOADORES
Ressoadores são estruturas que ressoam em freqüências bem determinadas,
dependentes da tecnologia, geometria e materiais que os compõem. Uma das aplicações de
ressoadores é a formação de filtros. Os ressoadores de microondas podem ser construídos em
variadas tecnologias, como cavidades em guia de onda, ressoador dielétrico e ressoador
planar. A geometria dos ressoadores pode ser circular, elíptica, quadrada, retangular, em anel,
etc. e utilizar os diversos materiais dielétricos disponíveis.
Alguns exemplos de ressoadores planares são apresentados na Figura 1.
14
(a)
(b) (c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
Figura 1. Exemplos de ressoadores planares: (a) ressoador de elemento quase concentrado (capacitor interdigital e indutor meander); (b) ressoador em degrau de impedância; (c) ressoador
de 40gλ em aberto; (d) ressoador de 40gλ aterrado; (e) ressoador de 20gλ ; (f) ressoador
em anel; (g) ressoador patch circular; (h) ressoador patch triangular.
Esses ressoadores, entre outros, são utilizados na composição de filtros, como será
visto no tópico 2.2- Filtros passa-faixa planares.
Ao se utilizar ressoadores em microondas, é de grande valia conhecer a distribuição
das ondas EM nos mesmos. A análise da propagação ao longo dos ressoadores é baseada nas
equações de Maxwell, mais especificamente em sua forma reduzida, nas equações de onda
EM. As condições de contorno são determinadas pelas propriedades do material em que a
onda se propaga e de suas interfaces, elétricas ou magnéticas. Tais equações apresentam mais
de uma solução ou modo, sendo que cada modo corresponde a uma distribuição específica de
campos EM no ressoador, que se estabelece quando o mesmo é excitado pela freqüência de
ressonância correspondente.
Assim, no caso do ressoador patch, conhecendo-se a distribuição dos campos EM num
determinado modo de ressonância, obtém-se a distribuição de correntes deste modo no
ressoador. Através da distribuição de correntes é possível determinar como interferir na
geometria do ressoador para alterar a freqüência desse modo, como será descrito mais adiante.
Tais interferências ou perturbações, em conjunto com as características do ressoador, resultam
nas características especificadas para o filtro a ser construído.
Por isso, o estudo dos ressoadores e suas características têm papel fundamental para o
15
projeto de quaisquer tipos de filtros, visto que as características destes originam-se da resposta
de cada ressoador utilizado em sua composição.
2.2 FILTROS PASSA-FAIXA PLANARES
Filtros planares podem apresentar diversas geometrias e são muito utilizados em
aplicações de RF/Microondas. Esses filtros são construídos, basicamente, utilizando
substratos com uma camada de dielétrico posicionada entre duas camadas de metal, como
mostrado na Figura 2(a). As principais características do substrato que determinam as
dimensões do filtro são a espessura ‘h’ da camada dielétrica, sua constante dielétrica ou
permissividade relativa ‘εr’ e a espessura ‘t’ das camadas metálicas. Na simulação dos filtros,
outros parâmetros são considerados além desses, como a tangente de perdas ‘tg(δ)’ e a
condutividade elétrica dos condutores ‘σ’, que afetam a perda de inserção do filtro em sua
banda de passagem.
(a)
(b)
Figura 2. (a) Substrato utilizado para fabricação de filtros planares; (b) Exemplo de filtro planar fabricado.
O leiaute com a geometria dos filtros planares é geralmente fabricado na camada
superior de metal, ilustrada na Figura 2(b), podendo-se utilizar também furos metalizados
para conexão com o plano metálico inferior, chamado plano terra.
Filtros planares podem ser classificados em filtros unidimensionais ou bidimensionais,
Camadas metálicas
Camada dielétrica
h ε
16
dependendo do tipo de ressoador utilizado, como apresentado nos itens a seguir.
2.2.1 FILTROS PASSA-FAIXA PLANARES UNIDIMENSIONAIS
Os filtros planares unidimensionais são aqueles cujos ressoadores são formados por
microlinhas de transmissão. Os mais convencionais filtros unidimensionais são os filtros
com degrau de impedância, filtros de linhas acopladas pela extremidade ou paralelamente,
filtros hairpin, filtros interdigitais e filtros combline. Os filtros com degrau de impedância são
largamente utilizados em filtros passa-baixa, enquanto os outros são utilizados em filtros
passa-faixa e serão brevemente apresentados nos itens a seguir.
2.2.1.1 Filtros com ressoadores em microlinha acoplados pela extremidade
A configuração básica de um filtro passa-faixa de linhas acopladas pela extremidade
[8] é ilustrada na Figura 3, que apresenta um filtro de três pólos. Cada trecho de microlinha é
um ressoador com comprimento ‘L1’, ‘L2’,..., ‘Ln’ de aproximadamente meio comprimento
de onda guiado na freqüência central do filtro, determinando seu número de pólos ou sua
ordem. O acoplamento se dá através do espaço ou gap entre as extremidades de ressoadores
adjacentes, sendo, portanto, do tipo capacitivo.
Figura 3. Leiaute de filtro de três pólos com ressoadores em microlinha de meio comprimento de onda acoplados pelas extremidades através de gap.
2.2.1.2 Filtros com ressoadores em microlinha acoplados paralelamente
A Figura 4 apresenta a estrutura de um filtro de linhas acopladas paralelamente [8] de
quatro pólos, formado por ressoadores de meio comprimento de onda guiado na freqüência
central do filtro. Os ressoadores adjacentes são posicionados em paralelo ao longo de metade
gap2 gap1
L3 L2 L1
Entrada Saída
17
‘ l’’ de seu comprimento. O arranjo paralelo proporciona amplo acoplamento e é dependente
dos espaçamentos ‘e1’, ‘e2’,..., ‘en’ entre os ressoadores, onde n é o número de pólos do
filtro. Essa dependência é conveniente para o projeto de filtros com banda de passagem mais
larga do que aquela conseguida num filtro utilizando acoplamento pela extremidade.
Figura 4. Leiaute de filtro de quatro pólos com ressoadores em microlinha de meio comprimento de onda acoplados paralelamente.
2.2.1.3 Filtros hairpin
Os filtros hairpin [8] apresentam estrutura compacta e são compostos pelo
acoplamento em paralelo de ressoadores de meio comprimento de onda dobrados em forma de
“U”, como mostrado na Figura 5, que apresenta um filtro hairpin de cinco pólos.
Conseqüentemente, as mesmas equações de projeto de filtro com ressoadores de meio
comprimento de onda acoplados paralelamente são aplicáveis. Porém, ao dobrar o ressoador é
necessário levar em conta a redução do comprimento das linhas acopladas, que reduz o
acoplamento entre os ressoadores. Além disso, se as linhas paralelas do “U” ficarem muito
próximas, passarão a se comportar como um par de linhas acopladas paralelamente, afetando
o acoplamento desejado e alterando a resposta em freqüência do filtro.
Geralmente, nos filtros hairpin, as linhas de entrada e de saída são ligadas diretamente
ao primeiro e ao último ressoador, respectivamente, através de tapped lines. A largura ‘Li’
dessas linhas é calculada para se obter impedância característica casada com a impedância do
circuito de fonte e carga, geralmente de 50 ohms. As tapped lines são posicionadas a uma
Entrada
l 4
l 3
l 2
l1
e4
e3
e1
e2
W1 W2
W3
W1
W2
Wn
Saída
18
distância ‘t’ da curva do ressoador, determinada pelo índice de mérito externo ‘Qext’ desejado.
Entretanto, linhas de entrada e de saída capacitivamente acopladas aos ressoadores externos
também podem ser utilizadas neste tipo de filtro.
O número de pólos do filtro hairpin é dado pelo número de ressoadores em forma de
“U” presentes no filtro.
Figura 5. Leiaute de filtro hairpin de cinco pólos.
2.2.1.4 Filtros interdigitais
Os filtros interdigitais [8] consistem em uma série de ‘n’ ressoadores paralelos de
linhas de transmissão, cada um com comprimento elétrico de 90° ou um quarto de onda
guiada na freqüência central do filtro, com uma das extremidades curto-circuitada ao plano
terra e a outra extremidade terminada em circuito-aberto, com orientação intercalada
conforme ilustrado na Figura 6. Sua ordem é dada pelo número de ressoadores utilizados para
formar o filtro. Os ressoadores podem variar de comprimento ‘L’ e largura ‘W’, sendo que o
acoplamento se dá pelo espaçamento ‘sn, n+1’ entre cada dois ressoadores adjacentes.
As linhas de entrada e de saída são do tipo tapped lines, diretamente conectadas,
respectivamente, com o primeiro e último ressoadores a uma determina distância ‘θ’ da
extremidade em curto. As impedâncias das linhas de entrada e de saída são iguais às
impedâncias de fonte e carga do sistema. A distância ‘θ’ é determinada pela banda de
l
s1
t
d
L=l/2
e
Li Entrada Saída
s2
19
passagem desejada para o filtro.
Figura 6. Leiaute de filtro interdigital de cinco pólos.
O filtro interdigital apresenta dimensões compactas, porém requer aterramento nas
extremidades das microlinhas utilizadas, sendo necessária a utilização de furos metalizados,
dificultando sua fabricação.
Neste tipo de filtro, a segunda banda passante é centrada em aproximadamente três
vezes a freqüência central do filtro por causa de seus ressoadores de um quarto de
comprimento de onda com aterramento. Por isso, não há respostas espúrias entre essas
bandas, como acontece nos filtros de linhas acopladas paralelamente com ressoadores de meio
comprimento de onda, que apresentam banda passante em torno da segunda harmônica do
filtro.
2.2.1.5 Filtros combline
Conforme ilustrado na Figura 7, os filtros combline [8] são formados por uma série de
ressoadores acoplados paralelamente, curto-circuitados para o plano terra em uma
extremidade e terminados na outra extremidade por uma capacitância concentrada ‘CLi ’
conectada ao plano terra.
W2 W3
W4 W5
s3,4
θ
s2,3
L1 L2 L3 L4 L5
s1,2 s4,5
Entrada Saída
W1
20
Figura 7. Leiaute de filtro combline de três pólos.
Na Figura 7, a entrada e saída do filtro, correspondentes às microlinhas de transmissão
0 e 4, são elementos de linhas acopladas, porém não são ressoadores. As microlinhas de
transmissão de 1 a 3 são os ressoadores e determinam o número de pólos do filtro.
Por causa das capacitâncias de terminação, os comprimentos dos ressoadores são
menores que um quarto de comprimento de onda guiado na freqüência de ressonância. É
importante notar que se não houvesse tais capacitâncias, o comprimento dos ressoadores seria
de um quarto de comprimento de onda na freqüência de ressonância. Além disso, se os
ressoadores fossem construídos com linhas de transmissão operando no modo TEM puro,
como stripline, a estrutura apresentada na Figura 7 não apresentaria nenhuma banda passante,
pois os acoplamentos elétricos e magnéticos se cancelariam.
Quanto maior forem as capacitâncias ‘CLi ’, mais curtos serão os ressoadores tornando
a estrutura mais compacta. Essas capacitâncias podem servir para sintonizar o filtro,
característica importante para projeto de filtros de banda estreita.
2.2.1.6 Filtros meander loop
Filtros meander loop [4] são compostos por ressoadores em anel, cujo perímetro é
aumentado pela inclusão de reentrâncias na microlinha utilizada, como mostrado na Figura 8.
θ
CL1 CL2 CL3
Entrada Saída
0 1 2 3 4
21
Figura 8. Leiaute de ressoadores com mesma freqüência (a) em anel e (b) meander loop.
Este tipo de filtro funciona como um ressoador em anel retangular ou circular, com
resposta de função elíptica e é caracterizado pelo seu tamanho reduzido. Devido ao fato da
corrente ao longo do ressoador percorrer um caminho maior do que percorreria num anel
comum, a freqüência do ressoador sofre redução e, conseqüentemente, o filtro construído
ocupa menor área que um filtro construído com ressoador em anel na mesma freqüência de
ressonância.
O conceito de aumentar o caminho por onde a corrente passa em determinada
freqüência tem particular importância e será largamente utilizado para o desenvolvimento da
metodologia de projeto de filtros patch apresentada neste trabalho.
2.2.2 FILTROS PASSA-FAIXA PLANARES BIDIMENSIONAIS
2.2.2.1 Filtros patch
A abordagem dos estudos dos filtros tipo patch se diferencia dos filtros apresentados
nos itens anteriores. Neles, o estudo era baseado nas características das linhas de transmissão
utilizadas como ressoadores e do acoplamento entre elas. O filtro patch deixa a convencional
utilização de microlinhas como ressoador e parte para a utilização de outras figuras
geométricas, deixando as microlinhas apenas para as interfaces de entrada e de saída, sendo,
então, um filtro bidimensional. A análise de campos EM desses ressoadores em forma de
Entrada
Saída
a+b+b
w1
Entrada
Saída
a
b
s
w2
w1
w3
a
b
w1 w2
w3
s
22
figuras geométricas é fundamental para o entendimento do funcionamento dos filtros patch.
Os ressoadores planares podem ser tratados como cavidade em guia de onda, cujas
camadas superior e inferior são paredes elétricas perfeitas, cercadas lateralmente por paredes
magnéticas perfeitas [7], [13], [14], ilustrada na Figura 2a. Assim, considera-se que os
campos EM no ressoador planar bidimensional são do tipo Transversal Magnético na direção
do eixo z perpendicular ao plano terra (TMz), cuja formulação é bem conhecida e foi utilizada
para a análise dos campos.
Cada modo ressoa em uma determinada freqüência, na qual há mínima atenuação. O
primeiro modo, denominado fundamental ou dominante, ressoa na menor freqüência
permitida pelas características do ressoador. Acima dessa, há outros modos ressonantes, que
geram bandas de passagem espúrias na resposta em freqüência do filtro.
Há casos em que dois modos possuem a mesma freqüência de ressonância, apesar de
seus campos EM apresentarem distribuições diferentes. Esses modos são chamados de
degenerados e são um dos principais focos deste trabalho, sendo amplamente utilizados para a
determinação de características de filtros dual-mode [15].
Particularmente no modo TMz, todo o campo magnético está no plano transversal, não
havendo componente magnética na direção de propagação, apenas componente elétrica.
Assim, toda análise será baseada na distribuição do campo elétrico no eixo de propagação z
(Ez).
Como o ressoador pode suportar vários modos de ressonância, índices ‘m’, ‘n’ e ‘p’
são utilizados para completar a descrição da distribuição de campo em cada modo (TMzm,n,p).
Este trabalho desenvolveu-se baseado em ressoadores patch com três geometrias
regulares – o quadrado, o círculo e o triângulo eqüilátero. Esses ressoadores, além da
geometria regular, apresentam eixos de simetria bem definidos e, por isso, suportam modos
ressonantes degenerados, que são de interesse para projeto de filtros dual-mode.
23
Para estudar a distribuição de campos elétricos de cada modo ao longo dos ressoadores
patch com as geometrias citadas, foram desenvolvidos três programas computacionais através
da ferramenta MatLab, sendo que os dados de entrada destes programas são as dimensões do
ressoador e o modo ressonante em questão. Esses programas encontram-se nos Apêndices A,
B e C, respectivamente para as geometrias triangular, circular e quadrada. Todas as figuras de
distribuição de campos elétricos apresentadas nesta dissertação foram geradas por esses
programas.
Além desses, nos apêndices subseqüentes, Apêndices D, E e F, encontram-se os
programas especialmente desenvolvidos para cálculo das freqüências de ressonância dos
diversos modos suportados pelo ressoador patch, dadas as suas dimensões e as características
do substrato utilizado para fabricação do filtro.
O simulador EM 3D planar Momentum/Advanced Design System (ADS) [16], da
Agilent Technologies, foi utilizado para gerar as distribuições de corrente nos ressoadores
bidimensionais, bem como as curvas de resposta em freqüência desses ressoadores e dos
filtros projetados com os mesmos.
2.2.2.1.1 Ressoador patch quadrado
Um ressoador patch quadrado é mostrado na Figura 9. Nele, os índices ‘m’, ‘n’ e ‘p’
se referem ao número de meias-ondas estacionárias dos campos elétricos presentes
respectivamente em cada eixo de coordenadas x, y e z.
Figura 9. Ressoador planar patch quadrado de lado L.
L
x z y
24
Como a dimensão relativa ao eixo z corresponde à espessura do substrato utilizado,
que é pequena o suficiente para não comportar nenhuma meia-onda, tem-se o índice p = 0
para todos os casos. Por exemplo, o modo TMz2,1,0 apresenta duas meias onda ao longo do
ressoador no eixo x, como mostra a Figura 10(a) e uma meia onda no eixo y, como mostra a
Figura 10(b).
A distribuição de campo elétrico ao longo do ressoador em outras vistas é apresentada na Figura 11.
A distribuição de campo elétrico ao longo do ressoador quadrado é calculada por (1)
[17]. Observe-se que a distribuição do campo elétrico depende somente do lado do quadrado e
dos índices ‘m’ e ‘n’ do modo ressonante em questão.
(a) (b)
Figura 10. Distribuição de Campo Elétrico num ressoador patch quadrado de lado 15 mm do modo TMz
2,1,0 (a) Vista lateral xz; (b) Vista lateral yz
(a) (b)
Figura 11. Distribuição de Campo Elétrico num ressoador patch quadrado de lado 15 mm do modo TMz
2,1,0 (a) Vista 3D da distribuição de campo; (b) Vista superior xy.
1 0,8
0
-1
0,6
0,4 0,2
-0,2
-0,4 -0,6
-0,8
1 0,8
0
-1
0,6
0,4 0,2
-0,2
-0,4 -0,6
-0,8
1 0,8
0
-1
0,6
0,4 0,2
-0,2
-0,4 -0,6
-0,8
1 0,8
0
-1
0,6
0,4 0,2
-0,2
-0,4 -0,6
-0,8
25
⋅⋅
⋅⋅=L
yncos
L
xmcosA)y,x(quadradoEz
ππ (1)
Onde:
A = Amplitude do campo elétrico de valor constante para determinados ‘m’ e ‘n’
m, n = Índices dos modos da onda TMzm,n,0
L = Lado do ressoador quadrado
x, y = Eixos de coordenadas com origem no centro geométrico do ressoador, x e y variando ao
longo da dimensão ‘L’
Cada um dos modos ressonantes está associado a uma freqüência de ressonância,
calculada através de (2) [17]. Nessa equação, nota-se facilmente que a freqüência ressonante
permanece inalterada com o intercâmbio de valores de ‘m’ e ‘n’, verificando-se a existência
dos modos degenerados.
22
refef
nmL2
c)n,m(quadrado.freq +=
µε (2)
Onde:
c = Velocidade da luz no vácuo
m, n = Índices dos modos da onda TMzm,n,0
µr = Permeabilidade magnética relativa do dielétrico (µ =1)
Lef = Lado efetivo do quadrado
L2LL ef ∆⋅+= (3)
Sendo:
8,0hL258,0)L(
264,0hL3,0)L(h412,0L
ef
ef
+⋅−+⋅+
=∆εε
(4)
L = Lado do quadrado
h = Espessura do substrato
εef = Constante dielétrica relativa efetiva do substrato (permissividade)
Se m = 0 ou n = 0: auxiliarefef ⋅= εε (5)
Caso contrário: r
2auxiliaref
ef εεε ⋅= (6)
Sendo:
⋅+−++=⋅
Lh101
11
2
1 rrauxiliaref
εεε (7)
εr: = Constante dielétrica relativa do substrato
26
Como pode ser visto em (2), o cálculo da freqüência está diretamente relacionado à
dimensão do lado do quadrado, às características do substrato e aos índices do modo
ressonante.
É importante notar que para todas as fórmulas dos ressoadores aqui estudados,
considera-se o efeito de dispersão do campo EM através do uso de valores de efetivos de ‘εef’
e ‘Lef’ no cálculo da freqüência de ressonância. Com isso obtém-se uma melhor aproximação
entre resultados teóricos, simulados e práticos.
Para análise da distribuição de campo elétrico dos diversos modos ressonantes em
ressoadores patch quadrados, considerou-se um ressoador com 15 mm de lado, construído no
substrato RT/Duroid 6010,5 (εr = 10,8 e espessura = 1,27 mm) [18]. Esse mesmo ressoador
foi considerado para cálculo da freqüência de ressonância dos modos ressonantes analisados.
No ressoador patch quadrado, a freqüência de ressonância mais baixa corresponde aos
modos TMz1,0,0 e TMz
0,1,0, que ressoam na mesma freqüência, embora seus campos elétricos
sejam ortogonais [19], como mostrados na Figura 12(a) e (b). Os modos TMz1,0,0 e TMz0,1,0
são, portanto, os primeiros modos degenerados do ressoador quadrado.
A distribuição de campos e suas respectivas freqüências de alguns dos modos
ressonantes superiores aos fundamentais presentes na estrutura do ressoador quadrado são
apresentados na Figura 13.
(a) Modo - TMz1,0,0 Freq. - 2,88 GHz (b) Modo - TMz
0,1,0 Freq. - 2,88 GHz
Figura 12. Distribuição de Campo Elétrico e freqüência de ressonância dos modos dominantes degenerados do ressoador quadrado de lado 15 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
1
0
-1
0.6
0.2
-0.2
-0.6
1
0
-1
0.6
0.2
-0.2
-0.6
27
As freqüências de ressonância do ressoador quadrado foram também obtidas através
do programa de simulação EM 3D Momentum/ADS, que se utiliza do Método dos Momentos
[16]. Nessas simulações, considerou-se um ressoador patch quadrado com as mesmas
dimensões e características de substrato do ressoador utilizado nas Figuras 12 e 13. Além
disso, considerou-se o ressoador imerso no ar, sem caixa metálica ao seu redor.
(a) Modo - TMz1,1,0 Freq. – 4,33 GHz
(b) Modo - TMz2,0,0 Freq. - 5,75 GHz (c) Modo - TMz
0,2,0 Freq. - 5,75 GHz
(d) Modo - TMz2,1,0 Freq. - 6,85 GHz (e) Modo - TMz1,2,0 Freq. - 6,85 GHz
(f) Modo - TMz2,2,0 Freq. – 8,67 GHz
Figura 13. Distribuição de Campo Elétrico e freqüências de ressonância de modos superiores aos fundamentais do ressoador patch quadrado de lado 15 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
1
0
-1
0.6
0.2
-0.2
-0.6
1
0
-1
0.6
0.2
-0.2
-0.6
1
0
-1
0.6
0.2
-0.2
-0.6
1
0
-1
0.6
0.2
-0.2
-0.6
1
0
-1
0.6
0.2
-0.2
-0.6
1
0
-1
0.6
0.2
-0.2
-0.6
28
A Figura 14 apresenta o leiaute do ressoador quadrado utilizado na análise de sua
resposta em frequência e a distribuição de corrente de cada modo ressonante. O ressoador de
lado 15 mm foi desenhado na ferramenta Momentum/ADS, com suas linhas de acoplamento
de entrada e de saída do sinal. A largura dessas linhas foi calculada para uma microlinha de
transmissão com impedância de 50 Ω, considerando-se o substrato utilizado RT/Duroid
6010,5. A posição dessas linhas foi escolhida de modo a permitir a excitação dos diversos
modos ressonantes na estrutura. Esse posicionamento será tratado detalhadamente no decorrer
da descrição das etapas da metodologia, no capítulo 3.
O gap entre as linhas de entrada e saída e o ressoador para a análise de suas
ressonâncias deve ser tal que seu índice de mérito seja pouco afetado pelas impedâncias dos
acessos, de forma que a resposta em freqüência apresente picos de ressonância bem definidos.
Na Figura 14, utilizou-se gap de 0,25 mm.
Figura 14. Leiaute do ressoador patch quadrado utilizado para simulação EM no Momentum/ADS.
A resposta da simulação EM do ressoador é apresentada na Figura 15, que mostra a
curva de perda de inserção em função da freqüência, com as cinco primeiras freqüências de
ressonância do ressoador quadrado.
Comparando-se as freqüências obtidas pela simulação EM apresentadas na Figura 15
com as freqüências obtidas pela equação (2), exibidas nas Figuras 12 e 13, calcula-se uma
diferença inferior a 2%.
29
Freqüência m1 = 2,95 GHz m2 = 4,30 GHz m3 = 5,74 GHz m4 = 6,75 GHz m5 = 8,54 GHz
Figura 15. Perda de inserção ‘S21’ em função da freqüência obtida através de simulação EM para o ressoador patch quadrado de lado 15 mm utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
O Momentum apresenta uma ferramenta de visualização chamada Momentum Viewer,
que mostra as linhas de corrente na forma de flechas indicando o sentido da corrente ao longo
do ressoador simulado, que devem ser perpendiculares às linhas de campos de cada modo.
A Figura 16 mostra as figuras de distribuição de correntes geradas pelo Momentum
Viewer para alguns dos modos ressonantes do ressoador quadrado simulado com o leiaute da
Figura 14, confirmando as distribuições de campos obtidas pelos programas desenvolvidos
apresentadas nas Figuras 12 e 13.
30
(a) Modo - TMz1,0,0 Freq. - 2,88 GHz (b) Modo TMz
0,1,0 Freq. - 2,88 GHz
(c) Modo - TMz1,1,0 Freq. – 4,33 GHz
(d) Modo - TMz2,0,0 Freq. - 5,75 GHz (e) Modo - TMz
0,2,0 Freq. - 5,75 GHz
31
(f) Modo - TMz2,1,0 Freq. - 6,85 GHz (g) Modo - TMz
1,2,0 Freq. - 6,85 GHz
(h) Modo - TMz2,2,0 Freq. – 8,67 GHz
Figura 16. Distribuição de corrente dos oito primeiros modos e suas respectivas freqüências de ressonância do ressoador patch quadrado de lado 15 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
2.2.2.1.2 Ressoador patch circular
O ressoador patch circular é ilustrado na Figura 17, em função de seus parâmetros de
coordenadas polares.
Figura 17. Ressoador planar patch circular de raio r.
r
θ
32
A mesma teoria TMzm,n,p utilizada para os ressoadores patch quadrados é aplicável
para este ressoador. Os índices ‘m’ e ‘n’, no entanto, possuem outro significado, sendo que
‘m’ indica o número de ondas inteiras ao longo de θ e ‘n’ indica o número de ondas inteiras
ao longo de seu diâmetro. Como exemplo, a Figura 18 mostra algumas vistas do campo
elétrico para o modo TMz0,1,0 em um ressoador patch circular. Esse apresenta campo constante
ao longo de θ, ilustrado na Figura 18(a) e uma onda inteira ao longo de seu diâmetro, ilustrado
na Figura 18(b). Esse modo pode ser visto em representação tridimensional na Figura 19.
A distribuição de campos ao longo deste ressoador é dada pela equação (8) [14].
)mcos(r
r,mJA),r(círculoE in,m
z θα
θ ⋅
⋅⋅= (8)
(a) (b)
Figura 18. Distribuição de Campo Elétrico num ressoador patch circular de raio 8,5 mm do modo TMz
0,1,0 (a) Vista superior xy; (b) Vista lateral yz.
Figura 19. Vista 3D da distribuição de Campo Elétrico num ressoador patch circular de raio 8,5 mm do
modo TMz0,1,0
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0
-0.2
-0.5
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0
-0.2
-0.5
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0
-0.2
-0.4
33
Onde:
A = Amplitude do campo elétrico de valor constante para determinado ‘m’ e ‘n’
J(m,r) = Função Bessel de primeiro tipo e ordem ‘m’
m, n = Índices dos modos da onda TMzm,n,0
am,n = n-ésimo zero da derivada da função de Bessel de ordem m (valores na Tabela 1)
r = Raio do ressoador circular
ri = Variação radial do raio de 0 a ‘r’
θ = Variação angular do raio de 0 a 2π
Tabela 1 – Zeros da derivada da função de Bessel de ordem m (am,n)
n = 1 n = 2 n = 3 m = 0 a0,1 = 3,832 a0,2 = 7,016 a0,3 = 10,174
m = 1 a1,1 = 1,841 a1,2 = 5,331 a1,3 = 8,536
m = 2 a2,1 = 3,054 a2,2 = 6,706 a2,3 = 9,970
m = 3 a3,1 = 4,201
Nota-se novamente que a distribuição de campo relaciona-se apenas com as dimensões
físicas do ressoador e com os índices ‘m’ e ‘n’ de determinado modo.
As freqüências associadas aos modos ressonantes num ressoador patch circular podem
ser calculadas através de (9) [20]. Esse cálculo de freqüência de ressonância envolve, além
das dimensões físicas e dos índices, as características do substrato utilizado.
rref
n,m
r2
c)n,m(círculo.freq
µεπα⋅
⋅= (9)
Onde:
c = Velocidade da luz no vácuo
am,n = n-ésimo zero da derivada da função de Bessel de ordem ‘m’ (valores na Tabela 1)
m, n = Índices dos modos da onda TMzm,n,0
34
µr = Permeabilidade magnética relativa do dielétrico (µr =1)
ref = Raio efetivo do círculo
εr = Constante dielétrica relativa do substrato
Sendo [21]: para m = 0:
para m ≠ 0:
( )
++++⋅⋅
+= 65,1.268,07726,12)2
ln(.
21 rr
ref r
h
h
r
r
hrr εε
επ
+⋅⋅
⋅+= 7726,1)
h2
rln(
.r
h21rr
ref
πεπ
(10)
(11)
r = Raio do círculo
h = Espessura do substrato
Diferente do ressoador patch quadrado, a menor freqüência de ressonância para este
ressoador é relativa ao modo TMz1,1,0, sendo este, portanto, o modo dominante. Na Figura 20,
apresenta-se a distribuição de campo dos modos dominantes degenerados num ressoador
patch circular.
Figura 20. Distribuição de Campo Elétrico e freqüência de ressonância dos modos dominantes degenerados do ressoador patch circular de raio 8,5 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
Assim como no ressoador patch quadrado, por causa da simetria da geometria, os
modos degenerados são ortogonais entre si [22].
A Figura 21 apresenta a distribuição de campos e suas respectivas freqüências de
ressonância de alguns modos superiores aos fundamentais presentes na estrutura circular.
(a) Modo - TMz1,1,0 Freq. – 3,09 GHz (b) Modo - TMz
1,1,0 Freq. – 3,09 GHz
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,2
-0,5
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,2
-0,5
35
A Figura 22 mostra o leiaute do ressoador patch circular de raio 8,5 mm, desenhado na
ferramenta Momentum/ADS, com suas linhas de acoplamento de sinal de entrada e de saída
com impedância característica de 50 Ω considerando-se o substrato RT/Duroid 6010,5,
posicionadas de forma a excitar os modos ressonantes presentes no ressoador. Utilizou-se gap
de 0,25 mm entre as linhas de entrada e saída e o ressoador.
Figura 22. Leiaute do ressoador patch circular utilizado para simulação EM no Momentum/ADS.
(a) Modo - TMz0,1,0 Freq. – 6,06 GHz
(b) Modo - TMz
2,1,0 Freq. – 5,13 GHz
(c) Modo - TMz
3,1,0 Freq. – 7,05 GHz (d) Modo - TMz3,1,0 Freq. – 7,05 GHz
Figura 21. Distribuição de Campo Elétrico e freqüências de ressonância dos modos superiores aos dominantes do ressoador patch circular de raio 8,5 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,2
-0,5
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,2
-0,5
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,2
-0,5
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,2
-0,5
36
A resposta em freqüência resultante da simulação do ressoador circular pode ser vista
na Figura 23. Verifica-se uma diferença inferior a 1% entre as freqüências apresentadas nessa
figura e as freqüências calculadas em (9) e apresentadas nas Figuras 20 e 21.
Freqüência m1 = 3,03 GHz m2 = 5,13 GHz m3 = 6,06 GHz m4 = 7,14 GHz
Figura 23. Perda de inserção ‘S21’ em função da freqüência obtida através de simulação EM para o ressoador patch circular de raio 8,5 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
Com o auxílio do Momentum Viewer, gerou-se as distribuições de correntes para os
quatro primeiros modos ressonantes presentes no ressoador simulado, ilustradas na Figura 24.
Tais curvas confirmam as distribuições de campos geradas pelo programa desenvolvido para
este ressoador, apresentadas nas Figuras 20 e 21.
37
(a) Modo - TMz1,1,0 Freq. – 3,09 GHz (b) Modo - TMz
1,1,0 Freq. – 3,09 GHz
(c) Modo - TMz
2,1,0 Freq. – 5,13 GHz
(d) Modo - TMz0,1,0 Freq. – 6,43 GHz
(e) Modo - TMz
3,1,0 Freq. – 7,05 GHz (f) Modo - TMz3,1,0 Freq. – 7,05 GHz
Figura 24. Distribuição de corrente dos seis primeiros modos e suas respectivas freqüências de ressonância do ressoador patch circular de raio 8,5 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
38
2.2.2.1.3 Ressoador patch triangular
No caso do ressoador patch triangular, ilustrado na Figura 25, os índices ‘m’, ‘n’ e ‘p’
não representam o número de ondas estacionárias nos eixos do sistema de coordenadas
utilizado, como no caso dos ressoadores patch quadrado e circular. Para o ressoador
triangular, ‘m’, ‘n’ e ‘p’ não têm significado individual e podem assumir valores negativos,
obedecendo-se a condição m + n + p = 0 [7].
Figura 25. Ressoador planar patch triangular, eqüilátero, de lado b.
As curvas de distribuição de campo elétrico ao longo do ressoador patch triangular são
equacionadas por (12) [9] e, como nas outras estruturas apresentadas, são dependentes das
dimensões da geometria. Contudo, há uma diferença na distribuição dos campos para este
ressoador, que é sua relação com o índice ‘p’, além de com os índices ‘m’ e ‘n’.
−⋅
⋅
+⋅
+
−⋅
⋅
+⋅+
−⋅
⋅
+⋅
⋅=
b3
)mp(y2cosn
3
2
3b
x2cos
b3
)pn(y2cosm
3
2
3b
x2cos
b3
)nm(y2cosp
3
2
3b
x2cos
A)y,x(triânguloEz
πππ
πππ
πππ
(12)
Onde:
A = Amplitude do campo elétrico de valor constante para determinado ‘m’, ‘n’ e ‘p’
m, n, p = Índices dos modos da onda TMzm,n,p
b = Base do ressoador triangular eqüilátero
x = Eixo de coordenada com origem no centro geométrico do ressoador, x variando ao
b
y
z
x
39
longo da dimensão ‘b’
y = Eixo de coordenada com origem no centro geométrico do ressoador, y variando ao
longo da dimensão da altura do ressoador
A equação para cálculo de freqüência de ressonância relacionada a cada modo deste
ressoador é apresentada em (13) [23].
22
rref
nmnmb3
c2)n,m(triângulo.freq ++=
µε (13)
Onde:
c = Velocidade da luz no vácuo
m, n = Índices dos modos da onda TMzm,n,p
µr = Permeabilidade magnética relativa do dielétrico (µr =1)
εr = Constante dielétrica relativa do substrato (permissividade)
bef = Base efetiva do triângulo eqüilátero
Sendo: ref hbb ε+= (14)
b = Base do triângulo eqüilátero
h = Espessura do substrato
Observa-se que, apesar de o campo elétrico relacionar-se com o índice ‘p’, a equação
para cálculo das freqüências ressonantes é independente deste índice. Neste ressoador, assim
como no ressoador quadrado, o intercâmbio de valores dos índices ‘m’ e ‘n’ mantém a
freqüência inalterada, facilitando a identificação dos modos degenerados.
A Figura 26 apresenta as distribuições dos campos elétricos dos primeiros modos
ressonantes presentes no ressoador patch triangular, calculadas pela equação (12). Dela, tem-
se que os modos dominantes são TMz0,1,-1 e TMz
1,0,-1, por apresentarem a menor freqüência de
ressonância para o ressoador triangular. Além desses, os modos TMz-1,0,1 e TMz0,-1,1, também
são dominantes na estrutura. Os quatro modos, além de apresentarem a mesma freqüência de
ressonância, apresentam exatamente a mesma distribuição de campo elétrico.
40
(a) Modo - TMz1,0,-1 Freq. - 2,62 GHz (b) TMz
0,1,-1 Freq. - 2,62 GHz
(c) Modo - TMz1,1,-2 Freq. – 4,53 GHz
(d) Modo - TMz2,0,-2 Freq. - 5,23 GHz (e) Modo - TMz
0,2,-2 Freq. - 5,23 GHz
(f) Modo - TMz2,1,-3 Freq. - 6,92 GHz (g) Modo - TMz
1,2,-3 Freq. - 6,92 GHz
(i) Modo - TMz2,2,-4 Freq. – 9,07 GHz
Figura 26. Distribuição de Campo Elétrico gerado pela equação (12) e freqüências de ressonância dos modos do ressoador patch triangular de base 22,8 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
No entanto, as simulações EM desse ressoador apresentadas na Figura 30 mostram a
presença de modos fundamentais degenerados, que não são observados nas figuras de
41
distribuição de campos obtidas a partir da equação (12).
Uma nova abordagem foi utilizada em [7] para cálculo das distribuições de campo dos
modos degenerados que não são contemplados pela equação (12). Para isso, rotacionaram-se
os eixos x e y em α = +120º e β = -120º e formularam-se novas equações Ez’(x’,y’) e
Ez”(x’’,y’’), apresentadas em (15) e (18) para cada eixo rotacionado em função destes ângulos
x’(x, α), y’(y, α) e x”(x, β), y”(y, β).
−⋅
⋅
+⋅
+
−⋅
⋅
+⋅+
−⋅
⋅
+⋅
⋅=
b3
)mp('y2cosn
3
2
3b
'x2cos
b3
)pn('y2cosm
3
2
3b
'x2cos
b3
)nm('y2cosp
3
2
3b
'x2cos
A)'y,'x(triânguloE 'z
πππ
πππ
πππ
(15)
Onde:
( ) ( )αα ysencosx'x += (16)
( ) ( )αα cosyxsen'y +−= (17)
−⋅
⋅
+⋅
+
−⋅
⋅
+⋅+
−⋅
⋅
+⋅
⋅=
b3
)mp(''y2cosn
3
2
3b
''x2cos
b3
)pn(''y2cosm
3
2
3b
''x2cos
b3)nm(''y2
cosp3
2
3b
''x2cos
A)''y,''x(triânguloE ''z
πππ
πππ
πππ
(18)
Onde:
( ) ( )ββ ysencosx''x += (19)
( ) ( )ββ cosyxsen''y +−= (20)
Subtrai-se, então, as novas equações uma da outra, resultando na equação (21).
( ) ( )βα ,y,xE,y,xE)y,x(triânguloE ''z'zeneradosdegosmodz −=− (21)
Com o auxílio da equação (21), as distribuições de campos dos modos apresentadas na
42
Figura 26 para o ressoador patch triangular foram alteradas, resultando na Figura 27,
especificamente nas figuras (b) e (e).
(a) Modo - TMz1,0,-1 Freq. - 2,62 GHz (b) TMz
0,1,-1 Freq. - 2,62 GHz
(c) Modo - TMz1,1,-2 Freq. – 4,53 GHz
(d) Modo - TMz2,0,-2 Freq. - 5,23 GHz (e) Modo - TMz
0,2,-2 Freq. - 5,23 GHz
Figura 27. Distribuição de Campo Elétrico gerado pela equação (21) e freqüências de ressonância dos modos do ressoador patch triangular de base 22,8 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
O leiaute do ressoador patch triangular, apresentado na Figura 28, foi desenhado e
simulado na ferramenta Momentum/ADS. O leiaute apresenta o ressoador com lado 22,8 mm
e as linhas de acoplamento de entrada e de saída do sinal com impedância característica de 50
Ω considerando-se o substrato RT/Duroid 6010,5, posicionadas de modo a excitar os diversos
modos presentes na estrutura e distanciadas de 0,2 a 0,3 mm do ressoador. Como para os
outros ressoadores, utilizou-se o substrato RT/Duroid 6010,5 para a simulação EM e
considerou-se o ressoador imerso no ar.
43
Figura 28. Leiaute do ressoador patch triangular utilizado para simulação EM no Momentum/ADS.
A resposta em freqüência desse ressoador patch triangular é apresentada na Figura 29.
Freqüência m1 = 2,64 GHz m2 = 4,31 GHz m3 = 5,17 GHz m4 = 7,00 GHz m5 = 7,69 GHz
Figura 29. Perda de inserção ‘S21’ em função da freqüência obtida através de simulação EM para o ressoador patch triangular de lado 22,8 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
Da Figura 29, verifica-se que as freqüências ressonantes calculadas por (13) e as
obtidas pela simulação na ferramenta Momentum/ADS estão muito próximas, com diferença
inferior a 0,8%.
Para visualização das linhas de corrente ao longo do ressoador patch triangular para
cada modo ressonante, utilizou-se o Momentum Viewer. Tais distribuições de corrente podem
ser vistas na Figura 30.
Através dessa figura, observam-se as distribuições de corrente para os primeiros
modos ressonantes presentes no ressoador simulado, comprovando as abordagens teóricas
utilizadas para determinar as distribuições de campo elétrico dos mesmos, em especial dos
modos degenerados.
44
2.2.2.1.4 Ressoadores e perturbações
Os ressoadores cujos modos presentes em sua estrutura são naturais, sem acoplamento
entre si, são chamados de ressoadores single-mode. Um filtro composto por ressoadores desse
tipo é chamado de filtro single-mode, no qual cada ressoador utilizado determina um pólo na
(a) Modo - TMz1,0,-1 Freq. - 2,62 GHz (b) TMz
0,1,-1 Freq. - 2,62 GHz
(c) Modo - TMz
1,1,-2 Freq. – 4,53 GHz
(d) Modo - TMz
2,0,-2 Freq. - 5,23 GHz (e) Modo - TMz0,2,-2 Freq. - 5,23 GHz
Figura 30. Distribuição de corrente de cada modo e suas respectivas freqüências de ressonância do ressoador patch triangular de base 22,8 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
45
banda de passagem do filtro. Os filtros unidimensionais apresentados no início deste capítulo
são exemplos de filtros single-mode, como geralmente os filtros o são.
Filtros patch single-mode apresentam baixas perdas nos condutores e boa capacidade
de potência, entretanto, ocupam grande área quando comparados aos filtros em microlinhas.
Além disso, não se consegue largura de banda fracional mais estreita que 5% com esse tipo de
filtro.
A fim de conseguir-se redução em área de um filtro patch, pode-se inserir uma
perturbação na geometria regular do ressoador patch que o compõe. O termo perturbação é
utilizado no contexto de filtros para definir qualquer alteração da geometria de um ressoador.
A perturbação pode ser feita através da adição de um pequeno patch nas bordas do ressoador
ou através de um corte com qualquer formato no interior da geometria do ressoador ou em sua
borda. A perturbação deve ser tal que mantenha a simetria do ressoador com relação às linhas
de entrada e saída, a fim de se obter a curva de perda de inserção direta igual à reversa e a
curva de perda de retorno de entrada igual a de saída.
Uma perturbação é inserida no ressoador de modo a aumentar o caminho a ser
percorrido pela corrente na freqüência de um modo ressonante presente nesse ressoador. Ao
aumentar-se o caminho percorrido pela corrente num determinado modo, a freqüência deste
decai, enquanto as freqüências dos outros modos presentes no ressoador não sofrem alteração
ou sua variação é irrelevante para a resposta em freqüência do filtro.
Assim, ao se utilizar uma perturbação tal que reduza a freqüência dominante de um
ressoador patch, tem-se que as dimensões deste são menores do que as de um ressoador patch
sem perturbação na mesma freqüência central.
A Figura 31 exemplifica os ressoadores patch quadrado, circular e triangular
anteriormente apresentados no item 2.2.2.1, nos quais foram introduzidas perturbações do tipo
fenda para alterar principalmente um de seus modos dominantes.
46
(a)
(b)
(c)
Figura 31. Leiautes dos ressoadores patch (a) quadrado com lado 15 mm, (b) circular com raio 8,5 mm e (c) triangular com base 22,8 mm com inserção de perturbação na forma de fenda.
Os gráficos de resposta em freqüência desses ressoadores com perturbação, resultantes
de simulação EM, são apresentados, respectivamente, nas Figuras 32, 33 e 34, em verde,
sobrepostos aos gráficos de resposta em freqüência dos mesmos ressoadores sem perturbação,
em azul.
Modo Sem perturbação Com perturbação
TMz1,0,0 m1a = 2,95 GHz m1a = 2,55 GHz
TMz0,1,0 m1b = 2,95 GHz m1b = 2,95 GHz
TMz1,1,0 m2 = 4,30 GHz m2 = 4,30 GHz
TMz2,0,0 m3a = 5,74 GHz m3a = 5,74 GHz
TMz0,2,0 m3b = 5,74 GHz m3b = 5,82 GHz
TMz2,1,0 m4a = 6,75 GHz m4a = 6,19 GHz
TMz1,2,0 m4b = 6,75 GHz m4b = 6,75 GHz
TMz2,2,0 m5 = 8,54 GHz m5 = 8,54 GHz
Figura 32. Respostas em freqüência simuladas do ressoador patch quadrado de lado 15 mm não perturbado e perturbado por uma fenda de 10,0 mm x 0,5 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
Modo Sem perturbação Com perturbação
TMz1,1,0 m1 = 3,03 GHz m1 = 2,24 GHz
TMz2,1,0 m2 = 5,13 GHz m3 = 5,13 GHz
TMz0,1,0 m3a = 6,06 GHz m3a = 5,77 GHz
TMz0,1,0 m3b = 6,06 GHz m3b = 6,05 GHz
TMz3,1,0 m4 = 7,14 GHz m4 = 7,14 GHz
Figura 33. Respostas em freqüência simuladas do ressoador patch circular de raio 8,5 mm não perturbado e perturbado por uma fenda de 14,0 mm x 0,5 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
m1a m1b
m2 m3a m3b
m4a
m4b m5
47
Modo Sem perturbação Com perturbação
TMz0,1,-1 m1a = 2,64 GHz m1a = 2,15 GHz
TMz1,0,-1 m1b = 2,64 GHz m1b = 2,64 GHz
TMz1,1,-2 m2 = 4,62 GHz m2 = 4,62 GHz
TMz0,2,-2 m3a = 5,17 GHz m3a = 4,309 GHz
TMz2,0,-2 m3b = 5,17 GHz m53b = 5,17 GHz
TMz1,2,-3 m4a = 7,00 GHz m4b = 6,40 GHz
TMz2,1,-3 m4b = 7,00 GHz m4b = 7,00 GHz
TMz2,2,-4 m5 = 7,69 GHz m5 = 7,69 GHz
Figura 34. Respostas em freqüência simuladas do ressoador patch triangular de lado 22,8 mm não perturbado e perturbado por uma fenda de 13,0 mm x 0,5 mm, utilizando substrato RT/Duroid 6010,5.
Nessas figuras, nota-se que nos casos dos ressoadores quadrado e triangular, os modos
dominantes se separam em ‘m1a’ e ‘m1b’, pois um modo foi afetado, tendo sua freqüência
reduzida, e o outro não. No caso do ressoador circular, não há separação, apenas a diminuição
da freqüência do modo dominante. Na verdade, a separação dos modos não ocorreu porque
apenas um dos modos dominantes foi excitado devido ao posicionamento das linhas de
entrada e de saída. Além disso, não só o modo dominante é perturbado, como também alguns
outros modos, fato esperado ao se analisar as distribuições de corrente apresentadas
anteriormente nas Figuras 16, 24 e 30, respectivamente para cada geometria.
Daí a grande importância de analisarem-se as distribuições de campo dos modos ao
longo do ressoador e as suas distribuições de correntes. Através dessa análise, define-se onde
a perturbação deve ser inserida para uma eficaz perturbação do modo desejado.
Uma grande vantagem do ressoador patch é que, ao se reduzir sua freqüência
dominante sem alterar de maneira relevante os outros modos, pode-se obter maior rejeição do
nível de segunda harmônica da resposta em freqüência do filtro. Para tanto, deve-se reduzir as
freqüências dos modos dominantes de maneira que o dobro destas freqüências se localize
sobre uma área de boa rejeição da resposta em freqüência do ressoador. Como exemplo, a
freqüência fundamental do ressoador circular single-mode da Figura 33 é aproximadamente
3,0 GHz, havendo outro modo ressonante em torno de 5,1 GHz e um terceiro modo em 6,0
48
GHz, que corresponde a sua segunda harmônica. Ao se perturbar esse ressoador, sua
freqüência fundamental é reduzida para aproximadamente 2,2 GHz, sendo que não ocorrem
modos ressonantes nas proximidades de sua segunda harmônica, 4,4 GHz.
Particularmente neste trabalho, consideraram-se apenas ressoadores patch com
estruturas simétricas por apresentarem modos de ressonância degenerados. O estudo desses
modos é fundamental para a metodologia de projeto de filtros patch dual-mode desenvolvida
neste trabalho.
O conceito de filtro dual-mode é utilizado em diversos tipos de filtros, planares ou
não. No caso de filtros planares, esse conceito é aplicado aos filtros unidimensionais formados
por ressoador em anel e aos filtros bidimensionais, aos filtros patch. O filtro patch dual-mode
é o objeto de estudo deste trabalho e é detalhado a seguir.
2.2.2.2 Filtros patch dual-mode
Filtros dual-mode [24], [25], [26] são formados por ressoadores dual-mode e cada um
desses ressoadores determina dois pólos em sua banda de passagem. O ressoador dual-mode
nada mais é que um ressoador single-mode com perturbações em sua geometria, que fazem
com que a freqüência de determinado modo presente no ressoador seja alterada de forma a
aproximá-la da freqüência de outro modo e, assim, formar a banda de passagem do filtro.
As fórmulas (1) a (21) apresentadas anteriormente aplicam-se somente a ressoadores
patch com geometrias inalteradas, single-mode. Baseado nelas inicia-se o estudo do ressoador
patch dual-mode. A metodologia desenvolvida neste trabalho insere perturbações no
ressoador single-mode para alterar freqüências de ressonância específicas e, com isso,
determinar o leiaute do filtro que resulta nas características requeridas.
No caso de ressoadores planares patch dual-mode, uma perturbação pode ser inserida
através de corte ou de acréscimo de geometria em seu leiaute, o que resultará em filtros com
respostas distintas, dependendo do acoplamento indutivo ou capacitivo dos modos. Num filtro
49
utilizando ressoador patch quadrado, por exemplo, o corte triangular de uma de suas arestas
resulta num filtro do tipo Chebyshev, enquanto um pequeno patch acrescentado à aresta desse
ressoador resulta num filtro elíptico [27].
Adicionalmente, do ponto de vista elétrico, um ressoador patch dual-mode é
equivalente a um circuito ressonante duplamente sintonizado e assim, um filtro de segunda
ordem é construído com apenas um ressoador. Dessa forma, o número de ressoadores
necessários para se construir um filtro com uma determinada ordem cai pela metade e,
conseqüentemente, há redução do tamanho desse filtro.
Outra grande vantagem de um filtro patch dual-mode é a possibilidade de se projetar
filtros de banda estreita com banda de passagem fracional inferior a 5%, sendo este requisito
impraticável com um filtro patch single-mode [15].
As duas maneiras mais eficientes de se construir um filtro patch dual-mode consistem
em perturbar a geometria do ressoador de forma a separar os modos degenerados [11]
presentes no ressoador analisado ou de forma a aproximar a segunda freqüência de
ressonância do filtro com a fundamental [19] e com isso determinar sua banda de passagem.
São diversos os tipos de perturbações que podem ser utilizadas. Neste trabalho utilizam-se
cortes como perturbações. Esses cortes podem ser tanto nas bordas da geometria quanto
internas a ela, formando fendas.
Para formar filtros patch dual-mode com mais de dois pólos, é possível acoplar mais
de um ressoador patch dual-mode, como será apresentado nos projetos de filtros deste
trabalho. Através do acoplamento entre ressoadores obtêm-se respostas mais abruptas, bandas
mais estreitas e maior rejeição dos harmônicos.
Uma nova abordagem é estudada e comprovada neste trabalho, que é o projeto de
filtros patch com mais de dois pólos. É uma abordagem nova, ainda não apresentada na
literatura atual sobre filtros patch. A idéia é que cada ressoador determina mais de dois pólos
50
na banda de passagem do filtro projetado. No caso, projetou-se um filtro cujo ressoador
determina três pólos em sua banda de passagem, chamado, por isso, de filtro patch triple-
mode. Seu projeto e medidas são apresentados no capítulo 4, no qual a metodologia
desenvolvida é aplicada ao projeto de diferentes tipos de filtros patch.
51
3. METODOLOGIA DE PROJETO
A metodologia proposta foi desenvolvida para ser aplicada em projeto de filtros passa-
faixa que utilizam ressoadores planares do tipo patch dual-mode. O diagrama apresentado na
Figura 35 compreende as principais etapas da metodologia.
Especificações
do
Filtro
Escolha de:
Geometria do Ressoador
e Substrato
Determinação
de
Dimensõesdo Ressoador
Simulação EM
e
Análise de Correntedo Ressoador
Perturbação
da
Geometria do Ressoador
Atendeespecificações?
Sim
Não
Fabricação
Projeto do Filtro
e
Simulação EM
Caracterização
Atende
frequência
central?
Não
SimOtimização do
Filtro
Não
Figura 35. Etapas da metodologia proposta de projeto de filtros passa-faixa tipo patch.
3.1 ESPECIFICAÇÕES DO FILTRO
Como base de projeto, as características do filtro desejado devem ser especificadas. A
principal e suficiente característica para se iniciar um projeto com a metodologia proposta é a
freqüência central do filtro, utilizada no projeto do ressoador patch single-mode. Esta
metodologia considera sempre o ressoador patch single-mode sem qualquer perturbação. As
demais características do filtro, tais como largura de banda, perda de inserção, perda de
retorno, rejeição e nível de harmônicos, são utilizadas no projeto do filtro propriamente dito,
nas etapas de simulação e otimização do mesmo.
52
3.2 ESCOLHA DA GEOMETRIA DO RESSOADOR E DO SUBSTRATO
A escolha da geometria do ressoador que será utilizado para formar o filtro patch é
feita dentre as estudadas neste trabalho, podendo ser quadrada, circular ou triangular. Cada
um desses ressoadores tem características próprias apresentadas no capítulo 2 e sua escolha
está intimamente relacionada com a análise da distribuição de campos elétricos ao longo de
cada geometria.
O substrato a ser utilizado na fabricação do filtro projetado tem grande influência nas
dimensões do filtro e na sua resposta em freqüência. Os substratos para circuitos de
microondas devem ser selecionados tanto por suas características elétricas como pela
facilidade de aquisição e processamento na fabricação do filtro. As principais características
do substrato a serem consideradas são sua constante dielétrica relativa ‘εr’ e sua espessura ‘h’,
bem como suas perdas dielétricas e estabilidade térmica. São comercialmente disponíveis
substratos flexíveis para aplicação em freqüências de microondas com valores de ‘εr’ entre
2,2 e 10,8 e espessuras variando de 0,127 a 3,170 mm. As características de cada substrato
devem ser avaliadas para melhor se adequarem ao projeto.
A utilização de substratos com ‘εr’ alto diminui as dimensões do ressoador e a largura
das linhas de acoplamento de sinal de entrada e de saída e torna o ressoador menos suscetível
a perdas por irradiação. Por outro lado, substratos com ‘εr’ baixo, por aumentarem o tamanho
do ressoador, facilitam o projeto de filtros em freqüências mais altas, que freqüentemente
apresentam dimensões críticas. Apesar da perda por irradiação ser maior no caso de substratos
com ‘εr’ baixo, esta perda pode ser compensada pelo acoplamento direto das linhas de sinal
de entrada e de saída do filtro ao ressoador. Essa perda também pode ser reduzida
acomodando o filtro dentro de uma caixa metálica, que atua como blindagem do circuito e
confina os campos irradiados, prática largamente utilizada em circuitos de microondas.
A espessura do substrato afeta diretamente a largura das linhas de transmissão de
53
acoplamento de sinal de entrada e de saída do filtro. Quanto mais espesso o substrato, mais
largas são as linhas de transmissão. Dependendo do substrato escolhido, as linhas de entrada e
de saída podem se tornar tão ou mais largas do que o ressoador, aumentando as perdas do
filtro. Assim, a escolha do substrato deve considerar o compromisso entre a dimensão do
ressoador e a largura das linhas de entrada e de saída, de modo que seja possível o
acoplamento entre esses elementos para a formação do filtro. A largura dessas linhas pode ser
calculada através de programas computacionais, sendo utilizada, neste trabalho, a ferramenta
Line Calc do ADS [28].
3.3 DETERMINAÇÃO DE DIMENSÕES DO RESSOADOR
Para determinar as dimensões do ressoador patch single-mode que formará o filtro,
utiliza-se um dos programas computacionais desenvolvidos através da ferramenta MATLAB.
Esses programas encontram-se nos Apêndices G, H e I e aplicam-se, respectivamente, a
ressoadores de geometria triangular, circular e quadrada. Os dados de entrada para esses
programas são a freqüência fundamental de ressonância, a constante dielétrica relativa e a
espessura do substrato que será utilizado. Os programas fornecem a base do triângulo, o raio
do círculo ou o lado do quadrado do ressoador single-mode, cujo modo fundamental de
ressonância ocorre na freqüência central do filtro especificado.
Na metodologia aqui proposta, são utilizados ressoadores patch dual-mode, obtidos
inserindo-se perturbações no ressoador patch single-mode. Essas perturbações afetam os
diferentes modos de ressonância do ressoador, ocasionando a diminuição da freqüência dos
mesmos, podendo causar, adicionalmente, a separação dos modos degenerados. Assim, as
dimensões do ressoador dual-mode são menores que as do ressoador single-mode sem
perturbação, ambos ressoando na mesma freqüência.
Uma boa estimativa inicial é considerar que as perturbações inseridas no patch
54
single-mode ocasionarão uma redução de 20% na freqüência fundamental de ressonância.
Nesse caso, devem-se recalcular as dimensões do ressoador single-mode de modo que o
mesmo ressoe em uma freqüência 20% acima da freqüência central do filtro. Dependendo das
características do filtro e do substrato escolhido, é possível um aumento acima de 40% na
freqüência de ressonância, sendo esse aumento limitado pelas dimensões máximas das
perturbações que o ressoador suportará.
Os programas para determinação de dimensões do ressoador são novamente utilizados,
porém nesta etapa, a entrada será a freqüência estimada em 20% acima da freqüência central
do filtro, obtendo-se um ressoador menor. Nesse ressoador, serão feitas análises de correntes e
de perturbações para atingir as especificações do filtro, detalhadas nos próximos tópicos.
3.4 SIMULAÇÃO EM E ANÁLISE DE CORRENTES
O ressoador escolhido será analisado no simulador EM Momentum/ADS. Este
simulador é um programa com diversas ferramentas, sendo as utilizadas neste trabalho:
ferramenta de desenho de leiaute, de definição de substrato, de simulação EM e de
visualização de linhas de correntes.
Na ferramenta de desenho de leiaute, pode-se desenhar livremente qualquer figura
planar a ser simulada. Para determinação de onde o sinal deve entrar e sair, é necessária a
adição de “portas”, componente disponível na ferramenta. Assim, desenha-se o ressoador a
ser simulado e as linhas de entrada e saída de sinal, nas quais são colocadas “portas”,
devidamente posicionadas.
Na ferramenta de definição do substrato, inserem-se as características do substrato,
como constante dielétrica, espessura, tangente de perdas e camadas de metalização/dielétrico.
Na ferramenta de simulação, definem-se a faixa de frequências e o refinamento
utilizados na simulação da estrutura, obtendo-se sua resposta em freqüência. Além disso, esta
55
ferramenta permite a adição do componente “caixa metálica”, definindo-se suas dimensões de
largura, comprimento e altura. Com isso, a simulação considera o leiaute desenhado inserido
na caixa metálica, resultando em uma resposta em freqüência considerando os efeitos desta
caixa. Essa simulação, entretanto, é demasiadamente longa comparada à simulação apenas do
leiaute sem caixa metálica. A caixa também pode ser simulada sozinha, obtendo-se suas
freqüências de ressonância. Deve-se lembrar que o simulador Momentum/ADS, por se tratar
de um programa 3D planar (ou 2D½), é otimizado para simulação de circuitos planares e tem
sua eficácia reduzida na simulação de filtros com elevadas perdas por irradiação.
Em uma primeira simulação, utilizam-se pequenos trechos de linhas de transmissão
para entrada e saída de sinal fracamente acoplado ao ressoador a fim de se obter as
freqüências de ressonância de seus modos e suas respectivas distribuições de corrente, sem
carregar significativamente o ressoador com suas impedâncias de terminação. Através das
distribuições dos campos EM resultantes dos programas dos Apêndices A, B e C ou das
distribuições de corrente resultantes da simulação do ressoador, é possível fazer a análise de
como afetar determinado modo ressonante, diminuindo sua freqüência, para alcançar a
freqüência central do filtro especificada.
Os programas que se encontram nos Apêndices D, E e F, respectivos para as
geometrias triangular, circular e quadrada, calculam a freqüência dos modos presentes no
ressoador, dadas suas dimensões e características do substrato utilizado. Esses programas
podem ser utilizados auxiliarmente para pré-determinar a janela de freqüência de simulação
EM feita no Momentum/ADS.
Antes de se iniciar as análises de como perturbar os modos ressonantes no patch
single-mode, é necessário saber quais modos serão utilizados para torná-lo um ressoador
patch dual-mode. A princípio, deve-se optar por formar o filtro dual-mode pela separação dos
modos fundamentais degenerados do ressoador ou pela aproximação do segundo modo de
56
ressonância com o fundamental.
A seguir, define-se o tipo, as dimensões e a posição das perturbações a serem inseridas
no patch para afetar o modo desejado.
A análise de campos elétricos do ressoador patch permite definir quais alterações
devem ser introduzidas na geometria do ressoador de modo a alterar a freqüência dos modos
ressonantes, conforme requerido pelo projeto. Porém, somente as simulações EM permitem a
visualização de como esses modos foram afetados pelas perturbações. Todas as análises dos
efeitos das perturbações nas freqüências dos modos ressonantes presentes no patch escolhido
são feitas através de simulações EM. As análises de acoplamento de sinal e a otimização do
filtro projetado também são feitas por simulações EM e, por isso, esta etapa está intimamente
ligada às etapas seguintes até o término do projeto do filtro.
3.5 PERTURBAÇÃO DA GEOMETRIA
A principal etapa no projeto de filtros patch dual-mode é a análise da perturbação
inserida na geometria do ressoador. É através dessa análise que se determina se a freqüência
central do filtro especificado será alcançada pela topologia escolhida.
As perturbações podem ser feitas de inúmeras maneiras, em forma de cortes na
geometria, de pequenos patches adicionados a ela, de deformação da geometria regular ou
mesmo da combinação de mais de um tipo de perturbação. Neste trabalho, o enfoque foi dado
às perturbações em forma de cortes da geometria. Qualquer perturbação deve ser colocada de
forma que o ressoador se mantenha simétrico com relação às linhas de entrada e de saída do
filtro. Desta maneira, as curvas de perdas de inserção direta e reversa em função da freqüência
são iguais, o mesmo ocorrendo com as curvas de perdas de retorno de entrada e de saída.
As linhas de entrada e de saída do filtro são também de grande importância para a
resposta do mesmo. Os modos excitados no ressoador dependem do posicionamento dessas
57
linhas. Quando as linhas são posicionadas numa região onde o campo elétrico do modo é
nulo, este modo não é excitado.
Exemplificando essa situação com o ressoador patch quadrado, a Figura 36 mostra as
respostas em freqüência deste ressoador com e sem fenda ao se posicionar as linhas de entrada
e de saída em suas arestas opostas. Desta maneira, todos os modos presentes na estrutura são
excitados, pois apresentam campo elétrico não nulo nas arestas do ressoador, como podem ser
vistos nas Figuras 12 e 13.
Figura 36. Respostas em freqüência simuladas do ressoador patch quadrado com (em laranja) e sem fenda (em azul), com linhas de entrada e saída posicionadas nas arestas opostas.
Na Figura 36, observa-se que quando uma fenda vertical é inserida no ressoador
quadrado, apenas um dos modos fundamentais é afetado e por isso ocorre a separação de
freqüência dos mesmos, o que confirma que ambos os modos fundamentais degenerados
foram excitados.
Entretanto, ao se posicionar as linhas de entrada e de saída no eixo horizontal
passando pelo centro do ressoador, como na Figura 37, obtêm-se respostas em freqüência
diferentes. Nesse caso, o segundo modo de ressonância não é excitado, pois apresenta campo
elétrico nulo nos pontos em que as linhas foram posicionadas, conforme Figura 13.
58
Figura 37. Respostas em freqüência simuladas do ressoador patch quadrado com e sem fenda, com linhas de entrada e saída posicionadas no eixo horizontal.
A inserção de uma fenda vertical nesse ressoador patch quadrado ocasionou a redução
de sua freqüência fundamental, mas não a separação dos modos fundamentais. De fato,
apenas um dos modos fundamentais degenerados é excitado, aquele cujo campo elétrico é não
nulo na região de entrada e de saída do sinal, o modo TMz1,0,0, como pode ser visto na Figura
12. Sendo assim, a curva em laranja da Figura 37 mostra somente um modo fundamental, o
qual foi afetado pela fenda reduzindo sua freqüência de ressonância.
Como descrito anteriormente, deve-se optar por formar o filtro patch dual-mode
perturbando-se o ressoador de forma a separar seus modos degenerados ou de forma a
aproximar a sua segunda freqüência de ressonância com a fundamental. Essa informação,
aliada às simulações de distribuição de correntes de cada modo ressonante, indica onde as
linhas de entrada e de saída, bem como as perturbações, devem ser inseridas a fim de afetar os
modos ressonantes como desejado.
O primeiro caso, no qual o filtro patch dual-mode será formado pelo ressoador cujos
modos fundamentais degenerados são separados, é ilustrado na Figura 38, para o caso do
ressoador patch quadrado.
59
Figura 38. Respostas em freqüência simuladas do ressoador patch quadrado com fendas com comprimentos diferentes que causam a separação e diminuição dos modos dominantes degenerados.
Considerando-se a excitação de todos os modos, com as linhas de entrada e de saída
posicionadas nas arestas opostas do ressoador e analisando-se as distribuições de campo
elétrico no mesmo, perturbações em forma de fendas cruzadas foram colocadas de forma a
afetar os modos dominantes, sem alterar a freqüência do segundo modo ressonante. Os modos
dominantes são perturbados de maneira diferente para que haja a separação entre eles. A
diferença, no caso, é causada pelos diferentes comprimentos da fenda que perturba cada
modo.
O segundo caso, no qual o filtro patch dual-mode é formado pela segunda ressonância
e pela fundamental, é exemplificado na Figura 39, para o mesmo ressoador patch quadrado do
exemplo anterior. As fendas colocadas nas bordas de cada lado do ressoador perturbam os
modos dominantes e o segundo modo de ressonância ao mesmo tempo. As quatro fendas
utilizadas são idênticas e, portanto, não há separação dos modos dominantes degenerados.
É interessante notar que por causa da redução da freqüência do segundo modo
ressonante, a resposta espúria do filtro até a terceira ressonância apresenta elevada rejeição,
sem apresentar nenhuma possível ressonância.
A escolha dos modos que formarão a banda do filtro depende de um compromisso
entre determinar uma fenda adequada que perturbe os modos desejados corretamente, que
60
permita o posicionamento das linhas de entrada e saída de forma a excitar os modos
desejados.
Figura 39. Respostas em freqüência simuladas do ressoador patch quadrado com perturbações idênticas que causam a diminuição das freqüências fundamentais e da segunda ressonância.
As simulações EM até esta etapa são feitas com um fraco acoplamento entre as linhas
de entrada e de saída e o ressoador. A perturbação estudada, na forma de cortes ou fendas,
deve ser analisada em termos de seu posicionamento no ressoador, de seu comprimento e de
sua largura. O efeito de cada variável – posição, comprimento e largura da fenda – nas
freqüências dos modos ressonantes deve ser analisado independente do efeito das outras,
através de uma série de simulações.
Combinando os resultados dessas simulações, chega-se às posições e dimensões de
cada perturbação ou de cada conjunto de perturbações que afetam os modos desejados
individualmente, de forma que ambos ressoem em torno da freqüência central do filtro. Os
resultados das simulações do ressoador serão úteis na etapa seguinte para ajuste da banda de
passagem do filtro.
Caso não se consiga com que o patch ressoe na freqüência central do filtro apesar de
todas as combinações possíveis de posição, comprimento e largura da fenda, aumentam-se as
dimensões do patch e novas simulações são feitas até que a freqüência desejada seja atingida.
61
3.6 PROJETO DO FILTRO E SIMULAÇÕES EM
O projeto do filtro passa-faixa patch se dá pelo acoplamento do ressoador às linhas de
entrada e de saída do sinal. Essas linhas são microlinhas de transmissão com impedância
característica de 50 Ω e seu posicionamento, como discutido no item 3.5, determina quais
modos ressonantes são excitados ou suprimidos na resposta do filtro.
Nesta etapa, o acoplamento e a otimização do filtro devem ser feitos de forma a se
atingir, além da freqüência central, as demais especificações do filtro, como banda de
passagem, perda de inserção, perda de retorno e rejeição de harmônicos.
O acoplamento pode ser direto, com as linhas de entrada e de saída do filtro
diretamente conectadas ao ressoador, ou capacitivo, no qual essas linhas são acopladas ao
ressoador através de um gap.
A utilização de acoplamento direto permite o projeto de filtros com banda mais larga e
perda de inserção muito baixa. Nesse caso, as linhas de entrada e de saída do filtro devem ser
posicionadas de forma a se obter um forte acoplamento ao ressoador.
O acoplamento capacitivo possibilita a obtenção de bandas mais estreitas e perdas de
inserção mais altas. Além disso, o filtro com acoplamento capacitivo é sujeito a maiores
perdas por irradiação, que podem ser minimizadas através da utilização de caixa metálica para
acomodação do filtro e blindagem do circuito.
A otimização do filtro tem especial importância para se atingir as especificações do
mesmo. Até o momento, na etapa de perturbação do ressoador, garantiu-se que a freqüência
central do filtro seria atingida, através da redução individual das freqüências de ressonância
dos dois modos perturbados por cada conjunto de fendas. Em simulações iniciais com o
posicionamento das linhas de entrada e de saída, obtém-se razoável previsão das perdas do
filtro, bem como da banda de passagem que resultou da integração do ressoador com as linhas
de acesso. Entretanto, para obtenção da banda de passagem especificada, deve-se realizar a
62
otimização do filtro.
A banda de passagem do filtro depende da separação dos dois modos ressonantes
perturbados nas etapas anteriores. A separação é ajustada através de pequenas alterações nas
fendas utilizadas. Utilizando-se os resultados das simulações da etapa anterior, é possível
prever como as fendas devem ser alteradas para que a freqüência de ressonância de cada um
dos modos que formam a banda de passagem do filtro se desloque adequadamente.
As otimizações são feitas através de simulações EM do filtro de maneira iterativa
ajustando-se as linhas de entrada e de saída, o posicionamento e as dimensões das fendas
utilizadas, de forma que a resposta em frequência do filtro projetado atenda às especificações.
Sendo as características do filtro alcançadas, inicia-se a etapa de fabricação do mesmo.
Caso contrário, novas otimizações devem ser feitas nas fendas do ressoador e no acoplamento
das linhas de entrada e de saída para se alcançar as especificações.
Se, apesar das otimizações, as especificações não forem atingidas, altera-se o projeto
do ressoador com a escolha de novos tipos de cortes a serem analisados ou reinicia-se o
projeto do filtro pela escolha de outra geometria para o ressoador.
3.7 FABRICAÇÃO
A fabricação do filtro utilizando tecnologia de Circuitos Integrados de Microondas
envolve a produção de fotolito a partir do leiaute do filtro projetado e a posterior fotogravação
da geometria do filtro no substrato escolhido.
A metodologia proposta neste trabalho provê ampla flexibilidade de projeto de filtros
passa-faixa patch dual-mode, devido às inúmeras combinações de geometrias e fendas que
podem ser utilizadas no projeto do ressoador. Visando facilitar a fabricação dos filtros, reduzir
custos e torná-los comercialmente atrativos, optou-se pela utilização de substratos flexíveis de
microondas, direcionando-se o projeto para o desenvolvimento de filtros sem dimensões
63
críticas, de forma a viabilizar sua construção por meio de técnicas tradicionais de
fotogravação em placas de circuito impresso.
3.8 CARACTERIZAÇÃO
Os filtros projetados são caracterizados através de medidas da perda de inserção e das
perdas de retorno de entrada e de saída em função da freqüência. Neste trabalho, a
caracterização dos filtros é realizada utilizando-se o Analisador Vetorial de Redes HP8722D
da Agilent Technologies, disponível no Laboratório de Microeletrônica da USP. Esse
equipamento integra um gerador de sinal de RF, uma unidade para medidas de parâmetros de
espalhamento e uma unidade de processamento e aquisição de dados. O equipamento foi
calibrado a fim de se ajustar uma referência para os cálculos de potências transmitidas e
refletidas, internos ao equipamento, na faixa de freqüência selecionada. O kit de calibração
utilizado para esse fim foi o kit 8050Q, da Maury Technologies.
64
4. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida foi aplicada ao projeto de filtros passa-faixa do tipo patch
miniaturizados com dois, três e quatro pólos. Esses filtros foram projetados utilizando-se
ressoadores originais com geometrias quadrada, triangular e circular, nas quais foram
inseridas fendas visando perturbar os modos ressonantes.
As simulações EM dos filtros aqui apresentados foram feitas em bandas largas,
variando-se o sinal de entrada numa faixa de freqüências escolhida de forma a incluir desde a
banda de rejeição inferior do filtro até a banda de passagem da segunda harmônica do mesmo.
Dessas simulações, foram obtidas as curvas de perda de inserção e de perda de retorno de
entrada e de saída do filtro em função da freqüência. Devido à simetria dos leiautes dos filtros
desenvolvidos neste trabalho, as curvas de perdas de inserção direta e reversa são iguais, o
mesmo ocorrendo com as curvas de perdas de retorno de entrada e de saída.
Após a simulação, procedeu-se à confecção do fotolito com o leiaute dos filtros,
seguida da construção dos mesmos por meio de processo fotolitográfico. As dimensões
críticas dos protótipos dos filtros foram medidas com auxílio de microscópio com escala
calibrada, a fim de se refazer as simulações com suas dimensões reais, quando necessário.
A caracterização dos filtros construídos foi realizada através da medição de suas
curvas de perda de inserção e de perda de retorno em função da freqüência, utilizando-se um
analisador de redes. Para a realização das medidas, as linhas de entrada e de saída dos filtros
foram soldadas a conectores SMA.
4.1 PROJETO DE FILTRO PATCH DUAL-MODE COM RESSOADOR QUADRADO
O objetivo desta etapa é o projeto de um filtro passa-faixa patch dual-mode, que
utiliza um ressoador quadrado modificado pela inserção de fendas em sua geometria. As
65
dimensões e o posicionamento das fendas utilizadas permitem o controle da freqüência central
e da largura de banda, possibilitando que o filtro apresente boa rejeição na banda de segunda
harmônica.
4.1.1 ESPECIFICAÇÕES DO FILTRO
O filtro patch dual-mode quadrado do tipo passa-faixa com dois pólos a ser projetado
tem as seguintes especificações:
Freqüência Central: 2,4 GHz;
Banda de passagem de 3 dB: de 10% a 15%;
Máxima perda de inserção para perda de retorno < -10 dB: 2 dB;
Mínima perda de retorno entrada/saída: 15 dB;
Mínima rejeição de segunda harmônica: 15 dBc.
4.1.2 DETERMINAÇÃO E ANÁLISE DO RESSOADOR
Este projeto parte da escolha de um ressoador com geometria quadrada. O substrato
utilizado é o RO3010 (εr = 10,2 e espessura = 25 mils) [29]. Inicialmente, estimou-se a
freqüência do ressoador single-mode em 3,35 GHz, 40% acima do especificado.
Considerando-se essa freqüência de ressonância, o substrato escolhido e utilizando-se o
programa apresentado no Apêndice I, obteve-se a dimensão de 13,8 mm para o lado do
ressoador.
O filtro dual-mode deste projeto é formado pela separação dos modos dominantes
degenerados. As distribuições de corrente dos modos dominantes num ressoador quadrado são
mostradas na Figura 40. Nessa figura, observa-se que uma fenda inserida verticalmente no
ressoador interfere basicamente no modo TMz1,0,0, enquanto uma fenda horizontal interfere
principalmente no modo TMz0,1,0.
66
TMz
1,0,0 TMz0,1,0
Figura 40. Distribuição de correntes dos modos dominantes degenerados TMz1,0,0 e TMz
0,1,0 num ressoador quadrado single-mode.
Neste projeto, dois tipos de perturbação foram escolhidos para alterar as freqüências
dos modos necessários à formação do filtro, que podem ser vistos na Figura 41. As
perturbações são as fendas colocadas na borda do ressoador, A e B, e as fendas colocadas
dentro do ressoador formando um “L” invertido, A’ e B’. As fendas são posicionadas
simetricamente em relação às linhas de centro do quadrado, destacadas em vermelho na
Figura 41.
Figura 41. Ressoador patch quadrado proposto com dois tipos de fenda: fendas A e B na borda;
fendas A’ e B’ formando um “L” invertido.
Inicialmente, analisou-se o ressoador patch single-mode fracamente acoplado às linhas
de entrada e de saída. Essas linhas, com impedância de 50 Ω e espessura de 0,58 mm, foram
posicionadas de forma a excitarem os dois modos degenerados fundamentais. Entretanto, não
é desejado que o segundo modo de ressonância seja excitado.
O efeito da posição das linhas de entrada e de saída na resposta em freqüência do
ressoador quadrado é apresentado na Figura 42. A resposta em freqüência simulada referente
às linhas posicionadas nas arestas opostas do patch quadrado, apresentada em verde, mostra
67
que os três primeiros modos ressonantes são excitados. Em azul, na mesma figura, a resposta
em freqüência simulada é apresentada para as linhas posicionadas ortogonalmente, como
proposto neste projeto. Nessa condição, pode-se ver que o segundo modo de ressonância não
é excitado.
Figura 42. Modos excitados num ressoador patch quadrado com linhas de entrada e saída posicionadas (em verde) em arestas opostas do ressoador; (em azul) ortogonalmente.
Em seguida, investigou-se a influência de cada uma das quatro fendas na resposta em
freqüência do ressoador. Simulações iniciais consideraram o efeito da largura e do
comprimento das fendas sobre a freqüência dos modos fundamentais. Constatou-se que o
parâmetro de maior influência na resposta do ressoador é o comprimento das fendas e,
secundariamente, a largura das mesmas. Assim, as larguras das fendas A e B foram fixadas
em 1,5 mm e as das fendas A’ e B’, em 2 mm, que foram escolhidas por resultarem em
melhor perda de retorno nas simulações iniciais do patch dual-mode. A seguir, uma série de
simulações foi feita utilizando-se os leiautes apresentados na Figura 43, variando-se o
comprimento das fendas e mantendo-se sua largura constante.
Leiaute 1 Leiaute 2 Leiaute 3 Leiaute 4
Figura 43. Leiautes do patch quadrado para simulação de cada fenda.
1,5 mm
1,5 mm
13,8 mm 13,8 mm
2,0 mm 2,0 mm
13,8 mm 13,8 mm
68
Os resultados das simulações são mostrados na Figura 44, onde f01 é a freqüência do
modo TMz0,1,0 e f10 é a freqüência do modo TMz
1,0,0.
(a)
(b)
Figura 44. Separação dos modos degenerados fundamentais em função dos comprimentos das fendas (a) A e A’; (b) B e B’.
Como esperado, a Figura 44(a) mostra que f01 se mantém praticamente inalterada com
a variação do comprimento das fendas A e A’. No entanto, f10 decresce com o aumento do
comprimento das fendas A e A’ de maneira diferente em relação a cada fenda. Além disso, a
influência das fendas A e A’ combinadas é igual à soma das influências individuais de cada
uma. O mesmo comportamento pode ser visto na Figura 44(b), analogamente para os efeitos
das fendas B e B’, sendo que, neste caso, as fendas afetam o modo TMz0,1,0, fazendo f01
decrescer, enquanto f10 é minimamente alterada.
Ao se combinar as fendas A, A’, B e B’, ambas as freqüências dos modos degenerados
decaem possibilitando que a freqüência especificada para o filtro seja atingida.
4.1.3 PROJETO E ANÁLISE - FILTRO 2-PÓLOS
As análises e simulações do ressoador patch quadrado modificado foram aplicadas no
projeto do filtro patch passa-faixa de dois pólos especificado.
As dimensões aproximadas das fendas foram escolhidas para que os modos
fundamentais ressoassem em torno da freqüência central especificada para o filtro, em
2,4 GHz. Para isso, escolheram-se os comprimentos tais que a freqüência dos modos
69
fundamentais do ressoador patch single-mode diminuíssem de 3,35 GHz para 2,4 GHz,
aproximadamente 1 GHz. Através da Figura 44, observa-se que várias combinações de
comprimentos tornam possível essa redução. Entretanto, além da redução das freqüências,
deve-se também levar em consideração a largura da banda de passagem especificada para o
filtro, que depende da diferença entre as freqüências dos modos dominantes. Levando em
conta esses dois fatores e com o auxílio das simulações EM, chega-se às dimensões das
fendas que resultam na resposta desejada para o filtro.
Analisando-se a Figura 44, a fenda A’, com 7 mm de comprimento, faz com que a
freqüência do modo TMz1,0,0 (f10) diminua 0,6 GHz. Observa-se também que a fenda A, com
4 mm de comprimento, faz f10 diminuir 0,45 GHz. A soma dos efeitos das fendas A e A’ faz
com que f10 diminua aproximadamente 1 GHz. Ademais, a diferença entre essas freqüências
sob o efeito das fendas é de aproximadamente 100 MHz, valor razoável, considerando-se que
há alargamento da banda de passagem do filtro ao se acoplar fortemente as linhas de entrada e
de saída ao ressoador.
Similarmente, a freqüência do modo TMz0,1,0 (f01) decai 0,6 GHz para a fenda B’ com
7 mm de comprimento e decai 0,45 GHz quando o comprimento da fenda B é de 4 mm. A
soma dos efeitos dessas fendas B e B’ faz com que a f01 também diminua aproximadamente
1 GHz, como desejado.
O filtro foi simulado com as seguintes dimensões: fendas A e B com 1,5 mm de
largura e 4 mm de comprimento e fendas A’ e B’ com 2,0 mm de largura e 7 mm de
comprimento, mantendo-se a simetria do ressoador patch em relação às linhas de entrada e de
saída do filtro. Essas foram conectadas diretamente ao ressoador através de linhas de
impedância característica de 50 Ω, visando as especificações de largura de banda mediana de
10% a 15% e de baixa perda de inserção. A Figura 45 apresenta o leiaute e as dimensões do
filtro projetado, juntamente com a correspondente resposta em freqüência simulada.
70
Figura 45. Leiaute do filtro quadrado sem otimização e resposta em freqüência simulada.
Dimensões em mm.
Na Figura 45 há a presença de dois zeros de transmissão na resposta em freqüência
simulada do filtro, cujo aparecimento se deu pela utilização dos dois tipos de fendas no
ressoador.
Os resultados da simulação apresentaram o filtro centrado em 2,41 GHz, com perda de
inserção máxima de 2,5 dB, perda mínima de retorno de 7,5 dB e nível de segunda harmônica
em 16,8 dB, não atingindo todas as especificações. Então, o ressoador foi modificado e
pequenos patches foram retirados da estrutura.
Novas simulações foram realizadas buscando-se otimizar o desempenho do filtro.
Verificou-se que ao se remover uma pequena área quadrada das arestas do patch ao longo da
diagonal de simetria do ressoador, as perdas de inserção eram minimizadas pela alteração da
impedância do ressoador, sem alteração significativa de sua freqüência central e de sua banda
de passagem. Assim, chegou-se ao leiaute otimizado apresentado na Figura 46.
71
Figura 46. Leiaute final do filtro patch quadrado de 2-pólos. Dimensões em mm.
4.1.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 47 mostra o filtro patch quadrado passa-faixa de segunda ordem fabricado.
Figura 47. Protótipo do filtro patch quadrado passa-faixa de 2-pólos fabricado.
A Figura 48 apresenta as curvas de resposta em freqüência obtidas na simulação e
através da caracterização deste filtro. Obteve-se excelente concordância entre os resultados de
simulação e experimentais da resposta em freqüência do filtro em sua banda de passagem. As
simulações EM previram com boa precisão a resposta do filtro em banda larga.
O comportamento elíptico do filtro, devido aos dois tipos de fenda utilizados no
ressoador proposto, foi confirmado pelos resultados experimentais, que apresentaram zeros de
transmissão em torno da banda de passagem.
O filtro, centrado em 2,39 GHz, apresentou banda de passagem de 14%, máxima perda
de inserção de 1,2 dB e perda de retorno melhor que 18 dB. A Figura 48(b) mostra a resposta
72
em freqüência do filtro em banda larga, na qual é possível observar que sua resposta espúria,
na faixa de freqüência de sua segunda harmônica, apresentou rejeição de 15 dB.
Figura 48(a). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch quadrado com 2 pólos,
com detalhe na sua banda de passagem.
Figura 48(b). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch quadrado com 2 pólos em
banda larga.
73
O ressoador projetado, cuja freqüência fundamental é de 2,4 GHz, tem lado de 13,8
mm, apresentando uma área de 190,4 mm2. Um patch single-mode ressoando nessa
freqüência, construído no mesmo substrato, apresentaria dimensão igual a 19,3 mm, ou seja,
sua área seria de 372,5 mm2. A redução em área obtida neste filtro de dois pólos, comparada
ao filtro single-mode na mesma freqüência, é de aproximadamente 49%, que constitui um
nível de miniaturização notável, superior a resultados relatados na literatura.
Adicionalmente, fez-se um estudo sobre a flexibilidade de projeto com o ressoador
patch proposto, alterando-se os comprimentos das fendas A, A’, B e B’. A Tabela 2 apresenta
os resultados das simulações, como a freqüência central f0 e banda porcentual de passagem de
3 dB BW(%) do filtro em função dos comprimentos das fendas. As respostas em freqüência
dos filtros projetados mostrados na tabela apresentaram perda de retorno melhor que 10 dB e
perda de inserção menor que 1 dB dentro da banda de passagem do filtro.
Tabela 2 – Projetos de Filtros Patch Quadrados de Segunda Ordem – Resultados Simulados*
Comprimento das fendas (mm)
Freqüência Central (GHz)
Banda de passagem porcentual
A e B A’e B’ F0 BW (%) 5,0 7,0 2,21 12,3 6,5 5,0 2,27 12,3 6,0 5,0 2,32 12,7 5,0 5,5 2,35 13,3 5,0 5,0 2,38 13,6 4,0 7,0 2,40 12,8 4,5 5,5 2,49 9,4 3,5 7,0 2,49 15,4 4,0 6,5 2,50 10,1 3,0 7,0 2,55 17,3 4,0 6,0 2,56 7,8 3,0 6,5 2,65 11,7
*Lado do ressoador = 13,8 mm; largura das fendas A e B = 1,5 mm; largura das fendas A’e B’ = 2,0 mm; substrato RO3010.
O ressoador proposto permite ampla flexibilidade de projeto. A Tabela 2 mostra que,
variando-se os comprimentos das fendas e mantendo-se suas larguras constantes, é possível se
projetar filtros com freqüência central de 2,2 GHz a 2,7 GHz e banda de passagem
74
porcentuais de 7,8% a 17,3%.
Simulações adicionais mostraram que a freqüência central do filtro pode ser reduzida
até 1,7 GHz variando-se a largura das fendas. Dessa forma, pode-se variar a largura das
fendas para ampliar as possibilidades de projeto de filtro.
4.1.5 PROJETO E ANÁLISE - FILTRO 4-PÓLOS
Como extensão do projeto do filtro patch quadrado, um filtro de quatro pólos foi
projetado e fabricado com o leiaute apresentado na Figura 49. Este filtro foi projetado
conectando-se dois ressoadores iguais ao utilizado no filtro de dois pólos, através de uma
microlinha de transmissão de 50 Ω com 2 mm de comprimento.
Figura 49. Leiaute final do filtro patch quadrado de 4-pólos. Dimensões em mm.
4.1.6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O filtro patch quadrado passa-faixa de quatro pólos fabricado é apresentado na Figura 50.
Figura 50. Protótipo do filtro patch quadrado passa-faixa de 4-pólos fabricado.
75
As medidas e simulações feitas para o filtro patch quadrado de quatro pólos podem ser
vistas na Figura 51. O filtro, centrado em 2,35 GHz, apresentou banda de passagem de 9,8%,
perda máxima de inserção de 1,5 dB e perda de retorno melhor que 17 dB, observando-se boa
concordância entre as curvas medidas e simuladas. A rejeição da resposta espúria na banda da
segunda harmônica foi melhor que 30 dB.
Figura 51(a). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch quadrado com 4 pólos,
com detalhe na sua banda de passagem.
76
Figura 51(b). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch quadrado com 4 pólos em
banda larga.
O filtro de quatro pólos apresentou banda de passagem mais estreita, comparado ao
filtro de dois pólos, maior rejeição na banda de segunda harmônica, banda de transição mais
abrupta e pequeno decréscimo da freqüência central do filtro, como pode ser visto na Figura
52.
Figura 52. Respostas em freqüência medidas dos filtros patch quadrado com 2 e 4 pólos.
77
O objetivo deste estudo do filtro de quatro pólos não foi atingir as especificações do
filtro, mas sim verificar o comportamento do filtro quando dois ressoadores idênticos são
acoplados. Esse filtro de quatro pólos pode atingir as especificações de projeto, alterando-se
ligeiramente as dimensões de suas fendas.
É importante notar que em ambos os filtros não houve dimensões críticas, sendo que a
menor dimensão de leiaute utilizada no projeto foi a largura das linhas de entrada e de saída
do filtro, com 0,58 mm, facilitando o processo de fabricação.
O estudo do efeito das fendas nos modos de ressonância do patch quadrado mostrou
que pequenas alterações nas dimensões das fendas não causam alterações relevantes nas
freqüências dos modos perturbados. Conseqüentemente, as imprecisões do processo de
fabricação do filtro não afetaram significativamente seu desempenho, atingindo-se as
especificações de projeto.
4.2 PROJETO DE FILTRO PATCH DUAL-MODE COM RESSOADOR
TRIANGULAR
Este projeto visa a construção de um filtro patch passa-faixa miniaturizado, que utiliza
um ressoador triangular eqüilátero modificado pela inserção de fendas em sua geometria. As
dimensões e o posicionamento das fendas utilizadas permitem o controle da freqüência
central, da largura de banda, além de uma resposta em freqüência do filtro com boa rejeição
na banda de segunda harmônica.
4.2.1 ESPECIFICAÇÕES DO FILTRO
O filtro patch passa-faixa triangular de dois pólos a ser projetado tem as seguintes
especificações:
78
Freqüência Central: 7,8 GHz;
Banda de passagem de 3 dB: < 5%;
Máxima perda de inserção para perda de retorno < -10 dB: 3 dB;
Mínima perda de retorno entrada/saída: 15 dB;
Mínima rejeição de segunda harmônica: 15 dBc.
4.2.2 DETERMINAÇÃO E ANÁLISE DO RESSOADOR
Este projeto parte da escolha de um ressoador com geometria triangular eqüilátera. A
freqüência especificada para este filtro é relativamente alta, conduzindo à miniaturização das
dimensões do filtro. A fim de se evitar leiaute com dimensões críticas no projeto, escolheu-se
um substrato que possui baixa constante dielétrica. O substrato utilizado é o RO4003 (εr =
3,55 e espessura = 20 mils) [30].
Inicialmente, estimou-se a freqüência do ressoador single-mode em 9,4 GHz, 20%
acima do especificado. Considerando-se essa freqüência de ressonância, o substrato escolhido
e utilizando-se o programa apresentado no Apêndice I, obteve-se a dimensão de 10,9 mm para
a base do ressoador.
Para a realização do filtro dual-mode deste projeto, optou-se pela separação dos modos
dominantes degenerados, propondo-se um ressoador com essa característica. As distribuições
de corrente dos dois modos dominantes num ressoador triangular são mostradas na Figura 53.
Nessa figura, observa-se que uma fenda inserida verticalmente no ressoador irá interferir
basicamente no Modo 1, enquanto que uma fenda horizontal interferirá principalmente no
Modo 2.
79
(a) Modo 1 (b) Modo 2
Figura 53. Distribuição de correntes dos modos dominantes degenerados num ressoador triangular eqüilátero single-mode. (a) Modo 1; (b) Modo 2.
Analisou-se, então, o ressoador single-mode fracamente acoplado às linhas de entrada
e de saída. Essas linhas, com impedância característica de 50 Ω e espessura de 1,1 mm, foram
posicionadas de forma a excitarem todos os modos presentes na estrutura. A Figura 54
apresenta o leiaute usado na simulação do ressoador, bem como sua resposta em freqüência,
contendo os cinco primeiros modos ressonantes.
Freqüências dosModos m1 = m2 = 9,5 GHz
m3 = 16,5 GHz
m4 = m5 = 18,4 GHz
Figura 54. Leiaute e resposta em freqüência simulada do ressoador triangular single-mode com lado = 10,9 mm
A seguir, analisou-se a influência individual de cada fenda, horizontal e vertical, na
resposta em freqüência do ressoador. Uma série de simulações foi feita variando-se o
comprimento ‘L’, a largura ‘w’ das fendas e a distância ‘a’ entre sua borda e a base do patch.
As curvas foram obtidas através da variação de um parâmetro de cada vez, mantendo-se os
outros dois parâmetros constantes, de acordo com as legendas apresentadas nas Figuras 55 e
56.
m1 m2
m3 m4 m5
80
Os resultados das simulações do patch triangular com uma fenda horizontal são
apresentados na Figura 55, onde se pode observar a influência da fenda em cada um dos
modos fundamentais.
Como esperado, a Figura 55 mostra que o Modo 1 praticamente não é perturbado e sua
freqüência de ressonância se mantém em torno de 9,4 GHz com a variação dos três
parâmetros avaliados. Entretanto, o Modo 2 é claramente perturbado pela fenda horizontal,
que faz sua freqüência decrescer com o aumento do comprimento e da largura da fenda
horizontal, bem como com o aumento da distância entre a borda da fenda e base do patch.
Pode-se notar também que a freqüência do Modo 2 não diminui igualmente com a variação de
cada parâmetro, sendo a largura da fenda o parâmetro menos significativo para a separação
dos modos.
(a) Leiaute – fenda horizontal
(b) w = 0,5 mm e L = 6,0 mm
(c) a = 1,5 mm e w = 0,5 mm
(d) L = 6,0 mm e a = 2,0 mm
Figura 55. (a) Leiaute com fenda horizontal: separação dos modos degenerados fundamentais em função (b) da posição ‘a’ da fenda em relação à base; (c) do comprimento ‘L’; (d) da largura ‘w’ do ressoador.
81
Novas simulações foram feitas para o caso de uma fenda vertical inserida no
ressoador. A Figura 56 apresenta as curvas da influência de uma fenda vertical sobre a
freqüência de ressonância de cada um dos modos fundamentais.
Nesse caso da fenda vertical, o Modo 1 é perturbado pela variação dos três parâmetros
de forma diferente. Observa-se que quanto maior a largura ou o comprimento da fenda, menor
é a freqüência do Modo 1, sendo o comprimento o parâmetro mais significante na separação
dos modos. Entretanto, a freqüência do Modo 2 é minimamente alterada com a variação do
comprimento e da largura da fenda. Verificou-se que a fenda vertical perturba tanto o Modo 1
quanto o Modo 2 quando posicionada rente à base ou muito próxima a esta, com maior
influência no Modo 1 até uma altura de 1 mm. A partir de 1 mm, a posição da fenda tem
pouca influência em ambos os modos fundamentais do ressoador.
(a) Leiaute – fenda vertical
(b) w = 0,5 mm e L = 1,5 mm
(c) a = 1,5 mm e w = 0,5 mm
(d) L = 4,0 mm e a = 1,5 mm
Figura 56. (a) Leiaute com fenda vertical: separação dos modos degenerados fundamentais em função (b) da posição ‘a’ da fenda vertical em relação à base; (c) do comprimento ‘L’; (d) da largura ‘w’ do
ressoador.
82
Neste projeto, uma perturbação composta pela combinação de duas fendas, horizontal
e vertical, formando um “T” invertido, foi escolhida para alterar as freqüências dos modos
ressonantes do ressoador triangular necessários à formação do filtro. O leiaute do ressoador
proposto é apresentado na Figura 57. Combinando-se as fendas vertical e horizontal, é
possível controlar as freqüências dos Modos 1 e 2, respectivamente, para que decaiam,
possibilitando que a freqüência especificada para o filtro seja atingida.
Figura 57. Ressoador patch triangular proposto com fendas horizontal e vertical formando um “T”
invertido.
4.2.3 PROJETO E ANÁLISE - FILTRO 2-PÓLOS
As análises e simulações do ressoador patch triangular modificado foram aplicadas no
projeto do filtro patch passa-faixa de dois pólos especificado.
São inúmeras as combinações possíveis das dimensões e posições das fendas para
perturbar os modos desejados. As curvas apresentadas nas Figuras 55 e 56 auxiliaram na
determinação dessa combinação. Ao analisá-las, observa-se que a influência do comprimento
da fenda vertical na redução da freqüência do Modo 1 é mais acentuada que a influência do
comprimento da fenda horizontal no Modo 2. Isto significa que duas fendas colocadas no
ressoador analisado, uma horizontal e uma vertical, de mesmo comprimento, fazem com que a
freqüência do Modo 1 fique menor que a freqüência do Modo 2. Observa-se, ainda, que o
posicionamento das fendas numa altura relativa à base do ressoador maior que 1 mm faz com
que o Modo 1 não seja afetado por esse parâmetro, mas o Modo 2, sim. Assim, para este
83
projeto, escolheu-se o posicionamento das fendas na altura de 2 mm em relação à base para
compensar a diferença do efeito dos comprimentos das fendas nas freqüências de ressonância
de cada modo.
As larguras das fendas horizontal e vertical foram escolhidas de modo a serem
suficientemente pequenas para perturbarem apenas um modo, Modo 2 e Modo 1
respectivamente, mas suficientemente grandes para não se tornarem dimensões críticas do
leiaute. Escolheu-se, então a largura de 0,5 mm para ambas as fendas.
Fixados os parâmetros de largura das fendas e sua posição em relação à base do
ressoador, seus comprimentos foram escolhidos para que cada um dos modos fundamentais
ressoasse em torno de 7,8 GHz.
As linhas de entrada e de saída do filtro foram acopladas capacitivamente para que a
especificação de largura de banda estreita fosse atingida. Essas linhas são microlinhas de
transmissão com impedância característica de 50 Ω, que sobem paralelas aos lados do
ressoador e são afinadas até sua largura ser reduzida pela metade para um melhor casamento
de impedância.
O ajuste fino da banda de passagem do filtro foi feito através de pequenos ajustes nos
comprimentos das fendas, chegando-se ao leiaute otimizado exibido na Figura 58.
Figura 58. Leiaute do filtro patch triangular passa-faixa de 2-pólos. Dimensões em mm.
84
4.2.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 59 mostra o protótipo do filtro patch triangular passa-faixa de segunda
ordem. Uma caixa metálica de latão foi construída para acondicionar esse e outros filtros e
será mostrada mais a frente, na Figura 63.
Figura 59. Protótipo do filtro patch triangular passa-faixa de 2-pólos.
A caixa metálica construída para acondicionar o filtro atua como uma cavidade
ressonante em guia de onda retangular, que apresenta ressonâncias em determinadas
freqüências (22), relacionadas com suas dimensões [31].
222
mnp a2
n
b2
m
d2
p.cf
+
+
= (22)
Onde:
fmnp = Freqüência do modo ressonante TMmnp da caixa metálica em Hz
c = Velocidade da luz no vácuo
m, n e p = Índices dos modos de uma onda TMzm,n,p
a = Largura da caixa
b = Altura da caixa
d = Comprimento da caixa
As ressonâncias da caixa alteram a curva de resposta em freqüência do filtro. Por isso,
a caixa deve ser projetada de forma que suas freqüências de ressonância estejam acima da
banda de passagem do filtro para não interferir com a mesma. O efeito dessas ressonâncias na
85
resposta em freqüência do filtro pode ser reduzido utilizando-se absorvedores de microondas
fixados na tampa ou nas laterais internas da caixa metálica.
Apesar da equação (22) não considerar o efeito do substrato, é uma estimativa inicial
da freqüência de ressonância da caixa. As dimensões internas da caixa onde o filtro foi fixado
são: largura de 22 mm, comprimento de 32 mm e altura de 13 mm. A primeira e a segunda
freqüências de ressonância dessa caixa calculadas por (22) são de 6,8 GHz e 11,5 GHz,
respectivamente. Todavia, a freqüência de ressonância calculada através da simulação EM no
Momentum/ADS considera o conjunto formado pela caixa e pelo substrato. Simulou-se a
caixa metálica com o filtro em seu interior, resultando em ressonâncias em 8,15 GHz,
11,4 GHz e 14,18 GHz, acima da banda de passagem do filtro. A fim de se minimizar o efeito
de tais ressonâncias espúrias, fez-se uso de borracha absorvedora de microondas na tampa da
caixa metálica quando da caracterização do filtro.
As curvas de resposta em freqüência obtidas na simulação e nos ensaios experimentais
para este filtro, apresentadas na Figura 60, mostram razoável similaridade. A utilização de
caixa metálica para acondicionamento do filtro visou reduzir as perdas por irradiação e teve
efeito significativo em sua resposta em freqüência, reduzindo a perda de inserção na banda de
passagem em aproximadamente 4 dB.
A Figura 60(a) ilustra a resposta em freqüência do filtro na sua banda de passagem. O
filtro, centrado em 7,76 GHz, apresentou banda de passagem de 4,3%, máxima perda de
inserção de 3,2 dB e perda de retorno melhor que 18 dB. A Figura 60(b) mostra a resposta em
freqüência do filtro em banda larga, na qual se observa rejeição de 11 dB na faixa de
freqüência de sua segunda harmônica, 4 dB menor que o valor obtido nas simulações.
Observa-se que as curvas simuladas se afastam das curvas medidas a partir de 10 GHz
devido ao efeito das perdas por irradiação que se tornam mais relevantes conforme a
freqüência aumenta.
86
Figura 60(a). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch triangular com 2 pólos,
com detalhe na sua banda de passagem.
Figura 60(b). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch triangular com 2 pólos em
banda larga.
O ressoador projetado, cuja freqüência fundamental é de 7,76 GHz e lado de 10,9 mm,
apresenta uma área de 51,4 mm2. Um patch single-mode ressoando nessa freqüência,
construído no mesmo substrato, apresentaria dimensão igual a 13,4 mm, ou seja, sua área
87
seria de 77,7 mm2. A redução em área obtida neste filtro com dois pólos, comparada ao filtro
single-mode na mesma freqüência, é de aproximadamente 34%.
4.2.5 PROJETO E ANÁLISE - FILTRO 4-PÓLOS
Como extensão do projeto do filtro patch triangular, um filtro de quatro pólos foi
projetado acoplando-se as bases de dois ressoadores iguais através de um gap.
Inicialmente, foram utilizados dois dos ressoadores idênticos ao empregado no filtro
de dois pólos. As simulações desse filtro demonstraram o deslocamento dos pólos devido ao
efeito de acoplamento capacitivo entre os ressoadores. Por isso, os comprimentos das fendas
foram reajustados, as linhas de entrada e de saída foram aproximadas do ressoador.
Adicionalmente, a fenda horizontal de cada ressoador foi levemente deslocada de sua posição
original, criando uma pequena assimetria interna ao ressoador, mas mantendo-se a simetria da
estrutura completa do filtro. Destarte, o leiaute fabricado é apresentado na Figura 61.
Figura 61. Leiaute final do filtro patch triangular de 4-pólos. Dimensões em mm.
A menor dimensão de leiaute utilizada em ambos os projetos foi o gap formado entre
as linhas de entrada e de saída e o ressoador, sendo de 0,25 mm no filtro de dois pólos e de
0,12 mm no filtro de quatro pólos. A utilização do substrato com constante dielétrica mais
baixa fez com que as dimensões do ressoador não fossem críticas. Entretanto, esse substrato é
88
susceptível a irradiação, aumentando consideravelmente as perdas de inserção do filtro, ainda
que se acondicione o mesmo em caixa metálica. Para compensar tais perdas e atingir as
especificações do filtro, as linhas de entrada e de saída foram aproximadas do ressoador,
tornando o gap entre eles a menor dimensão do projeto.
4.2.6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 62 mostra o protótipo do filtro patch triangular passa-faixa de quatro pólos.
Figura 62. Protótipo do filtro patch triangular passa-faixa de 4-pólos.
A Figura 63 apresenta este filtro triangular acondicionado em caixa metálica para
minimização das perdas por irradiação.
Figura 63. Caixa metálica utilizada para acondicionar os filtros triangulares.
89
As dimensões críticas do filtro construído foram medidas com precisão e utilizadas na
simulação final do filtro, visando comparar as respostas em freqüência experimental e
simulada. Esse procedimento foi adotado para este filtro dado que o mesmo é sensível a
pequenas variações nas dimensões das fendas, como visto durante a etapa de projeto.
As curvas medidas e simuladas obtidas para o filtro patch triangular de quatro pólos
podem ser vistas na Figura 64. O filtro, centrado em 7,58 GHz, apresentou banda de passagem
de 3,5%, perda mínima de inserção de 2,6 dB e perda de retorno melhor que 16 dB,
observando-se razoável concordância entre as curvas medidas e simuladas na banda de
passagem. Acima de 8 GHz, observa-se que as curvas se mantêm com a mesma forma, mas
deslocam-se progressivamente à medida que a freqüência aumenta, apresentando maior
discrepância de magnitude. A rejeição da resposta espúria na banda da segunda harmônica foi
melhor que 20 dB.
Figura 64(a). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch triangular com 4 pólos,
com detalhe na sua banda de passagem.
90
Figura 64(b). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch triangular com 4 pólos em
banda larga.
O filtro de quatro pólos opera em freqüência central ligeiramente inferior à do filtro de
dois pólos e apresentou banda de passagem mais estreita, maior rejeição na banda de segunda
harmônica e banda de transição mais abrupta.
O objetivo do projeto e fabricação deste filtro triangular de quatro pólos foi verificar a
flexibilidade de projeto utilizando-se o ressoador proposto com fenda em forma de “T”
invertido com mais de 2 pólos. Assim, mostrou-se ser possível a obtenção de filtros com mais
de dois pólos de forma simples, através do acoplamento de mais de um ressoador,
conseguindo-se respostas com melhor rejeição de segunda harmônica e bandas de transição
mais abruptas.
4.3 PROJETO DE FILTRO PATCH DUAL-MODE COM RESSOADOR CIRCULAR
Este projeto visa o desenvolvimento de um filtro patch passa-faixa utilizando um
ressoador circular modificado pela inserção de fendas em sua geometria. Através das
dimensões e do posicionamento das fendas utilizadas, é possível controlar a freqüência central
91
e a largura de banda do filtro, bem com obter boa rejeição na banda de segunda harmônica.
Neste projeto, experimentou-se uma nova abordagem, inédita na literatura de filtros
patch, com característica triple-mode. A banda passante do filtro triple-mode é formada por
três modos ressonantes presentes em um único ressoador, assim, o número de ressoadores
necessário para alcançar determinada ordem de filtro é três vezes menor, o que implica na
redução em área do filtro.
4.3.1 ESPECIFICAÇÕES DO FILTRO
O filtro patch circular tipo passa-faixa de três pólos a ser projetado tem as seguintes
especificações:
Freqüência Central: 2,4 GHz;
Banda de passagem de 3 dB: 25% a 30%;
Máxima perda de inserção para perda de retorno < -10 dB: 2 dB;
Mínima perda de retorno de entrada/saída: 15 dB;
Mínima rejeição de segunda harmônica: 15 dBc.
4.3.2 DETERMINAÇÃO E ANÁLISE DO RESSOADOR
Este projeto parte da escolha de um ressoador com geometria circular. O substrato
utilizado é o RO3010 (εr = 10,2 e espessura = 25 mils) [29]. Inicialmente, estimou-se a
freqüência do ressoador single-mode em 3,35 GHz, 40% acima do especificado.
Considerando-se essa freqüência de ressonância, o substrato escolhido e utilizando-se o
programa apresentado no Apêndice I, obteve-se a dimensão do raio do ressoador igual a 8,1
mm.
Os três modos ressonantes utilizados neste projeto para compor a banda passante do
filtro são os dois modos fundamentais degenerados, TMz110, e o segundo modo do ressoador
patch circular, TMz210. A Figura 65 apresenta a distribuição de correntes desses três modos de
92
ressonância. Através da análise dessas distribuições de correntes, determinou-se a posição das
linhas de entrada e de saída para excitação desses modos a fim de se obter um filtro triple-
mode.
(a) (b)
Figura 65. Distribuição de correntes dos (a) modos dominantes degenerados TMz110 e (b) segundo modo
de ressonância TMz210 num ressoador patch circular single-mode.
Inicialmente, simulou-se o ressoador single-mode fracamente acoplado às linhas de
entrada e de saída, posicionadas de forma ortogonal, de modo a excitar simultaneamente os
dois modos fundamentais degenerados e o segundo modo ressonante. Essas linhas têm
impedância característica de 50 Ω e espessura de 0,58 mm. O leiaute usado na simulação
deste ressoador e sua resposta em freqüência, contendo os modos fundamentais degenerados e
o segundo modo ressonante, podem ser vistos na Figura 66.
Freqüências dosModos m1 = m2 = 3,35 GHz
m3 = 5,6 GHz
Figura 66. Leiaute e resposta em freqüência do ressoador patch circular single-mode com raio = 8,1 mm.
A Figura 67 apresenta a distribuição de correntes dos modos ressonantes em análise,
m1 m2
m3
93
simulada para esse leiaute. Observa-se que os modos fundamentais degenerados sofrem
rotação de 45 graus em relação às distribuições de correntes apresentadas na Figura 65,
enquanto a distribuição de corrente do segundo modo permanece inalterada.
(a) Modo TMz
110 – I (b) Modo TMz110 – II (c) Modo TMz
210
Figura 67. Distribuição de corrente dos modos dominantes do ressoador patch circular com linhas de entrada e saída ortogonais.
Assim, é possível perturbar cada um dos modos degenerados e o segundo modo
ressonante, inserindo-se fendas com inclinação de 45º no ressoador patch circular. As fendas
escolhidas para alterar as freqüências dos modos necessários à formação do filtro foram
colocadas na borda do ressoador, dispostas em quadratura, e podem ser vistas na Figura 68.
Figura 68. Ressoador patch circular proposto com quatro fendas em quadratura.
Analisou-se, então, a influência de cada grupo de fendas, A–A’ e B–B’, na resposta
em freqüência do ressoador. Simulações iniciais mostraram que a influência mais relevante na
resposta do ressoador foi causada principalmente pelo comprimento das fendas e,
secundariamente, pela largura das mesmas. Assim, as simulações passaram a ser realizadas
94
com fendas com 1,1 mm de largura, que resultaram em melhor perda de retorno nas
simulações iniciais do patch circular. Uma série de simulações foi feita utilizando-se os
leiautes apresentados nas Figuras 69, 70 e 71, variando-se o comprimento das fendas e
mantendo-se sua largura constante.
Essas figuras apresentam, também, o comportamento da freqüência de ressonância dos
modos fundamentais degenerados e do segundo modo de ressonância em função do
comprimento das fendas. Nas figuras, f1 é a freqüência do modo dominante TMz110 – I, f2 é a
freqüência do modo dominante TMz110 – II e f3 é a freqüência do segundo modo de
ressonância, TMz210.
(a) (b)
Figura 69. (a) Leiaute do patch circular com fendas A–A’. Dimensões em mm; (b) Freqüência dos modos TMz
110 – I, TMz110 – II e TMz
210 em função dos comprimentos das fendas A–A’.
(a) (b)
Figura 70. (a) Leiaute do patch circular com fendas B–B’. Dimensões em mm; (b) Freqüência dos modos TMz
110 – I, TMz110 – II e TMz
210 em função dos comprimentos das fendas B–B’.
95
(a) (b)
Figura 71. (a) Leiaute do patch circular com fendas A–A’ e B–B’. Dimensões em mm; (b) Freqüência dos modos TMz
110 – I, TMz110 – II e TMz
210 em função dos comprimentos das fendas A–A’ e B–B’.
Como esperado, a Figura 69 mostra que f1 se mantém praticamente inalterada com a
variação do comprimento das fendas A e A’. No entanto, f2 e f3 decrescem com o aumento
dessas fendas. A variação do comprimento das fendas B e B’, exibida na Figura 70, faz f1 e f3
decrescerem, enquanto f2 é minimamente alterada. Nessas figuras, observa-se que f3 decresce
tanto com as fendas A–A’ quanto com as fendas B–B’. Pode-se notar na Figura 71, que ao se
combinar as quatro fendas analisadas, f1, f2 e f3 decaem com o aumento do comprimento das
mesmas. A freqüência f3 decai mais rapidamente devido ao efeito conjunto dos dois pares de
fendas, aproximando-se das freqüências dos modos degenerados.
4.3.3 PROJETO E ANÁLISE - FILTRO 3-PÓLOS
As análises e simulações do ressoador patch circular modificado foram aplicadas no
projeto do filtro patch passa-faixa de três pólos especificado.
As dimensões aproximadas das fendas foram escolhidas para que os três modos
ressoassem em torno de 2,4 GHz. As fendas A e A’ têm mesmo comprimento, bem como as
fendas B e B’. Entretanto, o comprimento do par A–A’ difere ligeiramente do comprimento
do par B–B’ determinando a separação dos modos degenerados, ao mesmo tempo em que se
mantém a simetria do ressoador patch em relação às linhas de entrada e de saída do filtro.
Essas foram conectadas diretamente ao ressoador através de linhas de impedância
1,1
1,1
R8,1
96
característica de 50 Ω, visando as especificações de banda larga de 25% a 30% e de baixa
perda de inserção.
O ajuste fino da banda de passagem do filtro foi feito através de pequenos ajustes nos
comprimentos das fendas, chegando-se ao leiaute otimizado exibido na Figura 72.
Figura 72. Leiaute final do filtro patch circular de 3-pólos. Dimensões em mm.
4.3.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 73 mostra o protótipo do filtro patch circular passa-faixa de terceira ordem.
Figura 73. Protótipo do filtro patch circular passa-faixa de 3-pólos fabricado.
A Figura 74 apresenta as curvas de resposta em freqüência obtidas na simulação e
através da caracterização deste filtro. Obteve-se excelente concordância entre os resultados de
simulação e experimentais da resposta em freqüência do filtro na banda de passagem, sendo a
resposta em banda larga prevista com boa precisão pelas simulações.
O filtro, centrado em 2,4 GHz, apresentou banda de passagem de 29%, perda de
inserção de 0,5 dB a 1,0 dB e perda de retorno melhor que 16 dB. A Figura 74(b) mostra a
97
resposta em freqüência do filtro em banda larga, na qual é possível observar que sua resposta
espúria na faixa de freqüência da segunda harmônica apresentou rejeição de 23 dB.
Figura 74(a). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch circular com 3 pólos, com
detalhe na sua banda de passagem.
Figura 74(b). Respostas em freqüência simuladas e medidas do filtro patch circular com 3 pólos em
banda larga.
98
A utilização de três modos para formar o filtro triple-mode tornou possível o projeto
de filtro com banda mais larga e com maior rejeição na banda de segunda harmônica, sem
custo de maior área quando comparado a um filtro patch dual-mode. Dificilmente se consegue
atingir a banda fracional obtida neste filtro triple-mode com a utilização de um filtro dual-
mode, sendo a banda obtida superior aos resultados relatados na literatura, utilizando
ressoador patch.
Mais ainda, o leiaute não apresentou dimensões críticas, sendo que a menor dimensão
de leiaute utilizada no projeto foi a largura das linhas de entrada e de saída do filtro, com
0,58 mm, o que facilitou o processo de fabricação, de modo que. As imprecisões nesse
processo não tiveram impacto significativo no desempenho do filtro.
O ressoador projetado, cuja freqüência fundamental é de 2,4 GHz e raio de 8,1 mm,
apresenta uma área de 206,1 mm2. Um patch single-mode ressoando nessa freqüência,
construído no mesmo substrato, apresentaria dimensão igual a 11,6 mm, ou seja, sua área
seria de 422,7 mm2. A redução em área obtida neste filtro de três pólos, comparada ao filtro
single-mode na mesma freqüência, é pouco maior que 51%, que constitui um nível de
miniaturização muito relevante.
99
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Neste capítulo, são apresentadas as conclusões gerais sobre as atividades
desenvolvidas, bem como algumas sugestões de trabalhos futuros na área de filtros passa-
faixa planares de microondas.
5.1 CONCLUSÕES
Concluindo-se esta dissertação, pode-se dizer que os objetivos propostos inicialmente
foram atingidos, tendo sido apresentadas contribuições originais na área de filtros de
microondas passa-faixa planares utilizando ressoadores patch, com o desenvolvimento de
filtros miniaturizados que apresentam rejeição da banda de segunda harmônica, baixas perdas
nos condutores e boa capacidade de potência.
Os conceitos teóricos foram aplicados ao desenvolvimento de programas
computacionais em MATLAB que permitiram dimensionar ressoadores patch de geometrias
quadrada, triangular e circular em função da sua freqüência de ressonância e das
características do substrato a ser utilizado. Através desses programas, foi possível visualizar a
distribuição de campos elétricos dos modos ressonantes e propor alterações na geometria dos
patches, visando o desenvolvimento de filtros com as características desejadas.
Os conhecimentos adquiridos com a análise dos modos ressonantes dos ressoadores
patch foram aplicados no estabelecimento de uma técnica de projeto de filtros de microondas
passa-faixa planares, que empregam ressoadores patch modificados pela inserção de fendas
em sua geometria, de modo a operarem como dual-mode ou mesmo como triple-mode.
As respostas em freqüência dos ressoadores patch e dos filtros foram simuladas
utilizando-se a ferramenta EM 3D planar Momentum/ADS, que permite a análise de circuitos
planares com topologias arbitrárias. A metodologia de projeto proposta permitiu o
100
desenvolvimento de filtros de microondas de banda estreita, nos quais se utiliza acoplamento
capacitivo dos acessos de entrada e saída ao ressoador patch, bem como de filtros de
microondas de banda larga, com acoplamento direto dos sinais de entrada e de saída ao
ressoador.
A técnica de projeto proposta foi validada através de sua aplicação ao projeto de cinco
filtros operando em bandas de freqüência de microondas alocadas para uso em
telecomunicações. Nesses filtros, foram empregados três novos tipos de ressoadores patch
modificados, com geometrias quadrada, triangular e circular. Os filtros foram construídos
com tecnologia de Circuitos Integrados de Microondas (MIC – Microwave Integrated Circuit)
sobre substratos flexíveis. Dos cinco projetos, quatro deles são do tipo dual-mode e o quinto,
inédito na literatura, do tipo triple-mode. Foram projetados e construídos filtros com dois, três
e quatro pólos, sendo estes últimos formados através de ressoadores dual-mode acoplados
capacitivamente ou ligados diretamente por um pequeno trecho de linha de transmissão.
Comparando-se o desempenho real dos filtros construídos com os resultados das
simulações EM 3D planar, pôde-se comprovar a efetividade da técnica de projeto proposta e
analisar suas possibilidades e limitações na previsão das características dos filtros. Verificou-
se que a resposta em freqüência na banda de passagem dos cinco filtros apresentaram
excelente concordância com as simulações computacionais, observando-se que a freqüência
central medida era, em geral, aproximadamente 3 % menor que seu valor simulado. A medida
da resposta em freqüência em banda larga comprovou a boa previsão da resposta do filtro na
banda espúria de segunda harmônica. Esse resultado foi um pouco inferior para os filtros
construídos em substrato com baixa constante dielétrica relativa, que apresentam maior nível
de irradiação.
Dessa forma, pode-se dizer que o simulador EM 3D planar, Momentum/ADS,
utilizado no projeto dos ressoadores e dos filtros, mostrou-se uma ferramenta eficiente,
101
havendo bom compromisso entre tempo de processamento e precisão dos resultados. No
entanto, a efetividade dessa ferramenta de simulação se reduz quando esta é aplicada na
análise de filtros com elevado nível de irradiação, dado que se trata de uma ferramenta
otimizada para simulação de circuitos planares.
Nos projetos, visou-se a ausência de dimensões críticas no leiaute, a fim de facilitar a
fabricação utilizando-se os processos de fotogravação tradicionais em placas de circuito
impresso. A menor dimensão utilizada nos projetos foi a largura das linhas de entrada e saída
dos filtros, com 0,58 mm, com exceção do filtro triangular, cujo gap entre as linhas de sinal e
o ressoador chegou a 0,12 mm para compensar as altas perdas por irradiação causadas pela
utilização de substrato com baixa constante dielétrica relativa.
Os filtros projetados mostraram que a metodologia desenvolvida apresenta ampla
flexibilidade de projeto, podendo ser construídos filtros com banda estreita, mediana ou larga.
Além disso, a metodologia permite que os filtros projetados apresentem boa rejeição de
resposta espúria na banda de segunda harmônica. Nos filtros construídos neste trabalho, esta
rejeição foi de no mínimo 11 dBc, alcançando o nível de 30 dBc.
A miniaturização do filtro, característica importante que impacta diretamente em
custos de fabricação, peso e acomodação em sistemas cada vez mais compactos, é intrínseca à
metodologia apresentada. Nos filtros construídos neste trabalho, obtiveram-se reduções em
área de até 51% quando comparados aos filtros patch single-mode com mesma frequência
central.
Em suma, a metodologia desenvolvida neste trabalho foi aplicada com sucesso em
filtros patch passa-faixa dual- e triple-mode, sendo uma contribuição efetiva ao quadro atual
de desenvolvimento de novos tipos de filtros, que atendam às especificações requeridas pelos
mais variados sistemas que vêm sendo propostos na área de telecomunicação.
102
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Durante a conclusão desta dissertação surgiram algumas sugestões de trabalhos futuros
para dar continuidade e complementar a atividade de pesquisa desenvolvida.
Um desdobramento natural deste trabalho é a utilização de simuladores EM 3D mais
potentes, capazes de aumentar a precisão da técnica de projeto, especialmente no caso de
filtros com elevado nível de irradiação.
A metodologia de trabalho aqui apresentada pode ser aplicada ao projeto de diversas
outras novas topologias de filtros, como exemplos:
- Filtros com outras geometrias regulares, como um pentágono, hexágono, etc;
- Filtros com geometrias fractais;
- Filtros com geometria não regular para a separação dos modos fundamentais de
ressonância ser intrínseca à geometria simétrica, sem a necessidade do uso de perturbação,
como um retângulo, uma elipse ou um triângulo isósceles;
- Filtros com estruturas de linhas de acesso modificadas de modo que, além de
transmitirem o sinal, ainda atuem como perturbação do ressoador.
103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[29] RO3000® Series High Frequency Circuit Materials Data Sheet 1.3. Disponível em: <http://www.rogerscorporation.com/mwu/pdf/3000data.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2007.
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[31] Collin, R. E. Foudantions for Microwave Engineering, McGraw Hill Inc., New York, 1992
106
PUBLICAÇÕES DECORRENTES DESTE TRABALHO
[I] SERRANO, A. L. C.; CORRERA, F. S. Dual-Mode Bandpass Filter Using Triangular Patch Resonator with Inverted T-Shaped Slot. A ser publicado em Microwave and Optical Technology Letters, v. 49, December 2007.
[II] SERRANO, A. L. C.; CORRERA, F. S. A Miniaturized Bandpass Filter With Two Transmission Zeros Using a Novel Square Patch Resonator. A ser apresentado em 2007 SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and Optoelectronics Conference, n. 328, Salvador, Bahia, Brasil, October 2007. Publicado em IMOC2007 Conference Digest CD-ROM and Abstract Books, 2007.
107
APÊNDICE
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APÊNDICE A – Programa para cálculo das linhas de campo elétrico num ressoador triangular
% ---------- SIMULAÇÃO CAMPOS ELÉTRICOS DE RESSOADOR ----------- % Cálculo das linhas de campo dentro de um ressoador TRIANGULAR % ************************************************* ************* clear % Base do ressoador triangular (m)------------------------------------ a=22.8; %---------------------------------------------------------------------------- % Modos m,n,p onde m+n+p=0 --------------------------------------- m=1; % modo m n=1; % modo n p=-2; % modo p %---------------------------------------------------------------------------- %Definicao do grafico --------------------------------------------------- d=250; %---------------------------------------------------------------------------- mi0=4*pi*10.^-7; % permeabilidade do ar c=3*10.^8; %velocidade da luz no v'acuo mi=1; % --- Campo elétrico em z (A constante para determinado m, n e l) A=1; alfa=2*pi/3; beta=-2*pi/3; %Range de x e de y xi=-a/sqrtm(3):(a/(2*sqrtm(3))+a/sqrtm(3))/d:a/(2*sqrtm(3)); yi=-a/2:a/d:a/2; %Transforma de vetor para matriz [x,y]=meshgrid(xi,yi); %Calculo dos limites da geometria xv=[a/(2*sqrtm(3)) -a/sqrtm(3) a/(2*sqrtm(3))]; yv=[a/2 0 -a/2]; in=inpolygon(x,y,xv,yv); %Monta matriz Ez com zeros no tamanho adequado Ez=zeros(size(x)); Ez(in)=A*(cos((2*pi.*x(in)/(sqrtm(3)*a)+2*pi/3)*p).*cos(2*pi*(m-n).*y(in)/(3*a))+cos((2*pi.*x(in)/(sqrtm(3)*a)+2*pi/3)*m).*cos(2*pi*(n-p).*y(in)/(3*a))+cos((2*pi.*x(in)/(sqrtm(3)*a)+2*pi/3)*n).*cos(2*pi*(p-m).*y(in)/(3*a))); figure(1)
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surf(x,y,Ez); colormap jet; caxis ([-4 4]); shading interp axis([xi(1) xi(d+1) yi(1) yi(d+1)]) ax1=gca; xlimits = get(ax1,'XLim'); ylimits = get(ax1,'YLim'); set(ax1,'XTick',[xlimits(1):(xlimits(2)-xlimits(1))/3:xlimits(2)],'FontSize',22); set(ax1,'YTick',[ylimits(1):(ylimits(2)-ylimits(1))/3:ylimits(2)],'FontSize',22); set(gca,'DataAspectRatio',[1.1 1 1]) hcb=colorbar('vert'); view([90,90]) xlabel('x (mm)','FontSize',22); ylabel('y (mm)','FontSize',22); title(['Distribuição de Campo Elétrico - Modo TM',num2str(m),num2str(n),num2str(p)],'FontSize',22) % Limites da geometria xa=x.*cos(alfa)+y.*sin(alfa); ya=-x.*sin(alfa)+y.*cos(alfa); xb=x.*cos(beta)+y.*sin(beta); yb=-x.*sin(beta)+y.*cos(beta); Eza=zeros(size(xa)); Ezb=zeros(size(xb)); Eza(in)=A*(cos((2*pi.*xa(in)/(sqrtm(3)*a)+2*pi/3)*p).*cos(2*pi*(m-n).*ya(in)/(3*a))+cos((2*pi.*xa(in)/(sqrtm(3)*a)+2*pi/3)*m).*cos(2*pi*(n-p).*ya(in)/(3*a))+cos((2*pi.*xa(in)/(sqrtm(3)*a)+2*pi/3)*n).*cos(2*pi*(p-m).*ya(in)/(3*a))); Ezb(in)=A*(cos((2*pi.*xb(in)/(sqrtm(3)*a)+2*pi/3)*p).*cos(2*pi*(m-n).*yb(in)/(3*a))+cos((2*pi.*xb(in)/(sqrtm(3)*a)+2*pi/3)*m).*cos(2*pi*(n-p).*yb(in)/(3*a))+cos((2*pi.*xb(in)/(sqrtm(3)*a)+2*pi/3)*n).*cos(2*pi*(p-m).*yb(in)/(3*a))); figure(2) surf(x,y,Eza-Ezb) colormap jet; caxis ([-4 4]); shading interp axis([xi(1) xi(d+1) yi(1) yi(d+1)]) ax=gca; xlimit = get(ax,'XLim'); ylimit = get(ax,'YLim'); set(ax,'XTick',[xlimit(1):(xlimit(2)-xlimit(1))/3:xlimit(2)],'FontSize',22); set(ax,'YTick',[ylimit(1):(ylimit(2)-ylimit(1))/3:ylimit(2)],'FontSize',22); set(gca,'DataAspectRatio',[1.1 1 1])
110
hcb=colorbar('vert'); view([90,90]) ylabel('y (mm)','FontSize',22); xlabel('x (mm)','FontSize',22); title(['Distribuição de Campo Elétrico - Modo TM',num2str(m),num2str(n),num2str(p),' Superposto'],'FontSize',22)
111
APÊNDICE B – Programa para cálculo das linhas de campo elétrico num ressoador circular
% ---------- SIMULAÇÃO CAMPOS ELÉTRICOS DE RESSOADOR ----------- % Cálculo das linhas de campo dentro de um ressoador CIRCULAR % ************************************************* ************* clear % Raio do ressoador circular (m)------------------------------------ a=8.5; %------------------------------------------------------------------------- % Modos m,n,p onde n >0 e p=0 ----------------------------------- m=1; % modo m n=1; % modo n p=0; %------------------------------------------------------------------------ %definicao do grafico ----------------------------------------------- d=200; %------------------------------------------------------------------------ mi0=4*pi*10.^-7; % permeabilidade do ar c=3*10.^8; %velocidade da luz no v'acuo mi=1; % --- Campo elétrico em z (A constante para determinado m, n e p) A=1; %Range de THETA e r thetai=0:2*pi/d:2*pi; ri=0:a/d:a; %alfa eh um zero da funçao de Bessel de primeira ordem if m==0 && n==1 alfa=3.83171; elseif m==1 && n==1 alfa=1.84118; elseif m==2 && n==1 alfa=3.05424; elseif m==3 && n==1 alfa=4.20119; elseif m==0 && n==2 alfa=7.016; elseif m==1 && n==2 alfa=5.331;
112
elseif m==2 && n==2 alfa=6.706; elseif m==0 && n==3 alfa=10.174; elseif m==1 && n==3 alfa=8.536; elseif m==2 && n==3 alfa=9.970; end %Transforma de vetor para matriz [theta,r]=meshgrid(thetai,ri); Ez=A.*besselj(m,alfa/a.*r).*cos(m.*theta); %polar(theta,r) [x,y]=pol2cart(theta,r); figure(1) surf(x,y,Ez); axis square colormap; caxis ([-0.4 1]); colorbar('vert'); xlabel('eixo x (mm)','FontSize',28); ylabel('eixo y (mm)','FontSize',28); title(['Distribuição de Campo Elétrico - Modo TM',num2str(m),num2str(n),num2str(p)],'FontSize',22) axis([-ri(d+1) ri(d+1) -ri(d+1) ri(d+1)]); ax1=gca; xlimits = get(ax1,'XLim'); ylimits = get(ax1,'YLim'); shading interp; %grid off; set(ax1,'XTick',[xlimits(1):(xlimits(2)-xlimits(1))/4:xlimits(2)],'FontSize',22); set(ax1,'YTick',[ylimits(1):(ylimits(2)-ylimits(1))/4:ylimits(2)],'FontSize',22); figure(2) surf(x,y,Ez); colorbar('vert'); view([1 0 0]); shading interp; xlabel('eixo x (mm)','FontSize',24); ylabel('eixo y (mm)','FontSize',24); zlabel('Ez','FontSize',22); title(['Distribuição de Campo Elétrico - Modo TM',num2str(m),num2str(n),num2str(p)],'FontSize',22)
113
axis([-ri(d+1) ri(d+1) -ri(d+1) ri(d+1) min(min(Ez)) max(max(Ez))]); ax2=gca; xlimit = get(ax2,'XLim'); ylimit = get(ax2,'YLim'); zlimit = get(ax2,'ZLim'); set(ax2,'XTick',[xlimit(1):(xlimit(2)-xlimit(1))/4:xlimit(2)],'FontSize',22); set(ax2,'YTick',[ylimit(1):(ylimit(2)-ylimit(1))/4:ylimit(2)],'FontSize',22); set(ax2,'ZTick',[-0.4 0 0.4 0.7 1],'FontSize',22);
114
APÊNDICE C – Programa para cálculo das linhas de campo elétrico num ressoador quadrado
% ---------- SIMULAÇÃO CAMPOS ELÉTRICOS DE RESSOADOR ----------- % Cálculo das linhas de campo dentro de um ressoador QUADRADO % ************************************************* ************* clear % Lado do ressoador retangular (m)------------------------------------ a=15*10.^-3; %----------------------------------------------------------------------------- % Modos m,n,p onde m,n sao >=0 (nunca m e n=0) e p=0 --------- m=1; % modo m n=1; % modo n p=0; %---------------------------------------------------------------------------- %definicao do gr'afico -------------------------------------------------- d=500; %---------------------------------------------------------------------------- mi0=4*pi*10.^-7; % permeabilidade do ar c=3*10.^8; %velocidade da luz no v'acuo mi=1; % --- Campo elétrico em z (A constante para determinado m, n e p) A=1; %Range de x e de y xi=0:a/d:a; yi=0:a/d:a; %Transforma de vetor para matriz [x,y]=meshgrid(xi,yi); Ez=A.*cos(m*pi.*x/a).*cos(n*pi.*y/a); figure(1) surf(x,y,Ez); axis square; axis([xi(1) xi(d+1) yi(1) yi(d+1)]); ax1=gca; xlimits = get(ax1,'XLim'); ylimits = get(ax1,'YLim'); set(ax1,'XTick',[xlimits(1):(xlimits(2)-xlimits(1))/5:xlimits(2)],'FontSize',22); set(ax1,'YTick',[ylimits(1):(ylimits(2)-ylimits(1))/5:ylimits(2)],'FontSize',22);
115
shading interp; %grid off; colormap jet; hcb=colorbar('vert'); view([-1 -1 1]) xlabel('eixo x (mm)','FontSize',22,'FontName','Arial'); ylabel('eixo y (mm)','FontSize',22,'FontName','Arial'); zlabel('Ez','FontSize',22,'FontName','Arial'); title(['Distribuição de Campo Elétrico - Modo TM',num2str(m),num2str(n),num2str(p)],'FontSize',22,'FontName','Arial')
116
APÊNDICE D – Programa para cálculo das freqüências de ressonância de um ressoador
triangular
% Cálculo das frequencias de ressonancia de um ressoador triangular % ************************************************* ****** % clear % Base do triangulo equilatero (m) ----------------------------------- b=22.8*10.^-3; %--------------------------------------------------------------------------- % Substrato--------------------------------------------------------------- Er=10.8; %permissividade - cte diletrica relativa h=1.27*10.^-3; %espessura do substrato (m) %--------------------------------------------------------------------------- % Modos m,n ------------------------------------------------------------ m=1; % modo m n=0; % modo n %--------------------------------------------------------------------------- mi0=4*pi*10.^-7; % permeabilidade do ar mi=1; c=3*10.^8; %velocidade da luz no v'acuo %base efetiva Eef=1/2*(Er+1)+1/4*(Er-1)/sqrtm(1+12*h/b); bef=b+h/sqrtm(Eef); % Frequencia do ressoador (GHz) ------------------------------------ ftri=2*c*sqrtm(m.^2+m*n+n.^2)/(3*b*sqrtm(Er*mi)) %---------------------------------------------------------------------------
117
APÊNDICE E – Programa para cálculo das freqüências de ressonância de um ressoador circular
% Cálculo das frequencia de ressonancia de um ressoador circular % ************************************************* *** clear % Raio do circulo (m) ---------------------------------------------- r=8.5*10.^-3; % Substrato----------------------------------------------------------- Er=10.8; %permissividade - cte diletrica relativa h=1.27*10.^-3; %espessura do substrato (m) % Modos m,n, ------------------------------------------------------- m=1; % modo m n=1; % modo n %alfa eh um zero da funçao de Bessel de primeira ordem if m==0 && n==1 alfa=3.83171; elseif m==1 && n==1 alfa=1.84118; elseif m==2 && n==1 alfa=3.05424; elseif m==3 && n==1 alfa=4.20119; elseif m==0 && n==2 alfa=7.016; elseif m==1 && n==2 alfa=5.331; elseif m==2 && n==2 alfa=6.706; elseif m==0 && n==3 alfa=10.174; elseif m==1 && n==3 alfa=8.536; elseif m==2 && n==3 alfa=9.970; end mi0=4*pi*10.^-7; % permeabilidade do ar c=3*10.^8; %velocidade da luz no v'acuo mi=1;
118
%raio efetivo if m==0 ref=r*sqrtm(1+2*h/(pi*r*Er)*(log(r/(2*h))+(sqrtm(2)*Er+1.7726)+h/r*(0.268*Er+1.65))); else ref=r*sqrtm(1+2*h/(pi*r*Er)*(log(pi*r/(2*h))+1.7726)); % Frequencia do ressoador (GHz) -------------------------------------- fcirc=alfa*c/(2*pi*ref*sqrtm(Er*mi)); %-----------------------------------------------------------------------------
119
APÊNDICE F – Programa para cálculo das freqüências de ressonância de um ressoador
quadrado
% Cálculo das frequencia de ressonancia de um ressoador quadrado % ************************************************* **** clear % Lado do ressoador quadrado (m) -------------------------------- L=15*10.^-3; %------------------------------------------------------------------------ % Substrato------------------------------------------------------------ Er=10.8; %permissividade - cte diletrica relativa h=1.27*10.^-3; %espessura do substrato (m) %------------------------------------------------------------------------ % Modos m,n --------------------------------------------------------- m=1; % modo m n=0; % modo n %------------------------------------------------------------------------ c=3*10.^8; EefL=1/2*(Er+1+(Er-1)/sqrtm(1+10*h/L)); if or(m==0,n==0) Eef=EefL; else Eef=EefL.^2/Er; end dL=h/pi*(L/h+0.336)/(L/h+0.556)*(0.28+(Er+1)/Er*(0.274+log(L/h+2.518))); Lef=L+abs(dL); % Frequencia do ressoador (GHz) --------------------------------- fquad=1/2*c*sqrtm(m.^2+n.^2)/(Lef*sqrtm(Eef)) %-------------------------------------------------------------------------
120
APÊNDICE G – Programa para cálculo da base de um ressoador triangular
% Cálculo da base de um ressoador triangular com frequencia central f % ************************************************* ****** clear global f Er h m n c mi % Frequencia Central do filtro (GHz) ----------------------------- f=<valor>; %------------------------------------------------------------------------ % Substrato ----------------------------------------------------------- Er=10.8; %permissividade - cte diletrica relativa h=1.27*10.^-3; %espessura do substrato (m) %------------------------------------------------------------------------ % Frequencia central - Modo dominante ------------------------- m=1; % modo m n=0; % modo n %------------------------------------------------------------------------ c=3*10.^8; %velocidade da luz no v'acuo mi=1; %Chute incial para a base do triangulo ch=[0.0001 1]; % Base do triangulo (m) --------------------------------------------- b=fzero(@base,ch) %------------------------------------------------------------------------- function F=base(x) global f Er h m n c mi F=f*10.^9-2*c*sqrtm(m.^2+m*n+n.^2)/(3*(x+h/sqrtm(1/2*(Er+1)+1/4*(Er-1)/sqrtm(1+12*h/x)))*sqrtm(Er*mi));
121
APÊNDICE H – Programa para cálculo do raio de um ressoador circular
% Cálculo do raio de um ressoador circular com frequencia central f % ************************************************* **** clear global f Er h c mi alfa % Frequencia Central do filtro (GHz) -------------------------- f=<valor>; %--------------------------------------------------------------------- % Substrato -------------------------------------------------------- Er=10.8; %permissividade - cte diletrica relativa h=1.27*10.^-3; %espessura do substrato (m) %--------------------------------------------------------------------- % Frequencia Central - Modo dominante --------------------- m=1; % modo m n=1; % modo n %--------------------------------------------------------------------- c=3*10.^8; %velocidade da luz no v'acuo mi=1; %alfa eh um zero da funçao de Bessel de primeira ordem if m==0 && n==1 alfa=3.83171; elseif m==1 && n==1 alfa=1.84118; elseif m==2 && n==1 alfa=3.05424; elseif m==3 && n==1 alfa=4.20119; elseif m==0 && n==2 alfa=7.016; elseif m==1 && n==2 alfa=5.331; elseif m==2 && n==2 alfa=6.706; elseif m==0 && n==3 alfa=10.174; elseif m==1 && n==3 alfa=8.536; elseif m==2 && n==3 alfa=9.970;
122
end %Chute incial para o raio do circulo ch=[0.0001 1]; options = optimset('TolX',1e-5); % Raio do circulo (m) ------------------------------------------- r=fzero(@raio,ch,options) %-------------------------------------------------------------------- function F=raio(x) lobal f Er h c mi alfa F=f*10.^9-alfa*c/(2*pi*(x*sqrtm(1+2*h/(pi*x*Er)*(log(pi*x/(2* h))+1.7726)))*sqrtm(Er*mi));
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APÊNDICE I – Programa para cálculo do lado de um ressoador quadrado
% Cálculo do lado de um ressoador quadrado com frequencia central f % ************************************************* ****** clear global f Er h m n c % Frequencia Central do filtro (GHz) -------------------------- f=<valor>; %--------------------------------------------------------------------- % Substrato -------------------------------------------------------- Er=10.8; %permissividade - cte diletrica relativa h=1.27*10.^-3; %espessura do substrato (m) %--------------------------------------------------------------------- % Frequencia central - Modo dominante ---------------------- m=1; % modo m n=0; % modo n %--------------------------------------------------------------------- c=3*10.^8; %velocidade da luz no v'acuo %Chute incial para o lado do quadrado ch=[0.001 1]; % Lado do quadrado (m)----------------------------------------- w=fzero(@lado,ch) %--------------------------------------------------------------------- function F=lado(x) global f Er h m n c F=f*10.^9-1/2*c*sqrtm(m.^2+n.^2)/((x+(h/pi*(x/h+0.336)/(x/h+0.556)*(0.28+(Er+1)/Er*(0.274+log(x/h+2.518)))))*sqrtm(1/2*(Er+1+(Er-1)/sqrtm(1+10*h/x))));