Post on 18-Jan-2019
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
ADOLFO RODRIGO AGUIAR VALIM
TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS A DISTRIBUICcedilAtildeO
GEOGRAacuteFICA DA PALMEIRA INDAIAacute NO MUNICIacutePIO DE
INDAIATUBA (SP)
SAtildeO PAULO
2017
ADOLFO RODRIGO AGUIAR VALIM
Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira
indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia Aacuterea de Concentraccedilatildeo Geografia Fiacutesica Orientador Prof Dr Yuri Tavares Rocha
SAtildeO PAULO
2017
Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio
convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte
Nome VALIM Adolfo Rodrigo Aguiar
Tiacutetulo Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira
indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia
Banca Examinadora
Yuri Tavares Rocha Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
Eltiza Rondino Vasques Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
Patricia do Prado Oliveira Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
AGRADECIMENTOS
Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida
Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico
este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah
Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo
Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona
De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)
Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que
foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo
desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas
coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de
batalhas que se vive a vidardquo
Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com
dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse
universo chamado ldquobiogeografiardquo
Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado
Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos
e ainda vamos passar muitas coisas juntos
Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em
especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de
vocecircs pelo resto da vida
Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira
indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o
guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio
Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na
graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez
uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo
incriacutevel mundo azul
ldquoAquele coqueiro
crescido
consolava mais
que as palavras
procuradas num
livro do que
um bom conselho
de um amigordquo
(Guimaraes Rosa)
RESUMO
O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural
Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira
Indaiaacute Indaiatuba
ABSTRACT
The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 14
2 OBJETIVOS 16
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS
ESPEacuteCIES 18
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24
621 Raiacutezes 24
622 Caule 25
623 Folhas 25
624 Inflorescecircncias 26
625 Frutos 27
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28
64 REPLANTIO E CULTIVO 30
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35
71 ASPETOS GERAIS 35
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
68
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
ADOLFO RODRIGO AGUIAR VALIM
Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira
indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia Aacuterea de Concentraccedilatildeo Geografia Fiacutesica Orientador Prof Dr Yuri Tavares Rocha
SAtildeO PAULO
2017
Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio
convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte
Nome VALIM Adolfo Rodrigo Aguiar
Tiacutetulo Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira
indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia
Banca Examinadora
Yuri Tavares Rocha Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
Eltiza Rondino Vasques Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
Patricia do Prado Oliveira Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
AGRADECIMENTOS
Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida
Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico
este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah
Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo
Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona
De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)
Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que
foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo
desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas
coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de
batalhas que se vive a vidardquo
Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com
dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse
universo chamado ldquobiogeografiardquo
Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado
Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos
e ainda vamos passar muitas coisas juntos
Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em
especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de
vocecircs pelo resto da vida
Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira
indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o
guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio
Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na
graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez
uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo
incriacutevel mundo azul
ldquoAquele coqueiro
crescido
consolava mais
que as palavras
procuradas num
livro do que
um bom conselho
de um amigordquo
(Guimaraes Rosa)
RESUMO
O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural
Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira
Indaiaacute Indaiatuba
ABSTRACT
The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 14
2 OBJETIVOS 16
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS
ESPEacuteCIES 18
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24
621 Raiacutezes 24
622 Caule 25
623 Folhas 25
624 Inflorescecircncias 26
625 Frutos 27
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28
64 REPLANTIO E CULTIVO 30
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35
71 ASPETOS GERAIS 35
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
68
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio
convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte
Nome VALIM Adolfo Rodrigo Aguiar
Tiacutetulo Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira
indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia
Banca Examinadora
Yuri Tavares Rocha Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
Eltiza Rondino Vasques Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
Patricia do Prado Oliveira Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
AGRADECIMENTOS
Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida
Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico
este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah
Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo
Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona
De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)
Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que
foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo
desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas
coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de
batalhas que se vive a vidardquo
Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com
dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse
universo chamado ldquobiogeografiardquo
Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado
Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos
e ainda vamos passar muitas coisas juntos
Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em
especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de
vocecircs pelo resto da vida
Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira
indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o
guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio
Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na
graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez
uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo
incriacutevel mundo azul
ldquoAquele coqueiro
crescido
consolava mais
que as palavras
procuradas num
livro do que
um bom conselho
de um amigordquo
(Guimaraes Rosa)
RESUMO
O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural
Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira
Indaiaacute Indaiatuba
ABSTRACT
The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 14
2 OBJETIVOS 16
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS
ESPEacuteCIES 18
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24
621 Raiacutezes 24
622 Caule 25
623 Folhas 25
624 Inflorescecircncias 26
625 Frutos 27
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28
64 REPLANTIO E CULTIVO 30
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35
71 ASPETOS GERAIS 35
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
68
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
Nome VALIM Adolfo Rodrigo Aguiar
Tiacutetulo Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira
indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia
Banca Examinadora
Yuri Tavares Rocha Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
Eltiza Rondino Vasques Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
Patricia do Prado Oliveira Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo
Julgamento Assinatura _____________________
AGRADECIMENTOS
Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida
Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico
este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah
Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo
Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona
De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)
Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que
foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo
desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas
coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de
batalhas que se vive a vidardquo
Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com
dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse
universo chamado ldquobiogeografiardquo
Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado
Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos
e ainda vamos passar muitas coisas juntos
Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em
especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de
vocecircs pelo resto da vida
Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira
indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o
guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio
Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na
graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez
uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo
incriacutevel mundo azul
ldquoAquele coqueiro
crescido
consolava mais
que as palavras
procuradas num
livro do que
um bom conselho
de um amigordquo
(Guimaraes Rosa)
RESUMO
O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural
Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira
Indaiaacute Indaiatuba
ABSTRACT
The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 14
2 OBJETIVOS 16
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS
ESPEacuteCIES 18
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24
621 Raiacutezes 24
622 Caule 25
623 Folhas 25
624 Inflorescecircncias 26
625 Frutos 27
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28
64 REPLANTIO E CULTIVO 30
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35
71 ASPETOS GERAIS 35
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
68
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
AGRADECIMENTOS
Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida
Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico
este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah
Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo
Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona
De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)
Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que
foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo
desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas
coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de
batalhas que se vive a vidardquo
Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com
dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse
universo chamado ldquobiogeografiardquo
Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado
Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos
e ainda vamos passar muitas coisas juntos
Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em
especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de
vocecircs pelo resto da vida
Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira
indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o
guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio
Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na
graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez
uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo
incriacutevel mundo azul
ldquoAquele coqueiro
crescido
consolava mais
que as palavras
procuradas num
livro do que
um bom conselho
de um amigordquo
(Guimaraes Rosa)
RESUMO
O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural
Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira
Indaiaacute Indaiatuba
ABSTRACT
The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 14
2 OBJETIVOS 16
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS
ESPEacuteCIES 18
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24
621 Raiacutezes 24
622 Caule 25
623 Folhas 25
624 Inflorescecircncias 26
625 Frutos 27
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28
64 REPLANTIO E CULTIVO 30
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35
71 ASPETOS GERAIS 35
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
68
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
ldquoAquele coqueiro
crescido
consolava mais
que as palavras
procuradas num
livro do que
um bom conselho
de um amigordquo
(Guimaraes Rosa)
RESUMO
O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural
Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira
Indaiaacute Indaiatuba
ABSTRACT
The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 14
2 OBJETIVOS 16
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS
ESPEacuteCIES 18
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24
621 Raiacutezes 24
622 Caule 25
623 Folhas 25
624 Inflorescecircncias 26
625 Frutos 27
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28
64 REPLANTIO E CULTIVO 30
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35
71 ASPETOS GERAIS 35
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
68
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
RESUMO
O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural
Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira
Indaiaacute Indaiatuba
ABSTRACT
The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 14
2 OBJETIVOS 16
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS
ESPEacuteCIES 18
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24
621 Raiacutezes 24
622 Caule 25
623 Folhas 25
624 Inflorescecircncias 26
625 Frutos 27
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28
64 REPLANTIO E CULTIVO 30
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35
71 ASPETOS GERAIS 35
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
68
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
ABSTRACT
The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 14
2 OBJETIVOS 16
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS
ESPEacuteCIES 18
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24
621 Raiacutezes 24
622 Caule 25
623 Folhas 25
624 Inflorescecircncias 26
625 Frutos 27
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28
64 REPLANTIO E CULTIVO 30
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35
71 ASPETOS GERAIS 35
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
68
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 14
2 OBJETIVOS 16
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS
ESPEacuteCIES 18
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24
621 Raiacutezes 24
622 Caule 25
623 Folhas 25
624 Inflorescecircncias 26
625 Frutos 27
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28
64 REPLANTIO E CULTIVO 30
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35
71 ASPETOS GERAIS 35
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
68
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
10 REFEREcircNCIAS 75
11 APEcircNDICE 82
12 ANEXO 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da
deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute
como se observa nesta foto de 2008 65
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in
natura no municiacutepio de Indaiatuba 67
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a
cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de
Satildeo Paulo 36
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas
imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A
geraensis no municiacutepio 58
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de
vandalismo 59
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
LISTA DE ABREVIATURAS
CECAP Companhia Estadual de Casas Populares
FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
PIB - Produto Interno Bruto
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de
distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das
cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa
devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)
no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente
desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores
entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo
da vegetaccedilatildeo
As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora
tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas
elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a
ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino
vegetal (PINDORAMA 1993)
Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de
detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no
1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este
gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria
taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das
flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores
masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes
gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado
por uma filogenia molecular recente
Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt
Acessado em 05062017
2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um
claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a
descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia
Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em
05062017
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
15
municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos
morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente
confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande
importacircncia
A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por
causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por
esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com
olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto
devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de
empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos
Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em
especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a
regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram
resguardados por populares
Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a
distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no
passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)
Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua
localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana
A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo
Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste
da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada
pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo
entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo
O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando
gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da
espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do
estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
16
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao
presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)
22 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela
populaccedilatildeo local
Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica
da espeacutecie no municiacutepio
Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
17
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram
obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos
puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem
disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie
Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social
intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores
Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas
verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira
indaiaacute na aacuterea de estudo
A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos
dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares
de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
18
4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA
DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES
O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as
interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou
fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da
evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade
(BROWN LOMOLINO 2006)
A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander
von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de
Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater
(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores
Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia
multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos
tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia
das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo
ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo
A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)
As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo
obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e
viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram
teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no
ambiente
Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute
(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais
recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
19
e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das
espeacutecies
Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave
aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo
natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa
de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos
deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)
Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da
influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que
favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios
do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo
das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
20
5 BREVE APORTE TEOacuteRICO
Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do
entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se
relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem
de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A
geraensis
Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-
daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados
Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude
geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas
sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor
mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local
Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-
folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada
na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais
decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido
Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao
longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais
as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas
Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de
paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre
centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3
Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada
por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e
ilhas costeiras
3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo
prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
21
Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas
temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam
em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que
ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos
Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e
ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no
Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo
eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os
materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de
Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora
Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo
Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da
espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo
das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura
Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de
preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus
melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor
central da Mata Atlacircntica na Bahia
Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia
echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou
que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro
Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte
Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo
geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia
de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs
situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo
Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da
cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da
distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)
Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas
da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
22
Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve
comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que
ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a
maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo
que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste
Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das
populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo
espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes
florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo
menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a
abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e
ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees
O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do
Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia
habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta
atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas
Central e do Sul
Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica
identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo
voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos
obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios
Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo
curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte
da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado
pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta
de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
23
6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE
61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS
Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em
composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com
que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-
Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com
morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua
identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)
Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o
dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito
elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus
frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais
grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil
A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui
o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma
palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)
Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais
Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou
em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et
al 1995)
Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90
Fonte Acervo pessoal de Silva Penna
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
24
Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4
62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS
As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente
individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al
1995)
621 Raiacutezes
As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e
alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo
cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes
4 Disponiacutevel em
lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo
invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11
5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=
Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER
ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL
QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO
DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen
haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
25
(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer
acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)
622 Caule
As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de
estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a
maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel
Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas
parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na
horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes
muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco
pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al
1995)
623 Folhas
As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao
tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas
essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha
peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco
parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre
da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque
que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo
Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular
(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m
aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem
de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230
centiacutemetros de comprimento
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
26
Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute
Fonte O autor (2017)
624 Inflorescecircncias
As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva
das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo
sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou
tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)
Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar
diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias
masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)
mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas
flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON
2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
27
Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis
625 Frutos
Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma
Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas
que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al
1995)
Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute
tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso
(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai
a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5
5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em
04062016
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
28
Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos
Fonte O autor (2017)
Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes
Fonte Martins (2014)
63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO
As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura
6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na
construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
29
significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT
1999)
Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado
do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e
construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem
evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo
Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees
da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no
paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)
Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as
folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da
eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o
coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos
Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que
tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas
religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a
reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea
tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito
Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas
memoacuterias
Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)
6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt
httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em
15112016
7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt
Acessado em 20122016
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
30
Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas
Fonte Borges Grimaldi (2014)8
64 REPLANTIO E CULTIVO
Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas
espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas
(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A
attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A
funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A
speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON
et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)
A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos
(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural
formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a
8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos
naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana
Portugal 2014
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
31
geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de
altitude9
Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora
em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as
sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista
disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem
sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as
sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A
phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse
processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente
atingindo 30 cm com 18 meses de idade
Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a
espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos
periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo
espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR
TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de
placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua
destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995
HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza
e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes
seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois
dos trecircs fragmentos estudados
Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A
geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas
espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores
ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da
palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que
permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos
9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado
em 18122016
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
32
65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO
No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com
muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL
2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a
Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)
Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro
cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea
contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste
(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo
um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60
dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)
Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos
e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade
arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e
com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores
mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no
cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de
gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas
gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de
clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO
et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com
altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)
Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do
cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro
A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
33
mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)
O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados
devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da
sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA
MARQUIS 2002)
66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU
No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a
ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos
do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL
2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados
(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses
fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da
biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)
Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam
um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um
espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a
cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no
interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-
Atlacircntica
O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo
agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de
maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de
cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de
regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave
ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens
10
Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas
mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
34
Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003
Fonte Viadana (2002)11
A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos
tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra
dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de
Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo
autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas
pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)
Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
11
Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo
do autor Rio Claro (SP) 2002
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
35
7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO
71 ASPETOS GERAIS
Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com
as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto
(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de
Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado
Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)
(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu
nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e
inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos
coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)
A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio
de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias
importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello
Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)
alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio
possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos
Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo
pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da
Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo
portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de
goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O
terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo
No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade
desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas
lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo
12
Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
36
constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute
que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico
Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do
municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que
cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio
Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave
direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais
contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no
exterior
Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
37
Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba
Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)
71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS
A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII
e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs
adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave
produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador
Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu
objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos
de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes
Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba
nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a
passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato
Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)
13
Disponiacutevel em
lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-
paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
38
A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca
uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja
Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em
torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos
comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida
urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba
com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de
planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)
(Figura 11)
Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)
Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940
Fonte Carvalho (2009)
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
39
Fonte Carvalho (2009)
Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o
nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de
Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila
ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de
Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de
cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)
Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes
italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas
fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a
receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo
(CARVALHO 2009) (Figura 12)
14
O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O
padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo
ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente
atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou
Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em
lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017
Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
40
Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba
Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba
72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA
Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba
correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313
kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu
de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes
O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras
que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de
serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios
urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)
Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles
incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas
ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)
Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950
havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir
daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
41
de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000
saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes
Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
42
73 ASPECTOS FIacuteSICOS
De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas
sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e
rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos
corpos granitoides (Mapa 4)
Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
43
Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada
justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-
Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do
escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)
o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas
meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade
se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim
pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade
Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
44
Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do
municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua
eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em
sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas
arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de
menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo
(RESENDE 2007)
Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
45
Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que
predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o
municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado
Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha
divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento
particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila
de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover
suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)
Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite
CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba
Fonte Candido Nunes (2010)15
15
Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere
da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento
Piracicaba (SP) v5 n1 2010
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
46
8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute
A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a
toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)
Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)
Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc
A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora
dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al
(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial
floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto
e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das
palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas
A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A
super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o
crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante
depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL
DRANSFIELD 1987)
Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os
conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo
das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al
1996)
Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute
recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O
trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico
81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS
16 Disponiacutevel em
lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper
acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
47
A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da
geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute
observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto
da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes
(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto
por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui
Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois
desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de
Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas
naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro
Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e
estatildeo laacute ateacute hoje17
No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra
suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da
flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis
[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)
Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a
visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem
17
Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt
Acessado em 08062017
18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do
outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a
maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente
dita
19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua
eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e
engrandeceu seu legado
Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)
2009
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
48
Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo
de doces
[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)
Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o
Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem
relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas
memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita
uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos
Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)
Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de
expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas
com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto
a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e
que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba
Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando
jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo
tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se
atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio
dos Indaiaacutesrdquo
Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes
Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
49
Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de
Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo
Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde
hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas
pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados
brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso
deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela
urbanizaccedilatildeo aceleradardquo
Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute
alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo
Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes
todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a
planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade
Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais
onde mais se encontravardquo
Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena
moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os
terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito
pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo
que penardquo
Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha
avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso
contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo
Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que
todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo
Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A
cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o
cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira
Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos
lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das
quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
50
colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma
deliacuteciardquo
Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus
nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos
o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos
terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na
regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo
Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito
Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo
Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos
faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica
ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos
a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e
enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo
Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham
muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo
Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea
onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo
Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e
a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era
uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava
para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam
as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje
entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda
Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila
Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba
Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute
conhecido como Marolordquo
Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes
aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou
pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem
ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
51
Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele
morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila
Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas
palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que
praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase
nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com
carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo
Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos
terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e
no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho
que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da
nossa histoacuteriardquo
Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam
indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que
hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o
mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc
eacutepoca maravilhosardquo
O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da
espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard
existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas
de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das
palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no
centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em
Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro
Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava
presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP
Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade
Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)
Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da
eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando
20
No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
52
os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando
fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode
(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute
que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano
82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO
Minha Terra21
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Dizia o poeta no exiacutelio
ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo
Digo Tambeacutem em estribilho
As palmeiras da minha cidade
Natildeo satildeo como as imperiais
Satildeo rasteiras de qualidade
Seus frutos satildeo especiais
Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute
Araticum uvaia e tudo o mais
Dos frutos silvestres creio natildeo haacute
Melhor que os coquinhos tais
Bela terra da palmeira de indaiaacute
Da laranjeira do cajueiro e da mangueira
Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute
Assim como dos doces frutos da videira
21
Poema de Rubens de Campos Penteado
Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria
Indaiatuba (SP) 1999
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
53
Assim gente de todos os cantos
Venham conhecer a minha cidade
A bela cidade de amigos tantos
Da paz do amor e da cordialidade
Indaiatuba 19 de Junho de 1995
Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com
o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o
termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo
pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua
degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados
alguns
O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no
municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se
expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie
Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois
os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie
deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a
diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal
mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas
Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os
distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes
de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela
sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em
vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que
agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso
causava a sua morte
O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo
excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
54
passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e
reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio
Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma
recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr
Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas
do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no
entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na
Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo
germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de
luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na
Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve
sucesso na germinaccedilatildeo
No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de
salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de
Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores
indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute
a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois
desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio
Acroacutestico Concreto23
Ainda haacute
Urbe tal qual foi a indaiaacute
Ainda Hoje
Turba da histoacuteria
22
Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017
23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
55
A tuba trombeteira
Da memoacuteria
De Indaiatuba
Antes
Tudo daacute aiacute
Onde tudo daacute
Cana cafeacute indaiaacute
Agora
Em tu
Ainda haacute
Indaiatuba
83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA
Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o
contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso
se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam
caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem
conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias
Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa
para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a
populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo
indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo
exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis
Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que
existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados
com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo
A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do
municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total
encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo
foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
56
O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas
Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi
plantado pelo Sr Scarton em 2011
Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada
dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no
Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute
que permanece pequeno haacute mais de dois anos
No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo
situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo
Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as
ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)
O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr
estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom
Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a
ajuda do Sr Scarton
O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na
empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos
anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para
aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas
entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008
tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas
com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos
empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos
indiviacuteduos
No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados
respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza
(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil
Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados
Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no
municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi
muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees
geograacuteficas desses exemplares
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
57
Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo
dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em
ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo
principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro
distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas
Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local
Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo
por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea
espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou
Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
58
Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no
municiacutepio
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
59
Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
60
Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
61
Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
62
Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
63
Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
64
Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
65
Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa
nesta foto de 2008
Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
66
Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
67
Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no
municiacutepio de Indaiatuba
Fonte O autor (2017)
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
68
84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA
Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave
Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa
17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por
estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas
mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com
sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul
(Apecircndice 1)
Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente
devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a
autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as
populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na
natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante
evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela
anaacutelise morfoloacutegica
Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem
do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri
Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que
estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito
penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo
efeito plumoso como demostra a figura 16
Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante
entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das
anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as
anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em
diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas
Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo
perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda
permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr
Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
69
Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
70
Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea
eichleri (a baixo)
Fonte O autor (2017)
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
71
85 EXISTE SALVACcedilAtildeO
O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional
da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por
exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo
corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas
deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao
meio ambiente
Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo
puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia
haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido
entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no
local
Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em
aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados
exemplares in natura pela regiatildeo
A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande
relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o
interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de
difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem
identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista
com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso
do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi
Indaiatuba24
Amiga que me viu nascer um dia
Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes
24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri
Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II
Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
72
Guabirobas silvestres melancias
Na soalheira quando o sol ardia
A sua vespertina ndash contumaz-
Esparramava o olor do ananaacutes
E pelo ingente prado difundia
Na ave-maria a grande revoada
Saudando a vinda da estrelada arcada
povoada o vasto ceacuteu em borbototildees
Onde indaiaacutes havia de sobejo
Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo
Ruas e numerosas construccedilotildees
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
73
9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma
parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As
alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie
evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave
preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras
A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem
duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a
espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao
poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da
espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do
municiacutepio
Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa
demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha
noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento
Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a
sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso
Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa
regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de
realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de
relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano
municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo
Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo
governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro
degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo
erros no futuro
A matildee natureza pede ajuda25
25
Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
74
Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro
A matildee natureza chora
Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo
Chora porque estamos a matar
Estamos a matar cada fruto que ela da
Estamos a faze-la chorar
E por isso ela esta ela esta sempre a chorar
O que vocecirc ira fazer
Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar
Esse poema foi feito para pensar
Natildeo para descartar
Foi feito para acordar os que dormem
Foi feito para alertar
Foi feito para refletir
Foi feito para agir
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
75
10 REFEREcircNCIAS
ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades
Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003
AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the
role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the
Atlantic Forest Biotropica 2009
ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian
Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981
ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea
geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003
ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas
urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP
2002
ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque
Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013
ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de
geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de
Campinas 2015
BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las
espeacutecies Editora Laetoli 2005
BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
76
BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo
Editora FUNPEC 2006
CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria 2002
CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-
Memoacuteria Ottoni Editora 2009
CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How
rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999
CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas
(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras
Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968
CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of
species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948
CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo
de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo
1998
COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002
DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G
A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva
regional Hoehnea 2004
EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e
perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
77
ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks
Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945
FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria
coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)
Editora Positivo 2010
FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo
Paulo (SP) Oficina de textos 2015
FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de
uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio
Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008
GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic
Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied
Ecology v 35 1998
GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da
estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992
GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia
e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015
HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York
Botanical Gardem Press 2002
HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas
Princeton Univ Press 1995
INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre
Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
78
JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic
Botany 1988
JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and
sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan
Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996
LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das
espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras
Bot[online] 1998
KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-
evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979
KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga
Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de
Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011
LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian
fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006
LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora
Plantarum 1996
MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of
species Harper amp Row New York (NY) 1972
MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra
guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005
MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
79
FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade
de Brasiacutelia
NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade
de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e
aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas
Venezuela 2009
NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos
primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005
OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural
history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002
OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-
curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)
2015
PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae
(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997
PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de
distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies
de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI
CABS UFMG UNICAMP 2003
PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a
remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004
PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das
espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
80
PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993
PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica
Teresina Embrapa - EUPAE 1986
PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo
parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do
estado de Satildeo Paulo 2005
RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon
Press New York (NY) 1982
RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para
distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007
ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do
pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave
atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004
SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)
1997
SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central
Amazonia Journal of Ecology v 87 1999
SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do
padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005
SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso
paisagiacutestico Lavras (MG) 2005
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
81
SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of
the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian
Journal of Botany v 78 2000
THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas
para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016
UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on
the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987
VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para
vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)
Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade
de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007
WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma
Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004
WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M
C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed
predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000
WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed
dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea
butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
82
11 APEcircNDICE
Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil
Fonte O autor (2017)
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
83
12 ANEXO
Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute
ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA
REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL
Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos
Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart
Roy rak Macauacuteba A U
Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-
rasteiro
A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-
mata
A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-
leque
A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M
A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos
Fonte Thoma et al (2016)
Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras
e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat
Acrocomia aculeata L Ex M
Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB
LR ARN PA a SP RJ TO MS
Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret
Ariri brejauacuteba PG CO MD
LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC
Astrocaryum farinosum B R
Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA
Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria
MD CO AL AR PG
CSR PR SC RS SP MG e RJ
Attalea bureatina Bondar
Pindoba grauacuteda andaiaacute
AL CB PG LR BA MG ES
Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG
Attalea geraensis B Rodr
Indaia coquinho catoleacute
CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA
Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP
Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA
X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG
Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG
SF GGRA
Mata Atlacircntica e Cerrado
Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG
JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR
Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG
SF BA ao RS
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
84
Euterpe longebracteata Barb Rodr
accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme
CB PG AL LR GGRA
AM MG e PA
Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina
AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma gamiova B Rodr
Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC
Geonoma pohliana Mart
Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga
AR CB FB PG
SF Da BA a SP
Geonoma schottiana Mart
Guaricanga palha fina ALARCBP G
SF Cerrado
Iriartea deltoidea Ruiz e Pav
Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda
CO CB PG LR GGRA
AC RO AM e MG
Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO
LR JVL PG GGRA
Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul
Syagrus orinocensis (S) B
Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela
Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman
Jerivaacute AL AR CB CO PG
SF CE ao RS
Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -
Paisagismo MD ndash Medicinal
Fonte Nascimento et al (1998)
Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)
Fonte Google maps (2017)
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes
85
Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes